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as estruturas dissipativas - Programa de Pós Graduação

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AS ESTRUTURAS DISSIPATIVAS: POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES PARA O<br />

ENSINO DE CIÊNCIAS A PARTIR DO PENSAMENTO DE ILYA PRIGOGINE<br />

Mônica Costa¹<br />

Luciana da Cunha² Evandro Ghedin³<br />

¹Universida<strong>de</strong> do Estado do Amazon<strong>as</strong>/Mestrado Profissional em Ensino <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong> na Amazônia/ Escola<br />

Norma Superior/ monicaitm@hotmail.com<br />

²Universida<strong>de</strong> do Estado do Amazon<strong>as</strong>/Mestrado Profissional em Ensino <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong> na Amazônia/ Escola<br />

Norma Superior/ luciana1953@gmail.com<br />

³Universida<strong>de</strong> do Estado do Amazon<strong>as</strong>/Mestrado Profissional em Ensino <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong> na Amazônia/ Escola<br />

Norma Superior/ ghedin@usp.br<br />

RESUMO<br />

Este artigo trata d<strong>as</strong> teori<strong>as</strong> <strong>de</strong> Ilya Prigogine e <strong>as</strong> contribuições <strong>de</strong>st<strong>as</strong> para o Ensino <strong>de</strong><br />

Ciênci<strong>as</strong>. Prigogine foi autor da teoria d<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> dissipativ<strong>as</strong> e realizou vári<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong><br />

sobre o tempo e leis do caos e da natureza. A discussão <strong>de</strong>stes conceitos proporcionou uma<br />

compreensão mais a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> inúmeros conceitos físicos e químicos que foram essenciais<br />

na elaboração do cenário que <strong>de</strong>u origem a uma metamorfose da ciência. Esse cenário<br />

favorece o Ensino <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong> à medida que contribui para a inovação <strong>de</strong> conceitos da física,<br />

química e matemática que já encontraram seus limites, m<strong>as</strong>, sobretudo pela incorporação da<br />

reflexão do papel da ciência e da relação que o homem estabelece com a natureza,<br />

reafirmando o caráter evolutivo e incerto <strong>de</strong>sta. Com a discussão da flecha do tempo,<br />

Prigogine traz ao campo científico conceitos essenciais para a nova ciência, a irreversibilida<strong>de</strong><br />

e o in<strong>de</strong>terminismo, obrigando a ciência clássica a rever su<strong>as</strong> concepções do tempo.<br />

Palavr<strong>as</strong> Chaves: Prigogine, Estrutur<strong>as</strong> Dissipativ<strong>as</strong>, Caos, Tempo, Ensino <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong><br />

Abstract<br />

This article discusses the theories of Ilya Prigogine and the contributions of the Teaching of<br />

Science. Prigogine w<strong>as</strong> author of the theory of dissipative structures and conducted several<br />

studies on the time and chaos and the laws of nature. The discussion of these concepts<br />

provi<strong>de</strong>d a better un<strong>de</strong>rstanding of many physical and chemical concepts that were essential in<br />

preparing the scenario that led to the metamorphosis of science. This scenario favors the<br />

teaching of science <strong>as</strong> it contributes to the innovation of concepts of physics, chemistry and<br />

mathematics that h<strong>as</strong> found its limits, but especially by the incorporation of discussion of the<br />

role of science and the relationship that man establishes with nature, reaffirming the nature of<br />

this evolving and uncertain. With the discussion of the arrow of time, Prigogine brings the<br />

science concepts essential for the new science, the irreversibility and in<strong>de</strong>terminate, leading to<br />

cl<strong>as</strong>sical science to revise their conceptions of time.<br />

Keywords: Prigogine, Dissipative Structures, Chaos, Time, Teaching of Science<br />

INTRODUÇÃO<br />

O universo é regido por leis <strong>de</strong>terminist<strong>as</strong>? Qual é o papel do tempo? Est<strong>as</strong> du<strong>as</strong> inquietações<br />

foram formulad<strong>as</strong> pelos pré-socráticos no alvorecer do pensamento oci<strong>de</strong>ntal e permanecem<br />

até hoje instigando inúmeros cientist<strong>as</strong>, teóricos e filósofos que <strong>de</strong>sejam encontrar explicações<br />

plausíveis para respondê-l<strong>as</strong>.<br />

A reflexão aqui proposta tem como autor principal Ilya Prigogine. Este físicoteórico<br />

n<strong>as</strong>ceu em 1917, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Moscou, Rússia. Estudou Química na Universida<strong>de</strong>


Livre <strong>de</strong> Bruxel<strong>as</strong>, Bélgica. Em 1959, foi indicado diretor do Instituto Internacional Solvay.<br />

Trabalhou como professor na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tex<strong>as</strong>, Austin, nos Estados Unidos, on<strong>de</strong> em<br />

1967, fundou o Center for Complex Quantum Systems. Des<strong>de</strong> criança, foi apaixonado pela<br />

ciência e pelo estudo do tempo. Po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como um dos mais brilhantes cientist<strong>as</strong><br />

e filósofos do século XX.<br />

Recebeu o prêmio Nobel <strong>de</strong> Química, em 1977, por seu trabalho sobre estrutur<strong>as</strong><br />

dissipativ<strong>as</strong> e o papel d<strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> nos sistem<strong>as</strong> termodinâmicos enquanto sistem<strong>as</strong> distantes<br />

<strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> equilíbrio e sobre a irreversibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes. Faleceu em 2003, na Bélgica. Foi<br />

autor <strong>de</strong> diversos livros, entre eles: A Nova Aliança (1991), O fim d<strong>as</strong> certez<strong>as</strong> (1996) e As<br />

Leis do Caos (2002).<br />

O autor teve gran<strong>de</strong> contribuição não apen<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> teori<strong>as</strong> na sua área, m<strong>as</strong> também<br />

pela discussão filosófica <strong>de</strong> tem<strong>as</strong> pertinentes a vários outros campos (Filosofia da Ciência,<br />

Epistemologia), como no c<strong>as</strong>o do tempo e o futuro da Ciência. Tais temátic<strong>as</strong> vêm sendo<br />

discutid<strong>as</strong> com maior freqüência no campo científico, <strong>as</strong>sistimos à emergência <strong>de</strong> uma ciência<br />

que não está mais limitada a situações simplificador<strong>as</strong>, i<strong>de</strong>alizad<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> que nos coloca diante<br />

da complexida<strong>de</strong> do mundo real, como bem reafirma Prigogine (2002): <strong>de</strong> uma Ciência que<br />

permite à criativida<strong>de</strong> humana viver como expressão singular <strong>de</strong> um traço fundamental <strong>de</strong><br />

todos os níveis da natureza.<br />

Assim, o objetivo <strong>de</strong>ste artigo é discutir <strong>as</strong> transformações e o futuro da Ciência a<br />

partir d<strong>as</strong> principais obr<strong>as</strong> <strong>de</strong> Prigogine (1983, 1991, 1996, 1997, 2002), <strong>as</strong>sim como ressaltar<br />

su<strong>as</strong> implicações para o Ensino <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong>. Em um primeiro momento, explicitaremos <strong>as</strong><br />

principais preocupações que perp<strong>as</strong>sam o fazer Ciência na atualida<strong>de</strong>. Em seguida,<br />

discutiremos <strong>as</strong> su<strong>as</strong> <strong>de</strong>scobert<strong>as</strong> sobre <strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> dissipativ<strong>as</strong> e <strong>as</strong> re<strong>de</strong>finições que<br />

oc<strong>as</strong>ionaram na produção científica, abordando sua concepção <strong>de</strong> tempo e <strong>de</strong> caos. Por fim,<br />

iremos refletir sobre tais teori<strong>as</strong> e su<strong>as</strong> implicações em nossa socieda<strong>de</strong> e em especial no<br />

Ensino <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong>, seguida <strong>de</strong> algum<strong>as</strong> consi<strong>de</strong>rações sobre a importância <strong>de</strong> nov<strong>as</strong> reflexões<br />

e pesquis<strong>as</strong> sobre <strong>as</strong> teori<strong>as</strong> <strong>de</strong> Ilya Prigogine.<br />

Ciência: o fim d<strong>as</strong> certez<strong>as</strong><br />

No final do século XIX, foi colocado em xeque o futuro da Ciência, teria esta chegado ao seu<br />

fim? Que <strong>de</strong>scobert<strong>as</strong> ainda seriam feit<strong>as</strong>? Quais os procedimentos e os conceitos seriam<br />

envolvidos neste panorama?<br />

Ilya Prigogine traz em seus livros inúmer<strong>as</strong> contribuições para esse <strong>de</strong>bate ao tratar<br />

<strong>de</strong> <strong>as</strong>suntos primários da Física e da Matemática na atualida<strong>de</strong>. A sua teoria d<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong><br />

dissipativ<strong>as</strong> incorpora uma nova visão do tempo (flecha do tempo), pautada na<br />

irreversibilida<strong>de</strong>. Tudo isso contribui para uma reformulação <strong>de</strong>ntro da própria Ciência, pois<br />

não se po<strong>de</strong> mais aceitar a explicação <strong>de</strong> alguns fenômenos a partir <strong>de</strong> conceitos da mecânica<br />

clássica, que se apresenta como <strong>de</strong>terminista e reversível. Conforme ressalta Gonçalves:<br />

Incorrendo no perigo <strong>de</strong> provocar uma leitura <strong>de</strong>m<strong>as</strong>iado simplista, e não mistificar o<br />

que preten<strong>de</strong>mos transmitir, diremos que a diferença fundamental entre ciência e<br />

filosofia da ciência é intencional: na ciência faz-se, na filosofia pensa-se como se<br />

faz, para que se faz e por que se faz” (1991, p. 34).<br />

Sua principal preocupação b<strong>as</strong>eia especialmente nos sistem<strong>as</strong> instáveis (nãoequilíbrio)<br />

encontrados na b<strong>as</strong>e da <strong>de</strong>scrição microscópica do universo e, com isso, <strong>as</strong> leis da<br />

dinâmica precisam ser formulad<strong>as</strong> em nível estatístico, on<strong>de</strong> a irreversibilida<strong>de</strong> e a seta do<br />

tempo surgem como elementos fundamentais e indissociáveis dos sistem<strong>as</strong> instáveis. A nova<br />

visão <strong>de</strong> Prigogine quebra radicalmente e <strong>de</strong>finitivamente com muit<strong>as</strong> concepções da física<br />

oci<strong>de</strong>ntal, um triunfo extraordinário do pensamento humano dos últimos séculos, entretanto<br />

2


alicerçada em sistem<strong>as</strong> estáveis e <strong>de</strong>terminist<strong>as</strong>, on<strong>de</strong> sistem<strong>as</strong> instáveis são tratados como<br />

exceções. Na nova visão, inverte-se essa perspectiva, ou seja, sistem<strong>as</strong> estáveis p<strong>as</strong>sam a ser<br />

c<strong>as</strong>os especiais <strong>de</strong> uma dinâmica estendida, com formulação estatística, não mais b<strong>as</strong>eada em<br />

trajetóri<strong>as</strong> individuais (c<strong>as</strong>o clássico) ou em funções <strong>de</strong> onda (c<strong>as</strong>o quântico).<br />

Dessa forma, Prigogine (1991) afirma que a Ciência precisa p<strong>as</strong>sar por uma<br />

metamorfose, principalmente em virtu<strong>de</strong> da relação que o homem estabelece com a natureza.<br />

Na mecânica clássica, a natureza é autômata e <strong>as</strong> su<strong>as</strong> leis refletem bem essa característica.<br />

Perceber a natureza com toda sua complexida<strong>de</strong> e infinitu<strong>de</strong> é o primeiro p<strong>as</strong>so para <strong>de</strong>rrubar<br />

algum<strong>as</strong> certez<strong>as</strong> que a ciência insistiu em construir.<br />

Este fato também exige uma maneira diferente <strong>de</strong> utilizar a linguagem usada para<br />

<strong>de</strong>screver o universo. Ao abandonar essa ciência dogmática e neutra, precisamos rever e<br />

redimensionar os instrumentos <strong>de</strong> apreensão. Para Prigogine (1991), a ciência só se tornará<br />

benéfica para a humanida<strong>de</strong> quando for possível plantar a atitu<strong>de</strong> científica no seio da<br />

socieda<strong>de</strong> e, para isso se tornar real é necessário que os cientist<strong>as</strong> compreendam melhor os<br />

fenômenos que estudam.<br />

Diante da análise d<strong>as</strong> teori<strong>as</strong> e pensamentos <strong>de</strong> Prigogine (1991), é inegável sua<br />

contribuição para o ensino <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong>, principalmente quando trata <strong>de</strong>sse próprio conceito, a<br />

partir <strong>de</strong> uma perspectiva histórica e filosófica. Sua proposta é oportuna para a transformação<br />

<strong>de</strong>ssa socieda<strong>de</strong> mecanicista que pensa como tal e que nega uma <strong>de</strong>scrição irreversível do<br />

tempo e complexa da natureza, criando um mundo estável e <strong>de</strong> certez<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> que não<br />

encontramos na realida<strong>de</strong>.<br />

Em busca <strong>de</strong> explicações: <strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> dissipativ<strong>as</strong><br />

O ser humano sempre se inquietou em indagar sobre tem<strong>as</strong> relacionados ao universo e à sua<br />

existência. Ao longo da história, <strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> buscaram respost<strong>as</strong> para <strong>as</strong> pergunt<strong>as</strong> levantad<strong>as</strong><br />

em cada época. No final do século XIX, <strong>as</strong> dúvid<strong>as</strong> recaem sobre a própria ciência: Qual o seu<br />

futuro? Ainda estará atrelada a respost<strong>as</strong> i<strong>de</strong>alizad<strong>as</strong> da realida<strong>de</strong>? Qual o papel do tempo para<br />

a ciência?<br />

Tendo como b<strong>as</strong>e a complexida<strong>de</strong> do mundo e o atual estágio do conhecimento<br />

científico (MADDOX (1996) apud DELIZOICOV, 2002), busca-se uma nova conceituação<br />

<strong>de</strong> Ciência, pautada nos conceitos da Matemática e da Física a cerca do tempo e da lei do<br />

caos. Prigogine <strong>de</strong>seja em su<strong>as</strong> teori<strong>as</strong> discutir possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> respost<strong>as</strong> para ess<strong>as</strong> questões<br />

implementando mudanç<strong>as</strong> não apen<strong>as</strong> n<strong>as</strong> nov<strong>as</strong> afirmações, m<strong>as</strong> nos conceitos já firmados no<br />

meio científico e que não cabem nos novos paradigm<strong>as</strong>.<br />

Um dos <strong>as</strong>suntos aos quais Prigogine (1996) <strong>de</strong>dica su<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> é o da física do<br />

não-equilíbrio, que começava a se direcionar aos processos irreversíveis na natureza,<br />

especialmente <strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> dissipativ<strong>as</strong> <strong>de</strong> não-equilíbrio, consi<strong>de</strong>rando-o como evolução na<br />

direção da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m, ou seja, um processo contínuo e linear. Este conceito traz em si o seu<br />

próprio frac<strong>as</strong>so, visto que, mesmo acreditando na existência <strong>de</strong> processos irreversíveis,<br />

consi<strong>de</strong>ra a natureza e su<strong>as</strong> leis como algo <strong>de</strong>terminado e estável. As estrutur<strong>as</strong> dissipativ<strong>as</strong><br />

não po<strong>de</strong>m ser explicad<strong>as</strong> num mundo regido por leis reversíveis.<br />

Diante da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma melhor explicação, como estudar <strong>as</strong> proprieda<strong>de</strong>s<br />

dissipativ<strong>as</strong> em sistem<strong>as</strong> instáveis? O autor acredita ser possível através da formulação d<strong>as</strong><br />

leis da dinâmica no nível estatístico. Esta idéia exige uma mudança conceitual sobre <strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>scrições da natureza, pois, os objetos essenciais da física serão <strong>as</strong> probabilida<strong>de</strong>s e, não<br />

mais, <strong>as</strong> trajetóri<strong>as</strong> ou funções <strong>de</strong> onda.<br />

O tempo <strong>de</strong>termina papel importante nessa reflexão, sendo conceituado por muitos<br />

físicos e filósofos: Lagrange (1796) compreendia a dinâmica como a geometria em quatro<br />

dimensões, Eisnten (1949) entendia que o tempo não po<strong>de</strong>ria estar atrelado à irreversibilida<strong>de</strong>,<br />

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Hawking (1991) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o tempo imaginário. Assim, a física clássica ao tratar <strong>de</strong> problem<strong>as</strong><br />

simples reduzia o tempo a um parâmetro geométrico.<br />

Seguindo esse raciocínio, Prigogine (1996), ao tratar <strong>de</strong> <strong>as</strong>suntos mais complexos,<br />

acredita ser necessário modificar esse conceito. Para tanto, é preciso estudar a origem do<br />

tempo, pois, a flecha do tempo nunca surgirá num mundo regido por leis <strong>de</strong>terminist<strong>as</strong>, que<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a simetria temporal, negando a existência <strong>de</strong> p<strong>as</strong>sado e futuro. O autor explica esse<br />

fato através <strong>de</strong> uma pergunta: a água envelhece?<br />

Para respon<strong>de</strong>r esse questionamento, o autor recorre à evolução da distribuição <strong>de</strong><br />

probabilida<strong>de</strong> sob o efeito d<strong>as</strong> colisões. Ao observar <strong>as</strong> molécul<strong>as</strong> da água no copo, percebese<br />

que el<strong>as</strong> têm dois efeitos: distribuição d<strong>as</strong> velocida<strong>de</strong>s mais simétrica e criam correlações<br />

entre <strong>as</strong> molécul<strong>as</strong>, <strong>as</strong> partícul<strong>as</strong> correlat<strong>as</strong> encontram-se, constituindo correlações binári<strong>as</strong>,<br />

terciári<strong>as</strong>, etc, formando então um fluxo <strong>de</strong> correlações or<strong>de</strong>nad<strong>as</strong> no tempo. Portanto, a<br />

irreversibilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser compreendida a nível estatístico: através da construção da dinâmica<br />

d<strong>as</strong> correlações em substituição à dinâmica d<strong>as</strong> trajetóri<strong>as</strong>.<br />

Na obra “As leis do caos” (2002), o autor afirma que este fato permite outr<strong>as</strong><br />

possibilida<strong>de</strong>s diante do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> construir uma nova ciência, já que parece um equívoco<br />

falar <strong>de</strong> “leis do caos” estudando trajetóri<strong>as</strong>. Dessa forma, ao afirmar que o caos possui<br />

<strong>as</strong>pectos negativos, tal como a divergência exponencial d<strong>as</strong> trajetóri<strong>as</strong>, concluiremos que a<br />

situação muda completamente se p<strong>as</strong>sar a uma <strong>de</strong>scrição probabilista, pois, ela permanece<br />

válida para tempos tão longos quanto for necessário.<br />

Dessa forma, os sistem<strong>as</strong> caóticos exigem uma reformulação d<strong>as</strong> leis da dinâmica a<br />

partir da probabilida<strong>de</strong>. Verifica-se então que os processos irreversíveis <strong>de</strong>screvem<br />

proprieda<strong>de</strong>s fundamentais da natureza, além disso, possibilitam a formação <strong>de</strong> estrutur<strong>as</strong><br />

dissipativ<strong>as</strong> <strong>de</strong> não-equílíbrio. Esses processos não são possíveis num mundo regido pel<strong>as</strong> leis<br />

<strong>de</strong>terminist<strong>as</strong> reversíveis da mecânica clássica ou quântica. Dessa forma, <strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong><br />

dissipativ<strong>as</strong> requerem a introdução <strong>de</strong> uma flecha do tempo, pois, não admitem uma ação<br />

linear <strong>de</strong>ste.<br />

Po<strong>de</strong>mos ampliar essa discussão refletindo sobre o papel da instabilida<strong>de</strong> na<br />

mecânica clássica (PRIGOGINE, 1996), ciência que compreen<strong>de</strong> que a natureza é regida por<br />

leis <strong>de</strong>terminist<strong>as</strong> e reversíveis em relação ao tempo. Ao tratar <strong>de</strong> alguns fenômenos da<br />

natureza, como a relativida<strong>de</strong>, <strong>as</strong> leis newtonian<strong>as</strong> utilizam-se <strong>de</strong> du<strong>as</strong> medid<strong>as</strong> simultâne<strong>as</strong>:<br />

<strong>de</strong>scrição individual (em termos <strong>de</strong> trajetória, <strong>de</strong> funções <strong>de</strong> onda ou <strong>de</strong> campos) e <strong>de</strong>scrição<br />

estatística. No entanto, a instabilida<strong>de</strong> e a não-integrabilida<strong>de</strong> rompem com a equivalência<br />

<strong>de</strong>ss<strong>as</strong> du<strong>as</strong> <strong>de</strong>scrições. Percebe-se então que a reformulação da mecânica clássica <strong>de</strong>ve<br />

acontecer em todos os níveis, pois se mostra incompatível com o universo aberto e em<br />

evolução que vivemos.<br />

Prigogine (2002) analisa ess<strong>as</strong> questões em aplicações caótic<strong>as</strong> simples, pois a<br />

mecânica quântica também busca respost<strong>as</strong> para ess<strong>as</strong> limitações que à mecânica clássica não<br />

consegue respon<strong>de</strong>r. A primeira por estar diretamente relacionada à dimensão probabilista,<br />

procura respon<strong>de</strong>r aos sistem<strong>as</strong> dinâmicos instáveis, a partir <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scrição realista e<br />

estatística, nesta reformulação, a gran<strong>de</strong>za fundamental não é mais a amplitu<strong>de</strong> da<br />

probabilida<strong>de</strong>, m<strong>as</strong> a própria probabilida<strong>de</strong>. Esse retorno ao realismo não significa uma<br />

concepção <strong>de</strong>terminista, m<strong>as</strong> sim uma reafirmação na dimensão probabilista da mecânica<br />

quântica.<br />

Prigogine (2002) relembra que a mecânica <strong>de</strong> Newton não consegue explicar a<br />

irreversibilida<strong>de</strong>. A dinâmica só fornece condições necessári<strong>as</strong> à integibilida<strong>de</strong> dos modos <strong>de</strong><br />

evolução. No próprio interior da termodinâmica, são necessári<strong>as</strong> condições adicionais para<br />

observar o surgimento d<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> dissipativ<strong>as</strong> e dos outros comportamentos complexos<br />

<strong>as</strong>sociados ao af<strong>as</strong>tamento do equilíbrio. E esses comportamentos <strong>de</strong> auto-organização física<br />

são, por sua vez, apen<strong>as</strong> condições necessári<strong>as</strong>, não suficientes, do surgimento da auto-<br />

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organização própria da vida. A distinção entre condições necessári<strong>as</strong> e suficientes é essencial<br />

para <strong>de</strong>screver a dimensão narrativa da natureza, que está <strong>de</strong> acordo com <strong>as</strong> <strong>de</strong>scrições dos<br />

processos dinâmicos ou quânticos. Acredita-se então que a mecânica quântica po<strong>de</strong>rá<br />

respon<strong>de</strong>r <strong>as</strong> questões que <strong>as</strong> leis <strong>de</strong> Newton não <strong>de</strong>ram conta. No entanto, o autor apresenta a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reformular a mecânica quântica, <strong>de</strong>vido sua simetria temporal, pois ela é<br />

incapaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver processos irreversíveis como a aproximação do equilíbrio, apesar <strong>de</strong><br />

constituir a <strong>de</strong>scrição da natureza. Os sistem<strong>as</strong> em equilíbrio abundam ao nosso redor, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

famosa radiação residual <strong>de</strong> corpo negro a 3ºK (fato ocorrido a uma época próxima ao bigbang)<br />

até os sistem<strong>as</strong> g<strong>as</strong>osos, líquidos e sólidos, <strong>de</strong> que trata a Física macroscópica.<br />

A reformulação da teoria quântica caracteriza-se como realista em dois planos:<br />

atribuição <strong>de</strong> significado dinâmico ao traço essencial do mundo constituído por seu <strong>as</strong>pecto<br />

evolutivo, on<strong>de</strong> a termodinâmica é testemunha; permissão para interpretar em termos<br />

dinâmicos a redução da função <strong>de</strong> onda. O retorno ao realismo é fruto da relação com o<br />

in<strong>de</strong>terminismo presente na realida<strong>de</strong>.<br />

Prigogine (1991) estabelece a relação entre todos esses conhecimentos e a<br />

construção da ciência, que <strong>as</strong> explicou em sua origem e processo. Este autor conceitua ciência<br />

como um diálogo com a natureza, on<strong>de</strong> os <strong>as</strong>suntos e su<strong>as</strong> soluções foram o mais<br />

imprevisíveis possível. No entanto, como foi possível este diálogo se um mundo simétrico ao<br />

tempo é um mundo incognoscível? O conhecimento pressupõe um vínculo entre o que<br />

conhece e o que é conhecido, m<strong>as</strong> também entre p<strong>as</strong>sado e futuro, ou seja, a realida<strong>de</strong> do<br />

<strong>de</strong>vir é condição necessária para esse diálogo.<br />

A Física e <strong>as</strong> outr<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> confirmam nossa experiência <strong>de</strong> temporalida<strong>de</strong>, ao<br />

afirmarem que vivemos num universo em evolução, <strong>de</strong>stituindo <strong>de</strong>finitivamente a idéia <strong>de</strong><br />

universo <strong>de</strong>terminista. É no nível estatístico que a instabilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser incorporada às leis<br />

fundamentais. As leis da natureza adquirem, então, um novo significado: não tratam mais <strong>de</strong><br />

certez<strong>as</strong> morais, m<strong>as</strong> sim <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s. Acreditam no <strong>de</strong>vir e não somente no ser. O<br />

mundo é constituído por movimentos irregulares, caóticos, concepção mais próxima dos<br />

atomist<strong>as</strong> antigos do que d<strong>as</strong> órbit<strong>as</strong> newtonian<strong>as</strong>.<br />

Tempo, Caos e Leis da Natureza<br />

Ao tentar <strong>de</strong>terminar como começamos a conhecer e <strong>de</strong> que forma, surge um<br />

questionamento: quando surgiu o universo? O tempo prece<strong>de</strong> a existência? Para explicar tais<br />

questões, Prigogine (1991) utiliza o termo <strong>de</strong> flecha do tempo, cuja existência prece<strong>de</strong> a<br />

criação e não tem razões para <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> existir. Retornamos novamente para dois conceitos<br />

básicos <strong>de</strong>ssa discussão: a irreversibilida<strong>de</strong> e a probabilida<strong>de</strong>. Os processos irreversíveis<br />

<strong>as</strong>sociados às instabilida<strong>de</strong>s dinâmic<strong>as</strong> <strong>de</strong>sempenharam um papel <strong>de</strong>cisivo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o n<strong>as</strong>cimento<br />

do nosso universo. Nessa perspectiva, o tempo é eterno. Temos uma ida<strong>de</strong>, a civilização tem<br />

uma ida<strong>de</strong>, o universo tem uma ida<strong>de</strong>, m<strong>as</strong> o tempo não tem começo nem fim.<br />

Nessa mesma perspectiva <strong>de</strong> re<strong>de</strong>finir o tempo, Prigogine (2002) rediscute o caos e<br />

<strong>as</strong> leis da natureza, mesmo porque todos esses conceitos estão entrelaçados:<br />

Na visão clássica, uma lei da natureza estava <strong>as</strong>sociada a uma <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>terminista<br />

e reversível do tempo, em que o futuro e o p<strong>as</strong>sado <strong>de</strong>sempenhavam o mesmo papel.<br />

A introdução do caos obriga-nos a generalizar a noção <strong>de</strong> lei da natureza e nela<br />

introduzir os conceitos <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> irreversibilida<strong>de</strong>. Trata-se, nesse c<strong>as</strong>o,<br />

<strong>de</strong> uma mudança radical, pois, se quisermos mesmo seguir essa abordagem, o caos<br />

nos obriga a reconsi<strong>de</strong>rar a nossa <strong>de</strong>scrição fundamental da natureza [...] quer<br />

microscópico, quer macroscópico, quer cosmológico.” (2002, p.11)<br />

O caos é concebido como fruto da instabilida<strong>de</strong> (PRIGOGINE, 2002), que<br />

geralmente é analisada a partir dos conceitos fundamentais: <strong>de</strong>terminismo, irreversibilida<strong>de</strong> e<br />

5


até fundamentos da mecânica quântica. Esse processo possibilita uma reformulação d<strong>as</strong> leis<br />

da natureza, mesmo sendo muito difícil para <strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> naturais compreen<strong>de</strong>rem ess<strong>as</strong><br />

mudanç<strong>as</strong> por seu caráter <strong>de</strong>terminista. Talvez seja esse também um dos motivos da<br />

dicotomia que existe entre ciênci<strong>as</strong> naturais e human<strong>as</strong>, on<strong>de</strong> cientist<strong>as</strong> não leem poesi<strong>as</strong> e os<br />

humanist<strong>as</strong> são insensíveis à beleza da matemática. Entretanto, Prigogine (2002) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a<br />

idéia <strong>de</strong> que a diferença entre <strong>as</strong> du<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> é a compreensão que cada uma tem do tempo,<br />

mesmo consi<strong>de</strong>rando a complexida<strong>de</strong> e <strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong> entre os seus objetos, é na noção do<br />

curso <strong>de</strong> tempo que se encontra o divisor entre ess<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong>.<br />

N<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> naturais, o i<strong>de</strong>al tradicional era alcançar a certeza <strong>as</strong>sociada a uma<br />

<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>terminista, tanto que até a mecânica quântica persegue esse i<strong>de</strong>al. Ao<br />

contrário, <strong>as</strong> noções <strong>de</strong> incerteza, <strong>de</strong> escolha e <strong>de</strong> risco dominam <strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong><br />

human<strong>as</strong>, quer se trate <strong>de</strong> economia, quer se sociologia. [...] Estou completamente<br />

<strong>de</strong> acordo com Karl R. Popper quando afirma que o problema central, que está na<br />

b<strong>as</strong>e da dicotomia entre <strong>as</strong> du<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong>, é o do tempo. O tempo é a nossa dimensão<br />

existencial e fundamental, é a b<strong>as</strong>e da criativida<strong>de</strong> dos artist<strong>as</strong>, dos filósofos e dos<br />

cientist<strong>as</strong>. (PRIGOGINE, 2002, p.13)<br />

O reaparecimento do paradoxo do tempo se <strong>de</strong>ve a dois <strong>de</strong>senvolvimentos<br />

inesperados (PRIGOGINE, 1991): a <strong>de</strong>scoberta d<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> <strong>de</strong> não-equilíbrio e a nova<br />

evolução da dinâmica clássica, que há qu<strong>as</strong>e três séculos não se modificava, esperava-se<br />

mudanç<strong>as</strong> na relativida<strong>de</strong> e na mecânica quântica, este fato foi singular na história d<strong>as</strong><br />

ciênci<strong>as</strong>. Isto porque essa renovação na dinâmica mostrou que o <strong>de</strong>terminismo, que já símbolo<br />

da integibilida<strong>de</strong> na ciência, não p<strong>as</strong>sa <strong>de</strong> uma proprieda<strong>de</strong> válida apen<strong>as</strong> em c<strong>as</strong>os limites, ou<br />

seja, nos sistem<strong>as</strong> dinâmicos estáveis. A partir <strong>de</strong>sse fato, fala-se em sistem<strong>as</strong> dinâmicos<br />

caóticos, esses sistem<strong>as</strong> não são novida<strong>de</strong>s, apen<strong>as</strong> mudaram-se <strong>as</strong> explicações b<strong>as</strong>ead<strong>as</strong> na<br />

inserção e aceitação <strong>de</strong> outros conceitos. Assim, a instabilida<strong>de</strong> e o caos representam à<br />

situação normal no quadro dos problem<strong>as</strong> estudados pela Física contemporânea.<br />

Chegamos ao âmago <strong>de</strong>ssa discussão: sair <strong>de</strong> uma natureza autômata e p<strong>as</strong>sar para<br />

uma natureza aberta, imprevisível, in<strong>de</strong>terminista. É o processo <strong>de</strong> metamorfose da ciência<br />

que renova a concepção d<strong>as</strong> relações dos homens com a natureza e a ciência como prática<br />

social. Há uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa transformação, já que a ciência clássica obteve muitos<br />

sucessos, como a dinâmica clássica, m<strong>as</strong> também criaram muitos equívocos <strong>de</strong>vido algum<strong>as</strong><br />

concepções que adotou, como a do tempo e a <strong>de</strong> natureza. Os conceitos básicos que<br />

fundamentava a concepção clássica do mundo encontraram seus limites num progresso<br />

teórico que já não aceita reduzir o conjunto <strong>de</strong> processos naturais em um pequeno número <strong>de</strong><br />

leis.<br />

De agora em diante <strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> da natureza <strong>de</strong>screvem um universo fragmentado<br />

(PRIGOGINE, 1983) cheio <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>s qualitativ<strong>as</strong> e <strong>de</strong> surpres<strong>as</strong> em potencial. Explorar<br />

a natureza não é mais sobrevoá-la por acreditar que já a conhece, m<strong>as</strong> sim caminhar por ela e<br />

nela, para perceber sua multiplicida<strong>de</strong> e complexida<strong>de</strong>. A metamorfose da ciência parte da<br />

modificação do objeto d<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> da natureza, que não são mais <strong>as</strong> situações estáveis, <strong>as</strong><br />

permanênci<strong>as</strong> e os fenômenos imutáveis que interessa agora, são <strong>as</strong> evoluções, <strong>as</strong> crises e <strong>as</strong><br />

instabilida<strong>de</strong>s, como por exemplo, <strong>as</strong> perturbações geológic<strong>as</strong>, a evolução d<strong>as</strong> espécies, a<br />

gênese d<strong>as</strong> norm<strong>as</strong> que interferem nos comportamentos sociais, entre outros.<br />

Num primeiro momento, po<strong>de</strong> parecer mudança apen<strong>as</strong> conceitual, entretanto, uma<br />

concepção <strong>de</strong> ciência não fica apen<strong>as</strong> no plano d<strong>as</strong> idéi<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> possui uma influência direta<br />

em outros âmbitos. A concepção do mundo produzida pela ciência clássica parece obrigar a<br />

escolher entre a aceitação d<strong>as</strong> conclusões alienantes e a rejeição dos procedimentos<br />

científicos. Nenhuma <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> alternativ<strong>as</strong> é dialeticamente plausível para uma proposta <strong>de</strong><br />

socieda<strong>de</strong> mais igualitária.<br />

6


É sem dúvida aí que está o símbolo do que enten<strong>de</strong>mos por metamorfose da ciência:<br />

a abertura dum novo espaço teórico no seio do qual se inscrevem algum<strong>as</strong> oposições<br />

que, anteriormente, tinham <strong>de</strong>finido <strong>as</strong> fronteir<strong>as</strong> da ciência clássica, espaço no seio<br />

dôo qual se afirmam, pelo contrário, diferenciações intrínsec<strong>as</strong> entre objetos físicos<br />

e, antes <strong>de</strong> mais, entre sistem<strong>as</strong> conservativos e sistem<strong>as</strong> dissipativos. (1991, P.7)<br />

Este processo não foi fácil nem linear, pois <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r o significado <strong>de</strong> três séculos<br />

<strong>de</strong> evolução científica e perceber como a ciência parte <strong>de</strong> uma cultura oci<strong>de</strong>ntal, dita clássica,<br />

através <strong>de</strong> um complexo histórico, abriu-se pouco a pouco até po<strong>de</strong>r integrar diferentes<br />

interrogações. Será que teremos du<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> para um único mundo? Provavelmente não, a<br />

partir d<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> d<strong>as</strong> conversões da energia e a ciência d<strong>as</strong> máquin<strong>as</strong> térmic<strong>as</strong>, originou-se a<br />

termodinâmica, primeira ciência não clássica que introduziu a flecha do tempo.<br />

Foi também a termodinâmica e seus <strong>de</strong>senvolvimentos que possibilitaram a<br />

<strong>de</strong>scoberta dos processos <strong>de</strong> organização d<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> dissipativ<strong>as</strong> (PRIGOGINE, 1996),<br />

cuja origem implica a <strong>as</strong>sociação indissolúvel do ac<strong>as</strong>o e da necessida<strong>de</strong>, um dos pontos<br />

iniciais <strong>de</strong> toda essa metamorfose. Fica evi<strong>de</strong>nte o processo <strong>de</strong> relação d<strong>as</strong> questões<br />

produzid<strong>as</strong> pela cultura e a evolução conceitual da ciência <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa mesma cultura. Neste<br />

cenário, é necessário que <strong>as</strong> teori<strong>as</strong> científic<strong>as</strong> sejam capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>svincular-se <strong>de</strong> limites e<br />

concepções <strong>de</strong> uma cultura p<strong>as</strong>sada, que não aceita conceitos que hoje são imprescindíveis<br />

para a compreensão científica. Uma alternativa para essa superação é compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma<br />

outra forma o tempo ou os tempos, se foi ele que <strong>de</strong>spertou toda essa transformação e<br />

reviravolta, possivelmente nele encontremos a ponte para realizar a aliança do homem com a<br />

natureza <strong>de</strong> que ele agora trata.<br />

Implicações d<strong>as</strong> teori<strong>as</strong> <strong>de</strong> Ilya Prigogine ao Ensino <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong><br />

A ciência proposta por Prigogine é viva. Por tratar da realida<strong>de</strong>, sua concepção <strong>de</strong><br />

ciência acredita que <strong>as</strong> teori<strong>as</strong> são mutáveis, propíci<strong>as</strong> a transformações e atualizações, que se<br />

estabelecem por meio d<strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong> culturais e contexto histórico. Entretanto, o atual quadro<br />

do Ensino <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong> valoriza <strong>as</strong> teori<strong>as</strong> em <strong>de</strong>trimento do contexto da sua construção. Este<br />

fato reforça nos alunos concepções equivocad<strong>as</strong>, tais como a dissociação entre ciência e<br />

realida<strong>de</strong>, a visão <strong>de</strong> que os cientist<strong>as</strong> são pesso<strong>as</strong> com alt<strong>as</strong> habilida<strong>de</strong>s e, especialmente, que<br />

os conteúdos escolares não possuem relação com a vida <strong>de</strong>les.<br />

Além disso, ao afirmar que <strong>as</strong> teori<strong>as</strong> conseguem explicar até <strong>de</strong>terminado ponto da<br />

realida<strong>de</strong>, sendo necessário o auxílio <strong>de</strong> outr<strong>as</strong> teori<strong>as</strong> ou até mesmo <strong>de</strong> outr<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong>,<br />

Prigogine nos faz lembrar que o professor <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong> precisa ter a compreensão <strong>de</strong> que <strong>as</strong><br />

antig<strong>as</strong> <strong>de</strong>scobert<strong>as</strong> científic<strong>as</strong> não po<strong>de</strong>m ser rejeitad<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> servem <strong>de</strong> parâmetros para a<br />

avaliação d<strong>as</strong> nov<strong>as</strong> explicações. A elaboração e a construção do conhecimento exigem do<br />

professor um trabalho <strong>de</strong> forma contextualizada, <strong>de</strong>monstrando o percurso do conhecimento<br />

científico e sua utilida<strong>de</strong> para a vida, <strong>de</strong>spertando em seus alunos a reflexão e a criticida<strong>de</strong>. O<br />

mundo natural é complexo e a ativida<strong>de</strong> científica é limitada. Portanto, ensinar e pesquisar<br />

Ciência é uma tarefa <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta constante, que exige disposição, <strong>de</strong>dicação, criativida<strong>de</strong>,<br />

disciplina e autonomia dos docentes e discentes.<br />

No c<strong>as</strong>o específico da Física, a mudança <strong>de</strong> paradigma alterou seu papel <strong>de</strong> ciência<br />

que estuda fenômenos isolados da realida<strong>de</strong> para ciência que estuda a vida e isso é coerente<br />

com a socieda<strong>de</strong> atual e com a harmonia da interconexão presente na natureza. Esses<br />

conhecimentos necessitam ser disponibilizados para os estudantes no sentido <strong>de</strong> aproximar a<br />

Ciência e su<strong>as</strong> produções ao conhecimento que é construído na escola. Conforme Praia:<br />

As teori<strong>as</strong> científic<strong>as</strong>, enquanto versões em construção ao longo dos tempos, evi<strong>de</strong>nciam <strong>as</strong><br />

mudanç<strong>as</strong> e a complexida<strong>de</strong> d<strong>as</strong> relações entre os conceitos, <strong>as</strong>sim como <strong>as</strong> própri<strong>as</strong> visões<br />

d<strong>as</strong> comunida<strong>de</strong>s científic<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada época. Merecem, pois, um tratamento<br />

7


cuidadoso no ensino, procurando-se através do exercício da sua construção uma<br />

compreensão mais autêntica d<strong>as</strong> dificulda<strong>de</strong>s e dos obstáculos por que p<strong>as</strong>sam até se<br />

imporem na comunida<strong>de</strong> científica. (2002, p. 123)<br />

O Ensino <strong>de</strong> Física tem especificida<strong>de</strong>s advind<strong>as</strong> da Ciência Física, como por exemplo,<br />

explicações construíd<strong>as</strong> na racionalida<strong>de</strong>, que precisam ser adaptad<strong>as</strong> para o âmbito escolar. A idéia <strong>de</strong><br />

vincular os conteúdos escolares aos conhecimentos científicos promoveu n<strong>as</strong> escol<strong>as</strong> atitu<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> transposição <strong>de</strong> saberes e prátic<strong>as</strong> dos cientist<strong>as</strong> para o processo <strong>de</strong> ensino e aprendizagem,<br />

valorizando metodologi<strong>as</strong> que populariz<strong>as</strong>sem o conhecimento científico. Entretanto, a<br />

promoção da formação e da sistematização do conhecimento científico, viabilizando o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do ensino, exige princípios filosófico-pedagógicos que guiem a ação através<br />

<strong>de</strong> propósitos e convicções que instrumentalizem a ação docente do professor <strong>de</strong> Física frente<br />

aos <strong>de</strong>safios da realida<strong>de</strong> escolar. Especialmente no que tange a superação do papel do<br />

estudante como ser p<strong>as</strong>sivo na sua aprendizagem. O Ensino <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong>, incluso o da Física,<br />

requer a consciência por parte do professor <strong>de</strong> que a ciência, transposta como saber escolar,<br />

tem se af<strong>as</strong>tado da realida<strong>de</strong> e dos anseios dos jovens da atualida<strong>de</strong>, provocando <strong>de</strong>sinteresse<br />

ao invés <strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong> e amor pelo conhecimento científico.<br />

A ativida<strong>de</strong> docente <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>spertar o <strong>de</strong>sejo para a compreensão da natureza e a<br />

eterna busca <strong>de</strong> respost<strong>as</strong> às inúmer<strong>as</strong> inquietações que o universo nos impõe. Conteúdos<br />

fragmentados, fórmul<strong>as</strong> vazi<strong>as</strong> e informações solt<strong>as</strong> <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ram a dinamicida<strong>de</strong> e o caráter<br />

inacabado da ciência, tornando sua aprendizagem monótona para os alunos. Prigogine<br />

enfatiza em su<strong>as</strong> obr<strong>as</strong> a necessida<strong>de</strong> do fortalecimento <strong>de</strong> uma postura <strong>de</strong> pesquisa, on<strong>de</strong> é<br />

necessário abandonar convicções formalizad<strong>as</strong> e tid<strong>as</strong> como verda<strong>de</strong>ir<strong>as</strong> e únic<strong>as</strong> e lançar-se<br />

na prazerosa inquietação <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e construir continuamente, mesmo diante <strong>de</strong> conclusões<br />

absurd<strong>as</strong>. Conforme Maddox (1996 apud DELIZOICOV, 2002, p. 16)<br />

No momento, a ciência po<strong>de</strong> ser comparada a uma curiosa colcha <strong>de</strong> retalhos. O c<strong>as</strong>o<br />

da física fundamental é provavelmente o mais estranho: a comunida<strong>de</strong> dos<br />

pesquisadores está dividida entre aqueles que acreditam que brevemente haverá uma<br />

“teoria <strong>de</strong> tudo” e aqueles que têm a suspeita (ou a esperança) <strong>de</strong> que <strong>as</strong>sistiremos ao<br />

surgimento <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> “nova física”.<br />

Prigogine (1997) insere todo esse apanhado <strong>de</strong> conhecimentos científicos<br />

explicando os limites <strong>de</strong> cada conceito e sua superação, tudo isso permeado pelo contexto e<br />

intenção dos seus sujeitos, <strong>de</strong>smistificando que a ciência domina todos os campos e que su<strong>as</strong><br />

realizações são portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> absolut<strong>as</strong>. Para C<strong>as</strong>tro (2003, p.18),<br />

Encarar a ciência como produto acabado confere ao conhecimento cientifico uma<br />

falsa simplicida<strong>de</strong> que se revela cada vez mais como uma barreira a qualquer<br />

construção, uma vez que contribui para a formação <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> ingênua ante a<br />

ciência. Ao encararmos os conteúdos <strong>de</strong> ciência como óbvios, <strong>as</strong> divers<strong>as</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

construção, edificad<strong>as</strong> para dar suporte a teori<strong>as</strong> sofisticad<strong>as</strong>, apresentam-se como<br />

algo natural e, portanto, <strong>de</strong> compreensão imediata.<br />

Esta concepção <strong>de</strong> Ciência está muito presente n<strong>as</strong> escol<strong>as</strong> e ainda é a b<strong>as</strong>e da<br />

formação científica dos nossos alunos. De acordo com Borges (1997, p. 43), “o ensino<br />

tradicional <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong>, da escola primária aos cursos <strong>de</strong> graduação, tem se mostrado pouco<br />

eficaz, seja do ponto <strong>de</strong> vista dos estudantes e professores, quanto d<strong>as</strong> expectativ<strong>as</strong> da<br />

socieda<strong>de</strong>”. Fica evi<strong>de</strong>nte que o conhecimento científico necessita ser constituído a partir <strong>de</strong><br />

uma ação intencional, <strong>de</strong> nível epistemológico e social, já que a socieda<strong>de</strong> é formada pela luta<br />

<strong>de</strong> cl<strong>as</strong>ses e o ato <strong>de</strong> conhecer é fruto do triângulo ação-reflexão-ação. Assim, estaremos<br />

construindo <strong>as</strong> b<strong>as</strong>es <strong>de</strong> uma nova concepção <strong>de</strong> Ciência, que não está preocupara com<br />

8


i<strong>de</strong>alizações ou situações simplificad<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> que se encanta com a criativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

autoconstruir.<br />

Consi<strong>de</strong>rações Finais: um caminho estreito<br />

O contexto atual apresentado neste trabalho evi<strong>de</strong>ncia a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> termos a<br />

compreensão <strong>de</strong> que <strong>as</strong> nov<strong>as</strong> <strong>de</strong>scobert<strong>as</strong> científic<strong>as</strong> concorrem <strong>de</strong>cisivamente para que<br />

possamos superar o estágio da visão <strong>de</strong> um mundo mecanicista da ciência cartesiana<br />

newtoniana. Aceitar nov<strong>as</strong> visões e concepções para a ciência não é uma tarefa fácil, significa<br />

alterar conceitos já <strong>as</strong>similados como verda<strong>de</strong>iros e únicos. Como tornar este caminho<br />

estreito? A criativida<strong>de</strong> científica oferece algum<strong>as</strong> possibilida<strong>de</strong>s, apesar <strong>de</strong> ser muit<strong>as</strong> vezes<br />

subestimada ou <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rada, por se acreditar que ela não é compatível com exigênci<strong>as</strong> e<br />

critérios rigorosos na solução dos problem<strong>as</strong> da ciência. A criativida<strong>de</strong> tem um papel<br />

fundamental na escolha e solução <strong>de</strong> leis da natureza. Se ela não existisse, como a ciência<br />

teria <strong>de</strong>ixado os estudos dos fatos empíricos para <strong>de</strong>dicar-se ao tempo?<br />

Assim, o valor d<strong>as</strong> obr<strong>as</strong> <strong>de</strong> Prigogine (1983, 1991, 1996, 1997, 2002), em<br />

conformida<strong>de</strong> com Sevalho (1997) e M<strong>as</strong>soni (2008), não está em mostrar a construção <strong>de</strong><br />

nov<strong>as</strong> teori<strong>as</strong> físic<strong>as</strong> e su<strong>as</strong> formulações matemátic<strong>as</strong>, até porque <strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> clássic<strong>as</strong> e<br />

mo<strong>de</strong>rn<strong>as</strong> estão replet<strong>as</strong> <strong>de</strong> sucessos, m<strong>as</strong> sim em possibilitar uma reflexão a cerca d<strong>as</strong><br />

certez<strong>as</strong> e criativida<strong>de</strong>s científic<strong>as</strong> <strong>de</strong>ntro d<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong>. Porque minimizar a importância e o<br />

alcance da ciência na tentativa <strong>de</strong> formular certez<strong>as</strong>, se a realida<strong>de</strong> relatada é dinâmica,<br />

instável e complexa? Por que <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar a criativida<strong>de</strong>, se é ela que faz emergir noss<strong>as</strong><br />

preocupações e indicações <strong>de</strong> como apreendê-l<strong>as</strong>?<br />

Compreen<strong>de</strong>-se que diante <strong>de</strong> leis ceg<strong>as</strong> e eventos arbitrários, muit<strong>as</strong> indagações ainda<br />

não foram feit<strong>as</strong> ou apreendid<strong>as</strong> pela compreensão humana. A Ciência vive um novo<br />

momento: discernir novos horizontes, nov<strong>as</strong> questões e novos riscos, esta é a única certeza e<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer uma aliança entre homem, a ciência e a natureza. O Ensino <strong>de</strong><br />

Ciênci<strong>as</strong> <strong>de</strong>verá contemplar ess<strong>as</strong> nov<strong>as</strong> orientações, no sentido <strong>de</strong> superar a tradição livresca<br />

e disciplinar na qual se encontra. Além disso, surge a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudos que <strong>de</strong>monstrem<br />

possibilida<strong>de</strong>s da inserção <strong>de</strong>ssa nova visão <strong>de</strong> Ciência na escola, implicando no<br />

amadurecimento e senso crítico do aluno, <strong>de</strong>spertando-o para <strong>as</strong> influênci<strong>as</strong> culturais oriund<strong>as</strong><br />

do pensamento científico vigente, não consi<strong>de</strong>rando a Ciência enquanto verda<strong>de</strong> absoluta, m<strong>as</strong><br />

sim parte <strong>de</strong> um processo dinâmico e evolutivo do conhecimento.<br />

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