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Apresentação da 3ª Edição do livro “O Stress na Vida de Todos os ...

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Volume IX Nº6 Novembro/Dezembro 2007<br />

<strong>Apresentação</strong> <strong>da</strong> <strong>3ª</strong> <strong>Edição</strong> <strong>do</strong> <strong>livro</strong> <strong>“O</strong> <strong>Stress</strong> <strong>na</strong><br />

Vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> To<strong>do</strong>s <strong>os</strong> Dias” <strong>de</strong> Adriano Vaz Serra<br />

Estoril 2007<br />

Presentation of Vaz-Serra´s 3rd edition of the book “<strong>Stress</strong> in Every<strong>da</strong>y Life”<br />

Estoril 2007<br />

J. Marques-Teixeira<br />

Leituras / Readings<br />

A <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> “aceleração social” cria<strong>da</strong> por Hartmut<br />

R<strong>os</strong>a tornou-se uma dinâmica central <strong>da</strong> n<strong>os</strong>sa vi<strong>da</strong> pósmo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>.<br />

É um processo que agora coloniza qualquer<br />

registo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a economia, cultura e socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, ligan<strong>do</strong>-<strong>os</strong><br />

numa lógica singular só p<strong>os</strong>sível pelas novas tecnologias<br />

<strong>da</strong> informação orienta<strong>da</strong>s para <strong>os</strong> conceit<strong>os</strong> avassala<strong>do</strong>res<br />

<strong>de</strong> “eficiência” e “produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>”.<br />

A este propósito não resisto a citar William James quan<strong>do</strong><br />

ele caracterizava o mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno acelera<strong>do</strong> <strong>da</strong> seguinte<br />

forma: “esses sentiment<strong>os</strong> absur<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pressa e <strong>de</strong> não ter<br />

tempo, nessa respiração acelera<strong>da</strong> e nessa tensão, nessa<br />

ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> pel<strong>os</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s e nessa solicitu<strong>de</strong> pel<strong>os</strong> resulta<strong>do</strong>s…”<br />

Como foi acentua<strong>do</strong> por Hans Seyle, cita<strong>do</strong> pelo autor <strong>do</strong> <strong>livro</strong>,<br />

o stress passou a ser uma parte inevitável <strong>do</strong> n<strong>os</strong>so quotidiano.<br />

Já que o stress po<strong>de</strong> ser bom ou mau – <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

<strong>da</strong> forma com se consegue li<strong>da</strong>r com ele – é importante<br />

saber-se quais <strong>os</strong> mecanism<strong>os</strong> que o regulam, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a<br />

prevenir o pior e ampliar o melhor. O título <strong>de</strong>ste <strong>livro</strong> <strong>do</strong><br />

Prof. Vaz Serra (<strong>na</strong> sua <strong>3ª</strong> edição) é muito apelativo neste<br />

contexto e o seu autor, é bem conheci<strong>do</strong> pelo seu inova<strong>do</strong>r<br />

e pioneiro trabalho <strong>na</strong> psiquiatria e <strong>na</strong> psicologia, com<br />

especial ênfase para as questões <strong>do</strong> stress e <strong>da</strong> perturbação<br />

<strong>de</strong> stress pós-traumático.<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma obra intensa, imagi<strong>na</strong>tiva e bem consegui<strong>da</strong><br />

no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> se gerar uma cobertura compreensiva<br />

e acessível <strong>de</strong>ste campo complexo <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio científico.<br />

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Leituras / Readings<br />

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O Prof. Vaz Serra fez aquilo que o caracteriza como pessoa<br />

e como profissio<strong>na</strong>l: um trabalho admirável! Um trabalho<br />

admirável não só ao <strong>de</strong>senhar o percurso <strong>da</strong> obra, mas<br />

também ao seleccio<strong>na</strong>r <strong>os</strong> temas que no seu conjunto<br />

abrangem o amplo espectro <strong>da</strong> actual investigação sobre o<br />

stress.<br />

A apresentação e a tecidura <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> capítulo oferecem,<br />

simultaneamente, uma leitura consistente, mas simples,<br />

que é <strong>de</strong> um valor enorme porque permite abranger quer <strong>os</strong><br />

técnic<strong>os</strong> e investiga<strong>do</strong>res, quer o público leigo. Para além<br />

disso, a inclusão <strong>de</strong> um índice remissivo veio, nesta edição,<br />

melhorar a consulta <strong>do</strong> <strong>livro</strong> comparativamente com as<br />

outras edições. E a linguagem, com um equilíbrio entre <strong>os</strong><br />

term<strong>os</strong> técnic<strong>os</strong> e a linguagem simples, assegura que o<br />

<strong>livro</strong> é acessível a uma vasta audiência.<br />

A inclusão <strong>de</strong> alguns capítul<strong>os</strong> relativamente às últimas edições,<br />

nomea<strong>da</strong>mente a inclusão <strong>de</strong> uma escala para avaliar<br />

o stress e a discussão sobre a questão <strong>do</strong> mobbing no<br />

local <strong>de</strong> trabalho, vieram completar e enriquecer a temática.<br />

A retira<strong>da</strong> <strong>do</strong> capítulo relativo ao stress pós-traumático<br />

<strong>de</strong>ve-se, segun<strong>do</strong> creio, ao facto <strong>de</strong> o autor ter publica<strong>do</strong><br />

em 2003 uma outra obra que se ocupa exclusivamente<br />

<strong>de</strong>ssa questão: O Distúrbio <strong>de</strong> <strong>Stress</strong> Pós-Traumático.<br />

Um trabalho <strong>de</strong>sta <strong>na</strong>tureza brilha também pela citação <strong>da</strong>s<br />

obras e artig<strong>os</strong> mais importantes neste tópico. A bibliografia,<br />

sen<strong>do</strong> actual e, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, efectiva, lista referências<br />

úteis e com um formato excelente.<br />

Aquilo que normalmente é um inconveniente numa obra<br />

<strong>de</strong>sta envergadura – a heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s partes que a<br />

compõem – aqui o autor transformou-a numa virtu<strong>de</strong>,<br />

<strong>da</strong>n<strong>do</strong> uma senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> literali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> coesão que emprestam<br />

a esta obra uma racio<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> em <strong>de</strong>senvolvimento<br />

coerente, sem que nenhum capítulo tenha maior pre<strong>do</strong>minância<br />

<strong>do</strong> que outro, manten<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s uma relação muito<br />

equilibra<strong>da</strong> entre princípi<strong>os</strong> gerais e <strong>de</strong>talhes.<br />

Em geral, <strong>os</strong> princípi<strong>os</strong> gerais servem para o enquadramento<br />

<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> capítulo e as partes mais <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>s são<br />

essenciais para a compreensão <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> arte actual.<br />

Esta relação facilita a leitura quer pelo público leigo quer<br />

pelo público especializa<strong>do</strong>.<br />

Este equilíbrio está também patente <strong>na</strong> forma como o autor<br />

contrabalança <strong>os</strong> capítul<strong>os</strong> mais orienta<strong>do</strong>s biologicamente<br />

com <strong>os</strong> mais orienta<strong>do</strong>s psicologicamente.<br />

Saú<strong>de</strong> Mental Mental Health<br />

Um trabalho <strong>de</strong>sta <strong>na</strong>tureza, isto é, um volume que tenta<br />

sumariar a ciência contemporânea sobre um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>do</strong><br />

tema, está sempre <strong>da</strong>ta<strong>do</strong>. Daí a importância <strong>da</strong>s várias<br />

edições que não sejam meras reproduções <strong>da</strong>s anteriores,<br />

mas sim actualizações, como acontece com esta obra.<br />

Não só <strong>na</strong> temática, como já disse, mas sobretu<strong>do</strong> <strong>na</strong><br />

bibliografia. É certo que o ritmo <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong> biologia e <strong>da</strong><br />

mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong> psicologia exce<strong>de</strong> o ritmo <strong>da</strong> publicação <strong>de</strong> <strong>livro</strong>s,<br />

mas o autor foi feliz com <strong>os</strong> timings que usou para as suas<br />

reedições, asseguran<strong>do</strong> que a informação certa chega às<br />

pessoas certas no tempo certo.<br />

As expectativas são por isso muito altas logo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início<br />

<strong>do</strong> <strong>livro</strong>. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o índice tor<strong>na</strong> logo bem claro que o<br />

<strong>livro</strong> será uma longa viagem sobre o stress.<br />

Sen<strong>do</strong> o stress uma espécie <strong>de</strong> aflição única <strong>da</strong> era<br />

mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>, uma aflição perpetuamente não resolvi<strong>da</strong>, evoca<strong>da</strong><br />

pelas rápi<strong>da</strong>s e acelera<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças características<br />

<strong>da</strong> mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>; mas também sen<strong>do</strong> um discurso, uma<br />

mutação <strong>da</strong> experiência pelo po<strong>de</strong>r externo <strong>da</strong> fala, um<br />

po<strong>de</strong>r que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>vorar aquilo que ele articula, vem<strong>os</strong><br />

como muito importante, no capítulo introdutório, o autor<br />

esclarecer o leitor quanto ao significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong><br />

stress.<br />

Se consi<strong>de</strong>rarm<strong>os</strong> que só após a II Guerra Mundial o<br />

conceito <strong>de</strong> stress passou a ter expressão, pelo men<strong>os</strong> no<br />

<strong>do</strong>mínio médico, muito <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às manifestações psiquiátricas<br />

<strong>do</strong>s pilot<strong>os</strong> <strong>de</strong>ssa época, as quais acabaram por trazer<br />

o stress para a discussão e torná-lo um tópico <strong>da</strong> investigação<br />

médica e psicológica e uma causa para diversas <strong>do</strong>enças,<br />

enten<strong>de</strong>m<strong>os</strong> bem a preocupação <strong>do</strong> autor em esclarecer<br />

<strong>os</strong> camp<strong>os</strong> <strong>de</strong> indução e <strong>de</strong> filtragem <strong>do</strong> stress, bem<br />

como a importância <strong>do</strong> contexto social como media<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

stress.<br />

Este capítulo introdutório é <strong>de</strong>veras importante pois reflecte<br />

uma preocupação <strong>do</strong> autor em proce<strong>de</strong>r à sistematização<br />

que falta neste <strong>do</strong>mínio.<br />

Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, apesar <strong>do</strong> impacto óbvio <strong>do</strong> stress, o seu<br />

conceito tem resisti<strong>do</strong> a to<strong>da</strong> a classificação. Por isso, numa<br />

obra <strong>de</strong>sta <strong>na</strong>tureza e magnitu<strong>de</strong>, <strong>da</strong><strong>da</strong> a confrontação com<br />

a imensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> noções <strong>de</strong> stress, é imperativo que o autor<br />

faça um esforço <strong>de</strong> sistematização, que foi o que <strong>de</strong> facto<br />

aconteceu.<br />

Os capítul<strong>os</strong> seguintes a esta Introdução, são o roteiro que


Volume IX Nº6 Novembro/Dezembro 2007<br />

o autor n<strong>os</strong> presenteia para chegarm<strong>os</strong> ao fim <strong>do</strong> <strong>livro</strong>: inician<strong>do</strong>-se<br />

pel<strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> <strong>do</strong> stress no indivíduo e pela forma<br />

como esse indivíduo li<strong>da</strong> com o stress, falan<strong>do</strong>-n<strong>os</strong> <strong>de</strong>pois<br />

n<strong>os</strong> diferentes tip<strong>os</strong> específic<strong>os</strong> <strong>do</strong> stress (trabalho e em<br />

particular o trabalho <strong>do</strong>s técnic<strong>os</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e família) termi<strong>na</strong><br />

o roteiro <strong>da</strong>n<strong>do</strong>-n<strong>os</strong> recomen<strong>da</strong>ções sobre formas <strong>de</strong><br />

combater este aspecto típico <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>s.<br />

Se houver algo que este <strong>livro</strong> p<strong>os</strong>sa provocar será certamente<br />

fazer com que o leitor pense duas vezes antes <strong>de</strong><br />

usar a palavra “stress”, já que é uma palavra que se usa<br />

quotidia<strong>na</strong>mente, <strong>de</strong> forma quase automática, para <strong>de</strong>screver<br />

quase tu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as <strong>do</strong>enças relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s com o trabalho<br />

até a<strong>os</strong> sintomas <strong>da</strong> <strong>de</strong>pressão.<br />

Como o Prof. Vaz Serra o vai dizen<strong>do</strong> ao longo <strong>da</strong> obra,<br />

quer explícita quer implicitamente, existem cente<strong>na</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>finições, mas mesmo assim as organizações médicas<br />

não conseguem encontrar um significa<strong>do</strong> comum.<br />

Por isso, stress é uma palavra perig<strong>os</strong>a para ser usa<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

forma superficial ou levia<strong>na</strong>. Mas também se tem tor<strong>na</strong><strong>do</strong><br />

uma palavra muito lucrativa em que conselheir<strong>os</strong>, clínicas<br />

<strong>de</strong> bem-estar, terapeutas a têm usa<strong>do</strong> por to<strong>do</strong> o la<strong>do</strong> com<br />

vista, segun<strong>do</strong> dizem, a aju<strong>da</strong>rem-n<strong>os</strong> a reduzir o n<strong>os</strong>so<br />

stress. Parte <strong>de</strong>ste <strong>livro</strong> ocupa-se em encontrar uma fun<strong>da</strong>mentação<br />

científica que dê uma outra sustentação a esta<br />

pletora <strong>de</strong> razões e <strong>de</strong>srazões.<br />

Por tu<strong>do</strong> isto, recomen<strong>do</strong> vivamente este <strong>livro</strong> como um <strong>livro</strong><br />

<strong>de</strong> referência para clínic<strong>os</strong>, cientistas e público leigo interessa<strong>do</strong>s<br />

no problema <strong>do</strong> stress.<br />

O <strong>livro</strong> dá-n<strong>os</strong> uma excelente visão global sobre o que <strong>de</strong><br />

mais actual se pensa, investiga e faz em relação a este<br />

tema. Está bem organiza<strong>do</strong> e muito bem escrito, facilitan<strong>do</strong><br />

a sua leitura.<br />

Em resumo, esta obra é uma excelente mais valia <strong>na</strong>s<br />

bibliotecas <strong>de</strong> investiga<strong>do</strong>res e prátic<strong>os</strong> que trabalham no<br />

<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> stress, mas também para aqueles que queiram<br />

aumentar <strong>os</strong> seus conheciment<strong>os</strong> sobre <strong>os</strong> diferentes<br />

aspect<strong>os</strong> médic<strong>os</strong> e psic<strong>os</strong>sociais <strong>de</strong>ste vasto mun<strong>do</strong> complexo<br />

e multifaceta<strong>do</strong> que é o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> stress.<br />

Leituras / Readings<br />

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