12.04.2013 Views

Elisa Maria Guimarães de Souza CARACTERIZAÇÃO DOS ... - UFF

Elisa Maria Guimarães de Souza CARACTERIZAÇÃO DOS ... - UFF

Elisa Maria Guimarães de Souza CARACTERIZAÇÃO DOS ... - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE<br />

INSTITUTO DE BIOLOGIA<br />

PROGRAMA DE NEUROCIÊNCIAS<br />

<strong>Elisa</strong> <strong>Maria</strong> <strong>Guimarães</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

<strong>CARACTERIZAÇÃO</strong> <strong>DOS</strong> EFEITOS <strong>DOS</strong><br />

RECEPTORES METABOTRÓPICOS DE GLUTAMATO<br />

NO SISTEMA GABAÉRGICO AO LONGO DO<br />

DESENVOLVIMENTO DA RETINA DE PINTO<br />

TESE SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL<br />

FLUMINENSE VISANDO A OBTENÇÃO DO GRAU DE<br />

MESTRE EM NEUROCIÊNCIAS<br />

Orientadora: Profa. Dra. Karin da Costa Calaza<br />

NITERÓI<br />

2010<br />

i


<strong>Elisa</strong> <strong>Maria</strong> <strong>Guimarães</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

<strong>CARACTERIZAÇÃO</strong> <strong>DOS</strong> EFEITOS <strong>DOS</strong><br />

RECEPTORES METABOTRÓPICOS DE GLUTAMATO<br />

NO SISTEMA GABAÉRGICO AO LONGO DO<br />

DESENVOLVIMENTO DA RETINA DE PINTO<br />

Trabalho <strong>de</strong>senvolvido no Laboratório <strong>de</strong> Neurobiologia da Retina do<br />

Departamento <strong>de</strong> Neurobiologia, Instituto <strong>de</strong> Biologia, <strong>UFF</strong>.<br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado submetida ao<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em<br />

Neurociências da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral Fluminense como requisito<br />

parcial para a obtenção do grau <strong>de</strong><br />

Mestre em Neurociências.<br />

Área <strong>de</strong> concentração: Ciências<br />

Biológicas.<br />

Orientadora: Profa. Dra. Karin da Costa Calaza<br />

NITERÓI<br />

2010<br />

ii


GUIMARÃES-SOUZA, <strong>Elisa</strong> <strong>Maria</strong><br />

– Niterói: <strong>UFF</strong>, 2010.<br />

98 f.<br />

Dissertação – Mestrado em Neurociências<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense<br />

1. retina 2. GABA 3. receptor metabotrópico <strong>de</strong> glutamato<br />

4. liberação <strong>de</strong> neurotransmissor<br />

iii


Este trabalho foi <strong>de</strong>senvolvido no Laboratório <strong>de</strong> Neurobiologia da Retina, do<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Neurociências, do Instituto <strong>de</strong> Biologia da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense, sob a orientação da Professora Dr. Karin da<br />

Costa Calaza e na vigência dos auxílios concedidos pelo Conselho Nacional <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong><br />

Aperfeiçoamento <strong>de</strong> Pessoal <strong>de</strong> Ensino Superior (CAPES), pela Fundação <strong>de</strong><br />

Amparo à Pesquisa do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro (FAPERJ), pelo Programa <strong>de</strong> Apoio<br />

aos Núcleos <strong>de</strong> Excelência (PRONEX/MCT) e pela Pró-Reitoria <strong>de</strong> Pesquisa, Pós-<br />

Graduação e Inovação da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense (PROPPi/<strong>UFF</strong>).<br />

iv


AGRADECIMENTOS<br />

Agra<strong>de</strong>ço a Deus por ser um mistério e ser a vida que <strong>de</strong>svendamos.<br />

Agra<strong>de</strong>ço a meus pais, José e Laïs, por serem simplesmente fonte <strong>de</strong><br />

tudo: amor, esperança, ensinamentos, exemplos, e por toda a <strong>de</strong>dicação para com<br />

este ser imperfeito, incompleto e incrivelmente chato que sou eu.<br />

Obrigada, vovô e vovó, por ajudarem nos primeiros passos.<br />

Renata, você é minha melhor amiga, e a pessoa mais verda<strong>de</strong>ira que eu<br />

conheço. Flávio, você é muito importante na minha vida. Obrigada por existirem e<br />

tornarem minha vida mais feliz.<br />

Agra<strong>de</strong>ço aos professores do Guido por terem me proporcionado o gosto<br />

pelo estudo. Em especial, agra<strong>de</strong>ço ao professor Ivan, que repetidamente <strong>de</strong>u lições<br />

valiosas do que é ser um professor, com sua <strong>de</strong>dicação e empenho. Na época do<br />

vestibular, em que me convidava para sua casa e dava aulas extras <strong>de</strong> Química <strong>de</strong><br />

três, quatro horas, várias e várias vezes, sem cobrar um tostão.<br />

Agra<strong>de</strong>ço à professora Mônica, <strong>de</strong> inglês, por dado o melhor <strong>de</strong> si (e faz<br />

uma diferença absurda esse inglês), e por ter sido uma amiga quando eu precisei <strong>de</strong><br />

uma.<br />

Obrigada a todos os meus colegas <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong>. Todos eles, cada um<br />

com suas características, ajudaram a tornar o tempo <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong> inesquecível e<br />

muito, muito engraçado. Particularmente, agra<strong>de</strong>ço às “Camponesas <strong>de</strong> Nobre<br />

Coração”, Tati, Lissa, Ana Flávia, <strong>Maria</strong>na, Carolina e Gisella. Vale falar também dos<br />

meus calouros mais queridos: Sarah, Bruna, Felipe e Dan. Sou muito feliz por ter<br />

conhecido todos vocês.<br />

Finalmente, agra<strong>de</strong>ço aos companheiros <strong>de</strong> laboratório, as pessoas que<br />

vejo todos os dias e implico cada vez mais: Professores Roberto, <strong>Maria</strong>na, e<br />

Marcelo, Cristiane, Alexandre, Renato, Camila, Eliza Lelé, Thaísa, Ivan, Felipe,<br />

Sarah e Luzeli. Também aos antigos dos laboratórios, Daniel, Luciane.<br />

Agra<strong>de</strong>ço aos professores <strong>de</strong> todo o <strong>de</strong>partamento pela paciência e por<br />

toda a ajuda: Claudio Serfaty, Adriana Melibeu, Elizabeth Giestal, Paula Campello,<br />

Suellen Marques e Priscilla Oliveira. Agra<strong>de</strong>ço em especial à professora Lucianne<br />

Fragel, por ter feito uma revisão muito cuidadosa e criteriosa, que melhorou muito o<br />

trabalho, e à professora Ana Ventura, que ajudou muito com a dosagem <strong>de</strong><br />

glutamato.<br />

Obrigada também aos professores Patrícia Gardino e Fernando Mello, por<br />

todo o apoio que dão às nossas idéias.<br />

Agora, uma parte mais <strong>de</strong>talhada, para as pessoas mais envolvidas neste<br />

pedacinho da minha vida que foi o mestrado: os Karinérgicos (alunos da Karin, para<br />

quem não está familiarizado com o termo).<br />

Raquel, você é uma pessoa maravilhosa. Está sempre ajudando,<br />

v


conversando, especulando, indo lanchar comigo (e me xingando também, às vezes).<br />

Você se tornou uma amiga muito valiosa. Muito obrigada por me <strong>de</strong>ixar ser a<br />

primeira banca da sua vida (na monografia), e por ser a única que ri<br />

exacerbadamente das minhas piadas sem graça. Meu coração se enche <strong>de</strong> alegria<br />

quando você está perto! Só vê se “mente” e “chora” menos, ok? Nesse ritmo, vai<br />

virar um salgueiro chorão (essa é a parte que você não enten<strong>de</strong> e ri mesmo assim)!<br />

Vívian, eu estou escrevendo esses agra<strong>de</strong>cimentos no dia do seu<br />

aniversário <strong>de</strong>ste ano, e estou propositalmente “esquecendo” <strong>de</strong> te dar parabéns<br />

hoje, porque amanhã faremos um bolo-surpresa. Então, quando você ler isto,<br />

lembre-se <strong>de</strong>ste dia, e saiba que você é uma pessoa muito querida mesmo para<br />

mim! É a minha amiga japonesa favorita, que tem muitas histórias que eu adoro<br />

ouvir, e que está sempre disposta a ajudar. Domo arigato, Vivi-chan! Sempre que<br />

cair uma melancia na sua vida, me dá que eu como!<br />

Rafael, antes <strong>de</strong> tudo, você é “meu amigoooooooooo”! Você é um cara<br />

muito legal, cheio <strong>de</strong> garra, fibra, e totalmente <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> vergonha (no sentido<br />

<strong>de</strong> ser capaz <strong>de</strong> fazer perguntas a gran<strong>de</strong>s personalida<strong>de</strong>s científicas, não se<br />

zangue, hehe). Admiro muito todo o seu esforço e seu interesse, e espero que<br />

sigamos juntos por todo o doutorado, como fizemos na iniciação científica e no<br />

Mestrado. Sério, só tem três coisas que eu queria <strong>de</strong> você: 1) renovação do<br />

repertório <strong>de</strong> músicas cantadas; 2) uma chance para o “Lost”; 3) mil e quinhentas<br />

lâminas gelatinizadas por você especialmente para mim no dia <strong>de</strong> Natal. Hahaha, a<br />

3 é pegadinha, tá? Não chora! Boa sorte com as arrecadações do EPA (Escola para<br />

o Progresso da A<strong>de</strong>nosina).<br />

Raul, Havana e Daniel, os mais novos Karinérgicos: vocês são muito<br />

esforçados e queridos. Contem comigo para o que precisarem!<br />

Por último, agra<strong>de</strong>ço à po<strong>de</strong>rosa chefona Karin. Escolhi você como<br />

orientadora por sua <strong>de</strong>dicação e empenho nas aulas, quando você me <strong>de</strong>u aula no<br />

segundo período. Faz cinco anos que trabalhamos juntas, e não sei se eu saberia ou<br />

conseguiria trabalhar com outra pessoa, tão capacitada, equilibrada e interessada<br />

como você. Acho que <strong>de</strong> tanto você esperar o melhor <strong>de</strong> todos nós, no fim,<br />

conseguimos fazer trabalhos incríveis! Muito obrigada por me aturar todos esses<br />

anos, e espero não enlouquecer você no doutorado.<br />

vi


RESUMO<br />

Glutamato e GABA são, respectivamente, os principais<br />

neurotransmissores excitatórios e inibitórios da retina, participando das vias através<br />

das quais a retina processa a informação luminosa. Receptores metabotrópicos <strong>de</strong><br />

glutamato <strong>de</strong> todos os três grupos estão presentes na retina e po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>tectados<br />

em corpos celulares e contatos sinápticos <strong>de</strong> células amácrinas. Já foi mostrado que<br />

o glutamato induz a liberação <strong>de</strong> GABA <strong>de</strong> células amácrinas pela ativação <strong>de</strong><br />

receptores ionotrópicos <strong>de</strong> glutamato na retina <strong>de</strong> pinto <strong>de</strong> E14 a PE. Então,<br />

<strong>de</strong>cidimos verificar os efeitos causados pela ativação <strong>de</strong> receptores metabotrópicos<br />

<strong>de</strong> glutamato no sistema GABAérgico em três estágios do <strong>de</strong>senvolvimento e no<br />

animal pós-eclosão. Em E14 e E16, não encontramos efeitos induzidos por<br />

receptores metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato no número <strong>de</strong> células amácrinas GABApositivas.<br />

No entanto, o tratamento <strong>de</strong> retinas <strong>de</strong> animais E18 e PE com o agonista<br />

dos grupos I e II, trans-ACPD, promoveu uma diminuição <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 40% no<br />

número <strong>de</strong> células GABA-positivas em relação ao controle, efeito que foi impedido<br />

por antagonistas <strong>de</strong> ambos os grupos, enquanto o L-SOP, agonista do grupo III,<br />

promoveu um efeito similar, que foi prevenido por seu antagonista. Os efeitos <strong>de</strong><br />

trans-ACPD e L-SOP também foram inibidos com o bloqueio <strong>de</strong> GAT-1, um<br />

transportador <strong>de</strong> GABA expresso em células amácrinas. O bloqueio <strong>de</strong> receptores<br />

ionotrópicos <strong>de</strong> glutamato <strong>de</strong> ambos os tipos inibiu fortemente a diminuição do<br />

número <strong>de</strong> células GABA-positivas. A fim <strong>de</strong> avaliar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a<br />

ativação <strong>de</strong> receptores metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato estaria produzindo um aumento<br />

da liberação <strong>de</strong> glutamato, verificamos que os níveis <strong>de</strong> glutamato extracelular<br />

encontrados no meio <strong>de</strong> incubação das retinas tratadas com trans-ACPD eram 65%<br />

maiores do que retinas controle, efeito este que era inibido pela ausência <strong>de</strong> cálcio,<br />

mas não verificamos o mesmo efeito com L-SOP. Desta forma,, reportamos que, na<br />

retina <strong>de</strong> pinto em <strong>de</strong>senvolvimento, receptores metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato estão<br />

envolvidos na circuitaria GABAérgica.<br />

vii


ABSTRACT<br />

Glutamate and GABA are, respectively, the major excitatory and inhibitory<br />

transmitter molecules in the retina, participating in the two pathways through which<br />

the retina processes light information. Metabotropic glutamate receptors of all three<br />

groups are present in the retina, and can be <strong>de</strong>tected in amacrine cell bodies and<br />

synaptic contacts. Glutamate has been shown to induce GABA release from<br />

amacrine cells by activating ionotropic glutamate receptors in the chicken retina.<br />

Thus, we verified the effect caused by the activation of metabotropic glutamate<br />

receptors on GABA release from these cells in three <strong>de</strong>velopmental stages and in the<br />

post-hatch animal. In E14 and E16, we were not able to find an effect induced by<br />

metabotropic glutamate receptors agonists in GABA-positive amacrine cell number.<br />

However, we did find effects in ages E18 and post-hatch animal. Group I/II agonist<br />

trans-ACPD promoted a 40% <strong>de</strong>crease in the number of GABA-positive cells in<br />

relation to the control, effect that was prevented by antagonists of both groups, while<br />

L-SOP, group III agonist, promoted a similar release, which was prevented by its<br />

antagonist. Also, we could inhibit trans-ACPD and L-SOP effects by blocking GAT-1,<br />

a GABA transporter expressed in amacrine cells. We found that blocking ionotropic<br />

glutamate receptors of both types could strongly inhibit the <strong>de</strong>crease in GABApositive<br />

cells. Evaluating the possibility that the activation of metabotropic glutamate<br />

receptors would be yielding enhanced glutamate release, we discovered that<br />

extracellular glutamate levels found in bath solutions were about 65% higher in trans-<br />

ACPD treated than in control retinas, effect that was blocked by calcium absence, but<br />

we could not <strong>de</strong>tect such an effect with L-SOP treatment. Therefore, we report that,<br />

in the chicken retina, metabotropic glutamate receptors are present, functional, and<br />

are involved in the GABAergic circuitry.<br />

viii


6-OHDA 6-hidroxidopamina<br />

LISTA DE ABREVIATURAS<br />

AAT Aspartato aminotransferase<br />

ABC Avidina-biotina peroxidase<br />

AIDA Ácido 1-aminoindan-1,5-dicarboxílico<br />

AMPA amino-5-metil-4-isoxalona propionato<br />

AMPc A<strong>de</strong>nosina monofosfatada cíclica<br />

ATP Trifosfato <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nosina<br />

BSA Albumina sérica bovina<br />

Ca 2+ Cálcio<br />

CaMKII Cinase <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> cálcio/calmodulina do tipo II<br />

CCG Camada <strong>de</strong> células ganglionares<br />

Cl - Íon cloreto<br />

CNE Camada nuclear externa<br />

CNI Camada nuclear interna<br />

CPE Camada plexiforme externa<br />

CPI Camada plexiforme interna<br />

DNQX 6,7-Dinitroquinoxalina-2,3(1H-4H)-diona<br />

EAAT Transportador <strong>de</strong> aminoácidos excitatórios<br />

ERK Cinase regulada por sinais extracelulares<br />

EX Embrião com X dias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

GABA Ácido γ-aminobutírico<br />

GABA+ (Células) GABA-positivas<br />

GABA-T GABA-transaminase<br />

GABAX<br />

Receptor <strong>de</strong> GABA do tipo X<br />

ix


GAD Descarboxilase do ácido glutâmico<br />

GAT Transportador <strong>de</strong> GABA<br />

GDH Desidrogenase do ácido glutâmico<br />

GMPc Guanosina monofosfatada cíclica<br />

GS Glutamina sintetase<br />

H + Hidrogênio/próton<br />

iGluR Receptor ionotrópico <strong>de</strong> glutamato<br />

IP3 Inositol trifosfato<br />

K + Íon potássio<br />

KA Cainato<br />

LDH Lactato <strong>de</strong>sidrogenase<br />

L-SOP L-serina-O-fosfato<br />

LTD Depressão <strong>de</strong> longo termo<br />

LTP Potenciação <strong>de</strong> longo termo<br />

MAP-4 Ácido (S)-2-amino-2-metil-4-fosfonobutanóico<br />

MCCG (2S,3S,4S)-2-Metil-2-(carboxiciclopropil)glicina<br />

Mg 2+ Íon magnésio<br />

mGluR Receptor metabotrópico <strong>de</strong> glutamato<br />

MK-801 / MK<br />

Na + Íon sódio<br />

(5R,2S)-(+)-5-Metil-10,11-diidro-5H-dibenzo[a,d]<br />

ciclohepteno-5,10-imina hidrogênio maleato<br />

NMDA N-metil-D-aspartato<br />

NOSn Sintase do óxido nítrico neuronal<br />

NO-711<br />

hidrocloridrato <strong>de</strong> ácido (1-[2-[[(difenilmetileno)imino]oxi]etil] -<br />

1,2,5,6-tetrahidro-3-piridinacarboxílico<br />

PAC1 Receptor <strong>de</strong> PACAP do tipo 1<br />

x


PACAP Peptí<strong>de</strong>o ativador da a<strong>de</strong>nilato ciclase da pituitária<br />

PAG Glutaminase ativada por fosfato<br />

PBS Solução salina <strong>de</strong> tamponada com fosfato<br />

PE Pós-eclosão<br />

PI3K Cinase <strong>de</strong> inositol trifosfato<br />

PKC Proteína cinase <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> cálcio<br />

PLC Fosfolipase C<br />

PSD-95 Proteína <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> pós-sináptica <strong>de</strong> 95kDa<br />

PX Animal nascido a X dias<br />

SNC Sistema Nervoso Central<br />

T-ACPD / T Ácido 1-aminociclopentano-trans-1,3-dicarboxílico<br />

TBS Solução salina tamponada com Tris<br />

TRPM<br />

Canal <strong>de</strong> potencial receptor transitório (Transient Receptor<br />

Potential Channel Melastin)<br />

VGAT Transportador vesicular <strong>de</strong> GABA<br />

VGLUT Transportador vesicular <strong>de</strong> glutamato<br />

xi


LISTA DE FIGURAS E TABELAS<br />

Figura 1 – Esquema ilustrando o ciclo glutamato-glutamina.................................. 16<br />

Figura 2 – Representação gráfica do receptor NMDA........................................... 19<br />

Tabela 1 – Apresentação dos subtipos <strong>de</strong> receptores metabotrópicos <strong>de</strong><br />

glutamato............................................................................................................<br />

Figura 3 – Representação gráfica <strong>de</strong> um receptor metabotrópico <strong>de</strong><br />

glutamato................................................................................................................<br />

Figura 4 – Esquema simplificado da reação através da qual o GABA é<br />

sintetizado..............................................................................................................<br />

Figura 5 – Esquema simplificando o processo <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong> GABA por<br />

transportador.......................................................................................................... 27 Sistema gluta<br />

Figura 6 – Esquema da morfologia retiniana.......................................................... 30<br />

Figura 7 – Esquema resumindo os períodos do <strong>de</strong>senvolvimento nos quais<br />

ocorrem a geração <strong>de</strong> cada tipo celular da retina <strong>de</strong> pinto....................................<br />

Figura 8 – Esquema mostrando o circuito <strong>de</strong> células horizontais e bipolares ON. 36<br />

Figura 9 – Esquema <strong>de</strong>monstrando a função fisiológica das células amácrinas... 37<br />

Figura 10 – Quadro ilustrando a localização dos mGluRs nas camadas da retina 39<br />

Tabela 2 – Relação das drogas utilizadas nos experimentos................................ 44<br />

Figura 11 – Efeito da ativação <strong>de</strong> mGluRI/II/III na retina <strong>de</strong> E14........................... 51<br />

Figura 12 – Efeito da ativação <strong>de</strong> mGluRI/II/III na retina <strong>de</strong> E16........................... 52<br />

Figura 13 – Efeito da ativação <strong>de</strong> mGluRI/II na retina <strong>de</strong> E18............................... 55<br />

Figura 14 – Efeito da ativação <strong>de</strong> mGluRIII na retina <strong>de</strong> E18................................ 56<br />

Figura 15 – Efeito da inibição dos receptores ionotrópicos no tratamento com<br />

agonista <strong>de</strong> mGluRI/II em E18...............................................................................<br />

21<br />

22<br />

25<br />

33<br />

57<br />

xii


Figura 16 – Efeito da inibição dos receptores ionotrópicos no tratamento com<br />

agonista <strong>de</strong> mGluRIII em E18................................................................................<br />

Figura 17 – Efeito da ativação <strong>de</strong> mGluRI/II na retina <strong>de</strong> PE................................. 61<br />

Figura 18 – Efeito da ativação <strong>de</strong> mGluRIII na retina <strong>de</strong> PE.................................. 62<br />

Figura 19 – Efeito da ativação dos receptores metabotrópicos dos grupos I, II e<br />

III na liberação <strong>de</strong> LDH em PE...............................................................................<br />

Figura 20 – Efeito da ativação dos receptores metabotrópicos dos grupos I, II e<br />

III na imunorreativida<strong>de</strong> nas sublâminas da CPI em PE........................................<br />

Figura 21 – Efeito da inibição <strong>de</strong> GAT-1 no tratamento com agonista <strong>de</strong> mGluRI,<br />

II e III em PE...........................................................................................................<br />

Figura 22 – Efeito da inibição dos receptores ionotrópicos no tratamento com<br />

agonista <strong>de</strong> mGluRI/II em PE.................................................................................<br />

Figura 23 – Efeito da inibição dos receptores ionotrópicos no tratamento com<br />

agonista <strong>de</strong> mGluRIII em PE..................................................................................<br />

Figura 24 – Efeito da ausência <strong>de</strong> cálcio no tratamento com agonista <strong>de</strong><br />

mGluRI/II em PE.....................................................................................................<br />

Figura 25 – Efeito <strong>de</strong> agonistas <strong>de</strong> mGluRI/II/III e da ausência <strong>de</strong> cálcio na<br />

liberação <strong>de</strong> glutamato em PE...............................................................................<br />

59<br />

63<br />

63<br />

64<br />

66<br />

67<br />

69<br />

70<br />

xiii


SUMÁRIO<br />

AGRADECIMENTOS ........................................................................................ iv<br />

RESUMO ........................................................................................................... vii<br />

ABSTRACT........................................................................................................ viii<br />

LISTA DE ABREVIATURAS .............................................................................. ix<br />

LISTA DE FIGURAS E TABELAS ..................................................................... xii<br />

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 17<br />

1.1- Sistema glutamatérgico ............................................................... 17<br />

1.1.1. Metabolismo do glutamato ................................................ 17<br />

1.1.2. Liberação e recaptação <strong>de</strong> glutamato .............................. 18<br />

1.1.3. Receptores ionotrópicos <strong>de</strong> glutamato ............................. 19<br />

1.1.4. Receptores metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato ........................ 22<br />

1.2- Sistema GABAérgico ................................................................... 27<br />

1.2.1. Metabolismo do GABA ...................................................... 27<br />

1.2.2. Liberação e recaptação <strong>de</strong> GABA .................................... 28<br />

1.3- Retina ........................................................................................... 30<br />

1.3.1. A retina <strong>de</strong> galinha e suas vantagens na<br />

pesquisa.............................................................................<br />

1.3.2. Organização morfológica e tipos celulares........................ 31<br />

1.3.3. Desenvolvimento da retina <strong>de</strong> galinha............................... 33<br />

1.3.4. Vias <strong>de</strong> processamento visual retiniano............................. 35<br />

30<br />

xiv


1.3.4.1. Via radial.................................................................... 35<br />

1.3.4.2. Via lateral................................................................... 37<br />

1.4- Receptores metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato na retina ..................... 40<br />

2. OBJETIVOS ................................................................................................. 43<br />

2.1- Objetivos gerais ........................................................................... 43<br />

2.2- Objetivos específicos ................................................................... 43<br />

3. MATERIAIS E MÉTO<strong>DOS</strong> ........................................................................... 44<br />

3.1- Animais ........................................................................................ 44<br />

3.2- Estimulação farmacológica do tecido retiniano intacto ................ 45<br />

3.3- Crioproteção e secção em criostato ............................................ 46<br />

3.4- Imunohistoquímica ....................................................................... 47<br />

3.5- Ensaio <strong>de</strong> medição do glutamato liberado ................................... 48<br />

3.6- Ensaio <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong> LDH ........................................................ 49<br />

3.7- Análise quantitativa e estatística ................................................. 50<br />

4. RESULTA<strong>DOS</strong> ............................................................................................. 51<br />

4.1- Embrião com 14 dias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento .................................. 51<br />

4.2- Embrião com 16 dias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento .................................. 51<br />

4.3- Embrião com 18 dias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento ................................. 54<br />

4.4- Animal pós-eclosão ..................................................................... 60<br />

4.4.1. Efeito da ativação <strong>de</strong> mGluRs na imunorreativida<strong>de</strong> do<br />

GABA ................................................................................<br />

4.4.2. Influência do bloqueio do transportador <strong>de</strong> GABA (GAT-<br />

60<br />

xv


1) no efeito induzido por mGluRs...................................... 61<br />

4.4.3. Influência do bloqueio dos receptores ionotrópicos <strong>de</strong><br />

glutamato no efeito induzido por mGluRs..........................<br />

4.4.4. Liberação <strong>de</strong> glutamato induzida por ativação <strong>de</strong><br />

mGluRs .............................................................................<br />

5. DISCUSSÃO ................................................................................................ 72<br />

5.1- A liberação <strong>de</strong> GABA induzida por glutamato durante o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento ..........................................................................<br />

5.2- A liberação <strong>de</strong> GABA induzida por glutamato no animal pós-<br />

eclosão .........................................................................................<br />

5.3- A liberação <strong>de</strong> glutamato induzida por mGluRs no animal pós-<br />

eclosão .........................................................................................<br />

5.4- Mecanismos <strong>de</strong> modulação da função <strong>de</strong> receptores.................... 78<br />

5.5- Células amácrinas GABAérgicas e mGluRs ................................. 80<br />

5.6- mGluRs, glutamato e GABA: neuroproteção ou injúria?.............. 81<br />

6. CONCLUSÕES ........................................................................................... 84<br />

7. PERSPECTIVAS ......................................................................................... 85<br />

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 87<br />

66<br />

69<br />

72<br />

74<br />

76<br />

xvi


1. INTRODUÇÃO<br />

1.1- Sistema glutamatérgico<br />

1.1.1. Metabolismo do glutamato<br />

Há muitos anos, o glutamato já era consi<strong>de</strong>rado importante para o<br />

metabolismo geral do corpo humano, pois este neurotransmissor participa <strong>de</strong><br />

processos bioquímicos <strong>de</strong> oxidação para geração <strong>de</strong> energia, síntese <strong>de</strong> proteínas e<br />

formação <strong>de</strong> diferentes compostos. Sua ação excitatória no sistema nervoso foi<br />

<strong>de</strong>scoberta por Hayashi em 1954, quando se verificou que a injeção <strong>de</strong> glutamato <strong>de</strong><br />

sódio no córtex motor <strong>de</strong> caninos e primatas provocava convulsão nesses animais<br />

(Takeuchi, 1987). Des<strong>de</strong> então, o glutamato se tornou um dos neurotransmissores<br />

mais estudados, e os mecanismos <strong>de</strong> muitos <strong>de</strong> seus efeitos celulares e moleculares<br />

já foram elucidados. No sistema nervoso central (SNC), particularmente, atua como<br />

o principal neurotransmissor excitatório, sendo o mediador químico <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 80 a<br />

90% das sinapses excitatórias cerebrais (McKenna, 2007).<br />

O glutamato po<strong>de</strong> ser sintetizado <strong>de</strong> duas formas: a partir do α-<br />

cetoglutarato (α-CG) do ciclo <strong>de</strong> Krebs, pela enzima <strong>de</strong>sidrogenase do ácido<br />

glutâmico (GDH); ou a partir da glutamina, pela enzima glutaminase ativada por<br />

fosfato (PAG) (fig. 1). Normalmente, quando há excesso <strong>de</strong> glutamato extracelular,<br />

as células gliais atuam no sentido <strong>de</strong> diminuir a excitabilida<strong>de</strong> e excitotoxicida<strong>de</strong><br />

produzida por glutamato. Para isso, estas células captam o glutamato e o utilizam<br />

como substrato para a síntese <strong>de</strong> proteínas ou moléculas como a glutationa, que é<br />

neuroprotetora. Nas células da glia, o glutamato também po<strong>de</strong> ser metabolizado a<br />

glutamina, que po<strong>de</strong> ser liberada e captada pelo neurônio, representando uma nova<br />

17


fonte para a síntese <strong>de</strong> glutamato (McKenna, 2007).<br />

Figura 1 – Esquema ilustrando o ciclo glutamato-glutamina. Tanto no astrócito quanto no neurônio, o<br />

glutamato po<strong>de</strong> ser sintetizado a partir do α-cetoglutarato (α-CG), proveniente do ciclo <strong>de</strong> Krebs. A<br />

<strong>de</strong>sidrogenase do ácido glutâmico (GDH) é a enzima responsável por catalisar esta reação. No<br />

astrócito, o glutamato po<strong>de</strong> seguir quatro <strong>de</strong>stinos diferentes: voltar para o ciclo <strong>de</strong> Krebs como αcetoglutarato,<br />

reação catalisada pela própria GDH, ou pela aspartato aminotransferase (AAT); ser<br />

utilizado para a síntese <strong>de</strong> glutationa; ser substrato para a síntese da glutamina pela glutamina<br />

sintetase (GS); ou ser metabolizado para a formação <strong>de</strong> CO2 e H2O. O astrócito po<strong>de</strong>, ainda, liberar<br />

glutamina, e esta, uma vez captada pelo neurônio, gerar novas moléculas <strong>de</strong> glutamato pela reação<br />

catalizada pela enzima glutaminase ativada por fosfato (PAG) (Modificado <strong>de</strong> McKenna, 2007).<br />

1.1.2. Liberação e transporte <strong>de</strong> glutamato<br />

Em neurônios, após sua síntese, o glutamato é armazenado em vesículas<br />

sinápticas através <strong>de</strong> transportadores vesiculares (VGLUTs), que fazem antiporte <strong>de</strong><br />

glutamato e H + . Os H + estão em maior concentração <strong>de</strong>ntro da vesícula graças à<br />

ação <strong>de</strong> uma bomba <strong>de</strong> próton que, através da energia da hidrólise <strong>de</strong> ATP,<br />

18


transporta H + para <strong>de</strong>ntro da vesícula, tornando-a mais ácida e positiva, favorecendo<br />

o gradiente eletroquímico para a entrada do glutamato acoplada à saída <strong>de</strong> H +<br />

(Liguz-Lecznar e Skangiel-Kramska, 2007).<br />

Após sua liberação sináptica, a ação do glutamato consiste na ativação<br />

<strong>de</strong> diversos tipos <strong>de</strong> receptores glutamatérgicos, que po<strong>de</strong>m estar situados na<br />

membrana <strong>de</strong> células pré ou pós-sinápticas. Estes receptores serão abordados<br />

<strong>de</strong>talhadamente nas seções a seguir.<br />

O término da ação do glutamato se dá pela sua recaptação através <strong>de</strong><br />

transportadores <strong>de</strong> glutamato na membrana plasmática. Existem dois tipos <strong>de</strong><br />

transportadores <strong>de</strong> glutamato: os <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> sódio e que também transportam<br />

aspartato, conhecidos como transportadores <strong>de</strong> aminoácidos excitatórios (EAATs),<br />

subdivididos em cinco tipos (EAAT1 a 5); e os in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> sódio, como o<br />

trocador cistina-glutamato (Xc-) (Gether et al., 2006).<br />

1.1.3. Receptores ionotrópicos <strong>de</strong> glutamato<br />

Os receptores ionotrópicos <strong>de</strong> glutamato po<strong>de</strong>m ser divididos em dois<br />

grupos: os receptores N-metil-D-aspartato (NMDA) e os receptores não-NMDA, entre<br />

os quais estão incluídos os subtipos α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isozazole--ácido<br />

propiônico (AMPA) e cainato (KA).<br />

Os receptores NMDA, tipos <strong>de</strong> receptores glutamatérgicos mais<br />

estudados, são heterômeros compostos por quatro subunida<strong>de</strong>s e formam um canal<br />

permeável aos íons K + , Na + e Ca 2+ (fig. 2). Estes receptores possuem duas<br />

características que os diferem dos <strong>de</strong>mais canais iônicos cuja abertura <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

19


ligante: para a abertura do canal, além do glutamato, há a necessida<strong>de</strong> da ligação<br />

<strong>de</strong> um aminoácido glicina ou D-serina, que funcionam como co-agonistas, e da<br />

prévia <strong>de</strong>spolarização da membrana em que se encontra o receptor para que o íon<br />

Mg 2+ , que bloqueia o canal no potencial <strong>de</strong> repouso, seja <strong>de</strong>slocado (Stephenson,<br />

2006). As subunida<strong>de</strong>s dos receptores NMDA, que formam arranjos tetraméricos,<br />

são NR1, NR2 e NR3. NR1 é a subunida<strong>de</strong> obrigatória para que o receptor seja<br />

funcional, e é também a que abriga o sítio da glicina / D-serina; NR2 é a subunida<strong>de</strong><br />

que abriga o sítio do glutamato; o papel da subunida<strong>de</strong> NR3 não foi bem elucidado<br />

até o momento (Stephenson, 2006).<br />

Os papéis funcionais dos receptores NMDA são inúmeros. Uma vez<br />

ativados, os canais NMDA mobilizam uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cálcio para <strong>de</strong>ntro<br />

das células e, por conseguinte, ativam diversas vias intracelulares. Estes receptores<br />

também estão acoplados a diversas proteínas intracelulares, como a proteína da<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> pós-sináptica <strong>de</strong> 95kDa (PSD-95) que, por sua vez, ancora proteínas<br />

como a enzima sintase do óxido nítrico neuronal (NOSn), proteína cinase C (PKC) e<br />

a cinase <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> cálcio-calmodulina II (CaMKII) (Stephenson, 2006).<br />

A função mais conhecida dos receptores NMDA é a promoção da<br />

potenciação <strong>de</strong> longo termo (LTP) <strong>de</strong> sinapses, possível responsável pela formação<br />

<strong>de</strong> memória, aumentando a inserção <strong>de</strong> receptores AMPA na membrana. No<br />

entanto, pela sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mobilizar um gran<strong>de</strong> influxo <strong>de</strong> cálcio extracelular, o<br />

receptor NMDA também é estudado como promotor <strong>de</strong> morte celular por<br />

excitotoxicida<strong>de</strong> (Léveillé et al., 2008).<br />

20


Figura 2 – Representação gráfica do receptor NMDA, mostrando quatro subunida<strong>de</strong>s formadoras<br />

do canal catiônico permeável a K + (não mostrado), Na + , Ca 2+ , bloqueado por Mg 2+ e algumas<br />

drogas (ex. fenciclidina ou PCP). NR1 contém sítios para zinco e glicina / D-serina, enquanto NR2<br />

possui sítios para poliaminas e glutamato. (Modificado <strong>de</strong> Carlson, 1998).<br />

Os receptores AMPA e KA, assim como os receptores NMDA, formam<br />

poros iônicos. No entanto, existem gran<strong>de</strong>s diferenças entre os receptores NMDA e<br />

não-NMDA. Uma <strong>de</strong>las é o fato <strong>de</strong> os receptores AMPA e KA não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rem <strong>de</strong><br />

uma <strong>de</strong>spolarização prévia da membrana, nem da presença <strong>de</strong> um co-agonista,<br />

po<strong>de</strong>ndo ser ativados apenas pela ligação do glutamato. Por esse motivo, esses<br />

receptores são responsáveis por mediar respostas sinápticas rápidas (Hollmann et<br />

al., 1994).<br />

Os receptores AMPA são formados por combinações <strong>de</strong> quatro<br />

subunida<strong>de</strong>s em arranjo tetramérico (GluR1-4). A composição dos receptores por<br />

diferentes subunida<strong>de</strong>s garante características diferentes a cada um <strong>de</strong>les. O<br />

exemplo mais claro <strong>de</strong>ssas diferenças é o fato <strong>de</strong> receptores AMPA que não<br />

possuem a subunida<strong>de</strong> GluR2 permearem íons Ca 2+ , receptores estes que po<strong>de</strong>m<br />

ter um papel fisiológico em processos isquêmicos, haja vista que ocorre um aumento<br />

21


do redirecionamento <strong>de</strong>les para locais sinápticos em neurônios privados <strong>de</strong> glicose e<br />

oxigênio (Liu et al., 2006).<br />

Os receptores KA po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> baixa afinida<strong>de</strong>, se contiverem apenas<br />

subunida<strong>de</strong>s GluR5, GluR6 e GluR7, ou <strong>de</strong> alta afinida<strong>de</strong>, se contiverem as<br />

subunida<strong>de</strong>s KA1 ou KA2 (Hollmann e Heinemann, 1994). Também existem<br />

receptores KA permeáveis ou impermeáveis a Ca 2+ , <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da forma<br />

recombinante da subunida<strong>de</strong> GluR5 ou GluR6 presente no receptor (Burnashev et<br />

al., 1995).<br />

As funções e o tráfego dos receptores AMPA já foram bastante<br />

estudados, <strong>de</strong>vido ao seu importante papel na plasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> neurônios<br />

glutamatérgicos. Entretanto, o mesmo não po<strong>de</strong> ser dito sobre os receptores KA,<br />

pois os mecanismos e funções dos quais participam não são bem conhecidos.<br />

Basicamente, a principal diferença entre AMPA e KA é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste último <strong>de</strong><br />

ter tanto uma ação fásica como, por exemplo, abertura <strong>de</strong> canal e <strong>de</strong>spolarização da<br />

membrana, quanto uma ação tônica, como modulação <strong>de</strong> canais iônicos e liberação<br />

<strong>de</strong> neurotransmissores (Pinheiro e Mulle, 2006).<br />

1.1.4. Receptores metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato<br />

Com o aumento do interesse e dos estudos acerca do glutamato, muitos<br />

grupos começaram a <strong>de</strong>screver efeitos produzidos pela utilização <strong>de</strong>sta molécula<br />

que não pu<strong>de</strong>ram ser explicados pela ativação <strong>de</strong> canais iônicos. Estes efeitos<br />

incluíam a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumentar a hidrólise <strong>de</strong> fosfolipí<strong>de</strong>os e a modulação dos<br />

níveis <strong>de</strong> AMPc. Logo, foram i<strong>de</strong>ntificadas proteínas que interagiam com o<br />

22


glutamato, mas que possuíam características <strong>de</strong> receptores acoplados à proteína: os<br />

receptores metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato (mGluRs) (Hollmann e Heinemann, 1994).<br />

Os mGluRs po<strong>de</strong>m ser divididos em três grupos: o grupo I, do qual fazem<br />

parte os receptores dos tipos 1 e 5 (mGluR1 e mGluR5); o grupo II, do qual fazem<br />

parte os receptores dos tipos 2 e 3 (mGluR2 e mGluR3); e o grupo III, do qual fazem<br />

parte os receptores dos tipos 4, 6, 7 e 8 (mGluR4, mGluR6, mGluR7 e mGluR8)<br />

(Tabela 1) (Hollmann e Heinemann, 1994).<br />

Grupo I:<br />

mGluR1<br />

mGluR5<br />

Grupo II:<br />

mGluR2<br />

mGluR3<br />

Grupo III:<br />

mGluR4<br />

mGluR6<br />

mGluR7<br />

mGluR8<br />

Subtipos <strong>de</strong> receptores metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato<br />

Acoplados a Gq; ativam PLC, hidrólise <strong>de</strong> fosfolipí<strong>de</strong>os, formação<br />

<strong>de</strong> IP3 e mobilização <strong>de</strong> Ca 2+ intracelular.<br />

Acoplados a Gi ou Go; inibem a<strong>de</strong>nilil ciclase, abrem canais <strong>de</strong> K +<br />

e fecham canais <strong>de</strong> Ca 2+ .<br />

Acoplados a Gi ou Go; inibem a<strong>de</strong>nilil ciclase, abrem canais <strong>de</strong> K +<br />

e fecham canais <strong>de</strong> Ca 2+ .<br />

Tabela 1 – Apresentação dos subtipos <strong>de</strong> receptores metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato <strong>de</strong> cada grupo,<br />

e resumo <strong>de</strong> suas características (Modificado <strong>de</strong> Palmada e Centelles, 1998).<br />

A estrutura dos mGluRs é composta por um terminal amino (N-terminal),<br />

que correspon<strong>de</strong> ao sítio <strong>de</strong> ligação ao glutamato. Esta porção do receptor é<br />

freqüentemente citada como domínio “Venus flytrap”, pois sua conformação se<br />

assemelha à armadilha da planta carnívora (fig. 3). Esses receptores se apresentam<br />

23


na forma <strong>de</strong> dímeros, nos quais se ligam as moléculas <strong>de</strong> glutamato ou do agonista,<br />

promovendo uma mudança conformacional da estrutura do receptor, resultando na<br />

ativação da proteína G (Acher et al., 2011).<br />

Figura 3 – Representação gráfica <strong>de</strong> um receptor metabotrópico <strong>de</strong> glutamato, mostrando a<br />

porção N-terminal extracelular, on<strong>de</strong> se liga o glutamato, um domínio rico em cisteínas, os sete<br />

domínios transmembrana, e a porção C-terminal (Adaptado <strong>de</strong> Spooren et al., 2001).<br />

Os receptores metabotrópicos do grupo I (mGluRI) estão acoplados à<br />

proteína Gq, po<strong>de</strong>ndo ativar a via da fosfolipase C (PLC), levando ao aumento da<br />

concentração citoplasmática <strong>de</strong> fosfatidil inositol trifosfato (IP3) e cálcio (Francesconi<br />

e Duvoisin, 1998; Gereau e Heinemann, 1998). Além disso, existe um complexo <strong>de</strong><br />

proteínas intracelulares acoplado aos mGluRI conhecidas como Homer, que faz com<br />

que esses receptores sejam capazes <strong>de</strong> produzirem respostas complexas <strong>de</strong><br />

24


sinalização. Por exemplo, o acoplamento à proteína ativa outras cascatas<br />

intracelulares, acarretando na fosforilação <strong>de</strong> ERK, PI3K e tradução <strong>de</strong> novas<br />

proteínas (Ronesi e Huber, 2008), além <strong>de</strong> permitirem a interação <strong>de</strong>sses receptores<br />

com receptores NMDA através da ligação com a proteína Shank, que se liga à PSD-<br />

95 (Tu et al., 1999). Como já foi evi<strong>de</strong>nciada a importância dos receptores do grupo I<br />

para alguns processos <strong>de</strong> aprendizado e memória (Steckler et al., 2005), inferimos<br />

que estes receptores po<strong>de</strong>m ter um papel importante na LTP e na LTD.<br />

Os receptores dos grupos II e III são mais encontrados na membrana pré-<br />

sináptica, e estão acoplados a proteínas Gi ou Go, po<strong>de</strong>ndo inibir a a<strong>de</strong>nilil ciclase e<br />

modular a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais iônicos via subunida<strong>de</strong> βγ (Conn e Pin, 1997) como,<br />

por exemplo, causando a inibição <strong>de</strong> alguns tipos <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> cálcio (Chavis et al.,<br />

1994). O grupo II é conhecido por atenuar a transmissão excitatória tanto por<br />

diminuir liberação <strong>de</strong> glutamato, quanto provocando respostas pós-sinápticas <strong>de</strong><br />

hiperpolarização (Alexan<strong>de</strong>r e Godwin, 2006). A ativação dos mGluRIII,<br />

particularmente, po<strong>de</strong> inibir a morte neuronal mediada por 6-hidroxidopamina (6-<br />

OHDA) (Vernon et al., 2007). O receptor mGluR6 é encontrado exclusivamente na<br />

retina, e terá suas funções específicas abordadas mais à frente neste trabalho.<br />

A ativida<strong>de</strong> dos receptores metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato está relacionada<br />

a diversos distúrbios. Em humanos, estudos post-mortem já verificaram uma<br />

alteração no padrão <strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> mGluRs dos grupos I e II em axônios e na glia<br />

<strong>de</strong> pacientes portadores <strong>de</strong> esclerose múltipla, o que po<strong>de</strong> indicar uma possível<br />

implicação <strong>de</strong>stes receptores nos danos cerebrais progressivos causados pela<br />

doença (Geurts et al., 2003).<br />

A ativida<strong>de</strong> exacerbada dos mGluRs do grupo I po<strong>de</strong>, ainda, estar<br />

25


elacionada a diversos distúrbios, como, por exemplo, epileptogênese (Wong et al.,<br />

2005), excitotoxicida<strong>de</strong> (Lafon-Cazal et al., 1999; Makarewicz et al., 2006) e morte<br />

<strong>de</strong> neurônios em eventos isquêmicos (Pin e Bockaert, 1995; Pellegrini-Giampietro et<br />

al., 1999). Por outro lado, alguns trabalhos sugerem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses<br />

receptores promoverem neuroproteção pelo aumento da transmissão GABAérgica<br />

(Battaglia et al., 2001; Cozzi et al., 2002; Zheng e Johnson, 2003).<br />

Os receptores do grupo II têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prevenir danos causados<br />

por estresse oxidativo induzido por alta glicose. O provável mecanismo <strong>de</strong>sta<br />

neuroproteção é através da ativação <strong>de</strong> mGluR3 <strong>de</strong> células gliais, que produzem e<br />

liberam glutationa para os neurônios. A ação antioxidante da glutationa<br />

contrabalança os níveis aumentados <strong>de</strong> espécies reativas <strong>de</strong> oxigênio, impedindo a<br />

ativação <strong>de</strong> caspases e da cascata <strong>de</strong> morte celular programada (Anjaneyulu et al.,<br />

2008), o que torna o estudo <strong>de</strong>sses receptores importante para a elucidação da<br />

neuropatia diabética.<br />

Já foi mostrado que, em indivíduos esquizofrênicos, há uma alteração no<br />

padrão <strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> mGluRs dos grupos I e II (Ohnuma et al., 1998; Gupta et<br />

al., 2005). A ativação dos receptores dos grupos II e III po<strong>de</strong>, ainda, estar envolvida<br />

em modulações comportamentais, tendo sido observados efeitos ansiolíticos<br />

(Wierońska et al., 2005) e anti<strong>de</strong>pressivos (Belozertseva et al., 2007) sob utilização<br />

<strong>de</strong> seus agonistas.<br />

Com relação à função <strong>de</strong>sses receptores em sinapses, alguns trabalhos<br />

<strong>de</strong>monstraram que a ativação <strong>de</strong> receptores metabotrópicos po<strong>de</strong> reduzir a<br />

transmissão sináptica GABAérgica em algumas áreas cerebrais, como, por exemplo,<br />

no estriado <strong>de</strong> rato (Calabresi et al., 1992) e no hipocampo <strong>de</strong> coelho (Liu et al.,<br />

26


1993). Posteriormente, a questão da importância dos receptores metabotrópicos <strong>de</strong><br />

glutamato para a função retiniana será <strong>de</strong>talhada.<br />

1.2- Sistema GABAérgico<br />

1.2.1- Metabolismo do GABA<br />

O ácido gama-aminobutírico, ou GABA, é o neurotransmissor inibitório<br />

mais abundante do SNC. Ele foi <strong>de</strong>tectado pela primeira vez no cérebro nos anos<br />

50, mas a sua função inibitória foi mais bem estudada e reconhecida apenas em<br />

meados dos anos 60 (Krnjević, 2010).<br />

O GABA é sintetizado a partir do glutamato (fig. 4) pela enzima<br />

<strong>de</strong>scarboxilase do ácido glutâmico (GAD) (Palmada e Centelles, 1998).<br />

Figura 4 – Esquema simplificado da reação através da qual o GABA é sintetizado. O glutamato,<br />

proveniente do α-cetoglutarato ou da glutamina, sobre uma <strong>de</strong>scarboxilação pela enzima GAD,<br />

originando o GABA (Modificado <strong>de</strong> Palmada e Centelles, 1998).<br />

27


1.2.2- Liberação e transporte <strong>de</strong> GABA<br />

Depois <strong>de</strong> sintetizado, o GABA po<strong>de</strong> ser armazenado em vesículas<br />

sinápticas por um transportador vesicular (VGAT), <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma bomba <strong>de</strong><br />

prótons, e liberado pelo clássico mecanismo vesicular <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> cálcio<br />

(McIntire et al., 1997).<br />

Apesar <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ser armazenado e liberado pelo mecanismo vesicular<br />

clássico <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> cálcio, o GABA presente no citosol po<strong>de</strong> ser liberado para o<br />

meio extracelular através <strong>de</strong> uma maneira in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> cálcio, mas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> sódio: através da reversão <strong>de</strong> seu transportador <strong>de</strong> membrana. Normalmente, os<br />

transportadores <strong>de</strong> GABA (GAT) atuam captando o neurotransmissor do meio<br />

extracelular, a favor do gradiente <strong>de</strong> sódio mantido pela bomba Na + K + ATPase.<br />

Quando ocorre um aumento intracelular <strong>de</strong> sódio nas proximida<strong>de</strong>s do transportador,<br />

ele passa a atuar <strong>de</strong> maneira inversa, enviando Na + e GABA para fora da célula (fig.<br />

5). Uma gran<strong>de</strong> diferença entre os dois mecanismos <strong>de</strong> liberação é que, enquanto a<br />

liberação vesicular promove liberação <strong>de</strong> uma quantida<strong>de</strong> maciça <strong>de</strong><br />

neurotransmissores, o transportador libera menos moléculas. A eficiência da<br />

liberação por transportador vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do número e da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

transportadores em um <strong>de</strong>terminado local da célula, bem como da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

íons sódio e moléculas <strong>de</strong> transmissor a serem transportadas (Schwartz, 2002;<br />

Calaza et al., 2006).<br />

28


Figura 5 – Esquema exemplificando o processo <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong> GABA mediada por transportador.<br />

Ocorre entrada <strong>de</strong> Na + em um local próximo ao transportador, invertendo o gradiente do íon e<br />

favorecendo o transporte <strong>de</strong> Na + e GABA para fora da célula (Modificado <strong>de</strong> Ozkan e Ueda, 1998).<br />

O GABA po<strong>de</strong> agir em três receptores pós-sinápticos: GABAA, GABAB e<br />

GABAC. GABAA e GABAC são receptores ionotrópicos que, quando ativados, abrem<br />

um canal permeável ao íon Cl - que, por estar mais concentrado no meio extracelular,<br />

vai entrar na célula e hiperpolarizá-la. Já o receptor GABAB é um receptor<br />

metabotrópico acoplado a uma proteína Gi, que leva à abertura <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> K + ,<br />

tendo o mesmo efeito <strong>de</strong> hiperpolarizar a célula (Bormann, 2000).<br />

O término da ação do GABA ocorre através da recaptação por um dos<br />

quatro transportadores <strong>de</strong> GABA (GAT-1 a GAT-4), pelo próprio terminal pré-<br />

sináptico ou por células gliais (Gether et al., 2006). A enzima GABA transaminase<br />

(GABA-T) catalisa a primeira reação <strong>de</strong> metabolização do GABA, reagindo com o α-<br />

cetoglutarato e formando glutamato (De Graaf et al., 2006).<br />

29


1.3- A retina<br />

1.3.1- A retina <strong>de</strong> galinha e suas vantagens na pesquisa<br />

Devido à gran<strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> do SNC, o estudo da morfologia e das<br />

proprieda<strong>de</strong>s neuroquímicas <strong>de</strong> cada região que o compõe é fundamental para a<br />

compreensão <strong>de</strong> mecanismos fisiológicos através dos quais eles exercem suas<br />

funções e investigar as possíveis causas <strong>de</strong> patologias existentes. Além disso, o<br />

estudo do <strong>de</strong>senvolvimento dos animais permite a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> modificações na<br />

expressão <strong>de</strong> diferentes proteínas em cada etapa e a seqüência <strong>de</strong> eventos que leva<br />

à formação normal do organismo.<br />

A retina <strong>de</strong> galinha é muito utilizada como mo<strong>de</strong>lo para o estudo do SNC.<br />

Algumas vantagens são bastante claras com relação ao uso da espécie no estudo<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento em comparação, por exemplo, aos roedores: como a galinha se<br />

<strong>de</strong>senvolve no ovo, a obtenção dos embriões é mais fácil, o que exclui a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cirurgia e sacrifício da mãe; o tecido retiniano é abundante e simples<br />

<strong>de</strong> ser manipulado, permitindo um uso mais eficiente; e é necessária uma menor<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> animais por experimento. No caso do estudo da fisiologia retiniana, o<br />

estudo da retina <strong>de</strong> pinto se torna interessante também pelo fato <strong>de</strong> ser um animal<br />

diurno como o homem. Assim, algumas características da retina, como prevalência<br />

<strong>de</strong> cones em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> bastonetes, são mais semelhantes entre pinto e homem<br />

do que rato, que é um animal noturno.<br />

Sendo assim, estudamos a retina <strong>de</strong> embriões <strong>de</strong> galinha e animais pós-<br />

eclosão na tentativa <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar características neuroquímicas que possam se<br />

assemelhar à espécie humana e que aju<strong>de</strong>m a compreen<strong>de</strong>r melhor a complexa<br />

fisiologia retiniana.<br />

30


1.3.2- Organização morfológica e tipos celulares<br />

A retina é uma estrutura situada na parte posterior do globo ocular e faz<br />

parte do sistema nervoso central (SNC). Este tecido é relativamente simples em<br />

comparação às outras estruturas neurais centrais, possuindo apenas cinco tipos<br />

principais <strong>de</strong> neurônios or<strong>de</strong>nados nas seguintes camadas: camada dos segmentos<br />

externos dos fotorreceptores, camada nuclear externa (CNE), camada plexiforme<br />

externa (CPE), camada nuclear interna (CNI), camada plexiforme interna (CPI),<br />

camada das células ganglionares (CCG) e camada <strong>de</strong> fibras ópticas. Enquanto nas<br />

camadas nucleares encontram-se apenas os corpos celulares dos neurônios,<br />

intercalam-se entre elas as camadas plexiformes externa e interna, on<strong>de</strong> se<br />

localizam os prolongamentos das células e os contatos sinápticos (fig. 6) (Kolb,<br />

2003).<br />

A camada dos segmentos externos dos fotorreceptores contém as partes<br />

sensíveis à luz <strong>de</strong>ssas células. Na camada nuclear externa, estão localizados os<br />

corpos celulares dos fotorreceptores dos tipos cone e bastonete. Estes dois tipos<br />

celulares são os responsáveis por captarem a luz do ambiente e a transduzirem em<br />

um sinal eletroquímico, que será repassado para as outras células retinianas. A<br />

diferença entre estas células é que os cones respon<strong>de</strong>m a cores, e são menos<br />

sensíveis à luz, necessitando da intensa luminosida<strong>de</strong> do dia para funcionarem; já<br />

no caso dos bastonetes, uma luminosida<strong>de</strong> fraca e difusa, como a luz do luar, é<br />

capaz <strong>de</strong> ativá-los (Lagnado, 2000).<br />

31


Figura 6 – Esquema da morfologia retiniana, mostrando suas camadas <strong>de</strong> células e plexos<br />

(Adaptado <strong>de</strong> Kolb, 2003).<br />

Na camada nuclear interna, estão localizadas as células horizontais, as<br />

células bipolares e as células amácrinas. As células bipolares recebem aferência<br />

dos fotorreceptores e estão encarregadas <strong>de</strong> repassarem a informação recebida<br />

para as células ganglionares, localizadas na camada <strong>de</strong> células ganglionares. Já as<br />

células horizontais e as células amácrinas têm a função <strong>de</strong> modular o sinal antes <strong>de</strong><br />

este ser repassado às ganglionares, processo importante para aumentar acuida<strong>de</strong><br />

visual, contraste, entre outras funções.<br />

Finalmente, na camada <strong>de</strong> células ganglionares, estão as células <strong>de</strong><br />

mesmo nome e células amácrinas <strong>de</strong>slocadas. Os axônios das células ganglionares<br />

formam o nervo óptico, que será responsável por levar a informação luminosa pré-<br />

processada para os centros visuais cerebrais (Kolb, 2003).<br />

32


Na retina, também existem células gliais, conhecidas como glia <strong>de</strong> Müller.<br />

Essas células atravessam todas as camadas retinianas, formando a borda mais<br />

interna (vitreal) da retina, conhecida como membrana limitante interna, e se<br />

projetando até a camada <strong>de</strong> fotorreceptores, formando a membrana limitante externa<br />

(Bringmamm et al., 2001; Newman, 2004).<br />

A via caracterizada pela passagem <strong>de</strong> informação <strong>de</strong> fotorreceptores para<br />

células bipolares e células ganglionares é <strong>de</strong>nominada via radial, enquanto a<br />

modulação <strong>de</strong>sses sinais pelas células horizontais e células amácrinas é<br />

<strong>de</strong>nominada via lateral.<br />

Os neurônios retinianos se comunicam por meio <strong>de</strong> um intrincado padrão<br />

<strong>de</strong> conexões, o que torna a retina um excelente mo<strong>de</strong>lo para o estudo do<br />

processamento <strong>de</strong> informações por circuitos neurais complexos.<br />

Em estudos prévios, já foi <strong>de</strong>scrita a presença <strong>de</strong> quase todos os<br />

sistemas <strong>de</strong> neurotransmissores do SNC na retina da maioria das espécies. No<br />

entanto, o glutamato e o GABA são consi<strong>de</strong>rados, respectivamente, os<br />

neurotransmissores excitatório e inibitório mais importantes, tanto no encéfalo<br />

quanto na retina, na qual são responsáveis pelas duas vias <strong>de</strong> processamento dos<br />

estímulos luminosos, que serão abordadas mais à frente neste trabalho.<br />

1.3.3- O <strong>de</strong>senvolvimento da retina <strong>de</strong> galinha<br />

A retina se <strong>de</strong>senvolve a partir <strong>de</strong> estruturas do diencéfalo, conhecidas<br />

como vesículas ópticas. Des<strong>de</strong> a fertilização até aproximadamente o terceiro dia<br />

embrionário (E3), as células são multipotentes e totalmente indiferenciadas. No<br />

33


entanto, já em E2 começam a surgir as células ganglionares, que em E9 tem toda a<br />

sua população gerada. Em E2 também começam a surgir as células amácrinas, que<br />

param <strong>de</strong> se multiplicar em E10. Em E4 inicia-se a neurogênese <strong>de</strong> células<br />

horizontais e fotorreceptores, que só termina em E9. Por último, em E5 começam a<br />

surgir as células bipolares, que também são as últimas a saírem do ciclo celular, em<br />

E13 (fig. 7) (Prada et al., 1991). As camadas plexiformes interna e externa<br />

aparecem, respectivamente, em E8 e E9, presumidamente aumentando sua<br />

espessura e complexida<strong>de</strong> até a eclosão e vida adulta do animal (Calaza e Gardino,<br />

2010).<br />

A partir <strong>de</strong> E14, todas as células da retina <strong>de</strong> galinha já estão em suas<br />

respectivas camadas. Os eventos que ocorrem durante este período até a eclosão<br />

do animal são sinaptogênese e o aparecimento <strong>de</strong> precursores <strong>de</strong> oligo<strong>de</strong>ndrócitos.<br />

Em E15, surgem os segmentos externos dos fotorreceptores, sendo que todos os<br />

fotopigmentos estão expressos em E16. Diferentemente dos mamíferos, o sistema<br />

visual do pinto é bastante maduro no nascimento do animal. Portanto, em E19, dois<br />

dias antes da eclosão, os padrões <strong>de</strong> eletroretinograma são similares aos <strong>de</strong><br />

animais maduros (Calaza e Gardino, 2010).<br />

34


Figura 7 – Esquema resumindo os períodos do <strong>de</strong>senvolvimento nos quais ocorrem a geração <strong>de</strong><br />

cada tipo celular da retina <strong>de</strong> pinto (Modificado <strong>de</strong> Prada et al., 1991 e Martins e Pearson, 2007).<br />

1.3.4- Vias <strong>de</strong> processamento visual retiniano<br />

1.3.4.1- A via radial<br />

O processamento retiniano <strong>de</strong> sinais luminosos é bastante complexo,<br />

<strong>de</strong>vido aos diferentes tipos celulares encontrados e as conexões que existem entre<br />

eles. Existem duas vias <strong>de</strong> processamento: a via radial e a via lateral.<br />

O glutamato é utilizado como neurotransmissor pelas células da via radial,<br />

ou seja, fotorreceptores, células bipolares e células ganglionares. Este mediador<br />

po<strong>de</strong> agir através das duas classes <strong>de</strong> receptores presentes na retina: os iGluRs e<br />

os mGluRs (Brandstätter et al., 1998).<br />

35


No escuro, os fotorreceptores se encontram <strong>de</strong>spolarizados e liberam<br />

glutamato <strong>de</strong>vido aos altos níveis <strong>de</strong> GMPc que mantêm canais catiônicos abertos,<br />

permitindo o influxo <strong>de</strong> Na + e Ca 2+ . Quando o fotopigmento sensível à luz presente<br />

nessas células (a rodopsina do bastonete ou a opsina do cone) absorve luz do<br />

ambiente, ocorre a ativação da chamada tranduscina, uma proteína G, que irá ativar<br />

a fosfodiesterase que <strong>de</strong>gradará o GMPc e fechará os canais catiônicos. Assim, os<br />

fotorreceptores hiperpolarizam e reduzem a liberação do glutamato e, <strong>de</strong>sta forma, a<br />

informação luminosa é codificada e transmitida às células bipolares (Lagnado,<br />

2000).<br />

Existem dois tipos <strong>de</strong> células bipolares: do tipo ON e do tipo OFF. Os<br />

fotorreceptores do tipo bastonete se comunicam somente com células bipolares do<br />

tipo ON; cones se comunicam com bipolares ON ou OFF. Células bipolares do tipo<br />

ON possuem receptores mGluR6. Como, no escuro, fotorreceptores liberam<br />

glutamato, o mGluR6 presente nestas bipolares é ativado e a interação da proteína<br />

G com o canal <strong>de</strong> cálcio <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> GMPc o fecha, o que hiperpolariza a célula<br />

nesta situação (Nawy, 1999; Duvoisin et al., 2005). Se o fotorreceptor receber luz,<br />

menos glutamato será liberado e ativará menos mGluR6, permitindo a<br />

<strong>de</strong>spolarização da célula bipolar ON (fig. 8) (Hack et al., 1999; Thoreson e<br />

Witkovsky, 1999). O receptor mGluR6 tem uma importante função na fisiologia da<br />

retina. Em camundongos nocaute para este receptor, não é possível observar<br />

registro <strong>de</strong> ondas b <strong>de</strong> células bipolares ON em eletroretinograma, nem <strong>de</strong> potencial<br />

<strong>de</strong> campo das células do colículo superior correspon<strong>de</strong>ntes, mostrando que a<br />

ausência <strong>de</strong>ste receptor causa a perda funcional da via ON (Masu et al., 1995;<br />

Yoshida et al., 1998; Takao et al., 2000).<br />

36


Estudos recentes relacionaram o funcionamento da via ON e da<br />

sinalização por mGluR6 a canais TRP (“transient receptor potential”), ao invés <strong>de</strong><br />

canais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> GMPc. Especificamente, camundongos nocaute para<br />

TRPM1 não apresentam as respostas <strong>de</strong> onda b e potenciais oscilatórios,<br />

características da ativação <strong>de</strong> mGluR6 e da via ON (Morgans et al., 2009). Portanto,<br />

tanto mGluR6 quanto canais catiônicos do tipo TRPM1 parecem ser necessários<br />

para o correto funcionamento da via ON.<br />

Já células bipolares do tipo OFF ficam <strong>de</strong>spolarizadas no escuro,<br />

juntamente com o fotorreceptor com o qual faz sinapse; quando este último recebe<br />

luz e hiperpolariza, a bipolar OFF também hiperpolariza. Isto porque essas células<br />

possuem receptores ionotrópicos <strong>de</strong> glutamato, que mantêm o sentido do sinal que<br />

foi passado à célula (Hack et al., 1999).<br />

As células ganglionares possuem receptores ionotrópicos <strong>de</strong> glutamato e,<br />

ao receberem o glutamato liberado pelas células bipolares, se <strong>de</strong>spolarizam e<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>iam potenciais <strong>de</strong> ação para levar a informação até os centros visuais<br />

cerebrais (Manookin et al., 2008).<br />

1.3.4.2- A via lateral<br />

As células horizontais e células amácrinas são responsáveis pela<br />

modulação das sinapses glutamatérgicas formadas pelos neurônios da via radial<br />

através da interação entre células horizontais e fotorreceptores, e células amácrinas<br />

e bipolares.<br />

Células horizontais são responsáveis por gerar os campos receptores<br />

37


com respostas antagônicas entre o centro e a periferia. Isto porque estas células<br />

liberam GABA para os cones iluminados que, por sua vez, liberarão menos<br />

glutamato e permitirão uma <strong>de</strong>spolarização maior da célula bipolar ON via mGluR6,<br />

garantindo o disparo da célula ganglionar do centro do campo receptor (fig. 8)<br />

(Rodieck, 1998).<br />

Figura 8 – Esquema mostrando o circuito das células horizontais e a resposta <strong>de</strong> células bipolares<br />

ON (rosa), que possuem mGluR6. O primeiro e o último cone representam a periferia e o cone do<br />

meio, o centro do campo receptor da célula bipolar ON. O primeiro e o último, estando no escuro,<br />

estariam <strong>de</strong>spolarizados e liberando glutamato. Esses cones <strong>de</strong>spolarizam (setas ver<strong>de</strong>s) também<br />

as células horizontais, que liberam GABA (seta vermelha) para o cone no centro do campo<br />

receptor da bipolar (rosa). O cone no centro, já previamente hiperpolarizado pela luz, hiperpolariza<br />

ainda mais, liberando menos glutamato e ativando ainda mais a célula bipolar ON. (Modificado <strong>de</strong><br />

Kan<strong>de</strong>l et al., 2003).<br />

Existem <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> células amácrinas com fenótipos <strong>de</strong><br />

diferentes tipos <strong>de</strong> neurotransmissores. Até o momento, estão <strong>de</strong>scritos sete tipos<br />

<strong>de</strong> células amácrinas que são GABAérgicas, e essas células têm uma função muito<br />

importante para o correto processamento da informação luminosa pela retina (fig. 9).<br />

38


Quando o glutamato é liberado para uma célula amácrina, esta po<strong>de</strong> liberar GABA<br />

para uma célula bipolar adjacente (feedback lateral) ou para a mesma célula bipolar<br />

que a ativou (sinapse recíproca) (Dowling e Boycott, 1965; Sterling e Lampson,<br />

1986; Koulen et al., 1998; Chávez et al., 2010). O GABA, então, ativa seus<br />

receptores, produzindo sinais inibitórios que seriam importantes para a<br />

transitorieda<strong>de</strong> e sintonia fina dos sinais glutamatérgicos (Euler e Masland, 2000;<br />

Dong e Hare, 2003), bem como impediriam a rápida <strong>de</strong>pleção <strong>de</strong> glutamato nas<br />

vesículas sinápticas (Singer and Diamond, 2006; Chávez et al., 2010).<br />

Figura 9 – Esquema <strong>de</strong>monstrando a função fisiológica das células amácrinas. Quando a luz<br />

inci<strong>de</strong> no campo receptor dos fotorreceptores (azul-petróleo e magenta), eles <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> liberar<br />

glutamato (seta vermelha), <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ativar mGluR6 da bipolar (amarelo). A bipolar, por sua<br />

vez, libera glutamato (seta ver<strong>de</strong>) para células amácrinas (azuis), que po<strong>de</strong>m liberar<br />

neurotransmissores inibitórios para a mesma bipolar que a ativou, ou para outra bipolar<br />

(Modificado <strong>de</strong> Bloomfield e Xin, 2000).<br />

39


Um estudo recente mostrou que camundongos mutantes super-<br />

expressando o receptor PAC1 para o polipeptí<strong>de</strong>o ativador <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nilato ciclase da<br />

pituitária (PACAP) tem o <strong>de</strong>senvolvimento retiniano prejudicado, pois o animal<br />

apresenta uma diminuição da espessura da CPI, e diminui o número <strong>de</strong> células<br />

GABAérgicas na CNI. Além disso, testes optocinéticos mostram que esses mutantes<br />

apresentam uma diminuição da acuida<strong>de</strong> visual (Lang et al., 2010). Estes resultados<br />

evi<strong>de</strong>nciam a participação <strong>de</strong> células amácrinas GABAérgicas na modulação <strong>de</strong><br />

respostas complexas <strong>de</strong> células ganglionares e na formação <strong>de</strong> antagonismo centro<br />

/ periferia (fig. 9) (Bloomfield e Xin, 2000). Outra evidência da importância das<br />

células amácrinas no processamento eletrofisiológico da retina foi verificada através<br />

do estudo em animais nocautes para a NOSn. Estes animais apresentavam<br />

diminuição da sensibilida<strong>de</strong> a luz (Wang et al., 2007). Além disso, nós<br />

<strong>de</strong>monstramos previamente que o óxido nítrico modula liberação <strong>de</strong> GABA das<br />

células amácrinas da INL. Assim, a modulação do GABA por óxido nítrico parece ser<br />

importante para estabelecer o limiar <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> à luz (Maggesissi et al., 2009).<br />

Os sinais <strong>de</strong> células amácrinas são particularmente importante em retinas<br />

<strong>de</strong> mamíferos, os quais possuem poucas células horizontais para gerar o<br />

antagonismo centro-periferia das bipolares e conseqüentemente da células<br />

ganglionares<br />

1.4- Receptores metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato e liberação <strong>de</strong> GABA na retina<br />

A presença <strong>de</strong> todos os receptores para glutamato acoplados à proteína<br />

G já foi <strong>de</strong>monstrada na retina <strong>de</strong> diversas espécies (Brandstätter et al., 1998;<br />

Sampaio e Paes <strong>de</strong> Carvalho, 1998; Kreimborg et al., 2001; Hirasawa et al., 2002). A<br />

40


figura 10 mostra a localização dos tipos <strong>de</strong> receptores e on<strong>de</strong> eles foram <strong>de</strong>tectados<br />

na retina <strong>de</strong> camundongo e rato.<br />

Figura 10 – Quadro ilustrando a localização dos mGluRs <strong>de</strong> diferentes subtipos nas camadas da<br />

retina <strong>de</strong> roedores. Os círculos representam corpos celulares, e as faixas, as lâminas das<br />

camadas plexiformes nas quais cada receptor é encontrado. Quanto mais escuro o cinza, maior a<br />

expressão do receptor na região. O mGluR3 não aparece no quadro porque não foi <strong>de</strong>tectado na<br />

retina (Modificado <strong>de</strong> Brandstätter et al., 1998; e Quraishi et al., 2007).<br />

Recentemente, a distribuição dos receptores do grupo I foi analisada na<br />

retina <strong>de</strong> galinha por técnicas imunohistoquímicas, e constatou-se que mGluR1 e<br />

mGluR5 aparecem nos mesmos locais sinápticos, o que po<strong>de</strong> indicar uma provável<br />

interação funcional entre estes dois receptores. Aparentemente, estes receptores se<br />

localizam, em sua maioria, na membrana pós-sináptica da CPI, mas po<strong>de</strong>m estar em<br />

ambas as membranas pré e pós-sinápticas na CPE (Sen e Gleason, 2006).<br />

Os receptores metabotrópicos do grupo II (mGluR2/3) já foram<br />

41


encontrados em todas as camadas na retina <strong>de</strong> peixe, tanto na forma monomérica<br />

quanto dimérica, com exceção da camada <strong>de</strong> fotorreceptores, e a ativação<br />

farmacológica <strong>de</strong>les promoveu neuroproteção contra danos provocados por anóxia<br />

(Beraudi et al., 2007). Receptores do grupo II também foram <strong>de</strong>tectados na retina <strong>de</strong><br />

coelho por imunohistoquímica, principalmente, nas sublâminas 2 e 4 (Jensen, 2006).<br />

No entanto, todos esses estudos foram feitos com anticorpos para os dois<br />

receptores (mGluR2 e mGluR3).<br />

Quraishi e colaboradores (2007) estudaram a distribuição dos receptores<br />

metabotrópicos do grupo III na retina <strong>de</strong> camundongo. O subtipo mGluR6, que é<br />

exclusivamente encontrado na retina, localizou-se na camada plexiforme externa <strong>de</strong><br />

ambas as membranas sinápticas, e os outros subtipos (mGluR4, 7 e 8) foram<br />

encontrados na camada plexiforme interna (Quraishi et al., 2007).<br />

A ativação farmacológica <strong>de</strong> receptores metabotrópicos po<strong>de</strong> modular a<br />

liberação <strong>de</strong> diversas substâncias produzidas por células neuronais, como o próprio<br />

glutamato, aspartato, dopamina, serotonina, acetilcolina, purinas, substância P,<br />

taurina e GABA, em diversas regiões do SNC (Cartmell e Schoepp, 2000).<br />

Consi<strong>de</strong>rando os inúmeros papéis fisiológicos <strong>de</strong>stes receptores já foram<br />

<strong>de</strong>monstrados em outras regiões do SNC, um trabalho que investigue se<br />

mecanismos similares ocorrem na retina po<strong>de</strong> ser relevante para uma compreensão<br />

mais abrangente dos circuitos retinianos, da interação entre seus sistemas <strong>de</strong><br />

neurotransmissores, e da forma através da qual tais fatores convergem para gerar<br />

uma resposta fisiológica. Diante das evidências apresentadas, investigamos, neste<br />

trabalho, se a ativação <strong>de</strong> receptores metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato é capaz <strong>de</strong><br />

modular a liberação <strong>de</strong> GABA em células amácrinas da retina <strong>de</strong> galinha.<br />

42


2. OBJETIVOS<br />

2.1- Objetivo geral<br />

Caracterizar os efeitos da ativação dos receptores metabotrópicos <strong>de</strong><br />

glutamato na liberação <strong>de</strong> GABA da retina interna ao longo do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

2.2- Objetivos específicos<br />

Caracterizar os efeitos da ativação dos receptores metabotrópicos <strong>de</strong><br />

glutamato na liberação <strong>de</strong> GABA <strong>de</strong> células amácrinas ao longo do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e no animal pós-eclosão;<br />

Investigar o mecanismo <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong> GABA <strong>de</strong>ssas células;<br />

Verificar a participação <strong>de</strong> receptores ionotrópicos <strong>de</strong> glutamato neste<br />

processo;<br />

Avaliar o efeito da ativação <strong>de</strong> mGluRs no conteúdo <strong>de</strong> glutamato no meio<br />

extracelular.<br />

43


3. MATERIAIS E MÉTO<strong>DOS</strong><br />

3.1- Animais<br />

Os procedimentos <strong>de</strong>ste estudo envolvendo animais foram previamente<br />

notificados, analisados e aprovados pelo Comitê <strong>de</strong> Ética <strong>de</strong> Pesquisa com Animais<br />

da CEPA/PROPPI, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense, sob o protocolo número 112.<br />

Neste trabalho, foram utilizadas técnicas para o estudo morfológico da<br />

retina <strong>de</strong> galinha (Gallus domesticus). Os ovos galados foram adquiridos <strong>de</strong> uma<br />

granja local, e permaneceram em estufas com temperatura (37°C) e umida<strong>de</strong><br />

relativa apropriadas (<strong>de</strong> 65 a 70%) até sua eclosão. Os animais que não eram<br />

imediatamente utilizados eram mantidos em uma cria<strong>de</strong>ira apropriada com alimento<br />

e água ad libitum. Os experimentos foram realizados com embriões <strong>de</strong> 14, 16 e 18<br />

dias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento (E14, E16, E18) e animais pós-eclosão (PE) com ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

zero a cinco dias (P0 a P5).<br />

Após a eutanásia dos animais, seus olhos foram retirados e cortados em<br />

uma orientação coronal, dividindo o olho nas partes anterior e posterior. O segmento<br />

contendo a câmara anterior do olho foi <strong>de</strong>scartado, assim como o humor vítreo, e o<br />

posterior, on<strong>de</strong> se encontra a retina, foi utilizado nos experimentos.<br />

Cada animal representou um grupo <strong>de</strong> quatro diferentes tratamentos;<br />

sendo assim, as retinas dos dois olhos eram novamente divididas ao longo do eixo<br />

superior-inferior para a obtenção <strong>de</strong> quatro partes <strong>de</strong> tecido retiniano <strong>de</strong> um mesmo<br />

animal.<br />

44


3.2- Estimulação farmacológica do tecido retiniano intacto<br />

Todos os experimentos <strong>de</strong> estimulação da retina foram feitos em 500µl <strong>de</strong><br />

uma solução salina nutridora (Ringer Locke; NaCl 157 mM, KCl 5,6 mM, HEPES 5<br />

mM, glicose 5,6 mM, MgCl2 1 mM, CaCl2 2,3 mM, Na2HCO3 3,6 mM) borbulhado, por<br />

15 minutos, com uma mistura <strong>de</strong> gases contendo 95% <strong>de</strong> O2 e 5% <strong>de</strong> CO2. Todos os<br />

fármacos (Tabela 2) foram diluídas nesse meio, que foi utilizado para os grupos<br />

controle sem diluição <strong>de</strong> outros compostos (CTR). Nos experimentos com ausência<br />

<strong>de</strong> cálcio, não adicionamos CaCl2 no Ringer, e aumentamos a concentração <strong>de</strong><br />

MgCl2 para 10 mM.<br />

ABREV.<br />

T-ACPD<br />

L-SOP<br />

AIDA<br />

EGLU /MCCG<br />

MAP-4<br />

MK801 (MK)<br />

DNQX<br />

NO-711<br />

MECANISMO DE<br />

AÇÃO<br />

Agonista mGluR<br />

grupos I e II<br />

Agonista mGluR<br />

grupo III<br />

Antagonista<br />

mGluR grupo I<br />

Antagonistas<br />

mGluR grupo II<br />

Antagonista<br />

mGluR grupo III<br />

Antagonista iGluR<br />

NMDA<br />

Antagonista<br />

iGluRs AMPA/KA<br />

Bloqueador <strong>de</strong><br />

GAT-1<br />

CONCENTRAÇÃO EMPRESA<br />

100 µM Sigma-Aldrich<br />

100 µM Sigma-Aldrich<br />

200 µM Tocris<br />

200 µM Tocris / Sigma-Aldrich<br />

500 µM Sigma-Aldrich<br />

5 µM Sigma-Aldrich<br />

200 µM Sigma-Aldrich<br />

100 µM Sigma-Aldrich<br />

Tabela 2 – Relação dos fármacos utilizados nos experimentos. Foram utilizados os agonistas<br />

individualmente, ou em combinação com um ou mais antagonistas, nas concentrações indicadas.<br />

45


As retinas dos grupos experimentais que utilizavam antagonistas foram<br />

pré-incubadas com eles por 20 minutos a 37°C; as outras ficaram incubadas apenas<br />

em Ringer Locke pelo mesmo período <strong>de</strong> tempo. Após o período <strong>de</strong> pré-incubação,<br />

as retinas foram estimuladas com agonistas por 30 minutos, na mesma temperatura.<br />

Terminada a incubação com os fármacos, as retinas foram fixadas em<br />

paraformal<strong>de</strong>ído 4% diluído em tampão fosfato por três horas. Uma vez fixadas,<br />

foram lavadas três vezes, por <strong>de</strong>z minutos, com tampão fosfato 0,16M (pH=7,2).<br />

3.3- Crioproteção e secção em criostato<br />

Para a preparação das lâminas, foi necessário que as retinas fossem<br />

seccionadas transversalmente, com a espessura <strong>de</strong> 12 m, em um criostato. Um dia<br />

antes do processo <strong>de</strong> criosecção, as retinas foram imersas em um gradiente <strong>de</strong><br />

sacarose, sendo submetidas às concentrações <strong>de</strong> 15% e 30%, ficando nesta última<br />

solução pelo menos durante o pernoite.<br />

Para que não houvesse diferença entre os tratamentos<br />

imunohistoquímicos subseqüentes entre os grupos, as retinas dos diferentes grupos<br />

experimentais foram montadas e congeladas no mesmo bloco em um meio <strong>de</strong><br />

inclusão OCT (Sakura Finetek, Torrance, CA), utilizando nitrogênio líquido ou gelo<br />

seco (-179°C). Um dia antes <strong>de</strong> colher os cortes, as lâminas foram gelatinizadas em<br />

uma solução <strong>de</strong> gelatina e alúmen <strong>de</strong> cromo, na concentração final <strong>de</strong> 0,5%.<br />

Uma vez colhidos, os cortes <strong>de</strong> retina secaram a temperatura ambiente e<br />

foram guardados a -20°C em caixas envolvidas com filme PVC, até o<br />

processamento imunohistoquímico ser feito.<br />

46


3.4- Imunohistoquímica<br />

O processo <strong>de</strong> imunohistoquímica envolveu duas etapas, que ocorreram<br />

em dois dias consecutivos.<br />

No primeiro dia, os cortes foram lavados três vezes com PBS (KCl 2,7<br />

mM, KH2PO4 1,47 mM, NaCl 136 mM, Na2HPO4.7H2O 8,0 mM; pH=7,4), por <strong>de</strong>z<br />

minutos. Após as lavagens, o tecido foi incubado em BSA 5% por uma hora.<br />

O BSA, citado anteriormente, e os anticorpos mencionados a seguir foram<br />

diluídos em PBS + Triton-X100 0,25%.<br />

Posteriormente, aplicou-se o anticorpo primário anti-GABA feito em<br />

coelho (Sigma, 1:7000), que agiu durante o período <strong>de</strong> pernoite.<br />

No segundo dia, novamente, as lâminas foram lavadas três vezes com<br />

PBS por <strong>de</strong>z minutos, e incubadas com o anticorpo secundário anti-coelho (Vector,<br />

1:200) por duas horas a temperatura ambiente. Após este tempo, foram feitas três<br />

lavagens <strong>de</strong> <strong>de</strong>z minutos com PBS; <strong>de</strong>pois, aplicou-se o complexo avidina-biotina<br />

peroxidase (ABC, Vector, 1:50) por uma hora e meia. Novamente, os cortes foram<br />

lavados três vezes, sendo que a primeira vez foi com PBS, e as duas últimas, com<br />

TBS (Tris 50,0 mM; pH=7,6). Iniciou-se, então, a reação com o cromógeno: 1 ml <strong>de</strong><br />

solução <strong>de</strong> peróxido <strong>de</strong> hidrogênio a 0,01% foi adicionado a 1 ml <strong>de</strong> uma solução a<br />

0,05% <strong>de</strong> diaminobenzidina (DAB, Sigma Aldrich) diluída em Tris (0,1 mM; pH=7,6);<br />

o produto foi adicionado às lâminas por <strong>de</strong>z minutos. Após a reação, as lâminas<br />

foram lavadas três vezes com TBS, e montadas com glicerol diluído em tampão<br />

fosfato a 40% para posterior análise.<br />

47


3.5- Ensaio <strong>de</strong> medição do glutamato liberado<br />

A enzima <strong>de</strong>sidrogenase do ácido glutâmico (GDH) é capaz <strong>de</strong> produzir α-<br />

cetoglutarato a partir <strong>de</strong> glutamato, e esta reação gera como produto secundário<br />

NADH, que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tectado em amostras através da medição <strong>de</strong> sua<br />

fluorescência. Com o objetivo <strong>de</strong> medir o glutamato liberado por duas retinas durante<br />

o período <strong>de</strong> estimulação com diversas drogas, nós colhemos duas amostras <strong>de</strong> 250<br />

µl do meio no qual as retinas foram incubadas. Essas amostras foram fervidas <strong>de</strong> 1<br />

a 2 minutos para que enzimas que po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>gradar o NAD fossem <strong>de</strong>snaturadas.<br />

Em cada tubo <strong>de</strong> amostra, adicionamos 750 µl <strong>de</strong> uma solução reagente, composta<br />

pelo solvente Tris-acetato 75 mM, pH=8,4, por 400µM <strong>de</strong> NAD (que é transformado<br />

em NADH) e 150µM <strong>de</strong> ADP (que impe<strong>de</strong> a reversão da reação). Os totais <strong>de</strong> 1000<br />

µl <strong>de</strong> amostras e reagente foram medidos no fluorímetro Modulus Single Tube<br />

Multimo<strong>de</strong> Rea<strong>de</strong>r (Turner Biosystems), com o filtro <strong>de</strong> excitação <strong>de</strong> 365 nm e o filtro<br />

<strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> 410-450 nm, e os valores obtidos foram consi<strong>de</strong>rados como a<br />

fluorescência inicial da amostra. Após a obtenção da fluorescência inicial <strong>de</strong> cada<br />

amostra, foram adicionadas 48 unida<strong>de</strong>s da enzima GDH em cada tubo, e 60<br />

minutos <strong>de</strong>pois, após o equilíbrio da reação, as amostras foram lidas novamente. Os<br />

valores obtidos foram consi<strong>de</strong>rados como a fluorescência final da amostra. A<br />

fluorescência específica à reação feita pela enzima, correspon<strong>de</strong>nte à concentração<br />

<strong>de</strong> glutamato, era obtida a partir da subtração do valor da fluorescência inicial do<br />

valor da fluorescência final.<br />

48


3.6- Ensaio <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong> LDH<br />

A liberação da enzima lactato <strong>de</strong>sidrogenase (LDH) é utilizada para<br />

verificar se existe morte celular por necrose. A ativida<strong>de</strong> da LDH foi medida através<br />

<strong>de</strong> um teste <strong>de</strong> citotoxicida<strong>de</strong> colorimétrico e não radioativo (Promega). Após o<br />

período <strong>de</strong> estimulação com as drogas, as retinas eram incubadas com uma solução<br />

<strong>de</strong> lise (Triton 0,9%) a temperatura ambiente por 15 minutos, e o meio era recolhido<br />

e mantido a 4°C. O tecido era, então, congelado por 30 minutos, <strong>de</strong>scongelado em<br />

banho maria a 37°C por 15 minutos, e, finalmente, centrifugado a 2000 rpm. Dois μl<br />

do sobrenadante e 20 μl do meio extracelular eram diluídos em 48μl e 30μl da<br />

solução salina Locke, respectivamente. Posteriormente, as amostras eram<br />

incubadas em uma diluição <strong>de</strong> 1:2 (50μl) do substrato a temperatura ambiente por<br />

30 minutos. A solução <strong>de</strong> parada (50 μl) era adicionada em cada poço, e a<br />

absorbância era lida no comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> 490 nm. A concentração <strong>de</strong> LDH<br />

externa e interna foi medida.<br />

3.7- Análise quantitativa e estatística<br />

Todas as observações ao microscópio (Axioskop, Zeiss; Nikon Eclipse<br />

80i) foram feitas com a ocular <strong>de</strong> 10 vezes <strong>de</strong> aumento e a objetiva <strong>de</strong> 40 vezes.<br />

A análise consistiu na contagem <strong>de</strong> células marcadas, ou seja, que<br />

continham GABA. Foram contadas células amácrinas da camada nuclear interna,<br />

sendo todos os cortes obtidos <strong>de</strong> um mesmo tratamento imunohistoquímico.<br />

Quantificamos quatro campos <strong>de</strong> três cortes diferentes <strong>de</strong> um mesmo animal e, no<br />

mínimo, três animais por experimento.<br />

49


A média <strong>de</strong> células contadas nos grupos controle era <strong>de</strong> 400 por corte, ou<br />

100 células por campo. Portanto, a análise final <strong>de</strong> três animais, levava em conta o<br />

total <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 3000 células GABA+, <strong>de</strong> pelo menos 36 campos diferentes.<br />

A análise da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óptica da camada plexiforme interna foi feita da<br />

seguinte forma: foram tiradas 35 fotos <strong>de</strong> cada grupo experimental (n=7) na<br />

resolução <strong>de</strong> 119992 pixels, e cada uma <strong>de</strong>ssas fotos foi analisada no programa<br />

ImageJ 1.42q. A camada plexiforme interna foi dividida em cinco partes,<br />

correspon<strong>de</strong>ntes às cinco sublâminas. Os valores obtidos em cada grupo<br />

experimental foram comparados aos valores do controle.<br />

Em todos os casos, a estatística foi feita através do teste One-way<br />

ANOVA seguido do pós-teste <strong>de</strong> Bonferroni. Nos gráficos, são representados os<br />

valores da média ± erro padrão.<br />

50


4. RESULTA<strong>DOS</strong><br />

4.1- Embrião com 14 dias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

Utilizamos um protocolo <strong>de</strong> 50 minutos <strong>de</strong> incubação, no qual as retinas<br />

eram <strong>de</strong>ixadas apenas na salina por 20 minutos (pré-incubação), e mais 30 minutos<br />

expostas às drogas. Em retinas <strong>de</strong> E14, os tratamentos com T-ACPD, agonista dos<br />

grupos I e II dos mGluRs na concentração <strong>de</strong> 100 µM, e com L-SOP, agonista do<br />

grupo III, na mesma concentração, não promoveram nenhuma alteração na<br />

marcação para GABA, nem no número <strong>de</strong> células amácrinas GABA-positivas<br />

(GABA+) na CNI. Não encontramos diferenças entre o número <strong>de</strong> células amácrinas<br />

GABA+ na retina interna entre os grupos controle e tratados com os agonistas<br />

metabotrópicos (Fig. 11).<br />

4.2- Embrião com 16 dias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

Com os embriões <strong>de</strong> E16, foi realizado o mesmo procedimento: fizemos<br />

20 minutos <strong>de</strong> incubação apenas na salina, adicionando as drogas T-ACPD e L-SOP<br />

a 100 µM nos 30 minutos adicionais. Nesta ida<strong>de</strong>, observamos que parece ocorrer<br />

uma tendência à diminuição do número <strong>de</strong> células amácrinas da CNI, principalmente<br />

com o tratamento com T-ACPD. No entanto, essa diminuição não se apresentou<br />

significativa em nenhum dos dois casos (Fig. 12).<br />

51


CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

Figura 11 – Efeito da ativação dos receptores metabotrópicos dos grupos I, II e III nas<br />

células amácrinas GABA+ da camada nuclear interna. Fotomicrografias representativas <strong>de</strong><br />

cortes transversais <strong>de</strong> retinas <strong>de</strong> E14 marcadas para GABA. A, controle; B, 100 µM <strong>de</strong> T-ACPD,<br />

agonista dos grupos I e II dos mGluRs; C, 100 µM <strong>de</strong> L-SOP, agonista do grupo III dos mGluRs.<br />

Escala = 50 µm; D, histograma mostrando a estatística do número <strong>de</strong> células amácrinas GABA+<br />

em relação a 100% do controle. Números nas barras indicam número <strong>de</strong> animais utilizados em<br />

cada grupo experimental.<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

52


CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

Figura 12 – Efeito da ativação dos receptores metabotrópicos dos grupos I, II e III nas<br />

células amácrinas GABA+ da camada nuclear interna. Fotomicrografias representativas <strong>de</strong><br />

cortes transversais <strong>de</strong> retinas <strong>de</strong> E16 marcadas para GABA. A, controle; B, 100 µM <strong>de</strong> T-ACPD,<br />

agonista dos grupos I e II dos mGluRs; C, 100 µM <strong>de</strong> L-SOP, agonista do grupo III dos mGluRs.<br />

Escala = 50 µm; D, histograma mostrando a estatística do número <strong>de</strong> células amácrinas GABA+<br />

em relação a 100% do controle. Números nas barras indicam número <strong>de</strong> animais utilizados em<br />

cada grupo experimental.<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

53


4.3- Embrião com 18 dias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

Os embriões <strong>de</strong> E18 foram submetidos ao período <strong>de</strong> incubação <strong>de</strong> 50<br />

minutos: durante 20 minutos, ficaram imersos na solução salina, e nos 30 minutos<br />

posteriores, foram adicionados T-ACPD ou L-SOP, na concentração <strong>de</strong> 100 µM.<br />

Observamos que as retinas <strong>de</strong>sses embriões apresentaram uma diminuição <strong>de</strong> 30%<br />

do número <strong>de</strong> células GABA+ em relação ao controle, tanto no grupo tratado com T-<br />

ACPD quanto no grupo tratado com L-SOP (Fig. 13 e 14).<br />

Como, neste caso, as drogas tiveram efeito na imunorreativida<strong>de</strong> para o<br />

GABA, fizemos experimentos utilizando drogas antagonistas para os receptores<br />

metabotrópicos, para verificar se o efeito observado foi <strong>de</strong>corrente da ativação<br />

<strong>de</strong>sses receptores. Os antagonistas foram diluídos no meio com as retinas durante<br />

os 20 minutos que precediam a incubação com os agonistas, e permaneciam<br />

durante os 30 minutos posteriores. Os antagonistas utilizados com o T-ACPD foram<br />

o AIDA (antagonista do grupo I) e o EGLU (antagonista do grupo II), ambos usados<br />

na concentração <strong>de</strong> 200 µM. O uso separado dos antagonistas promoveu o bloqueio<br />

do efeito do T-ACPD, fazendo com que o número <strong>de</strong> células ficasse comparável ao<br />

controle. Os antagonistas utilizados <strong>de</strong> forma concomitante também bloquearam o<br />

efeito do agonista (Fig. 13). O uso <strong>de</strong> MAP-4, antagonista do grupo III, na<br />

concentração <strong>de</strong> 500 µM, inibiu completamente o efeito do L-SOP, elevando o<br />

número <strong>de</strong> células ao nível do controle (Fig. 14).<br />

54


Consi<strong>de</strong>rando a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a liberação <strong>de</strong> GABA observada pela<br />

ativação <strong>de</strong> receptores metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato ocorrer <strong>de</strong>vido a uma ativação<br />

indireta <strong>de</strong> receptores ionotrópicos (Calaza et al., 2001), realizamos experimentos<br />

nos quais pré-incubávamos as retinas com MK-801, antagonista do receptor NMDA,<br />

na concentração <strong>de</strong> 5 µM, e / ou com DNQX, antagonista dos receptores AMPA /<br />

KA, na concentração <strong>de</strong> 200 µM. O bloqueio do receptor NMDA inibiu<br />

acentuadamente o efeito <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong> GABA <strong>de</strong> células amácrinas pelo T-ACPD<br />

(Fig. 15) assim como pelo L-SOP (Fig. 16). O DNQX também exerceu um efeito<br />

inibitório sobre a liberação <strong>de</strong> GABA induzida pelo uso do T-ACPD (Fig. 15) e pelo L-<br />

SOP (Fig. 16). O uso concomitante dos dois antagonistas <strong>de</strong> receptores ionotrópicos<br />

também resultou no bloqueio da liberação <strong>de</strong> GABA induzida pela ativação dos três<br />

grupos <strong>de</strong> receptores metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato (Fig. 15 e Fig. 16).<br />

55


CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

Figura 13 – Efeito da ativação dos receptores metabotrópicos dos grupos I e II nas células<br />

amácrinas GABA+ da camada nuclear interna. Fotomicrografias representativas <strong>de</strong> cortes<br />

transversais <strong>de</strong> retinas <strong>de</strong> E18 marcadas para GABA. A, controle; B, 100 µM <strong>de</strong> T-ACPD, agonista<br />

dos grupos I e II dos mGluRs; C, pré-incubação com 200 µM <strong>de</strong> AIDA, antagonista do grupo I dos<br />

mGluRs, e posterior tratamento com T-ACPD e AIDA; D, pré-incubação com 200 µM <strong>de</strong> MCCG,<br />

antagonista do grupo II dos mGluRs, e posterior tratamento com T-ACPD e MCCG; E, préincubação<br />

<strong>de</strong> AIDA e MCCG (200 µM), e posterior tratamento com T-ACPD, AIDA e MCCG.<br />

Escala = 50 µm; F, histograma mostrando a estatística do número <strong>de</strong> células amácrinas GABA+<br />

em relação a 100% do controle (*** - p


CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

Figura 14 – Efeito da ativação dos receptores metabotrópicos do grupo III nas células<br />

amácrinas GABA+ da camada nuclear interna. Fotomicrografias representativas <strong>de</strong> cortes<br />

transversais <strong>de</strong> retinas <strong>de</strong> E18 marcadas para GABA. A, controle; B, 100 µM <strong>de</strong> L-SOP, agonista<br />

do grupo III dos mGluRs; C, pré-incubação com 500 µM <strong>de</strong> MAP-4, antagonista do grupo III dos<br />

mGluRs, e posterior tratamento com L-SOP e MAP-4. Escala = 50 µm; D, histograma mostrando<br />

a estatística do número <strong>de</strong> células amácrinas GABA+ em relação a 100% do controle (*** -<br />

p


CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

Figura 15 – Efeito da inibição dos receptores ionotrópicos no tratamento com agonista <strong>de</strong><br />

mGluRI/II nas células amácrinas GABA+ da camada nuclear interna. Fotomicrografias<br />

representativas <strong>de</strong> cortes transversais <strong>de</strong> retinas <strong>de</strong> E18. A, controle; B, 100 µM <strong>de</strong> T-ACPD,<br />

agonista dos grupos I e II dos mGluRs; C, pré-incubação com 5 µM <strong>de</strong> MK-801, antagonista <strong>de</strong><br />

receptores NMDA, e posterior tratamento com T-ACPD e MK; D, pré-incubação com 200 µM <strong>de</strong><br />

DNQX, antagonista <strong>de</strong> receptores KA, e posterior tratamento com T-ACPD e DNQX; E préincubação<br />

com MK e DNQX, e posterior tratamento com T-ACPD e os dois antagonistas. Escala =<br />

50 µm; F, histograma mostrando a estatística do número <strong>de</strong> células amácrinas GABA+ em relação<br />

a 100% do controle (* - p


CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

Figura 16 – Efeito da inibição dos receptores ionotrópicos no tratamento com agonista <strong>de</strong><br />

mGluRIII nas células amácrinas GABA+ da camada nuclear interna. Fotomicrografias<br />

representativas <strong>de</strong> cortes transversais <strong>de</strong> retinas <strong>de</strong> E18 marcadas para GABA. A, controle; B, 100<br />

µM <strong>de</strong> L-SOP, agonista do grupo III dos mGluRs; C, pré-incubação com 5 µM <strong>de</strong> MK-801,<br />

antagonista <strong>de</strong> receptores NMDA, e posterior tratamento com L-SOP e MK; D, pré-incubação com<br />

200 µM <strong>de</strong> DNQX, antagonista <strong>de</strong> receptores KA, e posterior tratamento com L-SOP e DNQX; E<br />

pré-incubação com MK e DNQX, e posterior tratamento com L-SOP e os dois antagonistas. Escala<br />

= 50 µm; F, histograma mostrando a estatística do número <strong>de</strong> células amácrinas GABA+ em<br />

relação a 100% do controle (* - p


4.4- Animal pós-eclosão<br />

4.4.1- Efeito da ativação <strong>de</strong> mGluRs na imunorreativida<strong>de</strong> do GABA<br />

Em comparação a retinas fixadas diretamente, que não foram incubadas<br />

por 30 ou 50 minutos em Ringer (não mostrado), a imunorreativida<strong>de</strong> para o GABA<br />

apresentada pelos controles <strong>de</strong> retinas <strong>de</strong> PE se mostrou com um padrão similar,<br />

mas com diminuição da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> marcação, principalmente nas células<br />

horizontais (Fig. 17 e 18).<br />

Começamos testando qual seria o efeito da ativação dos grupos I, II e III<br />

durante 30 minutos na liberação <strong>de</strong> GABA em PE. Observamos que, tanto o<br />

tratamento com 100 µM <strong>de</strong> T-ACPD (Fig. 17) quanto com 100 µM <strong>de</strong> L-SOP (Fig. 18)<br />

foi capaz <strong>de</strong> induzir a diminuição do número <strong>de</strong> células GABA+ em relação ao<br />

controle.<br />

Realizamos um ensaio <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong> LDH para verificarmos se a<br />

diminuição do número <strong>de</strong> células po<strong>de</strong>ria ter acontecido <strong>de</strong>vido a morte celular por<br />

necrose. Os níveis <strong>de</strong> LDH liberados em todos os grupos experimentais foram<br />

similares, indicando que, provavelmente, o efeito das drogas não era por indução <strong>de</strong><br />

morte celular (Fig. 19).<br />

A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óptica da imunorreativida<strong>de</strong> para o GABA foi medida nos<br />

grupos tratados, e verificamos que ocorre a diminuição da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> marcação<br />

em todas as sublâminas, tanto no tratamento com T-ACPD quanto no com L-SOP,<br />

com exceção da sublâmina 1 no tratamento com L-SOP (Fig. 20).<br />

Posteriormente, utilizamos os antagonistas dos mGluRs para verificar se<br />

os agonistas estariam agindo especificamente sobre os receptores. A pré-incubação<br />

60


<strong>de</strong> 20 minutos com AIDA, antagonista do mGluRI, na concentração <strong>de</strong> 200 µM e<br />

posterior incubação com T-ACPD, inibiu parcialmente o efeito do agonista, indicando<br />

a participação dos mGluRI na diminuição do número <strong>de</strong> células GABA+. O<br />

antagonista do mGluRII, MCCG, na concentração <strong>de</strong> 200 µM, também bloqueou<br />

parcialmente o efeito do T-ACPD. A utilização dos dois antagonistas <strong>de</strong> forma<br />

concomitante bloqueou totalmente o efeito da ativação dos receptores, elevando o<br />

número <strong>de</strong> células GABA+ ao nível do controle (Fig. 17).<br />

A utilização do antagonista MAP-4, na concentração <strong>de</strong> 500 µM, bloqueou<br />

completamente o efeito <strong>de</strong> L-SOP em diminuir o número <strong>de</strong> células GABA+ (Fig. 18).<br />

4.4.2- Influência do bloqueio do transportador <strong>de</strong> GABA (GAT-1) no efeito<br />

induzido por mGluRs<br />

Em trabalhos anteriores já foi <strong>de</strong>scrito que, na retina <strong>de</strong> pinto, a liberação<br />

<strong>de</strong> GABA induzida pela ativação <strong>de</strong> receptores ionotrópicos <strong>de</strong> glutamato ocorre pela<br />

reversão do transportador <strong>de</strong> GABA do tipo GAT-1 (Calaza et al., 2001). Para<br />

verificar se o mesmo ocorre <strong>de</strong>vido à ativação dos mGluRs, utilizamos a droga NO-<br />

711, bloqueadora <strong>de</strong> GAT-1, na concentração <strong>de</strong> 100 µM por 20 minutos antes da<br />

adição <strong>de</strong> T-ACPD ou L-SOP, e por mais 30 minutos em conjunto com estes<br />

agonistas. Verificamos que o bloqueio <strong>de</strong> GAT-1 inibiu a liberação <strong>de</strong> GABA<br />

estimulada pelos agonistas mGluRs, e também aumentou o número <strong>de</strong> células em<br />

relação ao controle (Fig. 21).<br />

61


CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

Figura 17 – Efeito da ativação dos receptores metabotrópicos dos grupos I/II nas células<br />

amácrinas GABA+ da camada nuclear interna. Fotomicrografias representativas <strong>de</strong> cortes<br />

transversais <strong>de</strong> retinas <strong>de</strong> animais pós-eclosão marcadas para GABA. A, controle; B, 100 µM <strong>de</strong> T-<br />

ACPD, agonista dos grupos I e II dos mGluRs; C, pré-incubação com 200 µM <strong>de</strong> AIDA,<br />

antagonista do grupo I dos mGluRs, e posterior tratamento com T-ACPD e AIDA; D, pré-incubação<br />

com 200 µM <strong>de</strong> MCCG, antagonista do grupo II dos mGluRs, e posterior tratamento com T-ACPD<br />

e MCCG; E, pré-incubação <strong>de</strong> AIDA e MCCG (200 µM), e posterior tratamento com T-ACPD, AIDA<br />

e MCCG. Escala = 50 µm; F, histograma mostrando a estatística do número <strong>de</strong> células amácrinas<br />

GABA+ em relação a 100% do controle (* - p


Figura 18 – Efeito da ativação dos receptores metabotrópicos do grupo III nas células<br />

amácrinas GABA+ da camada nuclear interna. Fotomicrografias representativas <strong>de</strong> cortes<br />

transversais <strong>de</strong> retinas <strong>de</strong> animais pós-eclosão marcadas para GABA. A, controle; B, 100 µM <strong>de</strong> L-<br />

SOP, agonista do grupo III dos mGluRs; C, pré-incubação com 500 µM <strong>de</strong> MAP-4, antagonista do<br />

grupo III dos mGluRs, e posterior tratamento com L-SOP e MAP-4. Escala = 50 µm; D,<br />

histograma mostrando a estatística do número <strong>de</strong> células amácrinas GABA+ em relação a 100%<br />

do controle (*** - p


Figura 19 – Efeito da ativação dos receptores metabotrópicos dos grupos I, II e III na<br />

liberação <strong>de</strong> LDH <strong>de</strong> células retinianas. Histograma mostrando estatisticamente os resultados<br />

do ensaio <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong> LDH com 100 µM <strong>de</strong> T-ACPD e nos grupos tratados com 100 µM <strong>de</strong> L-<br />

SOP (n=3).<br />

Figura 20 – Efeito da ativação dos receptores metabotrópicos dos grupos I, II e III na<br />

imunorreativida<strong>de</strong> nas sublâminas da CPI. Histograma mostrando a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óptica da<br />

imunorreativida<strong>de</strong> para o GABA na CPI no controle, nos grupos tratados com 100 µM <strong>de</strong> T-ACPD<br />

e nos grupos tratados com 100 µM <strong>de</strong> L-SOP (n=7).<br />

64


CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

Figura 21 – Efeito da inibição <strong>de</strong> GAT-1 no tratamento com agonista <strong>de</strong> mGluRI, II e III nas<br />

células amácrinas GABA+ da camada nuclear interna. Fotomicrografias representativas <strong>de</strong><br />

cortes transversais <strong>de</strong> retinas <strong>de</strong> animais pós-eclosão marcadas para GABA. A, controle; B, 100<br />

µM <strong>de</strong> T-ACPD, agonista dos grupos I e II dos mGluRs; C, 100 µM <strong>de</strong> L-SOP, agonista do grupo<br />

III; D, pré-incubação com 100 µM <strong>de</strong> NO-711, bloqueador <strong>de</strong> GAT-1, e posterior tratamento com T-<br />

ACPD e NO-711; E pré-incubação com 100 µM <strong>de</strong> NO-711, antagonista bloqueador <strong>de</strong> GAT-1, e<br />

posterior tratamento com L-SOP e NO-711. Escala = 50 µm; F, histograma mostrando a estatística<br />

do número <strong>de</strong> células amácrinas GABA+ em relação a 100% do controle (* - p


4.4.3- Influência do bloqueio dos receptores ionotrópicos <strong>de</strong> glutamato no<br />

efeito induzido por mGluRs<br />

Assim como em E18, verificamos se para que haja a liberação <strong>de</strong> GABA<br />

induzida pela ativação <strong>de</strong> mGluRs, é necessária uma ativação indireta <strong>de</strong> receptores<br />

ionotrópicos. As retinas <strong>de</strong> PE foram pré-incubadas por 20 minutos com MK-801,<br />

antagonista do receptor NMDA, na concentração <strong>de</strong> 5 µM, e/ou com DNQX,<br />

antagonista dos receptores AMPA/KA, na concentração <strong>de</strong> 200 µM. Observamos<br />

que o bloqueio dos receptores NMDA e KA, separadamente, inibiu totalmente o<br />

efeito da liberação <strong>de</strong> GABA pelo T-ACPD (Fig. 22) assim como pelo L-SOP (Fig.<br />

23). O uso concomitante dos dois antagonistas <strong>de</strong> receptores ionotrópicos resultou<br />

no bloqueio da liberação <strong>de</strong> GABA induzida pela ativação dos três grupos <strong>de</strong><br />

mGluRs, inclusive aumentando o número <strong>de</strong> células em relação ao controle (Fig. 22<br />

e Fig. 23).<br />

66


CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

Figura 22 – Efeito da inibição dos receptores ionotrópicos no tratamento com agonista <strong>de</strong><br />

mGluRI/II nas células amácrinas GABA+ da camada nuclear interna. Fotomicrografias<br />

representativas <strong>de</strong> cortes transversais <strong>de</strong> retinas <strong>de</strong> animais pós-eclosão marcadas para GABA. A,<br />

controle; B, 100 µM <strong>de</strong> T-ACPD, agonista dos grupos I e II dos mGluRs; C, pré-incubação com 5<br />

µM <strong>de</strong> MK-801, antagonista <strong>de</strong> receptores NMDA, e posterior tratamento com T-ACPD e MK; D,<br />

pré-incubação com 200 µM <strong>de</strong> DNQX, antagonista <strong>de</strong> receptores KA, e posterior tratamento com<br />

T-ACPD e DNQX; E, pré-incubação com MK e DNQX, e posterior tratamento com T-ACPD e os<br />

dois antagonistas. Escala = 50 µm; F, histograma mostrando a estatística do número <strong>de</strong> células<br />

amácrinas GABA+ em relação a 100% do controle (* - p


CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

Figura 23 – Efeito da inibição dos receptores ionotrópicos no tratamento com agonista <strong>de</strong><br />

mGluRIII nas células amácrinas GABA+ da camada nuclear interna. Fotomicrografias<br />

representativas <strong>de</strong> cortes transversais <strong>de</strong> retinas <strong>de</strong> animais pós-eclosão marcadas para GABA. A,<br />

controle; B, 100 µM <strong>de</strong> L-SOP, agonista do grupo III dos mGluRs; C, pré-incubação com 5 µM <strong>de</strong><br />

MK-801, antagonista <strong>de</strong> receptores NMDA, e posterior tratamento com L-SOP e MK; D, préincubação<br />

com 200 µM <strong>de</strong> DNQX, antagonista <strong>de</strong> receptores KA, e posterior tratamento com L-<br />

SOP e DNQX; E pré-incubação com MK e DNQX, e posterior tratamento com L-SOP e os dois<br />

antagonistas. Escala = 50 µm; F, histograma mostrando a estatística do número <strong>de</strong> células<br />

amácrinas GABA+ em relação a 100% do controle (* - p


4.4.4- Liberação <strong>de</strong> glutamato induzida por ativação <strong>de</strong> mGluRs<br />

Anteriormente, mostramos que a ativação <strong>de</strong> mGluRs induz a liberação<br />

<strong>de</strong> GABA <strong>de</strong> células amácrinas da retina <strong>de</strong> animais PE, e que este efeito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da ativação <strong>de</strong> receptores ionotrópicos <strong>de</strong> glutamato. Consi<strong>de</strong>rando a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> que os mGluRs estariam levando a um aumento da liberação <strong>de</strong> glutamato em<br />

células da retina, e este glutamato ativaria receptores ionotrópicos, levando à<br />

liberação <strong>de</strong> GABA, nós verificamos o efeito do T-ACPD na ausência <strong>de</strong> cálcio, e<br />

quantificamos o glutamato presente no meio extracelular após incubação com os<br />

fármacos.<br />

A ausência <strong>de</strong> cálcio no meio extracelular foi capaz <strong>de</strong> bloquear<br />

totalmente a liberação <strong>de</strong> GABA induzida por T-ACPD (Fig. 24), indicando que este<br />

efeito <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da liberação <strong>de</strong> alguma substância <strong>de</strong> maneira vesicular.<br />

No ensaio <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong> glutamato, o tratamento com 100 µM <strong>de</strong> T-<br />

ACPD por 30 minutos levou ao aumento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 50% da liberação <strong>de</strong> glutamato<br />

em relação ao controle (Fig. 25). Este efeito foi bloqueado pela ausência do íon Ca 2+<br />

no meio extracelular, indicando que o mecanismo <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong> glutamato<br />

mediado por mGluRs dos grupos I e II <strong>de</strong>ve ser vesicular. O tratamento com L-SOP,<br />

no entanto, não promoveu aumento na liberação <strong>de</strong> glutamato.<br />

69


CNE<br />

CPE<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

CNI<br />

CPI<br />

CCG<br />

Figura 24 – Efeito da ausência <strong>de</strong> cálcio no tratamento com agonista <strong>de</strong> mGluRI/II nas<br />

células amácrinas GABA+ da camada nuclear interna. Fotomicrografias representativas <strong>de</strong><br />

cortes transversais <strong>de</strong> retinas <strong>de</strong> animais pós-eclosão marcadas para GABA. A, controle; B, 100<br />

µM <strong>de</strong> T-ACPD, agonista dos grupos I e II dos mGluRs; C, 100 µM <strong>de</strong> T-ACPD, agonista dos<br />

grupos I e II dos mGluRs, na ausência <strong>de</strong> cálcio. Escala = 50 µm; D, histograma mostrando a<br />

estatística do número <strong>de</strong> células amácrinas GABA+ em relação a 100% do controle (*** - p


Figura 25 – Efeito <strong>de</strong> agonistas <strong>de</strong> mGluRI/II/III e da ausência <strong>de</strong> cálcio na liberação <strong>de</strong><br />

glutamato <strong>de</strong> células retinianas. Histograma mostrando a estatística do ensaio <strong>de</strong> dosagem do<br />

glutamato liberado em relação a 100% do controle. Números nas barras indicam número <strong>de</strong><br />

animais utilizados em cada grupo experimental. * p


5. DISCUSSÃO<br />

5.1- A liberação <strong>de</strong> GABA induzida por glutamato durante o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

Nossos resultados mostram que a ativação <strong>de</strong> receptores metabotrópicos<br />

<strong>de</strong> glutamato promove liberação <strong>de</strong> GABA <strong>de</strong> células amácrinas da retina <strong>de</strong> galinha<br />

a partir <strong>de</strong> E18, mas não significativamente em ida<strong>de</strong>s anteriores. Porém, há<br />

evidências da expressão dos mGluRs em estágios anteriores a E14. Um estudo<br />

prévio mostrou que, em células amácrinas <strong>de</strong> cultura <strong>de</strong> células da retina <strong>de</strong> E8 (6<br />

dias in vitro), a ativação <strong>de</strong> receptores mGluR5 promove uma modulação positiva do<br />

receptor GABAA, aumentando a corrente por este receptor, sendo esse aumento<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> PKC (Hoffpauir e Gleason, 2002). Na retina <strong>de</strong> gato P2, a injeção<br />

intraocular <strong>de</strong> L-AP4, agonista <strong>de</strong> mGluRIII, por 28 dias, promove alterações na<br />

arborização <strong>de</strong>ndrítica <strong>de</strong> células ganglionares (Deplano et al., 2004). Sendo assim,<br />

inferimos que, durante o <strong>de</strong>senvolvimento, os mGluRs <strong>de</strong>vem estar acoplados às<br />

suas respectivas proteínas G, promovendo sinalização semelhante àquela<br />

encontrada no animal adulto, mas que <strong>de</strong>vem estar voltadas para funções<br />

pertinentes às etapas do <strong>de</strong>senvolvimento, como diferenciação celular e<br />

sinaptogênese.<br />

Além disso, um trabalho prévio do nosso grupo <strong>de</strong>screve que, em E14, a<br />

ativação <strong>de</strong> receptores NMDA e KA induz a liberação <strong>de</strong> GABA <strong>de</strong> células amácrinas<br />

da retina (Calaza et al., 2003). Assim, a maquinaria envolvida na liberação <strong>de</strong> GABA<br />

estaria presente já em E14. Porém, apesar <strong>de</strong> os mGluRI já estarem expressos em<br />

E14 e E16 (Kreimborg et al., 2001), a maquinaria responsável por promover a<br />

liberação <strong>de</strong> glutamato e, conseqüentemente, <strong>de</strong> GABA, po<strong>de</strong>ria não ser funcional<br />

72


nestas etapas do <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

As vias <strong>de</strong> sinalização intracelular envolvidas nos processos mediados<br />

por mGluRs também já tem sido investigadas. Um exemplo é a participação <strong>de</strong><br />

receptores dos grupos I e III em eventos <strong>de</strong> diferenciação e proliferação celular <strong>de</strong><br />

células-tronco embrionárias <strong>de</strong>monstrada em roedores. O receptor mGluR5, na<br />

presença do fator inibidor <strong>de</strong> leucemia (LIF), mantém células-tronco em estado<br />

indiferenciado e com pluripotência. Isto porque o mGluR5 ativa a PKC, inibindo a<br />

ativida<strong>de</strong> da AKT, permitindo que a expressão do gene c-Myc seja mantida<br />

(Cappuccio et al., 2005; Spinsanti et al., 2005). Quando essas células se tornam<br />

corpos embriói<strong>de</strong>s, elas passam a expressar mGluR4, cuja ativação, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

das outras substâncias presentes no microambiente, po<strong>de</strong> levar ao<br />

comprometimento <strong>de</strong>ssas células com o fenótipo neural ou com outros fenótipos,<br />

como ecto<strong>de</strong>rmal ou meso<strong>de</strong>rmal (Cappuccio et al., 2006). Já como neuroesferas,<br />

essas células expressam o receptor mGluR7 que, ativado, utiliza a sinalização por<br />

MAP-cinases para promover a diferenciação <strong>de</strong>ssas células em neurônios (Tian et<br />

al., 2010). Portanto, é provável que os mGluRs ativem vias que contribuam com<br />

processos biológicos básicos para o <strong>de</strong>senvolvimento normal do organismo.<br />

Em E14 e E16, os segmentos externos dos fotorreceptores ainda não<br />

estão completamente <strong>de</strong>senvolvidos, mas em E18, eles já estão presentes,<br />

permitindo que os fotorreceptores respondam a estímulos luminosos (Calaza e<br />

Gardino, 2010). Sendo assim, po<strong>de</strong>mos supor que exista alguma relação entre a<br />

liberação <strong>de</strong> glutamato induzida por mGluRs e o início <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s elétricas<br />

espontâneas na retina externa, e que a liberação <strong>de</strong> GABA estimulada pela ativação<br />

<strong>de</strong> mGluRs seja característica <strong>de</strong> uma retina com perfil maduro e, portanto,<br />

73


importante para o correto pré-processamento da informação luminosa feito pela<br />

retina.<br />

5.2- A liberação <strong>de</strong> GABA induzida por glutamato no animal pós-eclosão<br />

Dados previamente publicados por nosso grupo <strong>de</strong>monstraram que a<br />

ativação <strong>de</strong> receptores do tipo NMDA e KA induz uma redução <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 50% do<br />

número <strong>de</strong> células amácrinas GABA+ em relação ao controle (Calaza et al., 2001).<br />

Os resultados obtidos neste trabalho mostram fortes evidências <strong>de</strong> que a liberação<br />

<strong>de</strong> GABA induzida por glutamato na retina ocorre, em sua maior parte, <strong>de</strong>vido a<br />

ativação direta <strong>de</strong> receptores ionotrópicos, haja vista que o bloqueio <strong>de</strong>sses<br />

receptores foi bastante eficiente em impedir a liberação <strong>de</strong> GABA induzida por T-<br />

ACPD e L-SOP. Aparentemente, há uma diferença na quantida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> células<br />

amácrinas que liberam GABA pelo estímulo direto com agonistas iGluRs (50%) ou<br />

com agonistas mGluRs (30%). Assim, é possível que os mGluRs estejam regulando<br />

mais especificamente um <strong>de</strong>terminado circuito, que envolve também os iGluRs, para<br />

liberar GABA das células amácrinas.<br />

Recentemente, Monnerie e Le Roux (2008) mostraram que células<br />

corticais em cultura, quando expostas a glutamato na concentração <strong>de</strong> 100 µM por 5<br />

minutos, apresentam diminuição da expressão da enzima GAD, responsável pela<br />

síntese <strong>de</strong> GABA, através <strong>de</strong> um mecanismo envolvendo Ca 2+ e cisteína-proteases<br />

como a calpaína. Aparentemente, no nosso mo<strong>de</strong>lo, não ocorre a diminuição <strong>de</strong><br />

GABA <strong>de</strong>ntro da célula <strong>de</strong>vido a uma menor expressão da GAD, principalmente pelo<br />

fato <strong>de</strong> que o bloqueador da GAT mostrou um efeito significativo em inibir a<br />

diminuição do número <strong>de</strong> células GABA+ induzida pelo T-ACPD.<br />

74


Os transportadores <strong>de</strong> GABA são majoritariamente expressos na retina<br />

interna, em corpos celulares e prolongamentos <strong>de</strong> células amácrinas e células da<br />

camada <strong>de</strong> células ganglionares, possivelmente células amácrinas <strong>de</strong>slocadas<br />

(Calaza et al., 2003). A função principal <strong>de</strong>stes transportadores seria a <strong>de</strong> captar o<br />

GABA extracelular. Na retina <strong>de</strong> aves, inclusive <strong>de</strong> galinha, a captação <strong>de</strong> GABA é<br />

feita pelos transportadores presentes nos neurônios, enquanto que, na retina <strong>de</strong><br />

mamíferos, ocorre a captação também pelas células <strong>de</strong> Müller (Yazulla, 1986;<br />

Andra<strong>de</strong> da Costa et al., 2000).<br />

A liberação <strong>de</strong> GABA induzida pela ativação <strong>de</strong> receptores<br />

metabotrópicos e ionotrópicos, via reversão do transportador, po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong>vido à<br />

entrada <strong>de</strong> sódio na proximida<strong>de</strong> do transportador, aumentando a concentração do<br />

íon localmente, o que permite que o sódio volte para o meio extracelular, levando<br />

consigo uma molécula <strong>de</strong> neurotransmissor. Acreditamos que nosso efeito ocorra<br />

através <strong>de</strong>ste mecanismo, pois o bloqueio do transportador GAT-1 preveniu<br />

completamente o nosso efeito <strong>de</strong> diminuição do número <strong>de</strong> células GABA+, inclusive<br />

aumentando o número <strong>de</strong> células em relação ao controle.<br />

Um trabalho recente usando a retina <strong>de</strong> camundongo investigou a<br />

influência da aplicação <strong>de</strong> um fármaco agonista do receptor mGluR8 em respostas<br />

eletrofisiológicas <strong>de</strong> células ganglionares à luz. Na presença do fármaco, células<br />

ganglionares ON-OFF tiveram sua resposta OFF suprimida, enquanto a resposta ON<br />

se manteve inalterada, o que indica que este receptor po<strong>de</strong> estar modulando a<br />

liberação <strong>de</strong> neurotransmissores para essas células, favorecendo a ativação <strong>de</strong><br />

apenas uma das vias (Quraishi et al., 2010).<br />

Já foi sugerido que a liberação <strong>de</strong> neurotransmissores inibitórios <strong>de</strong><br />

75


células amácrinas possa ser responsável por inibições cruzadas entre as vias ON e<br />

OFF: quando glutamato é liberado pelas bipolares ON, talvez ele possa promover a<br />

inibição <strong>de</strong> bipolares OFF adjacentes através da liberação <strong>de</strong> GABA por células<br />

amácrinas (Higgs et al., 2002). Sendo assim, nossos dados e trabalhos da literatura<br />

corroboram com o fato <strong>de</strong> os mGluRs terem uma importância gran<strong>de</strong> na fisiologia da<br />

retina, modulando a circuitaria GABAérgica.<br />

5.3- A liberação <strong>de</strong> glutamato induzida pela ativação <strong>de</strong> mGluRs no animal pós-<br />

eclosão<br />

Verificamos que ocorre o aumento da liberação <strong>de</strong> glutamato quando as<br />

retinas são tratadas com T-ACPD. No entanto, o tratamento com L-SOP não<br />

promoveu alterações nos níveis <strong>de</strong> glutamato no meio em relação ao controle. Isto<br />

po<strong>de</strong> ser explicado pelo fato <strong>de</strong> estarmos observando a liberação <strong>de</strong> glutamato da<br />

retina inteira, e o L-SOP po<strong>de</strong> ativar também o receptor mGluR6. Além <strong>de</strong> o mGluR6<br />

diminuir a liberação <strong>de</strong> glutamato nas células bipolares ON, agonistas do grupo III<br />

também po<strong>de</strong>m diminuir a liberação <strong>de</strong> glutamato <strong>de</strong>vido a um menor influxo <strong>de</strong><br />

cálcio em fotorreceptores (Koulen et al., 1999). Então, o fato <strong>de</strong> não termos<br />

<strong>de</strong>tectado esta diminuição na liberação po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>vido: 1) a não ativação <strong>de</strong>stes<br />

receptores, ou 2) por um efeito compensatório do aumento da liberação <strong>de</strong><br />

glutamato por outros tipos celulares, e outros subtipos do mGluRIII. A primeira<br />

hipótese parece mais fraca já que a mesma concentração induziu a liberação <strong>de</strong><br />

GABA, que é bloqueada pelos antagonistas seletivos do grupo III e <strong>de</strong> forma<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos iGluRs, sugerindo que os mGluRIII estejam sendo ativados nesta<br />

concentração. Já a segunda hipótese explicaria o motivo pelo qual não<br />

76


encontramos variação na liberação <strong>de</strong> glutamato. Possivelmente, a ativação não-<br />

seletiva <strong>de</strong> todos os receptores metabotrópicos do grupo III gera efeitos diferentes<br />

em tipos celulares diferentes, impedindo a análise <strong>de</strong> variações (tanto a diminuição<br />

quanto o aumento) na liberação <strong>de</strong> glutamato.<br />

O bloqueio simultâneo <strong>de</strong> ambos os receptores ionotrópicos <strong>de</strong> glutamato<br />

aumentou significativamente o número <strong>de</strong> células marcadas em relação ao controle,<br />

indicando que, mesmo nossas condições controle, existe liberação <strong>de</strong> GABA<br />

induzida por glutamato endógeno, que foi confirmado posteriormente pelo nosso<br />

ensaio <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong> glutamato, mostrando que, no controle, existe tanto<br />

glutamato no meio quanto no padrão <strong>de</strong> 25 µM. Ou seja, os receptores ionotrópicos<br />

são ativados por glutamato basal, e a ativação <strong>de</strong> mGluRs aumenta a concentração<br />

<strong>de</strong> glutamato, o que leva a uma maior liberação <strong>de</strong> GABA <strong>de</strong> células amácrinas.<br />

Existem trabalhos que explicam como os mesmos receptores po<strong>de</strong>riam<br />

gerar efeitos antagônicos. Um fator <strong>de</strong>terminante para a diferença na resposta seria<br />

o receptor estar fosforilado ou não. Um receptor não fosforilado, quando ativado,<br />

levaria a formação <strong>de</strong> IP3 e aumento <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong> glutamato; um receptor<br />

fosforilado pela PKC, por exemplo, po<strong>de</strong>ria ativar uma via alternativa, que levaria a<br />

diminuição da liberação <strong>de</strong> glutamato (Herrero et al., 1998; Nicoletti et al., 1999).<br />

Com relação a receptores do grupo III, já foi <strong>de</strong>scrito que, em<br />

sinaptossomas, a liberação <strong>de</strong> glutamato estimulada por alto potássio po<strong>de</strong> ser tanto<br />

aumentada ou diminuída quando o receptor mGluR7 é ativado. Essa modulação<br />

ocorria <strong>de</strong>vido a pequenas mudanças no tipo <strong>de</strong> estimulação. A diminuição da<br />

liberação <strong>de</strong> glutamato era vista quando o receptor recebia estímulos breves (30<br />

segundos) com L-AP4, agonista do grupo III, e o aumento da liberação <strong>de</strong> glutamato<br />

77


era visto quando L-AP4 era utilizado por 10 minutos. O autor sugere que possa<br />

haver ativação <strong>de</strong> duas vias distintas: com a estimulação breve seria ativada a via<br />

clássica do receptor, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> proteína Gi/o, o que diminuiria o influxo <strong>de</strong><br />

cálcio e a liberação <strong>de</strong> glutamato; com a estimulação longa, seria ativada uma via<br />

alternativa, que levaria à ativação <strong>de</strong> fosfolipase C, hidrólise <strong>de</strong> fosfolipí<strong>de</strong>os,<br />

formação <strong>de</strong> diacilglicerol, e que esse último seria responsável pela translocação da<br />

proteína munc13-1, que faz parte <strong>de</strong> complexos <strong>de</strong> ancoramento <strong>de</strong> vesículas<br />

sinápticas à membrana, e isto geraria um aumento da liberação <strong>de</strong> glutamato (Martín<br />

et al., 2010).<br />

5.4- Mecanismos <strong>de</strong> modulação da função <strong>de</strong> receptores<br />

Apesar <strong>de</strong> sabermos que ocorre a liberação <strong>de</strong> glutamato após o<br />

tratamento com o agonista dos mGluRI/II, não po<strong>de</strong>mos excluir outras possibilida<strong>de</strong>s<br />

para os nossos efeitos, já que os receptores metabotrópicos estão localizados tanto<br />

em terminais pré quanto pós-sinápticos.<br />

Já foi mostrado que existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mGluRs interagirem<br />

fisicamente com receptores ionotrópicos da mesma microrregião da célula. Esta<br />

interação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ria da presença da cauda C-terminal <strong>de</strong>stes receptores, e<br />

funcionaria como um mecanismo para a regulação mútua <strong>de</strong>stes receptores, ou<br />

seja, se os dois fossem ativados ao mesmo tempo, a resposta fisiológica final<br />

<strong>de</strong>corrente da ativação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les seria diminuída (Perroy et al., 2008).<br />

Em outras regiões do SNC, como no hipocampo, já foi visto outro tipo <strong>de</strong><br />

interação entre receptores ionotrópicos e metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato. Negrete-<br />

78


Díaz e colaboradores (2007) realizaram um trabalho no qual perceberam que a<br />

aplicação <strong>de</strong> KA ou <strong>de</strong> um agonista do grupo II dos receptores metabotrópicos<br />

produzia um efeito similar <strong>de</strong> inibição <strong>de</strong> potencial excitatório pós-sináptico (PEPS),<br />

e que a ação concomitante das drogas nos dois receptores impediria este efeito, o<br />

que po<strong>de</strong> significar uma convergência entre os mecanismos utilizados por esses<br />

receptores (Negrete-Díaz et al., 2007). Nossos resultados apontam efeitos<br />

sinergísticos, e não antagônicos, entre receptores metabotrópicos e ionotrópicos <strong>de</strong><br />

glutamato quando são ativados ao mesmo tempo, mas não temos informações<br />

sobre a localização e a proximida<strong>de</strong> dos receptores.<br />

Os receptores metabotrópicos do grupo I po<strong>de</strong>m potencializar o efeito <strong>de</strong><br />

liberação <strong>de</strong> GABA induzido pela ativação do receptor NMDA <strong>de</strong>corrente da<br />

liberação <strong>de</strong> glutamato endógeno, sem necessitar da interação entre os receptores.<br />

Este mecanismo se daria por duas vias paralelas: pela ativação da fosfolipase C β<br />

(PLC β) ou pela ativação direta da tirosina cinase citoplasmática Src pela β-arrestina<br />

(Gerber et al., 2007). Os receptores KA também po<strong>de</strong>m ser modulados por mGluRs<br />

do grupo I. Foi <strong>de</strong>monstrado previamente que o antagonista do grupo I, AIDA, é<br />

capaz <strong>de</strong> prevenir a disfunção epiléptica hipocampal promovida por cainato,<br />

mostrando que também é possível a integração funcional <strong>de</strong>sses receptores<br />

(Renaud et al., 2002).<br />

Receptores do grupo II também po<strong>de</strong>m estar localizados pós-<br />

sinapticamente e, inclusive, potencializar a corrente <strong>de</strong> receptores NMDA, assim<br />

como os mGluRs do grupo I, mas o mecanismo através do qual isto ocorre é<br />

<strong>de</strong>sconhecido (Oliveira et al., 2008).<br />

Os receptores dos grupos II e III po<strong>de</strong>m se associar a proteínas<br />

79


intracelulares na retina. Já foi mostrado que, na retina <strong>de</strong> rato, a proteína RanBPM<br />

po<strong>de</strong> se ligar a todos os receptores <strong>de</strong>stes dois grupos, exceto ao mGluR6 (Seebahn<br />

et al., 2008). Várias isoformas <strong>de</strong> outra proteína, conhecida como Band 4.1,<br />

interagem com o receptor mGluR8 (Rose et al., 2008). Tanto RanBPM quanto Band<br />

4.1 são bastante expressas na retina e, sendo proteínas adaptadoras do<br />

citoesqueleto, seriam responsáveis pela manutenção da estabilida<strong>de</strong> dos receptores<br />

na membrana e pela aproximação <strong>de</strong> receptores, como ionotrópicos e<br />

metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato, o que po<strong>de</strong>ria facilitar a integração da sinalização<br />

promovida por eles. Ainda, po<strong>de</strong>riam modular a ligação da proteína G ao receptor e<br />

permitir a ativação <strong>de</strong> vias <strong>de</strong> sinalização alternativas, como a da proteína fostatase<br />

1 (Seebahn et al., 2008; Rose et al., 2008). Além disso, já foi <strong>de</strong>scrita ao longo <strong>de</strong><br />

todo o <strong>de</strong>senvolvimento da retina <strong>de</strong> galinha a presença do RNAm para as proteínas<br />

Homer, que po<strong>de</strong>m se ligar a receptores do grupo I, mas não foi feito um estudo<br />

sobre a expressão das proteínas (Wahlin et al., 2008).<br />

Sendo assim, mais estudos <strong>de</strong>vem ser conduzidos para o correto<br />

entendimento da sinalização e da integração <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong>stes receptores na retina e<br />

das proteínas que po<strong>de</strong>m se ligar a eles.<br />

5.5- Células amácrinas GABAérgicas e mGluRs<br />

Alguns estudos propõem funções fisiológicas para os mGluRs em células<br />

amácrinas. Na retina <strong>de</strong> coelho, a ativação dos receptores do grupo II promove a<br />

diminuição <strong>de</strong> respostas seletivas a sentido <strong>de</strong> movimento da luz, pelas quais são<br />

responsáveis as células amácrinas starburst, que liberam GABA e acetilcolina, o que<br />

indica a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses receptores estarem relacionados às funções exercidas<br />

80


por essas células (Jensen, 2006).<br />

Outros trabalhos, realizados em cultura <strong>de</strong> células da retina, mostram que<br />

a ativação <strong>de</strong> receptores do grupo III modula negativamente a liberação <strong>de</strong><br />

acetilcolina <strong>de</strong> células amácrinas. Apesar <strong>de</strong> a ativação somente do grupo I não ter<br />

tido efeito, quando os grupos I e III eram ativados ao mesmo tempo, o efeito <strong>de</strong><br />

diminuição da liberação <strong>de</strong> acetilcolina era bloqueado. A ativação dos receptores do<br />

grupo II diminuía a produção <strong>de</strong> AMPc. Esses dados <strong>de</strong>monstram que,<br />

aparentemente, todos os grupos <strong>de</strong> receptores estão na célula, que suas vias<br />

po<strong>de</strong>m interagir e que eles têm papéis funcionais importantes (Caramelo et al.,<br />

1999).<br />

5.6- mGluRs, glutamato e GABA: neuroproteção ou injúria?<br />

O fato <strong>de</strong> altas concentrações <strong>de</strong> glutamato po<strong>de</strong>rem levar a<br />

excitotoxicida<strong>de</strong> em células neuronais é bastante conhecido e estudado. Isto<br />

ocorreria <strong>de</strong>vido ao aumento <strong>de</strong> cálcio, que causa aumento <strong>de</strong> radicais livres e<br />

ativação <strong>de</strong> vias <strong>de</strong> morte celular (Léveillé et al., 2008).<br />

Já foi visto que a ativação <strong>de</strong> mGluR5 <strong>de</strong> células amácrinas em cultura<br />

causa um aumento do cálcio intracelular, enquanto a ativação concomitante <strong>de</strong><br />

mGluR1 inibe este aumento, o que é bastante interessante, já que os dois<br />

receptores são do mesmo grupo e, teoricamente, se acoplam à mesma via <strong>de</strong><br />

sinalização (Kreimborg et al., 2001). Essa ação protetora <strong>de</strong> mGluR1 parece ser<br />

mediada pela fosforilação da ERK, sendo esta fosforilação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da ativação<br />

<strong>de</strong> Src e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da ativação <strong>de</strong> proteína G (Emery et al., 2010).<br />

81


Em outros sistemas, a ativação dos receptores do grupo I é capaz <strong>de</strong><br />

reduzir a morte celular promovida por tratamento com NMDA (Adamchik e Baskys,<br />

2000). Possivelmente, as ações protetoras promovidas por esses receptores em<br />

outros regiões (Battaglia et al., 2001; Cozzi et al., 2002; Zheng e Johnson, 2003)<br />

po<strong>de</strong>ria estar ocorrendo na retina. Se um excesso <strong>de</strong> glutamato estivesse a ponto <strong>de</strong><br />

causar danos por excesso <strong>de</strong> excitabilida<strong>de</strong>, a liberação <strong>de</strong> GABA po<strong>de</strong>ria atuar<br />

diminuindo a entrada <strong>de</strong> cálcio excessiva e prevenindo a ativação <strong>de</strong> vias celulares<br />

que levariam a estresse oxidativo, injúria e morte <strong>de</strong>ssas células.<br />

Existe outra linha <strong>de</strong> raciocínio para relacionar nossos efeitos a<br />

neuroproteção: a liberação <strong>de</strong> glutamato po<strong>de</strong>ria estar sendo protetora por estar<br />

promovendo a liberação <strong>de</strong> BDNF, uma neurotrofina. Este efeito protetor do<br />

glutamato foi <strong>de</strong>monstrado em células da retina <strong>de</strong> ratos em <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

<strong>de</strong>pendia da ativação <strong>de</strong> receptores NMDA (Rocha et al., 1999). Já foi visto que a<br />

ativação <strong>de</strong> receptores metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato do grupo II aumenta o RNAm<br />

para BDNF no hipocampo (Di Liberto et al., 2010). Sendo assim, a ativação <strong>de</strong>sses<br />

receptores, além <strong>de</strong> estarem contribuindo para o aumento da liberação <strong>de</strong> glutamato<br />

que, através <strong>de</strong> receptores NMDA, po<strong>de</strong>m estar também auxiliando no aumento da<br />

síntese e da liberação <strong>de</strong> BDNF, participando da neuroproteção <strong>de</strong> células retinianas<br />

induzida por glutamato.<br />

Quanto à liberação <strong>de</strong> GABA induzida por glutamato na retina <strong>de</strong> galinha,<br />

também existem relatos <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>ria aumentar a injúria e morte celular. Os<br />

estudos, feitos em embriões <strong>de</strong> 14 a 16 dias, mostram que estímulos que induzem a<br />

liberação <strong>de</strong> GABA por reversão do transportador (adição <strong>de</strong> NMDA ou KA) levam<br />

ao inchaço <strong>de</strong> células amácrinas e <strong>de</strong> células da camada <strong>de</strong> células ganglionares<br />

82


(Zeevalk e Nicklas, 1997). Esse efeito ocorreria <strong>de</strong>vido à entrada <strong>de</strong> cloreto (Cl - ) pelo<br />

próprio receptor ionotrópico <strong>de</strong> GABA, ou outros canais, sendo uma possibilida<strong>de</strong> da<br />

ocorrência <strong>de</strong> excitotoxicida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> cálcio (Chen et al., 1998). Portanto,<br />

apenas com os dados obtidos neste estudo, não po<strong>de</strong>mos afirmar se, além <strong>de</strong><br />

participarem da fisiologia da retina, os receptores metabotrópicos exercem um efeito<br />

protetor ou tóxico.<br />

83


6. CONCLUSÕES<br />

• Em E14, a circuitaria GABAérgica não parece ser modulada por mGluRs;<br />

• Em retinas E16, parece começar a ocorrer uma discreta modulação do<br />

sistema GABAérgico por mGluR, que não é significativa;<br />

• A ativação <strong>de</strong> mGluRI/II/III promove liberação <strong>de</strong> GABA <strong>de</strong> células amácrinas<br />

<strong>de</strong> E18 e PE;<br />

• A estimulação <strong>de</strong> mGluRI/II ou mGluRIII não induz morte celular na retina;<br />

• A liberação <strong>de</strong> GABA por células amácrinas parece ocorrer via reversão do<br />

transportador <strong>de</strong> GABA.<br />

• Os resultados sugerem que a ativação dos mGluRs po<strong>de</strong>ria induzir a uma<br />

liberação <strong>de</strong> glutamato <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> cálcio, que atuaria em receptores<br />

ionotrópicos <strong>de</strong> glutamato, resultando na liberação <strong>de</strong> GABA <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

sódio pelas células amácrinas.<br />

84


7. PERSPECTIVAS<br />

Como não foram <strong>de</strong>scritas muitas informações sobre os receptores<br />

metabotrópicos <strong>de</strong> glutamato do grupo III na retina <strong>de</strong> pinto, durante o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, nossos próximos passos serão estudar a ontogênese dos mGluRs<br />

do grupo III na retina <strong>de</strong> pinto, utilizando imunohistoquímica e Western blot.<br />

Estudaremos, a princípio, os receptores mGluR4 e mGluR6/7, por disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

anticorpo que funciona na retina <strong>de</strong> pinto.<br />

Para o estudo da liberação <strong>de</strong> glutamato mediada por mGluRIII na retina,<br />

precisamos utilizar agonistas específicos para cada tipo <strong>de</strong> receptor.<br />

Investigaremos, ainda, quais são as vias <strong>de</strong> sinalização intracelulares que<br />

estão envolvidas no mecanismo <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong> GABA induzido pela ativação <strong>de</strong><br />

mGluRs e iGluRs na retina.<br />

Além disso, preten<strong>de</strong>mos também fazer estudos <strong>de</strong> localização <strong>de</strong>sses<br />

receptores com receptores ionotrópicos, através <strong>de</strong> dupla marcação por<br />

imunofluorescência. Também existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizarmos ensaios <strong>de</strong><br />

imunoprecipitação, para verificar se existe interação física entre estes receptores.<br />

Ainda, é interessante verificarmos o efeito dos receptores metabotrópicos<br />

sendo protetor ou danoso à retina. Preten<strong>de</strong>mos, para este estudo, utilizar uma<br />

abordagem na qual induzimos morte celular através <strong>de</strong> <strong>de</strong>privação <strong>de</strong> glicose e<br />

oxigênio. Caso a adição <strong>de</strong> antagonistas <strong>de</strong> receptores metabotrópicos promova<br />

algum tipo <strong>de</strong> proteção, teremos indícios <strong>de</strong> que a ativação <strong>de</strong>les contribui para<br />

danos excitotóxicos promovidos pela liberação <strong>de</strong> glutamato e GABA na retina.<br />

85


Os resultados obtidos neste trabalho e as referências consultadas nos<br />

oferecem diversas linhas <strong>de</strong> raciocínio e possibilida<strong>de</strong>s para o prosseguimento <strong>de</strong>ste<br />

projeto. Ainda há muitas perguntas a serem respondidas e muitas controvérsias a<br />

serem explicadas, mas resta a certeza <strong>de</strong> que os receptores metabotrópicos <strong>de</strong><br />

glutamato são importantes para o processamento da luz pela retina, que permanece<br />

aos nossos olhos como uma das estruturas mais complexas e instigantes <strong>de</strong> serem<br />

estudadas.<br />

86


8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ACHER, F. C., SELVAM, C., PIN, J. P., GOUDET, C., BERTRAND, H. O. A<br />

critical pocket close to the glutamate binding site of mGlu receptors opens new<br />

possibilities for agonist <strong>de</strong>sign. Neuropharmacology, v. 60(1), pp. 102-107, 2011.<br />

ALEXANDER, G. M., GODWIN, D. W. Unique presynaptic and postsynaptic roles<br />

of group II metabotropic glutamate receptors in the modulation of thalamic<br />

network activity. Neuroscience, v. 141 (1), pp. 501-513, 2006.<br />

ADAMCHIK, Y., BASKYS, A. Glutamate-mediated neuroprotection against Nmethyl-D-aspartate<br />

toxicity: a role for metabotropic glutamate receptors.<br />

Neuroscience, v. 99 (4), pp. 731-736, 2000.<br />

ANDRADE DA COSTA, B. L., DE MELLO, F. G., HOKOÇ, J. N. Transportermediated<br />

GABA release induced by excitatory amino acid agonist is associated<br />

with GAD-67 but not GAD-65 immunoreactive cells of the primate retina. Brain<br />

Research, v. 863(1-2), pp. 132-142, 2000.<br />

ANJANEYULU, M., BERENT-SPILLSON, A., RUSSEL, J. W. Metabotropic<br />

glutamate receptors and diabetic neuropathy. Current Drugs Targets, v. 9, pp. 85-<br />

93, 2008.<br />

BATTAGLIA, G., BRUNO, V., PISANI, A., CENTONZE, D., CATANIA, M.V.,<br />

CALABRESI, P., NICOLETTI, F. Selective blocka<strong>de</strong> of type-1 metabotropic<br />

glutamate receptors induces neuroprotection by enhancing GABAergic<br />

transmission. Molecular and Cellular Neurosciences, v. 17 (6), pp.1071-83, 2001.<br />

BELOZERTSEVA, I.V., KOS, T., POPIK, P., DANYSZ, W., BESPALOV, A.Y.<br />

Anti<strong>de</strong>pressant-like effects of mGluR1 and mGluR5 antagonists in the rat forced<br />

swim and the mouse tail suspension tests. European neuropsychopharmacology,<br />

v. 17 (3), pp. 172-179, 2007.<br />

BERAUDI, A., BRUNO, V., BATTAGLIA, G., BIAGIONI, F., RAMPELLO, L.,<br />

NICOLETTI, F., POLI, A. Pharmacological activation of mGluR2/3 metabotropic<br />

glutamate receptors protects retinal neurons against anoxic damage in the<br />

goldfish Carassius auratus. Experimental Eye Research, v. 84, pp. 544-552,<br />

2007.<br />

BLOOMFIELD, S. A., XIN, D. Surround inhibition of mammalian AII amacrine cells<br />

is generated in the proximal retina. Journal of Physiology, v. 523 (3), pp. 771-783,<br />

2000.<br />

BORMANN, J. The „ABC‟ of GABA receptors. Trends in Pharmacological<br />

Sciences, v. 21 (1), pp. 16-19, 2000.<br />

87


BRANDSTÄTTER, J. H., KOULEN, P., WÄSSLE, H. Diversity of glutamate<br />

receptors in the mammalian retina. Vision Research, v. 38, pp. 1385-1397, 1998.<br />

BRINGMANN, A., REICHENBACH, A. Role of Müller cells in retinal <strong>de</strong>generation.<br />

Frontiers in Bioscience, v. 6, pp. 72-92, 2001.<br />

BURNASHEV, N., VILLARROEL, A., SAKMANN, B. Dimensions and ion<br />

selectivity of recombinant AMPA and kainate receptor channels and their<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nce on Q/R site residues. Journal of Physiology, v. 496 (1), pp. 165-173,<br />

1995.<br />

CALABRESI, P., MAJ, R., PISANI, A., MERCURI, N. B., BERNARDI, G. Longterm<br />

synaptic <strong>de</strong>pression in the striatum: physiological and pharmacological<br />

characterization. The Journal of Neuroscience, v. 12 (11), pp. 4224-4233, 1992.<br />

CALAZA, K. C., DE MELLO, F. G., GARDINO, P. F. GABA release induced by<br />

aspartate-mediated activation of NMDA receptors is modulated by dopamine in a<br />

selective subpopulation of amacrine cells. Journal of Neurocytology, v. 30 (3), pp.<br />

181-93, 2001.<br />

CALAZA, K. C., DE MELLO, M. C. F., DE MELLO, F. G., GARDINO, P. F. Local<br />

differences in GABA release induced by excitatory amino acids during retina<br />

<strong>de</strong>velopment: selective activation of NMDA receptors by aspartate in the inner<br />

retina. Neurochemical Research, v. 28, pp. 1475-1485, 2003.<br />

CALAZA, K. C., HOKOÇ, J. N., GARDINO, P. F. GABAergic circuitry in the<br />

opossum retina: a GABA release induced by L-aspartate. Experimental Brain<br />

Research, v. 172 (3), pp. 322-330, 2006.<br />

CALAZA, K. C., GARDINO, P. F. Neurochemical phenotype and birthdating of<br />

specific cell populations in the chick retina. Anais da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong><br />

Ciências, v. 82(3), pp. 595-608, 2010.<br />

CAPPUCCIO, I., SPINSANTI, P., PORCELLINI, A., DESIDERATI, F., DE VITA,<br />

T., STORTO, M., CAPOBIANCO, L., BATTAGLIA, G., NICOLETTI, F.,<br />

MECHIORRI, D. Endogenous activation of mGlu5 metabotropic glutamate<br />

receptors supports self-renewal of cultured mouse embryonic stem cells.<br />

Neuropharmacology, v. 49 (1), pp. 196-205, 2005.<br />

CAPPUCCIO, I., VERANI, R., SPINSANTI, P., NICCOLINI, C., GRADINI, R.,<br />

COSTANTINO, S., NICOLETTI, F., MECHIORRI, D. Context-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<br />

regulation of embryonic stem cell differentiation by mGlu4 metabotropic glutamate<br />

receptors. Neuropharmacology, v. 51 (3), pp. 606-611, 2006.<br />

CARAMELO, O. L., SANTOS, P. F., CARVALHO, A. P., DUARTE, C. B.<br />

Metabotropic glutamate receptors modulate [(3)H]acetylcholine release from<br />

88


cultured amacrine-like neurons. Journal of Neuroscience Research, v. 58(4), pp.<br />

505-514, 1999.<br />

CARLSON, N. R. Physiology of Behaviour, 6/e., Allyn and Bacon, 1998.<br />

CARTMELL, J., SCHOEPP, D. D. Regulation of neurotransmitter release by<br />

metabotropic glutamate receptors. Journal of Neurochemistry, v. 75 (3), pp. 889-<br />

907, 2000.<br />

CHÁVEZ, A. E., GRIMES, W. N., DIAMOND, J. S. Mechanisms un<strong>de</strong>rlying lateral<br />

GABAergic feedback onto rod bipolar cells in rat retina. The Journal of<br />

Neuroscience, v. 30(6), pp. 2330-2339, 2010.<br />

CHAVIS, P., SHINOZAKI, H., BOCKAERT, J., FAGNI, L. The metabotropic<br />

glutamate receptor types 2/3 inhibit L-type calcium channels via a pertussis toxinsensitive<br />

G-protein in cultured cerebellar granule cells. The Journal of<br />

Neuroscience, v. 14 (11 pt 2), pp. 7067-7076, 1994.<br />

CHEN, Q., OLNEY, J. W., LUKASIEWICZ, P. D., ALMLI, T., ROMANO, C. Ca2 + -<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt excitotoxic neuro<strong>de</strong>generation in isolated retina, an intact neural net:<br />

a role for Cl - and inhibitory transmitters. Molecular Pharmacology, v. 53, pp. 564-<br />

572, 1998.<br />

CONN, P. J., PIN, J-P. Pharmacology and functions of metabotropic glutamate<br />

receptors. Annual Review of Pharmacology and Toxicology. v. 37, pp. 205-237,<br />

1997.<br />

COZZI, A., MELI, E., CARLÀ, V., PELLICCIARI, R., MORONI, F., PELLEGRINI-<br />

GIAMPIETRO, D. E. Metabotropic glutamate 1 (mGlu1) receptor antagonists<br />

enhance GABAergic neurotransmission: a mechanism for the attenuation of postischemic<br />

injury and epileptiform activity? Neuropharmacology, v. 43(2):119-30,<br />

2002.<br />

DE GRAFF, R. A., PATEL, A. B., ROTHMAN, D. L., BEHAN, K. L. Acute<br />

regulation of steady-state GABA levels following GABA-transaminase inhibition in<br />

rat cerebral cortex. Neurochemistry International, v. 48, pp. 508-514, 2006.<br />

DEPLANO, S., GARGINI, C., MACCARONE, R., CHALUPA, L. M., BISTI, S.<br />

Long-term treatment of the <strong>de</strong>veloping retina with the metabotropic glutamate<br />

agonist APB induces long-term changes in the stratification of retinal ganglion cell<br />

<strong>de</strong>ndrites. Developmental Neuroscience, v. 26(5-6), pp. 396-405, 2004.<br />

DI LIBERTO, V., BONOMO, A., FRINCHI, M., BELLUARDO, N., MUDÒ, G.<br />

Group II metabotropic glutamate receptor activation by agonist LY379268<br />

treatment increases the expression of brain <strong>de</strong>rived neurotrophic factor in the<br />

mouse brain. Neuropharmacology, v. 165(3), pp. 863-873, 2010.<br />

89


DONG, C. J., HARE, W. A. Temporal modulation of scotopic visual signals by A17<br />

amacrine cells in mammalian retina in vivo. Journal of Neurophysiology, v. 89(4),<br />

pp. 2159-2166, 2003.<br />

DOWLING, J. E., BOYCOTT, B. B. Neural connections of the retina: fine<br />

structure of the inner plexiform layer. Cold Spring Harbor Symposia on<br />

Quantitative Biology, v. 30, pp. 393-402, 1965.<br />

DUVOISIN, R. M., MORGANS, C. W., TAYLOR, W. R. The mGluR6 receptors in<br />

the retina: Analysis of a unique G-protein signaling pathway. Cellscience<br />

Reviews, v. 2 (2), pp. 225–243, 2005.<br />

EMERY, A. C., PSHENICHKIN, S., TAKOUDJOU, G. R., GRAJKOWSKA, E.,<br />

WOLFE, B. B., WROBLEWSKI, J. T. The Protective Signaling of Metabotropic<br />

Glutamate Receptor 1 Is Mediated by Sustained, β-Arrestin-1-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt ERK<br />

Phosphorylation. The Journal of Biological Chemistry, v. 285(34), pp. 26041-<br />

26048, 2010.<br />

EULER, T., MASLAND, R. H. J. Light-evoked responses of bipolar cells in a<br />

mammalian retina. Neurophysioly, v. 83(4), pp. 1817-1829, 2000.<br />

FRANCESCONI, A., DUVOISIN, R. M. Role of the second and third intracellular<br />

loops of metabotropic glutamate receptors in mediating dual signal transduction<br />

activation. The Journal of Biological Chemistry, v. 273 (10), pp. 5615-5624, 1998.<br />

GERBER, U., GEE, C. E., BENQUET, P. Metabotropic glutamate receptors:<br />

intracellular signaling pathways. Current Opinion in Pharmacology, v. 7, pp. 56-<br />

61, 2007.<br />

GEREAU, R. W. 4TH, HEINEMANN, S. F. Role of protein kinase C<br />

phosphorylation in rapid <strong>de</strong>sensitization of metabotropic glutamate receptor 5.<br />

Neuron, v. 20 (1), pp.143-151, 1998.<br />

GETHER, U., ANDERSEN, P. H., LARSSON, O. M., SCHOUSBOE, A.<br />

Neurotransmitter transporters: molecular function of important drug targets.<br />

Trends in Pharmacological Sciences, v. 27(7), pp. 375-383, 2006.<br />

GEURTS, J. J. G., WOLSWIJK, G., BÖ, L., VAN DER VALK, P., POLMAN, C. H.,<br />

TROOST, D., ARONICA, E. Altered expression patterns of group I and II<br />

metabotropic glutamate receptors in multiple sclerosis. Brain, v. 126, pp. 1755-<br />

1766, 2003.<br />

GUPTA, D. S., MCCULLUMSMITH, R. E., BENEYTO, M., HAROUTUNIAN, V.,<br />

DAVIS, K. L., MEADOR-WOODR<strong>UFF</strong>, J. H. Metabotropic glutamate receptor<br />

protein expression in the prefrontal cortex and striatum in schizophrenia.<br />

Synapse, v. 57 (3), pp. 123-131, 2005.<br />

90


HACK, I., PEICHL, L., BRANDSTÄTTER, J. H. An alternative pathway for rod<br />

signals in the ro<strong>de</strong>nt retina: Rod photoreceptors, cone bipolar cells, and the<br />

localization of glutamate receptors. Proceedings of the National Aca<strong>de</strong>my of<br />

Sciences of the United States of America (PNAS), v. 96 (24), pp. 14130-14135,<br />

1999.<br />

HERRERO, I., MIRAS-PORTUGAL, M. T., SÁNCHEZ-PRIETO, J. Functional<br />

switch from facilitation to inhibition in the control of glutamate release by<br />

metabotropic glutamate receptors. The Journal of Biological Chemistry, v. 273(4),<br />

pp. 1951-1958, 1998.<br />

HIGGS, M. H., ROMANO, C., LUKASIEWICZ, P. D. Presynaptic effect of group III<br />

metabotropic glutamate receptors on excitatory synaptic transmission in the<br />

retina. Neuroscience, v. 115 (1), pp. 163-172, 2002.<br />

HIRASAWA, H. E., SHIELLS R., YAMADA, M. A Metabotropic glutamate receptor<br />

regulates transmitter release from cone presynaptic terminals in carp retinal<br />

slices. The Journal of General Physiology, v.119 (1), pp. 55-68, 2002.<br />

HOFFPAUIR, B. K., GLEASON, E. L. Activation of mGluR5 modulates GABA(A)<br />

receptor function in retinal amacrine cells. Journal of Neurophysiology, v. 88 (4),<br />

pp. 1766-1776, 2002.<br />

HOLLMANN, M., HEINEMANN, S. Cloned glutamate receptors. Annual Reviews<br />

in Neuroscience, v. 17, pp. 31-108, 1994.<br />

HOLLMANN, M., MARON, C., HEINEMANN, S. N-glycosylation site tagging<br />

suggests a three transmembrane domain topology for the glutamate receptor<br />

GluR1. Neuron, v.13 (6), pp. 1331-1343, 1994.<br />

JENSEN, R. J. Activation of group II metabotropic glutamate receptors reduces<br />

directional selectivity in retinal ganglion cells. Brain Research, v. 1122 (1), pp. 86-<br />

92, 2006.<br />

KANDEL, E. R., SCHWARTZ, J. H., JESSEL, T. M. Principles of Neuroscience,<br />

4/e, McGraw-Hill Companies, 2003.<br />

KOLB, H. How the retina works. American Scientist, v. 91, pp. 28-35, 2003.<br />

KOULEN, P., BRANDSTÄTTER, J. H., ENZ, R., BORMANN, J., WÄSSLE, H.<br />

Synaptic clustering of GABA(C) receptor rho-subunits in the rat retina. European<br />

Journal of Neuroscience, v. 10(1), pp. 115-127, 1998.<br />

KOULEN, P., KUHN, R., WÄSSLE, H., BRANDSTÄTTER, J.H. Modulation of the<br />

intracellular calcium concentration in photoreceptor terminals by a presynaptic<br />

metabotropic glutamate receptor. Proceedings of the National Aca<strong>de</strong>my of<br />

91


Sciences of the United States of America (PNAS), v. 96, pp. 9909-9914, 1999.<br />

KREIMBORG, K. M., LESTER, M. L., MEDLER, K. F., GLEASON, E. L. Group I<br />

metabotropic glutamate receptors are expressed in the chicken retina and by<br />

cultured retinal amacrine cells. Journal of Neurochemistry, v. 77 (2), pp. 452-465,<br />

2001.<br />

KRNJEVIĆ, K. When and why amino acids? The Journal of Physiology, v. 588(Pt<br />

1), pp. 33-44, 2010.<br />

LAFON-CAZAL, M., VIENNOIS, G., KUHN, R., MALITSCHEK, B., PIN, J. P.,<br />

SHIGEMOTO, R., BOCKAERT, J. mGluR7-like receptor and GABA(B) receptor<br />

activation enhance neurotoxic effects of N-methyl-D-aspartate in cultured mouse<br />

striatal GABAergic neurones. Neuropharmacology, v. 38(10), pp. 1631-1640,<br />

1999.<br />

LAGNADO, L. Visual signals in the retina: from photons to synapses.<br />

Experimental Physiology, v. 85 (1), pp. 1-16, 2000.<br />

LAN, J., SKEBERDIS, V. A., JOVER, T., ZHENG, X., BENNETT, M. V. L., ZUKIN,<br />

R. S. Activation of Metabotropic Glutamate Receptor 1 Accelerates NMDA<br />

Receptor Trafficking. The Journal of Neuroscience, v. 21 (16), pp. 6058-6068,<br />

2001.<br />

LANG, B., ZHAO, L., CAI, L., MCKIE, L., FORRESTER, J. V., MCCAIG, C. D.,<br />

JACKSON, I. J., SHEN, S. GABAergic amacrine cells and visual function are<br />

reduced in PAC1 transgenic mice. Neuropharmacology, v. 58 (1), pp. 215-225,<br />

2010.<br />

LÉVEILLÉ, F., EL GAAMOUCH, F., GOUIX, E., LECOCQ, M., LOBNER, D.,<br />

NICOLE, O., BUISSON, A. Neuronal viability is controlled by a functional relation<br />

between synaptic and extrasynaptic NMDA receptors. The FASEB Journal, v. 22<br />

(12), pp. 4258-4271, 2008.<br />

LIGUZ-LECZNAR, M., SKANGIEL-KRAMSKA, J. Vesicular glutamate<br />

transporters (VGLUTs): The three musketeers of glutamatergic system. Acta<br />

Neurobiologiae Experimentalis, v. 67, pp. 207-218, 2007.<br />

LIU, Y. B., DISTERHOFT, J. F., SLATER, N. T. Activation of metabotropic<br />

glutamate receptors induces long-term <strong>de</strong>pression of GABAergic inhibition in<br />

hippocampus. Journal of Neurophysiology, v. 69 (3), pp.1000-1004, 1993.<br />

LIU, B., LIAO, M., MIELKE, J. G., NING, K., CHEN, Y., LI, L., EL-HAYEK, Y. H.,<br />

GOMEZ, E., ZUKIN, E. S., FEHLINGS, M. G., WAN, Q. Ischemic insults direct<br />

glutamate receptor subunit 2-lacking AMPA receptors to synaptic sites. The<br />

Journal of Neuroscience, v. 26 (20), pp. 5309-5319, 2006.<br />

92


MAGGESISSI, R. S., GARDINO, P. F., GUIMARÃES-SOUZA, E. M., PAES-DE-<br />

CARVALHO, R., SILVA, R. B., CALAZA, K. C. Modulation of GABA release by<br />

nitric oxi<strong>de</strong> in the chick retina: different effects of nitric oxi<strong>de</strong> <strong>de</strong>pending on the cell<br />

population. Vision Research, v. 49(20), pp. 2494-2502, 2009.<br />

MAKAREWICZ, D., DUSZCZYK, M., GADAMSKI, R., DANYSZ, W.,<br />

LAZAREWICZ, J. W. Neuroprotective potential of group I metabotropic glutamate<br />

receptor antagonists in two ischemic mo<strong>de</strong>ls. Neurochemistry International, v. 48<br />

(6-7), pp. 485-490, 2006.<br />

MANOOKIN, M. B., BEAUDOIN, D. L., ERNST, Z. R., FLAGEL, L. J., DEMB, J. B.<br />

Dishinibition combines with excitation to extend the operating range of the OFF<br />

visual pathway in daylight. The Journal of Neuroscience, v. 28 (16), pp.4136-<br />

4150, 2008.<br />

MARTÍN, R., DURROUX, T., CIRUELA, F., TORRES, M., PIN, J. P., SÁNCHEZ-<br />

PRIETO, J. The metabotropic glutamate receptor mGlu7 activates phospholipase<br />

C, translocates munc-13-1 protein, and potentiates glutamate release at<br />

cerebrocortical nerve terminals. The Journal of Biological Chemistry, v. 285(33),<br />

pp. 17907-17917, 2010.<br />

MARTINS, R. A. B., PEARSON, R. A. Control of cell proliferation by<br />

neurotransmitters in the <strong>de</strong>veloping vertebrate retina. Brain Research, v. 4, pp.<br />

37-60, 2007.<br />

MASU, M., IWAKABE, H., TAGAWA, Y., MIYOSHI, T., YAMASHITA, M.,<br />

FUKUDA, Y., SASAKI, H., HIROI, K., NAKAMURA, Y., SHIGEMOTO, R.,<br />

TAKADA, M., NAKAMURA, K., NAKAO, K., KATSUKI, M., NAKANISHI, S.<br />

Specific <strong>de</strong>ficit of the ON response in visual transmission by targeted disruption of<br />

the mGluR6 gene. Cell, v. 80, pp. 757-765, 1995.<br />

MCKENNA, M. The glutamate-glutamine cycle is not stoichiometric: fates of<br />

glutamate in the brain. Journal of Neuroscience Research, v. 85, pp. 3347-3358,<br />

2007.<br />

MCINTIRE, S. L., REIMER, R. J., SCHUSKE, K., EDWARDS, R. H.,<br />

JORGENSEN, E.M. I<strong>de</strong>ntification and characterization of the vesicular GABA<br />

transporter. Nature, v. 389(6653), pp. 870-876, 1997.<br />

MONNERIE, H., LE ROUX, P. D. Glutamate alteration of glutamic acid<br />

<strong>de</strong>carboxylase (GAD) in GABAergic neurons: The role of cysteine proteases.<br />

Experimental Neurology, v. 213, pp. 145-153, 2008.<br />

MORGANS, C. W., ZHANG, J., JEFFREY, B. G., NELSON, S. M., BURKE, N. S.,<br />

DUVOISIN, R. M., BROWN, R.L. TRPM1 is required for the <strong>de</strong>polarizing light<br />

response in retinal ON-bipolar cells. Proceedings of the National Aca<strong>de</strong>my of<br />

93


Sciences of the United States of America, v. 106(45), pp. 19174-19178, 2009.<br />

NAWY, S. The metabotropic receptor mGluR6 may signal through G(o), but not<br />

phosphodiesterase, in retinal bipolar cells. The Journal of Neuroscience, v. 19,<br />

pp. 2938-2944, 1999.<br />

NEAL, S. A., SALT, T. E. Modulation of GABAergic inhibition in the rat superior<br />

colliculus by a presynaptic group II metabotropic glutamate receptor. The Journal<br />

of Physiology, v. 577(2), pp. 659-669, 2006.<br />

NEGRETE-DÍAZ, J. V., SIHRA, T. S., DELGADO-GARCIA, J. M., RODRÍGREZ-<br />

MORENO, A. Kainate receptor-mediated presynaptic inhibition converges with<br />

presynaptic inhibition mediated by group II mGluRs and long-term <strong>de</strong>pression at<br />

the hippocampal mossy fiber-CA3 synapse. Journal of Neural Transmission, v.<br />

114(11), pp. 1425-1431, 2007.<br />

NEWMAN, E. A. Glial modulation of synaptic transmission in the retina. Glia, v.<br />

47(3), pp. 268-274, 2004.<br />

NICOLETTI, F., BRUNO, V., CATANIA, M. V., BATTAGLIA, G., COPANI, A.,<br />

BARBAGALLO, G., CEÑA, V., SANCHEZ-PRIETO, J., SPANO, P. F., PIZZI, M.<br />

Group-I metabotropic glutamate receptors: hypotheses to explain their dual role in<br />

neurotoxicity and neuroprotection. Neuropharmacology, v. 38(10), pp. 1477-1484,<br />

1999.<br />

OHNUMA, T., AUGOOD, S. J., ARAI, H., MCKENNA, P. J., EMSON, P. C.<br />

Expression of the human excitatory amino acid transporter 2 and metabotropic<br />

glutamate receptors 3 and 5 in the prefrontal cortex from normal individuals and<br />

patients with schizophrenia. Brain Research. Molecular Brain Research, v. 56(1-<br />

2), pp. 207-217, 1998.<br />

OLIVEIRA, J. F., KRÜGEL, U., KÖLES, L., ILLES, P., WIRKNER, K. Blocka<strong>de</strong> of<br />

glutamate transporters leads to potentiation of NMDA receptor current in layer V<br />

pyramidal neurons of the rat prefrontal cortex via group II metabotropic glutamate<br />

receptor activation. Neuropharmacology, v. 55, pp. 447-453, 2008.<br />

ÖZKAN, E. D., UEDA, T. Glutamate transport and storage in synaptic vesicles.<br />

Japanese Journal of Pharmacology, v. 77, pp. 1-10, 1998.<br />

PALMADA, M., CENTELLES, J. J. Excitatory amino acid neurotransmission.<br />

Pathways for metabolism, storage, and reuptake of glutamate in brain. Frontiers<br />

in Bioscience, v. 3, pp. 701-718, 1998.<br />

PELLEGRINI-GIAMPIETRO, D. E., PERUGINELLI, F., MELI, E., COZZI, A.,<br />

ALBANI-TORREGROSSA, S., PELLICCIARI, R., MORONI, F. Protection with<br />

metabotropic glutamate 1 receptor antagonists in mo<strong>de</strong>ls of ischemic neuronal<br />

94


<strong>de</strong>ath: time-course and mechanisms. Neuropharmacology v. 38, pp. 1607–1619,<br />

1999.<br />

PERROY, J., RAYNAUD, F., HOMBURGUER, V., ROUSSET, M-C., TELLEY, L.,<br />

BOCKAERT, J., FAGNI, L. Direct interaction enables cross-talk between<br />

ionotropic and group I metabotropic glutamate receptors. Journal of Biological<br />

Chemistry, v. 283(11), pp. 6799-6805, 2008.<br />

PIN, J-P., BOCKAERT, J. L. Get receptive to metabotropic glutamate receptors.<br />

Current Opinion in Neurobiology, v. 5, pp. 342-349, 1995.<br />

PINHEIRO, P., MULLE, C. Kainate receptors. Cell Tissue Research, v. 326, pp.<br />

457-482, 2006.<br />

PRADA, C., PUGA, J., PÉREZ-MENDÉZ, L., LOPÉZ, R., RAMÍREZ, G. Spatial<br />

and temporal patterns of neurogenesis in the chick retina. European Journal of<br />

Neuroscience, v. 3(6), pp. 559-569, 1991.<br />

QURAISHI, S., GAYET, J., MORGANS, C. W., DUVOISIN, R. M. Distribution of<br />

group-III metabotropic glutamate receptors in the retina. The Journal of<br />

Comparative Neurobiology, v. 501, pp. 931-943, 2007.<br />

QURAISHI, S., REED, B. T., DUVOISIN, R. M., TAYLOR, W. R. Selective<br />

activation of mGluR8 receptors modulates retinal ganglion cell light responses.<br />

Neuroscience, v. 166(3), pp. 935-941, 2010.<br />

RENAUD, J. EMOND, M., MEILLEUR, S., PSARROPOULOU, C., CARMANT, L.<br />

AIDA, a class I metabotropic glutamate-receptor antagonist limits kainate-induced<br />

hippocampal dysfunction. Epilepsia, v. 43(11), pp. 1306-1317, 2002.<br />

ROCHA, M., MARTINS, R. A. P., LINDEN, R. Activation of NMDA receptors<br />

protects against glutamate neurotoxicity in the retina: evi<strong>de</strong>nce for the<br />

involvement of neurotrophins. Brain Research, v. 827(1-2), pp. 79-92, 1999.<br />

RODIECK, R. W. The first steps in seeing, 1/e, Sinauer Associates, 1998.<br />

RONESI, J. A., HUBER, K. M. Homer interactions are necessary for metabotropic<br />

glutamate receptor-induced long-term <strong>de</strong>pression and translational activation. The<br />

Journal of Neuroscience, v. 28(2), pp. 543-547, 2008.<br />

ROSE, M., DÜTTING, E., ENZ, R. Band 4.1 proteins are expressed in the retina<br />

and interact with both isoforms of metabotropic glutamate receptor type 8. Journal<br />

of Neurochemistry, v. 105, pp. 2375-2387, 2008.<br />

SAMPAIO, L. F., PAES-DE-CARVALHO, R. Developmental regulation of group III<br />

metabotropic glutamate receptors modulating a<strong>de</strong>nylate cyclase activity in the<br />

avian retina. Neurochemistry International, v. 33 (4), pp. 367-374, 1998.<br />

95


SCHWARTZ, E. A. Transporter-mediated synapses in the retina. Physiological<br />

Reviews, v. 82 (4), pp. 875-891, 2002.<br />

SEEBAHN, A., ROSE, M., ENZ, R. RanBPM is expressed in synaptic layers of<br />

the mammalian retina and binds to metabotropic glutamate receptors. FEBS<br />

Letters, v. 582, pp. 2453-2457, 2008.<br />

SEN, M., GLEASON, E. Immunolocalization of metabotropic glutamate receptors<br />

1 and 5 in the synaptic layers of the chicken retina. Visual Neuroscience. v. 23<br />

(2), pp. 221-231, 2006.<br />

SINGER, J. H., DIAMOND, J. S. Vesicle <strong>de</strong>pletion and synaptic <strong>de</strong>pression at a<br />

mammalian ribbon synapse. Journal of Neurophysiology, v. 95(5), pp. 3191-3198,<br />

2006.<br />

SPINSANTI, P., DE VITA, T., DI CASTRO, S., STORTO, M., FORMISANO, P.,<br />

NICOLETTI, F., MELCHIORRI, D. Endogenously activated mGlu5 metabotropic<br />

glutamate receptors sustain the increase in c-Myc expression induced by<br />

leukaemia inhibitory factor in cultured mouse embryonic stem cells. Journal of<br />

Neurochemistry, v. 99(1), pp. 299-307, 2006.<br />

SPOOREN, W. P. J. M., GASPARINI, F., SALT, T. E., KUHN, R. Novel allosteric<br />

antagonists shed light on mGlu5 receptors and CNS disor<strong>de</strong>rs. Trends in<br />

Pharmacological Sciences, v. 22 (7), pp. 331-337, 2001.<br />

STECKLER, T., OLIVEIRA, A. F., VAN DYCK, C., VAN CRAENENDONCK, H.,<br />

MATEUS, A. M., LANGLOIS, X., LESAGE, A. S., PRICKAERTS, J. Metabotropic<br />

glutamate receptor 1 blocka<strong>de</strong> impairs acquisition and retention in a spatial Water<br />

maze task. Behavioural Brain Research, v. 164 (1), pp. 52-60, 2005.<br />

STEPHENSON, F. A. Structure and trafficking of NMDA and GABAA receptors.<br />

Biochemical Society Transactions, v. 34 (5), pp. 877-881, 2006.<br />

STERLING, P., LAMPSON, L. A. J. Molecular specificity of <strong>de</strong>fined types of<br />

amacrine synapse in cat retina. Neuroscience, v. 6(5), pp. 1314-1324, 1986.<br />

TAKAO, M., MORIGIWA, K., SASAKI, H., MIYOSHI, T., SHIMA, T., NAKANISHI,<br />

S., NAGAI, K., FUKUDA, Y. Impaired behavioral suppression by light in<br />

metabotropic glutamate receptor subtype 6-<strong>de</strong>ficient mice. Neuroscience, v. 97<br />

(4), pp. 779-789, 2000.<br />

TAKEUCHI, A. The transmitter role of glutamate in nervous systems. Japanese<br />

Journal of Physiology, v. 37, pp. 559-572, 1987.<br />

THORESON, W. B., WITKOVSY, P. Glutamate receptors and circuits in the<br />

vertebrate retina. Progress in Retinal and Eye Research, v. 18 (6), pp. 765-810,<br />

96


1999.<br />

TIAN, Y., LIU, Y., CHEN, X., KANG, Q., ZHANG, J., SHI, Q., ZHANG, H. AMN082<br />

promotes the proliferation and differentiation of neural progenitor cells with<br />

influence on phosphorylation of MAPK signaling pathways. Neurochemistry<br />

International, v. 57 (1), pp. 8-15, 2010.<br />

TU, J. C., XIAO, B., NAISBITT, S., YUAN, J. P., PETRALIA, P. B., BRAKEMAN,<br />

P., DOAN, A., AAKALU, V. K., LANAHAN, A. A., SHENG, M., WORLEY, P. F.<br />

Coupling of mGluR/Homer and PSD-95 complexes by the Shank Family of<br />

Postsynaptic Density Proteins. Neuron, v. 23, pp. 583-592, 1999.<br />

VERNON, A. C., ZBARSKY, V., DATLA, K. P., DEXTER, D. T., CROUCHER, M.<br />

J. Selective activation of group III metabotropic glutamate receptors by L-(+)-2amino-4-phosphonobutryic<br />

acid protects the nigrostriatal system against 6hydroxydopamine<br />

toxicity in vivo. The Journal Pharmacology and Experimental<br />

Therapeutics, v. 320, pp. 397-409, 2007.<br />

WAHLIN, K. J., MOREIRA, E. F., HUANG, H., YU, N., ADLER, R. Molecular<br />

dynamics of photoreceptor synapse formation in the <strong>de</strong>veloping chick retina. The<br />

Journal of Comparative Neurology, v. 506(5), pp. 822-837, 2008.<br />

WANG, G. Y., VAN DER LIST, D. A., NEMARGUT, J. P., COOMBS, J. L.,<br />

CHALUPA, L. M. The sensitivity of light-evoked responses of retinal ganglion cells<br />

is <strong>de</strong>creased in nitric oxi<strong>de</strong> synthase gene knockout mice. Journal of Vision, v.<br />

7(14), pp. 1-13, 2007.<br />

WIERONSKA, J. M., SZEWCZYK, B., PALUCHA, A., BRANSKI, P., ZIEBA, B.,<br />

SMIALOWSKA, M. Anxiolytic action of group II and III metabotropic glutamate<br />

receptors agonists involves neuropepti<strong>de</strong> Y in the amygdala. Pharmacological<br />

reports, v. 57 (6), pp. 734-743, 2005.<br />

WONG, R. K., BIANCHI, R., CHUANG, S. C., MERLIN, L. R. Group I mGluRinduced<br />

epileptogenesis: distinct and overlapping roles of mGluR1 and mGluR5<br />

and implications for antiepileptic drug <strong>de</strong>sign. Epilepsy currents, v. 5 (2), pp. 63-<br />

68, 2005.<br />

YAZULLA, S. GABAergic mechanisms in the retina. In: Osborne, N.N., Cha<strong>de</strong>r,<br />

G.J. (Eds.), Progress in Retinal Research, vol. 5. Pergamon, Oxford, pp. 1-52,<br />

1986.<br />

YOSHIDA, K., IMAKI, J., OKAMOTO, Y., IWAKABE, H., FUJISAWA, H.,<br />

MATSUDA, A., NAKANISI, S., MATSUDA, H., HAGIWARA, M. CREB-induced<br />

transcriptional activation <strong>de</strong>pends on mGluR6 in rod bipolar cells. Molecular Brain<br />

Research, v. 57(2), pp. 241-247, 1998.<br />

97


ZEEVALK, G. D., NICKLAS, W. J. Activity at the GABA transporter contributes to<br />

acute cellular swelling produced by metabolic impairment in retina. Vision<br />

Research, v. 37(24), pp. 3463-3470, 1997.<br />

ZHENG, F. JOHNSON, S. W. Dual modulation of GABAergic transmission by<br />

metabotropic glutamate receptors in rat ventral tegmental area. Neuroscience, v.<br />

119(2), pp. 453-460, 2003.<br />

98

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!