Prosa - Academia Brasileira de Letras
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“Do Parnasianismo tirou alguns acor<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua lira. Depois, verificando<br />
que a forma <strong>de</strong>masiadamente caprichada aprisionava a inspiração, a um tanto<br />
que comprometia a sensibilida<strong>de</strong> dos versos, fugiu. Vibrou o Simbolismo<br />
e achou que a fuga não era necessariamente o bom, o ótimo, para quem<br />
<strong>de</strong>sejava cantar as coisas que via, <strong>de</strong>screver as que notava, dissertar sobre as<br />
que sentia. Voltou-se para um realismo/naturalismo. Mas um realismo filtrado,<br />
condicionado à sua sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> artista cuidadoso, como bem nos<br />
<strong>de</strong>monstra em Zodíaco.”<br />
Para formar a trinda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouro das primícias poéticas do Piauí, alteia-se Jonas<br />
da Silva (1880-1947), um dos mestres brasileiros do soneto.<br />
Ele figura no portentoso e indispensável Movimento Simbolista Brasileiro,<br />
<strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Muricy, com seus companheiros <strong>de</strong> trinda<strong>de</strong> aurífera, Félix Pacheco<br />
e Da Costa e Silva. Muricy havia <strong>de</strong> lembrar que “Jonas da Silva é brilhante, e<br />
<strong>de</strong> recursos variados <strong>de</strong> cor e <strong>de</strong> timbre. A influência <strong>de</strong> B. Lopes anterior ao<br />
Val <strong>de</strong> Lírios é evi<strong>de</strong>nte”. Seu livro <strong>de</strong> estréia, Ânfora, foi prefaciado por B. Lopes,<br />
numa espécie <strong>de</strong> carta-<strong>de</strong>poimento, com elogios ao jovem vate e “com a<br />
auto-reconhecida influência”. A libertação em relação à influência <strong>de</strong> seu mestre<br />
suce<strong>de</strong> no segundo livro <strong>de</strong> Jonas da Silva, Ulanos, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolve toda a<br />
mestria em compor versos alexandrinos. Em seu terceiro livro, Czardas (1923),<br />
homenageia o seu mestre, o hoje esquecido B. Lopes.<br />
O mestre<br />
Assis Brasil<br />
Bato um dia, cansado, à porta da oficina,<br />
No Pont-Vieux, em Florença, uma tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> Maio:<br />
Cinzelando, escandindo uma obra ou um ensaio<br />
Vi B. Lopes, Celini e Bilac e Bartrina.<br />
Havia em torno a unção da Capela Sistina.<br />
Cruz e Sousa, orgulhoso, olhou-me <strong>de</strong> soslaio;<br />
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