RESENHA ECONÔMICA - Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas

projeto. "O que fazer com as pessoas de
grandes projetos, que desconhecem os
verdadeiros beneficiados?" finaliza Aziz com
seu questionamento crítico aos estudantes.
COMENTÁRIO - PET
O nordeste brasileiro foi durante um
longo período da história do Brasil o centro
econômico e dinâmico do país. No entanto,
passado sua época de auge, o nordeste se
tornou uma região com baixo dinamismo
econômico. Este fato, atrelado à insuficiência
de recursos naturais e calamidades climáticas
caracterizam o nordeste como “área -
problema”.
A questão nordestina foi intensamente
abordada nos estudos de Celso Furtado, que
defendia fielmente a intervenção
governamental como uma maneira de atenuar
os problemas pelos quais passava a região.
Os estudos de Furtado foram
realizados em 1967, mas ainda hoje a
população nordestina sofre na região semiárida
mais povoada do mundo, onde bolsões
de miséria persistem e a falta de recursos
hídricos é um problema crônico.
Não obstante, desde o fim do império,
é pensado um projeto com a ambição de
diminuir, ou quem sabe até eliminar os
persistentes bolsões de miséria e a falta de
recursos hídricos. Esse projeto, denominado
de Transposição do Rio São Francisco, foi
recentemente aperfeiçoado pelo governo Lula
numa tentativa de atenuar a dívida histórica e
o descaso político-social que o nordeste
sempre sofreu.
Transposição é o ato ou efeito de
transpor, de levar algo de um lugar para o
outro. Neste caso específico, a transposição
consistiria em levar as águas do Rio São
Francisco para as bacias hidrográficas do
Nordeste, que por suas vezes se beneficiariam
com a perenidade deste rio, uma vez que suas
bacias são constituídas por rios intermitentes.
Isso significa que no período de chuvas estes
rios são caudalosos e no período da seca
extinguem-se quase por completo. Essa
intermitência não ocorre com o “Velho
Chico”, então, a água transposta poderia ter
seu uso multiplicado, tais como o consumo
humano e animal, irrigação, geração de
energia, dentre outros.
O planejamento feito pelo Ministério
afirma que o projeto será concluído até 2015 e
prevê o beneficiamento de 12 milhões de
pessoas com o custo de 4,5 bilhões de reais
para os cofres públicos.
Ao se observar mais uma tentativa de
intervenção governamental na região
nordeste, o debate em torno da eficiência de
políticas públicas realizadas em prol dos
nordestinos ao longo dos anos toma novo
fôlego.
O Projeto de Transposição do Rio São
Francisco é apenas mais uma medida paliativa
elaborada pelo governo, pois apesar de
despender uma verba vultosa para elaboração
da obra, o governo não se dispõe a fornecer à
população instrumentos que capacitem a
formação de uma economia produtiva e
sustentável.
Utilizando-se desse projeto e da crença
disseminada no início do século passado por
padre Cícero que dizia: “O sertão vai virar
mar”, o governo permanece alimentando nos
nordestinos a esperança e a fé, de que a seca e
a miséria de sua gente acabará e o
desenvolvimento econômico emergirá na
região, a mesma
Assim, esse povo, relevante aos olhos
do governo apenas como massa eleitoreira,
permanece dependente da boa vontade dos
políticos, marcado pela concentração de renda
e sujeito à perpetuação de sua grande miséria.
Camilla dos Santos Nogueira
Daniel Pereira Sampaio
Resenha Econômica é uma publicação do Programa de
Educação Tutorial - PET/SESU - do Curso de Ciências
Econômicas, com resumos de comentários ou notícias
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