Responsabilidade Social em Pequenas e Médias Empresas - Anpad
Responsabilidade Social em Pequenas e Médias Empresas - Anpad
Responsabilidade Social em Pequenas e Médias Empresas - Anpad
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong> <strong>em</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>: Uma Análise a Luz da Teoria dos<br />
Stakeholders<br />
Autoria: José Edson Moyses Filho, Andrea Leite Rodrigues<br />
Resumo: O Programa Tear foi uma iniciativa conjunta do Instituto Ethos e do BID, cujo objetivo<br />
era mobilizar grandes <strong>em</strong>presas (ou âncoras) no sentido de viabilizar PME fornecedoras a<br />
conhecer<strong>em</strong> e adotar<strong>em</strong> práticas de gestão socialmente responsáveis. Acompanhamos três ancoras e<br />
seis PME com o objetivo de descobrir como as âncoras influenciaram as PME fornecedoras, como<br />
se deu o processo de trabalho entre âncora, PME e Instituto Ethos e quais os resultados alcançados<br />
<strong>em</strong> termos de adoção de práticas de responsabilidade social <strong>em</strong>presarial (RSE) nas PME.<br />
Utilizamos o estudo de caso qualitativo, tendo a teoria dos stakeholders como arcabouço teórico<br />
básico para coleta de dados, análise, discussão e conclusão. Os resultados estão de acordo com o<br />
colocado por Vogel (2005), segundo o qual a adoção de práticas de gestão socialmente<br />
responsáveis, raramente gera impactos na performance econômica dos negócios ou nas<br />
oportunidades de mercado para as <strong>em</strong>presas. Outrossim, iniciativas como esta modificam as<br />
relações sociais internas nas organizações, diss<strong>em</strong>inam novos comportamentos e geram ações<br />
pontuais e restritas nos processos de produção e gestão. A influência dos stakeholders acentua a<br />
importância e acelera a adoção das práticas de RSE, mas não é suficiente para garantir incr<strong>em</strong>ento<br />
na performance e aumento na competitividade e nas oportunidades de mercado, como foi colocado<br />
inicialmente às PME pelos organizadores do Programa Tear.<br />
1. Introdução<br />
Jeffrey Harrison e Edward Fre<strong>em</strong>an escreveram no texto de abertura do Acad<strong>em</strong>y of<br />
Manag<strong>em</strong>ent Journal Special Forum on Stakeholders, <strong>Social</strong> Responsability and Performance que o<br />
fato de ter-se cada vez maior sensibilidade às questões éticas envolvidas nos negócios, juntamente<br />
com o aumento da competição e a atuação contundente da mídia, gera um cenário bastante difícil para<br />
qualquer gestor organizacional. Por um lado, gestores estão comprometidos com interesses de<br />
acionistas e proprietários, o que lhes rege para definir estratégias de competitividade do negócio na<br />
indústria. Por outro, várias destas estratégias pod<strong>em</strong> ter conseqüências ruins para outros públicos<br />
parceiros ou relevantes (stakeholders), considerando o amplo espectro de organizações e indivíduos<br />
que também têm interesses e direitos a partir das operações desta mesma <strong>em</strong>presa, ainda que não<br />
sejam dela proprietários. A gestão voltada para stakeholders (ou stakeholder manag<strong>em</strong>ent, no original<br />
<strong>em</strong> inglês) poderia constituir, antes de tudo, uma alternativa que encarasse a <strong>em</strong>presa como um<br />
conjunto de contratos entre vários públicos, cada um com interesses próprios e n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre<br />
harmonizáveis. Gerenciar interesses conflitantes entre stakeholders poderia, portanto, ser considerada<br />
a primeira e mais difícil tarefa de um gestor organizacional (HARRISON e FREEMAN, 1999).<br />
Esta forma de pensar a gestão como conflitos entre interesses impulsionou a aceitação da<br />
Teoria dos Stakeholders como perspectiva teórica relevante para a análise dos dil<strong>em</strong>as éticos <strong>em</strong><br />
gestão, uma vez que trata de impactos que a atividade <strong>em</strong>presarial gera a uma gama de públicos<br />
relevantes envolvidos com as organizações e não apenas aos acionistas ou proprietários (Fre<strong>em</strong>anN,<br />
1984). Não é à toa que se tornou uma teoria bastante utilizada <strong>em</strong> trabalhos envolvendo<br />
responsabilidade social corporativa, ética <strong>em</strong> negócios, entre outros t<strong>em</strong>as inseridos no campo dos<br />
estudos sobre as relações entre <strong>em</strong>presas e sociedade (DONALDSON e PRESTON, 1995; JONES,<br />
1995). Ao definir responsabilidade social <strong>em</strong>presarial, Jones já havia considerado que<br />
a noção de que as <strong>em</strong>presas têm uma obrigação com grupos constituídos na sociedade<br />
que não sejam [apenas] os acionistas e para além dos prescritos <strong>em</strong> lei ou contrato<br />
1
sindical, indicando que um interesse (stake) pode ir além do que a mera propriedade<br />
(Jones 1980, p. 59-60).<br />
Há, porém, quantidade reduzida de trabalhos que abordam a gestão voltada para<br />
stakeholders no âmbito das pequenas e/ou médias <strong>em</strong>presas (PME). Menos ainda, que tratam dos<br />
desafios e dil<strong>em</strong>as da responsabilidade social <strong>em</strong>presarial <strong>em</strong> PME considerando a influência de<br />
stakeholders externos. Este trabalho se insere nos estudos sobre responsabilidade social<br />
<strong>em</strong>presarial, com vistas a entender como ela acontece (ou não!) no âmbito de <strong>em</strong>presas de porte<br />
reduzido a partir da influência de públicos relevantes externos. Utilizamos como arcabouço teórico<br />
de análise a Teoria dos Stakeholders e como estratégia de pesquisa três estudos de caso, composto<br />
cada caso da análise das relações entre uma grande <strong>em</strong>presa (âncora) m<strong>em</strong>bro do Instituto Ethos e<br />
dois de seus fornecedores considerados <strong>em</strong>presas pequenas ou médias, totalizando nove <strong>em</strong>presas<br />
estudadas. O propósito dos estudos dos casos foi analisar como as âncoras influenciaram seus<br />
fornecedores <strong>em</strong> prol da adoção de práticas de gestão socialmente responsáveis. Trata-se de<br />
pesquisa qualitativa e exploratória cujo objetivo foi descobrir quais os desafios, barreiras ou acessos<br />
para uma PME adotar práticas de responsabilidade social e como uma grande <strong>em</strong>presa cliente pode<br />
contribuir neste processo.<br />
Os três estudos de caso foram escolhidos a partir do Programa Tear – Tecendo Redes<br />
Sustentáveis, desenvolvido pelo Instituto Ethos com o apoio do Banco Interamericano de<br />
Desenvolvimento (BID). O Programa nasceu <strong>em</strong> 2005, com o objetivo de atingir pequenas e<br />
médias <strong>em</strong>presas com o auxílio de <strong>em</strong>presas âncoras, que possuíss<strong>em</strong> ascensão sobre as PME <strong>em</strong><br />
suas cadeias de suprimentos. O estudo que aqui apresentamos pretendeu investigar qual o papel de<br />
três <strong>em</strong>presas âncoras como stakeholders de seis PME para auxiliá-las a adotar<strong>em</strong> práticas de<br />
gestão socialmente responsáveis, com apoio do Instituto Ethos. A lógica do Programa Tear residiu<br />
<strong>em</strong> fazer com que grandes <strong>em</strong>presas – ou âncoras – influenciass<strong>em</strong> fornecedores com perfil de PME<br />
estimulando-as a aderir a práticas de gestão referenciadas nos Indicadores Ethos de<br />
<strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong>. O Programa Tear terminou <strong>em</strong> 2008 e envolveu nove <strong>em</strong>presas âncoras e<br />
cento e oito PME <strong>em</strong> todo Brasil.<br />
1. <strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong> Corporativa <strong>em</strong> PME: Abordag<strong>em</strong> pela Teoria dos<br />
Stakeholders<br />
Ainda que o estudo sobre probl<strong>em</strong>as sociais seja algo antigo, apenas recent<strong>em</strong>ente eles se<br />
tornaram de forma efetiva um t<strong>em</strong>a relevante na literatura sobre negócios e gestão <strong>em</strong>presarial. Nas<br />
últimas três décadas houve aumento significativo na quantidade de trabalhos voltados a relação<br />
entre <strong>em</strong>presas e sociedade; abundam idéias e debates sobre o papel social cabido às organizações<br />
economicamente ativas, considerando os impactos que suas operações geram à sociedade, tais como<br />
danos ao meio ambiente, tratamento impróprio a trabalhadores, consumo irresponsável, entre outras<br />
questões importantes que se colocam sob o que se chama na América de <strong>Social</strong> Issues in<br />
Manag<strong>em</strong>ent (ver a definição desta Divisão na Acad<strong>em</strong>y of Manag<strong>em</strong>ent).<br />
Em um artigo no início da década de 1990, Thompson e Smith (1991) já chamavam a<br />
atenção para o fato de que mesmo havendo crescente quantidade e interesse por estudos sobre o<br />
impacto da responsabilidade social corporativa na performance de <strong>em</strong>presas, poucos eram os<br />
realizados ou dedicados aos desafios ou dificuldades <strong>em</strong> PME. Os trabalhos de Longo, Mura e<br />
Bonoli (2005), Fuller e Tian (2006), Roberts, Lawson e Nicholls (2006), Spence (2007), Uhlaner,<br />
Goor-balk e Masurel (2004) e Williamson, Lynch-Wood e Ramsay (2006) e mais recent<strong>em</strong>ente<br />
2
Avram (2008), Fassin (2008), Mankelow (2008) são ex<strong>em</strong>plos de estudos sobre os desafios e<br />
dil<strong>em</strong>as da RSE nas PME; porém, apenas Perrini (2006), Spence (2007), e Jenkins (2006)<br />
utilizaram a Teoria dos Stakeholders como perspectiva teórica de estudo para tratar do assunto.<br />
T<strong>em</strong>os, portanto, que os resultados da pesquisa que aqui expomos intenta ser uma contribuição aos<br />
estudos sobre responsabilidade social corporativa <strong>em</strong> pequenas e médias <strong>em</strong>presas considerando a<br />
influência da ação de stakeholders externos.<br />
2. Método<br />
2.1 O Desenho de Pesquisa<br />
Nosso foco de interesse residiu <strong>em</strong> entender uma situação específica na qual uma <strong>em</strong>presa se<br />
propunha a influenciar e auxiliar outra no processo de assimilação de práticas de gestão socialmente<br />
responsáveis. Durante a pesquisa, foi absolutamente relevante considerar que a relação entre as duas<br />
<strong>em</strong>presas não era apenas cliente-fornecedor, mas atentar para o fato de que a <strong>em</strong>presa cliente<br />
exercia um grande poder de influência sobre a fornecedora, sendo de grande porte, reconhecida<br />
como uma das maiores de sua indústria. Daí a denominação “<strong>em</strong>presa âncora”. Tomando as idéias<br />
de Porter (1980), pod<strong>em</strong>os afirmar que a âncora detinha forte poder de barganha sobre os<br />
fornecedores, ainda mais considerando que estas eram PME. A idéia inicial do Programa Tear<br />
residiu <strong>em</strong> considerar o poder da âncora para influenciar a PME sob o argumento de que a<br />
responsabilidade social <strong>em</strong>presarial impacta positivamente na performance da <strong>em</strong>presa, uma vez<br />
que incr<strong>em</strong>enta condições de competitividade e sustentabilidade. Tínhamos, portanto, as seguintes<br />
pr<strong>em</strong>issas ao iniciar as análises dos três casos:<br />
1) a gestão orientada por interesses de stakeholders impacta na performance das <strong>em</strong>presas<br />
(FASSIN, 2009; FREEMAN, 1984 e 1994; GREENLEY e FOXALL, 1997;<br />
MITCHELL, AGLE e WOOD, 1997);<br />
2) há uma relação positiva entre gestão orientada por interesses de stakeholders, adoção de<br />
práticas de gestão socialmente responsáveis e performance competitiva nas organizações<br />
(GRIFIN e MAHON, 1997; HARRISON e FREEMAN, 1999; McGUIRE et al. 1988;<br />
PUNCHEVA, 2008; SPENCE, COLES e HARRIS, 2001; RUF et al, 2001;<br />
WADDOCK e GRAVES, 1997; WOOD, 1991);<br />
3) a responsabilidade social <strong>em</strong>presarial não está restrita a <strong>em</strong>presas grandes, que det<strong>em</strong><br />
recursos suficientes para influenciar o ambiente e impor regras para a realização dos<br />
negócios de acordo com princípios da RSE. As PME também pod<strong>em</strong> assimilar a RSE e<br />
usufruir de impactos positivos <strong>em</strong> termos de competitividade e sustentabilidade<br />
(AVRAM e KÜHNE, 2008; FULLER e TIAN, 2006; JENKINS, 2009; LONGO,<br />
MURA e BONOLI , 2004; MANKELOW, 2008; ROBERTS et al. 2006; SPENCE<br />
2007; WILLIAMSON, LYNCH_WOOD e RAMSAY,. 2006);<br />
4) os Indicadores de <strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong> do Instituto Ethos constitu<strong>em</strong> fonte suficiente<br />
e legítima para acompanhar a performance da <strong>em</strong>presa <strong>em</strong> termos de responsabilidade<br />
social corporativa. O papel da âncora era viabilizar o conhecimento servir como ente<br />
facilitador para que a PME adotasse as práticas seguindo as orientações do Instituto<br />
Ethos (INSTITUTO ETHOS, 2007).<br />
Considerando o interesse por entender mais profundamente como uma <strong>em</strong>presa influencia<br />
seus fornecedores a assimilar<strong>em</strong> práticas de gestão socialmente responsáveis, a opção pelo estudo<br />
de caso qualitativo nos pareceu pertinente. Godoy (2006) apóia-se <strong>em</strong> Stake (1988 e 2000) e <strong>em</strong><br />
3
Merriam (1988 e 1998) para explicar que quando falamos de estudo de caso qualitativo estamos nos<br />
referindo à escolha de um determinado objeto e realizando uma descrição holística e intensiva de<br />
um fenômeno b<strong>em</strong> delimitado. Pode ser uma pessoa, um programa, uma <strong>em</strong>presa ou um grupo de<br />
pessoas que compartilham o mesmo ambiente de trabalho. Merriam (1988) acentua que a escolha<br />
pelo estudo de caso denota que o interesse do pesquisador está mais voltado à compreensão dos<br />
processos sociais que ocorr<strong>em</strong> num determinado contexto do que às relações estabelecidas entre<br />
variáveis. É a estratégia de pesquisa adequada para compreender uma situação <strong>em</strong> profundidade,<br />
enfatizando seu significado para os vários envolvidos. Constitui uma estratégia de pesquisa<br />
interessante quando se deseja entender um fenômeno social complexo, pois pressupõe um maior<br />
nível de detalhamento das relações entre os indivíduos e as organizações, b<strong>em</strong> como dos<br />
intercâmbios que se processam com o meio ambiente nos quais estão inseridos (YIN, 2005).<br />
Na mesma linha de raciocínio, Yin (2005) afirma que o estudo de caso é uma estratégia de<br />
pesquisa interessante quando as perguntas de pesquisa inclu<strong>em</strong> “como” e “porque”, e “quando o<br />
pesquisador t<strong>em</strong> pouco controle sobre os eventos” (Yin, 2005, p. 19). O método de estudos de<br />
casos múltiplos permite a observação de evidências <strong>em</strong> diferentes contextos, pela replicação do<br />
fenômeno, s<strong>em</strong> necessariamente se considerar a lógica de amostrag<strong>em</strong>. Yin (2005) propõe cinco<br />
componentes para desenvolver um estudo <strong>em</strong>pírico, de forma a construir uma lógica ou conexão<br />
entre os dados colhidos, as questões de pesquisa e as conclusões finais, a saber:<br />
1. As questões do estudo: Como as âncoras influenciaram as PME fornecedoras?Como se<br />
deu o processo de trabalho entre âncora, PME e Instituto Ethos? Quais os resultados<br />
alcançados <strong>em</strong> termos de adoção de práticas de responsabilidade social corporativa na<br />
PME?<br />
2. As proposições: O propósito do estudo é descrever as relações entre Instituto Ethos,<br />
<strong>em</strong>presas âncoras e m<strong>em</strong>bros das <strong>em</strong>presas PME de modo a identificar como se deu o<br />
processo de assimilação da RSE e da incorporação dos Indicadores Ethos de<br />
<strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong>. Em termos da gestão das PME,buscamos levantar quais os<br />
fatores facilitadores e dificultadores dos trabalho. A priori, supus<strong>em</strong>os que a âncora<br />
favoreceu o processo, as PME assimilaram práticas de RSE, passaram a acompanhá-las<br />
com base nos Indicadores Ethos e obtiveram oportunidades de mercado por se alinhar<strong>em</strong><br />
com princípios de responsabilidade <strong>em</strong>presarial e sustentabilidade.<br />
3. As unidades de análise: O estudo foi feito <strong>em</strong> multiníveis. Os dados foram coletados<br />
tendo atenção às relações entre organizações, entre indivíduos e organizações e entre<br />
indivíduos entre si. Adicionalmente, foram analisados dados da performance de cada<br />
PME antes e depois da participação no Programa Tear.<br />
4. A lógica que une os dados às proposições: A coleta aconteceu <strong>em</strong> etapas, a medida que<br />
os pesquisadores se familiarizavam com os processos que aconteceram na relação entre<br />
âncoras e seus fornecedores. Este procedimento permitiu a identificação de padrões.<br />
5. Os critérios para interpretar as constatações: as interpretações foram realizadas de modo<br />
a considerar todas as evidências, tomando o cuidado de apresentar as evidências<br />
separadamente de qualquer interpretação e procurar explorar interpretações alternativas.<br />
2.2 Coleta de Dados<br />
A fonte primária de dados foram entrevistas, apresentadas no quadro abaixo. Inicialmente,<br />
d<strong>em</strong>os atenção a indivíduos que haviam participado diretamente como responsáveis pelo Programa<br />
4
nas <strong>em</strong>presas âncoras, no Instituto Ethos e nas PME. Com o andamento das investigações, tiv<strong>em</strong>os<br />
o cuidado de entrevistar nas PME pessoas que não haviam sido responsáveis diretamente, mas que<br />
participaram das ações implantadas pelo Tear <strong>em</strong> cada PME. Além disso, entrevistamos pessoas<br />
chaves para a implantação do Programa como representantes do Instituto Ethos, denominadas<br />
“indutoras”, assim como a Coordenadora do Programa Tear e o Presidente do Instituto.<br />
EMPRESA ENTREVISTADOS (cargo ou posição na hierarquia)<br />
Arcellor Mittal<br />
Analista de Recursos Humanos, responsável pelo<br />
desenvolvimento do Programa Tear<br />
Bugue Reciclag<strong>em</strong> Gerente Administrativo<br />
Leili Eletrofrigeração<br />
Coordenadora da Qualidade<br />
Auxiliar administrativo<br />
Camargo Corrêa Analista de Desenvolvimento Organizacional<br />
Metax<br />
Coordenadora do Sist<strong>em</strong>a de Gestão da Qualidade<br />
Gerente Comercial<br />
Roca<br />
Sócio-diretor comercial<br />
Engenheiro Civil<br />
Vale<br />
Supervisor<br />
Degraus<br />
Coordenador da Qualidade<br />
Técnica <strong>em</strong> Segurança do Trabalho<br />
Unidata Automação<br />
Gerente de operações<br />
Encarregada de Operações<br />
Presidente do Ethos<br />
Instituto Ethos<br />
Coordenador do Programa Tear<br />
Indutora A (Arcellor e Vale)<br />
Indutora B (Camargo Correa)<br />
Quadro 1: Relação de entrevistados nas <strong>em</strong>presas âncoras, PME e Instituto Ethos<br />
Além das entrevistas, houve ampla coleta documentos, incluindo:<br />
a) Metodologia Tear de Trabalho <strong>em</strong> Cadeia de Valor: publicação do Instituto Ethos corealizada<br />
com o fundo multilateral de investimentos (FUMIN) do BID, distribuída<br />
gratuitamente a todos os associados.<br />
b) Relatórios de gestão das <strong>em</strong>presas âncoras e das PME: documentos disponíveis nos websites<br />
de cada <strong>em</strong>presa ou no Instituto Ethos. Nestes, pud<strong>em</strong>os obter o Balanço <strong>Social</strong> e os<br />
enunciados sobre visão, missão, princípios e valores corporativos, análise SWOT e<br />
análise dos stakeholders.<br />
c) Linha de Base: documento desenvolvido pelo Instituto Ethos para garantir a<br />
consolidação do Programa Tear. Uma vez que este documento não é público, solicitamos<br />
às PME que permitiss<strong>em</strong> acesso a seus respectivos documentos. Refer<strong>em</strong>-se à análise de<br />
sustentabilidade do negócio, diagnósticos, planos de ação <strong>em</strong> relação aos níveis de<br />
responsabilidade social aplicada na <strong>em</strong>presa e resultados econômicos obtidos a partir do<br />
Programa Tear. Além disso, cada PME podia desenvolver uma avaliação dos impactos<br />
do Programa <strong>em</strong> relação a sua cadeia de valor. É importante destacar que este<br />
documento também cont<strong>em</strong>pla itens presentes no Relatório de Gestão, quais sejam visão,<br />
missão, valores; porém, aqui cada PME deve elaborar uma análise sobre alinhamento<br />
destes pontos com os princípios de sustentabilidade e responsabilidade social.<br />
Finalmente, é neste documento que cada PME escolheu indicadores relevantes entre os<br />
5
Indicadores Ethos de <strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong> e os Indicadores Ethos/SEBRAE de<br />
responsabilidade social. Desta maneira, os relatórios Linha de Base constitu<strong>em</strong> peça<br />
chave para que cada PME priorize um conjunto de indicadores, defina ações para<br />
implantá-los e as acompanhe.<br />
Adicionalmente, um dos autores participou como convidado <strong>em</strong> vários encontros de trabalho<br />
e esteve presente <strong>em</strong> discussões plenárias e eventos promovidos pelo Instituto Ethos e por <strong>em</strong>presas<br />
âncoras.<br />
3.3 Análise dos Dados<br />
A análise dos dados foi elaborada <strong>em</strong> quatro fases, inspirados por Maguire, Hardy e<br />
Lawrence (2004). Na primeira fase, elaboramos uma narrativa geral que nos permitiu vislumbrar<br />
como se deu a relação entre as organizações envolvidas no Projeto Tear e quais foram os<br />
procedimentos, eventos e fatos relevantes ao longo do processo de assimilação de práticas de RSE<br />
nas PME. Inicialmente, as ações e os processos do período 2005-2008 foram reportados como<br />
positivos e frutíferos, principalmente pelos entrevistados que participaram diretamente dos<br />
encontros e plenárias. Ficou claro que, para fugir do discurso oficial padrão, seria necessária<br />
investigação b<strong>em</strong> mais profunda. Outros pontos importantes tinham que ser levantados, por<br />
ex<strong>em</strong>plo: quais as dificuldades encontradas pelas PME para adotar<strong>em</strong> práticas de RSE?<br />
Evident<strong>em</strong>ente, não rejeitariam um convite para participar de um Programa ligado a seu principal<br />
cliente e ao Instituto Ethos; interessava-nos, porém, descobrir quais os desafios, probl<strong>em</strong>as e como<br />
se deu a relação com a âncora e o processo de assimilação da RSE <strong>em</strong> seu modo de gestão.<br />
Passamos, então, à segunda fase de análise, muitas vezes recorrendo a novas coletas ou<br />
validação dos dados já levantados <strong>em</strong> entrevistas e documentos. Proced<strong>em</strong>os a uma avaliação de<br />
quais indicadores foram escolhidos por cada PME e como efetivamente traduziram cada um <strong>em</strong><br />
ações. Destacamos nesta fase os resultados <strong>em</strong> termos de “antes do Tear” e “depois do Tear”. Vale<br />
ressaltar que além das ações de RSE, acompanhamos resultados que nos permitiss<strong>em</strong> discutir<br />
questões relacionadas a oportunidades de mercado e competitividade, posto que estes haviam sido<br />
argumentos relevantes utilizados pelas âncoras para incentivar as PME a participar<strong>em</strong> do Programa.<br />
Na terceira fase, identificamos os principais pontos <strong>em</strong> comum que <strong>em</strong>ergiram das análises<br />
dos casos e que se referiam a como as PME lidaram com a participação no Tear, a assimilação de<br />
práticas de RSE e a natureza da relação com a âncora e com o Instituto Ethos. Nesta fase, eleg<strong>em</strong>os<br />
categorias para explicar <strong>em</strong> grandes linhas as evidências de resultados na gestão das PME após a<br />
participação no Tear.<br />
Por fim, na quarta fase de análise tratamos diretamente das perguntas de pesquisa <strong>em</strong> relação<br />
às categorias que <strong>em</strong>ergiram das outras três fases.<br />
3. O Programa Tear<br />
O Programa Tear - Tecendo Redes Sustentáveis, buscou aumentar a competitividade e<br />
sustentabilidade de pequenas e médias <strong>em</strong>presas por meio da adoção de medidas de<br />
responsabilidade social e <strong>em</strong>presarial. Aconteceu como resultado de uma parceria do Instituto Ethos<br />
com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Do orçamento de R$ 2,6 milhões, metade<br />
foi viabilizada por recursos do Fundo Multilateral de Investimento (FUMIN) do BID. A outra<br />
metade, pelo Instituto Ethos e pelas <strong>em</strong>presas âncoras participantes. No total, houve nove <strong>em</strong>presas<br />
6
de grande porte, ou âncoras, e cento e oito pequenas e médias <strong>em</strong>presas participantes, com atuação<br />
<strong>em</strong> sete setores da economia: açúcar e álcool, construção civil, energia elétrica, mineração, petróleo<br />
e gás, siderurgia e varejo.<br />
As âncoras foram escolhidas entre os m<strong>em</strong>bros do Instituto Ethos, com participação do BID,<br />
entre <strong>em</strong>presas com experiências avançadas <strong>em</strong> gestão socialmente responsável, atentando para<br />
escolher uma âncora por setor. Cada âncora participante selecionou <strong>em</strong> torno de quinze pequenas e<br />
médias <strong>em</strong>presas integrantes de sua cadeia de valor, fornecedoras ou clientes, com as quais assumiu<br />
o compromisso de ajudar a incorporar princípios de RSE nos respectivos processos internos, b<strong>em</strong><br />
como no relacionamento com as partes interessadas das suas respectivas cadeias de valor.<br />
Considerou-se como PME <strong>em</strong>presas com faturamento até US$ 5 milhões por ano e escolheu-se<br />
organizações consideradas estratégicas para a <strong>em</strong>presa âncora, detentoras de tecnologia singular ,<br />
potencial exportadora ou servir como multiplicadora das ações (INSTITUTO ETHOS, 2007). Para<br />
fins deste artigo, selecionamos apenas casos nos quais a âncora estava lidando com fornecedores.<br />
O quadro 2 apresenta a estrutura dos três casos compostos por um total de nove <strong>em</strong>presas,<br />
mais o Instituto Ethos. A escolha de <strong>em</strong>presas de variados tipos de negócios <strong>em</strong> âncoras diferentes<br />
justifica-se no fato de obter uma melhor exploração da diss<strong>em</strong>inação da metodologia do Programa<br />
Tear, assim como da comparação dos impactos gerados pelos resultados de ações socialmente<br />
responsáveis.<br />
Estudo de<br />
Caso<br />
Caso 1<br />
Caso 2<br />
Caso 3<br />
Empresa<br />
Âncora<br />
ArcelorMittal<br />
Camargo<br />
Corrêa<br />
Vale<br />
PME Fornecedoras<br />
Leili Refrigeração<br />
Bugue Reciclag<strong>em</strong><br />
Andaimes Metax<br />
Roca Engenharia<br />
Degraus Engenharia<br />
Unidata Automação<br />
Quadro 2: Composição do Estudo de Caso Múltiplo<br />
Fonte: Autoria Própria.<br />
A metodologia do Programa Tear definiu que cada PME deveria aplicar os Indicadores<br />
Ethos e efetuar uma análise qualitativa das práticas de RSE (METODOLOGIA TEAR, 2007).<br />
Dado que é extensa a lista de indicadores propostos pelo Instituto Ethos, admitiu-se que cada PME<br />
priorizasse t<strong>em</strong>as, elegesse indicadores e estabelecesse um conjunto de ações de maneira a<br />
cont<strong>em</strong>plar todos os seus stakeholders, levando <strong>em</strong> conta fatores críticos do negócio.<br />
3.1 Caso 1<br />
A Arcelor Mittal Aços Longos é um braço da Arcellor Mittal, <strong>em</strong>presa com sede <strong>em</strong><br />
Lux<strong>em</strong>burgo, uma das 50 maiores produtoras de aço no mundo. As PME escolhidas como objeto de<br />
estudo foram Leili Refrigeração e Bugue Reciclag<strong>em</strong>.<br />
Seguindo a metodologia do Programa Tear, a Bugue Reciclag<strong>em</strong> elaborou 33 ações<br />
relacionadas a RSE e sustentabilidade e destas implantou 21, no período 2005-2008. Os t<strong>em</strong>as<br />
priorizados estavam relacionados a compromissos éticos, compromisso com o desenvolvimento<br />
profissional e <strong>em</strong>pregabilidade, educação e conscientização ambiental, seleção e avaliação de<br />
7
fornecedores, compromisso com o desenvolvimento infantil e construção da cidadania. No triênio<br />
2005/ 2007, o faturamento da <strong>em</strong>presa cresceu <strong>em</strong> média 17% a.a.<br />
A Leilli Refrigeração, a partir do mesmo modelo de diagnóstico, elaborou 44 ações<br />
relacionadas a RSE e implantou 38. Os t<strong>em</strong>as priorizados foram: cuidados com saúde, segurança e<br />
condições de trabalho, compromisso com o desenvolvimento profissional e <strong>em</strong>pregabilidade,<br />
educação e conscientização ambiental, apoio ao desenvolvimento de fornecedores, relações com<br />
organizações locais e gestão participativa. No triênio 2005/2007 o faturamento cresceu <strong>em</strong> média<br />
10% a.a.<br />
3.2 Caso 2<br />
O Grupo Camargo Corrêa atua <strong>em</strong> 20 países e <strong>em</strong>prega <strong>em</strong> torno de 57 mil pessoas.<br />
Desenvolve trabalhos nas áreas de engenharia e construção, cimento, calçados, têxteis e siderurgia,<br />
concessões e meio ambiente. Na Divisão Engenharia e Construção aconteceu uma das principais<br />
iniciativas no campo da sustentabilidade: o desenvolvimento de fornecedores. Mobilizou 20<br />
pequenas <strong>em</strong>presas fornecedoras entre as quais Andaimes Metax Equipamentos Ltda e Roca<br />
Fundações.<br />
A Andaimes Metax Equipamentos Ltda t<strong>em</strong> como principais atividades a fabricação,<br />
comercialização e locação de andaimes, elevadores, escoramentos e soluções <strong>em</strong> acesso e transporte<br />
vertical. A partir de um diagnóstico proposto pelo Programa, a Metax elaborou 17 ações<br />
relacionadas a RSE e sustentabilidade e destas implantou 9, as quais foram priorizadas <strong>em</strong> itens<br />
relacionados a: compromissos éticos, balanço social, cuidados com saúde, segurança e condições de<br />
trabalho, critérios de contratação, compromisso com o desenvolvimento profissional, acesso à<br />
informação, comprometimento da <strong>em</strong>presa com a melhoria, critérios de seleção e avaliação de<br />
fornecedores, ações de ouvidoria com consumidores e clientes. No triênio 2005/ 2007, o<br />
faturamento cresceu <strong>em</strong> média 20% a.a<br />
A Roca Fundações presta serviços no setor de fundações <strong>em</strong> todo o Brasil e no exterior. A<br />
partir do mesmo modelo de diagnóstico elaborou 21 ações relacionadas a RSE e implantou 20, nos<br />
seguintes t<strong>em</strong>as: balanço social, cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho, benefícios<br />
trabalhistas, desenvolvimento profissional, acesso à informação, gerenciamento de impactos sobre o<br />
meio ambiente, compromisso com melhorias, educação e conscientização ambiental, satisfação dos<br />
clientes e política de comunicação comercial. No triênio 2005/ 2007, seu faturamento cresceu <strong>em</strong><br />
média 25%.<br />
3.3 Caso 3<br />
A Vale, maior <strong>em</strong>presa brasileira do ramo de mineração, é <strong>em</strong>presa privada de capital aberto<br />
e possui mais de 100 mil <strong>em</strong>pregados, entre próprios e terceirizados. Nas diversas regiões <strong>em</strong> que<br />
atua, é incentivado o desenvolvimento de parceiros locais por meio de programas de<br />
desenvolvimento de fornecedores. Dentre as 15 <strong>em</strong>presas fornecedoras, participantes do Tear,<br />
encontram-se a Degraus Engenharia e a Unidata Automação.<br />
A Degraus Engenharia e Construções Ltda,, fundada <strong>em</strong> 1993, atua no ramo de construção<br />
civil. A partir de um diagnóstico proposto pelo Programa, a Degraus elaborou 21 ações relacionadas<br />
a RSE e sustentabilidade e destas implantou 17, escolhidas entre os t<strong>em</strong>as: compromissos éticos,<br />
cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho, educação e conscientização ambiental,<br />
gerenciamento dos impactos sobre o meio ambiente, governança corporativa, balanço social, gestão<br />
8
participativa, política de r<strong>em</strong>uneração e carreira, relações com organizações locais e governança<br />
corporativa. No triênio 2005/ 2007, o faturamento cresceu <strong>em</strong> média 91% a.a.<br />
A Unidata Automação Ltda, fundada <strong>em</strong> 1989, atua na área de gerenciamento de<br />
combustíveis, com ênfase <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as de controle automatizados de estoques e de abastecimento de<br />
equipamentos e veículos, além de disponibilizar serviços de operação por meio de equipe de<br />
supervisores, técnicos de segurança e operadores dedicados aos serviços nos postos de<br />
abastecimento dos clientes. A partir do mesmo modelo de diagnóstico elaborou 10 ações<br />
relacionadas a RSE e implantou 8, escolhidas entre indicadores relacionados aos seguintes t<strong>em</strong>as:<br />
balanço social, critérios de seleção e avaliação de fornecedores, satisfação de clientes, valorização<br />
da diversidade, práticas antiproprina e gerenciamento dos impactos sobre o meio ambiente. No<br />
triênio 2005/ 2007, o faturamento cresceu <strong>em</strong> média 30% a.a.<br />
Ainda que todas as PME hajam reportado resultados econômicos financeiros positivos e<br />
crescentes, nosso método não é adequado para correlacionar tal fato à participação no Programa<br />
Tear e conseqüente, a implantação de ações de RSE e sustentabilidade. Assim sendo, partimos para<br />
o cruzamento de informações entre os dados obtidos nas entrevistas, nos documentos e nas<br />
observações. Evident<strong>em</strong>ente, encontramos muitos pontos de contradição, o que nos impele a<br />
continuar a pesquisa, aprofundar as análises e depurar o método. Apresentar<strong>em</strong>os os resultados<br />
preliminares que angariamos no tratamento dos dados de acordo com as quatro fases que<br />
expus<strong>em</strong>os na metodologia. Tomamos as perguntas de pesquisa como tecer as análises.<br />
4. Resultados<br />
Como as âncoras influenciaram as PME fornecedoras?<br />
As <strong>em</strong>presas âncoras financiaram e organizaram toda infraestrutura para as reuniões e<br />
eventos, tanto as plenárias – com participação das nove âncoras e todas as PME – quanto aquelas<br />
nas quais só participavam PME de uma mesma âncora. Não havia nenhum custo para PME<br />
participar e conhecer a metodologia de gestão, com promessa de redução de custos e aumento das<br />
oportunidades de mercado, por meio da adoção de RSE. Os representantes das PME reportaram que<br />
a possibilidade de estreitar laços com a âncora foi importante fator motivador da participação no<br />
Programa, trazendo a âncora “para dentro da <strong>em</strong>presa”. Ser reconhecido como um fornecedor que<br />
incorpora práticas de gestão socialmente responsáveis traz proximidade, conhecimento e destaque<br />
para cada PME <strong>em</strong> sua cadeia de valor.<br />
As âncoras promoveram a formação de redes entre seus fornecedores e deram grande impulso<br />
para que <strong>em</strong>presas pequenas, familiares, com processos de gestão pouco estruturados participass<strong>em</strong><br />
efetivamente de um movimento de assimilação de formas de gestão comprometidas com<br />
resultados, com métricas de avaliação e acompanhamento específicas.<br />
Como se deu o processo de trabalho entre âncora, PME e Instituto Ethos?<br />
Passar a ser reconhecida como uma <strong>em</strong>presa que trabalha de acordo com os Indicadores<br />
Ethos de <strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong> e Sustentabilidade implicou não só na participação nos eventos e<br />
reuniões, mas também <strong>em</strong> visitas e horas de atividade de consultoria de técnicos (denominadas<br />
indutores) do Instituto Ethos a cada um dos fornecedores.<br />
Após priorizar um conjunto de Indicadores Ethos, cada PME estabeleceu um conjunto de<br />
ações que foram acompanhados durante a implantação. Uma tentativa de resumir o perfil de ações<br />
apresentadas nos levou à elaboração da seguinte lista:<br />
9
Realização de palestras e eventos com ênfase <strong>em</strong> questões sociais e de sustentabilidade;<br />
Elaboração de Códigos de Conduta Ética para orientar relacionamentos com e entre<br />
stakeholders;<br />
Divulgação a colaboradores internos e externos de informações econômicas e financeiras<br />
da <strong>em</strong>presa;<br />
Treinamento e capacitação de <strong>em</strong>pregados sobre questões relacionadas à segurança no<br />
trabalho, práticas de cidadania, saúde e qualidade de vida, trabalho <strong>em</strong> equipe entre<br />
outros t<strong>em</strong>as;<br />
Elaboração de material de informação aos clientes sobre características e riscos do<br />
produto.<br />
Quais os resultados alcançados <strong>em</strong> termos de adoção de práticas de responsabilidade social<br />
corporativa na PME?<br />
Conquanto haja evidência de que as PME aumentaram o faturamento, não se pode creditar<br />
tal fato a nenhuma ação ou evento específico relacionado ao Tear. Não há menção de que houve<br />
mudanças no relacionamento comercial com as âncoras, ainda que ocorress<strong>em</strong> iniciativas de<br />
comunicação e troca de experiências. Também não há referência a desenvolvimento de novos<br />
produtos por parte das PME, n<strong>em</strong> surgimento de novas oportunidades de mercado ou incr<strong>em</strong>ento<br />
efetivo na capacidade competitiva, relatado com fato ilustrativo. Mesmo assim, todos os<br />
entrevistados representantes das PME reportaram que a participação no Programa implicou <strong>em</strong><br />
melhoria e intensificação dos relacionamentos com stakeholders, tanto internos quanto externos.<br />
Há, sobretudo, ênfase nos impactos na relação com os colaboradores, funcionários ou terceirizados,<br />
por meio de ações envolvendo eventos, aulas, coleta seletiva de lixo, reaproveitamento de papel<br />
para impressão, incentivos a realização de cursos e compl<strong>em</strong>entação da instrução formal, combate<br />
ao uso de álcool de drogas, patrocínio a atividades na comunidade circunvizinha, doações a<br />
hospitais, creches e escolas públicas, patrocínio de atividades esportivas e de lazer nas cidades ou<br />
bairros próximos a cada PME.<br />
Na avaliação da contribuição do Tear para o negócio, retirada dos Relatórios Linha de Base,<br />
a única resposta positiva unânime que encontramos entre as PME estudadas foi “Aprimorar<br />
processos produtivos ou de gestão”, como se pode ver no quadro 3. Atribuímos tal resposta aos<br />
relatos de iniciativas como a da Degraus que...<br />
...”introduziu técnicas e ferramentas de gerenciamento de obras, com metas de redução<br />
do entulho e nas construções de moradias, os apartamentos estão equipados com<br />
medidores individuais do consumo de água, de modo a possibilitar que cada morador<br />
controle e reduza seus gastos com água 1 ”...<br />
...ou como a Leili Refrigerações que...<br />
“elaborou uma Declaração dos Riscos que os clientes estão expostos ao adquirir nossos<br />
produtos. Apresentamos este trabalho <strong>em</strong> várias capitais do Brasil para grupos de<br />
clientes e fornecedores da Arcellor Mittal, dando clara d<strong>em</strong>onstração de transparência<br />
nas relações comerciais e alinhamento com o Código de Defesa do Consumidor 2 ”...<br />
...como a Roca Fundações que...<br />
“ inovou com a modernização de equipamentos de segurança na aquisição de<br />
compressores que não oferec<strong>em</strong> vazamento de óleo, além das melhorias da qualidade do<br />
ar nas câmaras de trabalho. Houve também melhoris no escritório, como acesso a<br />
10
internet para todos e melhorias nos alojamentos, como novos beliches, televisores e<br />
refrigeradores e apoio jurídico gratuito a todos os funcionários 3 ”<br />
A Metax não reportou nenhuma melhoria diretamente ligada aos processos produtivos ou de<br />
gestão, apontando resultados da participação no Tear como promoção de treinamentos, cursos de<br />
graduação e pós-graduação <strong>em</strong> áreas específicas para os <strong>em</strong>pregados. Ações foram desenvolvidas<br />
<strong>em</strong> relação ao meio ambiente, entre as quais a criação de um grupo de 13 multiplicadores<br />
estratégicos que lideraram o “Programa de Educação Ambiental”, sensibilizando colaboradores e<br />
familiares para o t<strong>em</strong>a. Este mesmo grupo desenvolveu um plano de melhorias na fábrica,<br />
conscientização de todos e implantação de coleta seletiva e Programa 5S.<br />
A Unidata também não mencionou qualquer questão diretamente relacionada ao negócio,<br />
concentrando-se <strong>em</strong> relatar com detalhes a participação <strong>em</strong> projetos sociais e ambientais como<br />
campanhas de alimentos na região de Juvenília, no Vale do Jequitinhonha, MG, além de estímulos a<br />
voluntariado <strong>em</strong>presarial e coleta seletiva de lixo.<br />
Contribuição do Tear para o Negócio<br />
Desenvolver novos produtos/serviços com<br />
Bugue Leili Metax Roca Degraus Unidata<br />
caracterísicas de responsabilidade social<br />
<strong>em</strong>presarial<br />
Não Sim Não Não Sim Sim<br />
Aprimorar processos produtivos ou de<br />
gestão<br />
Sim Sim Sim Sim Sim Sim<br />
Ter acesso a novos mercados Não Sim Não Não Não Não<br />
Conquistar novos clientes<br />
Benefícios percebidos pela <strong>em</strong>presa na sua<br />
cadeia de valor<br />
Não Sim Não Não Não Não<br />
Melhor diálogo ou resolução de conflitos Sim Sim Não Sim Sim Sim<br />
Melhores negociações de vendas Não Sim Não Não Não Não<br />
Maior compromisso com prazos Não Sim Sim Não Não Não<br />
Maior compromisso com qualidade Não Sim Sim Sim Não Sim<br />
Ampliação do volume de negócios Não Sim Não Não Não Não<br />
Diminuição de riscos e probl<strong>em</strong>as Não Sim Sim Sim Não Sim<br />
Quadro 3. Fonte: Relatório Linha de Base, 2008 (fornecido pelas <strong>em</strong>presas)<br />
5. Discussão<br />
Os resultados dos três estudos de caso do tipo qualitativo (GODOY, 2006) retirados do<br />
Programa Tear são, agora, discutidos à luz das pr<strong>em</strong>issas que tomamos ao iniciar o projeto de<br />
pesquisa.<br />
As PME aderiram ao Programa por considerar RSE t<strong>em</strong>a importante e legítimo, mas não há<br />
como negar que a adesão foi tr<strong>em</strong>endamente influenciada pelo poder da <strong>em</strong>presa âncora e do<br />
Instituto Ethos (MITCHELL, AGLE e WOOD, 1997) como stakeholders com interesses, com<br />
recursos e posição suficient<strong>em</strong>ente fortes para mobilizá-las. A participação trouxe impactos na<br />
relação com a âncora, <strong>em</strong> termos de comunicação e trocas de experiência. Não há evidências de<br />
impactos <strong>em</strong> questões comerciais ou diretamente relacionadas aos negócios entre âncoras e PME.<br />
Os dados coletados apresentam melhorias (termo que aparece freqüent<strong>em</strong>ente nas entrevistas) nas<br />
relações com funcionários e com <strong>em</strong>presas clientes. Os estudos de caso realizados nos faz<strong>em</strong><br />
11
concluir que a gestão orientada por interesses das <strong>em</strong>presas âncoras como stakeholders impactaram<br />
na performance das <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> ações voltadas ao relacionamento, informação e educação sócioambiental<br />
dos colaboradores e familiares. Houve, também, mudanças nos processos produtivos,<br />
mas não há relatos ou evidências suficientes para afirmar que houve impactos na performance <strong>em</strong><br />
termos econômicos dos negócios. Não houve dados suficientes para evidências de que a adoção de<br />
práticas de gestão socialmente responsáveis gerou resultados <strong>em</strong> termos de performance<br />
competitiva nas PME<br />
A responsabilidade social <strong>em</strong>presarial não está restrita a <strong>em</strong>presas grandes, que detém<br />
recursos suficientes para influenciar o ambiente e impor regras para a realização dos negócios de<br />
acordo com princípios da RSE. As PME também pod<strong>em</strong> assimilar a RSE, porém fizeram-na <strong>em</strong><br />
itens não diretamente relacionados ao modelo de negócio. As ações ainda estão no nível da<br />
conscientização das pessoas ou <strong>em</strong> adotar práticas e comportamentos voltados à cidadania, como<br />
coleta seletiva de lixo e promoção de atividades filantrópicas e/ou de apoio a comunidades carentes<br />
próximas a cada PME. Ainda estão longe de usufruir de impactos positivos <strong>em</strong> termos de<br />
competitividade e sustentabilidade.<br />
Os Indicadores Ethos de <strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong> são aceitos como métrica legítima para<br />
processos de desenvolvimento e assimilação de RSE e sustentabilidade nas <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> geral,<br />
independent<strong>em</strong>ente do porte. Não há discussão sobre a pertinência dos indicadores <strong>em</strong> função do<br />
tamanho da <strong>em</strong>presa.<br />
6. Conclusão<br />
Does Virtue Pay? David Vogel coloca tal questão no prefácio de sua obra The Market for<br />
Virtue, originalmente publicado <strong>em</strong> 2005, com segunda edição já <strong>em</strong> 2006. O autor afirma que<br />
apesar da RSE prover benefícios a <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> algumas áreas – como proteção a sua reputação e<br />
apoio à atração, motivação e retenção de pessoal de alta qualidade – tais benefícios são<br />
freqüent<strong>em</strong>ente elusive e raramente afetam a performance financeira da <strong>em</strong>presa .<br />
Os resultados dos estudos de casos qualitativos que realizamos com <strong>em</strong>presas participantes<br />
do Programa Tear indicam que a adoção de práticas de RSE não implicam abertamente <strong>em</strong><br />
resultados positivos <strong>em</strong> termos de incr<strong>em</strong>ento <strong>em</strong> performance e oportunidades de mercado. A<br />
opção por assimilar a RSE está relacionada a mudanças no comportamento de indivíduos, seja<br />
isoladamente, seja na vida organizacional. Por meio do Programa, as <strong>em</strong>presas inser<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> redes<br />
e diss<strong>em</strong>inam idéias e práticas, com alguns reflexos nos processos produtivos e de gestão. A RSE<br />
mobiliza pessoas, recursos e ações, mas ainda há muito a e estudar para concluir que há impactos na<br />
performance e nas oportunidades de mercado. Principalmente, ao considerarmos os desafios para as<br />
PME.<br />
7. Referencias Bibliográficas<br />
AVRAM, D. e KÜHNE, S., Impl<strong>em</strong>enting Responsible Business Behavior from a Strategic<br />
Manag<strong>em</strong>ent Perspective: Developing a Framework for Austrian SMEs. Journal of Business<br />
Ethics, v. 82, n. 2, p. 463-475, 2008.<br />
BANDEIRA-DE-MELO, R., ALBERTON, A., MARCON, R., GRZEBIELUCKAS, C., KRÜGER,<br />
E., Explorin Stakeholder ‘ Contracting’ Effects on Firm Performance. Anais do EnANPAD, 2006.<br />
DONALSON, T; PRESTON, L. E. The stakeholder theory of corporation: concepts, evidence and<br />
implications. Acad<strong>em</strong>y of Manag<strong>em</strong>ent Review, v. 20, n. 1, p. 65-91, Jan. 1995<br />
12
FASSIN, Y., SMEs and the fallacy of formalising CSR. Business Ethics, v. 17, n.4, p. 364 – 378,<br />
2008.<br />
___________, The Stakeholder Model Refined. Journal of Business Ethics, Jan2009, v. 84, n.1,<br />
p.113-135, 2009.<br />
FREEMAN, R. E., Strategic manag<strong>em</strong>ent: A stakeholder approach. Editora Pitman, Boston, MA,<br />
EUA,1984.<br />
FREEMAN, R. E., The Politics of Stakeholder Theory. Busines Ethics Quarterly v. 4, n. 4, p.<br />
409–421, 1994.<br />
FREEMAN, R. E., WICKS, A. C. e PARMAR, B., Stakeholders Theory and “The Corporate<br />
Objective Revisited. Organization Science, v. 15, n. 3, p. 364–369, 2004.<br />
FULLER, T. e TIAN Y. <strong>Social</strong> and Symbolic Capital and Responsible Entrepreneurship: An<br />
Empirical Investigation of SME Narratives, Journal of Business Ethics, v. 67, n.3, p. 287-304,<br />
2006.<br />
GODOY, A. S., Estudo de Caso Qualitativo. In GODOI, C. K., BANDEIRA-DE-MELO, R. e<br />
BARBOSA DA SILVA, A., Pesquisa Qualitativa <strong>em</strong> Estudos Organizacionais: Paradigmas,<br />
Estratégias e Métodos. São Paulo, Editora Saraiva, 2006.<br />
GREENLEY, G.; FOXALL, G. Multiple Stakeholder orientationnin UK Companies and the<br />
Implications for Company Performance. Journal Manag<strong>em</strong>ent Studies, v. 34, n. 2, p. 259-284,<br />
March, 1997.<br />
GRIFFIN, J.J.; MAHON, J.F. The Corporate <strong>Social</strong> Performance and Corporate Financial<br />
Performance Debate. Business&Society, v. 36, n. 1, p. 5-31, Mar. 1997.<br />
HARRISON, J. S. e FREEMAN, R. E., Stakeholders, <strong>Social</strong> Responsibility, and Performance:<br />
Empirical Evidence and Theoretical Perspectives, Acad<strong>em</strong>y of Manag<strong>em</strong>ent Journal, v. 42. N.5,<br />
p. 479-485, 1999.<br />
INSTITUTO ETHOS, Indicadores Ethos de <strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong> Empresarial, São Paulo,<br />
2007<br />
___________________ Metodologia Tear de Trabalho <strong>em</strong> Cadeia de Valor, 2007. Disponível<br />
<strong>em</strong> http://www.ethos.org.br/_Ethos/documents/MetodologiaTear.pdf> acessado <strong>em</strong> 20/07/2008.<br />
JONES, M. T., Corporate <strong>Social</strong> Responsibility Revisited, Redefined. California Manag<strong>em</strong>ent<br />
Review, v. 22, n.2, p. 59–67, 1980.<br />
JENKINS, H., A ‘business opportunity’ model of corporate social responsibility for small- and<br />
medium-sized enterprises. Business Ethics: A European Review. v. 18, n. 1, p. 21-36, 2009.<br />
______________, Missing the Forest for the Trees: A critique of the <strong>Social</strong> Responsibility Concept<br />
and Discourse. Business & Society, v. 35, n. 1, p. 7-41, 2006.<br />
LONGO, M., MURA, M. e BONOLI A., Corporate social responsibility and corporate<br />
performance: the case of Italian SMEs. Corporate Governance: The International Journal of<br />
Effective Board Performance, v.5, n.4, p.28-42, 2005.<br />
MANKELOW, G., <strong>Social</strong> Responsibility Paradox of Small Business Human Resource Manag<strong>em</strong>ent<br />
Practices. International Journal of Human Resource Manag<strong>em</strong>ent, v. 19, n. 12, p. 2171 -2181,<br />
2008.<br />
13
McGUIRE, J. B.; SUNDGREEN, A.; SCHNEEWEIS, T. Corporate <strong>Social</strong> Responsibility and firm<br />
Financial Performance. Acad<strong>em</strong>y of Manag<strong>em</strong>ent Journal, v. 31, n. 4, p. 854-872, 1988.<br />
MERRIAM, S. B. Case Study research in education. A qualitative approach. San Francisco (CA):<br />
Jossey-Bass, 1988.<br />
_____________ Qualitative research and case study applications in education. San Francisco<br />
(CA): Jossey-Bass, 1998.<br />
MITCHELL, R., AGLE, B., e WOOD, D., Toward a theory of stakeholder identification and<br />
salience: Defining the principle of who and what really counts. Acad<strong>em</strong>y of Manag<strong>em</strong>ent Review,<br />
v. 22, n.4, p. 853-886, 1997.<br />
O’RIORDAN, L. e FAIRBRASS, J., Corporate <strong>Social</strong> Responsibility (CSR): Models and Theories<br />
in Stakeholder Dialogue. Journal of Business Ethics, v. 83, n. 4, p. 745-758, 2008.<br />
PERRINI, F., SMEs and CRS Theory: Evidence and Implications an Italian Perspective. Journal of<br />
Business Ethics, v. 67, n. 3, p. 305 – 316, 2006.<br />
PORTER, M. Estratégia Competitiva. São Paulo, Editora Campus, 1998.<br />
PUNCHEVA, P., The Role of Corporate Reputation in the Stakeholder Decision-Making Process.<br />
Business & Society, v. 47, n. 3, p. 272-290, 2008.<br />
ROBERTS, S., LAWSON, R., e NICHOLLS, J., Generating Regional-Scale Improv<strong>em</strong>ents in SME<br />
Corporate Responsibility Performance: Lessons from Responsibility Northwest. Journal of<br />
Business Ethics, v. 67, n. 3, p. 275-286, 2006.<br />
RUF, B. M.; MURALIDHAR, K.; BROWN, R.; JANNEY, J.J.; PAUL, K. An Empirical<br />
investigation of the relationship between change in corporate social performance and financial<br />
performance: a stakeholder theory perspective. Journal of Business Ethics, 32, p. 143-156, 2001.<br />
SPENCE, L., CSR and Small Business in a European Policy Context: The Five “C”s of CSR and<br />
Small Business Research Agenda 2007. Business & Society Review, v. 112, n. 4, p. 533-552,<br />
2007.<br />
SPENCE, L. COLES, A.-M., HARRIS, L., The Forgotten Stakeholder? Ethics and <strong>Social</strong><br />
Responsibility in Relation to Competitors. Business & Society Review, v. 106, n. 4, p 331- 353,<br />
2001<br />
STAKE, R. Case Study methods in educational research: seeking sweet water. In: JAEGER, R. M.<br />
(Ed.) Compl<strong>em</strong>entary methods for research in education. Washington D. C.: American<br />
Educational Research Association. 1988. P. 253-265.<br />
-------------- Case Studies. In: DENZIN, N. K. e LINCOLN, Y. S. (Ed.) Handbook of Qualitative<br />
Research, 2 nd ed., Thousand Oaks (CA): Sage, 2000.<br />
UHLANER, L. M., GOOR-BALK, H. J. M. e MASUREL, E., Family Business and Corporate<br />
<strong>Social</strong> Responsibility in a Sample of Dutch Firms. Journal of Small Business and Entreprise<br />
Development, v. 11, n. 2, p. 186-94, 2004.<br />
VOGEL, D. The Market for Virtue. The potencial and limits of corporate social responsibility.<br />
Washington, D.C., Brookings Institution Press, 2005.<br />
YIN, R. K. Estudo de Caso, planejamento e métodos, 3 ed. Bookman, Porto Alegre, 2005.<br />
14
WADDOCK, S. A.; GRAVES, S.B. The Corporate <strong>Social</strong> Performance-Financial Performance<br />
Link. Strategic Manag<strong>em</strong>ent Journal, v. 18, n. 4, p. 303-319, 1997.<br />
THOMPSON, J. K. e SMITH, H. L., <strong>Social</strong> Responsibility and Small Business: Suggestions for<br />
Research. Journal of Small Business Manag<strong>em</strong>ent, v. 29, n.1 p.30-44, 1991.<br />
WILLIAMSON, D., LYNCH-WOOD, G. e RAMSAY, J., Drivers of Environmental Behaviour in<br />
Manufacturing SMEs and the Implications for CSR. Journal of Business Ethics, v. 67, n. 3, p.317-<br />
330, 2006.<br />
WINDSOR, D. The future of Corporate <strong>Social</strong> Responsibility, The International Journal of<br />
Organizational Analysis, 2001, v. 9, n. 3, p. 225-256, 2001.<br />
WOOD, D. J. Corporate <strong>Social</strong> Performance Revisited. Acad<strong>em</strong>y of Manag<strong>em</strong>ent Review, v. 16,<br />
n.4, p.691-718, 1991.<br />
____________ Corporate Responsibility And Stakeholder Theory: Challenging The Neoclassical<br />
Paradigm, in Dialogue: Toward Superior Stakeholder Theory, AGLE, B. R. et al., 2008. Business<br />
Ethics Quarterly, v. 18, n. 2. p. 153-190, 2008.<br />
1 Coordenador da Qualidade. Depoimento concedido <strong>em</strong> 27/01/2009<br />
2 Coordenador da Qualidade. Depoimento concedido <strong>em</strong> 28/01/2009<br />
3 Sócio-diretor comercial. Depoimento concedido <strong>em</strong> 30/03/2009<br />
15