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Responsabilidade Social em Pequenas e Médias Empresas - Anpad

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<strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong> <strong>em</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>: Uma Análise a Luz da Teoria dos<br />

Stakeholders<br />

Autoria: José Edson Moyses Filho, Andrea Leite Rodrigues<br />

Resumo: O Programa Tear foi uma iniciativa conjunta do Instituto Ethos e do BID, cujo objetivo<br />

era mobilizar grandes <strong>em</strong>presas (ou âncoras) no sentido de viabilizar PME fornecedoras a<br />

conhecer<strong>em</strong> e adotar<strong>em</strong> práticas de gestão socialmente responsáveis. Acompanhamos três ancoras e<br />

seis PME com o objetivo de descobrir como as âncoras influenciaram as PME fornecedoras, como<br />

se deu o processo de trabalho entre âncora, PME e Instituto Ethos e quais os resultados alcançados<br />

<strong>em</strong> termos de adoção de práticas de responsabilidade social <strong>em</strong>presarial (RSE) nas PME.<br />

Utilizamos o estudo de caso qualitativo, tendo a teoria dos stakeholders como arcabouço teórico<br />

básico para coleta de dados, análise, discussão e conclusão. Os resultados estão de acordo com o<br />

colocado por Vogel (2005), segundo o qual a adoção de práticas de gestão socialmente<br />

responsáveis, raramente gera impactos na performance econômica dos negócios ou nas<br />

oportunidades de mercado para as <strong>em</strong>presas. Outrossim, iniciativas como esta modificam as<br />

relações sociais internas nas organizações, diss<strong>em</strong>inam novos comportamentos e geram ações<br />

pontuais e restritas nos processos de produção e gestão. A influência dos stakeholders acentua a<br />

importância e acelera a adoção das práticas de RSE, mas não é suficiente para garantir incr<strong>em</strong>ento<br />

na performance e aumento na competitividade e nas oportunidades de mercado, como foi colocado<br />

inicialmente às PME pelos organizadores do Programa Tear.<br />

1. Introdução<br />

Jeffrey Harrison e Edward Fre<strong>em</strong>an escreveram no texto de abertura do Acad<strong>em</strong>y of<br />

Manag<strong>em</strong>ent Journal Special Forum on Stakeholders, <strong>Social</strong> Responsability and Performance que o<br />

fato de ter-se cada vez maior sensibilidade às questões éticas envolvidas nos negócios, juntamente<br />

com o aumento da competição e a atuação contundente da mídia, gera um cenário bastante difícil para<br />

qualquer gestor organizacional. Por um lado, gestores estão comprometidos com interesses de<br />

acionistas e proprietários, o que lhes rege para definir estratégias de competitividade do negócio na<br />

indústria. Por outro, várias destas estratégias pod<strong>em</strong> ter conseqüências ruins para outros públicos<br />

parceiros ou relevantes (stakeholders), considerando o amplo espectro de organizações e indivíduos<br />

que também têm interesses e direitos a partir das operações desta mesma <strong>em</strong>presa, ainda que não<br />

sejam dela proprietários. A gestão voltada para stakeholders (ou stakeholder manag<strong>em</strong>ent, no original<br />

<strong>em</strong> inglês) poderia constituir, antes de tudo, uma alternativa que encarasse a <strong>em</strong>presa como um<br />

conjunto de contratos entre vários públicos, cada um com interesses próprios e n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre<br />

harmonizáveis. Gerenciar interesses conflitantes entre stakeholders poderia, portanto, ser considerada<br />

a primeira e mais difícil tarefa de um gestor organizacional (HARRISON e FREEMAN, 1999).<br />

Esta forma de pensar a gestão como conflitos entre interesses impulsionou a aceitação da<br />

Teoria dos Stakeholders como perspectiva teórica relevante para a análise dos dil<strong>em</strong>as éticos <strong>em</strong><br />

gestão, uma vez que trata de impactos que a atividade <strong>em</strong>presarial gera a uma gama de públicos<br />

relevantes envolvidos com as organizações e não apenas aos acionistas ou proprietários (Fre<strong>em</strong>anN,<br />

1984). Não é à toa que se tornou uma teoria bastante utilizada <strong>em</strong> trabalhos envolvendo<br />

responsabilidade social corporativa, ética <strong>em</strong> negócios, entre outros t<strong>em</strong>as inseridos no campo dos<br />

estudos sobre as relações entre <strong>em</strong>presas e sociedade (DONALDSON e PRESTON, 1995; JONES,<br />

1995). Ao definir responsabilidade social <strong>em</strong>presarial, Jones já havia considerado que<br />

a noção de que as <strong>em</strong>presas têm uma obrigação com grupos constituídos na sociedade<br />

que não sejam [apenas] os acionistas e para além dos prescritos <strong>em</strong> lei ou contrato<br />

1


sindical, indicando que um interesse (stake) pode ir além do que a mera propriedade<br />

(Jones 1980, p. 59-60).<br />

Há, porém, quantidade reduzida de trabalhos que abordam a gestão voltada para<br />

stakeholders no âmbito das pequenas e/ou médias <strong>em</strong>presas (PME). Menos ainda, que tratam dos<br />

desafios e dil<strong>em</strong>as da responsabilidade social <strong>em</strong>presarial <strong>em</strong> PME considerando a influência de<br />

stakeholders externos. Este trabalho se insere nos estudos sobre responsabilidade social<br />

<strong>em</strong>presarial, com vistas a entender como ela acontece (ou não!) no âmbito de <strong>em</strong>presas de porte<br />

reduzido a partir da influência de públicos relevantes externos. Utilizamos como arcabouço teórico<br />

de análise a Teoria dos Stakeholders e como estratégia de pesquisa três estudos de caso, composto<br />

cada caso da análise das relações entre uma grande <strong>em</strong>presa (âncora) m<strong>em</strong>bro do Instituto Ethos e<br />

dois de seus fornecedores considerados <strong>em</strong>presas pequenas ou médias, totalizando nove <strong>em</strong>presas<br />

estudadas. O propósito dos estudos dos casos foi analisar como as âncoras influenciaram seus<br />

fornecedores <strong>em</strong> prol da adoção de práticas de gestão socialmente responsáveis. Trata-se de<br />

pesquisa qualitativa e exploratória cujo objetivo foi descobrir quais os desafios, barreiras ou acessos<br />

para uma PME adotar práticas de responsabilidade social e como uma grande <strong>em</strong>presa cliente pode<br />

contribuir neste processo.<br />

Os três estudos de caso foram escolhidos a partir do Programa Tear – Tecendo Redes<br />

Sustentáveis, desenvolvido pelo Instituto Ethos com o apoio do Banco Interamericano de<br />

Desenvolvimento (BID). O Programa nasceu <strong>em</strong> 2005, com o objetivo de atingir pequenas e<br />

médias <strong>em</strong>presas com o auxílio de <strong>em</strong>presas âncoras, que possuíss<strong>em</strong> ascensão sobre as PME <strong>em</strong><br />

suas cadeias de suprimentos. O estudo que aqui apresentamos pretendeu investigar qual o papel de<br />

três <strong>em</strong>presas âncoras como stakeholders de seis PME para auxiliá-las a adotar<strong>em</strong> práticas de<br />

gestão socialmente responsáveis, com apoio do Instituto Ethos. A lógica do Programa Tear residiu<br />

<strong>em</strong> fazer com que grandes <strong>em</strong>presas – ou âncoras – influenciass<strong>em</strong> fornecedores com perfil de PME<br />

estimulando-as a aderir a práticas de gestão referenciadas nos Indicadores Ethos de<br />

<strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong>. O Programa Tear terminou <strong>em</strong> 2008 e envolveu nove <strong>em</strong>presas âncoras e<br />

cento e oito PME <strong>em</strong> todo Brasil.<br />

1. <strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong> Corporativa <strong>em</strong> PME: Abordag<strong>em</strong> pela Teoria dos<br />

Stakeholders<br />

Ainda que o estudo sobre probl<strong>em</strong>as sociais seja algo antigo, apenas recent<strong>em</strong>ente eles se<br />

tornaram de forma efetiva um t<strong>em</strong>a relevante na literatura sobre negócios e gestão <strong>em</strong>presarial. Nas<br />

últimas três décadas houve aumento significativo na quantidade de trabalhos voltados a relação<br />

entre <strong>em</strong>presas e sociedade; abundam idéias e debates sobre o papel social cabido às organizações<br />

economicamente ativas, considerando os impactos que suas operações geram à sociedade, tais como<br />

danos ao meio ambiente, tratamento impróprio a trabalhadores, consumo irresponsável, entre outras<br />

questões importantes que se colocam sob o que se chama na América de <strong>Social</strong> Issues in<br />

Manag<strong>em</strong>ent (ver a definição desta Divisão na Acad<strong>em</strong>y of Manag<strong>em</strong>ent).<br />

Em um artigo no início da década de 1990, Thompson e Smith (1991) já chamavam a<br />

atenção para o fato de que mesmo havendo crescente quantidade e interesse por estudos sobre o<br />

impacto da responsabilidade social corporativa na performance de <strong>em</strong>presas, poucos eram os<br />

realizados ou dedicados aos desafios ou dificuldades <strong>em</strong> PME. Os trabalhos de Longo, Mura e<br />

Bonoli (2005), Fuller e Tian (2006), Roberts, Lawson e Nicholls (2006), Spence (2007), Uhlaner,<br />

Goor-balk e Masurel (2004) e Williamson, Lynch-Wood e Ramsay (2006) e mais recent<strong>em</strong>ente<br />

2


Avram (2008), Fassin (2008), Mankelow (2008) são ex<strong>em</strong>plos de estudos sobre os desafios e<br />

dil<strong>em</strong>as da RSE nas PME; porém, apenas Perrini (2006), Spence (2007), e Jenkins (2006)<br />

utilizaram a Teoria dos Stakeholders como perspectiva teórica de estudo para tratar do assunto.<br />

T<strong>em</strong>os, portanto, que os resultados da pesquisa que aqui expomos intenta ser uma contribuição aos<br />

estudos sobre responsabilidade social corporativa <strong>em</strong> pequenas e médias <strong>em</strong>presas considerando a<br />

influência da ação de stakeholders externos.<br />

2. Método<br />

2.1 O Desenho de Pesquisa<br />

Nosso foco de interesse residiu <strong>em</strong> entender uma situação específica na qual uma <strong>em</strong>presa se<br />

propunha a influenciar e auxiliar outra no processo de assimilação de práticas de gestão socialmente<br />

responsáveis. Durante a pesquisa, foi absolutamente relevante considerar que a relação entre as duas<br />

<strong>em</strong>presas não era apenas cliente-fornecedor, mas atentar para o fato de que a <strong>em</strong>presa cliente<br />

exercia um grande poder de influência sobre a fornecedora, sendo de grande porte, reconhecida<br />

como uma das maiores de sua indústria. Daí a denominação “<strong>em</strong>presa âncora”. Tomando as idéias<br />

de Porter (1980), pod<strong>em</strong>os afirmar que a âncora detinha forte poder de barganha sobre os<br />

fornecedores, ainda mais considerando que estas eram PME. A idéia inicial do Programa Tear<br />

residiu <strong>em</strong> considerar o poder da âncora para influenciar a PME sob o argumento de que a<br />

responsabilidade social <strong>em</strong>presarial impacta positivamente na performance da <strong>em</strong>presa, uma vez<br />

que incr<strong>em</strong>enta condições de competitividade e sustentabilidade. Tínhamos, portanto, as seguintes<br />

pr<strong>em</strong>issas ao iniciar as análises dos três casos:<br />

1) a gestão orientada por interesses de stakeholders impacta na performance das <strong>em</strong>presas<br />

(FASSIN, 2009; FREEMAN, 1984 e 1994; GREENLEY e FOXALL, 1997;<br />

MITCHELL, AGLE e WOOD, 1997);<br />

2) há uma relação positiva entre gestão orientada por interesses de stakeholders, adoção de<br />

práticas de gestão socialmente responsáveis e performance competitiva nas organizações<br />

(GRIFIN e MAHON, 1997; HARRISON e FREEMAN, 1999; McGUIRE et al. 1988;<br />

PUNCHEVA, 2008; SPENCE, COLES e HARRIS, 2001; RUF et al, 2001;<br />

WADDOCK e GRAVES, 1997; WOOD, 1991);<br />

3) a responsabilidade social <strong>em</strong>presarial não está restrita a <strong>em</strong>presas grandes, que det<strong>em</strong><br />

recursos suficientes para influenciar o ambiente e impor regras para a realização dos<br />

negócios de acordo com princípios da RSE. As PME também pod<strong>em</strong> assimilar a RSE e<br />

usufruir de impactos positivos <strong>em</strong> termos de competitividade e sustentabilidade<br />

(AVRAM e KÜHNE, 2008; FULLER e TIAN, 2006; JENKINS, 2009; LONGO,<br />

MURA e BONOLI , 2004; MANKELOW, 2008; ROBERTS et al. 2006; SPENCE<br />

2007; WILLIAMSON, LYNCH_WOOD e RAMSAY,. 2006);<br />

4) os Indicadores de <strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong> do Instituto Ethos constitu<strong>em</strong> fonte suficiente<br />

e legítima para acompanhar a performance da <strong>em</strong>presa <strong>em</strong> termos de responsabilidade<br />

social corporativa. O papel da âncora era viabilizar o conhecimento servir como ente<br />

facilitador para que a PME adotasse as práticas seguindo as orientações do Instituto<br />

Ethos (INSTITUTO ETHOS, 2007).<br />

Considerando o interesse por entender mais profundamente como uma <strong>em</strong>presa influencia<br />

seus fornecedores a assimilar<strong>em</strong> práticas de gestão socialmente responsáveis, a opção pelo estudo<br />

de caso qualitativo nos pareceu pertinente. Godoy (2006) apóia-se <strong>em</strong> Stake (1988 e 2000) e <strong>em</strong><br />

3


Merriam (1988 e 1998) para explicar que quando falamos de estudo de caso qualitativo estamos nos<br />

referindo à escolha de um determinado objeto e realizando uma descrição holística e intensiva de<br />

um fenômeno b<strong>em</strong> delimitado. Pode ser uma pessoa, um programa, uma <strong>em</strong>presa ou um grupo de<br />

pessoas que compartilham o mesmo ambiente de trabalho. Merriam (1988) acentua que a escolha<br />

pelo estudo de caso denota que o interesse do pesquisador está mais voltado à compreensão dos<br />

processos sociais que ocorr<strong>em</strong> num determinado contexto do que às relações estabelecidas entre<br />

variáveis. É a estratégia de pesquisa adequada para compreender uma situação <strong>em</strong> profundidade,<br />

enfatizando seu significado para os vários envolvidos. Constitui uma estratégia de pesquisa<br />

interessante quando se deseja entender um fenômeno social complexo, pois pressupõe um maior<br />

nível de detalhamento das relações entre os indivíduos e as organizações, b<strong>em</strong> como dos<br />

intercâmbios que se processam com o meio ambiente nos quais estão inseridos (YIN, 2005).<br />

Na mesma linha de raciocínio, Yin (2005) afirma que o estudo de caso é uma estratégia de<br />

pesquisa interessante quando as perguntas de pesquisa inclu<strong>em</strong> “como” e “porque”, e “quando o<br />

pesquisador t<strong>em</strong> pouco controle sobre os eventos” (Yin, 2005, p. 19). O método de estudos de<br />

casos múltiplos permite a observação de evidências <strong>em</strong> diferentes contextos, pela replicação do<br />

fenômeno, s<strong>em</strong> necessariamente se considerar a lógica de amostrag<strong>em</strong>. Yin (2005) propõe cinco<br />

componentes para desenvolver um estudo <strong>em</strong>pírico, de forma a construir uma lógica ou conexão<br />

entre os dados colhidos, as questões de pesquisa e as conclusões finais, a saber:<br />

1. As questões do estudo: Como as âncoras influenciaram as PME fornecedoras?Como se<br />

deu o processo de trabalho entre âncora, PME e Instituto Ethos? Quais os resultados<br />

alcançados <strong>em</strong> termos de adoção de práticas de responsabilidade social corporativa na<br />

PME?<br />

2. As proposições: O propósito do estudo é descrever as relações entre Instituto Ethos,<br />

<strong>em</strong>presas âncoras e m<strong>em</strong>bros das <strong>em</strong>presas PME de modo a identificar como se deu o<br />

processo de assimilação da RSE e da incorporação dos Indicadores Ethos de<br />

<strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong>. Em termos da gestão das PME,buscamos levantar quais os<br />

fatores facilitadores e dificultadores dos trabalho. A priori, supus<strong>em</strong>os que a âncora<br />

favoreceu o processo, as PME assimilaram práticas de RSE, passaram a acompanhá-las<br />

com base nos Indicadores Ethos e obtiveram oportunidades de mercado por se alinhar<strong>em</strong><br />

com princípios de responsabilidade <strong>em</strong>presarial e sustentabilidade.<br />

3. As unidades de análise: O estudo foi feito <strong>em</strong> multiníveis. Os dados foram coletados<br />

tendo atenção às relações entre organizações, entre indivíduos e organizações e entre<br />

indivíduos entre si. Adicionalmente, foram analisados dados da performance de cada<br />

PME antes e depois da participação no Programa Tear.<br />

4. A lógica que une os dados às proposições: A coleta aconteceu <strong>em</strong> etapas, a medida que<br />

os pesquisadores se familiarizavam com os processos que aconteceram na relação entre<br />

âncoras e seus fornecedores. Este procedimento permitiu a identificação de padrões.<br />

5. Os critérios para interpretar as constatações: as interpretações foram realizadas de modo<br />

a considerar todas as evidências, tomando o cuidado de apresentar as evidências<br />

separadamente de qualquer interpretação e procurar explorar interpretações alternativas.<br />

2.2 Coleta de Dados<br />

A fonte primária de dados foram entrevistas, apresentadas no quadro abaixo. Inicialmente,<br />

d<strong>em</strong>os atenção a indivíduos que haviam participado diretamente como responsáveis pelo Programa<br />

4


nas <strong>em</strong>presas âncoras, no Instituto Ethos e nas PME. Com o andamento das investigações, tiv<strong>em</strong>os<br />

o cuidado de entrevistar nas PME pessoas que não haviam sido responsáveis diretamente, mas que<br />

participaram das ações implantadas pelo Tear <strong>em</strong> cada PME. Além disso, entrevistamos pessoas<br />

chaves para a implantação do Programa como representantes do Instituto Ethos, denominadas<br />

“indutoras”, assim como a Coordenadora do Programa Tear e o Presidente do Instituto.<br />

EMPRESA ENTREVISTADOS (cargo ou posição na hierarquia)<br />

Arcellor Mittal<br />

Analista de Recursos Humanos, responsável pelo<br />

desenvolvimento do Programa Tear<br />

Bugue Reciclag<strong>em</strong> Gerente Administrativo<br />

Leili Eletrofrigeração<br />

Coordenadora da Qualidade<br />

Auxiliar administrativo<br />

Camargo Corrêa Analista de Desenvolvimento Organizacional<br />

Metax<br />

Coordenadora do Sist<strong>em</strong>a de Gestão da Qualidade<br />

Gerente Comercial<br />

Roca<br />

Sócio-diretor comercial<br />

Engenheiro Civil<br />

Vale<br />

Supervisor<br />

Degraus<br />

Coordenador da Qualidade<br />

Técnica <strong>em</strong> Segurança do Trabalho<br />

Unidata Automação<br />

Gerente de operações<br />

Encarregada de Operações<br />

Presidente do Ethos<br />

Instituto Ethos<br />

Coordenador do Programa Tear<br />

Indutora A (Arcellor e Vale)<br />

Indutora B (Camargo Correa)<br />

Quadro 1: Relação de entrevistados nas <strong>em</strong>presas âncoras, PME e Instituto Ethos<br />

Além das entrevistas, houve ampla coleta documentos, incluindo:<br />

a) Metodologia Tear de Trabalho <strong>em</strong> Cadeia de Valor: publicação do Instituto Ethos corealizada<br />

com o fundo multilateral de investimentos (FUMIN) do BID, distribuída<br />

gratuitamente a todos os associados.<br />

b) Relatórios de gestão das <strong>em</strong>presas âncoras e das PME: documentos disponíveis nos websites<br />

de cada <strong>em</strong>presa ou no Instituto Ethos. Nestes, pud<strong>em</strong>os obter o Balanço <strong>Social</strong> e os<br />

enunciados sobre visão, missão, princípios e valores corporativos, análise SWOT e<br />

análise dos stakeholders.<br />

c) Linha de Base: documento desenvolvido pelo Instituto Ethos para garantir a<br />

consolidação do Programa Tear. Uma vez que este documento não é público, solicitamos<br />

às PME que permitiss<strong>em</strong> acesso a seus respectivos documentos. Refer<strong>em</strong>-se à análise de<br />

sustentabilidade do negócio, diagnósticos, planos de ação <strong>em</strong> relação aos níveis de<br />

responsabilidade social aplicada na <strong>em</strong>presa e resultados econômicos obtidos a partir do<br />

Programa Tear. Além disso, cada PME podia desenvolver uma avaliação dos impactos<br />

do Programa <strong>em</strong> relação a sua cadeia de valor. É importante destacar que este<br />

documento também cont<strong>em</strong>pla itens presentes no Relatório de Gestão, quais sejam visão,<br />

missão, valores; porém, aqui cada PME deve elaborar uma análise sobre alinhamento<br />

destes pontos com os princípios de sustentabilidade e responsabilidade social.<br />

Finalmente, é neste documento que cada PME escolheu indicadores relevantes entre os<br />

5


Indicadores Ethos de <strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong> e os Indicadores Ethos/SEBRAE de<br />

responsabilidade social. Desta maneira, os relatórios Linha de Base constitu<strong>em</strong> peça<br />

chave para que cada PME priorize um conjunto de indicadores, defina ações para<br />

implantá-los e as acompanhe.<br />

Adicionalmente, um dos autores participou como convidado <strong>em</strong> vários encontros de trabalho<br />

e esteve presente <strong>em</strong> discussões plenárias e eventos promovidos pelo Instituto Ethos e por <strong>em</strong>presas<br />

âncoras.<br />

3.3 Análise dos Dados<br />

A análise dos dados foi elaborada <strong>em</strong> quatro fases, inspirados por Maguire, Hardy e<br />

Lawrence (2004). Na primeira fase, elaboramos uma narrativa geral que nos permitiu vislumbrar<br />

como se deu a relação entre as organizações envolvidas no Projeto Tear e quais foram os<br />

procedimentos, eventos e fatos relevantes ao longo do processo de assimilação de práticas de RSE<br />

nas PME. Inicialmente, as ações e os processos do período 2005-2008 foram reportados como<br />

positivos e frutíferos, principalmente pelos entrevistados que participaram diretamente dos<br />

encontros e plenárias. Ficou claro que, para fugir do discurso oficial padrão, seria necessária<br />

investigação b<strong>em</strong> mais profunda. Outros pontos importantes tinham que ser levantados, por<br />

ex<strong>em</strong>plo: quais as dificuldades encontradas pelas PME para adotar<strong>em</strong> práticas de RSE?<br />

Evident<strong>em</strong>ente, não rejeitariam um convite para participar de um Programa ligado a seu principal<br />

cliente e ao Instituto Ethos; interessava-nos, porém, descobrir quais os desafios, probl<strong>em</strong>as e como<br />

se deu a relação com a âncora e o processo de assimilação da RSE <strong>em</strong> seu modo de gestão.<br />

Passamos, então, à segunda fase de análise, muitas vezes recorrendo a novas coletas ou<br />

validação dos dados já levantados <strong>em</strong> entrevistas e documentos. Proced<strong>em</strong>os a uma avaliação de<br />

quais indicadores foram escolhidos por cada PME e como efetivamente traduziram cada um <strong>em</strong><br />

ações. Destacamos nesta fase os resultados <strong>em</strong> termos de “antes do Tear” e “depois do Tear”. Vale<br />

ressaltar que além das ações de RSE, acompanhamos resultados que nos permitiss<strong>em</strong> discutir<br />

questões relacionadas a oportunidades de mercado e competitividade, posto que estes haviam sido<br />

argumentos relevantes utilizados pelas âncoras para incentivar as PME a participar<strong>em</strong> do Programa.<br />

Na terceira fase, identificamos os principais pontos <strong>em</strong> comum que <strong>em</strong>ergiram das análises<br />

dos casos e que se referiam a como as PME lidaram com a participação no Tear, a assimilação de<br />

práticas de RSE e a natureza da relação com a âncora e com o Instituto Ethos. Nesta fase, eleg<strong>em</strong>os<br />

categorias para explicar <strong>em</strong> grandes linhas as evidências de resultados na gestão das PME após a<br />

participação no Tear.<br />

Por fim, na quarta fase de análise tratamos diretamente das perguntas de pesquisa <strong>em</strong> relação<br />

às categorias que <strong>em</strong>ergiram das outras três fases.<br />

3. O Programa Tear<br />

O Programa Tear - Tecendo Redes Sustentáveis, buscou aumentar a competitividade e<br />

sustentabilidade de pequenas e médias <strong>em</strong>presas por meio da adoção de medidas de<br />

responsabilidade social e <strong>em</strong>presarial. Aconteceu como resultado de uma parceria do Instituto Ethos<br />

com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Do orçamento de R$ 2,6 milhões, metade<br />

foi viabilizada por recursos do Fundo Multilateral de Investimento (FUMIN) do BID. A outra<br />

metade, pelo Instituto Ethos e pelas <strong>em</strong>presas âncoras participantes. No total, houve nove <strong>em</strong>presas<br />

6


de grande porte, ou âncoras, e cento e oito pequenas e médias <strong>em</strong>presas participantes, com atuação<br />

<strong>em</strong> sete setores da economia: açúcar e álcool, construção civil, energia elétrica, mineração, petróleo<br />

e gás, siderurgia e varejo.<br />

As âncoras foram escolhidas entre os m<strong>em</strong>bros do Instituto Ethos, com participação do BID,<br />

entre <strong>em</strong>presas com experiências avançadas <strong>em</strong> gestão socialmente responsável, atentando para<br />

escolher uma âncora por setor. Cada âncora participante selecionou <strong>em</strong> torno de quinze pequenas e<br />

médias <strong>em</strong>presas integrantes de sua cadeia de valor, fornecedoras ou clientes, com as quais assumiu<br />

o compromisso de ajudar a incorporar princípios de RSE nos respectivos processos internos, b<strong>em</strong><br />

como no relacionamento com as partes interessadas das suas respectivas cadeias de valor.<br />

Considerou-se como PME <strong>em</strong>presas com faturamento até US$ 5 milhões por ano e escolheu-se<br />

organizações consideradas estratégicas para a <strong>em</strong>presa âncora, detentoras de tecnologia singular ,<br />

potencial exportadora ou servir como multiplicadora das ações (INSTITUTO ETHOS, 2007). Para<br />

fins deste artigo, selecionamos apenas casos nos quais a âncora estava lidando com fornecedores.<br />

O quadro 2 apresenta a estrutura dos três casos compostos por um total de nove <strong>em</strong>presas,<br />

mais o Instituto Ethos. A escolha de <strong>em</strong>presas de variados tipos de negócios <strong>em</strong> âncoras diferentes<br />

justifica-se no fato de obter uma melhor exploração da diss<strong>em</strong>inação da metodologia do Programa<br />

Tear, assim como da comparação dos impactos gerados pelos resultados de ações socialmente<br />

responsáveis.<br />

Estudo de<br />

Caso<br />

Caso 1<br />

Caso 2<br />

Caso 3<br />

Empresa<br />

Âncora<br />

ArcelorMittal<br />

Camargo<br />

Corrêa<br />

Vale<br />

PME Fornecedoras<br />

Leili Refrigeração<br />

Bugue Reciclag<strong>em</strong><br />

Andaimes Metax<br />

Roca Engenharia<br />

Degraus Engenharia<br />

Unidata Automação<br />

Quadro 2: Composição do Estudo de Caso Múltiplo<br />

Fonte: Autoria Própria.<br />

A metodologia do Programa Tear definiu que cada PME deveria aplicar os Indicadores<br />

Ethos e efetuar uma análise qualitativa das práticas de RSE (METODOLOGIA TEAR, 2007).<br />

Dado que é extensa a lista de indicadores propostos pelo Instituto Ethos, admitiu-se que cada PME<br />

priorizasse t<strong>em</strong>as, elegesse indicadores e estabelecesse um conjunto de ações de maneira a<br />

cont<strong>em</strong>plar todos os seus stakeholders, levando <strong>em</strong> conta fatores críticos do negócio.<br />

3.1 Caso 1<br />

A Arcelor Mittal Aços Longos é um braço da Arcellor Mittal, <strong>em</strong>presa com sede <strong>em</strong><br />

Lux<strong>em</strong>burgo, uma das 50 maiores produtoras de aço no mundo. As PME escolhidas como objeto de<br />

estudo foram Leili Refrigeração e Bugue Reciclag<strong>em</strong>.<br />

Seguindo a metodologia do Programa Tear, a Bugue Reciclag<strong>em</strong> elaborou 33 ações<br />

relacionadas a RSE e sustentabilidade e destas implantou 21, no período 2005-2008. Os t<strong>em</strong>as<br />

priorizados estavam relacionados a compromissos éticos, compromisso com o desenvolvimento<br />

profissional e <strong>em</strong>pregabilidade, educação e conscientização ambiental, seleção e avaliação de<br />

7


fornecedores, compromisso com o desenvolvimento infantil e construção da cidadania. No triênio<br />

2005/ 2007, o faturamento da <strong>em</strong>presa cresceu <strong>em</strong> média 17% a.a.<br />

A Leilli Refrigeração, a partir do mesmo modelo de diagnóstico, elaborou 44 ações<br />

relacionadas a RSE e implantou 38. Os t<strong>em</strong>as priorizados foram: cuidados com saúde, segurança e<br />

condições de trabalho, compromisso com o desenvolvimento profissional e <strong>em</strong>pregabilidade,<br />

educação e conscientização ambiental, apoio ao desenvolvimento de fornecedores, relações com<br />

organizações locais e gestão participativa. No triênio 2005/2007 o faturamento cresceu <strong>em</strong> média<br />

10% a.a.<br />

3.2 Caso 2<br />

O Grupo Camargo Corrêa atua <strong>em</strong> 20 países e <strong>em</strong>prega <strong>em</strong> torno de 57 mil pessoas.<br />

Desenvolve trabalhos nas áreas de engenharia e construção, cimento, calçados, têxteis e siderurgia,<br />

concessões e meio ambiente. Na Divisão Engenharia e Construção aconteceu uma das principais<br />

iniciativas no campo da sustentabilidade: o desenvolvimento de fornecedores. Mobilizou 20<br />

pequenas <strong>em</strong>presas fornecedoras entre as quais Andaimes Metax Equipamentos Ltda e Roca<br />

Fundações.<br />

A Andaimes Metax Equipamentos Ltda t<strong>em</strong> como principais atividades a fabricação,<br />

comercialização e locação de andaimes, elevadores, escoramentos e soluções <strong>em</strong> acesso e transporte<br />

vertical. A partir de um diagnóstico proposto pelo Programa, a Metax elaborou 17 ações<br />

relacionadas a RSE e sustentabilidade e destas implantou 9, as quais foram priorizadas <strong>em</strong> itens<br />

relacionados a: compromissos éticos, balanço social, cuidados com saúde, segurança e condições de<br />

trabalho, critérios de contratação, compromisso com o desenvolvimento profissional, acesso à<br />

informação, comprometimento da <strong>em</strong>presa com a melhoria, critérios de seleção e avaliação de<br />

fornecedores, ações de ouvidoria com consumidores e clientes. No triênio 2005/ 2007, o<br />

faturamento cresceu <strong>em</strong> média 20% a.a<br />

A Roca Fundações presta serviços no setor de fundações <strong>em</strong> todo o Brasil e no exterior. A<br />

partir do mesmo modelo de diagnóstico elaborou 21 ações relacionadas a RSE e implantou 20, nos<br />

seguintes t<strong>em</strong>as: balanço social, cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho, benefícios<br />

trabalhistas, desenvolvimento profissional, acesso à informação, gerenciamento de impactos sobre o<br />

meio ambiente, compromisso com melhorias, educação e conscientização ambiental, satisfação dos<br />

clientes e política de comunicação comercial. No triênio 2005/ 2007, seu faturamento cresceu <strong>em</strong><br />

média 25%.<br />

3.3 Caso 3<br />

A Vale, maior <strong>em</strong>presa brasileira do ramo de mineração, é <strong>em</strong>presa privada de capital aberto<br />

e possui mais de 100 mil <strong>em</strong>pregados, entre próprios e terceirizados. Nas diversas regiões <strong>em</strong> que<br />

atua, é incentivado o desenvolvimento de parceiros locais por meio de programas de<br />

desenvolvimento de fornecedores. Dentre as 15 <strong>em</strong>presas fornecedoras, participantes do Tear,<br />

encontram-se a Degraus Engenharia e a Unidata Automação.<br />

A Degraus Engenharia e Construções Ltda,, fundada <strong>em</strong> 1993, atua no ramo de construção<br />

civil. A partir de um diagnóstico proposto pelo Programa, a Degraus elaborou 21 ações relacionadas<br />

a RSE e sustentabilidade e destas implantou 17, escolhidas entre os t<strong>em</strong>as: compromissos éticos,<br />

cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho, educação e conscientização ambiental,<br />

gerenciamento dos impactos sobre o meio ambiente, governança corporativa, balanço social, gestão<br />

8


participativa, política de r<strong>em</strong>uneração e carreira, relações com organizações locais e governança<br />

corporativa. No triênio 2005/ 2007, o faturamento cresceu <strong>em</strong> média 91% a.a.<br />

A Unidata Automação Ltda, fundada <strong>em</strong> 1989, atua na área de gerenciamento de<br />

combustíveis, com ênfase <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as de controle automatizados de estoques e de abastecimento de<br />

equipamentos e veículos, além de disponibilizar serviços de operação por meio de equipe de<br />

supervisores, técnicos de segurança e operadores dedicados aos serviços nos postos de<br />

abastecimento dos clientes. A partir do mesmo modelo de diagnóstico elaborou 10 ações<br />

relacionadas a RSE e implantou 8, escolhidas entre indicadores relacionados aos seguintes t<strong>em</strong>as:<br />

balanço social, critérios de seleção e avaliação de fornecedores, satisfação de clientes, valorização<br />

da diversidade, práticas antiproprina e gerenciamento dos impactos sobre o meio ambiente. No<br />

triênio 2005/ 2007, o faturamento cresceu <strong>em</strong> média 30% a.a.<br />

Ainda que todas as PME hajam reportado resultados econômicos financeiros positivos e<br />

crescentes, nosso método não é adequado para correlacionar tal fato à participação no Programa<br />

Tear e conseqüente, a implantação de ações de RSE e sustentabilidade. Assim sendo, partimos para<br />

o cruzamento de informações entre os dados obtidos nas entrevistas, nos documentos e nas<br />

observações. Evident<strong>em</strong>ente, encontramos muitos pontos de contradição, o que nos impele a<br />

continuar a pesquisa, aprofundar as análises e depurar o método. Apresentar<strong>em</strong>os os resultados<br />

preliminares que angariamos no tratamento dos dados de acordo com as quatro fases que<br />

expus<strong>em</strong>os na metodologia. Tomamos as perguntas de pesquisa como tecer as análises.<br />

4. Resultados<br />

Como as âncoras influenciaram as PME fornecedoras?<br />

As <strong>em</strong>presas âncoras financiaram e organizaram toda infraestrutura para as reuniões e<br />

eventos, tanto as plenárias – com participação das nove âncoras e todas as PME – quanto aquelas<br />

nas quais só participavam PME de uma mesma âncora. Não havia nenhum custo para PME<br />

participar e conhecer a metodologia de gestão, com promessa de redução de custos e aumento das<br />

oportunidades de mercado, por meio da adoção de RSE. Os representantes das PME reportaram que<br />

a possibilidade de estreitar laços com a âncora foi importante fator motivador da participação no<br />

Programa, trazendo a âncora “para dentro da <strong>em</strong>presa”. Ser reconhecido como um fornecedor que<br />

incorpora práticas de gestão socialmente responsáveis traz proximidade, conhecimento e destaque<br />

para cada PME <strong>em</strong> sua cadeia de valor.<br />

As âncoras promoveram a formação de redes entre seus fornecedores e deram grande impulso<br />

para que <strong>em</strong>presas pequenas, familiares, com processos de gestão pouco estruturados participass<strong>em</strong><br />

efetivamente de um movimento de assimilação de formas de gestão comprometidas com<br />

resultados, com métricas de avaliação e acompanhamento específicas.<br />

Como se deu o processo de trabalho entre âncora, PME e Instituto Ethos?<br />

Passar a ser reconhecida como uma <strong>em</strong>presa que trabalha de acordo com os Indicadores<br />

Ethos de <strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong> e Sustentabilidade implicou não só na participação nos eventos e<br />

reuniões, mas também <strong>em</strong> visitas e horas de atividade de consultoria de técnicos (denominadas<br />

indutores) do Instituto Ethos a cada um dos fornecedores.<br />

Após priorizar um conjunto de Indicadores Ethos, cada PME estabeleceu um conjunto de<br />

ações que foram acompanhados durante a implantação. Uma tentativa de resumir o perfil de ações<br />

apresentadas nos levou à elaboração da seguinte lista:<br />

9


Realização de palestras e eventos com ênfase <strong>em</strong> questões sociais e de sustentabilidade;<br />

Elaboração de Códigos de Conduta Ética para orientar relacionamentos com e entre<br />

stakeholders;<br />

Divulgação a colaboradores internos e externos de informações econômicas e financeiras<br />

da <strong>em</strong>presa;<br />

Treinamento e capacitação de <strong>em</strong>pregados sobre questões relacionadas à segurança no<br />

trabalho, práticas de cidadania, saúde e qualidade de vida, trabalho <strong>em</strong> equipe entre<br />

outros t<strong>em</strong>as;<br />

Elaboração de material de informação aos clientes sobre características e riscos do<br />

produto.<br />

Quais os resultados alcançados <strong>em</strong> termos de adoção de práticas de responsabilidade social<br />

corporativa na PME?<br />

Conquanto haja evidência de que as PME aumentaram o faturamento, não se pode creditar<br />

tal fato a nenhuma ação ou evento específico relacionado ao Tear. Não há menção de que houve<br />

mudanças no relacionamento comercial com as âncoras, ainda que ocorress<strong>em</strong> iniciativas de<br />

comunicação e troca de experiências. Também não há referência a desenvolvimento de novos<br />

produtos por parte das PME, n<strong>em</strong> surgimento de novas oportunidades de mercado ou incr<strong>em</strong>ento<br />

efetivo na capacidade competitiva, relatado com fato ilustrativo. Mesmo assim, todos os<br />

entrevistados representantes das PME reportaram que a participação no Programa implicou <strong>em</strong><br />

melhoria e intensificação dos relacionamentos com stakeholders, tanto internos quanto externos.<br />

Há, sobretudo, ênfase nos impactos na relação com os colaboradores, funcionários ou terceirizados,<br />

por meio de ações envolvendo eventos, aulas, coleta seletiva de lixo, reaproveitamento de papel<br />

para impressão, incentivos a realização de cursos e compl<strong>em</strong>entação da instrução formal, combate<br />

ao uso de álcool de drogas, patrocínio a atividades na comunidade circunvizinha, doações a<br />

hospitais, creches e escolas públicas, patrocínio de atividades esportivas e de lazer nas cidades ou<br />

bairros próximos a cada PME.<br />

Na avaliação da contribuição do Tear para o negócio, retirada dos Relatórios Linha de Base,<br />

a única resposta positiva unânime que encontramos entre as PME estudadas foi “Aprimorar<br />

processos produtivos ou de gestão”, como se pode ver no quadro 3. Atribuímos tal resposta aos<br />

relatos de iniciativas como a da Degraus que...<br />

...”introduziu técnicas e ferramentas de gerenciamento de obras, com metas de redução<br />

do entulho e nas construções de moradias, os apartamentos estão equipados com<br />

medidores individuais do consumo de água, de modo a possibilitar que cada morador<br />

controle e reduza seus gastos com água 1 ”...<br />

...ou como a Leili Refrigerações que...<br />

“elaborou uma Declaração dos Riscos que os clientes estão expostos ao adquirir nossos<br />

produtos. Apresentamos este trabalho <strong>em</strong> várias capitais do Brasil para grupos de<br />

clientes e fornecedores da Arcellor Mittal, dando clara d<strong>em</strong>onstração de transparência<br />

nas relações comerciais e alinhamento com o Código de Defesa do Consumidor 2 ”...<br />

...como a Roca Fundações que...<br />

“ inovou com a modernização de equipamentos de segurança na aquisição de<br />

compressores que não oferec<strong>em</strong> vazamento de óleo, além das melhorias da qualidade do<br />

ar nas câmaras de trabalho. Houve também melhoris no escritório, como acesso a<br />

10


internet para todos e melhorias nos alojamentos, como novos beliches, televisores e<br />

refrigeradores e apoio jurídico gratuito a todos os funcionários 3 ”<br />

A Metax não reportou nenhuma melhoria diretamente ligada aos processos produtivos ou de<br />

gestão, apontando resultados da participação no Tear como promoção de treinamentos, cursos de<br />

graduação e pós-graduação <strong>em</strong> áreas específicas para os <strong>em</strong>pregados. Ações foram desenvolvidas<br />

<strong>em</strong> relação ao meio ambiente, entre as quais a criação de um grupo de 13 multiplicadores<br />

estratégicos que lideraram o “Programa de Educação Ambiental”, sensibilizando colaboradores e<br />

familiares para o t<strong>em</strong>a. Este mesmo grupo desenvolveu um plano de melhorias na fábrica,<br />

conscientização de todos e implantação de coleta seletiva e Programa 5S.<br />

A Unidata também não mencionou qualquer questão diretamente relacionada ao negócio,<br />

concentrando-se <strong>em</strong> relatar com detalhes a participação <strong>em</strong> projetos sociais e ambientais como<br />

campanhas de alimentos na região de Juvenília, no Vale do Jequitinhonha, MG, além de estímulos a<br />

voluntariado <strong>em</strong>presarial e coleta seletiva de lixo.<br />

Contribuição do Tear para o Negócio<br />

Desenvolver novos produtos/serviços com<br />

Bugue Leili Metax Roca Degraus Unidata<br />

caracterísicas de responsabilidade social<br />

<strong>em</strong>presarial<br />

Não Sim Não Não Sim Sim<br />

Aprimorar processos produtivos ou de<br />

gestão<br />

Sim Sim Sim Sim Sim Sim<br />

Ter acesso a novos mercados Não Sim Não Não Não Não<br />

Conquistar novos clientes<br />

Benefícios percebidos pela <strong>em</strong>presa na sua<br />

cadeia de valor<br />

Não Sim Não Não Não Não<br />

Melhor diálogo ou resolução de conflitos Sim Sim Não Sim Sim Sim<br />

Melhores negociações de vendas Não Sim Não Não Não Não<br />

Maior compromisso com prazos Não Sim Sim Não Não Não<br />

Maior compromisso com qualidade Não Sim Sim Sim Não Sim<br />

Ampliação do volume de negócios Não Sim Não Não Não Não<br />

Diminuição de riscos e probl<strong>em</strong>as Não Sim Sim Sim Não Sim<br />

Quadro 3. Fonte: Relatório Linha de Base, 2008 (fornecido pelas <strong>em</strong>presas)<br />

5. Discussão<br />

Os resultados dos três estudos de caso do tipo qualitativo (GODOY, 2006) retirados do<br />

Programa Tear são, agora, discutidos à luz das pr<strong>em</strong>issas que tomamos ao iniciar o projeto de<br />

pesquisa.<br />

As PME aderiram ao Programa por considerar RSE t<strong>em</strong>a importante e legítimo, mas não há<br />

como negar que a adesão foi tr<strong>em</strong>endamente influenciada pelo poder da <strong>em</strong>presa âncora e do<br />

Instituto Ethos (MITCHELL, AGLE e WOOD, 1997) como stakeholders com interesses, com<br />

recursos e posição suficient<strong>em</strong>ente fortes para mobilizá-las. A participação trouxe impactos na<br />

relação com a âncora, <strong>em</strong> termos de comunicação e trocas de experiência. Não há evidências de<br />

impactos <strong>em</strong> questões comerciais ou diretamente relacionadas aos negócios entre âncoras e PME.<br />

Os dados coletados apresentam melhorias (termo que aparece freqüent<strong>em</strong>ente nas entrevistas) nas<br />

relações com funcionários e com <strong>em</strong>presas clientes. Os estudos de caso realizados nos faz<strong>em</strong><br />

11


concluir que a gestão orientada por interesses das <strong>em</strong>presas âncoras como stakeholders impactaram<br />

na performance das <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> ações voltadas ao relacionamento, informação e educação sócioambiental<br />

dos colaboradores e familiares. Houve, também, mudanças nos processos produtivos,<br />

mas não há relatos ou evidências suficientes para afirmar que houve impactos na performance <strong>em</strong><br />

termos econômicos dos negócios. Não houve dados suficientes para evidências de que a adoção de<br />

práticas de gestão socialmente responsáveis gerou resultados <strong>em</strong> termos de performance<br />

competitiva nas PME<br />

A responsabilidade social <strong>em</strong>presarial não está restrita a <strong>em</strong>presas grandes, que detém<br />

recursos suficientes para influenciar o ambiente e impor regras para a realização dos negócios de<br />

acordo com princípios da RSE. As PME também pod<strong>em</strong> assimilar a RSE, porém fizeram-na <strong>em</strong><br />

itens não diretamente relacionados ao modelo de negócio. As ações ainda estão no nível da<br />

conscientização das pessoas ou <strong>em</strong> adotar práticas e comportamentos voltados à cidadania, como<br />

coleta seletiva de lixo e promoção de atividades filantrópicas e/ou de apoio a comunidades carentes<br />

próximas a cada PME. Ainda estão longe de usufruir de impactos positivos <strong>em</strong> termos de<br />

competitividade e sustentabilidade.<br />

Os Indicadores Ethos de <strong>Responsabilidade</strong> <strong>Social</strong> são aceitos como métrica legítima para<br />

processos de desenvolvimento e assimilação de RSE e sustentabilidade nas <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> geral,<br />

independent<strong>em</strong>ente do porte. Não há discussão sobre a pertinência dos indicadores <strong>em</strong> função do<br />

tamanho da <strong>em</strong>presa.<br />

6. Conclusão<br />

Does Virtue Pay? David Vogel coloca tal questão no prefácio de sua obra The Market for<br />

Virtue, originalmente publicado <strong>em</strong> 2005, com segunda edição já <strong>em</strong> 2006. O autor afirma que<br />

apesar da RSE prover benefícios a <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> algumas áreas – como proteção a sua reputação e<br />

apoio à atração, motivação e retenção de pessoal de alta qualidade – tais benefícios são<br />

freqüent<strong>em</strong>ente elusive e raramente afetam a performance financeira da <strong>em</strong>presa .<br />

Os resultados dos estudos de casos qualitativos que realizamos com <strong>em</strong>presas participantes<br />

do Programa Tear indicam que a adoção de práticas de RSE não implicam abertamente <strong>em</strong><br />

resultados positivos <strong>em</strong> termos de incr<strong>em</strong>ento <strong>em</strong> performance e oportunidades de mercado. A<br />

opção por assimilar a RSE está relacionada a mudanças no comportamento de indivíduos, seja<br />

isoladamente, seja na vida organizacional. Por meio do Programa, as <strong>em</strong>presas inser<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> redes<br />

e diss<strong>em</strong>inam idéias e práticas, com alguns reflexos nos processos produtivos e de gestão. A RSE<br />

mobiliza pessoas, recursos e ações, mas ainda há muito a e estudar para concluir que há impactos na<br />

performance e nas oportunidades de mercado. Principalmente, ao considerarmos os desafios para as<br />

PME.<br />

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1 Coordenador da Qualidade. Depoimento concedido <strong>em</strong> 27/01/2009<br />

2 Coordenador da Qualidade. Depoimento concedido <strong>em</strong> 28/01/2009<br />

3 Sócio-diretor comercial. Depoimento concedido <strong>em</strong> 30/03/2009<br />

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