17.06.2013 Views

as atividades de pequenos grupos nas empresas ... - Anpad

as atividades de pequenos grupos nas empresas ... - Anpad

as atividades de pequenos grupos nas empresas ... - Anpad

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Os Program<strong>as</strong> <strong>de</strong> Mudança Organizacional Produzem Mudanç<strong>as</strong>?<br />

Um C<strong>as</strong>o <strong>de</strong> Implantação <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pequenos Grupos em uma Indústria do setor<br />

metal-mecânico do RGS<br />

Autor: Carlos Gitz Henkin<br />

RESUMO<br />

Este trabalho visa analisar o tipo <strong>de</strong> abordagem adotado na implantação <strong>de</strong> um programa<br />

<strong>de</strong> mudança organizacional orientado para Melhori<strong>as</strong> Contínu<strong>as</strong> numa empresa multi-nacional do<br />

setor metal-mecânico do RGS. Este programa <strong>de</strong>nominado PROMECON pela empresa<br />

pesquisada tem fundamentação teórica n<strong>as</strong> Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pequenos Grupos(APG’s) conforme<br />

Cole(1989) e segue o mo<strong>de</strong>lo dos CCQs(círculos <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong>) japoneses.<br />

A pesquisa <strong>de</strong> campo foi realizada integralmente pelo autor na empresa. Nesta pesquisa,<br />

preten<strong>de</strong>u-se gerar resultados suficientes para que fosse possível i<strong>de</strong>ntificar e compreen<strong>de</strong>r a<br />

natureza <strong>de</strong> possíveis dificulda<strong>de</strong>s e resistênci<strong>as</strong> apresentad<strong>as</strong> pela média gerência e trabalhadores<br />

no processo <strong>de</strong> mudança comportamental (atitu<strong>de</strong>) dos mesmos. Para isso foi necessário b<strong>as</strong>ear-se<br />

num esquema conceitual elaborado por Beer et al (1990).<br />

Através <strong>de</strong> entrevist<strong>as</strong> em profundida<strong>de</strong> com a gerência e <strong>de</strong> questionários aplicados aos<br />

trabalhadores foi possível constatar que o processo <strong>de</strong> mudança organizacional foi conduzido,<br />

fundamentalmente, por uma proposta <strong>de</strong> mudança programada pela cúpula da empresa, o que<br />

gerou <strong>de</strong>scrédito ao programa e expressiva inibição à mudança.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

O aumento da concorrência no mercado interno e externo está impondo, como condição<br />

fundamental para qualquer empresa que queira manter-se competitiva, saber não-somente quem<br />

são seus clientes externos, como, também, conhecer melhor seus clientes internos. Isto, porque<br />

“ <strong>as</strong> empres<strong>as</strong> que concentram sua atenção apen<strong>as</strong> na perspectiva <strong>de</strong> análise da alta<br />

administração, <strong>as</strong>sociada ou não para ouvir a voz do cliente externo, terão sempre uma visão<br />

monolítica da realida<strong>de</strong> organizacional, <strong>de</strong>ixando escapar certos dados, por vezes simples, m<strong>as</strong><br />

preciosos, à medida que só po<strong>de</strong>m ser do conhecimento daqueles que executam,<br />

quotidianamente, seu trabalho” (Barçante et al, 1995: 57). As expectativ<strong>as</strong> dos trabalhadores, ou<br />

seja, o que estes esperam da empresa, bem como tudo o que a ela po<strong>de</strong> oferecer em termos <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviço, são conteúdos que p<strong>as</strong>sam a exigir um tratamento cada vez mais<br />

transparente e justo na dimensão capital-trabalho. Tudo isto ocorrendo <strong>de</strong> tal forma, que os<br />

ajustes e melhori<strong>as</strong> <strong>de</strong> especificações <strong>de</strong> produtos e processos sejam um reflexo da capacida<strong>de</strong> do<br />

homem <strong>de</strong> interagir no seu meio.<br />

Face ao quadro acima estabelecido, e b<strong>as</strong>eando-se em <strong>de</strong>terminad<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> dos<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> organizações japones<strong>as</strong> e american<strong>as</strong> , como por exemplo : Qualida<strong>de</strong> Total<br />

e Produção Enxuta, busca-se perceber o tipo <strong>de</strong> mudança estrutural que estes mo<strong>de</strong>los são<br />

capazes <strong>de</strong> gerar na organização. Desta forma, muit<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> br<strong>as</strong>ileir<strong>as</strong>, a partir do início da<br />

década <strong>de</strong> 80, p<strong>as</strong>saram a adotar program<strong>as</strong> que enfatizavam o aumento da produtivida<strong>de</strong> e a<br />

redução <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> produção. Estes program<strong>as</strong> se inserem em estratégi<strong>as</strong> <strong>de</strong> gestão, cujos<br />

diversos rótulos (Controle da Qualida<strong>de</strong> Total - TQC, Gestão da Qualida<strong>de</strong> Total -TQM) têm<br />

1


como b<strong>as</strong>e princípios e métodos muito próximos ao Sistema Toyota <strong>de</strong> Produção. Todos eles<br />

mantêm o princípio da transição do controle ao compromisso e do comando ao consenso (<br />

flexibilida<strong>de</strong>, trabalhar em equipe, ce<strong>de</strong>r, negociar ). Isto nem sempre é adotado como<br />

procedimento real, o que evi<strong>de</strong>ncia, em muit<strong>as</strong> empres<strong>as</strong>, uma distância entre o discurso e a<br />

prática (Ru<strong>as</strong>, 1993).<br />

Na transição da “ Produção em m<strong>as</strong>sa” à “Produção Enxuta ”, o que diz respeito a<br />

organização do trabalho ganha expressiva relevância. “Na b<strong>as</strong>e <strong>de</strong>sta mudança está, com certeza,<br />

o trabalho em Grupo, o qual substitui a expressão um posto-um homem-uma tarefa, que<br />

caracterizava a relação individual típica do trabalho em Ford” ( Ru<strong>as</strong>,1993). Muitos <strong>de</strong>stes<br />

program<strong>as</strong>, b<strong>as</strong>eados no Sistema Toyota <strong>de</strong> produção (mo<strong>de</strong>lo japonês), têm como b<strong>as</strong>e <strong>de</strong><br />

sustentação <strong>as</strong> melhori<strong>as</strong> d<strong>as</strong> Ativida<strong>de</strong>s por Pequenos Grupos (APG’s) ( Mon<strong>de</strong>n, 1984 ).<br />

No contexto da mudança organizacional, busca-se compreen<strong>de</strong>r até que ponto esses<br />

program<strong>as</strong> são capazes <strong>de</strong> gerar mudanç<strong>as</strong> estruturais significativ<strong>as</strong> n<strong>as</strong> organizações. A proposta<br />

<strong>de</strong> mudança através <strong>de</strong>sses mo<strong>de</strong>los, geralmente, são orientad<strong>as</strong> pela lógica da mudança<br />

programada. O estudo <strong>de</strong> c<strong>as</strong>o realizado na empresa do setor metal-mecânico preten<strong>de</strong> analisar<br />

a eficácia do programa <strong>de</strong> mudança proposto pela companhia <strong>de</strong>ntro dos objetivos <strong>de</strong><br />

aprendizagem.<br />

2.BASE TEÓRICA<br />

2.1 A Abordagem <strong>de</strong> Programar a Mudança<br />

Conforme Beer (1990) a maioria dos program<strong>as</strong> <strong>de</strong> mudança não funcionam porque são<br />

guiados por uma teoria <strong>de</strong> mudança que é fundamentalmente falha . A crença geral é a <strong>de</strong> que <strong>as</strong><br />

atitu<strong>de</strong>s e o conhecimento <strong>de</strong> indivíduos sejam o ponto <strong>de</strong> partida. Segundo a teoria , <strong>as</strong><br />

mudanç<strong>as</strong> <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> levam à mudança <strong>de</strong> comportamento individual e <strong>as</strong> mudanç<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

comportamento individual repetid<strong>as</strong> por muit<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> resulta em mudança organizacional . De<br />

acordo com este mo<strong>de</strong>lo , a mudança é como uma experiência <strong>de</strong> conversão . Uma vez que <strong>as</strong><br />

pesso<strong>as</strong> “ encontram a religião” , certamente se seguirão mudanç<strong>as</strong> em seus comportamentos.<br />

Trata-se <strong>de</strong> program<strong>as</strong> e planos concebidos pela alta gerência d<strong>as</strong> organizações com o objetivo <strong>de</strong><br />

promover mudanç<strong>as</strong> em toda organização, tais como: Sistema <strong>de</strong> avaliação e <strong>de</strong>sempenho, plano<br />

<strong>de</strong> remuneração por <strong>de</strong>sempenho, uma nova estrutura organizacional, program<strong>as</strong> <strong>de</strong> treinamento<br />

para transformar gerentes em ”agentes <strong>de</strong> mudança”, entre outros.<br />

Desta forma, os processos <strong>de</strong> mudança ten<strong>de</strong>riam a andar para trás . Na verda<strong>de</strong>, o<br />

comportamento individual é fortemente moldado pel<strong>as</strong> funções organizacionais que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>as</strong>sumem . Portanto , para Eisenstat(1990), a maneira mais eficaz <strong>de</strong> mudar comportamento é<br />

expor <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> a um novo contexto organizacional, que imponha nov<strong>as</strong> funções,<br />

responsabilida<strong>de</strong>s e relacionamentos . Isto cria uma situação, que <strong>de</strong> certo modo , “força” nov<strong>as</strong><br />

atitu<strong>de</strong>s e comportamentos . Esse mo<strong>de</strong>lo é representado pelo quadro a seguir que compara ações<br />

entre a abordagem da “Mudança Programada e o “Alinhamento <strong>de</strong> Taref<strong>as</strong>”(i<strong>de</strong>m,1990).<br />

Mudança Programada Alinhamento <strong>de</strong> taref<strong>as</strong><br />

2


Problem<strong>as</strong> <strong>de</strong> comportamento<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m/variam <strong>de</strong> acordo com<br />

conhecimento individual , atitu<strong>de</strong>s e crenç<strong>as</strong><br />

.<br />

O objetivo principal da renovação<br />

<strong>de</strong>ve ser o teor d<strong>as</strong> atitu<strong>de</strong>s e idéi<strong>as</strong> , o<br />

comportamento em si <strong>de</strong>ve ser secundário .<br />

O comportamento po<strong>de</strong> ser isolado<br />

e mudado individualmente .<br />

O objetivo da renovação <strong>de</strong>ve estar<br />

em nível individual .<br />

Conhecimento individual , atitu<strong>de</strong>s<br />

e crenç<strong>as</strong> são moldados por padrões<br />

recorrentes <strong>de</strong> interação comportamental .<br />

O objetivo principal da renovação<br />

<strong>de</strong>ve ser o comportamento , atitu<strong>de</strong>s e idéi<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>vem ser secundários .<br />

Problem<strong>as</strong> <strong>de</strong> comportamento vêm<br />

<strong>de</strong> um padrão circular , m<strong>as</strong> os efeitos do<br />

sistema organizacional no indivíduo são<br />

maiores do que aqueles do indivíduo no<br />

sistema .<br />

O objetivo da renovação <strong>de</strong>ve estar<br />

em níveis <strong>de</strong> funções , responsabilida<strong>de</strong>s e<br />

relacionamentos .<br />

B<strong>as</strong>icamente existem três fatores interligados necessários a um processo <strong>de</strong> mudança<br />

organizacional. A “coor<strong>de</strong>nação” ou trabalho em equipe são especialmente importantes se uma<br />

empresa <strong>de</strong>seja <strong>de</strong>scobrir e ser eficaz em oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> custo, qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>senvolvimento do<br />

produto. Produção, vend<strong>as</strong> e prestação <strong>de</strong> serviços inovadores, <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> e preços<br />

competitivos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação entre <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> marketing,<br />

engenharia <strong>de</strong> produto, processo, bem como trabalhadores e adminidtração. Um gran<strong>de</strong><br />

comprometimento é outro fator relevante. Apen<strong>as</strong> haverá ação coor<strong>de</strong>nada se o esforço, a<br />

iniciativa e a cooperação estiverem presentes. Nov<strong>as</strong> competênci<strong>as</strong> tais como conhecimento do<br />

negócio como um todo, habilida<strong>de</strong>s analític<strong>as</strong> e interpessoais são muito necessári<strong>as</strong> para que<br />

possa seja possível i<strong>de</strong>ntificar e solucionar problem<strong>as</strong> como uma equipe. “ A falha <strong>de</strong> muitos<br />

processos <strong>de</strong> mudança é que eles lidam somente com um, ou na melhor d<strong>as</strong> hipóteses, dois <strong>de</strong>sses<br />

fatores (Beer, 1990).<br />

Quando uma empresa lança sua filosofia sobre trabalho em equipe não significa que seus<br />

empregados, necessariamente, saibam que tipo <strong>de</strong> equipes formar ou como trabalhar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>l<strong>as</strong><br />

para melhorar a coor<strong>de</strong>nação . Uma reorganização da empresa po<strong>de</strong> mudar um organograma m<strong>as</strong><br />

não fornecer <strong>as</strong> atitu<strong>de</strong>s e habilida<strong>de</strong>s necessári<strong>as</strong> para que a nova estrutura <strong>de</strong> trabalho funcione.<br />

Um sistema <strong>de</strong> remuneração por <strong>de</strong>sempenho po<strong>de</strong> fazer com que gerentes diferenciem o melhor<br />

<strong>de</strong>sempenho do mais fraco , m<strong>as</strong> não os ajuda a internalizar novos padrões pelos quais eles<br />

<strong>de</strong>veriam julgar o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> seus subordinados; tampouco os auxilia a lidar efetivamente<br />

com problem<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho . Tais program<strong>as</strong> não fornecem o contexto cultural ( mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

quem e como se apren<strong>de</strong> ) que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> precisam para <strong>de</strong>senvolver nov<strong>as</strong> competênci<strong>as</strong> .Assim,<br />

muit<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> acabam frac<strong>as</strong>sando na tarefa <strong>de</strong> gerar uma mudança efetiva na organização.<br />

De forma análoga, program<strong>as</strong> <strong>de</strong> treinamento po<strong>de</strong>m ter como alvo a competência , m<strong>as</strong><br />

raramente eles mudam os padrões <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> uma empresa . De fato , o entusi<strong>as</strong>mo que é<br />

gerado em um bom programa <strong>de</strong> treinamento freqüentemente leva a um gran<strong>de</strong> sentimento <strong>de</strong><br />

frustração quando os empregados voltam ao trabalho e percebem que su<strong>as</strong> nov<strong>as</strong> habilida<strong>de</strong>s não<br />

conseguem ser post<strong>as</strong> em prática numa empresa on<strong>de</strong> nada mais mudou . As pesso<strong>as</strong> acabam<br />

3


encarando treinamentos como uma perda <strong>de</strong> tempo , que mina qualquer comprometimento com<br />

mudança que algum programa possa ter <strong>de</strong>spertado .<br />

Quando um programa não funciona, a alta administração, geralmente requer outro,<br />

instituindo uma rápida sucessão <strong>de</strong> program<strong>as</strong> . M<strong>as</strong> isso parece apen<strong>as</strong> agravar o problema . Em<br />

função <strong>de</strong> serem planejados para abranger todos e tudo, eles acabam não envolvendo ninguém e<br />

nada, “espraiando” um sentimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrédito na organização como um todo. Estes program<strong>as</strong>,<br />

são tão gerais e padronizados que não conseguem estabelecer um vínculo com a realida<strong>de</strong> diária<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>partamentos específicos . Palavr<strong>as</strong>-chaves como “qualida<strong>de</strong>”, participação”, “excelência”,<br />

“empowerment”e “li<strong>de</strong>rança” substituem um entendimento <strong>de</strong>talhado do negócio da empresa.<br />

Entretanto, isso não significa que program<strong>as</strong> <strong>de</strong> treinamento, mudanç<strong>as</strong> nos sistem<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

pagamento e recompens<strong>as</strong>, program<strong>as</strong> <strong>de</strong> melhori<strong>as</strong> contínu<strong>as</strong>, bem como propost<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

reestruturar a empresa como um todo são sempre ina<strong>de</strong>quados. Tudo isso po<strong>de</strong> exercer um papel<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância em relação ao esforço integrado <strong>de</strong> mudança organizacional. Os problem<strong>as</strong><br />

surgem quando tais program<strong>as</strong> são utilizados isoladamente como se fossem um “toque <strong>de</strong><br />

mágica” para espalhar rapidamente uma mudança organizacional abrangente.<br />

2.2 As Etap<strong>as</strong> <strong>de</strong> uma mudança organizacional bem sucedida<br />

Para Eisenstat (1990) <strong>as</strong> empres<strong>as</strong> po<strong>de</strong>m evitar <strong>as</strong> falh<strong>as</strong> da mudança programada<br />

concentrando-se no “alinhamento <strong>de</strong> taref<strong>as</strong>” – reorganizando <strong>as</strong> funções , responsabilida<strong>de</strong>s e<br />

relacionamentos <strong>de</strong> seus empregados para solucionar problem<strong>as</strong> empresariais específicos . O<br />

alinhamento <strong>de</strong> taref<strong>as</strong> ocorre mais fácil em unida<strong>de</strong>s menores on<strong>de</strong> objetivos organizacionais e<br />

taref<strong>as</strong> são <strong>de</strong>finidos, geralmente, <strong>de</strong> forma simples e clara. B<strong>as</strong>icamente, o alinhamento d<strong>as</strong><br />

taref<strong>as</strong> é atingido através <strong>de</strong> uma seqüencia <strong>de</strong> seis etap<strong>as</strong> que se relacionam intimamente m<strong>as</strong> são<br />

distint<strong>as</strong>. Este caminho <strong>de</strong>senvolve um ciclo <strong>de</strong> comprometimento , coor<strong>de</strong>nação e competência<br />

que se auto reforça . A seqüencia d<strong>as</strong> etap<strong>as</strong> é importante, pois <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> que são apropriad<strong>as</strong><br />

para um <strong>de</strong>terminado estágio são muit<strong>as</strong> vezes contraproducentes se começad<strong>as</strong> muito mais cedo .<br />

Assim, o controle e or<strong>de</strong>namento d<strong>as</strong> etap<strong>as</strong> parece ser importante no gerenciamento da mudança<br />

organizacional(i<strong>de</strong>m, 1990).<br />

Etapa 1) Mobilizar comprometimento com a mudança através <strong>de</strong> um diagnóstico<br />

coletivo dos problem<strong>as</strong> da empresa .<br />

Como o termo “alinhamento da tarefa” sugere, o ponto <strong>de</strong> partida para qualquer<br />

mudança eficaz é a <strong>de</strong>finição clara do problema . Ao auxiliar <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> no levantamento <strong>de</strong> um<br />

diagnóstico em comum do que está errado em uma empresa e o que po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser melhorado ,<br />

um gerente geral mobiliza o comprometimento necessário para que se inicie o processo <strong>de</strong><br />

mudança.<br />

O c<strong>as</strong>o da Navigation Devices: unida<strong>de</strong> com aproximadamente 600 pesso<strong>as</strong> estabelecida<br />

por uma gran<strong>de</strong> empresa para a comercialização <strong>de</strong> um produto inicialmente projetado para o<br />

exército. Quando o novo gerente geral <strong>as</strong>sumiu , a divisão já havia estado em operação, por<br />

vários anos, sem nunca ter dado lucro . Nunca havia conseguido projetar e produzir um produto<br />

<strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> e com preço competitivo . Isto acontecia principalmente por ser uma<br />

4


organização on<strong>de</strong> <strong>as</strong> <strong>de</strong>cisões vinham <strong>de</strong> cima , sem o envolvimento a<strong>de</strong>quado ou coor<strong>de</strong>nação<br />

com outr<strong>as</strong> funções . O primeiro p<strong>as</strong>so que o novo diretor geral tomou foi iniciar um amplo<br />

estudo do negócio . On<strong>de</strong> o gerente geral anterior havia estabelecido estratégi<strong>as</strong> somente com o<br />

diretor <strong>de</strong> marketing da unida<strong>de</strong>, o novo gerente geral incluiu toda a sua equipe <strong>de</strong> administração.<br />

Em seguida , ele formou uma frente <strong>de</strong> trabalho com vinte pesso<strong>as</strong> representando todos<br />

os <strong>grupos</strong> da empresa – gerentes , engenheiros , operários <strong>de</strong> produção e funcionários do sindicato<br />

. O grupo visitou vári<strong>as</strong> fábric<strong>as</strong> <strong>de</strong> sucesso na tentativa <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o que a Navigation Devices<br />

po<strong>de</strong>ria fazer para se organizar <strong>de</strong> maneira mais producente . Uma fábrica com gran<strong>de</strong> atuação no<br />

mercado chamou b<strong>as</strong>tante a atenção do grupo . Ela não só ressaltou os problem<strong>as</strong> da Navigation<br />

Devices como também ofereceu um mo<strong>de</strong>lo organizacional alternativo , b<strong>as</strong>eado em equipes.<br />

Ver uma nova forma <strong>de</strong> trabalhar ajudou a fortalecer o comprometimento do grupo com a<br />

mudança . A força-tarefa da Navigation Devices não apren<strong>de</strong>u nada <strong>de</strong> novo com o processo <strong>de</strong><br />

diagnóstico coletivo ; todos já sabiam que a unida<strong>de</strong> estava per<strong>de</strong>ndo dinheiro . M<strong>as</strong> o grupo veio<br />

a conhecer claramente a raiz organizacional <strong>de</strong> su<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>. Até, mais importante que isso ,<br />

chegou a um entendimento comum do problema . O grupo também i<strong>de</strong>ntificou uma provável<br />

solução organizacional : fazer um esboço <strong>de</strong> como este problema se dava , usando equipes para<br />

<strong>as</strong>suntos específicos <strong>de</strong>ntro do propósito <strong>de</strong> integrar a empresa em torno da tarefa competitiva .<br />

Etapa 2) Desenvolver uma visão coletiva <strong>de</strong> como organizar e administrar para a<br />

competitivida<strong>de</strong> .<br />

Uma vez que um <strong>de</strong>terminado grupo <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> está empenhado em fazer uma análise<br />

específica do problema, o gerente geral po<strong>de</strong> direcionar os funcionários para uma visão da<br />

empresa on<strong>de</strong> há um alinhamento da tarefa , que confere nov<strong>as</strong> funções e responsabilida<strong>de</strong>s.<br />

Est<strong>as</strong> nov<strong>as</strong> disposições irão coor<strong>de</strong>nar o fluxo <strong>de</strong> informação e trabalho entre funções<br />

inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes em todos os níveis da organização. Entretanto, como não há mudança nos<br />

sistem<strong>as</strong> e estrutur<strong>as</strong> formais como títulos ou remunerações , el<strong>as</strong> encontram menos resistência .<br />

Na Navigation Devices , a força-tarefa <strong>de</strong> vinte pesso<strong>as</strong> tornou-se o eículo para este<br />

segundo estágio . O grupo apresentou um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> organização no qual equipes inter-funcionais<br />

executariam todo o trabalho, particularmente o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos . Uma equipe<br />

administrativa composta pelo gerente geral e seu pessoal estabeleceria a direção estratégica da<br />

unida<strong>de</strong> e estudaria o trabalho <strong>de</strong> equipes <strong>de</strong> nível mais baixo . Equipes representativ<strong>as</strong> d<strong>as</strong> áre<strong>as</strong><br />

da empresa <strong>de</strong>senvolveriam planos para mercados específicos . Equipes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

produtos gerenciariam novos produtos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu projeto inicial até sua produção . Equipes do<br />

processo <strong>de</strong> produção compostos por engenheiros e operários <strong>de</strong> produção i<strong>de</strong>ntificariam e<br />

solucionariam problem<strong>as</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e custo na fábrica . E por último , equipes <strong>de</strong> engenharia<br />

examinariam métodos <strong>de</strong> engenharia e equipamentos .<br />

As equipes chegaram à raiz dos problem<strong>as</strong> da empresa – barreir<strong>as</strong> hierárquic<strong>as</strong> e<br />

relativ<strong>as</strong> à funções específic<strong>as</strong> bloqueavam a troca <strong>de</strong> informações e solução <strong>de</strong> problem<strong>as</strong> . Para<br />

criar um consenso em torno <strong>de</strong>sta nova visão , o gerente geral comissionou um grupo ainda<br />

maior <strong>de</strong> aproximadamente noventa pesso<strong>as</strong> , incluindo sindicato e administração , para explorar<br />

mais ainda esta visão e obter o comprometimento <strong>de</strong> todos . Em um encontro longe do ambiente<br />

<strong>de</strong> trabalho , o grupo aperfeiçoou ainda mais o novo mo<strong>de</strong>lo organizacional e esboçou um<br />

5


estatuto <strong>de</strong> valores, o qual foi apresentado mais tar<strong>de</strong> a todos os funcionários da Navigation<br />

Devices.<br />

A visão e o estatuto <strong>de</strong> valores encontrados por consenso e compreensão d<strong>as</strong> equipes<br />

permitiu que a organização evoluísse no seu processo <strong>de</strong> aprendizagem <strong>de</strong> análise e solução <strong>de</strong><br />

problem<strong>as</strong> inerentes ao negócio específico da companhia.<br />

Etapa 3) Promover um consenso em relação a esta nova visão , competência para<br />

colocá-la em prática e coesão para levá-la adiante .<br />

Somente fazer com que funcionários aju<strong>de</strong>m a <strong>de</strong>senvolver uma nova visão não é<br />

suficiente para superar a resistência quanto à mudanç<strong>as</strong> – ou promover o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

habilida<strong>de</strong>s necessári<strong>as</strong> para fazer com que a nova organização funcione . Nem todos po<strong>de</strong>m<br />

participar do planejamento, e mesmo aqueles que o fazem não ficam totalmente satisfeitos em<br />

notarem o quanto a reforma irá exigir <strong>de</strong>les antes que a nova organização esteja funcionando .<br />

Este é o ponto on<strong>de</strong> a forte li<strong>de</strong>rança por parte do gerente geral é crucial . O comprometimento à<br />

mudança sempre se dá <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>sigual . Alguns gerentes se mostram muito interessados ,<br />

outros neutros ou até mesmo resistentes.<br />

Uma vez que uma organização <strong>de</strong>finiu nov<strong>as</strong> funções e responsabilida<strong>de</strong>s , <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

precisam <strong>de</strong>senvolver competênci<strong>as</strong> para fazer com que a nova configuração funcione . Na<br />

verda<strong>de</strong> , a própria existência d<strong>as</strong> equipes com seus novos objetivos e responsabilida<strong>de</strong>s na<br />

prestação <strong>de</strong> cont<strong>as</strong> irá criar aprendizado . As mudanç<strong>as</strong> <strong>de</strong> funções , responsabilida<strong>de</strong>s e relações<br />

promovem nov<strong>as</strong> habilida<strong>de</strong>s e atitu<strong>de</strong>s . Padrões <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação que sofreram mudanç<strong>as</strong><br />

também irão aumentar <strong>as</strong> situações <strong>de</strong> participação , colaboração por parte dos funcionários e a<br />

troca <strong>de</strong> informações. A medida em que os funcionários conseguem <strong>de</strong>tectar exatamente quais os<br />

novos tipos <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s que eles precisam , eles, automaticamente, solicitam que sejam<br />

realizados program<strong>as</strong> <strong>de</strong> treinamento formais para que possam <strong>de</strong>senvolver mais seus<br />

conhecimentos e habilida<strong>de</strong>s . Já que est<strong>as</strong> nov<strong>as</strong> <strong>de</strong>mand<strong>as</strong> surgem diretamente d<strong>as</strong> própri<strong>as</strong><br />

experiênci<strong>as</strong> dos funcionários , el<strong>as</strong> se tornam muito mais diret<strong>as</strong> e úteis do que quando impost<strong>as</strong><br />

em program<strong>as</strong> <strong>de</strong> treinamento tradicionais .<br />

É claro que algum<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> simplesmente não conseguem ou não irão mudar apesar <strong>de</strong><br />

toda cooperação proporcionada. É na etapa três que se <strong>de</strong>ve substituir aqueles gerentes que não<br />

conseguem operar nesta nova organização – <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terem tido uma chance <strong>de</strong> se a<strong>de</strong>quarem .<br />

Decisões <strong>de</strong>ste tipo não são fáceis <strong>de</strong> serem tomad<strong>as</strong> , e ás vezes aquel<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> que têm<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar em uma organização participativa têm habilida<strong>de</strong>s específic<strong>as</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

valor . Substituí-l<strong>as</strong> muito cedo no processo <strong>de</strong> mudança , antes que tenham trabalhado sob uma<br />

nova organização , é injusto e danoso à própria organização, po<strong>de</strong>ndo significar a <strong>de</strong>smoralização<br />

da organização e romper o processo <strong>de</strong> mudança .<br />

Uma vez que os funcionários tenham percebido o que é necessário e entendam <strong>as</strong><br />

exigênci<strong>as</strong> da nova organização, eles conseguem aceitar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substituir ou mudar<br />

pesso<strong>as</strong> que não façam a transição para a nova forma <strong>de</strong> trabalho . Ás vezes , <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> são<br />

transferid<strong>as</strong> para outros setores da empresa on<strong>de</strong> a especialização técnica é mais importante do<br />

que nov<strong>as</strong> competênci<strong>as</strong> . Quando não existe alternativa , el<strong>as</strong> po<strong>de</strong>m , por exemplo, <strong>de</strong>ixar a<br />

empresa através <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> aposentadoria precoce . A substituição <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> po<strong>de</strong>, na verda<strong>de</strong>,<br />

6


eforçar o comprometimento da organização em relação a mudança, pelo fato <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar,<br />

visivelmente, o compromisso do gerente-geral com o novo modo <strong>de</strong> gerenciar<br />

Etapa 4) Espalhar revitalização em todos os <strong>de</strong>partamentos sem traze-la via alta<br />

gerência<br />

Nesta etapa é fundamental que a atenção esteja voltada aos <strong>de</strong>partamentos funcionais e<br />

<strong>de</strong> pessoal. Membros <strong>de</strong> uma equipe não conseguem ser eficientes a menos que seus<br />

<strong>de</strong>partamentos sejam organizados e gerenciados <strong>de</strong> uma maneira que apoie su<strong>as</strong> funções como<br />

participantes preparados para tomarem <strong>de</strong>cisões coletiv<strong>as</strong> . O que isso quer dizer na maioria d<strong>as</strong><br />

vezes é que estes <strong>de</strong>partamentos terão que repensar seus papeis e autorida<strong>de</strong> na organização .Por<br />

exemplo, uma vez que ocorre a formação d<strong>as</strong> equipes, engenheiros integram ess<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento produtos juntamente com operários . Isto fez com que eles reexaminem su<strong>as</strong><br />

funções e repensem sua abordagem na organização, po<strong>de</strong>ndo gerenciar mudanç<strong>as</strong> em seus<br />

próprios <strong>de</strong>partamentos funcionais . A primeira idéia <strong>de</strong> muitos gerentes gerais frente à uma<br />

situação como esta seria a <strong>de</strong> baixar um regulamento – anunciar , por exemplo , que tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><br />

partes da organização <strong>de</strong>vessem ser dirigid<strong>as</strong> por equipes . A tentação <strong>de</strong> se impor novos<br />

“insights” ao resto da organização po<strong>de</strong> ser ótima , particularmente quando mudanç<strong>as</strong> rápid<strong>as</strong> se<br />

fazem necessári<strong>as</strong>. Entretanto, adotar essa política implicaria no mesmo comportamento<br />

tradicional da alta administração quando tenta implantar a mudança programada em toda a<br />

empresa .<br />

Assim, é melhor <strong>de</strong>ixar que cada <strong>de</strong>partamento “reinvente a roda”,isto é, encontre sua<br />

própria maneira para uma nova organização . É importante que cada <strong>de</strong>partamento use os<br />

conceitos gerais <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação e trabalho em equipe aplicando-os <strong>de</strong> maneira particular.<br />

Etapa 5) Institucionalizar revitalização através <strong>de</strong> polític<strong>as</strong> , sistem<strong>as</strong> e estrutur<strong>as</strong><br />

formais .<br />

Agora chega o ponto em que os gerentes gerais precisam pon<strong>de</strong>rar como institucionalizar<br />

a mudança a fim <strong>de</strong> que o processo continue mesmo <strong>de</strong>pois que eles <strong>as</strong>sumam outr<strong>as</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong>s. Nesta etapa a abordagem já se firmou, <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> cert<strong>as</strong> estão nos lugares<br />

certos e a organização da equipe está pronta e operando. Promover mudanç<strong>as</strong> em estrutur<strong>as</strong> e<br />

sistem<strong>as</strong> mais cedo do que isso ten<strong>de</strong> a ter efeitos contrários. Um exemplo disso, por exemplo, é<br />

o sistema <strong>de</strong> informação . Criar uma estrutura <strong>de</strong> equipe significa nov<strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong> quanto<br />

informação . Por que não fazer com que o <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Sistema <strong>de</strong> Informações Gerenciais<br />

crie mais cedo no processo <strong>de</strong> mudança novos sistem<strong>as</strong> que <strong>de</strong>smanchem <strong>as</strong> barreir<strong>as</strong> tradicionais<br />

entre funções e <strong>de</strong>partamentos ? O problema é que se não houver um entendimento b<strong>as</strong>tante claro<br />

da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação , que po<strong>de</strong> ser muito bem obtido ao se colocarem <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> em<br />

equipes on<strong>de</strong> haja um alinhamento da tarefa, muitos gerentes ten<strong>de</strong>m a resistir à implantação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sses novos sistem<strong>as</strong>, como sendo uma imposição do <strong>de</strong>partamento . Equipes recém formad<strong>as</strong><br />

po<strong>de</strong>m muit<strong>as</strong> vezes coletar informação suficiente para fazer seu trabalho sem que precisem <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s sistem<strong>as</strong> <strong>de</strong> informação . É melhor esperar até que todos entendam quais são <strong>as</strong><br />

necessida<strong>de</strong>s do grupo em termos <strong>de</strong> informação . O mesmo acontece com outros sistem<strong>as</strong> e<br />

estrutur<strong>as</strong> formais . Qualquer sistema formal terá su<strong>as</strong> <strong>de</strong>svantagens ; nenhum é perfeito<br />

.Contudo, est<strong>as</strong> imperfeições po<strong>de</strong>m ser minimizad<strong>as</strong> , uma vez que tenham trabalhado com uma<br />

estrutura <strong>de</strong> equipes para <strong>as</strong>suntos específicos e aprendido quais inter<strong>de</strong>pendênci<strong>as</strong> se fazem<br />

necessári<strong>as</strong> .<br />

7


Quando a revitalização da unida<strong>de</strong> é altamente bem sucedida, os funcionários mudam o<br />

modo como vêem su<strong>as</strong> funções e responsabilida<strong>de</strong>s e se convencem <strong>de</strong> que a mudança po<strong>de</strong><br />

realmente fazer a diferença. Como resultado , ocorrem gran<strong>de</strong>s melhori<strong>as</strong> em valor agregado por<br />

funcionário , redução <strong>de</strong> sucata , qualida<strong>de</strong> , serviço ao cliente , estoque bruto por empregado e<br />

lucros . E tudo isso acontece qu<strong>as</strong>e sem nenhuma transformação formal em relação a sistem<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

informação , procedimentos <strong>de</strong> avaliação , remuneração ou sistem<strong>as</strong> <strong>de</strong> controle .<br />

Etapa 6) Monitorar e ajustar estratégi<strong>as</strong> em resposta a problem<strong>as</strong> no processo <strong>de</strong><br />

revitalização .<br />

O objetivo da mudança é o <strong>de</strong> criar uma habilida<strong>de</strong> que não existia antes. Uma<br />

organização capaz <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e adaptar-se a um ambiente competitivo em mudança. A<br />

organização <strong>de</strong>ve saber como monitorar continuamente seu comportamento, ou seja, apren<strong>de</strong>r a<br />

apren<strong>de</strong>r. Algum<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> po<strong>de</strong>m achar que isto é responsabilida<strong>de</strong> do gerente geral, M<strong>as</strong> o<br />

monitoramento do processo <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong>ve ser partilhado <strong>as</strong>sim como a análise do problema<br />

chave da organização. Uma forma usual <strong>de</strong> introduzir mecanismos chaves que permitam e<br />

aju<strong>de</strong>m monitorar a revitalização organizacional é a formação <strong>de</strong> equipes compost<strong>as</strong> por alguns<br />

gerentes <strong>de</strong> suma importância , um lí<strong>de</strong>r sindical , uma secretária , um engenheiro e um analista<br />

do <strong>de</strong>partamento financeiro, por exemplo. Esses membros p<strong>as</strong>sam a mater controle contínuo do<br />

processo. Realizam levantamentos regulares sobre a atitu<strong>de</strong> dos funcionários para o<br />

monitoramento <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> comportamento. Outra forma é a formação <strong>de</strong> equipes <strong>de</strong><br />

planejamento formad<strong>as</strong> e replanejad<strong>as</strong> para respon<strong>de</strong>r a novos <strong>de</strong>safios . Todos estes mecanismos<br />

criaram a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se manter adaptação e aprendizado contínuo a longo prazo .<br />

O processo <strong>de</strong> seis etap<strong>as</strong> permite que haja reforma sem que ela precise ser imposta. A<br />

medida que os funcionários <strong>de</strong>scobrem que a nova abordagem é mais eficaz (que somente<br />

acontecerá se a visão geral alinhar-se à tarefa principal), eles precisam lutar em prol <strong>de</strong> mudanç<strong>as</strong><br />

pessoais e organizacionais que <strong>de</strong> outra maneira po<strong>de</strong>riam vir a resistir. Por último , como o<br />

aperfeiçoamento da coor<strong>de</strong>nação auxilia na solução <strong>de</strong> problem<strong>as</strong> relevantes, isto irá reforçar o<br />

espírito <strong>de</strong> equipe e incentivar o aprendizado <strong>de</strong> nov<strong>as</strong> habilida<strong>de</strong>s . Este aprendizado aumenta<br />

ainda mais a eficácia e resulta em um comprometimento ainda maior com a mudança . Este ciclo<br />

<strong>de</strong> aperfeiçoamento em comprometimento , coor<strong>de</strong>nação e competência se reforça mutualmente e<br />

cria um sentido crescente <strong>de</strong> eficácia . E isto po<strong>de</strong> continuar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a estrutura <strong>de</strong> <strong>grupos</strong> para<br />

<strong>as</strong>suntos específicos tenha a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expandir seu papel na administração do negócio.<br />

Para Beer(1990) a melhor abordagem para a mudança tem b<strong>as</strong>e no alinhamento <strong>de</strong><br />

taref<strong>as</strong>, começando na periferia e se direcionando estavelmente ao núcleo da empresa. Esta seria a<br />

maneira mais eficaz <strong>de</strong> se alcançar uma mudança organizacional duradoura.<br />

Enfim, acredita-se que a chave para a mudança vem consistindo, cada vez mais, na<br />

diminuição da confiança <strong>de</strong>positada e restrita a autorida<strong>de</strong>s gerenci<strong>as</strong> e diretores, diminuição <strong>de</strong><br />

8


egr<strong>as</strong> e procedimentos formais e divisões restrit<strong>as</strong> <strong>de</strong> trabalho. Tudo isto vem sendo substituído<br />

pela criação <strong>de</strong> equipes, troca rápida <strong>de</strong> informações e <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> taref<strong>as</strong> e responsabilida<strong>de</strong>s a<br />

outros níveis da linha hierárquica.<br />

2.3 Conceito <strong>de</strong> <strong>grupos</strong> n<strong>as</strong> organizações<br />

As organizações também são constituíd<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> trabalhado que se interligam e<br />

sobrepõe, por meio da participação simultânea d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> em diferentes <strong>grupos</strong>.<br />

Conforme Maximiniano(1993), <strong>as</strong> organizações possuem Três tipos <strong>de</strong> <strong>grupos</strong> formais:<br />

1. “Os <strong>grupos</strong> funcionais <strong>de</strong> trabalho, em que a estrutura organizacional se divi<strong>de</strong>, usualmente<br />

n<strong>as</strong> chamad<strong>as</strong> unida<strong>de</strong>s, secções ou <strong>de</strong>partamentos;<br />

2. Os <strong>grupos</strong> adhoc temporários, criados para resolver problem<strong>as</strong> específicos e se <strong>de</strong>smobilizar<br />

<strong>as</strong>sim que isso aconteça, nos quais os integrantes têm participação oc<strong>as</strong>ional;<br />

3. Os <strong>grupos</strong> adhoc permanentes, em que a participação também é oc<strong>as</strong>ional, m<strong>as</strong> que cuidam <strong>de</strong><br />

problem<strong>as</strong> interruptos”.<br />

A cl<strong>as</strong>sificação dos <strong>grupos</strong> formais <strong>de</strong> Maximiniano(1993) é <strong>de</strong> singular importância,<br />

neste trabalho, à medida que facilitará ao leitor perceber a natureza dos <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong><br />

melhori<strong>as</strong> analisados na empresa pesquisada. O trabalho foi <strong>de</strong>senvolvido a partir da análise e<br />

<strong>de</strong>scrição teórica d<strong>as</strong> APG’s segundo às <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> <strong>grupos</strong> Adhoc permanentes.<br />

Conforme Cole (1989), o Conceito <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pequenos Grupos é ambíguo ao<br />

permitir que, indistintamente, possa-se referir aos seus diferentes tipos e finalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>grupos</strong> e<br />

<strong>de</strong> <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong>, tanto na fábrica quanto no escritório. Embora <strong>as</strong> naturez<strong>as</strong> d<strong>as</strong> <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> que levam<br />

a necessida<strong>de</strong> da formação <strong>de</strong> <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>ntro da fábrica sejam distint<strong>as</strong>,<br />

alguns autores como Cole(1989) e Davidson(1982) consi<strong>de</strong>ram o termo APG’s suficientemente<br />

amplo para conceitualmente abranger <strong>de</strong>terminados <strong>grupos</strong> com propósitos <strong>de</strong>finidos. Dentre os<br />

tipos <strong>de</strong> <strong>grupos</strong> que constituem APG’s cita-se : Célul<strong>as</strong> <strong>de</strong> manufatura, Equipes <strong>de</strong> Processo,<br />

Grupos <strong>de</strong> Trabalho força-tarefa (T<strong>as</strong>k force groups), Grupos semi-autônomos, Grupos <strong>de</strong><br />

melhori<strong>as</strong> gerenciais (Improvement management groups), Círculos <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong><br />

(CCQ) e Círculos <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> (CQ).<br />

3.METODOLOGIA<br />

No período <strong>de</strong> seis meses (primeiro semestre <strong>de</strong> 1998) foi realizada uma pesquisa numa<br />

indústria do setor metal-mecânico do RGS. Esta pesquisa teve como objetivo principal analisar a<br />

abordagem <strong>de</strong> adoção d<strong>as</strong> APG’s do tipo CCQ’s num contexto <strong>de</strong> mudança estrutural dos papeis<br />

gerenciais e dos trabalhadores na companhia. Para isso, além da verificação do nível <strong>de</strong><br />

importância e <strong>de</strong> satisfação dos trabalhadores <strong>de</strong>sta empresa em relação aos 6(seis) fatores<br />

característicos do Programa <strong>de</strong> Melhori<strong>as</strong> Contínu<strong>as</strong> adotado, procurou-se verificar <strong>as</strong> limitações<br />

dos princípios <strong>de</strong> abordagem dos CCQ à medida que estes representaram formalmente um dos<br />

principais componentes da administração participativa <strong>de</strong>sta empresa.<br />

Buscou-se compreen<strong>de</strong>r qual a melhor forma e por on<strong>de</strong> iniciar o programa <strong>de</strong> melhori<strong>as</strong><br />

contínu<strong>as</strong> em uma empresa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte. Foram entrevistados 12 indivíduos do nível<br />

gerencial e foi aplicado um total <strong>de</strong> 309 questionários aos trabalhadores sem cargos <strong>de</strong> chefia.<br />

9


Desta forma, verificou-se tanto a percepção da gerência como a dos subordinados em relação aos<br />

objetivos da pesquisa.<br />

A investigação foi orientada pelo método <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> c<strong>as</strong>o. Segundo Bardin(1977) este<br />

método é indicado para “o estudo d<strong>as</strong> motivações, valores, atitu<strong>de</strong>s, crenç<strong>as</strong> e tendênci<strong>as</strong>”. O<br />

presente trabalho tem caráter qualitativo e quantitativo simultaneamente. Para ( Yin, 1981 apud<br />

Roesch, 1995 ) o estudo <strong>de</strong> c<strong>as</strong>o po<strong>de</strong> ser tratado tanto <strong>de</strong> forma qualitativa como quantitativa.<br />

Entretanto, o estudo <strong>de</strong> c<strong>as</strong>o não visa testar hipóteses e nem ser conclusivo, ao p<strong>as</strong>so que busca<br />

estabelecer suposições e <strong>de</strong>scobrir nov<strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> a serem testad<strong>as</strong> e validad<strong>as</strong> por outr<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong><br />

que tenham caráter conclusivo. Por est<strong>as</strong> razões, o estudo proposto foi cl<strong>as</strong>sificado como<br />

exploratório, qualitativo e com levantamentos quantitativos simultaneamente. ( Boyd,1989).<br />

A pesquisa realizada na empresa norte-americana com se<strong>de</strong> no Br<strong>as</strong>il não teve a<br />

pretensão <strong>de</strong> ter resultados representativos, pois não buscou generalizações estatístic<strong>as</strong> em nível<br />

<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> empres<strong>as</strong>, e sim, generalizações sob o ponto <strong>de</strong> vista analítico limitada a uma<br />

d<strong>as</strong> unida<strong>de</strong>s da companhia .<br />

3.1. Instrumentos <strong>de</strong> Coleta dos dados e plano Amostral<br />

Os questionários, <strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong>, a observação direta individual e a análise <strong>de</strong><br />

documentos constituem <strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados escolhidos para a pesquisa <strong>de</strong> campo. Há<br />

diferentes tipos <strong>de</strong> entrevist<strong>as</strong>, que variam <strong>de</strong> acordo com o propósito do investigador. Neste<br />

trabalho optou-se pela utilização <strong>de</strong> entrevist<strong>as</strong> semi-estruturad<strong>as</strong>.<br />

Para a análise quantitativa, a utilização <strong>de</strong> questionários requer uma série or<strong>de</strong>nada <strong>de</strong><br />

pergunt<strong>as</strong> ou questões a serem respondid<strong>as</strong> ou avaliad<strong>as</strong>. A aplicação <strong>de</strong>ste instrumento não<br />

necessariamente requer a presença do entrevistador. É um instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados útil, a<br />

medida que se quer atingir maior número <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> simultaneamente. Entretanto, apen<strong>as</strong> po<strong>de</strong><br />

ser aplicado a pesso<strong>as</strong> alfabetizad<strong>as</strong> e , normalmente, conta com elevado número <strong>de</strong> pergunt<strong>as</strong><br />

sem respost<strong>as</strong> (Lakatos, 1985:89). Na f<strong>as</strong>e <strong>de</strong> natureza quantitativa da pesquisa foi utilizado o<br />

pré-teste. Para Roesch (1995 : 124) o Pré-teste consiste em “testes aplicados antes do início <strong>de</strong><br />

um programa ou experimento”. Este instrumento foi utilizado para testar os questionários<br />

aplicados ao corpo <strong>de</strong> subordinados da empresa pesquisada.<br />

Para uma melhor compreensão da utilização dos instrumentos e técnic<strong>as</strong> <strong>de</strong> análise <strong>de</strong>ste<br />

estudo <strong>de</strong> c<strong>as</strong>o é necessário frisar que a pesquisa dividiu-se em du<strong>as</strong> f<strong>as</strong>es distint<strong>as</strong>: uma <strong>de</strong> cunho<br />

qualitativo, voltando-se mais às opiniões e percepções gerenciais(d<strong>as</strong> chefi<strong>as</strong>) e outra <strong>de</strong> cunho<br />

quantitativo, enfatizando a questão da percepção e satisfação do corpo <strong>de</strong> subordinados da<br />

empresa em relação ao Programa <strong>de</strong> Melhori<strong>as</strong> Contínu<strong>as</strong> empregado pela mesma. Enfatiza-se<br />

que neste artigo serão apresentad<strong>as</strong>, predominantemente, evidênci<strong>as</strong> <strong>de</strong> cunho qualitativo e<br />

diretamente relacionad<strong>as</strong> a percepção dos subordinados 1<br />

e do corpo gerencial da empresa,<br />

pois os resultados numéricos obtidos facilitarão o leitor refletir e comparar o discurso gerencial<br />

com a percepção dos trabalhadores quanto ao <strong>de</strong>sempenho dos mesmos quanto a sua orientação<br />

para o trabalho em grupo (CCQs).<br />

Primeiramente foram levantados dados referenciais relativos às especificida<strong>de</strong>s<br />

(Qualida<strong>de</strong>s característic<strong>as</strong>) e princípios do programa CCQ (Círculos <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong>).<br />

1 Trabalhadores sem cargos <strong>de</strong> chefia na empresa pesquisada.<br />

10


B<strong>as</strong>eado nesta pesquisa teórica, foi montado um roteiro com os fatores chaves e característicos<br />

<strong>de</strong>ste programa. Com este roteiro foram realizad<strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong> em profundida<strong>de</strong> semiestruturad<strong>as</strong><br />

com lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> grupo, supervisão, gerência e diretoria da empresa.<br />

Os entrevistados dos níveis gerenciais da empresa são compostos pela alta gerência,<br />

gerência intermediária e supervisão. A alta gerência da empresa é formada pelo diretor presi<strong>de</strong>nte,<br />

diretor técnico, gerência <strong>de</strong> manufatura, <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> engenharia, e <strong>de</strong> Recursos Humanos.. A<br />

gerência intermediária é composta pelos gerentes <strong>de</strong> produção alocados por setor e pela gerência<br />

do planejamento industrial.. Os <strong>de</strong>mais membros com cargos <strong>de</strong> chefia entrevistados foram<br />

supervisores <strong>de</strong> fábrica e coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> <strong>de</strong>partamento.<br />

O instrumento necessário para medir o nível <strong>de</strong> satisfação dos subordinados da empresa<br />

em estudo requer a utilização do método quantitativo. Este, caracteriza-se pelo “emprego da<br />

quantificação tanto n<strong>as</strong> modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados, quanto no tratamento <strong>de</strong>stes através <strong>de</strong><br />

técnic<strong>as</strong> estatístic<strong>as</strong>” (Richardson, 1985:29).<br />

Esta F<strong>as</strong>e da pesquisa subdividiu-se em du<strong>as</strong> etap<strong>as</strong>:<br />

a) Etapa <strong>de</strong> Evidência Qualitativa: nesta realizaram-se entrevist<strong>as</strong> com indivíduos do<br />

nível operacional (técnicos administrativos, técnicos <strong>de</strong> fábrica e operadores <strong>de</strong> máquina) que não<br />

exercessem cargos <strong>de</strong> chefia. Estes, foram selecionados aleatoriamente <strong>de</strong> uma população <strong>de</strong><br />

lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> CCQ/PROMECON.<br />

As entrevist<strong>as</strong> realizad<strong>as</strong> com lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> CCQ, além d<strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong> em<br />

profundida<strong>de</strong> realizad<strong>as</strong> com o corpo gerencial, auxiliaram muito no levantamento d<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong><br />

básic<strong>as</strong> do PROMECON para fins <strong>de</strong> construção do instrumento <strong>de</strong> medição do nível <strong>de</strong><br />

satisfação dos funcionários. O posicionamento dos lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> grupo quanto aos fatores analisados<br />

permitiram fazer um pré-levantamento, sugerindo supost<strong>as</strong> forç<strong>as</strong> e fraquez<strong>as</strong>, satisfações e<br />

insatisfações, dificulda<strong>de</strong>s e facilida<strong>de</strong>s e limitações relacionad<strong>as</strong> às <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> do PROMECON.<br />

b) Etapa <strong>de</strong> Evidência Quantitativa: Utilizaram-se questionários cuj<strong>as</strong> questões eram<br />

qu<strong>as</strong>e tod<strong>as</strong> fechad<strong>as</strong>. Est<strong>as</strong> caracterizaram-se por serem do tipo escalar intervalares e permitem a<br />

comparação <strong>de</strong> intervalos. A escala é um instrumento científico <strong>de</strong> observação e mensuração dos<br />

fenômenos sociais. Sua i<strong>de</strong>alização tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “medir a intensida<strong>de</strong> d<strong>as</strong> atitu<strong>de</strong>s e<br />

opiniões na forma mais objetiva possível” (An<strong>de</strong>r-Egg apud Lakatus,.1985:102).<br />

Entre <strong>as</strong> escal<strong>as</strong> intervalares existentes optou-se pela escala <strong>de</strong> Lickert. Segundo Lakatus<br />

(1985:108) esta requer :<br />

A elaboração <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> proposições consi<strong>de</strong>rad<strong>as</strong> importantes em relação <strong>as</strong><br />

atitu<strong>de</strong>s ou opiniões, que tenha relação direta ou indireta com o objetivo a ser estudado.<br />

Que <strong>as</strong> proposições apresentad<strong>as</strong> a certo número <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> indiquem su<strong>as</strong> reações, anotando<br />

os valores 5,4,3,2,1, que correspon<strong>de</strong>ram às seguintes categori<strong>as</strong> na pesquisa realizada: “( muito<br />

insatisfeito); (insatisfeito); (indiferente); (satisfeito);(muito satisfeito)” (Richardson, 1985:226).<br />

Além d<strong>as</strong> 5(cinco) categori<strong>as</strong> da escala escolhida, optou-se pela utilização da alternativa<br />

“Não sei”. Para Selltiz(1965:291) a inclusão <strong>de</strong> uma alternativa “não sei” po<strong>de</strong> “ajudar a<br />

indicação <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> opinião cristalizada”. Nesta segunda etapa foram aplicados 309<br />

questionários, com o propósito <strong>de</strong> coletar dados referentes ao nível <strong>de</strong> satisfação dos funcionários.<br />

11


Essa amostra garante a confiabilida<strong>de</strong> estatística <strong>de</strong>sejada <strong>de</strong> (95%) e a margem <strong>de</strong> erro admitido<br />

<strong>de</strong> (5%). A tabela que segue apresenta a distribuição da amostra pesquisada conforme a área <strong>de</strong><br />

atuação dos participantes. Salienta-se que esta amostra caracteriza-se por ser aleatória sistemática.<br />

Segundo Lakatus (1985:39) num processo <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> amostra sistemática, a população, ou a<br />

relação <strong>de</strong> seus componentes, <strong>de</strong>ve ser “or<strong>de</strong>nada” <strong>de</strong> maneira que cada elemento seja<br />

i<strong>de</strong>ntificado, univocamente pela posição.<br />

Em relação a amostra <strong>de</strong> subordinados lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> grupo entrevistados, partiu-se <strong>de</strong> uma<br />

lista <strong>de</strong> aproximadamente 100(cem) lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> CCQ. Desta lista, conforme critério <strong>de</strong><br />

aleatorieda<strong>de</strong> sistemática e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong>ste pessoal selecionado, entrevistou-se<br />

5(cinco) lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> grupo.<br />

- Distribuição amostral por área<br />

Tabela A - V1-Área/setor (Centro <strong>de</strong> Custo)<br />

3.2.Aplicação dos Instrumentos <strong>de</strong> pesquisa<br />

v1<br />

Qt. cit. Freqüência<br />

Diretos produção<br />

157 50.8%<br />

Indiretos prod/adm/com<br />

152 49.2%<br />

TOTAL CIT.<br />

309 100.0%<br />

Tabela elaborada pelo autor, com b<strong>as</strong>e nos resultados da pesquisa<br />

A) Aos Níveis Gerenciais : <strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong> foram aplicad<strong>as</strong> conforme a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cada gerência e supervisão.. Os entrevistados eram chamados, no máximo, em <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> dois<br />

indivíduos para cada entrevista. Tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong>, com exceção a <strong>de</strong> um dos diretores (Diretor<br />

Presi<strong>de</strong>nte), foram gravad<strong>as</strong> em fit<strong>as</strong> c<strong>as</strong>sete e simultaneamente registrad<strong>as</strong> manualmente. Esta<br />

ativida<strong>de</strong> foi coor<strong>de</strong>nada e executada pelo autor. A cada membro da gerência entrevistado, foram<br />

feit<strong>as</strong> transcrições <strong>de</strong> fit<strong>as</strong> c<strong>as</strong>setes cujos recortes dos <strong>de</strong>poimentos enriquecem a pesquisa e a<br />

análise.<br />

B) Aos Subordinados: 309 (trezentos e nove) questionários foram aplicados durante<br />

aproximadamente um mês e meio. Os trabalhadores eram chamados, no máximo, em <strong>grupos</strong> <strong>de</strong><br />

15 indivíduos por setor. A cada grupo foi explicado o objetivo da pesquisa e esclarecido a<br />

dinâmica <strong>de</strong> preenchimento d<strong>as</strong> questões. Se enfatizou que tanto a empresa quanto a pesquisa<br />

acadêmica não se interessavam pela satisfação e opinião individual, e sim, do corpo coletivo.<br />

Portanto, manteve-se o anonimato no preenchimento dos questionários. Embora alguns<br />

funcionários da empresa tenham auxiliado no sentido <strong>de</strong> disponibilizar sal<strong>as</strong> e trabalhadores para<br />

a realização da pesquisa, a coor<strong>de</strong>nação e execução <strong>de</strong>sta f<strong>as</strong>e da mesma também foi realizada<br />

apen<strong>as</strong> pelo autor.<br />

12


4. Resultados da Pesquisa em uma d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> da companhia norte-americana com filial<br />

no Br<strong>as</strong>il<br />

Uma vez estabelcida a missão da companhia, sua cultura e polític<strong>as</strong> <strong>de</strong> trabalho a alta<br />

gerência mostrou-se segura em estabelecer program<strong>as</strong> para promover mudanç<strong>as</strong> organizacionais<br />

em toda a organização, tais como: uma nova estrutura organizacional, novo sistema <strong>de</strong> avaliação<br />

por <strong>de</strong>sempenho, Programa <strong>de</strong> Melhori<strong>as</strong> Contínu<strong>as</strong>(PROMECON) e etc<br />

Entretanto, verificou-se que a mudança comportamental dos trabalhadores relacionada à<br />

proposta do PROMECON concebido e implementado pela empresa pesquisada mostrou-se muito<br />

pouco expressiva sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> sua orientação à participação em <strong>grupos</strong>. Para alguns<br />

gerentes este efeito se <strong>de</strong>ve a forma como o programa foi introduzido e exposto aos trabalhadores.<br />

Para os gerentes da empresa que não acreditam que o PROMECON seja oferecido como uma<br />

proposta voluntária aos empregados, o conceito <strong>de</strong> voluntarieda<strong>de</strong> está <strong>as</strong>sociado à livre e<br />

espontânea iniciativa do trabalhador, sem a interferência <strong>de</strong> fatores indutores externos.<br />

“Voluntarieda<strong>de</strong> é a ação da pessoa se prontificar a fazer alguma coisa por sua<br />

livre e expontânea vonta<strong>de</strong>. Eu entendo que voluntários são raros, eu acho que o<br />

voluntariado tem que ser induzido ou até coagido. Eu acho que não existe muita<br />

voluntarieda<strong>de</strong> no sentido <strong>de</strong> ser voluntário, ser expontâneo. Eu acho que ainda<br />

falta induzir mais este voluntariado” (Diretor).<br />

“Na minha percepção, voluntarieda<strong>de</strong> você encontra no indivíduo que<br />

consegue por si só, sem que haja qualquer fator que o empurre, que lhe dê<br />

partida. Ele por si só, espontaneamente tenha o arranque. Ele faz <strong>as</strong> cois<strong>as</strong><br />

acontecerem porque é <strong>de</strong>le esta condição <strong>de</strong> espontaneida<strong>de</strong>, voluntarieda<strong>de</strong>. Aqui<br />

na empresa, os 20% tem. Qualquer coisa que você faz os 20% são voluntários<br />

neste sentido. É espontânea a participação, é voluntária. Os outros 80% é porque<br />

você martelou, forçou. Você como gerente disse: olha aqui eu quero 20 sugestões<br />

no mês e no mês que vêm eu quero mais 15. Se você não gerenci<strong>as</strong>se, não<br />

monitor<strong>as</strong>se um a um, você não arrancaria, não dispararia esse programa. Então<br />

o PROMECON não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado voluntarioso, pois ele tem uma<br />

contraprestação. Deixa <strong>de</strong> ser espontânea a participação quando você paga. É<br />

contraditório. 20% do grupo da empresa é voluntarioso, os outros 80% não. Por<br />

ele não ser, eu tenho que pagar” (Gerente).<br />

Segundo a própria alta gerência a lógica da abordagem na implantação do programa <strong>de</strong>ve<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r, predominantemente da vonta<strong>de</strong> gerencial. Para eles a proposta PROMECON é uma<br />

iniciativa gerencial, portanto esta <strong>de</strong>ve ser divulgada, li<strong>de</strong>rada e revitalizada constantemente pela<br />

própria cúpula da organização.<br />

“O maior problema do programa eu acho que é o maior envolvimento<br />

d<strong>as</strong> chefi<strong>as</strong> em ven<strong>de</strong>r o PROMECON e puxar <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>, incentivá-l<strong>as</strong> a<br />

13


participar mais, e achar form<strong>as</strong> <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> se reunirem para discutirem os<br />

problem<strong>as</strong>”(Diretor).<br />

Verificou-se que os trabalhadores não valorizam muito o perfil do seu grupo. Não há<br />

uma preocupação com a qualificação do grupo no qual eles estão inseridos. Entretanto, eles não<br />

<strong>de</strong>monstram satisfação em relação ao perfil <strong>de</strong> seus <strong>grupos</strong>. Foi constatado que 54% dos<br />

empregados geram <strong>de</strong> nenhuma a uma idéia a cada três meses na empresa. Uma parcela<br />

significativa <strong>de</strong> indivíduos pertencentes a <strong>grupos</strong> (43%) afirma não estar se reunindo <strong>de</strong> nenhuma<br />

forma com seus coleg<strong>as</strong> <strong>de</strong> grupo. Apen<strong>as</strong> 14% dos indivíduos afirma se reunir, conforme <strong>as</strong><br />

regr<strong>as</strong> do programa ( du<strong>as</strong> hor<strong>as</strong> por mês). Há uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> insatisfação tanto por parte dos<br />

trabalhadores diretos da produção quanto pelos indiretos em relação ao hábito <strong>de</strong> se reunir<br />

mensalmente em grupo( média <strong>de</strong> satisfação do conjunto foi <strong>de</strong> (2.38) na escala <strong>de</strong> satisfação).<br />

De maneira geral, os funcionários da empresa não <strong>de</strong>monstram-se satisfeitos com a<br />

maioria dos itens avaliados nesta pesquisa. As médi<strong>as</strong> gerais dos fatores avaliados revelaram um<br />

índice intermediário <strong>de</strong> satisfação dos trabalhadores (63%). O item que apresentou maior índice<br />

<strong>de</strong> satisfação por parte dos funcionários foi “ Proposta <strong>de</strong> participação que a empresa oferece via<br />

CCQ”. Entretanto, este item não recebeu maior pontuação em função do pessoal sentir-se não<br />

satisfeito com <strong>as</strong> variáveis explicativ<strong>as</strong> : (a)oportunida<strong>de</strong> dos funcionários proporem mudanç<strong>as</strong><br />

d<strong>as</strong> norm<strong>as</strong>, regr<strong>as</strong> e procedimentos do programa <strong>de</strong> melhori<strong>as</strong> da empresa (recebeu média 2,6 na<br />

escala <strong>de</strong> satisfação); (b)Oportunida<strong>de</strong> que os funcionários dizem ter em influenciar n<strong>as</strong><br />

aprovações d<strong>as</strong> propost<strong>as</strong> <strong>de</strong> melhori<strong>as</strong> (recebeu média 2,9 na escala <strong>de</strong> satisfação).<br />

Ressalta-se que aproximadamente 80% dos funcionários consi<strong>de</strong>ram, <strong>de</strong> alguma forma,<br />

a proposta do PROMECON limitada. Apurou-se que 19% dos funcionários da empresa<br />

consi<strong>de</strong>ram o CCQ limitado pelo fato <strong>de</strong> não permitir que o funcionário participe d<strong>as</strong> <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong><br />

aprovação d<strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> sugerid<strong>as</strong>. Salienta-se também que 15% do quadro avaliado consi<strong>de</strong>ra o<br />

CCQ limitado pelo fato <strong>de</strong> não permitir que o funcionário participe da elaboração d<strong>as</strong> regr<strong>as</strong> do<br />

PROMECON e da linha <strong>de</strong> produção, no sentido <strong>de</strong> alterá-l<strong>as</strong> quando acharem justo e necessário.<br />

Segundo a maioria dos funcionários da empresa o maior problema enfrentado pelos circulist<strong>as</strong> é a<br />

“Falta <strong>de</strong> tempo para participar <strong>de</strong> reuniões” (42.4%), seguido da “Falta <strong>de</strong> motivação do grupo”<br />

(39.5%). O terceiro maior problema é “Projetos não implantados”.<br />

Uma vez estabelecid<strong>as</strong> <strong>as</strong> regr<strong>as</strong> do programa faz-se necessário, logicamente, um<br />

comprometimento, tanto por parte do empregado como do empregador. Salienta-se que o<br />

PROMECON faz parte <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> administração participativa, e que a abertura na<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong>st<strong>as</strong> estratégi<strong>as</strong>, buscando a constante a<strong>de</strong>são dos funcionários é fundamental. Por um<br />

lado a pesquisa revela o elevado grau <strong>de</strong> satisfação dos funcionários em receber prêmios em<br />

dinheiro, por outro, indica a falta <strong>de</strong> motivação dos <strong>grupos</strong> como um dos maiores problem<strong>as</strong>,<br />

entre outros. Até que ponto ou até em que nível o PROMECON trouxe mudança <strong>de</strong><br />

comportamento dos trabalhadores <strong>de</strong>ssa empresa? Os objetivos da alta gerência <strong>de</strong> total a<strong>de</strong>são ao<br />

programa pelos trabalhadores foram atingidos?<br />

Segundo Kohn (1995), renomado conferencista em program<strong>as</strong> <strong>de</strong> educação e gestão<br />

empresarial, “apoiar-se nos incentivos para aumentar a produtivida<strong>de</strong> em nada ajuda no sentido<br />

14


<strong>de</strong> mudar o comportamento d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> e provocar mudanç<strong>as</strong> profund<strong>as</strong> e significativ<strong>as</strong> na<br />

esfera do trabalho.<br />

5 CONCLUSÃO<br />

Todos esses dados e constatações, entre outros, sugerem que a abordagem gerencial do<br />

PROMECON como proposta <strong>de</strong> mudança na dinâmica <strong>de</strong> comportamento dos indivíduos e<br />

<strong>grupos</strong> da organização teve como estratégia central a mudança programada. Para Beer(1990)<br />

program<strong>as</strong> <strong>de</strong>ste tipo, ao promover cepticismo e falta <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> inibirem a<br />

mudança, “vacinam <strong>as</strong> empres<strong>as</strong> contra a realida<strong>de</strong>”.<br />

A abordagem <strong>de</strong> mudança proposta pela empresa não pressupoe alinhamento <strong>de</strong> taref<strong>as</strong>.<br />

É raro que a cúpula da companhia conheça <strong>de</strong> antemão os mínimos <strong>de</strong>talhes que uma mudança<br />

organizacional requer d<strong>as</strong> muit<strong>as</strong> unida<strong>de</strong>s e áre<strong>as</strong> distint<strong>as</strong> <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> empresa. Seria muito<br />

importante que a implantação do programa inici<strong>as</strong>se em áre<strong>as</strong> periféric<strong>as</strong> da empresa <strong>de</strong>slocandose<br />

gradativamente ao núcleo e alta gerência. A maioria dos executivos <strong>de</strong> alto escalão se<br />

<strong>de</strong>senvolveu em um tempo em que a hierarquia era o principal meio <strong>de</strong> organização e<br />

administração. Para Beer(1990) eles <strong>de</strong>vem apren<strong>de</strong>r através <strong>de</strong> abordagens inovador<strong>as</strong> trazid<strong>as</strong><br />

por agentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>partamentos mais jovens e que estão mais perto da ação.<br />

É importante a compreensão <strong>de</strong> que todo o objetivo principal da renovação <strong>de</strong> qualquer<br />

prática organizacional <strong>de</strong>ve estar centrado no comportamento, n<strong>as</strong> atitu<strong>de</strong>s, n<strong>as</strong> funções, n<strong>as</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong>s e nos relacionamento interpessoais. O objetivo da renovação não po<strong>de</strong> estar<br />

centrado em satisfações pessoais ou em program<strong>as</strong> isolados que ousam proporcionar mudanç<strong>as</strong><br />

comportamentais.<br />

Tudo indica que a proposta do PROMECON, tal como oferecida e prescrita pela empresa<br />

aos trabalhadores <strong>de</strong>sviou <strong>de</strong> seu escopo principal no <strong>de</strong>senrolar <strong>de</strong> sua implantação. Seu foco<br />

principal dirigiu-se ao aumento da qualida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong> nos meios <strong>de</strong> produção e satisfação<br />

individual dos empregados através <strong>de</strong> estímulos e recompens<strong>as</strong> que buscam a promoção<br />

individual, e não voltado à integração dos indivíduos e dos <strong>grupos</strong> e à homogênea capacitação<br />

técnica e pessoal dos trabalhadores, <strong>de</strong> forma que os possibilite iniciativa e <strong>de</strong>senvoltura na<br />

articulação e promoção <strong>de</strong> su<strong>as</strong> idéi<strong>as</strong>.<br />

6.BIBLIOGRAFIA<br />

BEER, Michael ; Eisenstat, A. . Why Change Program Dont’t Produce Change. Harvard Business<br />

Review, nov-<strong>de</strong>c, 1990.<br />

BOYD, Harper W. et alli. Marketing Research. Text and c<strong>as</strong>es. Homewood, Il., R.D. Irwing,<br />

1989, 7th edition.<br />

BARDIN, Laurence. Análise <strong>de</strong> Conteúdo. Rio <strong>de</strong> Janeiro, edições 70, 1977-225p.<br />

COLE, Robert. Strategies for Learning. California: University of California, 1989.<br />

DAVIDSON, H. William. Small Group Activity at Mus<strong>as</strong>hi Semiconductor Works. University of<br />

Virginia; by Sloan Management Review Association, 1982.<br />

15


KOHN, Alfie. Por que os Planos <strong>de</strong> Incentivo não Funcionam. Revista <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong><br />

empres<strong>as</strong>, V.35, num.6, nov/<strong>de</strong>z <strong>de</strong> 1995.<br />

LAKATOS, E. M., MARCONI, M. A . Técnic<strong>as</strong> <strong>de</strong> Pesquisa. 3 a .Edição, São Paulo:Atl<strong>as</strong>, 1985.<br />

MAXIMINIANO, Antônio Cesar Amaru et al. Gerência <strong>de</strong> Equipes <strong>de</strong> trabalho. São Paulo :<br />

Pioneira Ed.,1993.<br />

MONDEN, Y<strong>as</strong>uhiro. Sistema Toyota <strong>de</strong> Produção. Instituto <strong>de</strong> Movimentação <strong>de</strong> materiais,<br />

IMAM 1984.<br />

ROESCH, S. M. AZEVEDO et alii. Projetos <strong>de</strong> Estágio do Curso <strong>de</strong> Administração. São Paulo:<br />

Atl<strong>as</strong>,1995.<br />

RUAS, Roberto - Novos Princípios Gerenciais e a Organização e Gestão do Trabalho. Ca<strong>de</strong>rno<br />

Técnico 22. CNI-SESI, 1995.<br />

RICHARDSON, Roberto Jarry (colaboradores:José Augusto <strong>de</strong> Souza Peres et al). Pesquisa<br />

Social: métodos e técnic<strong>as</strong>.São Paulo, Atl<strong>as</strong>. 1985. Cap.3. p.29-45.<br />

SELTIZ, C. et alii. Método <strong>de</strong> Pesquisa n<strong>as</strong> relações sociais. São Paulo, p.276-291, :Her<strong>de</strong>r,1965.<br />

16

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!