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DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL PARA CRIAÇÃO<br />

DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NA PONTA DO<br />

CABEÇO EM ITAPEMA<br />

Organizadores e diagramação<br />

Rodrigo Cesar Cordova Bicudo Merege<br />

João Daniel Torres Simões Pires<br />

Coordenador<br />

Mauricio Eduardo Graipel<br />

INSTITUTO ÇARAKURA<br />

Florianópolis, 2010


Diagnóstico socioambiental para criação de unidade de conservação na<br />

Ponta do Cabeço Itapema/SC / Mauricio Eduardo Graipel (Coordenação);<br />

Rodrigo Cesar Cordova Bicudo Merege (Coordenação), João Daniel<br />

Torres Simões Pires, (Coordenação). – Florianópolis, 2010. 244 p.; 30<br />

+ cm.<br />

Relatório de Projeto de Pesquisa – Instituto Çara Kura 2010.<br />

1. Diagnóstico Ambiental. 2. Unidade de Conservação. 3. Itapema. 4.<br />

Educação Ambiental. I. Graipel, Mauricio Eduardo Graipel II. Merege,<br />

Rodrigo Cesar Cordova Bicudo III Pires, João Daniel Torres Simões. IV<br />

Instituto Çara Kura V. Título.


COORDENAÇÃO TÉCNICA E EXECUTIVA<br />

Biólogo Dr. Mauricio Eduardo Graipel<br />

Eng.º Sanitarista e Ambiental João Daniel Torres Simões Pires (membro do Instituto ÇaraKura)<br />

Formando do curso de Ciências Biológicas Rodrigo Cesar Cordova Bicudo Merege (membro do Instituto<br />

ÇaraKura)<br />

Sandra T. Lopes<br />

RELATÓRIOS TEMÁTICOS<br />

Responsáveis Técnicos<br />

Hidrologia e Monitoramento da Qualidade das Águas Superficiais<br />

João Daniel Torres Simões Pires, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da UFSC (PPGEA) e<br />

membro do Conselho Técnico do NEAmb<br />

Geoprocessamento e Produção de Mapas<br />

Eng.° Sanitarista e Ambiental Frederico Genofre, membro do Grupo Transdisciplinar de Governança da Água e do Território<br />

da UFSC (GTHidro) e membro do Conselho Técnico do NEAmb<br />

Vertebrados terrestres<br />

Biólogo Dr. Mauricio Eduardo Graipel, especialista responsável pela Mastofauna e Pesquisador do Departamento de<br />

Ecologia e Zoologia da UFSC (ECZ)<br />

Biólogo Ivo Rohling Ghizoni Jr, especialista responsável pela Avifauna<br />

Formando do curso de Ciências Biológicas (UFSC) Rodrigo Cesar Cordova Bicudo Merege<br />

Ictiologia (Peixes de Ambientes Lóticos)<br />

Bióloga Dr.ª Sonia Buck, Professora do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC (ECZ) e coordenadora do<br />

Laboratório de Ictiologia da UFSC.<br />

Bióloga Dr.ª Miriam Santana Ghazii, Pesquisadora do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC (ECZ)<br />

Formandas do curso de Engenharia de Aquicultura (UFSC) Ana Paula Burigo e Aline Brum<br />

Formando do curso de Ciências Biológicas (UFSC) Rodrigo Cesar Cordova Bicudo Merege<br />

Ictiologia (Peixes Recifais)<br />

Biólogo Anderson Antônio Batista<br />

Biólogo Daniel Fernandes Dinslaken (Responsável Técnico)<br />

Biólogo Carlos Werner Hackradt<br />

Bióloga Manuela Bernardes Batista<br />

Levantamento da Flora Macrofitobêntica<br />

Eng. º Aquicola Alejandro Donnangelo (Responsável Técnico)<br />

Formando do Curso de Oceonografia Ricardo Arruda<br />

Borboletas Frugívoras e Besouros Escarabeíneos<br />

Bióloga Gabriela Corso da Silva<br />

Biólogo Marcelo Guterres Rocha<br />

Bióloga Dr. Prof. Malva Isabel Medina Hernández (UFSC)<br />

Flora<br />

Biólogo Anderson Santos de Mello, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da UFSC<br />

Educação Ambiental e Governança<br />

Eng.º Sanitarista e Ambiental João Daniel Torres Simões Pires, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia<br />

Ambiental da UFSC (PPGEA), membro do Instituto ÇaraKura<br />

Formando do curso de Ciências Biológicas (UFSC), membro do Instituto ÇaraKura Rodrigo Cesar Cordova Bicudo Merege<br />

Formando do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental Richard Eilers Smith, membro do Grupo de Pesquisa<br />

Transdisciplinar em Governança da Água e do Território da UFSC (GTHidro), membro do Instituto ÇaraKura<br />

Equipe de Apoio da Fundação Ambiental da Área Costeira de Itapema (FAACI)<br />

Biólogo Javier Toso – Chefe de Unidades de Conservação e Fiscalização Ambiental<br />

Geógrafo Juaci do Amaral – Presidente da FAACI<br />

Capa<br />

Rodrigo Cesar Cordova Bicudo Merege<br />

Revisões e Diagramação<br />

Richard Eilers Smith, Alejandro Donnangelo.


AGRADECIMENTOS<br />

O Instituto Çarakura agradece a oportunidade de realizar o projeto do qual este<br />

documento é um dos produtos finais. Também ficamos muito satisfeitos pela efetiva e<br />

constante participação dos diferentes órgãos públicos e privados neste projeto, tanto no<br />

âmbito federal, estadual como municipal, dentre os participantes destacam-se o Ministério<br />

Público Federal da Comarca de Itajaí, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),<br />

Escritório Municipal da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa<br />

Catarina (EPAGRI), da Fundação Ambiental Área Costeira de Itapema (FAACI) e da<br />

Prefeitura Municipal de Itapema, Ambiens Consultoria e Projetos Ambientais e Maurique<br />

Consultoria Ambiental.<br />

Agradecemos ao atual diretor-presidente da FAACI, Juaci do Amaral, ao anterior<br />

Adilson Machiavelli e ao amigo Biólogo e fiscal do município Javier Toso por sua assistência<br />

durante esse ano de trabalho. Agradecemos ao extensionista da EPAGRI, Wilmar Benjamim<br />

Schimitt, pela assídua participação em todas as etapas do projeto. Com disposição e<br />

confiança, ele foi um facilitador fundamental para a realização deste projeto.<br />

Agradecemos o acolhimento caloroso recebido pelas equipes do projeto por parte<br />

das organizações da sociedade civil do Bairro Canto da Praia. E também a todos os demais<br />

moradores do bairro Canto da Praia preocupados com o futuro da Praia Grossa, em particular<br />

aos participantes das oficinas realizadas pelo Instituto ÇaraKura durante este projeto.<br />

Agradecemos de maneira especial à associação de moradores do Canto da Praia e ao Rancho<br />

dos pescadores, que possibilitaram troca de experiências de vida, como ocorrido na Colônia<br />

de Pescadores Z-19 e no Rancho dos Pescadores, no Canto da Praia.<br />

À equipe de profissionais que foi responsável por realizar este projeto, agradecemos<br />

pela agradável convivência, sugestões, troca de conhecimentos, auxílios na união e<br />

organização das atividades desenvolvidas possibilitando a reunião e comparação de dados e<br />

uma melhor compreensão dos fatores sociais, físicos e biológicos.<br />

Agradecemos ao Coordenador-Geral Dr. Mauricio Eduardo Graipel, responsável por<br />

diversas orientações. Agradecemos também ao Geógrafo Orlando Ferretti pelas valorosas<br />

contribuições e ponderações muito pertinentes à finalização deste projeto.<br />

Finalmente ressaltamos a importância das parcerias estabelecidas durante este<br />

projeto, onde a sociedade civil, poder público, empreendedores e os técnicos a serviço do<br />

IÇARA tiveram como objetivo a sustentabilidade ambiental da Praia Grossa.


APRESENTAÇÃO<br />

O Instituto Çarakura é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público<br />

(OSCIP) sem fins lucrativos, com sede no bairro do Ratones em Florianópolis, desenvolvendo<br />

diversos projetos socioambientais em parceria com professores e estudantes da Universidade<br />

Federal de Santa Catarina (UFSC).<br />

O Núcleo de Educação Ambiental (NEAmb) participou ativamente da fundação do<br />

Instituto, formando uma parceria sólida através de projetos, formação de educadores<br />

ambientais, pesquisas de graduação, mestrado e doutorado da UFSC, trotes solidários e<br />

ecológicos, entre outras atividades.<br />

O Projeto da Praia Grossa e Ponta do Cabeço vêm confirmar o sucesso desta parceria,<br />

seguindo a indicação dos protagonistas da área de estudo, a Fundação Ambiental da Área<br />

Costeira de Itapema (FAACI), a Prefeitura Municipal de Itapema, o Ministério Público<br />

Federal e a iniciativa privada.<br />

A execução do Projeto seguiu um procedimento participativo e democrático, no qual<br />

as decisões foram tomadas com total transparência. Procurou-se, sempre que possível, o<br />

consenso entre os interesses, através de diversas reuniões na FAACI para compartilhar a<br />

responsabilidade das decisões e refinar o zoneamento. Além disso, as decisões seguem<br />

diretrizes de zoneamento apontadas nas reuniões e oficinas de trabalho com a comunidade,<br />

mediando os interesses envolvidos e intensificando o diagnóstico para a criação de unidades<br />

de conservação na área de estudo. A realização do projeto teve também o suporte técnico de<br />

diversas áreas de pesquisa da UFSC, contemplando o meio biótico, meio físico e antrópico.<br />

No meio biótico foram feitas diversas campanhas de coleta, dentre elas a ictiofauna,<br />

flora, mamíferos, anfíbios, aves, répteis, borboletas, peixes recifais, macrofitobentos e<br />

coleópteras. Os números de espécies são altos e ressaltam a importância da Praia Grossa em<br />

termos de biodiversidade e conservação dos recursos genéticos da Mata Atlântica.<br />

No meio físico os levantamentos foram orientados em busca da verificação e<br />

consolidação das áreas de preservação permanente (APP) no que diz respeito à hidrografia e<br />

geomorfologia da área. Foi realizado um levantamento criterioso em campo com<br />

monitoramento sazonal e sucessivas saídas a campo para confirmação de dados e pontos<br />

geográficos. Partindo de levantamentos geológicos e pedológicos realizados pelo NEAmb<br />

anteriormente, procurou-se identificar parâmetros biogeográficos para a definição de áreas<br />

críticas com diversas características relevantes para a preservação.<br />

O levantamento socioeconômico contou também com uma equipe interdisciplinar nas<br />

áreas de sociologia, geografia, engenharia, governança e educação ambiental. Destaca-se que,<br />

tendo em vista o volume de informações de infraestrutura e situação socioeconômica obtida<br />

em estudo anterior a este, o presente estudo priorizou uma abordagem qualitativa em<br />

entrevistas direcionadas às lideranças locais, mapeamento de conflitos históricos existentes,<br />

oficinas, saídas a campo, levantamento de experiências e identificação de demandas e<br />

potenciais.


Sumário<br />

1. RELATÓRIO SOCIOLÓGICO - CONFLITOS E DEMANDAS SOCIAIS ........................ 18<br />

1.1 Introdução ................................................................................................................................. 18<br />

1.2 O Campo ................................................................................................................................... 19<br />

1.3 Considerações Finais ................................................................................................................. 44<br />

2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E GOVERNANÇA NO BAIRRO CANTO DA PRAIA ......... 46<br />

2.1 Introdução ................................................................................................................................. 46<br />

2.2 Metodologia aplicada e resultados obtidos ............................................................................... 47<br />

2.3 Esforço de divulgação ............................................................................................................... 69<br />

2.4 Dossiê de Economia de Experiências ........................................................................................ 74<br />

2.5 Conclusões e recomendações .................................................................................................... 77<br />

2.6 Recomendações para o zoneamento .......................................................................................... 77<br />

3. INVENTÁRIO DE VERTEBRADOS DA PRAIA GROSSA: ANFÍBIOS, RÉPTEIS, AVES<br />

E MAMÍFEROS. ............................................................................................................................. 78<br />

3.1 Introdução ................................................................................................................................. 78<br />

3.2 Materiais e Métodos .................................................................................................................. 78<br />

3.4. Grupos ...................................................................................................................................... 80<br />

3.4.1 Anfíbios ............................................................................................................................... 80<br />

3.4.2 Répteis ................................................................................................................................ 85<br />

3.4.3 Aves .................................................................................................................................... 87<br />

3.4.4 Mamíferos .......................................................................................................................... 91<br />

4. BORBOLETAS FRUGÍVORAS E BESOUROS ESCARABEÍNEOS .................................. 96<br />

4.1 Introdução ................................................................................................................................. 96<br />

4.2 Metodologia .............................................................................................................................. 98<br />

4.3 Resultados obtidos .................................................................................................................... 99<br />

4.3.1 Borboletas frugívoras (Lepidópteros) .................................................................................... 99<br />

4.3.4 Besouros escarabeíneos (Coleópteros) ................................................................................. 103<br />

5. VEGETAÇÃO ........................................................................................................................... 106<br />

5.1 Introdução ............................................................................................................................... 106<br />

5.2 Metodologia ............................................................................................................................ 106<br />

5.3 Resultados ............................................................................................................................... 107<br />

5.4 Conclusões .............................................................................................................................. 119<br />

6.1 PEIXES RECIFAIS ................................................................................................................ 121<br />

6.2 Introdução ............................................................................................................................... 121<br />

6.3 Metodologia ............................................................................................................................ 122


6.4 Resultados e discussão ............................................................................................................ 124<br />

7. LEVANTAMENTO DA FLORA MACROFITOBÊNTICA DA REGIÃO DA PONTA DO<br />

CABEÇO, PRAIA GROSSA, MUNICÍPIO DE ITAPEMA, SANTA CATARINA, BRASIL.<br />

......................................................................................................................................................... 137<br />

7.1 Introdução ............................................................................................................................... 137<br />

7.2 Metodologia ............................................................................................................................ 138<br />

7.3 Resultados e Discussão ........................................................................................................... 140<br />

7.4 Conclusão ................................................................................................................................ 149<br />

8. ESTUDO DA ICTIOFAUNA PARA COMPOR UNIDADE DE CONSERVAÇÃO EM<br />

ITAPEMA, SC ............................................................................................................................... 150<br />

8.1 Introdução ............................................................................................................................... 150<br />

8.2 Metodologia ............................................................................................................................ 151<br />

8.3 Resultados ............................................................................................................................... 152<br />

8.4 Conclusões .............................................................................................................................. 156<br />

9. HIDROLOGIA .......................................................................................................................... 158<br />

9.1 Introdução ............................................................................................................................... 158<br />

9.2 Metodologia ............................................................................................................................ 158<br />

9.3 Resultados ............................................................................................................................... 165<br />

9.4 Conclusoes .............................................................................................................................. 179<br />

10. ZONEAMENTO FINAL ........................................................................................................ 181<br />

11. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 191<br />

12. CRÉDITOS DAS IMAGENS ................................................................................................2000<br />

13. APÊNCICES E ANEXOS (Indice) .......................................................................................2011<br />

12.1 Apêndices .............................................................................................................................2012<br />

12.2 Anexos ..................................................................................................................................2023<br />

12.2.1 ANEXO 1 – ANUROS ...................................................................................................... 2223<br />

12.2.2 ANEXO 2 – RÉPTEIS ....................................................................................................... 2256<br />

12.2.3 ANEXO 3 – AVES ......................................................................................................... 22829<br />

12.2.4 ANEXO 4 - MAMÍFEROS ................................................................................................ 2401


1. RELATÓRIO SOCIOLÓGICO - CONFLITOS E DEMANDAS SOCIAIS<br />

1.1 Introdução<br />

O bairro Canto da Praia é o mais antigo da cidade de Itapema, cuja história antecede<br />

em muito a própria criação do município. Sua tradição remonta a colonização açoriana de<br />

meados do século XVIII1 e é atualmente formado por uma comunidade de pescadores<br />

artesanais que sobrevivem dos labores da pesca até os dias de hoje.<br />

Para aprofundar o entendimento da dinâmica sócio-cultural do bairro e avançar na<br />

compreensão das particularidades e conflitos da região – e ir um pouco além dos indicadores<br />

sócio-econômicos previamente levantados – foi necessário que fôssemos a campo buscar<br />

relatos e visões de mundo de seus atores sociais.<br />

O objetivo principal de nossa pesquisa foi estabelecer os grupos coletivos e os<br />

conflitos resultantes da diversidade cultural local, através da identificação dos atores sociais e<br />

análise dos respectivos discursos para, em um segundo momento, promover a ação<br />

participativa dos moradores na elaboração de políticas públicas para os arredores da Unidade<br />

de Conservação, na busca de introduzir melhorias que supram e estejam de acordo com suas<br />

expectativas e necessidades, tendo como principais motivações a promoção da educação<br />

ambiental, a satisfação dessas demandas e a sustentabilidade ambiental e social da região<br />

estudada.<br />

Para tanto, identificamos os principais atores sociais, assim como seu posicionamento<br />

diante das mudanças previstas para a região para poder apontar as situações que representem<br />

posições de possível conflito, utilizando a metodologia de entrevista qualitativa para o<br />

mapeamento dos atores envolvidos no contexto sócio-político de transformação urbana da<br />

região, a fim de estabelecer uma leitura das representações sócio-culturais dos conflitos sócioambientais<br />

pertinentes.<br />

Pesquisamos a visão de mundo, os pensamentos, as ações e expressões que constroem<br />

a realidade social em que os atores estão inseridos, para sermos capazes de verificar e<br />

compreender os elementos característicos da interação entre os diversos grupos e seus<br />

interesses distintos para a região.<br />

Para o mapeamento e análise dos conflitos, nos valemos de entrevistas individuais com<br />

representantes de cada grupo implicado, para saber quem são os atores envolvidos diretamente<br />

e também aqueles que serão afetados com as decisões políticas relacionadas à criação da<br />

Unidade de Conservação e ao manejo da área para descrever o problema e seu<br />

desenvolvimento ao longo do tempo.<br />

No curso da análise mapeamos os conflitos e identificamos as necessidades e os<br />

interesses de cada grupo visando estabelecer um processo de diálogo e negociação que fosse<br />

capaz de viabilizar um consenso entre as partes envolvidas, mantendo o foco nas possíveis<br />

transformações que podem vir a ocorrer na região, sem deixar de lado o aspecto de fomento<br />

ao desenvolvimento social que melhorias na estrutura da prática pesqueira podem acarretar<br />

para a economia local.<br />

1 Ver Relatório Sócio-Econômico.<br />

18


Bourdieu aponta que determinadas relações de poder entre os sujeitos sociais<br />

aglutinam significados específicos de meio ambiente, espaço e territorialidade, consolidando<br />

certos sentidos, noções e categorias que passam a se estabelecer como as mais legítimas e<br />

passíveis de justificar as ações sociais e políticas geradas por determinado conflito, tornando<br />

as visões de mundo concorrentes muitas vezes inexpressivas e oprimidas pela concorrência<br />

dominadora das que acabam prevalecendo (Bourdieu, 1997, 2007).<br />

A Sociologia dos conflitos, apoiada nas concepções de campo e habitus, nos ajuda a<br />

entender esse processo: o campo é o locus temporal do conflito entre sujeitos sociais que<br />

disputam a legitimidade de certas concepções e ações a partir do domínio de um capital<br />

simbólico específico e o habitus é o conjunto de disposições práticas e culturais que<br />

estruturam e são estruturadas pelo campo (Bourdieu, 1997, 2003, 2007).<br />

Nesse sentido, é a trajetória de socialização dos sujeitos – através de seus conjuntos de<br />

símbolos, valores, crenças e práticas – que orienta suas escolhas e, portanto, interfere<br />

definitivamente em suas ações (Bourdieu, 2003).<br />

Dizemos que quanto mais autônomo for um campo, maior será o seu poder de refração<br />

e mais as imposições externas serão transfiguradas, a ponto, freqüentemente, de se tornarem<br />

perfeitamente irreconhecíveis. O grau de autonomia de um campo tem por indicador principal<br />

seu poder de refração, de retradução.<br />

Para entendermos as relações entre os atores sociais de um campo precisamos ter,<br />

segundo Bourdieu, como ponto de partida que “todo campo... é um campo de forças e um<br />

campo de lutas para conservar ou transformar esse campo de forças” (Bourdieu, 2003).<br />

O campo, para Bourdieu (2003) só existe nas e pelas ações dos agentes que “criam o<br />

espaço, e o espaço só existe (de alguma maneira) pelos agentes e pelas relações objetivas<br />

entre os agentes que aí se encontram”. É por isso que só podemos compreender “o que diz ou<br />

faz um agente engajado num campo, se estamos em condições de nos referirmos à posição<br />

que ele ocupa nesse campo, se sabemos „de onde ele fala‟” Bourdieu (2003).<br />

Com essas preocupações metodológicas em mente desenvolvemos um roteiro de<br />

entrevista pautado em uma temática básica que pudesse dar conta de nosso interesse de<br />

pesquisa e que ao mesmo tempo nos permitisse uma maleabilidade suficiente para manter a<br />

conversa no nível mais amistoso possível, em um processo de aproximação com os sujeitosobjetos<br />

de pesquisa. Essa preocupação se mostrou pertinente, pois foi só assim que<br />

conseguimos que alguns deles tocassem em assuntos mais delicados como a relação entre<br />

vizinhos de contextos sócio-culturais diferentes e entre colegas de profissão.<br />

As entrevistas seguiram basicamente essa ordem temática: apresentação, procedência,<br />

histórico de residência, formação, atividade profissional, histórico profissional, impressões<br />

acerca da problemática de pesquisa, medos, apreensões, conflitos em relação às mudanças<br />

urbanas da região, expectativas para o futuro, responsabilização, ideário sobre possíveis<br />

soluções e demandas.<br />

1.2 O Campo<br />

Já no primeiro contato de campo notou-se uma forte permanência de vários aspectos<br />

da cultura açoriana entre eles. A comunidade de pescadores e descendentes de pescadores é<br />

rica em referências desse gênero como, por exemplo, as histórias colhidas sobre o boi-de-<br />

19


mamão, o terno de reis, as festividades de Nossa Senhora dos Navegantes e até relatos sobre o<br />

passado da prática da farra do boi na região.<br />

Ao mesmo tempo em que muitos desses valores culturais visivelmente lutam para<br />

permanecer no conjunto simbólico da comunidade através de iniciativas “teimosas” de alguns<br />

de seus participantes, boa parte da tradição cultural e laboral dos pescadores tem se perdido.<br />

Seja pela dificuldade de competição da pesca artesanal rudimentar com a pesca industrial<br />

tecnológica, seja pelas rápidas transformações do mercado de trabalho na cidade advindas<br />

principalmente do turismo, o fato é que cada vez menos as gerações mais novas têm a<br />

possibilidade ou o interesse em permanecer vivendo da pesca.<br />

Não podemos esquecer, porém, que o bairro não é formado única e exclusivamente<br />

por pescadores. Dividem o mesmo território, moradores de outras origens sócio-culturais, tais<br />

como funcionários públicos aposentados em busca de paz e sossego, moradores ocasionais de<br />

outras cidades e estados com suas suntuosas casas de veraneio, estrangeiros, prestadores de<br />

serviço e comerciantes locais.<br />

A sociedade civil da região está basicamente organizada em três grandes núcleos: a<br />

colônia de pescadores, o rancho de pescadores e a associação de moradores. Na pesquisa<br />

ficou bem delineado o porquê dessa configuração e as nuances de conflitos de interesses entre<br />

seus participantes.<br />

A colônia de pescadores2 de Itapema (Z-19) é uma associação civil, sem fins<br />

lucrativos e tem por finalidade representar e defender direitos e interesses dos seus membros,<br />

estando subordinada à Federação Estadual e à Confederação Nacional Dos Pescadores. Seu<br />

cunho legal a legitima como representante direta dos pescadores da região. É ela que exerce a<br />

intermediação das licenças de pesca e dos direitos trabalhistas dos associados com o Estado.<br />

O rancho de pescadores começou como um projeto independente de alguns deles que,<br />

organizando-se, conseguiram junto ao poder público o material necessário para construir sua<br />

inicial e precária fundação, numa situação em que o resto das benfeitorias da estrutura ficaria<br />

para mais tarde e acabou nunca acontecendo3.<br />

Desde então já foram ameaçados de despejo e demolição, entre outras complicações<br />

legais, mas o grupo faz questão de se manter coeso a lutar pela permanência da estrutura. Isso<br />

acontece porque é ali que eles têm um espaço para guardar seu material de pesca, executar a<br />

reforma, manutenção e construção de suas embarcações e socializar-se com seus vizinhos e<br />

companheiros de ofício.<br />

Já a Associação de Moradores não se restringe e muitas vezes, é até antagônica aos<br />

interesses de seus moradores tradicionais. É comandada por pessoas que não têm suas raízes<br />

sócio-culturais no local que ali moram há um considerável tempo. Isso faz com que tenham<br />

2 Cf. “Orientações às Colônias de Pescadores para Cadastramento da Entidade e de seus Agentes Emissores de<br />

Dap”. Localizado no site:<br />

http://comunidades.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/dap/DAPCredenciamentoOrientacaoColoniaDePescador<br />

es.<strong>pdf</strong><br />

3<br />

Não foi por acaso que encontramos muitas dificuldades para a primeira abordagem com nossos entrevistados,<br />

não só no rancho de pescadores, mas também na colônia e na associação de moradores. Enquanto os pescadores<br />

em geral já se mostravam, sem rodeios, explicitamente desconfiados quando abordados para marcar entrevista, a<br />

presidente da associação de moradores por sua vez pediu para que não fosse gravada.<br />

20


uma boa relação em geral com a comunidade de pescadores, mas não as envolve efetivamente<br />

nos pleitos e anseios dos pescadores. Seu foco é em questões de infraestrutura urbana, viária e<br />

de saneamento básico.<br />

O primeiro entrevistado, seu Dinho, é nascido e criado na localidade, neto e filho de<br />

pescadores, funcionário público aposentado e desenvolve um trabalho de manutenção da<br />

cultura local que passa pela manutenção de uma sala em sua casa típica de pescador (onde<br />

outrora se guardava o barco) que serve de memorial do terno de reis, das brincadeiras do boide-mamão<br />

e principalmente, da festa de Nossa Senhora dos Navegantes.<br />

Na época de nossa visita esta sala estava totalmente tomada por enfeites e imagens<br />

para a festa de N. S. dos Navegantes. Fitas, bandeiras, CDs de Terno de Reis à venda; tudo ali<br />

remetia à cultura açoriana tradicional. Ele foi bastante receptivo e nos ajudou muito a acertar<br />

o tom do trabalho e seguir em frente nas outras entrevistas com algumas informações<br />

importantes.<br />

Segundo ele, não faz vinte anos a cidade de Itapema era totalmente outra. Não havia<br />

prédios, nem casas de veraneio e até a desenvolvida região da Meia Praia “não era nada”. Ele<br />

nos conta que as transformações ocorreram “muito rápido”, não só no atual centro de Itapema,<br />

mas também no canto da praia:<br />

“As encostas nossas eu acho um absurdo o que tá acontecendo, as pessoas não<br />

estão respeitando e estão construindo e isso vai acontecer com certeza mais uns<br />

dez anos vai descer essa encosta porque já desceu uma vez há quarenta anos<br />

atrás. Meu pai falava que veio uma draga pra cá há uns oito anos e essa draga<br />

não colocaram areia, colocaram argila, o morro desceu foi ali até o museu que<br />

está fechado, ali tinha a salga e essa encosta desceu já”.<br />

A maior preocupação dele é com o que pode vir a acontecer com as casas que estão<br />

embaixo da encosta, ou seja, com as casas dos pescadores e habitantes tradicionais, caso as<br />

construções não sejam feitas bem ordenadamente e dentro dos padrões legais:<br />

“...Hoje com muita obra que tá saindo por lá eu subi no morro pra pegar umas<br />

coisas e tô vendo que a terra tá trabalhando e graças a Deus não está chovendo<br />

muito pra nós aqui porque a hora que começar a chover vai ser de chorar, a<br />

chuva aqui é de março a abril, vem muita chuva por aí. São loteamentos,<br />

antigamente eram todas áreas verdes que ao passar dos prefeitos eles foram<br />

vendendo. Lá onde é o Plaza Itapema era do meu pai, era dos meus avós, até a<br />

Casa Flamingo, da casa Flamingo até o túnel de Camboriú pertencia à parte da<br />

minha mãe e toda montanha de praia eram deles e hoje a gente temos apenas<br />

um puleirinho a Beira Mar, mas graças a Deus a gente é respeitado no apart<br />

hotel, eles sabem da onde vem a gente então eles respeitam, porque eu sou<br />

nascido aqui, onde nossos pais viveram. Isso faz uns oitenta anos e naquela<br />

época praticamente não tinha registro de terra, mas era deles e os coitados<br />

morriam e praticamente na madrugada do velório eles botavam os dez dedos,<br />

os dez do pé e os dez da mão em folhas em branco e iam no cartório no outro<br />

dia mexer com as papeladas, aí isso foi acontecendo e eles foram avançando.<br />

Meu pai ainda conseguiu vender um pouco uma parte daquela entrada, mas<br />

vendeu por réis, não sei quantos réis foram. Ali (ele aponta para uma parte da<br />

casa) são moedas que foram guardadas pelo meu pai. Então é isso que foi<br />

acontecendo, foi crescendo, foi crescendo, foi crescendo e hoje tá aí se tu olhar<br />

atrás você vê o que era Itapema não era nada. Ali (aponta para algumas fotos)<br />

21


que tá em preto e branco, aqui começou a cidade, a cidade começou do Canto<br />

da Praia até praticamente na divisa aqui do Morretes, então a cidade era aqui<br />

porque pra lá era só mato...”<br />

Na qualidade de funcionário público aposentado, Dinho tem uma opinião muito clara<br />

sobre os rumos que estão sendo tomados pela administração pública em termos de<br />

urbanização da cidade:<br />

“... então a coisa tá feia, a cidade é linda é um paraíso, mas as coisas estão<br />

começando... é o fim, é uma pena, isso não pode acontecer. A Grossa há uns<br />

anos atrás se chegava lá e não tinha nem espaço, ia mais gente lá do que nas<br />

praias isso é tudo uma cambada de farofeiro com saco de lixo. Ali a Grossa nós<br />

dormia ali, antes ali nós tinha a chave dali ali era muito gostoso. Ali era nossa<br />

praia de nudismo. Hoje se transformou, foi vendido uma parte da Grossa, foi<br />

dividido em três partes, o outro lado já tão vendendo também, tão querendo<br />

fechar um condomínio fechado ali a gente ta brigando pra não, isso tudo lá<br />

é uma natureza que o povo tem que ver, tem que usar.”<br />

Ao comentar sobre a Praia Grossa, ele demonstrou muito carinho pelas belezas do<br />

local assim como sua preocupação com a preservação da integridade do ecossistema da praia,<br />

lembrando-se dos esforços comunitários para mante-la limpa e bonita:<br />

“Tem que cuidar da nossa Grossa daquele paraíso. Têm que preservar ela<br />

muitos anos ainda e mostrar pra geração que estão vindo. Eu não sei se vou<br />

estar aqui ainda, se vou chegar a oitenta, noventa, mas eu espero que as<br />

próximas gerações vejam a Grossa ainda preservada da maneira que está. Ela<br />

já está machucada, mas tem que preservar, eu estou cansado, nós temos uma<br />

equipe que supervisionava a praia, até o ano passado foi o último ano que<br />

agente trabalhou, e depois que trancamos o portão só estamos observando<br />

quem está lá em baixo e se tá deixando lixo, então a coisa melhorou era muito<br />

carro lá em baixo, estacionamento, chegava uns quarenta carros lá, era muita<br />

gente, muito reciclável eles deixavam tudo jogado na natureza, aí o que<br />

provocava: a dengue, aí chegava na época de abril e maio era só coisa de carro<br />

e lixo. Aí os passarinhos não tinham mais lugar pra fazer o ninho. Então a<br />

gente tem que viver com a natureza tudo tem que ser harmônico e aquilo lá tem<br />

que permanecer. Do jeito que está ficando, eu não concordo com o condomínio<br />

que pode sair lá. Até é como o Plaza na época , há algum tempo atrás era só<br />

um localzinho, mas hoje está virando favelas de rico por cima das encostas, eu<br />

acho que comprou uma parte de terra preserva, mas não constrói casa por cima<br />

de mais casa. Concreto em cima de concreto, eles tão mexendo com a terra,<br />

mexendo com a estrutura, a Terra como o senhor fala no salmo 97 ele faz<br />

tremer e quando quer tudo move. O mar quando entrou água aqui dentro<br />

estremeceu tudo era praticamente a arca de Noé, se o mar subir ele<br />

simplesmente pega essas colunas e leva pro mar. Eu deixei essa parte aqui<br />

assim tudo assim arrumado pra as pessoas verem o que restou um pouquinho<br />

de Itapema, se deixar vão acabar com tudo. O pessoal chega aqui, gosta<br />

bastante, fotografa; hoje mesmo de manhã cedo eu fiquei arrumando mais a<br />

casa, fiquei trabalhando.”<br />

22


Dinho nos fez um relato sobre um mutirão feito pelos moradores, já cansados de<br />

esperar por uma resposta concreta do poder público, para melhorar o acesso às casas da parte<br />

a beira-mar do Canto da Praia:<br />

“Nós não temos hoje aquele pique todo, mas não pode deixar a corda<br />

arrebentar, a gente tem que se unir porque a união faz a força. Que nem aqui na<br />

frente né, a gente começou fazendo os sacos, eu já estava acostumado com esse<br />

mar subindo até aqui onde nós estamos. Mas hoje com problema do<br />

aquecimento global ela veio forte arrebentava tudo, então a gente começou<br />

enchendo os sacos de areia pra não avançar o mar, nós avançamos a praia com<br />

os sacos essa era a única praia que nós tínhamos e a gente não deixou a água<br />

tomar a nossa praia. Tem um projeto que está engavetado na prefeitura que o<br />

mar vai chegar aqui praticamente dez metros eu não sei se vou chegar a ver,<br />

mas isso aqui mais tarde vai virar uma barra da Tijuca com muitas marinas. Eu<br />

não concordo com carro na praia essas carretas amontoadas na praia, porque<br />

praia é pra pedestre, então tudo isso deve ser humanizado a tempo. Eu não tô<br />

me metendo na política, mas as coisas se direcionam. Dois, três anos de<br />

trabalho e os últimos anos deixou a desejar, aqui ta precisando assim mais<br />

areia, mas isso é os órgãos que tem forças maiores que a gente tem que<br />

procurar não dá pra mexer com a areia da praia, da pra mexer com muitas<br />

outras coisas tem que ver nessas encostas aí o que dá pra tirar, ali dá pra tirar<br />

tem muitas areias que dá pra tirar sem prejudicar o meio ambiente, mas se<br />

mexer com a natureza com o mar aí sim! Tem muitas reservas aí que tem<br />

muitas areias que dá pra tirar sem mexer com o meio ambiente como nós<br />

temos em Morretes aqui pra cima, ou no Sertão do Trombudo, tem muitas<br />

areias... Em Itapema se a mãe natureza quiser colocar tudo isso em cima de nós<br />

ela bota, porque em quinze minutos ela dá um sopro e acaba com tudo. Com<br />

essas mãos foram 165 mil sacos de areia graças ao prefeito que deu todo<br />

material, caçamba maquinário e nossas mãos fizeram a coisa acontecer. Não tá<br />

muito bonito, mas tem que ter o acabamento tem as pedras, mas faltou o deck<br />

de madeira, para esse povo passar, com iluminação; mas foi um show o que<br />

aconteceu, né? E se é pra passar carro, não concordo com asfalto.”<br />

Sobre a infraestrutura básica da região, Dinho nos aponta certo descompasso entre<br />

necessidade e execução:<br />

“Tem que fazer uma boa tubulação de esgoto que tá precisando porque têm<br />

muito rato, eles tão trabalhando temos que acabar com essas ratazanas, aqui<br />

tem que mexer, hoje nós mexemos com a mãe natureza o que precisa é tratar<br />

não pode esperar pelo amanhã tem que agir sempre e começar a trabalhar.<br />

Todas as gestões, eu não tenho briga administrativa eu sou Itapemiense não<br />

tenho partidos, eu fui criado no PMDB que sempre foi mais forte que todos em<br />

Itapema, mas assim não tenho que puxar o saco de ninguém eu sou<br />

Itapemiense, assim, eu quero que façam, que as coisas aconteçam porque não<br />

é difícil, nada é difícil porque querer é poder.”<br />

Sobre a atual situação das festas típicas e do patrimônio cultural da região, ele se<br />

demonstrou muito saudoso dos velhos tempos onde, em suas palavras, “as coisas<br />

aconteciam”:<br />

“As festas eram lindas depois que tiraram nossa catedral daqui e levaram para<br />

o centro enfraqueceu, nós não temos mais patrimônios, os nossos patrimônios<br />

23


morreu. Antigamente tinha vários patrimônios e hoje se contar nos dedos tem<br />

cinco patrimônios. Eu conto a minha casa como um patrimônio de madeira,<br />

mas esse material tem uma força! Essa casa quando era toda de madeira e dava<br />

chuva e vendaval os pescadores achavam que ia cair a parede da casa, achavam<br />

que ia desabar tudo, agora, faz um tempo ela foi restaurada, reforçada, mas eu<br />

não quero mexer na estrutura dela porque eu vou e ela fica aí isso é madeira de<br />

casa antiga então eu quero deixar isso aqui como está, essa madeira agüenta<br />

água; quanto mais água mais ela dura. E isso vai se acabando. Aquela casinha<br />

que tem lá em cima da montanha, que não tem mais, aquilo fazia parte, era da<br />

cultura; ela foi desmanchada a pouco tempo atrás faz o que cinco anos que ela<br />

foi desabada, era uma casinha do pescador que foi falecido há mais de vinte<br />

anos, mas a casinha foi ficando, foi ficando. Ali praticamente nas encostas, ele<br />

plantou bambu, pra lá era uma roça de mandioca era terra dura, tinha melancia<br />

e amendoim, a gente tirava lá e ia pra Grossa, deixava na água pra ficar bem<br />

geladinha, era uma maravilha.”<br />

Sobre suas lembranças de como era a pesca em sua época de infância, ele comenta que<br />

naquele tempo tudo era mais simples e mais laborioso, porém mais certo, com mais fartura:<br />

“... o meu pai puxava a lancha [o barco] às vezes ele ficava três meses em cima<br />

dela era restaurando pregos e madeira, ele não via a hora de colocar aquilo ali<br />

na água, mas dali vinha nosso sustento, nosso ganha pão. Essa casa era uma<br />

casa de muito camarão, muito peixe, hoje eu sinto falta disso porque era<br />

sempre com a mesa farta. Quando o pai chegava a minha mãe limpava o<br />

peixinho, o camarão, nós com o fogão a lenha fazia um pastel de camarão, uma<br />

tapioca e o pessoal que passeava pela praia já conhecia, né, um camarãozinho,<br />

uma tapioca, são lembranças e nada mais, ela é madrasta que ficou, e até o fim<br />

eu vou cuidar, mas isso tudo já se acabou, já passou, já foi. Já se acabou muita<br />

coisa.”<br />

Na opinião dele, hoje os tempos são outros, está ficando muito mais difícil de<br />

sobreviver da pesca artesanal já que a mesma compete em condição de desigualdade com a<br />

pesca predatória industrial:<br />

“A pesca era farta, às vezes chegava a quatro mil toneladas, mistura de peixe<br />

né, tinha época dos tubarões, época da tainha e da lagosta e anchova, tudo tinha<br />

seu tempo, era misturas de peixe e também os camarões. Hoje o pessoal vai<br />

chegar uma época que vai pescar de avião, em alto mar. Tem pescadores que<br />

estão com farinha na vista de tanto cavar o fundo do mar e só ver os corais,<br />

hoje são poucas mantas de peixe, o peixe ta se acabando e vai se acabar. Os<br />

peixes que hoje estão na peixaria são poucos que vieram das encostas, eles tão<br />

vindo de fora; o camarão, o siri. Essa casa era uma casa de berbigão peixe e<br />

camarão, toneladas foi limpado nessa casa, limpava e conservava, uma<br />

tonelada, uma tonelada e meia aí chegava na época de dezembro, né, a gente<br />

vendia pros restaurantes, mas em casa a gente também vendia. Hoje eu ainda<br />

faço pro pessoal de fora, às vezes eles pedem: limpa pra mim? Limpo, com<br />

maior prazer. Hoje tem varias peixarias por aí, mas não é a mesma coisa. Então<br />

eu não, como eu posso dizer, hoje eu limpo peixe é pro turista se for um<br />

camarão eu descasco, ou um peixinho eu limpo aí: quanto quer? Não, não<br />

precisa pagar, o problema é que tudo vai se acabar a coisa não para como diz o<br />

Cazuza ou o poeta o tempo não pode parar e alguém tem que pensar na gente.”<br />

24


O segundo entrevistado, seu Janga, é filho de pescador, pescador artesanal e atual<br />

presidente da colônia de pescadores. Um senhor simpático e muito articulado, nos recebeu<br />

muito bem em sua casa e nos contou com paixão da antiga e recente história da comunidade.<br />

Quando perguntamos como eram os velhos tempos de pesca farta, ele nos contou um<br />

pouco de sua trajetória, em um tom de orgulho e satisfação:<br />

“... eu comecei a pescar eu tinha dez anos, eu comecei a ajudar o meu pai e não<br />

precisava ir lá fora naquelas alturas, como nós vamos hoje pra manter a família<br />

sobre o peixe no caso né, porque nós tiramos nosso sustento de lá... Já pensou?<br />

Quando ele [o pai] começou a pescar antigamente era a remo, agora analisa<br />

bem, sair daqui de madrugada ia ali pegar camarão a remo, depois de matar<br />

bastante peixe sabe pra onde ele ia? Pra Itajaí no mercado vender o peixe, a<br />

remo e vela. O remo deles era 22 palmos, um palmo é 22 centímetros, por aí,<br />

agora faça as contas era quatro metros e pouco, chegava em casa, muitas vezes<br />

ele queria fazer o pirão e não conseguia por causa das mão tudo estourada. Dá<br />

pra fazer um livro, né?! [...] Então de 93 pra cá eu inventei um troço meio<br />

diferente, aqui nós somos dois maricultores. Eu cuido da maricultura desde 93,<br />

até por sinal tá um troço meio avacalhado porque não tem, nós não temos<br />

documento disso aí até hoje o SEAP 4 promete mandar o documento, mas não<br />

mandou o documento, falaram que ia mandar e até agora nada. Por que se<br />

tivesse os documentos nós podia até ampliar, porque nós podia fazer o<br />

financiamento pelo PRONAF e isso aí ia melhorar, não só eu mas, mais<br />

alguém ia se meter nisso aí porque daqui pra frente vai ser assim quem não<br />

planta vai se danar, vai se acabar as coisas.”<br />

Indagado sobre as recentes transformações urbanas e de mercado de trabalho da<br />

cidade, Janga nos contou um pouco sobre seu entendimento desse processo e seu<br />

posicionamento político em relação ao assunto:<br />

“Meu pai morava nessa casa aqui (aponta para a casa), eu nasci aqui. Aqui na<br />

época dava muito peixe. Nós compramos um terreno lá fora na beira da praia,<br />

nós que somos pescadores tinha direito de requerer pelo Patrimônio da União<br />

era fácil de nós conseguir, agora acabou. Na época podia pegar um terrenão na<br />

Meia praia ali, Itapema na verdade começou aqui! Meia praia veio depois. Pra<br />

falar a verdade mesmo; Itapema expandiu de dez anos pra cá, aí foi uma coisa<br />

de louco... Em Itapema é o seguinte já teve muito pescador, só que hoje ta<br />

diminuindo porque tem muito pouco apoio, né, eu acho que devia ter mais<br />

apoio do governo federal porque isso é interessante você vê que os filhos dos<br />

pescadores não estão querendo mais, tão saindo fora porque não têm apoio, a<br />

mesma coisa com a agricultura, os filhos dos agricultor também não querem<br />

mais. Então toda vez que eu voto o meu candidato é sobre isso aí o apoio do<br />

governo federal.”<br />

Buscamos compreender essa tendência de mudança no mercado de trabalho da cidade<br />

perguntando as causas desse abandono da profissão tradicional da família:<br />

“O que eles querem? É correr pra cidade, às vezes vão se ferrar na cidade,<br />

muitos se ferram porque são acostumados no sítio e no mato e às vezes se<br />

arrombam na cidade, aí vai ter que voltar, acontece muito isso aí... Não tem<br />

mais, eu sou pai de três filhos, um de vez em quando vai, de vez em quando.<br />

4 Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca.<br />

25


Eu queria que ele continuasse, pegasse um marisquinho, eu tenho um barco,<br />

né, mas ele não quer, dá mais trabalhar em restaurante, o outro trabalha na<br />

prefeitura como presidente do sindicato, o outro tem o restaurante em<br />

Balneário, eles não querem já tão bem colocados lá.”<br />

Outro fator que tem enfraquecido a prática da pesca na comunidade, segundo ele, é a<br />

falta de apoio do poder público em relação aos fomentos da atividade da pesca artesanal:<br />

“Incentivo temos o seguinte, a promessa, nós temos até uma casa muito boa<br />

que é a Colônia, o prédio é da colônia mesmo. Então estamos com aquela casa<br />

vazia que podia colocar uma creche, pra mãe ir trabalhar, mas não, não tem<br />

nada, a casa tá fechada. Eles prometem, prometem, prometem: não, não, esse<br />

ano troca de político, mas no fim vai levando com a barriga como se diz.”<br />

Sem incentivo, a pesca artesanal sofre cada vez mais com a competição desleal da<br />

pesca industrial que é, muitas vezes, predatória e não respeita a legislação pesqueira à risca.<br />

Segundo ele:<br />

“Hoje o que mais tem é o atuneiro, né?A sardinha vocês conhecem né? Então<br />

chega uma época que é época de matar a sardinha grande e quando vem o<br />

atuneiro e faz o arrastão pode pegar da miúda. Assim a tendência não é acabar<br />

com tudo? No ano passado, a sardinha foi dar lá em Angra no Rio de Janeiro,<br />

foi dar pra lá porque aqui não tinha mais, não sei se porque lá é a água mais<br />

quente, eu não sei. Pra matar no escuro são 15, 20 dias, mas são toneladas. É<br />

peixe né cara?! Porque antigamente, eu não se vocês já ouviram falar de parede<br />

de arrastão? Que são dois barcos? Eles arrastam não sei quantos metros lá no<br />

fundo aí vai tudo que tá no fundo, estrela, linguadinho, tudo aí ela cata. O que<br />

é bom eles aproveitam, o que não é jogado fora, tudo morto. Hoje aqui não tem<br />

mais, no Rio Grande eu acho que ainda tem. Aquilo lá sabe o que era? A<br />

finalidade deles era a Memeca, a pescadinha graúda que chama, aquilo tem um<br />

valor danado o filé dela, né? Teve uma época que eu trabalhei em Santos<br />

meses na firma da Tay, Japonesa eles vem do Japão pra pescar aqui, e<br />

liberaram. Eles pescam na costa do Rio Grande, eles tão pescando lá, um puxa<br />

de um lado e o outro puxa do outro, acabou-se também por que? Acabou a<br />

produção porque não vale a pena hoje.”<br />

Seu Janga, como presidente da instituição, nos relatou como foi formada e como<br />

andam as atividades representativas na Colônia de Pescadores:<br />

“A Colônia foi fundada em 85, eu fui um dos fundadores e presidente. Na<br />

época passei ali 12 anos depois saí fora porque a gente não tem investimento, é<br />

só por amor a camisa e depois a gente se dedica mais pra um pra outro; eu<br />

abandonei até o meu barco ficou tudo ali entende. Aí quando eu vi que tava se<br />

acabando que ia se acabar de uma vez aí a dona lá me chamou e me jogaram lá<br />

dentro, aí eu to lá desde o ano 2000, agora vão trocar em 2012 no caso. Vai<br />

saber como é que vai ficar né?! E a colônia de pescadores é o seguinte: já teve<br />

muitos associados lá na Colônia nós tinha ficha de 800 até 900 associados, por<br />

que? Porque na Colônia nós tinhamos médico, dentista que nós tinha tudo pelo<br />

INSS, o INSS pagava médico e dentista e isso tudo acabou, não tem mais<br />

porque foi a outra prefeitura que assumiu que pôs médico e dentista, eles<br />

davam plantão médico, remédio. A gente tinha gabinete médico, gabinete<br />

26


dentista e com a mudança de prefeito acabou, não sei por que, mas foi<br />

terminado. Agora nós temos uma secretária que fica ali da uma às cinco porque<br />

não tem nada que fazer por lá. Então o pescador paga 120 reais por ano pra ter<br />

esse auxílio do seguro, né, isso eles queriam fechar a Colônia. Alguns políticos<br />

querem que a colônia se acabe, mesma coisa é o prefeito que tá agora, ele tirou<br />

tudo de bom que tinha ali, médico dentista, tinha tudo. A secretária era<br />

contratada pela prefeitura, ela era contratada. E essa gente não gosta de por a<br />

política no meio, qualquer lugar, é a Associação do Bairro, é a Colônia dos<br />

pescadores, se colocar a política no meio, se acaba não tem como. Toda minha<br />

vida meu voto foi pro PMDB, seja lá quem for, mas eu não tenho nada a ver se<br />

fulano vota pra não sei quem, eu não to nem aí, eu não tenho nada com isso aí.<br />

Isso é livre, quando chega eleição eu voto e deu, eu nem toco no assunto. E<br />

agora quem que contratou a secretária? É um deputado Darcy de Matos,<br />

deputado de Joinville é ele que tá pagando a secretária, ele paga 500 pila pra<br />

ela trabalhar meio período. Então na hora da eleição, eu vou votar pra quem?<br />

Vou votar pro meu candidato, é isso que eu faço.”<br />

Ao perguntarmos se havia muita gente interessada em transformar a região para outros<br />

usos que não os tradicionais da comunidade, Janga foi contundente:<br />

“Meu Deus! E como tem! Eles querem fazer um condomínio fechado ali, eu<br />

acho que, a gente foi na câmara de vereadores e acho que vai ser aprovado isso<br />

aí! Tava pronto pra ser aprovado isso aí. Cada vez a gente recua mais, eles<br />

duma hora pra outra tão ali, fecham ali e deu, acabam com tudo. A gente saía<br />

daqui e ia lá pro Costão da Praia Grossa, quantas vezes a gente foi! Agora vão<br />

fechar e vão acabar com a privacidade que a gente tem, já basta a Ilha de Porto<br />

de Belo o que já fizeram! Isso é aquela família Schürmann né?! Eles fecharam<br />

aquilo lá, eles são donos da Ilha. Antes a gente saía daqui eu colocava minha<br />

família no barco, trabalhava três, quatro dias, uma semana acampado lá,<br />

comprava as mercadoria, levava barraca. Meu Deus era uma maravilha! Hoje<br />

não posso nem levar uma caixinha com uma cerveja, nada. A mesma coisa que<br />

fizeram lá podem fazer com as praias aqui. Ta cada vez mais difícil, se for<br />

analisar, cada vez vai ser pior. Meu pai tá ali com 89 anos, às vezes ele quer<br />

comer um peixinho fresco do dia e não tem, e todos os filhos são pescador só<br />

congelado que ficou, pra quem é acostumado a comer peixe fresco é diferente<br />

do congelado. Aquele que viveu a vida! O que vai acontecer é que quando der<br />

uma chuva forte vai ser um barral que eu vou te contar, ali no meu pai, do lado<br />

da colônia de pescador, eu sei por que meu marisco ta lá na entrada por<br />

enquanto, eu deixo meu marisco dentro da água, mas se der uma chuva eu não<br />

posso deixar. Quando chove, vem tudo de cima e a casa dele é um barro só.<br />

Isso aí eu era guri de escola como dizia naquele tempo, tinha oito anos, pra<br />

abrirem um colégio aquele Oligário, eu passava ali em baixo, a água, o lodo ia<br />

até o joelho, fizemos uma barreira muito grande ali. E essa casa ali em cima foi<br />

abaixo, então futuramente meu amigo, vocês não viram o que aconteceu em<br />

Angra? Espero que não aconteça, mas vão cavando, vão fazendo, vão tirando o<br />

mato, as árvores, aquilo é tudo raiz tão entendendo? O barro depois que tira a<br />

raiz, vai embora. Olha! O que eles tão fazendo ali em cima! Você já deu uma<br />

olhada? Os políticos que tem que tomar providência disso aí. Isso aí também<br />

rola muito dinheiro. Ali foi assim: não pode, não pode, não pode, chegou um<br />

ali com um pacotinho, aí liberaram.”<br />

27


Apesar das dificuldades impostas pelas transformações da cidade as festas populares<br />

típicas da cultura açoriana cumprem um papel preponderante na manutenção de todo um<br />

imaginário próprio da comunidade:<br />

“Nós tínhamos era a padroeira de Nossa Senhora dos Navegantes, aquilo ali<br />

nós saía uma semana antes de chegar dois de Fevereiro; por sinal é feriado<br />

Terça Feira agora, feriado do município. Mas nós ia lá pra BR antes de chegar,<br />

como é? Tijucas? Não sei se vocês viram o mercadão grande que tem lá, nós ia<br />

lá pra pegar a palmiteira, a gente ia buscar, levava a caçamba e nós ia buscar;<br />

aí passava a Igreja e a praia toda, todo mundo com as palmiteira na mão,<br />

porque não tinha esses papel. Isso aí acabou tudo, isso aí faz mais de dez anos,<br />

ah bem mais... O barco encostava, o turista adorava isso aí porque ele nunca<br />

viu... Aí nós ia até lá em baixo e voltava , agora acabou tudo isso aí... Eu gosto<br />

mais do boi de mamão, que é muita bagunça, o pau de fita é um negócio bem<br />

organizado, não tem bagunça. Já o boi de mamão é uma cachaçada desgraçada.<br />

Aqui chegava mais de trinta pessoas. Era coca, vodka , tinha cachaça. Eu sei<br />

que foi um monte de coisa. Teve café com bolacha ainda. Aí a minha filha<br />

tinha o restaurante lá trás mandaram buscar lá não sei mais quantas cervejas.<br />

Acabava tudo, não sobrava nada.”<br />

De acordo com ele, um pouco dessa tradição se perdeu porque a administração da<br />

Igreja local não via com bons olhos a independência do pescador de realizar a festa de sua<br />

própria padroeira:<br />

“Antes era o pescador que fazia, a mulherada ia pra Brusque, Blumenau, saía<br />

pra tudo que era cidade, as cidades vizinhas no caso, iam arrecadar prenda até<br />

dois de Fevereiro pra Igreja, aí vinha banda de fora, de qualquer lugar. Só que,<br />

era nós que fazia a festa! Não deixava na mão da igreja, nós que fazia, os<br />

pescador que faziam, e eles achavam que eram eles que tinha que fazer a<br />

festa, eles não queriam que a gente se metesse em nada lá. Eles queriam que a<br />

gente fosse só depois ir lá ver a festa. A gente fazia uma festança! A procissão<br />

que saia de lá com banda de música, bá! Algumas pessoas iam junto, né, outros<br />

ficavam na praia, agora se acabou.”<br />

O entrevistado se mostrou insatisfeito com a forma como os projetos de infraestrutura<br />

básica da cidade estavam sendo executados:<br />

“A área urbana é o seguinte: o que falta mesmo é o saneamento básico, esse é o<br />

problema de toda cidade. Quem é que ia imaginar que Itapema ia chegar a essa<br />

loucura? Tem que ter o saneamento básico com uma tubulação mais grossa,<br />

tem que preparar. Tem que fazer porque daqui quinze anos...você viu São<br />

Paulo né? Tá enchendo tudo, não tem como. Em São Paulo já teve não sei<br />

quantas enchentes. Então o saneamento básico é o principal da cidade. Isso é o<br />

principal. Ah, a água de Itapema sumiu. Pra fazer o saneamento básico da<br />

cidade, começaram lá pela Meia praia, aqui não chegou ainda, alguns pontos já<br />

fizeram, mas não tá funcionando 100%, como deveria ser não tá funcionando.<br />

28


Nós temos a população de Itapema é 50 mil daqui a pouco vai chegar a 500 mil<br />

e aí? Vai suportar? Não tem como.”<br />

Os conflitos entre os moradores tradicionais e aqueles que chegaram há menos tempo<br />

ficou claro quando perguntamos a ele sobre como se dava o convívio com os recém chegados:<br />

“Aqui é o seguinte, onde a gente mora se chama zona pesqueira, nós chegamos<br />

primeiro, tá entendendo? Quem vem pra cá tem que saber onde tá se metendo.<br />

Esse vizinho aqui não aceita muito, não tem. A gente chegou primeiro. Essa<br />

chaminé tá aqui do nosso lado, ele veio reclamar que tava indo fumaça na casa<br />

dele daí veio falar pra colocar o fogão do outro lado. Ah, mas a minha casa já<br />

ta tudo aqui, a cozinha, a pia tudo direitinho aqui. Então são coisas que a<br />

privacidade não pode simplesmente se acabar, não tem como. Então aqui do<br />

lado naquela casa ali, o Ratinho, né, muito boa gente por sinal, nunca vi<br />

reclamar, passa aqui toma cachaça com a gente, se tiver comendo marisco ele<br />

também come, é muito simples, bem bacana. E o pessoal que foi chegando aí é<br />

gente boa também, não incomodam. Eles já sabem que se prejudicar o<br />

pescador já viu, é arrumar briga. Essa casa aí foi um que morou ali muito<br />

tempo aí ele botou a matéria no jornal dizendo que o meu marisqueiro tava<br />

poluindo, ela era ali na frente aí foi no jornal e botou a matéria. Nós chegamos<br />

primeiro, se ele não tá gostando sai fora! Ele sabia que quando veio pra cá, isso<br />

aqui era zona pesqueira, aí ele foi ver uma casa pra ele lá do outro lado. É<br />

como eu te falei, aqui chegou um gringo vizinho aqui também, construiu, ah<br />

não sei o que, queria fazer um galpão, é bem gente boa, mas nós não deixamos<br />

ele puxar ali, se ninguém puxou porque ele vai querer puxar? Não; resultado, tá<br />

morando lá do outro lado agora. Por que vai se meter com o pescador? Só<br />

arruma inimizade, pescador quando se une não é fácil.”<br />

O terceiro entrevistado, Douglas, é filho e neto de pescadores, pescador artesanal,<br />

garçom e um dos poucos da mais nova geração que ainda mantém a tradição pesqueira na<br />

comunidade. Apesar de ser um jovem esperançoso, demonstrou-se muito desacreditado das<br />

políticas públicas em relação aos pescadores.m No primeiro momento, ele nos deixou a par de<br />

sua ligação com a tradição local e aproveitou para discorrer sobre suas impressões acerca da<br />

fundação da cidade:<br />

“...eu sou nascido aqui, na beira da praia, meus coroa aí era os coroa mais<br />

velho daqui né falecido agora, mas os cara que fundaram Itapema né quem que<br />

fundou Itapema: seu Antônio Pedrinho, Seu Anício que é o pai do Dinho né,<br />

seu Viguinha que tá vivo ainda e seu falecido Nico, que faleceu também, foi os<br />

pescador que fundaram. Isso aqui era dois três ranchos, uma canoa, isso aqui<br />

era só restinga, restinga e mangue ta entendendo? Isso aqui era tudo mangue<br />

por isso que isso aqui enche tudo, da uma chuvinha enche, tão invadindo<br />

construindo em tudo. Uma área que era pra preservar e não preservam daí dá<br />

toda essas coisarada, não tem saída de água, na praia 15 minutos de chuva já<br />

não passa mais com água aqui no joelho esses dias no ano passado no final da<br />

temporada eu fui lá deu uma chuva que não deu pra andar, ficamos ilhado<br />

29


dentro de uma padaria, acredita? Daí eu falei: Ah vou sair! Tava de bermuda,<br />

ah levantei e fui andando, não tem saída.”<br />

Perguntamos a ele se tinha na memória relatos sobre as antigas condições de pesca da<br />

região e seu relato foi condizente com as histórias de seu Janga:<br />

“Eles iam ali davam um arrasto com uma rede só a remo, meu pai conta que<br />

trabalhou muito e esses velhos tudo a remo davam um arrasto só com uma rede<br />

com barquinho a remo, e botavam a rede tudo pra dentro traziam pra praia pra<br />

escolher aqui na praia porque não dava pra botar em cima era vermelho,<br />

camarão branco, aqueles grandão mesmo, tá entendendo? Dava demais. O<br />

cação, isso aqui acho que vocês não conheciam isso aqui era uma praia, mas<br />

era uma praia mais estreita só que não sei acho que começaram a invadir as<br />

coisas e o mar dava aquela maré baixa como dava antigamente, porque tinha<br />

um banco de areia que repartia a praia aqui ficava uma praiona ficava tipo um<br />

lago, uma lagoa ela repartia a praia lá ficava uma prainha de areia e auto mar.<br />

O pessoal chegava com as lanchas lá fora encalhava no banquinho que era<br />

umas galhota que era tipo umas carroça só que puxada por homem ia lá dentro<br />

da água enchia de cação, mas tubarão, cação grande! Isso aqui enchia, mas dos<br />

enormes! Isso no barquinho pequeno, isso numa noite, num dia eram<br />

toneladas”<br />

Quando indagado sobre as transformações ocorridas na cidade e suas relações com as<br />

condições da comunidade tradicional ele foi enfático:<br />

“Mudança que eu vejo é que foram invadindo tudo, foram invadindo e foram<br />

excluindo nós que somos nativos, né, eles tão querendo sumir com a gente<br />

mesmo! Os cara já vem e, os cara de marina que vem, já vem querendo<br />

avacalhar com o cara, nós que somos nativos dependemos do mar, vivemos<br />

disso, ou da pesca ou do turismo, então dependemos da pesca e os caras<br />

querem tirar nós do mar pra ficar os magnata andando de iate e lancha, isso aí é<br />

uma avacalhação os caras queriam tirar nós que tamo aí mais de cem anos, vão<br />

querer tirar os pescador pra colocar os magnata que nem são daqui moram em<br />

São Paulo, Paraná, Curitiba que só vem uma vez por ano e ainda querem...O<br />

cara escuta cada uma”<br />

Sobre as dificuldades de se manter enquanto jovem na pesca artesanal e tradicional da<br />

comunidade ele nos explicou:<br />

“Tá difícil! Outro lado que tá acabando com a pescaria chama-se parelha e<br />

tremera: são dois barcos que estão acabando com tudo. Porque o que é tremera,<br />

é um barco que eles têm uma aparelhagem que mede até duas milhas de<br />

distância eles marcam as malhas de peixe, eles marcam a malha de peixe, mas<br />

eles não sabem o tamanho do peixe aí vai lá cerca 20, 30, até 100 tonelada de<br />

sardinha, chega a marcar mais de 100 toneladas de sardinha aí a rede fecha por<br />

baixo e suspende isso é peixe lá do fundo a sardinha é lá do fundo trás pra<br />

cima da água, a metade já morre se tinha 15, 7 toneladas já estoura e já morre<br />

ali coloca o óleo, as miúda solta tudo, mas de 20 tonelada vai sobreviver 5<br />

30


tonelada, morre tudo, acaba tudo. Pra você pegar uma licença de peixe, a<br />

minha não veio ainda, faz um ano, fiz tudo certinho e até agora não veio. Corre<br />

o risco ainda de às vezes sai pra pegar três quatro peixes pra comer e a<br />

ambiental te pegar: Ah cadê a licença? Não tem te leva a rede e tudo e ainda<br />

leva uma multa de 1500 real, pra gente é muito dinheiro nega! E leva a rede<br />

que não é uma coisa barata de se fazer. Então cobra uma taxa, 200 300, 400,<br />

500 que seja aí o pescador paga aquela parcela, mas libera a licença, mas não<br />

fica essa prometendo e não fazem... Não tem como trabalhar! Olha igual esse<br />

barco novo que eu to fazendo. Tô preparando o barco pra por na água vai lá 50,<br />

70 mil vou eu pescar lá fora do Arvoredo depois de 50 metros de<br />

profundidade que lá não é reserva arrastar o camarão rosa, uma hora encosta a<br />

lancha te levam tudo, levam o aparelho te metem uma multa, aí como que o<br />

cara vai trabalhar? Assim vão acabar com o pescador mesmo! Tem que<br />

fiscalizar, mas tem também que dar a licença pro cara trabalhar. Não muita<br />

burocracia como eles tão fazendo, tem que dar uma arrego a minha não vem<br />

faz um ano... Não é legalizar porque o governo já dá seguro desemprego pra<br />

gente não é muito, mas é um salário por mês, é bom porque tu ta parado. Não<br />

mata o camarão, mas vai ali com a redinha mata 10 ou 15 quilos de peixe, tu<br />

ganhando 20 ou 30 na praia tu vive bem, pega um peixe faz um pirão olha o<br />

que nós temos na mão?! Pra nós comprar uma carne é difícil, até compra, tem<br />

em casa, mas a gente não é muito chegado nisso tá entendendo? O custo de<br />

vida pra nós é barato tá entendendo? O pessoal não respeita tem muita gente aí<br />

que tem ambição, tem pescador aí que tem ambição por dinheiro eles só<br />

querem dinheiro, dinheiro, dinheiro, mas na verdade não desfrutam e tão<br />

acabando com isso tudo, e não tão nem sentindo, né?! Tem muito pescador que<br />

não tá sentindo, tá velho, eles não querem nem saber, mas nós que somos<br />

jovem.... é o futuro né, não é o passado, o passado já foi que era fartura de<br />

peixe, fartura de camarão, hoje em dia não. Hoje pra matar 10, 15 quilos de<br />

camarão tem que trabalhar muito. Não é fácil.”<br />

Em seguida, Douglas acrescentou uma descrição mais detalhada do impacto predatório<br />

da atividade pesqueira industrial no ecossistema marinho agravado pela precariedade da<br />

fiscalização do poder público:<br />

“Esses barcos de arrastão eles vão passando vão ficando os peixes mortos do<br />

lado. A mesma coisa a parinha também vem arrastando o mar, umas rede alta e<br />

grande. Tudo ali onde passa não fica nada, vai tudo desde pequeninho até<br />

grande, fica tudo, acabam com tudo. Eles pegam até estrela, o que tem no<br />

fundo eles pegam tudo, tão acabando com tudo. O negócio da fiscalização é<br />

que tem que ter gente pra cuidar. Que nem agora a proibição do camarão,<br />

começou dia primeiro de Março fecha, dia primeiro de Junho abre, os cara vão<br />

arrastar direto tem a lei pra parar, mas ninguém para porque não tem<br />

fiscalização, agora põem uma guarita de só um cara do IBAMA, um segurança<br />

que cuida pra ver se não sai nenhuma embarcação de noite pra ver se não se<br />

procria mais o camarão? Porque eles vão e o camarão, o sete barba, tá desse<br />

31


tamanho aqui, miudinho. Aí da um arrasto de uma hora e meia e mata 50, 100<br />

quilos de camarão aí bota pra dentro, porque o camarão é assim ele vai<br />

embaçando no estacador que onde a gente fica um funil atrás aí um encosta<br />

no outro e ele é muito frágil então vai um matando o outro, vai amassando e<br />

ele morre. O cara coloca na ponta do barco começa a escolher de 100 quilos<br />

tira dez, o resto toca pra água. Eu sou um pescador consciente eu não vou na<br />

proibição do camarão. Pra mim pode amontoar de camarão que eu não vou, eu<br />

só vou na abertura do camarão, o camarão é três meses pra crescer e ele cresce<br />

rápido e morre rápido também. Depois que ele tiver adulto tem que pescar ele<br />

rápido se não pescar ele morre, com o tempo ele morre ele procria e morre.”<br />

Outra dificuldade de sobrevivência da pesca artesanal da região na opinião dele é a<br />

dependência dos pescadores em relação aos atravessadores que compram a produção para<br />

posteriormente efetuar sua distribuição no mercado:<br />

“Assim ó: se você mata 50 quilos de camarão, passasse a noite toda, trabalho<br />

pra caramba, chega aqui na praia tem o atravessador, o cambeiro que a gente é<br />

obrigado a vender, eles colocam o preço que querem, não tem uma cooperativa<br />

pra gente mesmo vender as nossas coisas, tá entendendo? Aí fica naquela coisa<br />

ali, né cara? Se paga um e cinquenta e vai vender seis reais o quilo, quanto ele<br />

vai ganhar em cima? Eles ganham dinheiro, o pescador não ganha nada o<br />

pescador só passa trabalho, só passa trabalho não tá ganhando dinheiro. Aqui<br />

era pra ter uma cooperativa nossa, cada um ter sua banca de peixe, ia ser uma<br />

coisa divulgada, ia dar o povo comprando peixe e camarão. O pescador ia<br />

ganhar dinheiro ta entendendo? Não ia vender por um e cinquenta, ia vender a<br />

cinco, seis como eles vendem tá entendendo? Aí tu ia ganhar dinheiro”<br />

O enfraquecimento sistemático da Colônia de pescadores também apareceu como fator<br />

preponderante para a fragilização da pesca artesanal na região em seu relato:<br />

“A Colônia foi... A Colônia nossa, tinha médico, dentista, tudo, pagava a taxa<br />

anual, o prefeito mandou tirar tudo, até as mesinhas e cadeiras que tinham ali<br />

que de vez em quando fazia reunião, uma aula de costura pras mulher dos<br />

pescador , ou coisa assim... Ihh chegaram e acabaram tudo. A gente não tem<br />

nada, não tem um prefeito que ajuda a gente, o presidente da colônia é um<br />

senhor já de idade, não tem mais força pra isso, porque a Colônia não tem<br />

verba pra isso. O governo não ajuda a nossa colônia. Era pra ter um ou dois<br />

carros pra poder correr atrás das papelada pros pescadores. Na época do<br />

camarão aí mesmo, antes da abertura ficamos andando de rolo um mês pra<br />

arrumar as papelada, Camboriú, Floripa, Camboriú, Floripa aquela correria e<br />

não tem um carro pra Colônia. Uma combizinha pra poder levar os pescador,<br />

não tem. Porque a gente não consegue as coisas? Porque o pescador tem força,<br />

o pescador e o agricultor têm muita força, nós temos união, mas tem que correr<br />

atrás porque se esperar ales vir eles não vão vir. É onde não ta funcionando a<br />

coisa, eu acredito, eu penso assim esse é o meu modo de pensar, tem muita<br />

gente que já pensa diferente.”<br />

32


As soluções apontadas por Douglas para que as condições começassem a melhorar<br />

para a comunidade de pescadores são a organização mais efetiva da Colônia em uma<br />

cooperativa pesqueira e uma agilidade maior na liberação de licenças para os trabalhadores:<br />

“Olha a nossa necessidade é essa: ter uma cooperativa pra gente trabalhar com<br />

nossa mercadoria, tá entendendo? Não vai tirar o serviço das peixarias, vai ter<br />

as peixarias e as bancas da cooperativa, não precisa ser aqui pode ser lá no<br />

centro, o certo da cooperativa e o mercadão era lá no centro onde tem mais<br />

movimento. Nada de levar peixe pra limpar lá, deixar tudo prontinho pra só<br />

chegar e vender tudo fresquinho. E esse negócio aí, né, cara da licença que é<br />

muito importante e nós precisamos, e a cooperativa e esse negócio de gelo e<br />

óleo que a gente paga muito caro. A gente paga 5 real uma caixa de gelo um<br />

litro de óleo 2 reais o litro então e era pra ter uma bomba pra ter um preço mais<br />

barato pro pescador você fazendo a 1,40 1,50 pro pescador ganhando<br />

cinqüenta centavos por litro já é lucro pra gente tá entendendo? Tudo custa! É<br />

manta e óleo, e puxa o barco, uma lata de... Não dá nada! Isso que é pequeno<br />

vai gastar 250 reais pra trocar a fita de baixo, mais um bocado de pintura por<br />

dentro, tem que fazer a manutenção aí o cara tem guardar um dinheirinho, né?”<br />

Um fato relatado por Douglas que nos chamou a atenção pelo descaso do poder<br />

público com as alternativas de renda da comunidade foi a demolição dos quiosques na beira<br />

da praia que muitas famílias da comunidade utilizavam para o comércio sazonal de verão:<br />

“O pessoal nativo daqui cada um tinha, não cada um, mas um pessoal tinha os<br />

quiosquizinho na praia isso aí há 20, 25 anos atrás já tinha daí chegou esse ano<br />

o prefeito mandou derrubar tudo, que ia sair o calçadão, isso foi no ano<br />

passado já! Ele mandou desmanchar tudo que até o verão agora ia ficar tudo<br />

pronto, fazer ficar tudo padronizado igual Balneário Camboriú. Acabou<br />

desmanchando tudo, não fazendo nada. Ta fazendo um calçadão, lá da Meia<br />

Praia começou, mas já parou, um calçadão que male mal passa uma pessoa do<br />

lado da outra. Como é que vão fazer uma cantina ali em cima não tem como!<br />

Eles arrancaram tudo pros donos dos prédios ficarem com as áreas livres pra<br />

eles... A gente é pobre mais ainda consegue ganhar outro dinheiro, mas tinha<br />

gente que dependia só daquilo ali pra se manter no inverno, porque aqui no<br />

inverno não tem serviço, agente ainda pesca, mas tem gente que não tem o que<br />

fazer é pouca construção é pouca pintura o negócio aqui é a temporada. Eles<br />

tiram e acabaram com o pobre, oh foi uma choradeira aí!”<br />

Sobre a cultura local e seu processo de desvalorização, o entrevistado se mostrou<br />

saudosamente pessimista:<br />

“A cultura que acabou também, né. A cultura do boi de mamão era em todas as<br />

casas. Os caras saiam na rua e era uma imensidão de gente aquela festa e coisa<br />

e ia no cais hoje em dia acabou tudo. Porque? A Nossa senhora dos<br />

Navegantes é agora dia dois os pescadores saiam de barco ia lá fora buscar a<br />

santa, mas era festa! Porque os pescadores organizavam. A festa na igreja era<br />

uma festa grande iam com a santa na água era muita gente. Agora não tem<br />

33


mais, por que? A igreja pegou pra fazer e acabou-se. Quando tava na mão do<br />

pescador saía as coisas, todo mundo fazia hoje em dia não eles só trazem a<br />

santa de lá vai ali faz a missa e vai embora, não tem mais as embarcação como<br />

antes, enchia os barcos de gente, banderinha de tudo que é cor, oh era a coisa<br />

mais linda! Era santa na frente e aquela fila de barcos atrás com um monte de<br />

gente e fogos e fogos pela praia afora.”<br />

Douglas divide com a totalidade dos outros entrevistados, nativos da região, a<br />

representação cultural de que seu território tradicional vem sendo invadido e depredado por<br />

“forasteiros”:<br />

“Invadiram tudo, isso aqui já não tem mais, eles foram comprando, não<br />

comprando do pescador, eles foram enganando o pescador eles chegavam: ah<br />

essa tua terra aí não tem documento tá tudo atrasado ah assina aqui, pescador<br />

analfabeto assinava e na verdade tava passando tudo pros caras. O cara que<br />

tem aqui, esse morro aqui é tudo dele, era dele, mas agora é de gringo. Era<br />

tudo dos pescador, do falecido irmão do Galo, esse morro era tudo dele,<br />

plantação de café de melancia isso aí ele comeu tudo, advogado malandro fazia<br />

os cara assinar aí ainda quando morria tirava a casa velha da família dizendo<br />

que era deles, não tinha... Isso aí ta tudo loteado ali em cima da minha casa<br />

construíram duas mansões no meio do mato. Foi indo eu comecei a ver umas<br />

tábua levantada quando eu vi já tava uns espigão grandão, coisa mais rápida<br />

eles construíram, no meio do mato, no meio da encosta! E era coisa que não<br />

podia fazer. Ontem nós tava comentando sobre a nascente da água, essa casa<br />

foi feito perto duma era uma fartura de água perto da minha casa agora já não.<br />

Não sei o que acontece, mas com essas construções vai secando a água, cada<br />

vez mais, né, e o povo tá vendo.... o pessoal que é daqui quer ter sua casinha e<br />

não tem ambição de ter mansão aquele negócio cheio de fartura, não é só ter<br />

pra viver mesmo. A gente não é assim: Ah vamos comprar aquele lote ali pra<br />

vender, e aquele outro pra revender, isso aí não adianta isso aí vai tudo pro<br />

mesmo buraco, não se leva nada dessa vida. O negócio é ter um teto em cima<br />

da cabeça pra ti deitar descansar, comer e dormir e viver bem do que ter<br />

ambição de dinheiro, não adianta tu ter 100 mil hoje e não saber viver a vida.<br />

Esses caras aí fazem essa mansões aí tu vê tem o Ratinho ali eles tão tudo<br />

invadindo: Ah gastei 300 mil, o senhor quer quanto? Ah um milhão e duzentos<br />

mil!O outro tem dinheiro e paga! Aí já compra dois lotes de terra do lado por<br />

100, 150 mil compra e assim vai e eles tão destruindo e não tão sentindo, mas<br />

nós estamos sentindo.”<br />

Para Douglas, a expansão desenfreada da região pode trazer sérios problemas<br />

estruturais para a encosta, levando perigo para as casas de ocupação tradicional daqueles que<br />

vivem embaixo:<br />

“A isso aí a hora que der uma chuvarada... Ó ontem que nós tava ali não dava<br />

pra ver agora dá isso aqui era só arvore nativa goiabeira, eucalipto, limão tinha<br />

só madeira nativa eles chegaram e passaram a máquina você pode ver como<br />

34


que tá o barro você vê que o chão não tá firme. Quando vier chuva espero deus<br />

que não tenha ninguém dentro dessas casas. O pai da Quinha, eu levo vocês<br />

aqui na Quinha, o seu Norato dizia que esse morro veio uma vez abaixo diz<br />

que um monte de lama que desceu desse morro isso faz 70 anos atrás, esse<br />

morro veio abaixo tinha duas casas de madeira levou lá dentro do mar. Então<br />

eles tão acabando, né, cara. Se for ficar falando o que precisa vai o dia todo<br />

falando e vai mais uma parte da manhã. Aí quero ver. O cara que é daqui e viu<br />

as coisas como era e vê agora como tá acontecendo hoje e não poder fazer nada<br />

é triste! É triste ver o pessoal destruindo e não poder fazer nada e não ter a<br />

quem recorrer igual aqui nós tamo aqui, mas não adianta, três pessoas só não<br />

move montanha.”<br />

Como toda comunidade tradicional que se sente ameaçada por transformações que não<br />

exatamente as coloca em primeiro plano, os pescadores sentem-se usurpados de seus direitos<br />

e de seu capital simbólico:<br />

“Pescador é assim cabreiro mesmo! Sabe que tá no direito e o cara vêm: ah<br />

porque ele me ameaçou, ah prova aí,... vai lá dá uma graninha pra um e aí tá a<br />

prova. Hoje em dia é assim: é bom não fazer confusão mais é deixar acontecer,<br />

a gente não pode fazer nada, não adianta. Agora é eles que mandam, nós não<br />

mandamos mais nada, nunca mandou na verdade, mas a gente preservava o<br />

lugar que a gente tinha e hoje em dia já não dá mais.”<br />

Segundo Douglas, muita coisa poderia ser diferente se houvesse um maior interesse do<br />

poder público em monitorar as transformações que estão acontecendo no sentido de incluir<br />

projetos que melhorassem e garantissem a sustentabilidade da comunidade de pescadores:<br />

“Era pra ter um trapiche aqui só parar o pescador, uma área do pescador. Então<br />

ter uns quatro box pra encostar levar o pessoal pra pescar pra passear na ilha o<br />

pessoal procura muito isso e não tem. Vai pegar o pessoal aqui sem um<br />

trapiche? O pessoal não é acostumado a pisar na água você acha que turista<br />

quer molhar o pé pra ir pro barco, é ruim o pessoal não gosta disso. Ele não<br />

quer nem molhar o pé, eles entram de sapato dentro do barco e querem<br />

aproveitar tá entendendo? Não tem, tem projeto, pra variar tem esse projeto. Tá<br />

lá um monte de projeto pra colocar as pedras aqui, fazer tipo uma baía aqui<br />

fechar isso aqui e fazer o trapiche, eu acredito que vai ter isso aqui eu acredito<br />

só que vai ser pra botar as lancha dos magnatas. Que nem assim: ah ta o<br />

pescador tem força aí o governo libera a verba pra fazer tudo as coisas, mas<br />

quando eles começam a fazer quem prevalece é o rico cara. O pobre não tem<br />

vez, sinceramente nesse nosso país ele não tem vez. Duns anos pra cá eu<br />

percebi isso, depois que invadiram o Canto da Praia e vem morar aqui, tem<br />

gente que mora aqui e nem olha pra ti, tu parece uma pedra nem bom dia nem<br />

boa tarde acha que a pessoa é um bandido alguma coisa assim, tá entendendo?<br />

Não é fácil pra nós vivermos no meio desse povo, não ta sendo fácil cara.”<br />

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A quarta entrevistada, dona Coca, é funcionária pública aposentada e atual presidente<br />

da Associação de Moradores do Canto da Praia. Ela foi muito receptiva e solícita ao<br />

responder nossas perguntas, mas foi a única que pediu que a entrevista não fosse gravada. Sua<br />

justificativa foi que não queria se comprometer, mas abordou todos os assuntos propostos.<br />

Ela é presidente da Associação de Moradores há três anos e mora no Canto da Praia há<br />

nove, mas conhece a região há mais tempo já que sempre visitava o local porque sua mãe era<br />

a antiga proprietária da casa em que hoje mora.<br />

A principal demanda do bairro em sua opinião é a execução do maior e mais<br />

importante projeto que está em andamento que é o projeto do tratamento de esgoto. Ela nos<br />

contou que a prefeitura já começou o processo lá em Meia Praia e está vindo de lá, mas no<br />

final acabou atrasando e ficou mau feito, ao menos por enquanto.<br />

Para Coca, os atendimentos básicos estão bem desenvolvidos e não houve muitas<br />

reclamações recentes sobre isso na comunidade. As crianças têm uniformes e em sua opinião<br />

o bairro não tem necessidade de ter uma escola, porque tem no centro que atende toda a<br />

demanda.<br />

Segundo seu relato, tem vários projetos na prefeitura, mas os pescadores são avessos a<br />

mudanças. Tem um projeto da troca do local da maricultura porque ali atrapalha porque é um<br />

local que passa lanchas, barcos de passeio, mas da parte dos pescadores tem a resistência<br />

porque eles só vêem o lado deles. Além da resistência tem também a morosidade da prefeitura<br />

em terminar os projetos propostos. É a mesma coisa sobre o projeto do trapiche, comenta a<br />

presidente. As mesmas pessoas que queriam, que eram a favor antes, agora são contra porque<br />

não querem as lanchas circulando por ali. Para ela, uma das características dos pescadores é<br />

que eles sempre acham que nada nunca está bom: eles (os pescadores) querem tudo na mão,<br />

tudo pronto, mas não querem dar nada.<br />

Na opinião de Coca, se perguntar para os pescadores eles vão dizer que o que estragou<br />

tudo foi a eleição do atual prefeito, porque o antigo prefeito era parente dos pescadores. Mas,<br />

na análise dela como uma das líderes comunitárias, não há necessidade de médico e dentista<br />

só para a Colônia de Pescadores porque tem os postos de saúde no centro que atendem a<br />

demanda. Para ela, eles não conseguem entender que não há necessidade de médico e dentista,<br />

em suas palavras, “para meia dúzia”:<br />

“eles são assim não entendem todos os lados, só o lado deles... eu não estou<br />

falando mal deles, porque eu entendo que essas características são da cultura<br />

deles”.<br />

Ao ser indagada sobre como se dá a relação dos pescadores com a associação dos<br />

moradores, ela disse que eles são arredios, não participam e se vão, vão só para reclamar. Para<br />

ela, eles não acreditam nem na Associação, nem no governo. Em sua opinião, eles só querem<br />

pedir, mas não querem fazer nada. Ela nos deu o exemplo de que, logo que ela assumiu a<br />

presidência, mudou o dia da reunião da Associação para o sábado para ver se vinha mais<br />

gente, mas os pescadores não quiseram porque sábado pra eles é dia de descanso.<br />

Na visão da presidente da Associação de Moradores, os pescadores são muito<br />

desorganizados e não querem participar de nada. Uma frase que nos marcou em sua definição<br />

da situação de seus vizinhos:<br />

36


“eles não são pobres, são simples, podem ser até ignorantes, mas não são<br />

pobres. Na verdade eles só querem receber, mas não querem fazer nada. Eles<br />

se acham os donos de tudo isso aqui. Isso é o meu ponto de vista, a minha<br />

posição”.<br />

Sobre o que ela acha do condomínio que pode ser construído no bairro ela comentou<br />

que já foi na prefeitura se informar sobre isso e a prefeitura alega que não sabe quem deu<br />

licença. Inclusive ela protocolou uma queixa, mas na verdade a prefeitura não sabe de nada<br />

enquanto a FAACI diz que não deu a licença, mas o fato é que eles têm a licença. Para ela, a<br />

verdade é que o morro é areia e barro e quando der uma chuva como a do ano passado, vai<br />

desbarrancar tudo pela falta de planejamento e fiscalização nas construções.<br />

Dona Coca tem também sua opinião particular em relação aos destinos da Praia<br />

Grossa. A praia, a seu ver, não é particular só o terreno que dá acesso é, e o dono fechou,<br />

porque pra ele o acesso tem que ser feito pelo Costão e não pelo terreno dele. É isso que os<br />

pescadores não entendem, ela afirma. Isso porque eles não conseguem enxergar as coisas de<br />

forma mais ampla, eles ficam falando mal porque o dono do terreno fechou o acesso, mas eles<br />

não entendem que o terreno é propriedade privada é dele, mas que a praia continua sendo<br />

pública:<br />

“... eles dizem que a praia foi fechada, mas na verdade ela não foi fechada, o<br />

dono não deixa passar de carro, porque ali quando ia carro ficava tudo sujo,<br />

tinha muito lixo, muita farra, muito churrasco, o pessoal ia pra lá fazia uma<br />

bagunça e não limpava nada, quem limpava era o dono. Eu sou a favor que<br />

fique assim fechada, pelo menos preserva, as pessoas continuam tendo acesso a<br />

pé, é melhor porque preserva o local.”<br />

No que diz respeito à sua gestão como presidente, a maior dificuldade e a maior<br />

conquista da Associação para ela foi a conquista do acesso ao Costão. Antes aqui era tudo<br />

praia, e a comunidade teve que intervir, porque estava entrando água nas casas e não tinha<br />

como passar para o costão em tempo de maré cheia. Foi uma intervenção meio sem estudos<br />

aprofundados, meio às pressas, mas resolveu o problema, pois não entra mais água:<br />

“No começo a gente começou enchendo sacos de areia, tudo feito pela<br />

comunidade, a prefeitura dava as máquinas e a areia e, a gente fazia tudo, saco<br />

por saco. Depois teve que colocar as pedras porque os sacos estavam<br />

apodrecendo. A gente trabalhava todos os dias das cinco ás nove e nos sábados<br />

a gente fazia mutirão, a gente arrecadava dinheiro com os empresários e<br />

fazíamos churrascos pra todo mundo.”<br />

A Associação também trabalha com as festas tradicionais, porque ficou uma briga<br />

entre os pescadores e a igreja. O fato é que com a ajuda do padre e a vontade da prefeitura que<br />

cedeu a banda e os materiais para as bandeirinhas e o boi de mamão a comunidade conseguiu<br />

resgatar algumas festas. Sem ajuda da prefeitura, segundo ela, nada seria possível e a<br />

prefeitura apóia as festividades tradicionais. Ela ficou impressionada com a participação dos<br />

turistas, principalmente os argentinos que participaram da festa de Nossa Senhora dos<br />

Navegantes e chamaram Santa de “a virgem”:<br />

37


“Eu acho bem legal que todos participem já que não dá pra se unir pela<br />

política, vamos se unir pelas festas.”<br />

O quinto entrevistado, seu Natalício, é neto e filho de pescador e agricultor,<br />

funcionário público, morador da parte do morro que fica no lado da BR. Muito receptivo e<br />

cheio de memórias dos idos tempos de infância e juventude, ele nos contou como era a<br />

sobrevivência dos moradores antigamente:<br />

“Era muito difícil sobreviver porque aqui na época nós sobrevivia da pesca e<br />

da lavoura. Até os dezesseis anos eu trabalhei fiquei com meu pai trabalhando<br />

na lavoura, a gente plantava banana, café, aipim a gente fazia muita farinha,<br />

trabalhava aqui com a minha sogra a gente apanhava muito café, nós secava,<br />

torrava na época. Aí depois muita dificuldade, muita pobreza, aí eu tava<br />

estudando passei pra quarta série aí meu pai não teve mais condições de<br />

continuar me dando estudo pra mim, aí eu abandonei e fui pra pesca com<br />

dezesseis anos. Ai trabalhei mais de quinze anos com a pesca, quase vinte!<br />

Então naquela época a gente matava bastante peixe, tinha bastante peixe. Nessa<br />

época nós ia e voltava aí depois a gente arrumou um barco maior aí ia e ficava<br />

dias, ficava uma semana, 10 dias 9 dias , depende da quantidade de peixe que a<br />

gente matava, também não podia ficar muito tempo porque senão o peixe<br />

estragava, acabava o gelo.A gente tinha aquela base, quando tava bom de peixe<br />

a gente aproveitava e quando não tava a gente já vinha embora pra não<br />

estragar.”<br />

Junto com a pesca, a agricultura formava o alicerce da economia local da cidade que<br />

se formava:<br />

“Na época a gente chamava coivara a gente derrubava a mata aquela coivara,<br />

derrubava a árvore quando secava botava fogo aí a gente plantava, plantava<br />

batata, plantava aipim, milho, feijão, fazia farinha, né, às vezes tinha banana,<br />

corte de banana, criava, porque na época era tudo difícil, né, aí criava porco<br />

pra abate, criava galinha pra comer um frango, comer ovo. Aí a gente vivia só<br />

da roça e da pesca, não tinha fábrica, não tinha industria, não tinha nada, nem<br />

prefeitura existia! Então quando a gente veio pra cá, não tinha BR 101, não<br />

tinha o Hotel Plaza, Itapema dava pra contar todas as casas, todos esses bairro,<br />

a cidade toda, esse bairro aqui o bairro Ilhota, isso aqui se conhecia todas as<br />

pessoas antigas a maioria já morreu, já tem bem pouco vivo e esse pessoal que<br />

se deram comigo, a gente conhece tudo. Aqui onde eu moro que é a BR 101 só<br />

passava boi carroça e cavalo. A gente ia pra Balneário Camboriú porque aqui<br />

não passava ônibus só em Camboriú Velho e Balneário aqui era só pra andar<br />

de pé era tudo difícil, tudo difícil mesmo! Itapema era como eu disse pra ti!<br />

Então aquela Meia Praia que tá ali, só passava Jipe, só tinha a areia e a praia,<br />

não tinha nada ali, ali se vendia terreno por nada, trocava por pouca coisa, o<br />

centro de Itapema era aqui perto dessa fábrica de gelo, um centrozinho não<br />

tinha a rodoviária, só tinha casa de uma senhora dona Ticurcia que era o ônibus<br />

que passava ali até a gente chamava de linha, não era ônibus era linha, então o<br />

38


ônibus passava ali e aí ela pegava aquele negocio do Correio agora aquilo não<br />

é mais centro é a prefeitura.”<br />

A trajetória profissional de Natalício começa a mudar desde sua desistência da pesca e<br />

da lavoura, passando pela área de serviços e finalmente chegando no funcionalismo público:<br />

“... tem vinte três anos vai fazer, aí eu saí da pesca e trabalhei no Plaza, né?<br />

trabalhei treze anos daí depois eles botaram as pessoas velhas pra rua. Ficaram<br />

só com os novo, ficaram cuma meia dúzia de velho só. Aí eu comprei um taxi<br />

na época fui pra Meia Praia, dois anos, mas aí não gostei! Não gostei por que a<br />

gente só ganhava dinheiro no verão, no inverno a gente tirava só pra manter o<br />

carro, gasolina, telefone, essas coisas, né, manutenção, aí eu passei num<br />

concurso aqui na prefeitura faz uns 9 anos, passei nesse concurso e aí tô até<br />

hoje. Aí trabalhar só na parte da manhã, de tarde sai corta uma grama, vai<br />

pescar, corta uma banana, limpa a casa e volta.”<br />

Perguntamos a ele quantas pessoas ainda moravam ali daquele lado do morro e se<br />

alguém ainda vivia da pesca ou da agricultura na região, ao que ele respondeu:<br />

“... ah... se for contar o pessoal todo acho que dá umas 50 pessoas , desde<br />

pequeno até grande.Vamos supor assim sogro, sogra, cunhado, irmão, irmã ,<br />

neto, filho, filha bisneto...e aqui onde eu to morando ninguém mais vive da<br />

roça, cada um tomou um ramo: um pegou hotel o outro pegou posto de<br />

gasolina, o outro pegou prefeitura, o outro é pedreiro, o outro carpinteiro, o<br />

outro marceneiro, o outro eletricista ...”<br />

As festividades tradicionais do Canto da Praia eram muito famosas por sua<br />

grandiosidade em toda a região do Estado, sendo prestigiada por pessoas de vários municípios<br />

e religiões:<br />

“Tinha o boi de mamão, e até hoje ainda tem ta preservado ainda, ali na Praça<br />

da Paz eles fazem essa brincadeira de Boi de Mamão aqui tinha um senhor, um<br />

casalzinho de velho já faleceu ele chamava seu Antônio Carola então eles<br />

cantavam o terno de reis, aí todo ano tinha gente ali que cantava aí fazia assim<br />

um vinho aquelas bebidas de antigamente né aí vinha cantar ali nas casas...Meu<br />

Deus que coisa linda! Os dois cantavam o terno de Reis aí vinha o Boi de<br />

Mamão dali com todo aquele pessoal quando chegava perto daquela porta ali<br />

eles tocavam e perguntavam se o dono recebia, se o dono recebesse se abrisse<br />

as portas eles entravam dentro. Eles iam de casa em casa, se a pessoa abrisse a<br />

porta e recebesse eles ficavam e cantavam tocavam o Boi de Mamão,<br />

brincavam quem sabia cantava, quem não sabia acompanhava porque tinha as<br />

que sabiam cantar , mas era linda, linda, eles cantavam assim como se fosse<br />

assim uma cigarra , lindo, lindo não sei imitar o canto deles. E todo ano tinha a<br />

festa da Nossa Senhora dos Navegantes aí pegava e enfeitava desde a Igreja<br />

Católica pela rua a fora aquela estrada né e até a praia a gente enfeitava<br />

colocava uns ramo de árvore, né, e pegava o sopio e eles pintavam de varias<br />

cores eles enfeitavam desde a Igreja até a Praia era aquela rua toda pintada,<br />

39


toda colorida aí tinha gente que tomava conta pra ninguém pisar em cima, né,<br />

que é pro padre passa ali junto com a Santa cada um enfeitava conforme pode<br />

né, eu já era grande e acompanhava também. Aí pegavam aquelas lanchas,<br />

barcos, batera que agente chama aí enfeitava tudo com fita, vários papel com<br />

cordão, com bandeirinha ficava muito lindo se na época tivesse uma filmadora<br />

de televisão.Tinha nas cidade grande mas aqui não tinha, né, aí todo mundo<br />

pegava a sua embarcação e na festa o que tinha de gente na cidade eles iam<br />

pra lá acompanhar, né! Aí embarcava tudo dentro dos barcos e saia tudo assim<br />

tudo um atrás do outro andava aqui nessa baia toda aí um pra lá outro pra cá,<br />

primeiro eles faziam aqui já! Eles iam, andavam até quase Porto Belo aí depois<br />

eles se espalhavam. Ia um pra um lado outro pra outro, um pro sul, outro pro<br />

norte, outro pro leste. Aí depois eles começavam a voltar até a praia... Aí o<br />

pessoal desembarcava, levava a Santa de volta pra Igreja e faziam a festa. Era<br />

bonito, era a tradição, né. Nossa era gente igual formiga tinha gente de outros<br />

lados, Balneário Camboriú, Camboriú Velho, vinha gente de Tijucas de vários<br />

lugares da região, né. Tinha missa, bingo, roleta, tinha comida, frango assado,<br />

carne assada, vários tipos de jogo pra pessoa jogar né aí às vezes depois que<br />

acabava a festa, não todo ano, mas tinha anos que eles levava assim um<br />

esparrão pra pessoa se divertir do lado da Igreja, não dentro, daí a pessoal se<br />

divertia, tinha música aí escutava, dançava um com o outro, se divertia naquela<br />

felicidade, naquela alegria na festa!”<br />

Quando indagado sobre o estado de conservação da Praia Grossa, ele nos apontou a<br />

trilha que atravessa o morro ali de sua casa e chega a ela e atestou seu estado praticamente<br />

virginal:<br />

“A Praia Grossa continua como era, ela continua uma praia que não foi<br />

explorada ainda, a mesma coisa como ela tá. Andaram abrindo ali. Aí ficou<br />

difícil porque ficou muita sujeira, aí ficou aquele negócio abre e fecha, abre e<br />

fecha, e agora fecharam de vez por causa da sujeira, o pessoal não colaborou. É<br />

difícil manter.”<br />

Ele se mostrou bem informado sobre os planos de expansão imobiliária da área que<br />

compreende ali onde vive até a beira da praia:<br />

“A gente soube das pessoas que são os donos daqui o senhor que é de<br />

Canelinha ele quer, né, mas ele ta entrando em contato com o IBAMA a<br />

FATMA, ele falou até tive na reunião uma vez ali na Câmara de Vereadores aí<br />

ele falou que tinha uma lei pra cortar uma quantia de árvore e deixar digamos<br />

tira 30 e deixa 70 % pra lotear, fazer casa, então ele quer construir uma coisa<br />

pra crescer o município, ele quer vender lote, eu não sei se ele quer fazer um<br />

hotel ou alguma coisa assim um condomínio lá em cima e tem mais o pessoal<br />

aqui da Praia Grossa eles querem construir ali que tem bastante terreno então<br />

ali dá pra construir bastante coisa. Então assim se for pra derrubar tudo eu sou<br />

contra! Mas se for pra preservar a cultura eu sou a favor, mas assim porque<br />

aqui tem bastante lagarto, passarinho, aracuã, gralha azul tem muita, tem<br />

40


muitas cobras grande aqui, cobra pequena. Quando a gente vai pro bananal vê<br />

cada uma que dá até medo, é de arrepiar então agente não ia gostar que... podia<br />

até construir mas tem que preservar ,você vê que eu não mato nenhuma cobra<br />

no meio do caminho eu não mato! Pode ser filhote, cobra grande! Nada, nada...<br />

Não gosto de matar um lagarto, um passarinho, eu preservo tudo, eu sou muito<br />

da natureza do que Deus fez do que Deus criou, eu gosto disso de conviver de<br />

ta com a natureza. Então aqui se eles construíssem alguma coisa que é pra<br />

preservar, pra ter serviço pras pessoas até que eu gostaria daí gira mais<br />

emprego, a cultura ela não decai, com o pescador, com a pessoa da roça.”<br />

Na qualidade de uns dos mais antigos moradores tradicionais do entorno, a maior<br />

preocupação de Natalício sobre os projetos de expansão é que não se perca a riqueza da fauna<br />

e da flora da Mata Atlântica da região:<br />

“É como eu falei pra ti se for pra fazer alguma coisa aqui tem que preservar<br />

bastante a natureza, não quero que desmate que derrube pra não acabar a água,<br />

pra não acabar o oxigênio. Eu gosto, é uma alegria você viver no meio dessa<br />

Mata Atlântica aqui, desde criança a gente conviveu eu nunca morei em cidade<br />

e nem gosto eu gosto de morar é no mato! Que nem aqui onde eu moro é só<br />

família do meu pai e o vizinho que mora ali faz anos, mas nós somos os<br />

primeiros moradores daqui! A não ser aquele casal ali o seu Antonio que já<br />

faleceu.”<br />

O sexto entrevistado, seu Jaime, é filho de um morador antigo da parte do morro que<br />

fica no lado da BR. Ele trabalha na parte de manutenção em um colégio em Porto Belo e mora<br />

ali desde que o pai faleceu e é rico de lembranças de como era a fauna e a flora do local.<br />

Sendo um amante dos pássaros, nos proveu de muitas informações sobre o histórico da<br />

diversidade do ecossistema local:<br />

“Espécie de passarinho aqui eu faço essa parte da preservação. Quando eu vim<br />

morar aqui aracuã não tinha mais, raro, raro, inclusive teve um rapaz que eu<br />

peguei caçando atrás daquela casa que tem ali dando tiro, o tiro bateu no<br />

barranco aí eu sabia quem era o rapaz chamei a policia, levei na casa do piá<br />

prenderam ele ficou uns cinco anos pagando cesta básica hoje em dia, aracuã<br />

é.... aracuã, e aí tem essas gralha azul que vem comer aqui, né. Passarinho,<br />

bicho que aparece aí a gente cuida, espécie de passarinho e assim até que não<br />

aparece tanto bicho mais aqui por causa dessa mureta da BR ali. O que quer vir<br />

lá de cima pra buscar água aqui, porque aqui tem água né, direto tem água<br />

inclusive essa fonte de água aqui dessa região toda que tem aqui é a única<br />

natural que tem aqui mineral é essa que nos tomamos aí ó, e a fonte é aqui é lá<br />

me baixo daqueles palmito ali, é área de preservação que nós temos pra manter<br />

nossa água.”<br />

Perguntamos a ele sobre o histórico de aproveitamento extrativista daquele local e se<br />

ainda sobrevivia alguma atividade agrícola ou pesqueira na Mata e no Costão, ao que ele<br />

respondeu:<br />

41


“Essa parte de mexer ali e desmatar não tem muito hoje. E a terra daqui de trás<br />

há uns 30, 20, 25 anos atrás tinha uma criação do bicho da seda um Francês<br />

que tinha criação do bicho da seda aqui então essa parte daqui de trás era tudo<br />

desmatado, era plantação daquelas cerejas, era tudo plantação de cereja pra<br />

fazer o bicho da seda tinha bem mais área desmatada, aqui onde eu fiz minha<br />

casa era um engenho ali era tudo plantação era feijão era milho, melancia eles<br />

plantavam muito aqui nessa região. Esses dias eu vi um arrastão aqui na beira<br />

da praia lá em Meia Praia o Galego, ele fez um arrastão aí a rede dele assim<br />

não passa esse dedo aqui, jogou lá na beira da praia a linha desse tamanho,<br />

umas anchova, robalo tudo miudinho. Pra que isso? Vai fazer um arrastão pra<br />

que? Pra Tainha? Tudo tem que ter a malha adequada pra fazer o arrastão,<br />

fazem um arrastão lá que a malha não passa nem o dedinho mindinho no meio<br />

o que trem mata tudo, por que pode jogar na água de novo que não adianta que<br />

ele não se cria mais, ah, os caras fazem as coisas mesmo pra depredar. Direto,<br />

direto, todo dia tem, todo dia tem rede de feiticeira. Ó hoje ta um dia de<br />

calmaria, mais vai ali pra você vê se não tem umas 3, 4 redes ali?! Isso que não<br />

é a época da Tainha ainda, época de Tainha é uma loucura!”<br />

Indagado sobre as mudanças em trâmite na parte que compreende sua casa até o outro<br />

lado do Morro ele mostrou estar bem a par não só da situação, mas também dos valores de<br />

mercado de tal empreendimento:<br />

“Vai ser um dos maiores condomínios da região aí, né. Mas eu não vi nada,<br />

maquete, nada, o caseiro me falou que já tinha visto a maquete e tudo que eles<br />

vão fazer, inclusive ele até comentou que nós estamos com interesse de vender<br />

isso aqui, que isso aqui não é só meu, é herança, nós somos em 7 irmãos. Então<br />

é como eu tava comentando com a minha mãe, eu fui lá trás pegar um limão<br />

ela mora em Florianópolis e veio passar o final de semana. Aí ela comentou<br />

tenho uma irmã que mora com três filhos trabalha de empregada ela pagava o<br />

aluguel do apartamento, só que não deu mais porque recebe pensão só de um<br />

filho, o mais novo, aí a velhinha lá recebe male mal pra comer, a gente tem<br />

sempre que ta ajudando, tem o outro que tem dependência de droga diz que vai<br />

se internar agora, é viciado em crack o outro era ex-presidiário. Aí eu tava<br />

conversando com a mãe agora diz que arrumou uma moça, evangélica tudo diz<br />

que da em cima dele, mas ele ta usando droga igual. Então isso que é a<br />

situação, a mais nova ta aí ta tranqüila fez uma casa boa atrás da casa da mãe,<br />

uma família precisa, né? Esse outro irmão tem um chalezinho ali ele tem uma<br />

casa em Biguaçu a casa dele ele não acabou ainda tem que fazer a parte de<br />

cima, mas não tem dinheiro pra terminar. É como a mãe falou hoje pra resolver<br />

os problemas da família era bom que vendesse tudo, cada um pegasse sua parte<br />

e resolvesse sua vida né. E o caseiro falou que eles tavam interessado que nem<br />

era pra oferecer pra ninguém que eles tem interesse de ficar com nossa parte,<br />

isso aqui dá dois alqueires e meio. É uma área grande! Eram 28 mil metros<br />

quadrados, mas a BR comeu um pedaço parece se não me engano que ficou 22<br />

mil e 800 metros quadrados. Uma área boa. É pouco interesse eu ainda tava<br />

42


comentando um empresário, meu patrão o dono do Porto das Águas, lá tem o<br />

shopping tudo lá. Ele é um baita de um empresário, um empreendedor que tem<br />

imóvel aí a dar com o pé, né, então eu tava comentando com ele hoje o<br />

empresário que comprar isso aqui assim pra nível tipo estrutural que vão fazer<br />

só a captação de água que tem aqui, captar toda essa água, essa cachoeira que<br />

tem que vai lá pra dentro do Hotel Plaza a nascente é toda lá em baixo, podia<br />

fazer uma cisterna aqui pra captação canalizar essa água pra lá em cima fazer<br />

canalização pra levar água pra todo esse condomínio é um investimento que<br />

ele vai fazer em cinco anos ele tira o valor do terreno, a água top que tem aqui,<br />

a água mineral, uma água que nasce em baixo da terra que sai gelada. E assim<br />

questão de mexer no meio ambiente deixa eu dizer se eles forem mexer aqui<br />

eles vão arrumar briga porque, uma parte se eu for ficar aqui dentro eles vão<br />

arrumar briga que eu não vou deixar, se eles mexer perto da minha água eles<br />

vão arrumar briga e eles nem podem, né?”<br />

Mesmo tendo interesse na possibilidade de vender sua propriedade, aproveitando a<br />

expansão imobiliária que se dará em breve, Jaime fez questão de frisar a importância de que o<br />

meio ambiente seja preservado no processo. Ele deixou claro que não é contra o crescimento<br />

da região, desde que feito de uma forma sustentável:<br />

“O interesse de crescimento é muito bom, porque assim hoje dentro de Itapema<br />

e Balneário Camboriú. Essa aqui é a única área, vou botar assim, única área<br />

nobre que ainda existe, praia preservada porque você tem uma praia particular<br />

aqui dentro, isso aqui vou dizer é uma mina de ouro. Porque eu vou ser<br />

sincero, meus irmãos, eles não tem olhos pra isso aqui. Eu que to aqui no meio<br />

do empresariado de Itapema, Pascaloto, eu converso com tudo esse povo aí eu<br />

sei eu tenho noção do valor que isso aqui tem, tanto pro dia de hoje quanto pra<br />

futuramente. Porque se você for fazer um condomínio em volta disso daqui, ele<br />

vai cobrar 1 milhão e quinhentos ou dois o lote. Hoje se uma pessoa chegar<br />

aqui ele vai comprar todo esse meu vai pagar 5 milhões ele vai ter de área pra<br />

construção, uma área de quase 5 mil pra construir, com a fonte de água natural<br />

sendo que ele pode fazer um puta de um condomínio porque o portão vai ser<br />

aqui praticamente isso aqui vai ficar dentro do condomínio, porque essa área<br />

dos dois lados é dele .O portão vai ser lá e a entrada vai ser ali onde era o<br />

engenho, esse portaozinho que eu fiz ali em baixo ali tinha um engenho<br />

também, só que esse engenho foram eles que montaram era um engenho nativo<br />

aqui esse meu chão de terra, aqui funcionava mesmo o engenho, ali foi um<br />

engenho que eles compraram fizeram pra turismo essas coisas assim, era muita<br />

gente na época aqui”.<br />

43


1.3 Considerações Finais<br />

O bairro do Canto da Praia é, sem sombra de dúvida, um local permeado de conflitos<br />

sociais. Sua beleza natural ímpar o torna um campo aberto de disputas simbólicas, culturais e<br />

econômicas.<br />

Além de ter sido primeiramente ocupado por uma comunidade tradicional de<br />

pescadores descendentes de açorianos, vem sendo descoberto por pessoas que buscam a<br />

tranqüilidade do contato com a natureza e é, mais recentemente, alvo da expansão imobiliária<br />

que está tomando conta do litoral norte catarinense.<br />

A pesquisa demonstrou que se faz necessário um acompanhamento efetivo por parte<br />

das autoridades envolvidas na preservação do patrimônio ecológico e cultural da região, sem<br />

o qual a cultura e o ecossistema serão provavelmente devastados pelo desenvolvimento<br />

desordenado.<br />

O conjunto dos esforços do NEAmb, da EPAGRIi, da FAACI e do Ministério Público<br />

em monitorar esse processo de expansão é sinal de que as transformações no local podem vir<br />

a se dar de forma estruturada e racional, dentro da legalidade, preservando a riqueza, a beleza<br />

e a diversidade cultural e natural do entorno.<br />

No discurso a Lei é cega, como bem o representa a estátua vendada, só que sabemos<br />

que na prática de sua execução a mesma pode ser interpretada e estimulada, seja por fatores<br />

econômicos ou pela vontade popular. Não gostaríamos de cair na vulgaridade de generalizar a<br />

aplicação geral das leis no Brasil como corrupta, mas queremos apontar que fatores sociais<br />

podem sim interferir nas decisões legais deste ou aquele assunto.<br />

Se existe a propina – como desconfiam muitos dos entrevistados – também existe a<br />

luta política da sociedade civil que, bem organizada, pode ser muito mais determinante do que<br />

qualquer interesse econômico escuso que venha tentar prevalecer sobre os interesses legítimos<br />

de uma população inteira. Os caminhos da governança passam pela efetiva participação cívica<br />

nas decisões e nos projetos de uma comunidade.<br />

Nesse sentido, a comunidade do Canto da Praia de Itapema se encontra bem articulada<br />

e aberta à negociação e à discussão no que se refere aos rumos que aquela parte da cidade irá<br />

tomar no futuro próximo. Tudo isso junto com uma forte noção de consciência ecológica que<br />

se faz predominante não só lá, mas em boa parte do discurso oficial das instituições públicas<br />

brasileiras.<br />

As decisões quando tomadas às claras e tornadas explícitas em suas conseqüências têm<br />

a capacidade de se legitimar no próprio debate que proporcionam, desde que todos os<br />

interessados e afetados tenham voz e poder de barganha no processo de construção social e<br />

simbólica das mesmas. Esse é o sentido de todo nosso esforço de tentar compreender e<br />

esquematizar os anseios da população local.<br />

Recuperando a fala de seu Janga, presidente da Colônia de Pescadores, “pescador<br />

quando se une não é fácil”. Eles não estão alheios às transformações e muito menos são<br />

“inocentes” no que se refere aos seus direitos e deveres como cidadãos brasileiros. Muitas das<br />

experiências de embuste pela qual passaram ao longo dos anos os fizeram mais cientes de sua<br />

colocação no mundo. Eles têm plena consciência de que têm vez e voz nos processos de<br />

44


decisão, através de sua representatividade política e da sua importância econômica, cultural e<br />

turística.<br />

Mesmo com todas as diferenças e conflitos culturais presentes na região e<br />

comprovados por nossa pesquisa, há um fator maior que engloba todos os discursos dos atores<br />

sociais envolvidos: a preservação da natureza.<br />

No que diz respeito aos pescadores, eles não são avessos às mudanças, desde que sua<br />

atividade laboral seja valorizada e fomentada no processo ao mesmo tempo que sejam<br />

preservadas as características que tornam o Canto da Praia um lugar privilegiado para se<br />

viver.<br />

As maiores demandas dos pescadores e dos moradores em geral são: um trapiche para<br />

eles poderem exercer atividades de passeios turísticos, a construção de um mole para proteger<br />

as embarcações, infraestrutura de saneamento básico e valorização da cultura local, via apoio<br />

governamental das festas e manifestações populares.<br />

Cabe às instituições estatais responsáveis pela fiscalização ambiental, monitorar e<br />

prevenir as ações que serão tomadas daqui por diante, para se seja garantido o<br />

desenvolvimento.<br />

45


2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E GOVERNANÇA NO BAIRRO CANTO DA PRAIA<br />

2.1 Introdução<br />

A Constituição Federal do Brasil é o documento magno que tem como principal<br />

objetivo assegurar os direitos individuais e coletivos dos cidadãos brasileiros. Dentro do<br />

capítulo que trata do Meio Ambiente, o artigo 225 afirma que “todos têm direito ao meio<br />

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia<br />

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a coletividade o dever de defendê-lo e<br />

preservá-lo para presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988). O mesmo artigo defende que<br />

a Educação Ambiental deve ser promovida em todos os níveis de ensino, bem como se deve<br />

promover a conscientização pública para a preservação ambiental.<br />

Conforme previsto, no Projeto Praia Grossa, a Educação Ambiental realizada visa a<br />

sensibilização e o empoderamento (Oakley & Clayton, 2003) da comunidade local, através da<br />

realização de palestras, oficinas, saídas a campo, eventos culturais e outras ações de formação<br />

e integração entre as pessoas e destas com a natureza.<br />

A Educação Ambiental (EA) está juridicamente amparada na legislação federal pala<br />

Lei Nº 9.795 de 1999, que estabelece os princípios, os objetivos e as diretrizes da Política<br />

Nacional de Educação Ambiental (PNEA). Um de seus princípios ressalta que a EA deve ter<br />

uma “abordagem articulada nas questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais”.<br />

Em outro princípio, a Lei afirma como deve ser o seu enfoque: ”humanista, holístico,<br />

democrático, e participativo”. E, ainda nos princípios, a Lei afirma a importância de se<br />

trabalhar a ética, de forma explícita: “a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as<br />

práticas sociais”.<br />

Na legislação estadual, temos a Lei Nº 13.558/2005, cujo conteúdo é bastante similar<br />

ao conteúdo da Lei Federal anteriormente citada. Dentre os objetivos das Leis Federal e<br />

Estadual, podemos destacar: “fomentar e fortalecer a integração da educação com a ciência, a<br />

tecnologia e a inovação”, objetivo bastante relevante na atuação do NEAmb em Itapema.<br />

A EA e a Governança da Água e do Território desenvolvidas neste Projeto tem sua<br />

fundamentação teórica no conceito de Governança da Água do Professor Daniel José da Silva,<br />

coordenador do Grupo de Pesquisas em Governança da Água e do Território (GTHidro) do<br />

Depto. de Engª Sanitária e Ambiental do Centro Tecnológico da UFSC. Segundo Silva, “a<br />

governança está associada ao aumento da capacidade de gestão local dos bens comuns”, tais<br />

como a água dos rios, o mar, as florestas e as cidades. A EA faz parte desse processo para o<br />

desenvolvimento sustentável local, representando a estratégia pedagógica da governança em<br />

oficinas, saídas a campo e áudio visuais.<br />

O Modelo de Governança da Água e do Território (Modelo GATS) foi aplicado com a<br />

comunidade do Canto da Praia e da Praia Grossa de Itapema, através de eventos, oficinas e<br />

reuniões. Os principais produtos ao final do processo são: os acordos de cooperação<br />

assinados, os mapas de demandas e potenciais e as estratégias de governança, referentes ao<br />

bairro do Canto da Praia e a Praia Grossa.<br />

A grande inovação desta aplicação do Modelo GATS com relação às experiências<br />

anteriores foi a incorporação dos estudos sociológicos, fundamentais para um conhecimento<br />

46


mais detalhado do histórico e das relações da comunidade. O conceito de Economia de<br />

Experiência, uma das etapas do Modelo GATS, encontra-se em aperfeiçoamento neste estudo,<br />

reunindo aspectos da sociologia, do meio biótico, informações de reuniões informais com os<br />

moradores.<br />

2.2 Metodologia aplicada e resultados obtidos<br />

Acordo Inicial – 11/02/2010<br />

A equipe do NEAmb iniciou o encontro com uma apresentação expositiva sobre o<br />

histórico de trabalho em Itapema nos estudos para a criação de Unidades de Conservação,<br />

conforme o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), apresentando também o<br />

Instituto ÇaraKura, OSCIP sediada em Florianópolis no bairro do Ratones, parceira do<br />

Núcleo em diversos projetos nas áreas de Educação Ambiental, Unidades de Conservação,<br />

Saneamento Descentralizado, revitalização de áreas degradadas, permacultura, entre outros<br />

(Fig. 1 e 2).<br />

Foi exposto o papel do Instituto Çarakura, enquanto Organização Não Governamental<br />

sem fins lucrativos e o papel do NEAmb, fazendo a ligação direta com a UFSC e trazendo o<br />

rigor e a qualidade da ciência de ponta, necessários para este tipo de trabalho (Fig. 3).<br />

Figura 1. Projeto para a sociedade de Itapema. Figura 2. Equipe NEAmb/Instituto Çarakura.<br />

47


Figura 3. Programação do Acordo Inicial.<br />

Durante a legitimação do Acordo Inicial do Projeto (Fig. 4) o público presente demonstrou<br />

grande interesse (Fig. 5).<br />

Figura 4. Legitimando o Acordo Inicial do Projeto Figura 5. Público presente demonstrando interesse.<br />

48


Para que fosse acordada uma metodologia de trabalho com a comunidade, foram<br />

apresentados os objetivos do projeto, os resultados esperados, a ética de trabalho da equipe, os<br />

produtos de cada etapa do Modelo GATS (Fig. 6) e uma sugestão de cronograma (Fig. 7).<br />

Assim, temos:<br />

Objetivos específicos:<br />

- Sistematizar o diagnóstico multidisciplinar e levantar as experiências da comunidade em<br />

um dossiê com linguagem acessível;<br />

- Produzir mapas de demandas e potenciais do Bairro;<br />

- Elaborar estratégias de governança, tais como o zoneamento participativo.<br />

Resultados esperados:<br />

- Dossiê da Economia de Experiência;<br />

- Mapas identificando demandas sociais e potenciais de desenvolvimento sustentável;<br />

- Estratégias de governança;<br />

- Projeto(s) de prospecção.<br />

Figura 6. Modelo GATS e os produtos de cada etapa.<br />

49


Figura 7. Sugestão de cronograma.<br />

Dando continuidade, foram chamadas as autoridades presentes para darem suas<br />

impressões, considerações e sugestões a respeito do processo. O primeiro a falar foi o<br />

coordenador geral do projeto, Doutor do Centro de Ciências Biológicas da UFSC e<br />

especialista em mamíferos, Mauricio Graipel (Fig. 8). Em sua fala, representando a UFSC,<br />

explicitou a preocupação da equipe em realizar um trabalho rigoroso para identificar e<br />

preservar as áreas críticas para a manutenção da diversidade biológica da região em estudo. O<br />

próximo palestrante, representando a FAACI, foi Javier Toso (Fig. 8), responsável pela<br />

fiscalização ambiental do município e representante da área de Unidades de Conservação, fez<br />

seu depoimento como funcionário público que tem o dever de apoiar as ações ambientais do<br />

município e manifestou o apoio da FAACI ao Projeto.<br />

Representando a Prefeitura, em nome do Prefeito Sabino Bussanelo, o presidente da<br />

FAACI, Juaci do Amaral (Fig. 8), complementou seu colega Javier dizendo que conheceu o<br />

trabalho do NEAmb recentemente, mas que as ações que vem sendo feitas, como nos estudos<br />

para a criação de UC e este Projeto atual, refletem ótimos resultados e que a Prefeitura<br />

também apóia a continuação deste processo. Concluindo os três discursos, o Procurador Dr.<br />

Pedro Sacco Nicolau (Fig. 8) elogiou o trabalho do NEAmb no sentido de preservar o meio<br />

ambiente de Itapema, sugerindo que o valor dessas ações são incalculáveis a médio e longo<br />

prazos, mas que “um dia serão muito reconhecidas pelas futuras gerações”. Segundo o<br />

procurador, este estudo lembra um “levantamento de tesouros do município”. Manifestou<br />

também seu apoio às ações e se dispôs a ajudar no que fosse possível.<br />

50


Figura 8. Da esquerda para a Direita, Mauricio Graipel, Javier Toso, Juaci do Amaral e Dr. Pedro Sacco.<br />

A equipe do NEAmb então abriu espaço para que a comunidade tirasse qualquer<br />

dúvida ou questionamento sobre o projeto, os quais foram todos esclarecidos. Foi então<br />

apresentado um documento assinado pela comunidade na Colônia de Pescadores do Canto da<br />

Praia no dia 09 de fevereiro de 2010, contendo uma breve descrição das principais demandas<br />

atuais (Anexo). Logo após, foi explicado o Termo de cooperação (Fig. 9), para a comunidade<br />

ratificar o compromisso em participar do processo de governança. Foram no total 27 Termos<br />

assinados pela comunidade (Anexo C).<br />

Figura 9. Termo de cooperação.<br />

51


Oficina de Conceitos operativos – 25/02/2010<br />

A oficina de construção dos conceitos de qualidade de vida e ecossistemas foi<br />

realizada na Colônia de Pescadores no dia 25/02. Primeiro foram discutidos os conceitos com<br />

a participação de todos. A metodologia utilizada é a “Pedagogia do Amor” uma dinâmica<br />

cognitiva onde, em grupos, cada integrante primeiramente revela a sua subjetividade com<br />

relação ao tema. Em segundo lugar ocorre a contribuição da diversidade onde todos<br />

compartilham seus conhecimentos sobre o tema. Depois da discussão todos recebem um texto<br />

base sobre os temas, ai então ocorre a construção da intersubjetividade onde o conhecimento<br />

produzido é resultado da síntese do conhecimento da pessoa e do conhecimento dos outros. A<br />

última etapa é a constituição do domínio lingüístico, através da construção coletiva dos<br />

conceitos que são apresentados para todos os grupos (SILVA, 1998).<br />

Conceito de qualidade de vida da comunidade:<br />

“Qualidade de vida é a reunião de diversos direitos básicos que garantem<br />

a vida em um ambiente com qualidade, acessibilidade, saúde, educação,<br />

saneamento básico e preservação ambiental, promovendo uma<br />

consciência coletiva de uma sociedade organizada.”<br />

Oficinas de Reconhecimento do território<br />

O Reconhecimento do Território faz parte do ciclo da Comunidade de Aprendizagem<br />

do Modelo GATS e foi realizada através de duas oficinas: a) Cartografia Básica e coleta de<br />

dados e b) Construção do mapa de demandas e potenciais. Na primeira, o foco do encontro foi<br />

a capacitação em cartográfica básica, uso do GPS e preenchimento da ficha de demandas,<br />

para a coleta de dados. Já na segunda oficina, o foco foi direcionado para a construção<br />

participativa do mapa de demandas e potenciais.<br />

Oficina de Cartografia Básica e coleta de dados – 11 e 13/03/2010<br />

Este encontro foi iniciado na Colônia de Pescadores do Canto da Praia, onde foram<br />

trabalhados os seguintes conceitos de cartografia básica: Coordenadas geográficas,<br />

coordenadas UTM e prática com o GPS. Além destes, foi feito um estudo sobre como coletar<br />

os dados a serem utilizados para a construção do mapa de demandas. Todos estes conceitos<br />

foram trabalhados com o apoio do Manual de Reconhecimento do Território, produzido pela<br />

equipe do NEAmb.<br />

Após a capacitação em Cartografia Básica (Fig. 10), os participantes da oficina foram<br />

convidados para uma atividade prática de utilização do GPS e coleta de dados (Fig. 11). Os<br />

dados a serem coletados pela comunidade foram: Coordenadas UTM, fotos, demandas e<br />

potenciais. Estes dão subsídios ao preenchimento das fichas de demandas que, por sua vez,<br />

52


serão espacializadas nos mapas. Os locais a serem mapeados foram escolhidos de forma<br />

estratégica, questionando a comunidade onde são os locais com maiores necessidades e de uso<br />

mais freqüente.<br />

Figura 10. Cartografia básica na Colônia. Figura 11. Prática com o GPS.<br />

Foi utilizado como exemplo de local para a coleta de dados a própria Colônia de<br />

Pescadores. Como o dia estava nublado, a precisão do GPS foi prejudicada, mas não o<br />

suficiente para impedir a coleta das coordenadas UTM (Fig. 12). Com a marcação no GPS,<br />

anotou-se o ponto na ficha, assim como as demandas e potenciais da Colônia dos Pescadores.<br />

Foram tiradas também algumas fotografias com uma máquina digital. Essas informações<br />

foram organizadas em Fichas de demandas e potenciais (Fig. 13).<br />

Figura 12. À esquerda, orientações para a coleta de dados; à direita, primeiro ponto de coleta.<br />

.<br />

53


Figura 13. Ficha de demandas e potenciais da Colônia dos Pescadores.<br />

Em seguida à coleta do primeiro ponto, foi possível dividir o grupo da oficina em 3<br />

equipes para aumentar a abrangência do mapeamento. O grupo número 1 fez o caminho da<br />

trilha que desce do Mirante do Cabeço em direção à Ponta de mesmo nome. O grupo número<br />

2 e o grupo número 3 fizeram o reconhecimento de barco com o apoio de pescadores (Figs. 14<br />

a 19).<br />

Figura 14. Utilização de GPS com pescadores. Figura 15. Identificação das demandas.<br />

54


Figura 16. Trilha para a Ponta do Cabeço. Figura 17. Potencial biótico da floresta.<br />

Figura 18. Saída a campo de barco. Figura 19. Pescadores e professores de Itapema.<br />

A partir dos dados coletados em campo, quais sejam, imagens, coordenadas UTM e<br />

anotações de demandas e potenciais, foram produzidas as fichas de demandas que se<br />

encontram nos mapas de demandas nos anexos.<br />

Oficina de produção do Mapa de demandas – 20/03/2010<br />

Realizou-se no dia 20/03/2010 a oficina de produção do mapa de demandas e<br />

potenciais no Rancho dos Pescadores do Canto da Praia (Fig. 20).<br />

No início do encontro a equipe do NEAmb esclareceu qual era o objetivo daquela<br />

reunião, na qual os pescadores e demais participantes iriam, com o apoio da Universidade,<br />

produzir um mapa contendo as demandas e os potenciais levantados nas saídas a campo e<br />

reuniões informais. Também foi dito que a Universidade está no processo com o papel de<br />

mediar os interesses inerentes aquela região, não cabendo à equipe do NEAmb, resolver e<br />

executar todas as demandas apontadas pela comunidade, mas sim mediar e articular as<br />

possibilidades que emergem da integração de pessoas e instituições envolvidas no processo.<br />

55


Figura 4. Início da oficina de construção do mapa de demandas e potenciais.<br />

Dando continuidade, os participantes foram convidados a eleger as necessidades prioritárias e<br />

localizar as Fichas de demandas na imagem aérea da região em estudo (Fig. 21).<br />

Figura 21. À esquerda, indicação das demandas e potenciais; à direita, participação de pescadores e líderes<br />

sociais.<br />

Assim sendo, foram produzidos dois mapas de demandas e potenciais: um para a Praia<br />

Grossa e Ponta do Cabeço e outro para o bairro do Canto da Praia, incluindo a área marítima<br />

em ambos (Figs. 22 e 23).<br />

56


Figura 22. Detalhes do mapa de demandas. Figura 23. Ficha de demandas no mapa.<br />

Neste encontro foi dado ênfase à questão do molhe/trapiche e ao ordenamento das<br />

embarcações em frente ao Rancho. Foi desenhada no próprio mapa uma proposta dos<br />

pescadores de localização para o molhe com um trapiche ao lado. Para o ordenamento, foram<br />

sugeridas raias de delimitação que devem ser localizadas com o apoio da Capitania dos Portos<br />

e demais interessados no assunto.<br />

Foi requerido também uma “carreira” ou rampa para puxar os barcos da água para o<br />

rancho quando há necessidade de um concerto ou manutenção de rotina. Estas e outras<br />

demandas e potenciais estão nos mapas de demandas (Figs. 24 e 25).<br />

57


Figura 24. Mapa de demandas e potenciais da Praia Grossa e Ponta do Cabeço.<br />

58


Figura 25. Mapa de demandas do canto da praia digitalizado.<br />

59


Oficina de estratégias de governança (Etapa 1) – 24/04/2010<br />

A oficina das estratégias de governança (Etapa 1) foi realizada no Rancho de<br />

Pescadores no dia 24 de abril. No início, de forma expositiva, foi apresentado o objetivo da<br />

oficina, este foi apresentar o mapa de demandas digitalizado e analisar as demandas para<br />

identificar as prioridades e apontar os encaminhamentos (Fig. 26).<br />

Figura 26. À esquerda, apresentação do encontro; à direita; distribuição dos mapas de demandas.<br />

Os mapas de demandas produzidos pela comunidade foram digitalizados pela equipe<br />

do NEAmb e comentados por todos os presentes (Fig. 27).<br />

Figura 5. À esquerda, equipe do NEAmb sanando dúvidas; à direita, comunidade visualizando os mapas.<br />

As prioridades apontadas pela comunidade foram às mesmas que já tinham sido<br />

identificadas na etapa do Reconhecimento do Território: o molhe, o trapiche, a carreira para<br />

os barcos, o ordenamento das embarcações na área do Canto da Praia, o acesso público à<br />

Praia Grossa e Ponta do Cabeço e a revitalização do defenso. Para tais prioridades foram<br />

dados os seguintes encaminhamentos na oficina:<br />

60


Estratégia de governança 1 – Molhe<br />

A equipe do NEAmb se comprometeu a buscar orientação técnica no Departamento de<br />

Oceanografia da UNIVALI. O Rancho de Pescadores deve atualizar sua documentação em<br />

cartório, pois houve mudança na diretoria. Com isso, o Rancho fica habilitado legalmente<br />

para requisitar um molhe perante a Capitania dos Portos.<br />

Estratégia de governança 2 – Trapiche<br />

O trapiche será feito por conta do Rancho. A equipe do NEAmb propõe que sejam<br />

feitas melhorias no trapiche, tais como aumento de sua área, ferramentas necessárias para<br />

carga e descarga do pescado e sinalização.<br />

Estratégia de governança 3 – Carreira para os barcos<br />

A carreira é uma necessidade do Rancho para levantar as embarcações para<br />

manutenção em geral.<br />

Estratégia de governança 4 – Ordenamento das embarcações<br />

Esta estratégia necessita da manifestação do Rancho perante a Capitania dos Portos,<br />

mediante um ofício, para que seja marcada uma data para a delimitação das raias e definição<br />

da velocidade limite com um representante das marinas.<br />

Estratégia de governança 5 – Acesso público à Praia Grossa e Ponta do Cabeço<br />

O acesso às belezas desta região é motivo de preocupação para a comunidade local.<br />

Onde serão os acessos e de que forma serão controlados são questões a serem esclarecidas<br />

entre a Universidade, a FAACI e o empreendedor.<br />

O NEAmb sugeriu ao Rancho que fosse encaminhado um ofício para a FAACI<br />

pedindo que um técnico faça uma apresentação do empreendimento, esclarecendo as questões<br />

da comunidade.<br />

Estratégia de governança 6 – Revitalização do defenso e manutenção do comércio de<br />

peixes no Canto da Praia<br />

A área do defenso vem sendo deteriorada pela falta de uso. Os carros e lanchas<br />

utilizam este espaço público como estacionamento. Uma ação de revitalização com projeto<br />

arquitetônico caracterizado pela cultura açoriana e da pesca, seria um patrimônio para o bairro<br />

e para o município, atraindo mais turistas e valorizando as populações tradicionais.<br />

O NEAmb pode solicitar projeto em parceria com os empreendedores, a Associação<br />

de Moradores do Canto da Praia e a Colônia de Pescadores. Será encaminhado um pedido<br />

formal das peixarias para a comissão do Plano Diretor para a manutenção do comércio de<br />

peixes na região.<br />

61


Reunião com a comunidade da Praia Grossa – 12/05/2010<br />

Foi realizada na FAACI uma reunião com a comunidade localizada próxima à BR 101.<br />

Esta demanda surgiu a partir dos pescadores do Canto da Praia que indicaram esta<br />

comunidade como prioritária para esclarecer os impactos do empreendimento.<br />

Os moradores foram atualizados do processo de governança que vinha sendo feito e<br />

foi mostrada uma planta da área prevista de ser ocupada.<br />

O fato mais relevante da reunião foi à mudança de postura do Senhor Natalício um dos<br />

moradores mais antigos da região. Na ocasião, ele demonstrou bastante preocupação com o<br />

empreendimento dizendo que durante a semana refletiu sobre as mudanças que estavam por<br />

vir e estava arrependido de ter se manifestado a favor das mudanças que estavam por vir. “Vai<br />

acabar meu sussego, minha privacidade. Aquela área tem muitos bichos, cobras, pássaros, tem<br />

aracuã, tem gralha azul, tem aquela mata bonita, isso tudo vai acabar”, disse ele.<br />

Todos foram convidados a comparecer no próximo encontro dia 15 de maio para<br />

manifestarem qualquer dúvida ou necessidade.<br />

Oficina de Estratégias de Governança (Etapa 2) – 15/05/2010<br />

Nesta oficina, foi dada continuidade ao processo das estratégias de governança já<br />

definidas na ETAPA 1.<br />

No início a equipe do NEAmb fez uma revisão de todo o processo, esclarecendo que<br />

aquela seria a última oficina antes do evento final com as autoridades, na qual devem ser<br />

apresentadas as demandas (Figs. 28 a 30).<br />

Figura 6. Início da oficina de Estratégias de Governança (2ª Etapa).<br />

62


Figura 297. Detalhamento das prioridades. Figura 30. Projeção das estratégias com data show.<br />

Foram dados os seguintes encaminhamentos:<br />

a) Molhe<br />

Para determinar a viabilidade desta demanda são necessários os seguintes estudos:<br />

- Estudo de modelagem de impactos na dinâmica marinha: Para a realização deste<br />

estudo foi contatado o Laboratório de Oceanografia Física (LOF), do Centro de Tecnologias<br />

da Terra e do Mar (CTTMar), da UNIVALI de Itajaí. Previamente o Prof. João Luiz Batista<br />

de Carvalho já manifestou o interesse em estabelecer uma parceria de extensão universitária,<br />

fornecendo equipamentos, infra-estrutura, capacitação e apoio técnico para coleta de dados e<br />

construção de cenários através da modelagem computacional. Através destes cenários será<br />

possível estimar os impactos ambientais e possíveis alterações na dinâmica de fluxo das águas<br />

e, conseqüentemente, alterações na orla e algumas de suas edificações. O prazo mínimo de<br />

execução desta atividade é de 30 a 45 dias. Tendo em vista o caráter de extensão<br />

universitária, sem recursos específicos para elaboração deste estudo, os próprios membros da<br />

equipe já se colocaram a disposição para executar esta demanda com o apoio do CTTMar;<br />

- Relatório Ambiental Prévio (RAP): A partir da Instrução Normativa nº 33 da FATMA,<br />

que institui normas e procedimentos para a instalação de molhes, trapiches e similares,<br />

verifica-se que o estudo requerido para a licença ambiental é o RAP. As demandas técnicas<br />

para execução deste estudo estão sendo providenciadas pelos técnicos do Instituto Çarakura.<br />

Prazo mínimo de execução: 15 a 30 dias<br />

b) Trapiche / Carreira para os barcos do rancho<br />

Para viabilizar esta demanda será apresentada uma proposta de local para a<br />

implantação do trapiche para turismo de pesca, a ser definido pela comunidade em parceria<br />

com a EPAGRI e a secretaria municipal de turismo (Fig. 31). O projeto deve ser<br />

dimensionado por profissional habilitado, de preferência, algum dos engenheiros ou arquitetos<br />

a serviço dos empreendedores. Após a escolha do local, detalhamento dos custos e dos<br />

financiadores a obra poderá ser executada. As devidas licenças ambientais e liberações dos<br />

órgãos competentes serão viabilizadas pelo Rancho de pescadores em parceria com a equipe<br />

do Instituto ÇaraKura/NEAmb. Esta demanda poderá ser viabilizada de acordo com a<br />

disponibilidade de recursos dos empreendedores, se possível, com contra partida da<br />

Prefeitura.<br />

63


• Rancho dos pescadores<br />

• EPAGRI (Vilmar)<br />

• Vereadores<br />

• Equipe UFSC<br />

Reunião realizada<br />

dia 15/05<br />

TRAPICHE, MOLHE E CARREIRA<br />

Proposta de<br />

projeto • Orçamento e cronograma de execução<br />

• Elaboração do projeto por<br />

arquitetos (emreendedores) para<br />

aprovação pelo:<br />

• Rancho de pescadores<br />

• Capitania dos Portos<br />

• FAACI<br />

64<br />

• parceria entre entidades financiadoras<br />

• Assinatura do acordo formal entre as<br />

partes (pescadores, poder público e<br />

iniciativa privada)<br />

Estimativa de conclusão: 2 a 3 meses<br />

Execução do<br />

projeto<br />

Figura 31. Fluxograma para realização das estratégias propostas para a instalação do molhe, trapiche e<br />

carreira de barcos para o Rancho de pescadores.<br />

c) Ordenamento das embarcações através de sinalização com raias e placas<br />

indicando limite de velocidade<br />

O rancho de pescadores e a colônia de pescadores irão solicitar a capitania dos portos<br />

o ordenamento do espelho d‟água no Canto da Praia, este se faz necessário devido ao intenso<br />

transito de embarcações que acontece no bairro. Esse trânsito ocorre sem a devida<br />

regularização e com a implantação dos empreendimentos previstos ele tende a aumentar para<br />

evitar problemas o ordenamento é necessário (Fig. 32).


• Colônia de pescadores e<br />

Rancho dos pescadores<br />

Ofício Capitania<br />

dos Portos<br />

ORDENAMENTO DAS EMBARCAÇÕES<br />

Reunião e<br />

proposta formal • Assinatura do acordo<br />

• Rancho de pescadores<br />

• Colônia de pescadores<br />

• Donos de marinas<br />

• Capitania dos Portos<br />

mediando o encontro<br />

Estimativa de conclusão: 30 dias<br />

65<br />

formal entre as partes<br />

(pescadores, donos de<br />

marinas e Capitania)<br />

• Orçamento e<br />

cronograma de execução<br />

Raias e<br />

sinalização<br />

Figura 32. Fluxograma para realização das estratégias propostas para a ordenação do trânsito de embarcações.<br />

d) Revitalização da área do defenso<br />

No nível do bairro Canto da Praia a área do defenso é muito importante, ela representa<br />

junto com a Praia Grossa as únicas áreas públicas no bairro para lazer. Devido aos<br />

empreendimentos previstos para a Praia Grossa e a atual situação de acesso restrito a<br />

pedestres, é necessário oferecer escolhas de lazer e recreação aos moradores do Canto da<br />

Praia, especialmente aqueles que por diversos motivos não podem se deslocar caminhando até<br />

a Praia Grossa. Nesse contexto a área do defenso representa a alternativa a ser incentivada,<br />

para tanto este estudo recomenda que seja articulado entre os proponentes dos<br />

empreendimentos, a comunidade do bairro, Ministério Público Federal, Prefeitura e<br />

Vereadores a revitalização da área do defenso. A equipe do Instituto ÇaraKura está mediando<br />

o dialogo entre os diversos atores e almeja definir o cronograma de execução das obras de<br />

revitalização (Fig. 33).<br />

Os principais elementos que devem nortear o projeto de revitalização já foram<br />

elencados pela comunidade e constam em detalhes no relatório de mapeamento de conflitos<br />

que faz parte do projeto e estão abaixo listados:<br />

Valorização da cultura açoriana (temática com boi de mamão, terno de reis e nossa<br />

senhora dos navegantes).<br />

Estrutura para o comércio de pesca tradicional da região.<br />

Equipamentos de lazer (esportes, bancos, paisagismo com nativas).<br />

Melhoria nas vias e sinalização preventiva.<br />

Desocupação das áreas públicas (estacionamento de lanchas e carros).


• Colônia de pescadores<br />

• Associação de<br />

Moradores do Canto da<br />

Praia<br />

REVITALIZAÇÃO DA ÁREA DO DEFENSO<br />

Documento<br />

oficina 09/02<br />

Proposta de<br />

projeto • Definição do cronograma<br />

• Desenho Alternativo e<br />

Realiza<br />

• Aprovação do projeto<br />

pela comunidade<br />

Estimativa de conclusão: 3 meses<br />

66<br />

• Orçamento<br />

• Parcerias (MPF,<br />

Prefeitura, Vereadores e<br />

iniciativa privada)<br />

Execução do<br />

projeto<br />

Figura 33. Fluxograma para realização das estratégias propostas para a revitalização da área do defenso.<br />

e) Ordenamento do uso público da praia grossa<br />

Para fins de uso público da Praia Grossa devem ser estabelecidos os acessos, para<br />

carro e pedestres. Esses acessos devem contar com a estrutura adequada para receber os<br />

moradores do município, do condomínio a ser implantado e dos turistas que visitam Itapema.<br />

Lembrando ainda o potencial de educação ambiental para escolas e universidades, mais<br />

especificamente em relação à biodiversidade existente no local.<br />

Especificamente a área da futura RPPN deve contar com acesso a pé com boa<br />

sinalização, informações sobre fauna e flora (terrestre e marinha), lixeiras e bancos para<br />

descanso. Uma perspectiva é a formação de guias locais para o acompanhamento de visitantes<br />

e turistas. O Instituto Çarakura em parceria com o NEAmb propõe um Programa de<br />

capacitação em ecoturismo a ser implantado na RPPN. Este Programa contará com projetos<br />

de educação ambiental, mergulho, promoção da saúde integral e formação profissional de<br />

guias de ecoturismo. As ações podem ser desenvolvidas na sede da futura RPPN, projetada<br />

para fins de pesquisa cientifica, fiscalização ambiental, capacitação dos estudantes de Itapema<br />

e extensão universitária (Fig. 34).


•Rancho dos pescadores<br />

•Associação dos moradores do<br />

Canto da Praia<br />

•Colônia de pescadores<br />

•Moradores da região de<br />

impacto direto<br />

•Equipe UFSC<br />

Zoneamento<br />

participativo<br />

ORDENAMENTO DE USO PÚBLICO<br />

Proposta de<br />

projetos<br />

• Revitalização do mirante com sinalização, lixeiras,<br />

manutenção, melhorias nas vias de acesso<br />

• Sinalização das espécies de fauna e flora<br />

• Vias de acesso público para a praia e equipamentos<br />

• Áreas públicas de lazer<br />

• Programa de EA com as escolas de Itapema<br />

• Monitoramento ambiental e resgate de espécies<br />

ameaçadas<br />

• Implantação de trilhas de mergulho e valorização<br />

da fauna marinha<br />

67<br />

•Estabelecimento de parcerias entre:<br />

• Iniciativa privada<br />

• Poder Público Municipal<br />

• Universidades<br />

• Sociedade Civil Organizada (ONGs)<br />

• Conselho Municipal de Meio<br />

Ambiente (CONDEMA)<br />

•Secretaria Municipal da Educação<br />

Estimativa de conclusão: 4 a 18 meses<br />

Figura 34. Ordenamento do uso público<br />

Reunião com a comunidade da área próxima à BR 101 – 12/05/2010<br />

Execução dos<br />

projetos<br />

No dia 12 de maio foi realizada uma reunião com a presença de três representantes da<br />

comunidade na FAACI. Foi explicado o andamento da Governança no Projeto e foram<br />

perguntadas quais as principais dúvidas da comunidade com relação ao empreendimento<br />

previsto para a Praia Grossa. Foram trabalhadas três questões principais:<br />

a) Por onde exatamente será o acesso do condomínio;<br />

b) Como ficará o acesso público para a Praia Grossa;<br />

c) Existe algum risco de contaminação dos poços de captação de água dessas<br />

famílias?<br />

Foi sugerido que essas perguntas sejam encaminhadas aos empreendedores e à FAACI<br />

para que sejam esclarecidas.<br />

Seminário de Encerramento – Agosto de 2010<br />

Até o fechamento deste relatório o evento ainda não estará totalmente realizado,<br />

entretanto é parte fundamental a apresentação dos resultados do estudo para a sociedade,<br />

participante ou não do projeto (Tabelas 1 e 2).


Tabela 1. Resumo dos resultados Educação Ambiental e Governança.<br />

QUADRO RESUMO DOS ENCONTROS E PRODUTOS DA EA E<br />

GOVERNANÇA<br />

MÊS Encontro e Data<br />

N° de<br />

Participantes<br />

68<br />

Carga<br />

Horária<br />

(horas)<br />

FEV Maracatu – 06/02 50 6<br />

MARÇO<br />

ABRIL<br />

MAIO<br />

Reunião na Colônia de<br />

Pescadores – 09/02<br />

9 2<br />

Acordo Inicial – 11/02 20 2<br />

Oficina de conceitos<br />

25/02<br />

Reconhecimento do<br />

Território (Cartografia<br />

Básica) – 11/03<br />

Reconhecimento do<br />

Território (Saída a<br />

campo) – 13/03<br />

Reconhecimento do<br />

Território (mapa de<br />

demandas) – 20/03<br />

Estratégias de<br />

governança (ETAPA 1)<br />

24/04<br />

Reunião com a<br />

comunidade próxima à<br />

BR 101 – 12/05<br />

Estratégias de<br />

governança (ETAPA 2)<br />

15/05<br />

Seminário de<br />

Encerramento – 26/05<br />

9 2<br />

11 2<br />

13 4<br />

26 2<br />

17 2<br />

4 2<br />

26 2<br />

PRODUTO<br />

Flyer de<br />

divulgação<br />

Documento com<br />

as demandas<br />

27 Termos de<br />

cooperação<br />

assinados<br />

Conceito da<br />

comunidade<br />

Manual de<br />

Reconhecimento<br />

do Território<br />

Fichas de<br />

demandas<br />

Mapa de<br />

demandas do<br />

Canto da Praia e<br />

Praia Grossa<br />

Estratégias e<br />

encaminhamentos<br />

Planejamento das<br />

alternativas de<br />

acesso ao<br />

empreendimento<br />

Detalhamento das<br />

estratégias<br />

- 2 -


N° TOTAL DE<br />

ENCONTROS<br />

Tabela 2. Números totais<br />

CARGA<br />

HORÁRIA TOTAL<br />

69<br />

PÚBLICO<br />

TOTAL<br />

11 28 horas 185<br />

Vídeo de apresentação das atividades do Projeto<br />

Durante as atividades do Projeto, o cinegrafista Alexandre Lizóide esteve presente em<br />

grande parte dos encontros, registrando a participação da comunidade e da Universidade.<br />

Um vídeo com a edição destas imagens será produzido para fins pedagógicos e<br />

institucionais, sendo mais um produto do processo de governança.<br />

2.3 Esforço de divulgação<br />

Evento Cultural – Maracatu<br />

Foi realizada uma apresentação cultural no Canto da Praia com o grupo Arrasta Ilha de<br />

Maracatu e a arte-educadora Recicleide em frente à peixaria da Dona Leta (Figs. 35 e 36).<br />

Nesta data, foram distribuídos diversos folders de divulgação do Projeto (Anexo D).<br />

Figura 35. Apresentação do Maracatu. Figura 36. Grupo Arrasta Ilha.


Lista de envio de correspondências para os encontros previstos<br />

Prefeito Municipal: Sabino Bussanello;<br />

Pres. Ass. Do Canto da Praia: Maria Luiza Olinger;<br />

Gerente de desenvolvimento Ambiental (Florianópolis): Jair Sebastião Amorim;<br />

Gerente de desenvolvimento Ambiental (Itajaí): Gabriel Santos de Souza;<br />

Procuradoria da República: Pedro Nicolau Moura Sacco;<br />

Analista Ambiental: Ana Maria Torres Rodrigues;<br />

Procuradoria Jurídica: André Bevilaqua;<br />

Águas de Itapema: Manuel Motta Netto;<br />

Turismo: Samir Rocha.<br />

Vereadores:<br />

Luiz Carlos Vieira;<br />

Vanio Cezar Viera;<br />

Beloni de Fátima da Silva;<br />

Alcionei Tridapalli;<br />

Nilza Simas;<br />

Giliard Reis;<br />

Mauro Hercílio Silva;<br />

Rodrigo Costa;<br />

Carlos Eduardo Vieira.<br />

Delegados do Orçamento Participativo:<br />

Jaime Kerino Granich;<br />

Jussara adriane Cruz Gentil;<br />

Ademir Gilberto Rau;<br />

Antonio Caetano;<br />

Joel Agostinho Dalago;<br />

Glaucemar Vasco;<br />

Eliu Lamarques Da Silva;<br />

Dirceu Bernardo de Oliveira;<br />

Maria Salete Scheneider;<br />

Irani Lenz;<br />

Waldir dos Santos;<br />

Rosemeri H Silva;<br />

João Adriano Dalago;<br />

Dorival Alexandre;<br />

Ademir Rogério Neves de Oliveira;<br />

Luiz Querino Garcia;<br />

Celso Kieling;<br />

Renata do Rocio Boschi dos Santos;<br />

Alessandra Bankersen;<br />

Juliano Gasperi;<br />

Edson Cunha Moura;<br />

70<br />

Gregório Andres dos Santos;<br />

Antonio Santos Simas;<br />

Wildney Bankersen;<br />

Elaine Cristina Da Cruz Luiz;<br />

Lucas Lima da Silva;<br />

Patrícia Antunes de Oliveira;<br />

Gisele Mônica Nunes;<br />

Nilton Bornaushen;<br />

Cecília Aparecida Sparvlli;<br />

Anderson Venturini de Godoy;<br />

Sebastião Machado;<br />

Valmor Vedovatto;<br />

Aldoir Bruno Machado;<br />

Mari Luci Pilantir Mateus;<br />

Márcia Saldanha;<br />

Antenor Carpi;<br />

Renata Baroni Bobinski;<br />

Duciana Felisbino;<br />

Ricardo Jose Bezerra Soares Segundo;<br />

Aldo Weber;


Adriano Campos;<br />

Monique Saut;<br />

Sebastião da silva;<br />

Saumo Machado;<br />

Acenir Bento Braz;<br />

Cleusa Maria Bott;<br />

Álvaro Firmo;<br />

Marivone de Jesus;<br />

Antonio Simas Neto;<br />

Luis Antonio Maresana;<br />

Jose Quintino dos Santos Filho;<br />

Jaison Simas;<br />

Sergio Vieira;<br />

Sebastião de Assis;<br />

Maria Helena Da Silva;<br />

Débora Luciane Fritsch;<br />

Luiz Fernando Cavalcanti;<br />

71<br />

Nathalia Felipe Barbosa;<br />

Volnete Matras;<br />

Clovis Techio;<br />

Viviane Costa;<br />

Rita Wollinger;<br />

Cíntia Rodrigues;<br />

Ataliba Manoel Dalsenter;<br />

José Zamprogna;<br />

Paulo Roberto Milaroski;<br />

Ana Maria Caldias;<br />

Osvaldo Canali;<br />

Roberto Pires ;<br />

Osvaldo Roepke ;<br />

Mirian Beatriz Riston;<br />

Ana Márcia Furtado Bezerra;<br />

Paulo Roberto Silva.


Divulgação para o dia 11/02/2010<br />

Foi enviado oficio ao Jeferson Raboch (Chefe de Frotas) e Também a Ana Lúcia<br />

(Chefe de Comunicação) para divulgação das Oficinas através de carro de som e também nota<br />

de imprensa no site oficial de Itapema.<br />

Divulgação para o dia 25/02/2010<br />

Foi enviada por email a nota de imprensa impressa para o diretor de comunicação<br />

Pedro Becker. Será divulgada no site oficial de Itapema www.itapema.sc.gov.br e também<br />

com divulgação através de um carro de som pela cidade.<br />

A equipe do Instituto ÇaraKura (Içara) vem trabalhando com a comunidade de<br />

Itapema em um programa de melhoria da qualidade de vida, onde a própria comunidade<br />

apresenta as suas demandas e através de subsídios didáticos e apoio técnico fornecidos pelo<br />

Instituto, irá definir estratégias para a solução dos problemas.<br />

O trabalho terá continuidade no ano de 2010 e o foco será o bairro Canto da Praia,<br />

onde no dia 06 de fevereiro (sábado), na Colônia de Pescadores, irá apresentar o projeto Praia<br />

Grossa, com duração das 13h às 18h, com a seguinte programação.<br />

13h: Abertura<br />

13h às 15h: Apresentação de teatro e fantoche (crianças e adolescentes de 7 à 16 anos)<br />

15h30min: Coffee Break<br />

16h às 18h: Apresentação do Maracatu<br />

A equipe do Instituto ÇaraKura conta com a participação de todos no projeto Praia<br />

Grossa no Canto da Praia.<br />

Divulgação para os dias 11 e 13/03/2010<br />

Lista de emails<br />

Moradores e Professores<br />

ambassitapema@yahoo.com.br, paulonascimento@itapema.sc.gov.br,<br />

telma_saul@hotmail.com, marideggan@gmail.com, cocaolinger@terra.com.br,<br />

melissa.zink@yahoo.com.br, irmgard-klix@uol.com.br, prsales@bol.com.br,<br />

ameeitapema@ig.com.br, capitulindo@hotmail.com, josianesimas@hotmail.com,<br />

leanabernard@hotmail.com, marcos_iaio@yahoo.com.br, soniamuller@hotmail.com,<br />

drikageo@bol.com.br, ale.tj@hotmail.com, alfonsovieira@gmail.com,<br />

anacardias@bol.com.br, anabrandd@yahoo.com.br, prof.andrezinho@yahoo.com.br,<br />

andrebecca_surf@yahoo.com.br, bibipassos_@hotmail.com, cheila.hot@hotmail.com,<br />

desipb25@hotmail.com, bagerepresent@ibest.com.br, alisbeux@gmail.com,<br />

gi.cabral@hotmail.com, inaldo_marques@hotmail.com, irenedalprat@hotmail.com,<br />

pratesmv@gmail.com, ndmoritz@yahoo.com.br, oskarsilva@hotmail.com,<br />

patriciazilio@hotmail.com, portoambiental@uol.com.br,<br />

renata.lemon@hotmail.com, rogerioitp@hotmail.com, msuzana69@hotmail.com,<br />

val.bulgarelli@hotmail.com, dinizbilibio@hotmail.com.<br />

72


Grupo de Governança<br />

dinizbilibio@hotmail.com, Ana Paula Silva , Patricia Zilio<br />

, Patrícia Zilio , oscar<br />

fernando silva , marie dominique domergue<br />

, vinfaraias@hotmail.com, val.bulgarelli@hotmail.com, Cleiton<br />

Decarli , Renata Lewandowski Montagnoli<br />

, Mara Gava ,<br />

ndmoritz@yahoo.com.br, drikageo@bol.com.br, geonete@itapema.sc.gov.br, genilda de lima<br />

, prsales@bol.com.br, leana bernardi<br />

, faaci ITAPEMA ,<br />

prof.andrezinho@yahoo.com.br, moni_albano@hotmail.com, INALDO Oliveira<br />

, anacardias@bol.com.br, acfeltrim@terra.com.br,<br />

thaise_c@yahoo.com.br, portoambiental , josiane maria simas<br />

, André da Silva ,<br />

anabrando@yahoo.com.br, cris donatti ,<br />

adilson@itapema.sc.gov.br, Elisandra Beux , Javier Toso<br />

, bicudo merege , Richard Smith<br />

richardambiental@gmail.com.<br />

Gabinete e Secretaria<br />

gabinete@itapema.sc.gov.br,<br />

afonso@itapema.sc.gov.br, miriam.maraschim@itapema.sc.gov.br,<br />

geonete@itapema.sc.gov.br, esporte@itapema.sc.gov.br, bucco@itapema.sc.gov.br,<br />

sgu@itapema.sc.gov.br, procuradoria@itapema.sc.gov.br, turismo@itapema.sc.gov.br,<br />

saude@itapema.sc.gov.br,<br />

imprensa@itapema.sc.gov.br, obras@itapema.sc.gov.br,<br />

faaci ITAPEMA , vigilanciasanitaria@itapema.sc.gov.br,<br />

juaciamaral@yahoo.com.br, avanio@vanio.com.br, osvaldoepke@pop.com.br,<br />

paulolans@hotmail.com, sandra@terramatter.com.br, rodrigo@terramatter.com.br,<br />

ivoneengsanit@yahoo.com.br, ivairengsanit@yahoo.com.br,<br />

sergiovie@terra.com.br, alternacarlos@terra.com.br,<br />

cristina_cttmar@yahoo.com.br, gustavo_sartoro@hotmail.com,<br />

maraluciafg@yahoo.com.br, javierdiver@gmail.com, riotijucas@yahoo.com.br,<br />

janaina@ens.ufsc.br, sandra@terramaster.sc.com.br, cooperitapema@hotmail.com,<br />

alo.caramba@yahoo.com.br, camila@sindusconitapema.com.br, cacalocsn@terra.com.br.<br />

Imprensa<br />

Jornal Atlântico<br />

waydson@oatlantico.com.br<br />

Rádio Cidade, Rádio POP, Jornal Gazeta Costa Esmeralda. Jornal Evangilizador.<br />

Carro de som (prefeitura)<br />

73


Ligações<br />

Associações de moradores<br />

Bairro Alto São Bento e Sertãozinho – Paulo Nascimento;<br />

Bairro Canto da Praia – Maria Luiza Olinger;<br />

Bairro Casa Branca – Telma;<br />

Bairro Centro – Mirian;<br />

Bairro Ilhota – Paulo Sales;<br />

Bairro Meia Praia – José Alencar;<br />

Bairro Várzea e São Paulinho – Maria Helena;<br />

Bairro Morretes – Celso Kieling;<br />

Bairro Tabuleiro – Seu Chico;<br />

Bairro Sertão do Trombudo (não tem presidente).<br />

Pescadores<br />

Amilton José da Silva, Arno Bitencourt, Arildo Pedro da Silva, Anderson Tarlis Rosa,<br />

Claudete Odete Bitencourt, Cláudio de Jesus, Douglas Rosa, Egídio Bitencourt, Elizabete<br />

Marquioli, Fugêncio de Souza, Iolanda Bitencourt, João David Soares, João Cecilio Costa,<br />

Jorcelino Sebastião Benigno e Laudelino Lauro Ferreira.<br />

Divulgação nos demais eventos<br />

Nos demais encontros descritos neste relatório foram utilizados cartazes na Prefeitura<br />

e no Rancho de Pescadores, ligações para as lideranças já citadas e emails.<br />

2.4 Dossiê de Economia de Experiências<br />

Aspectos do estudo sociológico<br />

Estes aspectos foram apontados pelos relatórios dos estudos de sociologia realizados<br />

pelo Sociólogo Luiz Cezar Lima e Graduanda em Ciências Sociais Mariana Carpes Keler. O<br />

texto abaixo foi integralmente copiado para valorizar estes estudos no andamento,<br />

planejamento e conclusões do processo de governança.<br />

O bairro do Canto da Praia é, sem sombra de dúvida, um local permeado de conflitos<br />

sociais. Sua beleza natural ímpar o torna um campo aberto de disputas simbólicas, culturais e<br />

econômicas.<br />

Além de ter sido primeiramente ocupado por uma comunidade tradicional de<br />

pescadores descendentes de açorianos, vem sendo descoberto por pessoas que buscam a<br />

tranqüilidade do contato com a natureza e é, mais recentemente, alvo da expansão imobiliária<br />

que está tomando conta do litoral norte catarinense.<br />

A pesquisa demonstrou que se faz necessário um acompanhamento efetivo por parte<br />

das autoridades envolvidas na preservação do patrimônio ecológico e cultural da região, sem<br />

74


o qual a cultura e o ecossistema será provavelmente devastado pelo desenvolvimento<br />

desordenado.<br />

O conjunto dos esforços do NEAmb, da Epagri, da FAACI e do Ministério Público em<br />

monitorar esse processo de expansão é sinal de que as transformações no local podem vir a se<br />

dar de forma estruturada e racional, dentro da legalidade, preservando a riqueza, a beleza e a<br />

diversidade cultural e natural do entorno.<br />

No discurso a Lei é cega, como bem o representa a estátua vendada, só que sabemos<br />

que na prática de sua execução a mesma pode ser interpretada e estimulada, seja por fatores<br />

econômicos ou pela vontade popular. Não gostaríamos de cair na vulgaridade de generalizar a<br />

aplicação geral das leis no Brasil como corrupta, mas queremos apontar que fatores sociais<br />

podem sim interferir nas decisões legais deste ou aquele assunto.<br />

Se existe a propina – como desconfiam muitos dos entrevistados – também existe a<br />

luta política da sociedade civil que, bem organizada, pode ser muito mais determinante do que<br />

qualquer interesse econômico escuso que venha tentar prevalecer sobre os interesses legítimos<br />

de uma população inteira. Os caminhos da governança passam pela efetiva participação cívica<br />

nas decisões e nos projetos de uma comunidade.<br />

Nesse sentido, a comunidade do Canto da Praia de Itapema se encontra bem articulada<br />

e aberta à negociação e à discussão no que se refere aos rumos que aquela parte da cidade irá<br />

tomar no futuro próximo. Tudo isso junto com uma forte noção de consciência ecológica que<br />

se faz predominante não só lá, mas em boa parte do discurso oficial das instituições públicas<br />

brasileiras.<br />

As decisões quando tomadas às claras e tornadas explícitas em suas conseqüências têm<br />

a capacidade de se legitimar no próprio debate que proporcionam desde que todos os<br />

interessados e afetados tenham voz e poder de barganha no processo de construção social e<br />

simbólica das mesmas. Esse é o sentido de todo nosso esforço de tentar compreender e<br />

esquematizar os anseios da população local.<br />

Recuperando a fala de seu Janga, presidente da Colônia de Pescadores, “pescador<br />

quando se une não é fácil”. Eles não estão alheios às transformações e muito menos são<br />

“inocentes” no que se refere aos seus direitos e deveres como cidadãos brasileiros. Muitas das<br />

experiências de embuste, pela qual passaram ao longo dos anos os fez mais cientes de sua<br />

colocação no mundo. Eles têm plena consciência de que têm vez e voz nos processos de<br />

decisão através de sua representatividade política e da sua importância econômica, cultural e<br />

turística.<br />

Mesmo com todas as diferenças e conflitos culturais presentes na região e<br />

comprovados por nossa pesquisa, há um fator maior que engloba todos os discursos dos atores<br />

sociais envolvidos: a preservação da natureza.<br />

No que diz respeito aos pescadores, eles não são avessos às mudanças, desde que sua<br />

atividade laboral seja valorizada e fomentada no processo ao mesmo tempo, que sejam<br />

preservadas as características que tornam o Canto da Praia um lugar privilegiado para se<br />

viver.<br />

Cabe às instituições estatais responsáveis pela fiscalização ambiental monitorar e<br />

prevenir as ações que serão tomadas daqui por diante para se seja garantido o<br />

75


desenvolvimento inteligente e sustentável desse “paraíso” intocado de exuberante beleza<br />

natural.<br />

Aspectos do meio biótico<br />

Resultados e conclusões dos relatórios do meio biótico.<br />

Répteis<br />

O levantamento bibliográfico e em coleções possibilitou a listagem de 52 espécies de<br />

répteis, pertencentes a 13 famílias de possível ocorrência para a região do município de<br />

Itapema. Dentre essas espécies, 12 foram registradas em campo na Praia Grossa.<br />

Aves<br />

Para a região de Itapema foram consideradas, através de levantamentos bibliograficos,<br />

380 espécies de aves de possível ocorrência no local. Na área de estudo foram registradas 97<br />

espécies, mais 79 na região, totalizando 176 espécies registradas no município de Itapema.<br />

Mamíferos<br />

Foram consideradas de possível ocorrência para a região de Itapema 115 espécies de<br />

mamíferos, excluindo os aquáticos, e 26 espécies foram registradas através de bibliografia<br />

para o município de Itapema. Na área de estudo foram obtidos registros de 12 espécies.<br />

Peixes de Água Doce<br />

Duas espécies coletadas, sendo uma delas nova para a ciência.<br />

Lepidópteros (borboletas)<br />

Foi registrado um total de 36 indivíduos de 13 espécies, pertencentes a cinco<br />

subfamílias.<br />

Besouros<br />

Foram coletados 77 indivíduos da subfamília Scarabaeinae (Coleoptera: Scarabaeidae)<br />

distribuídos taxonomicamente em 06 espécies de 04 gêneros.<br />

Peixes Recifais<br />

Através do presente levantamento macrofaunístico, foram encontradas 25 espécies de<br />

peixes, distribuídos em: 03 ordens e 13 famílias sendo que duas espécies são ameaçadas de<br />

extinção.<br />

Macro Algas Marinhas<br />

Foi identificado um total de 58 taxa infragenéricos sendo, 30 Rhodophyta (51%),<br />

representadas em seis ordens e oito famílias, 12 Chlorophyta (21%), representadas em três<br />

ordens e seis famílias e 16 Ochrophyta (Phaeophyceae) (28%) distribuídas em quatro ordens e<br />

cinco famílias. O número de taxa infragenéricos, identificados no presente estudo para o<br />

mesolitoral pode ser considerado elevado quando comparado a outras localidades do estado<br />

76


de Santa Catarina, mesmo em relação a áreas preservadas como, por exemplo, algumas ilhas<br />

da ReBIOmar do Arvoredo.<br />

]<br />

2.5 Conclusões e recomendações<br />

O processo de governança realizado no Canto da Praia e Praia Grossa de Itapema foi<br />

desenvolvido com o apoio e cooperação das comunidades locais. Foram identificadas diversas<br />

demandas e potenciais na região, sempre com a presença de moradores do local. Com as<br />

demandas identificadas, foram propostas as estratégias de governança para o desenvolvimento<br />

sustentável local estas detalhadas no item 2.5.<br />

No início do processo, o grupo sentiu dificuldades para consolidar um grupo de<br />

trabalho que desse continuidade aos temas trabalhados. Com isso, foram mudadas as<br />

estratégias de divulgação e o local das reuniões, consolidando um bom grupo de governança.<br />

2.6 Recomendações para o zoneamento<br />

1 - Sejam atendidas as exigências de acesso público à Praia Grossa e Ponta do Cabeço,<br />

tanto saindo do Canto da Praia, como pelo caminho que parte da BR 101;<br />

2 - Seja valorizada a cultura açoriana e o modo de vida da população local, possibilitando<br />

intervenções mais harmônicas com a história, a cultura e o ambiente;<br />

3 - Considerar as áreas de impacto direto como parte do sucesso e valorização dos<br />

empreendimentos previstos, evitando conflitos e apresentando responsabilidade<br />

socioambiental. O defenso da área do Canto da Praia é uma área estratégica para o suprimento<br />

de pescados de qualidade e pode vir a ser uma ótima opção de lazer e turismo com a<br />

revitalização da área. O mirante do Cabeço também se enquadra como local estratégico para<br />

uma opção de lazer e ecoturismo, carecendo de revitalização e manutenção;<br />

4 – Manutenção do diálogo com a comunidade próxima à BR 101 em todas as etapas de<br />

definição da ocupação. Foi requisitada a manutenção do acesso à Praia Grossa e também o<br />

monitoramento da qualidade das águas desta comunidade, pois a captação é toda feita por<br />

meio de poços artesanais;<br />

5 - Acompanhamento da FAACI e de um representante da UFSC a cada lote que for<br />

licenciado para a construção de imóveis, após a obtenção do licenciamento do<br />

empreendimento.<br />

6 - Constar no estatuto legal do condomínio que a área do empreendimento localiza-se em<br />

uma área de relevante interesse ecológico e que devem ser adotadas diretrizes de ocupação e<br />

paisagismo coerentes com os objetivos de conservação, preservando e conectando os<br />

fragmentos.<br />

7 - Utilizar materiais de construção com mínimo impacto possível, permitindo a<br />

infiltração da água da chuva no solo, evitando a erosão, a contaminação e os ruídos em<br />

excesso.<br />

8 - Minimizar os efeitos da iluminação artificial sobre a orla marítima deve utilizando<br />

alternativas de iluminação com sensores de presença, visando à eficiência energética e<br />

fornecendo segurança aos moradores.<br />

9 - Todos os acessos à praia devem ser feitos por decks devido à fragilidade da vegetação<br />

da orla (restinga herbácea).<br />

77


3. INVENTÁRIO DE VERTEBRADOS DA PRAIA GROSSA: ANFÍBIOS, RÉPTEIS,<br />

AVES E MAMÍFEROS.<br />

3.1 Introdução<br />

O estudo aqui apresentado teve por objetivo realizar os procedimentos necessários<br />

para avaliação referente à fauna.<br />

De maneira geral, para caracterização desta, foram levantadas informações<br />

bibliográficas que tratam das espécies de cada um dos grupos alvo desse estudo registradas na<br />

região e no município da área da propriedade. Essas informações foram complementadas com<br />

amostragens em campo para registro de espécies em diferentes ambientes da propriedade.<br />

O levantamento do meio biótico abrangeu a fauna de vertebrados terrestres da região<br />

onde foi conduzido o estudo, incluindo os grupos: anfíbios, répteis, aves e mamíferos.<br />

Objetivos<br />

Geral<br />

Avaliação de áreas prioritárias para preservação com base na diversidade de anfíbios,<br />

répteis, aves e mamíferos e recomendações em caso de manejo da área de estudo.<br />

Específicos<br />

Apresentar uma lista de espécies de vertebrados de possível ocorrência para a<br />

região com base em dados bibliográficos;<br />

Apresentar uma lista de espécies de vertebrados com registros no município de<br />

Itapema com base em dados bibliográficos;<br />

Apresentar uma lista de espécies de vertebrados presentes na área de estudo com<br />

base em amostragens específicas para cada grupo da fauna (anfíbios, répteis, aves<br />

e mamíferos);<br />

Indicação de espécies ameaçadas de extinção (segundo a lista nacional e a de<br />

estados vizinhos, Rio Grande do Sul e Paraná);<br />

Recomendações para eventual manejo da área.<br />

3.2 Materiais e Métodos<br />

Área de Estudo<br />

A região a ser avaliada encontra-se no município de Itapema, em terreno localizado<br />

junto à BR-101, ao lado esquerdo no sentido Norte-Sul. A área de estudo é formada pelos<br />

seguintes ambientes: mata de encosta, mata ciliar, costões rochosos e ambiente antropizado<br />

(casas e estradas).<br />

78


Procedimentos em campo<br />

Participaram do levantamento dos vertebrados terrestres dois biólogos, um fiscal da<br />

FAACI, auxiliares de campo e estudantes de graduação sob orientação eventual de<br />

pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina.<br />

Foram realizadas cinco campanhas de campo com duração de cinco dias consecutivos<br />

durante os meses de novembro e dezembro de 2009 e janeiro, fevereiro e março de 2010.<br />

Foi verificada para todos os grupos a ocorrência de animais atropelados em estradas<br />

próxima da área de estudo.<br />

Para amostragem de anfíbios, répteis e pequenos mamíferos foram utilizadas quatro<br />

armadilhas de interceptação e queda (pitfalls), uma em cada área: na mata de encosta e uma<br />

em área de mata ciliar. As armadilhas foram dispostas em formato de Y, com um balde de<br />

60L no centro de onde saíram três cercas montadas com seis metros de lona plástica com 75<br />

cm de altura. Foram feitos pequenos furos no fundo de cada balde para permitir o escoamento<br />

de água. As armadilhas ficaram abertas por quatro dias consecutivos, sendo estas revisadas<br />

todos os dias pela manhã.<br />

Realizou-se o registro visual e auditivo de anfíbios percorrendo-se diversos ambientes.<br />

A procura por anfíbios foi realizada preferencialmente do entardecer até a noite, além disso,<br />

durante o dia foram percorridos campos, canais e interior de matas revirando-se troncos e<br />

pedras à procura de animais em abrigos.<br />

A amostragem da fauna de répteis foi realizada tanto no período diurno quanto<br />

noturno. Durante o dia, as amostragens concentraram-se nos períodos mais quentes,<br />

percorrendo-se trilhas em áreas abertas e bordas de mata à procura de lagartos e serpentes em<br />

atividade (deslocando-se em busca de alimento e/ou abrigo). Possíveis refúgios como tocas,<br />

troncos caídos e embaixo de pedras também foram investigados à procura de animais em<br />

repouso. No crepúsculo e início da noite foi realizada procura por répteis, principalmente<br />

serpentes, em áreas de banhado.<br />

A metodologia utilizada para o levantamento da herpetofauna no município de<br />

Itapema incluiu o levantamento bibliográfico (Bérnils et al., 2001; Marques et al., 2001;<br />

Kunz, 2007; Lucas, 2008; Kunz & Ghizoni-Jr., 2009) e de exemplares depositados na coleção<br />

herpetológica do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC (CHUFSC), possibilitando a<br />

elaboração de uma lista com as espécies de provável ocorrência na região.<br />

Para o diagnóstico da avifauna foram realizados dois dias consecutivos de<br />

amostragem, percorrendo trilhas nos diversos ambientes de amostragem. Foram utilizados<br />

binóculo (10X42), guias de campo (Develey & Endrigo, 2004 e Sigrist, 2007) e gravador<br />

digital Marantz PMD 620 para registro de espécies não identificadas em campo para posterior<br />

comparação. Para registro fotográfico foi utilizada uma máquina fotográfica digital Olympus<br />

SP 550 UZ (18x zoom ótico).<br />

Foi realizado um levantamento bibliográfico para complementar as espécies<br />

ocorrentes na região de Itapema. As fontes bibliográficas para os dados secundários utilizados<br />

e a nomenclatura seguida foram: lista de aves do Brasil, revisada e atualizada (CBRO, 2009);<br />

os livros, As aves em Santa Catarina – distribuição geográfica e meio ambiente (Rosário,<br />

1996); Ornitologia brasileira (Sick, 1997).<br />

79


Para o levantamento dos dados sobre mamíferos foram utilizados os seguintes<br />

métodos: identificação de vestígios, como pegadas (Becker & Dalponte, 1991) e fezes;<br />

confronto direto com animais e capturas em armadilhas do tipo live-traps e registros<br />

fotográficos através do uso de armadilhas fotográficas.<br />

Para a captura de pequenos mamíferos, foram utilizadas 40 armadilhas pequenas e 20<br />

médias, armadas em diferentes ambientes. Nos ambientes de mata de encosta e mata ciliar<br />

metade das armadilhas foram instaladas no sub-bosque a dois metros de altura. Como isca, foi<br />

utilizada uma massa preparada à base de pasta de amendoim (amendocrem), banana, trigo, e<br />

óleo de fígado de bacalhau.<br />

Os procedimentos adotados quanto ao manuseio, anestesia e cuidados gerais com os<br />

mamíferos seguiram as recomendações propostas por Animal Care and Use Committee<br />

(1998).<br />

Com o intuito de servir de testemunho da ocorrência da espécie e disponibilizar este<br />

material para estudos futuros em diversas áreas (biogeografia, taxonomia, morfologia, etc.) e<br />

devido à dificuldade de identificação correta em campo de muitas espécies, particularmente<br />

no caso de pequenos mamíferos, répteis e anfíbios, alguns exemplares foram coletados. A<br />

identificação da espécie (ou da menor categoria taxonômica possível) foi realizada por<br />

comparação com material depositado em coleção e com a bibliografia especializada. Todo o<br />

material de vertebrados coletado foi destinado para depósito nas coleções científicas de<br />

vertebrados do Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa<br />

Catarina, atendendo às especificações recomendadas pelo IBAMA, em protocolo de licença<br />

para captura de vertebrados para fins científicos.<br />

3.4. Grupos<br />

3.4.1 Anfíbios<br />

Os anfíbios são representados principalmente pelos anuros (sapos, rãs e pererecas), em<br />

menor número pelas cobras-cegas (anfíbios ápodes de hábitos fossoriais) e também pelas<br />

salamandras, que não ocorrem no sul do Brasil. Em todo o mundo são conhecidas mais de<br />

6400 espécies de anfíbios (Frost, 2010), sendo o Brasil, líder mundial em diversidade desse<br />

grupo, abrigando 849 espécies (SBH, 2010).<br />

Os anfíbios, sobretudo os anuros, são elementos importantes nas cadeias e teias<br />

ecológicas, sendo ora presas ora predadores (ICMBIO-RAN, 2010). Uma das principais<br />

características dos anuros é a presença de pele altamente permeável, o que os torna muito<br />

sensíveis a mudanças ambientais. Além disso, a dependência da água para completar seu ciclo<br />

de vida e a mobilidade limitada faz deste grupo um bom indicador de qualidade ambiental<br />

(Duelmann & Trueb, 1986; Beebe, 1996). A distribuição das espécies de anfíbios anuros nos<br />

diferentes ambientes pode estar relacionada com a habilidade das espécies em ocupar locais<br />

com composição vegetal em distintos graus de heterogeneidade, proporcionando diferentes<br />

sítios de vocalização, locais para desova e desenvolvimento larval (Cardoso et al., 1989).<br />

As comunidades de anfíbios vêm sofrendo ameaças crescentes, em função<br />

principalmente da destruição de seus hábitats, conseqüência do desmatamento, do avanço da<br />

80


fronteira agrícola, da mineração, das queimadas e do desenvolvimento da infra-estrutura e<br />

urbanização. No Brasil, pouco se conhece a respeito das outras causas de declínio dos anfíbios<br />

observadas mundialmente, como os efeitos dos pesticidas, doenças infecciosas, mudanças<br />

climáticas, espécies invasoras ou comércio de animais silvestres (Silvano & Segalla, 2005).<br />

Apesar da quantidade crescente de estudos nos últimos anos, o conhecimento sobre a<br />

fauna de anfíbios no estado de Santa Catarina ainda é incipiente e fragmentado em<br />

comparação com seus estados vizinhos. O grupo de anfíbios mais conhecido é o de anuros,<br />

sendo registradas cerca de 110 espécies (Lucas, 2008). Dessa forma, são necessários estudos<br />

longos e envolvendo vários métodos para se melhorar o conhecimento sobre a distribuição<br />

geográfica, história natural, ecologia e conservação dos anfíbios.<br />

Resultados e Discussão<br />

O levantamento bibliográfico e em coleções possibilitou a listagem de 65 espécies de<br />

anfíbios, pertencentes a 12 famílias de possível ocorrência para a região do município de<br />

Itapema (ANEXO 2). Dentre essas espécies, 34 foram registradas em Itapema e 31 (85,3%)<br />

para a área da restinga na Praia grossa (Anexo 2).<br />

Dentre elas são apresentadas como exemplo as pererecas Dendropsophus microps<br />

(perereca) e Scinax granulatus (Fig. 37), as pererecas Dendropsophus werneri e Hypsiboas<br />

bischoffii (Fig. 38), os sapinhos Leptodactylus nanus e Chiasmocleis leucosticta (Fig. 39), a<br />

perereca Phylomedusa distincta e o sapinho Physalaemus maculiventris (Fig. 40), a perereca<br />

Scinax rizibilis e o sapo Rhinella abei (Fig. 41), a rã Leptodactylus latrans e o sapinho<br />

Haddadus binotatus (Fig. 42), a rã Leptodactylus notoaktites e rã-martelo Hypsiboas faber<br />

(Fig. 43), as pererecas Aplastodiscus ehrhardti e Ischnocnema henselli (Fig. 44) e os sapinhos<br />

Leptodactylus araucarius e Physalaemus cuvieri (Fig. 45).<br />

A utilização dos pitfalls foi bastante útil quanto aos resultados e espécies registradas<br />

por esse método. No total foram registrados 58 espécimes de anfíbios, 16 espécimes de 6<br />

espécies em novembro, 12 espécimes de 3 espécies em dezembro, 5 espécimes de 2 espécies<br />

em janeiro, 10 espécimes e 3 espécies em fevereiro e 15 espécimes de 7 espécies.<br />

Apenas duas espécies, Chiasmocleis leucosticta e Physalaemus maculiventris foram<br />

registrados através do uso de pitfalls. Estas mesmas espécies são as únicas que não haviam<br />

sido registradas anteriormente, tanto em Itapema quanto na Praia Grossa, mas isso se deve a<br />

dificuldade de registro dos mesmos. O restante das espécies foi registrado através de procura<br />

ativa tanto em caminhadas diurnas quanto noturnas.<br />

Duas espécies são consideradas ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul<br />

Haddadus binotatus e Vitreorana uranoscopa no município de Itapema, ambas registradas<br />

apenas em áreas florestais na área da Praia grossa (ANEXO 1).<br />

81


Figura 37. À esquerda, Dendropsophus microps (perereca); à direita, Scinax granulatus (perereca).<br />

Figura 38. À esquerda, Dendropsophus werneri (perereca) ); à direita, Hypsiboas bischoffii (perereca).<br />

Figura 39. À esquerda, Leptodactylus nanus (sapinho) ); à direita, Chiasmocleis leucosticta (sapinho).<br />

82


Figura 40. À esquerda, Phylomedusa distincta (perereca) ); à direita, Physalaemus maculiventris (sapinho).<br />

Figura 41. À esquerda, Scinax rizibilis (perereca) ); à direita, Rhinella abei (sapinho).<br />

Figura 42. À esquerda, Leptodactylus latrans (rã) ); à direita, Haddadus binotatus (sapinho).<br />

83


v<br />

Figura 43. À esquerda, Leptodactylus notoaktites (rã) ); à direita, Hypsiboas faber (rã-martelo).<br />

Figura 44. À esquerda, Aplastodiscus ehrhardti (perereca) ); à direita, Ischnocnema henselli (perereca).<br />

Figura 45. À esquerda, Leptodactylus araucarius (sapinho) ); à direita, Physalaemus cuvieri (sapinho).<br />

84


3.4.2 Répteis<br />

Os répteis formam um grupo bastante diverso, com mais de 8700 espécies conhecidas<br />

(Uetz & Hallermann, 2009), distribuídos por todo o globo, estando ausentes apenas em<br />

determinadas regiões polares e áreas com altitudes muito elevadas (Hutchins et al., 2003). Os<br />

répteis são divididos em três grupos: Testudines (cágados, jabutis e tartarugas), Crocodylia<br />

(jacarés e crocodilos) e Squamata (anfisbênios, lagartos e serpentes).<br />

Entre os países com maior diversidade de répteis, o Brasil ocupa a terceira posição,<br />

com 708 espécies descritas atualmente (Bérnils, 2010), sendo que levantamentos em áreas<br />

ainda pouco estudadas vêm revelando a existência de espécies ainda por descrever. Da mesma<br />

forma que para os anfíbios, nos últimos anos a fauna de répteis tem sido mais estudada. No<br />

entanto, a maioria das regiões brasileiras ainda não conta com conhecimentos satisfatórios,<br />

não sendo diferente para Santa Catarina.<br />

Os répteis além de sua importância ecológica intrínseca são excelentes indicadores<br />

ambientais, já que necessitam de um ecossistema equilibrado (associação entre meio biótico e<br />

abiótico) para manterem sua diversidade. Apesar disso, costumam receber menos atenção que<br />

os demais vertebrados na elaboração de estratégias de conservação (Bérnils et al., 2004),<br />

sendo a destruição de hábitats considerada como a principal ameaça ao grupo (Di-Bernardo et<br />

al., 2003).<br />

Resultados e Discussão<br />

O levantamento bibliográfico e em coleções possibilitou a listagem de 52 espécies de<br />

répteis, pertencentes a 13 famílias de possível ocorrência para a região do município de<br />

Itapema (ANEXO 2). Dentre essas espécies, 12 foram registradas em campo, entre elas como<br />

exemplo estão a anfisbena Amphisbaena microcephala e a jararacuçu Bothrops jararacussu<br />

(Fig. 46), lagartixa-das-casas Hemidactylus mabouia e jararaca Bothropoides jararaca (Fig.<br />

47), coral-verdadeira Micrurus corallinus e cobra-d‟água Liophis miliaris (Fig. 48), cobracipó<br />

Chironius exoletus e lagartinho Enyalius iheringii (Fig. 49), teiú Tupinambis merianae e<br />

a caninana Spilotes pullatus (Fig. 50) entre outras.<br />

Todas as espécies registradas foram através de procura ativa, sendo que nenhum réptil<br />

foi capturado pelos pitfalls.<br />

Nenhuma das espécies é considerada ameaçada de extinção.<br />

85


Figura 46. À esquerda, Amphisbaena microcephala (cobra de duas cabeças); à direita, Bothrops jararacussu<br />

(jararacussu).<br />

Figura 47. À esquerda, Hemidactylus mabouia (lagartixa-das-casas); à direita, Bothropoides jararaca<br />

(jararaca).<br />

Figura 48. À esquerda, Micrurus corallinus (coral-verdadeira); à direita, Liophis miliaris (cobra d’agua).<br />

86


3.4.3 Aves<br />

Figura 49. À esquerda, Chironius exoletus (cobra-cipó) ); à direita, Enyalius iheringii (lagartinho).<br />

Figura 50. À esquerda, Tupinambis merianae (teiú); à direita, Spilotes pullatus (caninana).<br />

A Floresta Atlântica é um dos ecossistemas com maior biodiversidade do mundo<br />

(Lewinsohn et al., 2006). Ela apresenta uma série de ecossistemas com peculiaridades que<br />

fazem com que haja endemismos e alta diversidade avifaunística (Sick, 1997; Bencke et al.,<br />

2006).<br />

A Floresta atlântica apresenta várias formações vegetais, apresentando tanto floresta<br />

ombrófila com várias subdivisões nas encostas, floresta quaternária nas baixadas, manguezal,<br />

lagoas entre outras.<br />

Essas formações são favoráveis a um número considerável de espécies endêmicas e<br />

ameaçadas na floresta atlântica. No entanto, devido à fragmentação, atualmente essa formação<br />

vegetal é uma das mais ameaçadas do Brasil e do mundo, restando menos de 7% de sua<br />

cobertura original. Sua avifauna rica e diversificada vem sofrendo tanto ações indiretas como<br />

perda de habitat e perseguição pela beleza das aves pelos seus cantos ou até mesmo pela<br />

pratca da caça (Benckee et al., 2006).<br />

87


O objetivo do presente trabalho é fornecer um diagnóstico de avifauna da área onde<br />

deverá ser implementado um condomínio residencial em Itapema, leste de Santa Catarina e<br />

gerar subsídios para um melhor aproveitamento e gerenciamento dos recursos naturais nessa<br />

área.<br />

Resultados e Discussão<br />

Para a região de Itapema foram consideradas 380 espécies de aves de possível<br />

ocorrência através de bibliografia. Na área de estudo foram registradas 97 espécies, mais 79<br />

na região, totalizando 176 espécies registradas no município de Itapema (ANEXO 3). Entre as<br />

espécies registradas são exemplos, o sanhaçu-do-coqueiro Thraupis palmarum (Fig. 51), o<br />

pica-pau-anão-barrado Picumnus temmincki (Fig. 52), peitica Empidonomus varius e mãe-dalua<br />

Nyctibius griseus (Fig. 53), bico-de-lacre Estrilda astrild e suiriri Tyrannus melancholicus<br />

(Fig. 54), gralha-azul Cyanocorax caeruleus e o beija-flor-fronte-violeta Thalurania<br />

glaucopis (Fig. 55), noivinha Colonia colonus e tiririzinho-do-mato Hemitriccus orbitatus<br />

(Fig. 56), rendeira Manacus manacus e joão-barbudo Malacoptila striata (Fig. 57) e a<br />

andorinha-pequena-das-casas Pygochelidon cyanoleuca e araquã Ortalis guttata (Fig. 58)<br />

entre outros.<br />

A maioria das espécies registradas é florestal, mas apenas a maria-da-restinga<br />

Phylloscartes kronei é ameaçada de extinção segundo o MMA (2003). Essa espécie é<br />

relativamente frequente em toda a área da restinga da Praia grossa. No entanto, o restante das<br />

espécies é relativamente freqüente na vertente atlântica sendo que a maioria delas é comum<br />

nas restingas costeiras. Espécies que sabidamente tem pressão de caça para gaioleiros não<br />

foram registradas, tais como o papa-banana Saltator similis e os coleirinhos Sporophila spp.<br />

entre outros.<br />

Figura 51. Thraupis palmarum (sanhaçu-docoqueiro).<br />

Figura 52. Picumnus temmincki (pica-pau-anão-barrado).<br />

88


Figura 53. À esquerda, Empidonomus varius (peitica); à direita, Nyctibius griseus (urutau).<br />

Figura 54. À esquerda, Estrilda astrild (bico-de-lacre); à direita Tyrannus melancholicus.<br />

89


Figura 55. À esquerda, Cyanocorax caeruleus (gralha-azul); à direita, Thalurania glaucopis (beija-flor-frontevioleta).<br />

Figura 56. À esquerda, Colonia colonus (viuvinha) ; à direita, Hemitriccus orbitatus (tiririzinho-do-mato).<br />

Figura 57. À esquerda, Manacus manacus (rendeira) ; à direita, Malacoptila striata (joão-barbudo).<br />

90


Figura 58. À esquerda, Pygochelidon cyanoleuca (andorinha-pequena-das-casas); à direita, Ortalis guttata<br />

(araquã).<br />

3.4.4 Mamíferos<br />

O conhecimento acerca da fauna é de fundamental importância para a elaboração de<br />

estratégias para conservação da biodiversidade. No Brasil, isso tem um significado particular,<br />

pois ocorrem 11 ordens com 652 espécies de mamíferos, o que faz deste país um dos mais ricos<br />

do mundo (Reis et al., 2006) e este número continua aumentando, à medida que novas espécies<br />

vão sendo descritas (Voss & Emmons, 1996; Cherem et al., 1999; Reis et al., 2006). No entanto,<br />

como consequência da alteração dos ecossistemas nativos, são reconhecidas oficialmente 69<br />

espécies e subespécies de mamíferos brasileiros ameaçados de extinção, sendo possível que 25%<br />

dos mamíferos no país estejam sob ameaça (Fonseca et al., 1996).<br />

Na Mata Atlântica, principal bioma presente no Estado de Santa Catarina, são<br />

encontradas 261 espécies de mamíferos (Ribeiro et al., 2009) sendo 71 endêmicas (Metzger,<br />

2009). Por outro lado a Mata Atlântica que representa a segunda maior floresta pluvial tropical<br />

da América, é um dos mais ricos conjuntos de ecossistemas em termos de diversidade biológica<br />

e um dos 25 hotspots mundiais para conservação da biodiversidade (Tabarelli et al., 2005;<br />

Dossie Mata Atlântica, 2001) tem, há séculos, recebido forte impacto antrópico. O processo de<br />

fragmentação atingiu níveis críticos, restando apenas 11,7% de florestas primárias e secundárias<br />

avançadas (Ribeiro et al., 2009), com a extração predatória da vegetação e a caça, constituindo<br />

ainda, ameaças permanentes (Dossie Mata Atlântica, 2001).<br />

Na Região sul do país a situação corresponde ao quadro nacional, suas formações<br />

vegetais foram profundamente alteradas e fragmentadas, principalmente devido à exploração<br />

madeireira e à expansão de atividades agropastoris. Soma-se a esses impactos outros fatores<br />

como a caça, a introdução de animais domésticos e suas doenças e a poluição ambiental. Todo<br />

este impacto é particularmente grande para os mamíferos, principalmente de médio e grande<br />

porte e esses são problemas que ainda acontecem, sem que a composição da mastofauna em suas<br />

formações florestais tenha sido devidamente conhecida (Cáceres et al., 2007).<br />

A utilização de mamíferos como grupo bioindicador em diagnósticos é justificável pela<br />

grande diversidade de espécies e pelo seu papel na cadeia trófica, possuindo elementos que<br />

91


ocupam desde a base até o topo de cadeia alimentar, estes últimos formados pelos animais de<br />

médio e grande porte, especialmente os carnívoros. Outra característica importante deste grupo é<br />

sua distribuição tridimensional no ambiente, que faz com que a análise da comunidade permita a<br />

percepção de alterações na estrutura do hábitat e/ou na própria cadeia trófica.<br />

O grupo dos pequenos mamíferos não voadores é formado por marsupiais e roedores,<br />

pertencentes às ordens Didelphimorphia e Rodentia (sensu NOWAK, 1999), respectivamente,<br />

cuja massa corporal não ultrapassa dois quilogramas. Este grupo compõe a maior parte da<br />

biomassa de mamíferos das florestas tropicais e têm grande importância nas cadeias tróficas de<br />

todos os ambientes tropicais, geralmente formando a base de toda a cadeia, servindo como<br />

alimento de pequenos e médios predadores dentre répteis, aves e inclusive outros mamíferos<br />

(Sick, 1997; Emmons & Feer, 1997). Embora de pequeno porte, esses mamíferos podem atuar<br />

também como polinizadores de várias espécies de flores, dispersores e predadores de sementes,<br />

influenciando dessa forma na distribuição e dinâmica da vegetação.<br />

Vertebrados de grande porte principalmente mamíferos de médio e grande porte<br />

especialistas são particularmente mais vulneráveis ao desaparecimento devido à baixa densidade<br />

populacional e as diferentes pressões ambientais, tais como perda de hábitat, caça, introdução de<br />

espécies exóticas e tráfico de animais silvestres. Sendo este o cenário ambiental atual, esforços<br />

para sua conservação e manutenção dos ambientes naturais devem ser maximizados.<br />

Resultados e Discussão<br />

Foram consideradas de possível ocorrência para a região de Itapema 115 espécies de<br />

mamíferos, excluindo os aquáticos, e 26 espécies foram registradas através de bibliografia<br />

para o município de Itapema. Na área de estudo foram obtidos registros de 12 espécies<br />

(ANEXO 4).<br />

Através do uso de armadilhas de queda (pitfall) de arame do tipo Young foram obtidas<br />

capturas de cinco espécies de pequenos mamíferos. Monodelphis iheringi (Fig. 60) foi<br />

capturada exclusivamente através de armadilhas de queda (pitfall) e Mircoureus<br />

paraguayanus e Oxymycterus judex (Fig. 62) exclusivamente em armadilhas do tipo Young<br />

(ANEXO 4).<br />

Os registros de vestígios permitiram a identificação de 05 espécies de mamíferos de<br />

médio porte, incluindo Dasypus novemcinctus (tatu-galinha), Cerdocyon thous (graxaim),<br />

Dasyprocta azarae (cutia), Nasua nasua (quati) e Procyon cancrivorus (mão pelada)<br />

(ANEXO 4) (Fig. 61).<br />

Considerando o início dos trabalhos do Projeto Itapema de fereveiro a novembro-2009<br />

e os cinco meses de amostragem apenas na Praia Grossa, cinco espécies foram registradas<br />

apenas nessa última localidade, os marsupiais Monodelphis iheringi e Micoureus<br />

paraguayanus (Fig. 59) e os roedores Oxymycterus judex, Oligoryzomys nigripes (Fig. 62) e<br />

Oligoryzomys sp. (ANEXO 4).<br />

Durante as atividades desenvolvidas de novembro de 2009 a março de 2010 cinco<br />

espécies foram acrescentadas a lista de mamíferos conhecidos para a na Praia Grossa, o<br />

marsupial Didelphis albiventris (Fig. 59), os carnívoros Cerdocyon thous (Fig. 61) e Procyon<br />

cancrivorus e os roedores Dasyprocta azarae e Oxymycterus judex (ANEXO 4).<br />

92


Quatro áreas foram principalmente amostradas. Os pontos com maior número de<br />

espécies registradas (n = 7) foram o ponto 1 (Mata de encosta- LN) e o ponto 4 (Mata Ciliar -<br />

Paysage). Na segunda área de mata de encosta (Paysage) foram registradas 4 espécies e na<br />

área de banhado 2 espécies.<br />

As espécies de mamíferos registradas até o presente momento eram esperadas. No<br />

entanto, os registros de espécies de carnívoros, P. cancrivorus, Nasua nasua e C. thous e a<br />

presença do roedor E. russatus (Fig. 60), espécie sensível à fragmentação, indica previamente<br />

uma boa qualidade ambiental florestal da Praia Grossa, justificando a proteção das áreas mais<br />

preservadas e diversificadas quanto à fauna com a manutenção de corredores florestais entre<br />

fragmentos.<br />

Espécies como o mão-pelada, P. cancrivorus, apesar de não ser considerada ameaçada<br />

necessita de ambientes associados a cursos d‟água com matas ciliares bem preservadas. Nesse<br />

sentido, a preservação desses corredores naturais e a manutenção da vegetação de seu entorno<br />

é fundamental para a manutenção de indivíduos na área de estudo.<br />

Entre as espécies registradas para o município de Itapema sete são consideradas<br />

ameaçadas de extinção nacionalmente e/ou em algum dos estados do sul, Paraná e Rio Grande<br />

do Sul. Dessas, apenas uma espécie foi registrada na Praia Grossa, a cutia Dasyprocta azarae,<br />

é considerada ameaçada no Rio Grande do Sul (ANEXO).<br />

Figura 59. Marsupiais: à direita, Didelphis albiventris (gambá-de-orelha-branca); à esquerda Micoureus<br />

paraguayanus (cuica).<br />

Figura 60. À esquerda, marsupial Monodelphis iheringi (cuíca), Foto: Ivo R. Ghizoni-Jr. (capturada na área de<br />

estudo); à direita, Euryoryzomys russatus (rato-do-mato) espécie de roedor sensível à fragmentação florestal.<br />

Foto: Rodrigo Merege (em Itapema).<br />

93


Figura 61. À direita, Procyon cancrivorus (seta,pegada de mão-pelada); à esquerda, Cerdocyon thous<br />

(graxaim). Fotos: Ivo R. Ghizoni-Jr. (na área de estudo); Javier Toso (eItapema).<br />

Figura 62. Roedores: à esquerda, Oligoryzomys nigripes (rato-do-mato); à direita, Oxymycterus judex (rato-dobanhado).<br />

Fotos: Ivo R. Ghizoni-Jr. (na área de estudo); Felipe Moreli Fantacini (em outra localidade)<br />

Registros de Ocorrência por ambiente<br />

Aproximadamente 80% dos registros foram obtidos em áreas de floresta ombrófila<br />

densa sub montana, incluindo matas ciliares, de encosta médio e avançada.<br />

Em áreas de banhado observou-se 10% dos registros, em áreas abertas, incluindo<br />

ambientes de restinga, foram observados 5% dos registros e em ambientes de bordas de mata<br />

5% (Tabela 3).<br />

Os ambientes florestais apresentaram a maior diversidade, principalmente associada a<br />

ambientes mais preservados, como as áreas de mata ciliar e encostas mais íngremes.<br />

Duas espécies de anfíbios e uma de mamífero, todas registradas em ambientes<br />

florestais, constam da lista de animais ameaçados. Contudo, cabe ressaltar que a lista de<br />

espécies ameaçadas do Rio Grande do Sul não seguiu necessariamente os critérios da IUCN, o<br />

que parece ter levado a um número de espécies ameaçadas proporcionalmente maior que o<br />

observado em listas de outros estados, além disso, esse estado representa o limite austral da<br />

94


Mata Atlântica, o que pode levar a interpretações distintas da condição de conservação em<br />

outros locais, como por exemplo, em Santa Catarina.<br />

A presença da maria-da-restinga Phylloscartes kronei, ameaçada de extinção<br />

nacionalmente, foi relativamente frequente nas áreas da restinga da Praia grossa, o que aponta<br />

para a importância da preservação desse tipo de ambiente na área de estudo.<br />

Tabela 3. Número de registros de espécies de vertebrados por ambiente.<br />

Ambientes Anfíbios Répteis Aves Mamíferos Total %<br />

Áreas Abertas 2 1 8 0 11 5<br />

Banhado 1 1 19 2 23 10<br />

Floresta 23 14 132 12 181 80<br />

Borda de Floresta 6 1 1 3 11 5<br />

Recomendações para eventual manejo da área<br />

Tendo como referências o inventário faunístico, o relatório de caracterização da<br />

cobertura vegetal e os estudos desenvolvidos na área, foram identificados os seguintes<br />

impactos, que poderiam ser prejudiciais às populações de “vertebrados-alvo” desse estudo em<br />

caso de ocupação parcial da área de estudo:<br />

A supressão da cobertura vegetal, incluindo as áreas de encosta em estágio<br />

médio-avançado reduziria os habitats disponíveis, alterando a composição<br />

faunística dessas áreas e consequentemente as interações existentes entre os<br />

organismos gerando desequilíbrio ecológico, isolamento de fragmentos e perda<br />

de diversidade;<br />

A construção de estradas pavimentadas e aumento no fluxo de pedestres e<br />

automóveis poderia impactar a fauna interferindo na dispersão das espécies ou<br />

mesmo aumentando a mortalidade através de atropelamentos.<br />

Medidas mitigatórias e compensatórias<br />

- manutenção de áreas de proteção ambiental (APP);<br />

- verbação das áreas florestais remanescentes como áreas de preservação e a criação de<br />

unidade de conservação nas áreas de maior diversidade.<br />

- manutenção da conectividade entre ambientes semelhantes por meio de corredores<br />

ecológicos, mesmo que em estágios iniciais ou de regeneração.<br />

- manutenção de ambientes florestais a pelo menos 10 metros da divisa das<br />

propriedades;<br />

- implantação de corredores ecológicos entre fragmentos remanescentes,<br />

principalmente quando associados à mata ciliar.<br />

95


Programas ambientais<br />

Recomenda-se:<br />

4.1 Introdução<br />

o apoio logístico e financeiro a estudos ambientais nas áreas naturais<br />

remanescentes;<br />

o uso de passadores de fauna sob e sobre estradas pavimentadas em locais<br />

prováveis de passagem em função de ambientes remanescentes – passagens<br />

sobre pistas sinalizadas e com redutores de velocidade, eventualmente com<br />

cercas em volta, tuneis e passadores aéreos;<br />

a fiscalização das áreas naturais remanescentes contra alterações ambientais<br />

(supressão do subbosque) extração de recursos vegetais e caça;<br />

o controle de espécies exóticas, invasoras e domésticas;<br />

a divulgação da biodiversidade local e de estudos ambientais desenvolvidos na<br />

área de estudo.<br />

4. BORBOLETAS FRUGÍVORAS E BESOUROS ESCARABEÍNEOS<br />

A região de Mata Atlântica inclui paisagens naturais muito complexas, devido à alta<br />

variedade de topografia e clima, sendo formada por grande diversidade animal e vegetal e<br />

caracterizada por um alto nível de endemismo, com cerca de 50% para todas as espécies<br />

(Morellato & Haddad, 2000).<br />

Devido a sua localização, principalmente região litorânea do Brasil, o domínio sofreu<br />

intensas modificações, começando com a chegada dos primeiros colonizadores europeus no<br />

Século XVI. Mas foi durante o último século que aproximadamente 92% do total do bioma<br />

foi modificado ou convertido em sistemas antrópicos (Brown & Freitas, 2000a, Ribeiro et al.,<br />

2008). A Mata Atlântica, que ocupava 1.300.000 km2 (aproximadamente 12% do território<br />

nacional), hoje está restrita a aproximadamente 98.000 km2 ou a 7,6% da sua cobertura<br />

vegetal original, distribuída em muitos fragmentos (Morellato & Haddad, 2000).<br />

Devido a todos esses processos, a Mata Atlântica é hoje classificada como “hotspot”,<br />

termo que define áreas críticas para conservação, por possuírem pelo menos 1500 espécies de<br />

plantas endêmicas e 75% ou mais de sua área original destruída (International Conservation,<br />

2010). Como tal, a Mata Atlântica é um local prioritário para a conservação e diversas<br />

pesquisas têm sido focadas em estudos sobre sua biodiversidade, incluindo o uso de<br />

borboletas e outros insetos como indicadores ecológicos de perturbações ambientais (Brown,<br />

1997; Brown & Freitas, 2000ª; Barlow et al. 2007b; Uehara-Prado et al., 2007; Gardner et al.,<br />

2008b; Ribeiro et al., 2008; Silva et al., 2009). Essas espécies, ou grupo de espécies, servem<br />

como “guias de indicação”, por serem sensíveis à fragmentação de habitat, poluição e outros<br />

96


tipos de estressores que degradam a biodiversidade (McGeoch, 1998). Para as análises de<br />

distúrbios ambientais, os invertebrados respondem a pequenas mudanças de habitat e a<br />

pequenas intensidades de impacto ambiental, o que os torna bons grupos indicadores<br />

(Lewinsohn et al., 2005).<br />

Os adultos de borboletas são divididos em duas guildas quanto à alimentação:<br />

borboletas que se alimentam de néctar (nectarívoras) e as borboletas que se alimentam de<br />

frutos em decomposição (frugívoras). As borboletas frugívoras pertencem à subfamília<br />

Nymphalinae e, por serem facilmente atraídas por armadilhas iscadas, são bastante utilizadas<br />

como indicadoras ecológicas em trabalhos de monitoramento ambiental. Outra característica<br />

que favorece o uso destes organismos como indicadores ecológicos é o fato de estarem<br />

correlacionados com a riqueza total de espécies em uma comunidade e com mudanças em<br />

fatores físicos do habitat, causadas pelos processos de alteração dos sistemas naturais (Ramos,<br />

2000; Uehara-Prado at al. 2003; Barlow et al, 2007a; Lima-Verde & Hernández 2007;<br />

Ribeiro et al.; 2008).<br />

As formas larvais das borboletas são herbívoras, alimentando-se principalmente da<br />

parte foliar das plantas, estando estritamente associadas aos recursos vegetais presentes no<br />

local, já que cada espécie de lagarta alimenta-se de uma espécie ou família de plantas<br />

específica (DeVries, 1987), acompanhando a sucessão das plantas hospedeiras em ambientes<br />

perturbados (Brown & Freitas, 1999). Além disso, as borboletas possuem taxonomia e<br />

sistemática bem definidas, são facilmente amostradas e com baixo custo, possuem ciclo de<br />

vida curto e baixa resiliência e são bastante carismáticas, podendo ser usadas como espéciebandeira,<br />

já que chamam atenção da comunidade não-científica, sendo úteis em programas de<br />

monitoramento ambiental (Brown, 1997; Brown & Freitas, 2000ª; Uehara-Prado et al.; 2007).<br />

Os besouros escarabeíneos pertencem a ordem dos Coleópteros (subfamília<br />

Scarabaeinae) e têm um importante papel em florestas tropicais, pois se utilizam de matéria<br />

orgânica em decomposição para alimentação de larvas e adultos, principalmente excrementos<br />

(coprófagos) e carcaças (necrófagos), participando ativamente do ciclo de nutrientes dentro<br />

dos ecossistemas (Halffter & Mathews, 1966, Halffter & Edmonds, 1982, Cambefort, 1991).<br />

Por este motivo, eles são conhecidos popularmente como “rola-bostas” devido ao hábito de<br />

algumas espécies construírem bolas com matéria orgânica em decomposição para depositar<br />

seus ovos e transportar até locais protegidos onde constroem seus ninhos (Halffter &<br />

Matthews, 1966). A maioria das espécies se alimenta de fezes ou carcaças de mamíferos,<br />

estando desta forma intrinsecamente associados à presença destes animais; se estes recursos<br />

diminuem produto da extinção local das espécies de mamíferos, espera-se que haja alterações<br />

tanto na composição quanto na estrutura das comunidades de besouros escarabeíneos (Halffter<br />

& Matthews, 1966; Halffter & Edmonds, 1982; Gill, 1991; Hanski, 1991; Morelli &<br />

González-Vainer, 1997; Estrada et al., 1993, 1999; Filgueiras et al., 2009; Nichols et al.,<br />

2009).<br />

Por estes motivos, eles vêm sendo recomendados como grupo indicador de mudanças<br />

ambientais, ao responderem com distintos padrões de organização quando estudados em<br />

fragmentos de florestas ou em áreas deterioradas pela ação humana (Klein, 1989; Halffter et<br />

al., 1992; Halffter & Favila, 1993; Davis et al., 2001; Scheffler 2005; Nichols et al., 2007;<br />

Gardner et al., 2008ª, 2008b; Hernández & Vaz-de-Mello, 2009).<br />

97


4.2 Metodologia<br />

Área de estudo<br />

A área de estudo localiza-se no município de Itapema (27º05'13'' S, 48º35'54'' O),<br />

estado de Santa Catarina, sendo as coletas realizadas da região da Praia Grossa. Foram<br />

escolhidas cinco áreas para o estudo, classificadas como: Mata Norte, Mata Sul, Mata do Rio,<br />

Costão, e Área Aberta, onde foram realizadas as coletas dos insetos durante três meses, de<br />

janeiro a março de 2010. Estas áreas correspondem aos ambientes existentes na região e<br />

importantes para o estudo.<br />

Coleta de Borboletas frugívoras (Lepidópteros)<br />

Em cada uma das áreas de amostragem foram dispostas cinco armadilhas de captura<br />

com isca (Fig. 63). Estas armadilhas consistem de um cilindro com um funil invertido dentro<br />

e uma base onde é colocada a isca; as borboletas entram pelo vão entre a base e o cilindro pra<br />

se alimentarem e sobem através do funil, ficando presas. As armadilhas ficaram expostas no<br />

campo durante cinco dias (96 horas), sendo o primeiro dia para a colocação da armadilha e da<br />

isca, o terceiro dia para a retirada dos indivíduos capturados e a reposição da isca e o quinto<br />

dia para a retirada dos indivíduos capturados e a retirada da armadilha.<br />

Figura 63. À esquerda, armadilha para coleta de borboletas frugívoras; à direita, borboleta coletada na armadilha.<br />

As espécies de borboletas capturadas que eram desconhecidas foram mortas e levadas<br />

para o laboratório para identificação, onde foram montadas e depositadas na Coleção<br />

Entomológica do Centro de Ciências Biológicas da UFSC. As outras foram marcadas na base<br />

das asas e soltas, para não serem contadas novamente em coletas futuras. As identificações<br />

foram baseadas em literatura especializada e auxiliadas pelo Dr. André Vitor Lucci Freitas, da<br />

Universidade Estadual de Campinas.<br />

98


Coleta de Besouros escarabeíneos (Coleópteros)<br />

Em cada uma das áreas de amostragem foram colocadas cinco armadilhas de queda<br />

(“pitfall trap”) utilizando potes plásticos com 20 cm de diâmetro e 10 cm de altura, com isca<br />

de atração (fezes ou carne em decomposição). As armadilhas, afastadas 25 m uma do outra,<br />

ficaram expostas por 48 h cada mês e os insetos, coletados vivos, foram contados e<br />

identificados no campo (Fig. 64).<br />

Figura 64. À esquerda, armadilha para coleta de besouros escarabeíneos vivos; à direita, triagem da armadilha no<br />

campo.<br />

Análise de dados<br />

Para as análises estatísticas dos dados foram realizadas curvas de acumulação de<br />

espécies, para indicar se o esforço amostral foi suficiente no levantamento. Além disso, foram<br />

calculadas a abundância de indivíduos e a riqueza de espécies em cada área, além do Índice de<br />

Diversidade de Shannon.<br />

4.3 Resultados obtidos<br />

4.3.1 Borboletas frugívoras (Lepidópteros)<br />

Foi registrado um total de 36 indivíduos de 13 espécies, pertencentes a cinco<br />

subfamílias (Tabela 4, Fig. 65).<br />

99


Tabela 4. Lista das espécies de borboletas coletadas em armadilha com isca e suas respectivas subfamílias, na Praia<br />

Grossa, Itapema, SC<br />

Subfamília<br />

Espécie<br />

Biblidinae Catonephele acontius (Linnaeus, 1771)<br />

Ectima thecla (Fabricius, 1796)<br />

Hamadryas feronia (Linnaeus, 1758)<br />

Charaxinae Memphis moruus (Fabricius, 1775)<br />

Morphinae Dasyophthalma creusa (Hübner, [1821])<br />

Morpho helenor (Cramer, 1776)<br />

Opsiphanes invirae (Hübner, [1808])<br />

Opsiphanes quiteria (Stoll, 1780)<br />

Nymphalinae Colobura dirce (Linnaeus, 1758)<br />

Historis odius (Fabricius, 1775)<br />

Satyrinae Euptychia ernestina Weymer, 1911<br />

Moneuptychia soter (Butler, 1877)<br />

Pareuptychia ocirrhoe (Fabricius, 1776)<br />

As espécies frugívoras mais abundantes foram O. invirae e P. ocirrhoe com sete<br />

indivíduos cada uma, seguidos de C. dirce com cinco indivíduos e O. quiteria com quatro<br />

(Fig. 66). Foram seis espécies que tiveram apenas um indivíduo coletado, resultado da baixa<br />

amostragem ou da raridade dessas espécies no local de estudo.<br />

Figura 65. Borboletas coletadas nas armadilhas com isca durante o estudo em Itapema, SC e depositadas na Coleção<br />

Entomológica da UFSC: O. quiteria (1), O. invirae (2), D. creusa (3), H. odius (4), C. acontius ♂ (5), C. dirce (6), M.<br />

helenor (7), M. moruus (8), H. feronia (9), P. ocirrhoe (10), E. thecla (11), M. soter (12) e E. ernestina (13).<br />

100


Número de indivíduos<br />

Figura 66. Distribuição de abundância das borboletas Nymphalidae frugívoras de Praia Grossa, Itapema, SC,<br />

coletadas entre janeiro e março de 2010.<br />

Analisando as espécies por área de amostragem, podemos observar que a área da Mata<br />

Norte foi a que obteve o maior número de indivíduos e o maior número de espécies, sendo<br />

também a com maior índice de diversidade de Shannon (H‟= 1,79). As áreas de Mata Sul,<br />

Costão e Área Aberta obtiveram índices de diversidade parecidos (em torno de H‟1,5) e a área<br />

Mata Rio foi a que obteve o menor índice (H‟=0,64), devido à baixa riqueza e abundancia<br />

(Tabela 5).<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

Opsiphanes<br />

invirae<br />

Opsiphanes<br />

quiteria<br />

Catonephele<br />

acontius<br />

Tabela 5. Espécies frugívoras e sua respectiva abundância em cada área de estudo, no município de Itapema, SC.<br />

Espécies Mata Mata Mata Costão Área Total<br />

Norte Sul Rio<br />

aberta<br />

Catonephele acontius 2 2<br />

Colobura dirce 4 1 5<br />

Dasyophthalma creusa 1 1<br />

Ectima thecla 1 1<br />

Euptychia ernestina 1 1<br />

Hamadryas feronia 1 1<br />

Historis odius 1 1<br />

Memphis moruus 2 2<br />

Moneuptychia soter 1 1<br />

Morpho helenor 1 2 3<br />

Opsiphanes invirae 1 2 1 3 7<br />

Opsiphanes quiteria 1 2 1 4<br />

Pareuptychia ocirrhoe 1 2 2 2 7<br />

Total 12 9 3 5 7 36<br />

Riqueza de espécies 7 5 2 4 5 -<br />

Índice de Diversidade (H‟) 1,79 1,58 0,64 1,33 1,47 -<br />

Algumas espécies foram exclusivas de algumas áreas, como por exemplo, M. moruus<br />

e C. acontius da Mata Norte e E. thecla, E. ernestina e H. odius da Área aberta. Ainda assim,<br />

não podemos concluir que estas espécies sejam indicadoras ou exclusivas desses ambientes, já<br />

101<br />

Moneuptychia<br />

soter<br />

Euptychia<br />

ernestina


que o esforço amostral para realizar o levantamento não foi suficiente, como observado na<br />

curva de acumulação de espécies que não atingiu a assíntota (Fig. 67), sendo necessárias mais<br />

coletas para afirmações mais precisas.<br />

Número de espécies<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50<br />

102<br />

Amostras<br />

Figura 67. Curva de acumulação de espécies para as borboletas frugívoras coletadas no estudo no município de<br />

Itapema, SC, coletadas durante os meses de janeiro a março de 2010.<br />

Segundo Brown e Freitas (2000b) em estudo realizado no Espírito Santo, a espécie E.<br />

ernestina é uma espécie rara/ameaçada, de ambientes ricos de floresta cuja lagarta alimenta-se<br />

de musgo, tendo sido esta espécie coletada no presente estudo. A área aberta, apesar de ser um<br />

gramado, é envolto de mata fechada, por isso a riqueza e a abundância se mostraram<br />

semelhantes às áreas de mata.<br />

No Brasil, há registros de 788 espécies de Nymphalidae (Brown & Freitas, 1999) e na<br />

Ilha de Santa Catarina, são conhecidas 82 espécies (Carneiro et al., 2008; Silva et al.; 2009).<br />

Existem estudos de lepidópteros para a região Sul do Brasil (Iserhard e Romanowski, 2004;<br />

Paz et al.; 2008), mas no estado de Santa Catarina os trabalhos publicados são bastante<br />

escassos. Brown e Freitas (2000a) registraram 796 espécies de borboleta para Joinville, sendo<br />

190 pertencentes à família Nymphalidae e Carneiro et al. (2008) registrou 74 espécies de<br />

Nymphalidae para a Ilha de Santa Catarina.<br />

A lista de espécies apresentada no estudo é pequena, mas de grande importância. A<br />

quantidade de espécies encontradas foi alta pelo pouco período de amostragem e mostra a<br />

importância da área para a manutenção da entomofauna. Muitas das borboletas presentes na<br />

lista são encontradas somente em áreas de mata, sendo a conservação de seu habitat crucial<br />

para sua preservação.


4.3.4 Besouros escarabeíneos (Coleópteros)<br />

Foram coletados 77 indivíduos da subfamília Scarabaeinae (Coleoptera: Scarabaeidae)<br />

distribuídos taxonomicamente em 6 espécies de 4 gêneros (Tabela 6).<br />

Tabela 6. Lista das espécies de besouros da subfamília Scarabaeinae coletados na Praia Grossa, Itapema, SC, durante<br />

o período de janeiro a março de 2010.<br />

Tribo Gênero Espécie<br />

Canthonini Canthon Canthon rutilans cyanescens Harold, 1868<br />

Deltochilum Deltochilum brasiliensis (Laporte, 1840)<br />

Deltochilum irroratum (Laporte, 1840)<br />

Deltochilum morbillosum Burmeister, 1848<br />

Eurysternini<br />

Phanaeini<br />

Eurysternus<br />

Coprophanaeus<br />

Eurysternus parallelus Laporte, 1840<br />

Coprophanaeus dardanus (MacLeay, 1819)<br />

A espécie mais abundante foi Deltochilum irroratum com trinta e oito indivíduos<br />

coletados, seguida de Canthon rutilans cyanescens e Coprophanaeus dardanus. As espécies<br />

Eurysternus parallelus, D. morbillosum e D. brasiliensis foram menos abundantes (Fig. 68).<br />

Número de indivíduos<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

Deltochilum irroratum<br />

Canthon rutilans cyanescens<br />

Coprophanaeus dardanus<br />

Figura 68. Distribuição de abundância das espécies de besouros Scarabaeinae coletadas em Praia Grossa, Itapema,<br />

SC, durantes os meses de janeiro a março de 2010.<br />

A área da Mata Rio foi a que obteve o maior número de indivíduos e o maior número<br />

de espécies, sendo também a que apresentou um maior índice de diversidade de Shannon (H‟<br />

103<br />

Eurysternus parallelus<br />

Deltochilum morbillosum<br />

Deltochilum brasiliensis


= 1,25). As áreas de Mata Sul, Costão e Área aberta obtiveram índices de diversidade<br />

parecidos, e a Mata Norte a que obteve o menor índice (H‟ = 0,5623), devido à baixa riqueza<br />

e abundancia (Tabela 4).<br />

Tabela 7. Espécies de besouros escarabeíneos e sua respectiva abundância em cada área de estudo, no município de<br />

Itapema, SC.<br />

Espécies<br />

Mata<br />

Rio<br />

Mata<br />

Norte<br />

104<br />

Mata<br />

Sul Costão<br />

Área<br />

aberta Total<br />

Deltochilum irroratum 16 1 12 5 4 38<br />

Canthon rutilans cyanescens 12 4 2 18<br />

Coprophanaeus dardanus 9 3 1 2 15<br />

Eurysternus parallelus 1 1 2 4<br />

Deltochilum morbillosum 1 1<br />

Deltochilum brasiliensis 1 1<br />

Total 39 4 18 8 8 77<br />

Riqueza 5 2 4 3 3 -<br />

Índice de Diversidade (H‟) 1,25 0,56 0,93 0,9 1,04 -<br />

A curva de acumulação de espécies realizada a partir da riqueza de espécies<br />

acumulada por amostras indica uma insuficiência amostral. A inclinação da curva demonstra<br />

que as coletas foram insuficientes para atingir o número de espécies que provavelmente<br />

existem na área e novas coletas devem aumentar a riqueza de espécies (Fig. 69).


Riqueza de espécies<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50<br />

Amostras<br />

Figura 69. Curva de acumulação de espécies para os besouros escarabeíneos coletados durante o estudo no município<br />

de Itapema, SC, entre janeiro e março de 2010.<br />

A lista de espécies apresentada é pequena já que o levantamento foi inicial, mas demonstra<br />

a importância deste grupo taxonômico dentro do habitat, principalmente na proximidade de<br />

rios.<br />

Agradecimentos<br />

Agradecemos aos integrantes do Laboratório de Ecologia Terrestre Animal (LECOTA) da<br />

UFSC Cássio Marcon e Tiago Oliveira, e a equipe do NEAmb pela ajuda em campo e<br />

logística; ao Dr. A. V. L. Freitas na Universidade Estadual de Campinas pela confirmação na<br />

identificação das espécies.<br />

105


5.1 Introdução<br />

5. VEGETAÇÃO<br />

Este relatório tem como objetivo diagnosticar a vegetação ocorrente na localidade da<br />

Praia Grossa, município de Itapema. Esse diagnóstico servirá como subsídio para ações que<br />

visem o manejo da vegetação quando ocorrerem os futuros empreendimentos que são citados<br />

para o local. A área estudada pertence ao Bioma Mata Atlântica, sendo importante remanescente<br />

de suas tipologias vegetacionais características. Para a caracterização das fitofisionomias foram<br />

utilizadas como base as principais publicações legais e ou científicas, bem como saídas de<br />

campo, visando analisar de forma quantitativa e qualitativa a estrutura e o estágio sucessional em<br />

que se encontram.<br />

5.2 Metodologia<br />

As áreas foram percorridas ao longo de todas as formações vegetais encontradas,<br />

buscando-se caracterizar e classificar a vegetação através dos critérios básicos de descrição.<br />

Para a classificação da vegetação e suas respectivas fitofisionomias foi utilizado como<br />

referência o Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE 1992) e de maneira complementar,<br />

obras de referência disponíveis na literatura científica.<br />

Para a caracterização dos estágios sucessionais foram utilizadas as resoluções do<br />

CONAMA n° 04 de 1994 para as formações florestais e n° 261 de 1999 para as áreas de<br />

Restingas.<br />

Para a realização do inventário florístico foi utilizado o método do caminhamento<br />

(Filgueiras, 1994).<br />

Caracterização das áreas amostradas<br />

Para a caracterização das áreas foram realizadas saídas de campo nas quais todas as áreas<br />

foram percorridas e os parâmetros necessários para sua classificação foram anotados, bem como<br />

as principais espécies. Para este levantamento foi utilizado o método do caminhamento<br />

(Filgueiras, 1992) um método expedito para levantamentos florísticos. Dessa maneira, foi<br />

possível gerar um mapa da cobertura vegetal da área, ainda que generalista, mas que não deixa<br />

de lado nenhuma das fitofisionomias encontradas e tampouco os estágios sucessionais nos quais<br />

se encontram (Apéndice).<br />

Levantamento quantitativo da vegetação<br />

Para o enquadramento dos estágios sucessionais e compreensão da estrutura das florestas<br />

foram estabelecidas três unidades amostrais com características geomorfológicas diferentes.<br />

A área amostral 1 está localizada no alto de uma encosta no morro granítico localizado a<br />

Norte da Praia Grossa, voltada para o sul, com baixa declividade, praticamente na linha do<br />

divisor de águas.<br />

106


A área amostral 2 está localizada em área de floresta ciliar, localizada na margem Norte<br />

do córrego localizado ao Norte da Praia Grossa. A área apresenta declividade média e sua<br />

encosta também está voltada para o Sul.<br />

A área amostral 3 está localizada em uma encosta de inclinação média, voltada para o<br />

Norte.<br />

Procedimento amostral<br />

As amostragens quantitativas foram realizadas através do método do quadrante centrado<br />

no ponto (Martins, 1991) e a sinúsia estudada foi a arbórea. O critério de inclusão dos vegetais<br />

analisados foi DAP (diâmetro à altura de 1,30 m do chão) maior que 5 cm.<br />

Foram demarcados transectos dentro de cada formação florestal, nos quais foram<br />

amostrados vinte pontos, distantes cinco metros um do outro em linha reta, sendo que as 4<br />

árvores mais próximas deste ponto, uma em cada quadrante formado pela linha do transecto e<br />

uma perpendicular imaginária, foram medidas em DAP e altura. Ao total foram amostrados 60<br />

pontos e 240 árvores.<br />

Os parâmetros fitossociológicos analisados seguem os trabalhos tradicionais, sendo eles<br />

Frequência Absoluta, Frequência Relativa, Densidade Absoluta, Densidade Relativa,<br />

Dominância Absoluta e Dominância Relativa. Foi ainda calculado para cada espécie o Índice de<br />

Valor de Importância. Para as comunidades vegetais de cada fragmento foram calculados os<br />

índices de diversidade de Shannon (H‟) e de equabilidade de Pielou (J). Com estes resultados,<br />

aliados às observações de campo, foi possível a caracterização precisa dos estágios sucessionais<br />

nas três áreas amostradas.<br />

5.3 Resultados<br />

Caracterização e classificação da vegetação<br />

A área amostrada na localidade da Praia Grossa compreende uma grande heterogeneidade<br />

de tipologias vegetacionais.<br />

Existem variações geomorfológicas intensas, de forma que o fator edáfico e a salinidade<br />

são os fatores predominantes para o estabelecimento das fitofisionomias. As áreas amostrais<br />

estão localizadas em cotas altimétricas baixas, mas com relevos bastante acentuados em relação à<br />

declividade. A amostragem foi realizada em dois morros de rocha granitóide, ambos com feições<br />

voltadas para Leste, em contato com a zona marítima e com área de encostas voltadas para Oeste<br />

e todas as outras direções, de forma que também foram amostradas encostas sem influência<br />

marinha. Além disso, fizeram parte deste estudo áreas de deposições marinhas pretéritas.<br />

A declividade é acentuada nos costões rochosos à beira mar, porém com baixas altitudes,<br />

cerca de 50 metros, declividades médias nas encostas, sem áreas íngremes, tanto nas voltadas<br />

para o mar como nas interiores, com altitude máxima de 100 metros e áreas planas divididas em<br />

terraços a partir da linha de praia, em regiões deposicionais que formam os cordões arenosos<br />

atuais, praticamente ao nível do mar e terraços mais antigos, de deposição pretérita (5000 A.P.)<br />

que estão a dois ou três metros mais altos em relação ao nível do mar. Dessa maneira os solos<br />

predominantes são os arenosos à beira mar, onde ocorre formação praial; as rochas expostas nos<br />

107


costões, com pequenas fendas onde ocorre a deposição de material orgânico e encontra-se algum<br />

tipo de sedimento mais rico; os solos das encostas, ora mais profundos ora mais rasos com<br />

ocorrência comum de afloramentos rochosos. Além disso, existem próximos a drenagens no<br />

setor Norte da praia, solos de deposição aluvial, na margem de um pequeno regato que corre do<br />

morro Norte em diração ao mar.<br />

As fitofisionomias são variáveis de acordo com os diferentes ambientes que ocorrem,<br />

desde a praia, a Leste, até o limite com os ambientes da Região de Floresta Ombrófila Densa, a<br />

Oeste.<br />

Assim, podemos observar duas tipologias de vegetação predominantes: Floresta<br />

Ombrófila Densa e Áreas de Formações Pioneiras.<br />

Áreas de floresta ombrófila densa submontana<br />

As áreas de Floresta Ombrófila Densa são todas pertencentes à subclassificação<br />

Submontana, que são características das florestas de encostas Catarinenses, ocorrendo desde<br />

poucos metros acima do mar até os 600 metros de altitude. Essas formações florestais ocupam<br />

todas as áreas de encostas nos morros granitóides da Praia Grossa e entorno (Fig. 70).<br />

Figura 70. Visão geral da localidade amostrada: Praia Grossa, Itapema, Santa Catarina.<br />

As formações florestais apresentam uma estrutura horizontal composta por três a<br />

quatro estratos, com altura média de 15 metros para o estrato superior. As copas são<br />

relativamente densas no dossel, a diametria não é acentuada e as espécies que compõem este<br />

estrato são Cytharexylum mirianthum (tucaneira), Colubrina glandulosa (sobragi), Cupania<br />

vernalis (camboatá-vermelho), Miconia cinnamomifolia (jacatirão-açu), M. ligustroides<br />

108


(jacatirãozinho), M. cabussu, Jacaranda puberula (carobinha), Dyospirus inconstans<br />

(caquizinho-do-mato), Ficus organensis (figueira-da-folha-miúda).<br />

O segundo estrato é composto por árvores, arvoretas e palmeiras, variando sua altura<br />

desde três até os 12 metros de altura. As principais espécies são Hedyosmum brasiliense,<br />

Euterpe edulis (juçara), Posoqueria latifolia (baga-de-macaco), Casearia obliqua (chá-debugre),<br />

Chusquea tenella (taquarinha), Myrcia splendens (guamirim), Clusia criuva (manguede-formiga),<br />

Campomanesia reitziana, Endlicheria paniculata (canela frade), entre outras.<br />

O terceiro estrato corresponde à regeneração e arbustos que vegetam entre 1 e 3 metros de<br />

altura. Este estrato é composto principalmente por Psychotria spp, Heliconia velloziana,<br />

Cyathea sp., Faramea margintata, Solanum pseudocapsicum, entre outras.<br />

O estrato herbáceo possui uma cobertura densa, com Aechmea nudicaulis, Nidularium<br />

spp, Aechmea lindenii e gramíneas de vários gêneros Axonopus, Paspalum, formando densas<br />

coberturas, ora juntas, ora se substituindo. Também se destacam nesse estrato Calathea sp.<br />

nova, Anthurium gaudichadianum, Maranta arundinacea, Elephantopis mollis, Hypoxis<br />

decumbens, Olyra humilis, Pharus lapualaceus, entre outras.<br />

Áreas de formações pioneiras<br />

As áreas de formações pioneiras podem ser dividas em duas subcategorias: áreas de<br />

restinga e áreas de costões rochosos.<br />

As restingas podem ainda ser separadas em três fitofisionomias principais, restingas<br />

herbáceas, restinga arbustiva e restinga arbórea.<br />

Vegetação de restinga<br />

Na linha da praia encontra-se a restinga herbácea nas dunas frontais com uma<br />

comunidade bem estabelecida, caracterizada por espécies herbáceas, rastejantes em sua<br />

maioria, composta por Hidrocotyle bonariensis, Paspalum vaginatum, Blutaparon<br />

portulacoides, Alternanthera maritima, Bacopa monnieri, Sophora tomentosa e Canavalia<br />

rosea.<br />

A resolução do CONAMA não caracteriza os estágios sucessionais devido à variação<br />

ampla que estas podem apresentar pelos fatores ecológicos aos quais estão expostas.<br />

Entretanto, na área de estudo esta vegetação pode ser considerada como em estágio<br />

avançado, devido à predominância das espécies nativas características das formações de<br />

dunas frontais, ocupando uma faixa de 15 metros a partir da parte frontal do cordão arenoso.<br />

As áreas baixas localizadas a oeste desta faixa de solo arenoso são consideradas<br />

potencialmente como vegetação de restinga arbórea em estágio inicial de regeneração. As<br />

áreas abertas, com aparência de gramados, apresentam predominância de espécies herbáceas<br />

nativas, principalmente das famílias Poaceae e Cyperaceae. Existem pequenas manchas de<br />

espécies exóticas nessas áreas de gramados onde ocorrem principalmente um agrupamento de<br />

Urochloa sp. (capim-braquiária), e provavelmente um de capim-anoni (Eragrostis aff. plana).<br />

Em relação às áreas de restinga arbórea propriamente dita, restaram apenas capões de<br />

forma arredondada, com no máximo 10 indivíduos, de altura média de 8 metros, restritos a<br />

109


área dos antigos estacionamentos de carros à beira da praia. Esses capões de mato localizamse<br />

até 50 metros da linha da praia, sendo fragmentos mínimos que indicam a existência de<br />

restingas arbóreas num passado recente, estando o local completamente descaracterizado de<br />

suas formações originais. Entretanto esses relictos de vegetação merecem ser conservados,<br />

sendo sua composição florística: Eugenia umbeliflora (guamirim), Cupania vernalis<br />

(camboatá-vermelho), Matayba guianensis (Camboatá-branco), Schinus terebintifolia<br />

(aroeira-vermelha), Trichilia lepidota, Dyospirus inconstans (caquizinho-do-mato), Guappira<br />

oposita (maria-mole), Myrsine umbellata (capororocão) , Myrsine parviflora<br />

(capororoquinha), Myrcia splendens (guamirim).<br />

Ao Sul da Praia Grossa, encontra-se uma linha de árvores cultivadas, principalmente<br />

de Terminalia catappa (amendoeira) e Ficus elastica (falsa-amendoeira), espécies exóticas e<br />

que serviram como árvores facilitadoras para o estabelecimento de espécies nativas sob suas<br />

copas, de forma que a regeneração neste ponto está em estágio médio.<br />

As formações de encosta e a restinga arbórea não apresentam um limite florístico claro<br />

em suas zonas de contato, estando as espécies de ambas as formações ocorrendo tanto em<br />

solos arenosos como nas encostas que seguem para o Norte da praia. Existe distinção,<br />

entretanto, entre as formações de restinga herbácea, que cobrem as dunas frontais a não mais<br />

que 5 metros da linha da praia, das formações de costões rochosos e das florestas. Todas estas<br />

formações ocorrem muito próximas e os principais fatores que parecem importar para o<br />

estabelecimento de uma ou de outra são a salinidade e a origem do substrato, se rochoso ou<br />

arenoso, que de maneira simples influenciaram nos solos e microhábitats, tão importantes nos<br />

ecossistemas ditos extremos.<br />

Vegetação de costões rochosos<br />

Nos costões rochosos encontram-se ervas e arbustos, às vezes arvoretas, restritas a<br />

essas formações. Essa vegetação é única e nela podemos encontrar Opuntia arechavaletai,<br />

Cereus hildmannianus, Pereskia aculeata, Sophora otmentosa, Senna sp, Hibiscus tiliaceus,<br />

Cortaderia selloana, Epidendrum fulgens, Diodia apiculata, entre outras.<br />

Levantamento quali-quantitativo<br />

O levantamento florístico ocorre na área desde o início de 2009, com coletas de todas<br />

as espécies encontradas com ramos férteis. Até o momento, para a área da Praia Grossa foram<br />

reconhecidas 381 espécies vegetais distribuídas em 79 famílias botânicas. A listagem segue<br />

em anexo neste relatório.<br />

O levantamento fitossociológico realizado através do método dos quadrantes serviu<br />

como base para a compreensão da estrutura arbórea dos remanescentes florestais. As três<br />

áreas amostradas representam áreas florestais em regeneração natural, com espécies nativas e<br />

alta riqueza biológica.<br />

A partir do levantamento fitossociológico foram encontradas 51 espécies arbóreas,<br />

pertencentes a 27 famílias botânicas. A riqueza de espécies arbóreas foi a seguinte nas três<br />

áreas: Área 1 com 23 espécies, Área 2 com 20 e Área 3 com 36 espécies (Tabela 8).<br />

110


Tabela 8. Listagem das espécies arbóreas encontradas nas três áreas amostradas.<br />

Família Espécie<br />

Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl.<br />

Annonaceae Annona cacans Warm.<br />

Duguetia lanceolata A. St.-Hil.<br />

Rollinia sylvatica (A. St.-Hil.) Martius<br />

Apocynaceae Tabernaemontana catharinensis A. DC.<br />

Aquifoliaceae Ilex dumosa Reissek<br />

Ilex theezans Mart.<br />

Arecaceae Euterpe edulis Mart.<br />

Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman<br />

Chlorantaceae Hedyosmum brasiliense Miq.<br />

Clusiaceae Clusia criuva Cambess.<br />

Ebenaceae Diospyros inconstans Jacq.<br />

Elaeocarpaceae Sloanea monosperma Vell.<br />

Erythroxylaceae Erythroxylum argentinum O.E. Schulz<br />

Euphorbiaceae Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg.<br />

Tetrorchidium rubrivenium Poepp.<br />

Fabaceae Dahlstedtia pinnata (Benth.) Malme<br />

Machaerium nyctitans (Vell.) Benth.<br />

Machaerium stipitatum (DC.) Vogel<br />

Myrocarpus frondosus Allemão<br />

Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel<br />

Lauraceae Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F. Macbr.<br />

Nectandra leucothyrsus Meisn.<br />

Nectandra oppositifolia Nees & Mart.<br />

Ocotea pulchella (Nees) Mez<br />

Magnoliaceae Talauma ovata A. St.-Hil.<br />

Melastomataceae Miconia ligustroides (DC.) Naudin<br />

Meliaceae Cedrela fissilis Vell.<br />

111


Guarea macrophylla Vahl<br />

Moraceae Ficus insipida Willd.<br />

Myrsinaceae Myrsine coriacea (Sw.) R. Br. ex Roem. & Schult.<br />

Myrsine umbellata Mart.<br />

Myrtaceae Campomanesia neriiflora (O. Berg) Nied.<br />

Campomanesia reitziana D. Legrand<br />

Myrcia glabra (O. Berg) D. Legrand<br />

Myrcia splendens (Sw.) DC.<br />

Psidium cattleianum Sabine<br />

Nyctagynaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz<br />

Peraceae Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill.<br />

Rhamnaceae Colubrina glandulosa Perkins<br />

Rubiaceae Amaioua intermedia Mart.<br />

Posoqueria latifolia (Rudge) Roem. & Schult.<br />

Salicaceae Banara parviflora (A. Gray) Benth.<br />

Casearia sylvestris Sw.<br />

Sapindaceae Allophylus petiolulatus Radlk.<br />

Allophylus edulis (A. St.-Hil., Cambess. & A. Juss.)<br />

Radlk.<br />

Cupania vernalis Cambess.<br />

Matayba guianensis Aubl.<br />

Sapotaceae Pouteria venosa (Mart.) Baehni<br />

Urticaceae Cecropia glaziovi Snethl.<br />

Coussapoa microcarpa (Schott) Rizzini<br />

Cálculo dos parâmetros fitossociologicos e classificação dos estágios sucessionais<br />

Os parâmetros fitossociológicos são apresentados através de tabelas. As tabelas por<br />

sua vez estão ordenadas pelo Índice de Valor de Importância calculado para cada espécie. Em<br />

cada área também foram respondidos os critérios apresentados na resolução do CONAMA n°<br />

4 de 1994.<br />

112


ÁREA 1:<br />

A Área 1, está situada no divisor de águas entre as duas vertentes da área de estudo,<br />

caracteriza-se por ser uma área de encosta, localizada na cota altimétrica próxima dos 120<br />

metros, com média declividade e com orientação voltada para o Sul. Esta floresta apresenta<br />

um porte alto, com três ou quatro estratos horizontais, variando em altura e porte.<br />

Os resultados do levantamento fitossociológico indicam que o trecho amostrado pode ser<br />

considerado como Floresta Ombrófila Densa Sub-montana, em estádio avançado de<br />

regeneração.<br />

A resolução CONAMA 04 de 1994, estabelece os critérios a serem investigados para a<br />

classificação dos estádios sucessionais aos quais nos referimos neste estudo. Dessa maneira os<br />

critérios serão apresentados e seguem pequenas discussões sobre a aplicabilidade dos<br />

mesmos.<br />

A área forma uma fisionomia totalmente florestal, fechada e com altura média<br />

estimada é de 10,1 metros. Apesar da altura média não estar representada por árvores de<br />

grande porte, as áreas amostradas, principalmente as árvores emergentes, formam um dossel<br />

contínuo, com alturas que variam entre 15 e 18 metros. As copas superiores em geral são<br />

bastante amplas.<br />

Ao total foram encontradas 23 espécies arbóreas nesta amostragem, sendo que a maior<br />

parte é de ampla distribuição na Floresta Atlântica Catarinense.<br />

O epifitismo nessa área amostral não é representado por grande número de indivíduos,<br />

entretanto destacam-se as Bromeliaceae, Gesneriaceae e Orchidaceae. Existem ainda algumas<br />

lianas lenhosas e samambaias ocupando a parte inferior das copas das árvores de maior porte.<br />

A maior ocorrência de espécies epifíticas, no entanto, está restrita às árvores com copa larga,<br />

nas quais existe suporte físico para a ocorrência de epífitos.<br />

A amplitude dos diâmetros é alta, com predomínio dos diâmetros médios, e algumas<br />

árvores de grande porte. O DAP médio é de 15,2 cm. A serapilheira no local é abundante,<br />

estando o horizonte A do solo bastante desenvolvido. Em relação à estratificação, existem três<br />

estratos bem definidos, um arbóreo, com predomínio do camboatá-vermelho (Cupania<br />

vernalis) com 30 indivíduos dos oitenta amostrados, e com maior Índice de Valor de<br />

Importância. A farinha seca, (Machaerium stipitatum) ocupou o segundo lugar de IVI, sendo<br />

também uma das espécies mais comuns no levantamento. Rollinia sylvatica (araticum ou<br />

cortiça), representou a terceira espécie em valor de importância e apesar de não ser árvore de<br />

grande porte, é a dominante na parte baixa do dossel. O aguaí (Pouteria venosa), o sobragi<br />

(Colubrina glandulosa) e o seca-ligeiro (Pera glabrata) são árvores de grande porte que são<br />

de grande importância na composição do estrato arbóreo mais alto na área estudada. Dentre<br />

estas espécies, o sobragi e o aguaí possuem valor madeireiro amplo, corroborado pelo aspecto<br />

de rebrote que alguns indivíduos destas espécies apresentam.<br />

Em relação a esta área de estudo pode-se destacar ainda a ocorrência de duas espécies<br />

herbáceas de Orchidaceae terrícolas muito comuns, Mesadenela cuspidata e Oeceoclades<br />

maculata. Além disso, a suficiência amostral ainda não pôde ser atingida, sendo que algumas<br />

espécies arbóreas ocorrentes não foram amostradas como a peroba (Aspidosperma olivaceum)<br />

e o indaiá (Attalea dubia), que foram observadas próximas aos transectos.<br />

113


O índice de diversidade de Shannon & Wiener calculado foi H‟= 2,45 nats.ind.-¹ para esta<br />

área e o índice de equidade de Pielou foi J= 0,1065 (Tabela 9).<br />

Tabela 9. Parâmetros fitossiociológicos calculados, Ni=número de indivíduos da espécie, N.P.= número de parcelas em<br />

que ocorre a espécie, FAi= Frequência absoluta da espécie, FRi= Frequeência relativa da espécie, DAi= Densidade<br />

Absoluta da espécie, DRi= Densidade Relativa da espécie, DoAi= Dominância Absoluta da espécie, DoRi= Dominância<br />

relativa da espécie, IVI= Indice de Valor de Importância da espécie.<br />

ESPÉCIE N.I N.P FAI FRI DAÍ DRI DOAI DORI IVI<br />

Cupania vernalis 30 17 85 26,984 984,25 38 11368 28,519 31,001<br />

Machaerium stipitatum 8 5 25 7,9365 262,47 10 3145 7,8899 8,6088<br />

Rollinia sylvatica 6 6 30 9,5238 196,85 7,5 2570,3 6,4482 7,824<br />

Pouteria venosa 4 3 15 4,7619 131,23 5 3542,1 8,886 6,216<br />

Colubrina glandulosa 4 4 20 6,3492 131,23 5 2518,1 6,3172 5,8888<br />

Pera glabrata 3 3 15 4,7619 98,425 3,8 2236 5,6094 4,7071<br />

Campomanesia reitziana 3 3 15 4,7619 98,425 3,8 1358,3 3,4076 3,9732<br />

Allophylus edulis 3 3 15 4,7619 98,425 3,8 888,12 2,228 3,58<br />

Banara parviflora 2 2 10 3,1746 65,617 2,5 1368,8 3,4338 3,0361<br />

Myrsine coriacea 2 2 10 3,1746 65,617 2,5 1264,3 3,1717 2,9488<br />

Tabernaemontana catharinensis 2 2 10 3,1746 65,617 2,5 626,91 1,5727 2,4158<br />

Annona cacans 1 1 5 1,5873 32,808 1,3 1734,5 4,3512 2,3962<br />

Diospyros inconstans 1 1 5 1,5873 32,808 1,3 1149,3 2,8834 1,9069<br />

Coussapoa microcarpa 1 1 5 1,5873 32,808 1,3 929,92 2,3329 1,7234<br />

Cecropia glaziovi 1 1 5 1,5873 32,808 1,3 814,99 2,0446 1,6273<br />

Ilex theezans 1 1 5 1,5873 32,808 1,3 689,6 1,73 1,5224<br />

Campomanesia neriiflora 1 1 5 1,5873 32,808 1,3 679,15 1,7038 1,5137<br />

Guaraea macrophylla 1 1 5 1,5873 32,808 1,3 595,57 1,4941 1,4438<br />

Tapirira guianensis 1 1 5 1,5873 32,808 1,3 543,32 1,363 1,4001<br />

Morta 1 1 5 1,5873 32,808 1,3 511,98 1,2844 1,3739<br />

Zollernia ilicifolia 1 1 5 1,5873 32,808 1,3 397,04 0,9961 1,2778<br />

Myrsine umbellata 1 1 5 1,5873 32,808 1,3 376,15 0,9436 1,2603<br />

Euterpe edulis 1 1 5 1,5873 32,808 1,3 355,25 0,8912 1,2428<br />

Guapira opposita 1 1 5 1,5873 32,808 1,3 198,52 0,498 1,1118<br />

TOTAIS 80 63 315 100 2624,7 100 39861 100 100<br />

ÁREA 2:<br />

A área 2 está localizada em uma encosta de baixa declividade, em baixa altitude, com<br />

inclinação orientada para o Norte. A vegetação tem porte aparente mais baixo que as das<br />

demais amostragens, provavelmente pelo histórico de manejo ao qual foi exposta. Há<br />

predominância de caules tortuosos e bastante ramificados de uma forma geral com DAPs<br />

pequenos e altura baixa. Seguindo os critérios de classificação da resolução CONAMA 4 de<br />

1994 pode-se classificar a vegetação como em estágio médio de regeneração natural.<br />

Existem dois estratos principais, um arbóreo e um herbáceo, sendo o estrato arbustivo<br />

dificilmente diferenciado dos demais. A altura média calculada foi de 5, 9 metros, sendo que<br />

os indivíduos mais altos atingiram 10 metros.<br />

114


A cobertura de dossel é fechada com a ocorrência de poucos indivíduos emergentes. As copas<br />

são pequenas e não ocupam grandes áreas de cobertura.<br />

O DAP médio calculado foi de 10,2 cm, de forma que a amplitude dos diâmetros foi baixa e<br />

predominam os diâmetros pequenos. O epifitismo é médio de forma que predominam as<br />

Bromeliaceae do gênero Tillandsia (cravo-do-mato). As trepadeiras pertencem principalmente<br />

ao gênero Mikania e não possuem grande importância na fisionomia, entretanto, pode-se<br />

destacar a trepadeira lenhosa Pisonia aculeata (unha-de-tigre) muito comum na área estudada.<br />

A serapilheira apresentou uma camada espessa à época da amostragem. Em relação às<br />

espécies amostradas, ao total foram encontradas vinte espécies arbóreas, com um índice<br />

importante de uma espécie nova para cada ponto amostral, evidenciando a falta de suficiência<br />

amostral.<br />

O araçazeiro (Psidium cattleianum) foi a espécie mais representativa desta<br />

amostragem, sendo com Índice de Valor de Importância mais alto. Essa espécie ocorreu em<br />

17 dos vinte pontos amostrais, com um total de 29 indivíduos dos oitenta amostrados. Apesar<br />

do porte pequeno da maior parte dos araçazeiros encontrados, os caules são bastante<br />

ramificados e as copas apresentam cobertura média. Essa espécie é bastante comum nas<br />

formações florestais catarinenses, principalmente nas florestas de restingas, as quais<br />

ocuparam preteritamente zonas de contato com a floresta amostrada. Além disso, o araçazeiro<br />

é alimento da avifauna, sendo, portanto, bastante disperso. Da mesma forma, apresenta<br />

tolerância à luz, o que facilita o povoamento de áreas em regeneração em estádios iniciais,<br />

sendo, seqüencialmente, substituídas ao longo da dinâmica florestal (Tabela 10).<br />

As árvores mais importantes, depois do araçazeiro, pertencem ao grupo das árvores de<br />

pequeno a médio porte, sem valor comercial madeireiro e de ampla ocorrência na floresta<br />

atlântica. Além disso, são espécies muito comuns nas restingas de Santa Catarina, sendo elas:<br />

caúna-da-folha-miúda (Ilex dumosa), capororoquinha (Myrsine coriaceae), o Cambuí (Myrcia<br />

splendens), a caúna-branca (Ilex thezans), e a Maria-mole (Guapira opposita). Dentre as<br />

outras espécies encontradas neste levantamento, praticamente todas são de ampla ocorrência<br />

na floresta atlântica. Contudo, a similaridade com as espécies ocorrentes nas áreas de restinga<br />

é muito evidente e pode ser explicada, principalmente, pela proximidade desta área com zonas<br />

de restinga, hoje bastante alteradas de suas características naturais.<br />

O índice de diversidade de Shannon & Wiener foi H‟= 2,336896 nats.ind.-¹ e o de<br />

equidade de Pielou foi J= 0,101604.<br />

115


Tabela 10. Parâmetros fitossiociológicos calculados, Ni=número de indivíduos da espécie, N.P.= número de parcelas<br />

em que ocorre a espécie, FAi= Frequência absoluta da espécie, FRi= Frequeência relativa da espécie, DAi= Densidade<br />

Absoluta da espécie, DRi= Densidade Relativa da espécie, DoAi= Dominância Absoluta da espécie, DoRi= Dominância<br />

relativa da espécie, IVI= Indice de Valor de Importância da espécie.<br />

ESPÉCIE N.I N.P FAI FRI DAÍ DRI DOAI DORI IVI<br />

Psidium cattleianum 29 17 85 26,984 946,48 36 17264 49,671 37,635<br />

Ilex dumosa 8 8 40 12,698 261,1 10 675,61 1,9438 8,2141<br />

Myrsine coriacea 6 5 25 7,9365 195,82 7,5 2473,8 7,1173 7,5179<br />

Myrcia splendens 9 6 30 9,5238 293,73 11 176,7 0,5084 7,0941<br />

Ilex theezans 3 3 15 4,7619 97,911 3,8 3461,2 9,9582 6,1567<br />

Guapira opposita 5 4 20 6,3492 163,19 6,3 1060,2 3,0503 5,2165<br />

Hedyosmum brasiliensis 2 2 10 3,1746 65,274 2,5 1798,2 5,1735 3,616<br />

Ocotea pulchella 2 2 10 3,1746 65,274 2,5 1715 4,9342 3,5363<br />

Dahlstedsia pinnata 3 3 15 4,7619 97,911 3,8 176,7 0,5084 3,0068<br />

Machaerium stipitatum 1 1 5 1,5873 32,637 1,3 1663 4,7847 2,5407<br />

Clusia criuva 2 2 10 3,1746 65,274 2,5 374,18 1,0766 2,2504<br />

Cupania vernalis 1 1 5 1,5873 32,637 1,3 737,97 2,1232 1,6535<br />

Pera glabrata 1 1 5 1,5873 32,637 1,3 675,61 1,9438 1,5937<br />

Coussapoa microcarpa 1 1 5 1,5873 32,637 1,3 582,06 1,6747 1,504<br />

Banara parviflora 1 1 5 1,5873 32,637 1,3 446,94 1,2859 1,3744<br />

Pouteria venosa 1 1 5 1,5873 32,637 1,3 384,58 1,1065 1,3146<br />

Posoqueria latifolia 1 1 5 1,5873 32,637 1,3 291,03 0,8373 1,2249<br />

Tetrorchidium rubrivenium 1 1 5 1,5873 32,637 1,3 228,67 0,6579 1,1651<br />

Casearia sylvestris 1 1 5 1,5873 32,637 1,3 207,88 0,5981 1,1451<br />

Morta 1 1 5 1,5873 32,637 1,3 187,09 0,5383 1,1252<br />

Miconia ligustroides 1 1 5 1,5873 32,637 1,3 176,7 0,5084 1,1152<br />

TOTAIS 80 63 315 100 2611 100 34757 100 100<br />

ÁREA 3:<br />

A área 3 localiza-se em baixa altitude, poucos metros acima do nível do mar.<br />

Apresenta declividade mediana e está localizada a margem de um pequeno riacho. A<br />

característica principal é o grande porte das árvores, a estratificação ampla com quatro<br />

estratos bem definidos além da umidade e fertilidade dos solos.<br />

Os resultados do levantamento fitossociológico indicam que a área está em estágio<br />

avançado de regeneração, com alta riqueza florística e complexidade estrutural. Ao total<br />

foram encontradas 36 espécies arbóreas nos 20 pontos amostrais (Tabela 11).<br />

A espécie predominante é a palmeira-juçara ou o palmiteiro (Euterpe edulis) espécie<br />

constante na lista oficial de espécies ameaçadas da flora Brasileira. Essa espécie ocorreu em<br />

treze dos 20 pontos amostrais, com um número total de 24 indivíduos dos 80 amostrados. São<br />

importantes na composição estrutural o seca-ligeiro (Pera glabrata) e o camboatá-branco<br />

(Matayba guianensis). Essas duas espécies são representadas por indivíduos de grande porte,<br />

sendo oito indivíduos de seca-ligeiro e 4 de camboatá-branco. As demais espécies são<br />

representadas por menos de três indivíduos, sendo que a grande maioria é representada por<br />

apenas um exemplar. Essa distribuição espacial das espécies indica uma alta diversidade na<br />

unidade amostral.<br />

116


O dossel da floresta é bastante fechado, as copas apresentam uma cobertura larga e<br />

existem espécies emergentes. A altura média calculada através dos indivíduos amostrados é<br />

de apenas 9,6 metros. Esse resultado não representa a altura média da floresta, uma vez que<br />

muitos indivíduos de porte baixo, principalmente pertencentes a espécie Euterpe edulis foram<br />

amostrados. A altura média deste fragmento pode chegar aos 20 metros, se forem analisadas<br />

apenas as árvores de maior porte e nesse caso, o DAP mais indicado como critério de inclusão<br />

de indivíduos arbóreos deve ser 10.<br />

O epifitismo é bastante diversificado e composto principalmente pela família<br />

Bromeliaceae. Além disso, ocorrem Gesneriaceae, Orchidaceae e muitas samambaias.<br />

O diâmetro médio calculado foi de 15,2 cm, sendo que a amplitude é alta. O DAP médio,<br />

entretanto, assim como a altura, não representa a estrutura da floresta. A média diamétrica<br />

apresentou resultados baixos devido ao predomínio de pequenos exemplares de palmiteiros no<br />

levantamento, em função do critério de inclusão ser 5 cm de DAP e não 10 cm.<br />

A serapilheira é desenvolvida e o solo apresenta umidade alta por estar localizado em<br />

um fundo de vale, sendo um solo profundo e com acúmulo de nutrientes.<br />

Os índices de diversidade de Shannon & Wiener foi de H‟= 2,933708 nats.ind.-¹ e o de<br />

equidade de Pielou J= 0,081492.<br />

117


Tabela 11. Tabela 4: Parâmetros fitossiociológicos calculados, Ni=número de indivíduos da espécie, N.P.= número de<br />

parcelas em que ocorre a espécie, FAi= Frequência absoluta da espécie, FRi= Frequeência relativa da espécie, DAi=<br />

Densidade Absoluta da espécie, DRi= Densidade Relativa da espécie, DoAi= Dominância Absoluta da espécie, DoRi=<br />

Dominância relativa da espécie, IVI= Indice de Valor de Importância da espécie I.<br />

ESPÉCIE N.I N.P FAI FRI DAÍ DRI DOAI DORI IVI<br />

Euterpe edulis 24 13 65 19,697 751,88 30 8410,8 22,034 23,91<br />

Pera glabrata 8 7 35 10,606 250,63 10 4409,9 11,553 10,72<br />

Matayba guianensis 5 4 20 6,0606 156,64 6,3 2414,5 6,3252 6,2119<br />

Clusia criuva 3 3 15 4,5455 93,985 3,8 3192,7 8,3639 5,5531<br />

Myrcia splendens 3 3 15 4,5455 93,985 3,8 818,13 2,1433 3,4796<br />

Tetrorchidium rubrivenium 2 2 10 3,0303 62,657 2,5 1646,2 4,3126 3,281<br />

Sloanea monosperma 2 2 10 3,0303 62,657 2,5 1187,3 3,1103 2,8802<br />

Ficus insipida 2 1 5 1,5152 62,657 2,5 1756 4,6002 2,8718<br />

Nectandra leucothyrsus 2 2 10 3,0303 62,657 2,5 678,45 1,7773 2,4359<br />

Machaerium nyctitans 2 2 10 3,0303 62,657 2,5 498,86 1,3069 2,2791<br />

Hedyosmum brasiliensis 2 2 10 3,0303 62,657 2,5 498,86 1,3069 2,2791<br />

Nectandra oppositifolia 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 1336,9 3,5024 2,0892<br />

Pouteria venosa 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 1077,5 2,8228 1,8627<br />

Endlicheria paniculata 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 1037,6 2,7183 1,8278<br />

Cedrela fissilis 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 1017,7 2,666 1,8104<br />

Campomanesia neriiflora 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 897,95 2,3524 1,7058<br />

Syagrus rhomanzoffiana 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 848,06 2,2217 1,6623<br />

Morta 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 818,13 2,1433 1,6361<br />

Erythroxylum argentinum 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 628,56 1,6466 1,4706<br />

Casearia silvestrys 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 578,68 1,516 1,427<br />

Annona cacans 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 548,74 1,4375 1,4009<br />

Myrsnie umbellata 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 448,97 1,1762 1,3138<br />

Guarea macrophilla 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 389,11 1,0194 1,2615<br />

Allophylus petiolatus 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 369,16 0,9671 1,2441<br />

Cupania vernalis 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 319,27 0,8364 1,2005<br />

Guapira opposita 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 299,32 0,7841 1,1831<br />

Talauma ovata 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 289,34 0,758 1,1744<br />

Duguetia lanceolata 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 269,38 0,7057 1,157<br />

Alchornea triplinervea 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 259,41 0,6796 1,1482<br />

Ilex theezans 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 229,47 0,6012 1,1221<br />

Psidium cattleianum 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 199,54 0,5227 1,096<br />

Amaioua intermedia 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 189,57 0,4966 1,0873<br />

Miconia ligustroides 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 189,57 0,4966 1,0873<br />

Myrcia glabra 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 179,59 0,4705 1,0785<br />

Tapirira guianensis 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 179,59 0,4705 1,0785<br />

Myrocarpus frondosus 1 1 5 1,5152 31,328 1,3 0 0 0,9217<br />

TOTAIS 80 66 330 100 2506,3 100 38113 100 100<br />

118


5.4 Conclusões<br />

A vegetação da região da Praia Grossa pode ser classificada em dois domínios<br />

fitofisionômicos distintos que apresentam conectividade: as Áreas de Formações<br />

Pioneiras, representadas pelas restingas, costões rochosos e banhados e, a Floresta<br />

Ombrófila Densa Submontana, representada pelas florestas localizadas nas encostas.<br />

A vegetação de restinga pode ser dividida atualmente na localidade em restinga<br />

herbácea e restinga arbórea. As áreas florestais são fisionomicamente semelhantes,<br />

entretanto, a composição das espécies varia conforme as condições ambientais se<br />

apresentam.<br />

A vegetação de restinga está em diferentes estágios sucessionais, entretanto<br />

predominam as áreas de estágio inicial de regeneração natural. As áreas de restinga<br />

herbácea estão bem conservadas em suas características originais. As áreas de restinga<br />

arbórea estão bastante alteradas de suas características naturais, entretanto, existem<br />

pequenas manchas relictuais de restinga arbórea em estádio médio de regeneração,<br />

localizadas principalmente na porção Sul da Praia Grossa.<br />

As áreas de Floresta Ombrófila Densa estão em sua maioria em estágio avançado ou<br />

médio de regeneração, sendo que as áreas em estágio inicial estão restritas ao entorno<br />

de residências e algumas manchas inexpressivas em uma estrada de acesso.<br />

O levantamento fitossociológico realizado indica que a área 1 e a área 3 estão em<br />

estágio avançado de regeneração e que a área 2 está em estádio médio de regeneração.<br />

A área 1, localizada no alto do morro, no divisor de águas das microbacias<br />

hidrográficas, apresentou a predominância do camboatá-vermelho (Cupania vernalis)<br />

espécie comum nas florestas Sul-Brasileiras e de ampla dispersão por todos os<br />

ecossistemas. Entretanto, as espécies com maior porte no levantamento foram alguns<br />

indivíduos de seca-ligeiro (Pera glabrata), de figueira-estranguladora (Coussapoa<br />

microcarpa) e aguaí (Pouteria venosa). Ao total, na área 2, foram encontradas 23<br />

espécies arbóreas. A área 3 localizada na floresta ciliar, apresentou como espécie mais<br />

importante o palmiteiro (Euterpe edulis) seguido de camboatá-branco (Matayba<br />

guianensis) e seca-ligeiro (Pera glabrata), sendo que o palmiteiro está associado a<br />

solos férteis e úmidos e é uma das espécies mais caracterísitcas das formações<br />

florestais da vertente atlântica no Estado de Santa Catarina. Essa foi a área com maior<br />

número de espécies, 36 ao total, sendo que o número de indivíduos foi baixo para cada<br />

espécie amostrada, a maior parte contribui com apenas um indivíduo. A área 2,<br />

localizada em uma encosta voltada para o Norte, apresentou baixa riqueza específica e<br />

a espécie dominante foi o araçazeiro (Psidium cattleianum) árvore de porte médio que<br />

tolera luminosidade e solos de baixa fertilidade, principalmente com baixo teor de<br />

umidade. Esta formação florestal apresentou visualmente e na composição e<br />

predominância de espécies, uma correlação positiva com as formações de restinga<br />

conhecidas em Santa Catarina, sendo este fato explicado pela proximidade desta área<br />

119


com as restingas locais e pela encosta voltada para o Norte, que influencia em uma<br />

maior luminosidade e menor acúmulo de umidade.<br />

Em relação às espécies consideradas raras, endêmicas e ameaçadas de extinção, Santa<br />

Catarina ainda não possui uma lista vermelha da flora ameaçada. Entretanto, a<br />

resolução CONAMA 44 de 1999, que estabelece os critérios de classificação das<br />

restingas catarinenses, traz uma listagem de espécies agrupadas nessa categoria e,<br />

além disso, existe a lista nacional de espécies ameaçadas da flora Brasileira (IBAMA<br />

2008). Dentre as espécies encontradas, podemos apontar a ocorrência de Aechmea<br />

lindenii, localizada nas áreas rochosas do Norte e Sul da Praia Grossa. Essa<br />

Bromeliaceae é considerada endêmica e rara, ameaçada pela destruição de seus<br />

hábitats: as restingas e costões rochosos. O palmiteiro (Euterpe edulis) consta na lista<br />

de espécies ameaçadas da Flora Brasileira e ocorre principalmente na área 3, onde<br />

inclusive, é a espécie arbórea dominante.<br />

Qualquer manejo na área de estudo deve seguir um estudo criterioso e rigoroso,<br />

pormenorizado para cada lote, terreno ou subdivisão apresentada, no qual devem ser<br />

observados, através de levantamentos quali-quantitativos, o estágio sucessional, o<br />

levantamento florístico total das espécies ocorrentes e indivíduos de todos os hábitos<br />

com valor paisagístico, bem como, espécies ameaçadas. Em anexo segue uma<br />

proposta de exigência de estudos para a vegetação e roteiro metodológico para o<br />

licenciamento de cada área.<br />

120


6.2 Introdução<br />

6.1 PEIXES RECIFAIS<br />

A costa brasileira possui uma vasta e diversa comunidade de peixes recifais, porém,<br />

relativamente pouco se sabe sobre o impacto da pesca nestas espécies de peixes, e pouco se<br />

tem feito com relação ao manejo e esforços para a conservação das mesmas (Floeter et al.,<br />

2006).<br />

Os oceanos vêm sendo explorados pela humanidade desde os seus primórdios e,<br />

dentro dos processos de colonização humana, as áreas costeiras tem servido como canal<br />

natural para o comércio, favorecendo o estabelecimento de assentamentos humanos e o<br />

desenvolvimento industrial.<br />

Atualmente mais da metade da humanidade vive a uma distância de até 50 quilômetros<br />

da costa e estimativas projetam este número para dois terços da humanidade por volta do ano<br />

2020 (O‟Dor, 2003). Esta concentração da população próxima ao mar nas últimas centenas de<br />

anos tem acarretado uma demanda cada vez maior por recursos provenientes do mar. Entre os<br />

recursos marinhos mais explorados estão os recursos pesqueiros que correspondem a12% de<br />

toda proteína animal consumida no mundo (Pinto, 1997).<br />

O desenvolvimento tecnológico, por sua vez, contribui para uma eficiência cada vez<br />

maior na obtenção de recursos causando declínio de populações de interesse comercial e<br />

afetando o equilíbrio de toda a biocenose.<br />

Modelos de impacto em recifes de coral sugerem que 1200 espécies marinhas, a<br />

maioria ainda não descrita, podem ter se tornado extintas nas últimas centenas de anos e que<br />

muitas outras espécies, podem se extinguir em um futuro próximo (Malakoff, 1997). Por<br />

outro lado, a grande extensão e relativa inacessibilidade dos ecossistemas marinhos resultam<br />

em conhecimento escasso e irregular.<br />

Existe, portanto uma necessidade crescente por conhecimento sobre os oceanos e<br />

sobre os processos que afetam e determinam características das comunidades. Tal<br />

conhecimento é fundamental para uma exploração inteligente e sustentável dos recursos<br />

marinhos. Novas abordagens interdisciplinares são necessárias, sendo essencial o<br />

monitoramento local da biodiversidade marinha, ao mesmo tempo em que inventários<br />

regionais deveriam ser incentivados.<br />

Objetivos<br />

Avaliar a ictiofauna presente na área de estudo produzindo uma lista local de espécies<br />

de peixes recifais.<br />

Objetivos específicos<br />

- Elaborar uma lista com as espécies de peixes recifais do local;<br />

- Estimar a densidade das espécies observadas na área de estudo.<br />

121


6.3 Metodologia<br />

Área de estudo<br />

A costa de Santa Catarina é caracterizada por recifes rochosos e conhecida como o<br />

limite sul para a maioria das espécies de peixes tropicais na costa oeste do Atlântico<br />

(Barneche et al., 2009, Hostim-Silva et al., 2006; Floeter et al., 2001, 2008).<br />

A Ponta do Cabeço (Praia Grossa) está localizada a 25° 05 ´14´´ S e 48° 35´31´´ W,<br />

pertencendo ao município de Itapema, Santa Catarina (Fig. 71).<br />

Coleta de dados<br />

Área de Estudo<br />

Figura 71. Praia Grossa, Ponta do Cabeço, Itapema, SC. O circulo aponta a área amostrada.<br />

As atividades de coleta ocorreram no dia 19 de março de 2010. Foram realizados 20<br />

transectos de 20X2 m, totalizando uma área de 800 m 2 de área amostral. O método de censos<br />

visuais submarinhos (mergulho autônomo, modalidade scuba) utilizado na coleta (Figs. 72 e<br />

73), foi executado de acordo com Goñi et al. 2000.<br />

122


Figura 72. Mergulhadores durante a atividade de campo na Ponta do Cabeço, Itapema, SC.<br />

Figura 73. Praia Grossa, Ponta do Cabeço, Itapema, SC.<br />

123


6.4 Resultados e discussão<br />

Através do presente levantamento macrofaunístico, foram encontradas 25 espécies de<br />

peixes, distribuídos em: 3 ordens e 13 famílias como listados na tabela 12 (Figs. 75 e 76). A<br />

coleta foi realizada em um dia claro, temperatura da água em torno dos 24°C, com pouca<br />

oleagem, visibilidade baixa (1m). O fundo é constituído por rochas magmáticas (costão<br />

rochoso) em interface com areia e sedimento nas profundidades entre os 3 e 5 metros.<br />

Apresenta uma cobertura importante de macroalgas (Fig.74).<br />

O ambiente marinho, desde muito tempo atrás, sofre influência das atividades<br />

humanas que podem ser benéficas ou não, mas que acabam alterando as características de<br />

determinadas regiões. O descarte de lixo sólido é um dos principais problemas enfrentado<br />

pelos ecossistemas marinhos. O despejo de esgoto doméstico, também contribui para a<br />

poluição de ambientes marinhos, levando a eutrofização que ocasiona florações de algas e a<br />

diminuição da diversidade biológica (Crespo & Soares-Gomes, 2002).<br />

O local apresenta boas condições ambientais apesar da baixa diversidade faunística<br />

encontrada. Duas espécies encontradas nesta área estão na lista de espécies ameaçadas,<br />

elaborada pela IUCN: Hippocampus reidi Ginsburg, 1933 (categoria dados deficientes); e<br />

Mycteroperca marginata (Epinephelus) (lowe, 1934). Posteriores amostragens em condições<br />

de melhor visibilidade podem ampliar a lista de espécies encontradas.<br />

A presença de espécies ameaçadas favorece a aceitação de propostas para conservação<br />

destes locais. Existem projetos bem sucedidos de conservação com subsequente implantação<br />

de áreas protegidas envolvendo a espécie Hippocampus reidi, Ginsburg, 1933.<br />

O Projeto Hippocampus (biologia, cultivo e preservação de cavalos-marinhos<br />

brasileiros), por exemplo, foi elaborado em 1995, em Porto Alegre-RS. Os dados e<br />

informações sobre biologia para as espécies brasileiras de cavalos marinhos, em ambientes<br />

naturais ou em laboratório, eram inexistentes. Em 2001, por convite da Prefeitura Municipal<br />

do Ipojuca, a sede do Projeto foi transferida para Porto de Galinhas, Ipojuca, PE e deu-se<br />

início aos estudos de dinâmica populacional no manguezal de Maracaípe. Pioneiro no estudo<br />

de cavalos-marinhos no Brasil, o Projeto Hippocampus atualmente conta com as parcerias de<br />

instituições como: Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Universidade Federal Rural<br />

de Pernambuco - UFRPE, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade -<br />

ICMBIO, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -<br />

IBAMA e Ministério Público Federal/Procuradoria da República em Pernambuco - MPF /<br />

PRPE, na proteção e regulamentação de leis específicas sobre a pesca e preservação do<br />

cavalo-marinho, bem como, desenvolve trabalho de educação ambiental junto às comunidades<br />

locais e de turistas.<br />

Após contato com a Dra. Rosana Beatriz Silveira, responsável pelo Laboratório de<br />

Aqüicultura Marinha-LABAQUAC/Projeto Hippocampus, foi disponibilizada uma bolsa de<br />

iniciação científica para um aluno do Laboratório de Biogeografia e Macroecologia Marinha -<br />

UFSC, interessado pelos estudos e conservação desta espécie na costa de Santa Catarina. A<br />

área deste estudo será um dos pontos monitorados a partir deste ano; resultado dos dados<br />

obtidos a partir deste levantamento. A proteção da área como um todo é de suma importância<br />

para o êxito na conservação desta espécie, bem como conservação de todas as outras que<br />

compartilham este ambiente.<br />

124


O local apresenta potencial para a prática de atividades recreativas subaquáticas em<br />

dias de boa visibilidade. A pouca profundidade e riqueza visual e complexidade do fundo<br />

tornariam estas atividades seguras e extremamente prazerosas. As figuras 77 a 101<br />

apresentam imagens das espécies inventariadas.<br />

Figura 74. Cobertura do fundo, Praia Grossa, Ponta do Cabeço, Itapema, SC.<br />

Espécies de peixes encontrados na região de Praia Grossa, Itapema<br />

Tabela 12. Lista da Ictiofauna de peixes recifais encontrados na região da Praia Grossa, município de Itapema, Santa<br />

Catarina.<br />

Ordem Família Espécie Categoria IUCN<br />

Anguilliformes<br />

Muraenidae<br />

Gymnothorax funebris Ranzani, 1840<br />

Sygnathiformes Sygnathidae Hippocampus reidi Ginsburg, 1933<br />

Micrognathus crinitus (Jenyns, 1842)<br />

Perciformes Serranidae Mycteroperca marginata (Epinephelus) (lowe,1934) VU A1d,B1+2e<br />

Mycteroperca Acutirostris (Valenciennes,1828)<br />

Haemulidae Anisotremus virginicus (Linnaeus,1758)<br />

125<br />

DD


Anisotremus surinamensis (Bloch,1791)<br />

Orthopristis ruber (Couvier, 1830)<br />

Sparidae Diplodus agenteus (Valenciennes, 1830)<br />

Sciaenidae Odontoscion dentex (Cuvier,1830)<br />

Pomacentridae Abudefduf saxatilis (Linnaeus,1758)<br />

Stegastes fuscus (Cuvier, 1830)<br />

Labridae Halichoeres poeyi (Steindachner, 1878)<br />

Scaridae Cryptotomus roseus (Cope,1871)<br />

Sparisoma amplum (Ranzani, 1842)<br />

Sparisoma axillare (Steindachner, 1878)<br />

Labrisomidae Labrisomus nuchipinnis (Quoy & Gaimard, 1824)<br />

Chaenopsidae<br />

Blenidae<br />

Malacoctenus delalandii (Valenciennes, 1836)<br />

Emblemariopsis signifera (Ginsburg, 1942)<br />

Parablennius marmoreus (Poey, 1876)<br />

Parablennius pilicornis (Cuvier, 1829)<br />

Scartella cristata (Linnaeus, 1858)<br />

Tetraodontidae Sphoeroides greeleyi (Gilbert, 1900)<br />

Sphoeroides spengleri (Bloch, 1785)<br />

Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758)<br />

126


Número de indivíduos por espécie: Praia Grossa Itapema<br />

150<br />

140<br />

130<br />

120<br />

110<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

55<br />

7<br />

1<br />

14<br />

2<br />

54<br />

4 1 1 1 4 8 4 1 3<br />

Figura 75. Lista da Ictiofauna de peixes recifais encontrados na região da Praia Grossa, município de Itapema, Santa<br />

Catarina, quantidade de indivíduos por espécie.<br />

Número de Espécies<br />

Figura 76. Número de espécies por censo (do mais pobre para o mais rico).<br />

127<br />

137<br />

2 1 2 1 2 1<br />

ABU SAX<br />

ANI SUR<br />

ANI VIR<br />

DIP ARG<br />

LAB NUC<br />

MAL DEL<br />

MYC ACU<br />

MYC MAR<br />

ODO DEN<br />

ORT RUB<br />

PAR MAR<br />

PAR PIL<br />

SPH GRE<br />

SPH SPE<br />

SPH TES<br />

STE FUS<br />

CRY ROS<br />

GYM FUN<br />

MIC CRY<br />

SCA CRI<br />

SPA AXI<br />

SPA FRO<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0<br />

1 1 1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

10<br />

13 13<br />

17<br />

19 19 19 20<br />

HIP REI<br />

6<br />

1 1<br />

HAL POE<br />

EMB SIG<br />

0 5 10 15 20<br />

Número de Amostras<br />

22<br />

24 25


Figura 77. Gymnothorax funebris Ranzani, 1840.<br />

Figura 78. Hippocampus reidi Ginsburg, 1933.<br />

128


Figura 79. Micrognathus crinitus (Jenyns, 1842).<br />

Figura 80. Mycteroperca marginata (Epinephelus) (lowe,1934).<br />

Figura 81. Mycteroperca Acutirostris (Valenciennes,1828).<br />

129


Figura 82. Anisotremus virginicus (Linnaeus,1758).<br />

Figura 83. Anisotremus surinamensis (Bloch,1791).<br />

Figura 8. Orthopristis ruber (Couvier, 1830).<br />

130


Figura 85. Diplodus agenteus (Valenciennes, 1830).<br />

Figura 86. Odontoscion dentex (Cuvier,1830).<br />

Figura 87. Abudefduf saxatilis (Linnaeus,1758).<br />

131


Figura 88. Stegastes fuscus (Cuvier, 1830).<br />

Figura 89. Halichoeres poeyi (Steindachner, 1878).<br />

Figura 90. Cryptotomus roseus (Cope,1871).<br />

132


Figura 91. Sparisoma amplum (Ranzani, 1842).<br />

Figura 92. Sparisoma axillare (Steindachner, 1878).<br />

Figura 93. Labrisomus nuchipinnis (Quoy & Gaimard, 1824).<br />

133


Figura 94. Malacoctenus delalandii (Valenciennes, 1836).<br />

Figura 95. Emblemariopsis signifera (Ginsburg, 1942).<br />

Figura 96. Parablennius marmoreus (Poey, 1876).<br />

134


Figura 97. Parablennius pilicornis (Cuvier, 1829).<br />

Figura 98. Scartella cristata (Linnaeus, 1858).<br />

135


Figura 99. Sphoeroides greeleyi (Gilbert, 1900).<br />

Figura 100. Sphoeroides spengleri (Bloch, 1785).<br />

Figura 101. Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758).<br />

136


7. LEVANTAMENTO DA FLORA MACROFITOBÊNTICA DA REGIÃO DA<br />

PONTA DO CABEÇO, PRAIA GROSSA, MUNICÍPIO DE ITAPEMA, SANTA<br />

CATARINA, BRASIL.<br />

7.1 Introdução<br />

A crise ambiental mundial influenciada por ações humanas é uma realidade atual que<br />

traz como conseqüência o colapso de ecossistemas e a extinção de espécies. Espera-se que<br />

desequilíbrios ambientais provoquem danos severos à biodiversidade e à própria existência<br />

humana na terra (Horta et al., 2008; Vale et al., 2009).<br />

A superpopulação mundial e os modelos atuais de consumo são apontados como as<br />

principais causas da crise ambiental global (Kuhnen et al. 2009). Também a concentração de<br />

centros urbanos em zonas costeiras e a explotação de recursos marinhos podem gerar<br />

impactos diversos (Hinrichsen, 1998; Horta, 2000; Small & Nichells, 2003) que a cada dia<br />

mais estão presentes mesmo nas regiões mais longínquas do planeta (Halpern et al. 2008).<br />

Como resultado do clima e da pressão antrópica espera-se que nas próximas décadas<br />

ocorram mudanças significativas na biodiversidade dos ecossistemas com exclusão e/ou<br />

extinção de espécies dos mais diferentes grupos taxonômicos (Kuhnen et al., 2009; Vale et<br />

al., 2009).<br />

As zonas costeiras estão entre os ambientes mais produtivos do planeta e os costões<br />

rochosos são de suma importância devido a sua extensão e biodiversidade que neles encontra<br />

abrigo, alimento e substrato. Nestes habitats o macrofitobentos compõe a base da cadeia<br />

trófica representando espécies chave para a manutenção de boa parte da diversidade dos<br />

referidos ambientes (Barreto, 1999; Coutinho, 2002; Chapin III, 2003).<br />

As comunidades macrofitobênticas fornecem oxigênio, alimento, refugio, e substrato<br />

para muitos organismos dos diversos níveis tróficos da cadeia alimentar e também funcionam<br />

como berçário de inúmeras espécies participando de teias ecológicas complexas e<br />

interdependentes. O fácil acesso aos costões rochosos torna esses ambientes alvos da ação<br />

antrópica afetando intensamente a estrutura destas comunidades (Yoneshigue et al., 2008;<br />

Almada et al., 2008).<br />

Desta forma, o conhecimento e o monitoramento da biodiversidade nestes ambientes<br />

são indispensáveis a fim de utilizar os recursos de forma sustentável e de preservá-los quando<br />

necessário.<br />

Objetivos<br />

Objetivo Geral<br />

Contribuir com o conhecimento da flora e da biodiversidade macrofitobêntica do<br />

mesolitoral da área abordada.<br />

Objetivos Específicos<br />

- Elaborar uma lista com as espécies presentes no local;<br />

- Avaliar a relevância da área abordada do ponto de vista ficológico.<br />

137


7.2 Metodologia<br />

Área de estudo<br />

A Ponta do Cabeço (Praia Grossa) está localizada a 25° 05 ´14´´ S e 48° 35´31´´ W,<br />

pertencendo ao município de Itapema, Santa Catarina (Figura 102).<br />

O litoral do estado de Santa Catarina, região sul do Brasil, caracteriza-se pela presença de<br />

grande disponibilidade de substrato rochoso, tanto na borda continental, recortada por<br />

inúmeras baías e enseadas, com praias pequenas separadas por esporões rochosos, que<br />

propiciam substrato consolidado favorável à colonização por esporos de algas marinhas<br />

bentônicas (Horta 2000, Coutinho, 2002; Bouzon et al., 2006).<br />

A área de estudo faz parte de uma região com condições oceanográficas homogêneas<br />

que se estende desde o Cabo de Santa Marta (SC) até Cabo Frio (RJ) com predominância da<br />

Corrente do Brasil (Águas Tropicais quentes e salinas) e da Corrente das Malvinas (Águas<br />

frias e menos salinas) influenciadas pelas Águas Centrais do Atlântico Sul que em conjunto<br />

com o vento são responsáveis pelo fenômeno da ressurgência (Wainer & Taschetto, 2006).<br />

Do ponto de vista biogeográfico, a região sul do Brasil corresponde à zona<br />

Temperada Quente que apresenta flora rica em número de espécies.<br />

Figura 102. Ponta do Cabeço (Praia Grossa) (25° 05 ´14´´ S / 48° 35´31´´ W), Santa Catarina, SC, Brasil. As faixas<br />

brancas (1, 2 e 3) correspondem às faixas de costão amostradas.<br />

138


Coleta de Material e Análise de Dados<br />

O material foi coletado em expedição a campo realizada no mês de abril na qual foram<br />

realizadas incursões aos costões a pé e através de mergulho livre durante a preamar (0.2). Os<br />

espécimes foram tomados ao acaso procurando coletar a maior diversidade morfotípica<br />

possível ao longo de três faixas ao longo do costão (Fig. 102). A distância linear total de<br />

costão rochoso amostrado foi de aproximadamente 1000 metros. O material biológico foi<br />

fixado em água do mar e formol a 4% e posteriormente analisado e identificado segundo<br />

metodologia descrita em Horta (2000) no Laboratório de Ficologia (LAFIC) do Depto. de<br />

Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina. A identificação dos taxa infragenéricos<br />

do gênero Sargassum C. Aghard foi realizada com o auxilio da Dra. Luciane Ouriques no<br />

Laboratório de Algas Marinhas (LAMAR) da Universidade Federal de Santa Catarina. A<br />

bibliografia base utilizada no auxilio do trabalho de taxonomia foi Joly (1957), Oliveira Filho<br />

(1969), Cordeiro-Marino (1978) e Litter & Litter (2000). Também foram consultados os<br />

trabalhos de Bouzon e Suer (1993), Ouriques (1997), Barata (2004), Guimarães et al. (2004),<br />

Ouriques & Cordeiro-Marino (2004), Barros-Barreto et al. (2006), Coto (2007), Ouriques &<br />

Bouzon (2008), Nunes ET al. (2008) e Cassano (2009). O sistema nomenclatural utilizado foi<br />

o de Wynne (2005). A fim de caracterizar a área abordada do ponto de vista fitogeográfico,<br />

foram calculados os índices de Feldmann (1937), obtido através da razão entre o número de<br />

espécies de algas vermelhas pelo número de pardas (R/P) e Cheney (1997), obtido através da<br />

razão da soma de espécies de algas pardas e verdes pelas especies de algas pardas (R+C/P).<br />

Depois de examinado e identificado o material foi guardado na forma de lâminas semipermanentes<br />

e exsicatas, posteriormente depositados no Herbário do Departamento de<br />

Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (Fig. 103).<br />

Figura 103. À direita, Identificação de material em laboratório, à esquerda, triagem de<br />

material.<br />

139


7.3 Resultados e Discussão<br />

Foi identificado um total de 58 taxa infragenéricos (Tabela 13) sendo 30 Rhodophyta<br />

(51%), representadas em seis ordens e oito famílias, 12 Chlorophyta (21%), representadas em<br />

três ordens e seis famílias e 16 Ochrophyta (Phaeophyceae) (28%) distribuídas em quatro<br />

ordens e cinco famílias (Fig 104).<br />

Figura 104. Porcentagem de ocorrência de espécies das três divisões em todas as ilhas.<br />

Tabela 13. Lista de espécies identificadas na Ponta do Cabeço (Praia Grossa), Santa Catarina, SC, Brasil.<br />

Rhodophyta<br />

Acanthophora spicifera (Vahl) BØrgesen<br />

Acrochaetium microscopicum (Nägeli ex Kütz.) Nägeli<br />

Aglaothamnion felliponei (M. Howe) Aponte, D.L. Ballant. & J.N. Norris<br />

Aglaothamnion uruguayense (W.R. Taylor) Aponte, D.L. Ballant. & J.N. Norris<br />

Arthrocardia flabellata (Kützing) Manza<br />

Bostrychia tenella (J.V. Lamouroux) J. Agardh<br />

Bryothamnion seaforthii (Turner) Kützing<br />

Centroceras clavulatum (C. Agardh in Kunth) Mont. in Durieu de Maisonneuve<br />

Ceramium brasiliense A.B. Joly<br />

Ceramium brevizonatum var. carabicum H. E. Petersen & Borgesen<br />

Ceramium dawsonii A. B. Joly<br />

Cheilosporum sagittatum (J.V. Lamouroux) Areschoug<br />

Corallina officinalis Linnaeus<br />

Gelidium crinale (Turner) Gaillon<br />

Gymnogongrus griffithsiae (Turner) Mart<br />

Herposiphonia secunda (C. Agardh) Ambronn<br />

Hypnea mussiformis J.V. Lamouroux<br />

Jania adhaerens J.V. Lamouroux<br />

Jania capillacea Harv<br />

Jania crassa (L.) J.V. Lamouroux<br />

Jania ungulata (Yendo) Yendo f. brevior (Yendo)<br />

Laurencia dendroidea J. Agardh<br />

Palisada flagellifera (J. Agardh) K.W. Nam<br />

Polysiphonia howei Hollenberg<br />

Pterocladiella capillacea (S. G. Gmel.) Santel. & Hommers.<br />

140


Pterosiphonia pennata (C. Agardh) Sauvageau<br />

Sahlingia subintegra (Rosenvinge) Kornmann<br />

Spyridia filamentosa (Wulfen) Harvey<br />

Spyridia hypnoides (Bory de Saint-Vincent) Papenfuss<br />

Tricleocarpa cylindrica (J. Ellis & Solander) Huisman & Borowitzka<br />

Chlorophyta<br />

Bryopsis pennata J.V. Lamouroux<br />

Caulerpa fastigiata Montagne<br />

Caulerpella ambigua (Okamura) Prud'homme & Lokhorst<br />

Chaetomorpha aerea (Dillwyn) Kütz<br />

Chaetomorpha antennina (Bory) Kütz<br />

Cladophora vagabunda (Linnaeus) Hoek<br />

Cladophoropsis membranaceae (C. Agardh) Børgesen<br />

Codium intertextum F.S. Collins & Hervey<br />

Rhizoclonium riparium (Roth) Harvey<br />

Ulva chaetomorphoides (Børgesen) Hayden, Blomster, Maggs, P.C. Silva, M.J.<br />

Stanhope & J.R. Waaland<br />

Ulva fasciata Delile<br />

Ulva flexuosa Wulfen<br />

Ochrophyta (Phaeophiceae)<br />

Asteronema breviarticulatum (J. Agardh) Ouriques & Bouzon<br />

Canistrocarpus cervicornis (Kützing) De Paula & De Clerck<br />

Chnoospora minima (K. Hering) Papenfuss<br />

Colpomenia sinuosa (Roth) Derbès & Solier<br />

Dictyopteris delicatula J.V. Lamouroux<br />

Feldmania irregularis (Kütz.) Hamel<br />

Hincksia mitchelliae (Harv.) P.C. Silva<br />

Padina gymnospora (Kütz.) Sond<br />

Sargassum cymosum C. Agardh<br />

Sargassum cymosum var. nanum E. de Paula & E.C. Oliveira<br />

Sargassum furcatum Kützing<br />

Sargassum stenophyllum Martius<br />

Sargassum vulgare var nanum E. de Paula<br />

Spatoglossum schroederi (C. Agardh) Kützing<br />

Sphacelaria brachygona Montagne<br />

Sphacelaria tribuloides Meneghini<br />

As ordens Ceramiales (54%) e Corallinales (25%) tiveram a maior representatividade<br />

de espécies no filo Rhodophyta sendo que as famílias com maior número de espécies foram<br />

Ceramiaceae (29%), Rhodomelaceae (25%) e Corallinaceae (25%). No filo Chlorophyta as<br />

ordens mais representativas foram Chladophorales (42%) e Ulvales (25%) sendo que a família<br />

Cladophoraceae apresentou maior número de espécies.<br />

As figuras 105 a 118 apresentam imagens de algumas das algas inventariadas no<br />

presente estudo.<br />

141


Figura 105. À esquerda, lâminas semi-permanentes; à direita, taxonomia em laboratório.<br />

Figura 106. À esquerda, Jania ungulata (Yendo) Yendo f. brevior (Yendo); à direita,<br />

Cheilosporum sagittatum (J.V. Lamouroux) Areschoug.<br />

Figura 107. À esquerda, Ulva fasciata Delile; à direita, Padina gymnospora (Kütz.) Sond.<br />

142


Figura 108. À esquerda, Sargassum stenophyllum Martius; à direita, Jania crassa (L.) J.V.<br />

Lamouroux.<br />

Figura 109. À esquerda, Colpomenia sinuosa (Roth) Derbès & Solier ; à direita, Gymnogongrus<br />

griffithsiae (Turner) Mart.<br />

Figura 110. À esquerda, Pterocladiella capillacea (S. G. Gmel.) Santel. & Hommers; à direita,<br />

Codium intertextum F.S. Collins & Hervey.<br />

143


Figura 111. À esquerda, Bryothamnion seaforthii (Turner) Kützing; à direita, Sahlingia<br />

subintegra (Rosenvinge) Kornmann.<br />

Figura 112. À esquerda, Ulva flexuosa Wulfen; à direita, Spyridia hypnoides (Bory de<br />

Saint-Vincent) Papenfuss.<br />

Figura 113. À esquerda, Centroceras clavulatum (C. Agardh in Kunth) Mont. in Durieu de<br />

Maisonneuve; à direita, Spyridia filamentosa (Wulfen)Harvey.<br />

144


Figura 114. À esquerda, Sphacelaria tribuloides Meneghini; à direita, Centroceras clavulatum<br />

(detalhe dos tetrasporângios).<br />

Figura 115. À esquerda, Aglaothamnion felliponei (M. Howe) Aponte, D.L. Ballant. & J.N.<br />

Norris.; à direita, Aglaothamnion uruguayense (W.R. Taylor) Aponte, D.L. Ballant. & J.N.<br />

Norris.<br />

Figura 116. À esquerda, Acrochaetium microscopicum (Nägeli ex Kütz.) Nägeli; à direita,<br />

ceramium brevizonatum var. carabicum H. E. Petersen & Borgesen.<br />

145


Figura 117. À esquerda, Pterosiphonia pennata (C. Agardh) Sauvageau; à direita, Hincksia<br />

mitchelliae (Harv.) P.C. Silva.<br />

Figura 118. À esquerda, Polysiphonia howei Hollenberg; à direita, Bostrychia tenella (J.V.<br />

Lamouroux) J. Agardh.<br />

As ordens Dictyotales (29%), Ectocarpales (29%) e Fucales (29%) apresentaram o<br />

maior número de espécies em Phaeophyceae. A predominância das ordens nos três filos está<br />

de acordo com estudos realizados no estado de Santa Catarina (Cordeiro-Marino, 1978;<br />

Bouzon et al., 2006; Donnangelo, 2010) e outros estados compreendidos na ficoregião<br />

Temperada-Quente do Brasil (Falcão et al., 1992; Brito et al., 2002; Machado et al., 2007;<br />

Yonshigue-Valentin et al., 2008). A expressividade da ordem Fucales deve-se à ocorrência da<br />

família Sargassaceae (33%) que apresentou quatro espécies de Sargassum C. Agardh.<br />

O número de taxa infragenéricos identificados no presente estudo, para o mesolitoral<br />

pode ser considerado elevado quando comparado a outras localidades do estado. As ilhas de<br />

Gales e Deserta, ambas contempladas dentro do perímetro da ReBIOmar do Arvoredo<br />

apresentaram em estudo recente 34 e 45 taxa infragenéricos respectivamente (Donnangelo,<br />

2010). Por outro lado, o número de espécies da Ponta do Cabeço deve ser ainda maior<br />

considerando-se que não foram realizados estudos ao longo das estações do ano.<br />

146


A predominância do gênero Ulva L. em ambientes eutrofizados principalmente por<br />

esgotos domésticos é relatada na bibliografia como um indicativo de distúrbio ambiental<br />

(Oliveira et al., 1999; Szhéchy De & Paula De, 2000). Apesar do adensamento populacional<br />

urbano nas adjacências da área abordada, ao longo do trabalho de coleta de material biológico<br />

em campo, não foi observada uma predominância de algas verdes na cobertura vegetal dos<br />

costões amostrados. A ocorrência de espécies como Canistrocarpus cervicornis (Kützing) De<br />

Paula & De Clerck e Dictyopteris delicatula J.V. Lamouroux, da ordem Dictyotales que são<br />

sensíveis a ambientes impactados, sugere que o local se encontra em bom estado de<br />

preservação. Bouzon et al. (2006) observou um gradiente de maior a menor riqueza de<br />

espécies de algas pardas com ausência das mesmas nos pontos mais impactados das baias da<br />

Ilha de Santa Catarina. Teixeira et al. (1987) e Berchez & Oliveira (1992) também relataram<br />

distúrbios na ocorrência de algas pardas relacionados a impactos na Baía da Guanabara e na<br />

Baía de Todos os Santos respectivamente. Outro fator que sugere o bom estado do ambiente é<br />

a ocorrência de Sargassum cymosum C. Agardh nos costões rochosos do mesolitoral que é<br />

típica de estágios sussecionais tardios onde impactos antrópicos são menos intensos (Paula,<br />

1978).<br />

Sargassum vulgare var. nanum E. de Paula e Sargassum cymosum var. nanum E. de<br />

Paula & E.C. Oliveira são típicas de ambientes com elevado grau de hidrodinamismo (Paula,<br />

1978). A ocorrência de ambas na Ponta do Cabeço é um indicativo caráter hidrodinâmico do<br />

local o que poderia explicar o estado de preservação devido a altas taxas de renovação da<br />

água do mar através de ondas e correntes. Em contraste com o mesolitoral, o infralitoral<br />

próximo ao substrato rochoso emerso é dominado praticamente em sua totalidade pelo gênero<br />

Sargassum (observação pessoal). A biomassa destas populações é bastante elevada ao ponto<br />

de dificultar a própria atividade de mergulho livre. Sugere-se que estudos futuros mais<br />

aprofundados sejam realizados no infralitoral da área abordada a fim de melhor caracterizar a<br />

região do ponto de vista ficológico.<br />

Os índices calculados de Feldmann e Cheney foram 1,75 e 2,5 respectivamente. Os<br />

valores encontrados são característicos de regiões Temperadas Frias e não são esperados para<br />

a região Temperada Quente que se estende desde o estado do Rio Grande do Sul até o norte<br />

do Rio de Janeiro (Horta, 2000). Os valores baixos se devem ao elevado número de espécies<br />

de algas pardas em relação ao número de espécies de algas vermelhas. De acordo com<br />

Yoneshigue-Valentin & Valentin (1992) este tipo de distúrbio pode ser explicado em parte<br />

pela variação de temperatura provocada pela ressurgência de águas frias (ACAS) e/ou devido<br />

à poluição. Em nosso estudo, devido à baixa freqüência de espécies oportunistas, como por<br />

exemplo, a ordem Ulvales, o encontro de águas quentes e frias poderia ser de fato responsável<br />

pela variação na riqueza de espécies de cada filo na área abordada. Diversas espécies de<br />

organismos marinhos coexistem de forma interdependente (Floeter et al., 2001; Maak, 2001;<br />

Cherem, 2004; Metri, 2006) nos costões rochosos formando teias ecológicas complexas<br />

(Odum, 1988; Coutinho, 2002). O levantamento de ictiofauna realizado por Batista et al.<br />

(2010) na Ponta do Cabeço evidencia a importância do macrofitobêntos como alimento,<br />

habitat e nicho ecológico para os peixes recifais que habitam a região.<br />

As 25 espécies de peixes que ocorrem no local possuem relações com macroalgas<br />

seja de forma direta ou indireta. Os gêneros Acanthophora J.V. Lamouroux, Tricleocarpa<br />

147


Huisman & Borow, Caulerpa J.V. Lamouroux, Canistrocarpus De Paula & De Clerck, Ulva<br />

L. e Sargassum C. Agardh inventariados no presente estudo, servem como substrato para a<br />

espécie que ameaçada de extinção Hippocampus reidi (Ginsburg, 1933) bem como para<br />

outros organismos que lhe servem de alimento (Mai & Rosa, 2009) que habitam os costões<br />

abordados. Indivíduos da família Serranidae à qual pertence á espécie ameaçada de extinção<br />

Mycteroperca marginata (Epinephelus) (lowe, 1934) também presente na fauna local, se<br />

alimentam de pequenos crustáceos e moluscos associados a populações de macroalgas<br />

marinhas. Segundo Randall (2004), muitos peixes recifais carnívoros podem apresentar em<br />

seu conteúdo estomacal fragmentos de algas ingeridas acidentalmente ao tentar capturar suas<br />

presas, fato que evidencia a relação da espécie com as macroalgas. O carnívoro<br />

Malacoctenusdelalandii (Valenciennes, 1836) com elevado índice de ocorrência na fauna<br />

local (Batista, et al., 2010) se alimenta de invertebrados forrageiros encontrados sobre<br />

macroalgas bentônicas (Pereira & Jacobucci, 2008). Também a espécie onívora Abudefduf<br />

saxatilis (Linnaeus,1758), que segundo Batista et al. (2010) é bem representada em número<br />

de indivíduos no local, está comumente associada a comunidades de Sargassum C. Agardh e<br />

se alimenta de outros diversos gêneros de macrofitobêntos (Medeiros et al., 2007). Segundo<br />

Batista et al. (2010), a espécie Stegastes fuscus (Cuvier, 1830) da família Pomacentridae é<br />

uma das espécies mais abundantes de peixes recifais em número de indivíduos na Ponta do<br />

Cabeço.<br />

Dentre as macroalgas que fazem parte da dieta desta espécie encontram-se os gêneros<br />

Jania J.V Lamouroux, Gelidium J.V. Lamouroux, Ceramium Roth, Centroceras A.B. Joly,<br />

Hypnea J.V. Lamouroux, Herposiphonya Nägeli, Chladophora Kütz, Ulva L., Bryopsis J.V.<br />

Lamouroux, Sphacellaria Lyngb. e Hincksia J.E. Gray (Ferreira ET al., 1998). Todos estes<br />

gêneros foram identificados no presente estudo.<br />

Apesar das unidades de conservação marinhas, constituírem uma ferramenta<br />

indispensável para a conservação (Ballantine & Langlois, 2008), muitas recebem influências<br />

externas que acabam por interferir em seus ecossistemas (Ewers & Rodrigues, 2009). Além da<br />

Ponta do Cabeço, a linha costeira compreendida entre Itapema e Camboriú possui diversas<br />

outras áreas livres de pressão antrópica intensa e com substrato rochoso propício para o<br />

desenvolvimento de comunidades macrofitobênticas com grande potencial para a preservação<br />

ambiental. Sugere-se que estas áreas venham a constituir novas unidades de conservação<br />

formando um sistema análogo aos corredores ecológicos permitindo a comunicação e troca<br />

gênica entre espécies (Horta et al., 2008).<br />

Cerca de 6 (seis) milhões de pessoas habitam o Estado de Santa Catarina sendo que<br />

mais de 60% estão concentrados na faixa litorânea (Horn, 2006; IBGE, 2009). Grande parte<br />

da renda do estado é gerada pela exploração de recursos costeiros que estão diretamente ou<br />

indiretamente relacionados a comunidades macrofitobênticas (Branco, 1992, 2003; Andrade,<br />

1998; Machado et al., 2002).<br />

A preservação e o monitoramento dos ecossistemas marinhos são indispensáveis para<br />

a conservação dos mesmos. De acordo com Horta (2000), localidades, com riqueza especifica<br />

entre 50 e 70 táxons infragenéricos podem ser considerados como “hot spots” ou ambientes<br />

de elevada diversidade. Desta forma a área abordada neste estudo pode ser considerada como<br />

148


elevante do ponto de vista ficológico. Os dados referentes ao presente estudo serão<br />

futuramente divulgados em forma de publicação cientifica.<br />

7.4 Conclusão<br />

Os costões rochosos abordados neste estudo representam um ecossistema marinho de<br />

elevada importância do ponto de vista da biodiversidade de organismos que compõem o<br />

macrofitobêntos. Por este motivo, a área abordada deve ser protegida objetivando a<br />

conservação de suas comunidades de macroalgas e os serviços por elas prestados.<br />

Agradecimentos<br />

Ao Professor Dr. Paulo Antunes Horta, à Professora Dra. Luciane Ouriques pela ajuda<br />

na identificação do material e disponibilidade de equipamentos e instalações e ao NEAmb e<br />

sua equipe pela oportunidade e por sua disposição que fizeram possíveis este trabalho.<br />

149


8. ESTUDO DA ICTIOFAUNA PARA COMPOR UNIDADE DE<br />

CONSERVAÇÃO EM ITAPEMA, SC<br />

8.1 Introdução<br />

A região neotropical abriga a maior diversidade da ictiofauna do mundo, com cerca de<br />

8 mil espécies dulcícolas (Vari; Malabarba, 1998), e o Brasil possui, entre espécies<br />

reconhecidas, cerca de 5 mil espécies distribuídas entre rios e riachos (Vari; Weitzman, 1990).<br />

Esta grande diversidade é devida a processos geomorfológicos – que incluem as atividades<br />

neotectônicas, as flutuações do nível médio do mar e a construção da posição e morfologia<br />

das planícies costeiras - que formaram as bacias hidrográficas, do final do Cretáceo ao<br />

Cenozóico (Lundberg et. al., 1998 apud Braga; Andrade, 2005). Com a formação das bacias,<br />

e o posterior isolamento de seus riachos, a especialização ambiental auxiliou no processo de<br />

aparecimento de novas espécies, com adaptações específicas a condições ecológicas instáveis<br />

(Weitzman, 1996).<br />

Segundo Ribeiro (2006), as bacias hidrográficas brasileiras, especialmente a Leste,<br />

domínio sob o qual se encontra o Estado de Santa Catarina, são compostas de riachos de<br />

pequeno a médio porte, com gradientes de declividade associados a diferenças de fluxo; além<br />

disso, a instabilidade ambiental é marcante, por causa da pluviosidade, desestruturação dos<br />

leitos e alterações de fluxo.<br />

De maneira geral, a ecologia e a natureza dos peixes de um sistema fluvial são<br />

influenciadas pelo habitat (Menezes et. al., 2007), desta forma, o ambiente terrestre e o<br />

aquático possuem fatores interdependentes, e os organismos aquáticos revelam forte interrelação<br />

com fatores bióticos e abióticos, tais como o sombreamento da vegetação sobre o<br />

curso das águas (necessária, em especial, a viabilidade reprodutiva de algumas espécies), a<br />

visibilidade da coluna (no qual a orientação do animal, seja alimentar, reprodutiva, social ou<br />

de refúgio, é proporcionada) e a alimentação, sendo este aspecto extremamente relevante,<br />

considerando a especialização e dependência de determinados alimentos. (Menezes et. al.,<br />

2007).<br />

A Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados, especialmente por ser hot spot de<br />

biodiversidade, com elevado grau de endemismo para o bioma, ressaltada pelo grau de<br />

fragmentação ambiental em áreas restritas (Prochnow; Schaffer, 2002). Existem na Mata<br />

Atlântica cerca de 350 espécies de peixes, todas elas já conhecidas pela ciência, sendo que<br />

133 são endêmicas ao bioma (Dos Santos, 2008); Menezes (1996) considera que os rios<br />

costeiros constituem áreas de endemismo nos sistemas de drenagem abaixo da foz do Rio São<br />

Francisco ao norte do Rio Grande do Sul. No entanto, segundo Sarmento - Soares et.<br />

al.(2007) as espécies conhecidas ainda são poucas em relação à riqueza hidrológica do país,<br />

com diversas espécies ainda não descritas, e então, o conhecimento fica limitado a espécies<br />

com distribuição restrita a alguns habitas do riacho.<br />

A fragmentação da Mata Atlântica, além de descaracterizar os riachos quanto a sua<br />

hidrodinâmica e propriedades físico-químicas, faz com que a bacia hidrográfica, como um<br />

todo, sofra as modificações no regime de escoamento, isolando afluentes e,<br />

conseqüentemente, as espécies aquáticas. Os riachos da Mata Atlântica sofrem imensamente<br />

150


com o assoreamento, a erosão das margens, a proximidade da agropecuária/piscicultura das<br />

áreas de nascentes e a poluição gerada e lançada nos corpos d água.<br />

Como fatores que contribuem para o pouco conhecimento da ictiofauna da Mata<br />

Atlântica citam-se desde a ineficiência de coletas até a falta de interesse público; os estudos<br />

sobre a ecologia de peixes de riachos é assunto recente, e são bem conhecidas especialmente<br />

espécies com interesse econômico voltado para a ornamentação e aquariofilia; devido a estes<br />

fatores, é possível que algumas espécies já tenham sido extintas antes de serem descobertas e<br />

coletadas (Menezes et. al., 2007).<br />

Segundo Tabarelli et al. (2005), a conservação da Mata Atlântica não é eficiente, uma<br />

vez que as áreas protegidas não cobrem todo o bioma; áreas de proteção integral não cobrem<br />

mais que 24% dos remanescentes; a sobrevivência das espécies em longo prazo é<br />

comprometida pelo tamanho das unidades; e muitas espécies ameaçadas não estão em áreas<br />

de proteção. Por este motivo, fazem-se necessárias tanto as iniciativas de pesquisa integrada –<br />

entre sistemas aquáticos e terrestres (Abell, 2002) – quanto o gerenciamento integrado –<br />

combinando os interesses sociais econômicos e ambientais (Lee, 1992; Naiman et. al., 1955<br />

apud Moulton & Souza, 2006). E, embora a conservação de uma ou algumas espécies de<br />

interesse - seja econômico, social ou ambiental - seja o objetivo da ação de conservação, a<br />

preservação não é efetiva sem o conhecimento do ecossistema (Saunders et. al., 2002)<br />

principalmente no planejamento prévio da localização e efetivação das atividades da Unidade<br />

de Conservação (Nix, 1997; Clark, 1999).<br />

Objetivos<br />

Os objetivos deste estudo foram conhecer os peixes de algumas localidades de<br />

Itapema, a fim de selecionar as melhores regiões para comporem áreas para conservação neste<br />

município.<br />

Assim, especificamente, este estudo objetivou:<br />

Estudar a ictiofauna destes riachos;<br />

Determinar a diversidade de peixes ao longo do ano relacionando-a com o ciclo<br />

hidrológico;<br />

Verificar ações antrópicas nestes locais;<br />

Compor materiais informativos para uso na educação ambiental e em trabalhos<br />

científicos.<br />

8.2 Metodologia<br />

A eletropesca foi utilizada para captura de peixes, utilizando-se equipamento montado<br />

por dois puçás condutores conectados a um gerador portátil por um cabo de 50 m. Cinco<br />

trechos dos rios foram estudados, sendo demarcados em trechos de 30m, com fitas coloridas.<br />

Nestes ambientes foram registrados o tipo de vegetação marginal, substrato e profundidade<br />

do rio. Cada trecho de riacho com cerca de 30 m, foi bloqueado em seus extremos com redes<br />

para impedir a fuga dos peixes.<br />

151


Em cada área amostrada, os peixes foram coletados e mantido em baldes com água até<br />

a finalização da biometria (identificação, medida e pesagem dos peixes vivos). Nas primeiras<br />

coletas cerca de 10 indivíduos de cada espécie foram coletados e encaminhados ao<br />

laboratório, para identificação. A grande maioria dos peixes foi solto com vida no mesmo<br />

local em que foram pescados. Os exemplares coletados foram fixados em solução de formol a<br />

10% e acondicionados em sacos plásticos etiquetados, e após a triagem levados para o<br />

laboratório de Ecologia de Peixes do Depto ECZ/CCB/UFSC. Após cerca de 72h foram<br />

transferidos para uma solução de álcool a 70%. No laboratório foi feita a identificação dos<br />

exemplares coletados, baseando-se no estudo da morfologia externa (cabeça, nadadeiras,<br />

dentes, boca, entre outros), na comparação com fotos e referências bibliográficas. Após a<br />

identificação foram depositados na coleção Ictiológica da Universidade Federal de Santa<br />

Catarina (CIUFSC), do departamento de Ecologia e Zoologia (ECZ) do Centro de Ciências<br />

Biológicas, UFSC. Nos resultados são apresentadas características sucintas das ordens e<br />

famílias das espécies de peixes encontradas, bem como: fisiografia dos rios: tipo de substrato,<br />

vegetação de entorno e impactos antrópicos. (Tabela 15).<br />

8.3 Resultados<br />

Os peixes coletados (Figs. 119 a 122) demonstram uma fauna diversificada e ainda<br />

pouco conhecida, isto é, com espécies ainda não descritas. As figuras 119 a 122 apresentam<br />

algumas das espécies inventariadas neste estudo (tabela 14).<br />

Tabela 14. Ictiofauna do município de Itapema.<br />

Ordem Characiformes<br />

Família Characidae<br />

Astyanax sp. “A”<br />

Astyanax laticeps (Cope, 1894)<br />

Deuterodon singularis (Lucena & Lucena, 1992)<br />

Hollandichthys sp. (sp. nova em estudo)<br />

Ordem Siluriformes<br />

Família Heptapteridae<br />

Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824)<br />

Ordem Gymnotiformes<br />

Família Gymnotidae<br />

Gymnotus cf. pantherinus (Steindachner, 1908) (sp. nova em estudo)<br />

Ordem Cyprinodontiformes<br />

Família Anablepidae<br />

Jenynsia multidentata (Jenyns, 1842)<br />

Família Poeciliidae<br />

Phallocerus cf. caudimaculatus (Hensel, 1869)<br />

Ordem Synbranchiformes<br />

Família Synbranchidae<br />

Synbranchus marmoratus (Bloch, 1795)<br />

Ordem Perciformes<br />

152


Família Cichlidae<br />

Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824)<br />

Família Gobiidae<br />

Awaous tajasica (Lichtenstein, 1822)<br />

Figura 119. Astyanax laticeps (esquerda) e Astyanax sp (direita).<br />

Figura 120. Phallocerus cf. caudimaculatus (esquerda) e Deuterodon singularis (direita).<br />

Figura 121. Hollandichtys sp (esquerda) e Synbranchus marmoratus(direita).<br />

153


Pontos<br />

Descriçâo dos Locais de Coleta<br />

Figura 122. Geophagus brasilensis (esquerda) e Rhamdia quelen (direita).<br />

Praia Grossa – Restinga O rio localizado na praia grossa é de primeira ordem, as águas<br />

na parte de mata fechada são claras e na parte onde não há vegetação de cobertura, devido à<br />

proximidade com construção da casa do morador local, a água é mais turva com algas<br />

presentes.<br />

Praia Grossa-<br />

Restinga<br />

Variação da<br />

largura (m)<br />

Variação da<br />

profundidade<br />

(m)<br />

Tabela 15 Caracterização da restinga, Praia Grossa.<br />

Temperatura<br />

do ar e da<br />

água (ºC)<br />

0,45 -1,74 0,10 – 0,18 24,5/20 Areia fina,<br />

argila e seixos<br />

154<br />

Substrato Vegetação do<br />

entorno<br />

Gramíneas,<br />

bananeiras,<br />

bambu<br />

Impactos<br />

Antrópicos<br />

Casas próximas<br />

ao riacho,<br />

bambuzal<br />

A areia, argila e seixos predominam como substrato em todo o leito do riacho sendo<br />

que na parte de mata fechada ha blocos rochosos e o sombreamento e de cerca de 80% (Fig.<br />

123). A vegetação do entorno em parte da área de coleta é alterada onde sofre bastante com<br />

ações antrópicas. A falta de cobertura vegetal neste ponto é problema, pois expõe o solo a<br />

ação direta de chuvas e ventos, e traz como conseqüência, a lixiviação de substratos para<br />

dentro do riacho, alterando a composição química e prejudicando a ictofauna que está<br />

presente. Neste ponto foi estudada uma população bastante interessante de um lambari, típico<br />

de riachos de Mata Atlântica preservado.


Figura 123. Praia Grossa – Praia Grossa.<br />

Importancia das matas ciliares para a proteção dos riachos e peixes da Mata Atlântica<br />

Matas ciliares são faixas de matas ou florestas que ocorrem nas margens dos cursos<br />

d‟água. Segundo Barrella et al. (2000), as áreas ripárias apresentam importantes funções<br />

hidrológicas, ecológicas e limnológicas para a integridade biótica e abiótica do sistema.<br />

Existem diversas relações entre os ambientes terrestres e aquáticos, e a estabilidade destas<br />

relações atribui-se às chamadas matas ciliares.<br />

As funções ecológicas das matas ciliares são, basicamente, a proteção estrutural dos<br />

habitats, a regulagem do fluxo de água, abrigo e sombreamento, manutenção da qualidade da<br />

água, filtragem de substâncias que chegam ao rio e fornecimento de matéria orgânica e<br />

substrato para fixação de algas e perifíton.<br />

A proteção estrutural dos habitats consiste principalmente no fato de que as raízes<br />

seguram as margens, impedindo a erosão dos solos adjacentes e, conseqüentemente, o<br />

assoreamento do rio e aumento da turbidez da água. O assoreamento tornaria o rio cada vez<br />

mais raso e estreito, prejudicando principalmente as espécies de fundo (por não terem mais<br />

suas condições de alimentação e reprodução atendidas) e a biodiversidade do rio como um<br />

todo. O assoreamento também pode rebaixar o lençol freático, provocando redução da<br />

quantidade de água nos mananciais, ou seja, alterando o fluxo de água da bacia hidrográfica.<br />

A função de abrigo refere-se à deposição de folhas, galhos e troncos no leito do rio,<br />

que servem como esconderijo e proteção contra predadores para peixes e substrato para o<br />

perifíton (que acaba por servir de alimento a muitos organismos). Além do fornecimento de<br />

abrigo, as estruturas que caem da vegetação constituem um aporte de matéria orgânica. As<br />

folhas, frutos e flores servem como alimento para várias espécies de peixes, inclusive algumas<br />

apresentam uma maior especificidade, estando adaptadas à flora da região onde vivem. Além<br />

155


disso, o sombreamento propiciado pela mata ciliar evita o incidência de sol diretamente sobre<br />

a água, o que ajuda a manter uma estabilidade térmica e evita a exposição dos peixes aos<br />

predadores terrestres.<br />

A influência da mata ciliar é maior quanto maior for sua área de contato com o meio<br />

aquático, ou seja, em trechos onde há menor volume d‟água, tal como as poças e riachos.<br />

Desta forma, os peixes de riacho são animais cuja sobrevivência é muito mais dependente da<br />

vegetação ciliar.<br />

Ordens e famílias de peixes coletadas no presente estudo<br />

O Brasil é detentor de uma das maiores diversidade de peixes de água doce do mundo,<br />

sendo a Mata Atlântica, um dos locais de grande expressividade desta biodiversidade. Na<br />

região de Itapema, nos trechos estudados, foram registrados os seguintes grupos taxonômicos:<br />

Ordem Characiformes: peixes com escamas, representados por cerca de 16 famílias<br />

distribuídas nas Américas e na África.<br />

Família Characidae: representante da ordem Characiformes no ambiente estudado,<br />

apresenta peixes de pequeno porte, denominados "lambaris" ou piavas. .São exclusivamente<br />

da água doce, diurnos e apresentam diversificados nichos ecológicos. E ainda, variados<br />

padrões de colorido, osteológicos e morfológicos, o que a caracteriza como a família mais<br />

diversificada entre os peixes neotropicais. Possuem escamas por todo corpo, com exceção da<br />

cabeça; nadadeira adiposa; raios das nadadeiras moles; pré-maxilar fixo e boca não protátil.<br />

Nos riachos estudados foram encontrados os seguintes representantes: Hollandichthyis sp.n.<br />

Ordem Cyprinodontiformes: peixes de corpo geralmente pequeno. Não apresentam<br />

nadadeira adiposa, nem linha lateral e a boca é usualmente grande e superior, são recobertos<br />

de escamas até a face, maxila superior protátil e nadadeiras sem espinhos. É composta por<br />

oito famílias predominantes em águas doces tropicais, mas podem ocorrer também em<br />

ambientes estuarinos. Nesta ordem ocorrem peixes vivíparos e anuais, com marcado<br />

dimorfismo sexual.<br />

Família Poeciliidae: apresentam o terceiro, quarto e quinto raios da nadadeira anal dos<br />

machos modificados em um órgão copulador (gonopódio); tem fertilização interna e são<br />

vivíparos; o macho é geralmente bem menor que a fêmea. Alimentam-se de larvas de insetos<br />

que vivem na superfície da água. A espécie encontrada na região de estudo foi Phallocerus<br />

caudimaculatus.<br />

8.4 Conclusões<br />

A região da Praia Grossa mostrou um riacho com poucas espécies, porém com uma<br />

população de Hollandichthys grande e de composição faunística singular, com indivíduos de<br />

grande porte, mas ameaçados devido à presença de casas e desmatamentos. Este riacho da<br />

Restinga é um local extremamente delicado e que vai sofrer modificações se a mata ciliar, ou<br />

a qualidade da água forem alterados.<br />

Proposições para o município de Itapema, em decorrência do estudo da ictiofauna<br />

156


Resumo:<br />

Ações educativas sejam amplamente divulgadas, a fim de evidenciar a<br />

necessidade da manutenção da mata ciliar naturais, para a integridade dos<br />

ambientes aquáticos e das populações naturais de peixes;<br />

Atenção seja dada a propriedades que estão realizando o cultivo de peixes<br />

exóticos, uma vez que as populações estudadas são extremamente frágeis frente<br />

á introdução de peixes exóticos como tilápia, bagres exóticos e a truta, que<br />

facilmente acabam escoando para os riachos durante as cheias. Nestas<br />

localidades não deveria ter cultivo de peixes exóticos. Outras opções de renda<br />

devem ser apresentadas às populações locais, como alternativas a piscicultura ou<br />

“pesque e pague”.<br />

A localidade Praia Grossa, que apresenta um riacho extremamente delicado, com<br />

pouco fluxo de água e com uma população de peixes raros, provavelmente<br />

endêmicos daquela micro bacia. Esta população deveria ser acompanhada a fim<br />

de se estabelecer áreas de distribuição das espécies e outros aspectos ecológicos<br />

destes peixes que deverão nortear o manejo da área. Esta população de peixes é<br />

EXTREMAMENTE SUSCETÍVEL a alterações antrópicas e o risco de extinção<br />

de uma determinada espécie devido a alterações antrópicas deve ser encarado<br />

como fato GRAVÌSSIMO.<br />

A região da Praia Grossa mostra-se com grande potencial de manutenção de corpos de<br />

água típicos de Mata Atlântica e ainda em bom estado de preservação. A preservação destes<br />

tipos de ambientes somente será possível a partir de estudos que dêem embasamento<br />

científico robusto, com estudos ecológicos de médio a longo prazo. Tais conhecimentos serão<br />

indispensáveis para compor documentos técnicos para o manejo adequado da região. O<br />

levantamento aqui proposto vai servir de base, mas deve ser entendido como uma etapa inicial<br />

de estudo da fauna de peixes.<br />

157


9.1 Introdução<br />

9. HIDROLOGIA<br />

O município de Itapema está localizado no Litoral Norte de Santa Catarina a<br />

aproximadamente 40 km de Florianópolis. Sua área é de 59 km², fazendo limite com o<br />

Oceano Atlântico a leste, Balneário Camboriú ao norte, Porto Belo ao sul e Camboriú a oeste.<br />

O bioma é a Mata Atlântica e as principais atividades econômicas são o turismo e a<br />

construção civil (IBGE, 2009).<br />

Sua população fixa é de aproximadamente 36.629 habitantes (IBGE, 2009), mas vem<br />

apresentando altos índices de crescimento populacional e, além disso, recebe a cada verão<br />

quase de 500.000 turistas (Skalee, 2008).<br />

Foi fundado em 28 de fevereiro de 1962. Sua origem cultural é de base luso-açoriana.<br />

Entre as manifestações locais, estão: Folguedo do Boi-de-Mamão, Cantorias de Terno-de-<br />

Reis, tecelagem em tear, cerâmica artesanal, fabricação de farinha de mandioca em engenho e<br />

a pesca artesanal de tainha. Também fazem parte de sua colonização, alemães, oriundos<br />

principalmente do Vale do Itajaí e de Blumenau.<br />

A cidade é conhecida no Brasil e no mundo pela beleza de sua orla urbanizada e<br />

caracterizada por uma verticalização moderna e luxuosa à beira-mar. Entretanto, apesar do<br />

intenso processo de urbanização e especulação imobiliária, ainda existem praias preservadas<br />

com restingas e morros cobertos pela Floresta Ombrófila Densa.<br />

O Estudo foi desenvolvido em quatro saídas a campo, estudos preliminares (análise e<br />

processamento de dados, estudo das legislações e conceitos pertinentes), conclusões,<br />

recomendações e revisão do documento.<br />

9.2 Metodologia<br />

Localização da Área<br />

A região de estudo localiza-se no Município de Itapema, no Estado de Santa Catarina,<br />

próximo a Rodovia BR 101, entre o bairro Canto da Praia e o Hotel Plaza, a região também é<br />

conhecida como Ponta do Cabeço. Trata-se de uma área compreendida entre costões rochosos<br />

marinhos, possuindo uma pequena extensão de areia configurando-se numa praia,<br />

popularmente denominada de Praia Grossa.<br />

Conceitos Técnicos<br />

Para subsidiar o presente laudo técnico, obtiveram-se alguns conceitos hidrológicos do<br />

Glossário de Termos Hidrológicos do Departamento Nacional de Energia Elétrica – Dnaee<br />

(1983), onde a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, em 1998 atualizou e<br />

informatizou-o. Também foram utilizados alguns conceitos presentes na Lei Estadual Nº.<br />

158


14.675, de 13 de abril de 2009, que Institui o Código Estadual do Meio Ambiente de Santa<br />

Catarina, apresentado no Art. 28.<br />

Corpo Hídrico: curso d´água, canal natural ou artificial, reservatório artificial ou<br />

natural, lago, lagoa, ou aqüífero subterrâneo (DNAEE, 1983).<br />

Definição da Lei Estadual Nº. 14.675:<br />

XX - “corpo de água ou corpo hídrico: denominação genérica para<br />

qualquer massa de água, curso de água, trecho de rio, reservatório<br />

artificial ou natural, lago, lagoa, aquífero ou canais de drenagem<br />

artificiais;”<br />

Curso d‟água: Rio natural mais ou menos importante, não totalmente dependente<br />

do escoamento superficial da vizinhança imediata, correndo em leito entre margens<br />

visíveis, com vazão contínua ou periódica, desembocando em ponto determinado<br />

numa massa de água corrente (curso de água ou rio maior) ou imóvel (lago, mar),<br />

podendo também desaparecer sob a superfície do solo. (DNAEE, 1983).<br />

Definição da Lei Estadual Nº. 14.675:<br />

XXII - “curso de água: fluxo de água natural, não totalmente dependente do<br />

escoamento superficial da vizinhança imediata, com a presença de uma ou<br />

mais nascentes, correndo em leito entre margens visíveis, com vazão<br />

contínua, desembocando em curso de água maior, lago ou mar, podendo<br />

também desaparecer sob a superfície do solo, sendo também considerados<br />

cursos de água a corrente, o ribeirão, a ribeira, o regato, o arroio, o riacho,<br />

o córrego, o boqueirão, a sanga e o lageado.”<br />

Nascente ou olho d`água: Fonte decorrente do afloramento de um lençol aqüífero<br />

(freático). Local onde aflora naturalmente, mesmo que de forma intermitente, a água<br />

subterrânea. (DNAEE, 1983)<br />

Definição da Lei Estadual Nº. 14.675:<br />

XL - “nascente: afloramento natural de água que apresenta perenidade e dá<br />

início a um curso de água;”<br />

A seguir são apresentadas mais algumas definições Pertinentes:<br />

Zona úmida: Zona na qual a precipitação excede a evaporação potencial (DNAEE,<br />

1983).<br />

Leito de um curso d‟ água: Parte mais profunda do leito de um rio onde escoa a<br />

corrente principal (DNAEE, 1983).<br />

Confluência: Junção, ou ponto de junção, de dois ou mais cursos de água. Local onde<br />

dois ou mais rios se juntam formando um curso d'água mais volumoso (DNAEE,<br />

1983).<br />

Divisor de águas: Linha limite ou fronteira que separa bacias de drenagem adjacentes<br />

(DNAEE, 1983).<br />

159


Remanso: Água represada ou retardada no seu curso em comparação ao escoamento<br />

normal ou natural (DNAEE, 1983).<br />

Canal de drenagem: Conduto aberto artificialmente para a remoção da água do solo<br />

ou de um aqüífero, por gravidade, a fim de controlar o nível d'água (DNAEE, 1983).<br />

Vala de drenagem: Conduto aberto artificialmente para a remoção da água pluvial de<br />

terrenos (DNAEE, 1983).<br />

Definição da Lei Estadual Nº. 14.675:<br />

LX - “vala, canal ou galeria de drenagem: conduto aberto artificialmente<br />

para a remoção da água pluvial, do solo ou de um aquífero, por gravidade,<br />

de terrenos urbanos ou rurais;”<br />

Vertedor: Dispositivo utilizado para controlar a vazão em escoamento. É<br />

essencialmente uma parede ou placa com uma abertura (crista ou soleira) de<br />

determinada forma geométrica na parte superior. Quando colocado em um curso<br />

d´água, causa remanso, elevando o nível d´água a sua montante (PORTO, 2006).<br />

Canal de adução: Para os canais de adução foi utilizada a definição da legislação<br />

estadual abaixo.<br />

Definição da Lei Estadual Nº. 14.675:<br />

XVIII - “canal de adução: conduto aberto artificialmente para a<br />

retirada de água de um corpo de água, por gravidade, a fim de promover o<br />

abastecimento de água, irrigação, geração de energia, entre outros usos;”<br />

Açude: Para os açudes foi utilizada a definição da legislação estadual.<br />

Definição da Lei Estadual Nº. 14.675:<br />

“VII - açude: viveiro de produção de peixe que foi construído interceptando<br />

um curso d’água, não possui controle de entrada e saída da água e tem um<br />

dreno ou vertedouro destinado à redução do volume de água por ocasião<br />

das grandes precipitações pluviométricas.”<br />

Planície de inundação: Áreas sujeitas à inundação, equivalentes às várzeas<br />

(DNAEE, 1983).<br />

Definição da Lei Estadual Nº. 14.675:<br />

“XLIII - planície de inundação: áreas sujeitas à inundação, equivalentes às<br />

várzeas, que vão até a cota máxima de extravasamento de um corpo de<br />

água em ocorrência de máxima vazão em virtude de grande pluviosidade;”<br />

Além destas definições é fundamental atentar para o elemento apresentado abaixo,<br />

regulamentado pela Lei Estadual Nº. 14.675:<br />

Zoneamento ecológico-econômico: instrumento de organização do<br />

território, a serem obrigatoriamente seguidos na implantação de planos,<br />

160


obras e atividades públicas e privadas, que estabelece medidas e padrões<br />

de proteção ambiental, dos recursos hídricos e do solo, e conservação da<br />

biodiversidade, fomentando o desenvolvimento sustentável e a melhoria das<br />

condições de vida da população.<br />

Análise Técnica da Documentação e Legislação Vigente<br />

Conforme a Lei Federal nº. 7.803, de 18 de Julho de 1989, que altera a redação da Lei<br />

Nº. 4.771, de 15 de setembro de 1965, e revoga as Leis nº. 6.535, de 15 de junho de 1978, e<br />

7.511, de 7 de julho de 1986, relata em seu Artigo 1º, parágrafo único, que: “(...) No caso de<br />

áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei<br />

municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território<br />

abrangido, observar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo,<br />

respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo (...)"<br />

No caso de Itapema a legislaçao municipal vigente<br />

Em 1982, a Legislação Estadual que estabeleceu as normas para o parcelamento do<br />

uso do solo, Lei nº. 6.063, de 24 de Maio de 1982, definiu no inciso III do Artigo 8 que:<br />

“(...) ao longo das águas correntes e dormentes, e das faixas de domínio público das<br />

rodovias, ferrovias e dutos, é obrigatória a reserva de uma faixa “non aedificandi” de 15 m<br />

(quinze metros) de cada lado, salvo maiores exigências estabelecidas em lei federal ou<br />

municipal (...)”.<br />

Com relação a zonas ou áreas úmidas, freqüentemente encontradas em regiões<br />

costeiras ou com conformação geográfica propícia, pode-se apontar alguns elementos para<br />

análise. Atualmente são poucos os estudos que abordam este tema e, ainda menos os meios<br />

legais disponíveis para regulação. Alguns estados da federação já demonstraram iniciativas<br />

importantes nesta direção.<br />

Como destaque, e com caráter meramente ilustrativo, pode-se apontar o estado do<br />

Paraná, pelo pioneirismo da Resolução Conjunta IBAMA / SEMA / IAP nº. 45, de 25 de<br />

setembro de 2007, a qual instituiu normas e restrições para ás áreas úmidas deste estado. Esta<br />

resolução reafirma que “(...) as áreas úmidas são ecossistemas frágeis, de alta complexidade<br />

ecológica, importantes para o processo de estabilidade ambiental e manutenção da<br />

biodiversidade (...)”, porém também essas áreas que têm sido objeto de discussões técnicas e<br />

doutrinárias pela falta de clara definição do seu status legal, justificando a necessidade da<br />

edição de novos meios legais para adequação a realidade local de cada ambiente.<br />

Função Hidrológica e Ecológica da Mata Ciliar<br />

O Brasil por suas características geográficas é o país que exibe o maior e mais<br />

diferenciado mostruário de matas ripárias no cinturão das terras situadas entre os trópicos do<br />

planeta. A relação da geomorfologia com a questão das matas ciliares guarda um interesse<br />

particular para o entendimento do processo de diferenciação dos ecossistemas de planícies<br />

aluviais. Os estudos geomorfológicos dirigem-se para a explicação da dinâmica sedimentária,<br />

que responde pela gênese dos diques marginais que por sua vez serve, de suporte para a<br />

161


vegetação ripária (Ab‟ Saber 2001). Essa variação dos ecossitemas ao longo da vegetação<br />

ripária é notória e a mata ciliar, de acordo com Loureiro (1998), é caracterizada por uma<br />

diversidade significativa de formações vegetais que ocorrem nas margens dos rios, com<br />

função geoecológica bem definida e essencial para manutenção da qualidade ambiental.<br />

A estrutura e composição da mata ciliar apresentam grande variação em razão da alta<br />

freqüência de alterações impostas pelo ambiente em que ela ocorre, passando por gradientes<br />

de temperatura e altitude. As matas ciliares exercem forte influência sobre a água, atuando em<br />

fatores importantes tais como: escoamento das águas da chuva, diminuição do pico dos<br />

períodos de cheia, estabilidade das margens e barrancos, decursos d‟água, equilíbrio da<br />

temperatura das águas favorecendo a sobrevivência dos organismos aquáticos e ciclagem dos<br />

nutrientes presentes na água (LANGE, 1997).<br />

Segundo Canali (1992), as matas ciliares constituem-se em grandes fornecedoras de<br />

alimentos para uma rica diversidade de espécies, como peixes, pássaros, roedores insetos,<br />

principalmente para os polinizadores e dispersores de sementes. As matas ciliares que se<br />

estendem por longas distâncias com uma faixa larga de vegetação criam condições ideais para<br />

a sobrevivência dos animais e a manutenção do ciclo hidrológico.<br />

No início do século passado, a população urbana compunha cerca de 15% da<br />

população mundial. Este cenário inverteu-se rapidamente e hoje existem países desenvolvidos<br />

com mais de 90% da população residente em áreas urbanas. Esta mudança não foi diferente<br />

para o Brasil. Em 1940 quase 70% da população vivia no meio rural, gerando uma economia<br />

nacional baseada no setor primário. Atualmente, devido ao desenvolvimento econômico<br />

mundial, o setor primário representa apenas 2% na economia global (Tucci, 1996).<br />

Desde 1940 as áreas urbanas no Brasil não pararam de crescer e gradualmente a<br />

população foi migrando para os grandes centros. Na década de 90, aproximadamente 76% da<br />

população residindo em áreas urbanas, com destaque para alguns estados que já apresentam<br />

características de urbanização semelhante a países desenvolvidos. No estado de São Paulo<br />

somente 9% da população ainda está no campo (Tucci, 2006).<br />

Segundo Tucci (2006), esses impactos na qualidade da água têm produzido um<br />

ambiente degradado, que, nas condições atuais da realidade brasileira, somente tende a piorar.<br />

Esse processo, infelizmente não está sendo contido, mas está sendo ampliado à medida que os<br />

limites urbanos aumentam ou a densificação se torna intensa. A gravidade desta tendência<br />

ocorre principalmente nas médias e grandes cidades brasileiras.<br />

Os efeitos da urbanização não são somente devido a lançamentos de efluentes, na<br />

verdade existem impactos em todo o ciclo hidrológico da bacia hidrográfica e seu entorno. O<br />

desenvolvimento urbano modifica a cobertura vegetal e prejudica as características do solo,<br />

provocando vários efeitos que alteram os componentes do ciclo hidrológico natural.<br />

Das fases do ciclo hidrológico o escoamento superficial é talvez a mais importante<br />

para os estudos de engenharia. O escoamento superficial abrange o excesso de precipitação<br />

que ocorre logo após uma chuva que, caindo sobre um solo saturado de umidade ou<br />

impermeável, escoa pela superfície, formando as enxurradas, córregos, ribeirões, rios lagos ou<br />

reservatórios de acumulação (Villela & Matos, 1975).<br />

162


Devido à urbanização de grandes áreas a cobertura da bacia é alterada para pavimentos<br />

impermeáveis e são introduzidos condutos para escoamento pluvial, gerando grandes<br />

alterações no escoamento superficial, e por fim as enchentes e seus problemas relacionados.<br />

A filosofia vigente até os dias de hoje é a de construir canais de drenagem que possam<br />

escoar rapidamente as águas da chuva empurrando os efeitos indesejáveis junto. Neste<br />

sentido, a canalização tem sido extensamente utilizada para transferir os problemas<br />

relacionados ao esgoto pluvial à jusante, gerando enchente e degradações em outros locais, ao<br />

invés de resolver a questão.<br />

Podem-se elencar alguns dos principais fatores que influenciam diretamente no<br />

escoamento superficial, tais como: as variações climáticas, a geomorfologia, os aspectos<br />

estruturais (obras hidráulicas) e a vegetação predominante. O primeiro fator abrange a<br />

intensidade e a duração da precipitação, bem como, as precipitações antecedentes. A<br />

fisiografia, por sua vez, analisa fatores como, área e forma da bacia, permeabilidade do solo,<br />

capacidade de infiltração e topografia. A cobertura vegetal predominante influi na<br />

amortização das gotas precipitadas e nas taxas de água absorvidas e evapotranspiradas na<br />

bacia. Por último, deve-se ainda avaliar a influência das obras hidráulicas realizadas na bacia<br />

e que interferem diretamente na dinâmica da drenagem pluvial.<br />

Os mecanismos naturais de retenção de água em uma bacia hidrográfica possuem uma<br />

dinâmica totalmente inversa a adotada por nossos planos urbanos. Nas regiões tropicais onde<br />

o regime de chuva é farto, principalmente na mata atlântica, é comum encontrar solos<br />

permeáveis e com sistemas radiculares intensos que fornecem vias para uma rápida absorção<br />

da água precipitada. Assim, a água fica armazenada durante o pico da chuva para que seja<br />

posteriormente liberada lentamente. Por sua vez, os rios atuam como canais de drenagem<br />

natural, meandrosos, pedregosos e com vastas margens para suportar as ondas de cheia.<br />

Com esta conformação natural dos rios ocorre uma significativa diminuição da<br />

velocidade da água drenada durante a chuva e conseqüentemente diminuição de processos de<br />

erosão e carreamento de solo. De maneira sinérgica, a mata ciliar, que é a vegetação que<br />

acompanha as margens, mantém a estabilidade dos taludes e evita a erosão excessiva<br />

assegurando a continuidade na forma da calha natural do rio.<br />

Os custos com canais revestidos são na ordem dos milhões de reais por cada km<br />

construído. Além disso, o prejuízo público é dobrado, já que, além de não resolver o<br />

problema, os recursos são gastos de forma equivocada, em projetos errôneos e sem qualquer<br />

estudo local aprofundado. Ou seja, não é difícil ver ruas ou calçadas que obstruem o fluxo da<br />

água ou encontrar canais saturados por sedimentos que reduzem sua capacidade e depreciam<br />

ainda mais a qualidade da água urbana (Tucci, 2006)<br />

Muitos desses problemas iniciam-se já nas etapas de planejamento urbanísticos. No<br />

plano diretor das cidades não são considerados elementos como a gestão das águas pluviais,<br />

ocupação de áreas de risco para a inundação e a educação ambiental.<br />

Em estudos realizados na vizinhança de Tóquio, no Japão, pesquisadores observaram,<br />

por longo período, a variação do tempo de concentração ao longo dos anos de<br />

desenvolvimento da bacia. Este estudo comprovou que em bacias urbanizadas pode ocorrer<br />

um aumento de até seis vezes a vazão máxima natural (Tucci, 1997).<br />

163


Para melhor entendimento pode-se dizer que existem dois tipos de poluição aquática<br />

no que diz respeito ao foco de origem: a poluição pontual e a poluição difusa.<br />

A poluição pontual é proveniente de uma fonte específica e identificável. Ou seja, é o<br />

efluente lançado por uma tubulação de determinada indústria ou Estação de Tratamento de<br />

Esgoto de uma comunidade. Na poluição difusa, no entanto, os poluentes adentram o corpo<br />

d‟água por vastas extensões de área. Este é o caso típico da poluição veiculada pela drenagem<br />

urbana, a qual é descarregada de forma distribuída ao logo de corpo hídrico. Em vários países<br />

desenvolvidos, grande atenção tem sido dada à poluição difusa. Isto se deve aos avanços na<br />

resolução da poluição pontual, que permitiu focalizar esforços. Nos países em<br />

desenvolvimento a realidade é outra, existe praticamente tudo a se fazer ainda em termos de<br />

controle da poluição pontual, especialmente no Brasil (Von Sperling, 2005).<br />

Os efeitos da poluição no corpo hídrico dependem da natureza do poluente<br />

introduzido, do caminho que esse poluente percorre no meio e do uso que se faz do corpo de<br />

água. Sem dúvida a maior fonte de poluição das águas no meio urbano é o lançamento de<br />

esgoto doméstico aliado a drenagem urbana. A matéria orgânica biodegradável lançada na<br />

água passará por um processo de degradação, proporcionado por microrganismos<br />

decompositores especializados.<br />

Existem duas maneiras de esses compostos serem degradados. A primeira ocorre<br />

quando há disponibilidade de oxigênio dissolvido na água para a decomposição aeróbia da<br />

carga orgânica. Porém, se a demanda de oxigênio for maior que a capacidade de aeração e<br />

fixação deste gás no corpo de água, ocorrerá a segunda via de decomposição, agora de<br />

maneira anaeróbia. Se o foco não cessar e a reposição de oxigênio for insuficiente, a tendência<br />

é o esgotamento e a inviabilidade da existência de vida para peixes e outros organismos que<br />

morreriam asfixiados (Braga et al., 2005).<br />

Em outras palavras, o impacto gerado pelos despejos domésticos não são causados<br />

diretamente por determinadas substancia tóxica, mas sim pela diminuição da concentração de<br />

oxigênio e todas as conseqüências desta situação de desequilíbrio ecológico. Outros impactos<br />

estão associados a contaminações biológicas 5 , ou transmissão de doenças, e finalmente, aos<br />

aspectos estéticos. Os impactos estéticos, tais como odor e a cor, são decorrentes do processo<br />

de degradação anaeróbica que contribui com diversos gases de forte odor putrefação, dentre<br />

esses gases o principal é o gás sulfídrico. Nos pontos do corpo de água próximos a onde existe<br />

o lançamento da carga poluidora, a denominada zona de degradação, a água se apresenta<br />

turva, devido aos sólidos presentes nos esgotos, e como já foi dito, em maior quantidade ainda<br />

no esgoto pluvial (Von Sperling, 2005).<br />

Outro indicativo de poluição importante pode ser o conceito de diversidade de<br />

espécies. Ecossistemas em condições naturais apresentam elevado número de espécies e<br />

reduzido número de indivíduos de cada espécie. No entanto quando o ecossistema foi<br />

perturbado a situação se inverte, passando a apresentar poucas espécies adaptadas em elevado<br />

número de indivíduos beneficiados. Em ambientes perturbados não existe a diversidade<br />

biológica e as suas funções ecológicas desaparecem.<br />

164


Segundo Von Sperling (2005), todos os contaminantes da água, com exceção dos gases<br />

dissolvidos, contribuem para a carga de sólidos. Por isso esse parâmetro deve ser avaliado<br />

com critério.<br />

O aumento exponencial na quantidade de sedimentos e material sólido nas águas<br />

urbanas é um problema real que está diretamente relacionado com a expansão da construção<br />

civil e seus resíduos, à limpeza de terrenos, ruas e avenidas e ao próprio processo de<br />

assoreamento das margens, em alguns casos até mesmo antes de chegar ao cinturão urbano. A<br />

quantidade de material suspenso encontrada no esgoto pluvial pode ser superior a do esgoto in<br />

natura (Tucci, 2006).<br />

Ainda segundo Tucci (2006), esses impactos na qualidade da água têm produzido um<br />

ambiente degradado, que, nas condições atuais da realidade brasileira, somente tende a piorar.<br />

Esse processo, infelizmente não está sendo contido, mas está sendo ampliado à medida que os<br />

limites urbanos aumentam ou a densificação se torna intensa. A gravidade desta tendência<br />

ocorre principalmente nas médias e grandes cidades brasileiras.<br />

9.3 Resultados<br />

Em quatro vistorias realizadas nos dias 21 de fevereiro, 05, 14 e 23 de maio de 2010<br />

foram observadas as principais características hidrológicas atualmente existentes na referida<br />

área de estudo.<br />

O principal objetivo destas saídas foi caracterizar e georreferenciar os pontos<br />

estratégicos para manutenção da qualidade ambiental dos corpos hídricos. Para a preparação<br />

deste estudo técnico obtiveram-se diversos documentos e demais informações existentes que<br />

auxiliaram também nas atividades de campo e análises técnicas. Dentre eles podem-se<br />

destacar:<br />

Imagens aéreas que apresentam a rede hidrográfica e a ocupação do terreno. Fotos<br />

aéreas de 2005 cedidas pela Prefeitura Municipal de Itapema (PMI), com<br />

excelente resolução e, ainda, uma imagem de satélite de 2008, além do Google<br />

Earth pro.<br />

Documentos do Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro (GERCO), bem<br />

como o zoneamento municipal que auxiliaram no enquadramento econômicoecológico<br />

da referida Área.<br />

Estudos hidrológicos, levantamentos de fauna, flora e entrevistas com moradores<br />

realizados no período de dezembro de 2008 a janeiro de 2010 pela Universidade<br />

Federal de Santa Catarina (UFSC), sob coordenação do Núcleo de Educação<br />

Ambiental do Centro Tecnológico- UFSC (NEAmb), denominado Diagnóstico<br />

Socioambiental para Criação de Unidades de Conservação.<br />

Entre outras informações fornecidas pela comunidade local, Fundação Ambiental<br />

da Área Costeira de Itapema (FAACI), e pela PMI.<br />

Os materiais utilizados para as vistorias foram mapas temáticos, uma máquina<br />

fotográfica digital (Marca: SONY – Modelo: Cyber Shot), um GPS (Marca: GARMIN –<br />

165


Modelo: GPSmap 60 CSx), prancheta e trena. O Datum utilizado como referência, é o WGS<br />

84 e a precisão apresentada pelo GPS nas quatro vistorias variou de 5 a 15 metros.<br />

Neste relatório foram abordados aspectos qualitativos sobre os principais elementos<br />

hídricos existentes visando à criação de áreas protegidas além das que já são asseguradas pela<br />

legislação pertinente. Havendo necessidade de avaliação de outros usos possíveis, sejam no<br />

que diz respeito ao abastecimento de água ou lançamento de efluentes, serão fundamentais<br />

outras análises quantitativas mais específicas e uma melhor caracterização dos índices físicos<br />

e pluviométricos da área.<br />

Nas vistorias de campo foram identificados pelo menos quatro cursos d‟água<br />

principais com fluxo permanente de água que percorrem o área em estudo, entre outros corpos<br />

hídricos. O primeiro a ser descrito, denominado neste estudo de Curso d‟Água Praia Grossa,<br />

tem sua nascente dentro da área de estudo e seu fluxo vertendo para a Praia Grossa onde<br />

deságua no mar.<br />

A seguir serão caracterizados os principais elementos hídricos identificados nas<br />

vistorias em campo:<br />

Curso d’Água Praia Grossa<br />

Este é um dos principais corpos hídricos da microregião. Possui elevada beleza cênica e<br />

função ecológica fundamental para o ecossistema existente. Segundo estudos de ictiofauna<br />

aliado a qualidade da água e flora caracteriza-se por uma elevada biodiversidade e fragilidade<br />

ambiental. Segundo moradores, possuí considerável quantidade de água mesmo nos meses de<br />

estiagem.<br />

Neste estudo também foi dado a continuidade ao monitoramento da qualidade da água<br />

utilizando alguns dos parâmetros sugeridos pela legislação pertinente considerando tal corpo<br />

d‟água como de classe 2 de acordo com a Resolução nº 357 do Conselho Nacional de Meio<br />

Ambiente (CONAMA). Este monitoramento tem demonstrado que, de maneira geral, as<br />

condições de salubridade e requisitos para manutenção da vida aquática tem se mantidos<br />

bastante satisfatórias. No entanto, é preciso manter um acompanhamento regular para avaliar<br />

as possíveis alterações destas condições. Os Parâmetros analisados e suas respectivas<br />

restrições, de acordo com a classe 2 estabelecida pela Resolução Nº 357 do CONAMA, estão<br />

dispostas na Tabela 16.<br />

166


Tabela 16. Tabela 1: Parâmetros de qualidade de água superficial analisados no Rio Praia Grossa.<br />

Data: 05/05/2010 e 14/05/2010<br />

Parâmetro Unidade<br />

Valor<br />

máx.*<br />

PGR1 PGR2<br />

(Nascente) (Foz)<br />

pH - 6


Figura 124. Trecho da mata ciliar do curso d’água Praia Grossa em estágio avançado de preservação.<br />

Figura 125. Nascente do curso d’água Praia Grossa com sinais de alteração para instalação de estrada.<br />

168


Figura 126. Trecho da estrada que atravessa parte da área de estudo e do acesso a nascente em comento.<br />

A jusante, este curso d‟água percorre entre meandros boa parte do terreno, sendo<br />

gradativamente alimentado por outros pequenos afluentes perenes. Durante as vistorias, e em<br />

consonância com estudos de estágio sucessional da flora, foi possível observar que a maior<br />

porção da mata ciliar encontra-se em estágio médio a avançado de regeneração,<br />

proporcionando as funções ecológicas atribuídas a esta estrutura. O leito deste curso é<br />

constituído por rochas e areia, característicos dos rios de mata atlântica de encostas. Estas<br />

características são predominantes desde a nascente até a coordenada cartográfica UTM N<br />

738221 e UTM E 7001837, quando as áreas são mais planas e existe mais deposição de<br />

sedimentos proporcionando fundos mais arenosos.<br />

A partir da coordenada UTM N 738221 e UTM E 7001837 o curso d‟água modifica-se<br />

bastante em função da escassez da mata ciliar e evidente antropização deste ambiente.<br />

Existem algumas casas construídas próximas às margens do rio e posteriormente este é<br />

canalizado por um pequeno trecho ao cruzar uma estrada sem na coordenada UTM N 738249<br />

e UTM E 7001845 (Fig. 127). Nesta área observam-se também processos de erosão do solo<br />

sem vegetação, carreando sedimentos para o curso d‟água e obstruindo a tubulação e parte da<br />

calha do rio.<br />

169


Figura 127. Tubulação de passagem do curso d’água pela estrada próxima à Praia Grossa.<br />

Neste trecho do rio observa-se que num passado próximo o traçado deste rio fora bem<br />

alterado e, inclusive, desviado de seu curso original. Também verificou-se a possibilidade de<br />

existência de um pequeno açude atualmente desativado. Ainda hoje existe uma estrutura de<br />

concreto construída para tais fins (Fig. 128).<br />

ATUAL CALHA DO RIO<br />

Figura 128. Ambiente antropizado e detalhe da estrutura de concreto descrita.<br />

170


Na coordenada UTM N 738286 e UTM E 7001793 (Figura 6), existe uma confluência<br />

com aporte de água fornecido por outro rio proveniente de uma área úmida a montante (este<br />

curso d‟água será melhor descrito a seguir). Deste ponto em diante o leito do rio contorna<br />

algumas casas por mais algumas dezenas de metros até desaguar no mar na coordenada UTM<br />

N 738354 e UTM E 7001834 (Figs. 129 e 130).<br />

Figura 129. Confluência dos cursos d’águas próximas à foz na Praia Grossa.<br />

Figura 130. Foz do curso d’água principal da Praia Grossa.<br />

171


Área úmida próxima à praia e curso d’água<br />

Esta área úmida possui características marcantes de ambientes conhecidos como<br />

banhados, devido sua vegetação predominante e por servir como habitat de espécies da fauna<br />

característica. Ambientes como estes são, geralmente, fundamentais também para certas<br />

espécies de aves migratórias, que utilizam essas áreas para obter comida, água e abrigo<br />

temporário durante suas viagens. Nesta área úmida também tem origem um pequeno curso<br />

d‟água que segue para o mar. A seguir serão descritos os alguns elementos marcantes destes<br />

corpos hídricos.<br />

Na coordenada UTM N 738211e UTM E 7001673 encontra-se uma área úmida com<br />

vegetação característica de banhado e com área aproximada de 5000 m², constituindo-se<br />

numa baixada do terreno e que é cercada por pequenas vertentes de água. Segundo os estudos<br />

geomorfológicos existentes para esta região esta feição é resultado de uma formação<br />

denominada de Terraço Lagunar a qual originam-se da progressiva colmatação de corpos<br />

lagunares, em ambientes com baixa dinâmica e energia de deposição, que favorecem o<br />

acúmulo de silte, argila de cores negras e matéria orgânica em decomposição, podendo formar<br />

zonas pantanosas. Esta região está próxima a algumas casas e da estrada principal da Praia,<br />

apresentando alguns sinais de intervenção, tais como formação de trilhas, aterramento e<br />

supressão da vegetação (Fig. 131).<br />

Figura 131. Área úmida caracterizada como banhado após supressão de vegetação.<br />

Da área úmida origina-se um curso d‟água que prossegue até a confluência referida no<br />

item 1.5, Na coordenada UTM N 738282 e UTM E 7001765 o curso d‟água é tubulado por<br />

um pequeno trecho sob a estrada de acesso a extremidade norte da Praia Grossa juntando-se<br />

172


ao leito principal do curso d‟água da Praia Grossa, no ponto de confluência anteriormente<br />

descrito.<br />

Curso d’ água Praia da Ilhota (Plaza Itapema Resort & Spa)<br />

Este curso d água nasce na área de estudo na coordenada cartográfica UTM N 737844<br />

e UTM E 7001940 vertendo em meandros em direção da rodovia BR 101 para depois<br />

contornar em direção ao Hotel Plaza para desaguar na Praia da Ilhota, onde se localiza o<br />

conhecido Plaza Itapema Resort & Spa.<br />

Na coordenada UTM N 737844 e UTM E 7001940 esta localizada uma área úmida<br />

com vegetação característica de banhado com área aproximada de 1000 m². Parte desta<br />

encontra-se seccionada por uma estrada sem calçamento que dá acesso a veículos até a última<br />

casa localizada junto a esta nascente, provocando considerável supressão da mata ciliar préexiste<br />

no local (Fig. 132). Cabe também comentar que existem estruturas de fundações de<br />

concreto armada que provavelmente foram construídas para sustentar uma edificação sobre a<br />

referida área úmida. Atualmente esta estrutura aparenta estar desativada no mesmo local (Fig.<br />

133).<br />

Figura 132. Final do acesso para automóveis e residência localizada junto à área úmida descrita.<br />

173


Figura 133. Detalhe da área úmida impactada pelas fundações de uma possível edificação prevista.<br />

A partir da área úmida acima descrita origina-se um dos principais cursos d‟água da<br />

área de estudo. Este rio apresenta fluxo de água superficial constante durante todo o ano,<br />

constituindo-se por tanto em um rio perene. Apear de apresentar um fluxo difuso próximo a<br />

nascente o curso d‟água prossegue por alguns metros onde começa a convergir em uma calha<br />

com leito rochoso e arenoso característico de cursos d‟água das encostas da mata atlântica da<br />

região. Este curso prossegue em meandros em sentido noroeste cruzando vias de acesso,<br />

sendo por vezes tubulado (Fig. 134). Observou-se também outra contribuição hídrica<br />

proveniente de um posso construído para o abastecimento de algumas famílias locais, no<br />

entanto, o detalhamento destes e possivelmente outras vertentes de água localizadas a<br />

montante da nascente em comento não serão foco deste relatório (Fig. 135).<br />

174


Figura 134. Detalhe das estruturas hidráulicas existentes junto às vias de acesso.<br />

Figura 135. Sistema de captação de água para abastecimento de famílias locais.<br />

175


Na coordenada UTM N 737917 e UTM E 7002154 foi verificada uma<br />

considerável redução da mata ciliar do rio em comento, este fato deve-se a proximidade<br />

da rodovia BR 101 e a ocupação humana com construção de edificações próximas ao<br />

curso d„água. Deste trecho em diante o curso d‟água flui em direção ao Plaza Resort e<br />

Spa deixando a área de estudo em direção a Praia da Ilhota .<br />

Na coordenada UTM N 737964 e UTM E 7002220 o rio adentra a propriedade do<br />

Plaza onde deixa de possuir qualquer mata ciliar significativa e prossegue de forma bem<br />

alterada com diversos desvios, açudes artificiais e canalizações. Cabe aqui reforçar que<br />

este estudo não objetivou a caracterização detalhada deste trecho do curso d‟água.<br />

Verificou-se, porém que após transpassar o referido imóvel o rio deságua na Praia da<br />

Ilhota sob a coordenada UTM N 738695 e UTM E 7002481, onde, inclusive, existe uma<br />

estrutura de concreto com uma galeria celular seguida de canalização equipada com um<br />

extravasador que direciona todo o fluxo diretamente para o mar (Figs. 136 e 137).<br />

Figura 136. Derivações do curso d’água Praia da Ilhota, campo de golfe do Plaza Resort e Spa.<br />

176


Figura 137. Estrutura e passarela da foz do curso d’água localizado na Praia da Ilhota.<br />

Curso d’Água Ponta do Cabeço<br />

Este pequeno curso d‟Água tem sua nascente localizada na encosta da Ponta do<br />

Cabeço, vertendo pelo costão rochoso até desaguar no mar. Este corpo hídrico e sua<br />

respectiva nascente encontram-se na área proposta inicialmente para a criação de uma RPPN<br />

em virtude de sua extrema beleza cênica, exuberante vegetação e posição estratégica. A maior<br />

parte de seu leito rochoso encontra-se sob área de marinha. Este local possuí especial<br />

importância ecológica e também pedagógica, pois possui lindas trilhas e extremo potencial<br />

para educação ambiental e ecoturismo (Fig. 138).<br />

177


Figura 138. Trilha principal da Ponta do Cabeço e Praia Grossa.<br />

A nascente deste curso d‟água situa-se na coordenada UTM N 738018 e UTM E<br />

7001303 apresenta um bom estado de conservação, com mata ciliar em estágio médio a<br />

avançado. O curso d‟água apresenta alta declividade e leito rochoso também acompanhado de<br />

mata ripária bem estruturada, apresentando rápido escoamento até desaguar no oceano na<br />

coordenada UTM N 738286 e UTM E 7001793. Trata-se de um local de extrema beleza<br />

cênica e pode ser observado ao se navegar pela região, pois em certos períodos este apresenta<br />

considerável vazão (Fig. 139).<br />

178


9.4 Conclusoes<br />

Figura 139. Vista dos íngremes costões rochosos da Ponta do Cabeço.<br />

Considerando o elevado número de informações e dados gerados por diversas<br />

pesquisas e estudos na área em comento é possível estabelecerem algumas questões<br />

prioritárias para que sejam devidamente atentadas. Atualmente é consenso na comunidade<br />

científica a importância da hidrografia para a manutenção saudável o ecossistema de<br />

determinada área. Locais com função ecológica estratégica e pontos de maior fragilidade<br />

ambiental devem ser recomendados de maneira a garantir não somente sua preservação hoje,<br />

mas sim que sejam adotadas medidas que vão além do mínimo exigido pela legislação<br />

pertinente, buscando criar espaços e programas para ampliar e restaurar a condição natural<br />

anteriormente alterada. Dentro desta perspectiva as principais recomendações para a área de<br />

estudo estão dispostas a seguir:<br />

Para o Curso d‟Água da Praia Grossa sugere-se uma atenção especial em função de sua<br />

importância ecológica para a área como um todo e, também, para a própria ciência, já que<br />

existem registros de espécies da fauna aquática que possivelmente ainda não foram<br />

encontrados em nenhuma outra localizada, tratando-se então de uma espécie nova para a<br />

ciência (relatório técnico de ictiofauna 2009 da Prof. Sônia Buck - UFSC). Além disto,<br />

sua localização estratégica proporciona um corredor fundamental para fauna existente.<br />

Desta forma, recomenda-se uma maior zona de proteção em suas margens, além da que já<br />

é prevista pela legislação federal.<br />

A nascente deste Rio encontra-se impactada por intervenções antrópicas e recomendam-se<br />

as buscas por alternativas para o traçado de vias dentro da área de estudo de maneira a<br />

179


evitar ao máximo as superposições, principalmente em locais próximos as nascentes.<br />

Recomenda-se também o isolamento da região de nascente para que seja iniciado um<br />

programa de restauração ambiental para essa vertente evitando assim uma futura escassez<br />

do recurso.<br />

Tendo em vista ainda a relativa proximidade entre as duas principais nascentes contidas na<br />

área de estudo, seria ideal trabalhar a conectividade e preservação destas duas nascentes<br />

buscando uma proteção contínua e, conseqüentemente, gerando um corredor de fauna<br />

entre a nascente do Rio Praia Grossa e a nascente do Curso d‟Água que deságua na Praia<br />

da Ilhota.<br />

Tendo em vista a futura possibilidade de movimentações de solo e outros impactos<br />

decorrentes da implantação de edificações próximas a áraes de preservação recomendamse<br />

a elaboração de um detalhado programa para minimização de impactos e constantes<br />

monitoramentos da qualidade e quantidade da água durante os próximos anos. Para tanto,<br />

recomenda-se estabelecer pontos de controle, relatórios periódicos e programas para<br />

divulgação dos dados. Neste sentido seria ideal a manutenção dos estudos e pesquisas<br />

científicas já iniciadas pela Universidade Federal de Santa Catarina.<br />

Com relação ao eminente potencial turístico desta região recomenda-se que, o mais breve<br />

possível, sejam instalados equipamentos básicos para apoio ao visitante e conservação<br />

das trilhas. Medidas simples como a instalação de lixeiras, decks, passarelas e placas<br />

informativas podem evitar futuros transtornos e, ainda, evitar degradação ambiental<br />

elevando o status turístico de Itapema com opções de ecoturismo e esportes de<br />

aventura. Do ponto de vista da hidrografia, estas medidas podem minimizar impactos de<br />

assoreamento das margens e acumulo de resíduos sólidos.<br />

Caso futuramente seja cogitada a possibilidade de utilização do recursos hídricos<br />

existentes nesta localidade, tais como a adução e abastecimento de água ou, mesmo,<br />

emissão de efluentes recomenda-se expressamente a realização de mais estudos<br />

específicos para a solução tecnológica prevista.<br />

180


10. ZONEAMENTO FINAL<br />

Para a determinação das áreas críticas para a preservação na Praia Grossa e a sua<br />

efetiva proteção, foi estabelecida uma série de critérios e restrições na área de estudo. Essas<br />

restrições foram estabelecidas fundamentalmente após a análise em conjunto dos relatórios<br />

temáticos de cada área do conhecimento. Também foram definidas restrições a partir de uma<br />

sequência de reuniões temáticas entre técnicos a serviço do Instituto Çarakura, da Fundação<br />

Área Costeira de Itapema (FAACI) e as duas empresas de consultoria contratadas dos<br />

empreendedores para o processo de licenciamento ambiental.<br />

No total foram realizadas seis reuniões temáticas, nas dependências da FAACI em<br />

Itapema, que foram complementadas com uma saída a campo (Fig. 141). O objetivo dessas<br />

reuniões foi o de tornar público o debate e tomar as decisões às claras e torná-las explícitas<br />

em suas conseqüências para que possam se legitimar no próprio debate que proporcionam.<br />

Esse é o sentido de todo nosso esforço de tentar compreender e esquematizar os anseios dos<br />

órgãos públicos licenciadores, dos empreendedores e principalmente dos maiores interessados<br />

que são os cidadãos de Itapema.<br />

Figura 141. Reunioes temáticas em campo envolvendo técnicos a serviço do Instituto Çarakura, da Fundação<br />

Área Costeira de Itapema (FAACI) e empresas de consultoria ambiental.<br />

A partir da análise dos relatórios temáticos foi possível estabelecer as diretrizes para a<br />

conservação das áreas mais relevantes do ponto de vista físico, biológico e socioeconômico.<br />

Dentre as principais diretrizes e condicionantes para a preservação da Praia Grossa<br />

destacamos:<br />

Sociologia<br />

Subsídios:<br />

Mesmo após a constatação em campo de que existem muitas diferenças e<br />

conflitos culturais presentes na região que são comprovados por nossa<br />

pesquisa, há um fator maior que engloba todos os discursos dos atores sociais<br />

envolvidos: a preservação da natureza. No que diz respeito aos pescadores, eles<br />

181


não são avessos às mudanças, desde que sua atividade laboral seja valorizada e<br />

fomentada no processo ao mesmo tempo em que sejam preservadas as<br />

características que tornam o Canto da Praia um lugar privilegiado para se viver<br />

e a Praia Grossa um cenário de beleza impar.<br />

A comunidade do Canto da Praia de Itapema se encontra bem articulada e<br />

aberta à negociação e à discussão no que se refere aos rumos que aquela parte<br />

da cidade irá tomar no futuro próximo. Tudo isso junto com uma forte noção<br />

de consciência ecológica que se faz predominante não só lá, mas em boa parte<br />

do discurso oficial das instituições públicas brasileiras. Neste sentido, deve ser<br />

valorizada a cultura açoriana e o modo de vida da população local,<br />

possibilitando intervenções mais harmônicas com a história, a cultura e o<br />

ambiente.<br />

Condicionantes:<br />

Com base nessas conclusões e demais aspectos do relatório apresentado foi<br />

definido que áreas em frente à praia também deveriam ser preservadas para o<br />

uso fruto dos moradores de Itapema em geral, apesar de seu apelo comercial ao<br />

setor imobiliário. Pois a preservação de tais espaços irá manter todas as<br />

características que imprimem a região o seu apelo cênico e cultural.<br />

Educação Ambiental<br />

Subsídios:<br />

Que sejam atendidas as exigências de acesso público à Praia Grossa e Ponta do<br />

Cabeço, tanto saindo do Canto da Praia, como pelo caminho que parte da BR<br />

101;<br />

Seja valorizada a cultura açoriana e o modo de vida da população local,<br />

possibilitando intervenções mais harmônicas com a história, a cultura e o<br />

ambiente;<br />

Considere as áreas de impacto direto como parte do sucesso e valorização dos<br />

empreendimentos previstos, evitando conflitos e apresentando<br />

responsabilidade socioambiental. O defenso da área do Canto da Praia é uma<br />

área estratégica para o suprimento de pescados de qualidade e pode vir a ser<br />

uma ótima opção de lazer e turismo com a revitalização da área. O mirante do<br />

Cabeço também se enquadra como local estratégico para uma opção de lazer e<br />

ecoturismo, carecendo de revitalização e manutenção;<br />

Mantenha diálogo com a comunidade próxima à BR 101 em todas as etapas de<br />

definição da ocupação. Foi requisitada a manutenção do acesso à Praia Grossa<br />

e também o monitoramento da qualidade das águas desta comunidade, pois a<br />

captação é toda feita por meio de poços artesanais;<br />

182


Acompanhamento da FAACI e de um representante da UFSC a cada lote que<br />

for licenciado para a construção de imóveis, após a obtenção do licenciamento<br />

do empreendimento.<br />

Constar no estatuto legal do condomínio que a área do empreendimento<br />

localiza-e em uma área de relevante interesse ecológico e devem ser adotadas<br />

diretrizes de ocupação e paisagismo coerentes com os objetivos de<br />

conservação, preservando e conectando os fragmentos.<br />

Utilizar materiais de construção com mínimo impacto possível, permitindo a<br />

infiltração da água da chuva no solo, evitando a erosão, a contaminação e os<br />

ruídos em excesso.<br />

Condicionantes:<br />

Meio Biótico<br />

Subsídios:<br />

Foram estabelecidas em parceria com a comunidade do Canto da Praia as<br />

estratégias para a realização dos subsídios acima elencados, essas estratégias<br />

estão detalhadas no relatório de Educação Ambiental que faz parte deste<br />

documento.<br />

Em relação ao meio biótico destaca-se o fato de que em todos os grupos<br />

amostrados os ambientes florestais associados aos corpos d‟água da Praia<br />

Grossa são de extrema importância para a preservação a fauna e flora da<br />

região. No total 80% de todos os registros de fauna aconteceram em ambiente<br />

florestal próximos aos rios.<br />

Outro aspecto do meio biótico é a necessidade de conectividade que foi<br />

apontada nos relatórios de todos os grupos animais, essa necessidade foi uma<br />

das diretrizes que orientaram todo o zoneamento. Ainda em relação à<br />

conectividade buscou-se representar todas as tipologias vegetacionais e os<br />

ambientes com potencial de recuperação e regeneração, especialmente<br />

ambientes com pouca representatividade na região ou com forte pressão devido<br />

à especulação imobiliária.<br />

Em relação aos anfíbios a Praia Grossa é extremamente relevante, pois<br />

apresenta uma grande diversidade de espécies. Esse grupo animal será um<br />

indicador da qualidade ambiental da região. Os insetos também representam<br />

importantes indicadores da qualidade ambiental e os grupos amostrados neste<br />

estudo devem ser alvos de monitoramento constante para a avaliação dos<br />

impactos da ocupação da Praia Grossa.<br />

183


Uma fragilidade da região foi apontada no relatório da equipe que realizou o<br />

levantamento dos vertebrados aquáticos que definiu a localidade Praia Grossa<br />

como um local que apresenta um riacho extremamente delicado, com pouco<br />

fluxo de água e com uma população de peixes raros, provavelmente endêmicos<br />

daquele Complexo Hidrológico. Esta população deverá ser acompanhada a fim<br />

de se estabelecer áreas de distribuição das espécies e outros aspectos<br />

ecológicos destes peixes que deverão nortear o manejo da área. Esta população<br />

de peixes é EXTREMAMENTE SUSCETÍVEL a alterações antrópicas e o<br />

risco de extinção de uma determinada espécie devido a alterações antrópicas<br />

deve ser encarado como fato GRAVÍSSIMO.<br />

Condicionantes:<br />

Preservação das diferentes tipologias vegetacionais além das regiões onde a<br />

mata está em estágio médio a avançado de regeneração.<br />

Máxima cautela e preservação nos ambientes em volta dos rios da região.<br />

Busca de minimizar o impacto da fragmentação via a implantação de<br />

passadores de fauna e corredores de vegetação sem intervenção para facilitar o<br />

fluxo gênico.<br />

Mapeamento e preservação de árvores nucleadoras e matrizes de sementes<br />

importantes para a fauna.<br />

Separação de áreas a beira mar para a visitação e também para receber a<br />

estrutura necessária a recepção de visitantes e moradores a lazer.<br />

Mio Físico<br />

Recomendações:<br />

Para o Curso d‟Água da Praia Grossa sugere-se uma atenção especial em<br />

função de sua importância ecológica para a área como um todo, sua localização<br />

estratégica proporciona um corredor fundamental para fauna existente. Desta<br />

forma, recomenda-se uma maior zona de proteção em suas margens, além da<br />

que já é prevista pela legislação federal.<br />

A nascente deste Rio encontra-se impactada por intervenções antrópicas e<br />

recomendam-se as buscas por alternativas para o traçado de vias dentro da área<br />

de estudo de maneira a evitar ao máximo as superposições, principalmente em<br />

184


locais próximos as nascentes. Recomenda-se também o isolamento da região<br />

de nascente para que seja iniciado um programa de restauração ambiental para<br />

essa vertente evitando assim uma futura escassez do recurso. Tendo em vista<br />

ainda a relativa proximidade entre as duas principais nascentes contidas na área<br />

de estudo, seria ideal trabalhar a conectividade e preservação destas duas<br />

nascentes buscando uma proteção contínua e, conseqüentemente, gerando um<br />

corredor de fauna entre a nascente do Rio Praia Grossa e a nascente do Curso<br />

d‟Água que deságua na Praia da Ilhota (hotel Plaza).<br />

Tendo em vista a futura possibilidade de movimentações de solo e outros<br />

impactos decorrentes da implantação de edificações próximas a áreas de<br />

preservação recomendam-se a elaboração de um detalhado programa para<br />

minimização de impactos e constantes monitoramentos da qualidade e<br />

quantidade da água durante os próximos anos. Para tanto, recomenda-se<br />

estabelecer pontos de controle, relatórios periódicos e programas para<br />

divulgação dos dados. Neste sentido seria ideal a manutenção dos estudos e<br />

pesquisas científicas já iniciadas pela Universidade Federal de Santa Catarina.<br />

Com relação ao eminente potencial turístico desta região recomenda-se que, o<br />

mais breve possível, sejam instalados equipamentos básicos para apoio ao<br />

visitante e conservação das trilhas. Medidas simples como a instalação de<br />

lixeiras, decks, passarelas e placas informativas podem evitar futuros<br />

transtornos e, ainda, evitar degradação ambiental elevando o status turístico de<br />

Itapema com opções de ecoturismo e esportes de aventura. Do ponto de vista<br />

da hidrografia, estas medidas podem minimizar impactos de assoreamento das<br />

margens e acumulo de resíduos sólidos.<br />

Caso futuramente seja cogitada a possibilidade de utilização dos recursos<br />

hídricos existentes nesta localidade, tais como a adução e abastecimento de<br />

água ou, mesmo, emissão de efluentes recomenda-se expressamente a<br />

realização de mais estudos específicos para a solução tecnológica prevista.<br />

Na praia Grossa, além da grande beleza cênica, tem-se uma diversidade de<br />

ambientes geológicos e geomorfológicos, que torna o local muito didático e<br />

com potencial para realização de educação ambiental, pois nesta encontra-se<br />

boa parte dos depósitos geológicos que ocorrem no município de Itapema, em<br />

uma área restrita.<br />

Justificativa para a criação das RPPNs<br />

Com base nos estudos realizados, tanto do meio físico, biótico e socioeconômico e<br />

considerando a atual situação da Região da Ponta do Cabeço do ponto de vista da expansão<br />

185


demográfica e crescimento populacional do município de Itapema, recomenda-se que sejam<br />

criadas duas Unidades de Conservação (UCs) na Praia Grossa. A criação dessas UC‟s foi<br />

amplamente discutida com os órgãos públicos municipais, com os órgãos públicos de outras<br />

instâncias, tais como o Ministério Público Federal e UFSC, e também com a comunidade<br />

local durante um período aproximado de seis meses, contemplando o disposto no inciso II do<br />

art. 4.º do Decreto n.º 4297/2002 que regulamenta os critérios para o Zoneamento Ecológico<br />

Econômico do Brasil, e é um dos instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente.<br />

Os fatos que fundamentam essa recomendação vêm da análise do vasto material<br />

técnico cientifico produzido durante 18 meses de estudos na área, já que esta área já faz parte<br />

do Diagnóstico Socioambiental para a Criação de Unidades de Conservação no Município de<br />

Itapema. Este documento, produzido por professores e acadêmicos do da UFSC, também está<br />

à disposição para consulta pública com a Fundação Ambiental Área Costeira de Itapema<br />

(FAACI). Outro fator importante foi à constante comunicação e consulta dos órgãos públicos<br />

do município e da população de Itapema via oficinas, eventos e o seminário de encerramento.<br />

É determinante o fato de que a área em questão apresenta uma fauna diversa, contando<br />

com espécies que têm uma biologia complexa e hábitos de vida que requerem áreas que<br />

tenham características ambientais heterogêneas para locomoção, alimentação e reprodução.<br />

Por isso a delimitação das UC(s) e a articulação entre elas deverão resultar em um conjunto<br />

harmônico, composto dos diversos habitats que existem no município.<br />

A flora da Praia Grossa em cerca de um terço de sua área total encontra-se em estágios<br />

avançados de regeneração. A qualidade das águas dos mananciais tem se mantido em bom<br />

estado, mesmo que em alguns trechos sofram degradação antes da foz. A fauna de peixes é<br />

muito peculiar e apresenta espécies novas para a ciência. A fauna de anfíbios é exuberante e<br />

indica que os ambientes ainda estão muito bem preservados, a continuidade e interconexão<br />

entre as áreas das duas UCs, que é proposto no zoneamento ambiental, é um fator que<br />

aumenta muito a viabilidade dessas áreas para a conservação. Essa interconexão vai fortalecer<br />

o fluxo gênico e possibilitar a dispersão dos animais e das plantas em toda a área a ser<br />

protegida, além de servir como um porto seguro para a fauna e flora do entorno.<br />

A recomendação apresentada na forma do mapa de Zoneamento nesse estudo baseia-se<br />

nos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente que visa à preservação, à melhoria e à<br />

recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, tendo em vista assegurar condições ao<br />

desenvolvimento socioeconômico e à proteção da dignidade da vida humana no País,<br />

considerando os seguintes princípios:<br />

Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio<br />

ambiente como patrimônio público a ser protegido e recuperado para o uso coletivo;<br />

Racionalização, planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;<br />

Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;<br />

Controle e zoneamento das atividades econômicas dentro e no entorno das UCs;<br />

Incentivo a estudos e pesquisas científicas;<br />

Acompanhamento da situação da qualidade ambiental;<br />

Recuperação das áreas degradadas e proteção das áreas ameaçadas de degradação;<br />

Educação ambiental, formal e informal;<br />

186


A observância desses princípios tem por objetivo assegurar a qualidade ambiental dos<br />

recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento<br />

sustentável e a contínua melhoria das condições de vida da população.<br />

O instrumento legal para a preservação de uma determinada área pode ser definido de<br />

acordo com as características de cada local e, principalmente, com os objetivos para a criação<br />

das RPPN‟s. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) instituído pela Lei nº<br />

9.985/2000 com o seu art. 21 regulamentado pelo Decreto Nº 5.746, de 5 de Abril de 2006.<br />

Havendo interesse voluntário para preservação de áreas sem perder o direito de posse o<br />

SNUC prevê a seguinte categoria de UC;<br />

Art. 1 o A Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN é unidade de<br />

conservação de domínio privado, com o objetivo de conservar a diversidade biológica,<br />

gravada com perpetuidade, por intermédio de Termo de Compromisso averbado à margem<br />

da inscrição no Registro Público de Imóveis.<br />

Tendo em vista que boa parte da área de estudo encontra-se em propriedades<br />

particulares e que existe a concreta intenção de ocupação, parcelamento do solo e edificação<br />

de moradias em tramites para licenciamento no município, é urgente a definição de áreas<br />

prioritárias e críticas para a manutenção e recuperação. Neste panorama a criação voluntária e<br />

imediata, por parte dos proprietários de terras, de uma ou mais UC‟s, com caráter privado,<br />

porém, com preservação integral garantida por lei em caráter perpétuo, deve ser vista com<br />

bons olhos.<br />

Conclusão<br />

O zoneamento das áreas prioritárias para a conservação na Praia Grossa envolveu um<br />

amplo debate entre o IÇARA a comunidade do bairro Canto da Praia, FAACI e os<br />

empreendedores. A partir desse debate foram estabelecidos cenários com as áreas criticas para<br />

a conservação do equilíbrio ecológico na Praia Grossa, os cenários aqui apresentados buscam<br />

contemplar os diferentes anseios dos atores envolvidos e devem servir como referencias para<br />

a tomada de decisões acerca do futuro da região da Praia Grossa.<br />

Os cenários buscam estabelecer as principais regiões que não estão inclusas em áreas<br />

de preservação permanente, mas precisam receber atenção especial devido as suas<br />

características em relação à manutenção dos recursos hídricos e da biodiversidade. Muitas das<br />

áreas são passiveis de ocupação imobiliária dentro dos termos estabelecidos pelo plano diretor<br />

vigente, porém em reuniões com os empreendedores e a FAACI foi estabelecido que algumas<br />

áreas não fossem ocupadas.<br />

A proposta do IÇARA foi construída com base na metodologia descrita neste relatório<br />

e culminou no zoneamento concluído ao final do mês de Junho de 2010. Este produto esta<br />

representado no Mapa Cenário 01 (Fig. 140). Um aspecto importante a ser destacado neste<br />

cenário é que esta proposta leva em consideração a região de estudo de maneira mais<br />

abrangente e integrada na paisagem, inclusive, foram acrescentadas áreas com potencial para<br />

criação de outros instrumentos de preservação de maneira a manter a conectividade e<br />

interação ecológica na maior parte da região. O instrumento aqui proposto foi à criação de<br />

187


UC‟s de uso sustentável, no caso Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), ou mesmo<br />

integral de acordo com a criação voluntária de Reservas Particulares do Patrimônio Natural,<br />

entre outras categorias de acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação.<br />

Entre os cenários também constam as propostas de ocupação dos empreendedores,<br />

(Figs. 141 e 142) estas propostas foram construídas após o processo de debate entre IÇARA,<br />

comunidade e FAACI. Para a comunidade do Canto da Praia as intervenções na Praia Grossa<br />

devem ser seguidas de medidas de compensação a ser realizadas no bairro que sofreu os<br />

impactos.<br />

Cabe aqui salientar que a decisão final sobre o ordenamento do uso do solo da área de<br />

estudo deve ser definido pelo órgão responsável no município a Fundação Ambiental Área<br />

Costeira de Itapema dirigida pelo Geógrafo e atual presidente da fundação Sr. Juaci do<br />

Amaral.<br />

188


Figura 140. Mapa Cenário 1.<br />

189


Figura 142. Cenário produzido pelo grupo Maurique/Realiza após uma série de reuniões técnicas sobre o zoneamento proposto inicialmente<br />

pela equipe do IÇARA.<br />

190


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Leis<br />

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Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá outras providências. Diário Oficial da União (DOU)<br />

de 18/05/88, p.8633, Brasília, DF..<br />

BRASIL. 2003. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 5 de outubro de 1988.<br />

Supervisão editorial Jair Lot Vieira. 11° Ed. Bauru, SP: EDIPRO.<br />

BRASIL. Decreto n° 24.643 de 10 de julho de 1934, que institui o Código das Águas.<br />

BRASIL. Lei Federal nº 4.771 de 15 de setembro de 1965, que institui o Código Florestal.<br />

BRASIL. Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a Política Nacional de Educação Ambiental.<br />

BRASIL. 2004. Lei n° 9.985, de 18 de junho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de<br />

Conservação da Natureza – SNUC. 5ª ed. Ministério do Meio Ambiente: Brasília, DF.<br />

SANTA CATARINA. Código Ambiental Estadual, 2009.<br />

SANTA CATARINA. Lei n° 13.558/2005. Dispõe sobre a Política Estadual de Educação Ambiental - PEEA<br />

- e adota outras providências. Disponível em: < http://www.mp.sc.gov.br>. Acesso em 10 de junho de<br />

2009.<br />

199


Figs. 01 a 36 – Autor: NEamb.<br />

12. CRÉDITOS DAS IMAGENS<br />

Fig. 60 –Monodelphis iheringi & Euryoryzomys russatus, autores: Ivo Ghizoni-Jr & Rodrigo Merege.<br />

Fig. 61 – Procyon cancrivorus & Cerdocyon thous, autores: Ivo Ghizoni-Jr & Javier Toso.<br />

Fig. 62 – Oxymycterus nigripes & Oxymycterus judex, autores: Ivo Ghizoni-Jr & Felipe Moreli Fantacini.<br />

Fig. 77 - Gymnothorax funebris Ranzani, 1840, autor: Alan Yearsley; http://www.fishbase.org.<br />

Fig. 78 - Hippocampus reidi Ginsburg, 1933, autor: Sergio Floeter.<br />

Fig. 79 - Micrognatus crinitus (Jenyns, 1842), autor: Ivan Sazima; http://www.fishbase.org.<br />

Fig. 80 - Mycteroperca marginata (Epinephelus) (lowe,1934), autor: Anderson Batista.<br />

Fig. 81 - Mycteroperca Acutirostris (Valenciennes,1828), autor: Áthila Bertoncini Andrade.<br />

Fig. 82 - Anisotremus virginicus (Linnaeus,1758), autor: Randall, J.E. http://www.fishbase.org.<br />

Fig. 83 - Anisotremus surinamensis (Bloch,1791), autor: Randall, J.E. http://www.fishbase.org.<br />

Fig. 84 - Orthopristis ruber (Couvier, 1830), autor: Sergio Floeter.<br />

Fig. 85 - Diplodus agenteus (Valenciennes, 1830), autor: Anderson Batista.<br />

Fig. 86 - Odontoscion dentex (Cuvier,1830), autor: Peter Wirtz, http://www.fishbase.org.<br />

Fig. 87 - Abudefduf saxatilis (Linnaeus,1758), autor: Robert Patzner. http://www.fishbase.org.<br />

Fig. 88 - Stegastes fuscus (Cuvier, 1830), autor: Anderson Batista.<br />

Fig. 89 - Halichoeres poeyi (Steindachner, 1878), autor: Randall, J.E. http://www.fishbase.org.<br />

Fig. 90 - Cryptotomus roseus (Cope,1871), autor: Osmar Luiz Jr.<br />

Fig. 91 - Sparisoma amplum (Ranzani, 1842), autor: João Paulo Krajewski.<br />

Fig. 92 - Sparisoma axillare (Steindachner, 1878), autor: Luiz Rocha. http://www.fishbase.org.<br />

Fig.93 - Labrisomus nuchipinnis (Quoy & Gaimard, 1824), autor: Peter Wirtz.<br />

Fig. 22 - Malacoctenus delalandii (Valenciennes, 1836), autor: Anderson Batista.<br />

Fig. 23 - Emblemariopsis signifera (Ginsburg, 1942), autor: Carlos A. Rangel.<br />

Fig. 24 - Parablennius marmoreus (Poey, 1876), autor: Peter Wirtz, http://www.fishbase.org.<br />

Fig. 25 - Parablennius pilicornis (Cuvier, 1829), autor: Thierry Avaro.http://www.fishbase.org.<br />

Fig. 26 - Scartella cristata (Linnaeus, 1858), autor: Massimiliano Marcelli.<br />

Fig. 27 - Sphoeroides greeleyi (Gilbert, 1900), autor: Ivan Sazima; http://www.fishbase.org.<br />

Fig. 28 - Sphoeroides spengleri (Bloch, 178), autor: João Paulo Krajewski.<br />

Fig. 29 - Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758), autor: Peter Wirtz, http://www.fishbase.org.<br />

Figs. 103 a 118 – Autor: Alejandro Donnangelo.<br />

Figs. 124 a 141 – Autor: NEamb.<br />

200


13. APÊNCICES E ANEXOS<br />

Apêndices 202<br />

Documento das demandas 202<br />

Listas de presença scaneadas 204<br />

Lista de esforço de divulgação 212<br />

Termos de cooperação 216<br />

Materiais utilizados nas oficinas 218<br />

Manual de reconhecimento do território 219<br />

Ficha de demandas e potenciais 220<br />

Localização das áreas de amostragem da vegetação 221<br />

Anexos 222<br />

Lista de espécies de anuros (anexo 1) 222<br />

Lista de espécies de répteis (anexo 2) 225<br />

Lista de espécies de aves (anexo 3) 228<br />

Lista de espécies de mamíferos (anexo 4) 240<br />

201


12.1 Apêndices<br />

Documento das demandas registradas no dia 9 de fevereiro de 2010 em reunião na<br />

Colônia dos Pescadores no bairro do Canto da Praia<br />

202


Documento das demandas registradas no dia 9 de fevereiro de 2010 em reunião na<br />

Colônia dos Pescadores no bairro do Canto da Praia (cont.)<br />

203


Lista de presença do Acordo Incial – 11/02/2010<br />

Lista de presença da oficina de Reconhecimento do Território – 11/03/2010<br />

204


Lista de presença da oficina de Reconhecimento do Território – 13/03/2010<br />

205


Lista de presença da oficina de Reconhecimento do Território – 20/03/2010<br />

206


Lista de presença da oficina de Estratégias de Governança – 24/04/2010<br />

207


Lista de presença da oficina de Estratégias de Governança (cont.) – 24/04/2010<br />

208


Lista de presença da reunião com a comunidade próxima à BR 101 – 12/05/2010<br />

209


Lista de presença da oficina de Estratégias de Governança – 15/05/2010<br />

210


Lista de presença da oficina de Estratégias de Governança (cont.) – 15/05/2010<br />

211


Lista do esforço de divulgação realizado por correspondência<br />

212


Lista do esforço de divulgação realizado por correspondência (cont.)<br />

213


Lista do esforço de divulgação realizado por correspondência (cont.)<br />

214


Lista do esforço de divulgação realizado por correspondência (cont.)<br />

215


Termos de cooperação Scaneados<br />

216


Termos de cooperação Scaneados (cont.)<br />

217


Materiais utilizados nas oficinas<br />

Folder de divulgação<br />

218


Manual de reconhecimento do território<br />

219


Ficha de demandas e potenciais<br />

220


Localização das áreas de amostragem da vegetação.A1, área 1; A2, área 2; A3, área 3.<br />

221


12.2 Anexos<br />

12.2.1 ANEXO 1 – ANUROS<br />

A tabela 17 lista espécies de anfíbios anuros com provável ocorrência para a região do<br />

município de Itapema, com registros bibliográficos para o município de Itapema, com<br />

registros confirmados para a área de estudo na Praia de Praia grossa e Status de<br />

Conservação das espécies.<br />

Tabela 17. Lista espécies de anfíbios anuros com provável ocorrência para a região do município de Itapema.<br />

Ambientes: Aa = Áreas abertas; F = Floresta de encosta; Fb = Borda de Floresta; B = banhados. Tipo de Registro:<br />

Vi = Visual; A = Auditivo; Ca = Captura (pitfall, armadilha ou busca ativa); Co = Coleta; F = Fotográfico. Status<br />

de Conservação (com base em IUCN, 2006): Criticamente em perigo (CR); Em Perigo (EN); Vulnerável (VU). BR<br />

= lista nacional (MMA, 2003); PR = lista do Estado do Paraná (MIKICH & BÉRNILS, 2004); RS = lista do Estado<br />

do Rio Grande do Sul (FONTANA et al., 2003).<br />

Táxon Bibliog. Amostragem Praia Grossa<br />

Família/ Espécie<br />

Amphignathodontidae<br />

Gastrotheca microdiscus<br />

Flectonotus fissilis<br />

Brachycephalidae<br />

Ischnocnema guenteri<br />

2009 209/2010<br />

Fev-<br />

Mar<br />

Ischnocnema henselii X X<br />

Ischnocnema manezinho<br />

Craugastoridae<br />

Haddadus binotatus<br />

Bufonidae<br />

Dendrophryniscus berthalutzae<br />

Dendrophryniscus leucomystax<br />

X X<br />

Nov Dez Jan Fev Mar<br />

Rhinella abei X X X X X X<br />

Rhinella icterica<br />

Centrolenidae<br />

Vitreorana uranoscopa<br />

Ceratophrydae<br />

Ceratophrys aurita<br />

Cycloramphidae<br />

Cycloramphus asper<br />

Cycloramphus bolitoglossus<br />

Cycloramphus catarinensis<br />

Cycloramphus izecksohni<br />

Proceratophrys boiei<br />

X<br />

X<br />

X<br />

222<br />

X X<br />

Tipo<br />

Ambiente<br />

Registro<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

Status<br />

BR/PR/RS<br />

X X X F Vi RS/VU<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F Vi RS/VU<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi


Proceratophrys subguttata<br />

Hylidae<br />

Aparasphenodon bokermanni<br />

Aplastodiscus ehrhardti<br />

Aplastodiscus albosignatus<br />

Aplastodiscus cochranae<br />

Bokermannohyla circumdata<br />

Bokermannohyla hylax<br />

Dendropsophus berthalutzae X<br />

Dendropsophus elegans<br />

Dendropsophus microps X X<br />

Dendropsophus minutus<br />

Dendropsophus nahdereri<br />

Dendropsophus werneri X X<br />

Hypsiboas albomarginatus X<br />

Hypsiboas bischoffi<br />

Hypsiboas faber<br />

Hypsiboas guentheri<br />

Hypsiboas semilineatus<br />

Itapotihyla langsdorffii<br />

Scinax alter<br />

Scinax argyreornatus<br />

Scinax catharinae<br />

Scinax fuscovarius X X<br />

Scinax granulatus<br />

Scinax cf. perereca<br />

Scinax perpusillus<br />

Scinax rizibilis X X<br />

Sphaenorhyncus caramaschii<br />

Phyllomedusa distincta<br />

Phrynomedusa appendiculata<br />

Trachycephalus mesophaeus<br />

Hylodidae<br />

Crossodactylus caramaschii<br />

Hylodes perplicatus<br />

Leiuperidae<br />

Physalaemus cuvieri X<br />

Physalaemus maculiventris<br />

Physalaemus nanus<br />

Physalaemus olfersii<br />

Leptodactylidae<br />

Leptodactylus cf. marmoratus<br />

X<br />

X<br />

X<br />

223<br />

X X<br />

X X<br />

F Vi<br />

F<br />

X F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

X F Vi<br />

Aa<br />

F<br />

X B Vi<br />

X X X X X X F Vi<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

F<br />

X Fb Vi<br />

F<br />

F<br />

F F<br />

Fb Vi<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

Fb Vi<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

B<br />

X F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

Aa<br />

X F Vi<br />

X X X X X X F,Fb Vi<br />

X<br />

X<br />

F Vi<br />

F Vi


Leptodactylus bokermanni<br />

Leptodactylus nanus<br />

Leptodactylus araucarius<br />

Leptodactylus latrans X X<br />

Leptodactylus flavopictus<br />

Leptodactylus gracilis<br />

Leptodactylus notoaktites X X<br />

Scythrophrys sawayae<br />

Microhylidae<br />

Elachistocleis bicolor<br />

Chiasmocleis leucosticta<br />

X X X X X X Fb Vi<br />

X<br />

X<br />

X X<br />

X<br />

X<br />

224<br />

X X<br />

X<br />

F<br />

Fb Vi<br />

X X Aa Vi<br />

F<br />

Aa<br />

Aa Vi<br />

F Vi<br />

Aa<br />

X F Vi


12.2.2 ANEXO 2 – RÉPTEIS<br />

A tabela 18 lista espécies de répteis com provável ocorrência para a região do<br />

município de Itapema, com registros bibliográficos para o município de Itapema, com<br />

registros confirmados para a área de estudo na Praia de Praia grossa e Status de<br />

Conservação das espécies.<br />

Tabela 18. Lista espécies de répteis com provável ocorrência para a região do município de Itapema, com registros<br />

bibliográficos para o município de Itapema, com registros confirmados para a área de estudo na Praia de Praia<br />

grossa e Status de Conservação das espécies. Ambientes: Aa = Áreas abertas; F = Floresta de encosta; Fb = Borda<br />

de Floresta; B = banhados, rios e córregos. Tipo de Registro: Vi = Visual; A = Auditivo; Ca = Captura (pitfall,<br />

armadilha ou busca ativa); Co = Coleta; F = Fotográfico. Status de Conservação (com base em IUCN, 2006):<br />

Criticamente em perigo (CR); Em Perigo (EN); Vulnerável (VU). BR = lista nacional (MMA, 2003); PR = lista do<br />

Estado do Paraná (MIKICH & BÉRNILS, 2004); RS = lista do Estado do Rio Grande do Sul (FONTANA et al.,<br />

2003).<br />

Táxon Itapema Amostragem Praia Grossa Status<br />

Família/ Espécie<br />

CROCODILIA<br />

Alligatoridae<br />

Caiman latirostris<br />

TESTUDINES<br />

Chelidae<br />

Hydromedusa tectifera<br />

SQUAMATA<br />

Amphisbaenidae<br />

Amphisbaena hogei<br />

Amphisbaena<br />

microcephala<br />

Leiosauridae<br />

Enyalius iheringii X<br />

Gekkonidae<br />

Hemidactylus mabouia X<br />

Anguidae<br />

Diploglossus fasciatus<br />

Ophiodes fragilis<br />

Teiidae<br />

Biblio. 2009 2009/2010 Ambiente<br />

Fev-<br />

Mar<br />

X<br />

Mês<br />

1<br />

X X<br />

Tupinambis merianae X X X<br />

Gymnophthalmidae<br />

Colobodactylus taunayi<br />

X<br />

Mês<br />

2<br />

225<br />

Mês<br />

3<br />

Mês<br />

4<br />

Mês<br />

5<br />

B<br />

Tipo<br />

Registro<br />

B Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

X Aa Vi<br />

F<br />

F<br />

F, Fb Vi<br />

F<br />

BR/PR/RS


Ecpleopus gaudichaudii<br />

Placosoma cordilynum<br />

Placosoma glabellum<br />

Scincidae<br />

Mabuya dorsivittata<br />

Viperidae<br />

Bothropoides jararaca<br />

Bothrops jararacussu<br />

Elapidae<br />

Micrurus corallinus X X<br />

Colubridae<br />

Chironius bicarinatus<br />

Chironius exoletus<br />

Chironius laevicollis<br />

Chironius foveatus<br />

Clelia plumbea<br />

Dipsas albifrons<br />

Dipsas alternans<br />

Dipsas incerta<br />

Dipsas indica<br />

Dipsas neivai<br />

Echinanthera amoena<br />

Echinanthera<br />

cephalostriata<br />

Echinanthera<br />

cyanopleura<br />

Echinanthera undulata<br />

Elapomorphus<br />

quinquelineatus<br />

Erythrolamprus<br />

aesculapii<br />

Helicops carinicaudus<br />

Imantodes cenchoa<br />

Liophis amarali<br />

Liophis miliaris X X<br />

Oxyrhopus clathratus<br />

Philodryas aestiva<br />

Sibynomorphus<br />

neuwiedii<br />

Siphlophis pulcher<br />

Sordellina punctata<br />

Spilotes pullatus<br />

Taeniophallus affinis<br />

Taeniophallus bilineatus<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

226<br />

X<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

Aa<br />

X F Vi<br />

F Vi<br />

X F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

B Vi<br />

F<br />

Aa<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F Vi


Taeniophallus<br />

perssimilis<br />

Thamnodynastes<br />

hypoconia<br />

Thamnodynastes<br />

nattereri<br />

Thamnodynastes sp.<br />

Tropidodryas serra<br />

Tropidodryas striaticeps<br />

Uromacerina ricardinii<br />

Xenodon neuwiedii<br />

X<br />

Leptodactylus<br />

araucarius<br />

X<br />

Leptodactylus latrans<br />

Leptodactylus<br />

flavopictus<br />

Leptodactylus gracilis<br />

X X<br />

Leptodactylus<br />

notoaktites<br />

X X<br />

Scythrophrys sawayae<br />

X<br />

Microhylidae<br />

Elachistocleis bicolor<br />

Chiasmocleis leucosticta<br />

X<br />

X X<br />

X<br />

X<br />

X X<br />

227<br />

X<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

Fb Vi<br />

X X Aa Vi<br />

F<br />

Aa<br />

Aa Vi<br />

F Vi<br />

Aa<br />

X F Vi


12.2.3 ANEXO 3 – AVES<br />

A tabela 19 lista espécies de aves com provável ocorrência para a região do<br />

município de Itapema, com registros bibliográficos para o município de Itapema, com<br />

registros confirmados para a área de estudo na Praia de Praia grossa e Status de<br />

Conservação das espécies.<br />

Tabela 19. lista espécies de aves com provável ocorrência para a região do município de Itapema, com registros<br />

bibliográficos para o município de Itapema, com registros confirmados para a área de estudo na Praia de Praia<br />

grossa e Status de Conservação das espécies. Ambientes: Aa = Áreas abertas; F = Floresta de encosta; Fb = Borda<br />

de Floresta; B = banhados, rios e córregos. Tipo de Registro: Vi = Visual; A = Auditivo; Ca = Captura (pitfall,<br />

armadilha ou busca ativa); Co = Coleta; F = Fotográfico; Ve = Vestígios (pegadas, fezes, carcaças, tocas, ninhos).<br />

Status de Conservação (com base em IUCN, 2006): Criticamente em perigo (CR); Em Perigo (EN); Vulnerável<br />

(VU). BR = lista nacional (MMA, 2003); PR = lista do Estado do Paraná (MIKICH & BÉRNILS, 2004); RS = lista<br />

do Estado do Rio Grande do Sul (FONTANA et al., 2003).<br />

TÁXON Itapema Amostragem na Praia Grossa,<br />

FAMÍLIA/ESPÉCIE<br />

Tinamidae<br />

Bibliog. 2009 2009/2010 Ambiente<br />

Fev-<br />

Nov<br />

Tinamus solitarius<br />

Crypturellus<br />

parvirostris<br />

Crypturellus obsoletus X X<br />

Crypturellus noctivagus<br />

Nothura maculosa<br />

Laridae<br />

Larus dominicanus X X<br />

Thalasseus sandvicensis<br />

Sternula superciliaris<br />

Sterna hirundinacea<br />

Anatidae<br />

Amazonetta brasiliensis X<br />

Anas bahamensis<br />

Dendrocygna viduata<br />

Cracidae<br />

Aburria jacutinga<br />

Penelope obscura<br />

Penelope superciliaris<br />

X<br />

Nov Dez Jan Fev Mar<br />

228<br />

X X X<br />

X<br />

F<br />

F<br />

Tipo<br />

Registro<br />

F A<br />

F<br />

F<br />

Aa Vi<br />

Aa Vi<br />

Aa<br />

Aa<br />

B Vi<br />

Ortalis guttata X X X X X X X F Vi<br />

Podicipedidae<br />

Podilymbus podiceps<br />

Podicephorus major<br />

B<br />

B<br />

F<br />

F<br />

F<br />

B<br />

B


Tachybaptus dominicus<br />

Sulidae<br />

Sula leucogaster X<br />

Phalacrocoracidae<br />

Phalacrocorax<br />

brasilianus<br />

Anhingidae<br />

Anhinga anhinga<br />

Fregatidae<br />

X X<br />

Fregata magnifiscens X X<br />

Odontophoridae<br />

Odontophorus capueira<br />

Ardeidae<br />

Bubulcus ibis X X<br />

Butorides striata<br />

X<br />

X<br />

Egretta thula X X<br />

Ardea alba X X<br />

Ardea cocoi X X<br />

Syrigma sibilatrix<br />

Ixobrychus involucris<br />

Botaurus pinnatus<br />

Nycticorax nycticorax<br />

Threskiornithidae<br />

Phimosus infuscatus<br />

Platalea ajaja<br />

Eudocimus ruber<br />

Plegadis chihi<br />

Mesembrinibis<br />

cayennensis<br />

Ciconiidae<br />

Ciconia maguari<br />

Mycteria americana<br />

Phoenicopteridae<br />

Phoenicoparrus andinus<br />

Phoenicopterus<br />

chilensis<br />

Cathartidae<br />

Cathartes aura X<br />

Cathartes burrovianus<br />

Coragyps atratus X X<br />

Sarcoramphus papa<br />

Accipitridae<br />

Accipiter striatus<br />

Accipiter bicolor<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

229<br />

B<br />

Aa Vi<br />

B Vi<br />

X X X X Aa Vi<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

B<br />

F Vi<br />

B Vi<br />

B Vi<br />

B Vi<br />

B Vi<br />

B Vi<br />

B Vi<br />

B Vi<br />

B<br />

B Vi<br />

B Vi<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

X F Vi<br />

F Vi<br />

X X X X F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F


Accipiter poliogaster<br />

Accipiter superciliosus<br />

Buteo brachyurus<br />

Elanoides forficatus X X<br />

Elanus leucurus<br />

Buteogallus urubitinga<br />

Heterospizias<br />

meridionalis<br />

Geranospiza<br />

caerulescens<br />

Leptodon cayanensis<br />

Leucopternis<br />

lacernulatus<br />

Leucopternis polionotus<br />

Harpagus diodon<br />

Ictinia plumbea<br />

Parabuteo unicinctus<br />

Rupornis magnirostris X X<br />

Spizaetus tyrannus<br />

Spizaetus melanoleucus<br />

Spizaetus ornatus<br />

Morphnus guianensis<br />

Harpia harpyja<br />

Falconidae<br />

Caracara plancus X X<br />

Falco peregrinus<br />

Falco deiroleucus<br />

Falco sparverius<br />

Falco femoralis<br />

Herpetotheres<br />

cachinnans<br />

Milvago chimachima X X<br />

Milvago chimango X<br />

Micrastur semitorquatus<br />

Micrastur ruficollis<br />

Aramidae<br />

Aramus guarauna<br />

Rallidae<br />

Aramides saracura X X<br />

Aramides cajanea<br />

Laterallus<br />

melanophaius<br />

Porzana albicollis<br />

Pardirallus<br />

sanguinolentus<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

230<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

Aa<br />

F<br />

Aa<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

Fb Vi<br />

X X X X Aa Vi<br />

X<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

Aa<br />

F<br />

Aa<br />

Aa<br />

F<br />

X F Vi<br />

Aa<br />

F<br />

F<br />

B<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

B


Pardirallus nigricans<br />

Rallus longirostris<br />

Gallinula chloropus<br />

Fulica armillata<br />

Recurvirostridae<br />

Himantopus melanurus X X<br />

Jacanidae<br />

Jacana jacana X X<br />

Charadriidae<br />

Vanellus chilensis X X<br />

Charadrius collaris<br />

Charadrius<br />

semipalmatus<br />

Pluvialis dominica<br />

Pluvialis squatarola<br />

Oreopholus ruficollis<br />

Scolopacidae<br />

Gallinago paraguaiae X<br />

Tringa melanoleuca<br />

Tringa flavipes<br />

Tringa solitaria<br />

Actitis macularius<br />

Arenaria interpres<br />

Catoptrophorus<br />

semipalmatus<br />

Limosa haemastica<br />

Numenius phaeopus<br />

Bartramia longicauda<br />

Calidris pusilla<br />

Calidris alba<br />

Calidris melanotos<br />

Calidris fuscicollis<br />

Phalaropus tricolor<br />

Columbidae<br />

Columba livia<br />

Patagioenas<br />

cayennensis<br />

X X<br />

Patagioenas picazuro<br />

X<br />

Columbina picui<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

231<br />

B<br />

B<br />

B Vi<br />

B<br />

B Vi<br />

B Vi<br />

X Aa Vi<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

Aa Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

Aa Vi<br />

Columbina talpacoti X X X X X X X Aa Vi<br />

Leptotila rufaxilla<br />

Leptotila verreauxi<br />

Zenaida auriculata<br />

Geotrygon montana<br />

X<br />

X X<br />

X<br />

X<br />

F A<br />

F Vi<br />

Aa<br />

F


Psittacidae<br />

Forpus xanthopterygius<br />

Pionus maximiliani<br />

Aratinga<br />

leucophthalmus<br />

Pyrrhura frontalis<br />

Brotogeris tirica X X<br />

Pionopsitta pileata<br />

Triclaria malachitacea<br />

Cuculidae<br />

Coccyzus melacoryphus<br />

Crotophaga ani X X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

Guira guira X X<br />

Piaya cayana X X<br />

Tapera naevia<br />

Strigidae<br />

Athene cunicularia<br />

Megascops atricapilla<br />

Megascops choliba<br />

Megascops<br />

sanctaecatarinae<br />

Pulsatrix perspicillata<br />

Strix hylophila X X<br />

Strix virgata<br />

Nyctibiidae<br />

Nyctibius griseus<br />

Caprimulgidae<br />

Lurocalis semitorquatus<br />

Podager nacunda<br />

Hydropsalis torquata<br />

Nyctidromus albicollis<br />

Macropsalis forcipata<br />

Apodidae<br />

Chaetura cinereiventris<br />

Chaetura meridionalis<br />

Cypseloides fumigatus<br />

Streptoprocne zonaris<br />

Trochilidae<br />

Amazilia fimbriata X X<br />

Amazilia versicolor<br />

Anthracothorax<br />

nigricollis<br />

Aphantochroa<br />

cirrhochloris<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

232<br />

X<br />

X X<br />

F<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

Aa Vi<br />

Aa Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

Aa Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

X X X F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F Vi


Clytolaema rubricauda<br />

Colibri serrirostris<br />

Chlorostilbon lucidus<br />

Eupetomena macroura<br />

Florisuga fusca<br />

Leucochloris albicollis<br />

Phaetornis squalidus<br />

Phaetornis eurynome<br />

Phaetornis pretrei<br />

Ramphodon naevius<br />

Clytolaema rubricauda<br />

Thalurania glaucopis X X<br />

Trogonidae<br />

Trogon surrucura X X<br />

Trogon rufus<br />

Trogon viridis<br />

Alcedinidae<br />

Megaceryle torquata X X X X<br />

Chloroceryle amazona<br />

Chloroceryle americana<br />

Chloroceryle aenea<br />

Chloroceryle inda<br />

Momotidae<br />

Baryphthengus<br />

ruficapillus<br />

Bucconidae<br />

Malacoptila striata X X<br />

Nonnula rubecula<br />

Ramphastidae<br />

Selenidera maculirostris<br />

Pteroglossus bailoni<br />

Ramphastos dicolorus X X<br />

Ramphastos vitellinus<br />

Picidae<br />

Celeus flavescens<br />

Campephilus robustus<br />

Dryocopus lineatus<br />

Dryocopus galeatus<br />

Melanerpes flavifrons<br />

Colaptes campestris X X X X<br />

Piculus aurulentus<br />

Piculus flavigula<br />

Colaptes melanochloros<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

233<br />

X X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

X F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

B Vi<br />

B Vi<br />

B<br />

B<br />

B<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

Aa Vi<br />

F<br />

F<br />

F


Picummus cirratus<br />

Picumnus temmincki X X<br />

Veniliornis spilogaster X X X X<br />

Rhinocryptidae<br />

Scitalopus indigoticus<br />

Merulaxis ater<br />

Thamnophilidae<br />

X<br />

234<br />

X<br />

F<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

Dysithamnus mentalis X X X X X X X F Vi<br />

Dysithamnus<br />

stictothorax<br />

F<br />

Myrmeciza squamosa<br />

X<br />

F Vi<br />

Hypoedaleus guttatus<br />

Drymophila squamata<br />

Drymophila ferruginea<br />

Drymophila ochropyga<br />

Pyriglena leucoptera X X<br />

Mackenziaena leachii<br />

Mackenziaena severa<br />

Myrmotherula gularis<br />

Myrmotherula unicolor<br />

Hylopezus nattereri<br />

Herpsilochmus<br />

rufimarginatus<br />

Thamnophilus<br />

caerulescens<br />

Thamnophilus<br />

ruficapillus<br />

Formicariidae<br />

Formicarius colma<br />

Chamaeza campanisona<br />

Conopophagidae<br />

Conopophaga melanops<br />

Conopophaga lineata<br />

Scleruridae<br />

Geositta cunicularia<br />

Sclerurus scansor<br />

Dendrocolaptidae<br />

X<br />

X<br />

X<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

X X X X X X X F Vi<br />

X X<br />

Dendrocincla turdina X X<br />

Sittasomus<br />

griseicapillus<br />

Lepidocolaptes<br />

falcinellus<br />

X X<br />

Xiphorhynchus fuscus<br />

X<br />

Xiphocolaptes albicollis<br />

Dendrocolaptes<br />

platyrostris<br />

X<br />

X<br />

X X<br />

X<br />

X X<br />

F<br />

X F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

X F Vi<br />

F<br />

X F Vi<br />

F<br />

F


Furnariidae<br />

Anabazenops fuscus<br />

Cichlocolaptes<br />

leucophrus<br />

Certhiaxis cinnamomeus<br />

Furnarius rufus X X<br />

Synallaxis spixi X X<br />

Synallaxis ruficapilla<br />

Syndactyla<br />

rufosuperciliata<br />

Philydor atricapillus<br />

Philydor lichtensteini X X<br />

Philydor rufum<br />

Xenops rutilans<br />

Xenops minutus<br />

Lochmias nematura<br />

Tyrannidae<br />

Camptostoma obsoletum X X X X X X<br />

Cnemotriccus fuscatus<br />

Conopias trivirgata<br />

Contopus cinereus<br />

Hirundinea ferruginea<br />

Colonia colonus<br />

Atilla phoebicurus<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

Atilla rufus X X<br />

Elaenia flavogaster X X<br />

Elaenia parvirostris<br />

Elaenia obscura<br />

Elaenia mesoleuca<br />

Empidonomus varius X X X X X<br />

Lathrotriccus euleri X X X<br />

X<br />

X<br />

235<br />

F<br />

F<br />

B Vi<br />

X X X X Aa Vi<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X F Vi<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

B Vi<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

Aa<br />

X X X X F<br />

X F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

Legatus leucophaius X X<br />

X<br />

F Vi<br />

Leptopogon<br />

amaurocephalus<br />

X X X X X X X F Vi<br />

Machetornis rixosa X X<br />

Aa Vi<br />

Megarynchus pitangua X X<br />

Mionectes rufiventris X X<br />

Myiobius barbatus<br />

Myiodinastes maculatus X X X X X<br />

Myiarchus swainsoni<br />

Myiophobus fasciatus<br />

Myiopagis viridicata<br />

Todirostrum<br />

poliocephalum<br />

Phyllomyas fasciatus<br />

X<br />

X X<br />

X<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

X F Vi<br />

F Vi


Phyllomyias virescens<br />

Phyllomyias<br />

griseocapilla<br />

X<br />

Myiozetetes similis X X<br />

Platyrhinchus<br />

mystaceus<br />

Platyrhinchus<br />

leucoryphus<br />

Phyllocartes oustaleti<br />

X<br />

Phylloscartes ventralis<br />

Phylloscartes kronei<br />

Phylloscartes paulista<br />

Phylloscartes difficilis<br />

Phylloscartes eximius<br />

Phylloscartes sylviolus<br />

Hemitriccus diops<br />

Hemitriccus orbitatus<br />

Hemitriccus kaempferi<br />

X X X X<br />

X<br />

236<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

X F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

X F Vi<br />

Pitangus sulphuratus X X X X X X X F Vi<br />

Tolmomyias<br />

sulphurescens<br />

X X<br />

X X<br />

F Vi<br />

Myiornis auricularis<br />

X<br />

F Vi<br />

Pyrocephalus rubinus<br />

Satrapa icterophrys<br />

Syristes sibilator X X<br />

Serpophaga subcristata X X<br />

Tyrannus melancholicus X X X X X X<br />

Tyrannus savana X X<br />

Knipolegus nigerrimus<br />

Cotingidae<br />

Procnias nudicollis<br />

Pyroderus scutatus<br />

Carpornis cuculata<br />

Lipaugus lanioides<br />

Pipridae<br />

X<br />

X<br />

F<br />

Aa<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

Aa Vi<br />

F Vi<br />

Aa Vi<br />

Manacus manacus X X X X X X X F Vi<br />

Chiroxiphia caudata X X<br />

Piprites chloris<br />

Ilicura militaris<br />

Tityridae<br />

Tityra cayana<br />

Tityra inquisitor<br />

Schiffornis virescens<br />

Laniisoma elegans<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X X<br />

Aa<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F Vi<br />

F


Pachyramphus<br />

castaneus<br />

Pachyramphus<br />

polychopterus<br />

Pachyramphus validus<br />

Pachyramphus viridis<br />

Oxyruncus cristatus<br />

Vireonidae<br />

X X<br />

Cyclarhis gujanensis X X X X X X<br />

Vireo olivaceus X X X X X<br />

Hylophilus poicilotis<br />

Corvidae<br />

X<br />

X<br />

X X X X<br />

237<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

X F Vi<br />

Cyanocorax caeruleus X X X X X X X F Vi<br />

Cyanocorax chrysops<br />

Hirundinidae<br />

Pygochelidon<br />

cyanoleuca<br />

X<br />

Progne chalybea X X<br />

Progne tapera<br />

Stelgidopteryx ruficollis<br />

Tachycineta leucorrhoa<br />

Alopochelidon fucata<br />

Hirundo rustica<br />

Riparia riparia<br />

Petrochelidon<br />

pyrrhonota<br />

Troglodytidae<br />

X<br />

X<br />

X X X<br />

F Vi<br />

X X X X F Vi<br />

X<br />

X X X<br />

X<br />

X F Vi<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

Troglodytes musculus X X X X X X X Aa Vi<br />

Cantorchilus<br />

longirostris<br />

Polioptilidae<br />

X<br />

F Vi<br />

Pamphocaenus<br />

melanurus<br />

Turdidae<br />

F<br />

Turdus albicollis<br />

X<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

Turdus amaurochalinus X X X X X X X F Vi<br />

Turdus rufiventris X X X X X<br />

Turdus leucomelas<br />

Turdus flavipes<br />

Mimidae<br />

Mimus saturninus<br />

Motacillidae<br />

Anthus lutescens<br />

Coerebidae<br />

X<br />

X<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

F Vi<br />

Coereba flaveola X X X X X X X F Vi<br />

Aa<br />

Aa


Thraupidae<br />

Dacnis cayana X X X X X<br />

Dacnis nigripes<br />

Cissops leverianus<br />

Chlorophanes spiza<br />

Pipraeidea melanonota<br />

X<br />

238<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

Ramphocelus bresilius<br />

F<br />

Trichothraupis<br />

melanops<br />

X<br />

F Vi<br />

Tachyphonus coronatus X X X X X X X F Vi<br />

Tachyphonus cristatus<br />

Tangara peruviana<br />

Tangara preciosa<br />

Tangara desmaresti<br />

Tangara seledon<br />

Tangara cyanocephala X<br />

Thraupis cyanoptera X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

X F Vi<br />

Thraupis palmarum X X X X X X X F Vi<br />

Thraupis ornata X<br />

Thraupis sayaca X X X X X X X F Vi<br />

Tersina viridis X<br />

Hemithraupis<br />

ruficapilla<br />

Saltator similis<br />

X<br />

Saltator fuliginosus<br />

Schistochlamys<br />

ruficapillus<br />

Orthogonys chloricterus<br />

Orchesticus abeillei<br />

Emberizidae<br />

Ammodramus humeralis<br />

Sicalis flaveola<br />

Coryphospingus<br />

cucullatus<br />

Embernagra platensis<br />

X X<br />

Sporophila angolensis<br />

Sporophila caerulescens<br />

Sporophila frontalis<br />

Volatinia jacarina<br />

Zonotrichia capensis<br />

Cardinalidae<br />

Habia rubica<br />

Parulidae<br />

X X X<br />

X<br />

X<br />

X X<br />

X X<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

X F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

Aa<br />

X Aa Vi<br />

F Vi<br />

F<br />

F<br />

Aa<br />

F<br />

Aa Vi<br />

X X X X Aa Vi<br />

F Vi<br />

Basileuterus culicivorus X X X X X X X F Vi


Basileuterus<br />

leucoblepharus<br />

Phaeothlypis rivularis<br />

Geothlypis<br />

aequinoctialis<br />

X X<br />

Parula pitiayumi X X<br />

Icteridae<br />

Icterus cayanensis<br />

Molothrus bonariensis X X X X X<br />

Gnorimopsar chopi<br />

Agelaius ruficapillus<br />

Cacicus haemorrhous<br />

Chrysomus ruficapillus<br />

Psarocolius decumanus<br />

Pseudoleistes virescens<br />

Sturnella superciliaris<br />

Fringillidae<br />

Euphonia violacea X X<br />

Euphonia pectoralis<br />

Euphonia chalybea<br />

Euphonia cyanocephala<br />

Chlorophonia cyanea<br />

Sporagra magellanica<br />

Estrildidae<br />

Estrilda astrild X X<br />

Passeridae<br />

Passer domesticus X X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

239<br />

X X<br />

X X F Vi<br />

F<br />

F<br />

F Vi<br />

F<br />

Aa Vi<br />

Aa<br />

Aa<br />

F<br />

Aa Vi<br />

F<br />

Aa<br />

Aa Vi<br />

X X X F Vi<br />

F<br />

F<br />

F<br />

F<br />

Aa<br />

X X X Aa Vi<br />

Aa Vi


12.2.4 ANEXO 4 - MAMÍFEROS<br />

A tabela 20 lista espécies de mamíferos terrestres com provável ocorrência para a<br />

região do município de Itapema, com registros bibliográficos para o município de Itapema,<br />

com registros confirmados para a área de estudo na Praia de Praia grossa e Status de<br />

Conservação das espécies.<br />

Tabela 20. lista espécies de mamíferos terrestres com provável ocorrência para a região do município de Itapema,<br />

com registros bibliográficos para o município de Itapema, com registros confirmados para a área de estudo na<br />

Praia de Praia grossa e Status de Conservação das espécies.Ambientes: ME1 = Mata de encosta 1; ME2 = Mata de<br />

encosta 2; MC = Mata Ciliar; B = banhado. Tipo de Registro: Vi = Visual; A = Auditivo; Ca = Captura (pitfall,<br />

armadilha ou busca ativa); Co = Coleta; F = Fotográfico; Ve = Vestígios (pegadas, fezes, carcaças, tocas, ninhos).<br />

Status de Conservação (com base em IUCN, 2006): Criticamente em perigo (CR); Em Perigo (EN); Vulnerável<br />

(VU). BR = lista nacional (MMA, 2003); PR = lista do Estado do Paraná (MIKICH & BÉRNILS, 2004); RS = lista<br />

do Estado do Rio Grande do Sul (FONTANA et al., 2003).<br />

Táxon Itapema Amostragem na Praia Grossa<br />

Família/ Espécie<br />

ORDEM Didelphimorphia<br />

FAMÍLIA Didelphidae (14)<br />

Caluromys philander<br />

Chironectes minimus<br />

Didelphis albiventris x<br />

Didelphis aurita x<br />

Gracilinanus microtarsus<br />

Cryptonanus sp.<br />

Lutreolina crassicaudata<br />

Metachirus nudicaudatus<br />

Bibliog. 2009 2009/2010<br />

Fev-<br />

Nov<br />

Micoureus paraguayanus x x x<br />

Monodelphis americana<br />

Monodelphis iheringi x x<br />

Monodelphis scalops<br />

Monodelphis sorex<br />

Philander frenatus x<br />

ORDEM Xenarthra<br />

FAMÍLIA Dasypodidae (5)<br />

Cabassous tatouay<br />

Dasypus hybridus<br />

Dasypus novemcinctus x x<br />

Dasypus septemcinctus<br />

Euphractus sexcinctus<br />

FAMÍLIA Myrmecophagidae (2)<br />

Nov Dez Jan Fev Mar Ambiente Tipo Registro<br />

240<br />

x x x x<br />

ME1,2/B Ca<br />

x ME1 Ca<br />

Ca<br />

x ME1,2 Ve


Tamandua tetradactyla x<br />

ORDEM Chiroptera<br />

FAMÍLIA Noctilionidae (1)<br />

Noctilio leporinus<br />

FAMÍLIA Phyllostomidae (19)<br />

Chrotopterus auritus<br />

Micronycteris megalotis<br />

Mimon bennettii<br />

Anoura caudifera<br />

Anoura geoffroyi<br />

Glossophaga soricina<br />

Carollia perspicillata<br />

Artibeus fimbriatus<br />

Artibeus jamaicensis<br />

Artibeus lituratus<br />

Artibeus obscurus<br />

Chiroderma doriae<br />

Platyrrhinus lineatus<br />

Pygoderma bilabiatum<br />

Sturnira lilium<br />

Vampyressa pusilla<br />

Desmodus rotundus<br />

Diphylla ecaudata<br />

Furipterus horrens<br />

FAMÍLIA Vespertilionidae (20)<br />

Dasypterus ega<br />

Eptesicus brasiliensis<br />

Eptesicus diminutus<br />

Eptesicus furinalis<br />

Histiotus alienus<br />

Histiotus montanus<br />

Histiotus velatus<br />

Lasiurus borealis<br />

Lasiurus cinereus<br />

Lasiurus egregius<br />

Myotis levis<br />

Myotis nigricans<br />

Myotis riparius<br />

Myotis ruber<br />

Eumops hansae<br />

Molossus molossus<br />

241


Molossus rufus<br />

Nyctinomops laticaudatus<br />

Nyctinomops macrotis<br />

Tadarida brasiliensis<br />

ORDEM Primates<br />

FAMÍLIA Atelidae (2)<br />

Alouatta guariba x<br />

FAMÍLIA Cebidae (1)<br />

Cebus nigritus x<br />

ORDEM Carnivora<br />

FAMÍLIA Canidae (4)<br />

Cerdocyon thous x<br />

Speothos venaticus<br />

FAMÍLIA Felidae (6)<br />

Herpailurus yagouaroundi<br />

Leopardus pardalis<br />

Leopardus tigrinus<br />

Leopardus wiedii x<br />

Puma concolor<br />

Panthera onca<br />

FAMÍLIA Mustelidae (4)<br />

Lontra longicaudis x<br />

Eira barbara x<br />

Galictis cuja x<br />

FAMÍLIA Procyonidae (2)<br />

Nasua nasua x x<br />

Procyon cancrivorus x<br />

ORDEM Perissodactyla<br />

FAMÍLIA Tapiridae (1)<br />

Tapirus terrestris<br />

ORDEM Artiodactyla<br />

FAMÍLIA Tayassuidae (2)<br />

Pecari tajacu<br />

Tayassu pecari<br />

FAMÍLIA Cervidae (4)<br />

Mazama americana<br />

Mazama gouazoubira<br />

Mazama nana<br />

ORDEM Lagomorpha<br />

FAMÍLIA Leporidae (1)<br />

Sylvilagus brasiliensis<br />

242<br />

x<br />

x ME1 Ve<br />

ME1 Ve


ORDEM Rodentia<br />

FAMÍLIA Sciuridae (1)<br />

Guerlinguetus ingrami x<br />

FAMÍLIA Muridae (20)<br />

Abrawayaomys ruschii<br />

Akodon montensis x<br />

Akodon paranaensis<br />

Brucepattersonius iheringi x<br />

Delomys dorsalis<br />

Delomys sublineatus<br />

Euryoryzomys russatus x x x x x x x ME1,2, Ca<br />

Juliomys pictipes<br />

Necromys lasiurus<br />

Nectomys squamipes x<br />

Oecomys catherina<br />

Oligoryzomys eliurus<br />

Oligoryzomys flavescens x x<br />

Oligoryzomys nigripes x x<br />

Oxymycterus judex<br />

Oxymycterus nasutus<br />

Oxymycterus quaestor<br />

Rhagomys rufescens<br />

Sooretamys angouya<br />

Thaptomys nigrita<br />

FAMÍLIA Erethizontidae (1)<br />

Sphiggurus villosus x<br />

FAMÍLIA Caviidae (3)<br />

Cavia aperea<br />

Cavia fulgida<br />

Cavia magna<br />

FAMÍLIA Hydrochoeridae (1)<br />

Hydrochoerus hydrochaeris x<br />

FAMÍLIA Dasyproctidae (1)<br />

Dasyprocta azarae x x<br />

FAMÍLIA Cuniculidae (1)<br />

Cuniculus paca<br />

FAMÍLIA Echimyidae (4)<br />

Kannabateomys amblyonyx<br />

Phyllomys aff. dasythrix<br />

Phyllomys medius<br />

243<br />

x<br />

x x x<br />

ME1,2,<br />

MC<br />

Ca<br />

Ca<br />

x x B Ca<br />

ME1 Ve


Euryzygomatomys spinosus<br />

FAMÍLIA Myocastoridae (1)<br />

Myocastor coypus<br />

244

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