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Data: 07/<strong>12</strong>/20<strong>09</strong><br />
1. Valor Econômico - SP<br />
Proposta de repatriação enfrenta resistências<br />
Congresso: Concessão de benefícios fiscal e penal provocam polêmica<br />
Engavetada por duas vezes desde que surgiu, a proposta de permitir a<br />
repatriação de ativos enviados ao exterior ilegalmente nos últimos anos<br />
mediante a concessão de benefícios fiscais e penais já começa a sofrer<br />
resistências logo no início de sua tramitação no Congresso Nacional.<br />
Recém-chegado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara<br />
dos Deputados, o projeto de lei que prevê a repatriação recebeu duas<br />
emendas do relator, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que retiram<br />
do texto boa parte do atrativo que exercia sobre possíveis interessados<br />
em trazer de volta dinheiro não declarado hoje localizado fora do país.<br />
Em outra frente, setores que atuam no combate à evasão de divisas e à<br />
lavagem de dinheiro já avaliam a proposta com preocupação.<br />
Tramitam hoje no Congresso dois projetos de lei que preveem a<br />
repatriação. No Senado, o Projet o de Lei (PL) nº 354, de 20<strong>09</strong>, de<br />
autoria do senador Delcídio Amaral (PT-MS), foi reapresentado com<br />
alterações e teve o prazo para emendas concluído no fim de agosto mas<br />
até agora não passou por nenhuma votação. Na Câmara dos Deputados,<br />
a Comissão de Finanças e Tributação aprovou em setembro o PL nº<br />
5.228, de 2005, de autoria do deputado José Mentor (PT-SP), apensado<br />
ao PL nº 113, de 2003. Ainda que com algumas diferenças, as duas<br />
propostas têm como principal atrativo a redução de alíquotas de Imposto<br />
de Renda (IR) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para<br />
quem trouxer o dinheiro de volta ou mesmo declarar o dinheiro que<br />
mantém no exterior e a anistia penal para os crimes de sonegação fiscal<br />
e evasão de divisas que cometeu ao remeter os recursos para fora<br />
ilegalmente.<br />
São justamente esses dois pontos que receberam propostas de emenda<br />
do relator Arnaldo Faria de Sá na CCJ da Câmara. Uma delas retira os<br />
benefícios fiscais da repatriação e equipara as alíquota s de IR previstas<br />
no projeto às praticadas hoje. Assim, as alíquotas de 15% para quem<br />
declarar os recursos, mas os mantiver no exterior, e de 10% para quem<br />
repatriar os valores, previstas no projeto de lei, passariam a ser, com a<br />
incorporação da emenda, as mesmas da lei atual: 27,5% para pessoas<br />
físicas e 34% para empresas, além de todos os encargos e multas<br />
cobrados de quem não declarou os valores.<br />
O deputado Faria de Sá, que se diz favorável ao projeto de repatriação,<br />
afirma que não é preciso benefício fiscal para que surja interesse na<br />
repatriação dos recursos não declarados. "Esse dinheiro não está<br />
rendendo nada lá fora", diz. Na justificativa da emenda, o deputado<br />
argumenta que a concessão de alíquotas menores fere os princípios da<br />
isonomia tributária e da capacidade contributiva previsto na Constituição<br />
Federal. "Os contribuintes de que estamos tratando lidam com enormes<br />
volumes de recursos e estão sendo beneficiados com tratamento<br />
tributário irrisório", afirma, na justificativa da emenda.<br />
A segunda emenda proposta pelo relator do projeto prevê que o<br />
recolhimento dos tributos feito na declaração e na repatriação dos ativos
no exterior deve ser acompanhado da identificação da origem dos<br />
recursos. Pelo texto original do projeto, o ato de declarar os valores é<br />
acompanhado de uma declaração de que o dinheiro não é proveniente de<br />
crimes como tráfico de pessoas, órgãos e drogas, contrabando de armas<br />
e pornografia infantil, entre outros - o que, pela justificativa do<br />
deputado, não traduz segurança jurídica suficiente à sociedade por ser<br />
um ato unilateral, sujeito à fraude e falsidade. "Quero dificultar o<br />
ingresso de dinheiro de tráfico de drogas", diz Faria de Sá.<br />
O autor do projeto que tramita na Câmara, deputado José Mentor,<br />
garante que a anistia fiscal e penal existirá apenas na evasão de recursos<br />
provenientes da sonegação fiscal, como o texto da proposta prevê, e que<br />
o dinheiro fruto de crimes como tráfico de drogas e contrab ando não<br />
pode se beneficiar da lei. Segundo ele, em caso de indícios de que os<br />
recursos trazidos de volta não são oriundos de sonegação, a pessoa ou<br />
empresa fica sujeita à punição pelo crime que deu origem ao dinheiro e<br />
também pelo crime de evasão fiscal. Relator da CPI do Banestado, que<br />
apurou um esquema gigantesco de evasão de divisas por meio das<br />
contas CC5 do banco em 2003, Mentor diz que houve casos em que<br />
pessoas "esfriaram dinheiro quente", ou seja, valores declarados, mas<br />
que foram enviados para fora do país por meio de doleiros - em uma<br />
época em que havia restrições à remessa de divisas ao exterior - por<br />
conta de diversos planos econômicos fracassados que acabavam<br />
reduzindo ou confiscando o patrimônio dos contribuintes.<br />
Ainda assim, especialistas afirmam que é praticamente impossível<br />
identificar a origem do dinheiro repatriado quando ele já está legalizado<br />
no sistema financeiro no exterior, o que impediria separar o dinheiro da<br />
sonegação daquele proveniente do tráf ico de drogas, por exemplo. Isso<br />
porque tanto o sonegador quanto o traficante utilizam estruturas<br />
semelhantes para remeter recursos ilegalmente para fora do país:<br />
empresas de fachada e empresas off-shore, das quais não se conhecem<br />
os sócios, e têm doleiros em comum. "Não há uma conta bancária no<br />
nome do Fernandinho Beira-Mar", afirma o delegado Luís Flávio<br />
Zamprogna, que atua na divisão de crimes financeiros e de lavagem de<br />
dinheiro da Polícia Federal, referindo-se ao traficante Luiz Fernando da<br />
Costa, que já soma 100 anos de pena de prisão e está preso desde 2001.<br />
"É muito difícil para os órgãos de fiscalização distinguirem o dinheiro<br />
proveniente de sonegação fiscal do dinheiro vindo do tráfico de drogas",<br />
diz Zamprogna. Segundo ele, depois que o dinheiro saiu e circulou por<br />
vários países, entre eles paraísos fiscais, não se acha mais a origem. A<br />
Colômbia, onde Beira-Mar foi capturado, já foi palco do problema:<br />
economistas estimam a entrada de bilhões de dólares provenientes do<br />
trá fico de drogas durante um programa de repatriação de ativos<br />
mediante anistia feito em 1993 para atrair investimentos no país.<br />
É por esse motivo que a proposta brasileira de repatriação não é bem<br />
vista por procuradores, juízes e policiais federais que atuam no combate<br />
a crimes contra o sistema financeiro e de lavagem de dinheiro. Ainda que<br />
não haja uma posição oficial das entidades de classe a respeito dos<br />
projetos de lei, já há discussões internas sobre o tema. Entre membros<br />
do Ministério Público e da Justiça que atuam diretamente em processos<br />
que envolvem crime de evasão fiscal a oposição à proposta é clara.<br />
"Existe uma involução, uma cronologia de benevolência em relação aos<br />
crimes fiscais no país", diz Fausto Martin De Sanctis, juiz da 6ª Vara<br />
Criminal da Justiça Federal de São Paulo responsável pelo julgamento de<br />
alguns dos mais importantes processos por crime contra o sistema
financeiro nacional em andamento no país. "A lei dos crimes contra o<br />
sistema financeiro nacional vem sendo duramente atacada", afirma.<br />
Da mesma posição de De Sanctis compartilham procuradores que atuam<br />
em inquéritos relacionados a crimes financeiros. "Os projetos de<br />
repatriação são absurdos, são uma vergonha", diz Rodrigo de Grandis,<br />
procurador da República que atua no Ministério Público Federal em São<br />
Paulo. "É o tipo de benefício penal que só se aplica ao crime do colarinho<br />
branco", afirma. "Se a evasão fiscal não tem mais relevância, que seja<br />
retirada da lei dos crimes contra o sistema financeiro nacional." Para a<br />
procuradora da República Karen Louise Jeanette Kahn, que atua nos<br />
processos gerados pelas operações Suíça e Kaspar I e II, realizadas pela<br />
Polícia Federal para investigar esquemas de evasão de divisas por meio<br />
de doleiros e de escritórios de representação de bancos suíços instalados<br />
no Brasil, os projetos não resolvem o problema e estimulam as pessoas a<br />
continuar enviando recursos para fora do país ilegalmente. Segundo ela,<br />
a anistia penal à evasão impede o combate a um crime que foi<br />
intensificado nos últimos anos.<br />
"Nossa maior preocupação é a extinção da punibilidade dos crimes de<br />
evasão e sonegação prevista nos projetos", diz o juiz federal Fernando<br />
Mattos, presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe).<br />
Segundo ele, a entidade está discutindo o tema e já fez um pedido para<br />
ser ouvida na CCJ da Câmara, onde o projeto aguarda parecer do relator.<br />
"A proposta pode transformar dinheiro ilícito em dinheiro lícito", diz. De<br />
acordo com o delegado Luís Flávio Zamprogna, o grupo que compõe a<br />
Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro<br />
(Enccla), da qual faz parte, emitiu já no ano passado, quando a proposta<br />
de repatriação esteve em discussão, uma nota técnica se posicionando<br />
de forma contrária aos projetos.<br />
O contraponto é feito pela Associação Nacional dos Membros do<br />
Ministério Público (Conamp), que reúne membros do órgão nos Estados e<br />
também no âmbito Federal. José Carlos Cosenzo, que preside a entidade,<br />
afirma que foi criada uma comissão interna para discutir a proposta, que<br />
chegou à conclusão de que ela precisa ser aperfeiçoada, mas é viável. "É<br />
uma opção que o Estado tem que fazer, e é uma opção muito séria",<br />
afirma Cosenzo. "Nós não fazemos a lei, mas se a lei permitir a anistia,<br />
será cumprida", diz. "O que não podemos é judicializar a conduta do<br />
Parlamento." Segundo o presidente da Conamp, "no mundo todo<br />
projetos de repatriação como esses tiveram sucesso". Ele se refere a<br />
experiências do tipo realizadas na Alemanha, Argentina, França e<br />
Espanha. Além desses países, a Itália aprovou recentemente uma anistia<br />
à repatriação e, nos Estados Unidos, está em andamento um programa<br />
de revelação voluntária de valores não declarados que prevê o<br />
pagamento de impostos devidos nos últim os seis anos, com juros e<br />
multa, em troca de livrar os contribuintes de processos criminais.<br />
Segundo o Departamento de Justiça americano, cerca de 7,5 mil<br />
americanos com ativos não declarados no exterior revelaram suas<br />
posições até a primeira quinzena de outubro. O país também abriu um<br />
precedente inédito recentemente ao conseguir um acordo com a Suíça<br />
para que o banco UBS revele detalhes sobre 4,45 mil contas bancárias<br />
com recursos suspeitos de serem fruto de sonegação fiscal.<br />
Cristine Prestes, de São Paulo<br />
07/<strong>12</strong>/20<strong>09</strong>
2. Valor Econômico - SP<br />
TSE pode obrigar certidões negativas em eleições<br />
Juliano Basile, de Brasília<br />
07/<strong>12</strong>/20<strong>09</strong><br />
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deverá aprovar uma nova norma para<br />
as eleições de 2010 determinando a publicidade de todas as certidões<br />
necessárias para que os políticos se tornem candidatos. Ao se<br />
candidatar, os políticos têm que apresentar certidões negativas de<br />
condenação criminal, a declaração de imposto de renda e uma certidão<br />
cível para os casos de eventual processo por improbidade administrativa.<br />
Hoje, mesmo se tiverem sofrido condenações criminais, os políticos não<br />
sofrem objeções formais às suas candidaturas. Com isso, a apresentação<br />
de certidões é algo meramente formal para a Justiça Eleitoral. O político<br />
apresenta os seus dados e eles ficam registrados nos tribunais eleitorais.<br />
O presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, quer mudar essa<br />
prática. A ideia dele é divulgar todas essas certidões na internet para que<br />
os eleitores tenham mais info rmações a respeito do perfil dos<br />
candidatos. Para o ministro, a divulgação ajudaria os eleitores a obter<br />
mais dados sobre os políticos e, com isso, votar de maneira mais<br />
consciente.<br />
"É impressionante o número de casos de corrupção que aparecem no<br />
Brasil e nos colocam sob alerta", disse Britto, durante debate sobre<br />
corrupção, na sexta-feira. "Mas, nem tudo está perdido. Nós votamos a<br />
cada dois anos", continuou ele, referindo-se ao intervalo entre as<br />
eleições municipais e as presidenciais. "E isso é um processo de<br />
educação em concreto."<br />
Para Britto, a divulgação dessas certidões dos políticos deveria ficar<br />
prevista nas resoluções do TSE que regulam as eleições. Essas regras<br />
estão sendo discutidas neste mês para serem aprovadas até o início de<br />
março.<br />
Na quarta-feira, o TSE definiu as regras para a propaganda política em<br />
vários meios de comunicação, como rádio, TV, jornais, revistas<br />
impressas e internet.<br />
Na sexta-feira, o tribunal discutiu o sistema de votação eletrônico. No dia<br />
14, será a vez de o TSE debater a divulgação de certidões para os<br />
políticos.<br />
Em outras ocasiões, o tribunal adotou uma postura cautelosa com<br />
relação à publicização de informações dos políticos. Em 2008, o TSE<br />
discutiu a possibilidade de divulgar uma lista dos políticos que<br />
respondem a processos na Justiça. Na ocasião, Britto foi favorável à<br />
divulgação, mas acabou vencido.<br />
Em seguida, entidades representativas de juízes, procuradores e líderes<br />
religiosos, como as associações Brasileira dos Magistrados (AMB), dos<br />
Juízes Federais (Ajufe), dos Membros do Ministério Público (Conamp),
dos Procuradores da República (ANPR) e a Confederação Nacional dos<br />
Bispos do Brasil (CNBB), pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) a<br />
proibição da candidatura de políticos que sofreram condenações na<br />
Justiça. Em agosto de 2008, o STF negou o pedido, por nove votos a<br />
dois, e novamente o ministro Britto ficou vencido.<br />
Agora, no entanto, o caso é diferente, pois o presidente do TSE não<br />
pretende impor, como condição para a candidatura, que o político tenha<br />
"ficha limpa". Ele quer apenas divulgar a ficha do político na internet<br />
para que o eleitor possa se informar melhor a respeito dos candidatos.<br />
Esse debate terá início no dia 14 e a votação final, no TSE, deverá<br />
ocorrer no início de março.<br />
3. Valor Econômico - SP<br />
Investigação do caso Banestado motivou o debate<br />
De São Paulo<br />
07/<strong>12</strong>/20<strong>09</strong><br />
Em discussão desde 2003 no Brasil, a ideia de se permitir uma ampla<br />
repatriação de ativos enviados ilegalmente ao exterior ao longo dos<br />
anos, com a concessão de uma inédita anistia penal e um generoso<br />
benefício fiscal, não avançou no passado, ainda que sob condições<br />
econômicas favoráveis - como a escassez de dólares e uma possível fuga<br />
de capitais provocada pela crise mundial. Agora, mesmo diante da<br />
crescente pressão sobre o câmbio provocada pela entrada de<br />
investimentos estrangeiros, o tema não só voltou à tona como teve,<br />
finalmente, sua tramitação iniciada no Congresso Nacional, após quatro<br />
anos de espera.<br />
Diante do ambiente econômico desfavorável, há quem atribua o avanço<br />
das propostas às eleições de 2010, com o argumento de que o dinheiro<br />
repatriado seria bem-vindo em campanhas eleitorais. Mas é no ambiente<br />
jurídico que a retomada da ideia de uma anistia à repatriação de ativos<br />
desviados ilegalmente encontra hoje um maior número de explicações<br />
plausíveis. A principal delas é o cerco à evasão de divisas promovido nos<br />
últimos anos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público desde as<br />
investigações sobre o esquema de evasão de divisas por meio das contas<br />
CC5 no Banestado.<br />
Durante a força-tarefa criada para apurar os crimes em 2003, foram<br />
feitas 95 denúncias pelo Ministério Público Federal que envolveram 684<br />
pessoas - o que gerou uma centena de condenações até agora. Mais de<br />
1,17 mil contas no exterior , que movimentaram US$ 28,1 bilhões, foram<br />
investigadas. Estima-se, no entanto, que um valor muito maior foi<br />
enviado ilegalmente para o exterior por meio de doleiros nos últimos<br />
anos: de US$ 70 bilhões a US$ 150 bilhões.<br />
Além de não ter precedentes no país, o caso Banestado provocou um<br />
efeito em cascata. Os acordos de delação premiada feitos por doleiros<br />
que participaram do esquema - e entregaram suas listas de clientes e de<br />
operações real izadas em troca de redução de penas - e as investigações<br />
realizadas acabaram fornecendo ao Ministério Público e à Polícia Federal<br />
uma quantidade gigantesca de informações, que levaram a novos
inquéritos e operações de combate à evasão. Desde 17 de agosto de<br />
2004, quando foi feita a Operação Farol da Colina, que investigou o<br />
esquema do Banestado, pelo menos outras 18 operações da Polícia<br />
Federal tiveram como foco o combate ao mercado negro de moeda<br />
estrangeira no país. De 2006 para cá, somente o Ministério Público<br />
Federal em São Paulo fez <strong>12</strong>5 denúncias por crime de evasão de divisas.<br />
Entre elas, duas foram resultantes das operações Suíça e Kaspar I e II<br />
da PF, que investigaram esquemas de evasão montados por doleiros em<br />
conjunto com representantes dos bancos suíços Credit Suisse, UBS e AIG<br />
no Brasil.<br />
A conclusão é óbvia: clientes desses doleiros estão acuados, muitos deles<br />
já respondem processos criminais na Justiça e os que não foram<br />
denunciados correm o risco de vir a ser em um futuro próximo. Para<br />
esses casos, uma lei que possibilite a repatriação de ativos com anistia<br />
penal cairia como uma luva. "É bem possível que esteja ocorrendo uma<br />
pressão pela aprovação de um projeto de repatriação por parte dessas<br />
pessoas e empresas", diz o presidente da Associação Nacional dos<br />
Membros do Ministério Público (Conamp), José Carlos Cosenzo. Já nos<br />
casos de evasão que até hoje não foram alvo de investigações, a<br />
proposta pode não surtir efeito. "Ninguém deixa dinheiro lá fora só para<br />
não pagar imposto", diz um especialista ouvido pelo Valor. O dinheiro<br />
ainda escondido serviria, por exemplo, para o pagamento de propinas e<br />
para o caixa dois de campanhas eleitorais sem que se levantasse<br />
suspeitas. (CP)<br />
4. Última Instância - SP<br />
Procurador consegue no STF derrubar suspensão de 45 dias por<br />
crime ambiental<br />
Da Redação - 06/<strong>12</strong>/20<strong>09</strong> - 17h05<br />
A condenação imposta pelo CNMP (Conselho Nacional do Ministério<br />
Público) a um procurador do Acre foi suspensa pelo ministro Ricardo<br />
Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), que considerou que a<br />
sanção disciplinar extrapolou o limite legal.<br />
O procurador Willia<strong>ms</strong> João Silva foi suspenso por 45 dias de suas<br />
atividades funcionais, assim como dos direitos e vantagens decorrentes<br />
do cargo por ele ocupado, sob acusação da prática de crimes ambientais.<br />
Lewandowski, relator do recurso no Supremo, entendeu que ele foi<br />
condenado por violação dos deveres funcionais previstos no artigo 54,<br />
incisos I e VI, a, da Lei Complementar Estadual número 8/1983, cuja<br />
pena prevista é a de suspensão inferior a quarenta e cinco dias.<br />
No entanto, o CNMP aplicou as sanções previstas no artigo 56, inciso IV,<br />
combinado com o artigo 58 da mesma lei, em que a sanção aplicável é a<br />
de suspens ão de quarenta e cinco a noventa dias.<br />
A defesa do procurador alegou, em síntese, que: a) na imposição da<br />
pena não foi observada a dosimetria aplicável ao caso (a pena aplicada é<br />
maior do que o máximo previsto); b) o indeferimento do pedido de<br />
perícia violou o princípio constitucional do contraditório e da ampla
defesa e c) não poderia ter sido punido pelo uso indevido de papel<br />
timbrado, posto que essa infração não constou da portaria que deu início<br />
ao processo administrativo disciplinar.<br />
A liminar terá validade até o julgamento de seu mérito. O julgamento do<br />
caso foi avocado pelo CNMP no Processo Administrativo Disciplinar<br />
0.00.000.000828/2007-42, diante da impossibilidade de ser ele julgado<br />
pelo Conselho Superior do Ministério Público do Acre, por ausência de<br />
quorum em virtude de impedimentos e suspeições dos conselheiros do<br />
órgão.<br />
5. Consultor Jurídico - SP<br />
Ministro do STF suspende pena a procurador do Acre<br />
Por entender que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)<br />
extrapolou o limite legal na aplicação da sanção disciplinar ao procurador<br />
Willia<strong>ms</strong> João Silva, o ministro Ricardo Lewandowski suspendeu a<br />
punição. O procurador foi suspenso por 45 dias de suas atividades<br />
funcionais, assim como dos direitos e vantagens decorrentes do cargo<br />
por ele ocupado, sob acusação da prática de crimes ambientais.<br />
O procurador foi condenado por violação dos deveres funcionais previstos<br />
no artigo 54, incisos I e VI, a, da Lei Complementar Estadual número<br />
8/1983, cuja pena prevista é a de suspensão inferior a 45 dias. Mas o<br />
CNMP aplicou as sanções previstas no artigo 56, inciso IV, combinado<br />
com o artigo 58 da mesma lei, em que a sanção aplicável é a de<br />
suspensão de 45 a 90 dias.<br />
A defesa alegou que na imposição da pena não foi observada a<br />
dosimetria aplicável ao caso, já que a pena aplicada é maior do que o<br />
máximo previsto. T ambém alegou que o indeferimento do pedido de<br />
perícia violou o princípio constitucional do contraditório e da ampla<br />
defesa. Sustentou, ainda, que não poderia ter sido punido pelo uso<br />
indevido de papel timbrado, posto que essa infração não constou da<br />
portaria que deu início ao processo administrativo disciplinar.<br />
O julgamento do caso foi avocado pelo CNMP no Processo Administrativo<br />
Disciplinar, diante da impossibilidade de ser ele julgado pelo Conselho<br />
Superior do Ministério Público do Acre, por ausência de quórum em<br />
virtude de impedimentos e suspeições dos conselheiros do órgão. Com<br />
informações da Assessoria de Imprensa do STF.<br />
MS 28.450<br />
6. Folha de S. Paulo - SP<br />
Acusados, membros do TCE querem ver prova<br />
Eduardo Bittencourt e Robson Marinho vão à Justiça por cópia de<br />
documento de diretor da Camargo Corrêa que cita os dois<br />
Bittencourt nega vínculo com construtora; Marinho diz que não recebeu<br />
valores e lamenta que seu nome apareça numa lista apócrifa
DA REPORTAGEM LOCAL<br />
Os conselheiros Eduardo Bittencourt e Robson Marinho, do Tribunal de<br />
Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), vão pedir na Justiça cópia do<br />
documento apreendido na casa de um executivo da construtora Camargo<br />
Corrêa com citação ao nome deles e menção de valores em dólares.<br />
A empresa foi alvo da Operação Castelo de Areia, deflagrada pela Polícia<br />
Federal e pelo Ministério Público Federal, em março deste ano. À época,<br />
a polícia apreendeu documentos na casa de quatro diretores da Camargo<br />
Corrêa. A planilha com o nome dos conselheiros foi localizada na casa do<br />
executivo Pietro Bianchi.<br />
"O absurdo é que todos falam da planilha e citam os nom es de políticos<br />
ou de outras pessoas públicas, sempre com valores, mas os principais<br />
interessados, as pessoas citadas e seus advogados não têm acesso a<br />
nada", diz o advogado Paulo Sérgio Santo André, que defende<br />
Bittencourt e vai pedir cópia da planilha ao juiz Fausto Martin De Sanctis,<br />
da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo.<br />
Segundo reportagem de "O Estado de S. Paulo", a planilha traz nove<br />
citações ao TCE paulista, com registros de valores que somam cerca de<br />
US$ 1,37 milhão, de supostos repasses feitos de 26 de março a 2 de<br />
outubro de 1998. Ainda segundo o texto, há referências às obras das<br />
linhas Amarela e Verde do Metrô e aos nomes de Bittencourt e de<br />
Marinho.<br />
O tribunal é o órgão responsável por fiscalizar obras, contratos e<br />
licitações públicas.<br />
"O dr. Bittencourt desconhece completamente tudo isso. Não tem<br />
qualquer vínculo com as pessoas da empresa e ele faz parte de um órgão<br />
onde as decisões são colegiadas, não individuais", afirmou Santo André.<br />
A assessoria de Marinho informou que o conselheiro desconhece a<br />
denúncia e não tem nenhum relacionamento profissional com a<br />
construtora ou os executivos. Marinho nega ter recebido valores e disse<br />
lamentar o fato de seu nome aparecer em uma lista apócrifa.<br />
Advogados da Camargo Corrêa informaram que a construtora ainda não<br />
teve acesso nem ao relatório da Polícia Federal nem à denúncia oferecida<br />
pelo Ministério Público Federal, o que dificulta a defesa da empresa. O<br />
grupo nega ter cometido qualquer atividade ilícita e alerta que<br />
documentos divulgados no início da operação se mostraram, ao final,<br />
legais.<br />
Feldman<br />
O secretário de Esportes da cidade de São Paulo e deputado federal<br />
licenciado, Walter Feldman (PSDB), cujo nome também apareceu na<br />
planilha da construtora como um dos supostos beneficiários de<br />
pagamentos, protocolou dois pedidos na Polícia Federal. Feldman pediu<br />
para ter acesso a todos os documentos e colocou à disposição dos<br />
investigadores o sigilo bancário e fiscal dele."Pedi ao diretor-geral,<br />
Luiz Fernando Corrêa, que a investigação seja feita e,<br />
principalmente, que a conclusão seja divulgada. Jamais participei<br />
de qualquer situação assim e quero ter a chance de me defender<br />
de uma forma aberta e correta", afirmou o secretário.<br />
7. Diário de Cuiabá - MT<br />
Corregedor-Nacional do MP apresenta desafios institucionais<br />
durante 'X Encontro Estadual do Ministério Público Mato-
grossense”<br />
Da Reportagem<br />
Unidade, mensuração dos resultados das ações efetivadas e um regime<br />
disciplinar unitário são, na avaliação do Corregedor-Nacional do<br />
Ministério Público, promotor Sandro de Justiça José Neis, os principais<br />
desafios do Ministério Público Brasileiro.<br />
Ontem, à noite, ele participou da abertura do “X Encontro Estadual do<br />
Ministério Público Mato-grossense”, no auditório da Procuradoria Geral de<br />
Justiça.<br />
De acordo com ele, a unidade e a isonomia no Ministério Público<br />
Brasileiro foram alguns dos assuntos que nortearam as discussões<br />
promovidas durante o Congresso Nacional do Ministério Público realizado<br />
este ano, em Santa Catarina.<br />
“O fortalecimento da instituição passa necessariamente pela unidade do<br />
Ministério Público Brasileiro, que abrange os Ministérios Públicos<br />
Estaduais e da União”, ressaltou.<br />
8. Folha de S. Paulo - SP<br />
Procurador vê vazamento de informação<br />
SAMANTHA LIMA<br />
DA SUCURSAL DO RIO<br />
Há sinais de uso no mercado de informação privilegiada sobre a compra<br />
das Casas Bahia pelo grupo Pão de Açúcar, afirma o procurador da<br />
República Sady D'Assumpção Torres, coordenador do grupo do Ministério<br />
Público Federal que atua em conjunto com a CVM (Comissão de Valores<br />
Mobiliários).<br />
As ações da Globex, razão social do Ponto Frio, fecharam com alta<br />
superior a 35% na quinta-feira, horas antes do anúncio do negócio. A<br />
movimentação foi muito superior à média diária do papel.<br />
"Há indícios de uso de informação privilegiada na operação. Toda<br />
movimentação atípica, principalmente de empresas com pouca liquidez,<br />
é uma indicação. Estamos atentos, mas precisamos esperar e analisar",<br />
disse ele.<br />
A CVM informou ontem que "acompanha e analisa as informações e<br />
notícias relativas às companhias abertas e adota as medidas devidas<br />
quando necessário". Não detalhou, porém, quais providências foram<br />
tomadas especificamente em relação a esse caso.<br />
Segundo D'Assumpção, existem "alguns casos sigilosos" investigados<br />
pelo grupo, criado em 2007 depois da operação de compra da Ipiranga<br />
pela Petrobras, Braskem e Ultra.<br />
Na ocasião, a valorização em 33% dos papéis da Ipiranga levou a CVM a<br />
investigar o uso de informações privilegiadas. Operações realizadas por<br />
26 investidores foram investigadas, um deles funcionário da Petrobras.<br />
Desses, quatro tiveram bloqueado o dinheiro obtido com a venda das<br />
ações.<br />
Outro caso cujo desfecho foi acompanhado pelo grupo resultou na<br />
assinatura de um termo de ajustamento de conduta.<br />
Em 2008, o fundo uruguaio Vailly pagou multa de R$ 2,2 milhões à CVM
por ter lucrado R$ 600 mil com a negociação de ações da Suzano<br />
Petroquímica antes do anúncio da compra da empresa pela Petrobras,<br />
um ano antes.<br />
O caso de maiores consequências foi a negociação de ações da Perdigão<br />
no mercado americano, em 2006, dias antes de a Sadia ter tentado<br />
comprar o controle da concorrente.<br />
Os ex-executivos da Sadia Luiz Gonzaga Murat Junior e do ABN Amro<br />
Alexandre Ponzio de Azevedo foram condenados pela SEC, órgão que<br />
fiscaliza o mercado de capitais americano, a pagar, juntos, multa de US$<br />
500 mil.<br />
Murat e Romano Ancelmo Fontana Filho, outro ex-executivo da Sadia,<br />
foram impedidos de atuar como administradores de empresas abertas<br />
por cinco anos.<br />
A atuação dos três resultou, ainda, na primeira denúncia feita pelo<br />
Ministério Público Federal à Justiça por crime de uso de informação<br />
privilegiada, em andamento em São Paulo.<br />
"Na conta de lucros e perdas, a gente tem lucro. Criamos um fator de<br />
risco para esse tipo de ação. As punições e o bloqueio de recursos<br />
ilustram o risco que essas pessoas correm ao insistir na prática", diz o<br />
procurador.<br />
9. O Estado de S. Paulo - SP<br />
''Rei do grampo'' enriqueceu à sombra de Roriz<br />
Sob forte esquema de proteção, Barbosa teria mais 20 fitas inéditas<br />
sobre rede de corrupção em Brasília<br />
Ameaçado de morte, o economista Durval Barbosa, pivô da Operação<br />
Caixa de Pandora, que desbaratou o "mensalão do DEM", é mantido sob<br />
forte esquema de segurança desde 27 de novembro, em local secreto, à<br />
disposição do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Amparado pelo<br />
Programa de Proteção a Testemunhas do Ministério da Justiça, ele tem<br />
arsenal de fitas, que constitui o maior arquivo digital sobre a rede de<br />
corrupção na capital do País.<br />
Conhecido como "rei do grampo", Durval teria mais 20 gravações<br />
inéditas, o que tira o sono de muita gente. O próximo depoimento vai<br />
ocorrer após a Polícia Federal concluir perícia de documentos e vídeos<br />
apreendidos na primeira fase da operação. Até agora ele anexou ao<br />
processo 30 fitas, o suficiente para colocar nas cordas o governador José<br />
Roberto Arruda (DEM-DF), suspeito de se r chefe de uma rede de<br />
arrecadação e distribuição de propina que funcionava no seu governo e<br />
envolvia secretários de Estado, parlamentares e autoridades.<br />
Delegado de Polícia Civil aposentado, o piauiense Durval Barbosa montou<br />
sua máquina de grampos na década 90, quando comandou a instituição.<br />
De posse de um equipamento do porte do Guardião da Polícia Federal,<br />
capaz de interceptar centenas de telefones simultaneamente e cruzar<br />
dados, ele usou a grampolândia para chantagear autoridades e políticos.<br />
De família de imigrantes do Piauí, Durval é irmão do deputado Milton<br />
Barbosa (PSDB), também delegado da Polícia Civil. Os dois cresceram à<br />
sombra do cacique Joaquim Roriz (ex-PMDB, hoje no PSC), governador<br />
do DF por quatro vezes.
A aliança com Roriz foi construída em cima da central de grampos, que o<br />
ex-governador teria usado para bisbilhotar rivais e aterrorizar servidores,<br />
inclusive do Judiciário. Nos últimos governos dele (1998-2006), os<br />
irmãos chegaram ao apogeu.<br />
Barbosa - que, segundo o Ministério Público, tem patrimônio de R$ 20<br />
milhões - instalou-se em 2000 na Companhia de Desenvolvimento do<br />
Planalto Central (Codeplan), estatal responsável pela administração dos<br />
gastos da máquina. Milton elegeu-se deputado distrital.<br />
A central de grampos chegou a atender grupos privados, inclusive da<br />
máfia da grilagem de terras no DF, conforme apurou a CPI da Grilagem<br />
da Câmara Legislativa. Em 20<strong>09</strong>, a CPI das Escutas Clandestinas indiciou<br />
Barbosa no seu relatório final.<br />
Desde a década de 90, ele estabeleceu conexões com João Arcanjo<br />
Ribeiro, o Comendador Arcanjo, condenado a 40 anos de prisão, e com o<br />
empresário de jogos Carlinhos Cachoeira. Aliou-se também a Messias<br />
Ribeiro, dono da Sapiens Tecnologia, envolvida num esquema de desvio<br />
de dinheiro público no governo Roriz, desvendado pela Operação<br />
Megabyte. Em 4 anos, foi desviado um total de R$ 1,2 bilhão, diz o<br />
Ministério Público.<br />
Barbosa fez acordo de delação p remiada em troca de redução de pena<br />
por seus crimes. Ele responde a 37 processos na Justiça. Na primeira<br />
instância, é réu em um caso criminal e 17 ações civis, quase todas por<br />
improbidade administrativa, no período em que comandou a Codeplan,<br />
de 2000 a 2006. Outros 19 processos correm na segunda instância. Sua<br />
situação complicou-se em fevereiro passado, quando teve a primeira<br />
condenação e viu os demais processos começarem a andar.<br />
10. Folha de S. Paulo - SP<br />
FGV é acusada de desvio de verba em SP<br />
Ministério Público acusa em ação suposta fraude e superfaturamento em<br />
contrato da fundação com a prefeitura, em 2003<br />
Segundo promotor, FGV atuou como intermediária para permitir que<br />
empresas tivessem contratos com a prefeitura sem licitação<br />
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO<br />
DA REPORTAGEM LOCAL<br />
O Ministério Público de São Paulo ajuizou ação em que acusa a Fundação<br />
Getúlio Vargas de se associar a assessores de alto escalão da gestão<br />
Marta Suplicy (PT) para fraudar e superfaturar em 338% um contrato de<br />
R$ 21,8 milhões firmado pela entidade com a Prefeitura de São Paulo,<br />
em 2003.<br />
A FGV foi contratada para modernizar o sistema de informática das<br />
escolas municipais e implantar novos sistemas de gestão pela então<br />
secretária da Educação, Maria Aparecida Perez, mulher do deputado<br />
federal Carlos Zarattini (PT).<br />
Além de Maria Aparecida, também foi denunciado na ação o então<br />
gerente da Prodam (empresa municipal de informática) Raphael Pacheco.<br />
Após deixar a prefeitura, ele foi nomeado pelo governo Lula diretor de
Negócios da Dataprev, uma estatal federal ligada ao Ministério da<br />
Previdência.<br />
Contratada com dispensa de licitação apesar de não atuar em serviços de<br />
informática, a FGV, segundo o promotor Saad Mazloum, trabalhou como<br />
"simples intermediária" para permitir que outras empresas recebessem<br />
da prefeitura sem a necessidade de licitação.<br />
O caso começou em 2002, quando a prefeitura iniciou contatos com uma<br />
empresa de Belo Horizonte (MG), a Auge Tecnologia, para contratar os<br />
serviços de informática.<br />
Segundo depoimentos de funcionários de carreira da Prodam, as<br />
negociações eram conduzidas por Pacheco.<br />
O corpo técnico da Prodam, na época, fez restrições ao trabalho da Auge,<br />
e ela não foi contratada. Porém, acabou assumindo o serviço depois que<br />
a própria FGV firmou o contrato.<br />
Segundo sindicância aberta pela prefeitura, a FGV jamais prestou<br />
nenhum tipo de serviço, que aind a foi fatiado com outras empresas.<br />
Ainda mais grave, conforme a denúncia, foi a descoberta de um<br />
superfaturamento de 338% no contrato, na comparação com orçamentos<br />
feitos pela própria Prodam na época -um dos itens, o trabalho de<br />
analistas de suporte, estava 427% acima dos preços normais.<br />
Ou seja, a prefeitura deveria ter pago no máximo R$ 4,9 milhões, e não<br />
R$ 21,8 milhões, e ainda assim caso o serviço tivesse sido totalmente<br />
feito pela FGV. Porém, segundo a prefeitura, o contrato não foi concluído,<br />
mas a fundação recebeu R$ 6,5 milhões -novos pagamentos foram<br />
bloqueados após notificação da Promotoria.<br />
"O parecer técnico concluiu pela ocorrência de extraordinário<br />
superfaturamento", afirma o promotor Mazloum.<br />
Na ação, ele pede a condenação da FGV e da Auge por improbidade<br />
administrativa e a proibição de realizarem novos contratos com o poder<br />
público.<br />
Maria Aparecida Perez e Raphael Pacheco também foram denunciados<br />
por improbidade, com perda de cargo público, caso este jam trabalhando<br />
em órgãos de governo, e suspensão dos diretos políticos.<br />
O promotor requer ainda que todos os acusados devolvam o valor de R$<br />
3,9 milhões aos cofres públicos, além de multa.<br />
11. O Globo - RJ<br />
Governo abre processo contra 7 operadoras de telefonia<br />
Se constatadas irregularidades, Claro, TIM, Vivo, Oi , Embratel, Nextel e<br />
GVT podem ser multadas em até R$ 3 milhões<br />
Gustavo Paul<br />
BRASÍLIA e RIO. A Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério<br />
da Justiça abriu ontem sete processos administrativos contra empresas<br />
de telefonia celular pelo descumprimento das regras para o Serviço de<br />
Atendimento ao Consumidor (SAC).<br />
Se constatadas irregularidades cometidas por Claro, TIM, Vivo, Oi ,<br />
Embratel, Nextel e GVT, elas serão multadas em até R$ 3 milhões, como<br />
prevê o Código de Defesa do Consumidor.<br />
Ao constatar que as operadoras de telefonia fixa e celular são as que<br />
receberam mais reclamações sobre atendimento, o Ministério da Justiça
ameaçou ontem tomar medidas mais drásticas, incluindo a criminalização<br />
de seus dirigentes. Segundo a secretária de Direito Econômico, Mariana<br />
Tavares de Araújo, como reclamações, avisos e multas não surtiram<br />
efeito, o próximo passo poderá ser atuar sobre seus executivos. A<br />
renovação das concessões das empresas também poderá ser<br />
condicionada à melhoria dos serviços.<br />
Uma equipe da SDE ligou para as operadoras e constatou que elas não<br />
seguem o decreto do SAC, em vigor há um ano.<br />
— O ministro Tarso Genro (Justiça) pediu para refletirmos sobre as<br />
implicações deste fato (não cumprimento das regras) sobre as<br />
concessões — disse Mariana, ressaltando não haver ainda estudos<br />
conclusivos sobre as medidas.<br />
Desde dezembro de 2008, os SACs das operadoras de serviços públicos<br />
regulados têm de seguir regras mais rígidas, como oferecer, no início da<br />
ligação, a opção de o consumidor falar com um atendente e a de<br />
cancelar o contrato imediatamente. Um ano depois, as operadoras de<br />
telefonia fixa e de celular são os maiores alvos das queixas dos<br />
consumidores. Segundo o Departamento de Proteção e Defesa do<br />
Consumidor (DPDC), nesse período, 29,6% das reclamações foram sobre<br />
as empresas de celular e 24 ,21%, sobre as fixas.<br />
As empresas de celular com maior número de reclamações são Claro e<br />
Oi/Brasil Telecom. Na telefonia fixa, a Oi também está em primeiro,<br />
seguida da GVT.<br />
— A telefonia celular é o setor mais preocupante. O SAC deles não tem<br />
funcionado a contento — disse o diretor do DPDC, Ricardo Morishita.<br />
Especialista: empresas cometem crime contra cliente A Claro disse estar<br />
“implementando novos sistemas e medidas”.<br />
A Oi/Brasil Telecom não quis falar sobre o ranking, e a TIM afirmou não<br />
ter sido notificada pela SDE. A Nextel também disse não ter sido<br />
notificada, mas ressaltou “realizar treinamentos semanais”.<br />
A Embratel disse cumprir rigorosamente as normas do SAC. Já a Vivo<br />
afirmou ter “um dos menores índices de reclamação junto aos Procons” e<br />
que não foi notificada. Mas disse atender a todos os requisitos do<br />
decreto. A GVT não retornou as ligações do GLOBO.<br />
José Augusto Peres, vice-presidente do Ministério Público do Consumidor,<br />
propôs ao DPDC que, em cada estado, Procon, Ministério Público e<br />
Delegacia do Consumidor discutam se é o caso de criminalizar as<br />
empresas de telefonia. Ele explica que, pelo artigo 72 do Código de<br />
Defesa do Consumidor, é crime impedir e dificultar o acesso dos<br />
consumidores a suas informações pessoais em cadastros, fichas e<br />
registros.<br />
A pena é de detenção de seis meses a um ano e multa. Já o artigo 73<br />
considera crime deixar de corrigir imediatamente uma informação nesses<br />
cadastros, com pena de detenção de um a seis meses e multa: —<br />
Quando a empresa se nega a entregar a gravação onde consta o acordo<br />
feito com o consumidor, ela está impedindo o acesso à informação. E
quando, depois de 90 dias, diz não ter mais como recuperar a gravação,<br />
ela está dificultando esse acesso. Na minha opinião, já podemos pensar<br />
que as empresas estão cometendo crimes contra o consumidor.<br />
COLABOROU Nadja Sampaio<br />
<strong>12</strong>. O Povo - CE<br />
Ministério Público abre seleção para 537 vagas no Ceará<br />
As oportunidades são para a capital e interior do Estado. As inscrições já<br />
podem ser feitas a partir de amanhã, 7<br />
05 Dez 20<strong>09</strong> - 16h01min<br />
O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) lança edital para<br />
diversas vagas de estágio em Fortaleza e no Interior. As oportunidades<br />
são para os cursos de direito, ciências contábeis, psicologia, informática,<br />
serviço social, entre outros. Os detalhes da quantidade de vagas por<br />
curso e por unidade regional estão presentes no Anexo I, do edital.<br />
Para as vagas na capital, os interessados devem fazer sua inscrição no<br />
Núcleo Gestor de Estágio, na rua Assunção, nº 1.100, José Bonifácio, de<br />
7 a 18 de dezembro. Para as vagas do interior, as inscrições devem ser<br />
feitas na sedes da Procuradoria de Justiça, no período de 7 a 11 de<br />
dezembro. O horário de atendimento é sempre das 8h às 14h. Os<br />
candidatos devem apresentar no ato da inscrição os seguintes<br />
documentos: cópia do históric o escolar; comprovação de matriculado;<br />
declaração de inexistência de antecedentes criminais; documento relativo<br />
à qualificação pessoal (RG,CPF OU CNH) e certidão da quitação eleitoral<br />
emitida no site www.tre-ce.gov.br; atestado médico de sanidade física e<br />
mental; atestado de idoneidade, fornecido por três membros do<br />
Ministério Público. Os candidatos serão avaliados através de prova<br />
escrita, contando com uma questão discursiva e cinco objetivas.<br />
Aprovados, os candidatos são submetidos a segunda fase, onde serão<br />
avaliados apresentação pessoal, fluência verbal e capacidade de<br />
organização e coerência de ideias, objetividade em suas argumentações,<br />
inter-relacionamento, afinidade com a área de atuação do estágio. Como<br />
benefício, os estagiários recebem auxílio transporte e bolsa no valor de<br />
R$ 460. A carga horária é de seis horas diárias.<br />
Para outras informações, acesse o edital da seleção, no site do Ministério<br />
Público do Ceará & www.mp.ce.gov.br.<br />
TEPLACON RH<br />
Interes sados devem enviar currículo para o e-mail:<br />
teplaconrh@teplacon.com.br, no assunto colocar o nome do curso.<br />
Telefone: 3261.0500<br />
Administração<br />
Vagas: 2 - Bolsa: R$ 465 + auxílio transporte - Carga-horária:<br />
30h/semana - Requisito: 1 vaga para área de Maracanaú e 1 vaga para<br />
Fortaleza.<br />
Contábeis<br />
Vaga: 1 - Bolsa: R$ 600 + auxílio transporte - Carga-horária:<br />
30h/semana<br />
Publicidade e Propaganda ou Informática<br />
Vaga: 1 - Bolsa: A combinar - Carga-horária: 30h/semana - Requisito:<br />
Conhecimentos nos programas de edição e imagem.
CENTRO DE ESTÁGIO<br />
Rua Pedro Borges, 33, sala 619 - Telefones: (85) 3<strong>09</strong>1.6783 e<br />
3221.6872 - Site: www.centrodeestagio.com.br - Interessados devem<br />
comparecer com RG, CPF, Declaração do Curso, uma foto 3x4 e o<br />
currículo<br />
Publicidade e Propaganda<br />
Vaga: 1 - Bolsa: R$ 500 + VT + VR - Carga-horária: 6h/dia - Requisito:<br />
Cursar a partir do 5º semestre, possuir conhecimentos em Corel Draw e<br />
Photoshop<br />
Ensino Médio<br />
Vagas: <strong>12</strong> - Bolsa: R$ 130 - Carga-horária: 4h/dia - Requisito: Morar nas<br />
imediações do bairro: Jereissati II, Parque Araxá ou Varjota. Estagiar na<br />
área de Atendimento<br />
Vagas: 2 - Bolsa: R$ 232 - Carga-horária: 4h/dia - Requisito: Morar nas<br />
imediações da Parquelândia. Estagiar como Empacotador.<br />
Administração<br />
Vaga: 1 - Bolsa: R$ 500 + VT + VR - Carga-horária: 6h/dia - Requisito:<br />
Cursar a partir do 1º semestre<br />
Educação Física<br />
Vaga: 1 - Bolsa: R$ 250 + VT - Carga-horária: 3h/dia - Requisito: Cursar<br />
a partir do 3º semestre. Estagiar na área de Musculação.<br />
Pedagógico<br />
Vagas: 2 - Bolsa: R$ 240 + VT + VR - Carga-horária: 4h/dia - Requisito:<br />
Cursar o Pedagógico no Instituto de Educação do Ceará. Estagiar na área<br />
de Recreação Infantil.<br />
Pedagogia<br />
Vaga: 1 - Bolsa: R$ 500 + VT - Carga-horária: 6h/dia - Requisito:<br />
Conhecimentos em informática básica. Estagiar na área de Coordenação.<br />
CIEE<br />
Av. Barão de Studart, 2360, térreo, Edifício Torre Quixadá - Aldeota. Os<br />
interessados deverão comparecer ao endereço acima para informações<br />
Administração<br />
Código: 267764 - Vaga: 1 - Bolsa R$ 400 + VT - Requisitos: Cursar entre<br />
1º e 4º semestres - Carga-horária: 30h/semana<br />
Estatística<br />
Código: 273578 - Vaga: 1 - Bolsa R$ 415 + VT - Requisitos: Cursar entre<br />
4º e 7º semestres -<br />
Carga-horária: 20h/semana<br />
Turismo<br />
Código: 267926 - Vaga: 1 - Bolsa: R$ 350 + VT - Requisitos: Cursar<br />
entre 4º e 7º semestres, inglês fluente - Carga-horária: 30h/semana<br />
Engenharia de Produção<br />
Código: 255811 - Vaga: 1 - Bolsa: R$ 3.40 por hora + VT - Requisitos:<br />
Cursar entre 6º e 8º semestres - Carga-horária: 30h/semana<br />
Técnico em Mecatrônica<br />
Código: 222749 - Vaga: 1 - Bolsa: R$ 450 + VT - Requisitos: Cursar<br />
entre 3º e 6º semestres - Carga-horária: 30h/semana<br />
Administração/Gestão de pequenas e médias empresas<br />
Código: 275641 - Vaga: 1 - Bolsa: R$ 400 + VT - Requisitos: Cursar<br />
entre 2º e 5º semestres - Carga-horária: 30h/semana<br />
Contábeis<br />
Código: 273480 - Vag a: 1 - Bolsa: R$ 665 + VT - Requisitos: Cursar<br />
entre 3º e 5º semestres -<br />
Carga-horária: 30h/semana<br />
Código: 275727 - Vaga: 1 - Bolsa: R$ 700 + VT - Requisitos: Cursar
entre 4º e 7º semestres -<br />
Carga-horária: 30h/semana<br />
IEL<br />
Enviar currículo com o código da vaga para estagio-iel@sfiec.org.br.<br />
Telefones: (85) 3421.6511/ 3421.6510/ 3421.6514 - Site:<br />
www.iel.org.br/estagio ou www.mundoiel.org.br<br />
Ensino Médio<br />
Código: 5844 - Vaga: 1 - Horário: 8h as <strong>12</strong>h - Requisito: Conhecimentos<br />
em Informática Básica (Windows, Word, Excel) - Bolsa: R$ 232 + auxílio<br />
transporte<br />
Serviço Social<br />
Código: 5849 - Vaga: 1 - Semestre: Cursar a partir do 5º semestre -<br />
Horário: 14h as 18h - Requisito: conhecimento em Informática Básica<br />
(Windows, Word, Excel) - Bolsa: R$ 236 + VR + VT + Plano de saúde<br />
coparticipativo<br />
Administração, Contábeis ou Economia<br />
Código: 5842 - Vaga: 1 - Requisitos: cursar a partir do 4º semestre e<br />
conhecimentos em Excel (Formula e funções básicas) e Conceito s<br />
Administrativos - Horário: 8h as 14h/ <strong>12</strong>h as 18h - Bolsa: R$ 514 +<br />
auxílio transporte + Almoço no local<br />
Administração<br />
Código: 5816 - Vaga: 1 - Requisitos: cursar a partir do 5º semestre e<br />
conhecimentos em Excel, Outlook e Word (Intermediários) - Horário: 10h<br />
as 16h - Bolsa: R$ 465 + refeição no Local + Auxílio transporte + 2%<br />
sobre a taxa de serviço do hotel<br />
Informática, Redes<br />
Código: 5801 - Vaga: 1 - Horário: 8h30min às 14h30min - Bolsa: R$ 400<br />
+ Auxílio Transporte + ajuda de Custo para Alimentação - Requisitos:<br />
Rede de Manutenção de Computadores , Instalação e configuração de<br />
Computadores<br />
Turismo<br />
Código: 5843 - Vagas: 2 - Horário: 18h as 22h - Bolsa: R$ 354 + Aux.<br />
transporte - Requisitos: Cursar a partir do 6º semestre ou com 50% do<br />
curso concluído e Inglês Conversação - Atividades: orientações a<br />
passageiros no aeroporto - Local do estágio: Aeroporto de Fortaleza<br />
Ciências Atuarias<br />
Código: 5759 - Vaga: 1 - Carga-horária: 30h/semana & Bolsa: R$ 543 +<br />
A ux. Transporte + almoço - Requisitos: Cursar a partir do 5º semestre e<br />
conhecimentos em Excel Intermediário e SPSS (software estatístico) -<br />
Empresa em Eusébio<br />
Código: 5797 - Vaga: 1 - Carga-horária: 30h/semana - Horário: 8h as<br />
14h - Bolsa: R$ 450 + Aux. transporte - Requisitos: Cursar a partir do 4º<br />
semestre, conhecimentos em Excel intermediário, SQL, boa redação,<br />
matemática atuarial e estatística básica<br />
Administração, Processos Gerenciais<br />
Código: 5772 - Vagas: 4 - Carga-horária: 30h/semana & Horário: 14h as<br />
20h - Bolsa: R$ 450 + aux. transporte - Requisitos: Cursar a partir do 2º<br />
semestre e ter informática básica<br />
Ciências Contábeis<br />
Código: 5776 - Vaga: 1 - Carga-horária: 30h/semana & Horário: 7h30 as<br />
13h30min - Bolsa: R$ 400 + aux. transporte - Requisitos: A partir do 5º<br />
semestre / Excel Intermediário, Sistemas contábeis, classificação<br />
contábeis e matemática financeira. Já ter cursado as disciplinas. Empresa<br />
em Caucaia<br />
Código: 5778 - Vaga: 1 - Carga-horária: 30h/semana & Horário: 7h30 as<br />
13h30 - Bolsa: R$ 500 + aux. Transporte + refeição no local -
Requisitos: Cursar a partir do 5º semestre, ter conhecimentos e vivência<br />
em conciliação contábil e ter excel intermediário. Empresa em Maracanaú<br />
Administração, Processos Gerenciais, Contábeis, Gestão de Finanças e<br />
Gestão Empresarial<br />
Código: 5780 - Vagas: 3 - Carga-horária: 30h/semana & Horário: 14h as<br />
20h - Bolsa: R$ 390 + aux. transporte - Requisitos: Cursar a partir do 1º<br />
semestre e ter Pacote Office Básico<br />
Administração, Marketing, Ciências Econômicas e Ciências Contábeis<br />
Código: 5796 - Vaga: 1 - Carga-horária: 30h/semana & Horário: 10h as<br />
16h - Bolsa: R$ 500 + aux. Transporte + ajuda de custo para<br />
alimentação - Requisitos: Cursar a partir do 5º semestre e ter noções de<br />
informática, técnicas de vendas e marketing. Necessário ter habilitação<br />
em carro<br />
Administração, Marketing, Administração com Habilitação em Marketing<br />
Código: 5832 - Vaga: 1 - Carga-horária: 30h/sema na & Horário: 8h às<br />
14h - Bolsa: R$ 500 + aux transporte + refeição - Requisitos: Cursar a<br />
partir do 5º semestre e ter pacote Office Básico e Corel intermediário<br />
Engenharia de Produção e Administração<br />
Código: 5834 - Vaga: 1 - Carga-horária: 30h/semana & Bolsa: R$ 597 +<br />
aux. transporte - Requisitos: Cursar a partir do 2º semestre e ter<br />
Informática, Gerenciamento de Projetos, Inglês Intermediário<br />
Ciências Contábeis, Administração ou Economia<br />
Código: 5839 - Vaga: 1 - Carga-horária: 30h/semana - Horário: 8h as<br />
14h - Bolsa: R$ 465 + aux transporte e refeição no local - Requisitos:<br />
Cursar a partir do 3º semestre e Informática. Empresa em Pacatuba<br />
Administração e Processos Gerenciais<br />
Código: 5840 - Vagas: 8 - Carga-horária: 30h/semana - Horário: 14h as<br />
20h - Bolsa: R$ 390 + aux transporte - Requisitos: Cursar a partir do 1º<br />
semestre e ter Informática Básica<br />
13. Veja - SP<br />
Poder, dinheiro, corrupção e...<br />
O governador de Brasília estrela um dos mais repugnantes espetáculos<br />
de corrupção já vistos na história. Sem nenhum pudor, políticos foram<br />
filmados recebendo dinheiro de propina em meias, cuecas, bolsas e até<br />
via Correios. Depois, ainda rezam, agradecendo a Deus a graça<br />
alcançada<br />
Diego Escosteguy e Alexandre Oltramari<br />
No dia 4 de setembro de 2006, no auge da eleição para o governo do<br />
Distrito Federal, José Roberto Arruda encaminha-se até o escritório do<br />
delegado aposentado Durval Barbosa, então secretário do governo e seu<br />
coordenador de campanha. Ele aperta a mão de Durval e lhe dá um<br />
tapinha nas costas: "Meu presidente!". Arruda acomoda-se gostosamente<br />
no sofá, dá um profundo suspiro e pede um chazinho à secretária. Tira<br />
do bolso um papelzinho e diz a Durval: "Queria ver quatro coisinhas com<br />
você. Só posso pedir para você porque é algo pessoal". Arruda começa<br />
pela corrupção miúda, pedindo a Durval que consiga emprego para o<br />
filho dele numa das empresas que mantêm contratos com o governo.<br />
Depois abusa um pouquinho mais e recomenda que o delegado "ajude" a<br />
empresa de um amigo. Finalmente pergunta sobre o financiamento para<br />
a campanha. "Estou medroso com esse troço", diz Arruda. Durval tenta<br />
tranquilizá-lo: "A gente só não pode internalizar o dinheiro". Ato
contínuo, Durval abre o armário, pega um pacote com 50 000 reais e o<br />
entrega a Arruda. "Ah, ótimo", agradece o candidato. Num lapso de 23<br />
minutos e 45 segundos, com o equipamento do ladino Durval e a<br />
desfaçatez de Arruda, produziu-se o primeiro capítulo da mais<br />
devastadora peça de corrupção já registrada na história do país.<br />
Talvez encantado com o espírito do Natal que se aproxima, Arruda veio a<br />
público na semana passada para dizer que, sim, ele recebeu o pacotão<br />
de dinheiro que aparece no vídeo - mas que, por nobreza de coração,<br />
usou os recursos na compra de panetones para os pobres que habitam a<br />
periferia de Brasília. Nem Papai Noel acreditou. A burlesca cena<br />
protagonizada por Arruda está num dos trinta vídeos entregues por<br />
Durval aos promotores do Ministério Público do Distrito Federal, aos<br />
quais VEJA teve acesso na íntegra (assista a uma seleção dos vídeos<br />
exclusivos). Ele também forneceu documentos e prestou um minucioso<br />
depoimento, expondo as vísceras do esquema de corrupção chefiado por<br />
Arruda e pelo empresário Paulo Octávio, vice-governador de Brasília. Até<br />
o início da crise, o ex-delegado era secretário de Relações Institucionais -<br />
uma espécie de embaixador da corrupção do governo de Brasília. Cabia à<br />
turma dele coordenar as fraudes nas licitações do governo, achacar os<br />
fornecedores e repassar o butim a Arruda e Paulo Octávio, distribuindo o<br />
restante da propina aos deputados da base aliada na Câmara Legislativa<br />
do DF. Ou seja, uma versão brasiliense e democrata do mensalão<br />
petista.<br />
A colaboração de Durval, que espera com isso receber um perdão<br />
judicial, resultou na Operação Caixa de Pa ndora, deflagrada há uma<br />
semana pela Procuradoria-Geral da República e pela Polícia Federal, na<br />
qual se apreenderam, nos escritórios da quadrilha, documentos e cerca<br />
de 700 000 reais em dinheiro vivo. Os promotores calculam que a<br />
quadrilha do panetone tenha desviado dos cofres públicos a formidável<br />
soma de 500 milhões de reais - de modo que os pobres de Brasília,<br />
graças quem sabe às orações da propina divulgadas por Durval, devem<br />
desfrutar um gordo Natal neste ano. Inexiste quantia, contudo, que<br />
supere a força simbólica de uma imagem como a do governador Arruda<br />
recebendo um bem fornido maço de notas de 100 reais. Não é à toa que<br />
as produções de Durval se tornaram hits instantâneos na internet e<br />
correram as televisões do mundo: nunca se registrou com tamanha<br />
precisão, muito menos de maneira tão límpida e pedagógica, a ilimitada<br />
capacidade dos políticos de ignorar os mínimos princípios de dignidade<br />
pública. O sentimento de repulsa é inevitável.<br />
Essa indignação apareceu graças a o talento dramatúrgico do obstinado<br />
Durval. Durante anos, ele gravou com esmero as estripulias cometidas<br />
pelos maganos dessa máfia. Além da participação especialíssima de<br />
Arruda, o Generoso, aparecem nos filmes deputados, empresários,<br />
jornalistas, lobistas, burocratas, assessores. São filmes ricos em elenco -<br />
e, sobretudo, em conteúdo. Todos foram rodados nos escritórios do<br />
diretor Durval. O enredo é sempre o mesmo. Os personagens procuram<br />
o delegado em busca de dinheiro e favores. O final é igualmente<br />
previsível. Como se descobriu nos últimos dias, os coadjuvantes sempre<br />
dão um jeitinho de sair de lá com dinheiro - seja nas meias, na cueca, na<br />
bolsa, no paletó (veja os quadros). Antes de embolsarem o cachê, esses<br />
bufões da corrupção combinam negociatas e trocam confidências sobre<br />
os esquemas de cada um. Enquanto eles riem, só resta à plateia chorar:<br />
toda essa deprimente patuscada é paga com nosso dinheiro.
As gravações demonstram que Durval era o gerente da quadrilha,<br />
intermediando negociatas entre a cúpula do governo e as empresas que<br />
sobrevivem de contratos públicos. Num dos vídeos inéditos, gravado no<br />
dia 14 de outubro deste ano, Geraldo Maciel, assessor de Arruda,<br />
encaminha a Durval as determinações do governador. Maciel conta que<br />
Arruda ordenou a contratação da Brasif, empresa ligada ao DEM. "Esse<br />
pessoal vai assumir os compromissos com você", explica o assessor de<br />
Arruda. "Compromissos", na linguagem da quadrilha, significa propina.<br />
"Ele (Arruda) é quem decide", responde o delegado. Em seguida, os dois<br />
acertam como será direcionada a licitação para contratar a Brasif - e<br />
como será o rateio. "O que ficaria livre para ele?", pergunta Maciel, numa<br />
referência a Arruda. "Um e duzentos", esclarece Durval. Um milhão,<br />
claro.<br />
Pobre Durval. Numa das conversas, Maciel, o assessor de Arruda,<br />
desabafou: "Não aguento mais o Leonardo Prudente no meu pé. Ele quer<br />
entrar em todas". Prudente é aquele deputado que guardou os maços de<br />
dinheiro na meia - e que aparece em outro vídeo, mas neste estocando<br />
dinheiro num envelope, pelo menos. Deve ter sido a única vez na qual<br />
Prudente foi... prudente. Na operação de busca e apreensão, quando os<br />
policiais estiveram em sua casa, o deputado tentou esconder sua fortuna<br />
de todas as formas. Prometeu até colaborar - mas os agentes flagraram<br />
o caseiro dele correndo na rua com uma sacola abarrotada de dinheiro.<br />
"Tudo bem, vou mostrar", anuiu Prudente, revelando aos policiais o<br />
esconderijo dos 80 000 reais que guardava em casa - a banheira de<br />
hidromassagem.<br />
Os quadrilheiros seguiam um rígido código de conduta - quem se<br />
desviasse dele, como o voraz deputado das meias, transformava-se num<br />
pária. Nos vídeos, Durval deixava claro quais eram as regras do jogo:<br />
"Não pode levar para casa. Isso é uma distorção. Não é democrático.<br />
Tem que ajudar os outros". Para a turma do panetone, a comunhão da<br />
propina era uma obrigação moral. O publicitário Abdon Bucar, que fez a<br />
campanha de Arruda, presta serviços para o DEM e detinha contratos<br />
com o governo de Brasília, reclama de 1 milhão de reais que caíram na<br />
conta dele - caíram para ser lavados e sair de lá limpinhos. "Meu<br />
contador disse que vou ter de arranjar outra nota, que a última deu<br />
problema", explica o publicitário. Ele reclama do atraso na parte que lhe<br />
é devida. E avisa: "Vou arrochar os caras". Logo depois, cobra "os 750<br />
000 do PFL". Durval, como sempre, ouve a reclamação com paciência e<br />
promete resolver. Depois de anos gravando e operando a corrupção, e<br />
ameaçado por 32 processos na Justiça, Durval negociou a delação<br />
premiada com o Ministério Público, por meio do jornalista Edson Sombra,<br />
um amigo dele que afirma guardar mais de uma centena de fitas<br />
envolvendo dezenas de autoridades em Brasília.<br />
A implosão do esquema de corrupção montado no governo do DF<br />
provocou um abalo sísmico no DEM. Diante das cenas chocantes, os<br />
democratas concluíram que a única saída para minimizar o prejuízo<br />
eleitoral do partido c om o escândalo seria a expulsão imediata do<br />
governador. A estratégia, porém, precisou ser alterada após uma reunião<br />
na qual Arruda ameaçou revelar segredos que aparentemente não<br />
podem ser expostos à luz do sol. "Se vocês radicalizarem comigo, eu<br />
radicalizo com vocês", avisou o governador. Nem todo mundo entendeu.<br />
Não parece ter sido o caso do presidente do DEM, o deputado Rodrigo<br />
Maia, amigo de Arruda e padrinho de algumas nomeações em seu<br />
governo. Além da suspeita de que Arruda possa ter colocado sua
máquina de desvios a serviço do partido, um detalhe ainda desconhecido<br />
liga a cúpula do DEM ao epicentro do tremor. Maia é íntimo do<br />
publicitário Paulo César Roxo Ramos, arrecadador informal da campanha<br />
de Arruda e acusado por Durval de operar a engrenagem de achaques<br />
que funcionava no governo do amigo.<br />
A intimidade de Paulo Roxo com o presidente do partido era tal que no<br />
sábado dia 28, assim que foi divulgado o primeiro vídeo da corrupção, o<br />
publicitário correu à casa em que Maia vive em Brasília, não por<br />
coincidência alugada por outro amigo do presidente do DEM, André<br />
Felipe de Oliveira, ex-secretário de Esportes no governo Arruda. Roxo<br />
estava preocupado com a reação de Arruda caso o DEM decidisse<br />
emparedá-lo. "Você precisa segurar o partido. O desgaste pode ser muito<br />
maior se Arruda fizer uma besteira", alertou. Essa proximidade alimenta<br />
a suspeita de que a arca clandestina de Brasília pode ter contaminado o<br />
caixa nacional do partido. Na semana passada, sob a condição de<br />
anonimato, um dirigente do DEM revelou a VEJA que pelo menos oito<br />
comitês de candidatos apoiados pelo partido nas últimas eleições<br />
municipais receberam dinheiro captado por operadores de Arruda. O<br />
deputado José Mendonça, do DEM de Pernambuco, era um dos mais<br />
aflitos. Ele pediu insistentemente a deputados e senadores do DEM que<br />
poupem Arruda da expulsão.<br />
PROPINA NA SACOLINHA<br />
Em 2006, o deputado José Roberto Arruda, então candidato ao governo<br />
de Brasília, aparece no víde o refestelado no sofá do gabinete de Durval<br />
Barbosa, um de seus caixas de campanha, recebendo dinheiro vivo.<br />
Apanha os maços sem nenhum constrangimento. Mostra alguma<br />
preocupação apenas em sair com as notas.<br />
"Tô nervoso com esse troço (…). Eu tô achando que podia passar lá em<br />
casa, porque descer com isso aqui..."<br />
Ganha uma sacolinha de papel para esconder o dinheiro - segundo ele,<br />
usado para comprar panetones para os pobres.<br />
PROPINA NA MEIA<br />
Uma das cenas mais acachapantes já vistas na vasta cinebiografia da<br />
corrupção foi a do presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente,<br />
colocando dinheiro nos bolsos do paletó, nas calças e, sem ter mais onde<br />
enfiá-lo, apelando até para as meias. Diante de imagens irrefutáveis, o<br />
parlamentar do DEM explicou que não havia nada de mais na cena. O<br />
dinheiro era para ser usado em sua campanha e foi acondicionado nas<br />
roupas daquela maneira grotesca apenas por questão de segurança. Na<br />
sua casa, a polícia encontrou 80 000 reais escondidos numa banheira.<br />
- É que eu não uso pasta! - justificou.<br />
PROPINA NA CUECA<br />
Dono de um jornal que faz loas seguidas ao governo, o empresário Alcyr<br />
Collaço foi filmado guardando maços de notas nas partes íntimas. Para<br />
que tudo coubesse sem desconforto, ele tira até o celular do bolso da<br />
frente da calça. Em uma conversa com o ex-secretário Durval Barbosa, o<br />
empresário mostra que é bem informado sobre a distribuição da propina:
Durval: O Arruda, ele dá 1 milhão por mês ao Filipelli...<br />
Alcyr: Oitocentos paus. 500 é Filipelli (...) Vai 100 para o Michel, 100<br />
para o Eduardo e 100 para o Henrique Alves, e 100 ia para o Fernando<br />
Diniz. Morreu. 800 paus.<br />
PROPINA NA BOLSA<br />
A deputada Eurides Brito mostra que no inseparável acessório feminino<br />
cabe sempre mais alguma coisa. Na fila do mensalão, em segundos, a<br />
parlamentar entra na sala, tranca a porta, nem se senta e coloca cinco<br />
maços de dinheiro na bolsa de couro. Parecia apre ssada. Em conversa<br />
com o ex-secretário, Eurides ainda fala mal do patrão Arruda. Logo<br />
depois, com a bolsa estufada, a distrital deixa a sala com a mesma<br />
rapidez com que entrou.<br />
PROPINA NO BOLSO<br />
O deputado Junior Brunelli é corregedor da Câmara Legislativa. Caberia a<br />
ele fiscalizar a atividade de seus colegas. Em perfeita sintonia com seus<br />
pares, ele também aparece sorrateiramente no gabinete de Durval<br />
Barbosa, senta-se à sua frente, troca algumas palavras, enquanto recebe<br />
um maço de notas. Nem confere - e sequer faz qualquer comentário<br />
sobre o dinheiro antes de enfiá-lo no bolso.<br />
PROPINA NA MESA<br />
Representantes de uma empresa que tem contrato com o governo de<br />
Brasília entregam a Durval Barbosa uma "encomenda": uma mala preta<br />
com 298 000 reais. O dinheiro, segundo eles, era para ser dividido entre<br />
os secretários. Eles retiram pacotes de cédulas e os vão empilhando em<br />
cima da mesa.<br />
Empresário: Vim trazer aqui uma encomenda.<br />
Durval: Tá certo. (. ..) Aqui tem quanto?<br />
Empresário: Cem... duzentos... duzentos e cinquenta, duzentos e<br />
noventa... e oito.<br />
A ORAÇÃO DA PROPINA<br />
Depois de uma reunião no gabinete de Barbosa, onde embolsavam<br />
propina, Leonardo Prudente e Brunelli convocam uma oração para<br />
agraceder a "bênção" recebida. Abraçados, os três ouvem a homilia<br />
proferida por Brunelli:<br />
"Pai eterno, eu te agradeci por estarmos aqui. Sabemos que somos<br />
falhos, somos imperfeitos, mas que o teu sangue nos purifique (...)<br />
Somos gratos pela vida do Durval ter sido instrumento de bênção para<br />
nossas vidas (...)".<br />
Brunelli é filho do fundador de uma igreja evangélica que vendia lotes no<br />
céu.<br />
Como funciona a delação premiada
Everett Collection/Grupo Keystone<br />
SEM SAÍDA<br />
Denzel Washington viveu o traficante Frank Lucas no cinema: delação<br />
A humanidade, como regra, abomina os traidores. No mundo do crime,<br />
em que vigoram normas e convenções bem peculiares, a delação quase<br />
sempre é sinônimo de pena capital para o envolvido. No mundo<br />
civilizado, a delação premiada - instituto jurídico que concede extinção<br />
ou diminuição de pena em troca da colaboração com a Justiça - tem sido<br />
uma das principais ferramentas para combater o crime organizado.<br />
Apesar de prevista na lei brasileira há vinte anos, a delação ainda é<br />
pouco aplicada no Brasil. O caso atual, com Durval Barbosa delatando os<br />
outros membros de sua quadrilha, pode abrir caminho para o uso mais<br />
intensivo desse mecanismo.<br />
Nos Estados Unidos, esse tipo de negociação entre criminoso e Justiça, a<br />
plea bargain, foi decisivo para dinamitar as ramificações do narcotráfico<br />
na polícia de Nova York, no início da década de 70. A faxina foi possível<br />
graças a um acordo de colaboração com o narcotraficante Frank Lucas,<br />
um negro de origem pobre que fez fortuna vendendo heroína. A droga<br />
chegava à América dentro dos caixões que transportavam os corpos dos<br />
soldados mortos na Guerra do Vietnã. Tudo com a cumplicidad e de<br />
militares americanos. Condenado a setenta anos de prisão, Lucas passou<br />
apenas seis anos encarcerado como prêmio por sua ajuda à Justiça. Sua<br />
história chegou ao cinema com O Gângster, filme que tem Denzel<br />
Washington no papel principal.<br />
A delação premiada também foi decisiva, na década de 80, quando as<br />
autoridades italianas travavam um intenso combate contra a máfia. A<br />
oferta de perdão ou benefícios a delatores permitiu o desmonte de uma<br />
gigantesca estrutura criminosa entranhada no aparelho estatal. Um dos<br />
delatores mais conhecidos desse período foi Tommaso Buscetta, o<br />
principal colaborador da Operação Mãos Limpas. Além do perdão para<br />
seus crimes, Buscetta conseguiu garantia de vida para ele e a família.<br />
Suas confissões levaram à prisão perpétua de dezenove mafiosos. Depois<br />
disso, Buscetta se escondeu nos Estados Unidos. Ele não foi o único<br />
delator que ficou famoso no caso. Em retaliação às investigações, o juiz<br />
que comandou o processo, Giovanni Falcone, foi assassinado num<br />
atentado a bomba. O mafioso que detonou a dinamite usada para<br />
executá-lo também se tornou colaborador da Justiça. Só que ele tentou<br />
usar a delação para se vingar de inimigos - e acabou desmascarado. É<br />
uma lição que não pode ser esquecida. Se bem usada, a delação é capaz<br />
de implodir máfias e punir culpados. Do contrário, pode servir para<br />
destruir reputações e perpetuar a injustiça.<br />
14. O Globo - RJ<br />
Mensalão mineiro: MP quer devolução de verba<br />
Em nova ação, promotores cobrarão do tucano Azeredo e outros<br />
envolvidos o ressarcimento de R$ 2 milhões<br />
Fábio Fabrini
BELO HORIZONTE. O Ministério Público de Minas Gerais quer que o<br />
senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e os demais envolvidos no<br />
chamado mensalão mineiro devolvam o dinheiro supostamente desviado<br />
dos cofres estaduais. Em nova ação judicial contra o grupo, cobrará o<br />
ressarcimento, em valores corrigidos, de pelo menos R$ 2 milhões dos<br />
R$ 3,5 milhões que teriam sido usados para financiar a campanha do<br />
tucano à reeleição ao governo mineiro, em 1998.<br />
A promotoria de Defesa do Patrimônio Público analisa a conduta dos<br />
acusados para distinguir quais foram os responsáveis diretos pelos<br />
desvios e quais os beneficiários. A previsão é que a ação seja ajuizada no<br />
início de 2010. Além de Azeredo, que enfrentará ação penal no Supremo<br />
Tribunal Federal (STF) por ter foro privilegiado , 11 pessoas respondem a<br />
processo criminal na Justiça de Minas e podem ser arroladas.<br />
Entre os réus estão o ex-vicegovernador de Minas Walfrido dos Mares<br />
Guia, que era coordenador da campanha; o candidato a vice na chapa<br />
tucana em 98, Clésio Andrade; Marcos Valério Fernandes de Souza,<br />
apontado como operador do esquema; seus sócios na agência SMP&B e<br />
dirigentes de estatais mineiras.<br />
Segundo a denúncia da Procuradoria Geral da República, as empresas<br />
públicas repassaram verbas, a título de patrocínio, para a agência de<br />
Valério promover eventos esportivos (Enduro da Independência, Iron<br />
Biker e Super Cross), mas os recursos foram desviados para o caixa dois<br />
da campanha.<br />
No total, R$ 3,5 milhões teriam sido desviados, mas o MP já cobra o<br />
ressarcimento de R$ 1,5 milhão em ação ajuizada em 2004 contra exadministradores<br />
da Companhia de Abastecimento de Minas (Copasa),<br />
ainda não julgada, segundo a promotoria.<br />
O restante, referente a repasses do Banco do Estado de Minas Gerais<br />
(Bemg e) e da Comig, será cobrado agora.<br />
Procurado ontem, Azeredo não se pronunciou sobre a nova ação. Por<br />
meio de sua assessoria, voltou a dizer que nunca houve mensalão em<br />
Minas e que as questões financeiras envolvendo a campanha de 1998<br />
não eram de sua responsabilidade.<br />
Ao responder sobre a decisão do STF, o governador de Minas Gerais,<br />
Aécio Neves (PSDB), defendeu o financiamento público de campanhas e<br />
disse que o senador Azeredo é vítima do momento político que o país<br />
vive.<br />
Para ele, a ação permitirá ao senador provar sua inocência.<br />
—– Problemas ocorreram na prestação de contas, na arrecadação de<br />
recursos, mas não vi nada que me desse garantias de que tenha havido,<br />
enfim, uma intermediação, uma ação direta do senador — afirmou Aécio.<br />
Aécio disse crer que o mensalão mineiro e o recente escândalo no<br />
governo do Distrito Federal não terão impacto na candidatura da<br />
oposição: — Será uma eleição difícil, certamente para os dois lados, mas<br />
continuo confiante na nossa capacidade de vencer. n
15. O Globo - RJ<br />
Jogar duro contra a criminalidade<br />
ALOIZIO MERCADANTE<br />
Ninguém aguenta mais. A violência está perigosamente próxima de todos<br />
nós. O simples ato de sair às ruas tornou-se uma aventura temerária.<br />
Mesmo nas nossas casas não estamos seguros. Precisamos reagir de<br />
forma firme. De fato, há uma clara percepção da sociedade brasileira de<br />
que é necessário endurecer o jogo contra o crime organizado.<br />
Nunca é demais lembrar que a Constituição dispõe ser a segurança<br />
garantia individual, direito social e dever do Estado. Mas, quando se<br />
chega ao ponto de as esposas de policiais não poderem mais deixar<br />
uniformes dos maridos secando nos varais, pelo receio de violência da<br />
parte de delinquentes, percebe-se que, na prática, nem mesmo os<br />
agentes do Estado têm a garantia de segurança que a Constituição<br />
anuncia para todos os brasileiros.<br />
Infelizmente, a nossa realidade, apesar dos coordenados esforços de<br />
União, Estados e Municípios, ainda é de insufi ciência frente ao problema<br />
da segurança pública. Em alguns pontos, podemos estar próximos da<br />
ruptura do tecido social e da substituição do estado de direito por um<br />
ordenamento assentado pura e simplesmente na coação de bandidos e<br />
milicianos.<br />
Pois bem, no Senado Federal aprovamos, na última quar ta-feira, duas<br />
importantes matérias para enfrentar essa situação: a lei de tipificação do<br />
crime organizado e a alteração da Constituição Federal para que venha a<br />
ser fixado piso de remuneração para os servidores policiais, inclusive<br />
bombeiros militares.<br />
A primeira teve como ponto de partida projeto da senadora Serys<br />
Slhesssarenko (PT-MT); a segunda teve como primeiro signatário o<br />
senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Relatei, na Comissão de<br />
Constituição, Justiça e Cidadania, o projeto que dispõe sobre o crime<br />
organizado, e apresentei um substitutivo com base nas diretrizes da<br />
Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado e nos estudos<br />
da Estratégia Nacional de Combate à Corr upção e à Lavagem de<br />
Dinheiro (ENCCLA), concertada pelo Ministério da Justiça. Quanto ao piso<br />
salarial para os policiais, tive a iniciativa de, por meio da PEC n o44, de<br />
2007, suscitar o debate em torno desse tema um ano e meio antes da<br />
apresentação da proposição ora aprovada pelos senadores.<br />
O piso salarial proporcionará aos policiais condições mais dignas para o<br />
exercício da profissão, o que eliminará a necessidade de se recorrer a<br />
“bicos” para complementar a remuneração.<br />
O objetivo maior é tornar nossas polícias estaduais tão operantes e<br />
eficientes quanto a Polícia Federal.<br />
É importante salientar que o piso será fixado por lei ordinária, de forma a<br />
que se encontre um patamar equitativo, tal como se estabeleceu para os<br />
profissionais da educação.
Por outro lado, a lei do crime organizado dispõe de maneira mais severa<br />
sobre a restrição de liberdade para os que se reúnem para o fim de<br />
cometer crimes cuja pena mínima seja superior a quatro anos. A lei<br />
confer e ainda à polícia e ao Ministério Público os meios adequados para<br />
investigar as redes de meliantes e levar às cadeias os verdadeiros<br />
tubarões dessas associações devotadas à perturbação da paz e à<br />
anulação da ordem pública. Só a articulação criminal em si implicará a<br />
pena de três a dez anos de reclusão. Aqui devem ser destacadas as<br />
normas bem mais eficientes sobre a infiltração de agentes, o acesso das<br />
autoridades a registros, dados cadastrais, documentos e informações, a<br />
colaboração premiada e a ação controlada. E, se houver policiais<br />
envolvidos nos crimes, a intervenção do Ministério Público na<br />
investigação será obrigatória. Estejam certos: não haverá mais<br />
complacência com as “bandas podres”. Os bons policiais (a maioria)<br />
prevalecerão.<br />
Com isso, foi dado um primeiro e relevante passo para a formação de um<br />
imprescindível mutirão destinado ao enfrentamento concreto da questão<br />
de segurança pública. Estamos começando a construir um Brasil mais<br />
seguro.<br />
Estejam certos: n ão haverá mais complacência com as “bandas podres”<br />
ALOIZIO MERCADANTE é senador (PT-SP).<br />
16. O Globo - RJ<br />
Relatora ignorou alertas do MP e mudou o projeto<br />
Eurides Brito foi flagrada enchendo a bolsa de dinheiro<br />
BRASÍLIA. A deputada Eurides Brito (PMDB-DF), que aparece nos vídeos<br />
de Durval Barbosa recebendo dinheiro, foi uma das relatoras do Plano<br />
Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot) do Distrito Federal. Ela acolheu<br />
as alterações propostas pelo governo Arruda e ignorou os alertas do<br />
Ministério Público do DF, que durante a tramitação do projeto expediu<br />
sete recomendações ao Executivo e ao Legislativo alertando para vícios e<br />
inconsistências do projeto.<br />
Segundo o MP, o Pdot aprovado pela Câmara Distrital agride o meio<br />
ambiente e fere as regras de tombamento da capital, Patrimônio Cultural<br />
da Humanidade.<br />
A criação do Setor Habitacional do Catetinho, com capacidade para 25<br />
mil moradias, é apontada como a mais grave, já que o setor está<br />
localizado numa área de mananciais.<br />
A Área Sul, criada no novo Plano Diretor, tem capacidade para um<br />
milhão de novo s habitantes.<br />
Não por acaso, quem lançou um dos primeiros empreendimentos no<br />
bairro foi o empresário J.C. Gontijo, flagrado pela câmera entregando<br />
pacotes de dinheiro a Durval. O Reserva Santa Mônica é apresentado no
site da Gontijo como “um verdadeiro bairro planejado dentro de<br />
exuberante reserva ecológica”.<br />
Pelo novo Pdot, a Reserva Ambiental do Tororó será destinada à<br />
construção de condomínios de luxo. Enquanto Joaquim Roriz focou a<br />
expansão do DF na população de baixa renda, a atuação de Arruda e<br />
Paulo Octávio é voltada às classes média e alta. O metro quadrado no DF<br />
é dos mais caros do país. No Setor Noroeste, de classe média alta,<br />
quitinetes foram anunciadas por R$ 500 mil. O metro quadrado em áreas<br />
comerciais do bairro custa R$ 18 mil.<br />
O Pdot acabou com os planos diretores locais, desestimulando a<br />
participação da sociedade.<br />
— O fim dos PDLs ajudou a piorar a especulação imobiliária — destaca a<br />
geógrafa Mônica Veríssimo, da Fundação Sustentabil idade e<br />
Desenvolvimento.<br />
Mônica alerta para um outro problema da gestão de Arruda e Paulo<br />
Octávio: a alteração dos gabaritos dos prédios sem estudo prévio de<br />
impacto ambiental e demanda de infraestrutura. O tombamento impõe à<br />
área central o limite de seis andares, mas a regra não é observada nos<br />
bairros. Águas Claras, de classe média, foi planejado para ter prédios de<br />
até 17 andares, mas alguns já são construídos com 32.<br />
A arquiteta Tania Battela, do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-DF),<br />
lembra que até a Unesco, por meio do Conselho Internacional de<br />
Monumentos e Sítios, já aprovou moção cobrando do governo estudos<br />
sobre impactos do Pdot na área tombada de Brasília. José Celso Gontijo,<br />
Paulo Octávio e Marcelo Carvalho não quiseram dar entrevistas.<br />
17. Supremo Tribunal Federal - DF<br />
MPF tem até o final da vigência de concurso para nomear<br />
candidatos aprovados dentro do número de vagas<br />
A ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal, indeferiu liminar<br />
em Mandado de Segurança (MS 28236) ajuizado por candidatos<br />
aprovados dentro do número de vagas do 24º Concurso para o cargo de<br />
Procurador da República que pediam nomeação e posse pela<br />
Procuradoria Geral da República. Ela considerou as informações<br />
prestadas pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de que a<br />
vigência do concurso só findará em <strong>12</strong>/11/2010.<br />
De acordo com o mandado de segurança, o edital do concurso anunciou<br />
o provimento de 148 vagas e, após a homologação do resultado final, o<br />
Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) estabeleceu que<br />
86 vagas seriam providas por três candidatos aprovados no 23º concurso<br />
e 83 aprovados no 24º, sendo certo que a convocação dos aprovados<br />
avançou apenas até a 68ª colocada. Em 20<strong>09</strong>, segundo relata, foram<br />
nomeados 10 candidatos.<br />
Os impetrantes sustentam a ocorrência de violação do seu direito líquido<br />
e certo de serem nomeados e empossados no cargo de procurador da<br />
República, já que foram aprovados dentro do número de vagas previstas<br />
no edital.
A ação destaca ainda a ausência de motivação e de interesse público<br />
para postergação de sua nomeação, dado que a posse não causará a<br />
quebra da ordem de prioridades fixadas pelo CSMPF. Chama atenção<br />
para o fato de que, recentemente, foram veiculadas notícias de que o<br />
Ministério Público Federal pretende realizar novo concurso.<br />
Em sua decisão, a ministra do STF entende que a fumaça do bom direito<br />
não está evidenciada diante da densidade jurídica dos argumentos<br />
postos nas informações prestadas pelo procurador-geral da República.<br />
De acordo com o trecho que cita, o edital assegura que o prazo de<br />
eficácia do concurso será de dois anos, contados da publicação do ato<br />
homologatório, que aconteceu em 13/11/2008 e, por isso, a vigência do<br />
24º Concurso Público se findará somente em <strong>12</strong>/11/2010.<br />
A ministra dest aca que, ainda segundo as informações do procuradorgeral<br />
da República, o direito do impetrante só seria violado se o<br />
Ministério Público Federal não providenciasse, dentro do prazo de<br />
validade do certame, a sua nomeação ao cargo de procurador da<br />
República. Ellen Gracie constatou ainda que o pedido de liminar<br />
formulado tinha conteúdo satisfativo, “já que se confunde com o mérito<br />
da própria impetração, o que não recomenda o seu deferimento”.<br />
Processos relacionados<br />
MS 28236<br />
18. Correio da Bahia - BA<br />
Ministério Público pede cassação de três deputados estaduais na<br />
Bahia<br />
Redação CORREIO<br />
O Ministério Público Eleitoral entrou com ação no Tribunal Regional<br />
Eleitoral (TRE) com pedido de cassação contra o mandato de três<br />
deputados estaduais da Bahia. Ângelo Coronel, que migrou do Partido da<br />
República (PR) para o Partido Progressista (PP); Maria Luiza Barradas,<br />
eleita pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e que<br />
migrou para o Partido Social Cristão (PSC); e Paulo Magalhães Júnior,<br />
que se desfiliou do Partido Democratas (DEM) para ingressar no PSC,<br />
serão julgados pelo TRE e poderão perder cargos na Assembleia<br />
Legislativa do estado.<br />
A Procuradoria Regional Eleitoral na Bahia (PRE/BA) considerou irregular<br />
a troca partidária por violar a Resolução nº 22.610 do Tribunal Superior<br />
Eleitoral (TSE), que determina a perda do cargo eletivo caso haja<br />
desfiliação partidária sem justa causa. Nenhum dos três deputados<br />
ingressou no TRE para obter declaração de justa causa para a<br />
transferência partidária, direito assegurado na mesma resolução do TSE.<br />
Segundo o procurador regional eleitoral Sidney Madruga, mesmo se<br />
existisse acordo entre os partidos políticos para a desfiliação dos<br />
parlamentares, isso não impede que os mandatos sejam cassados “a<br />
existência de eventual ajuste entre o mandatário e o grêmio político, no<br />
sentido de autorizar a desfiliação não elide a incidência da norma em
tela”, disse.<br />
Caso o TSE julgue procedente a ação, o presidente da Assembleia<br />
Legislativa da Bahia deve empossar os respectivos suplentes em prazo<br />
máximo de dez dias.<br />
Veja mais:<br />
Ministério Público pede a Agerba que cancele contratos irregulares<br />
19. Consultor Jurídico - SP<br />
MPF tem até o final da vigência de concurso<br />
Baseada em informações prestadas pela Procuradoria-Geral da<br />
República, a ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal,<br />
considerou que a vigência do concurso para o cargo de procurador da<br />
República só terminará em <strong>12</strong> de novembro de 2010. Ela negou liminar<br />
em Mandado de Segurança ajuizado por candidatos aprovados dentro do<br />
número de vagas do 24º Concurso para o cargo de procurador da<br />
República que pediam nomeação e posse pela Procuradoria-Geral da<br />
República.<br />
De acordo com o Mandado de Segurança, o edital do concurso anunciou<br />
o provimento de 148 vagas e, após a homologação do resultado final, o<br />
Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) estabeleceu que<br />
86 vagas seriam providas por três candidatos aprovados no 23º concurso<br />
e 83 aprovados no 24º, sendo certo que a convocação dos aprovados<br />
avançou apenas até a 68ª colocada. Em 20<strong>09</strong>, segundo relata, foram<br />
nomeados 10 candidatos.<br />
Os impetrantes sust entam a ocorrência de violação do seu direito líquido<br />
e certo de serem nomeados e empossados no cargo de procurador da<br />
República, já que foram aprovados dentro do número de vagas previstas<br />
no edital.<br />
A ação destaca ainda a ausência de motivação e de interesse público<br />
para postergação de sua nomeação, dado que a posse não causará a<br />
quebra da ordem de prioridades fixadas pelo CSMPF. Chama atenção<br />
para o fato de que, recentemente, foram veiculadas notícias de que o<br />
Ministério Público Federal pretende fazer novo concurso.<br />
A ministra do STF entende que a fumaça do bom direito não está<br />
evidenciada diante da densidade jurídica dos argumentos postos nas<br />
informações prestadas pelo procurador-geral da República. De acordo<br />
com o trecho que cita, o edital assegura que o prazo de eficácia do<br />
concurso será de dois anos, contados da publicação do ato<br />
homologatório, que aconteceu em 13 de novembro de 2008 e, por isso, a<br />
vigência do 24º Concurso Público se findará somente em <strong>12</strong> de novem<br />
bro de 2010.<br />
A ministra destaca que, ainda segundo as informações do procuradorgeral<br />
da República, o direito do impetrante só seria violado se o MPF não<br />
providenciasse, dentro do prazo de validade do certame, a sua nomeação<br />
ao cargo de procurador da República. Ellen Gracie constatou ainda que o<br />
pedido de liminar formulado tinha conteúdo satisfativo, “já que se<br />
confunde com o mérito da própria impetração, o que não recomenda o
seu deferimento”. Com informações da Assessoria de Imprensa do STF.<br />
MS 28236<br />
20. Consultor Jurídico - SP<br />
Ações do MP focam movimentos evangélicos em expansão<br />
Por Alessandro Cristo<br />
A recente decisão que condenou o casal Estevam e Sônia Hernandes por<br />
evasão de divisas, dada na terça-feira (1º/<strong>12</strong>) pela 6ª Vara Federal<br />
Criminal de São Paulo, põe novamente em destaque o nível de atenção<br />
dedicada pelo Ministério Público e pela Justiça aos movimentos religiosos<br />
de massa chamados neopentecostais evangélicos. Em crescimento<br />
contínuo há mais de 40 anos e com previsão de abranger metade dos<br />
brasileiros até 2020, as igrejas não têm atraído apenas fiéis. Sob os<br />
holofotes, ao reunir milhões de adeptos nas ruas, eleger parlamentares e<br />
colocar no ar programas diários e até canais exclusivos de televisão,<br />
despertam também a atenção de quem duvida de que o seu sucesso<br />
venha mesmo do céu.<br />
Os alvos preferidos têm sido as igrejas Renascer em Cristo e Universal<br />
do Reino de Deus. As principais denúncias, no entanto, enfrentam<br />
dificuldades na Justiça. O Ministério Público tenta encaixar a tese de que,<br />
como não precisam explicar a origem do que recebem, as igrejas mais<br />
engajadas em atividades extracultos podem estar lavando dinheiro.<br />
Assim, as empresas e fundações criadas para administrar canais de<br />
televisão, projetos assistenciais, bens imóveis e até contratar<br />
funcionários estariam esquentando dinheiro sujo.<br />
O problema é justamente esse: até agora, nenhuma prova trazida a<br />
público levou a indícios de dinheiro ganho em crimes. As acusações<br />
menos voláteis se baseiam apenas no fato de entidades com imunidade<br />
tributária investirem em negócios empresariais — o que a lei não proíbe,<br />
desde que os tributos das empresas sejam pagos normalmente. Ou seja,<br />
a possibilidade de haver lavagem já é motivo para acusações. “Aí é<br />
elocubrar”, diz Luiz Flávio Borges D’Urso, advogado que defende os<br />
Hernandes e preside a seccional paulista da Ordem dos Advogados do<br />
Brasil.<br />
Até o acidente ocorrido em janeiro com o prédio da sede da Igreja<br />
Renascer, liderada pelo casal, virou a ssunto para o MP. Uma<br />
investigação apura se o desabamento do teto do templo, na Zona Central<br />
de São Paulo, que matou nove pessoas, foi culpa da direção, mesmo<br />
tendo a recente reforma do telhado sido aprovada pelo Instituto de<br />
Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo.<br />
Nesta quinta-feira (3/<strong>12</strong>), a Justiça concedeu liminar ao MP que<br />
suspende a execução da reconstrução do prédio. O MP alega que o<br />
edifício vai trazer impacto no trânsito da região, no bairro do Cambuci, e<br />
que uma comissão especializada da Prefeitura é que deveria ter<br />
autorizado o alvará. Segundo a Assessoria de Imprensa da Igreja, o<br />
alvará foi expedido em agosto e passou duas vezes pela avaliação da<br />
Comissão de Edificações e Uso do Solo (Ceuso). A Igreja, no entanto,<br />
funciona neste local, na zona central da cidade, há mais de 20 anos.
Nem o jogador Kaká escapou. Membro mais ilustre — e responsável por<br />
um dos maiores dízimos — da igreja do apóstolo Estevam Hernandes, o<br />
craque de futebol recebeu na Itália, quando ainda jogava no Milan, uma<br />
intimação para prestar depoimentos sobre seu envolvimento na suposta<br />
lavagem. Não compareceu. A autoria da estranha intimação, no entanto,<br />
não foi assumida por ninguém.<br />
A defesa dos Hernandes desconfiou do pedido e descobriu que o<br />
documento não havia sido homologado pela Justiça brasileira, como<br />
manda a lei, mas saiu direto do MP. Marcelo Mendroni, promotor paulista<br />
que tinha o nome assinado no pedido, negou o envio. Para complicar, o<br />
documento ainda exibia as armas da Justiça, como se tivesse saído da 1ª<br />
Vara Criminal de São Paulo. “Por parte do Juízo, em momento algum se<br />
determinou ou se expediu ofício à Justiça italiana para intimação da<br />
mencionada testemunha”, disse o juiz da 1ª Vara em despacho.<br />
Para D’Urso, atribuir ao recebimento de dízimos a pecha de esquema de<br />
lavagem de dinheiro é criminalizar a atividade religiosa. “Todas as<br />
religiões sobrevivem das doações, que são destinadas à manutenção das<br />
entidades e a obras soci ais comuns”, diz. A proibição de uma atividade<br />
lícita ou a criação de mecanismos que a restrinjam, para o advogado, é<br />
“uma hipocrisia”.<br />
Condenação precipitada<br />
Em relação à condenação dos Hernandes por evasão de divisas, o<br />
advogado afirma que o juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal<br />
Criminal de São Paulo, se precipitou, o que pode garantir a absolvição no<br />
julgamento da apelação. Segundo D’Urso, a sentença do juiz se baseou<br />
em provas vindas da Procuradoria de Miami, nos Estados Unidos, onde o<br />
casal cumpriu pena por entrar com US$ 56 mil não declarados. “Mas os<br />
documentos vieram para instruir o processo que corre na 1ª Vara, e não<br />
poderiam ser emprestados à 6ª Vara, salvo com autorização expressa da<br />
Procuradoria de Miami”.<br />
Segundo o advogado, a autorização é exigência prevista no Acordo de<br />
Assistência Judiciária em Matéria Penal firmado entre os governos<br />
brasileiro e norteamericano, validado no Brasil pelo Decreto 3.810/01.<br />
Ele afirma que um ofício do Ministério da Justiça confirma a autorização<br />
verbal — e não expressa — da Procuradoria norteamericana, o que<br />
anularia as provas usadas na condenação. Como a fase de instrução<br />
acabou e o juiz não pode mais se manifestar no processo, só restaria a<br />
absolvição. “Juiz não pode emendar sentença, acabou sua jurisdição”, diz<br />
D'Urso.<br />
Também foram religiosos os argumentos que levaram o juiz a aumentar<br />
a pena dos fundadores da Renascer na condenação. "A motivação não<br />
teria relevância se não fossem os réus quem são. Líderes religiosos, os<br />
acusados veneram as coisas sagradas e os mandamentos divinos", diz a<br />
sentença. Segundo ele, por defenderem esses princípios, "não poderiam<br />
incorrer à prática delitiva para o continuísmo de enriquecimento sem<br />
causa aparente colocado em marcha junto ao emaranhado de dogmas da<br />
fé cristã".<br />
O agravante, segundo a sentença, se deve à função sacerdotal dos<br />
acusados. "Existem circunstâncias agravantes, em especial a de violação<br />
de dever inerente a ministério, o u seja, atividade religiosa, nos termos
do artigo 61, inciso II, alínea ‘g’ (terceira figura), do Código Penal, de<br />
forma que aumento a pena aproximadamente em 1/6 (um sexto)”.<br />
No entanto, a interpretação do dispositivo foi deformada, segundo<br />
D’Urso. Diz o texto do Código Penal: “São circunstâncias que sempre<br />
agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: ter o<br />
agente cometido o crime com abuso de poder ou violação de dever<br />
inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão.” Por isso, diz o<br />
advogado, “a lei não agrava em função da qualidade do ofício que a<br />
pessoa exerce, mas em violação cometida durante o exercício ofício”, o<br />
que, de acordo com ele, em nada se relaciona com uma viagem ao<br />
exterior.<br />
Problema localizado<br />
Isso não quer dizer que existe má vontade ou perseguição contra as<br />
igrejas, na opinião do criminalista Arthur Lavigne, que defende outro alvo<br />
religioso do MP, o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino<br />
de Deus. “Os excessos são condenáveis, o MP extrapola, mas isso<br />
acontece em todos os segmentos”, afirma. “Os advogados também<br />
abusam, quando levam, por exemplo, uma testemunha para mentir em<br />
favor de seu cliente”.<br />
Para Lavigne, embora tenham ambições e desejem a vitória como<br />
qualquer advogado, os promotores e procuradores públicos devem se<br />
conscientizar que, como representam o Estado, podem fazer um estrago<br />
muito maior. “O exercício da atividade leva à ânsia pela vitória, mas o<br />
MP deveria agir como um juiz, de forma a pacificar conflitos”, diz. “Mas<br />
são problemas isolados, e não da classe”.<br />
Holofotes da mídia também são um chamariz sedutor tanto para o MP<br />
quanto para a Polícia e o Judiciário, que podem forçar distorções,<br />
segundo o advogado. “Por que todo crime precisa ter imediatamente um<br />
suspeito? Isso é um comportamento defeituoso, que pode levar a erros<br />
judiciais. Trabalha-se apenas para confirmar convicções. Quantos<br />
inocentes saíram dos corredores da morte nos Estados Unidos depois q<br />
ue passaram a ser colhidas provas de DNA?”<br />
De acordo com ele, os juízes de primeiro grau, por estarem mais<br />
próximos das denúncias, se contaminam com a repercussão dos crimes<br />
e, por isso, tendem a condenar. “Basta ver a quantidade de prisões que<br />
são revogadas em recursos”, diz. Já como o Supremo Tribunal Federal,<br />
instâncias acima, trabalha com assuntos constitucionais, privilegia as<br />
garantias individuais.<br />
Pressão universal<br />
Antes da Renascer em Cristo, outra comunidade entrou na mira do<br />
Ministério Público. Edir Macedo, líder da Universal do Reino de Deus,<br />
também foi acusado de lavar dinheiro, com o qual teria comprado a Rede<br />
Record, em 1989. Novamente as acusações ainda não tiveram desfecho.<br />
A investida começou depois que imagens captadas pela Rede Globo<br />
foram exibidas com insistência pelos telejornais, mostrando os obreiros<br />
da igreja levando sacolas de ofertas dos fiéis em um culto celebrado no<br />
estádio do Maracanã. A presssão contra a Universal, dona da Rede Reco<br />
rd de Televisão, a segunda maior rede televisiva, é potencializada pela<br />
concorrência no setor, comanda pela líder Rede Globo de Televisão.<br />
Macedo chegou a ficar 15 dias preso em 1992 por estelionato e
charlatanismo. “Prender sob o argumento de que ele está enganando as<br />
pessoas com a sua religião ou coisa parecida é um absurdo, porque as<br />
pessoas têm fé naquilo que querem ter fé. Eu estou convencido de que<br />
se não tomarmos cuidado, daqui a pouco a polícia entra na sua casa e<br />
prende qualquer um sem nenhum critério. É preciso discutir o critério<br />
pelo qual o juiz julga ser charlatanismo.” A crítica, feita em 1992, foi do<br />
atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.<br />
Em seguida, vieram também denúncias de sonegação de impostos, crime<br />
financeiro e formação de quadrilha na compra da Record, e de<br />
contrabando e uso de documento falso na entrada de equipamentos<br />
eletrônicos estrangeiros no país, que seriam usados pela rede de<br />
televisão.<br />
Mais tarde, em 2005, a R ecord e a Rede Mulher — esta também de<br />
propriedade de Macedo —, foram punidas por exibir depoimentos de<br />
pessoas que afirmavam ter sido adeptas de religiões africanas, como o<br />
Candomblé e a Ubanda, mas que se converteram ao Evangelho e<br />
deixaram a prática. A Justiça entendeu que havia discriminação a<br />
religiões afrobrasileiras, e condenou os canais a exibir por sete dias um<br />
programa de resposta, que deveria ser gravado nos próprios estúdios da<br />
emissora, com duração de uma hora. A decisão foi suspensa pelo<br />
Superior Tribunal de Justiça um mês depois.<br />
Discriminação também foi a alegação do Ministério Público Federal para<br />
pedir a proibição de circulação do livro Orixás, Caboclos e Guias: Deuses<br />
ou Demônios?, escrito por Edir Macedo. Segundo a ação civil pública, o<br />
livro era preconceituoso em relação às religiões de origem africana. A<br />
distribuição foi proibida em 2005 pela Justiça em primeiro grau, mas a<br />
decisão foi revertida no ano seguinte em segunda instância.<br />
Em agosto, nov a denúncia. A direção da igreja era acusada de formação<br />
de quadrilha e lavagem de dinheiro, mas a decisão judicial que autorizou<br />
a abertura do processo penal novamente não detalhou qual era o<br />
dinheiro sujo a ser lavado.<br />
Como as denúncias chegavam de forma extremamente rápida à<br />
imprensa — a concorrentes da Record, inclusive —, e ganhavam<br />
destaque com frequência, Edir Macedo passou a revidar. Ações contra<br />
jornais foram a maneira encontrada para levar as críticas à Justiça. A<br />
jornalista Elvira Lobato, da Folha de S.Paulo, foi um dos alvos escolhidos<br />
para centenas de ações individuais de fiéis por todo o Brasil, devido a<br />
reportagens consideradas ofensivas. As ações, no entanto, caíram uma a<br />
uma porque a Justiça considerou ter havido orquestração.<br />
Denúncias sem origem<br />
Um dos casos já chegou ao Supremo Tribunal Federal. Um Habeas<br />
Corpus pediu o trancamento da Ação Penal por lavagem de dinheiro<br />
contra o casal Hernandes e está em julgamento pelo Plenário da Corte. A<br />
discussão definirá o conceito de organização criminosa e a possibilidade<br />
de o Ministério Público usar, em suas denúncias, esse conceito como<br />
crime antecedente para justificar denúncia de lavagem de dinheiro.<br />
No julgamento do caso no Supremo Tribunal Federal, o ministro Marco<br />
Aurélio lembrou que não existe crime sem lei anterior que o defina, nem<br />
pena sem prévia menção legal, conforme o inciso XXXIX do artigo 5º da<br />
Constituição Federal. Em seu voto, Marco Aurélio disse que é necessária
a edição de lei para dizer o que é uma organização criminosa. Ratificar a<br />
uma convenção internacional sobre assunto — a Convenção de Palermo,<br />
ratificada pelo Brasil com o Decreto 5.015, de 2004 —, no seu<br />
entendimento, não foi o mesmo que criar o tipo penal. O ministro Dias<br />
Toffoli acompanhou o relator. O julgamento foi interrompido por pedido<br />
de vista da ministra Cármen Lúcia, no último dia 10 de novembro.<br />
Integrantes do MP têm declarado que se o STF concluir que a formação<br />
de orga nização criminosa não compõe a ordem jurídica, por não haver<br />
lei específica que trate do assunto, as denúncias por lavagem de dinheiro<br />
podem cair. Criminalistas dizem que não é bem assim, já que a maior<br />
parte das denúncias traz outros tipos de acusação, como forma de<br />
emplacar alguma delas. No entanto, se elas forem trancadas, a falha<br />
deve ser atribuída exclusivamente aos propositores das denúncias.<br />
Em denúncias de lavagem de dinheiro, o Ministério Público afirma que o<br />
conceito de organização criminosa existe e está devidamente explicado<br />
na Convenção de Palermo. A ligação entre lavagem de dinheiro e<br />
organização criminosa, segundo o MP, é feita porque, de acordo com a<br />
legislação brasileira — a Lei 9.613/98 —, a ocultação de bens ilícitos<br />
sempre é antecedida por outro crime, aquele que gerou os bens ilícitos.<br />
21. Diário de Pernambuco - PE<br />
Investigação<br />
O Ministério Público Federal (MPF) deve iniciar, na próxima semana, as<br />
investigações sobre supostos superfaturamentos nos cachês de shows<br />
promovidos pela Empetur em parceria com o Ministério do Turismo. A<br />
instituição escolheu ontem, por sorteio, o procurador federal Antonio<br />
Carlos Barreto Campello para comandar o processo. Dois pedidos de<br />
investigação foram protocolados no MPF nesta semana, tendo um sido<br />
apresentado por deputados da oposição e outro pelo deputado Sílvio<br />
Costa Filho, que pediu exoneração da Secretaria de Turismo na última<br />
terça-feira.<br />
No Tribunal de Contas do Estado (TCE), as investigações entram em<br />
nova fase com a indicação de três auditores para cuidar do caso.<br />
"Dependendo da complexidade da auditoria, o númerode auditores pode<br />
aumentar", esclareceu o conselheiro Marcos Loreto. Ainda ontem, o trio<br />
de auditores planejou a forma como vão trabalhar e, segundo Loreto, há<br />
possibilidade de o tribunal envi ar técnicos para fazer análises nos 22<br />
municípios onde ocorreram os shows dos projetos Festejos Natalinos e<br />
Verão Pernambuco, no final de 2008 e começo de 20<strong>09</strong>. As auditorias no<br />
TCE foram requeridas pela oposição e pelo governo do estado. Três<br />
secretários, incluindo Silvio Costa Filho, registraram o requerimento no<br />
protocolo do tribunal, na semana passada.<br />
A Polícia Federal, a pedido do ex-secretário de Turismo, também<br />
investigará o caso, mas a instituição informou que o procedimento será<br />
feito em sigilo. O pedido de investigação deve ser encaminhado ao<br />
corregedor da instituição, que não tem prazo para análise, podendo abrir<br />
um inquérito policial ou optar pelo arquivamento.<br />
22. Consultor Jurídico - SP
MPF-SP move ação contra norma imposta pela OAB-SP<br />
O Ministério Público Federal em São Paulo entrou com Ação Civil Pública<br />
na Justiça Federal contra a OAB-SP e o Estado de São Paulo. Ele quer<br />
que a OAB-SP deixe de exigir que os advogados candidatos a vagas de<br />
assistência judicial e jurídica à população carente não possuam débitos<br />
com a tesouraria da entidade. Quando há alguma pendência financeira, o<br />
advogado fica impedido de exercer a assistência judicial.<br />
A OAB paulista tem convênio com a Defensoria Pública do Estado de São<br />
Paulo desde julho de 2007 para que advogados se candidatem a vagas<br />
de assistência judicial e jurídica à população carente, para expandir e<br />
complementar os serviços prestados pela Defensoria.<br />
A OAB-SP exige, no ato da inscrição, que o advogado só poderá ser<br />
inscrito se estiver “em dia com os cofres da Tesouraria da OAB-SP”. O<br />
MPF recebeu reclamações sobre essa exigência, em 2007, e iniciou<br />
apurações a respeito. A Defensoria Pública disse qu e o requisito foi uma<br />
exigência da OAB.<br />
Procurada pela revista Consultor Jurídico, a OAB-SP afirmou que não foi<br />
oficialmente informada da Ação Civil Pública. Porém, Marcos da Costa,<br />
diretor-tesoureiro da entidade, adiantou que “é preciso esclarecer que a<br />
OAB tem um custo extremamente elevado com o convênio, arcando com<br />
as despesas de manutenção de mais de 300 pontos para atendimento de<br />
mais de 1 milhão de pessoas carentes ao ano”.<br />
Marcelo da Costa disse, ainda, que apesar de obrigado legalmente, o<br />
Estado não está ressarcindo a OAB-SP pelas despesas. “Como a OAB não<br />
recebe um único centavo de dinheiro público, depende do pagamento<br />
das anuidades, sua principal fonte de receita, para continuar prestando<br />
esse importante serviço aos advogados e à população carente paulista”,<br />
afirma o diretor-tesoureiro da OAB- SP.<br />
Para a procuradora da República Adriana da Silva Fernandes,<br />
responsável pelo caso, “essa exigência do convênio viola o direito<br />
fundamental à liberdade profissional e ao trabalho, além de ser medida<br />
que foge da razoabilidade. É desproporcional, uma vez que a OAB-SP já<br />
dispõe da ação executiva para a cobrança de seus créditos”. Com<br />
informações do MPF em São Paulo<br />
Ação 20<strong>09</strong>.61.00.0256<strong>09</strong>-6<br />
23. Diário de Cuiabá - MT<br />
Audiência pública discute qualidade dos serviços de internet em<br />
Tabaporã<br />
Da Reportagem<br />
O Ministério Público Estadual (MPE) promoveu nesta semana, uma<br />
audiência pública no município de Tabaporã (640 km de Cuiabá) para<br />
discutir a qualidade do serviço de internet prestado no município.<br />
Além da população, o evento também contou com a participação de<br />
autoridades e representantes de entidades locais. A audiência ocorreu na
terça-feira (01), na Câmara Municipal de Vereadores.<br />
De acordo com a promotora de Justiça Roberta Cheregati, inúmeras<br />
reclamações foram feitas na Promotoria de Justiça de Tabaporã,<br />
referente a má qualidade do sinal de dados oferecido pela empresa que<br />
atua na cidade. “A população se manifestou sobre os problemas<br />
ocasionados, já que o serviço de internet é imprescindível para a<br />
realização das tarefas profissionais e cotidianas. Temos que debater o<br />
tema para tomarmos as devidas providências e garantir um serviço de<br />
qualidade”, disse.<br />
24. Gazeta de Alagoas - AL<br />
Prefeito reage a acusações do MP<br />
Com bens bloqueados pela Justiça, Nen de Humberto nega participação<br />
em fraude e questiona sumiço de nota fiscal<br />
| CARLA SERQUEIRA - Repórter<br />
O prefeito de Olho d’Água das Flores, Carlos André Paes Barreto dos<br />
Anjos, mais conhecido como Nen de Humberto, reagiu ontem às<br />
acusações do Ministério Público Estadual de que seria membro de uma<br />
quadrilha que fraudava licitações para desviar recursos do município.<br />
O prefeito e mais <strong>12</strong> acusados, entre eles secretários da sua atual<br />
gestão, como a primeira-dama, Ana Cláudia Gomes, secretária de<br />
Assistência Social, tiveram os bens bloqueados pela Justiça, por decisão<br />
do juiz Ivan Brito, divulgada na última quinta-feira. No mesmo recurso, o<br />
MP solicitou o afastamento dos secretários e do prefeito dos cargos<br />
públicos, mas o magistrado negou.<br />
25. Jornal da Manhã - MG<br />
Choperia faz acordo com MP<br />
Em tempo recorde, acabou arquivada ação judicial da Promotoria de<br />
Defesa do Meio Ambiente motivada por reclamação de vizinhos de<br />
choperia do bairro Mercês, incomodados com o barulho durante feijoada<br />
nas tardes de sábado. Um acordo discutido e formalizado na promotoria<br />
comandada por Carlos Alberto Valera pôs fim à demanda distribuída para<br />
2ª Vara Cível de Uberaba.<br />
A informação foi divulgada ontem pelo advogado Raphael Andrade M.<br />
Fernandez, que atua na defesa dos interesses da choperia, que fez<br />
concessões após liminar favorável aos vizinhos do estabelecimento. O<br />
acordo entre as partes foi discutido durante audiência, tendo o Ministério<br />
Público também reconhecido a importância do estabelecimento, que gera<br />
diversos empregos e cumpre com demais normas públicas.<br />
Desta forma, a decisão do Tribunal de Justiça de Minas, mantendo a<br />
liminar concedida pelo juiz Fabiano Rubinger, perdeu seu objeto. Aliás, o<br />
acordo foi cele brado antes mesmo da publicação do entendimento do<br />
TJMG, órgão judicial que até então desconhecia o entendimento firmado<br />
na forma de TAC (Termo de Ajustamento de Conduta).
Conforme o acordado entre as partes, a choperia está autorizada a<br />
executar sonorização mecânica. Sobre a ocupação do passeio, o<br />
advogado revela já ter protocolado requerimento junto à Prefeitura, com<br />
projeto arquitetônico adequado. O mesmo profissional garante que o dito<br />
"pagode" deixou de ser realizado no estabelecimento desde o ano de<br />
2007, quando a direção preferiu manter somente música ao vivo com<br />
cantor (voz e violão).<br />
Encerrando, Raphael Fernandez afirmou que “em decisão alinhada com o<br />
Ministério Público, a choperia busca atender às normas da legislação<br />
aplicável e garantir um lazer de qualidade para seu público sem<br />
incomodar os moradores do entorno”.<br />
26. Jornal do Dia - SE<br />
Déda quer ajuda do MP para fiscalizar programas<br />
Chico Freire<br />
chicofreire@jornaldodiase.com.br<br />
Toda e qualquer denúncia de irregularidade tem que ser investiga e os<br />
responsáveis punidos. Os programas sociais do governo são feitos para<br />
atender o povo pobre de Sergipe. Quem se atrever a meter política ou<br />
malandragem nos programas sociais do governo do Estado vão se ver<br />
com o Ministério Público e com a polícia. Foi o que disse na tarde de<br />
ontem o governador licenciado Marcelo Déda (PT), sobre possíveis<br />
irregularidades na distribuição de cestas básicas e no programa Mão<br />
Amiga.<br />
Marcelo disse também que vai buscar o Ministério Público para que<br />
auxiliar o governo em todos os municípios e garantir que não vai ser<br />
entregue nenhum cartão do Mão amiga para quem não seja diretamente<br />
vinculado ao programa, ou seja, os catadores de laranja e o cortadores<br />
de cana.<br />
Com relação a suspensão das distribuições de Cestas Básicas, Déda disse<br />
que conversou o governador em exercí cio, Belivaldo Chagas (PSB), e se<br />
concluiu que o programa de Cestas Básicas é fundamental para quem<br />
precisa. Nós as vezes de classe media, olhamos esse programa como um<br />
programa menor, mais quem está precisando sabe como ele é<br />
importante, observou, acrescentando que, um programa como esse não<br />
pode viver sob suspeita.<br />
Para o governador, é preciso estabelecer critérios e convocar o Ministério<br />
Público, setores do governo encarregados do programa e aplicar o<br />
programa sem abrir polemica e sem criar nenhum tipo de dúvidas.<br />
Mandei suspender para reelaborar as regras de distribuição.<br />
27. Última Instância - SP<br />
MPF quer que advogado em débito com OAB possa integrar<br />
convenio com Defensoria<br />
Da Redação - 04/<strong>12</strong>/20<strong>09</strong> - 20h57<br />
O MPF (Ministério Público Federal) em São Paulo moveu ação civil pública<br />
para impedir que a seccional paulista da OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil) e a Defensoria Pública do Estado exijam que os advogados<br />
candidatos ao Convênio de Assistência Judiciária estejam em dia com a<br />
unidade da Ordem.<br />
A Procuradoria abriu investigação depois de ter recebido reclamações<br />
sobre a exigência em 2007. A Defensoria Pública informou que o<br />
requisito foi uma exigência da OAB. Já a OAB teria afirmado que a<br />
exigência ocorre pois deixar de pagar à OAB, depois de regularmente<br />
notificado a fazê-lo, é uma infração disciplinar.<br />
Para a procuradora da República Adriana da Silva Fernandes,<br />
responsável pelo caso, “essa exigência do convênio viola o direito<br />
fundamental à liberdade profissional e ao trabalho, além de ser medida<br />
que foge da razoabilidade, além de ser desproporcional, uma vez que a<br />
OAB/S P já dispõe da ação executiva para a cobrança de seus créditos”,<br />
não restando outra alternativa a não ser a ação civil pública, proposta no<br />
último dia 2.<br />
“É descabido e inadmissível impor óbice ao livre exercício da profissão<br />
como estratégia para constranger o advogado ao pagamento de seus<br />
débitos, como fazem os réus por meio do referido convênio”, afirma<br />
Adriana Fernandes.<br />
Outro lado<br />
Em nota divulgada na noite desta sexta-feira (4/<strong>12</strong>), a OAB-SP alega que<br />
tem custos elevados com a manutenção do convênio. “Como a OAB não<br />
recebe um único centavo de dinheiro público, depende do pagamento<br />
das anuidades, sua principal fonte de receita, para continuar prestando<br />
esse importante serviço aos advogados e à população carente paulista”,<br />
disse o diretor-tesoureiro da OAB-SP, Marcos da Costa.<br />
Segundo o comunicado, a Ordem mantém mais de 300 pontos de<br />
atendimento, que servem a mais de 1 milhão de pessoas carentes por<br />
ano. A entidade argumenta ainda que, “apesar de leg almente obrigado,<br />
o Estado não vem cumprindo com sua obrigação de ressarcir a entidade<br />
por essas despesas”.<br />
28. Jornal do Dia - SE<br />
Telefonia é campeã de reclamação<br />
Balanço de um ano da lei que regulamenta o Serviço de Atendimento ao<br />
Consumidor (SAC) aponta que as empresas de telefonia fixa e móvel<br />
respondem por mais da metade das reclamações registradas em todos os<br />
Institutos de Defesa do Consumidor (Procons) do país. As companhias de<br />
celular têm 29,6% das reclamações e as de telefonia fixa, 24,21%.<br />
Segundo pesquisa do Sistema Nacional de Informações de Defesa do<br />
Consumidor (Sindec), a OI/Brasil Telecom foi a empresa com mais<br />
queixas recebidas pelo SAC, ao todo foram 1.277 reclamações na<br />
telefonia celular e 2.184 na fixa. Claro, Tim, Vivo, CTBC e Nextel<br />
completam a lista no setor móvel. GVT, Telefônica, Embratel/Net, Tim,<br />
CTBC Telecom e Intelig estão entre as que receberam mais queixas na<br />
área de telefonia fixa.<br />
Outros setores também apresentam irregularidades e são criticados pelos<br />
clientes. É o caso dos cartões de crédito, bancos, serviços de TV por
assinatura e financeiras. E ntre os principais problemas questionados<br />
pelos consumidores estão as dificuldades de acesso, cancelamento dos<br />
serviços e as deficiências nos atendimentos. O decreto do SAC<br />
revolucionou um setor que estava totalmente sem regulamentação e<br />
criando inúmeros transtornos aos consumidores, disse Alexandre<br />
Gavronski procurador da República, antes do seminário.<br />
De acordo com o vice-presidente da Associação Nacional do Ministério<br />
Público de Defesa do Consumidor (MPCON), José Augusto Peres, a<br />
regulamentação do setor é positiva porque a maioria da empresas<br />
tiveram interesse de se adapta às normas e o consumidor é o maior<br />
beneficiado com isso.<br />
29. Jornal do Dia - SE<br />
Prefeito e ex-prefeito de Barra dos Coqueiros são processados<br />
pelo MPF/SE<br />
O Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE) ingressou com ação de<br />
improbidade administrativa contra o ex-prefeito de Barra dos Coqueiros<br />
Airton Sampaio Martins e o atual governante do município, Gilson dos<br />
Anjos Silva. Ambos contrataram irregularmente dezenas de agentes de<br />
endemias, em caráter temporário, entre os anos de 2002 e 2006.<br />
De acordo com o procurador da República Silvio Amorim Junior, os<br />
agentes foram contratados para efetuar serviços de combate à dengue.<br />
O procurador responsável pela ação ressalta que, apesar de a doença<br />
requerer ações permanentes por parte dos órgãos públicos e da própria<br />
sociedade, os gestores de Barra dos Coqueiros contrataram<br />
temporariamente os profissionais, ao invés de realizar concurso público.<br />
A legislação, tanto federal quanto municipal, estabelece que esse tipo de<br />
contratação pode ser feita por um prazo máximo de dois anos, mas<br />
alguns dos contratos foram permanentemente reno vados pelo municpio,<br />
e alguns agentes de endemias permaneceram vinculados à Prefeitura por<br />
quase seis anos.<br />
Além disso, o município acabou sendo condenado pela Justiça do<br />
Trabalho, exatamente em razão da contratação indevida.<br />
Todos os agentes de endemias contratados eram indicadas pelo prefeito<br />
da época ou por seus auxiliares, inexistindo sequer a realização de um<br />
processo seletivo simplificado.<br />
Pedidos - Na ação de improbidade, o procurador da República requer à<br />
Justiça Federal que os réus sejam condenados ao ressarcimento integral<br />
do dano gerado pela contratação indevida, perda da função pública,<br />
suspensão dos direitos políticos por até oito anos, além de pagamento de<br />
multa e proibição de contratar com o Poder Público.<br />
30. Supremo Tribunal Federal - DF<br />
Liminar suspende pena desproporcional imposta pelo CNMP a<br />
procurador de Justiça do Acre por desvio de conduta<br />
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal,<br />
suspendeu ato do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que<br />
condenou o procurador de Justiça do estado do Acre Willia<strong>ms</strong> João Silva<br />
à pena de suspensão pelo prazo de 45 dias de suas atividades funcionais,<br />
assim como dos direitos e vantagens decorrentes do cargo por ele
ocupado, sob acusação da prática de crimes ambientais.<br />
A defesa alega, em síntese, que: a) na imposição da pena não foi<br />
observada a dosimetria aplicável ao caso (a pena aplicada é maior do<br />
que o máximo previsto); b) o indeferimento do pedido de perícia violou o<br />
princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa e c) não<br />
poderia ter sido punido pelo uso indevido de papel timbrado, posto que<br />
essa infração não constou da portaria que deu início ao processo<br />
administrativo disciplinar.<br />
A liminar foi concedida no Mandado de Segurança (MS) 28450 e terá<br />
validade até o julgament o de seu mérito. O julgamento do caso foi<br />
avocado pelo CNMP no Processo Administrativo Disciplinar (PAD)<br />
0.00.000.000828/2007-42, diante da impossibilidade de ser ele julgado<br />
pelo Conselho Superior do Ministério Público do Acre, por ausência de<br />
quórum em virtude de impedimentos e suspeições dos conselheiros do<br />
órgão.<br />
Sanção indevida<br />
Ao deferir o pedido de liminar, o ministro Ricardo Lewandowski, relator<br />
do MS, observou que o CNMP extrapolou o limite legal na aplicação da<br />
sanção disciplinar ao procurador. Isto porque ele foi condenado por<br />
violação dos deveres funcionais previstos no artigo 54, incisos I e VI, a,<br />
da Lei Complementar Estadual número 8/1983, cuja pena prevista é a de<br />
suspensão inferior a quarenta e cinco dias, mas o CNMP aplicou as<br />
sanções previstas no artigo 56, inciso IV, combinado com o artigo 58 da<br />
mesma lei, em que a sanção aplicável é a de suspensão de quarenta e<br />
cinco a noventa dias.<br />
Processos relacionados<br />
MS 28450<br />
31. Correio Braziliense - DF<br />
O sumiço das doações<br />
Barcos e equipamentos entregues ao Ibama por empresas estatais e<br />
privadas em 2001 desaparecem no Rio. Ministério Público Federal<br />
recomenda recuperação dos bens<br />
Lúcio Vaz e Danielle Santos<br />
Dois meses após pedir informações ao Instituto Brasileiro do Meio<br />
Ambiente (Ibama) sobre o paradeiro de 14 embarcações doadas à<br />
autarquia pela extinta Companhia de Navegação Lloydbrás, o Ministério<br />
Público Federal recomendou ao Ibama e ao Instituto Chico Mendes, em<br />
23 de julho, que recuperem a posse dos rebocadores Paulista e<br />
Paraibano e localizem e recuperem as demais embarcações que foram<br />
doadas para serem afundadas na Reserva Extrativista Marinha de Arraial<br />
do Cabo, no Rio. O Instituto Chico Mendes também apura internamente o<br />
extravio, o roubo e o sucateamento de veículos e equipamentos na<br />
mesma reserva marinha.
As 14 embarcações, supostamente sucatas, foram doadas em 2001 para<br />
serem utilizadas como atratores artifi ciais — peças submersas que<br />
seriam colonizadas por corais e peixes, além de impedir a pesca<br />
industrial por arrastão. Mas o Ministério Público apurou que dois<br />
rebocadores encontram-se indevidamente na posse de um homem<br />
identificado como Oziel Alves Lírio, estando localizadas na Cooperativa de<br />
Pesca de Niterói e São Gonçalo (RJ).<br />
Os procuradores também concluíram que “nenhuma das embarcações<br />
doadas teve o destino previsto no termo de doação”. Portanto, não foi<br />
realizado qualquer afundamento na reserva marinha. Ficou claro também<br />
que o Ibama e a Fundação Chico Mendes não têm conhecimento do<br />
paradeiro das embarcações.<br />
Ouvido pelos procuradores, o ex-chefe da reserva de Arraial do Cabo<br />
Fábio Fabiano informou que quatro chatas — pequenas embarcações<br />
rudimentares — foram cortadas e vendidas por um estaleiro onde se<br />
encontravam. O rebocador Paraibano teria sido reformado, depois de<br />
comprado por Oziel Alves, responsável pela sua guarda, por R$ 7,5 mil.<br />
Em 2006, ele teria ofereci do o rebocador a um empresário por R$ 250<br />
mil. Finalmente, o rebocador foi encontrado na cooperativa de pesca.<br />
O Ministério Público exigiu providências e disse que o seu não<br />
atendimento implicaria na adoção de sanções administrativas e medidas<br />
judiciais. No momento da doação, os bens da Lloydbrás estavam<br />
localizados na Baía de Guanabara, onde foram vistoriados e registrados<br />
em fotografias. O Ibama se comprometeu a fazer o resgate e a remoção<br />
das embarcações para Arraial do Cabo.<br />
Abusadinha<br />
A Reserva Marinha de Arraial do Cabo também recebeu, em 2003,<br />
doações da empresa Odebrecht no valor de R$ 186 mil. Os veículos e<br />
equipamentos foram tombados naquele ano, mas agora estão perdidos<br />
ou sucateados. Os bens de maior valor são duas lanchas. O motor de<br />
popa da Mariadinha, de 200Hp, depois de abandonado por um ano e<br />
meio dentro da água salgada, sofreu dano tão grande que o seu conserto<br />
não se justifica mais economicamente. Foi retirado do casco e largado<br />
num galpão d o porto. O casco encontra-se abandonado no estaleiro<br />
Coral, devendo anos de diárias.<br />
A lancha Abusadinha, de 30 pés, com dois motores a diesel, foi<br />
reformada pelo estaleiro Cassinú, mediante a conversão de sua multa de<br />
R$ 150 mil. Mas encontra-se parada e com vários problemas. As suas<br />
reformas somaram R$ 84 mil. Logo, a conversão de multa não teria sido<br />
compensada. Além disso, sumiram equipamentos da lancha, como o<br />
radar, o sonar, o aparelho GPS e rádios VHF.<br />
Um laptop Toshiba foi roubado de dentro de um carro da reserva, em<br />
frente à casa de um funcionário. O roubo foi registrado, mas a polícia<br />
não encontrou nenhum indício de arrombamento no veículo. O<br />
computador não foi reposto e ninguém foi responsabilizado. A moto<br />
Yamaha DT 180 teve o seu motor e tanque de combustível arrancados.<br />
Um carro Gol 1.6 batido foi levado para a Prefeitura de Arraial do Cabo,<br />
onde acabou depenado. Também sumiu um bote inflável com remos.<br />
Questionado pelo Correio, o Ibama reconhe ceu que recebeu as doações,
mas salientou que todos os bens foram repassados para a Fundação<br />
Chico Mendes no momento da sua criação, em 2007. Em nota ao jornal,<br />
o instituto informou que abriu processo administrativo para apurar as<br />
irregularidades informadas à autarquia “referentes a supostos desvio e<br />
perda de patrimônio da Reserva de Arraial do Cabo”. “Os resultados das<br />
apurações serão imediatamente levados a público após a conclusão dos<br />
trabalhos investigativos. Os possíveis envolvidos serão penalizados<br />
conforme a lei”, diz a nota assinada pela Diretoria de Uso Sustentável e<br />
pela Procuradoria Federal Especializada do Instituto Chico Mendes.<br />
Rebocadores<br />
Em 23 de julho deste ano, o Ministério Público Federal recomendou ao<br />
Ibama e ao Instituto Chico Mendes que recuperem a posse de dois<br />
rebocadores e localize outras 10 embarcações doadas pela Lloydbrás. Os<br />
procuradores afirmam que os dois órgãos não têm conhecimento do<br />
paradeiro dessas embarcações. Os rebocadores estariam de p osse de<br />
uma pessoa no Rio de Janeiro.<br />
Ninguém sabe, ninguém viu<br />
Um rádio VHF protátil<br />
Três roupas de mergulho<br />
Duas garrafas de mergulho<br />
Três válvulas com profundímetros<br />
Três máscaras de mergulho<br />
Filmadora digital*<br />
Radar, sonar e GPS Plóter<br />
Oito chatas**<br />
Dois rebocadores<br />
Quatro lanchas<br />
* Com caixa estanque especial para mergulhos<br />
** Pequenas embarcações rudimentares com ou sem motor de propulsão<br />
32. O Estado de S. Paulo - SP<br />
O STF e o crime de lavagem<br />
Dependendo da decisão que der a um pedido de habeas corpus<br />
impetrado pelos advogados dos fundadores da igreja Renascer em Cristo,<br />
os "bispos" Estevam Hernandes Filho e Sônia Haddad Hernandes,<br />
acusados de lavar dinheiro, por meio de empresas vinculadas à entidade,<br />
e desviar doações para proveito próprio, a Primeira Turma do STF poderá<br />
abrir um precedente que reduzirá drasticamente o alcance da Lei de<br />
Lavagem (Lei 9.613/98).<br />
Advertência nesse sentido vem sendo feita pelos promotores do Grupo<br />
de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do<br />
Ministério Público de São Paulo, desde que os ministros José Antonio<br />
Toffoli e Marco Aurélio Mello apresentaram seus votos manifestando-se a<br />
favor do trancamento da ação penal movida contra o casal Hernandes. O<br />
Gaeco é uma força-tarefa especializada na investigação de crimes contra<br />
a administração pública e contra o sistema financeiro e outros delitos de<br />
natureza econômica.
O julgamento do habeas corpus foi suspenso por um pedido de vista da<br />
ministra Carmen Lúcia e os promotores paulistas temem que, quando o<br />
caso for retomado, a posição de Toffoli e Marco Aurélio saia vencedora. O<br />
ponto central da discussão são os conceitos jurídicos de "crime<br />
antecedente" e de "organização criminosa", com base nos quais as<br />
severas sanções da Lei 9.613/98 são aplicadas aos integrantes do crime<br />
organizado. Em outras palavras, para que sejam condenados pela Justiça<br />
pela prática de lavagem, os denunciados precisam ter cometido<br />
previamente um ilícito, como, por exemplo, desvio de dinheiro público,<br />
evasão fiscal ou fraude.<br />
Tendo por modelo a legislação adotada pelos países da OCDE, a Lei de<br />
Lavagem considera crime antecedente qualquer delito praticado por uma<br />
organização criminosa. Mas, segundo Marco Aurélio, por não ter sido<br />
tipificado, o delito de formação de "organização criminosa" não poderia<br />
ser aceito como antecedente do crime de oculta ção de bens ilícitos. Na<br />
medida em que a Lei 6.913 não definiu o que é organização criminosa,<br />
faltaria ao Ministério Público base legal para fundamentar suas<br />
acusações. Ou seja, se não há o tipo penal do que se supõe que teria<br />
provocado o surgimento do que posteriormente seria lavado, não há<br />
como se afirmar que réus acusados com base na Lei 9.613/98 praticaram<br />
o delito de lavagem. Assim, não poderiam ser condenados.<br />
Para os promotores paulistas, o entendimento dos dois ministros peca<br />
pelo excesso de formalismo jurídico, podendo levar ao trancamento de<br />
90% das ações por lavagem de dinheiro. "Seria um retrocesso. Vai<br />
desmoronar tudo o que o Brasil conquistou no combate ao crime de<br />
lavagem. São centenas de condenações sob risco. Tudo o que o<br />
Ministério Público construiu contra organizações criminosas por lavagem<br />
é amparado na Lei 9.613/98. Ela não contém palavras inúteis e não<br />
comporta interpretações", diz José Reinaldo Guimarães Carneiro,<br />
secretário executivo do Gaeco, depois d e lembrar que, quando faz uma<br />
denúncia de lavagem à Justiça, o Ministério Público parte da premissa de<br />
que esse ilícito é praticado por organizações em cujo âmbito as funções<br />
criminosas de cada integrante são definidas por critérios de<br />
especialização, numa estrutura funcional bem ordenada. Os promotores<br />
também afirmam que se baseiam no conceito de organização criminosa<br />
definido pela Convenção de Palermo, que foi ratificada pelo Brasil em<br />
2004.<br />
Evidentemente, os promotores paulistas estão certos quando advertem a<br />
Primeira Turma do STF para as consequências do precedente que poderá<br />
ser aberto caso prevaleça o entendimento dos ministros Toffoli e Marco<br />
Aurélio. Mas o fato é que uma convenção internacional não cria tipos<br />
penais e a legislação penal brasileira até hoje não definiu "crime<br />
organizado" ou "organização criminosa", limitando-se a tratar do delito<br />
de formação de bando e quadrilha. Há três anos, a Comissão de<br />
Constituição e Justiça do Senado aprovou um projeto que t ipifica o<br />
conceito de organização criminosa, fechando as lacunas da Lei 9.613/98.<br />
Até hoje, porém, ele não foi votado em caráter definitivo. Os promotores<br />
deveriam se queixar ao Congresso.<br />
33. Consultor Jurídico - SP<br />
Justiça bloqueia bens e aplicações de médico
A Justiça paulista determinou a indisponibilidade dos bens móveis e<br />
imóveis e ainda bloqueou as contas e aplicações financeiras do médico<br />
Roger Abdelmassih e de seu sócio Vicente Ghilardi Abdelmassih, donos<br />
da Clínica de Andrologia São Paulo. Roger está preso desde agosto sob a<br />
acusação de ter molestado sexualmente pacientes em sua clínica de<br />
reprodução assistida em São Paulo. A liminar da juíza Adriana Sachsida<br />
Garcia é do dia 30 de novembro. Cabe recurso.<br />
A juíza entendeu que havia risco que justificaria o receio do Ministério<br />
Público de que os réus se desfaçam da totalidade do patrimônio ou que<br />
se sintam tentados a adotar medidas com esse objetivo para excluir bens<br />
pessoais que possam servir para reparação das vítimas.<br />
“Ante o exposto, defiro a liminar requerida, inaudita altera pars,<br />
determinando a indisponibilidade dos bens dos réus e o arresto de seus<br />
bens móveis e imóveis, na seguinte conformidade”, sen tenciou a juíza.<br />
“Defiro notificação dos cartórios de registro de imóveis identificados na<br />
petição inicial (fls. 39), a fim de que seja bloqueada a transferência de<br />
domínio de titularidade dos réus”, completou a magistrada, que ainda<br />
determinou o bloqueio, por meio eletrônico, dos ativos financeiros em<br />
nome dos réus.<br />
Ela atendeu o pedido do promotor de Justiça Roberto Senise Lisboa em<br />
ação cautelar de arresto de bens. O representante do Ministério Público<br />
alegou que os réus violaram os direitos garantidos pelo Código de Defesa<br />
do Consumidor.<br />
De acordo com o entendimento do Ministério Público, eles teriam<br />
assegurado falsamente o sucesso do tratamento de reprodução assistida,<br />
deixado de fornecer uma via do instrumento de contrato feito com os<br />
clientes e cópias de exames das pacientes.<br />
Ainda de acordo com a ação, os acusados não prestaram informações<br />
plenas e adequadas sobre as consequências dos procedimentos<br />
adotados, e constrangeram os clientes a assinar termos de<br />
consentimento informado, valendo-se da situação de inferioridade em<br />
que se encontravam os pacientes e omitindo informações relevantes<br />
quanto à utilização e destinação do material biológico excedente.<br />
Leia a decisão:<br />
Despacho Proferido.<br />
Vistos, Trata-se de ação cautelar de arresto de bens, preparatória de<br />
ação civil pública, que o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO<br />
PAULO promove em face de CLÍNICA DE ANDROLOGIA SÃO PAULO<br />
LTDA., ROGER ABDELMASSIH e VICENTE GHILARDI ABDELMASSIH,<br />
visando prestação jurisdicional que decretasse liminarmente a<br />
indisponibilidade dos bens de titularidade dos réus, para o fim de<br />
garantir a efetividade do processo principal, no qual será postulada a<br />
condenação no pagamento de indenização por danos patrimoniais e<br />
morais em favor do Fundo de Direitos Difusos e das vítimas que<br />
utilizaram os serviços prestados pelos réus.<br />
O pedido veio fundamentado na alegação de que os réus violaram os<br />
direitos garantidos pelo Código de Defesa do Consu midor, por meio do<br />
seguinte proceder: assegurando falsamente o sucesso do tratamento de<br />
reprodução assistida; deixando de fornecer uma via do instrumento de<br />
contrato entabulado entre as partes, bem como dos exames realizados
pelas pacientes; abstendo-se de prestar informação plena e adequada<br />
sobre as consequências dos procedimentos adotados; constrangendo<br />
consumidores à assinatura de “termos de consentimento informado”,<br />
valendo-se da situação de inferioridade em que se encontravam os<br />
pacientes e omitindo informação relevante quanto à utilização e<br />
destinação do material biológico excedente.<br />
O autor ainda postulou a desconsideração da personalidade jurídica. Este<br />
o relato do necessário. Decido. O pedido de liminar merece deferimento<br />
à vista dos elementos de prova trazidos aos autos, que demonstram<br />
satisfatoriamente a existência dos requisitos autorizadores da medida. A<br />
farta documentação que instrui o Inquérito Civil instaurado pela 5ª<br />
Promotoria de Justiça do Consumidor bem pr eenche a exigência do<br />
fumus boni juris, havendo fundados indícios de responsabilidade dos<br />
réus.<br />
Igualmente plausível é a hipótese de redução dos réus ao estado de<br />
insolvência ou eventual desvio de bens; frustrando a aplicação de<br />
penalidade a ser objeto da ação principal, em caso de julgamento de<br />
procedência. É de conhecimento notório – pela ampla divulgação da<br />
mídia – fatos outros, que não descritos na inicial, a compor panorama no<br />
qual se justifica o receio de que os réus possam consumir a totalidade do<br />
patrimônio ou sentir a tentação de adotar medidas com o fito de excluir<br />
bens pessoais do destino da reparação das vítimas.<br />
Há imputação de ilicitudes diversas, inclusive graves crimes que<br />
justificam a prisão preventiva do corréu Roger Abdelmassih. Nesse<br />
contexto, configura-se o periculum in mora. Anoto ainda, por oportuno,<br />
que igualmente se encontram presentes os requisitos autorizadores da<br />
desconsideração da personalidade jurídica, pois as ilicitudes descritas na<br />
inic ial bem correspondem aos conceitos de abuso de direito e excesso<br />
de poder a que o legislador se referiu no artigo 28 do Código de Defesa<br />
do Consumidor.<br />
Ante o exposto, defiro a liminar requerida, inaudita altera pars,<br />
determinando a indisponibilidade dos bens dos réus e o arresto de seus<br />
bens móveis e imóveis, na seguinte conformidade: Defiro notificação dos<br />
cartórios de registro de imóveis identificados na petição inicial (fls. 39), a<br />
fim de que seja bloqueada a transferência de domínio de titularidade dos<br />
réus; Nesta data, determino por meio eletrônico o bloqueio de ativos<br />
financeiros de titularidade dos réus em contas e/ou aplicações<br />
financeiras, conforme comprovante que segue.<br />
À míngua do valor das indenizações, determino o bloqueio do valor<br />
correspondente ao valor da causa. Aguarde-se pelo prazo de 48 horas e<br />
tornem cls. para nova consulta ao Sistema BACENJUD 2.0 e<br />
determinação das demais providências pertinentes, as quais decorrerão<br />
da identificação das contas cor rentes e de aplicação financeira. Também<br />
por meio eletrônico, nesta data, são solicitados à Receita Federal<br />
informes sobre as três últimas declarações de rendimentos em nome de<br />
cada um dos corréus; No mais, após a efetivação do arresto, cite-se para<br />
contestar, observadas as formalidades legais e cautelas de praxe.<br />
Int.<br />
São Paulo, 30 de novembro de 20<strong>09</strong>.
Adriana Sachsida Garcia<br />
Juíza de Direito<br />
34. Diário do Nordeste - CE<br />
Crise na Polícia Civil<br />
6/<strong>12</strong>/20<strong>09</strong><br />
MARCOS RENAN P. M. C. SANTOS*<br />
Recentes notícias destacadas na imprensa local revelaram recíprocas<br />
acusações acerca da prática de tortura e do desvio de conduta funcional<br />
por parte de integrantes da Polícia Civil do Ceará, tendo como supostos<br />
autores, dentre outros, o atual superintendente da referida instituição e<br />
um ex-deputado estadual. Esse fato, dada a qualificação dos<br />
protagonistas que, mutuamente, se acusam, já merece, por si só, pronta<br />
e eficaz apuração, seja qual for o órgão encarregado de fazê-la.<br />
Desde que entrou em vigor o Código de Processo Penal brasileiro, em<br />
1º/01/1942, até hoje, essa lei adjetiva tem comportado substanciosas e<br />
sucessivas alterações, através de leis infraconstitucionais, atendendo-se<br />
aos avanços da sociedade moderna, especialmente para adaptar-se ao<br />
novo texto constitucional.<br />
Não obstante as discussões sobre quem detém o poder de investigar<br />
fatos delituos os, tendo, de um lado, partidários de que também compete<br />
ao Ministério Público realizar, de forma autônoma e independente, as<br />
respectivas investigações e, do outro, os que defendem essa atribuição<br />
somente à polícia judiciária, todos sabem que, por força de preceito<br />
constitucional, é o órgão ministerial o titular da ação penal pública e,<br />
portanto, o destinatário direto dos procedimentos inquisitoriais realizados<br />
pelo aparelho policial, quando, ressalte-se, tenha sido objeto de<br />
investigação fato tipificado como crime, cuja ação penal seja de natureza<br />
pública.<br />
A controvérsia, nesse ponto, encontra-se à espera de decisão plenária do<br />
Supremo Tribunal Federal, muito embora o Superior Tribunal de Justiça,<br />
reiteradas vezes, e a 2ª Turma daquela Excelsa Corte de Justiça do País<br />
já tenham pacificado o entendimento de que pode, sim, o Ministério<br />
Público proceder investigações independentes, não prescindindo o<br />
"Parquet" de inquérito policial para lhe dar suporte ao eventual<br />
oferecimen to de denúncia, tudo em decorrência do que restou por ele<br />
próprio apurado.<br />
Fernanda Palma, professora catedrática de Direito Penal da Faculdade de<br />
Direito da Universidade de Lisboa, em artigo publicado no jornal "Correio<br />
da Manhã", em Lisboa, Portugal, edição de 15/11/20<strong>09</strong>, depois de<br />
defender a reforma do Código de Processo Penal português de 1987,<br />
pontificou: "O Código centra a direção da investigação no Ministério<br />
Público, ao qual a Constituição confere autonomia.<br />
Mas esse sistema é posto em causa pelos defensores da direção da<br />
investigação pela Polícia ou pelos que gostariam de regressar ao modelo<br />
francês de instrução e a um processo mais inquisitivo". Vê-se, pois, que<br />
segundo a citada regente lisboeta, o sistema português de investigação
suscita discussões.<br />
No Brasil também se questiona a proficiência das investigações, com<br />
simpatizantes de que sejam elas realizadas igualmente pelo Ministério<br />
Público, e, por outro lado, outros desejando que sua condução fiq ue<br />
somente a cargo da polícia judiciária. Portanto, a conclusão a que se<br />
chega é a de que não há, no momento, unanimidade sobre qual o<br />
modelo correto, perfeito e acabado.<br />
Destaque-se que a comissão de juristas responsável pela elaboração de<br />
reforma do Código Penal brasileiro, cujos trabalhos já se acham sob a<br />
apreciação do Congresso, tendo como seu coordenador o ministro<br />
Hamilton Carvalhido, do STJ, e relator o professor Eugênio Pacelli de<br />
Oliveira, cria o juiz das garantias, responsável pelo controle da legalidade<br />
da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja<br />
franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário,<br />
circunstância que, em tese, daria maior segurança e seriedade às<br />
investigações, respeitados que seriam, no mínimo, os princípios<br />
constitucionais relativos aos direitos e às garantias constitucionais do<br />
investigado.<br />
Esperamos que as investigações em torno do episódio que deu origem a<br />
este artigo sejam feitas, po r quem assim couber, com isenção,<br />
responsabilidade e total observância aos preceitos constitucionais.<br />
Importa ressaltar que "a atividade policial deve ser vista como um<br />
serviço público prestado pelo Estado, que deve ser eficiente para<br />
assegurar a segurança pública, como pressuposto de ambiente livre da<br />
violência para o desenvolvimento da pessoa humana (.). O exercício do<br />
poder de polícia de forma democrática é pressuposto essencial para a<br />
efetividade da segurança pública em um Estado Democrático de Direito"<br />
(Thiago André Peerobom de Ávila - Projeto de Tese de Doutorado na<br />
FDUL).<br />
A prevalecer como verdadeira a asserção do governador Cid Gomes, para<br />
quem não existe crise na Polícia Civil, mas sim "uma parcela que é séria<br />
e outra que é desonesta", que sejam os desonestos punidos nos termos<br />
da legislação vigente. A sociedade já não mais tolera a impunidade.<br />
*Promotor de Justiça , mestrando em Direito pela Faculdade de Direito<br />
da Universidade de Lisboa<br />
35. Correio Braziliense - DF<br />
Estrutura de menos<br />
TSE vê dificuldade em aplicar novas regras eleitorais e estuda como<br />
atuar na fiscalização da internet em campanhas. Se não for encontrada<br />
saída, Judiciário deve ser socorrido pelo Ministério Público<br />
Izabelle Torres<br />
Depois das negociações intensas no Congresso e da disputa envolvendo<br />
os mais diferentes interesses, a nova lei eleitoral(1) aprovada às pressas<br />
pelos parlamentares em setembro começou a ser questionada no<br />
Judiciário. Nos bastidores, advogados e ministros que integram o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) têm admitido que as novas regras —<br />
principalmente as que liberam o uso da internet em campanhas —<br />
jogaram para a Justiça Eleitoral uma responsabilidade de fiscalização<br />
sem que o órgão tenha se preparado e montado estrutura adequada<br />
capaz de encontrar e punir irregularidades praticadas por meio da rede.<br />
Diante dos mais diversos argumentos e da dificuldade prevista para que<br />
a Justiça possa desemp enhar as funções de fiscalização, juristas<br />
articulavam com Ministério Público para que o órgão questionasse alguns<br />
termos da lei no Supremo Tribunal Federal (STF). O assunto é tratado<br />
discretamente nos bastidores. Procuradores analisam quais normas<br />
devem dificultar o trabalho do TSE e podem criar brechas para atos<br />
fraudulentos, corrupção e propaganda eleitoral irregular. Práticas que, se<br />
realizadas pela internet, dificilmente serão detectadas e punidas pela<br />
Justiça a tempo.<br />
Fontes ouvidas pelo Correio afirmam que a análise dessas dificuldades e<br />
da posição que será adotada pelo MP estão sob a responsabilidade da<br />
subprocuradora Sandra Cureau, que tem participado de debates e<br />
audiências sobre as novas regras. A entrada em campo dos procuradores<br />
pode não ser necessária. Ontem, o PDT encurtou o caminho dos<br />
questionamentos e entrou com ação direta de inconstitucionalidade<br />
contra dispositivos da lei, incluindo a maior preocupação dos ministros do<br />
TSE, que é a liberação para o uso d a internet durante as campanhas<br />
eleitorais.<br />
Conduta<br />
Durante audiência pública realizada pelo TSE para ouvir sugestões de<br />
diferentes órgãos sobre a conduta que deve ser adotada para<br />
implementar a nova lei eleitoral, o relator das instruções de 2010,<br />
ministro Arnaldo Versiani, deu o tom das dúvidas e inseguranças da<br />
Corte quanto à possibilidade de fiscalização do uso da rede mundial de<br />
computadores nas campanhas. Disse que algumas normas previstas na<br />
Lei nº <strong>12</strong>.034/<strong>09</strong> são bem intencionadas, mas ressaltou que será um<br />
desafio fazer com que o TSE consiga aplicar as multas e punições<br />
previstas na lei.<br />
Segundo outro ministro ouvido pelo Correio, as dificuldades previstas<br />
pela Corte estão principalmente nos critérios para a aplicação de multas<br />
a sites e provedores, assim como na forma usada para determinar a<br />
retirada da rede de notícias referentes aos candidatos. Nos bastidores,<br />
apesar do discurso de alguns de que as novas regras respeitaram alguma<br />
decisões e restrições já impostas pelo TSE, a avaliação de magistrados é<br />
de que a lei criou obstáculos à atuação da Justiça, fazendo com que a<br />
Corte tenha de encontrar uma saída para conseguir cumprir o papel de<br />
fiscal e juiz nas eleições.<br />
Na prática, o Congresso liberou a internet para que os parlamentares<br />
usufruíssem livremente dos benefícios da rede e, ao mesmo tempo,<br />
numa tentativa de aparentar intenção de aumentar o controle nas<br />
campanhas, jogou para a Justiça Eleitoral — pega de surpresa pelas<br />
mudanças — a responsabilidade de aplicar as punições e exercer a<br />
fiscalização em um território de comunicação livre, ainda considerado<br />
incontrolável. É com base nesses argumentos que magistrados, juristas e<br />
procuradores discutem a melhor forma de implementar a nova lei e<br />
comemoram discretamente o fato de algumas normas estarem sendo<br />
questionadas judicialmente.
“A lei encampou o entendimento de que a internet é um campo livre e<br />
estabeleceu algumas poucas regras. Ainda estamos tentando saber c<br />
omo serão aplicadas essas regras, já que a lei permitiu a propaganda na<br />
internet e estabeleceu certas restrições, inclusive aplicação de multas.<br />
Também passou a prever o direito de resposta. Esse campo, apesar de<br />
ser livre, pode criar certo obstáculo á Justiça Eleitoral”, disse Versiani.<br />
1- Recursos<br />
A Lei nº <strong>12</strong>.034/<strong>09</strong> foi sancionada no dia 29 de setembro, depois de<br />
meses sendo discutida pelos congressistas. A norma foi considerada uma<br />
reforma da antiga lei eleitoral e institui novas regras para as eleições,<br />
uma das quais garante a liberdade do uso da internet para fazer<br />
propaganda durante a campanha e também para arrecadar recursos. A<br />
lei já passa a valer a partir das próximas eleições. Ao sancionar a norma,<br />
o presidente Lula vetou três artigos do projeto. Com a norma em vigor, o<br />
TSE terá até o dia 5 de março para aprovar em plenário uma minuta<br />
sobre a nova lei e regras complementares.<br />
Faça seu comentário sobre este assunto na reportagem publicada no site<br />
do Correio<br />
Votos na rede<br />
Algumas mudanças previstas na nova lei eleitoral:<br />
Candidatos ou qualquer outra pessoa podem manter sites, blogs e<br />
páginas em sites de relacionamento, como Orkut e Twitter, durante o<br />
período eleitoral. Dessa forma, os candidatos poderão pedir votos<br />
oficialmente nas páginas eletrônicas a partir DE 5 de julho do ano das<br />
eleições.<br />
Apesar da liberação, a lei proíbe propaganda eleitoral paga na internet,<br />
com possibilidade de aplicação de multa de R$ 5 a R$ 30 mil para quem<br />
descumprir a regra.<br />
Para evitar a formação de um mercado de cadastros de endereços<br />
eletrônicos, fica proibida a venda de banco de dados com e-mails dos<br />
brasileiros.<br />
Os candidatos poderão usar mensagens eletrônicas, conhecidas como<br />
torpedos, durante a campanha eleitoral.<br />
O candidato ou partido político que se sentir ofendido por declarações<br />
publicadas em sites têm assegurado direito de resposta na internet, que<br />
deverá ficar disponível durante o mesmo tempo em que ficou a<br />
mensagem considerada ofensiva.<br />
Se o endereço for comunicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou<br />
indiretamente, em provedor estabelecido no Brasil, as páginas da<br />
internet ficam liberadas para uso de qualquer candidato, partido político<br />
ou coligações.<br />
Os provedores de internet não serão mais obrigados a cumprir prazo de<br />
24 horas para retirar propaganda considerada irregular por decisão da<br />
Justiça Eleitoral. De acordo com a lei, o prazo deve ser determinado pela
Justiça.<br />
36. Valor Econômico - SP<br />
Sustentabilidade: Sistema da Bertin prevê rastreamento da carne<br />
Alda do Amaral Rocha, de São Paulo<br />
07/<strong>12</strong>/20<strong>09</strong><br />
Quase seis meses depois de ter sido acusada pelo Ministério Público<br />
Federal do Pará de contribuir para o desmatamento da Amazônia junto<br />
com outros frigoríficos de carne bovina, a Bertin S.A. está lançando um<br />
sistema que promete a rastreabilidade do produto e a garantia de que a<br />
carne provém de um processo sustentável.<br />
A partir desta semana, a carne in natura comercializada com a marca<br />
Bertin, à venda no varejo, terá uma etiqueta com um código de<br />
rastreabilidade com informações sobre a origem do produto. O diretor<br />
marketing da companhia, Marcos Scaldelai, explica que o consumidor<br />
poderá ter informações sobre a origem e a garantia de que o produto<br />
não provém de animais criados em áreas de desmatamento e trabalho<br />
escravo.<br />
Segundo ele, o consumidor deve digitar o número no site da Bertin (<br />
www.bertin.com.br ) para obter informações como a relação de fazendas<br />
que forneceram animais em determinado dia de abate e local das<br />
propriedades. Na própria página da Bertin, há um link para os sites do<br />
Ibama e do Ministério do Trabalho. No primeiro, o consumidor poderá<br />
checar se a propriedade de origem do boi está na lista das que<br />
desmatam ou não e no segundo, se há trabalho escravo.<br />
Num primeiro momento, apenas a carne in natura produzida na unidade<br />
da Bertin em Lins terá a etiqueta, mas a partir de janeiro o sistema deve<br />
estar implantado nas demais plantas da empresa, segundo Scaldelai.<br />
A Bertin foi incorporada pela JBS S.A em setembro deste ano, mas por<br />
enquanto as operações das empresas seguem separadas, já que o<br />
negócio está sob a análise do Conselho Administrativo de Defesa<br />
Econômica (Cade). De acordo com o diretor de marketing, a tendência é<br />
que sistema de rastreabilidade seja implantado também pela JBS no<br />
futuro.<br />
Ele afirma que o sistema para garantir a sustentabilidade da carne já<br />
vinha sendo desenvolvido pela Bertin antes da ação do Ministério Público,<br />
em junho. Na ocasião, a empresa foi acusada de comprar bovinos de<br />
fazendas que desmatavam áreas da floresta amazônica e interrompeu a<br />
aquisição de animais dessas propriedades.<br />
37. Folha de S. Paulo - SP<br />
Painel Regional<br />
ELIANE SILVA - painelregional@uol.com.br<br />
Multa
A Iesa, empresa de equipamentos metalúrgicos sediada em Araraquara,<br />
vai pagar R$ 2,2 milhões a duas entidades sociais de Araraquara por ter<br />
descumprido acordos trabalhistas com o Ministério Público do Trabalho.<br />
O novo TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) foi firmado após os<br />
fiscais do Ministério Público flagrarem irregularidades na empresa no<br />
primeiro semestre deste ano. No período, dois trabalhadores morreram<br />
em acidentes na Iesa. Além da compensação "a título de dano moral<br />
coletivo", segundo o MPT, a empresa também deverá melhorar as<br />
condições de trabalho. A direção da Iesa foi procurada para comentar o<br />
TAC, mas não se manifestou.<br />
Nova alta. Nas usinas do Estado, o preço do álcool teve novo reajuste na<br />
última semana. O preço do litro do etanol hidratado, utilizado nos<br />
veículos flex, subiu 0,755% e passou a valer R$ 0,935, sem impostos.<br />
Baixa. Segu ndo o Cepea, da Esalq/USP, no entanto, o álcool anidro,<br />
misturado à gasolina, caiu 0,872% -custa R$ 1,0581.<br />
Pirata. O Ministério da Justiça assinou convênios antipirataria com as<br />
prefeituras de Curitiba e São Paulo. Ribeirão Preto, Brasília e Rio de<br />
Janeiro também fazem parte da fase inicial do projeto, tido pela União<br />
como o início da municipalização das ações de combate à pirataria.<br />
Objetivo. O programa do ministério tem como meta mapear rotas e<br />
controlar as mercadorias antes de chegar às cidades. O alvo, diz a pasta,<br />
não é o camelô.<br />
Refis. A Prefeitura de Araraquara prorrogou para 4 de janeiro o prazo<br />
para os contribuintes renegociaram os débitos com IPTU e ISS contraídos<br />
até o final de 2008. Quem pagar à vista ganha isenção de juros e multas.<br />
Bonança. Helio Castro Neves, piloto de Ribeirão da Fórmula Indy que<br />
passou por maus bocados neste ano, será pai nos próximos dias. A<br />
mulher de Helinho, a colombiana Adriana Henao, está com quase nove<br />
meses de gr avidez. A filha vai se chamar Mikaela.<br />
Memória. Acusado de evasão fiscal nos EUA, o piloto foi inocentado em<br />
abril após julgamento rumoroso. Se condenado, poderia pegar até 35<br />
anos de prisão.<br />
Reprodução. Após 20 anos em Ribeirão, o Centro de Reprodução<br />
Humana Prof. Franco Junior passa a atender pacientes em uma filial na<br />
capital paulista, em janeiro.<br />
Com MARCELO TOLEDO, LEANDRO MARTINS e JEAN DE SOUZA<br />
38. O Globo - RJ<br />
MEC deve afastar servidores do Inep após Enem<br />
Governo quer também recuperar dinheiro gasto em prova adiada<br />
Demétrio Weber
BRASÍLIA. O Ministério da Educação (MEC) planeja demitir servidores do<br />
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep)<br />
responsáveis pela realização do Exame Nacional do Ensino Médio<br />
(Enem). O ministério só espera concluir a aplicação do teste, hoje, e o<br />
envio das folhas de respostas e redações aos centros de correção, nos<br />
próximos dias, para iniciar a reestruturação da Diretoria de Avaliação da<br />
Educação Básica do Inep.<br />
Se tudo der certo neste fim de semana, o MEC começará a preparar<br />
também a nova edição do Enem. A ideia é fazer o próximo teste em abril<br />
de 2010. Para isso, o ministério considera indispensável convencer o<br />
Tribunal de Contas da União (TCU) a autorizar o MEC a contratar<br />
empresas sem licitação para realizar as provas. O procurador do<br />
Ministério Público junto ao TCU, Marinus Marsico, é contra.<br />
O ministério considera que o vazamento dos cadernos de questões, em<br />
outubro, ocorreu por falha do Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção<br />
(Connasel), empresa contratada mediante licitação para realizar o<br />
exame. Ainda assim, considera que o Inep cometeu erros. Especialmente<br />
na supervisão do contrato, já que o Connasel era novato na aplicação do<br />
Enem. Em tese, só isso já seria suficiente para que dirigentes do Inep<br />
redobrassem a atenção.<br />
Após adiar o Enem no dia 1º de outubro, numa quinta-feira pela manhã<br />
— a primeira prova estava marcada para o sábado, dia 3 —, o ministro<br />
Fernando Haddad criou uma força-tarefa para organizar a nova edição do<br />
exame. A equipe ficou subordinada ao secretário-executivo José<br />
Henrique Paim. As reuniões ocorriam na sede do ministério e não na do<br />
Inep, que funciona em prédio alugado.<br />
Na ocasião, prevaleceu o entendimento de que qualquer mudança no<br />
Inep, naquele momento, poderia inviabilizar a nova preparação do<br />
exame cerca de dois meses depois. Temia-se o impacto negativo de uma<br />
troca de comando sobre a já abalada credibilidade do exame.<br />
O Connasel venceu a licitação por R$ 116 milhões, sem a concorrência<br />
de outras empresas.<br />
A Fundação Cesgranrio, que havia aplicado o Enem em todas as edições<br />
anteriores, chegou a se habilitar para a disputa.<br />
Mas abandonou-a antes da abertura das propostas.<br />
O Inep desembolsou R$ 38 milhões. Haddad espera reaver o dinheiro por<br />
meio de ação judicial.<br />
A PF indiciou cinco pessoas pelo vazamento, e o Ministério Público<br />
Federal já anunciou que irá denunciá-los à Justiça.<br />
Enquanto tenta recuperar os R$ 38 milhões, o MEC gastará R$ 148<br />
milhões no contrato emergencial, sem licitação, com a Fundação<br />
Cesgranrio e o Cespe, encarregados de aplicar as provas neste fim de<br />
semana com uma nova gráfica, os Correios e as Forças Armadas.<br />
39. Folha de S. Paulo - SP
Barbosa usou tecnologia de espião para gravar Arruda<br />
Provável estratégia teve câmera no botão do paletó e tinta invisível para<br />
marcar cédulas<br />
Investigado e alvo de ações, ex-secretário do governo do DF, auxiliado<br />
pela PF, filmou distribuição de dinheiro em troca de delação premiada<br />
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA<br />
Fama de chantagista, dezenas de processos, inquéritos criminais e ações<br />
de improbidade milionárias nas costas, o policial civil e ex-secretário<br />
Durval Barbosa cedeu à PF o próprio corpo como instrumento para captar<br />
as gravações que atingiram o governo de José Roberto Arruda (DEM-DF).<br />
Em troca, queria o benefício da delação premiada. E se transformou em<br />
uma espécie de homem-bomba da Operação Caixa de Pandora, apesar<br />
de não ter recebido nenhuma garantia de que terá os benefícios da<br />
delação, pois as denúncias que fez, gravou e filmou dizem respeito a<br />
autoridades que têm direito a foro especial e, portanto, tramitam no<br />
Superior Tribunal de Justiça.<br />
Os processos a que responde, contudo, estão na primeira instância, na<br />
qual o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios não demonstra<br />
disposição de lhe oferecer benefícios.<br />
Barbosa conhecia o ambiente onde seria feita a gravação, desfrutava da<br />
confiança do governador (que já fora abalada no passado, mas havia<br />
sido restabelecida) e, na retaguarda, contava com a PF.<br />
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, o mais provável é que Durval<br />
Barbosa tenha usado o que há de mais simples: uma câmera de vídeo<br />
adaptada ao botão do paletó, no qual também foi instalado um microfone<br />
imperceptível.<br />
Na parte de dentro do paletó, o dispositivo foi conectado a um aparelho<br />
de MP4, com bateria com autonomia de quatro a oito horas de gravação.<br />
Foi assim que chegou à residência oficial do governador em Águas<br />
Claras, no dia 21 de outubro, e iniciou um bate-papo com o então chefe<br />
da Casa Civil, José Geraldo Maciel. O governador chegou quase uma hora<br />
depois, por volta de 13h, e quis ficar a sós com Barbosa.<br />
Na ocasião, apenas se falou no pagamento à base aliada, para o qual<br />
haveria R$ 400 mil disponíveis e aos quais se juntariam outros R$ 200<br />
mil com o mesmo destino -tudo bancado por empresas que mantinham<br />
contrato com o governo.<br />
Ao deixar o local, Barbosa se dirigiu à PF. Lá, devolveu o equipamento.<br />
As imagens e sons captados foram repassados a um computador para<br />
transcrição, o que se transformou em um relatório de 53 páginas incluído<br />
no inquérito.<br />
Paralelamente, os policiais lançaram mão de outros artifícios tecnológicos<br />
para buscar as digitais de eventuais beneficiários do mensalão do DF.<br />
Misturaram uma tinta especial invisível a um componente químico<br />
reagente a um certo tipo de luz -o mais seguro é infravermelho- e<br />
marcaram notas que Barbosa repassaria a Maciel para distribuição à<br />
deputados da base aliada, conforme orientação de Arruda. O símbolo era<br />
uma elipse no centro da qual havia o número 650, em referência ao<br />
inquérito do caso, que tramit a no STJ.<br />
A ideia era, ao deflagrar a busca e apreensão, no dia 27 de novembro,<br />
encontrar na casa de pelo menos parte dos alvos algumas notas<br />
marcadas. Entre os montantes em espécie apreendidos pela PF há R$<br />
700 mil, mas nenhuma das cédulas era das carimbadas.
40. O Estado de S. Paulo - SP<br />
Atropelador pega 8 anos de prisão<br />
Decisão inédita de júri popular de Niterói condena por homicídio doloso<br />
estudante que matou jovem<br />
Em decisão inédita para crimes de trânsito no Estado, a Justiça do Rio<br />
condenou o estudante de Direito Thiago de Almeida Viana, de 26 anos,<br />
pelo homicídio doloso - com intenção de matar - de Tatiana Harder<br />
Accurso. Em 2002, a garota, então com 17 anos, foi atropelada pelo<br />
Corsa dirigido pelo estudante em Niterói, no Grande Rio. No fim da noite<br />
de quinta-feira, o Tribunal do Júri da 3ª Vara Criminal da cidade<br />
considerou o estudante culpado e o juiz Peterson Barroso Simão o<br />
sentenciou a oito anos de prisão.<br />
De acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), Viana disputava um<br />
racha com o comerciante Bruno Albuquerque de Miranda, de 28 anos.<br />
Miranda foi condenado a três anos por homicídio doloso - sem intenção<br />
de matar - e teve a pena convertida em prestação de serviços à<br />
comunidade. Eles tiveram as habilitações para dirigir suspensas por cinco<br />
e três anos, respectivamente.<br />
"Foi um marco para a Justiça do Rio. É raro no Brasil obter o dolo em<br />
crimes de trânsito. A sentença para o homicídio culposo nesses casos é<br />
tímida e revertida em prestação de serviços, cujo efeito intimidatório é<br />
mínimo. A mudança de mentalidade da população foi decisiva para a<br />
correta interpretação da legislação", disse o promotor Alexandre Joppert.<br />
Tatiana foi derrubada de sua moto pelo Passat de Miranda e depois<br />
atropelada pelo Corsa de Viana. A acusação aponta que ambos estavam<br />
alcoolizados e trafegavam acima dos limites de velocidade na Estrada<br />
Francisco da Cruz Nunes. A promotoria sustenta também que os<br />
acusados já tinham um longo histórico de multas.<br />
"Há duas formas de homicídio doloso. Na primeira, há a intenção de<br />
matar; na segunda, a exemplo deste caso, o acusado aceita o risco de<br />
resultado morte ao praticar ações negligentes ou imprudentes", afirmou<br />
Joppert.<br />
Os condenados vão rec orrer à segunda instância em liberdade. "Não<br />
houve dolo. Foi um lastimável acidente e admitimos a conduta culposa<br />
do cliente (Viana), que foi negligente e imprudente. O MPE admitiu em<br />
plenário que não houve pega. As acusações de excesso de velocidade e<br />
embriaguez são suposições. Laudos técnicos negam. Houve o clamor<br />
popular, mas a jurisprudência é uníssona em não caracterizar o dolo em<br />
acidentes de trânsito", afirmou o advogado Paulo Garcez.<br />
41. O Globo - RJ<br />
MP apura caso da Rua Oliveira Machado<br />
Pedido de privatização da rua em Icaraí é retirado da pauta da Câmara,<br />
mas órgão informa que investigação continuará<br />
Jaciara Moreira
jaciara.moreira@oglobo.com.br<br />
O Ministério Público (MP) estadual vai investigar se há, de fato, projetos<br />
para a construção de prédios na Rua Desembargador Oliveira Machado,<br />
em Icaraí. A notícia de que a rua seria transformada em área particular<br />
pela prefeitura e vendida aos moradores levou o promotor Luciano<br />
Mattos, titular da promotoria de Meio Ambiente e Urbanismo, a instaurar<br />
inquérito para apurar o caso.<br />
Na última quarta-feira, o Executivo recuou e mandou retirar da pauta da<br />
Câmara a mensagem que pede a privatização da rua. Ainda assim,<br />
Mattos diz que vai investigar o caso. Segundo o promotor, a preocupação<br />
com aquela área existe desde setembro do ano passado, quando o MP<br />
recebeu denúncia anônima alertando sobre a venda dos imóveis da rua<br />
para a construtora RJZCyrela.<br />
— Na época, instauramos procedimento para analisar o caso.<br />
Pedimos informações à Secretaria municipal de Urbanismo, mas o órgão<br />
negou que houvesse pedidos de licença para obras ali. A mensagem do<br />
Executivo fortalece a denúncia — diz Mattos que, em outubro passado,<br />
entrou com duas ações na 4a Vara Cível da cidade, pedindo que a<br />
prefeitura não conceda novas licenças para a construção de prédios de<br />
mais de seis andares em Icaraí e no Jardim Icaraí. — Não importa se a<br />
mensagem saiu de pauta, vamos seguir com a investigação.<br />
Segundo denúncia, prédio seria residencial A RJZCyrela nega que tenha<br />
projeto para construir na rua.<br />
Contudo, documento enviado ao MP e protocolado sob o número<br />
2008.00142560 denuncia que o objetivo da empresa é erguer no<br />
endereço dois prédios — um com 60 apartamentos de quatro quartos e<br />
outro com 90 de três quartos.<br />
Os moradores do Edifício San Martin, localizado na Rua Otávio Carneiro e<br />
com um dos blocos volt ado para a Rua Desembargador Oliveira<br />
Machado, temem que o projeto saia do papel.<br />
— Há análises para avaliar o impacto da obra na região? A sensação de<br />
insegurança que esse assunto gera é grande, pois não há clareza nos<br />
critérios adotados pela prefeitura para querer vender a rua aos<br />
moradores.<br />
Isso pode virar regra e acontecer em qualquer área semelhante — afirma<br />
o economista Bruno Neves, síndico do prédio.<br />
Em carta enviada ao GLOBO-Niterói, a leitora Angélica Santos, de Icaraí,<br />
comentou o assunto: — O bairro inteiro já sabe que todos os imóveis<br />
dessa rua foram comprados por uma construtora.<br />
A quem pode favorecer o desaparecimento de uma rua em um dos<br />
quarteirões mais valorizados da cidade? Procurado pelo GLOBO-Niterói, o<br />
prefeito Jorge Roberto Silveira não explicou por que retirou o projeto da<br />
Câmara.
42. O Globo - RJ<br />
Ameaça de multa pelos anos de abandono<br />
Tentativa de acordo para a reforma do imóvel fracassou<br />
Além da restauração do solar, o Ministério Público Federal (MPF) quer<br />
que a Funarj pague uma multa correspondente ao dobro dos prejuízos<br />
causados pelo abandono. Se não houver recursos suficientes para as<br />
obras necessárias, o MPF pede ainda que o Instituto do Patrimônio<br />
Artístico e Histórico Nacional (Iphan) se responsabilize pelas reformas.<br />
— O MPF tentou resolver a questão por meio de um acordo, um termo de<br />
ajustamento de conduta, mas as instituições não se manifestaram —<br />
disse a procuradora da República Gisele Porto, responsável pela ação civil<br />
pública.<br />
Cláudia Luna, coordenadora da ONG Nosso Papel, responsável pelo<br />
projeto Ponto de Cultura de Paquetá, lamenta o fechamento da biblioteca<br />
não só pela decadência do patrimônio histórico, mas pela interrupção do<br />
atendimento na biblioteca. Ela foi uma das organizadoras de um<br />
abaixoassinado entregue na ú ltima segunda-feira à Secretaria municipal<br />
de Cultura.<br />
A Biblioteca Popular funcionava desde 1977 na construção.<br />
O acervo, com cerca de 15.300 títulos, ainda está lá, assim como parte<br />
da memória da Ilha de Paquetá, que inclui fotografias antigas.<br />
— O solar é fundamental para a educação das crianças da ilha porque,<br />
além dos livros, o espaço abriga exposições, lançamentos e cursos. A ilha<br />
tem cerca de quatro mil moradores, sendo cerca de 700 crianças e<br />
adolescentes. Eles são desprovidos de opções de lazer e cultura e vivem<br />
isolados até por conta do preço das passagens das barcas — argumenta<br />
Cláudia.<br />
Bens tombados, porém tombados<br />
Em Paquetá, há 17 bens tombados em níveis diferentes — um deles é<br />
um conjunto de ilhas próximas. A Escola Municipal Pedro Bruno, um dos<br />
dez imóveis tombados pelo município, é outra construção da ilha que<br />
carece de restauração.<br />
Na fachada lateral, há infiltrações e muitas janelas estão com os vidros<br />
quebrados.<br />
O palacete, em estilo neoclássico, foi a terceira e última sede da Fazenda<br />
São Roque e, desde da década de 60, funciona como escola. Paulo Vidal,<br />
da Subsecretaria municipal de Patrimônio, diz que há um projeto em<br />
curso para reformar toda a escola.<br />
Em frente à escola, há um singelo coreto, na Praça São Roque, feito de<br />
alvenaria, com colunas toscanas e guarda corpo em cobogós cerâmicos.<br />
No alto, há um beiral recortado em madeira. Alguns pedaços estão
faltando.<br />
No Parque Darke de Mattos, na Praia José Bonifácio, quase todas as<br />
luminárias e brinquedos estão quebrados. O lugar, tombado pelo Inepac,<br />
foi parte de uma antiga residência. Seus jardins têm árvores centenárias,<br />
túneis, mirantes e trilhas.<br />
43. O Globo - RJ<br />
Justiça manda Iphan cumprir a lei e aplicar multas para proteger<br />
bens<br />
Decisão é fruto de ação movida pelo MP federal em Petrópolis<br />
Jacqueline Ribeiro<br />
Com base numa ação do Ministério Público federal em Petrópolis, a<br />
Justiça determinou que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico<br />
Nacional (Iphan) aplique, em todo o território nacional, as multas<br />
previstas no decreto-lei 25/1937, que regulamenta a proteção do<br />
patrimônio histórico e artístico.<br />
A ação civil pública é fruto de um inquérito instaurado pelo MP para<br />
apurar a inércia de mais de 70 anos no cumprimento da legislação, uma<br />
vez que, segundo informações do próprio Iphan no processo, as multas<br />
previstas no decreto jamais foram aplicadas. Na falta de uma solução<br />
administrativa, o MP propôs a ação, que tramitou na 2ª Vara Federal de<br />
Petrópolis e resultou na condenação do instituto.<br />
O desrespeito à legislação foi verificado pelo procurador da República<br />
Fabiano de Moraes, em análises de procedimentos instaurado s em<br />
Petrópolis. A ação foi proposta há dois anos, com o objetivo de obrigar o<br />
Iphan a exercer seu poder de polícia e aplicar sanções sempre que forem<br />
constatados danos a bens históricos e artísticos tombados pela União. O<br />
pedido do procurador foi aceito recentemente pelo juiz Fábio Nobre<br />
Bueno Brandão, da 2ª Vara Federal, que, em sua decisão, ordena que o<br />
instituto cumpra a determinação em 90 dias.<br />
Após este prazo, o Iphan pode ser multado em R$ 10 mil por cada caso<br />
de descumprimento.<br />
No processo, o procurador acrescenta que as multas devem ser<br />
revertidas ao Fundo Nacional de Direitos Difusos, voltado para projetos<br />
em áreas como patrimônio cultural e meio ambiente.<br />
44. O Globo - RJ<br />
Solar Del Rei, em Paquetá, vive seus dias de plebeu<br />
Imóvel que já hospedou Dom João VI está interditado e espera reforma<br />
emergencial para não desabar por completo<br />
Jaqueline Costa<br />
Depois de ter sido a mais suntuosa propriedade de Paquetá e de ter
hospedado por diversas vezes Dom João VI , o Solar Del Rei, em<br />
Paquetá, vive tristes dias. Logo na entrada, uma placa adverte sobre a<br />
interdição e o risco de desabamento. O imóvel, que abriga a única<br />
biblioteca da ilha, foi fechado pela prefeitura em 27 de outubro, após<br />
anos de abandono. A construção está caindo aos pedaços.<br />
Em decorrência dos problemas no telhado, infiltrações e rachaduras se<br />
espalham por toda parte, o forro do teto está empenado e ameaça cair, e<br />
estão podres as esquadrias de madeira. O muro da propriedade também<br />
corre o risco de ruir. Nas salas que abrigam duas carruagens do século<br />
XIX, a água escorre pelas paredes internas nos dias de chuva.<br />
Para garantir a restauração do imóvel his tórico, o Ministério Público<br />
Federal está movendo uma ação civil pública contra a Fundação Anita<br />
Mantuano de Artes do Rio (Funarj), proprietária do solar. Mas a<br />
instituição informa que, como o imóvel está cedido para o município do<br />
Rio por prazo indeterminado desde 1976, cabe à prefeitura fazer a<br />
manutenção dele.<br />
O município reconhece a responsabilidade e informa que está prevista<br />
uma obra emergencial, que inclui parte da cobertura, esquadrias e o<br />
muro. Mas ainda não há data para começar, já que os R$ 667 mil<br />
orçados ainda não foram liberados. Segundo Paulo Vidal, coordenador da<br />
Subsecretaria municipal de Patrimônio Cultural, está prevista uma<br />
restauração completa, financiada pelo BNDES.<br />
— A reforma emergencial deve durar seis meses e visa a dar segurança<br />
ao solar, ao acervo e às pessoas que lá trabalham. Em seguida, assim<br />
que os trâmites do financiamento estiverem resolvidos, começará uma<br />
reforma completa, incluindo a parte de paisagismo, que custará cerca de<br />
R$ 1.900 — explica Paulo.<br />
Em 21 de outubro, o Iphan realizou uma vistoria no local e constatou que<br />
o principal ponto de deterioração é o telhado. Foi feito um novo ofício à<br />
prefeitura para que obras emergenciais sejam iniciadas logo. Segundo o<br />
laudo, o imóvel está em franco estado de degradação interna e externa.<br />
A visita anterior da instituição ao solar ocorreu em 2006, quando já<br />
haviam sido feitas recomendações para cessar o processo de ruína.<br />
45. O Globo - RJ<br />
TCU vai investigar voo de Lulinha<br />
Procurador vê indícios de prejuízo aos cofres públicos no uso de avião da<br />
FAB<br />
BRASÍLIA. O procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas<br />
da União (TCU), Marinus Marsico, pediu ontem ao tribunal que investigue<br />
o uso de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar Fábio<br />
Luiz Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula, e 15 convidados,<br />
em 9 de outubro. Para Marsico, há indícios de desrespeito aos princípios<br />
constitucionais da moralidade, eficiência e economicidade, com prejuízo<br />
aos cofres públicos.<br />
Na representação, Marsico argumenta que os princípios constitucionais<br />
estão acima de qualquer norma seguida pela FAB sobre o transporte de
autoridades.<br />
“Há indícios de que os princípios constitucionais da moralidade, da<br />
eficiência e, sobretudo, da economicidade não foram respeitados, repitase,<br />
ainda que qualquer norma infraconstitucional teoricamente ampare o<br />
ocorrido”, diz o texto.<br />
Marsico baseou-se em reportagem da “Folha de S.Paulo”, que noticiou<br />
que um dos aviões da FAB que servem à Presidência estava a dez<br />
minutos de pousar em Brasília, numa sexta-feira, quando recebeu ordem<br />
para voltar a São Paulo. A razão era buscar o presidente do Banco<br />
Central, Henrique Meirelles, o filho de Lula e os convidados, cujos nomes<br />
não foram divulgados.<br />
46. Supremo Tribunal Federal - DF<br />
2ª Turma: defesa tem direito de contestar novos documentos<br />
juntados ao processo<br />
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) conheceu em parte<br />
de Habeas Corpus (HC 87114) impetrado pela defesa de Marcos Moreira,<br />
condenado a 15 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado, e<br />
concedeu a ordem para anular decisão do Tribunal de Justiça de São<br />
Paulo, que deu provimento ao recurso de apelação interposto pelo<br />
Ministério Público e negou provimento ao apelo da defesa.<br />
De acordo com o relator do habeas corpus, ministro Cezar Peluso, o<br />
órgão julgador baseou-se em documentos novos juntados pelo Ministério<br />
Público nas contrarrazões de apelação sem que fosse aberta vista à<br />
defesa para contraditá-los. O argumento de que o ato implicaria a<br />
nulidade do acórdão por cerceamento de defesa havia sido rejeitado pelo<br />
Superior Tribunal de Justiça (STJ).<br />
Em voto relatado pelo ministro Gilson Dipp, o STJ considerou que “os<br />
documentos juntados pelo Ministério Público apenas somaram-se ao<br />
robusto acervo probatório analisado pelos jurados em plenário, não<br />
tendo sido determinantes para a manutenção da condenação do paciente<br />
pelo Tribunal a quo”. A decisão da Segunda Turma do STF que conheceu<br />
do HC em parte e, nesta parte concedeu a ordem, foi unânime.<br />
Processos relacionados<br />
HC 87114<br />
47. Consultor Jurídico - SP<br />
Advogado e cliente conseguem trancar ação penal<br />
Por Marina Ito<br />
A inclusão de declaração falsa de pobreza para obter o benefício da<br />
Justiça gratuita não caracteriza crime de falsidade ideológica. Com esse<br />
fundamento, a 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de<br />
Janeiro, com base no voto do desembargador Siro Darlan, concedeu<br />
Habeas Corpus e trancou ação penal movida pelo Ministério Público<br />
contra um advogado e sua cliente.
“A declaração de pobreza como é cediço goza de presunção relativa,<br />
passível, portanto, de prova em contrário”, disse Darlan. O<br />
desembargador citou o Código Penal Comentado, de Guilherme de Souza<br />
Nucci, que explica que o juiz pode negar o pedido de Justiça gratuita ao<br />
se deparar com provas que mostrem as condições financeiras da parte.<br />
Em uma ação de reparação de danos, o juiz concedeu a gratuidade. Na<br />
sentença, revogou o benefício e determinou o encaminhamento da<br />
declaração de pobreza ao Ministério Público, que denunciou a parte e o<br />
advogado por crime de falsidade ideológica.<br />
“Não houve pelo magistrado averiguação a fim de verificar a veracidade<br />
da declaração, haja vista que lhe foi deferido o beneficio e<br />
posteriormente, somente na sentença, foi cassado o benefício”, disse<br />
Darlan na decisão. Para o desembargador, o juiz poderia pedir de ofício<br />
que fosse aferida a condição ou mesmo a outra parte poderia ter<br />
impugnado a decisão que concedeu o benefício.<br />
Com base em precedentes do Supremo Tribunal Federal e do Superior<br />
Tribunal de Justiça, o desembargador disse que não podia ser<br />
considerado documento a declaração de pobreza assinada pela parte e<br />
anexada aos autos pelo seu advogado.<br />
Clique aqui para ler a decisão.<br />
48. Correio da Bahia - BA<br />
Revitalização: Juíza libera obra do Hotel Hilton na capital baiana<br />
Oscar Valporto | Redação CORREIO | Foto: Divulgação<br />
O grupo Imocom conseguiu a suspensão da liminar da Justiça Federal<br />
que impedia as obras de construção do novo Hotel Hilton, no Comércio,<br />
em conjunto de prédios ao lado do Mercado Modelo. A juíza Nilza Reis<br />
revogou sua própria liminar anterior, concedido a pedido do Ministério<br />
Público Federal que questiona o projeto com duas ações - uma civil,<br />
outra cautelar.<br />
A empresa pretende retomar logo as obras. “Vamos começar a trabalhar<br />
logo porque queremos inaugurar o Hilton, em Salvador, em dezembro de<br />
20<strong>12</strong>”, afirmou o diretor de construção e incorporação do Grupo Imocom,<br />
Duarte Sanganha.<br />
Os prédios do Hilton no Comércio: empresa prepara retomada<br />
O projeto do Hilton prevê 170 apartamentos, centro de convenções, um<br />
spa, restaurante e dois bares. O Imocom comprou seis casarões,<br />
inclusive o casarão de azulejos azuis, na Praça Cayru, uma das<br />
referências da r egião, que será a principal fachada do hotel. “As obras<br />
vão recomeçar pela recuperação e reforço das estruturas antigas. É a<br />
intervenção mais difícil. Vai ser a primeira a começar e a última a<br />
terminar”, afirmou o diretor Duarte Sanganha.<br />
O projeto do Hilton tem a aprovação da prefeitura de Salvador e do<br />
Iphan, mas o Ministério Público questiona na Justiça o gabarito do hotel e
a falta de licença da superintendência regional do Iphan. “Seguimos as<br />
orientações da prefeitura e confiamos na Justiça. O Hilton será um marco<br />
em Salvador e ajudará a revitalização do Comércio”, disse Sanganha.<br />
49. A Gazeta - ES<br />
Aécio defende Azeredo no mensalão tucano<br />
05/<strong>12</strong>/20<strong>09</strong> - 00h00 (Outros - A Gazeta)<br />
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), disse ontem que o<br />
senador tucano Eduardo Azeredo (MG), “foi vítima do conturbado<br />
momento político pelo qual estamos passando”. Na quinta-feira, o<br />
Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou denúncia oferecida pelo<br />
Ministério Público Federal e abriu processo criminal contra o senador.<br />
Azeredo passou a ser réu em ação penal por suspeita de envolvimento<br />
com crimes de peculato (uso de cargo público em benefício próprio) e<br />
lavagem de dinheiro no esquema de desvio de recursos públicos, caixa 2,<br />
na campanha de 1998 ao governo do Estado. O caso é conhecido como<br />
mensalão tucano.<br />
De acordo com o governador, Azeredo é um “homem de bem e quem o<br />
conhece sabe disso”. Ele reconheceu que problemas ocorreram na<br />
prestação de contas e arrecadação de recursos para a campanha, mas<br />
disse não ter visto indícios de atuação direta do senador ou de<br />
responsabilidade direta dele.<br />
Para Aécio, a partir de agora Azeredo terá oportunidade de mostrar sua<br />
participação no processo e garantir sua inocência. “O senador Eduardo<br />
Azeredo não foi condenado. O STF apenas autorizou a abertura de<br />
processo e, agora, com serenidade e tranquilidade, ele terá condições de<br />
se defender e de provar sua inocência.”<br />
Testemunha<br />
Já o deputado federal Ciro Gomes (PSB), disse ontem, em Cuiabá, que<br />
também não acredita no envolvimento de Azeredo no caso do mensalão<br />
tucano. “Juntando a fragilidade das provas apresentadas – o documento<br />
citado contra ele é falso – e pelo que conheço de sua vida honesta, ética,<br />
tenho segurança que ele não se envolveu de jeito nenhum”, disse<br />
acrescentando que estaria disposto a ser testemunha do tucano no<br />
processo criminal aberto no STF.<br />
Ciro disse ter ficado comovido com o senador, que tem declarado ser<br />
inocente. Segundo o deputado, estaria havendo uma confusão entre<br />
mensalão e caixa dois. “A acusaç ão é caixa dois e nela não tem provado<br />
a participação do Azeredo”. A denúncia refere-se, segundo ele, à época<br />
em que o tucano foi candidato ao governo e perdeu. “Conheço sua<br />
seriedade, sua compostura e sei de sua ética”, destacou. (Agência<br />
Estado)<br />
50. Zero Hora - RS
Iphan é obrigado a aplicar multas<br />
A Justiça Federal condenou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico<br />
Nacional (Iphan) a aplicar multas previstas no Decreto-lei 25/1937, que<br />
organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. A ordem<br />
judicial decorre de uma ação proposta pelo Ministério Público Federal em<br />
Petrópolis, no Rio de Janeiro, para obrigar o instituto a exercer seu poder<br />
de polícia, aplicando sanções sempre que constatar danos a bens<br />
tombados pela União. A decisão deve ser cumprida em 90 dias. Após<br />
esse prazo, cada caso de descumprimento da sentença implicará multa<br />
de R$ 10 mil.<br />
51. O Povo - CE<br />
MP adia reconstituição da prisão de assaltantes<br />
05 Dez 20<strong>09</strong> - 03h<strong>12</strong>min<br />
Promotores que apuram as denúncias de tortura contra quatro presos,<br />
supostamente praticadas pelos delegados Francisco Cavalcante e<br />
Alexandra Medeiros, comunicaram ontem o adiamento da reconstituição<br />
das prisões, até então marcada para a próxima segunda-feira, no<br />
Eusébio.<br />
O Grupo Especial de Atuação Temporária, do Ministério Público Estadual,<br />
criado para apurar as denúncias, justificou o adiamento por ``questões<br />
de ordem técnica``. Ainda não há data definida para a reconstituição.<br />
Os presos Otacílio Siqueira Júnior, Gilson Lopes Justino, Francisco Lopes<br />
Justino e Francisco da Silva Monteiro afirmaram ter sido torturados pelos<br />
dois delegados para acusar o superintende da Polícia Civil, Luiz Carlos<br />
Dantas, de envolvimento na tentativa de homicídio contra a delegada<br />
Alexandra Medeiros, em agosto último.<br />
O próprio superintendente também é acusado da prática de tortura,<br />
dessa feita c ontra sequestradores. Mas, há mais de duas semanas, o<br />
presidente do inquérito ainda não foi indicado. Ontem, o corregedorgeral<br />
José Armando Costa se recusou a comentar a demora com O<br />
POVO.<br />
52. Jornal do Dia - SE<br />
Auditores poderão responder inquérito por quebra de sigilo<br />
A ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ),<br />
determinou a abertura de inquérito policial contra Marcos Lima e outros<br />
auditores do Sindicato dos Auditores Fiscais (Sindat), em razão de<br />
quebra de sigilos nas interceptações telefônicas, atendendo a denúncia<br />
do ex-conselheiro do Tribunal de Contas Flávio Conceição.<br />
A ministra pediu parecer do Ministério Público, que também foi favorável<br />
ao pedido. Depois da decisão da ministra Eliana Calmon, haverá<br />
investigação por meio da Polícia Federal e do próprio MP, que abrirá<br />
inquérito e enviará o resultado para o STJ, que será visto por outro<br />
relator.<br />
Flávio Conceição de Oliveira Neto requereu a instauração do inquérito<br />
policial a fim de apurar suposta quebra de sigilo de interceptações
telefônica, contidas nos autos, perpetradas no âmbito do Tribunal de<br />
Justiça do Estado de Sergipe, nominando como possíveis autores dos<br />
delitos os responsáveis pela Ação Popular proposta perante o juízo da<br />
<strong>12</strong>ª Vara Cível da Comarca de Aracaju (SE), visando anular o ato de<br />
nomeação e posse como conselheiro, deferida pela justiça.<br />
53. Fórum PC - SP<br />
Executivos podem ser presos por desrespeito ao consumidor<br />
Depois da divulgação do ranking onde os 8 primeiros piores em<br />
atendimento ao consumidor são ligados à telefonia, a pressão do Sistema<br />
Nacional de Defesa do Consumidor aumentou e ganhou um aliado<br />
poderoso – O Ministério da Justiça.<br />
O SNDC destaca que as medidas e as multas aplicadas as empresas de<br />
Telecom para que cumpram os dispositivos do Decreto do SAC (Serviço<br />
de Atendimento ao Consumidor) não estão surtindo efeito.<br />
As operadoras fixas e móveis continuam liderando as queixas de quem<br />
procura atendimento pelos call centers - juntas, concentram 53,8% das<br />
reclamações. Por conta disso, o Ministério da Justiça vai estudar duas<br />
sugestões do Ministério Público: Criminalizar executivos das operadoras e<br />
incluir o desrespeito às regras nas análises sobre renovação de<br />
concessões. Se for aceita, pode ocorrer, em breve a prisão de algum<br />
executivo de telecom cuja a empresa continue a desrespeitar o<br />
consumidor.<br />
Font e: Ministério da Justiça<br />
AZ<br />
54. O Tempo - MG<br />
Ligação entre diretores da Aneel e empresas é suspeita<br />
Eles são acusados de favorecimento de companhias e não cumprir<br />
quarentena<br />
Ana Paula Pedrosa<br />
A relação entre diretores e ex-diretores da Agência Nacional de Energia<br />
Elétrica (Aneel) e as empresas que a agência tem obrigação de regular<br />
deve ser investigada pelo Ministério Público Federal (MPF). O pedido de<br />
investigação partiu da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que<br />
investigou o setor de energia elétrica.<br />
No relatório que foi aprovado na última segunda-feira, até o último<br />
momento, havia a intenção de pedir o indiciamento do diretor geral da<br />
Aneel, Nelson Hubner. A acusação era de prevaricação (crime contra a<br />
administração pública), por não ter apresentado à CPI os dados<br />
referentes às perdas dos consumidores provocadas pelo erro na<br />
metodologia de cálculo do reajuste tarifário.<br />
No parecer final, porém, foi pedida apenas a investigação de Hubner e de<br />
18 ex-diretores e superintendentes da agência. Os dep utados suspeitam<br />
que os dirigentes do órgão regulador tenham privilegiado algumas das
empresas que deveriam fiscalizar. Os deputados também acusam os exdiretores<br />
de não cumprirem a quarentena de <strong>12</strong> meses estabelecida na<br />
lei de 1996, que criou a Aneel. A quarentena é o prazo que a pessoa tem<br />
que aguardar entre sair do cargo no órgão público e começar a trabalhar<br />
em alguma empresa privada.<br />
Controle externo. A CPI da Energia Elétrica sugeriu a criação de um<br />
conselho de agências reguladoras, para fazer um controle externo dos<br />
órgãos. Esse conselho seria formado por dois integrantes indicados pela<br />
Câmara dos Deputados, dois indicados pelo Senado, dois indicados pelo<br />
Executivo e três representantes dos órgãos de defesa do consumidor,<br />
com mandato de dois anos.<br />
O deputado federal Elismar Prado (PT-MG), um dos integrantes da CPI da<br />
Energia Elétrica, diz que o órgão é necessário para garantir mais<br />
transparência e isenção aos processos de reajustes tarifários. Já o<br />
deputado esta dual Délio Malheiros (PV) não concorda. De acordo com<br />
ele, a responsabilidade de fiscalizar a atuação das agências é do<br />
Ministério Público, e não é necessário criar outro órgão fiscalizador para<br />
isso.<br />
Conserto. A CPI também apresentou sugestões sobre o ressarcimento do<br />
consumidor em caso de queima de equipamentos provocada por<br />
problema na rede elétrica. Hoje, o consumidor tem que esperar até dez<br />
dias pela vistoria da distribuidora. Se o aparelho for consertado antes, o<br />
consumidor perde o direito à indenização.<br />
De acordo com o deputado Elismar Prado, a ideia é que as distribuidoras<br />
criem uma rede de assistência técnica credenciada onde o consumidor<br />
possa levar os aparelhos para conserto imediato. Os técnicos dessas<br />
empresas fariam um laudo ou parecer sobre a causa do dano do<br />
equipamento e o consumidor apresentaria esse documento junto com a<br />
nota fiscal do conserto para ser ressarcido. O prazo para que a<br />
distribuidora pague seria de 48 horas.<br />
Publicado em: 07/<strong>12</strong>/20<strong>09</strong>