18 GT Análise dos assentamentos da reforma agrária - alasru
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ANÁLISE DOS ASSENTAM ENTOS DA REFORM A AGRÁR IA SOB A<br />
JURISDIÇ ÃO DO INCRA EM ALAGOAS<br />
RESUMO<br />
Profº Dr. Ciro Bezerra 1<br />
oric x5@ yahoo.c om.br<br />
PPGS-UFAL<br />
Raqueline Silva 2<br />
raqueline.k@gmail.c om<br />
IGDEMA-UFAL<br />
O Estado de Alagoas nas últimas déc a<strong>da</strong>s tem se despontado c omo um<br />
<strong>dos</strong> esta<strong>dos</strong> brasileiros com um número significativo de Assentamentos<br />
Rurais. Segundo o Instituto N acional de C olonizaç ão e Ref orma Agrária,<br />
estes Assentamentos são uma “expressivi<strong>da</strong>de” nacional, quando posto<br />
em evidência o quantitativo de famílias ass enta<strong>da</strong>s e o número de<br />
hectares de terras liberad o para ref orma <strong>agrária</strong> em Alagoas.<br />
O problema que s e apres enta quando s e trata <strong>da</strong> apropriaç ão de terras<br />
pelos trabalhadores rurais, é que a terra, considera<strong>da</strong> riqueza, tem,<br />
contraditoriamente, gerado pobreza.<br />
As polític as <strong>agrária</strong>s realiza<strong>da</strong>s pelo estado brasileiro, c om a intenç ão de<br />
emancipar o trabalhador c amponês e o agricultor familiar , têm<br />
alimentando o ciclo <strong>da</strong> pobreza. Créditos e recurs os libera<strong>dos</strong> sem<br />
orientaç ão apropria<strong>da</strong>, falta de esc olari<strong>da</strong>de que permita ao agricultor<br />
familiar vislumbrar uma vis ão de mundo, para além <strong>da</strong>s nec essi<strong>da</strong>des<br />
1 Professor pesquisador do Program a de Pós -Graduação em Sociologia <strong>da</strong><br />
Universi<strong>da</strong>de Federal de Alagoas. Líder <strong>dos</strong> Grupos de Pesquisa Milton Santos e<br />
Sociologia do Trabalho, Currículo e Form ação Hum ana. Coordenador <strong>da</strong> Pesquisa<br />
Diagnóstico Socioeconôm ico <strong>dos</strong> Assentam entos <strong>da</strong> Reform a Agrária sob a Jurisdição<br />
do INCRA /AL. Orientador do Projeto de Extensão Trabalho Docente e Currículo <strong>da</strong>s<br />
Ciências Hum anas no Centro de Estu<strong>dos</strong> e Pesquisa Aplica<strong>da</strong> (CEPA). E orientador<br />
<strong>dos</strong> Projetos PIBC: Estudo sobre [1] o Program a Nacional de Educação <strong>da</strong> Reform a<br />
Agrária - análise <strong>da</strong>s pesquisas e artigos m ais representativos no Brasil -, e [2]<br />
<strong>Análise</strong> <strong>da</strong>s Experiências do Pronera em Alagoana.<br />
2 Estu<strong>da</strong>nte concluinte do curso de Licenciatura em Geografia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />
Federal de Alagoas, Membro do Grupo de Pesquisa Milton Santos; participant e <strong>da</strong><br />
pesquisa Diagnóstico Socioeconômica <strong>dos</strong> Assentam entos <strong>da</strong> Reform a Agrária sob a<br />
Jurisdição do INCRA/AL; estu<strong>da</strong>nte do Program a de Iniciação Científica no projeto<br />
<strong>Análise</strong> <strong>da</strong>s Experiências do Pronera em Alagoana.<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.
imediatas, afrouxamento do pagamento <strong>da</strong>s dívi<strong>da</strong>s contraí<strong>da</strong>s para<br />
potencializar a produç ão, to<strong>dos</strong> estes aspectos t êm bloqueado as<br />
potenciali<strong>da</strong>des do trabalho camponês e, por conseguinte, impedindo a<br />
soberania alimentar .<br />
Outro problema é a falta de mec anismos eficazes que garantam aos<br />
campones es a potencializaç ão <strong>da</strong> produç ão agríc ola e comercializaç ão<br />
<strong>dos</strong> produtos. Identificad o tais problemátic as, nec essário se f az gerar<br />
alternativas e aç ões que potencializem a melhoria <strong>da</strong>s c ondiç ões de vi<strong>da</strong><br />
<strong>dos</strong> trabalhadores rurais.<br />
A cultura de Alagoas está associa<strong>da</strong> ao analfabetismo e a quas e nula<br />
esc olari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> populaç ão <strong>dos</strong> ass entamentos . A monoc ultura c anavieira<br />
também c ontribui para essa cultura. Para c ontornar tais dificul<strong>da</strong>des é<br />
necess ário, então, não descui<strong>da</strong>r do proc esso f ormativo, que deve s er<br />
contínuo e permanente, <strong>dos</strong> c ampones es e <strong>da</strong>queles q ue comercializarão<br />
os produtos. Por isso, temos em des envolvimento um projeto que vis a<br />
cons oli<strong>da</strong>r o Centro de C omercializaç ão <strong>da</strong> Agric ultura Familiar -<br />
Campones a e <strong>da</strong> Economia Solidária (CAFES), através <strong>da</strong> pesquis a e<br />
diagnóstic o <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong>des ec onômic as <strong>dos</strong> Assentamentos Rurais<br />
de Alagoas, tendo em vista a integraç ão de cinco estratégias: (a)<br />
Des envolvimento Agrário e T erritorial, (b) Ec onomia Solidária no C ampo,<br />
(c) Crédito e Financiamento Agrário (d) Educ ação do C ampo e (e) Saúde<br />
nos Assentamentos <strong>da</strong> Reforma Agrária.<br />
Palavras-chave: Assentamentos <strong>da</strong> ref orma <strong>agrária</strong>, desenvolvimento<br />
humano e ref orma <strong>agrária</strong>.<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
2
Diferentes abor<strong>da</strong>gens de G eografia Agrária enf atizam a relaç ão s er<br />
humano versus natureza, como eixo fun<strong>da</strong>mental desta disciplina<br />
(ANDRADE, 1994 e 1979; BASTOS, 2006). Entretanto, chama-nos<br />
atenç ão neste limiar do s éculo XXI, o volume de produç ão intelectual que,<br />
acritic amente, admite o determinismo <strong>da</strong> natureza: ambientalismo ou<br />
ec ologismo, c omo orientador <strong>da</strong> G eografia Agrária. Alinhando -s e a esta<br />
perspectiva Otremba (1955, p. 17) afirma:<br />
[...] a condição prévia para todo trabalho de cam po <strong>da</strong><br />
Geografia Agrária é possuir, antes de tudo, um conjunto<br />
profundo <strong>da</strong> história <strong>da</strong> agro, <strong>da</strong> agricultura, <strong>da</strong> ecologia<br />
<strong>da</strong>s plantas úteis e <strong>dos</strong> anim ais domésticos [. ..] (grifos<br />
nossos)<br />
Tipos de abor<strong>da</strong>gens como esta está em franc o contraste c om as<br />
perspectivas <strong>da</strong> G eografia Crítica e Humanista (SANTOS, 2004). Para<br />
estas a relaç ão ser humano versus natureza é determina<strong>da</strong><br />
historicamente e s ão estas determinaç ões que deve m nortear as<br />
reflexões deste c ampo de estudo. Em c ontraste c om o ambientalismo, s ão<br />
as relaç ões históricas entre s er humano e natureza que nos of erec em “as<br />
condições prévias para todo trabalho de c ampo <strong>da</strong> G eografia Agrária”. A<br />
história desta relaç ão, desde o Iluminismo, tem chamado atenç ão <strong>da</strong><br />
centrali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ec ologia humana em c omparaç ão às dif erentes ec ologias<br />
existentes.<br />
Considerando esta problemátic a a questão que nos orienta é a s eguinte:<br />
por que o des envolvimento históric o <strong>da</strong> ec ologia humana na civiliz aç ão<br />
moderna tem levado a degra<strong>da</strong>ç ão do s er humano e <strong>da</strong> natureza, num<br />
movimento c ontínuo e quas e s em resistência? Que alternativas têm s e<br />
apres entado a ess e proc esso?<br />
Nossa hipótes e é, conc or<strong>da</strong>ndo c om Marx (1984), que a dinâmic a<br />
sociometabólic a do c apital, bas ea<strong>da</strong> na apropriaç ão priva<strong>da</strong> de riquezas,<br />
apropriaç ão movi<strong>da</strong> por um proc esso geométric o de acumulaç ão, não<br />
repõe as forç as humanas e naturais que s ão destruí<strong>da</strong>s. R esulta deste<br />
processo a degra<strong>da</strong>ç ão <strong>da</strong>quelas forç as, o que põe em risco a vi<strong>da</strong><br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
3
planetária inteira. C ontra as forç as sociais que s e insurgem a ess a<br />
degra<strong>da</strong>ç ão põe-s e o Estado Moderno como forç a que garante, de f orma<br />
sistêmic a, a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>quela dinâmic a. Mas também c onc or<strong>da</strong>mos<br />
com W eber (1982; 1999, p. <strong>18</strong>7-580; 2003) quando este apres enta a<br />
dominaç ão burocrática e a racionali<strong>da</strong>de ec onômic a do c apitalismo c omo<br />
responsáveis por esta barbárie, pois a racionali<strong>da</strong>de que tem c omo fim o<br />
dinheiro e o poder, e que domina as ações e motivaç ões <strong>da</strong>s pessoas,<br />
conduzem a uma organizaç ão social e burocráti c a c alc a<strong>da</strong> na degra<strong>da</strong>ç ão<br />
univers al que, de igual modo, aprisiona o s entido humano à “gaiola de<br />
ferro do espírito capitalista”.<br />
Considerando tais hipótes es acreditamos que a R ef orma Agrária,<br />
conduzi<strong>da</strong> pelo c onflito entre o Instituto N acional de C olonizaç ão e<br />
Ref orma Agrária (Estado) e os Movimentos Sociais <strong>da</strong> Terra (Socie<strong>da</strong>de<br />
Civil), por promover a s ocializaç ão <strong>da</strong>s terras desapropria<strong>da</strong>s e<br />
pertenc entes à União, trabalha<strong>da</strong>s sob os princípios <strong>da</strong> agroec ologia, é<br />
uma f orma de c ombater, a um s ó tempo, a c onc entraç ão <strong>dos</strong> meios de<br />
produç ão agrários, a burocracia e a racionalizaç ão do trabalho camponês,<br />
em bas es capitalistas. Para verificar esta hipótes e analis aremos o<br />
desdobramento e desfecho <strong>da</strong> des apropriaç ão de terras do maior<br />
ass entamento <strong>da</strong> R ef orma Agrária do Est ado de Alagoas: o Complexo<br />
Agroecológico N ação Zumbi.<br />
Embora o objeto destas reflexões esteja vivo e em an<strong>da</strong>mento (trata -s e<br />
de fazer história do pres ente) queremos c ompreender e <strong>da</strong>r visibili<strong>da</strong>de,<br />
através <strong>da</strong> utilizaç ão de alguns instrumentos de pesquis a: ob s ervaç ão in<br />
locu; questionários e entrevistas abertas; anális e quantitativa; e a<br />
técnic as qualitativas como o grupo foc al e o círculo hermenêutic o<br />
dialético, à dinâmica s ocial que envolve os atores em litígio, e que, de<br />
divers as formas, determina a naturez a <strong>da</strong> organização social do<br />
Complexo Agroec ológic o N aç ão Zumbi.<br />
Esta estratégia de pesquis a deverá revelar, esperamos, a natureza e<br />
características <strong>dos</strong> conflitos e tendências que s e desdobrarão no interior<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
4
<strong>da</strong> polític a públic a de <strong>reforma</strong> <strong>agrária</strong> que c onsider a esse assentamento<br />
como especial. Que mu<strong>da</strong>nç as oc orrem na polític a pública de R eforma<br />
Agrária quando s e considera um ass entamento c omo especial? É o que<br />
queremos descobrir com esta pesquis a.<br />
As hipótes es e estratégias de pesquis a, assim f ormula<strong>da</strong>s, preten dem<br />
contribuir, em termos teóric os e metodológic os, para fortalec er a<br />
abor<strong>da</strong>gem crítica e humanista <strong>da</strong> geografia em c onfronto com a<br />
Geografia Agrária. A perspectiva crítica e humanista pode contribuir, no<br />
âmbito <strong>da</strong>s ciências humanas, para des mistificar a r elação ser humano<br />
versus natureza. R elaç ão reifica<strong>da</strong> pelas abor<strong>da</strong>gens ambientalistas.<br />
Queremos assinalar, desde logo, que rejeitamos a tes e de c onc eber a<br />
relaç ão ser humano versus natureza em termos a-histórico, ou, em outros<br />
termos, de c onc eber o meio amb iente c omo determinante do<br />
desenvolvimento humano, s olidário e sustentável. Quem garante a<br />
sustentabili<strong>da</strong>de do ambiente humano s ão as relaç ões sociais que os<br />
humanos estabelec em entre si.<br />
É dentro desse debate que situamos estas reflexões sobre a R eforma<br />
Agrária em Alagoas.<br />
Visando desdobrar essas intenções tomamos como referência empírica o<br />
Complexo Agroecológico Nação Zumbi. Um assentamento que envolve<br />
três municípios, e que os atores sociais envolvi<strong>dos</strong> têm a possibili<strong>da</strong>de de<br />
erigir uma ver<strong>da</strong>deira “ci<strong>da</strong>d e no c ampo”. Isto é, um assentamento dotado<br />
de to<strong>da</strong> infra-estrutura nec essária para des envolver o humano <strong>da</strong>s<br />
pessoas.<br />
O Complexo Agroecológico Nação Zumbi é a possibili<strong>da</strong>de efetiva de<br />
construir uma nova experiência coletiva (geográfic a, ec onômic a, s ocial e<br />
cultural), na região N orte de Alagoas. É uma grande oportuni<strong>da</strong>de para a<br />
agricultura f amiliar afirmar o projeto de des envolvimento bas eado na<br />
agroec ologia, até então esmagado pela monocultura açucareira bas ea<strong>da</strong><br />
na grande proprie<strong>da</strong>de. C orresponde, para aque les que def endem a<br />
Ref orma Agrária em um Estado que ain<strong>da</strong> c ampeia a oligarquia, o<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
5
patrimonialismo e o banditismo, uma c onquista históric a inestimável. Pela<br />
extens ão, pela loc alizaç ão (distante apenas 60 km de Mac eió) e pela<br />
expectativa <strong>dos</strong> atores sociais envolvi<strong>dos</strong>, o suc esso (ou o frac asso)<br />
desse empreendimento repres enta muito para o futuro <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nç as<br />
sociais que s e espera para esse estado.<br />
A des apropriaç ão <strong>da</strong>s terras <strong>da</strong>s usinas Agroindustrial Serrana Lt<strong>da</strong>.<br />
(sede em J oaquim G omes) e C ompanhia Açucareir a C onceiç ão do Peixe<br />
(sede em Flecheiras), pertenc entes ao industrial Nivaldo J atobá, é a<br />
maior operaç ão de des apropriaç ão fundiária na história rec ente de<br />
Alagoas, “é um proc esso emblemático e um marc o na <strong>reforma</strong> <strong>agrária</strong> no<br />
Nordeste”, c omo c onsta nos docu mentos do INCRA/AL.<br />
O Complexo Agroec ológic o N aç ão Zumbi repres enta a maior<br />
conc entraç ão de áreas c ontíguas destina<strong>da</strong>s à <strong>reforma</strong> <strong>agrária</strong> no Estado<br />
de Alagoas.<br />
Com a finalizaç ão <strong>da</strong> operaç ão, um c onjunto um pouco menor que a<br />
Cooperativa Pindorama s e formar á. Esta é c onsidera<strong>da</strong> a maior<br />
cooperativa agroindustrial do N orte-N ordeste brasileiro, loc aliza<strong>da</strong> entre<br />
os municípios de Coruripe e Penedo, c om 28 mil hectares e cinco mil<br />
famílias entre c olonos proprietários e moradores <strong>da</strong>s vilas .<br />
As instituições que trabalham a <strong>reforma</strong> <strong>agrária</strong> e o desenvolvimento rural<br />
no Estado estão f ormando um c ons órcio que deverá apres entar uma<br />
proposta para o C omplexo N aç ão Zumbi, c ontemplando: a) a forma de<br />
organização <strong>dos</strong> ass enta<strong>dos</strong> (associaç ão, c ooperativa); b) o modelo de<br />
produção (diversificado, c om c ana-de-açúcar ou diversificado s em c ana);<br />
c) a forma <strong>da</strong> assistência técnica (c ooperativa<strong>da</strong>, es tatal, parc erias,<br />
etc.); d) o esquema de financiamento (PRONAF e crédito c ooperativo);<br />
e) e os canais de comercialização (CONAB, feiras municipais, redes de<br />
supermerc a<strong>dos</strong> etc.) para sua futura produção. Este arc abouç o projetado<br />
para o Complexo N aç ão Zumbi evoluiu para o C entro de Comercializaç ão<br />
<strong>da</strong> Agricultura Familiar-C ampones a e <strong>da</strong> Ec onomia Solidária (CAFES),<br />
que s erá explicitado mais adiante.<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
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Com o CAFES articular-se-á o que s erá produzido com uma rede<br />
institucional de cooperação mais ampla, que incluirá as prefeituras <strong>dos</strong><br />
municípios de J oaquim G omes, Flecheiras e São Luiz do Quitunde. Estes<br />
municípios poderão f ormar um C ons órcio Inter -Municipal para o<br />
desenvolvimento territorial; o Sebrae/AL, que já des envolve o Programa<br />
Agropolo Mata N orte, no qual participam os três municípios do C omplexo<br />
Agroec ológico N aç ão Zumbi; a C entral Estadual <strong>da</strong>s Associaç ões de<br />
Assenta<strong>dos</strong> e Pequenos Agricultores de Alagoas (CEAPA), e outras<br />
instituições regionais e federais.<br />
Posto isto, estamos nos propondo a organizar esse texto em três<br />
momentos: (1º) situar brevemente a problemátic a <strong>agrária</strong> no âmbito <strong>da</strong><br />
moderni<strong>da</strong>de, c onsiderando o pioneirismo <strong>da</strong> ec onomia polític a clássica<br />
nesta questão 3 e a problemátic a <strong>agrária</strong> no N orte e Nordeste, mas,<br />
especialmente, em Alagoas. Ain<strong>da</strong> neste item realizar um breve<br />
diagnóstic o <strong>da</strong> R eforma Agrária no Estado de Alagoas , enfatizando a<br />
problemátic a do financiamento e <strong>da</strong> assistência téc nic a; e, por último, (2)<br />
apres entar a estratégia de des envolvimento do trabalho camponês<br />
tomando c omo referencial o projeto CAFES.<br />
3 To<strong>dos</strong> sabem que foram os teóricos <strong>da</strong> eco nom ia política clássica que deram ênfase<br />
a esta problemática no capitalism o, quando rejeitaram a hipótese que concebia o<br />
trabalho realizado na indústria com o estéril, e o realizado na agricultura com o<br />
produtivo. Essa rejeição foi a condição basilar que tor nou possível o desenvolvim ento<br />
<strong>da</strong> teoria do valor trabalho. Elabora<strong>da</strong> pioneiram ente por Sm ith, aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> por<br />
Ricardo e Marx, foi, sobretudo este últim o, que sob a distinção <strong>da</strong> dupla característica<br />
do trabalho hum ano: o concreto e o abstrato, ampliou esta compreensão. Isto é,<br />
m ostrou, teoricam ente, com o as classes sociais m ais do que resultado <strong>da</strong> divisão do<br />
trabalho, com o adm itia Sm ith, são fruto <strong>da</strong>s form as de apropriação social <strong>da</strong>s<br />
riquezas produzi<strong>da</strong>s pelos seres hum anos. As classes sociais identificam -se com<br />
aquilo que elas possuem com o riqueza social para intercambiarem no m ercado<br />
capitalista.<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
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OS LIMITES DA REFORMA AGRÁRIA EM ALAGOAS<br />
Na moderni<strong>da</strong>de a proprie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> terra nunc a deixou de s er um fator<br />
ec onômic o que distingue s ócio-culturalmente as pess oas, admitamos o<br />
modelo f ordista ou flexível de produç ão industrial. As terras agricultáveis<br />
permanec em s endo um <strong>dos</strong> meios de produç ão mais importante no<br />
capitalismo. Isto é, tal meio de produç ão não perdeu, na história do<br />
desenvolvimento <strong>da</strong>s f orças produtivas <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de capitalista, a<br />
condição de contribuir para a elevaç ão <strong>da</strong>s riquezas humanas e a<br />
humanizaç ão do s er humano. Esta dimens ão <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de rural foi<br />
ressalta<strong>da</strong>, sobremaneira, pelos clássicos <strong>da</strong> Economia Polític a, em<br />
especial, os Fisiocratas.<br />
Polemizando com os fisiocratas Smith (1985 Volume I e 1983 Volume II),<br />
Ricardo (1982) e Marx (1977 e 1978), questionaram os fun<strong>da</strong>mentos <strong>da</strong><br />
teoria s ocial <strong>da</strong>queles pens adores. Para os clássicos <strong>da</strong> ec onomia<br />
polític a as riquezas não provem <strong>da</strong> terra, tampouc o <strong>da</strong> sua poss e, mas<br />
<strong>dos</strong> insumos, tecnologias e, principalmente, do trabalho s ocial nela<br />
emprega<strong>dos</strong>.<br />
A partir <strong>da</strong> crítica <strong>da</strong> ec onomia política podemos concluir que o trabalho<br />
camponês mais do que produzir riquezas ec onômic as, produz,<br />
ef etivamente, riquezas sociais e culturais. Tais riquezas é fruto do<br />
desenvolvimento do c onjunto <strong>da</strong>s forç as produtivas, que transformam a<br />
natureza e o s er humano, a um s ó tempo. Se aplic a<strong>da</strong>s à agricultura<br />
familiar as forças produtivas também s ão um potencial c apaz de garantir<br />
vi<strong>da</strong> digna ao c onjunto <strong>da</strong> s ocie<strong>da</strong>de pela aç ão do trabalho camponês<br />
(BEZERRA, 2007) 4 .<br />
O problema c oncreto que s e apres enta, no pres ente, quando s e trata <strong>da</strong><br />
polític a pública de R ef orma Agrária pratic a<strong>da</strong> nacionalmente, é que as<br />
4 BEZERRA, Ciro. Professor <strong>da</strong> Disciplina Sociologia do Trabalho . Program a de Pós-<br />
Graduação de Sociologia <strong>da</strong> UFAL e Coordenador do Grupo de Estu<strong>dos</strong> e Pesquisas<br />
Sociologia do Trabalho, Currículo e Form ação e Hum ana GEPSTUFAL. Reflexões<br />
sobre a produção de riquezas e a apropriação de terra pelos trabalhadores<br />
camponeses. Maceió, 2007.<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
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terras, des apropria<strong>da</strong>s e s ocializa<strong>da</strong>s entre os trabalhadores s em terra,<br />
têm, c ontraditoriamente, gerado o que compreendemos como c ic lo <strong>da</strong><br />
pobreza 5 . Isto é, os <strong>assentamentos</strong>, principalmente no N orte e N ordeste,<br />
segundo os próprios Movimentos Sociais e os dirigentes do INCRA, têm<br />
se c onverti<strong>dos</strong> em favelas rurais e asilos de velhos, exc luí<strong>dos</strong> <strong>da</strong><br />
assistência s ocial e públic o <strong>da</strong> bols a família.<br />
Esta situaç ão é resultado de um fato aparentemente simples: o trabalho<br />
camponês que s e realiza nos ass entamentos não tem ac esso as<br />
tecnologias agríc olas mais des envolvi<strong>da</strong>s, ou, se quis ermos, não estão<br />
ass ocia<strong>dos</strong> as forças produtivas mais amplas <strong>da</strong> agricultura f amiliar.<br />
Somado a isso a Assistência T écnica é prec ária ou inexistente. O<br />
resultado é a baixa produtivi<strong>da</strong>de do trabalho c amponês realizado nos<br />
ass entamentos. É ins ofismável o argumento que também ass ocia a baixa<br />
produtivi<strong>da</strong>de c ampesina à baixa esc olari<strong>da</strong>de.<br />
As polític as <strong>agrária</strong>s implementa<strong>da</strong>s pelos governos não esc ondem a<br />
fragili<strong>da</strong>de e não c ons eguem estancar o cicl o <strong>da</strong> pobreza. Créditos e<br />
recurs os libera<strong>dos</strong> sem orientaç ão apropria<strong>da</strong>, falta de escolari<strong>da</strong>de que<br />
5 O que compreendem os com o ciclo <strong>da</strong> pobreza é o processo pelo qual o trabalhador<br />
camponês luta pela desapropriação <strong>da</strong> terra com os Movim entos Sociais junto ao<br />
INCRA, e ao m etam orfosear -se de acampado em assentado, sem as condições<br />
apropria<strong>da</strong>s para desenvolver a agricultura fam iliar: tecnologias adequa<strong>da</strong>s, créditos,<br />
implem entos, insum os, sem entes, assistência técnica efetiva e acesso a form ação<br />
básica e continua<strong>da</strong> é impedido de gerar as condições que permitem a reprodução<br />
social do assentam ento. A racionali<strong>da</strong>de burocrática do lote, que plasm a as<br />
m entali<strong>da</strong>des <strong>dos</strong> técnicos do INCRA, <strong>dos</strong> assenta<strong>dos</strong> e até <strong>dos</strong> dirigentes <strong>dos</strong><br />
Movim entos Sociais, também tem im pedido desenvolver estratégias para desenvolver<br />
o assentam ento com o possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>quilo que se com preende com o os senti<strong>dos</strong> <strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong> hum ana (trabalho, arte e cultura). Sem essas condições o a ssentado, muitas<br />
vezes, é pressionado a vender o lote adquirido ou m esm o estabelecer condições com<br />
atravessadores que lhes impõe a perpetuação <strong>da</strong> pobreza. Neste caso, constatam os<br />
nos estu<strong>dos</strong> que estam os realizando em Alagoas, que a política pública <strong>da</strong> refo rm a<br />
<strong>agrária</strong> não tem sido implem enta<strong>da</strong> com o propõe as norm ativas que orientam as<br />
ações do INCRA e <strong>dos</strong> Movim entos Sociais <strong>da</strong> Terra. O fato m ais evidente que<br />
comprova esta afirm ação é a não realização <strong>dos</strong> projetos que são esboça<strong>dos</strong> pelos<br />
Planos de Desenvolvim ento <strong>dos</strong> Assentam entos (PDA). Isto é, aquilo que os PDA’s<br />
orientam ser realizado após sua conclusão não é im plem entado por falta de recursos.<br />
Nesse particular o financiam ento ou é pífio ou não é planejado e orientado, gerando<br />
um a m assa de camponeses endivi <strong>da</strong><strong>dos</strong>, que perdem rapi<strong>da</strong>m ente a capaci<strong>da</strong>de de<br />
crédito junto as instituições financeiras tradicionais. São essas as condições que<br />
comprom etem a gestão <strong>dos</strong> assentam entos, no que é fun<strong>da</strong>m ental: no<br />
desenvolvim ento <strong>da</strong> agricultura fam iliar em bases agroecológica s. Enquanto não for<br />
resolvido esse problem a o ciclo <strong>da</strong> pobreza se perpetuará.<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
9
permita ao agricultor vislumbrar uma vis ão de mundo para além <strong>da</strong>s<br />
necessi<strong>da</strong>des imediatas do lote, afrouxamento do pagamento <strong>da</strong>s dívi<strong>da</strong>s<br />
contraí<strong>da</strong>s para potenc ializar a produção, to<strong>dos</strong> estes aspectos têm<br />
favorecido a ac omo<strong>da</strong>ç ão e inércia do trabalho c amponês. Na maioria <strong>da</strong>s<br />
vezes os c ampones es assenta<strong>dos</strong> não c ons eguem forjar a autonomia<br />
deseja<strong>da</strong>, tampouc o alcançar a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> no campo, ficando a<br />
mercê <strong>da</strong>s polític as populistas governamentais e c ontrola<strong>da</strong>s pelos<br />
dirigentes <strong>dos</strong> Movimentos Sociais.<br />
Outro problema é a falta de mec anismos eficazes que garantam aos<br />
campones es elevarem a produtivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s suas terras e comercializaç ão<br />
<strong>dos</strong> produtos. Mas identificado tais problemas, nec essário se faz c onstruir<br />
alternativas e aç ões que potencializem a melhoria <strong>da</strong>s c ondiç ões de vi<strong>da</strong><br />
<strong>dos</strong> trabalhadores rurais 6 .<br />
Estas aç ões sinalizam, quando vistas de modo integra<strong>da</strong>s, um projeto de<br />
educ ação e f ormaç ão técnic a e profissio nal do c ampo, além de<br />
ac ompanhamento de uma política para o crédito produtivo orientado que<br />
envolva, simultaneamente, o proc esso de plantio, produção e<br />
comercializaç ão. Estas aç ões podem, s e bem articula<strong>da</strong>s, permitir as<br />
famílias campones as vislumbrarem per spectivas de permanência no<br />
campo, c om digni<strong>da</strong>de e liber<strong>da</strong>de, para além do mundo <strong>da</strong> nec essi<strong>da</strong>de.<br />
Para os ci<strong>da</strong>dãos gregos e para Marx (1984): “o ser humano só poderá<br />
contemplar o mundo <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>deira humani<strong>da</strong>de, quando<br />
superar o mundo <strong>da</strong> necess i<strong>da</strong>de”.<br />
O Estado de Alagoas nas últimas déc a<strong>da</strong>s tem se despontado c omo um<br />
<strong>dos</strong> esta<strong>dos</strong> brasileiros c om um número significativo de ass entamentos<br />
rurais 7 . De ac ordo c om <strong>da</strong><strong>dos</strong> do Instituto N acional de Colonizaç ão e<br />
6 A nosso ver, a questão <strong>agrária</strong> central <strong>dos</strong> Assentam entos não se resum e a falta de<br />
terras, a dem an<strong>da</strong> reprim i<strong>da</strong> desse m eio de produção, m as o desdobram ento que se<br />
sucede <strong>da</strong>s terras conquista<strong>da</strong>s pelos camponeses. Isto é, o camponês com terras,<br />
com o proprietário para decidir sobre o que fazer.<br />
7 Estes assentam entos pertencentes à jurisdição do INCRA ou vincula<strong>dos</strong> ao Banco <strong>da</strong><br />
Terra têm influenciado a oferta <strong>dos</strong> produtos de origem ag ropecuária em alguns<br />
municípios. Nesse sentido, o Município de Maragogi vem despontando com o um pólo<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
10
Ref orma Agrária, estes ass entamentos têm s e c onstituído em uma<br />
“expressivi<strong>da</strong>de” territorial, em dec orrência <strong>da</strong> falência de grandes<br />
usinas, a exemplo <strong>da</strong> Agris a e Peixe, bas ea<strong>da</strong>s na monocultura <strong>da</strong> c ana -<br />
de-açúcar. Verifica-s e c om ess as falências, que tendem a aumentar nos<br />
próximos anos, o quantitativo d e f amílias, expuls a do c ampo, que tem s e<br />
envolvido diretamente c om a polític a pública <strong>da</strong> R eforma Agrária. C om<br />
isso o INCRA é pressionado pelos Movimentos Sociais a dispor e liberar<br />
terras para a <strong>reforma</strong> <strong>agrária</strong>. Além <strong>da</strong> ref orma <strong>agrária</strong> a bols a família<br />
também tem c ontribuído muito para ac omo<strong>da</strong>r as tens ões sociais gera<strong>da</strong>s<br />
pelas falências <strong>dos</strong> usineiros.<br />
Neste sentido, qualquer alternativa a esta situaç ão exige previamente<br />
uma pesquis a que revele as bas es desta reali<strong>da</strong>de, mas que c ontribua<br />
também para a realizaç ão de diagnóstic os que identifiquem as<br />
potenciali<strong>da</strong>des e viabili<strong>da</strong>de ec onômic a do Assentamento N aç ão Zumbi.<br />
Este diagnóstic o s e constituirá em instrumento técnico que subsidiará o<br />
INCRA e os Movimentos Sociais <strong>da</strong> Terra, para c ons oli<strong>da</strong>r o CAFES 8 .<br />
Temos obs ervado que a produç ão <strong>dos</strong> <strong>assentamentos</strong> tem permanecido<br />
quas e estacionária na ordem de s eis tarefas (hectares); limitando -s e a<br />
atender a deman<strong>da</strong> <strong>da</strong>s Feiras Livres que oc orrem próximas aos<br />
ass entamentos. Ora, s e as Feiras c ontribuem para a subsistência do<br />
camponês, por outro lado, limitam a c omercializaç ão ao loc al. N ão<br />
permitem que os produtos <strong>da</strong> R ef orma Agrária s e expan<strong>da</strong>m e cheguem<br />
aos bairros populares de maior c onc entraç ão populacional e de maior<br />
conc entraç ão de ren<strong>da</strong>. Estes últimos s ão domina<strong>dos</strong> pelas redes de<br />
supermerc a<strong>dos</strong>, como nos municípios de Mac eió, Penedo, Arapirac a, São<br />
Miguel <strong>dos</strong> C ampos, entre outros. Limita<strong>dos</strong> as Feiras Livres os produtos<br />
de irradiação destas influências. É preciso frisar o déficit de hortaliças e legum inosas<br />
ofereci<strong>da</strong>s pela agricultura alagoana. De acordo com o INCRA/AL, ap roxim a<strong>da</strong>m ente<br />
60% desses produtos vêm de fora do Estado.<br />
8 No Sem inário prom ovido pela Secretaria de Estado e o INCRA/AL: Estratégias para<br />
Im plantação e Desenvolvim ento <strong>dos</strong> Assentam entos, de 2 a 4 de junho deste ano, o<br />
CAFES apareceu com o um projeto que se rá discutido pelos diferentes atores sociais<br />
(Governo de Estado, Governos Municipais, Movim entos Sociais, Universi<strong>da</strong>de) para<br />
romper com o ciclo <strong>da</strong> pobreza.<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
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<strong>da</strong> agricultura familiar e c ampones a enfrentam todo tipo de dificul<strong>da</strong>des<br />
para transpor as fronteiras munic ipais e estaduais, e c onquistar merc a<strong>dos</strong><br />
mais amplos.<br />
A aus ência de uma escala compatível c om a deman<strong>da</strong> <strong>dos</strong> bairros<br />
populares, a aus ência de um sistema moderno de gestão de produç ão e<br />
comercializaç ão <strong>dos</strong> produtos agríc olas, gera<strong>dos</strong> pelos Assentamentos <strong>da</strong><br />
Ref orma Agrária, impede que estes produtos façam parte <strong>da</strong>s prateleiras<br />
<strong>dos</strong> consumidores alagoanos.<br />
Há de se pens ar também na logístic a <strong>dos</strong> empreendimentos<br />
agroec ológic os: na embalagem, classificação eletrônic a, higienizaç ão e<br />
apres entaç ão <strong>dos</strong> produtos, semp re pens a<strong>dos</strong> em função <strong>da</strong>s feiras<br />
livres, onde o preç o é deveras rebaixado em relaç ão aos grandes<br />
merca<strong>dos</strong> alagoanos.<br />
O que c onstatamos até agora é que a c omercializaç ão <strong>dos</strong> produtos <strong>da</strong><br />
Ref orma Agrária tem um papel quas e marginal na composição <strong>da</strong><br />
alimentaç ão <strong>da</strong> família alagoana. Ain<strong>da</strong> não c ons eguiram propiciar<br />
qualquer possibili<strong>da</strong>de de superar o ciclo <strong>da</strong> pobreza <strong>da</strong> esmagadora<br />
maioria <strong>dos</strong> assenta<strong>dos</strong>.<br />
O atendimento à deman<strong>da</strong> de c onsumo <strong>dos</strong> bairros populares alagoanos<br />
necessita de um arranjo institucional que c oordene a comercializaç ão,<br />
higienizaç ão, embalagem c om tarja eletrônic a, classificador e c ertificação<br />
de quali<strong>da</strong>de <strong>dos</strong> produtos, tanto <strong>dos</strong> Assentamentos <strong>da</strong> Ref orma Agrária<br />
como <strong>dos</strong> Empreendimentos Ec onômic os Solidários. Um arranjo que<br />
substitua os atravess adores e garanta melhores preç os aos produtos <strong>da</strong><br />
agricultura familiar. Procurando atender a esta c onfiguraç ão tem sido<br />
proposto o CAFES. Acredita-s e que ele permitirá o aumento <strong>da</strong> produç ão<br />
de alimentos do c ampo e a c ons eqüente elevaç ão <strong>dos</strong> padrões de<br />
consumo de alimentaç ão nos bairros populares e naqueles de maior<br />
ren<strong>da</strong> per c apta, contribuindo para o des envolvimento humano e a<br />
elevaç ão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>dos</strong> assenta<strong>dos</strong> <strong>da</strong> R eforma Agrária.<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
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O CENTRO DE COMERCIALIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR -<br />
CAMPONESA E DA ECONOMIA SOLIDÁRIA 9 (CAFES-AL)<br />
O que é o CAFES? O CAFES é um des enho institucional que s e propõe a<br />
res olver o problema do abastecimento alimentar no Estado de Alagoas,<br />
integrando, a um só tempo: des envolvimento agrário e territorial;<br />
ec onomia s olidária; crédito produtivo orientado e uma singular educ ação<br />
do c ampo e <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, visando forjar uma cultura campones a e<br />
empreendedora singular.<br />
O des enho institucional acima procura mostrar que o CAFES não s e<br />
resume, simplesmente, a c omercializaç ão ou distribuiç ão de produtos <strong>da</strong><br />
agricultura f amiliar c ampones a e <strong>dos</strong> empreendimentos organiza<strong>dos</strong><br />
soli<strong>da</strong>riamente, mas integra três elementos fun<strong>da</strong>mentais para garantir a<br />
sustentabili<strong>da</strong>de do projeto: o crédito produtivo orientado, a educaç ão do<br />
campo e <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e o des en volvimento agríc ola e territorial.<br />
O que talvez seja inovador deste arranjo é o envolvimento <strong>da</strong>s<br />
comuni<strong>da</strong>des loc aliza<strong>da</strong>s nos bairros populares, através de s acolões. Os<br />
sac olões são pontos de distribuiç ão do CAFES, nos bairros populares e<br />
de maior ren<strong>da</strong> per c apta. A princípio f ortalec erá as Feiras Livres nos<br />
bairros próximos aos <strong>assentamentos</strong>, mas, simultaneamente, também em<br />
bairros com grande concentraç ão populacional no Munic ípio de Mac eió.<br />
As parc erias c om o Poder Loc al deverão expandir os s ac olões para t o<strong>dos</strong><br />
os Municípios. Podendo, inclusive, atender a outros esta<strong>dos</strong><br />
circunvizinhos ao estado de Alagoas. Outro <strong>da</strong>do importante é que os<br />
sac olões poderão s er os pequenos armazéns já instala<strong>dos</strong>, que<br />
funcionam em c asas, e queiram se c a<strong>da</strong>strar junto ao CAFES, par a<br />
distribuir os produtos <strong>da</strong> agricultura f amiliar -campones a e <strong>dos</strong><br />
empreendimentos solidários. Estas são as c aracterísticas básicas de<br />
9 O Projeto de estruturação do CAFES foi pré -selecionado entre três outros projetos<br />
para concorrer ao Prêm io Zumbi <strong>dos</strong> Palm ares no Estado de Alagoas, de<br />
Desenvolvim ento Social, de 2008, prom ovido pela TV Pajuçara.<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
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uma complexa logística que nestas pouc as páginas nos impossibilita<br />
explicitar.<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
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CONCLUSÕES PROVISÓRIAS<br />
Este artigo tem a intenç ão de revelar a experiência que está em<br />
an<strong>da</strong>mento no estado de Alagoas: o Complexo Agroecológico Nação<br />
Zumbi. Além de pontuar as c ontradições <strong>da</strong> R ef orma Agrária na<br />
moderni<strong>da</strong>de c apitalista procurou apres entar o Projeto do C entro de<br />
Comercializaç ão <strong>da</strong> Agricultura Familiar-C ampones a e <strong>da</strong> Economia<br />
Solidária (CAFES). Procuramos enf atizar as características suigeneris de<br />
uma pesquisa. Primeiro porque não é uma pesquisa unic amente<br />
ac adêmic a e, depois, porque s e atreve a propor um estudo diagnóstic o<br />
que oriente o des envolvimento humano, solidário e sustentável do maior<br />
<strong>dos</strong> <strong>assentamentos</strong> do estado de Alagoas 10 . Um projeto que tem<br />
considera quatro estratégias integra<strong>da</strong>s: (a) des envolvimento agrário e<br />
territorial, (b) ec onomia s olidária, (c) crédito produtivo ori entado e (d)<br />
educ ação do c ampo e <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Uma pesquisa que tem c omo objetivo as<br />
seguintes metas:<br />
a) Realizar pesquis a e diagnóstico visando delinear o perfil sócio -<br />
ec onômic o <strong>da</strong>s f amílias c ampones as, c ontemplando os seguintes<br />
aspectos: trajetória de vi<strong>da</strong>; f aixa-etária; perfil <strong>da</strong> f amília (ren<strong>da</strong>,<br />
gênero e raç a); ativi<strong>da</strong>de produtiva e profissional existentes;<br />
história ocupacional (classificaç ão CBO/MTE) e c ompetências<br />
laborais <strong>dos</strong> assenta<strong>dos</strong>; cultura empreendedora e tradição<br />
ass ociativa; esc olari<strong>da</strong>de; c ondições de moradia; c ondiç ões de vi<strong>da</strong><br />
nos <strong>assentamentos</strong> (ac esso a aparelhos eletrodoméstic os e<br />
equipamentos sociais: parques, praç as, salas de cinema,<br />
bibliotec as públic as etc.); situaç ão e oportuni<strong>da</strong>des para a<br />
juventude campones a; perspectivas e deman<strong>da</strong>s <strong>dos</strong> assenta<strong>dos</strong>;<br />
condições para des envolver projeto de des envolvimento sustentável<br />
e elevaç ão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>; diagnóstic o epidemiológic o;<br />
diagnóstic o de s egurança alimentar;<br />
10 Nesse sentido é um a pesquisa que integra ação e reflexão com o práxis do trabalho<br />
intelectual.<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
15
) Identificar as potenciali<strong>da</strong>des e viabili<strong>da</strong>de ec onômic a <strong>da</strong><br />
agricultura f amiliar c ampones a, a partir do estudo e anális e <strong>dos</strong><br />
seguintes aspectos: pesquis a, estudo e anális e <strong>da</strong>s condições do<br />
solo e disposição <strong>da</strong> área nos ass entamentos; pesquisa, estudo e<br />
anális e <strong>da</strong>s fontes, nascentes, disponibili<strong>da</strong>de e adequaç ão <strong>da</strong> água<br />
para irrigaç ão; estudo e anális e <strong>dos</strong> tipos de cultura, possíveis e<br />
adequa<strong>da</strong>s para plantio, de ac ordo c om as condiç ões climátic as,<br />
condições do solo, água; identificaç ão de modelos adequa<strong>dos</strong> de<br />
agroec ologia que garantam a agricultura f amiliar c ampones a de<br />
subsistência e produç ão de exc edente para c omercializaç ão junto<br />
ao CAFES;<br />
c) Cons oli<strong>da</strong>r o C entro de C omercializaç ão <strong>da</strong> Agricultura Familiar -<br />
Campones a e <strong>da</strong> Ec onomia Solidária (CAFES). Através de:<br />
Estudo e levantamento <strong>dos</strong> custos relaciona<strong>dos</strong> à estruturação<br />
do CAFES, tais como: arranjo institucional e modelo de gestão,<br />
infra-estrutura (orç amento de G alpão para armazenamento,<br />
empac otamento e c omercializaç ão, Terreno, Veículos),<br />
equipamentos, ac essórios para funcionamento e promoção do<br />
desenvolvimento agrário, ec onomia solidária e educ ação do<br />
campo;<br />
Des envolver percurso formativo para c apacitar os coordenadores<br />
<strong>dos</strong> ass entamentos. Ess e percurso s erá distribuído em módulos<br />
que abor<strong>da</strong>rá os fun<strong>da</strong>mentos e princípios <strong>da</strong> ec onomia s olidária,<br />
<strong>da</strong> educ aç ão do c ampo, do des envolvimento agrário, os modelos<br />
de empreendimentos agroec ológicos e populares (ass ociaç ões,<br />
cooperativas etc.), gestão, planejamento, viabili<strong>da</strong>de ec onômic a,<br />
orç amento e c ontabili<strong>da</strong>de s ocial;<br />
d) Publicizaç ão de 1 (um) exemplar c om tiragem de 3000 exemplares<br />
<strong>da</strong> pesquis a e diagnóstic o <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong>des e viabili<strong>da</strong>de<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
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ec onômic a do Complexo Agroecológico Zumbi <strong>dos</strong> Palmares ,<br />
contendo os determinantes históric os, ec onômic os, geográficos e<br />
culturais.<br />
Ponencia presenta<strong>da</strong> al VIII Congreso Latinoam ericano de Sociología Rural,<br />
Proto de Galinhas, 2010.<br />
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