13.04.2013 Views

ANA TERESA CIRIGLIANO VILLEL - Semesp

ANA TERESA CIRIGLIANO VILLEL - Semesp

ANA TERESA CIRIGLIANO VILLEL - Semesp

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Vários planos de remodelação urbana foram executados a partir de então visando<br />

preparar, sobretudo, cidades que concentravam um grande número de pessoas -<br />

como Paris, Viena, Barcelona, Nova Iorque, São Paulo, Rio de Janeiro – para a nova<br />

era industrial (BENÉVOLO, 2001).<br />

O ferro, então utilizado na construção de ferrovias, locomotivas, navios, maquinarias,<br />

sistemas de instalações sanitárias e de gás, passou a ser empregado também na<br />

construção civil, começando pela introdução de elementos construtivos préfabricados<br />

produzidos na Europa e exportados para todo o mundo, provocando uma<br />

revolução estética na arquitetura. Após 1889, definiu-se um novo sistema de<br />

edificação com a utilização do concreto armado, que invadiu as edificações comuns<br />

aumentando a força de sustentação e possibilitando uma modelação plástica do<br />

cimento. Com isso, houve um rápido processo de industrialização da arquitetura e foi<br />

possível a rápida construção da infra-estrutura da cidade.<br />

Em meio a tantas inovações técnicas implementadas pelos engenheiros, os<br />

arquitetos insistiam no decorativismo de fachadas e nas composições de estilos<br />

históricos, num ecletismo sem precedentes. A arte também entrou em crise, tanto<br />

pelas discussões sobre o uso dos materiais novos, como sobre as relações com a<br />

ciência.<br />

ARGAN (1995) explica que durante o plano de remodelação de Paris, os arquitetos<br />

desempenharam um pequeno papel nas decisões e também ocasionaram<br />

discussões sobre os estilos. Essas discussões acabaram por apressar a crise da<br />

cultura acadêmica e a polêmica entre neoclassicismo e neogótico teve seu ponto<br />

culminante em 1846. Em 1863, Viollet le Duc e os racionalistas defenderam a<br />

desvinculação do ensino com Academia, em uma luta polêmica, defendendo o<br />

ensino livre e propondo uma volta aos ideais clássicos incluindo no programa o<br />

estudo da Idade Média, da Antigüidade e do Renascimento. Justificava que os<br />

jovens arquitetos eram exigidos a projetar sem conhecimento dos materiais e sem a<br />

instrução sobre os modos de construir adotados em todas as épocas. Contrapondo o<br />

gótico ao classicismo, ele propôs o uso apropriado dos materiais e a obediência às<br />

necessidades funcionais, bem como o uso do ferro com suas características<br />

peculiares e não como substituto dos materiais tradicionais.<br />

A Academia defendia a existência da categoria dos arquitetos com a habitual<br />

didática tradicional, porém a necessidade de se estudar estilos estava sendo muito<br />

criticada, eles eram considerados “hábitos contingentes”. Os pontos que realmente<br />

importavam eram as discussões sobre estilos, decorativismo e historicismo. Não<br />

cabia ao arquiteto essas funções medíocres a que estavam sendo subestimados<br />

pela Academia. Contudo, o ecletismo tradicional sobreviveu por muitas décadas,<br />

ocupando contudo posições sempre mais retrógradas.<br />

No Brasil, o neoclássico havia sido introduzido no país em 1816, com a Missão<br />

Artística Francesa no Rio de Janeiro, seguindo-se para uma série de alterações na<br />

fachada das casas durante o século XIX, quando então passaram e coexistir os<br />

diversos estilos (como colonial e neoclássico). Soluções novas vindas do exterior<br />

não chegaram a alterar as cidades estruturalmente, porém a aparência sofreu<br />

profundas transformações, com o uso de ornamentos pré-fabricados.<br />

Por volta de 1900, o panorama da arquitetura no Brasil apresentava edifícios sem<br />

originalidade e medíocres e alguns não passavam de meras cópias da arquitetura<br />

que estava sendo construída na Europa, como reproduções de palácios florentinos e<br />

chalés suíços em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo e, em menor grau, nas<br />

demais cidades.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!