Revestimentos de paredes - Escola Superior de Tecnologia de Tomar
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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL<br />
PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
______________________________________________________________________________________________<br />
2. REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES<br />
2.1 INTRODUÇÃO<br />
Os revestimentos para paramentos exteriores <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem proteger o tosco da pare<strong>de</strong> das<br />
acções dos diversos agentes agressivos, resistindo eles próprios a esses agentes, contribuir para<br />
a estanquida<strong>de</strong> à água da pare<strong>de</strong>, conferir à pare<strong>de</strong> características aceitáveis <strong>de</strong> planeza,<br />
verticalida<strong>de</strong> e regularida<strong>de</strong> superficial e proporcionar à pare<strong>de</strong> ao efeito <strong>de</strong>corativo pretendido,<br />
mantendo-se limpos ou pelo menos tornem fácil a sua limpeza.<br />
Para isso <strong>de</strong>verão satisfazer as exigências funcionais relativas a revestimentos <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s.<br />
As exigências funcionais dos revestimentos <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> são indissociáveis das exigências<br />
funcionais das pare<strong>de</strong>s, pois as funções atribuíveis ao conjunto tosco da pare<strong>de</strong>-revestimento<br />
po<strong>de</strong>m ser exercidas com maior ou menor contributo <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>sses componentes.<br />
Há, no entanto, funções que competem em exclusivo, ou quase, a apenas um <strong>de</strong>sses<br />
componentes. É o caso, por exemplo, das exigências <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> resistência estrutural, <strong>de</strong><br />
conforto higrométrico ou <strong>de</strong> conforto acústico, cuja satisfação em situações correntes competirá<br />
praticamente em exclusivo ao tosco das pare<strong>de</strong>s. Por outro lado, a satisfação das exigências <strong>de</strong><br />
segurança no contacto, <strong>de</strong> aspecto, <strong>de</strong> regularida<strong>de</strong> superficial, <strong>de</strong> conforto visual, <strong>de</strong> conforto<br />
táctil é, no caso geral, <strong>de</strong> exclusiva responsabilida<strong>de</strong> dos revestimentos <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s.<br />
É no entanto, o conjunto tosco da pare<strong>de</strong>-revestimento, que <strong>de</strong>verá satisfazer as exigências <strong>de</strong><br />
segurança contra riscos <strong>de</strong> incêndio, <strong>de</strong> estanquida<strong>de</strong> à água, <strong>de</strong> resistência aos choques, <strong>de</strong><br />
resistência à água, <strong>de</strong> durabilida<strong>de</strong>, etc.<br />
2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS<br />
EXTERIORES DE PAREDES<br />
2.2.1 REVESTIMENTOS DE ESTANQUIDADE<br />
Um revestimento diz-se <strong>de</strong> estanquida<strong>de</strong> quando é capaz <strong>de</strong> garantir praticamente por si só a<br />
estanquida<strong>de</strong> à água exigível em geral ao conjunto tosco da pare<strong>de</strong>-revestimento. Estes<br />
revestimentos <strong>de</strong>vem manter as suas características <strong>de</strong> estanquida<strong>de</strong> mesmo no caso <strong>de</strong><br />
ocorrência <strong>de</strong> fissuração do suporte. São os seguintes os revestimentos mais correntes <strong>de</strong>ste<br />
tipo: revestimentos por elementos <strong>de</strong>scontínuos (<strong>de</strong> fixação directa ao suporte ou<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes), revestimentos <strong>de</strong> ligantes<br />
hidráulicos armados e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e revestimentos <strong>de</strong> ligantes sintéticos armados com re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
fibra <strong>de</strong> vidro.<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 1/42
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL<br />
PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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2.2.1.1 <strong>Revestimentos</strong> por elementos <strong>de</strong>scontínuos “bardages”<br />
Estes revestimentos são executados a partir <strong>de</strong> elementos (placas, réguas ou ladrilhos)<br />
préfabricados <strong>de</strong> fibrocimento, betão, metal, plástico, ma<strong>de</strong>ira, pedra natural ou artificial,<br />
materiais cerâmicos, etc., apresentam pequena espessura e têm forma e dimensões faciais<br />
diversas.<br />
Os revestimentos por elementos <strong>de</strong>scontínuos <strong>de</strong> pedra natural, têm uma tecnologia <strong>de</strong> execução<br />
<strong>de</strong> certo modo muito específica e já muito consagrada.<br />
Estes elementos <strong>de</strong> revestimento são fixados mecanicamente à pare<strong>de</strong>, ou directamente – caso<br />
em que se tem revestimentos por elementos <strong>de</strong>scontínuos <strong>de</strong> fixação directa ao suporte – ou,<br />
muito frequentemente, por intermédio <strong>de</strong> uma estrutura (ripado, engradado) <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ou<br />
metálica, que se esten<strong>de</strong> ao longo <strong>de</strong> toda a pare<strong>de</strong>, ou <strong>de</strong> peças metálicas <strong>de</strong> reduzidas<br />
dimensões para fixação pontual – revestimentos por elementos <strong>de</strong>scontínuos “in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes”<br />
do suporte.<br />
Estes dois processos <strong>de</strong> fixação indirecta dão origem à formação <strong>de</strong> uma caixa-<strong>de</strong>-ar entre o<br />
revestimento e a pare<strong>de</strong> on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser inserido um isolante térmico<br />
No que se refere às dimensões faciais, existem as seguintes tipologias <strong>de</strong> elementos:<br />
- elementos <strong>de</strong> reduzidas dimensões faciais (soletos ou escamas);<br />
- elementos em forma <strong>de</strong> réguas ou lâminas;<br />
- elementos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões faciais (placas)<br />
A maior dimensão dos elementos consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> reduzidas dimensões não ultrapassa 1 metro<br />
e a relação entre as duas dimensões faciais é inferior a três. Estes elementos são em geral <strong>de</strong><br />
barro vermelho, ma<strong>de</strong>ira, fibrocimento, betão e pedra natural ou artificial.<br />
A menor dimensão dos elementos em forma <strong>de</strong> lâminas é quase sempre inferior a 0,30 m. Há<br />
lâminas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, aço, alumínio ou plástico.<br />
A menor dimensão facial dos elementos consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões é superior a<br />
1metro. É o que acontece com as placas <strong>de</strong> fibrocimento <strong>de</strong> plástico e metálicas.<br />
A durabilida<strong>de</strong> dos revestimentos por elementos <strong>de</strong>scontínuos <strong>de</strong>ve ser comparável à da própria<br />
pare<strong>de</strong>; essa durabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser atingida não só pelos elementos <strong>de</strong> revestimento, mas<br />
também pelas fixações. Estas <strong>de</strong>vem ser bem tratadas contra a corrosão ou qualquer outro<br />
processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração pois, por não serem acessíveis, não po<strong>de</strong>m ser submetidas a<br />
manutenção periódica.<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 2/42
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PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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2.2.1.2 <strong>Revestimentos</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes por elementos <strong>de</strong>scontínuos <strong>de</strong> placas <strong>de</strong> pedras<br />
naturais<br />
Um revestimento em placas <strong>de</strong> pedra natural é composto por três elementos:<br />
- um revestimento em placas <strong>de</strong> pedra, com várias espessuras e dimensões possíveis;<br />
- um sistema <strong>de</strong> fixação <strong>de</strong>sse revestimento ao elemento resistente que é a pare<strong>de</strong>;<br />
- uma camada <strong>de</strong> transição entre o revestimento e a pare<strong>de</strong> portante, po<strong>de</strong>ndo essa<br />
camada ser unicamente constituída por uma lâmina <strong>de</strong> ar, ou então por elementos <strong>de</strong><br />
isolamento ou <strong>de</strong> impermeabilização colocados entre as placas <strong>de</strong> pedra e a pare<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> suporte<br />
As placas <strong>de</strong> pedra são geralmente <strong>de</strong> forma rectangular, embora possam apresentar outras<br />
formas, como por exemplo, os soletos <strong>de</strong> ardósia, tradicionais na nossa arquitectura autóctone,<br />
em forma <strong>de</strong> escama.<br />
Figura 1 – Soletos <strong>de</strong> ardósia - elementos <strong>de</strong> reduzidas dimensões faciais<br />
A escolha <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> pedra <strong>de</strong>ve ser condicionada, para além das razões estéticas,<br />
pelo estudo da localização do revestimento no imóvel e da situação do imóvel no contexto<br />
geográfico, e pela <strong>de</strong>terminação das características físicas da rocha e sua resposta às diversas<br />
solicitações.<br />
Relativamente à situação do revestimento no imóvel <strong>de</strong>verá ser tido em conta, entre outros<br />
factores, os seguintes condicionantes: inclinação do revestimento relativamente à vertical,<br />
existência ou não <strong>de</strong> saliências próximas que intensifiquem escorrências, localização do<br />
revestimento em zonas especialmente sujeitas a choques, ou a acções horizontais, como<br />
embasamentos, cunhais, orientação e exposição solar, exposição a ventos fortes dominantes, etc.<br />
Pedras muito porosas são <strong>de</strong>saconselhadas em zonas em que facilmente se acumulem lixos e<br />
poeiras, pedras muito frágeis são <strong>de</strong>saconselhadas em locais sujeitos facilmente a choques.<br />
Em referência à localização do imóvel no contexto geográfico <strong>de</strong>ve-se aten<strong>de</strong>r ao seguinte:<br />
situação ou não em envolvente fortemente urbana (entenda-se poluída); clima dominante,<br />
temperatura, pluviosida<strong>de</strong>, regime <strong>de</strong> ventos, regimes <strong>de</strong> gelo e <strong>de</strong>gelo; proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
elementos fortemente poluidores.<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 3/42
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PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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As características das pedras que mais facilmente e fortemente condicionaram a sua<br />
durabilida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> envelhecimento são a capilarida<strong>de</strong>, a resistência ao gelo e a sua<br />
resistência mecânica.<br />
As pedras utilizadas usualmente em revestimentos exteriores são fundamentalmente os granitos,<br />
os mármores, os calcários, os xistos e os basaltos.<br />
O acabamento superficial das placas <strong>de</strong> pedra po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> diversos tipos, consoante a natureza<br />
da pedra, a utilização futura e necessariamente consi<strong>de</strong>rações estéticas. Assim po<strong>de</strong>remos ter<br />
pedras com acabamento bruto, obtido pela fendilhação da rocha, acabamento serrado, obtido<br />
pelo corte da pedra, ou com acabamentos tratados, como o amaciado, o polido, o bujardado ou o<br />
flamejado.<br />
2.2.2. ASPECTOS A CONSIDERAR NA APLICAÇÃO DE UM REVESTIMENTO DE<br />
PLACAS DE PEDRA NATURAL<br />
2.2.2.1 Escolha do tipo <strong>de</strong> revestimento<br />
Os revestimentos em placas <strong>de</strong> pedra natural po<strong>de</strong>m dividir-se em dois tipos principais:<br />
revestimentos auto-portantes e revestimentos acoplados a um suporte resistente e portante,<br />
também <strong>de</strong>signados por não resistentes. Estes dois tipos tem características <strong>de</strong> funcionamento<br />
diversas e condicionantes diferentes.<br />
Um revestimento <strong>de</strong> placas <strong>de</strong> pedra auto-portante insere-se no âmbito das pare<strong>de</strong>s duplas, ou<br />
triplas, isto é, funciona como um elemento resistente, com alguma espessura, no mínimo <strong>de</strong> 7,5<br />
cm, capaz <strong>de</strong> suportar o seu peso próprio e <strong>de</strong>mais acções verticais, por encosto topo a topo, e<br />
que <strong>de</strong>verá ser solidarizado ao conjunto da pare<strong>de</strong> por grampos, ou gatos, para auxílio na<br />
resistência às acções horizontais, à encurvadura e ao movimento <strong>de</strong>terminado, por exemplo,<br />
pelas variações térmicas. Permitem facilmente a inclusão <strong>de</strong> uma caixa <strong>de</strong> ar ventilada e a<br />
colocação <strong>de</strong> isolamentos térmicos com alguma espessura.<br />
Os revestimentos não resistentes po<strong>de</strong>rão ser fundamentalmente <strong>de</strong> dois tipos:<br />
- <strong>de</strong> fixação directa, quando o elemento que faz a solidarização do revestimento ao<br />
suporte é continuo e <strong>de</strong> espessura diminuta, quer seja por colagem (com cola ou<br />
argamassa cola), ou por selagem (pela utilização <strong>de</strong> uma argamassa <strong>de</strong> cal<br />
hidráulica);<br />
- <strong>de</strong> fixação indirecta, quando a solidarização é garantida por elementos pontuais, <strong>de</strong><br />
quantida<strong>de</strong> variável por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> revestimento, do tipo grampo, agrafo ou gato.<br />
Um revestimento <strong>de</strong> placas acoplado a um suporte por meio <strong>de</strong> fixações é, por exemplo,<br />
fortemente condicionado pelo peso próprio do mesmo, função necessariamente da espessura da<br />
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pedra, e pela distância ao ponto <strong>de</strong> suporte, pelo que se tenta, no compromisso possível entre<br />
efeito estético, resistência à flexão e ao choque, economia, conforto e segurança do conjunto,<br />
conseguir a menor espessura, quer da pedra, quer da camada intermédia.<br />
2.2.2.2Escolha do sistema <strong>de</strong> suporte<br />
Determinante da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um revestimento acoplado a um suporte é a escolha do sistema <strong>de</strong><br />
suporte do mesmo.<br />
O sistema <strong>de</strong> suporte, tal com a <strong>de</strong>signação indica, tem por função suportar o peso do<br />
revestimento, e <strong>de</strong> outros elementos a ele anexos como sub-camadas isolantes, isto é resistir às<br />
forças verticais, mas também evitar o <strong>de</strong>slocamento e o <strong>de</strong>rrube sobre o efeito <strong>de</strong> acções<br />
horizontais, como por exemplo o vento. Funciona ainda como um amortecedor, absorvendo as<br />
<strong>de</strong>formações diferenciais entre suporte e revestimento, reduzindo os esforços sobre o<br />
revestimento, geralmente mais frágil e mais sujeito a <strong>de</strong>teriorações que o suporte.<br />
A escolha <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado sistema <strong>de</strong> fixação do revestimento em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outro pren<strong>de</strong>-se<br />
com diversos factores <strong>de</strong>signadamente a natureza do suporte, isto é, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
solidarização do sistema <strong>de</strong> fixação, quer por chumbadouro, fixação mecânica, colagem, etc. e o<br />
comportamento físico do suporte após a colocação do revestimento, variações dimensionais<br />
relacionadas, por exemplo, com retracção <strong>de</strong> presa, variação térmica, assentamentos e<br />
cedências.<br />
Pren<strong>de</strong>-se ainda com a eventual presença <strong>de</strong> sub-camada <strong>de</strong> isolamento ou impermeabilização,<br />
com a sua espessura, isto é, com a distância entre o limite do suporte e plano axial das placas, e<br />
com os esforços induzidos pelo peso próprio do revestimento, bem como variações<br />
dimensionais, sobre o suporte. A natureza das placas <strong>de</strong> revestimento também condiciona a<br />
escolha da fixação, nomeadamente o peso próprio das placas, suas características geométricas e<br />
possíveis variações dimensionais.<br />
Outro factor a consi<strong>de</strong>rar na escolha do sistema <strong>de</strong> fixação é a situação do revestimento em<br />
questão no total da obra, e a existência <strong>de</strong> zonas singulares, isto é, zonas especialmente<br />
solicitadas e expostas, como por exemplo embasamentos, bordaduras, cunhais, elementos<br />
estruturais, pilares, vigas e topos <strong>de</strong> lajes.<br />
O dimensionamento <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> fixação <strong>de</strong>veria ser, sempre que possível, baseado em<br />
ensaios e verificado por cálculo.<br />
As fixações po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> cobre, latão ou aço inox, isto é, em materiais não oxidáveis para uma<br />
maior longevida<strong>de</strong> do conjunto.<br />
2.2.2.3 Condições e limites <strong>de</strong> aplicação<br />
Como foi dito atrás, a utilização <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> fixação é <strong>de</strong>terminada pelas<br />
características do suporte e pela existência ou não <strong>de</strong> sub-camada isolante. O D.T.U. 55.2<br />
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estabelece um quadro <strong>de</strong> compatibilida<strong>de</strong>s entre diversos tipos <strong>de</strong> suportes, e <strong>de</strong> fixações, com e<br />
sem sub-camada isolante (Quadro 1).<br />
Quadro 1 – Compatibilida<strong>de</strong> entre suportes e processos <strong>de</strong> fixação <strong>de</strong> revestimentos <strong>de</strong> pedra<br />
Suporte<br />
Betão corrente<br />
Betão <strong>de</strong> agregados leves<br />
Tijolos<br />
Blocos <strong>de</strong> betão <strong>de</strong><br />
agregados correntes ou<br />
leves<br />
Blocos <strong>de</strong> betão celular<br />
autoclavado<br />
Pedra natural<br />
Processo <strong>de</strong> Fixação<br />
Placas não-resistentes<br />
Agrafos com pontos <strong>de</strong><br />
argamassa<br />
Gatos<br />
Chumbados Fixados Chumbados Fixados<br />
mec.<br />
mec.<br />
SIM<br />
SIM<br />
( 3 )<br />
( 3 )<br />
não<br />
SIM<br />
SIM<br />
( 2 )<br />
não<br />
não<br />
não<br />
não<br />
Estrutura<br />
intermédia<br />
( 1 )<br />
Placas<br />
resistentes<br />
( 1 ) – A estabilida<strong>de</strong> da ligação da estrutura intermédia ao suporte <strong>de</strong>ve ser inequivocamente<br />
assegurada.<br />
( 2 ) – Processo <strong>de</strong> fixação admissível se a resistência característica do betão aos 28 dias <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />
for ≥ 15 MPa<br />
( 3 ) - Processo <strong>de</strong> fixação admissível apenas em pare<strong>de</strong>s não resistentes, até um máximo <strong>de</strong> 6 m<br />
<strong>de</strong> altura do paramento e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os agrafos ou gatos sejam chumbados com argamassa <strong>de</strong><br />
cimento, numa profundida<strong>de</strong> mínima <strong>de</strong> duas fiadas <strong>de</strong> furos.<br />
( 4 ) - Processo <strong>de</strong> fixação admissível em pare<strong>de</strong>s resistentes ou não resistentes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os<br />
gatos <strong>de</strong> posicionamento se insiram em juntas horizontais da alvenaria.<br />
( 5 ) - Processo <strong>de</strong> fixação admissível apenas no caso das juntas entre placas <strong>de</strong> revestimento<br />
serem <strong>de</strong>ixadas abertas ou, então, preenchidas com material resiliente.<br />
Estabelece ainda condições limites para a utilização <strong>de</strong> fixação por agrafos e pontos <strong>de</strong><br />
argamassa, <strong>de</strong>signadamente no que refere à altura do edifício, (edifícios <strong>de</strong> altura não superior a<br />
28 metros), às dimensões da placa, (placas com um máximo <strong>de</strong> 1 m 2 <strong>de</strong> área em que a maior<br />
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SIM<br />
SIM<br />
( 3 )<br />
( 3 )<br />
( 5 )<br />
SIM<br />
SIM<br />
( 2 )<br />
não<br />
não<br />
não<br />
não<br />
SIM<br />
SIM<br />
SIM<br />
SIM<br />
SIM<br />
SIM<br />
SIM<br />
SIM<br />
( 4 )<br />
( 4 )<br />
SIM<br />
SIM
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PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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dimensão não po<strong>de</strong>rá exce<strong>de</strong>r o 1,40 m) e ao afastamento das placas ao suporte ( distância entre<br />
o tardoz da placa e o suporte compreendida entre 20 mm e 50 mm). Estas restrições são ainda<br />
aplicáveis ao sistema <strong>de</strong> fixação por gatos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o conjunto das placas funcione <strong>de</strong> forma<br />
única, quer pelo emprego <strong>de</strong> materiais não <strong>de</strong>formáveis nas juntas das placas, quer pela<br />
utilização <strong>de</strong> gatos rígidos ou colocação <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> argamassa conjuntamente com os gatos.<br />
2.2.2.4 Sistemas <strong>de</strong> suporte<br />
Os sistemas <strong>de</strong> fixação são fundamentalmente os seguintes:<br />
- fixação por agrafos e pontos <strong>de</strong> argamassa, <strong>de</strong> fácil execução mas com um<br />
problema, inviabiliza a colocação <strong>de</strong> um isolamento térmico contínuo entre o<br />
suporte e o revestimento.<br />
- fixação efectuada por gatos. Este sistema já possibilita a colocação <strong>de</strong> um<br />
isolamento térmico, sendo contudo <strong>de</strong> execução um pouco mais difícil. A fixação<br />
po<strong>de</strong> ser obtida por chumbagem dos gatos, ou por fixação mecânica.<br />
- fixação a uma estrutura intermédia, metálica ou <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. Este sistema terá<br />
uma execução mais simplificada do que qualquer um dos anteriores, mas com um<br />
gran<strong>de</strong> problema, o custo elevado.<br />
Figura 2 – Agrafos aplicados em topos verticais das placas <strong>de</strong> pedra e chumbados com<br />
argamassa na pare<strong>de</strong><br />
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Figura 3 – Agrafagem pelo tardoz das placas<br />
Figura 4 – Algumas configurações <strong>de</strong> agrafos<br />
Figura 5 – Regras <strong>de</strong> fixação <strong>de</strong> agrafos em chumbadouros <strong>de</strong> argamassa<br />
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Figura 6 – Regras <strong>de</strong> inserção dos agrafos nas placas<br />
Figura 7 – Algumas configurações <strong>de</strong> gatos<br />
Nos sistemas <strong>de</strong> fixação directa ao suporte são usualmente utilizada 4 fixações por placa, duas<br />
fixações <strong>de</strong> suspensão e duas fixações <strong>de</strong> posicionamento.<br />
No topo horizontal inferior são colocadas as fixações <strong>de</strong> suspensão, e nas zonas superiores dos<br />
topos laterais são aplicadas as fixações <strong>de</strong> posicionamento.<br />
Quando se utilizam grampos ou gatos com fixação mecânica ao suporte, as cavilhas <strong>de</strong>vem ser o<br />
mesmo material que os gatos ou agrafos, para evitar a corrosão.<br />
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Figura 8 - Esquemas possíveis <strong>de</strong> funcionamento dos gatos<br />
Figura 9 – Gatos visíveis ou invisíveis do paramento interior<br />
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Figura 10 – Pormenor da colmatagem do estilete do gato nos furos <strong>de</strong> fixação das placas<br />
Dimensionamento <strong>de</strong> agrafos<br />
• 4 mm para placas <strong>de</strong> 20 mm <strong>de</strong> espessura<br />
LEGENDA<br />
• 5 mm para placas com espessura compreendida entre 30 e 40 mm<br />
• 6 mm para placas <strong>de</strong> espessura superior a 60 mm<br />
A - Fixações <strong>de</strong> Posicionamento<br />
B - Fixações <strong>de</strong> Suspensão<br />
a - ¼ c a 1/5 c<br />
b - ¼ d a 1/5 d<br />
Figura 11 – Localização dos elementos <strong>de</strong> fixação<br />
Figura 12 – Estrutura intermédia metálica utilizada em pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> betão<br />
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2.2.2.5 Escolha da sub-camada <strong>de</strong> isolamento térmico<br />
A sub-camada <strong>de</strong> isolamento térmico, que po<strong>de</strong>rá ser colocada entre o suporte e o revestimento,<br />
para a melhoria da performance térmica do conjunto, <strong>de</strong>verá ser constituída por painéis préfabricados,<br />
rígidos ou semi-rígidos, colocados <strong>de</strong> encontro ao suporte, e <strong>de</strong> forma a garantir uma<br />
lamina <strong>de</strong> ar, livre, <strong>de</strong> no mínimo 20 cm, para garantir efectivamente a ventilação. Não é<br />
admissível a colocação <strong>de</strong> isolamento térmico juntamente com a utilização <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong><br />
fixação por agrafos e pontos <strong>de</strong> argamassa.<br />
Devem ainda ser tomadas outras precauções, quer na escolha do isolamento térmico, quer na sua<br />
colocação, para garantir a qualida<strong>de</strong> do conjunto.<br />
A ventilação da lâmina <strong>de</strong> ar <strong>de</strong>ve ser garantida por aberturas, colocadas no topo e na base do<br />
revestimento, com uma secção mínima útil <strong>de</strong> 100 cm 2 por metro linear <strong>de</strong> revestimento.<br />
O painéis isolantes, quando submetidos a ciclos <strong>de</strong> humidificação e secagem, <strong>de</strong>vem readquirir<br />
as suas características rapidamente, sendo sempre preferível um revestimento que não altere o<br />
seu comportamento pela presença da água.<br />
Deverá ser assegurada a compatibilida<strong>de</strong> físico-química entre o material escolhido para subcamada<br />
isolante e os materiais em contacto directo com o mesmo, nomeadamente os elementos<br />
do sistema <strong>de</strong> fixação e o acabamento do suporte.<br />
A escolha do material isolante não <strong>de</strong>verá em nenhum caso representar um risco acrescido face<br />
à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incêndio.<br />
2.2.2.6 Características dimensionais<br />
As características dimensionais quer das placas, quer dos agrafos são condicionadas por<br />
diversos factores, entre eles, a solicitação a que o revestimento está sujeito e as características<br />
da rocha.<br />
- Espessura<br />
A espessura da placa é <strong>de</strong>terminada pelas características da rocha, pelas dimensões<br />
planimétricas da placa, pelo modo <strong>de</strong> colocação, pelo tipo <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> suporte, e<br />
necessariamente pelas solicitações a que está sujeita.<br />
Deverá recorrer-se a ensaios <strong>de</strong> comportamento para a <strong>de</strong>terminação das espessuras, quer em<br />
referência à resistência aos agrafos, quer à flexão; contudo as espessuras nunca <strong>de</strong>verão ser<br />
inferiores aos seguintes valores:<br />
- 27 mm, no caso geral;<br />
- 20 mm, no caso em que as pare<strong>de</strong>s revestidas estejam divididas em troços <strong>de</strong> 6 m <strong>de</strong><br />
altura máxima, contados a partir <strong>de</strong> um nível base on<strong>de</strong> seja possível a circulação ao<br />
lado revestimento, com uma largura mínima <strong>de</strong> passagem <strong>de</strong> 0.60 m.<br />
- 75 mm, para os revestimentos auto-portantes<br />
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- Dimensões planimétricas<br />
As placas correntemente usadas no revestimento <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s são <strong>de</strong> forma rectangular, com uma<br />
área média <strong>de</strong> 0,30 m 2 , isto é, a colocação <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3 placas por m 2 <strong>de</strong> superfície <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>. A<br />
relação entre as duas dimensões não <strong>de</strong>verá exce<strong>de</strong>r uma proporção <strong>de</strong> 1 para 3 .<br />
2.2.2.7 Materiais dos agrafos<br />
Os agrafos não <strong>de</strong>verão reagir nem com as argamassas, nem com o ambiente atmosférico pelo<br />
que <strong>de</strong>verão ser executados num dos materiais seguintes:<br />
- Cobre, com ¼ <strong>de</strong> dureza;<br />
- Latão ( liga cobre-zinco) 60/40<br />
- Aço inoxidável<br />
- Bronze<br />
Dimensão e forma dos agrafos<br />
O dimensionamento objectivo dos agrafos quando colocados com pontos <strong>de</strong> argamassa é<br />
praticamente impossível pois o comportamento dos pontos <strong>de</strong> argamassa não é facilmente<br />
<strong>de</strong>terminável, nem a sua influencia no funcionamento dos agrafos. Existem contudo normas<br />
empíricas que <strong>de</strong>verão ser seguidas:<br />
- um agrafo nunca <strong>de</strong>verá ter espessura inferior a 3 mm em zona protegida, nem a 4<br />
mm em zona exposta;<br />
- para placas <strong>de</strong> pedra <strong>de</strong> 20 mm <strong>de</strong> espessura utilizar agrafos com espessura mínima<br />
<strong>de</strong> 4 mm;<br />
- para placas <strong>de</strong> pedra com espessuras entre os 30 e 40 mm utilizar agrafos com<br />
espessura mínima <strong>de</strong> 5 mm;<br />
- utilizar agrafos com 6 mm <strong>de</strong> espessura para espessuras superiores das placas;<br />
- o agrafo <strong>de</strong>ve ter comprimento suficiente para ficar preso no suporte e não<br />
unicamente no ponto <strong>de</strong> argamassa.<br />
2.2.2.8 Pontos <strong>de</strong> argamassa<br />
Os pontos <strong>de</strong> argamassa <strong>de</strong>verão encher completamente os orifícios executados para a<br />
chumbagem dos agrafos, e <strong>de</strong>verão extravasar estes, enchendo o espaço entre o suporte e a placa<br />
num diâmetro médio <strong>de</strong> 10 cm.<br />
Deverá ser sempre que possível evitada a colocação <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> argamassa intermédios, sem<br />
agrafos, no meio das placas. São aceitáveis em placas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões ou em zonas<br />
especialmente sujeitas ao choque, como é o caso dos embasamentos.<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 13/42
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL<br />
PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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Contudo, nunca <strong>de</strong>verão ser impedimento à fácil recondução ao exterior da agua infiltrada pelas<br />
juntas das placas, pelo que os "pontos" <strong>de</strong> argamassa contínuos não são aceitáveis.<br />
Deverão ser tomados os cuidados necessários para que não ocorram escorrências <strong>de</strong> argamassas<br />
para o interior da lâmina <strong>de</strong> ar.<br />
2.2.2.9 Fixações<br />
Na fixação das placas <strong>de</strong>verá ser atendido o seguinte:<br />
Uma placa nunca <strong>de</strong>verá ser colocada sobre dois suportes diferentes, isto é, ser submetida a<br />
esforços pelo comportamento diferencial dos dois suportes:<br />
As fixações po<strong>de</strong>m ser por chumbadouro ou por sistema <strong>de</strong> fixação mecânica.<br />
Os orifícios para o chumbadouro dos agrafos <strong>de</strong>verão ser executados em condições tais que<br />
garantam a a<strong>de</strong>rência e a solidarização entre o suporte e os pontos <strong>de</strong> argamassa. Deverá ser tida<br />
em atenção a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da armadura para que a localização e a execução do orifício não<br />
impliquem diminuição da capacida<strong>de</strong> resistente do suporte.<br />
No caso da fixação mecânica os materiais das cavilhas e dos agrafos <strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong> natureza<br />
semelhante, não po<strong>de</strong>ndo existir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrosão por electrólise entre os dois.<br />
Na colocação das placas próximo das zonas <strong>de</strong> cunhais <strong>de</strong>verão ser utilizados orifícios ou<br />
fixações orientadas segundo o plano bissector do diedro formado pelas duas pare<strong>de</strong>s, ou<br />
paralelas a este, para que não se assista ao <strong>de</strong>scolamento <strong>de</strong> parte da pare<strong>de</strong>.<br />
Os orifícios <strong>de</strong>verão ter profundida<strong>de</strong> mínima <strong>de</strong> 6 cm, para permitir uma ancoragem mínima <strong>de</strong><br />
5 cm do agrafo.<br />
O chumbadouro dos agrafos <strong>de</strong>verá ser feito com argamassa <strong>de</strong> cimento com uma dosagem <strong>de</strong><br />
400 Kg <strong>de</strong> cimento, isto á, argamassa ao traço 1:2 ou 1:3, ou em alternativa com argamassa<br />
bastarda, dom uma parte <strong>de</strong> cimento, para uma parte <strong>de</strong> cal, para 5 a 6 partes <strong>de</strong> areia.<br />
Os inertes <strong>de</strong>verão estar limpos <strong>de</strong> poeiras<br />
Os agrafos <strong>de</strong>verão ser fixos às placas através <strong>de</strong> orifícios executados nestas, com um mínimo<br />
<strong>de</strong> 30 mm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, o que permite uma fixação mínima do agrafo <strong>de</strong> 25 mm, ficando<br />
livres 5 mm para variações térmicas ou outros esforços dos agrafos. Deverão ter um diâmetro<br />
superior em 1 cm ao diâmetro dos agrafos. O eixo dos orifícios <strong>de</strong>verá encontrar-se sobre o eixo<br />
da espessura da placa.<br />
Estes orifícios <strong>de</strong>verão ser executados, sempre que possível na oficina do marmorista.<br />
No caso <strong>de</strong> peças junto a cunhais, e on<strong>de</strong> não é possível aplicar os agrafos normais, colocam-se<br />
agrafos em cotovelo, ocultos sob a placa <strong>de</strong> pedra.<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 14/42
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PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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2.2.3 EXECUÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PEDRA NATURAL<br />
2.2.3.1 Sistemas auto-portantes<br />
O revestimento <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s por placas <strong>de</strong> pedra auto-portantes insere-se no campo <strong>de</strong> execução<br />
<strong>de</strong> alvenarias (e cantarias), pelo que <strong>de</strong>verá respeitar as normas para a sua execução.<br />
As pedras são assentes topo com topo, <strong>de</strong>scarregando o seu peso umas sobre as outras. As juntas<br />
<strong>de</strong> assentamento serão executadas com argamassa <strong>de</strong> cal ou bastarda.<br />
Deverão levar gatos, ou grampos, para solidarização com o outro, ou outros, panos <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>.<br />
Os dois panos das pare<strong>de</strong>s exteriores serão travados entre si por grampos ou ligadores <strong>de</strong> arame<br />
<strong>de</strong> aço inox, colocados nas juntas horizontais <strong>de</strong> assentamento com gasto <strong>de</strong> cerca, nas zonas <strong>de</strong><br />
pare<strong>de</strong>s duplas, <strong>de</strong> 1 grampo por m 2 .<br />
Esses grampos <strong>de</strong>verão ser executados em material não oxidável. Deverão ser colocados <strong>de</strong><br />
forma a evitar o escorrimento <strong>de</strong> água para o lado interior, ao longo do seu corpo, para o que<br />
po<strong>de</strong>rão ter formato especial (curvatura ao meio) <strong>de</strong> preferência serão colocados com leve<br />
inclinação para baixo e para o exterior.<br />
2.2.3.2 Sistema <strong>de</strong> fixação por agrafos e pontos <strong>de</strong> argamassa<br />
Figura 13 - Esquema <strong>de</strong> marcação da localização dos chumbadouros<br />
1- Marcação dos locais on<strong>de</strong> serão executados os chumbadouros dos agrafos à pare<strong>de</strong> e os<br />
pontos <strong>de</strong> argamassa.<br />
2- Abertura dos furos na pare<strong>de</strong>. Os furos para chumbadouro <strong>de</strong>verão ter no mínimo 60 mm <strong>de</strong><br />
profundida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo a permitir uma penetração do agrafo <strong>de</strong> pelo menos 50 mm, e 40 mm <strong>de</strong><br />
diâmetro, para que se efectua uma verda<strong>de</strong>ira solidarização do agrafo ao suporte.<br />
3- Limpeza e hume<strong>de</strong>cimento dos furos para melhor a<strong>de</strong>rência das argamassas<br />
4- Preenchimento dos furos com argamassa e execução simultânea dos pontos <strong>de</strong> argamassa. A<br />
argamassa <strong>de</strong>verá ser do traço volumétrico 1 : 2 a 3 (cimento Portland : areia) ou 0,5:0,5: 2 a 3<br />
(cimento Portland : cal apagada em pó: areia), <strong>de</strong>vendo a areia estar limpa e apresentar<br />
granulometria entre 0,08 mm e 2 ou 3 mm.<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 15/42
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PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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Figura 14 - Revestimento <strong>de</strong> placas <strong>de</strong> pedra<br />
Figura 15 - Pormenor da fixação dos agrafos e dos pontos <strong>de</strong> argamassa - Junta elástica<br />
5- As placas <strong>de</strong>verão ser perfuradas nos seus topos para colocação dos agrafos. Os furos <strong>de</strong>verão<br />
exce<strong>de</strong>r em cerca <strong>de</strong> 5 mm o comprimento do agrafo e diâmetro ser superior em 1 mm o<br />
diâmetro do agrafo. O espaço entre os agrafos <strong>de</strong>vera ser preenchido por um mastique elástico<br />
que absorva os movimentos relativos do revestimento e do suporte.<br />
6- Colocação das placas no local, encostando-as ao suporte, <strong>de</strong> modo a inserir os agrafos,<br />
previamente fixados às placas, no interior dos chumbadouros e <strong>de</strong> encontro aos pontos <strong>de</strong><br />
argamassa. Os pontos <strong>de</strong> argamassa <strong>de</strong>verão embeber completamente os agrafos, ficando, após a<br />
compressão com um diâmetro <strong>de</strong> aproximadamente 100 mm. As placas <strong>de</strong>vem ser previamente<br />
hume<strong>de</strong>cidas para aumento <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência aos pontos <strong>de</strong> argamassa.<br />
7- Alinhamento e aprumo das placas, com recurso a cunhas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ou PVC que serão<br />
introduzidas nas juntas horizontais e verticais entre placas.<br />
8- Após a presa dos chumbadouros e dos pontos <strong>de</strong> argamassa, serão retiradas todas as cunhas.<br />
9- Preenchimento das juntas entre as placas, se for <strong>de</strong>sejado.<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 16/42
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PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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Figura 16 - Colocação <strong>de</strong> cunhas para alinhamento das placas<br />
Figura 17 - Sistema <strong>de</strong> fixação por agrafos e pontos <strong>de</strong> argamassa. - Preenchimento <strong>de</strong> juntas -<br />
Juntas cheias com materiais elástico<br />
2.2.2.3 Sistema <strong>de</strong> fixação por gatos<br />
- Gatos Chumbados<br />
1- Marcação dos locais on<strong>de</strong> serão executados os chumbadouros dos gatos à pare<strong>de</strong><br />
2- Abertura dos furos na pare<strong>de</strong>. Os furos para chumbadouro <strong>de</strong>verão ter no mínimo 60 mm <strong>de</strong><br />
profundida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo a permitir uma penetração do gato <strong>de</strong> pelo menos 50 mm, e 40 mm <strong>de</strong><br />
diâmetro, para que se efectua uma verda<strong>de</strong>ira solidarização do gato ao suporte.<br />
3- Limpeza e hume<strong>de</strong>cimento dos furos para melhor a<strong>de</strong>rência das argamassas<br />
4- Preenchimento dos furos com argamassa. A argamassa <strong>de</strong>verá ser do traço volumétrico 1 : 2<br />
a 3 (cimento Portland : areia) ou 0,5:0,5: 2 a 3 (cimento Portland : cal apagada em pó: areia),<br />
<strong>de</strong>vendo a areia estar limpa e apresentar granulometria entre 0,08 mm e 2 ou 3 mm.<br />
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5- As placas <strong>de</strong>verão ser perfuradas nos seus topos para colocação dos gatos. Os furos <strong>de</strong>verão<br />
ser cilíndricos, ter profundida<strong>de</strong> superior em 5 mm ao comprimento do estilete (com um mínimo<br />
<strong>de</strong> 30 mm) e diâmetro superior em 1 mm ao diâmetro do estilete.<br />
6- Colocação das placas no local, encostando-as ao suporte, <strong>de</strong> modo a inserir os gatos,<br />
previamente fixados às placas, no interior dos chumbadouros.<br />
Figura 18 - Gatos chumbados à pare<strong>de</strong>.<br />
7- Alinhamento e aprumo das placas, com recurso a cunhas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ou PVC que serão<br />
introduzidas nas juntas horizontais e verticais entre placas.<br />
8- Após a presa dos chumbadouros serão retiradas todas as cunhas.<br />
9- Preenchimento das juntas entre as placas, se for <strong>de</strong>sejado.<br />
Figura 19 - Sistema <strong>de</strong> fixação por gatos - Preenchimento <strong>de</strong> juntas<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 18/42
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- Gatos Fixados mecanicamente<br />
Idêntico à fixação por gatos chumbados. O sistema <strong>de</strong> fixação mecânica <strong>de</strong>verá ser testado<br />
previamente.<br />
Existem no mercado várias marcas que comercializam diversos tipos <strong>de</strong> suportes <strong>de</strong> fixação, que<br />
estão homologados por Organismos Nacionais e Internacionais.<br />
2.2.3.4 Sistema <strong>de</strong> fixação por estrutura intermédia<br />
A utilização <strong>de</strong> uma estrutura intermédia que faz a ligação entre o suporte e o revestimento,<br />
permite a execução do revestimento sem ter em conta quer a natureza quer o estado do suporte,<br />
na zona corrente, uma vez que a fixação se faz pontualmente em zonas resistente ou que foram<br />
tornadas resistentes.<br />
Exemplo tradicional <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> fixação por estrutura intermédia é o revestimento <strong>de</strong><br />
fachadas com soletos <strong>de</strong> ardósia pregados a um ripado, muitas vezes executado sobre uma<br />
pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> taipa.<br />
A estrutura intermédia serve a distribuição ou a concentração <strong>de</strong> cargas, pela opção <strong>de</strong> fazer<br />
muitas ou poucas ligações ao suporte. Permite pois a<strong>de</strong>quar os esforços a que está sujeito o<br />
suporte à sua capacida<strong>de</strong> resistente.<br />
A estrutura intermédia po<strong>de</strong> ser ligada ao suporte <strong>de</strong> diversos modos, sendo geralmente<br />
executada com gatos chumbados ou fixados mecanicamente.<br />
2.2.4 OUTROS ASPECTOS A ATENDER NA EXECUÇÃO DESTES<br />
REVESTIMENTOS<br />
2.2.4.1 Protecção contra infiltrações <strong>de</strong> agua<br />
Será garantida através da protecção da zona superior do revestimento com um elemento que<br />
impeça a entrada <strong>de</strong> agua no espaço entre o revestimento e o suporte, mas que não impeça a<br />
ventilação <strong>de</strong>sse mesmo espaço.<br />
O revestimento não é garantia <strong>de</strong> estanquida<strong>de</strong>, pelo que, nas ombreiras dos vãos, a<br />
estanquida<strong>de</strong> do conjunto <strong>de</strong>verá ser garantida pela ligação directa entre a caixilharia, e a zona<br />
da pare<strong>de</strong> com protecção <strong>de</strong> estanquida<strong>de</strong>, ou, entre a caixilharia e soleiras ou peitoris, e entre<br />
estes e a pare<strong>de</strong>.<br />
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2.2.4.2 Garantia <strong>de</strong> ventilação da lâmina <strong>de</strong> ar<br />
Deverá ser garantida pelos seguintes cuidados.<br />
Colocação <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> ventilação na base e no topo do revestimento, com cerca <strong>de</strong> 100 cm 2<br />
por ml <strong>de</strong> revestimento, o que equivale a uma frincha continua com 1 cm <strong>de</strong> largura.<br />
Quando da existência <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> argamassa ou <strong>de</strong> enchimentos para reforço do revestimento<br />
contra choques, a argamassa não <strong>de</strong>verá ser contínua, antes formando bandas <strong>de</strong> orientação<br />
vertical.<br />
2.2.4.3 Garantia da existência <strong>de</strong> juntas <strong>de</strong> funcionamento do revestimento.<br />
O revestimento e o suporte têm movimentos próprios. Quando as juntas entre placas <strong>de</strong><br />
revestimento são totalmente preenchidas por argamassa (não elástica), <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>ixadas<br />
juntas livres, com algum espaçamento, para absorver os movimentos do revestimento. Por<br />
razões estéticas estas juntas po<strong>de</strong>rão ser preenchidas, todavia o material <strong>de</strong>verá ser elástico e<br />
<strong>de</strong>formável, permitindo a absorção das dilatações e contracções nessa junta.<br />
2.2.5 REVESTIMENTOS DE LIGANTES HIDRÁULICOS ARMADOS E INDEPENDENTES<br />
Trata-se <strong>de</strong> revestimentos <strong>de</strong> ligantes hidráulicos armados com armadura metálica, em que o<br />
processo <strong>de</strong> fixação à pare<strong>de</strong> garante a formação <strong>de</strong> uma caixa-<strong>de</strong>-ar entre a pare<strong>de</strong> e o<br />
revestimento armado. A fixação do revestimento à pare<strong>de</strong> é feita por intermédio <strong>de</strong> uma<br />
estrutura <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ou metálica.<br />
A armadura <strong>de</strong>ve comportar uma folha <strong>de</strong> papel na sua face interior, para reter o revestimento<br />
no momento em que ele é aplicado, evitando que atinja a pare<strong>de</strong>.<br />
Estes revestimentos não <strong>de</strong>vem ser aplicados em superfícies horizontais, ou pouco inclinadas,<br />
expostas à acção da chuva. Devem ser interrompidos pelo menos a 10 cm do solo e ficar com os<br />
seus bordos inferior e superior protegidos com perfis a<strong>de</strong>quados.<br />
2.2.6 REVESTIMENTOS DE LIGANTES SINTÉTICOS ARMADOS COM FIBRA DE VIDRO<br />
Trata-se <strong>de</strong> revestimentos <strong>de</strong>lgados obtidos a partir <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> ligantes sintéticos com<br />
elevado teor em ligante. São concebidos para serem empregues em tratamento curativo <strong>de</strong><br />
fachadas que apresentem <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> estanquida<strong>de</strong>, nomeadamente <strong>de</strong>vidas a fissuração do<br />
revestimento antigo. Devem ser suficientemente elásticos para manterem as características <strong>de</strong><br />
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estanquida<strong>de</strong> no caso <strong>de</strong> evolução (limitada) da largura ou extensão das fissuras. São aplicados<br />
em mais <strong>de</strong> que uma <strong>de</strong>mão, em <strong>de</strong>mãos cruzadas para melhor cobertura do suporte. Entre as<br />
duas primeiras <strong>de</strong>mãos é incorporada uma armadura <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> vidro, resistente aos<br />
álcalis. A espessura total do revestimento <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> seco <strong>de</strong>ve ser da or<strong>de</strong>m dos 0,7 mm.<br />
2.2.7 REVESTIMENTOS DE IMPERMEABILIZAÇÃO<br />
Os revestimentos <strong>de</strong> impermeabilização conferem o complemento <strong>de</strong> impermeabilida<strong>de</strong> à água<br />
necessário para que o conjunto pare<strong>de</strong>-revestimento seja estanque. O revestimento <strong>de</strong>ve,<br />
portanto, limitar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água que atinge o suporte, mas será o conjunto pare<strong>de</strong>revestimento<br />
que globalmente assegurará a estanquida<strong>de</strong> requerida.<br />
A conservação por parte <strong>de</strong> um <strong>de</strong>stes revestimentos da sua capacida<strong>de</strong> para <strong>de</strong>sempenhar a<br />
função <strong>de</strong> impermeabilizante <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do comportamento do suporte. Em geral estes<br />
revestimentos não reúnem condições para conservarem essa capacida<strong>de</strong> quando ocorre<br />
<strong>de</strong>gradação significativa do suporte, como por exemplo, fissuração.<br />
2.2.7.1 <strong>Revestimentos</strong> tradicionais <strong>de</strong> ligantes hidráulicos<br />
Os revestimentos tradicionais <strong>de</strong> ligantes hidráulicos são executados a partir <strong>de</strong> argamassas<br />
doseadas e preparadas em obra.<br />
São constituídos por duas ou três camadas – crespido (se necessário), camada <strong>de</strong> base (uma ou<br />
eventualmente duas camadas) e camada <strong>de</strong> acabamento.<br />
O número <strong>de</strong> camadas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tipo <strong>de</strong> suporte, das condições mais ou menos severas <strong>de</strong><br />
exposição às intempéries, do acabamento pretendido e do grau <strong>de</strong> protecção requerido pelas<br />
pare<strong>de</strong>s.<br />
A a<strong>de</strong>rência do revestimento ao suporte (ou a a<strong>de</strong>rência entre cada uma das camadas à camada<br />
subjacente<br />
A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização <strong>de</strong>stes revestimentos a partir <strong>de</strong> mais do que uma camada <strong>de</strong>corre<br />
da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem integralmente conseguidas as características pretendidas <strong>de</strong>stes<br />
revestimentos se aplicados em camada única (fig. 20)<br />
Figura 20 – Esquema do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> fissuras em revestimento <strong>de</strong> impermeabilização<br />
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Se o revestimento for fortemente doseado em ligante, a fissuração será em geral acompanhada<br />
<strong>de</strong> perda <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência ao suporte nas zonas contíguas às fissuras. As fissuras serão <strong>de</strong> largura<br />
elevada (o que significa que houve movimento relativo entre o suporte e o revestimento, isto é,<br />
que houve perda <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência), embora bastante afastadas entre si, e atravessam toda a<br />
espessura do revestimento.<br />
Se o revestimento for menos rico em ligante, as tensões instaladas nunca chegam a atingir níveis<br />
elevados porque a fissuração ocorre cedo e dissipa as tensões. As fissuras são finas, embora<br />
pouco espaçadas entre si, e em geral não atravessam toda a espessura do revestimento.<br />
Figura 21 – Tipologia da fissuração correspon<strong>de</strong>nte a revestimentos <strong>de</strong> ligantes hidráulicos <strong>de</strong><br />
baixo e <strong>de</strong> alto teor <strong>de</strong> ligante<br />
O que se referiu sobre a a<strong>de</strong>rência do revestimento ao suporte é também válido para a a<strong>de</strong>rência<br />
das diversas camadas do revestimento entre si; o que foi referido para o revestimento <strong>de</strong>ve ser<br />
entendido como sendo também aplicável a cada camada do revestimento.<br />
Cada camada do revestimento <strong>de</strong>ve, portanto ser menos rica em ligante do que a camada<br />
subjacente para que não a <strong>de</strong>teriore por retracção e para que seja cada vez menor a tendência<br />
para a fissuração – regra <strong>de</strong> <strong>de</strong>gressivida<strong>de</strong> do teor em ligante.<br />
Caracterização geral das diversas camadas do revestimento:<br />
Crespido – o crespido <strong>de</strong>stina-se a assegurar a a<strong>de</strong>rência do revestimento ao suporte e a reduzir<br />
ou a igualizar a tendência do suporte para absorver as águas das argamassas do revestimento.<br />
Deve ser realizados com uma argamassa fortemente doseada em cimento e bastante fluída. O<br />
crespido <strong>de</strong>ve apresentar estrutura rugosa para proporcionar boa a<strong>de</strong>rência à camada seguinte.<br />
Esta camada cobrirá o suporte com uma espessura que po<strong>de</strong> variar entre 3 mm e 5 mm.<br />
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Camada <strong>de</strong> base – à camada <strong>de</strong> base competirá garantir a planeza, verticalida<strong>de</strong> e regularida<strong>de</strong><br />
superficial dos paramentos e fornecer o principal contributo para a impermeabilização das<br />
pare<strong>de</strong>s. das pare<strong>de</strong>s. Para ser impermeável <strong>de</strong>ve ser homogénea, compacta e tanto quanto<br />
possível, não fissurável.<br />
A espessura <strong>de</strong>sta camada será praticamente uniforme, estará compreendida entre 10 mm e 15<br />
mm. Em nenhum ponto po<strong>de</strong> ser inferior a 8 mm.<br />
Camada <strong>de</strong> acabamento – a camada <strong>de</strong> acabamento tem fundamentalmente funções<br />
<strong>de</strong>corativas. Também contribui, no entanto para a impermeabilização da pare<strong>de</strong>, constituindo a<br />
primeira barreira à penetração da água, e para resistência aos choques da pare<strong>de</strong>. Esta camada<br />
<strong>de</strong>ve ter um teor em ligante relativamente baixo e a sua espessura variará em geral entre 5 mm e<br />
10 mm, conforme a textura da superfície.<br />
2.2.7.2 <strong>Revestimentos</strong> não tradicionais <strong>de</strong> ligantes hidráulicos<br />
Os revestimentos não tradicionais <strong>de</strong> ligantes hidráulicos são executados a partir misturas em pó<br />
<strong>de</strong> produtos pré-doseados e embalados em fábrica, constituídos essencialmente por cimento e<br />
areia ou cimento, cal apagada e areia, a que em obra haverá apenas que adicionar água <strong>de</strong><br />
amassadura na quantida<strong>de</strong> especificada na embalagem.<br />
Estes produtos po<strong>de</strong>m ser aplicados em três camadas, tal como os revestimentos tradicionais,<br />
existindo produtos diferentes com composição a<strong>de</strong>quada para cada uma das camadas, ou serem<br />
produtos concebidos para aplicação em camada única, revestimentos <strong>de</strong> monocamada,<br />
contendo por isso diversos tipos <strong>de</strong> adjuvantes que lhes conferem algumas proprieda<strong>de</strong>s, e<br />
pigmentos que lhes permitem assegurar o acabamento final <strong>de</strong>corativo das pare<strong>de</strong>s.<br />
2.2.8 REVESTIMENTOS DE ISOLAMENTO TÉRMICO PELO EXTERIOR<br />
EXTERNAL THERMAL INSULATION COMPOSITE SYSTEMS (ETICS)<br />
Um revestimento diz-se <strong>de</strong> isolamento térmico quando é capaz <strong>de</strong> complementar por si só o<br />
isolamento térmico exigível em geral ao tosco da pare<strong>de</strong>-revestimento.<br />
É um dado adquirido que o isolamento térmico <strong>de</strong>ve ser colocado o mais próximo possível do<br />
exterior, aumentando-se assim a eficácia global <strong>de</strong> isolamento da pare<strong>de</strong> e evitando-se o efeito<br />
<strong>de</strong> acumulador que a pare<strong>de</strong> exterior <strong>de</strong> tijolo po<strong>de</strong> exercer. Foi assim <strong>de</strong>senvolvido nos países<br />
nórdicos, on<strong>de</strong> há Invernos bem rigorosos, um sistema <strong>de</strong> isolamento térmico <strong>de</strong> edifícios pelo<br />
exterior em que são fixadas placas <strong>de</strong> isolante à pare<strong>de</strong> e sobre estas placas assenta um reboco<br />
modificado que vai assegurar a impermeabilida<strong>de</strong>, a integrida<strong>de</strong> do isolamento contra os<br />
choques e a <strong>de</strong>coração do paramento. Refira-se que, se bem que este sistema tenha sido<br />
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<strong>de</strong>senvolvido para evitar transferências <strong>de</strong> calor para um exterior frio, também funciona<br />
a<strong>de</strong>quadamente para evitar transferências <strong>de</strong> calor a partir <strong>de</strong> um exterior <strong>de</strong>masiado quente,<br />
sendo ao fim e ao cabo um isolamento, isto é, uma barreira às transferências <strong>de</strong> calor.<br />
Neste sistema, o reboco acaba por <strong>de</strong>sempenhar também um papel estrutural pois, ao contrário<br />
da aplicação tradicional, assenta sobre uma superfície com baixa compacida<strong>de</strong> e elástica.<br />
Daí que tenha <strong>de</strong> ter a tenacida<strong>de</strong> suficiente para proteger o isolamento contra as acções do<br />
exterior, assegurando a estanquida<strong>de</strong> do paramento. Para assumir este papel, o reboco tem <strong>de</strong> ter<br />
boa a<strong>de</strong>rência ao isolamento, tem <strong>de</strong> ser hidrofugo e tem <strong>de</strong> estar armado, pois é a armadura que<br />
lhe vai conferir a resistência e assegurar a integrida<strong>de</strong> do sistema. Refira-se que a espessura<br />
normal <strong>de</strong>ste reboco se encontra entre os 5 e 7 mm, <strong>de</strong> modo a diminuir as tensões originadas<br />
pela retracção plástica das argamassas.<br />
A colocação do isolamento térmico pelo exterior tem como vantagens:<br />
• a obtenção <strong>de</strong> uma camada contínua <strong>de</strong> isolamento térmico, evitando as pontes térmicas.<br />
• a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maior inércia térmica, sobretudo importante em edifícios com<br />
ocupação permanente.<br />
• manter-se a pare<strong>de</strong> no lado isolado do edifício, estando consequentemente menos sujeita<br />
às variações <strong>de</strong> temperatura.<br />
O tratamento da parte envolvente <strong>de</strong> um edifício (estrutura, pare<strong>de</strong>s, pavimentos e coberturas)<br />
com isolamentos térmicos a<strong>de</strong>quados, origina consi<strong>de</strong>ráveis reduções nos consumos <strong>de</strong> energia<br />
para aquecimento e evita que se atinjam temperaturas excessivamente elevadas na estação<br />
quente.<br />
O isolamento exterior das pare<strong>de</strong>s é a melhor forma <strong>de</strong> manter a temperatura a níveis a<strong>de</strong>quados<br />
e impe<strong>de</strong>, indirectamente, a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> vapor nas pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vido a temperaturas <strong>de</strong>masiado<br />
baixas.A aplicação do material isolante pelo exterior da pare<strong>de</strong> consegue menores amplitu<strong>de</strong>s<br />
térmicas na pare<strong>de</strong> e consequentemente uma menor <strong>de</strong>terioração do material que a constitui e<br />
ainda uma maior massa <strong>de</strong> acumulação térmica interior.<br />
Fig.22 - Amplitu<strong>de</strong> térmica resultante do isolamento pelo interior e exterior da pare<strong>de</strong><br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 24/42
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL<br />
PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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Na Fig. 23 encontra-se a representação esquemática das linhas <strong>de</strong> temperatura (Verão e Inverno)<br />
em duas pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> igual resistência térmica, sem e com isolamento. A utilização <strong>de</strong> material<br />
isolante permite uma redução significativa da espessura. Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste factor uma pare<strong>de</strong><br />
simples com isolamento exterior custa praticamente ao mesmo que uma tradicional pare<strong>de</strong><br />
dupla com caixa-<strong>de</strong>-ar<br />
Fig. 23 - Representação esquemática das linhas <strong>de</strong> temperatura em duas pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> igual<br />
resistência<br />
Outro aspecto importante é que a caixa-<strong>de</strong>-ar das pare<strong>de</strong>s tradicionais não impe<strong>de</strong>m a formação<br />
<strong>de</strong> pontes térmicas (superfícies nas quais se formam con<strong>de</strong>nsações <strong>de</strong> vapores) como também<br />
reduzem a massa <strong>de</strong> acumulação térmica interior, o que já não se verifica com a aplicação <strong>de</strong><br />
material isolante pelo exterior (Fig.24).<br />
Fig. 24 - Comparação da pare<strong>de</strong> dupla com a pare<strong>de</strong> simples isolada pelo exterior<br />
Os edifícios também estão sujeitos a perdas térmicas para o terreno, ainda que <strong>de</strong> forma<br />
diferente das que se efectuam para o meio atmosférico: porque no terreno as amplitu<strong>de</strong>s<br />
térmicas são menores, as perdas térmicas também o são, mas, em contrapartida, são mais<br />
constantes (dia e noite).<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 25/42
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL<br />
PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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Fig. 25 - Exemplos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> bolores <strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong> pontes térmicas<br />
Por isso, a utilização <strong>de</strong> isolante térmico na estrutura do edifício e em todo o seu perímetro<br />
enterrado no solo é vantajosa, particularmente se o terreno é muito húmido (factor que origina<br />
uma elevada condutibilida<strong>de</strong> térmica do solo).<br />
Os compartimentos subterrâneos, como as caves, quando <strong>de</strong>vidamente isoladas, não precisam<br />
praticamente <strong>de</strong> aquecimento. Por exemplo, na Fig.26 po<strong>de</strong>-se observar a diferença <strong>de</strong><br />
temperatura <strong>de</strong> uma cave sem (A) e com isolamento (B).<br />
Fig. 26 - Diferença <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> uma cave sem e com isolamento<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 26/42
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL<br />
PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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Há vários sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico pelo exterior:<br />
- sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico por revestimento <strong>de</strong>lgado sobre isolante, em que o<br />
revestimento é executado com produtos com base em ligantes sintéticos ou mistos;<br />
- sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico por revestimento espesso sobre isolante, em que o<br />
revestimento é executado com argamassas <strong>de</strong> ligantes hidráulicos;<br />
- sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico por revestimento <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong>scontínuos <strong>de</strong> fixação<br />
mecânica (revestimento <strong>de</strong> estanquida<strong>de</strong>) com isolante na caixa <strong>de</strong> ar;<br />
- sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico por revestimento <strong>de</strong> ligantes hidráulicos armado e<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte com isolante na caixa <strong>de</strong> ar;<br />
- revestimentos <strong>de</strong> argamassas <strong>de</strong> ligantes hidráulicos com inertes <strong>de</strong> material isolante;<br />
- sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico por elementos <strong>de</strong>scontínuos prefabricados<br />
- sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico obtidos por projecção “in situ” <strong>de</strong> isolante<br />
Estas diversas técnicas <strong>de</strong> isolamento térmico pelo exterior po<strong>de</strong>m classificar-se em dois<br />
gran<strong>de</strong>s grupos:<br />
- os que comportam lâmina <strong>de</strong> ar ventilada entre o revestimento e o isolante;<br />
- os que não comportam lâmina <strong>de</strong> ar ventilada entre o revestimento e o isolante<br />
O interesse <strong>de</strong>sta classificação advém do facto <strong>de</strong> serem diferentes as funções do isolante em<br />
cada um dos grupos. Assim, ao isolante <strong>de</strong> um sistema com lâmina <strong>de</strong> ar em geral apenas se<br />
exige que <strong>de</strong>sempenhe a função <strong>de</strong> isolamento térmico, enquanto que num sistema sem lâmina<br />
<strong>de</strong> ar ao isolante competirá ainda servir <strong>de</strong> suporte ao revestimento e participar na estanquida<strong>de</strong><br />
do conjunto; neste último caso, o isolante terá que possuir as necessárias características<br />
mecânicas e <strong>de</strong> comportamento sob a acção da água.<br />
Na Tabela 1 apresenta-se uma comparação das características dos dois grupos <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong><br />
isolamento térmico pelo exterior.<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 27/42
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL<br />
PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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Tabela 1 – Comparação <strong>de</strong> características dos sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico pelo exterior com<br />
ou sem lâmina <strong>de</strong> ar<br />
Características a comparar<br />
Funções do isolante<br />
Processo <strong>de</strong> fixação ao suporte<br />
Elementos responsáveis pela<br />
impermeabilização<br />
Resolução do problema das<br />
variações dimensionais<br />
diferenciais<br />
Dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aplicação<br />
Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eliminação <strong>de</strong><br />
riscos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação no<br />
isolante<br />
Tipos <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico<br />
Com lâmina <strong>de</strong> ar ventilada Sem lâmina <strong>de</strong> ar<br />
- Isolamento térmico<br />
- Fixação por pontos<br />
- Revestimento<br />
- Lâmina <strong>de</strong> ar<br />
-Variações absorvidas pela<br />
geometria da ligação revestimentoestrutura<br />
<strong>de</strong> fixação<br />
- Fachadas com vãos numerosos<br />
- Pare<strong>de</strong>s ina<strong>de</strong>quadas à fixação<br />
mecânica<br />
- Ventilação da lâmina <strong>de</strong> ar<br />
- Isolamento térmico<br />
- Suporte do revestimento<br />
- Impermeabilização à água<br />
- Colagem<br />
- Revestimento<br />
- Isolante<br />
- Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong><br />
revestimento e isolante compatíveis<br />
- Deficiências <strong>de</strong> planeza ou <strong>de</strong><br />
regularida<strong>de</strong> superficial do suporte<br />
- Existência <strong>de</strong> revestimento antigo<br />
não a<strong>de</strong>rente ao suporte<br />
-Compatibilida<strong>de</strong> das<br />
permeabilida<strong>de</strong>s ao vapor <strong>de</strong> água<br />
do revestimento e do isolante<br />
2.2.8.1 Sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico por revestimento espesso sobre isolante<br />
Os sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico por revestimento espesso sobre isolante (Fig.27) são<br />
constituídos por:<br />
- um isolante em placas (quase sempre poliestireno expandido) colado ao suporte;<br />
- um revestimento (em geral <strong>de</strong> tipo não tradicional) <strong>de</strong> ligantes hidráulicos armados com<br />
re<strong>de</strong> metálica, sobre o qual po<strong>de</strong>rá ser aplicado um revestimento <strong>de</strong>lgado <strong>de</strong> massas<br />
plásticas ou uma tinta.<br />
As placas do isolamento <strong>de</strong>verão ter ranhuras na face a revestir a fim <strong>de</strong> melhorar a a<strong>de</strong>rência do<br />
revestimento.<br />
A armadura do revestimento, em geral <strong>de</strong> aço galvanizado, <strong>de</strong>verá ter ligações pontuais <strong>de</strong><br />
natureza mecânica ao suporte –cavilhas ou grampos.<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 28/42
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PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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Figura 27 - Sistema <strong>de</strong> isolamento térmico por revestimento espesso sobre isolante<br />
Figura 28 – Fixação da armadura com cavilhas<br />
Figura 29 – Configurações possíveis para as ranhuras da superfície das placas <strong>de</strong> poliestireno<br />
2.2.8.2 Sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico por revestimento <strong>de</strong>lgado sobre isolante<br />
Os sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico por revestimento <strong>de</strong>lgado sobre isolante (Fig. 29)são<br />
constituídos por:<br />
- um isolante em placas (geralmente <strong>de</strong> poliestireno expandido) colado ao suporte;<br />
- um revestimento <strong>de</strong>lgado <strong>de</strong> ligante misto, armado com uma re<strong>de</strong> flexível (quase<br />
sempre <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> vidro) – camada <strong>de</strong> base do revestimento;<br />
- um revestimento <strong>de</strong> acabamento (em geral um revestimento <strong>de</strong>lgado <strong>de</strong> massas<br />
plásticas) – camada <strong>de</strong> acabamento do revestimento.<br />
As placas <strong>de</strong> isolante são fixadas ao suporte exclusivamente por colagem. Acamada <strong>de</strong> base do<br />
revestimento é aplicada em duas <strong>de</strong>mãos entre as quais é inserida a armadura, <strong>de</strong>stinada a<br />
reduzir a fissuração e a melhorar a resistência aos choques. A espessura total do revestimento<br />
(camada <strong>de</strong> base e camada <strong>de</strong> acabamento) sobre o isolante é inferior a 7 mm.<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 29/42
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PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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Figura 29 - Solução corrente <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> isolamento térmico pelo exterior <strong>de</strong> fachadas por<br />
revestimento <strong>de</strong>lgado sobre isolante<br />
Para se dar início à aplicação do isolamento térmico pelo exterior é preciso que as pare<strong>de</strong>s<br />
estejam alinhadas com as vigas e pilares. A aplicação das placas <strong>de</strong> poliestireno expandido auto<br />
extinguível po<strong>de</strong>-se fazer directamente sobre o tijolo, vigas e pilares sem que estes tenham sido<br />
rebocados. As fases da aplicação são:<br />
- colagem das placas <strong>de</strong> poliestireno expandido auto extinguível às pare<strong>de</strong>s;<br />
- fixação mecânica das placas (fig. 30);<br />
- colocação <strong>de</strong> cola-reboco por cima das juntas das placas e das fixações mecânicas;<br />
- espalhar a primeira <strong>de</strong>mão da camada <strong>de</strong> base juntamente com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> vidro;<br />
- espalhar a segunda <strong>de</strong>mão da camada <strong>de</strong> base;<br />
- aplicar o revestimento (acabamento) (Fig 31)<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 30/42
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PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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Figura 30 - Grampos <strong>de</strong> fixação, cantoneira com re<strong>de</strong> e perfil <strong>de</strong> arranque<br />
Acabamento constituído por pequenos grãos <strong>de</strong> mármore, <strong>de</strong> uma ou mais cores, ligados por<br />
resinas especiais<br />
Acabamento tipo "raiado" com quartzo e acabamento do tipo "areado" também com quartzo.<br />
Figura 31 - Exemplos <strong>de</strong> acabamentos<br />
Fig. 32 - As diversas camadas do isolamento (da esquerda para a direita): poliestireno<br />
expandido auto extinguível, re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> vidro, 1ª <strong>de</strong>mão da camada <strong>de</strong> base, 2ª <strong>de</strong>mão da<br />
camada <strong>de</strong> base, primário e acabamento<br />
Estes sistemas exigem um número consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> acessórios para a sua protecção, para a<br />
execução das ligações com outros elementos das construções e para a resolução das soluções <strong>de</strong><br />
continuida<strong>de</strong>. As figuras seguintes exemplificam a aplicação <strong>de</strong>sses acessórios.<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 31/42
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PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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Figura 33 – Perfis <strong>de</strong> protecção das extremida<strong>de</strong>s inferiores dos sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico<br />
por revestimento <strong>de</strong>lgado sobre isolante<br />
Figura 34 – Perfis <strong>de</strong> protecção das extremida<strong>de</strong>s inferiores dos sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico<br />
por revestimento <strong>de</strong>lgado sobre isolante<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 32/42
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PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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Figura 35- Perfis <strong>de</strong> protecção das extremida<strong>de</strong>s laterais<br />
Figura 36 - Cantoneira <strong>de</strong> protecção das arestas verticais<br />
Figura 37 - Elementos <strong>de</strong> recobrimento ao nível dos peitoris<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 33/42
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PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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Figura 38 - Soluções possíveis para aplicação da cola no verso das placas <strong>de</strong> isolante<br />
– por pontos, por bandas ou em toda a superfície<br />
Figura 39 - Junta <strong>de</strong>ssolidarizante do sistema <strong>de</strong> isolamento térmico relativamente<br />
a um elemento saliente rígido da construção<br />
Figura 40- Perfil <strong>de</strong> cobre-junta<br />
Figura 40 - Sobreposição dos bordos <strong>de</strong> faixas contíguas <strong>de</strong> armadura<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 34/42
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2.2.8.3 <strong>Revestimentos</strong> <strong>de</strong> argamassas <strong>de</strong> ligantes hidráulicos com inertes <strong>de</strong> material<br />
isolante<br />
Estes revestimentos são obtidos a partir <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> ligantes hidráulicos que incorporam<br />
inertes <strong>de</strong> material isolante. Prevê em geral três camadas diferentes executadas com produtos<br />
<strong>de</strong> ligantes hidráulicos, mas em que uma <strong>de</strong>las (camada <strong>de</strong> base) possui características<br />
isolantes.<br />
Admite-se que os inertes <strong>de</strong> material isolante possam assumir a forma <strong>de</strong> esferas <strong>de</strong> poliestireno<br />
expandido ou <strong>de</strong> grânulos dos seguintes materiais: vidro expandido, perlite expandida,<br />
vermiculite esfoliada ou cortiça expandida.<br />
Estes revestimentos exigem como acessórios perfis <strong>de</strong> reforço <strong>de</strong> cantos ou <strong>de</strong> topos, perfis <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> juntas <strong>de</strong> dilatação, e elementos <strong>de</strong> recobrimento, para utilização por exemplo,<br />
ao nível dos peitoris e da cobertura. Os perfis são <strong>de</strong> aço galvanizado.<br />
Figura 41 - Topo inferior do revestimento com perfil <strong>de</strong> reforço<br />
Figura 42 - Canto do revestimento com perfil <strong>de</strong> reforço<br />
Figura 43 - Delimitação <strong>de</strong> uma junta <strong>de</strong> dilatação com perfis <strong>de</strong> reforço<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 35/42
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Figura 44 - Recobrimento do peitoril para protecção superior do revestimento aplicado em<br />
pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> edifícios antigos submetidos a obras <strong>de</strong> reabilitação térmica<br />
Figura 45 - Recobrimento do revestimento sob peitoril peitoril <strong>de</strong> edifício antigo submetido a<br />
obras <strong>de</strong> reabilitação térmica<br />
Figura 46 – Recobrimento <strong>de</strong> platibanda e topo superior do revestimento<br />
2.2.8.4 Sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico por elementos <strong>de</strong>scontínuos prefabricados<br />
(“vêtures”)<br />
Os sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico por elementos <strong>de</strong>scontínuos prefabricados (vêtures”) são<br />
obtidos a partir <strong>de</strong> elementos previamente produzidos em fábrica, constituídos por um material<br />
isolante em placa revestido exteriormente por uma película <strong>de</strong> natureza metálica, mineral ou<br />
orgânica. Esses elementos chegam à obra prontos a aplicar, sendo a sua fixação aos suportes<br />
efectuada por meios mecânicos.<br />
Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> o isolante e o revestimento serem prefabricados, a aplicação em obra <strong>de</strong>stes<br />
sistemas é feita numa operação única, dispensando as fases sucessivas inerentes às outras<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 36/42
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técnicas <strong>de</strong> isolamento térmico pelo exterior das fachadas. Apresentam, no entanto, algumas<br />
dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> adaptação a pontos singulares das fachadas, como por exemplo o caso dos vãos,<br />
que obrigam a cortes dos elementos em obra , conveniente dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento das zonas<br />
cortadas.<br />
Os dispositivos <strong>de</strong> fixação do sistema ao suporte <strong>de</strong>vem atravessar toda a espessura do conjunto<br />
revestimento-isolante para manterem esse conjunto solidário.<br />
Para além do problema da adaptação aos pontos singulares dos suportes, na concepção <strong>de</strong> uma<br />
“vêture” <strong>de</strong>vem também ser resolvidos correctamente dois outros aspectos: configuração das<br />
juntas entre elementos e limitações do risco <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsações no interior do isolante.<br />
Ao nível das juntas <strong>de</strong>vem ser adoptadas disposições que as tornem suficientemente estanques<br />
e que permitam uma certa movimentação entre elementos <strong>de</strong>vida a ajustes <strong>de</strong> posição ou a<br />
variações dimensionais por acção da temperatura.<br />
As juntas horizontais são, em geral, <strong>de</strong> recobrimento, e portanto estanques à água. As juntas<br />
verticais são concebidas <strong>de</strong> modo a que a água da chuva que as atinja ou a humida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
con<strong>de</strong>nsação sejam por elas conduzidas ao exterior.<br />
Figura 47- “Vêture” <strong>de</strong> reduzidas dimensões faciais<br />
2.2.8.5 Sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico obtidos por projecção “in situ” <strong>de</strong> isolante<br />
Esta técnica <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> isolantes consiste na projecção sobre as pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produtos que<br />
expandindo-se adquirem características significativas <strong>de</strong> isolamento térmico.<br />
O material expansível mais empregue é o poliuretano. A aplicação é efectuada por <strong>de</strong>mãos<br />
sucessivas, resultando <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las uma camada <strong>de</strong> espessura da or<strong>de</strong>m dos 10 mm.<br />
São ainda muitos os inconvenientes dos sistemas <strong>de</strong> espuma <strong>de</strong> poliuretano, o que tem<br />
impedido a sua generalização: custo elevado, toxicida<strong>de</strong> dos produtos durante a aplicação,<br />
condicionantes <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m climatérica e <strong>de</strong> secura dos suportes, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong><br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 37/42
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espuma homogénea e <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada regularida<strong>de</strong> superficial dos paramentos revestidos,<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> protecção mecânica dos paramentos.<br />
Uma execução <strong>de</strong>ficiente em obras, <strong>de</strong>stes sistemas <strong>de</strong> isolamento po<strong>de</strong> conduzir a <strong>de</strong>gradações<br />
<strong>de</strong> tipologia diversa. Os tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradações mais frequentes, estão resumidas no Quadro ,<br />
on<strong>de</strong> também são referidas as respectivas causas.<br />
Quadro – Degradações mais frequentes em sistemas <strong>de</strong> isolamento térmico por revestimento<br />
<strong>de</strong>lgado sobre isolante<br />
Tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação Causas da <strong>de</strong>gradação<br />
Descolamento do sistema<br />
Perfuração do sistema<br />
Deficiente preparação do suporte ( 1 )<br />
Falta <strong>de</strong> produto <strong>de</strong> colagem<br />
Choques <strong>de</strong>vidos ao uso em zonas <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s acessíveis aos<br />
utentes<br />
Choques <strong>de</strong>vidos à utilização <strong>de</strong> andaimes do tipo bailéu sobre o<br />
sistema<br />
Deficiência <strong>de</strong> planeza do Deficiências <strong>de</strong> planeza do suporte<br />
sistema Choques repetidos <strong>de</strong> andaimes do tipo bailéu sobre o sistema<br />
Fissuração do revestimento<br />
Falta pontual <strong>de</strong> armadura<br />
Falta <strong>de</strong> sobreposição dos bordos <strong>de</strong> faixas contíguas <strong>de</strong><br />
armadura<br />
Insuficiente recobrimento da armadura pelo revestimento<br />
Correcção <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> regularida<strong>de</strong> dimensional das<br />
placas do isolante mediante preenchimento das consequentes<br />
juntas entre placas com produto <strong>de</strong> revestimento<br />
Correcção <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> planeza mediante aplicação <strong>de</strong><br />
revestimento em espessura sobre isolante<br />
Utilização <strong>de</strong> acabamentos <strong>de</strong> cores escuras em pare<strong>de</strong>s<br />
frequente e prolongadamente expostas à acção directa dos raios<br />
solares ( 2 )<br />
Coexistência num mesmo paramento <strong>de</strong> acabamento <strong>de</strong> cores<br />
escuras confinando com acabamentos <strong>de</strong> cores claras ( 3 )<br />
Deficiências <strong>de</strong> regularida<strong>de</strong> dimensional das placas do isolante<br />
1 – Aplicação do sistema em suportes sujos ou não <strong>de</strong>capados <strong>de</strong> revestimentos anteriormente<br />
existentes que se encontrem <strong>de</strong>teriorados por <strong>de</strong>scamação, pulverulência, etc.<br />
2 – A temperatura dum acabamento <strong>de</strong> cor escura será bastante superior à <strong>de</strong> um acabamento <strong>de</strong><br />
cor clara.<br />
3 – Os choques térmicos serão mais pronunciados em acabamentos <strong>de</strong> cor escura do que<br />
acabamentos <strong>de</strong> cores claras.<br />
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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 38/42
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2.2.9 REVESTIMENTOS DE ACABAMENTO OU DECORATIVOS<br />
A função principal <strong>de</strong> um revestimento <strong>de</strong> acabamento ou <strong>de</strong>corativo, consiste em proporcionar<br />
às pare<strong>de</strong>s um aspecto agradável.<br />
Por não serem revestimentos <strong>de</strong> impermeabilização nem <strong>de</strong> regularização superficial, só <strong>de</strong>vem<br />
ser aplicados em suportes em que o <strong>de</strong>sempenho daquelas funções já se encontre completa ou<br />
maioritariamente garantido, pela própria pare<strong>de</strong> ou por revestimento prévio, embora alguns<br />
<strong>de</strong>stes revestimentos possam contribuir <strong>de</strong> um modo significativo para a impermeabilização da<br />
pare<strong>de</strong>.<br />
Os revestimentos <strong>de</strong> acabamento ou <strong>de</strong>corativos contribuem também para a protecção que<br />
globalmente o revestimento <strong>de</strong>ve proporcionar à pare<strong>de</strong>, quer <strong>de</strong> tipo mecânico (choques, etc.),<br />
quer <strong>de</strong> tipo químico.<br />
São consi<strong>de</strong>rados revestimentos <strong>de</strong> acabamento ou <strong>de</strong>corativos, os seguintes:<br />
- Camadas <strong>de</strong> acabamento dos revestimentos <strong>de</strong> ligantes hidráulicos;<br />
- <strong>Revestimentos</strong> <strong>de</strong>lgados <strong>de</strong> massas plásticas;<br />
- <strong>Revestimentos</strong> <strong>de</strong>lgados <strong>de</strong> ligantes mistos;<br />
- <strong>Revestimentos</strong> <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong>scontínuos aplicados fixação directa<br />
- <strong>Revestimentos</strong> <strong>de</strong>scontínuos aplicados por colagem<br />
2.2.9.1 Revestimento cerâmico colado em fachadas<br />
Os requisitos aplicáveis a ladrilhos cerâmicos estão <strong>de</strong>finidos na norma EN 14411, que faz a<br />
classificação dos mesmos em função do processo <strong>de</strong> fabrico e <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água.<br />
No que se refere às dimensões dos ladrilhos, há limites para revestimentos fixados por colagem<br />
com a<strong>de</strong>sivos:<br />
- 2000 cm 2 em pare<strong>de</strong>s revestidas com ladrilhos <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água não superior a<br />
0,5%;<br />
- 3600 cm 2 em pare<strong>de</strong>s revestidas com ladrilhos <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água superior a 0,5%;<br />
- 300 cm 2 em pare<strong>de</strong>s revestidas com ladrilhos <strong>de</strong> terra cota.<br />
Na selecção do método <strong>de</strong> fixação dos ladrilhos é importante aten<strong>de</strong>r aos seguintes aspectos:<br />
• O tipo <strong>de</strong> ambiente em que se insere o sistema <strong>de</strong> revestimento e as solicitações e<br />
<strong>de</strong>sempenho esperados, aten<strong>de</strong>ndo: à posição da superfície a revestir (horizontal ou<br />
vertical); à sua localização (interior ou exterior); ao uso previsto para o espaço; à<br />
existência <strong>de</strong> condições climáticas severas (ciclos <strong>de</strong> gelo/<strong>de</strong>gelo, temperaturas<br />
elevadas, etc.) e ao <strong>de</strong>sempenho esperado em função do tipo <strong>de</strong> utilização dos edifícios<br />
(resi<strong>de</strong>nciais, comerciais, industriais, etc.)<br />
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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL<br />
PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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• O tipo <strong>de</strong> suporte e as suas características mecânicas, geométricas, químicas, etc.,<br />
prestando atenção a intersecções entre diferentes superfícies<br />
• A calendarização da obra, com particular importância para os tempos <strong>de</strong> cura/secagem<br />
dos diferentes componentes.<br />
Existem diferentes métodos e produtos para fixação <strong>de</strong> ladrilhos cerâmicos:<br />
- Argamassas tradicionais;<br />
- Cimentos-cola (c);<br />
- Colas em dispersão aquosa (D);<br />
- Colas <strong>de</strong> resinas <strong>de</strong> reacção (R)<br />
A norma EN 12004, <strong>de</strong>fine quais as exigências a respeitar para estes tipos <strong>de</strong> produtos.<br />
Figura 48- Técnicas <strong>de</strong> assentamento <strong>de</strong> ladrilhos cerâmicos com argamassas tradicionais em<br />
pare<strong>de</strong>s<br />
As juntas entre ladrilhos <strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong>finidas pelo fabricante em função do tipo <strong>de</strong> aplicação<br />
prevista, aten<strong>de</strong>ndo às características dos ladrilhos, nomeadamente a sua <strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong> face<br />
às diferentes solicitações, em particular <strong>de</strong> carácter higrotérmico.<br />
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PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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A aplicação com junta não superior a 1 mm é específica <strong>de</strong> produtos rectificados.<br />
As juntas entre ladrilhos <strong>de</strong>vem ser preenchidas com um produto a<strong>de</strong>quado, cuja selecção<br />
<strong>de</strong>verá ser feita em função <strong>de</strong> vários factores, nomeadamente a impermeabilida<strong>de</strong>, a resistência<br />
à água, ao calor, aos agentes <strong>de</strong> limpeza e aos ataques químicos, a resistência ao<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> microorganismos e a resiliência e compressibilida<strong>de</strong>.<br />
Para limitar os riscos <strong>de</strong> fissuração ou <strong>de</strong>stacamento dos revestimentos cerâmicos, <strong>de</strong>vido às<br />
tensões originadas pelas <strong>de</strong>formações <strong>de</strong> natureza higrotérmica, é necessário prever juntas <strong>de</strong><br />
fraccionamento a<strong>de</strong>quadas.<br />
Nas juntas entre ladrilhos cerâmicos e caixilharias <strong>de</strong>ve ser aplicado um mastique elastómero.<br />
No entanto a estanquida<strong>de</strong> ao longo do contorno da caixilharia <strong>de</strong>ve ser assegurada<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong>sta junta.<br />
No topo das superfícies <strong>de</strong> fachada revestidas com ladrilhos cerâmicos <strong>de</strong>verá existir uma<br />
protecção com pinga<strong>de</strong>ira a<strong>de</strong>quada, conforme a figura.<br />
Figura 48 - Protecção superior <strong>de</strong> fachadas revestidas com ladrilhos<br />
Figura 49 – Exemplos <strong>de</strong> revestimento exterior <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s<br />
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PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II<br />
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2.3 BIBLIOGRAFIA<br />
[1] LNEC (1995), <strong>Revestimentos</strong> <strong>de</strong> Pare<strong>de</strong>s, Curso <strong>de</strong> Especialização, Lisboa.<br />
[2] Lucas, C. (1990), Classificação e Descrição Geral <strong>de</strong> <strong>Revestimentos</strong> para Pare<strong>de</strong>s,<br />
Informação Técnica ITE 24, LNEC, Lisboa.<br />
[3] Lucas, C. (1990), Exigências Funcionais <strong>de</strong> <strong>Revestimentos</strong> <strong>de</strong> Pare<strong>de</strong>s, Informação<br />
Técnica ITE 25, LNEC, Lisboa<br />
[4] APICER (2003), Manual <strong>de</strong> Aplicação dos <strong>Revestimentos</strong> Cerâmicos, Associação<br />
Portuguesa da Indústria da Cerâmica, Coimbra<br />
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