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Rede de Propriedades Familiares Agroecológicas-uma ... - Iapar

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32 Boletim Técnico nº 68<br />

A força <strong>de</strong> trabalho na agricultura, a realização das ativida<strong>de</strong>s, a<br />

estruturação e o <strong>de</strong>senvolvimento dos sistemas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os ciclos extrativos até<br />

o início dos anos 90, ocorreu prioritariamente com a força <strong>de</strong> tração animal.<br />

Mesmo com as transformações da mo<strong>de</strong>rnização ocorridas após 1970, o<br />

padrão <strong>de</strong> baixa intensificação tecnológica perdura até os dias atuais no<br />

segmento <strong>de</strong> agricultura familiar. O estudo <strong>de</strong> Doretto (1991) mostra que, em<br />

1960, menos <strong>de</strong> 1% da força <strong>de</strong> tração era mecânica; em 1970, era pouco mais<br />

<strong>de</strong> 1%; em 1980, ficou em torno <strong>de</strong> 21%. Mas, em 1985, mais <strong>de</strong> 80% dos<br />

estabelecimentos usavam tração mecânica, em algum momento do processo,<br />

combinada com tração animal, que ainda era utilizada por 74% dos<br />

estabelecimentos 24 . O uso exclusivo <strong>de</strong> tração mecânica ocorria em 25% dos<br />

estabelecimentos.<br />

O uso <strong>de</strong> insumos industriais foi mais dinâmico e acentuado. Os usuários<br />

<strong>de</strong> fertilizantes eram apenas 1% em 1960; eram cerca <strong>de</strong> 20% em 1970; 46% em<br />

1980; e pouco mais <strong>de</strong> 53% em 1985 25 . É certo que a intensificação do uso<br />

ocorreu nos estabelecimentos mais capitalizados e em produtos específicos,<br />

como o fumo (Doretto, 1991).<br />

Assim, parte significativa dos agricultores familiares não utilizava adubo<br />

químico. Além disso, fora do “pacote” tecnológico dos sistemas <strong>de</strong> produção<br />

<strong>de</strong> fumo, os agricultores que usavam fertilizantes e corretivos faziam-no <strong>de</strong><br />

forma diferenciada, predominando a subdosagem das aplicações (em relação<br />

ao recomendado e requerido pelas plantas).<br />

Em termos <strong>de</strong> calibração da fertilida<strong>de</strong> as condições se agravavaram,<br />

porque o calcário era utilizado por um percentual bastante baixo dos<br />

agricultores e as aplicações eram muito abaixo das exigências <strong>de</strong> correção.<br />

Doretto (1991) informa que [...] o fraco <strong>de</strong>sempenho da utilização <strong>de</strong> calcário<br />

[...] consistiu num aspecto limitante às condições técnicas a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong><br />

produção, pois a fertilida<strong>de</strong> natural dos solos é limitada pelos altos índices <strong>de</strong><br />

aci<strong>de</strong>z. Vale reforçar que a condição natural dos solos da região é pouco<br />

favorável à agricultura com médio ou elevado grau <strong>de</strong> intensivida<strong>de</strong> e que não<br />

havia e não há a aplicação <strong>de</strong> práticas massivas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação da fertilida<strong>de</strong><br />

do solo para a produção sustentável <strong>de</strong> bens agrícolas 26 .<br />

24 O percentual refere se ao número <strong>de</strong> informantes que usaram máquinas. Na gran<strong>de</strong> maioria dos casos<br />

(agricultores familiares) o uso era para serviços contratados para operações específicas como aração, gradagem<br />

e outros.<br />

25 Até o início dos anos 80 os sistemas <strong>de</strong> produção tinham características <strong>de</strong> produção agroecológica, <strong>de</strong> baixa<br />

viabilida<strong>de</strong> econômica.<br />

26 Os níveis <strong>de</strong> exigência das terras para a aplicação <strong>de</strong> fertilizantes na região são baixos ou médios para apenas<br />

20% das áreas e altos ou muito altos para 80% das áreas (adaptado <strong>de</strong> EMBRAPA/IAPAR, 1984). O pousio, como<br />

método tradicional <strong>de</strong> recuperação da fertilida<strong>de</strong>, ficou pouco viável, dada a diminuição das áreas disponíveis<br />

e do tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso das terras (Doretto, 1991).

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