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O RUGIDO DO LEÃO DO NORTE - INTG

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48|<br />

Os nomes das ruas evocam a<br />

Restauração Pernambucana,<br />

assim como o principal<br />

hospital público da capital<br />

(Hospital da Restauração).<br />

PARTE II | O <strong>RUGI<strong>DO</strong></strong> <strong>DO</strong> <strong>LEÃO</strong> <strong>DO</strong> <strong>NORTE</strong> | <strong>DO</strong> ORGULHO DA RESTAURAÇÃO ÀS REVOLUÇÕES LIBERTÁRIAS<br />

do século XIX, sobretudo os de 1817, 1824 e 1848. Na verdade,<br />

tantas foram as utilizações do nativismo ao longo da história<br />

de Pernambuco que talvez seja mais apropriado falar de<br />

“nativismos”, no plural. Foi a partir dessas leituras e releituras<br />

do significado da Restauração que a “alma pernambucana” foi<br />

sendo forjada, consolidando a imagem de um Pernambuco<br />

heróico, revolucionário, indomável.<br />

GUERRA E RELIGIÃO NA RESTAURAÇÃO<br />

PERNAMBUCANA<br />

Areligião é uma das principais determinantes de uma História<br />

do Saber. Em torno da fé e nela própria, diversos saberes<br />

constelam e fazem história. Na Idade Moderna ocidental, período<br />

marcado por grandes conflitos, Pernambuco foi a única região do<br />

País a vivenciar a disputa — e um certo convívio — entre dois<br />

conjuntos de saberes religiosos que se imaginavam, então, opostos<br />

para sempre: um advindo da Reforma Protestante e outro da<br />

Contra-Reforma Católica. Uma harmonia rara e frágil se impôs<br />

entre católicos, protestantes e até judeus. Sabe-se hoje que a<br />

oposição entre essas variáveis do cristianismo não foi tão profunda<br />

quanto imaginavam alguns dos seus próprios contemporâneos<br />

(Fernández-Armesto e Wilson, 1996), mas o nível de convívio e a<br />

tipificação do conflito em Pernambuco foram singulares.<br />

A Era Moderna foi marcada por conflitos sangrentos entre<br />

católicos e protestantes, fruto de um clima de mútua intolerância,<br />

no qual o amor à própria religião se traduzia, muitas vezes, no<br />

combate à de outrem. A cristandade católica encarou o advento<br />

da Reforma Protestante como uma ameaça à unidade cristã,<br />

colocando-se — sobretudo a partir do Concílio de Trento (1545-<br />

1563) — na defensiva contra o avanço do protestantismo na<br />

Europa e no Novo Mundo.<br />

Na Península Ibérica, a oposição ao protestantismo<br />

demonstrou-se ainda mais intensa, uma vez que a fé católica<br />

estava arraigada às identidades portuguesa e espanhola — ou<br />

seja, ser português ou espanhol significava ser católico. Desse<br />

modo, contrapunham-se, os ibéricos, às nações do norte, que<br />

haviam aderido à “heresia protestante”. É nesse contexto que se<br />

situam as guerras entre a Espanha e os Países Baixos — à época<br />

da União Ibérica — e as guerras de reconquista das possessões<br />

coloniais lusitanas após a Restauração de Portugal, em 1640.

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