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os relatos dos viajantes estrangeiros no brasil oitocentista - Uesc

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pode ser identificada como um interesse presente na escrita de viagem). Deste modo se<br />

condicio<strong>no</strong>u a propagação de “visões do Brasil” em território europeu via publicação<br />

das escritas de viagem. O esclarecimento d<strong>os</strong> interesses envolt<strong>os</strong> nas escritas de viagem<br />

visa um uso mais consciente destas enquanto fonte histórica.<br />

A escrita d<strong>os</strong> <strong>viajantes</strong> como fonte<br />

A abordagem da escrita d<strong>os</strong> <strong>viajantes</strong> estrangeir<strong>os</strong> como foco de análise, e não<br />

como fonte complementar, se faz válida pelo uso constante dessas fontes pel<strong>os</strong><br />

historiadores e, também, pelas múltiplas p<strong>os</strong>sibilidades historiográficas que estas<br />

proporcionam.<br />

Questão primeira e imprescindível para a abordagem d<strong>os</strong> relat<strong>os</strong> é tomar<br />

consciência de que <strong>os</strong> homens que <strong>os</strong> produziram são sujeit<strong>os</strong> dotad<strong>os</strong> de pré-conceit<strong>os</strong><br />

e referenciais culturais própri<strong>os</strong>, como qualquer sujeito sócio-cultural. Os <strong>viajantes</strong><br />

estrangeir<strong>os</strong> procediam de mei<strong>os</strong> culturais diferentes d<strong>os</strong> existentes em território<br />

<strong>brasil</strong>eiro do século XIX. Suas percepções variavam, por exemplo, desde o pré-conceito<br />

explícito a forte presença de “pessoas de cor” 3 ao encanto com as belezas da natureza do<br />

Brasil.<br />

O que, entretanto, logo lembra ao viajante que ele se acha numa parte estranha do mundo, é<br />

sobretudo a turba variegada de negr<strong>os</strong> e mulat<strong>os</strong> [...] A natureza inferior, bruta, desses homens<br />

insistentes, meio nus, fere a sensibilidade do europeu, que acaba de deixar <strong>os</strong> c<strong>os</strong>tumes delicad<strong>os</strong><br />

e as fórmulas obsequi<strong>os</strong>as das suas pátrias. (SPIX E MARTIUS, 1980, p.46)<br />

Ora passarinh<strong>os</strong> de diversas cores, ora deslumbrantes borboletas, ora inset<strong>os</strong> de maravilh<strong>os</strong>as<br />

formas, as pendentes casas de marimbond<strong>os</strong> e as d<strong>os</strong> cupins, ora plantas do mais lindo aspecto,<br />

espalhadas pelo estreito vale e pela rampa suave do morro, seduziam a n<strong>os</strong>sa vista. (SPIX E<br />

MARTIUS, 1980, p.81)<br />

Desse modo, é necessária a identificação d<strong>os</strong> p<strong>os</strong>síveis fatores que<br />

condicionaram as interpretações d<strong>os</strong> <strong>viajantes</strong> do, e <strong>no</strong>, Brasil <strong>oitocentista</strong>. Em suma, a<br />

identificação do “olhar estrangeiro”.<br />

3 Utilizo esse termo para assinalar as referencias que <strong>os</strong> <strong>viajantes</strong> fazem a negr<strong>os</strong> e mulat<strong>os</strong>.

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