12 1. INTRODUÇÃO A laranja é um produto de grande importância ...
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<strong>1.</strong> <strong>INTRODUÇÃO</strong><br />
A <strong>laranja</strong> <strong>é</strong> <strong>um</strong> <strong>produto</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>importância</strong> para a agricultura e a<br />
economia brasileira. O Brasil <strong>é</strong> responsável por 90% da produção <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>s<br />
na Am<strong>é</strong>rica do Sul, correspon<strong>de</strong>ndo a 34% da produção mundial <strong>de</strong>sta fruta<br />
(FAO, 2001).<br />
O suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> está entre os principais itens <strong>de</strong> exportação, <strong>é</strong> o oitavo<br />
<strong>produto</strong> em <strong>importância</strong> nacional e segundo no Estado <strong>de</strong> São Paulo. O Brasil<br />
<strong>é</strong> responsável por 85% do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> concentrado comercializado<br />
mundialmente (FAO, 2001). As exportações brasileiras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong><br />
congelado e concentrado em 2003 situaram-se em 1,1 milhão <strong>de</strong> toneladas<br />
garantindo <strong>um</strong>a receita <strong>de</strong> US$1,3 bilhões (NÓBREGA, 2003). Apesar <strong>de</strong> o<br />
setor citrícola ter apresentado a menor produção dos últimos 24 anos na safra<br />
2003/04, as estimativas <strong>de</strong> produção para a próxima safra, são <strong>de</strong> 900 mil<br />
toneladas <strong>de</strong> suco (PORTO, 2003).<br />
Segundo Valim et al (2001) o cons<strong>um</strong>idor brasileiro consome gran<strong>de</strong><br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> rec<strong>é</strong>m preparado <strong>de</strong>vido à disponibilida<strong>de</strong> da<br />
fruta durante o ano todo, a <strong>um</strong> menor preço e com melhor sabor quando<br />
comparado com o suco industrializado. Em relação ao suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong><br />
industrializado existe <strong>um</strong>a preferência do cons<strong>um</strong>idor brasileiro por sucos com<br />
aroma e sabor próximos ao do suco rec<strong>é</strong>m preparado. Este fato aliado tamb<strong>é</strong>m<br />
à procura por <strong>produto</strong>s prontos para o cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> sensorial tem<br />
a<strong>um</strong>entado o cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> integral pasteurizado, não<br />
concentrado.<br />
O cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> integral pasteurizado pronto para beber<br />
dobrou nos últimos quatro anos, chegando a 135 milhões <strong>de</strong> litros no período<br />
compreendo entre janeiro e setembro <strong>de</strong> 2002. As estimativas <strong>de</strong> crescimento<br />
para este setor são <strong>de</strong> 3,4% at<strong>é</strong> 2005 (RAMIRO, 2003). Tais fatos sugerem que<br />
o mercado interno <strong>de</strong>ve ser mais bem explorado como alternativa para os<br />
<strong>produto</strong>res <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>.<br />
Frente a estas perspectivas do mercado, a realização <strong>de</strong> estudos<br />
sensoriais visando conhecer as expectativas do cons<strong>um</strong>idor em relação ao<br />
suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> e os atributos sensoriais <strong>de</strong>sejados no <strong>produto</strong>, po<strong>de</strong> auxiliar as<br />
indústrias processadoras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> a a<strong>de</strong>quar a qualida<strong>de</strong> sensorial<br />
<strong>12</strong>
dos <strong>produto</strong>s existentes no mercado ao paladar dos cons<strong>um</strong>idores. A análise<br />
sensorial <strong>é</strong> hoje <strong>um</strong>a ferramenta essencial para as indústrias <strong>de</strong> alimentos, pois<br />
atributos como textura, aparência, sabor e odor, influenciam geralmente a<br />
aceitabilida<strong>de</strong> do <strong>produto</strong>.<br />
O presente trabalho teve como objetivo avaliar diferentes configurações<br />
<strong>de</strong> <strong>um</strong>a máquina extratora <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> visando obter maior<br />
produtivida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> sensorial do <strong>produto</strong>.<br />
Amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> obtidas atrav<strong>é</strong>s <strong>de</strong> três diferentes<br />
configurações foram submetidas à análise sensorial <strong>de</strong>scritiva quantitativa<br />
(ADQ) visando verificar eventuais diferenças nos atributos sensoriais avaliados<br />
por ADQ: cor, sabor doce, sabor ácido, sabor cozido, sabor amargo, sabor<br />
adstringente e polpa. Foram tamb<strong>é</strong>m avaliadas as características físico-<br />
químicas dos sucos <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> obtidos.<br />
Os resultados obtidos fornecerão subsídios às indústrias processadoras<br />
<strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> no sentido <strong>de</strong> melhor dimensionar seus equipamentos <strong>de</strong><br />
extração para a fabricação <strong>de</strong> <strong>um</strong> suco integral pasteurizado com melhores<br />
características sensoriais, por<strong>é</strong>m mantendo o rendimento <strong>de</strong>sejado.<br />
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2. OBJETIVOS<br />
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito <strong>de</strong> diferentes<br />
configurações <strong>de</strong> <strong>um</strong>a máquina extratora FMC visando garantir produtivida<strong>de</strong> e<br />
qualida<strong>de</strong> físico-química e sensorial do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>.<br />
2.<strong>1.</strong> Objetivos específicos<br />
• Obter suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> usando três variações na configuração da<br />
máquina extratora.<br />
• Analisar sensorialmente o suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> obtido em cada configuração<br />
usando a análise <strong>de</strong>scritiva quantitativa (ADQ).<br />
• Avaliar as características físico-químicas dos sucos <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> obtidos.<br />
• Avaliar os resultados obtidos utilizando m<strong>é</strong>todos estatísticos<br />
multivariados.<br />
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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />
3.<strong>1.</strong> História da <strong>laranja</strong><br />
A <strong>laranja</strong>, <strong>de</strong> todas as árvores frutíferas, <strong>é</strong> a mais cultivada e estudada<br />
em todo o mundo. Sua história, como todas as plantas cítricas, diz que a<br />
laranjeira <strong>é</strong> nativa da Ásia, mas a sua região <strong>de</strong> origem ainda <strong>é</strong> motivo <strong>de</strong><br />
controv<strong>é</strong>rsias. No sul da China, diz-se que a <strong>laranja</strong> já “era conhecida por volta<br />
do ano 2000 a.C.” e ainda alguns historiadores afirmam que os cítricos teriam<br />
surgido no leste asiático, nas regiões que incluem hoje Índia, China, Butão,<br />
Birmânia e Malásia (NAULT, 1987). Segundo o Minist<strong>é</strong>rio das Relações<br />
Exteriores (MRE) a <strong>laranja</strong> <strong>é</strong> originária da China e seu nome científico <strong>é</strong> Citrus<br />
sinenses (ABECITRUS, 2003c).<br />
“A trajetória da <strong>laranja</strong> pelo mundo <strong>é</strong> conhecida apenas <strong>de</strong> <strong>um</strong>a forma<br />
aproximada (...) ela foi levada da Ásia para o norte da África e <strong>de</strong> lá para o sul<br />
da Europa, on<strong>de</strong> teria chegado na Ida<strong>de</strong> M<strong>é</strong>dia” (LARANJA BRASIL, 2003).<br />
Com a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solo e clima a <strong>laranja</strong> espalhou-se pelo mundo<br />
sofrendo mutações e dando origem a novas varieda<strong>de</strong>s. O melhoramento<br />
gen<strong>é</strong>tico <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> começou a ser <strong>de</strong>senvolvido no s<strong>é</strong>culo XIX<br />
na Europa, visando sempre melhorar o aspecto, tamanho e sabor dos frutos,<br />
como tamb<strong>é</strong>m obter árvores mais resistentes às doenças e variações<br />
climáticas (ABECITRUS, 2003c).<br />
Na história do Brasil encontramos referências <strong>de</strong> que a <strong>laranja</strong> veio<br />
trazida da Europa para as Am<strong>é</strong>ricas na <strong>é</strong>poca dos <strong>de</strong>scobrimentos, por volta <strong>de</strong><br />
1500, e seu plantio <strong>de</strong>u-se mais precisamente em 1540, na Capitania <strong>de</strong> São<br />
Vicente pelos colonizadores portugueses, com mudas e t<strong>é</strong>cnica trazidas da<br />
Espanha. A finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse plantio era dispor <strong>de</strong> vitamina C, já consi<strong>de</strong>rada<br />
antídoto do escorbuto, doença que dizimava a maioria da tripulação dos navios,<br />
o que <strong>de</strong>monstra <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então a <strong>importância</strong> da utilização <strong>de</strong>sta fruta como<br />
“fonte medicinal” (ABECITRUS, 2003c e d).<br />
Já NAULT (1987) <strong>de</strong>screveu que a introdução da <strong>laranja</strong> no Brasil<br />
remonta à <strong>é</strong>poca da fundação das primeiras feitorias (postos <strong>de</strong> com<strong>é</strong>rcio do<br />
período colonial) no litoral, em Canan<strong>é</strong>ia, vindo mais tar<strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r-se para a<br />
Bahia. Mas os doc<strong>um</strong>entos e livros que retratam o Brasil do início da<br />
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colonização citam a excelente adaptação climática das árvores cítricas na<br />
costa brasileira e ainda que não foram poucos os viajantes que mencionaram a<br />
existência <strong>de</strong> laranjeiras selvagens no interior do Brasil, levando muitos a<br />
acreditar que a <strong>laranja</strong> já era <strong>um</strong>a fruta nativa da terra. Isto contribuiu para que<br />
na primeira meta<strong>de</strong> do s<strong>é</strong>culo XIX o país fosse alvo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse dos<br />
pesquisadores europeus. Na realida<strong>de</strong>, a boa adaptação da <strong>laranja</strong> ao clima e<br />
ao solo nacional produziu <strong>um</strong>a varieda<strong>de</strong> particular, reconhecida<br />
internacionalmente: a <strong>laranja</strong> Bahia, baiana ou "<strong>de</strong> <strong>um</strong>bigo", que teria surgido<br />
por volta <strong>de</strong> 1800. Foi a partir da <strong>laranja</strong> Bahia que a citricultura virou <strong>um</strong> ramo<br />
da agricultura no Brasil. Quarenta ou cinqüenta s<strong>é</strong>culos <strong>de</strong>pois da sua<br />
pres<strong>um</strong>ível domesticação a <strong>laranja</strong> tem seu maior vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> produção nas<br />
Am<strong>é</strong>ricas. São Paulo, no Brasil, e Flórida, nos Estados Unidos, são as<br />
principais regiões <strong>produto</strong>ras do mundo (ABECITRUS, 2003c).<br />
O peso mercadológico da <strong>laranja</strong> vem da segunda meta<strong>de</strong> do s<strong>é</strong>culo<br />
XIX, quando passou a acompanhar o caf<strong>é</strong> como cultura acessória (o caf<strong>é</strong> foi<br />
caminhando para o interior e a <strong>laranja</strong> foi seguindo o seu rastro), sendo a<br />
produção cons<strong>um</strong>ida nas fazendas e o exce<strong>de</strong>nte, vendido nas cida<strong>de</strong>s. No<br />
início do s<strong>é</strong>culo XX, a citricultura começou a ser encarada como “opção<br />
agrícola”. Em São Paulo, como subsídio aos agricultores, o governo estadual<br />
passou a distribuir mudas. Mais tar<strong>de</strong>, com a crise do caf<strong>é</strong>, a citricultura foi<br />
ganhando espaço. A partir <strong>de</strong> 1910 o Brasil passou a ser conhecido como<br />
gran<strong>de</strong> exportador <strong>de</strong> frutas frescas e em 1939, a <strong>laranja</strong> chegou a ser <strong>um</strong> dos<br />
<strong>de</strong>z principais <strong>produto</strong>s <strong>de</strong> exportação. Em conseqüência da II Guerra Mundial,<br />
o Brasil teve <strong>um</strong> <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> 80% dos pomares, que chegaram a ser<br />
abandonados, em razão do fechamento <strong>de</strong> mercado importador em 1940, com<br />
retorno à ativida<strong>de</strong> nos anos 60. Este período <strong>de</strong>u início a <strong>um</strong>a crise que<br />
praticamente <strong>de</strong>struiu a citricultura brasileira, pois al<strong>é</strong>m do fechamento <strong>de</strong><br />
mercado, passou-se por <strong>um</strong> período <strong>de</strong> doenças na lavoura <strong>de</strong>corrente do<br />
abandono. Uma doença chamada Tristeza, <strong>de</strong> origem espanhola, reduziu o<br />
parque citrícola <strong>de</strong> 11 milhões para 3 milhões <strong>de</strong> árvores na d<strong>é</strong>cada <strong>de</strong> 1940.<br />
Esta doença, provocada por <strong>um</strong> vírus, causou o <strong>de</strong>finhamento progressivo das<br />
árvores. Uma parceria entre cientistas e empreen<strong>de</strong>dores conseguiu a solução<br />
<strong>de</strong>finitiva para o problema em 1955, trazendo como resultado pomares mais<br />
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produtivos e <strong>um</strong>a citricultura estruturada nas regiões <strong>de</strong> clima tropical e sub-<br />
tropical (ABECITRUS, 2003c).<br />
Na d<strong>é</strong>cada <strong>de</strong> 50, novamente a citricultura do Brasil sofre com a bact<strong>é</strong>ria<br />
Xanthomonas citri, agente do cancro cítrico. Originária da Ásia, essa bact<strong>é</strong>ria,<br />
causadora <strong>de</strong> lesões nos frutos, folhas e ramos, entrou no Brasil por meio <strong>de</strong><br />
mudas trazidas clan<strong>de</strong>stinamente do Japão. A Campanha Nacional <strong>de</strong><br />
Erradicação do Cancro Cítrico estimulou o trabalho <strong>de</strong> preservação e<br />
conservação do setor citrícula no país (ABECITRUS, 2003c).<br />
O setor passou a ter <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> impulso na produção na d<strong>é</strong>cada <strong>de</strong> 60,<br />
em razão <strong>de</strong> geadas na Flórida, que trouxe como conseqüência novamente a<br />
abertura <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> espaço para exportação <strong>de</strong> frutos e o início da produção e<br />
exportação <strong>de</strong> suco brasileiro. Esta geada <strong>de</strong>struiu gran<strong>de</strong> parte da citricultura<br />
dos Estados Unidos transformando o Brasil em <strong>um</strong> promissor pólo alternativo<br />
para os mercados norte-americano e europeu (ABECITRUS, 2003c).<br />
A história das indústrias <strong>de</strong> suco no Brasil data <strong>de</strong> 1959, com a abertura<br />
da primeira fábrica <strong>de</strong> suco concentrado, a Companhia Mineira <strong>de</strong> Bebidas. Em<br />
1961 mais <strong>um</strong>a indústria instala-se no país, a Citrosuco Paulista. Esta empresa<br />
aproveita a geada da Flórida e coloca no mercado exterior, atrav<strong>é</strong>s <strong>de</strong><br />
exportação para os EUA, mil toneladas <strong>de</strong> suco concentrado. Após seis anos a<br />
família Cutrale cria a Sucocítrico Cutrale Ltda., segunda gran<strong>de</strong> indústria do<br />
ramo no país. Daí para frente, a trajetória do setor alternou momentos <strong>de</strong><br />
prosperida<strong>de</strong> e dificulda<strong>de</strong>s, conforme os mercados avançavam ou se retraíam<br />
internamente ou no exterior. Nos anos 60 e 70, várias empresas <strong>de</strong> suco<br />
abriram, fecharam, foram adquiridas ou se fundiram. A <strong>laranja</strong> avançou no<br />
interior <strong>de</strong> São Paulo, mas das 40 esmagadoras fundadas no país, somente<br />
<strong>de</strong>z restam hoje em ativida<strong>de</strong> (COSTA, 2003).<br />
Em 1985, o Brasil superou a Flórida na exportação <strong>de</strong> suco concentrado,<br />
passando a sustentar at<strong>é</strong> hoje o título <strong>de</strong> maior <strong>produto</strong>r mundial <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>s e<br />
suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> (MRE, 2003). Des<strong>de</strong> então o setor citrícola vem investindo na<br />
produtivida<strong>de</strong>, na qualida<strong>de</strong>, no marketing, na abertura <strong>de</strong> novos mercados e<br />
na oferta <strong>de</strong> preços atrativos (COSTA, 2003).<br />
Do 1 milhão <strong>de</strong> hectares <strong>de</strong> plantas cítricas no Brasil, o Estado <strong>de</strong> São<br />
Paulo <strong>é</strong> responsável por 70% da produção <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> do país e 98% do suco<br />
produzido, com <strong>um</strong> vol<strong>um</strong>e que supera 400 milhões <strong>de</strong> caixas (HASSE, 2003).<br />
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Segundo o Instituto <strong>de</strong> Economia Agrícola (IEA) a estiagem no último<br />
trimestre <strong>de</strong> 2002 provocou <strong>um</strong>a quebra na safra <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> 2001/2002 <strong>de</strong><br />
14,38 milhões caixas no Estado <strong>de</strong> São Paulo. A produção final ficou em<br />
361,74 milhões <strong>de</strong> caixas. Na safra <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> 2002/03, a produção chegou a<br />
335,6 milhões <strong>de</strong> caixas (DIÁRIO WEB, 2003; ABECITRUS, 2003b). No total<br />
foram colhidas em todo o estado <strong>de</strong> São Paulo e Triângulo Mineiro cerca <strong>de</strong><br />
280 milhões <strong>de</strong> caixas <strong>de</strong> 40,8 quilos da fruta (SILVA, 2003).<br />
3.2. Produção e Exportação<br />
Na d<strong>é</strong>cada <strong>de</strong> 80 o Brasil tornou-se o maior <strong>produto</strong>r mundial <strong>de</strong><br />
<strong>laranja</strong>s, superando os Estados Unidos. Com isso a indústria <strong>de</strong> suco <strong>de</strong><br />
<strong>laranja</strong> ganhava <strong>importância</strong> na pauta das exportações do país. Já em 1981, as<br />
exportações brasileiras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> concentrado ultrapassavam 600 mil<br />
toneladas anuais. A maior parte da produção brasileira <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> <strong>de</strong>stina-se à<br />
indústria do suco, que está concentrada no Estado <strong>de</strong> São Paulo. O setor<br />
emprega diretamente cerca <strong>de</strong> 400 mil pessoas, <strong>é</strong> ativida<strong>de</strong> econômica<br />
essencial para 204 municípios paulistas e alguns do Triângulo Mineiro, gera<br />
divisas da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> US$ 1,5 bilhões por ano, respon<strong>de</strong> pela meta<strong>de</strong> do suco<br />
<strong>de</strong> <strong>laranja</strong> produzido no mundo e por 80% do suco concentrado que transita<br />
pelo mercado internacional (GARDIM, 2002).<br />
Devido ao a<strong>um</strong>ento da produção <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> nos Estados Unidos, o Brasil<br />
vem encontrando dificulda<strong>de</strong>s nos últimos anos para exportação <strong>de</strong> suco<br />
concentrado na mesma proporção anterior. Como conseqüência, o acúmulo<br />
nos estoques do Brasil <strong>é</strong> record. Frente a isto, as indústrias brasileiras <strong>de</strong> suco<br />
<strong>de</strong> <strong>laranja</strong> estão apostando no mercado interno como alternativa para a<br />
comercialização (ABECITRUS, 2000a).<br />
A indústria <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> processou 950 mil toneladas na safra<br />
2003/2004. O vol<strong>um</strong>e <strong>é</strong> 29,6% menor do que o processado na safra 2002/2003,<br />
que ficou em torno <strong>de</strong> 1,35 milhão <strong>de</strong> toneladas. Como o total exportado em<br />
2002/2003 fechou em 1,15 milhão <strong>de</strong> toneladas, a indústria terá <strong>um</strong> estoque <strong>de</strong><br />
200 mil toneladas <strong>de</strong> suco. A previsão do vol<strong>um</strong>e exportado na safra 2003/2004<br />
tamb<strong>é</strong>m ficou em torno <strong>de</strong> 1,15 milhão <strong>de</strong> toneladas (DIÁRIO WEB, 2003).<br />
18
O Brasil exportou <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2002 a junho <strong>de</strong> 2003, 662.996 toneladas<br />
<strong>de</strong> suco concentrado para a União Europ<strong>é</strong>ia. Já para o grupo NAFTA (EUA,<br />
M<strong>é</strong>xico e Canadá) a exportação foi <strong>de</strong> 23<strong>1.</strong>206 toneladas, enquanto para a<br />
Ásia foi <strong>de</strong> <strong>12</strong>6.150 toneladas. Para o Mercosul, a exportação foi <strong>de</strong> apenas<br />
507 toneladas, al<strong>é</strong>m das 56.397 toneladas exportadas para outros países<br />
(ABECITRUS, 2003d).<br />
3.3.Cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong><br />
O mercado <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> <strong>é</strong> dividido entre três <strong>produto</strong>s principais:<br />
suco congelado concentrado (frozen concentrate - FC), suco reconstituído<br />
pronto para beber e suco integral pasteurizado (NFC). Segundo dados da<br />
TETRA PAK (1998), o suco concentrado vem per<strong>de</strong>ndo sua posição dominante<br />
para menos <strong>de</strong> 30% da produção total <strong>de</strong> suco <strong>de</strong>vido ao interesse do<br />
cons<strong>um</strong>idor europeu e americano pelo suco integral pasteurizado pronto para<br />
beber. Este tipo <strong>de</strong> suco que surgiu no mercado americano em meados da<br />
d<strong>é</strong>cada <strong>de</strong> 80, foi gradualmente a<strong>um</strong>entando sua participação para mais <strong>de</strong><br />
30% do mercado, enquanto o suco reconstituído, respondia por outros 30-35%.<br />
Os maiores cons<strong>um</strong>idores mundiais <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> são os norte-<br />
americanos e europeus. O mercado norte-americano respon<strong>de</strong> por 50% do<br />
cons<strong>um</strong>o global, que <strong>é</strong> <strong>de</strong> 5,5 bilhões <strong>de</strong> litros/ano e equivale a<br />
aproximadamente 20 litros/per capita/ano. O mercado europeu <strong>é</strong> responsável<br />
por 30% do vol<strong>um</strong>e total cons<strong>um</strong>ido (TETRA PAK, 1998). O vol<strong>um</strong>e total <strong>de</strong><br />
suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> cons<strong>um</strong>ido na Europa gira ao redor <strong>de</strong> 3,3 bilhões <strong>de</strong> litros e<br />
quase todo o mercado cons<strong>um</strong>idor <strong>é</strong> <strong>de</strong> suco pronto para beber. O cons<strong>um</strong>o<br />
europeu <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> apresentou <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> 13%, em 2003, o que<br />
equivale a <strong>um</strong>a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> 100 mil toneladas <strong>de</strong> suco. O Brasil passará a<br />
fornecer para a Europa pelo menos 80 mil toneladas <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>manda (TETRA<br />
PAK, 1998; ABECITRUS, 2003b).<br />
O Brasil <strong>é</strong> responsável por 50% da produção mundial <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>,<br />
<strong>de</strong>ste vol<strong>um</strong>e, apenas 3% <strong>é</strong> cons<strong>um</strong>ido no mercado interno (PESSÔA, 2003).<br />
19
3.4. Característica da fruta<br />
Existem duas varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>s: as <strong>laranja</strong>s doces, mais difundidas<br />
em todo o mundo, e as <strong>laranja</strong>s azedas.<br />
Das varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> docê existentes no Brasil, fez parte <strong>de</strong>ste<br />
estudo apenas a varieda<strong>de</strong> Pêra Rio, conforme ilustra a Figura 1, consi<strong>de</strong>rada<br />
a mais importante na produção <strong>de</strong> suco.<br />
A <strong>laranja</strong> Pêra Rio <strong>é</strong> pequena, <strong>de</strong> cor amarela-avermelhada, casca fina e<br />
lisa, com polpa suculenta e formato oval. Tem sabor adocicado e <strong>é</strong> especial<br />
para o preparo <strong>de</strong> sucos e gel<strong>é</strong>ias (ROBATTO, 1983).<br />
Figura 1: Vista frontal, superior, inferior e corte transversal da <strong>laranja</strong> Pêra Rio.<br />
A safra da <strong>laranja</strong> ocupa mais da meta<strong>de</strong> do ano esten<strong>de</strong>ndo-se <strong>de</strong><br />
junho a <strong>de</strong>zembro, o que torna a fruta muito disponível para o cons<strong>um</strong>o<br />
(ROBATTO, 1983). A safra da <strong>laranja</strong> Pêra Rio vai <strong>de</strong> junho a meados <strong>de</strong> julho<br />
e <strong>de</strong> meados <strong>de</strong> agosto a meados <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro (TETRA PAK, 1998).<br />
A classificação da <strong>laranja</strong> <strong>é</strong> baseada na separação do <strong>produto</strong> por cor,<br />
tamanho, formato e qualida<strong>de</strong>. Esta classificação permite unificar a linguagem<br />
do mercado, ou seja, <strong>produto</strong>res, atacadistas, varejistas e cons<strong>um</strong>idores têm os<br />
mesmos padrões para <strong>de</strong>terminar a qualida<strong>de</strong> do <strong>produto</strong>. A Figura 2 ilustra a<br />
variação <strong>de</strong> cor da <strong>laranja</strong> (CEAGEPE, 2003).<br />
20
Coloração<br />
C1 C2 C3 C4 C5<br />
Figura 2: Coloração da <strong>laranja</strong> usada para <strong>um</strong>a classificação (CEAGEPE,<br />
2003).<br />
A classificação da fruta pela sua cor <strong>é</strong> <strong>de</strong>stinada ao cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> fruta<br />
fresca, já para a indústria a classificação <strong>é</strong> feita <strong>de</strong> acordo com o Ratio (razão<br />
entre sólidos solúveis totais e aci<strong>de</strong>z). O Ratio <strong>de</strong>fine o estado <strong>de</strong> maturação da<br />
fruta antes da colheita (REDD, 1986).<br />
A separação das <strong>laranja</strong>s por classes <strong>é</strong> feita <strong>de</strong> acordo com o tamanho<br />
dos frutos medido pelo seu diâmetro longitudinal, isto <strong>é</strong>, aquele medido do<br />
pedúnculo ao ápice, conforme a Tabela <strong>1.</strong><br />
Tabela 1- Classes da <strong>laranja</strong> (CEAGEPE, 2003).<br />
Classe Diâmetro latitudinal<br />
(mm)<br />
Diâmetro longitudinal<br />
(mm)<br />
106 106 116<br />
98 98 106<br />
93 93 98<br />
89 89 93<br />
85 85 89<br />
81 81 85<br />
78 78 81<br />
75 75 78<br />
72 72 75<br />
68 68 72<br />
66 66 68<br />
63 63 66<br />
60 60 63<br />
57 57 60<br />
54 54 57<br />
21
De acordo com a classe da fruta <strong>de</strong>termina-se o tamanho do copo da<br />
máquina extratora a ser utilizado no processo <strong>de</strong> extração.<br />
3.4.<strong>1.</strong> Características internas da fruta<br />
Essencialmente, <strong>um</strong>a <strong>laranja</strong> <strong>é</strong> <strong>um</strong>a bola <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> suco protegidos<br />
por <strong>um</strong>a capa <strong>de</strong> cera, a casca. A casca consiste <strong>de</strong> <strong>um</strong>a camada externa fina,<br />
o flavedo, e outra espessa e fibrosa, o albedo. Os carotenói<strong>de</strong>s presentes no<br />
flavedo respon<strong>de</strong>m pela cor característica. Óleos aromáticos tamb<strong>é</strong>m estão<br />
presentes. O albedo, parte branca e esponjosa cont<strong>é</strong>m várias substâncias que<br />
influenciam a qualida<strong>de</strong> do suco, freqüentemente <strong>de</strong> forma negativa, se essas<br />
substâncias forem extraídas junto com o suco. São elas: flavonói<strong>de</strong>s, d-<br />
limoneno, limonina e pectina. A parte comestível da fruta <strong>é</strong> conhecida como<br />
endocarpo, que consiste <strong>de</strong> <strong>um</strong> núcleo central fibroso, gomos, membranas dos<br />
gomos e <strong>um</strong>a membrana externa. Os gomos contêm vesículas <strong>de</strong> suco ou<br />
sacos mantidos juntos por <strong>um</strong> material ceroso. Po<strong>de</strong> haver sementes <strong>de</strong>ntro<br />
dos gomos. Al<strong>é</strong>m do suco propriamente dito, as vesículas tamb<strong>é</strong>m cont<strong>é</strong>m<br />
óleos e lipí<strong>de</strong>os, conforme ilustrado na Figura 3 (TETRA PAK, 1998).<br />
Figura 3 – Estrutura interna da <strong>laranja</strong> (TETRA PAK, 1998).<br />
22
O suco cont<strong>é</strong>m açúcares, ácidos orgânicos, vitaminas, minerais, pectina<br />
e pigmentos, al<strong>é</strong>m <strong>de</strong> outros componentes. Depois que o suco <strong>é</strong> extraído,<br />
pedaços da vesícula e das membranas são recolhidos como polpa que se<br />
divi<strong>de</strong>m em pedaços gran<strong>de</strong>s (flutuantes) e partículas (mergulhantes) (TETRA<br />
PAK, 1998).<br />
3.5. Composição nutricional<br />
Todos os tipos <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> cont<strong>é</strong>m quantida<strong>de</strong>s apreciáveis <strong>de</strong> sais<br />
minerais, principalmente cálcio, potássio, sódio e fósforo. A <strong>laranja</strong> tamb<strong>é</strong>m <strong>é</strong><br />
rica em vitaminas do complexo B, cont<strong>é</strong>m <strong>um</strong> pouco <strong>de</strong> vitamina A e <strong>é</strong><br />
consi<strong>de</strong>rada a melhor fonte <strong>de</strong> vitamina C, <strong>de</strong>ntre as frutas. Al<strong>é</strong>m disso, a<br />
<strong>laranja</strong> cont<strong>é</strong>m açúcares simples, que são facilmente assimilados pelo<br />
organismo, cerca <strong>de</strong> 33 Kcal, quantida<strong>de</strong> elevada <strong>de</strong> água, baixa porcentagem<br />
<strong>de</strong> lipí<strong>de</strong>os e proteínas. Depen<strong>de</strong>ndo da varieda<strong>de</strong> da <strong>laranja</strong> po<strong>de</strong> haver<br />
diferença nos nutrientes presentes (ROBATTO, 1983). A Tabela 2 apresenta a<br />
composição nutricional da <strong>laranja</strong> segundo o DIET PRO 3.0, 2000.<br />
Tabela 2 – Composição nutricional da <strong>laranja</strong> em 100g<br />
Energia (Kcal) 33,<strong>12</strong><br />
Umida<strong>de</strong> (%) 89,46<br />
Lipídios (g) 0,40<br />
Proteína (g) 0,77<br />
Vitamina C (mg) 60<br />
Fibra (g) 1,45<br />
Glicídios (g) 6,61<br />
Fonte: DIET PRO 3.0, 2000.<br />
Por ser particularmente rica em vitamina C e em pectina, <strong>um</strong>a das<br />
frações da fibra vegetal, atua na regulação dos valores <strong>de</strong> colesterol do<br />
organismo h<strong>um</strong>ano. Al<strong>é</strong>m disso, oferece o benefício <strong>de</strong> ter intacto o seu valor<br />
nutritivo, dado que se come sempre crua. A <strong>laranja</strong> apresenta notáveis<br />
23
proprieda<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>correntes do fato <strong>de</strong> ser sempre cons<strong>um</strong>ida como <strong>produto</strong><br />
fresco e da <strong>é</strong>poca, e <strong>de</strong> ser proveniente <strong>de</strong> <strong>um</strong>a região bastante exposta ao sol,<br />
o que lhe confere <strong>um</strong>a maior riqueza em vitamina C (SANCHO, 2003).<br />
Segundo IZQUIERDO (2003) os compostos bioativos são os compostos<br />
fenólicos, especialmente flavanonas, capaz <strong>de</strong> reduzir o risco a certos tipos <strong>de</strong><br />
câncer (<strong>de</strong> cólon e <strong>de</strong> mama) e melhoram a circulação venosa e arterial graças<br />
às suas condições antiagregadoras, vasodilatadoras e antia<strong>de</strong>rentes ao nível<br />
plasmático. As condições <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong> refrigeração da <strong>laranja</strong> não<br />
afetam a estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes compostos fenólicos. O modo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scascar a<br />
<strong>laranja</strong> e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> albedo a<strong>de</strong>rida aos gomos <strong>é</strong> fundamental para o total<br />
<strong>de</strong> flavanonas ingeridas, tornando-se recomendável o cons<strong>um</strong>o da <strong>laranja</strong> com<br />
maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> albedo nos gomos. Quanto ao suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>, o processo<br />
<strong>de</strong> extração industrial proporciona <strong>um</strong>a maior concentração <strong>de</strong>stes compostos<br />
que os obtidos mediante <strong>um</strong> espremedor dom<strong>é</strong>stico. A vitamina C <strong>é</strong> <strong>um</strong><br />
composto altamente abundante tanto na <strong>laranja</strong> in natura quanto em seu suco,<br />
não sendo muito afetada nem pelos tratamentos <strong>de</strong> conservação nem pelos <strong>de</strong><br />
processamento. A vitamina C do suco rec<strong>é</strong>m-espremido <strong>é</strong> estável e não sofre<br />
perdas durante três dias <strong>de</strong> conservação sob refrigeração, contrariamente à<br />
crença popular da perda imediata da mesma. As recomendações quanto ao<br />
cons<strong>um</strong>o são <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>laranja</strong> por dia e/ou <strong>um</strong> copo <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> modo a garantir<br />
parte da dose diária recomendada <strong>de</strong> vitamina C, que segundo o EAR<br />
(Estimated Average Requeriment) são <strong>de</strong> 75mg <strong>de</strong> vitamina C para os homens<br />
e 60mg para as mulheres.<br />
3.6. Processamento da fruta<br />
<strong>de</strong> <strong>laranja</strong>.<br />
A Figura 4 ilustra o fluxograma da unida<strong>de</strong> fabril processadora <strong>de</strong> suco<br />
3.6.<strong>1.</strong>Recepção da Fruta<br />
A <strong>de</strong>scarga das frutas <strong>é</strong> feita em plataformas inclináveis para assegurar<br />
tratamento suave para a fruta, rapi<strong>de</strong>z e garantir fácil escoamento durante o<br />
<strong>de</strong>scarregamento e a produção do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>.<br />
24
Figura 4- Fluxograma da linha <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> (TETRA PAK,<br />
1998).<br />
25
3.6.2.Seleção<br />
Na primeira seleção, a fruta <strong>é</strong> inspecionada e selecionada manualmente,<br />
sendo <strong>de</strong>scartadas frutas podres, ver<strong>de</strong>s, galhos, frutas rachadas e murchas.<br />
Em seguida as frutas são transportadas, por elevadores, para os silos.<br />
3.6.3.Estocagem em silos<br />
Nos silos as frutas serão armazenadas <strong>de</strong> acordo com o Ratio. Os silos<br />
permitem boa ventilação e disponibilizam a fruta para a linha <strong>de</strong> produção em<br />
função <strong>de</strong> <strong>um</strong>a qualida<strong>de</strong> homogênea do <strong>produto</strong> final.<br />
3.6.4.Seleção e limpeza<br />
Antes <strong>de</strong> irem para as linhas <strong>de</strong> produção <strong>é</strong> realizada outra seleção<br />
manual com o objetivo <strong>de</strong> retirar as frutas danificadas que restaram. Em<br />
seguida as frutas são lavadas com água quente e clorada em sistema <strong>de</strong><br />
aspersão para higienizar a casca e <strong>de</strong>ixá-las completamente limpas para a<br />
extração.<br />
3.6.5.Classificadores<br />
Após a seleção e limpeza, as frutas são encaminhadas para os<br />
classificadores, on<strong>de</strong> são separadas por tamanho, para facilitar a extração e<br />
reduzir perdas.<br />
3.6.6.Extração<br />
O objetivo do processo <strong>de</strong> extração do suco <strong>é</strong> remover o máximo <strong>de</strong><br />
suco da fruta sem incluir mat<strong>é</strong>ria da casca, o que significa obter maior<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suco com a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada. O máximo <strong>de</strong> suco obtido na<br />
extração <strong>é</strong> cerca <strong>de</strong> 40-60%, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do peso da fruta, da varieda<strong>de</strong> e do<br />
clima (TETRA PAK, 1998). A extração separa o suco, sementes, casca e<br />
bagaço n<strong>um</strong>a só operação.<br />
26
O processo <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> suco realizado pela máquina extratora FMC<br />
(Figura 5) que <strong>é</strong> utilizada no Brasil, apresentando o seguinte esquema <strong>de</strong><br />
funcionamento:<br />
(a)<br />
(b)<br />
(c)<br />
(d)<br />
(e)<br />
(f)<br />
(g) (g)<br />
Figura 5- Unida<strong>de</strong> Extratora Tipo FMC (Cortesia FMC Food Tech Araraquara,<br />
SP).<br />
(a):Cortador superior: corta <strong>um</strong> disco na parte superior da fruta para<br />
permitir a separação da casca e das porções internas.<br />
27
(b) e (c):Copo superior e copo inferior: sustentam a parte exterior da<br />
fruta atrav<strong>é</strong>s do ciclo <strong>de</strong> extração para evitar que a fruta levante<br />
durante a extração.<br />
(d):Cortador inferior: corta <strong>um</strong> disco na parte inferior da fruta, para<br />
permitir que as porções internas entrem no tubo filtro.<br />
(e):Tubo filtro: separa o suco dos outros elementos internos da fruta,<br />
com base no tamanho das partículas da polpa.<br />
(f ):Coletor <strong>de</strong> suco: recebe o suco com a polpa do suco.<br />
(g):Tubo <strong>de</strong> orifício: exerce pressão <strong>de</strong>ntro do tubo filtro, recolhe e<br />
separa as membranas e sementes.<br />
Na fase inicial do ciclo <strong>de</strong> extração, o copo superior se move para baixo<br />
para exercer pressão sobre a fruta, <strong>de</strong> tal modo, que os dois cortadores<br />
circulares superior e inferior comecem o corte dos discos <strong>de</strong> casca (Figura 6).<br />
Figura 6- Fase inicial do ciclo <strong>de</strong> extração.<br />
28
À medida que o ciclo da extração continua, a pressão sobre a fruta<br />
a<strong>um</strong>enta, partindo as porções internas, que são forçadas atrav<strong>é</strong>s do corte<br />
inferior da casca para o tubo filtro. A casca <strong>é</strong> <strong>de</strong>scartada para cima atrav<strong>é</strong>s do<br />
espaço que fica entre o copo superior e o cortador superior (Figura 7).<br />
Figura 7- Fase do processo <strong>de</strong> extração.<br />
Ao finalizar o ciclo da extração, as porções internas da fruta estão<br />
situadas no tubo filtro. Neste instante o tubo <strong>de</strong> orifício se move para cima,<br />
exercendo pressão sobre o conteúdo do tubo filtro, fazendo com que o suco e a<br />
polpa com tamanho pequeno <strong>de</strong> partículas passem pelas perfurações do tubo<br />
coador, para <strong>de</strong>ntro do coletor <strong>de</strong> suco (Figura 8). As porções internas da fruta,<br />
com tamanho <strong>de</strong> partículas maiores que as perfurações do tubo filtro são então<br />
<strong>de</strong>scartadas atrav<strong>é</strong>s <strong>de</strong> <strong>um</strong>a abertura no tubo <strong>de</strong> orifício. A utilização <strong>de</strong><br />
diferentes tamanhos <strong>de</strong> tubos coadores e tubos <strong>de</strong> orifícios permite variar a<br />
29
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> polpa e óleo que estarão presentes no suco, bem como seu<br />
rendimento (CHEN et al, 1992).<br />
Figura 8- Fase final do ciclo <strong>de</strong> extração.<br />
3.6.7.Finisher<br />
Após a extração o suco <strong>é</strong> filtrado em finisher para a separação da polpa.<br />
3.6.8.Centrifugação<br />
O suco filtrado <strong>é</strong> então centrifugado para remoção dos resíduos da polpa<br />
em suspensão.<br />
30
3.6.9.Pasteurização<br />
A pasteurização <strong>é</strong> <strong>um</strong> processo t<strong>é</strong>rmico que tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inativar<br />
enzimas, <strong>de</strong>struir parcialmente a flora microbiana e eliminar totalmente a flora<br />
microbiana patogênica. A temperatura empregada não ultrapassa os 100 ºC e<br />
a relação tempo-temperatura irá <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da quantida<strong>de</strong> e tipo <strong>de</strong><br />
microorganismos patogênicos presente no alimento (EVANGELISTA, 2001).<br />
A finalida<strong>de</strong> da pasteurização no suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> <strong>é</strong> torná-lo estável<br />
durante o processamento e armazenamento. Antes <strong>de</strong> chegar ao cons<strong>um</strong>idor o<br />
suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> <strong>é</strong> pasteurizado pelo menos duas vezes. A primeira<br />
pasteurização ocorre após a extração do suco e <strong>é</strong> necessária para inativar<br />
completamente a enzima pectinesterase, que torna o suco extraído opaco e<br />
provoca gelificação no suco concentrado durante o armazenamento. Neste<br />
processo microorganismos tamb<strong>é</strong>m são <strong>de</strong>struídos. No suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> a<br />
pectinesterase <strong>é</strong> mais termo resistente que os microorganismos presentes, o<br />
que significa que <strong>um</strong> tratamento mais intenso <strong>é</strong> necessário para inativar<br />
enzimas que para <strong>de</strong>struir microorganismos. A relação tempo-temperatura<br />
usada na primeira pasteurização oscila entre 95-98 ºC por 10-30 segundos,<br />
sendo realizada em trocador <strong>de</strong> calor ou no primeiro estágio do evaporador.<br />
A segunda pasteurização ocorre antes da embalagem final, e po<strong>de</strong> ser<br />
realizada a temperaturas menores que a primeira pasteurização, pois tem a<br />
finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir qualquer microorganismo que possa ter contaminado o<br />
suco durante o processo <strong>de</strong> produção, ou por terem sobrevivido à primeira<br />
pasteurização. A relação tempo-temperatura usada nesta segunda<br />
pasteurização po<strong>de</strong> variar entre 80-95 ºC por 15-30 segundos. Esta segunda<br />
pasteurização <strong>é</strong> usada no processamento <strong>de</strong> suco reconstituído (ready-to-<br />
drink) a partir do suco concentrado e suco integral pasteurizado (suco not from<br />
concentrate-NFC) (TETRA PAK, 1998).<br />
3.6.10.Evaporação<br />
O suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> proveniente da primeira pasteurização <strong>é</strong> bombeado<br />
para as colunas dos evaporadores, que tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> remover parte da<br />
água (1/3 a 2/3 da água), at<strong>é</strong> atingir 65-66 ºBrix. A maioria dos evaporadores<br />
31
utiliza aquecimento indireto. Os evaporadores usados nas indústrias <strong>de</strong> suco<br />
<strong>de</strong> <strong>laranja</strong> são os <strong>de</strong> tubos longos, <strong>de</strong> película <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong> 7 estágios<br />
utilizados para a concentração do suco (65,000lb/h <strong>de</strong> água evaporada) e 4<br />
efeitos conhecidos como TASTE (thermally accelerated short time evaporation),<br />
que têm a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperar (reutilizar) o vapor d’água produzido em <strong>um</strong><br />
evaporador utilizando-o como meio <strong>de</strong> aquecimento para o processo <strong>de</strong><br />
concentração do próximo estágio. A eficiência t<strong>é</strong>rmica do equipamento<br />
a<strong>um</strong>enta com o número <strong>de</strong> efeitos. O líquido concentrado flui continuamente<br />
atrav<strong>é</strong>s <strong>de</strong> <strong>um</strong>a superfície trocadora <strong>de</strong> calor que separa o <strong>produto</strong> do meio <strong>de</strong><br />
aquecimento. A qualida<strong>de</strong> do suco concentrado em relação ao sabor, valor<br />
nutricional e cor são influenciadas pelas condições <strong>de</strong> temperatura do<br />
processamento, tempo <strong>de</strong> residência e nível <strong>de</strong> concentração. Nesta etapa são<br />
extraídas essências aquosas e oleosas (CHEN et al, 1992).<br />
3.6.1<strong>1.</strong>Congelamento e estocagem<br />
Após evaporação (concentrado a 65 ºBrix à temperatura <strong>de</strong> 20 ºC) o<br />
suco <strong>é</strong> bombeado para tanques <strong>de</strong> homogeneização <strong>de</strong>nominados batch tanks.<br />
Antes <strong>de</strong> ser encaminhado para a estocagem o suco passa por <strong>um</strong> trocador <strong>de</strong><br />
calor para atingir a temperatura <strong>de</strong> –5 ºC. A estocagem po<strong>de</strong> ser feita em<br />
tanques <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s vol<strong>um</strong>es (tanks farm) ou em tambores <strong>de</strong> 200L revestidos<br />
com sacos plásticos e mantidos em câmaras frias entre –<strong>12</strong>º a –18 ºC. Durante<br />
a estocagem <strong>é</strong> realizada a homogeneização <strong>de</strong> diferentes lotes <strong>de</strong> produção e<br />
adição do óleo da casca e essência.<br />
3.7. Tipos <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong><br />
Existe <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> termos utilizados para <strong>de</strong>screver os<br />
vários <strong>produto</strong>s provenientes do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>. De <strong>um</strong> modo geral os<br />
<strong>produto</strong>s <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> po<strong>de</strong>m ser divididos em duas categorias principais:<br />
suco pronto para beber (suco not from concentrate-NFC e ready-to-drink) e<br />
suco concentrado, sendo estes termos usados nos negócios e marketing do<br />
suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> (TETRA PAK, 1998).<br />
32
Na Europa e Estados Unidos <strong>é</strong> com<strong>um</strong> utilizar o termo NFC, pois a<br />
expressão not from concentrate <strong>de</strong>ixa claro para os cons<strong>um</strong>idores que o suco<br />
não foi produzido a partir <strong>de</strong> suco concentrado. O NFC <strong>é</strong> essencialmente o<br />
suco como <strong>é</strong> extraído da fruta, e po<strong>de</strong> tamb<strong>é</strong>m ser <strong>de</strong>signado como suco<br />
integral pasteurizado. Regulagens da máquina extratora e procedimentos<br />
operacionais proporcionam este tipo característico <strong>de</strong> suco, sendo necessário<br />
<strong>um</strong>a seleção cuidadosa das frutas para produção <strong>de</strong>ste <strong>produto</strong> (TETRA PAK,<br />
1998).<br />
O processamento da <strong>laranja</strong> para produção <strong>de</strong> suco integral<br />
pasteurizado <strong>de</strong>ve ser o mais rápido possível <strong>de</strong>vido ao amadurecimento da<br />
fruta (em m<strong>é</strong>dia menos <strong>de</strong> 24h). Os custos para transporte por longas<br />
distâncias são significativamente maiores <strong>de</strong>vido ao gran<strong>de</strong> vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong><br />
armazenamento e embarque para este <strong>produto</strong> <strong>de</strong> extração simples (NFC). Há<br />
duas alternativas para armazenamento do suco integral pasteurizado: resfriado<br />
sob condições ass<strong>é</strong>pticas ou congelado. O bombeamento do suco integral<br />
congelado <strong>é</strong> impossível <strong>de</strong>vido à sua forma <strong>de</strong> congelamento não ser viscosa e<br />
sim sólida. Assim sendo este suco <strong>de</strong>ve ser congelado, armazenado e<br />
transportado em containers individuais (TETRA PAK, 1998).<br />
O embarque <strong>de</strong> NFC congelado geralmente <strong>é</strong> realizado em tambores <strong>de</strong><br />
200 L (55gal). Devido à expansão do <strong>produto</strong> em função da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
água presente, os tambores são enchidos apenas at<strong>é</strong> 45gal. O suco começa a<br />
congelar ao redor <strong>de</strong> –2 ºC <strong>de</strong> maneira não homogênea, formando com a água<br />
cristais <strong>de</strong> gelo e sobrando <strong>um</strong> suco mais concentrado. Assim o NFC em<br />
tambores <strong>é</strong> embarcado na forma <strong>de</strong> blocos congelados ou em containers<br />
refrigerados. Já para o embarque <strong>de</strong> NFC ass<strong>é</strong>ptico, unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> bag-in-box<br />
(bolsas <strong>de</strong> multicamadas plásticas com <strong>um</strong>a camada externa <strong>de</strong> al<strong>um</strong>ínio, que<br />
serve para minimizar a passagem <strong>de</strong> oxigênio durante estoque e transporte) <strong>de</strong><br />
<strong>um</strong>a tonelada são as mais usadas, sendo embarcadas em containers<br />
refrigerados.<br />
No caso <strong>de</strong> suco concentrado, parâmetros <strong>de</strong> mistura do suco po<strong>de</strong>m<br />
ser controlados durante o seu processamento, tais como, cor, teor <strong>de</strong> sólidos<br />
solúveis, aci<strong>de</strong>z, óleo e sabor. Assim a escolha da fruta interfere pouco no<br />
resultado final. O suco concentrado requer <strong>de</strong> 5 a 6 vezes menos vol<strong>um</strong>e para<br />
33
armazenamento e embarque <strong>de</strong>vido ao processo <strong>de</strong> retirada da água contida<br />
no suco at<strong>é</strong> que se obtenha 66 ºBrix.<br />
O ready-to-drink <strong>é</strong> preparado pela diluição do suco concentrado. Vários<br />
são os tipos <strong>de</strong>ste suco comercializados no mundo. Suco embalado<br />
diretamente após a extração sem pasteurização ou qualquer outro tratamento<br />
físico ou químico, com vida <strong>de</strong> prateleira muito curta; suco 100% puro, sem<br />
adição <strong>de</strong> açúcar ou aditivo e suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> enriquecido com polpa, vitamina,<br />
cálcio ou fibra.<br />
3.8.Processamento e qualida<strong>de</strong> do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong><br />
O sabor refrescante dos sucos cítricos está associado a seus<br />
componentes <strong>de</strong> aroma e sabor, aliados ao balanço entre os ácidos orgânicos<br />
presentes e os açúcares. Para os cons<strong>um</strong>idores, atributos sensoriais<br />
a<strong>de</strong>quados como sabor, aroma e cor sempre serão importantes para a <strong>de</strong>cisão<br />
<strong>de</strong> comprar ou não <strong>um</strong> <strong>produto</strong> (TILLOTSON, 1999).<br />
Os sucos cítricos rec<strong>é</strong>m extraídos, se mantidos à temperatura ambiente,<br />
têm sua vida-<strong>de</strong>-prateleira limitada, principalmente, por reações<br />
microbiológicas, enzimáticas e químicas, que afetam <strong>de</strong> maneira adversa os<br />
atributos nutricionais e sensoriais do <strong>produto</strong>. Estas alterações po<strong>de</strong>m ser<br />
evitadas pelo processo <strong>de</strong> pasteurização, que al<strong>é</strong>m <strong>de</strong> eliminar os<br />
microrganismos in<strong>de</strong>sejáveis (bact<strong>é</strong>rias lácticas, fungos e leveduras), promove<br />
a inativação da enzima pectinesterase, evitando perda <strong>de</strong> opacida<strong>de</strong> do suco e<br />
separação <strong>de</strong> fases.<br />
Entretanto, assim como outros tratamentos t<strong>é</strong>rmicos, a pasteurização<br />
po<strong>de</strong> tamb<strong>é</strong>m causar efeitos adversos como reação <strong>de</strong> escurecimento não<br />
enzimático e alterações do sabor característico dos sucos cítricos (CHEN et al,<br />
1992).<br />
Mannheim e Havkin (1981) compararam a vida útil <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> suco<br />
<strong>de</strong> <strong>laranja</strong> tratados termicamente utilizando dois processos: pasteurização<br />
HTST (high temperature and short time) com envase ass<strong>é</strong>ptico e enchimento à<br />
quente (hot filling). A pasteurização submete o <strong>produto</strong> ao tratamento t<strong>é</strong>rmico<br />
em <strong>um</strong> trocador <strong>de</strong> calor sendo o <strong>produto</strong> aquecido e resfriado rapidamente.<br />
Po<strong>de</strong>m ser utilizados dois tipos <strong>de</strong> trocadores <strong>de</strong> calor: a placas e os tubulares.<br />
34
O trocador <strong>de</strong> calor a placas consiste <strong>de</strong> <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> placas <strong>de</strong> metal<br />
corrugadas com aberturas para a passagem <strong>de</strong> dois fluidos (suco e água<br />
aquecida ou vapor), entre os quais ocorrerá a transferência <strong>de</strong> calor. No<br />
trocador tubular o alimento líquido flui <strong>de</strong> <strong>um</strong> tubo a outro e água aquecida <strong>é</strong><br />
recirculada pelas pare<strong>de</strong>s do tubo. Para o processamento hot filling o envase<br />
do <strong>produto</strong> <strong>é</strong> realizado em câmaras ass<strong>é</strong>pticas com embalagem tipo “bag” (que<br />
utiliza filme <strong>de</strong> alta proteção) na qual o <strong>produto</strong> envasado <strong>é</strong> embalado<br />
automaticamente sendo armazenado sem refrigeração. Os autores verificaram<br />
menor <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> ácido ascórbico e escurecimento nas amostras<br />
submetidas ao processo HTST. Estas amostras apresentaram tamb<strong>é</strong>m melhor<br />
sabor que aquelas envasadas à quente. Os autores concluíram ainda que os<br />
<strong>produto</strong>s armazenados a temperaturas menores (4 ºC) apresentaram menor<br />
perda <strong>de</strong> ácido ascórbico e escurecimento não-enzimático em relação aos que<br />
foram armazenados a 15 e 25 o C.<br />
Lafuente et al. (1979) avaliaram a estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong><br />
<strong>laranja</strong> submetidas ao enchimento à frio e à quente e armazenados entre 0 e<br />
22 ºC. Os sucos envasados à frio (assepticamente) em garrafas <strong>de</strong> vidro,<br />
apresentaram-se sensorialmente melhores do que os envasados à quente<br />
durante as primeiras 4 semanas <strong>de</strong> estocagem entre 0 – 2 ºC. Após este<br />
período, a aceitação dos sucos foi similar.<br />
Sadler et al. (1992) compararam as alterações químicas (ácido<br />
ascórbico, sacarose, glicose, frutose e diacetil), microbiológicas (contagem<br />
total, bolores e leveduras) e enzimática (pectinesterase) em sucos <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>,<br />
cultivar Valência, submetidos a <strong>um</strong>a pasteurização branda (66 ºC/10s),<br />
pasteurização <strong>de</strong> 90 ºC/60s e sucos sem pasteurização armazenados a 4 ºC<br />
por 50 dias e acondicionados em dois tipos <strong>de</strong> embalagens, com e sem<br />
material que ofereça barreira ao oxigênio. Os autores concluíram que durante<br />
os primeiros 22 dias <strong>de</strong> estocagem, as alterações microbiológicas e os teores<br />
<strong>de</strong> açúcares e diacetil foram similares em ambos os tratamentos (66 o C/10s e<br />
90 ºC/60s), a<strong>um</strong>entando rapidamente, após esse período, no suco sem<br />
pasteurização. O tratamento t<strong>é</strong>rmico brando, foi suficiente para inativar os<br />
microrganismos e a maior parte da enzima pectinesterase. Houve perda <strong>de</strong><br />
turbi<strong>de</strong>z e não houve alteração significativa no teor <strong>de</strong> ácido ascórbico <strong>de</strong>sses<br />
35
sucos durante a primeira semana <strong>de</strong> estocagem, por<strong>é</strong>m o teor <strong>de</strong>ssa vitamina<br />
diminuiu após esse período.<br />
Shomer et al. (1994) avaliaram o efeito do tratamento t<strong>é</strong>rmico (60<br />
ºC/15s) e da injeção <strong>de</strong> CO2 no espaço livre da embalagem na vida útil <strong>de</strong> suco<br />
<strong>de</strong> <strong>laranja</strong>, cultivares Shamuti e Valência, armazenados a 4 e 10 ºC em<br />
garrafas <strong>de</strong> vidro (350ml). Foram realizadas avaliações sensoriais e<br />
microbiológicas e concluiu-se que a ação do CO2, presente no espaço livre da<br />
embalagem, em conjunto com o tratamento t<strong>é</strong>rmico, a<strong>um</strong>entou a vida útil do<br />
suco <strong>de</strong> 25 para 35 dias a 4 ºC. Não foram verificadas alterações no sabor<br />
<strong>de</strong>ste suco quando comparados ao suco fresco, durante a primeira semana <strong>de</strong><br />
estocagem.<br />
Corrêa Neto (1998) estudou o processamento <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong><br />
pasteurizado e acondicionado em garrafas <strong>de</strong> polietileno tereftalato (PET),<br />
avaliando o efeito <strong>de</strong> diferentes tratamentos t<strong>é</strong>rmicos (72 o C/16s e 91 o C/40s)<br />
sobre as características físico-químicas, sensoriais e microbiológicas dos sucos<br />
obtidos em comparação com amostras <strong>de</strong> suco não pasteurizado. Os<br />
resultados revelaram que os tratamentos t<strong>é</strong>rmicos foram igualmente eficientes<br />
na redução da contagem microbiana verificada no suco sem pasteurização e<br />
que o tratamento a 91 ºC/40s foi mais eficiente na inativação da enzima<br />
pectinesterase. A avaliação sensorial revelou preferência pelo <strong>produto</strong><br />
submetido ao tratamento t<strong>é</strong>rmico <strong>de</strong> 72 ºC/16s.<br />
Tocchini et al. (1978) estudaram o efeito <strong>de</strong> diferentes processos <strong>de</strong><br />
pasteurização sobre a qualida<strong>de</strong> do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> concentrado pasteurizado<br />
cultivar Pêra, avaliando as características físico-químicas e organol<strong>é</strong>pticas do<br />
suco armazenado a 5 ºC por <strong>um</strong> período <strong>de</strong> 180 dias. Os processos <strong>de</strong><br />
pasteurização empregados a 74 ºC/40s foram: cozedor rotativo com latas<br />
recravadas a vácuo e resfriamento em resfriador rotativo (spin cooler); cozedor<br />
rotativo com as latas recravadas em atmosfera <strong>de</strong> nitrogênio e enchimento à<br />
quente com as latas resfriadas em resfriador rotativo. O melhor processo<br />
t<strong>é</strong>rmico foi o que utilizou o cozedor rotativo com latas recravadas a vácuo.<br />
Nisida et al. (2002) avaliaram a estabilida<strong>de</strong> do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> integral,<br />
cultivar Pêra-Rio, tratado termicamente, refrigerado, acondicionado<br />
assepticamente em embalagem cartonada Tetra-BriK e armazenados à<br />
temperaturas <strong>de</strong> 2º, <strong>12</strong>º e 35 ºC. Foram realizadas análises periódicas <strong>de</strong> pH,<br />
36
teor <strong>de</strong> sólidos solúveis, aci<strong>de</strong>z total titulável, teor <strong>de</strong> ácido ascórbico,<br />
contagem total <strong>de</strong> mesófilos. Os sucos foram tamb<strong>é</strong>m submetidos a testes<br />
sensoriais <strong>de</strong> aceitação. Foi verificada redução do teor <strong>de</strong> ácido ascórbico <strong>de</strong><br />
10 a 15% nas amostras armazenadas a 2º e <strong>12</strong> ºC. A estabilida<strong>de</strong> das<br />
amostras armazenadas a 2º, <strong>12</strong>º e 35 ºC foi <strong>de</strong> 53, 48 e 8 dias<br />
respectivamente, <strong>de</strong>finidas pela aceitabilida<strong>de</strong> sensorial das amostras.<br />
Lee e Coates (1999) estudaram a perda <strong>de</strong> vitamina C em amostras <strong>de</strong><br />
suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> congelado, não-pasteurizado, acondicionados em garrafas <strong>de</strong><br />
polietileno e armazenados por <strong>um</strong> período <strong>de</strong> 24 meses. O teor <strong>de</strong> vitamina C<br />
apresentou <strong>um</strong> <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> 40,6mg/100ml para 32,8mg/100ml do início ao final<br />
do período <strong>de</strong> armazenamento com <strong>um</strong>a perda <strong>de</strong> 19,2%. Aproximadamente<br />
0,34mg/100ml <strong>de</strong> vitamina C foram perdidas ao mês.<br />
Bisset e Berry (1975) estudaram a influência da embalagem e da<br />
temperatura <strong>de</strong> estocagem do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> integral e concentrado na<br />
retenção <strong>de</strong> ácido ascórbico. As embalagens utilizadas para o suco integral<br />
foram: frascos <strong>de</strong> vidro, frascos <strong>de</strong> polietileno rígidos e poliestireno <strong>de</strong> alto<br />
impacto e embalagens cartonadas. As amostras foram estocadas nas<br />
temperaturas <strong>de</strong> 4,4, 10,0, 15,6 e 26,7 ºC. Os autores concluíram que as<br />
amostras embaladas em frascos <strong>de</strong> vidro apresentaram maior retenção <strong>de</strong><br />
ácido ascórbico em relação às <strong>de</strong>mais embalagens <strong>de</strong>vido a <strong>um</strong>a maior<br />
permeabilida<strong>de</strong> ao oxigênio <strong>de</strong>sses materiais em relação ao vidro. A retenção<br />
<strong>de</strong> ácido ascórbico nas amostras embaladas em frascos <strong>de</strong> vidro e estocadas<br />
nas temperaturas <strong>de</strong> 4,4 e 10 °C foi similar.<br />
Kacem et al. (1987) analisaram o escurecimento em bebidas à base <strong>de</strong><br />
suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> embaladas assepticamente em laminados<br />
PET/al<strong>um</strong>ínio/polipropileno e em embalagens flexíveis, comercialmente<br />
est<strong>é</strong>reis, <strong>de</strong> polietileno (PE), armazenadas a 24 ºC por 20 semanas. Os autores<br />
concluíram que as embalagens <strong>de</strong> PE resultaram em maiores perdas <strong>de</strong> ácido<br />
ascórbico, em função da alta permeabilida<strong>de</strong> ao oxigênio e tamb<strong>é</strong>m<br />
apresentaram maior formação <strong>de</strong> pigmentos escuros.<br />
37
4. MATERIAL E MÉTODOS<br />
4.<strong>1.</strong> Material<br />
Foi utilizado suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> da varieda<strong>de</strong> Pêra Rio, processado na FMC<br />
Food Tech, Araraquara. As frutas foram adquiridas <strong>de</strong> <strong>produto</strong>res <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> <strong>de</strong><br />
Araraquara, na safra 00/0<strong>1.</strong><br />
Foram tamb<strong>é</strong>m empregados sucos <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> pasteurizado, <strong>de</strong><br />
diferentes marcas comerciais, adquiridos no com<strong>é</strong>rcio <strong>de</strong> Araraquara, utilizado<br />
nas etapas <strong>de</strong> pr<strong>é</strong>-seleção e treinamento dos provadores e amostras <strong>de</strong> suco<br />
<strong>de</strong> <strong>laranja</strong> concentrado fornecido por indústrias cítricas da região <strong>de</strong><br />
Araraquara, SP, com teor <strong>de</strong> sólidos solúveis totais 66 ºBrix e Ratio 17,53. As<br />
amostras <strong>de</strong>ste suco estavam embaladas em frascos plásticos <strong>de</strong> 500 mL,<br />
mantidas à 10 ºC.<br />
4.<strong>1.</strong><strong>1.</strong>Processamento do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong><br />
O processamento foi realizado na planta piloto da empresa FMC Food<br />
Tech, Araraquara, usando máquina extratora FMC – mo<strong>de</strong>lo ILJE (in line juice<br />
extractor), com diferentes variações na configuração <strong>de</strong> extração. Foram<br />
realizados seis processamentos <strong>de</strong> extração em períodos distintos durante a<br />
safra da <strong>laranja</strong> Pêra Rio.<br />
Previamente à extração foi realizada <strong>um</strong>a amostragem das frutas. Frutas<br />
adquiridas dos <strong>produto</strong>res <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> <strong>de</strong> Araraquara, SP, foram usadas para<br />
formar 3 caixas as quais foram <strong>de</strong>stinadas à extração em cada variação <strong>de</strong><br />
configuração. Cada caixa continha 40,8Kg <strong>de</strong> fruta ou 240 <strong>laranja</strong>s.<br />
O processamento utilizado seguiu o fluxograma da Figura 9.<br />
4.<strong>1.</strong><strong>1.</strong><strong>1.</strong>Classificação da fruta<br />
As frutas foram classificadas em classificadores <strong>de</strong> esteira, os quais<br />
separavam-nas <strong>de</strong> 2 ½” à 2 ¾” <strong>de</strong> tamanho.<br />
38
Classificação da fruta<br />
Enchimento<br />
Alimentação<br />
Extração<br />
Clarificação<br />
Pesagem<br />
Embalagem<br />
Figura 9- Esquema das etapas empregadas no processamento da <strong>laranja</strong> Pêra<br />
Rio para obtenção do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>.<br />
4.<strong>1.</strong><strong>1.</strong>2.Enchimento e ambientação da máquina extratora<br />
Nesta etapa a máquina foi abastecida com a varieda<strong>de</strong> da fruta utilizada<br />
para extração a fim <strong>de</strong> preencher os espaços vazios dos componentes da<br />
máquina extratora e remover resíduos <strong>de</strong> outra varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fruta, que tenha<br />
sido previamente extraída. O enchimento e ambientação da máquina foi<br />
realizado utilizando-se 1 caixa <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> <strong>de</strong> 40,8Kg.<br />
4.<strong>1.</strong><strong>1.</strong>3.Alimentação<br />
A máquina extratora era abastecida manualmente, colocando-se as<br />
<strong>laranja</strong>s na esteira <strong>de</strong> abastecimento do copo superior e inferior.<br />
39
4.<strong>1.</strong><strong>1.</strong>4.Extração do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong><br />
O esquema <strong>de</strong> funcionamento da máquina extratora FMC utilizada está<br />
apresentado na Figura 10.<br />
Durante o processo <strong>de</strong> extração ocorre a separação da fruta em quatro<br />
frações: suco contendo polpa, casca, núcleo (bagaço, semente, polpa) e<br />
emulsão <strong>de</strong> óleo.<br />
Figura 10 – Operação do processo <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> (TETRA<br />
PAK, 1998).<br />
A fruta colocada na máquina <strong>é</strong> espremida entre o copo <strong>de</strong> extração<br />
superior e inferior, que separa o suco da casca. O copo <strong>de</strong> extração usado<br />
neste trabalho tinha dimensão para processar frutas <strong>de</strong> tamanho m<strong>é</strong>dio, <strong>um</strong>a<br />
vez que 80% da <strong>laranja</strong> brasileira apresenta tamanho variando <strong>de</strong> 64mm a<br />
76mm, caracterizado como m<strong>é</strong>dio. O suco extraído foi recolhido no tubo <strong>de</strong><br />
orifício on<strong>de</strong> <strong>é</strong> feita a filtragem, separando a polpa, bagaço, semente e óleo.<br />
40
O sistema <strong>de</strong> extração FMC apresenta os seguintes componentes: copo<br />
<strong>de</strong> extração, tubo coador, tubo <strong>de</strong> orifício, restritor, regulagem da balança e<br />
cortador superior.<br />
Foram realizadas quatro variações na configuração da máquina<br />
extratora FMC para obtenção dos sucos <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> correspon<strong>de</strong>ntes,<br />
<strong>de</strong>nominados A, B, C e D. Estas variações tinham como objetivo obter suco <strong>de</strong><br />
<strong>laranja</strong> integral pasteurizado que aliasse alta qualida<strong>de</strong> sensorial e alto<br />
rendimento <strong>de</strong> extração maximizado. Deve-se ressaltar que não existe <strong>um</strong><br />
padrão objetivo para <strong>de</strong>finir qualida<strong>de</strong> sensorial <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>. Desta<br />
maneira, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> sensorial empregada neste trabalho baseou-<br />
se nos dados fornecidos pela empresa FMC e nos resultados <strong>de</strong> FRATA<br />
(2003), cujo trabalho relacionando dados obtidos da análise sensorial <strong>de</strong>scritiva<br />
<strong>de</strong> amostras comerciais <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> com dados <strong>de</strong> preferência <strong>de</strong><br />
cons<strong>um</strong>idores revelou que <strong>produto</strong>s que apresentam sabor amargo e<br />
adstringente elevados são menos preferidos pelos cons<strong>um</strong>idores.<br />
Assim, a configuração A foi utilizada como referência <strong>de</strong> maior<br />
rendimento na extração <strong>de</strong> suco. É consi<strong>de</strong>rada a configuração padrão<br />
normalmente utilizada pelas indústrias para a produção <strong>de</strong> suco concentrado<br />
com o objetivo <strong>de</strong> extrair o máximo <strong>de</strong> suco possível durante a extração. As<br />
configurações B e C foram empregadas como configuração <strong>de</strong> referência <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com a Empresa. Embora estas configurações não tenham<br />
<strong>um</strong> padrão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> estabelecido, foram usadas como tal por serem<br />
adotadas como padrão para mercado <strong>de</strong> NFC brasileiro e americano,<br />
respectivamente. A configuração D foi empregada buscando aliar o máximo<br />
rendimento <strong>de</strong> extração à qualida<strong>de</strong> sensorial do suco (AMADOR, 2003).<br />
Foram feitas três repetições da extração para cada configuração.<br />
4.<strong>1.</strong><strong>1.</strong>5.Clarificação (Finisher)<br />
Nesta etapa o suco extraído passa contra a tela fina do Finisher,<br />
separando as partículas mais grossas (polpa) do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>.<br />
41
4.<strong>1.</strong><strong>1.</strong>6.Pesagem<br />
A pesagem foi realizada usando balanças acopladas à máquina<br />
extratora que realizavam a pesagem da casca, bagaço, fragmentos da casca,<br />
polpa e suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>.<br />
4.<strong>1.</strong><strong>1.</strong>7.Embalagem<br />
O suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> foi armazenado em embalagens plásticas <strong>de</strong> 1L e<br />
mantido sob refrigeração at<strong>é</strong> a utilização.<br />
42
4.2.MÉTODOS<br />
4.2.<strong>1.</strong> Rendimento do suco pós finisher<br />
A <strong>de</strong>terminação do rendimento do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> foi realizada pesando-<br />
se a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> pós finisher obtido da extração <strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />
caixa da fruta in natura (40,8 Kg). As amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> foram<br />
analisadas em triplicata para cada variação na configuração da máquina<br />
extratora.<br />
4.2.2.Avaliação físico-química do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong><br />
4.2.2.<strong>1.</strong>Determinação do teor <strong>de</strong> sólidos solúveis totais<br />
A <strong>de</strong>terminação do teor <strong>de</strong> sólidos solúveis totais foi realizada usando o<br />
refratômetro, segundo m<strong>é</strong>todo <strong>de</strong>scrito por REDD (1986).<br />
4.2.2.2.Determinação da aci<strong>de</strong>z total<br />
A <strong>de</strong>terminação do conteúdo <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z total foi <strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> acordo<br />
com o m<strong>é</strong>todo <strong>de</strong>scrito por REDD (1986).<br />
4.2.2.3.Determinação do Ratio<br />
O Ratio, <strong>de</strong>finido como a razão sólidos solúveis totais: aci<strong>de</strong>z total<br />
titulável foi <strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> acordo com o m<strong>é</strong>todo <strong>de</strong>scrito por REDD (1986).<br />
4.2.2.4.Determinação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> óleo no suco<br />
A <strong>de</strong>terminação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> óleo das amostras foi realizada <strong>de</strong><br />
acordo com SCOTT, segundo <strong>de</strong>scrito por REDD (1986).<br />
43
4.2.3.Avaliação sensorial<br />
A avaliação sensorial compreen<strong>de</strong>u a <strong>de</strong>terminação do perfil sensorial<br />
das amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> usando a análise <strong>de</strong>scritiva quantitativa<br />
(ADQ), <strong>de</strong> acordo com STONE & SIDEL (1985).<br />
4.2.3.<strong>1.</strong>Condições dos testes e das amostras<br />
Os testes foram realizados no laboratório <strong>de</strong> Análise Sensorial da<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Farmacêuticas (F.C. F./UNESP) em cabines individuais.<br />
As amostras foram codificadas com números <strong>de</strong> 3 dígitos e servidas a 10 ºC.<br />
4.2.3.2.Recrutamento dos provadores<br />
Os candidatos que compuseram a equipe <strong>de</strong> provadores foram<br />
recrutados entre professores, funcionários e alunos da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências<br />
Farmacêuticas da UNESP, Araraquara, SP e entre funcionários da empresa<br />
FMC Food Tech, Araraquara, SP, <strong>de</strong> acordo com interesse e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
tempo em participar da equipe sensorial.<br />
4.2.3.3.Pr<strong>é</strong>–seleção da equipe <strong>de</strong> provadores<br />
Para compor a equipe <strong>de</strong> provadores foi realizada <strong>um</strong>a pr<strong>é</strong>-seleção dos<br />
candidatos atrav<strong>é</strong>s <strong>de</strong> análise seqüencial <strong>de</strong> Wald (AMERINE, 1965),<br />
utilizando-se testes triangulares <strong>de</strong> diferença. Foram utilizadas duas amostras<br />
<strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> pasteurizado comercial, às quais foram adicionadas 0,1mL e<br />
0,5mL <strong>de</strong> óleo essencial <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> por litro, respectivamente. Estas amostras<br />
apresentaram diferença significativa ao nível <strong>de</strong> 0,1% estabelecida em teste<br />
anterior com 20 candidatos obtendo-se 16 acertos e 4 erros.<br />
Na análise seqüencial foram utilizados valores p=0,45 (máxima<br />
inabilida<strong>de</strong> aceitável), p1=0,70 (mínima habilida<strong>de</strong> aceitável), e para os riscos,<br />
α=0,05 (probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aceitar <strong>um</strong> candidato sem acuida<strong>de</strong> sensorial) e β=<br />
0,05 (probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rejeitar <strong>um</strong> candidato com acuida<strong>de</strong> sensorial).<br />
O gráfico utilizado para essa seleção está apresentado na Figura 1<strong>1.</strong><br />
44
Figura 11 – Gráfico utilizado na seleção dos provadores.<br />
4.2.3.4.Desenvolvimento da terminologia <strong>de</strong>scritiva<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento da terminologia <strong>de</strong>scritiva para suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> foi<br />
realizado usando-se o M<strong>é</strong>todo <strong>de</strong> Re<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolvido por KELLY, (1955) e<br />
citado por MOSKOWITZ, (1983). Nesta etapa os provadores pr<strong>é</strong>-selecionados<br />
analisaram 2 amostras <strong>de</strong> sucos <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> pasteurizados comerciais e listaram<br />
diferenças e similarida<strong>de</strong>s percebidas em relação ao aroma, sabor, aspectos<br />
visuais e textura. A ficha utilizada para o levantamento dos atributos está<br />
apresentada na Figura <strong>12</strong>.<br />
4.2.3.5.Definição da ficha <strong>de</strong> avaliação<br />
Foi elaborada a ficha <strong>de</strong> avaliação empregando escala não estruturada<br />
<strong>de</strong> 9 cm, ancorada em suas extremida<strong>de</strong>s com os termos fraco e forte, para<br />
cada atributo estabelecido.<br />
Após discussão entre os provadores foi elaborada a ficha <strong>de</strong> avaliação<br />
das amostras e estabelecidos os atributos.<br />
45
Nome:___________________________Data:__________<br />
Por favor, prove as duas amostras codificadas e indique em que elas são iguais ou<br />
diferentes, em relação ao aroma (odor), sabor, aspectos visuais (aparência) e textura:<br />
Amostras:_________e__________<br />
Similarida<strong>de</strong>s: Diferenças:<br />
Figura <strong>12</strong>- Ficha utilizada para aplicação do m<strong>é</strong>todo <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Kelly, no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da terminologia <strong>de</strong>scritiva.<br />
4.2.3.6.Treinamento e seleção da equipe <strong>de</strong> provadores<br />
A equipe foi treinada utilizando amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> (66 ºBrix e<br />
Ratio 17,53) preparadas em laboratório a fim <strong>de</strong> distinguir cada atributo e sua<br />
intensida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com as referências estabelecidas e com a ficha <strong>de</strong><br />
avaliação.<br />
Os candidatos pr<strong>é</strong>-selecionados foram submetidos à nova etapa <strong>de</strong><br />
seleção em que foram utilizados 3 sucos <strong>de</strong> diferentes marcas comerciais<br />
apresentados <strong>de</strong> maneira monádica e aleatória, com 5 repetições.<br />
Utilizou-se a ficha <strong>de</strong> avaliação previamente elaborada, com as escalas<br />
<strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> e os termos <strong>de</strong>scritores <strong>de</strong>finidos.<br />
A equipe foi estabelecida levando-se em consi<strong>de</strong>ração o po<strong>de</strong>r<br />
discriminante, a repetibilida<strong>de</strong> e a concordância <strong>de</strong> cada provador com a<br />
equipe (DAMASIO & COSTELL, 1991; PEDRERO & PANGBORN, 1997),<br />
usando a ficha <strong>de</strong> avaliação anteriormente <strong>de</strong>scrita. A seleção foi realizada<br />
usando-se a análise <strong>de</strong> variância (ANOVA) com duas fontes <strong>de</strong> variação<br />
(amostra e repetição) para cada atributo e para cada provador. Valores para<br />
Famostra significativo (p0,05) foram obtidos<br />
para os provadores selecionados.<br />
46
4.2.3.7.Avaliação das amostras<br />
O teste sensorial <strong>de</strong>scritivo do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> foi realizado utilizando-se<br />
amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> correspon<strong>de</strong>ntes às configurações B, C e D, com<br />
apresentação monádica e aleatória em cada sessão. Foram realizadas 5<br />
repetições para cada amostra e para cada provador.<br />
A avaliação sensorial foi realizada em cabines individuais sendo<br />
registrados os valores atribuídos a cada amostra na ficha <strong>de</strong> avaliação<br />
previamente <strong>de</strong>senvolvida.<br />
4.2.3.8.Análise estatística dos dados<br />
Os resultados foram submetidos à análise <strong>de</strong> variância (ANOVA) e<br />
análise <strong>de</strong> componentes principais (ACP) usando o programa SAS (1998),<br />
XLSTAT.<br />
47
5.RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
5.<strong>1.</strong>Rendimento do suco pós finisher<br />
Estão apresentados na Tabela 3 os valores referentes ao rendimento do<br />
suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> Pêra Rio pós finisher. As configurações A, B, C e D tiveram<br />
seus rendimentos <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> comparados a cada<br />
processamento <strong>de</strong> extração.<br />
Tabela 3- M<strong>é</strong>dia, <strong>de</strong>svio padrão e teste <strong>de</strong> Tukey do rendimento do suco <strong>de</strong><br />
<strong>laranja</strong> Pêra Rio pós finisher obtido <strong>de</strong> quatro variações na<br />
configuração da máquina extratora, em cada processamento <strong>de</strong><br />
extração, na safra 00/0<strong>1.</strong><br />
Processamento <strong>de</strong><br />
Configuração<br />
extração A B C D<br />
1 61,09 a ± 0,28 58,57 d ± 0,<strong>12</strong> 60,34 c ± 0,37 60,81 b ± 0,17<br />
2 57,98 a ± 0,49 54,25 d ± 0,51 56,35 b ± 0,30 55,77 c ± 0,37<br />
3 61,07 b ± 0,49 60,39 c ± 0,41 62,17 a ± 0,59 62,36 a ± 0,49<br />
4 58,63 b ± 0,18 56,76 d ± 0,32 57,15 c ± 0,47 58,95 a ± 0,20<br />
5 52,67 b ± 0,23 53,45 a ± 0,33 51,32 c ± 0,63 52,38 b ± 0,42<br />
6 56,83 a ± 0,02 53,16 d ± 0,03 53,46 c ± 0,19 55,81 b ±0,32<br />
M<strong>é</strong>dias com letras iguais na mesma linha não diferem entre si no teste <strong>de</strong> Tukey (p
dimensionada para obtenção <strong>de</strong> suco com maior qualida<strong>de</strong>, tenha apresentado<br />
maior rendimento (p< 0,05), as configurações A e D tamb<strong>é</strong>m apresentaram<br />
rendimento elevado, semelhantes entre si (p> 0,05). Os resultados revelaram<br />
que a configuração D apresentou rendimento <strong>de</strong> extração compatível com a<br />
configuração A, empregada como padrão <strong>de</strong> rendimento pela Indústria, com a<br />
vantagem <strong>de</strong> ter sido dimensionada tamb<strong>é</strong>m para suco com qualida<strong>de</strong><br />
sensorial. As configurações B e C dimensionadas para qualida<strong>de</strong> sensorial<br />
apresentaram, <strong>de</strong> <strong>um</strong>a maneira geral, rendimentos <strong>de</strong> extração inferiores aos<br />
da configuração A.<br />
5.2.Avaliação físico-química das amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong><br />
Estão apresentados na Tabela 4 os resultados da avaliação físico-<br />
química do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> Pêra Rio. Cabe consi<strong>de</strong>rar que as frutas <strong>de</strong>stinadas<br />
ao processo <strong>de</strong> extração tinham a mesma procedência e que as diferentes<br />
configurações <strong>de</strong> extração não <strong>de</strong>veriam afetar suas características físico-<br />
químicas. Assim, foram coletadas amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> (triplicata) para<br />
avaliação físico-química a cada processamento <strong>de</strong> extração. Os períodos <strong>de</strong><br />
processamento <strong>de</strong> extração compreendidos entre 1 e 6, foram distribuídos<br />
entre <strong>um</strong>a safra da <strong>laranja</strong> Pêra Rio, que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> junho à meados <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>zembro. Tais amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> eram reunidas n<strong>um</strong> pool, usado<br />
na <strong>de</strong>terminação do teor <strong>de</strong> sólidos solúveis totais, da aci<strong>de</strong>z total e do Ratio.<br />
Para a <strong>de</strong>terminação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> óleo no suco as amostras foram<br />
analisadas <strong>de</strong> acordo com o item 4.2.<strong>1.</strong><br />
O teor <strong>de</strong> sólidos solúveis totais variou <strong>de</strong> 8,3 a <strong>12</strong>,0 ºBrix, com m<strong>é</strong>dia <strong>de</strong><br />
10,5 ºBrix. Segundo os Padrões <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e Qualida<strong>de</strong> (PIQ) estabelecidos<br />
pela legislação brasileira (BRASIL, 2000) para suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> integral, a<br />
quantida<strong>de</strong> mínima permitida <strong>de</strong> sólidos solúveis totais <strong>é</strong> <strong>de</strong> 10,5 ºBrix. O suco<br />
<strong>de</strong> <strong>laranja</strong> obtido no processamento <strong>de</strong> extração empregado neste trabalho<br />
apresentou m<strong>é</strong>dia <strong>de</strong> sólidos solúveis totais <strong>de</strong> acordo com a legislação<br />
brasileira. A aci<strong>de</strong>z total variou <strong>de</strong> 0,6 a 1,0 g <strong>de</strong> ácido cítrico/100mL com<br />
m<strong>é</strong>dia <strong>de</strong> 0,8 g <strong>de</strong> ácido cítrico/100mL enquanto o Ratio variou <strong>de</strong> 11,1 a 15,8<br />
com m<strong>é</strong>dia <strong>de</strong> 13,0. Estes resultados foram compatíveis com as exigências da<br />
49
legislação brasileira, que estabelece limite mínimo para o Ratio <strong>de</strong> suco <strong>de</strong><br />
<strong>laranja</strong> integral <strong>de</strong> 9,0 (BRASIL, 2000).<br />
IHA et al. (2000) avaliaram a qualida<strong>de</strong> físico-química e higiênico-<br />
sanitária <strong>de</strong> 130 amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> fresco produzidos e/ou<br />
comercializados nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ribeirão Preto e Araraquara, SP, e 33<br />
amostras <strong>de</strong> suco pasteurizado <strong>de</strong> diferentes cida<strong>de</strong>s do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />
As amostras <strong>de</strong> suco fresco apresentaram valores <strong>de</strong> teor <strong>de</strong> sólidos solúveis<br />
totais variando entre 8,0 e 14,5 ºBrix, com m<strong>é</strong>dia <strong>de</strong> 10,4 ºBrix. Para aci<strong>de</strong>z<br />
total titulável a m<strong>é</strong>dia obtida foi <strong>de</strong> 0,82 g <strong>de</strong> ácido cítrico /100mL e para o Ratio<br />
<strong>de</strong> 13,6, estando <strong>de</strong> acordo com os valores estabelecidos pelo PIQ, para suco<br />
<strong>de</strong> <strong>laranja</strong> (BRASIL, 2000). Já para o suco fresco pasteurizado, o teor <strong>de</strong><br />
sólidos solúveis totais, a aci<strong>de</strong>z total titulável e o Ratio variaram <strong>de</strong> 9 a 13,2<br />
ºBrix, 0,44 a 1,0 g <strong>de</strong> ácido cítrico/100mL e 11,2 a 25,5 respectivamente.<br />
Tabela 4- Valores dos parâmetros físico-químicos do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> Pêra Rio,<br />
processado em cada período <strong>de</strong> análise na safra 00/0<strong>1.</strong><br />
Processamento <strong>de</strong><br />
extração*<br />
Sólidos<br />
solúveis totais<br />
(ºBrix)<br />
Parâmetros<br />
Aci<strong>de</strong>z total<br />
(g ác.cítrico/100mL)<br />
Ratio<br />
1 8,3 0,6 13,4<br />
2 9,9 0,9 11,1<br />
3 9,8 0,8 <strong>12</strong>,9<br />
4 11,6 0,7 15,8<br />
5 <strong>12</strong>,0 1,0 11,6<br />
6 11,2 0,8 13,5<br />
M<strong>é</strong>dia 10,5 0,8 13,0<br />
D.P. 1,4 0,1 1,7<br />
* Pool da triplicata referente a cada processamento <strong>de</strong> extração.<br />
D.P.- Desvio padrão<br />
Estudos realizados por Silva et al. (1998) visando avaliar o<br />
comportamento da osmose inversa combinada com a ultrafiltração para a<br />
concentração <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> relataram a avaliação físico-química <strong>de</strong> suco<br />
50
<strong>de</strong> <strong>laranja</strong> integral e concentrado pelo processo <strong>de</strong> osmose inversa. Os teores<br />
<strong>de</strong> sólidos solúveis totais, aci<strong>de</strong>z total titulável e Ratio foram 11 e 30 ºBrix, 0,8 e<br />
2,1 g <strong>de</strong> ácido cítrico/100mL e 14,0 e 14,4, respectivamente, para suco <strong>de</strong><br />
<strong>laranja</strong> integral e suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> concentrado por osmose inversa utilizando<br />
pressão <strong>de</strong> 60 bar.<br />
Frata (2002) comparou o teor <strong>de</strong> sólidos solúveis totais, aci<strong>de</strong>z total<br />
titulável, Ratio, pH e teor <strong>de</strong> vitamina C <strong>de</strong> diferentes amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong><br />
<strong>laranja</strong> concentrado reconstituído e suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> integral pasteurizado <strong>de</strong><br />
diferentes marcas comerciais disponíveis nos supermercados da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Araraquara, SP. Os resultados obtidos apresentaram teor <strong>de</strong> sólidos solúveis<br />
totais entre 11,2 e 11,8 ºBrix, 0,6 a 0,8 g <strong>de</strong> ácido cítrico/100mL, Ratio <strong>de</strong> 13,3<br />
a 18,2, valores <strong>de</strong> pH entre 3,6 e 3,8 e teor <strong>de</strong> vitamina C <strong>de</strong> 18,8 a 53 mg <strong>de</strong><br />
ácido ascórbico/100mL.<br />
Nossos resultados foram similares àqueles <strong>de</strong>scritos por Silva et al<br />
(1998), para suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> integral e por Frata (2002), para suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong><br />
concentrado reconstituído e suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> integral pasteurizado <strong>de</strong> diferentes<br />
marcas comerciais e bastantes semelhantes àqueles <strong>de</strong>scritos por IHA et al<br />
(2000) para suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> fresco, tendo sido discretamente inferiores em<br />
relação aos resultados relatados para suco fresco pasteurizado.<br />
Os resultados <strong>de</strong>ste trabalho obtidos do pool referente à triplicata <strong>de</strong><br />
amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> <strong>de</strong> cada processamento <strong>de</strong> extração, coletadas<br />
<strong>de</strong>ntre as diferentes configurações <strong>de</strong> extração, aleatoriamente, <strong>de</strong>monstraram<br />
que as características físico-químicas do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> não foram afetadas<br />
pelas diferentes configurações <strong>de</strong> extração empregadas.<br />
Estão apresentados na Tabela 5 os resultados referentes à quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> óleo presente no suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> Pêra Rio em cada processamento <strong>de</strong><br />
extração, na safra 00/0<strong>1.</strong><br />
Houve diferença significativa (p
extração. Para as configurações B, C e D, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> óleo presente no<br />
suco não apresentou diferença significativa (p>0,05) entre os processamentos<br />
<strong>de</strong> extração 2, 3 e 6. A configuração D, proposta neste estudo, apresentou<br />
diferença significativa (p
5.3.Avaliação sensorial<br />
5.3.<strong>1.</strong>Pr<strong>é</strong>-seleção da equipe <strong>de</strong> provadores<br />
Foi <strong>de</strong>terminado que era necessário, no mínimo 7 ensaios consecutivos<br />
e positivos, para entrar na região <strong>de</strong> aceitação <strong>de</strong> acordo com os parâmetros<br />
estabelecidos para a pr<strong>é</strong>-seleção dos provadores, conforme Figura 1<strong>1.</strong> Foram<br />
pr<strong>é</strong>-selecionados 18 candidatos entre os 30 que participaram dos testes.<br />
5.3.2.Definição da ficha <strong>de</strong> avaliação<br />
No levantamento dos atributos sensoriais os provadores receberam <strong>um</strong>a<br />
ficha na qual listaram, <strong>de</strong> acordo com a sua opinião, as similarida<strong>de</strong>s e<br />
diferenças entre duas amostras comerciais <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> em relação ao<br />
aroma, sabor, aparência e textura, usando o máximo <strong>de</strong> adjetivos para<br />
qualificar as amostras. Os provadores citaram diversos termos, sendo que a<br />
maioria se referiu à percepção do sabor conforme <strong>de</strong>monstra a Figura 13.<br />
adjetivos<br />
90<br />
75<br />
60<br />
45<br />
30<br />
15<br />
0<br />
48<br />
sabor<br />
(53%)<br />
16<br />
cor<br />
(18%)<br />
11<br />
textura<br />
(13%)<br />
11<br />
aroma<br />
(13%)<br />
característica do suco<br />
2<br />
outros<br />
(2,3%)<br />
Figura 13- Representação gráfica da freqüência com que os termos foram<br />
citados pelos provadores relacionados ao sabor, à cor, à textura e<br />
outros.<br />
53
De acordo com a Figura 13, observa-se que o sabor foi <strong>de</strong> fundamental<br />
<strong>importância</strong> para a caracterização sensorial do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>.<br />
Mediante o consenso da equipe para compor a ficha <strong>de</strong> avaliação foram<br />
escolhidos os termos citados com maior freqüência.<br />
A ficha <strong>de</strong> avaliação foi composta utilizando a escala não estruturada <strong>de</strong><br />
9 cm, ancorada à esquerda pelo termo fraco e à direita pelo termo forte com os<br />
seguintes termos <strong>de</strong>scritores: cor amarela, sabor doce, sabor ácido, sabor<br />
cozido, sabor amargo e sabor adstringente. O atributo polpa, apesar <strong>de</strong> não ter<br />
sido listado na ficha <strong>de</strong> levantamento <strong>de</strong> termos <strong>de</strong>scritores, foi incluído após o<br />
diálogo entre os provadores, conforme apresentado na Figura 14.<br />
Foram então estabelecidas as <strong>de</strong>finições para cada termo escolhido e as<br />
amostras a serem usadas como referência para cada ponto extremo fraco e<br />
forte da escala, conforme apresentado na Tabela 6.<br />
54
Tabela 6- Definições e referências para os termos <strong>de</strong>scritores levantados pelos<br />
provadores.<br />
TERMO DESCRITOR DEFINIÇÃO REFERÊNCIAS<br />
Cor amarela Ë a cor amarela característica<br />
do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> natural<br />
Sabor doce Ë o gosto doce associado ao<br />
sabor da <strong>laranja</strong> madura<br />
Sabor ácido É o gosto ácido característico<br />
<strong>de</strong> frutas cítricas<br />
Sabor cozido Ë o sabor associado ao suco<br />
que sofreu tratamento t<strong>é</strong>rmico<br />
Sabor amargo É o gosto amargo que<br />
permanece por <strong>um</strong> período <strong>de</strong><br />
tempo após a ingestão <strong>de</strong><br />
<strong>um</strong>a <strong>de</strong>terminada substância<br />
Sabor adstringente É a sensação <strong>de</strong> ardência<br />
provocada pelo óleo essencial<br />
da <strong>laranja</strong><br />
Polpa É a percepção <strong>de</strong> películas<br />
em suspensão presentes em<br />
suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong><br />
55<br />
Fraca: padrão <strong>de</strong> referência segundo a<br />
escala <strong>de</strong> tubos <strong>de</strong> coloração J5.<br />
Forte: padrão <strong>de</strong> referência segundo a<br />
escala <strong>de</strong> tubos <strong>de</strong> coloração J2.<br />
Fraco: suco reconstituído a <strong>12</strong> ºBrix, Ratio<br />
14.<br />
Forte: suco reconstituído a <strong>12</strong> ºBrix, Ratio<br />
14, com adição <strong>de</strong> 2,5% <strong>de</strong> açúcar<br />
(sacarose).<br />
Fraco: suco reconstituído a <strong>12</strong> ºBrix, Ratio<br />
17,53.<br />
Forte: suco reconstituído a <strong>12</strong> ºBrix, Ratio<br />
17,53, com adição <strong>de</strong> 0,4% <strong>de</strong> ácido<br />
cítrico.<br />
Fraco: suco reconstituído a <strong>12</strong> ºBrix, Ratio<br />
17,53.<br />
Forte: suco reconstituído a <strong>12</strong> ºBrix, Ratio<br />
17,53, aquecido a 80 ºC/10min.<br />
Fraco: suco reconstituído a <strong>12</strong> ºBrix, Ratio<br />
17,53.<br />
Forte: suco reconstituído a <strong>12</strong> ºBrix, Ratio<br />
17,53, com adição <strong>de</strong> 2,5% <strong>de</strong> suco<br />
concentrado contendo limonin.<br />
Fraco: suco reconstituído a <strong>12</strong> ºBrix, Ratio<br />
17,53.<br />
Forte: suco reconstituído a <strong>12</strong> ºBrix, Ratio<br />
17,53, com adição <strong>de</strong> 0,08% <strong>de</strong> óleo<br />
essencial <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>.<br />
Fraco: suco reconstituído a <strong>12</strong> ºBrix, Ratio<br />
17,53.<br />
Forte: suco reconstituído a <strong>12</strong> ºBrix, Ratio<br />
17,53, com adição <strong>de</strong> 5% <strong>de</strong> polpa<br />
extraída da fruta.
FICHA DE AVALIAÇÃO<br />
Nome:____________________________Data:_______<br />
Nº da amostra:_________<br />
Prove a amostra <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> e avalie a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada<br />
atributo:<br />
Cor amarela Fraca Forte<br />
Sabor doce Fraca Forte<br />
Sabor ácido Fraca Forte<br />
Sabor cozido Fraca Forte<br />
Sabor amargo Fraca Forte<br />
Sabor adstringente Fraca Forte<br />
Polpa Fraca Forte<br />
Comentários:_________________________________<br />
Figura 14- Ficha <strong>de</strong> avaliação empregada na seleção <strong>de</strong> provadores <strong>de</strong> suco<br />
<strong>de</strong> <strong>laranja</strong>.<br />
56
5.3.3.Treinamento e seleção da equipe <strong>de</strong> provadores<br />
Na fase <strong>de</strong> treinamento as referências e as amostras foram fornecidas<br />
aos provadores a fim <strong>de</strong> que adquirissem <strong>um</strong>a memória sensorial para os<br />
pontos extremos da escala em cada atributo. Atrav<strong>é</strong>s da comparação das<br />
m<strong>é</strong>dias individuais com a m<strong>é</strong>dia da equipe sensorial foram selecionados 10<br />
provadores que apresentaram Famostra significativo para p0,05, levando-se em conta o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> discriminação,<br />
repetibilida<strong>de</strong> e concordância dos provadores com a equipe. Os resultados<br />
po<strong>de</strong>m ser observados na Tabela 7, que mostra que os provadores 1, 2, 3, 6, 7,<br />
8, 10, 11, <strong>12</strong> e 16 foram selecionados. Dessa forma, constatou-se que dos<br />
trinta provadores inicialmente recrutados, somente <strong>de</strong>z possuíam acuida<strong>de</strong><br />
sensorial que os habilitava a compor a equipe <strong>de</strong> provadores treinados.<br />
Tabela 7- Níveis <strong>de</strong> significância (p) para provadores em função da<br />
discriminação das amostras(Famostra) e repetibilida<strong>de</strong> (Frepetição).<br />
PROVADORES<br />
Atributos P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P<strong>12</strong> P13 P14 P15 P16 P17<br />
Cor<br />
Fam 0,0040 0,00<strong>12</strong> 0,2234 0,3305 0,2671 0,0023 0,0026 0,2890 0,8424 0,0039 0,0054 0,0041 0,0388 0,0944 0,2744 0,0196 0,0067<br />
Frep 0,0448 0,1307 0,4466 0,2778 0,2697 0,0025 0,0034 0,3451 0,7787 0,4810 0,1026 0,1388 0,7908 0,5628 0,4524 0,2889 0,2381<br />
Doce<br />
Fam 0,0020 0,9014 0,0275 0,0052 0,0324 0,0345 0,2632 0,1769 0,0492 0,0267 0,0001 0,0166 0,0334 0,0072 0,1550 0,1156 0,0004<br />
Frep 0,5344 0,<strong>12</strong>38 0,5728 0,2064 0,2947 0,1699 0,1<strong>12</strong>6 0,2406 0,5119 0,1887 0,0655 0,1080 0,7409 0,<strong>12</strong>32 0,0588 0,6742 0,0079<br />
Ácido<br />
Fam 0,1420 0,<strong>12</strong>13 0,1620 0,2364 0,2820 0,0<strong>12</strong>3 0,0746 0,0496 0,8843 0,0011 0,0006 0,0015 0,4534 0,0492 0,0485 0,8109 0,6800<br />
Frep 0,0743 0,2096 0,5273 0,9331 0,6800 0,4690 0,3933 0,<strong>12</strong>87 0,1869 0,7850 0,0725 0,5075 0,1513 0,0546 0,0780 0,1998 0,5999<br />
Cozido<br />
Fam 0,1823 0,0618 0,2070 0,2501 0,1991 0,2117 0,1104 0,6592 0,0331 0,1441 0,8454 0,9188 0,7273 0,7966 0,0203 0,2025 0,4287<br />
Frep 0,4251 0,0016 0,9176 0,3487 0,2432 0,0919 0,0416 0,0829 0,10<strong>12</strong> 0,1356 0,2965 0,0915 0,4461 0,4793 0,1198 0,2074 0,5056<br />
Amargo<br />
Fam 0,0370 0,0220 0,0130 0,0018 0,1086 0,00<strong>12</strong> 0,0057 0,0005 0,4048 0,2664 0,0338 0,0328 0,4379 0,0539 0,0822 0,1097 0,6359<br />
Frep 0,1007 0,3355 0,3238 0,2<strong>12</strong>3 0,1849 0,1485 0,4497 0,8133 0,4367 0,2839 0,0865 0,5877 0,5392 0,2570 0,1620 0,3545 0,4326<br />
Adst<br />
Fam 0,0400 0,0472 0,2132 0,4175 0,4773 0,0367 0,3477 0,1765 0,0136 0,5045 0,3748 0,0627 0,3427 0,5984 0,2538 0,4339 0,1371<br />
Frep 0,0049 0,0169 0,9473 0,31<strong>12</strong> 0,5505 0,7019 0,1684 0,0522 0,1928 0,6<strong>12</strong>3 0,9818 0,9709 0,4741 0,5969 0,2275 0,4784 0,6380<br />
Fam – F amostra.<br />
Frep – F repetição.<br />
57
5.3.4. Avaliação sensorial <strong>de</strong>scritiva das amostras<br />
Para a avaliação sensorial <strong>de</strong>scritiva das amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> da<br />
varieda<strong>de</strong> Pêra Rio foram realizados cinco processamentos <strong>de</strong> extração para<br />
as configurações B, C e D.<br />
Na Tabela 8 estão apresentadas as m<strong>é</strong>dias referentes a cada atributo<br />
sensorial do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> Pêra Rio obtido <strong>de</strong> três variações na configuração<br />
da máquina extratora.<br />
Tabela 8- M<strong>é</strong>dia dos atributos sensoriais das amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>.<br />
Atributo<br />
Configuração Cor Doce Ácido Cozido Amargo Adstringente Polpa<br />
B 4,63 a<br />
C 4,54 a<br />
D 3,97 b<br />
3,59 a<br />
3,05 a<br />
3,21 a<br />
4,78 a<br />
4,45 a<br />
4,82 a<br />
1,68 a<br />
1,55 a<br />
1,59 a<br />
2,35 a<br />
2,30 a<br />
2,60 a<br />
2,58 a<br />
3,30 b<br />
3,68 b<br />
M<strong>é</strong>dias com letras iguais na mesma coluna não diferem entre si no teste <strong>de</strong> Tukey (p0,05)<br />
entre as configurações B, C e D para os atributos sabor doce, sabor ácido,<br />
sabor cozido, sabor amargo e polpa. Em relação ao atributo cor houve<br />
diferença significativa (p
Embora o atributo polpa tenha sido incluído na ficha <strong>de</strong> avaliação empregada,<br />
após diálogo entre os provadores, verifica-se <strong>de</strong> acordo com a Tabela 8 que a<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> polpa das amostras não foi <strong>um</strong> atributo relevante para<br />
caracterização das mesmas.<br />
Comparação das configurações - Var. Pêra Rio<br />
adstringente<br />
polpa<br />
amargo<br />
cor<br />
5<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
0<br />
cozido<br />
doce<br />
acido<br />
Figura 15- Gráfico tipo aranha <strong>de</strong>monstrando a m<strong>é</strong>dia dos atributos <strong>de</strong> todas<br />
as amostras.<br />
5.3.5.Análise <strong>de</strong> componentes principais<br />
Os dados obtidos na avaliação sensorial <strong>de</strong>scritiva das amostras <strong>de</strong><br />
suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> da varieda<strong>de</strong> Pêra Rio submetidas aos processamentos <strong>de</strong><br />
extração utilizando as configurações <strong>de</strong> extração B, C e D foram analisados<br />
estatisticamente utilizando a análise <strong>de</strong> componentes principais (ACP)<br />
conforme apresenta a Figura 16.<br />
B<br />
C<br />
D<br />
59
Componente Principal 2 (27.07 %)<br />
<strong>1.</strong>8<br />
<strong>1.</strong>3<br />
0.8<br />
0.3<br />
-0.2<br />
-0.7<br />
-<strong>1.</strong>2<br />
-<strong>1.</strong>7<br />
-2.2<br />
D5<br />
SAD<br />
SAM<br />
C5<br />
SAC<br />
B2<br />
C2<br />
B1<br />
D1<br />
C1<br />
SCO<br />
B5 C3<br />
D2<br />
D3<br />
B3<br />
SDO<br />
D4<br />
B4<br />
C4<br />
COR<br />
-2.2 -<strong>1.</strong>7 -<strong>1.</strong>2 -0.7 -0.2 0.3 0.8 <strong>1.</strong>3 <strong>1.</strong>8<br />
Componente Principal 1 (44.59 %)<br />
Figura 16- Análise dos componentes principais 1 e 2 das três configurações <strong>de</strong><br />
POL<br />
suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>. As configurações são representadas letras e os<br />
números representam as 5 repetições para cada amostra.<br />
O primeiro eixo (componente principal 1) explica 44,59% da variação<br />
ocorrida entre as amostras. Os componentes principais 1 e 2 explicam juntos<br />
71,66% da variação.<br />
Verifica-se que as amostras, representando diferentes períodos <strong>de</strong><br />
processamento (índices 1, 2, 3, 4 e 5) para a mesma configuração (B, C e D)<br />
ficaram espalhadas pelos quadrantes do gráfico, e não agrupadas entre si,<br />
para cada configuração. Assim, não foi possível <strong>de</strong>terminar quais atributos<br />
caracterizariam cada configuração <strong>de</strong> <strong>um</strong>a maneira mais específica. Tais<br />
resultados, entretanto, já eram esperados e foram revelados no teste <strong>de</strong> Tukey<br />
que mostrou pouca diferença entre as amostras, <strong>de</strong>monstrando diferença<br />
significativa apenas em relação ao sabor adstringente e à cor.<br />
Na Figura 17 está apresentado o gráfico referente aos componentes<br />
principais 1 e 3. Apesar <strong>de</strong>stes componentes juntos explicarem 57,84% da<br />
variação observada nas amostras, verifica-se que os vetores correspon<strong>de</strong>ntes<br />
60
aos atributos sensoriais estudados estão melhor distribuídos em relação as<br />
amostras estudadas. Verifica-se que a maioria dos atributos caracteriza todas<br />
as amostras, já que as amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> obtidas <strong>de</strong> diferentes<br />
configurações da máquina extratora, apresentaram diferença sensorial no<br />
sabor apenas em relação ao atributo sabor adstringente.<br />
Componente Principal 3 (13.25 %)<br />
2.2<br />
<strong>1.</strong>7<br />
<strong>1.</strong>2<br />
0.7<br />
0.2<br />
-0.3<br />
-0.8<br />
-<strong>1.</strong>3<br />
-<strong>1.</strong>8<br />
-2.3<br />
D5<br />
SAD<br />
C5<br />
SAM<br />
SAC<br />
C2 D2<br />
B2<br />
D1<br />
B5<br />
B1<br />
C1<br />
D3<br />
SCO<br />
C3<br />
B3<br />
POL<br />
D4<br />
COR<br />
SDO<br />
C4<br />
B4<br />
-2.3 -<strong>1.</strong>8 -<strong>1.</strong>3 -0.8 -0.3 0.2 0.7 <strong>1.</strong>2 <strong>1.</strong>7 2.2<br />
Componente Principal 1 (44.59 %)<br />
Figura 17- Análise dos componentes principais 1 e 3 das três configurações <strong>de</strong><br />
suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>. As configurações são representadas letras e os<br />
números representam as 5 repetições para cada amostra.<br />
A configuração D foi proposta neste estudo para aliar <strong>um</strong> alto rendimento<br />
com melhor qualida<strong>de</strong> sensorial. Foi possível atingir este objetivo, pois os<br />
atributos sabor amargo e sabor adstringente obtidos das amostras da<br />
configuração D, consi<strong>de</strong>rados in<strong>de</strong>sejáveis, foram semelhantes àqueles<br />
verificados nas configurações B e C, que representam configurações <strong>de</strong><br />
61
extração que fornecem melhor qualida<strong>de</strong> sensorial, ou seja, configurações que<br />
fornecem <strong>produto</strong> com sabor amargo/adstringente menos acentuado.<br />
Vale mencionar que os resultados obtidos já vêm sendo utilizados nas<br />
industrias processadoras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> que têm procurado adotar<br />
dimensionamento <strong>de</strong> extração capaz <strong>de</strong> aliar rendimento maximizado à<br />
qualida<strong>de</strong> sensorial. Cabe ainda <strong>de</strong>stacar que o pioneirismo <strong>de</strong>ste trabalho <strong>é</strong><br />
apenas o passo inicial para que a indústria caminhe no sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />
novos dimensionamentos visando melhorar ainda mais a qualida<strong>de</strong> sensorial<br />
do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>.<br />
5.3.6.Análise <strong>de</strong> correlação entre os atributos sensoriais<br />
A Tabela 9 apresenta os coeficientes <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> Pearson (r) das<br />
m<strong>é</strong>dias dos atributos sensoriais das amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> estudadas.<br />
Os valores mostrados em negrito são estatisticamente significativos ao nível <strong>de</strong><br />
5%.<br />
Tabela 9- Coeficientes <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> Pearson (r) entre as m<strong>é</strong>dias dos<br />
atributos sensoriais atribuídos às amostras <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>.<br />
COR SDO SAC SCO SAM SAD POL<br />
COR 1 0.847 -0.075 0.297 -0.246 -0.561 0.665<br />
SDO 0.847 1 -0.013 0.274 -0.229 -0.372 0.438<br />
SAC -0.075 -0.013 1 0.230 0.499 0.515 0.020<br />
SCO 0.297 0.274 0.230 1 0.493 -0.001 -0.053<br />
SAM -0.246 -0.229 0.499 0.493 1 0.623 -0.475<br />
SAD -0.561 -0.372 0.515 -0.001 0.623 1 -0.527<br />
POL 0.665 0.438 0.020 -0.053 -0.475 -0.527 1<br />
Em negrito, valores estatisticamente significativos ao nível <strong>de</strong> significância <strong>de</strong> 5%.<br />
A cor amarela (COR) apresentou correlação positiva com a polpa (POL)<br />
(0,665) e com sabor doce (SDO) (0,847). Este fato já era esperado pois existe<br />
<strong>um</strong>a correlação positiva entre teor <strong>de</strong> açúcares e cor amarela à medida que a<br />
fruta amadurece. Quanto mais madura a fruta, mais doce, e a coloração<br />
amarela <strong>é</strong> mais intensa. Os coeficientes <strong>de</strong> correlação obtidos para polpa e<br />
62
sabor doce po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados muitos bons, pois segundo Burgard (1990)<br />
<strong>de</strong>scritos por De Marchi et al, 2003, valores entre dados sensoriais e<br />
instr<strong>um</strong>entais acima <strong>de</strong> 0,6 são consi<strong>de</strong>rados muitos bons e valores entre 0,4 e<br />
0,6 são consi<strong>de</strong>rados mo<strong>de</strong>rados. O sabor adstringente (SAD) apresentou<br />
correlação negativa (-0,561) com a cor amarela (COR) e com a polpa (POL)<br />
(-0,527) e correlação positiva com o sabor ácido (SAC) (0,515) e com o sabor<br />
amargo (SAM) (0,623). Tais fatos já haviam sido verificados por Frata (2003)<br />
em amostras comerciais <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong>, <strong>de</strong>monstrando que os provadores<br />
apresentaram dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> discriminação entre esses atributos.<br />
63
6.CONCLUSÕES<br />
Com base nos resultados obtidos neste trabalho, po<strong>de</strong>-se concluir que:<br />
1) O rendimento <strong>de</strong> extração da configuração D foi semelhante ao<br />
apresentado pela configuração A <strong>de</strong>monstrando que as dimensões da<br />
configuração D po<strong>de</strong>rão ser usadas para processamento <strong>de</strong> suco <strong>de</strong><br />
<strong>laranja</strong> integral pasteurizado com rendimento maximizado.<br />
2) As características físico-químicas do suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> obtido das três<br />
configurações <strong>de</strong> extração, apresentaram-se <strong>de</strong> acordo com os Padrões<br />
<strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e Qualida<strong>de</strong> para suco <strong>de</strong> <strong>laranja</strong> integral.<br />
3) Os atributos sensoriais estudados não apresentaram diferença<br />
significativa entre as configurações B, C e D com exceção da cor e do<br />
sabor adstringente.<br />
4) A configuração D apresentou alto rendimento com a<strong>de</strong>quada qualida<strong>de</strong><br />
sensorial e apesar do sabor adstringente ter sido significativamente<br />
superior ao da configuração B.<br />
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