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CRISE DO SOCIALISMO AUTORITÁRIO Socialismo ... - dialetico.com

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<strong>CRISE</strong> <strong>DO</strong> <strong>SOCIALISMO</strong> <strong>AUTORITÁRIO</strong><br />

<strong>Socialismo</strong><br />

Após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o socialismo expandiu-se por várias regiões do mundo. A partir<br />

da União Soviética, essa forma de governo atingiu, por exemplo, os países do Leste europeu, China e Cuba. Em seu<br />

auge, os regimes socialistas <strong>com</strong>andaram um terço de toda a população do mundo.<br />

Na década de 80, entretanto, grandes transformações modificaram rapidamente o panorama mundial. Primeiro foi a<br />

Polônia exigindo democracia, sob a liderança do sindicato Solidariedade. Posteriormente, veio a queda do Muro de<br />

Berlim e a reunificação das duas Alemanhas. Em seguida, um a um, foram caindo os governos socialistas em todos os<br />

países da Europa oriental. O golpe de misericórdia aconteceu em 1991, quando o coração do socialismo mundial - a<br />

União Soviética - sofreu violento colapso.<br />

União Soviética<br />

Terminada a Segunda Guerra Mundial (1945), a União Soviética ficou em es<strong>com</strong>bros. Cidades inteiras foram destruídas.<br />

Morreram mais de 20 milhões de pessoas e 25 milhões ficaram desabrigados. Foi a herança do heróico sacrifício que<br />

representou a vitória sobre o nazismo.<br />

Com mão de ferro, o ditador Stalin <strong>com</strong>andou a reconstrução do país. Por meio de planejamentos globais da economia,<br />

organizados pelos burocratas do Estado, o governo ditava as metas para a recuperação econômica e o desenvolvimento<br />

do país.<br />

Já nos primeiros anos da década de 50, eram notáveis os resultados dos esforços de reconstrução nacional. A União<br />

Soviética desenvolveu a indústria de base e de armamentos, construiu usinas hidrelétricas, mecanizou a agricultura,<br />

instalou escolas, eliminou o analfabetismo etc.<br />

O lado sombrio desses anos foi a consolidação da ditadura stalinista. Stalin assumiu todos os principais cargos da União<br />

Soviética, tornou-se chefe absoluto do Partido Comunista, do Estado e do Exército. Por meio de prisões, expulsões, torturas<br />

e fuzilamentos liquidou <strong>com</strong> todos os possíveis opositores.<br />

Além do terror político da ditadura, o governo soviético montou uma imensa campanha publicitária destinada ao culto<br />

da personalidade de Stalin. Em enormes cartazes espalhados pelas ruas, Stalin era endeusado <strong>com</strong>o o maior gênio da<br />

história, o maior cientista do mundo, o amigo e mestre de todos os trabalhadores.<br />

Após 29 anos no poder, Stalin morreu em março de 1953, vitimado por um derrame cerebral. Começou, então, a era<br />

de Nikita Kruchev, cujas principais características foram:<br />

Plano interno - Kruchev condenou a ditadura stalinista e abriu espaço para a liberalização política. Em 1956, no XX<br />

Congresso do Partido Comunista, denunciou os crimes de Stalin, sua rigidez doutrinária e a campanha de culto à sua<br />

personalidade. As denúncias de Kruchev repercutiram mundialmente. Líderes socialistas de todo o planeta ficaram<br />

chocados <strong>com</strong> a amarga verdade.<br />

Plano internacional - Kruchev defendeu a necessidade de uma coexistência pacífica entre países socialistas e capitalistas.<br />

Dizia Kruchev: Só a paz pode garantir nossas diferenças, pois, no caso de uma guerra nuclear, as cinzas do <strong>com</strong>unismo<br />

e do capitalismo serão totalmente indiferenciáveis.<br />

O anti-stalinismo de Kruchev e sua política de coexistência pacífica provocaram desentendimentos entre a União Soviética<br />

e a China <strong>com</strong>unista, que se mantinha fiel às idéias e aos métodos de Stalin.<br />

A desestalinização (medidas contrárias ao sistema implantado por Stalin) promovida por Kruchev não foi suficiente para<br />

romper a armadura do <strong>com</strong>unismo autoritário. Até 1985, os principais dirigentes da União Soviética (Brejnev, Andropov<br />

e Tchernenco) mantiveram o país submetido ao controle ditatorial da elite <strong>com</strong>unista.<br />

Nesse período, somou-se à falta de liberdade política o grave problema da estagnação econômica. As dificuldades<br />

foram tomando conta do país, acarretando o declínio da produção industrial, <strong>com</strong>ercial e agrícola; o aumento do<br />

desemprego em trabalhos qualificados; a falta de alimentos nas cidades; a queda brutal na qualidade dos serviços<br />

públicos; o aumento do alcoolismo por causa da descrença da população; e o crescimento da corrupção administrativa.<br />

Em 1985, Mikhail Gorbatchev tornou-se o principal dirigente da União Soviética. Começou então a promover amplas<br />

reformas voltadas para a liberalização política (glasnost) e reestruturação econômica (Perestroika).<br />

Gorbatchev tentou administrar a construção de uma nova União Soviética, politicamente mais livre e economicamente<br />

mais moderna.<br />

A situação, porém, acabou fugindo-lhe ao controle. No decorrer das transformações, Gorbatchev teve que enfrentar,<br />

de um lado, a reação conservadora dos <strong>com</strong>unistas autoritários, inimigos do avanço democrático, e de outro, os ultrareformistas,<br />

ansiosos por rápidas e profundas mudanças político-econômicas.<br />

Em agosto de 1991, Gorbatchev foi deposto pelos <strong>com</strong>unistas autoritários. No entanto, esse golpe fracassou devido<br />

principalmente à resistência dos reformistas e liberais, liderados por Boris Yeltsin (presidente da Federação Russa).<br />

Três dias depois do golpe, Gorbatchev retornou ao governo, passando então a enfrentar o impetuoso movimento das<br />

repúblicas soviéticas, que buscavam autonomia e poder. Em setembro, as repúblicas bálticas (Letônia, Estônia e Lituânia)<br />

foram reconhecidas <strong>com</strong>o Estados independentes.<br />

Esse processo levou ao desmantelamento da União Soviética e à criação da Comunidade dos Estados Independentes<br />

(CEI), que passou a congregar várias repúblicas, <strong>com</strong>o Rússia, Belarus, Ucrânia, Moldova, Armênia, entre outras.<br />

A criação da CEI esvaziou e aniquilou os poderes da União Soviética. Reconhecendo esse fato, Gorbatchev renunciou,<br />

encerrando suas atividades no dia 25 de dezembro de 1991. Depois de 69 anos de existência, o poderoso império soviético,<br />

que teve papel central na história do século XX, desmoronou.<br />

Europa Oriental<br />

Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, os países da Europa oriental sofreram um profundo processo de<br />

reformulação nos planos político, econômico e social, diretamente influenciado pela União Soviética. Assim, países


<strong>com</strong>o Albânia, Bulgária, Tchecoslováquia, Hungria, Polônia, Romênia, Iugoslávia e, depois, Alemanha Oriental passaram<br />

a integrar o bloco das nações socialistas.<br />

A instalação do socialismo nesses países teve <strong>com</strong>o ponto de origem a luta contra o nazismo durante a guerra. Encerrada<br />

a guerra, as classes dominantes burguesas, que haviam colaborado <strong>com</strong> o nazismo, foram repelidas pela população,<br />

que passou a reivindicar a instauração de uma nova ordem social. Nesse contexto, os partidos <strong>com</strong>unistas de<br />

cada país encontraram espaço para o seu fortalecimento, contando <strong>com</strong> o apoio da União Soviética para conquistar<br />

o poder e instalar governos baseados no modelo soviético.<br />

Entre as principais medidas <strong>com</strong>uns adotadas nos países do Leste europeu destacam-se:<br />

domínio político do Partido Comunista de cada país;<br />

fim da propriedade privada dos meios de produção;<br />

controle da economia pelo Estado. Bancos, fazendas, fábricas, transportes, <strong>com</strong>unicação, educação passaram ao<br />

controle direto do governo.<br />

Tratados de cooperação econômica (Comecon, 1949) e militar (Pacto de Varsóvia, 1955) foram assinados entre a União<br />

Soviética e os países da Europa oriental. O objetivo era fortalecer a aliança do bloco socialista diante da oposição<br />

dos países capitalistas, <strong>com</strong>andados pelos Estados Unidos.<br />

Com o tempo, entretanto, os regimes <strong>com</strong>unistas da Europa oriental foram se desgastando. A falta de liberdade política<br />

e a estagnação econômica figuraram entre as principais causas desse desgaste. Diante das revoltas populares, os<br />

governos desses países conseguiram resistir <strong>com</strong> a ajuda da força militar soviética. Isso ocorreu, por exemplo, em Budapeste<br />

(1956) e Praga (1968).<br />

Em 1980, surgiu na Polônia um vigoroso movimento contra o governo <strong>com</strong>unista polonês, liderado pelo sindicato Solidariedade<br />

(dirigido por Lech Walesa) e <strong>com</strong> apoio da Igreja católica. À contestação política, o governo reagiu <strong>com</strong> violência<br />

policial: decretou estado de guerra, prendeu Walesa e pôs o Solidariedade na ilegalidade.<br />

A repressão, porém, não foi suficiente para esmagar as oposições ao governo. Além disso, em conseqüência das reformas<br />

de Gorbatchev (Perestroika e glasnost), as pressões militares de Moscou afrouxaram-se no Leste europeu, contribuindo<br />

para que as oposições aos regimes <strong>com</strong>unistas se fortalecessem.<br />

Na Polônia, o sindicato Solidariedade transformou-se em partido político, disputando e vencendo as eleições de 1989.<br />

Depois da Polônia, as reformas democráticas espalharam-se por toda a Europa oriental: Hungria, Tchecoslováquia,<br />

Romênia, Bulgária, Albânia, Iugoslávia e Alemanha Oriental. Os tradicionais regimes <strong>com</strong>unistas foram caindo um a um.<br />

No lugar do <strong>com</strong>unismo autoritário surgiu a busca por instituições políticas mais livres e por uma economia mais aberta.<br />

Cansado dos velhos dogmas socialistas, o povo do Leste europeu exigia dos governos resultados concretos na melhoria<br />

da qualidade de vida da sociedade.<br />

China<br />

Durante mais de dois séculos (1644-1911), a China foi governada pela dinastia Manchu. No século XIX, esse imenso país<br />

foi alvo da expansão imperialista das potências ocidentais, destacando-se entre elas a Inglaterra.<br />

Em 1911, surgiu na China um movimento liberal burguês, liderado por Sun Yat-sen, que derrubou a monarquia Manchu<br />

e proclamou a república. Nas duas décadas seguintes, a república chinesa submeteu-se à dominação imperialista<br />

estrangeira.<br />

Em 1930, havia na China dois grandes grupos políticos rivais. De um lado, as forças capitalistas, <strong>com</strong>andadas pelo general<br />

Chiang Kai-shek. De outro lado, as forças <strong>com</strong>unistas, lideradas por Mao Tse-tung.<br />

Esses dois grupos enfrentaram-se numa sangrenta guerra civil, interrompida em 1937 devido ao ataque japonês à China.<br />

Comunistas e capitalistas chineses firmaram então uma aliança provisória, que durou até o término da guerra contra<br />

o Japão, em 1945.<br />

Retomadas as lutas entre as tropas de Mao Tse-tung e de Chiang Kai-shek, os <strong>com</strong>unistas obtiveram sucessivos êxitos.<br />

Em 10 de outubro de 1949, os <strong>com</strong>unistas venceram definitivamente seus inimigos internos e criaram a República Popular<br />

da China. O general Chiang Kai-shek e seus seguidores, apoiados pelos Estados Unidos, fugiram para a ilha de Formosa<br />

(Taiwan), onde fundaram a China nacionalista.<br />

Instalados no poder, os <strong>com</strong>unistas chineses, liderados por Mao, estabeleceram laços de amizade e cooperação <strong>com</strong><br />

a União Soviética. Em 1950, por exemplo, os dois países assinaram um tratado de amizade, aliança militar e mútua assistência.<br />

Depois da morte de Stalin (1953), o relacionamento entre China e União Soviética <strong>com</strong>eçou a decair. Os chineses não<br />

aceitavam as teses de Kruchev sobre a coexistência pacífica entre capitalismo e <strong>com</strong>unismo e defendiam as teorias<br />

stalinistas sobre a separação ideológica e política dos dois blocos rivais.<br />

Em 1964, os chineses fabricaram sua primeira bomba atômica. Ainda nessa década, persistiram na ruptura <strong>com</strong> Moscou<br />

e disputaram <strong>com</strong> os soviéticos a liderança mundial do movimento socialista<br />

Entretanto, na década de 70, a China desenvolveu uma política de reaproximação <strong>com</strong> os Estados Unidos, que acabou<br />

levando ao restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países em 1979.<br />

Após a morte de Mao Tse-tung, em 1976, os novos dirigentes chineses, em especial Deng Xiao-ping, empenharam-se<br />

em estimular a modernização do país, promovendo um processo de abertura econômica da China <strong>com</strong> o mundo capitalista<br />

ocidental. Mas, no plano político, os novos dirigentes nada fizeram para criar instituições livres e democráticas.<br />

A China, sob o governo do Partido Comunista, continuou reprimindo brutalmente as manifestações populares. Exemplo<br />

disso foi o massacre promovido pelo governo na Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 1989. A manifestação, que<br />

pedia democracia, terminou sob a mira de canhões de guerra, levando à morte mais de 1400 pessoas.

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