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hemangioma congênito na infância e sua involução ... - Unifenas

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HEMANGIOMA CONGÊNITO NA INFÂNCIA E SUA INVOLUÇÃO: RELATO<br />

DE UM CASO CLÍNICO.<br />

RESUMO<br />

45<br />

JOÃO MARCOS LACERDA RODRIGUES (*)<br />

ADRIANA LÍGEA DE CASTILHO (*)<br />

MARIA CRISTINA CAVALARI (**)<br />

JOÃO BOSCO O. R. DA SILVA (***)<br />

Os autores deste trabalho apresentam uma revisão da literatura e um relato de um caso clínico onde se observa<br />

uma tipica e clássica situação de <strong>hemangioma</strong> <strong>congênito</strong> <strong>na</strong> <strong>infância</strong> e <strong>sua</strong> <strong>involução</strong> clínica, encontrado durante procedimentos<br />

rotineiros da Clínica de Odontopediatria da UNIFENAS. Reafirmam a importância de uma a<strong>na</strong>mnese bem conduzida e a<br />

responsabilidade do odontopediatra para com os conhecimentos de estomatologia.<br />

DESCRITORES: <strong>hemangioma</strong>, estomatologia infantil.<br />

SUMMARY<br />

CONGENITAL HEMANGIOMA IN THE CHILDHOOD AND ITS INVOLTION: REPORT OF A CLINICAL<br />

CASE<br />

The authors present a review of the literature and a report of a clinical case where a typical and classic situation of<br />

congenital <strong>hemangioma</strong> is observed in the childhood and its clinical involution found during routine procedures of the clinic<br />

of pedodontics UNIFENAS. They reaffirm the importance of an a<strong>na</strong>mnese well driven and the responsibility of the pedodontic<br />

with the stomatologic knowledge.<br />

KEY WORDS: <strong>hemangioma</strong>, child stomatology.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Os <strong>hemangioma</strong>s <strong>congênito</strong>s são lesões<br />

comuns e podem ser frequentes. Sendo assim,<br />

costumam aparecer em crianças logo após o<br />

<strong>na</strong>scimento ou <strong>na</strong> primeira <strong>infância</strong>. Constituem,<br />

quando presentes em adultos, um significante valor<br />

anti estético dependendo de <strong>sua</strong> localização. Na<br />

literatura consultada verificou-se que estas lesões<br />

ainda permanecem pouco pesquisadas, principalmente<br />

no que se refere a <strong>sua</strong> <strong>involução</strong>.<br />

Entre as lesões mais comuns que acometem<br />

cabeça e pescoço em crianças, encontram-se os<br />

<strong>hemangioma</strong>s, que costuman a aparecer logo após o<br />

<strong>na</strong>scimento apresentando crescimento rápido. Os<br />

<strong>hemangioma</strong>s <strong>congênito</strong>s podem involuir expontânea<br />

e lentamente durante a <strong>infância</strong> (Boon et al.l996),<br />

mas, se persistem até a puberdade, <strong>sua</strong> <strong>involução</strong> é<br />

improvável, podendo constitur alguns incovenientes<br />

quanto a estética.<br />

Os <strong>hemangioma</strong>s <strong>congênito</strong>s são anomalias que<br />

ocorrem devido a morfogênese anormal dos vasos<br />

sanguíneos (Tomassi, 1985). Podem também estar<br />

* Acadêmicos do curso de Odontologia - UNIFENAS<br />

** Professora da discipli<strong>na</strong> de Estomatologia - UNIFENAS<br />

*** Professor Ms. da discipli<strong>na</strong> de Odontopediatria - UNIFENAS Caixa postal 23, CEP 37130 000, Alfe<strong>na</strong>s MG<br />

associados a situações genéticas e até mesmos a<br />

síndromes (Lo et al. l994; Boon et al. 1997). Estas<br />

lesões são proliferativas neoplásicas benig<strong>na</strong>s ou<br />

malformativa (Freitas et al. 1984; Bhatt. 1986),<br />

constituidas de vasos sanguíneos, que podem ocorrer<br />

em qualquer idade, sexo ou raça. Alguns autores<br />

afirmam existir predileção por sexo, como pelo sexo<br />

feminino (Araújo et al.1984; Freitas,1984; Sonis et<br />

al.1996), entretando, outros preferem afirmar não<br />

haver esta preferência ( Braskar, 1980).Apresentamse<br />

comumente em lábios, língua, mucosa jugal, palato<br />

e <strong>na</strong> pele, sendo que ainda podem ser encontrados em<br />

outras regiões (Araújo et al. 1984; Sato et al. 1997 ).<br />

Histologicamente, assemelham-se ao tecido de<br />

granulação jovem (Sato et al., 1997), têm <strong>sua</strong> origem<br />

a partir de células endoteliais, que formam pequenos<br />

capilares constituidos por uma única camada de<br />

células, ou ainda , por capilares que formam grandes<br />

espaços cavernosos (Araújo et al. l984), podem ainda<br />

haver proliferação de vasos linfáticos nesta estrutura<br />

(Thwaites, l988; Tommasi et al. 1985). Além disto<br />

são lesões que não possuem cápsula em <strong>sua</strong> massa<br />

(Thwaites, 1988).<br />

R. Un. Alfe<strong>na</strong>s, Alfe<strong>na</strong>s, 4:45-48, 1998


46<br />

Desta maneira, os <strong>hemangioma</strong>s podem ser<br />

classificados principalmente em <strong>hemangioma</strong> capilar<br />

e <strong>hemangioma</strong> cavernoso.<br />

Os <strong>hemangioma</strong>s capilares são constituídos por<br />

estreitos vasos que formam pequenos espaços entre<br />

células proliferativas, já os <strong>hemangioma</strong>s cavernosos<br />

formam grandes espaços cavernosos (Regezi et al.,<br />

1991). Estes espaços são revestidos por endotélio sem<br />

suporte muscular. Clínicamente, parece não existir<br />

diferença significativa entre eles.<br />

Por se tratar de lesões de tecido mole não<br />

apresentam características ( imagem ) radiográficas;<br />

raramente verifica-se <strong>hemangioma</strong> intra-ósseo<br />

(Freitas et al. 1988). Entretando alguns autores<br />

afirmam que a lesão pode causar reabsorção do osso<br />

subjacente devido a pressão exercida sobre o mesmo<br />

(Regezi et al. 1991), ou ainda outras características<br />

que este tipo de <strong>hemangioma</strong> pode apresentar.<br />

Seu aspecto clínico é variado. Alguns podem<br />

aparecer com lesões azuladas ou avermelhadas, pla<strong>na</strong>s<br />

ou nodulares, com superfície lisa, circunscrita ou<br />

difusa e de tamanho variável. Tendem a ser<br />

assintomáticos.<br />

O diagnóstico do <strong>hemangioma</strong> <strong>congênito</strong> é<br />

essencialmente clínico, mas a diascopia é de valor<br />

importante no diagnóstico diferencial, pois com a<br />

vitreopressão a coloração da lesão tende a se<br />

esbranquiçar, mas não a isquemiar, por serem de<br />

localização extravascular. Caso seja, necessário<br />

exames complementares para confirmar pode-se<br />

utilizar de punção biópsia.<br />

O tratamento, em caso de não ocorrer a<br />

<strong>involução</strong>, pode ser feito através da crioterapia e<br />

eletrocirurgia (Tal, l992), neve carbônica, injeção de<br />

soluções esclerosantes, Psilicato de sódio, morruato<br />

de sódio, tetradecil sulfato de sódio, solução<br />

hipertônica de glicose ou oleato de etalo<strong>na</strong>mi<strong>na</strong> (a 5%)<br />

(Araújo et al.1984), raio laser ( Imat et al. 1991); sutura<br />

parcial progressiva (Tomassi et al. 1985) , embolização<br />

( Thwaites et al.1988 ), corticoesteróides (Chang et<br />

al. 1997 ) e excisão cirúrgica ( Hauben, 1988 ). Para<br />

cada caso é necessário escolher a medida terapêutica<br />

mais adequada, assim como fatores característicos da<br />

lesão devem ser avaliados no momento da escolha.<br />

Esta revisão da literatura abordou aspectos<br />

anátomos e histopatológicos, etiologia, aspectos de<br />

tratamentos e possíveis involuções. A seguir, será<br />

relatado um caso clínico que comprova a capacidade<br />

involutiva da lesão.<br />

R. Un. Alfe<strong>na</strong>s, Alfe<strong>na</strong>s, 4:45-48, 1998<br />

J. M. L. RODRIGUES et al.<br />

2.DESCRIÇÃO DE CASO<br />

Paciente M.G.R.,sexo feminino, 04 anos de<br />

idade, leucoderma, <strong>na</strong>tural de Campo Belo MG, foi<br />

conduzida por <strong>sua</strong> mãe a Clínica de Odontopediatria<br />

da UNIFENAS para tratamento dentário.<br />

Durante a a<strong>na</strong>mnese odontopediátrica a mãe<br />

relatou a presença de uma "bolinha vermelha", embaixo<br />

do lábio, do lado esquerdo do mesmo, desde o<br />

<strong>na</strong>scimento da paciente. Também relatou que a<br />

“bolinha” diminuiu de tamanho à medida que a criança<br />

foi crescendo. Foi solicitado a mãe que a mesma nos<br />

trouxesse fotos da paciente desde seu <strong>na</strong>scimento para<br />

que pudessemos comprovar tal relato (Figura 1).<br />

Na ectoscopia, verificou-se a presença de uma<br />

lesão nodular séssil, localizada em face cutânea do<br />

lábio inferior, próximo a comissura labial do lado<br />

esquerdo, de consistência flácida, de coloração rósea<br />

clara, contendo <strong>na</strong> superfície pequenos vasos<br />

sanguineos evidenciados, medindo aproximadamente<br />

5,0 x 4,0 mm em seus maiores diâmetros e ausência<br />

de sintomatologia dolorosa (Figura 2). À compressão<br />

a coloração rósea-clara desaparecia por instantes,<br />

voltando assim que a pressão era retirada. Na<br />

oroscopia, não foi encontrada alteração dig<strong>na</strong> de nota<br />

(Figura 3)<br />

Diagnóstico clínico: Hemangioma Capilar<br />

Conduta: Monitoramento da <strong>involução</strong> da lesão<br />

até a puberdade da paciente, sendo que, se a mesma<br />

persistir, serão adotadas as medidas adequadas para a<br />

<strong>sua</strong> remoção.<br />

3. CONCLUSÃO<br />

De acordo com o caso apresentado pode-se<br />

discutir uma situação de <strong>hemangioma</strong> <strong>congênito</strong> em<br />

<strong>involução</strong> que é absolutamente normal, e que encontra<br />

respaldo em recentes trabalhos científicos apresentados<br />

sobre casos de <strong>hemangioma</strong>s que relatam <strong>sua</strong><br />

provável regressão.<br />

Como informam alguns autores (Boon et al.,<br />

1996), estas lesões possuem grande incidência em<br />

crianças, onde geralmente aparecem logo após o<br />

<strong>na</strong>scimento, podendo involuir espontâneamente até a<br />

época da puberdade.Entretanto, há casos em que<br />

<strong>hemangioma</strong>s aparecem após esta fase<br />

.<br />

Resta ao profissio<strong>na</strong>l, através de uma a<strong>na</strong>mnese<br />

detalhada, identificar tal situação clínica para poder<br />

adotar as melhores medidas terapêuticas, para se<br />

necessário, e em certas circunstâncias remover<br />

possíveis incômodos estéticos que afetam também<br />

psicológicamente o paciente, se adulto. Claro está, que<br />

a criança e o adolescente são suceptíveis de todo


HEMANGIOMA CONGÊNITO NA INFÂNCIA E SUA INVOLUÇÃO: RELATO...<br />

constrangimento que a estética comprometida pode<br />

suscitar.<br />

Cabe então ao cirurgião dentista, independente<br />

da especialidade, contribuir para a reabilitação social<br />

dos seus pacientes, muito das vezes <strong>na</strong> identificação<br />

e <strong>na</strong> orientação de certas patologias , criando uma<br />

espectativa melhor nos mesmos e em seus familiares,<br />

e por fim, assumir uma postura científica e profissio<strong>na</strong>l<br />

que esteja além da identificação e tratamento das<br />

lesões dentárias propriamente ditas.<br />

A B<br />

Figura 1. Hemangioma em paciente com diferentes<br />

idades A ( 2 meses) e B ( 9 meses )<br />

Figura 2. Lesão nodular séssil em face cutânea do<br />

lábio inferior<br />

Figura 3. Oroscopia mostrando alterações não<br />

significativas da lesão nodular<br />

47<br />

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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