ANO III - Nº 10 Março/Maio de 2009 - sindimed-ba
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F E I R A D E S A N T A N A<br />
A diretora do Hospital Clériston Andra<strong>de</strong>, Edilma dos Reis,<br />
expressou as preocupações dos médicos aos diretores do Sindimed<br />
Cresce organização<br />
da categoria médica<br />
O Sindimed esteve em diversas oportunida<strong>de</strong>s no município<br />
<strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana, on<strong>de</strong> além <strong>de</strong> acompanhar a situação<br />
dos hospitais da Mulher e Clériston Andra<strong>de</strong>, participou<br />
<strong>de</strong> assembleias e audiências com gestores municipais.<br />
No dia 11 <strong>de</strong> fevereiro, o Sindimed<br />
visitou hospitais e teve audiência<br />
com o secretário municipal<br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana,<br />
João Carlos Lopes Cavalcante. Durante<br />
a reunião, o secretário afirmou que o<br />
PSF dispõe <strong>de</strong> 83 equipes no município,<br />
mas que pelo menos 14 <strong>de</strong>las não<br />
têm médicos. Ele atribuiu esta carência<br />
à <strong>de</strong>fasagem salarial. Enquanto nas cida<strong>de</strong>s<br />
vizinhas o salário chega a R$ 8<br />
mil, em Feira é <strong>de</strong> R$ 4.400 (40h / município)<br />
e R$ 4,700 (40h /zona rural).<br />
Nesta mesma data, à noite, o sindicato<br />
se reuniu com os médicos da cida<strong>de</strong>,<br />
no auditório da Unimed para apresentar<br />
o resultado da mesa <strong>de</strong> negociação<br />
com a Sesab.<br />
No dia 25 <strong>de</strong> março, o Sindimed<br />
voltou a Feira, on<strong>de</strong> novamente esteve<br />
noHospital Geral Clériston Andra<strong>de</strong>.<br />
Os diretores foram recebidos<br />
pela diretora Edilma dos Reis Silva,<br />
que <strong>de</strong>clarou a sua preocupação com<br />
os médicos que buscavam informações<br />
sobre o pagamento da GID (Gra-<br />
tificação <strong>de</strong> Incentivo ao Desempenho).<br />
A folha <strong>de</strong> pagamento <strong>de</strong> março<br />
foi fechada, mas a gratificação não<br />
foi agregada. A reivindicação foi levada<br />
pelo Sindimed à Secretaria <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong>.<br />
aSSeMbleIa DO PSF<br />
O sindicato participou ainda, no<br />
mesmo dia 25, <strong>de</strong> uma assembleia com<br />
os médicos do Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da<br />
Família <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana. Com a presença<br />
do <strong>de</strong>legado sindical da cida<strong>de</strong>,<br />
Vagner Bomfim, a assembleia ocorreu<br />
no auditório do Hospital Unimed <strong>de</strong><br />
Feira <strong>de</strong> Santana e contou com a presença<br />
<strong>de</strong> 30 médicos do PSF.<br />
Os médicos discutiram as condições<br />
<strong>de</strong> tra<strong>ba</strong>lho extremamente precarizadas,<br />
a ausência <strong>de</strong> vínculos tra<strong>ba</strong>lhistas,<br />
a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> férias, licença<br />
maternida<strong>de</strong>, 13º salário e direitos previ<strong>de</strong>nciários.<br />
A Secretaria <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Feira <strong>de</strong> Santana tem se isentado <strong>de</strong> sua<br />
responsabilida<strong>de</strong> constitucional e vem<br />
repassando as obrigações para falsas<br />
cooperativas, todas sob investigação<br />
do Ministério Público do Tra<strong>ba</strong>lho da<br />
região em conjunto com ações do próprio<br />
Sindimed.<br />
O sindicato levou as solicitações<br />
ao conhecimento da Secretaria <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong> da cida<strong>de</strong>. Uma nova assemblEia<br />
com os médicos do PSF foi realizada<br />
no dia 08 <strong>de</strong> abril, para que<br />
avaliassem a proposta <strong>de</strong> Carlos Cavalcante,<br />
que oferecia a remuneração<br />
<strong>de</strong> R$ 5.300 para o médico <strong>de</strong> zona<br />
ur<strong>ba</strong>na e <strong>de</strong> R$ 5.700 para o médico<br />
<strong>de</strong> zona rural. A proposta foi recusada<br />
pelos médicos, que fizeram uma<br />
contraproposta <strong>de</strong> R$ 7.400, líquido,<br />
unificado, levando em conta que esta<br />
remuneração ainda não correspon<strong>de</strong>,<br />
sequer, ao piso estabelecido pela Fenam,<br />
<strong>de</strong> R$ 7.500 para 20 horas semanais.<br />
A categoria pe<strong>de</strong> que as contratações<br />
passem a ser feitas através do<br />
Regime Especial <strong>de</strong> Direito Administrativo<br />
– Reda, uma vez que o mes-<br />
mo contempla os direitos tra<strong>ba</strong>lhistas<br />
que são a<strong>de</strong>quados em vínculo público,<br />
porém mantém os esforços visando<br />
a realização <strong>de</strong> concurso público,<br />
a partir da elaboração <strong>de</strong> um plano<br />
<strong>de</strong> carreira.<br />
Outra <strong>de</strong>liberação da assembleia foi<br />
a solicitação <strong>de</strong> que o município apresente<br />
um cronograma <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s. Os<br />
médicos propõem um <strong>de</strong><strong>ba</strong>te sobre as<br />
questões <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> tra<strong>ba</strong>lho e segurança.<br />
Uma nova audiência com os<br />
gestores da saú<strong>de</strong> feirense foi marcada<br />
para o dia 23 <strong>de</strong> abril, porém o secretário<br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do município não compareceu<br />
à reunião. O Sindimed continua<br />
acompanhando a situação e voltará a se<br />
reunir com os médicos em uma nova<br />
data.<br />
reUNIÃO COM<br />
PrOMOTOr DO MINISTÉrIO<br />
PúblICO DO Tra<strong>ba</strong>lHO<br />
Durante visita à Feira <strong>de</strong> Santana,<br />
no dia 25 <strong>de</strong> março, os diretores<br />
do Sindimed tiveram uma audiência<br />
com o promotor do Ministério Público<br />
do Tra<strong>ba</strong>lho (MPT) da região,<br />
Bernardo Carvalho Ribeiro. Os membros<br />
do sindicato levaram ao promotor<br />
as <strong>de</strong>núncias contra a precarização<br />
do Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família<br />
- PSF, em Feira, causado por cooperativas<br />
irregulares terceirizadas pela<br />
Prefeitura. O promotor <strong>de</strong>monstrou a<br />
preocupação do MPT com a situação<br />
e mostrou-se disposto a continuar as<br />
investigações contra as cooperativas<br />
fantasmas.<br />
O MPT vai formalizar uma <strong>de</strong>núncia<br />
da precarização da saú<strong>de</strong> pública em<br />
Feira <strong>de</strong> Santana, contra a Prefeitura do<br />
município e contra a cooperativa Gestmed,<br />
acusada <strong>de</strong> ser uma empresa fantasma.<br />
O promotor propôs a realização<br />
<strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> fórum entre representantes<br />
dos médicos, das secretarias <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />
do MPT e <strong>de</strong> outras representações<br />
para que se possa discutir amplamente<br />
a situação das terceirizações e a precarização<br />
da saú<strong>de</strong> pública.<br />
Este espaço está aberto para os pendores literários dos médicos, especialmente para as crônicas. A única<br />
restrição é quanto ao tamanho dos textos. Exercitem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> síntese para evitarmos as letrinhas. Aqui,<br />
menos quase sempre é mais...<br />
20 <strong>Março</strong>/<strong>Maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2009</strong> Jul/Out <strong>de</strong> 2008 21<br />
ILDO SIMõES*<br />
Viajando: martírio da ida<br />
Viajar é um <strong>ba</strong>rato. Dito assim <strong>de</strong> chofre<br />
parece mesmo. Mas tem as entrelinhas.<br />
As entrelinhas é que são elas. Quando a<br />
gente quer ofen<strong>de</strong>r, disfarçar ou enganar<br />
usa as entrelinhas que ainda são o melhor<br />
recurso.<br />
A passagem a gente encontra na internet<br />
a preço <strong>de</strong> <strong>ba</strong>nana - quando <strong>ba</strong>nana estava<br />
a preço <strong>de</strong> <strong>ba</strong>nana. Ai vem as entrelinhas.<br />
O vôo PPCQT sai exatamente às quatro.<br />
Isto mesmo as quatro. E não se pense que<br />
são quatro horas da tar<strong>de</strong>. São quatro horas<br />
da manhã mesmo, que vem chuvosa e<br />
que a gente passou até às duas da manhã<br />
ou madrugada (como quiserem) acordada,<br />
em<strong>ba</strong>lando e <strong>de</strong>sem<strong>ba</strong>lando objetos e<br />
quinquilharias, presentes para parentes e<br />
a<strong>de</strong>rentes, uns nem tanto a<strong>de</strong>rentes. Mas<br />
a culpa é nossa. Da última viagem um<br />
a<strong>de</strong>rente nos pagou um sanduíche numa<br />
conhecida lanchonete e como lembrança<br />
da terra nor<strong>de</strong>stina nos pe<strong>de</strong> uma moringa<br />
daquelas que não tem alça, quebra-se ao<br />
menor atrito e não cabe na mala. Ou seja,<br />
vai na mão, no que ocupa, claro, uma mão<br />
e nos causa o maior transtorno na hora do<br />
lanche no avião. O táxi atrasa e o taxista<br />
resmunga porque além <strong>de</strong> ser madrugada,<br />
chove a cântaros, as malas parecem ter<br />
chumbo e a corrida não compensa. Mal<br />
dá para pagar o combustível. Madrugada,<br />
o aeroporto mal iluminado, a aten<strong>de</strong>nte<br />
com a boa vonta<strong>de</strong> do mundo e a gente<br />
não acha na bolsa o bendito papel do vôo.<br />
Alguém nos lembra que está junto com o<br />
envelope da volta e <strong>de</strong>ntro da mala que a<br />
esta altura, por pouco, não já está a rolar na<br />
esteira. Saboreando um mísero cafezinho<br />
passado Deus sabe quando, escutamos o<br />
auto-falante esbravejando na chamada aos<br />
passageiros do vôo PPCQT e dizendo que<br />
é a última chamada enquanto o café nos<br />
queima goela a<strong>ba</strong>ixo e a gente sai em <strong>de</strong>sa<strong>ba</strong>lada<br />
carreira com a menina da cafeteria<br />
correndo atrás por que esquecemos <strong>de</strong><br />
pagar a infusão da rubiácea. Jogamos em<br />
sua mão um monte <strong>de</strong> moedas e chegamos<br />
na revisão. Tiramos o celular, o cinto e o<br />
sapato que tem fivela, a aliança <strong>de</strong> bijuteria<br />
e a maquininha apitando nervosamente.<br />
Lembro-me do safado do <strong>de</strong>ntista que <strong>de</strong>ve<br />
ter misturado algum metal <strong>de</strong> segunda categoria<br />
no pivot do meu canino. E não <strong>de</strong>u<br />
outra. Era o dito cujo e tive que passar na<br />
revista <strong>de</strong> boca aberta.<br />
Em<strong>ba</strong>rcado na aeronave que a gente<br />
chama popularmente <strong>de</strong> avião, começa<br />
a mocinha dos sinais a dar instruções <strong>de</strong><br />
bordo. E como assustam!! – Em cima das<br />
asas dianteiras há duas portas <strong>de</strong> saída,<br />
duas no rabo do avião e duas na frente.<br />
Amarrem bem os cintos <strong>de</strong> segurança, e<br />
segundo nosso comandante esta aeronave<br />
é um..mu..muui... to seg. s eg seg segura.<br />
Desculpem o soluço, mas é a primeira vez<br />
que estou em um avião como aeromoça.<br />
Já viajei uma vez, mas era bebê. E não me<br />
lembro muita coisa.<br />
Fico a imaginar o avião <strong>de</strong>spencando,<br />
as duzentas e cinqüenta pessoas amarradas<br />
nas ca<strong>de</strong>iras tentando encontrar um<br />
buraquinho para sair. Retorno à cruzadinha<br />
e a pergunta é: <strong>de</strong>feito no trem <strong>de</strong><br />
pouso que dificulta o pouso;quatro letras:<br />
-Ah! pane!! Falo tão alto que assusto o<br />
vizinho <strong>de</strong> poltrona que agarra tão fortemente<br />
a minha mão que me <strong>de</strong>ixa as<br />
marcas das unhas. Nesta hora a aeronave<br />
começa a sacolejar e a mocinha das<br />
instruções está mais pálida, mais gaga e<br />
mais nervosa. Não escon<strong>de</strong> o suor que lhe<br />
escorre pelo rosto, mas diz que é emoção<br />
<strong>de</strong> voar.<br />
Servem-nos um lanchinho medíocre<br />
que tenho que me acomodar com uma<br />
mão só, porque a outra carrego a bendita<br />
moringa. Por óbvias razões dispenso o<br />
refrigerante.<br />
Uf chegamos!! Um parente nos espera<br />
no aeroporto com um fusquinha 57 e temos<br />
que fazer uma bruta ginástica para<br />
acomodar a cunhada <strong>de</strong> quase 200 quilos,<br />
o sobrinho que adora a tia <strong>ba</strong>iana e<br />
pergunta logo pelo chocolate, as malas,<br />
a moringa e um bendito dum pequenês<br />
que não po<strong>de</strong> ficar em casa sozinho e late,<br />
late, e late!!<br />
Vou ler mais poesia e fazer viagens ao<br />
centro <strong>de</strong> mim mesmo.<br />
*Presi<strong>de</strong>nte da Socieda<strong>de</strong><br />
dos Médicos Escritores