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Letramento e alfabetização dos deficientes visuais na rede regular ...

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<strong>Letramento</strong> e <strong>alfabetização</strong> <strong>dos</strong> <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> <strong>na</strong> <strong>rede</strong> <strong>regular</strong> de<br />

ensino: uma prática envolvendo professores<br />

Jandira Azevedo da Silva<br />

Faculdades ALFA-CEBRAV<br />

Resumo: Este artigo aponta alguns caminhos que podem favorecer o processo de inclusão <strong>dos</strong><br />

alunos <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> <strong>na</strong> <strong>rede</strong> <strong>regular</strong> de ensino. Teve como fundamentação teórica os<br />

princípios do letramento com base <strong>na</strong>s idéias de Kleiman (2006) e Soares (2003). A fi<strong>na</strong>lidade<br />

desse estudo foi fornecer subsídios teóricos e práticos aos professores que atuam direta ou<br />

indiretamente <strong>na</strong> educação <strong>dos</strong> <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>. Foi abordado, ainda, sobre o<br />

sociointeracionismo defendido por Vygotsky (2003) com o intuito de explicar acerca do<br />

letramento social. Além disso, foram feitas algumas considerações a respeito da escolarização<br />

<strong>dos</strong> <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>. Fi<strong>na</strong>lmente, o trabalho enfocou uma prática pedagógica direcio<strong>na</strong>da<br />

aos professores da Rede Regular de Ensino que ministram aulas para <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>.<br />

Palavras-chave: Alfabetização. <strong>Letramento</strong>. Deficientes <strong>visuais</strong><br />

Abstract: This paper suggests some ways that can help the process of inclusion of visually<br />

impaired students in <strong>regular</strong> education. Had the theoretical principles of literacy based on<br />

ideas from Kleiman (2006) and Smith (2003). The purpose of this study was to provide<br />

theoretical and practical background for teachers who work directly or indirectlyin the<br />

education of the visually impaired. It was discussed, too, about the sociointeractionists<br />

advocated by Vygotsky (2003) in order to explain about the social literacy. In addition, some<br />

special considerations regarding the education of the visually impaired was performed.<br />

Fi<strong>na</strong>lly, the work focused on a pedagogical practice directed at teachers in <strong>regular</strong> school who<br />

teach classes for the visually impaired.<br />

Keywords: Literacy. Literacy. Visually impaired.<br />

Considerações iniciais<br />

Com base <strong>na</strong>s leituras da bibliografia que trata a respeito do letramento, percebi que<br />

é um assunto bastante complexo, pois abrange um conjunto de aspectos pertinentes aos<br />

fatores linguísticos e extralinguísticos, isto é, vai além da mera codificação e decodificação da<br />

escrita. Diante disso, podemos dizer que existem diversas formas de letramento, conforme<br />

afirma Kleiman (2006), há o letramento digital, familiar e religioso.<br />

O referido artigo é resultado do trabalho que desenvolvo direcio<strong>na</strong>do aos professores<br />

da Rede Regular de Ensino <strong>na</strong> qual há alunos <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> matricula<strong>dos</strong>. Através dele,<br />

pretendo compartilhar meus conhecimento e experiências com outras pessoas, professores ou<br />

não, e também discutir sobre a prática de <strong>alfabetização</strong> e letramento <strong>dos</strong> educan<strong>dos</strong><br />

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<strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> no contexto escolar, bem como a sua aplicabilidade <strong>na</strong> educação desses<br />

educan<strong>dos</strong>.<br />

Em relação ao processo de <strong>alfabetização</strong> e letramento <strong>dos</strong> <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>, é<br />

necessário oferecer orientação pertinente à área da deficiência visual e qualificação aos<br />

professores, para que esses propiciem trabalho satisfatório que atenda as necessidades das<br />

pessoas que requerem condições específicas para se desenvolverem e participarem do<br />

processo de inclusão, tão almejado por to<strong>dos</strong>. Por isso, é importante tratar este assunto.<br />

De acordo com Idol (1997), Sassaki (1997) e Bueno (1999), que discorreram sobre<br />

essa questão, a capacitação de professores é o primeiro passo para a inclusão escolar<br />

acontecer. De modo geral, ela assegurará o progresso, a qualidade e a manutenção de to<strong>dos</strong> os<br />

estudantes <strong>na</strong> escola. O professor preparado terá competência para avaliá-los amplamente e<br />

intervir, quando necessário, a<strong>na</strong>lisando as possibilidades: a) o aluno será favorecido ou não<br />

pela inclusão; b) o tipo de atendimento favorecerá o seu desenvolvimento; c) a conjugação de<br />

esforços facilitará ou não; d) as consequências do impacto da inclusão sobre os pares; e) a<br />

modificação de crenças e atitudes nos alunos, pais e <strong>na</strong> própria comunidade; f) o desempenho<br />

da aprendizagem das crianças, e g) existência ou não da colaboração <strong>dos</strong> pares <strong>na</strong>s atividades<br />

que envolvem habilidades específicas.<br />

Nesse sentido, o processo de globalização exige das pessoas um preparo cada vez<br />

maior para ingressarem no mercado de trabalho. A qualificação de educadores é essencial<br />

para a formação de bons profissio<strong>na</strong>is. No entanto, observo a precariedade no que se refere a<br />

esta questão, principalmente para as pessoas que têm necessidades educacio<strong>na</strong>is especiais.<br />

Isso pode comprometer o desenvolvimento e inibir o senso crítico desses indivíduos.<br />

Embora existam políticas educacio<strong>na</strong>is que favoreçam práticas inclusivas, estas<br />

ocorrem em número inferior à demanda, tor<strong>na</strong>ndo-se necessária a conscientização e a<br />

implementação de ações que eliminem, assim, as práticas pedagógicas, que muitas vezes,<br />

exclui mais do que inclui.<br />

Em relação ao processo de inclusão <strong>dos</strong> <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>, é importante que os<br />

professores e demais pessoas envolvidas nesse processo adquiram conhecimentos do Sistema<br />

Braille e das especificidades <strong>dos</strong> alunos que têm baixa visão, para que possam propiciar<br />

situações de ensino-aprendizagem, promovendo, assim, o sucesso da inclusão.<br />

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Considerando que esse processo é um imperativo <strong>dos</strong> tempos modernos, a seguinte<br />

questão foi levantada: como incluir o estudante com deficiência visual <strong>na</strong> <strong>rede</strong> <strong>regular</strong> de<br />

ensino se o professor não está preparado para recebê-lo?<br />

O trabalho aqui apresentado tem por objetivos buscar subsídios <strong>na</strong> literatura que<br />

trata a respeito do letramento e <strong>alfabetização</strong> com o intuito de oferecer orientações aos<br />

professores das <strong>rede</strong>s pública e privada, bem como de centros especializa<strong>dos</strong>, para que estes<br />

possam ter condições de atuar de maneira satisfatória com a diversidade. E ainda, conhecer o<br />

perfil das pessoas que buscam informações sobre o atendimento aos <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> <strong>na</strong><br />

<strong>rede</strong> <strong>regular</strong> de ensino.<br />

Frente a esses objetivos, é importante tecer algumas considerações sobre o estudo.<br />

Realizei uma abordagem sobre alguns pressupostos teóricos, tais como o letramento<br />

defendido por Kleiman (2006) e Soares (2003), e o sociointeracionismo defendido por<br />

Vygotsky (2003). Apresentei algumas considerações sobre a deficiência visual, o Sistema<br />

Braille, e o processo de escolarização <strong>dos</strong> <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>: seu desenvolvimento cognitivo,<br />

social, corporal e espacial.<br />

Por fim, o trabalho abordou a prática pedagógica direcio<strong>na</strong>da aos professores da <strong>rede</strong><br />

<strong>regular</strong> de ensino, que atendem os alunos <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> em suas salas de aula. A<strong>na</strong>lisei o<br />

curso de capacitação para professores – área deficiência Visual e ofici<strong>na</strong>s pedagógicas, com<br />

ênfase <strong>na</strong> <strong>alfabetização</strong> por meio do Sistema Braille.<br />

A investigação aconteceu mediante estudo retrospectivo, a<strong>na</strong>lisando as fichas de<br />

inscrição <strong>dos</strong> professores matricula<strong>dos</strong> no curso de Capacitação para Professores, realizado no<br />

Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às pessoas com Deficiência Visual (CAP-GO)<br />

e, também, os atendimentos aos professores em ofici<strong>na</strong>s pedagógicas.<br />

Uma breve apresentação do Sistema Braille<br />

O Braille recebe várias desig<strong>na</strong>ções, a saber: ele pode ser definido como um<br />

processo, um código ou um sistema. O Sistema Braille é um código universal de leitura e<br />

escrita tátil usado por pessoas cegas, inventado <strong>na</strong> França por Louis Braille, um jovem cego.<br />

Antes desse invento histórico, registraram-se inúmeras tentativas, em diferentes<br />

países, no sentido de encontrar um meio que proporcio<strong>na</strong>sse às pessoas cegas condições de ler<br />

e escrever. Dentre essas tentativas, destaca-se o processo de representação <strong>dos</strong> caracteres<br />

435


comuns com linhas em alto relevo, adaptado pelo francês Valentin Hauy, fundador da<br />

primeira escola para cegos no mundo, em 1784, <strong>na</strong> cidade de Paris, denomi<strong>na</strong>da Instituto Real<br />

<strong>dos</strong> Jovens Cegos.<br />

Os pontos que compõem o Sistema Braille ocupam um espaço denomi<strong>na</strong>do “cela<br />

Braille” (Figuras 1 e 2). A mesma é dividida em duas colu<strong>na</strong>s de três pontos, configurando<br />

um retângulo de seis milímetros de altura por dois milímetros de largura. Ela possui quatro<br />

partes: esquerda, direita, superior e inferior. Para facilitar sua identificação, os pontos são<br />

numera<strong>dos</strong> da seguinte forma: do alto para baixo, colu<strong>na</strong> da esquerda: pontos 1-2-3; e do alto<br />

para baixo, colu<strong>na</strong> da direita: pontos 4-5-6. Essas especificidades da “cela Braille” irão<br />

facilitar a aprendizagem da pontuação, visto que os símbolos de pontuação são as letras do<br />

alfabeto (Figura 3), de “a” a “j”, escritas <strong>na</strong> parte inferior da cela.<br />

Figura 1: “cela Braille”<br />

Fonte: http://www.sac.org.br/APR_BR2.htm.<br />

Figura 2: Cela Braille<br />

Fonte: http://www.sac.org.br/APR_BR2.htm.<br />

Figura 3: Alfabeto Braille e principais símbolos<br />

Fonte: http://bibliotecachampag<strong>na</strong>t.blogspot.com/2009/01/alfabeto-braile.html<br />

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Deficiência visual<br />

A criança cega obtém imagem mental de um objeto por meio de informações. Essas<br />

informações são transmitidas à mesma mediante percepção tátil, auditiva, sinestésica, olfativa<br />

ou gustativa. Elas são processadas pelo sistema nervoso central, mais especificamente pelo<br />

córtex cerebral, integradas a outras informações armaze<strong>na</strong>das e, fi<strong>na</strong>lmente, memorizadas em<br />

um esquema/imagem mental (OLIVEIRA, 2002). Segundo Oliveira (2002, p. 39), “[...] as<br />

impressões <strong>visuais</strong> registram-se <strong>na</strong> memória a partir <strong>dos</strong> seis anos de idade,<br />

aproximadamente; se uma pessoa tor<strong>na</strong>-se cega antes dessa faixa etária, <strong>na</strong> prática é como se<br />

estivesse <strong>na</strong>scido sem ver”.<br />

No Brasil, a Secretaria de Educação Especial/MEC propôs políticas e ações que<br />

garantam o direito de acesso e permanência de alunos com necessidades educacio<strong>na</strong>is<br />

especiais, orientando sobre a inclusão desses indivíduos, preferencialmente, <strong>na</strong> <strong>rede</strong> <strong>regular</strong> de<br />

ensino, como mencio<strong>na</strong> a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio<strong>na</strong>l, nº 9394/96<br />

(PORTAL MEC, [S.d.]).<br />

Essa deficiência pode se manifestar como uma cegueira total, ou seja, “[...] a perda<br />

total da visão, até a ausência de projeção de luz” (BRASIL, 2006, p. 16); ou como uma perda<br />

parcial da visão, isto é, a baixa visão, definida como<br />

[a] alteração da capacidade funcio<strong>na</strong>l da visão, decorrente de inúmeros fatores isola<strong>dos</strong> ou<br />

associa<strong>dos</strong>, tais como: baixa acuidade visual significativa, redução importante do campo<br />

visual, alteração corticais e/ou de sensibilidade aos contrastes que interferem ou que<br />

limitam o desempenho visual do indivíduo. A perda da função visual pode se dar em nível<br />

severo, moderado ou leve podendo ser influenciada também por fatores ambientais<br />

i<strong>na</strong>dequa<strong>dos</strong> (BRASIL, 2006, p.16).<br />

Para se definir o tipo de deficiência e estratégias educacio<strong>na</strong>is desses indivíduos, faz-<br />

se necessário que sejam submeti<strong>dos</strong> a uma avaliação funcio<strong>na</strong>l da visão, ou seja, uma<br />

avaliação qualitativa. Diagnosticado o grau de deficiência, adota-se a <strong>alfabetização</strong> através de<br />

letras ampliadas para o indivíduo com baixa visão, se o resíduo visual deste permitir que o<br />

mesmo enxergue essas letras; e a aplicação do Sistema Braille para os cegos ou para aquele<br />

indivíduo que tem baixa visão, mas não consegue ver letra do tipo ampliado.<br />

Entretanto, no primeiro estágio do processo escolar o aluno será encaminhado a um<br />

profissio<strong>na</strong>l especializado, cargo existente no CAP, ou seja, uma pessoa capacitada <strong>na</strong> área da<br />

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deficiência visual. Esse profissio<strong>na</strong>l avaliará as necessidades específicas desse aluno e,<br />

dependendo <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong>, ele o encaminhará a um atendimento mais sistematizado, o<br />

atendimento oftalmológico, para outra avaliação, a quantitativa. O oftalmologista definirá o<br />

tipo de patologia, o grau de visão de cada indivíduo, bem como o tipo de estimulação que<br />

deverá ser realizado. Ele encaminhará o laudo ao profissio<strong>na</strong>l especializado contendo as<br />

orientações específicas de cada caso.<br />

<strong>Letramento</strong> social<br />

A socialização é essencial para o desenvolvimento de qualquer pessoa. É ela que irá<br />

assegurar o relacio<strong>na</strong>mento entre os indivíduos. Deve ser estimulada dentro e fora do<br />

ambiente escolar, visto que é componente básico ao desenvolvimento <strong>dos</strong> educan<strong>dos</strong>,<br />

<strong>deficientes</strong> ou não. O letramento social está em todas as partes, inclusive <strong>na</strong> escola, visto que<br />

será ele o responsável pela interação entre indivíduos.<br />

Em se tratando de um aluno deficiente visual, numa sala <strong>regular</strong>, é necessário que<br />

haja uma boa interação entre esse aluno e os colegas, e entre este e o professor da sala, a fim<br />

de facilitar o desenvolvimento das aulas para ambos. Vygotsky (2003) construiu sua teoria<br />

baseando-se no desenvolvimento do indivíduo como resultado do processo sócio-histórico,<br />

isto é, segundo ele, o sujeito adquire conhecimento por meio da interação desse sujeito com o<br />

ambiente social no qual ele está inserido. Portanto, numa relação de um sujeito com outro<br />

sujeito.<br />

Um <strong>dos</strong> problemas observa<strong>dos</strong> no sistema educacio<strong>na</strong>l é a rejeição às experiências<br />

adquiridas pela criança desde o seu <strong>na</strong>scimento. Parte do princípio de que essa criança é uma<br />

tábua rasa desprovida de qualquer conhecimento. No entanto, segundo Vygotsky (2003), o<br />

aprendizado e o desenvolvimento estão interliga<strong>dos</strong> desde o primeiro dia de vida de uma<br />

criança.<br />

Há dois tipos de aprendizado: o pré-escolar e o escolar. O primeiro é o aprendizado<br />

não sistematizado, aquele que a criança adquire antes mesmo de chegar à escola. Ele é a base<br />

para o sistematizado. As experiências que a criança adquire <strong>na</strong> vida familiar, como a<br />

linguagem, a leitura de mundo e os hábitos devem ser considera<strong>dos</strong> pelos professores quando<br />

ela chega à escola. O aprendizado escolar, ou seja, o sistematizado, produzirá algo<br />

fundamentalmente novo para essa criança.<br />

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Cavalcante (2006) faz um paralelo entre aprendizado não sistematizado e o<br />

sistematizado. Segundo ela, as crianças que vêem diariamente os pais folheando revistas,<br />

assi<strong>na</strong>ndo cheques, lendo correspondências e utilizando a internet têm muito mais facilidade<br />

de aprender a língua escrita do que outras cujos pais são a<strong>na</strong>lfabetos, ou têm pouca<br />

escolaridade.<br />

O trabalho sistemático para ajudar no desenvolvimento <strong>dos</strong> alunos que possuem<br />

defasagem no aprendizado não sistematizado é importante. O ambiente alfabetizando deve ser<br />

estimulante. A sala de aula necessita de livros, cartazes com listas, nomes e textos elabora<strong>dos</strong><br />

pelos alunos <strong>na</strong>s pa<strong>rede</strong>s e recortes de jor<strong>na</strong>is e revistas do interesse e no alcance de to<strong>dos</strong>. A<br />

criança, <strong>na</strong> fase inicial da escrita, faz rabiscos, desenha e brinca. Numa segunda etapa, ela<br />

entra em contato com a leitura e a escrita por meio de palavras. Outra medida é ler para a<br />

classe. Essa medida irá beneficiar tanto os alunos ditos normais, quanto os <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>.<br />

Em se tratando de crianças com limitação visual, em fase de <strong>alfabetização</strong>, é<br />

necessário que o professor faça um trabalho sistemático para desenvolver os órgãos sensoriais<br />

antes de introduzir a leitura e a escrita, como veremos a diante. Lembrando que, no caso da<br />

<strong>alfabetização</strong> por meio do Sistema Braille, deve-se trabalhar, em primeiro momento, a leitura<br />

e, posteriormente, a escrita. Isso se dá pelo fato de a escrita feita <strong>na</strong> reglete exigir um maior<br />

desenvolvimento da coorde<strong>na</strong>ção motora fi<strong>na</strong>. E durante o processo de leitura, os alunos<br />

usuários do referido sistema vão adquirindo destrezas <strong>na</strong>s pontas <strong>dos</strong> de<strong>dos</strong>.<br />

Voltando a discussão vygotskya<strong>na</strong>, percebe-se que o aprendizado implica no<br />

desenvolvimento e vice-versa. Sendo assim, são determi<strong>na</strong><strong>dos</strong> pelo menos dois níveis de<br />

desenvolvimento, o real e o potencial. O primeiro é aquele em que a criança é capaz de<br />

realizar atividades complexas, sem a ajuda de outra pessoa. Esse nível de desenvolvimento<br />

determi<strong>na</strong> funções que já amadureceram. Ele caracteriza o desenvolvimento mental<br />

retrospectivamente.<br />

Outro nível de desenvolvimento é o potencial. Nesse, a criança necessita da ajuda de<br />

um adulto para realizar tarefas, assim como o professor, os colegas, a família, enfim, as<br />

pessoas que integram o seu meio social. Sem a presença do outro, a criança não se desenvolve<br />

como um ser social.<br />

Há um espaço entre o que a criança faz com ajuda e sem ajuda, a que Vygotsky<br />

chamou de zo<strong>na</strong> de desenvolvimento proximal. Ele é o espaço de atuação do professor, da<br />

mãe e das crianças mais experientes.<br />

439


Essa interação do sujeito com o meio e o outro ele denominou de<br />

sociointeracionismo, isto é, uma relação interpessoal (a criança aprende a se relacio<strong>na</strong>r com o<br />

outro) e a intrapessoal (ela aprende a se relacio<strong>na</strong>r consigo mesma), ou seja, o<br />

desenvolvimento real. Nessa relação, as funções psicológicas ocorrem de fora para dentro.<br />

Dessa forma, os professores necessitam estimular ao máximo as potencialidades das<br />

crianças, e este estímulo deve ser feito de forma global. É o momento em que ela entra em<br />

contato com o mundo concreto por meio de brinque<strong>dos</strong>, símbolos e instrumentos. O professor<br />

precisa aplicar atividades para desenvolver habilidades básicas, como noções de lateralidade,<br />

espessura, peso e tamanho, atuando <strong>na</strong> zo<strong>na</strong> de desenvolvimento proximal, conforme<br />

explicitado.<br />

No caso específico <strong>dos</strong> <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>, esse trabalho é ainda mais importante,<br />

pois ajudará no desenvolvimento das habilidades básicas para a aquisição da leitura e escrita<br />

por meio do Sistema Braille e/ou letras ampliadas, como mencio<strong>na</strong>do anteriormente.<br />

Esse espaço, chamado de zo<strong>na</strong> de desenvolvimento proximal, determi<strong>na</strong> funções que<br />

ainda não amadureceram, e que podem ser chamadas de embrionárias. É caracterizada, ainda,<br />

pelo desenvolvimento mental, prospectivo (VYGOTSKY, 2003).<br />

Mas o professor deve estar atento para uma questão fundamental. Nessa zo<strong>na</strong>, a ideia<br />

de idade mental das crianças é descartada, como pode ser observado, ao se colocar juntas duas<br />

crianças, supostamente, com a mesma idade mental. Elas respondem de formas diferentes a<br />

um mesmo estímulo, porque uma delas é oriunda de uma família que a estimula, enquanto a<br />

outra pertence a um ambiente sem nenhum estímulo. É verificado, então, que o nível de<br />

desenvolvimento mental delas não é igual.<br />

<strong>Letramento</strong>: uma breve abordagem<br />

Afi<strong>na</strong>l, o que significa o termo letramento? Em que aspecto ele contribui com o<br />

processo de <strong>alfabetização</strong>? O termo letramento é dissociável do termo <strong>alfabetização</strong>? Tentarei<br />

neste item responder a essas questões com base <strong>na</strong>s ideias de Soares (2003) e de Kleiman<br />

(2006).<br />

Como foi visto, anteriormente, o termo letramento é bastante amplo. Está presente<br />

em to<strong>dos</strong> os lugares e todas as situações do cotidiano: no ambiente escolar, <strong>na</strong>s ruas, <strong>na</strong>s<br />

440


feiras, <strong>na</strong> música, <strong>na</strong>s bulas de remédio. É um termo que ainda não está dicio<strong>na</strong>rizado, devido<br />

sua complexidade e amplitude (KLEIMAN, 2006).<br />

Entretanto, por ser abrangente, contribui com o processo de <strong>alfabetização</strong>, no sentido<br />

de fornecer subsídios que vão além da mera codificação e decodificação de nomenclaturas<br />

linguísticas. Alfabetizar-letrando é um trabalho enriquecedor tanto para os alfabetizan<strong>dos</strong><br />

quanto para os alfabetizadores. Isso porque ambos são leva<strong>dos</strong> a realizar esse processo de<br />

forma contextualizada, consequentemente, alcançando resulta<strong>dos</strong> satisfatórios no trabalho<br />

desenvolvido.<br />

Em relação à dissociabilidade <strong>dos</strong> termos letramento e <strong>alfabetização</strong>, não acredito<br />

que são dissociáveis um do outro, visto que aquele complementa este. Segundo Soares (2003),<br />

ninguém aprende a ler e escrever sem aprender relações entre fonemas e grafemas, para<br />

codificar e decodificar. Envolve, também, aprender a segurar num lápis, aprender que se<br />

escreve de cima para baixo e da esquerda para direita; enfim envolve uma série de aspectos<br />

técnicos. Isso é a parte específica do processo de aprender a ler e a escrever.<br />

Com base em minha experiência como alfabetizadora, posso afirmar que, além da<br />

codificação e decodificação, é necessário o entendimento do significado do aprender a ler e<br />

escrever para obter resulta<strong>dos</strong> positivos. É imprescindível que os alfabetizan<strong>dos</strong> assimilem o<br />

som <strong>dos</strong> fonemas e a parte gráfica desses fonemas, adquiram técnicas que auxiliam no<br />

processo de leitura e escrita, porém, essas questões não devem acontecer de forma isolada do<br />

contexto. Trabalhar esses aspectos contextualiza<strong>dos</strong> <strong>na</strong> leitura de um texto, com música e<br />

brincadeiras, tor<strong>na</strong> a aula mais dinâmica, participativa e menos cansativa.<br />

Numa sala que tenha aluno deficiente visual, uma aula desse tipo facilitará a<br />

participação desse aluno <strong>na</strong>s atividades da classe. De acordo com essa autora, alfabetizar <strong>na</strong><br />

perspectiva do letramento, ou alfabetizar-letrando, é instrumentalizar os alunos com o código<br />

alfabético para que estejam aptos ao seu uso. O processo de letramento ou cultura letrada não<br />

acontece de modo espontâneo, exige mediação da professora e/ou da família, proporcio<strong>na</strong>ndo<br />

aos alunos, de forma constante e significativa, a interação com as práticas sociais de leitura e<br />

escrita, isto é, com a cultura escrita, em especial, a literatura infantil.<br />

Convém lembrar que letramento não se restringe ape<strong>na</strong>s às práticas de leitura e<br />

escrita. Vai além da mera atividade do “ler” e “escrever”. Essas práticas são ape<strong>na</strong>s parte do<br />

processo de letramento. Uma vez identificadas as partes, faz-se necessário relacioná-las à<br />

produção escrita no Ensino Fundamental (SILVA, 2008).<br />

441


A diferença básica entre letramento e <strong>alfabetização</strong> é que aquele é amplo, enquanto<br />

que esta é restrita. Na verdade, se partir do princípio de que a <strong>alfabetização</strong> é ape<strong>na</strong>s uma<br />

decodificação do código linguístico, esta irá se diferenciar de letramento. Mas se considerar<br />

um processo no qual permite o desenvolvimento global <strong>dos</strong> alunos, não há diferença entre os<br />

dois termos.<br />

Essa distinção foi discutida por Kleiman (2006). Segundo ela, <strong>alfabetização</strong> e<br />

letramento, <strong>na</strong> maioria das vezes, ocorre de forma simultânea. Aqui está claro que alfabetizar<br />

não é ape<strong>na</strong>s decodificar e codificar nomenclaturas linguísticas, mas sim, oferecer várias<br />

possibilidades de aprendizagens para que os alunos se desenvolvam como um todo e não<br />

somente em partes. Com base <strong>na</strong>s leituras que fiz sobre o letramento, percebi que esse termo<br />

ainda é um pouco desconhecido pela maioria <strong>dos</strong> alfabetizadores. Por tratar-se de um termo<br />

novo, amplo e complexo, geralmente não é incluído no contexto escolar.<br />

De acordo com Kleiman (2006), letramento pode ser definido como um conjunto<br />

simbólico de tecnologia que usa a escrita para alcançar objetivos específicos em contextos<br />

específicos. Segundo a autora, observa-se que o letramento está em todas as partes: <strong>na</strong><br />

família, <strong>na</strong>s ruas, <strong>na</strong> igreja, <strong>na</strong> escola, como foi apontado anteriormente.<br />

Nesses espaços as pessoas aprendem a se relacio<strong>na</strong>r com as outras, letramento social.<br />

Na família, as crianças recebem de seus pais a educação não sistematizada, que é a base para a<br />

sistematizada (VYGOTSKY, 2003). Nas ruas, as crianças entram em contato com o universo<br />

da leitura desde cedo, por meio da visualização de cartazes, outdoors, placas, si<strong>na</strong>is de<br />

trânsito. Numa situação em que uma família possui uma barraca <strong>na</strong> feira, seus filhos<br />

aprendem matemática de forma <strong>na</strong>tural, vendo seus pais efetuando cálculos (KLEIMAN,<br />

2006).<br />

Quando se trata de uma criança deficiente visual, há certa dificuldade em relação ao<br />

contato com o outro: pessoas, ambiente interno e externo. Isso ocorre devido à falta de<br />

informação sobre as maneiras de lidar com a diversidade.<br />

No tocante ao processo de escolarização de crianças e adultos <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>, a<br />

questão é ainda mais agravante. Embora, o processo de educação inclusiva exija que as<br />

escolas atendam a to<strong>dos</strong>, sem qualquer distinção de raça, cor, limitação física, sexo, conforme<br />

mencio<strong>na</strong> a Lei Federal n° 7853 de 24 de outubro de 1989, que assegura os direitos básicos<br />

<strong>dos</strong> portadores de deficiência (PORTAL MEC, [s.d.]), quando esses educan<strong>dos</strong> chegam à<br />

442


escola, os professores entram em pânico, por não terem conhecimento específico a respeito<br />

desses alunos.<br />

Para cumprir as exigências estabelecidas pela Lei, os professores buscam ajuda <strong>na</strong>s<br />

instituições especializadas, para receberem orientações sobre o atendimento aos alunos<br />

<strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>, sendo essas orientações a base para o início do processo de escolarização<br />

<strong>dos</strong> educan<strong>dos</strong> <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> <strong>na</strong> Rede Regular de Ensino.<br />

As facilidades de comunicação encontradas pelas crianças ditas normais, nem sempre<br />

são acessíveis às crianças <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>, visto que estas necessitam de um conjunto de<br />

fatores, os quais irão favorecer o seu desenvolvimento, bem como aumentar o seu<br />

conhecimento das coisas que estão ao seu redor. A descrição de situações do cotidiano, do<br />

ambiente, a comunicação oral, o contato com os objetos são alguns desses fatores que as<br />

famílias que têm deficiente visual necessitam adotar no dia a dia.<br />

Todavia, se as pessoas pararem para observar a vida dessas crianças, irão notar que<br />

estas são iguais às outras. Elas têm fantasias, sentimentos, sonhos, expectativas, criatividade,<br />

carência, energia, vontade de brincar e ser feliz.<br />

Em relação à <strong>alfabetização</strong> das crianças e adultos <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>, há um aspecto<br />

importante que o professor precisa atentar-se: a <strong>alfabetização</strong> delas é mais demorada em<br />

relação à <strong>alfabetização</strong> das crianças que não têm nenhum comprometimento visual. A demora<br />

é desencadeada por uma série de fatores. O trabalho sistemático para estimular as habilidades<br />

básicas sensoriais (tato, olfato, audição, paladar), atividades que favoreçam a expressão<br />

corporal e espacial, bem como a criação de mecanismos para desenvolver a linguagem.<br />

Além disso, é importante que o alfabetizador considere aspectos como: o grau de<br />

perda da visão dessa criança, as experiências que esta leva consigo ao chegar à escola e o<br />

ambiente familiar do qual ela faz parte. “O professor alfabetizador deve ajudar a criança a<br />

lidar com frustrações e motivá-la a investigar, pesquisar, construir novos significa<strong>dos</strong>”<br />

(BRASIL, 2006, p. 58).<br />

A aprendizagem do Sistema Braille e o processo de <strong>alfabetização</strong> <strong>dos</strong> <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong><br />

As crianças que enxergam entram em contato com o universo da leitura e da escrita<br />

desde muito cedo. Isso ocorre porque ela vê algumas escritas <strong>na</strong> rua, <strong>na</strong> televisão, nos jor<strong>na</strong>is<br />

e em muitos lugares. As crianças cegas, no entanto, levam mais tempo para entrar nesse<br />

universo. Isso ocorre porque a linguagem não verbal é limitada para elas. No entanto, se essas<br />

443


crianças são estimuladas desde cedo a usar os órgãos sensoriais (tato, audição, olfato e<br />

paladar) essa defasagem pode ser superada.<br />

O Sistema Braille não faz parte do cotidiano, como um objeto socialmente estabelecido.<br />

Somente os cegos se utilizam dele. As descobertas das propriedades e funções da escrita<br />

tor<strong>na</strong>m-se impraticáveis para ela. Infelizmente as crianças cegas só entram em contato com<br />

a escrita e com a leitura no período escolar. Esse impedimento pode trazer prejuízos e<br />

atrasos no processo de <strong>alfabetização</strong> dessas crianças (BRASIL, 2006, p. 58-59).<br />

No entanto, o que deve ficar claro, é que independente da concepção pedagógica ou<br />

linha metodológica adotada pela escola, não se pode negligenciar o desenvolvimento de um<br />

conjunto de habilidades que são importantes para a leitura e a escrita do Sistema Braille.<br />

Geralmente, <strong>na</strong> fase pré-escolar, que abrange <strong>dos</strong> quatro aos seis anos, procura-se enfatizar<br />

este desenvolvimento, que é importante para a leitura e escrita do referido sistema.<br />

Ao iniciar a <strong>alfabetização</strong> de crianças cegas deve ser feito um trabalho de<br />

estimulação contínua e consistente. Esse trabalho favorecerá o desenvolvimento de<br />

habilidades indispensáveis e básicas, como: percepção corporal, percepção espacial, definição<br />

de conceitos, discrimi<strong>na</strong>ção tátil, discrimi<strong>na</strong>ção auditiva, motricidade amplas e fi<strong>na</strong>s,<br />

acrescidas da estimulação visual para aquelas que têm baixa visão.<br />

Como foi visto anteriormente, desde o <strong>na</strong>scimento até a fase escolar, as crianças com<br />

limitação visual pode apresentar atraso <strong>na</strong> aprendizagem e requerem atenção específica. Suas<br />

descobertas e construções mentais irão depender da forma pela qual ela será estimulada,<br />

levada a conhecer o mundo que a rodeia. Portanto, o alfabetizador deve estimulá-la, orientá-<br />

la, conduzi-la para a autonomia, sempre <strong>dos</strong>ando suas ações.<br />

O desenvolvimento e refi<strong>na</strong>mento da percepção tátil e o domínio das habilidades<br />

psicomotoras são essenciais para o processo de leitura e escrita por meio do Sistema Braille.<br />

Para que os alunos cegos possam desenvolver o tato de forma satisfatória e consigam ler e<br />

escrever em Braille, estes devem praticar exercícios funcio<strong>na</strong>is, como por exemplo, “[...]<br />

inicialmente praticar exercícios com o corpo todo, em seguida com os braços, as mãos e<br />

fi<strong>na</strong>lmente, trabalha-se os músculos que fortalecem os de<strong>dos</strong>, tor<strong>na</strong>ndo-os mais flexíveis e<br />

sensíveis” (BRASIL, 2006, p. 61).<br />

Convém lembrar que as crianças cegas tendem a utilizar mais o raciocínio verbal e a<br />

via fonológica para a construção da leitura e da escrita. A escolha adequada de um processo,<br />

de um método e/ou de uma técnica adequada irá facilitar as metas traçadas pelo professor.<br />

Tendo em vista que os processos comunicativos concentram-se basicamente pela leitura e<br />

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escrita, os <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> enfrentam dificuldades para ter acesso a esses processos visto<br />

que produzir um livro em Braille é um trabalho demorado e de alto custo.<br />

Por isso, ainda não há disponibilidade desse material específico para to<strong>dos</strong> os<br />

<strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>. A produção é prioritariamente desti<strong>na</strong>da aos estudantes do Ensino<br />

Fundamental. Aqueles que estão cursando o Ensino Médio e superior não são beneficia<strong>dos</strong><br />

pela produção de livros em Braille, ou seja, é estimado que, aproximadamente, 60% <strong>dos</strong><br />

<strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> do Estado de Goiás não são contempla<strong>dos</strong> pela produção de materiais em<br />

Braille e do tipo ampliado. Geralmente, esses dois níveis de escolaridade são beneficia<strong>dos</strong> por<br />

meio de materiais digitaliza<strong>dos</strong>.<br />

Atividades essenciais para a escrita do Sistema Braille<br />

Foi visto anteriormente que o desenvolvimento de habilidades básicas <strong>dos</strong> alunos<br />

<strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> é essencial para que ocorra a aprendizagem por meio desse sistema. Os<br />

programas específicos que tratam dessa questão apresentam algumas atividades essenciais<br />

para desenvolver as habilidades motoras fi<strong>na</strong>s dessas pessoas (BRASIL, 2006).<br />

Algumas das atividades que facilitam o uso funcio<strong>na</strong>l das mãos são: tampar e<br />

destampar frascos (tampa de pressão); subir e descer zíper de calça, bolsas e vesti<strong>dos</strong>;<br />

empilhar e desempilhar objetos; colar e descolar etiquetas, fitas adesivas; abrir e fechar<br />

diferentes tipos de portas e janelas; parafusar e desparafusar; alinhavar e desalinhavar, bordar<br />

e costurar; enfiar e desenfiar contas (elaborar objetos com contas); abotoar e desabotoar; fazer<br />

e desfazer nós grossos e laços; armar e desarmar quebra-cabeças (primeiramente, de forma<br />

simples e depois aumentar o grau de complexidade); pintar e modelar com as mãos; tocar<br />

instrumentos, como violão e piano.<br />

Nas tarefas apresentadas anteriormente, também, pode-se trabalhar os conceitos de<br />

igual-diferente, grande-pequeno. Outras sugestões que ainda beneficiam o desenvolvimento<br />

da coorde<strong>na</strong>ção motora fi<strong>na</strong> <strong>dos</strong> <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> são: rasgar pedaços de papel de diferentes<br />

texturas para construir painéis e caixas; destacar tiras de papel, previamente pontilhadas;<br />

cortar com tesoura própria, folhas de papel, tecido; dobrar pedaços de papel, roupas; virar<br />

pági<strong>na</strong>s de caderno com as pontas <strong>dos</strong> de<strong>dos</strong>; recolher com as pontas <strong>dos</strong> de<strong>dos</strong> grãos, palitos,<br />

pregos sem ponta, folhas de papel e clipes.<br />

445


Além desses exercícios, há ainda outros meios importantes que ajudam no<br />

desenvolvimento do tato. São elas: amassar a massa plástica; fazer bolinhas com ela; trabalhar<br />

com essas bolinhas; criar formas livremente, e em seguida formas específicas; perfurar com o<br />

punção espuma forrada com um pedaço de papel, placa de isopor e tampa de caixa de ovos,<br />

entre outros.<br />

Essas atividades trazem resulta<strong>dos</strong> positivos no desenvolvimento do tato <strong>dos</strong><br />

educan<strong>dos</strong> <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>. A partir de então, é que esses educan<strong>dos</strong> já estarão prepara<strong>dos</strong><br />

para o ingresso <strong>na</strong> aprendizagem do Sistema Braille. O estudante deve tatear símbolos Braille,<br />

com o intuito de desenvolver a lateralidade, como seguir da direita para a esquerda, da<br />

esquerda para a direita, de cima para baixo e vice-versa. Por meio delas é possível trabalhar as<br />

noções de sentido horizontal e vertical, devendo elas acontecerem de forma gradativa para<br />

alcançarem sucesso.<br />

A postura do indivíduo também é importante. Os antebraços devem apoiar-se sobre a<br />

mesa com os punhos ligeiramente eleva<strong>dos</strong>. Isso proporcio<strong>na</strong>rá apoio adequado às mãos. Os<br />

de<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> usuários do Sistema Braille devem permanecer ligeiramente curva<strong>dos</strong>, para melhor<br />

identificação <strong>dos</strong> pontos que compõe esse sistema. Cada pessoa irá definir a forma mais<br />

adequada para realizar a leitura, por exemplo: usar as duas mãos para ler, ler com a ponta do<br />

dedo indicador, e em alguns casos usar o dedo polegar ou o médio.<br />

Feitas estas atividades, e constatado que houve avanço por parte <strong>dos</strong> alunos, o<br />

professor deverá colocá-los em contato com a reglete, o punção, a máqui<strong>na</strong> perkins, o Sorobã,<br />

entre outros recursos específicos. Dessa forma, a escola deve se preocupar com aquisição<br />

desses materiais, sem os quais os alunos não terão condições de se desenvolverem.<br />

Atualmente, a distribuição <strong>dos</strong> referi<strong>dos</strong> materiais é feita diretamente pelo Ministério da<br />

Educação (MEC), desde que a escola faça o cadastro <strong>dos</strong> alunos <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> para que o<br />

MEC envie os materiais.<br />

Como essa fase é a base para a aquisição da leitura e escrita do Sistema Braille, ela<br />

deve ser bem trabalhada. O uso de situações concretas é importante para que os alunos<br />

adquiram sensibilidade <strong>na</strong> ponta <strong>dos</strong> de<strong>dos</strong>.<br />

Segundo o Ministério da Educação (MEC), adequação curricular é conjunto de<br />

ajustes que favorecem o acesso de to<strong>dos</strong> os alunos, inclusive os alunos cegos, à proposta<br />

curricular do Ensino Regular. Essas adequações podem se constituir por grandes e pequenos<br />

446


ajustes: objetivos educacio<strong>na</strong>is, conteú<strong>dos</strong> programáticos, nos procedimentos e estratégias de<br />

ensino adota<strong>dos</strong> no processo de avaliação e <strong>na</strong> temporalidade (BRASIL, 2006).<br />

Em classes <strong>regular</strong>es que tenham alunos cegos ou com baixa visão, os professores<br />

devem propor a realização de atividades em grupos com objetivo de promover a socialização<br />

desses com os demais colegas de sala. A apropriação de recursos físicos, ambientes<br />

adequa<strong>dos</strong>, como: rampas e corrimãos <strong>na</strong>s escolas, elevadores sonoros e com identificação em<br />

Braille, móveis em seus devi<strong>dos</strong> lugares, extintores em locais apropria<strong>dos</strong> são exemplos dessa<br />

adequação.<br />

No caso da <strong>alfabetização</strong> <strong>dos</strong> alunos que têm baixa visão, orienta-se o ensino de<br />

letras bastão, pois essa letra facilitará a visualização por parte desses alunos. Só depois que<br />

eles tiverem lendo e escrevendo, ensi<strong>na</strong>-se a letra cursiva. Em relação à aquisição <strong>dos</strong><br />

materiais utiliza<strong>dos</strong> pelos alunos com baixa visão devem ser segui<strong>dos</strong> os mesmos critérios<br />

adota<strong>dos</strong> para os alunos cegos, ape<strong>na</strong>s os materiais são diferentes. A escola deverá se<br />

preocupar em adquirir materiais adapta<strong>dos</strong> à realidade desses alunos, sem os quais, o<br />

desenvolvimento <strong>dos</strong> mesmos ficará comprometido, tais como recursos não ópticos (lápis 6B,<br />

canetas de ponta porosa de cores contrastantes, papel de pauta dupla) e recursos ópticos (lupa,<br />

luminária, telescópio, entre outros). Também é necessário disponibilizar acomodação<br />

adequada tais como: sala arejada e ilumi<strong>na</strong>ção propícia aos alunos com baixa visão. Além<br />

disso, deixar vagas às primeiras cadeiras de cada fileira para que os mesmos mudem de lugar<br />

com a fi<strong>na</strong>lidade de acompanhar o que está escrito no quadro. Recomenda-se que o professor<br />

escreva no quadro em escrita ampliada, adaptando a fonte de acordo com o grau de visão de<br />

cada aluno.<br />

Desse modo, a capacitação e atualização <strong>dos</strong> recursos humanos, o uso de estratégias,<br />

procedimentos e recursos específicos, a adequação curricular, contribuirão para o processo de<br />

<strong>alfabetização</strong> e inclusão <strong>dos</strong> alunos <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> no contexto <strong>regular</strong> de ensino.<br />

Trabalho prático<br />

Como disse anteriormente, realizo um trabalho que envolve os professores da Rede<br />

Regular de Ensino, preparando-os para o atendimento aos alunos <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> em fase<br />

de <strong>alfabetização</strong>. O trabalho acontece da seguinte forma: ao receber o aluno deficiente visual<br />

<strong>na</strong> escola <strong>regular</strong>, os professores procuram apoio no CAP-GO onde são submeti<strong>dos</strong> a uma<br />

447


entrevista e a partir daí, é definido o tipo de orientação que eles necessitam receber. Se eles<br />

têm aluno com baixa visão em sua sala de aula, receberão orientações pertinentes a esse<br />

aluno. Se possuírem aluno cego ou que tem baixa visão, mas não consegue enxergar letra em<br />

tamanho ampliado, receberão inicialmente orientações a respeito da <strong>alfabetização</strong> desse<br />

educando e, posteriormente, serão submeti<strong>dos</strong> à aprendizagem do Sistema Braille. Essa<br />

atividade ocorre individualmente e em grupos. Os encontros são consecutivos e, geralmente,<br />

ocorrem em cinco sema<strong>na</strong>s.<br />

Além disso, ministro aulas para os professores de escolas de Goiânia e interior de<br />

Goiás que fazem o curso que é oferecido no CAP, desde 2005. No curso, ministro a discipli<strong>na</strong><br />

Sistema Braille, <strong>na</strong> qual trabalho a leitura e a escrita. Apresento sugestões metodológicas<br />

quanto ao ensino do referido sistema, bem como orientações em relação à adaptação de<br />

materiais utiliza<strong>dos</strong> durante o processo de <strong>alfabetização</strong>.<br />

A principal dúvida apresentada pelos professores no decorrer das aulas refere-se à<br />

metodologia utilizada para alfabetizar os <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>. Normalmente é recomendado o<br />

método indutivo, ou seja, aquele que se parte do particular para o geral (alfabeto, sílaba,<br />

palavra, frase, texto), não esquecendo de relacio<strong>na</strong>r o ensino com outros contextos, como foi<br />

sugerido anteriormente. Não é descartado o uso do método dedutivo, isto é, aquele que se<br />

parte do geral para o particular (palavra, letra). Irá depender do grau de aprendizagem de cada<br />

aluno.<br />

Nos últimos anos, a inclusão, de modo geral, apresentou melhorias significativas<br />

mediante políticas gover<strong>na</strong>mentais que asseguram e estimulam a implantação e<br />

implementação desse processo. Essas políticas se desenvolvem por meio de órgãos/unidades,<br />

os quais sustentam o processo, tanto no planejamento como <strong>na</strong> execução das ações propostas.<br />

Exemplos: Órgão <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l: Ministério da Educação e Desporto por meio da Secretaria de<br />

Educação Especial (SEESP/MEC); Órgãos estaduais: Coorde<strong>na</strong>doria de Ensino Especial e o<br />

Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP).<br />

Outro órgão que também defende a causa dessas pessoas é a Secretaria de Cidadania,<br />

através da Superintendência de Políticas de Atenção ao Deficiente. Há também, a Associação<br />

<strong>dos</strong> Deficientes Visuais, uma entidade representativa que luta pelos direitos das mesmas.<br />

Existe, ainda, o Centro Estadual de Apoio ao Deficiente (CAD), que realiza o processo de<br />

habilitação e reabilitação de <strong>deficientes</strong> de um modo geral, preparando-os para o ingresso <strong>na</strong><br />

<strong>rede</strong> <strong>regular</strong> de ensino.<br />

448


Apesar de perceber uma melhoria no processo de inclusão em Goiás, ainda observo<br />

dificuldades para realizar esse processo e torná-lo acessível a to<strong>dos</strong>. Como foi referido por<br />

Regis (2005, p. 38-39) ao mencio<strong>na</strong>r que “[...] constantemente muitos pais e professores se<br />

vêem <strong>na</strong> impotência de seu não saber perante os indivíduos com necessidades educativas<br />

especiais”. Segundo essa autora, outra dificuldade que se percebe em grande escala é o<br />

despreparo <strong>dos</strong> educadores para lidar com a diversidade.<br />

No estudo realizado no CAP de Goiânia, 85,71% <strong>dos</strong> indivíduos mencio<strong>na</strong>ram a<br />

necessidade de capacitação profissio<strong>na</strong>l para atuarem de forma adequada no processo de<br />

inclusão <strong>dos</strong> <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>. No entanto, este número ainda é pequeno quando<br />

considerado a quantidade de professores do Estado, o que evidencia a afirmação de Regis<br />

(2005).<br />

Observei que a preocupação <strong>dos</strong> professores é buscar conhecimento <strong>na</strong>s áreas<br />

pertinentes a uma necessidade real que é preparar os <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>, não só para o<br />

processo de leitura e escrita, mas para que estes possam exercer sua cidadania de forma ple<strong>na</strong>.<br />

Isso demonstra a necessidade de ser construída uma escola cidadã, como foi mencio<strong>na</strong>do por<br />

Gadotti (2004, p. 5-6) “[...] a escola cidadã surge como resposta à burocratização do sistema<br />

de ensino e sua ineficiência”.<br />

Notei, também, uma grande inquietação <strong>dos</strong> professores que fazem o curso e buscam<br />

orientação no que diz respeito ao processo de <strong>alfabetização</strong> <strong>dos</strong> <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>. No<br />

primeiro momento, há uma expectativa em adquirir técnicas e méto<strong>dos</strong> pré-concebi<strong>dos</strong> e<br />

diferentes daqueles utiliza<strong>dos</strong> no processo de <strong>alfabetização</strong> das crianças não <strong>deficientes</strong>.<br />

Partindo do princípio que as crianças <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> são capazes de atingir<br />

desenvolvimento tanto quanto outras crianças, acredito que não há diferenciação de<br />

metodologias no processo de ensino-aprendizagem. A diferença que há entre elas e as demais<br />

crianças é que essas necessitam de um trabalho sistematizado para se desenvolverem<br />

(materiais específicos, adaptação curricular, desenvolvimento <strong>dos</strong> órgãos sensoriais).<br />

Como foi observado durante a exposição teórica, a concepção pedagógica empregada<br />

no processo de <strong>alfabetização</strong> destas crianças pode ser a mesma utilizada para as demais<br />

crianças. Mas há uma questão importante que o professor, principalmente, o alfabetizador<br />

deve estar atento: é se os alunos <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> estão conseguindo alcançar um<br />

desenvolvimento satisfatório por meio da concepção adotada. Caso contrário deverá usar<br />

outra concepção para tentar solucio<strong>na</strong>r o problema. Por isso, durante o curso ministrado aos<br />

449


professores, é reforçado que não há modelos específicos no processo de <strong>alfabetização</strong> desses<br />

alunos.<br />

Considerações fi<strong>na</strong>is<br />

Ao a<strong>na</strong>lisar as fichas de inscrição <strong>dos</strong> professores matricula<strong>dos</strong> no curso de<br />

Capacitação para Professores, realizado no Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às<br />

pessoas com Deficiência Visual (CAP-GO) e, também, observando os atendimentos aos<br />

professores em ofici<strong>na</strong>s pedagógicas, percebi que o perfil das pessoas que buscam<br />

informações sobre o atendimento aos <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong> <strong>na</strong> <strong>rede</strong> <strong>regular</strong> de ensino é formado<br />

por professores desprepara<strong>dos</strong> para lidar com a diversidade e que demonstram certa<br />

preocupação por não inserir aqueles alunos <strong>na</strong>s suas aulas.<br />

Por outro lado, alguns deles mencio<strong>na</strong>ram que ministram aulas que atinge tanto os<br />

alunos sem deficiência, quanto os alunos <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>. Porém, demonstram certa<br />

insegurança quanto à metodologia adotada. Outros afirmaram que os alunos <strong>deficientes</strong><br />

<strong>visuais</strong> ficam para<strong>dos</strong> em suas aulas, porque eles não sabem como trabalhar com aqueles<br />

alunos. Há, ainda, os que mencio<strong>na</strong>ram que trabalham ape<strong>na</strong>s a socialização <strong>dos</strong> educan<strong>dos</strong><br />

<strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>. Além disso, a maioria <strong>dos</strong> professores pensa que há méto<strong>dos</strong> pré-<br />

concebi<strong>dos</strong> para ensi<strong>na</strong>r os <strong>deficientes</strong> <strong>visuais</strong>, diferentes daqueles utiliza<strong>dos</strong> para ensi<strong>na</strong>r os<br />

educan<strong>dos</strong> não <strong>deficientes</strong>.<br />

Em relação ao processo de inclusão tão almejado por to<strong>dos</strong>, é importante tecer<br />

algumas considerações. Infelizmente, essa inclusão ainda predomi<strong>na</strong> no campo discursivo; <strong>na</strong><br />

prática, há tentativas por parte de alguns professores. Isso ocorre porque a inclusão <strong>dos</strong><br />

“diferentes” numa escola <strong>regular</strong> envolve uma série de fatores que necessitam ser revistos,<br />

portanto, não basta preparar os professores para tal fim. É necessário fazer uma adaptação do<br />

espaço físico e toda a comunidade escolar deve ser preparada para lidar, de forma satisfatória,<br />

com esses alunos.<br />

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