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João Feres Jr. A história do conceito de “Latin America” - Revista de ...

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Em seguida, temos uma análise da teoria da estabilização política. Avalian<strong>do</strong>,<br />

entre outros, autores como Samuel P. Huntington, <strong>Feres</strong> <strong>Jr</strong>. observa que, nesta<br />

literatura, a mo<strong>de</strong>rnização passa a ser encarada como perniciosa aos os interesses <strong>do</strong>s<br />

EUA: a rápida mudança social po<strong>de</strong> gerar instabilida<strong>de</strong> política e a ascensão interna <strong>de</strong><br />

forças <strong>de</strong> antiamericanas. A estabilização política capitaneada por militares <strong>do</strong>utrina<strong>do</strong>s<br />

na ética e valores <strong>do</strong>s EUA (livres <strong>do</strong>s males <strong>de</strong> sua cultura original) ganha priorida<strong>de</strong><br />

sobre o <strong>de</strong>senvolvimento. As oposições culturais, temporais e, certas vezes, raciais<br />

persistem. O raciocínio sinedóquico ainda opera tratan<strong>do</strong> a LA como uma unida<strong>de</strong> e,<br />

assim, atribuin<strong>do</strong> características negativas a to<strong>do</strong>s os países da região.<br />

<strong>Feres</strong> <strong>Jr</strong>. aborda os estu<strong>do</strong>s da <strong>de</strong>pendência para consi<strong>de</strong>rar a recepção <strong>de</strong>stas<br />

abordagens alóctones pela a aca<strong>de</strong>mia norte-americana. Focan<strong>do</strong> as abordagens <strong>de</strong> F.<br />

H. Car<strong>do</strong>so & E. Falleto assim como a contribuição <strong>de</strong> A. Gun<strong>de</strong>r Frank, o autor aponta<br />

uma ruptura no mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> tratar a LA. Em seu ataque às teorias <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização, os<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntistas tratam o sub<strong>de</strong>senvolvimento na LA como um conjunto <strong>de</strong> relações<br />

hierárquicas (<strong>de</strong> <strong>do</strong>minação) inseridas no arranjo capitalista. Trata-se <strong>de</strong> um produto<br />

<strong>de</strong> relações históricas <strong>de</strong> subordinação: ele não é [próprio] da LA; não é uma condição<br />

intrínseca ou resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> paralisia histórica. Os países da região se unem por sua<br />

<strong>história</strong> comum <strong>de</strong> colonialismo e <strong>de</strong> ‘satelitização’, ou seja, pelas estruturas políticas,<br />

econômicas e sociais da <strong>de</strong>pendência. De acor<strong>do</strong> com <strong>Feres</strong> <strong>Jr</strong>., a recepção <strong>de</strong>stas<br />

teorias foi “ampla e variada”. O aca<strong>de</strong>micismo ganha <strong>de</strong>staque com os novos latino-<br />

americanistas os quais, seguin<strong>do</strong> os <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntistas, buscam refutar a oposição<br />

assimétrica temporal. Contu<strong>do</strong>, nos alerta o autor, ainda po<strong>de</strong>mos observar alguns<br />

traços <strong>de</strong> raciocínio sinedóquico <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s, provavelmente, <strong>de</strong> ‘vícios’ advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

cotidiano e <strong>de</strong> outras abordagens <strong>do</strong>s LAS. Em outras palavras, a recepção da<br />

<strong>de</strong>pendência nos EUA não foi capaz <strong>de</strong> banir plenamente as oposições assimétricas <strong>do</strong>s<br />

textos produzi<strong>do</strong>s pelos LAS.<br />

Os estu<strong>do</strong>s corporativistas <strong>do</strong> início da década <strong>de</strong> 70 são então aborda<strong>do</strong>s. Para<br />

<strong>Feres</strong> <strong>Jr</strong>., as premissas <strong>de</strong> autores como Newton e Wiarda sobre a LA não são<br />

inova<strong>do</strong>ras. Seus textos “retomam e radicalizam o que já fora proposto pela teoria da<br />

mo<strong>de</strong>rnização e teoria <strong>de</strong> estabilização política”. O manto <strong>do</strong> relativismo cultural<br />

escon<strong>de</strong> etnologias que se aproximam <strong>do</strong> “insulto flagrante” e que ocultam um<br />

profun<strong>do</strong> <strong>de</strong>sprezo por tu<strong>do</strong> o que é i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> como cultura latin american: o<br />

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