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Março - Jornal Bombeiros de Portugal

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2 MARÇO 2013<br />

Assim não Miguel<br />

comentador televisivo e jornalista Miguel<br />

O Sousa Tavares foi meu colega na RTP. Nutro<br />

por ele muita simpatia e até admiração, em ter-<br />

<br />

enorme pesar que registo os termos em que se<br />

referiu aos bombeiros em recente comentário a<br />

propósito da difícil situação do país.<br />

Admiro Miguel Sousa Tavares pelo <strong>de</strong>sassombro<br />

com que sempre tem escolhido e abordado<br />

os diversos temas da actualida<strong>de</strong>. Também sei<br />

que o faz, na generalida<strong>de</strong>, pautando-se por<br />

princípios e regras. Daí também o lamento e a<br />

<br />

bombeiros, sem qualquer margem <strong>de</strong> contraditório,<br />

por, segundo ele, receberem dinheiro<br />

para apagar fogos. Não está em causa o direito<br />

à opinião. Os bombeiros não são “vacas sagradas”.<br />

Mas está em causa opinar sem contextualização<br />

nem informação a<strong>de</strong>quada.<br />

O primeiro comentário que me chegou a propósito<br />

<strong>de</strong>fendia também que nos questionássemos,<br />

na mesma lógica do comentário <strong>de</strong> Sousa<br />

Tavares, sobre a razão <strong>de</strong> muitos comentadores<br />

serem pagos pelas estações televisivas para<br />

opinarem, quando é o caso.<br />

Segundo outros, na lógica do comentário do<br />

referido comentador, os comentadores televisivos<br />

<strong>de</strong>sempenham sem dúvida uma função <strong>de</strong><br />

<br />

sua gratuitida<strong>de</strong>, como acontecia no passado.<br />

A gratuitida<strong>de</strong> da missão é um princípio universal<br />

para os bombeiros, <strong>de</strong>monstrado há<br />

muitos anos, há mais <strong>de</strong> seis séculos.<br />

E, como todos sabemos, salvo os corpo <strong>de</strong><br />

res,<br />

as associações <strong>de</strong> bombeiros só passaram<br />

a dispor <strong>de</strong> alguns elementos assalariados<br />

quando a própria missão o exigiu. Não foram os<br />

bombeiros que quiseram passar a ganhar dinheiro.<br />

Foram razões externas a obrigar os<br />

bombeiros a dispor <strong>de</strong> elementos em permanência,<br />

e naturalmente remunerados. Mesmo<br />

assim, sabemos bem que em circunstâncias es-<br />

á já algum tempo que<br />

Hnas escolinhas <strong>de</strong> infantes<br />

e ca<strong>de</strong>tes muitas meninas<br />

partilham com os rapazes<br />

um primeiro contacto<br />

com o este enorme movimento<br />

<strong>de</strong> voluntariado. Em<br />

muitos casos, “elas” estão<br />

mesmo em maioria, uma situação<br />

que começa já a ter<br />

giários<br />

que, um pouco por<br />

todo o Pais, ingressam no<br />

Curso Inicial <strong>de</strong> Bombeiro,<br />

provando assim que, <strong>de</strong> facto e por direito<br />

próprio, já conquistaram o seu espaço nos<br />

quartéis portugueses<br />

As mulheres sempre tiveram espaço nas associações<br />

humanitárias, mas só há pouco<br />

<br />

Apesar das evidências, ainda há quem que<br />

não esconda alguma inquietação – ainda que<br />

disfarçada <strong>de</strong> preocupação – mas reconheça-<br />

-se que “elas” estão a contrariar a tal crise do<br />

voluntariado que vai roubando operacionais<br />

aos corpos <strong>de</strong> bombeiros.<br />

Este processo começa a ser encarado com<br />

naturalida<strong>de</strong> até porque está limpo <strong>de</strong> quaisquer<br />

tiques feministas. As mulheres batem-se<br />

pela igualda<strong>de</strong> na ação, provando com traba-<br />

JORNAL@LBP.PT<br />

peciais, no caso <strong>de</strong> sinistros <strong>de</strong> maior dimensão<br />

e complexida<strong>de</strong>, só o reforço garantido pelos<br />

voluntários permite dar a resposta a<strong>de</strong>quada.<br />

Aliás, como também sabemos, os piquetes noc-<br />

<br />

quartéis <strong>de</strong> associações humanitárias continuam<br />

a ser esmagadoramente, e em muitos casos<br />

exclusivamente, preenchidos por cidadãos voluntários.<br />

No seu comentário, Miguel Sousa Tavares,<br />

não obstante fazer uma alusão vaga e imprecisa<br />

e lamentável, que acaba por generalizar e pecar<br />

pela imprecisão, preten<strong>de</strong>ria referir-se aos bombeiros<br />

que integram excepcionalmente o Dispositivo<br />

Especial <strong>de</strong> Combate a Incêndios Florestais<br />

(DECIF). Nesse caso, facto que lamentamos,<br />

admite-se que <strong>de</strong>sconhecerá os termos<br />

reais em que isso ocorre nomeadamente quando<br />

preten<strong>de</strong> estabelecer uma analogia ou proximida<strong>de</strong><br />

entre o pagamento feito aos bombeiros<br />

<br />

Todos sabemos, também, quer os montantes,<br />

quer as condições em que os bombeiros<br />

são convidados a integrar o DECIF, com valores<br />

abaixo <strong>de</strong> qualquer tabela remuneratória compatível<br />

e, mesmo assim, sujeita a um aumento<br />

em 2013 que não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> saudar.<br />

Sabemos ainda que, só abdicando do gozo <strong>de</strong><br />

férias ou do <strong>de</strong>scanso semanal é possível conseguir<br />

garantir a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitos elementos<br />

que integram o DECIF.<br />

Na socieda<strong>de</strong> portuguesa, por vezes com<br />

“erupções” inauditas e inesperadas, mantém-<br />

-se uma atitu<strong>de</strong> hipócrita em relação aos bombeiros<br />

que, nalguns casos, até parece querer<br />

roçar lógicas esclavagistas.<br />

Hoje, factualmente, só existe socorro em<br />

<strong>Portugal</strong>, no nível, disponibilida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong><br />

que conhecemos, porque boa parte <strong>de</strong>le é assegurado<br />

voluntária e graciosamente. Quer os comentadores<br />

queiram, ou não, esta é a realida<strong>de</strong>.<br />

Tudo o resto é fumaça.<br />

<br />

<strong>Bombeiros</strong> sem género<br />

lho, empenho, preparação, sensibilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>dicação<br />

que ser bombeiro é uma “missão assexuada”<br />

que não exige virilida<strong>de</strong>, antes impõe<br />

vigor.<br />

Não são melhores nem piores, mais ou menos<br />

competentes que “eles”, são apenas diferentes,<br />

assumem-se com orgulho como o elemento<br />

<strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong> que permitiu<br />

<br />

No socorro pré-hospitalar ou no combate<br />

aos incêndios não há mulheres nem homens,<br />

há bombeiros, operacionais sem género, que<br />

servem e salvam <strong>de</strong> igual forma e com idênti-<br />

<br />

com exemplar rigor o lema vida por vida.<br />

<br />

Foto: Marques Valentim<br />

<br />

O instituído pela Câmara Municipal, em março<br />

<strong>de</strong> 2002, com o objetivo <strong>de</strong> prestar homenagem<br />

a todos os <strong>Bombeiros</strong> e Corporações do Concelho<br />

<br />

dia 10 <strong>de</strong> março.<br />

Este ano para assinalar a efeméri<strong>de</strong> realizou-se<br />

<br />

<strong>de</strong> Torres Novas e a Praça Municipal, com a parti-<br />

<br />

e Paço <strong>de</strong> Sousa.<br />

“Neste dia <strong>de</strong>dicado aos bombeiros, foi com<br />

<br />

motorizado dos bombeiros do concelho, um exercício<br />

que <strong>de</strong>monstrou e reforçou a prontidão dos<br />

nossos bombeiros, a forma generosa com que se<br />

entregam ao voluntariado e a sua gran<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

técnica”; referiu na ocasião Antonino <strong>de</strong> Sousa,<br />

<br />

o contrário do que foi no-<br />

Aticiado na última edição<br />

do ‘<strong>Bombeiros</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>’,<br />

as intervenções com código<br />

4000, 7000 e 8000 mil nunca<br />

foram contabilizadas no cálculo<br />

que <strong>de</strong>termina os valores<br />

a atribuir às associações e<br />

corpos <strong>de</strong> bombeiros no âmbito<br />

do Programa Permanente<br />

<strong>de</strong> Cooperação (PPC). Assim<br />

Homens e mulheres diferentes<br />

ão-me chegando histórias <strong>de</strong> bombeiros que<br />

V <br />

sentido <strong>de</strong> viabilizar um conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimentos<br />

para reunir em Livro, subordinado ao título “Ser<br />

bombeiro. Histórias na primeira pessoa”. Ao lê-<br />

-las ainda mais entusiasmado me sinto com o<br />

projecto, tal é a gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong> sentimentos revelados<br />

e actos realizados por homens e mulheres,<br />

<br />

a comunida<strong>de</strong> como bombeiros.<br />

São muitas as homenagens e os discursos bonitos.<br />

Os elogios dos governantes – todos os governantes<br />

– são recorrentes. Mas falta ainda<br />

qualquer coisa para que os cidadãos anónimos<br />

tenham perfeita consciência do valor dos bombeiros<br />

e do seu papel essencial na vida da comunida<strong>de</strong>.<br />

São positivas as <strong>de</strong>cisões como a que foi tomada<br />

recentemente pelos ministros da Administração<br />

Interna e das Finanças, no sentido <strong>de</strong> isentarem<br />

os bombeiros voluntários <strong>de</strong> tributação, relativamente<br />

aos prémios que recebem pela sua inserção<br />

no Dispositivo <strong>de</strong> Combate aos Incêndios<br />

Florestais.<br />

Porém não se pense que estão saldadas as dí-<br />

PENAFIEL<br />

<strong>Bombeiros</strong> homenageados em dia municipal<br />

RETIFICAÇÃO<br />

Atualização das verbas do PPC<br />

sendo, a nova fórmula aprovada<br />

para efeito e constante<br />

no novo Regime <strong>de</strong> Financiamento,<br />

publicado no passado<br />

dia 18 em Diário da República,<br />

não sofre qualquer alteração<br />

nesta matéria.<br />

Ainda segundo o texto publicado<br />

na página 11, com o<br />

título “PPC reforçado em<br />

2500 euros”, po<strong>de</strong> ler-se que<br />

Ao instituir este dia, quisemos prestar a <strong>de</strong>vida<br />

<br />

<strong>de</strong>dicam a esta causa nobre e voluntária. A Câ-<br />

<br />

as associações e os nossos bombeiros e Bombeiras,<br />

<strong>de</strong> forma a reforçar e manter a qualida<strong>de</strong> do<br />

apoio ao socorro, no concelho”; sublinhou o autarca.<br />

o Estado atribui a cada corporação<br />

4.894 euros”, informação<br />

que está incorreta. O<br />

novo cálculo atribui sim um<br />

valor mínimo <strong>de</strong> 2500 euros a<br />

todas as associações e corpos<br />

<strong>de</strong> bombeiros, sendo que haverá<br />

casos em que este montante<br />

e superior. Pelo lapso<br />

pedimos <strong>de</strong>sculpa.<br />

<br />

vidas <strong>de</strong> gratidão dos po<strong>de</strong>res públicos para com<br />

estes homens e estas mulheres.<br />

Não se pense que os cidadãos comuns estão<br />

isentos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> relativamente aos<br />

seus bombeiros, só porque pagam impostos e,<br />

por isso, têm direito à prestação <strong>de</strong> socorro quando<br />

<strong>de</strong>le necessitam.<br />

Os <strong>Bombeiros</strong> <strong>de</strong> hoje são homens e mulheres<br />

informados e esclarecidos. As suas necessida<strong>de</strong>s<br />

e expectativas são diferentes – muito diferentes<br />

– dos seus congéneres <strong>de</strong> gerações anteriores. A<br />

única semelhança é que os bombeiros <strong>de</strong> todas<br />

as gerações são homens – e também mulheres<br />

– diferentes dos outros. E isto torna-os únicos na<br />

socieda<strong>de</strong>.<br />

Nestes tempos conturbados e tristes, <strong>de</strong> crise<br />

<strong>de</strong> valores, <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrença, <strong>de</strong> dúvida, acreditar na<br />

instituição <strong>Bombeiros</strong> é acreditar no que há <strong>de</strong><br />

melhor em cada pessoa, pondo ao serviço dos<br />

outros esta forma particular <strong>de</strong> SER e ESTAR.<br />

Vou continuar à espera das histórias <strong>de</strong> bombeiros<br />

na primeira pessoa, para po<strong>de</strong>r revelar aos<br />

nossos concidadãos, o exemplo que eles representam<br />

para todos nós.

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