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Bovinos Gir Leiteiro e Nelore, ovinos Santa Inês e caprinos Anglo ...

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Fotos: Divulgação<br />

Gado Zebu<br />

Complexo da<br />

F<br />

ilha, neta e sobrinha de fazendeiros,<br />

Izamar Dantas de Souza Nunes até<br />

tentou fugir do destino. Doutora respeitada,<br />

formou-se em biomedicina e foi<br />

para São Paulo para atuar como pesquisadora<br />

científica na Escola Paulista de Medicina.<br />

Por certa ironia, acabou integrando<br />

um grupo de pesquisa para vacinas contra<br />

caroço de cabra. Como o marido, José<br />

Nunes, jornalista de formação, já possuía<br />

algumas cabeças de <strong>ovinos</strong> e <strong>caprinos</strong>,<br />

voltou às origens, para, como ela diz,<br />

“unir o útil ao agradável”. Foi quando, na<br />

década de 80, largou a profissão para se<br />

34 - NOVEMBRO 2010<br />

<strong>B<strong>ovinos</strong></strong> <strong>Gir</strong> <strong>Leiteiro</strong> e <strong>Nelore</strong>, <strong>ovinos</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Inês</strong> e <strong>caprinos</strong> <strong>Anglo</strong>-nubiano<br />

e Böer formam o ciclo produtivo da JN Agropecuária<br />

Adilson Rodrigues<br />

adilson@revistaag.com.br<br />

dedicar exclusivamente a maior dádiva<br />

que Deus lhe deu: criar gado. Em pouco<br />

tempo, o plantel de <strong>ovinos</strong> evoluiu para<br />

b<strong>ovinos</strong> e, assim, teve início a história da<br />

JN Agropecuária.<br />

A grande aposta foi na rusticidade<br />

do <strong>Gir</strong>olando, resistente ao calor e competente<br />

na produção leiteira. Hipotenusa,<br />

Encastada e Pinta Roxa foram marcantes.<br />

Esta última foi um marco na seleção JN.<br />

Foi recordista nacional em produtividade<br />

e, especialmente, em fertilidade. Em apenas<br />

três aspirações, Pinta Roxa produziu<br />

296 oócitos viáveis, os quais deram ori-<br />

PEC<br />

Campeã leiteira na<br />

Fenagro, Bonança estará à<br />

venda no Leilão Essência<br />

do GIR, em 3 de dezembro<br />

gem a 102 fêmeas no plantel. “Tivemos<br />

até de abortar o restante, pois ficamos sem<br />

receptoras para enxertar”, destaca a pecuarista.<br />

Hipotenusa também fez história.<br />

Produzia 68 kg de leite por dia sem esforço<br />

algum. Concorreu nos campeonatos da<br />

feira de Sergipe e ganhou tudo, inclusive<br />

de vacas holandesas. Encastada, como<br />

suas antecessoras, fez bonito em diversas<br />

outras mostras.<br />

E não poderia ser diferente, Izamar e<br />

José Nunes compraram o que havia de<br />

melhor na época. O plantel chegou a ter<br />

800 doadoras, com produção de 1.000 kg


UÁRIA<br />

de leite por dia. Hoje, restam cerca de 260.<br />

Tudo porque uma outra raça conquistou o<br />

coração de Izamar 13 anos atrás. O <strong>Gir</strong><br />

<strong>Leiteiro</strong> começou a ser multiplicado. O<br />

trabalho de melhoramento desenvolvido<br />

é forte, mas o projeto desenhado tomou<br />

um rumo diferente do <strong>Gir</strong>olando. O foco<br />

ficou fechado no desempenho da raça na<br />

produção de leite, sem almejar a pista.<br />

Muito bons animais foram produzidos e<br />

o <strong>Gir</strong> já contabiliza 270 cabeças. Um bom<br />

exemplo dessa seleção é a vaca Bonança.<br />

No ano passado, ela foi a Grande Campeã<br />

do torneio leiteiro da Fenagro, feira<br />

já considerada a terceira maior do País. A<br />

produção dela foi de 29,707 kg de leite.<br />

Além dela, há Amela, Ministra, Romeira,<br />

Colina, entre outras muitas.<br />

Os números comprovam que o faro<br />

da JN Agropecuária a guia para o caminho<br />

certo. Tanto é verdade que os animais<br />

de Izamar preparam-se para ganhar<br />

o mundo. Muito adaptado às condições<br />

tropicais, a criadora está prestes a fechar<br />

vendas para a África. Presente em um<br />

dos remates da JN, o angolano Desidério<br />

Costa, que já teve raízes fincadas no Brasil,<br />

ficou impressionado com a qualidade<br />

genética dos animais e sem hesitar tentou<br />

fechar a compra de um “caminhão” de<br />

gado. O negócio só não aconteceu ainda<br />

porque Izamar está esperando que Desidério,<br />

que já foi ministro do Petróleo da<br />

Betina acompanhada<br />

das filhas<br />

Angola, ajuste o manejo da fazenda para<br />

receber os b<strong>ovinos</strong>, o que deve acontecer<br />

nos próximos meses.<br />

“Os angolanos acham que os animais<br />

precisam comer apenas duas vezes por<br />

dia. Na minha fazenda, só meus cachorros<br />

comem essa quantidade. Minhas vacas<br />

precisam se alimentar mais de quatro vezes<br />

por dia”, conta em tom descontraído.<br />

Não só no aporte nutricional ela é exigente,<br />

o manejo sanitário é rigoroso, herança<br />

da experiência adquirida em biomedicina<br />

e pesquisa científica. Segundo ela, tudo<br />

tem de estar muito bem limpo. É exatamente<br />

por este motivo que a proprietária<br />

se orgulha em exaltar o manejo sanitário<br />

da fazenda. “Há mais de três anos eu não<br />

perco um bezerro sequer. Não temos doenças<br />

dentro do criatório e sou muito exigente<br />

quanto a isso. Sou pior que o “Dr.<br />

Bactéria’”, explica.<br />

A JN Agropecuária expandiu os negócios<br />

para a pecuária de corte e há cinco<br />

anos o <strong>Nelore</strong> integrou o projeto do casal<br />

Nunes. Foi feita uma parceria forte com<br />

a Fazenda Monte Verde, de Felipe Picciani,<br />

que também é presidente da Associação<br />

dos Criadores de <strong>Nelore</strong> do Brasil<br />

(ACNB), entre outros selecionadores<br />

consagrados. Dos leilões de Picciani, vieram<br />

as doadoras, netas de Ópera e Bilara,<br />

duas das linhagens mais conceituadas da<br />

atualidade. Destaque também para Betina<br />

I da Sabiá, um dos primeiros lotes arrematados.<br />

Mesmo nascendo mais fêmeas que<br />

machos, a propriedade consegue produzir<br />

cerca de 70 touros por ano. Raramente,<br />

fica algum na fazenda. São animais que<br />

desmamam bezerros de oito arrobas, sendo<br />

muito disputados na região e vendidos<br />

de forma direta. Os tourinhos de três ou<br />

quatro anos são comercializados a uma<br />

média de R$ 6.000,00. Ao todo, existem<br />

500 cabeças de <strong>Nelore</strong>.<br />

De acordo com Izamar, a única preocupação<br />

é produzir filhos melhores que os<br />

pais, e isso vem sendo alcançado. “Nossa<br />

meta é tornar a JN Agropecuária uma referência<br />

na criação de gado no Nordeste.<br />

Izamar é uma apaixonada<br />

pela pecuária<br />

Já conseguimos isso com nosso Leilão<br />

Essência. Ele é muito comentado aqui na<br />

Bahia e reconhecido em todo o Nordeste”,<br />

destaca. A JN realiza três leilões por ano,<br />

o Leilão Axé do <strong>Gir</strong>, em abril; o Excelência<br />

Baby <strong>Gir</strong> <strong>Leiteiro</strong>, em novembro; e o<br />

Essência <strong>Gir</strong> <strong>Leiteiro</strong>, em dezembro, que<br />

na última edição faturou R$ 1 milhão sem<br />

transmissão de canal. O <strong>Nelore</strong> é ofertado,<br />

ocasionalmente, junto com o <strong>Gir</strong> no<br />

Leilão Axé e outros remates que acontecem<br />

em Salvador (BA). Numa edição em<br />

que mesclou <strong>Gir</strong> e <strong>Nelore</strong>, o faturamento<br />

chegou a R$ 633 mil, com a venda de 20<br />

lotes <strong>Nelore</strong> e 20 de <strong>Gir</strong>. O primeiro bateu<br />

média de R$ 9 mil e o segundo R$ 11,7<br />

mil. E quem compra embriões leva no<br />

pacote uma receptora avaliada em R$ 20<br />

mil, que na verdade é uma <strong>Gir</strong>olando com<br />

muita carga genética.<br />

A JN Agropecuária é dividida em quatro<br />

fazendas. Uma está localizada no município<br />

de Cambeas, onde fica o <strong>Gir</strong>; uma<br />

fica em Matas de São João, que concentra<br />

as receptoras e o <strong>Nelore</strong> de produção;<br />

uma em Alagoinha, retiro dos machos <strong>Gir</strong><br />

e <strong>Nelore</strong> PO; e uma em Jequié, sede para<br />

os <strong>ovinos</strong>, <strong>caprinos</strong> e <strong>Nelore</strong> corte.<br />

Se existe uma definição para o trabalho<br />

desenvolvido por Izamar é competência<br />

e, acima de tudo, paixão. “Eu<br />

me envolvo em tudo. Levanto às 4 da<br />

manhã, abasteço o cocho, dou banho nos<br />

animais. Acompanho o máximo que posso.<br />

Também tenho uma equipe em que<br />

confio bastante, especialmente o Júnior<br />

Lobo, que considero um filho, e o veterinário<br />

Ocalino, competente, é o único<br />

que toca nas vacas do plantel”, conclui<br />

a criadora.<br />

REVISTA AG - 35

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