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O desenvolvimento do capitalismo e a crise ambiental - O Social em ...

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438 Ana Carolina Quintana e Vanessa Hacon<br />

desta, tanto para a continuidade <strong>do</strong> processo de acumulação <strong>do</strong> capital, quanto para<br />

as perspectivas das lutas de classe e da <strong>em</strong>ancipação humana (ROMERO, 2009).<br />

Expressão concentrada das contradições <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de produção capitalista, a <strong>crise</strong><br />

é constitutiva <strong>do</strong> <strong>capitalismo</strong>. Longe de ser um perío<strong>do</strong> inespera<strong>do</strong> de turbulências<br />

econômicas, sociais e políticas, a <strong>crise</strong> é altamente previsível, dadas as condições de<br />

funcionamento <strong>do</strong> próprio sist<strong>em</strong>a. No entanto, é preciso distinguir as <strong>crise</strong>s parciais,<br />

que faz<strong>em</strong> parte da dinâmica de acumulação <strong>do</strong> capital, das <strong>crise</strong>s gerais, que<br />

representariam um colapso mais amplo <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a, colocan<strong>do</strong> <strong>em</strong> xeque as relações<br />

societais vigentes (BOTTOMORE, 2001). A <strong>crise</strong> resulta, <strong>em</strong> última instância, da<br />

contradição central <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de produção capitalista, isto é, da contradição entre a<br />

produção socializada e a sua apropriação privada.<br />

Mais recent<strong>em</strong>ente, alguns autores vêm chaman<strong>do</strong> a atenção para a estreita ligação<br />

entre a dinâmica capitalista e a <strong>crise</strong> <strong>ambiental</strong>. Apesar das divergências entre<br />

os autores, to<strong>do</strong>s concordam com o fato de que a atual <strong>crise</strong> <strong>ambiental</strong> deve a sua<br />

razão primordial às contradições inerentes ao mo<strong>do</strong> de produção capitalista. Para<br />

James O’Connor (2002), a <strong>crise</strong> <strong>ambiental</strong> derivaria <strong>do</strong> que ele chamou de segunda<br />

contradição <strong>do</strong> <strong>capitalismo</strong>, isto é, uma <strong>crise</strong> de custos das condições de produção.<br />

A <strong>crise</strong> de custos t<strong>em</strong> a sua orig<strong>em</strong> no fato de que, no sist<strong>em</strong>a capitalista, o lucro<br />

estaria acima de qualquer pr<strong>em</strong>issa, inclusive da degradação das condições materiais<br />

e sociais de sua própria reprodução. Por não considerar os limites orgânicos<br />

da natureza, o <strong>capitalismo</strong> intensifica a d<strong>em</strong>anda por mais capital para manter o<br />

mesmo nível de lucratividade mediante o declínio das suas condições de produção.<br />

Na tentativa de manter ou restaurar o lucro, externaliza os efeitos negativos <strong>do</strong> processo<br />

produtivo, socializan<strong>do</strong> a degradação <strong>ambiental</strong>, o esgotamento <strong>do</strong>s recursos<br />

naturais e a perda de bio e sociodiversidade, e, por outro la<strong>do</strong>, apropria-se privadamente<br />

da riqueza produzida. Ao contrário <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> o processo produtivo<br />

contava com supostas fontes inesgotáveis de recursos materiais e de energia,<br />

hoje o mesmo depara-se com impedimentos ecológicos às atividades econômicas<br />

(MONTIBELLER-FILHO, 2001), <strong>em</strong> função <strong>do</strong> ritmo de produção atingi<strong>do</strong> assim<br />

como a sobreposição <strong>do</strong> valor de troca ao valor de uso.<br />

(...) nesse sist<strong>em</strong>a, a concorrência precipita os capitais individuais numa luta de vida<br />

ou morte pela externalização <strong>do</strong>s custos de produção e de provimento das condições<br />

de produção. Assim, como efeito não pretendi<strong>do</strong> orquestra<strong>do</strong> por uma maligna<br />

mão invisível, verdadeira tragédia <strong>do</strong>s comuns, cresc<strong>em</strong> continuamente os custos<br />

das tarefas de provimento das condições naturais da produção, tarefas que, eviden-<br />

O <strong>Social</strong> <strong>em</strong> Questão - Ano XIV - nº 25/26 - 2011<br />

pg 427 - 444

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