O desenvolvimento do capitalismo e a crise ambiental - O Social em ...
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430 Ana Carolina Quintana e Vanessa Hacon<br />
Lênin (2008), atento às mudanças ocorridas na escala de expansão de capitais,<br />
no início <strong>do</strong> século XX, aponta para a transformação qualitativa <strong>do</strong> <strong>capitalismo</strong>, que,<br />
para ele, teria inaugura<strong>do</strong> a sua fase superior imperialista monopolista. Uma das<br />
particularidades que destaca nesse processo é a concentração da produção <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas<br />
cada vez maiores que, ao atingir<strong>em</strong> determina<strong>do</strong> grau de <strong>desenvolvimento</strong><br />
basea<strong>do</strong> na centralização e controle de distintos ramos da produção, culminam na<br />
formação de monopólios. Ao perceber<strong>em</strong> a possibilidade de redução <strong>do</strong>s custos e<br />
consequente aumento <strong>do</strong> lucro no processo produtivo, as <strong>em</strong>presas anteriormente<br />
concorrentes passam a organizar-se <strong>em</strong> novas formas monopolistas, como os cartéis<br />
e trustes, e deste mo<strong>do</strong> provocam a transformação radical da esfera econômica da<br />
vida com des<strong>do</strong>bramentos sobre a sua componente social, política e ideológica.<br />
É váli<strong>do</strong> ressaltar que, se a criação <strong>do</strong>s monopólios conduz à socialização da produção,<br />
principalmente no que tange ao aperfeiçoamento das técnicas – pois a reunião<br />
<strong>em</strong> uma só <strong>em</strong>presa de diferentes ramos da indústria possibilita a troca de importantes<br />
estratégias para o <strong>desenvolvimento</strong> <strong>do</strong> processo produtivo –, essa nova forma de organização<br />
social de grupos econômicos <strong>em</strong> conglomera<strong>do</strong>s também o faz sob o regime<br />
da propriedade privada. Neste senti<strong>do</strong>, “a produção passa a ser social, mas a apropriação<br />
continua a ser privada. Os meios sociais de produção continuam a ser propriedade<br />
privada de um reduzi<strong>do</strong> número de indivíduos” (LÊNIN, 2008, p.26).<br />
Para Lênin (2008), o fator determinante para a expansão <strong>do</strong> <strong>capitalismo</strong> e transição<br />
para a sua fase imperialista foi a junção <strong>do</strong> capital industrial ao bancário, o que<br />
possibilitou a concentração de uma enorme massa de capital e proveu a condição<br />
para que os grandes conglomera<strong>do</strong>s industriais pudess<strong>em</strong> expandir a sua produção e<br />
atuar para além das fronteiras <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-nação. Neste processo, os bancos passam a<br />
recolher rendimentos <strong>em</strong> dinheiro de to<strong>do</strong> o gênero, tanto <strong>do</strong>s grandes capitalistas<br />
como <strong>do</strong>s <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s, pequenos patrões e, até mesmo, de uma reduzida camada<br />
superior <strong>do</strong>s operários. Com isso, intensifica-se, com grande rapidez, o processo de<br />
concentração <strong>do</strong> capital e de constituição de monopólios, uma vez que os bancos<br />
passam a deter grandes somas de capital-dinheiro <strong>do</strong> conjunto <strong>do</strong>s capitalistas e<br />
trabalha<strong>do</strong>res. Ou seja, de meros intermediários passam a ocupar lugar central na<br />
economia disponibilizan<strong>do</strong> à classe capitalista grandes montantes de capital para<br />
investimento nas atividades produtivas. Surge assim uma oligarquia financeira capaz<br />
de impor, por meio <strong>do</strong> seu poderio econômico, os rumos <strong>do</strong>s investimentos capitalistas,<br />
engendran<strong>do</strong> uma dependência crescente <strong>em</strong> decorrência <strong>do</strong>s <strong>em</strong>préstimos<br />
concedi<strong>do</strong>s. Do ponto de vista político, destaca-se uma articulação de tais grupos<br />
na atuação <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s e <strong>em</strong> suas políticas econômicas.<br />
O <strong>Social</strong> <strong>em</strong> Questão - Ano XIV - nº 25/26 - 2011<br />
pg 427 - 444