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O desenvolvimento do capitalismo e a crise ambiental - O Social em ...

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432 Ana Carolina Quintana e Vanessa Hacon<br />

mente da terra; processos coloniais, neocoloniais e imperiais de apropriação de<br />

ativos (inclusive de recursos naturais); o comércio de escravos; e a usura, a dívida<br />

nacional e, <strong>em</strong> última análise, o sist<strong>em</strong>a de crédito como meios radicais de acumulação<br />

primitiva (HARVEY, 2004, p.121). As expropriações constitu<strong>em</strong> parte fundamental<br />

<strong>do</strong> processo de expansão capitalista na medida <strong>em</strong> que forçam os trabalha<strong>do</strong>res,<br />

destituí<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s seus meios de produção – inicialmente as massas agrárias<br />

expropriadas da terra –, a vender<strong>em</strong> a sua força de trabalho como único meio de<br />

sobrevivência. É apenas sob tal condição social de vulnerabilidade que se pode dar a<br />

extração de mais-valia a partir da exploração <strong>do</strong> trabalho. Por sua vez, a privatização<br />

<strong>do</strong>s meios de produção ocasiona a apropriação privada da riqueza produzida. Além<br />

disso, visan<strong>do</strong> à ampliação de um merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, é necessária a inserção de<br />

populações <strong>em</strong> uma situação social mercantil, concomitant<strong>em</strong>ente necessitadas de<br />

adentrar<strong>em</strong> o merca<strong>do</strong> e ávidas por participar<strong>em</strong> deste.<br />

Ainda que o <strong>capitalismo</strong> não possa ser reduzi<strong>do</strong> ao contexto de expropriações,<br />

“o pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> capital no plano mundial tende a exigir e impulsionar constantes<br />

expropriações” (FONTES, 2010, p. 44). Portanto, as mesmas constitu<strong>em</strong> um<br />

processo permanente na lógica de reprodução capitalista que, no entanto, não se<br />

limita a sua forma originária de expropriação sobre os trabalha<strong>do</strong>res. Nesse senti<strong>do</strong>,<br />

as antigas formas de expropriação, conjugadas às novas modalidades surgidas<br />

no bojo <strong>do</strong> <strong>capitalismo</strong> cont<strong>em</strong>porâneo, avançam ferozmente sobre a natureza na<br />

busca pela produção de valor, “resultan<strong>do</strong> numa mercantilização inimaginável de<br />

todas as formas da vida social e humana” (FONTES, 2010, p.59). São ex<strong>em</strong>plos<br />

deste cenário a biopirataria, o patenteamento de códigos genéticos, a privatização<br />

de recursos naturais antes comunais (terra, água, ar), além da degradação e poluição<br />

<strong>do</strong>s ambientes naturais <strong>em</strong> ritmos alarmantes. Este processo incide ainda sobre os<br />

direitos adquiri<strong>do</strong>s no campo <strong>ambiental</strong>, com a tentativa de desmonte da legislação<br />

<strong>ambiental</strong> que sequer experimentou a sua execução plena.<br />

O advento da agricultura capitalista e a cisão cidade-campo<br />

Autores como Foster (2005) atentam para as implicações das relações sociais<br />

capitalistas sobre o meio ambiente, com efeitos depreda<strong>do</strong>res <strong>em</strong> escala<br />

s<strong>em</strong>pre crescente. A busca ilimitada pelo abastecimento constante <strong>do</strong>s recursos<br />

naturais e a amplitude cada vez maior das relações de produção capitalistas por<br />

to<strong>do</strong> o globo impõ<strong>em</strong> um ritmo frenético de produção e consumo, incompatível<br />

com o ritmo da natureza. As depredações e as poluições decorrentes deste<br />

padrão ating<strong>em</strong> uma escala de efeito sobre o meio ambiente superior a qualquer<br />

O <strong>Social</strong> <strong>em</strong> Questão - Ano XIV - nº 25/26 - 2011<br />

pg 427 - 444

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