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Prática da Manutenção - Mundo Mecânico

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<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

Centro de Formação Profissional “Anielo Greco”<br />

<strong>Prática</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>Manutenção</strong><br />

Divinópolis 2.006<br />

Técnico em Mecânica Industrial


Presidente <strong>da</strong> FIEMG<br />

Robson Braga de Andrade<br />

Gestor do SENAI<br />

Petrônio Machado Zica<br />

<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

Diretor Regional do SENAI e<br />

Superintendente de Conhecimento e Tecnologia<br />

Alexandre Magno Leão dos Santos<br />

Gerente de Educação e Tecnologia<br />

Edmar Fernando de Alcântara<br />

Elaboração<br />

Gledson Pereira Maia<br />

Uni<strong>da</strong>de Operacional<br />

Centro de Formação Profissional “Anielo Greco”<br />

Técnico em Mecânica Industrial


Sumário<br />

<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

SUMÁRIO.............................................................................................................................................. 3<br />

APRESENTAÇÃO................................................................................................................................. 5<br />

1. MANUTENÇÃO CONCEITOS E OBJETIVOS................................................................................... 6<br />

1.2.TÉCNICAS DE DESMONTAGEM DE CONJUNTOS MECÂNICOS:.............................................. 8<br />

1.3.MONTAGEM DE CONJUNTOS MECÂNICOS.............................................................................. 11<br />

2.TÉCNICAS PREDITIVAS DE MANUTENÇÃO................................................................................. 13<br />

2.1.MONITORAMENTO....................................................................................................................... 13<br />

2.2.ANÁLISE DE VIBRAÇÕES............................................................................................................ 13<br />

2.3.ANÁLISE DE LUBRIFICANTES POR MEIO DA TÉCNICA FERROGRÁFICA............................ 19<br />

2.4.TERMOGRAFIA............................................................................................................................. 25<br />

3.TRANSMISSÔES MECÂNICAS....................................................................................................... 25<br />

3.1.EIXOS............................................................................................................................................. 25<br />

3.2.CORRENTES................................................................................................................................. 28<br />

3.3.POLIAS E CORREIAS................................................................................................................... 30<br />

3.4.ENGRENAGENS........................................................................................................................... 40<br />

4.ACOPLAMENTOS............................................................................................................................ 46<br />

4.1.CLASSIFICAÇÃO.......................................................................................................................... 46<br />

4.2.MONTAGEM DE ACOPLAMENTOS............................................................................................. 48<br />

4.3.LUBRIFICAÇÃO DE ACOPLAMENTOS....................................................................................... 48<br />

5.ROLAMENTOS................................................................................................................................. 49<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

5.1.CLASSIFICAÇÃO.......................................................................................................................... 49<br />

5.2.IDENTIFICAÇÃO........................................................................................................................... 53<br />

5.3.MANUTENÇÃO.............................................................................................................................. 57<br />

5.4.LUBRIFICAÇÃO............................................................................................................................ 67<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

APRESENTAÇÃO<br />

“Mu<strong>da</strong> a forma de trabalhar, agir, sentir, pensar na chama<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de do<br />

conhecimento. “<br />

Peter Drucker<br />

O ingresso na socie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> informação exige mu<strong>da</strong>nças profun<strong>da</strong>s em todos os<br />

perfis profissionais, especialmente naqueles diretamente envolvidos na produção,<br />

coleta, disseminação e uso <strong>da</strong> informação.<br />

O SENAI, maior rede priva<strong>da</strong> de educação profissional do país,sabe disso , e<br />

,consciente do seu papel formativo , educa o trabalhador sob a égide do conceito <strong>da</strong><br />

competência:” formar o profissional com responsabili<strong>da</strong>de no processo produtivo, com<br />

iniciativa na resolução de problemas, com conhecimentos técnicos aprofun<strong>da</strong>dos,<br />

flexibili<strong>da</strong>de e criativi<strong>da</strong>de, empreendedorismo e consciência <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de educação<br />

continua<strong>da</strong>.”<br />

Vivemos numa socie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> informação. O conhecimento , na sua área tecnológica,<br />

amplia-se e se multiplica a ca<strong>da</strong> dia. Uma constante atualização se faz necessária.<br />

Para o SENAI, cui<strong>da</strong>r do seu acervo bibliográfico, <strong>da</strong> sua infovia, <strong>da</strong> conexão de<br />

suas escolas à rede mundial de informações – internet- é tão importante quanto<br />

zelar pela produção de material didático.<br />

Isto porque, nos embates diários,instrutores e alunos , nas diversas oficinas e<br />

laboratórios do SENAI, fazem com que as informações, conti<strong>da</strong>s nos materiais<br />

didáticos, tomem sentido e se concretizem em múltiplos conhecimentos.<br />

O SENAI deseja , por meio dos diversos materiais didáticos, aguçar a sua<br />

curiosi<strong>da</strong>de, responder às suas deman<strong>da</strong>s de informações e construir links entre os<br />

diversos conhecimentos, tão importantes para sua formação continua<strong>da</strong> !<br />

Gerência de Educação e Tecnologia<br />

____________________________________________________________<br />

5<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

1. MANUTENÇÃO CONCEITOS E OBJETIVOS<br />

Podemos entender manutenção como o conjunto de “cui<strong>da</strong>dos técnicos”<br />

indispensáveis ao funcionamento regular e permanente de máquinas, equipamentos,<br />

ferramentas e instalações. Esses cui<strong>da</strong>dos envolvem a conservação, adequação, a<br />

restauração, a substituição e a prevenção. De modo geral, a manutenção em uma<br />

empresa tem como objetivos:<br />

Manter equipamentos e máquinas em condições de pleno funcionamento<br />

para garantir a produção normal e a quali<strong>da</strong>de dos produtos.<br />

Prevenir prováveis falhas ou quebras dos elementos <strong>da</strong>s máquinas.<br />

No passado a manutenção era vista como um mal necessário que envolvia um certo<br />

custo fixo e no qual a má sorte tinha um lugar freqüentemente. Hoje a tendência nas<br />

indústrias competitivas é aplicar na manutenção os mesmos métodos de tecnologia<br />

e de gerência que são usados com sucesso na operação <strong>da</strong> planta.<br />

Enfim, a manutenção ideal de uma máquina é a que permite alta disponibili<strong>da</strong>de<br />

para a produção durante todo o tempo em que ela estiver em serviço a um custo<br />

adequado.<br />

1.1.TIPOS DE MANUTENÇÃO<br />

Existem dois grandes grupos de manutenção: a programa<strong>da</strong> e a não programa<strong>da</strong>. A<br />

manutenção programa<strong>da</strong> classifica-se em quatro categorias: preventiva, preditiva,<br />

TPM e Terotecnologia.<br />

A manutenção preventiva consiste no conjunto de procedimentos e ações<br />

antecipa<strong>da</strong>s que visam manter a máquina em funcionamento. Presume-se que o<br />

serviço de manutenção possa ser planejado em termos de número de horas de<br />

operação de máquina ou mesmo de um tempo total decorrido, em horas, ano, ciclos,<br />

quilometragem percorri<strong>da</strong>, capaci<strong>da</strong>de produzi<strong>da</strong> ( t, Kg), etc. A preventiva tem como<br />

vantagens:<br />

O serviço é planejado dessa forma superando diversas desvantagens <strong>da</strong><br />

manutenção por quebra.<br />

Ocorrem menos quebras repentinas.<br />

Por outro lado, a preventiva apresenta as seguintes desvantagens:<br />

Realiza-se trabalho desnecessário quando o programador de manutenção<br />

tenta evitar quebras repentinas (para<strong>da</strong>s de emergência) realizando<br />

manutenção e/ou revisando máquinas enquanto elas ain<strong>da</strong> estão em boas<br />

condições.<br />

Os defeitos ain<strong>da</strong> acontecem, uma vez que o programa de manutenção, leva<br />

em consideração apenas as condições médias dos equipamentos <strong>da</strong> planta,<br />

baseado em histórico e/ou recomen<strong>da</strong>ção do fabricante.<br />

A manutenção preditiva é um tipo de ação preventiva basea<strong>da</strong> no conhecimento<br />

<strong>da</strong>s condições de ca<strong>da</strong> um dos componentes <strong>da</strong>s máquinas e equipamentos. É<br />

usa<strong>da</strong> para maximizar o uso <strong>da</strong> máquina e é basea<strong>da</strong> na premissa de que a<br />

condição de todos os componentes relevantes <strong>da</strong> máquina é sabi<strong>da</strong> o tempo todo. O<br />

planejamento <strong>da</strong> manutenção é baseado tanto na produção quanto nas<br />

necessi<strong>da</strong>des conheci<strong>da</strong>s de manutenção. Testes e medições são feitos<br />

periodicamente para determinar a época adequa<strong>da</strong> para substituições ou reparos de<br />

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6<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

peças. Exemplos: análise de vibrações, análise de óleo, etc. A preditiva tem como<br />

vantagens:<br />

A disponibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> máquina é maximiza<strong>da</strong> resultando em maior utilização do<br />

capital investido<br />

O tempo de para<strong>da</strong> <strong>da</strong> planta pode ser programado economicamente, para<br />

atender as necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> produção.<br />

As quebras inespera<strong>da</strong>s são minimiza<strong>da</strong>s, bem como os seus <strong>da</strong>nos<br />

resultantes.<br />

Os custos manutenção são minimizados ao reduzir os eventos de<br />

manutenção desnecessários.<br />

O inventário de peças de reposição é minimizado (baixo estoque).<br />

Por outro lado, a preditiva apresenta como desvantagem o alto custo de<br />

operação, pois os instrumentos e aparelhos utilizados para medições e/ou<br />

ensaios são sofisticados e caros. Estu<strong>da</strong>remos um pouco mais detalhado no<br />

capítulo 2, algumas técnicas de manutenção preditiva.<br />

A TPM ( manutenção produtiva total) foi desenvolvi<strong>da</strong> no Japão. É um modelo<br />

baseado no conceito “ de minha máquina cuido eu”.A TPM inclui programas de<br />

manutenção preditiva e preventiva. A manutenção produtiva total é basea<strong>da</strong> em<br />

cinco pilares básicos:<br />

Eficiência: ativi<strong>da</strong>des que aumentam a eficiência do equipamento.<br />

Auto reparo: estabelecimento de um sistema de manutenção autônomo<br />

pelos operadores.<br />

Planejamento:estabelecimento de um sistema planejado de manutenção.<br />

Treinamento: estabelecimento de um sistema de treinamento objetivando<br />

aumentar as habili<strong>da</strong>des técnicas do pessoal.<br />

Ciclo de vi<strong>da</strong>: estabelecimento de um sistema de gerenciamento do<br />

equipamento.<br />

A Terotecnologia é uma técnica inglesa que determina a participação de um<br />

especialista em manutenção desde a concepção do equipamento até sua instalação<br />

e primeiras horas de produção. O objetivo é obter equipamentos que facilitam a<br />

intervenção dos mantenedores.<br />

A manutenção não programa<strong>da</strong>, ou corretiva, ou “por quebra”, acontece quando<br />

ocorre o imprevisto, ou seja a falha. Excluindo-se a lubrificação, não é realiza<strong>da</strong><br />

nenhuma manutenção planeja<strong>da</strong>. As máquinas são conserta<strong>da</strong>s ou substituí<strong>da</strong>s<br />

quando se tornam improdutivas, seja devido a deterioração gradual <strong>da</strong> sua<br />

performance, seja em função dos baixos resultados de produção ou devido a defeito<br />

repentino, gerando para<strong>da</strong> de emergência. Tem como vantagens:<br />

As vezes pode ser a opção mais barata no curto prazo<br />

Não exige nenhum planejamento.<br />

Por outro lado a corretiva apresenta as seguintes desvantagens:<br />

Interrupções não planeja<strong>da</strong>s devido a defeitos causam per<strong>da</strong>s<br />

desnecessárias na produção<br />

As interrupções podem ocorrem em horas desvantajosas quando não há<br />

mão-de-obra disponível.<br />

A disponibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> planta fica baixa exigindo assim um investimento mais<br />

alto de capital na mesma para se ter a mesma capaci<strong>da</strong>de de produção.<br />

O estoque tem que ser grande.<br />

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Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

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1.2.TÉCNICAS DE DESMONTAGEM DE CONJUNTOS MECÂNICOS:<br />

Em geral, uma máquina ou equipamento industrial instalado corretamente,<br />

funcionando nas condições especifica<strong>da</strong>s pelo fabricante e recebendo cui<strong>da</strong>dos<br />

periódicos do serviço de manutenção preventiva é capaz de trabalhar, sem<br />

problemas , por muitos anos.<br />

Entretanto, quando algum dos componentes falha, seja por descuido na operação,<br />

seja por deficiência na manutenção, é necessário identificar o defeito e eliminar suas<br />

causas.<br />

No caso de máquinas mais simples, é relativamente fácil identificar o problema e<br />

providenciar sua eliminação, porém, quando se trata de máquinas mais complexas,<br />

a identificação do problema e a sua remoção exigem, do mecânico de manutenção,<br />

a adoção de procedimentos seqüenciais bem distintos.<br />

O primeiro fato a ser considerado é que não se deve desmontar uma máquina antes<br />

<strong>da</strong> análise dos problemas. A análise, como já foi visto anteriormente, deve ser<br />

basea<strong>da</strong> no relatório do operador, no exame <strong>da</strong> ficha de manutenção <strong>da</strong> máquina e<br />

na realização de testes envolvendo os instrumentos de controle.<br />

Salientamos novamente, que a desmontagem completa de uma máquina deve ser<br />

evita<strong>da</strong> sempre que possível, porque deman<strong>da</strong> gasto de tempo com a conseqüente<br />

elevação dos custos, uma vez que as máquina encontra-se indisponível para a<br />

produção.<br />

Agora, se a desmontagem precisa ser feita, há uma seqüência de procedimentos<br />

recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>:<br />

Desligar os circuitos elétricos<br />

remover as peças externas, feitas de plástico, borracha ou couro.<br />

Limpar a máquina<br />

Drenar os fluidos<br />

Remover os circuitos elétricos<br />

Remover alavancas, mangueiras, tubulações e cabos<br />

Calçar os componentes pesados.<br />

Essa seqüência de procedimentos fun<strong>da</strong>menta-se nas seguintes razões:<br />

a) é preciso desligar, antes de tudo, os circuitos elétricos para evitar acidentes.<br />

b) A remoção <strong>da</strong>s peças externas consiste na retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s proteções de guias,<br />

barramentos e raspadores de óleo. Essa remoção é necessária para facilitar o<br />

trabalho de desmonte.<br />

c) A limpeza preliminar <strong>da</strong> máquina evita interferências <strong>da</strong>s sujeiras ou resíduos<br />

que poderiam contaminar componentes importantes e delicados.<br />

d) É necessário drenar reservatórios de óleos lubrificantes e refrigerantes para<br />

evitar possíveis acidentes e espalhamento desses óleos no chão ou na banca<strong>da</strong><br />

de trabalho.<br />

e) Os circuitos elétricos devem ser removidos para facilitar a desmontagem e<br />

limpeza do setor. Após remoção devem ser revistos pelo setor de manutenção<br />

elétrica.<br />

f) Os conjuntos mecânicos pesados devem ser calçados para evitar o desequilíbrio<br />

e a que<strong>da</strong> de seus componentes, o que previne acidentes e <strong>da</strong>nos as peças.<br />

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Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

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Obedeci<strong>da</strong> a seqüência destes procedimentos, o operador deverá continuar com a<br />

desmontagem <strong>da</strong> máquina, podendo adotar as seguintes operações:<br />

a) colocar desoxi<strong>da</strong>ntes nos parafusos, pouco antes de removê-los. Os<br />

desoxi<strong>da</strong>ntes atuam sobre a ferrugem dos parafusos, facilitando a retira<strong>da</strong> deles.<br />

Se a ação dos desoxi<strong>da</strong>ntes não for eficiente, pode-se aquecer os parafusos com<br />

a chama oxiacetilênica.<br />

b) Para desapertar os parafusos, a seqüência é a mesma que a adota<strong>da</strong> para os<br />

apertos. A tabela a seguir mostra a seqüência de apertos. Conhecendo a<br />

seqüência de apertos, sabe-se a seqüência de desapertos.<br />

É importante obedecer à orientação <strong>da</strong> tabela para que o aperto dos elementos de<br />

fixação seja adequado ao esforço a que eles podem ser submetidos. Um aperto<br />

além do imite pode causar de formação e desalinhamento do conjunto de peças.<br />

c) Identificar a posição do componente <strong>da</strong> máquina antes <strong>da</strong> sua remoção.<br />

d) Remover e colocar as peças na banca<strong>da</strong>, mantendo-as na posição correta de<br />

funcionamento. Isto facilita a montagem e, se for o caso, aju<strong>da</strong> na confecção de<br />

croquis.<br />

e) Lavar as peças no lavador, usando querosene. Essa limpeza permite identificar<br />

defeitos ou falhas nas peças como trincas, desgastes, etc. a lavagem pode ser<br />

feita com o auxílio de uma máquina de lavar e pincéis de cer<strong>da</strong>s duras. A figura<br />

abaixo mostra o esquema de uma máquina de lavar peças que é encontra<strong>da</strong> no<br />

comércio.<br />

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Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

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Secagem rápi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s peças<br />

Durante a lavagem <strong>da</strong>s peças, as<br />

seguintes medi<strong>da</strong>s de segurança deverão<br />

ser toma<strong>da</strong>s;<br />

Utilizar óculos de segurança<br />

Manter o querosene sempre limpo e<br />

filtrado<br />

Decantar o querosene, uma vez por<br />

semana, se as lavagens forem<br />

freqüentes<br />

Manter a máquina em bom estado<br />

Limpar o piso e outros locais onde o<br />

querosene tiver respingado<br />

Lavar as mãos e os braços, após o<br />

término <strong>da</strong>s lavagens, para evitar<br />

problemas com a pele.<br />

Usa-se ar comprimido para secar as peças com rapidez. Nesse caso, deve-se<br />

proceder <strong>da</strong> seguinte forma:<br />

Regular o manômetro ao redor de 4 bar, que corresponde a pressão ideal para a<br />

secagem<br />

Jatear (soprar) a peça de modo que os jatos de ar atinjam-na obliquamente, para<br />

evitar o agravamento de trincas existentes.<br />

Normas de segurança no uso de ar comprimido<br />

Evitar jatos de ar comprimido no próprio corpo e nas roupas. Essa ação<br />

imprudente pode provocar a entra<strong>da</strong> de partículas estranhas na pele, boca, nariz<br />

e pulmões.<br />

Evitar jatos de ar em ambiente com excesso de poeira e na limpeza de máquinas<br />

em geral. Nesse último caso, o ar pode levar partículas abrasivas para guias e<br />

mancais, acelerando o processo de desgaste por abrasão.<br />

Sempre utilizar o óculos de segurança.<br />

Manuais e croquis<br />

Geralmente as máquinas são acompanha<strong>da</strong>s de manuais que mostram desenhos<br />

esquematizados dos seus componentes. O objetivo dos manuais é orientar quem for<br />

operá-las e manuseá-las nas tarefas do dia-a-dia. Entretanto, certas máquinas<br />

antigas ou de procedência estrangeira são acompanha<strong>da</strong>s de manuais de difícil<br />

interpretação. Nesse caso, é recomendável fazer um croqui (esboço) dos conjuntos<br />

desmontados destas máquinas, o que facilitará as operações posteriores de<br />

montagem.<br />

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Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

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Ativi<strong>da</strong>des pós-desmontagem<br />

As ativi<strong>da</strong>des de correção mais comuns são:<br />

Confecção de peças<br />

Substituição de elementos mecânicos<br />

Substituição de elementos de fixação<br />

Recuperação de roscas<br />

Correção de erros de projeto<br />

Recuperação de chavetas.<br />

1.3.MONTAGEM DE CONJUNTOS MECÂNICOS<br />

Qualquer montagem tem por objetivo maior a construção de um todo, constituído por<br />

uma série de elementos que são fabricados separa<strong>da</strong>mente.<br />

Esses elementos devem ser colocados em uma seqüência correta, isto é, montados<br />

segundo normas preestabeleci<strong>da</strong>s, para que o todo seja alcançado e venha a<br />

funcionar adequa<strong>da</strong>mente. Em manutenção mecânica, esse todo é representado<br />

pelos conjuntos mecânicos que <strong>da</strong>rão origem às máquinas e equipamentos.<br />

A montagem de conjuntos mecânicos exige a aplicação de uma série de técnicas e<br />

cui<strong>da</strong>dos por parte do mecânico de manutenção. Além disso o mecânico deverá<br />

seguir, caso existam, as especificações dos fabricantes dos componentes a serem<br />

utilizados na montagem dos conjuntos mecânicos.<br />

Outro cui<strong>da</strong>do que o mecânico de manutenção deverá ter, quando se trata <strong>da</strong><br />

montagem de conjuntos mecânicos, é controlar a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s peças a serem<br />

utiliza<strong>da</strong>s, sejam elas novas ou recondiciona<strong>da</strong>s. Nesse aspecto, o controle de<br />

quali<strong>da</strong>de envolve a conferência <strong>da</strong> peça e suas dimensões.<br />

Sem controle dimensional ou sem conferência para saber se a peça é realmente a<br />

deseja<strong>da</strong> e se ela não apresenta erros de construção, haverá riscos para o conjunto<br />

a ser montado. De fato, se uma peça dimensionalmente defeituosa ou com falhas de<br />

construção for coloca<strong>da</strong> em um conjunto mecânico, poderá produzir outras falhas e<br />

<strong>da</strong>nos em outros componentes.<br />

Recomen<strong>da</strong>ções para a montagem:<br />

Verificar se todos os elementos a serem montados encontram-se perfeitamente<br />

limpos, bem como o ferramental.<br />

Examinar os conjuntos a serem montados para se ter uma idéia exata a respeito<br />

<strong>da</strong>s operações a serem executa<strong>da</strong>s.<br />

Consultar planos ou normas de montagem, caso existam.<br />

Examinar em primeiro lugar a ordem de colocação <strong>da</strong>s diferentes peças antes de<br />

começar a montagem, desde que não haja planos e normas relativas à<br />

montagem.<br />

Verificar se nos diferentes elementos mecânicos há pontos de referência. Se<br />

houver, efetuar a montagem segundo as referências existentes.<br />

Evitar a penetração de impurezas nos conjuntos montados, protegendo-os<br />

adequa<strong>da</strong>mente.<br />

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Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

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elementos mecânicos.<br />

Métodos utilizados para realização <strong>da</strong> montagem:<br />

Fazer testes de funcionamento dos elementos,<br />

conforme a montagem for sendo realiza<strong>da</strong>, para<br />

comprovar o funcionamento perfeito <strong>da</strong>s partes. Por<br />

exemplo, verificar se as engrenagens estão se<br />

acoplando sem dificul<strong>da</strong>de. Por meio de testes de<br />

funcionamento dos elementos, é possível verificar se<br />

há folgas e se os elementos estão dimensionalmente<br />

adequados e colocados nas posições corretas.<br />

Lubrificar as peças que se movimentam para evitar<br />

desgastes precoces causados pelo atrito dos<br />

Nos setores de manutenção mecânica <strong>da</strong>s indústrias, basicamente são aplicados<br />

dois métodos para se fazer a montagem de conjuntos mecânicos: a montagem peça<br />

a peça e a montagem em série.<br />

A figura ao lado, a título de<br />

exemplo, mostra a seqüência de<br />

operações a serem realiza<strong>da</strong>s<br />

para a montagem de uma série<br />

de bombas de engrenagem.<br />

Caso não haja manual de<br />

instruções ou esquema de<br />

montagem, deve proceder <strong>da</strong><br />

seguinte forma:<br />

Montagem peça a peça<br />

Geralmente a montagem peça a peça é feita sobre<br />

banca<strong>da</strong>s. Como exemplo, a figura ao lado mostra a<br />

seqüência de operações a serem realiza<strong>da</strong>s para a<br />

montagem de uma bomba de engrenagens.<br />

Como to<strong>da</strong>s as peças já estão ajusta<strong>da</strong>s, a ativi<strong>da</strong>de de<br />

montagem propriamente dita se limita a uni-las<br />

ordena<strong>da</strong>mente. Um controle de funcionamento indicará se<br />

será preciso fazer correções.<br />

Montagem em série<br />

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12<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

1. Fazer uma análise detalha<strong>da</strong> do conjunto antes de abri-lo ou desmontá-lo.<br />

2. Fazer um croqui mostrando como os elementos serão montados no conjunto.<br />

3. Anotar os nomes dos elementos à medi<strong>da</strong> que vão sendo retirados do conjunto.<br />

A montagem deve ser basea<strong>da</strong> no croqui e nas anotações feitas anteriormente,<br />

invertendo-se a seqüência de desmontagem.<br />

2.TÉCNICAS PREDITIVAS DE MANUTENÇÃO<br />

2.1.MONITORAMENTO<br />

O monitoramento de uma máquina pode envolver diversas ferramentas que<br />

permitem tanto um diagnóstico <strong>da</strong>s condições internas de uma máquina, quanto um<br />

prognóstico de seu futuro, predizendo intervenção a ser feita sem a interrupção de<br />

sua operação normal, num evento previamente planejado. Ou, postergando-se<br />

intervenção previamente programa<strong>da</strong>, quando constatado que seria desnecessária.<br />

Dentre as principais técnicas de monitoramento destacam-se: análise de vibrações,<br />

análise de óleo (Ferrografia) e Termografia.<br />

2.2.ANÁLISE DE VIBRAÇÕES<br />

Vibração mecânica<br />

Para compreender os fun<strong>da</strong>mentos do princípio <strong>da</strong> análise de vibrações, será<br />

preciso compreender o que é vibração mecânica. Leia atentamente o que se<br />

segue,orientando-se pela figura abaixo, que mostra um equipamento sujeito a<br />

vibrações.<br />

Vibração mecânica é um<br />

tipo de movimento, no<br />

qual se considera uma<br />

massa reduzi<strong>da</strong> a um<br />

ponto ou partícula<br />

submeti<strong>da</strong> a uma força. a<br />

ação de uma força sobre<br />

o ponto obriga-o a<br />

executar um movimento<br />

vibratório.<br />

No detalhe <strong>da</strong> figura<br />

anterior, o ponto P, quando em repouso ou não estimulado pela força localiza-se no<br />

eixo "X".Sendo estimulado por uma força, ele se moverá na direção do eixo "Y",<br />

entre duas posições limites, eqüidistantes de "X", percorrendo a distância 2D, isto é,<br />

o ponto P realiza um movimento oscilatório sobre o eixo "X".<br />

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13<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Para que o movimento oscilatório do ponto "P" se constitua uma vibração, ele<br />

deverá percorrer a trajetória 2D, denomina<strong>da</strong> trajetória ou ciclo, conheci<strong>da</strong> pelo<br />

nome de período de oscilação.<br />

Com base no detalhe <strong>da</strong> ilustração, podemos definir um deslocamento do ponto "P"<br />

no espaço. Esse deslocamento pode ser medido pelo grau de distanciamento do<br />

ponto "P" em relação à sua posição de repouso sobre o eixo "X". O deslocamento do<br />

ponto "P" implica a existência de uma veloci<strong>da</strong>de que poderá ser variável. Se a<br />

veloci<strong>da</strong>de for variável, existirá uma certa aceleração no movimento.<br />

Deslocamento: de acordo com o detalhe mostrado na ilustração, podemos definir o<br />

deslocamento como a medi<strong>da</strong> do grau de distanciamento instantâneo que<br />

experimenta o ponto "P" no espaço, em relação à sua posição de repouso sobre o<br />

eixo "X". O ponto "P" alcança seu valor máximo D, de um e do outro lado do eixo<br />

"X". Esse valor máximo de deslocamento é chamado de amplitude de deslocamento,<br />

sendo medi<strong>da</strong> em micrômetro. Atenção: 1 µm = 0,001 mm = 10-³ mm.<br />

Por outro lado, o ponto "P" realiza uma trajetória completa em um ciclo, denominado<br />

período de movimento, porém não é usual se falar em período e sim em freqüência<br />

de vibração.<br />

Freqüência é a quanti<strong>da</strong>de de vezes, por uni<strong>da</strong>de de tempo, em que um fenômeno<br />

se repete. No caso do ponto "P", a freqüência é a quanti<strong>da</strong>de de ciclos que ela<br />

realiza na uni<strong>da</strong>de de tempo. No Sistema Internacional de Uni<strong>da</strong>des (SI), a uni<strong>da</strong>de<br />

de freqüência recebe o nome de hertz (Hz), que equivale a um ciclo por segundo.<br />

Veloci<strong>da</strong>de: o ponto "P" tem sua veloci<strong>da</strong>de nula nas posições <strong>da</strong> amplitude máxima<br />

de deslocamento e veloci<strong>da</strong>de máxima quando passa pelo eixo "X", que a posição<br />

intermediária de sua trajetória. No SI, a uni<strong>da</strong>de de veloci<strong>da</strong>de é metros / segundo<br />

(m/s). No caso particular do ponto "P" ( vibração) a veloci<strong>da</strong>de será expressa em<br />

mm/s.<br />

Aceleração: como a veloci<strong>da</strong>de do ponto "P" varia no decorrer do tempo, fica<br />

defini<strong>da</strong> uma certa aceleração para ele. A variação máxima <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de é<br />

alcança<strong>da</strong> pelo ponto "P" em um dos pontos extremos de sua trajetória, isto é, ao<br />

chegar à sua elongação máxima D. Nessas posições extremas a veloci<strong>da</strong>de não<br />

somente mu<strong>da</strong> de valor absoluto, como também de sentido, já que neste ponto<br />

ocorre inversão do movimento. A aceleração do ponto "P" será nula sobre o eixo "X",<br />

pois sobre ele o ponto "P" estará com veloci<strong>da</strong>de máxima.<br />

Resumindo, o movimento vibratório fica definido pelas seguintes grandezas:<br />

deslocamento, veloci<strong>da</strong>de, aceleração, amplitude e freqüência.<br />

Possibili<strong>da</strong>des <strong>da</strong> análise de vibrações:<br />

Por meio <strong>da</strong> medição e análise <strong>da</strong>s vibrações existentes numa máquina em<br />

operação, é possível detectar com antecipação a presença de falhas que podem<br />

comprometer a continui<strong>da</strong>de do serviço, ou mesmo colocar em risco sua integri<strong>da</strong>de<br />

física ou segurança do pessoal <strong>da</strong> área.<br />

A aplicação do sistema de análise de vibrações permite detectar e acompanhar o<br />

desenvolvimento de falhas nos componentes <strong>da</strong>s máquinas. Por exemplo, pela<br />

análise de vibrações constatam-se as seguintes falhas:<br />

Rolamentos deteriorados<br />

Engrenagens defeituosas<br />

Acoplamentos desalinhados<br />

____________________________________________________________<br />

14<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Rotores desbalanceados<br />

Vínculos desajustados<br />

Eixos deformados<br />

Folgas excessivas em buchas<br />

Falta de rigidez<br />

Cavitação<br />

Desbalanceamento de rotores de motores elétricos.<br />

O registro <strong>da</strong>s vibrações <strong>da</strong>s estruturas é efetuado por meio de sensores ou<br />

captadores colocados em pontos estratégicos <strong>da</strong>s máquinas. Esses sensores<br />

transformam energia mecânica de vibração em sinais elétricos. Esses sinais<br />

elétricos são a seguir, encaminhados para aparelhos registradores de vibrações ou<br />

para aparelhos analisadores de vibrações.<br />

Os <strong>da</strong>dos armazenados nos registradores e analisadores são, em segui<strong>da</strong>,<br />

interpretados por especialistas, e desse modo obtém-se uma ver<strong>da</strong>deira radiografia<br />

dos componentes de uma máquina, seja ela nova ou velha.<br />

A análise de vibrações também permite, por meio de comparação, identificar o<br />

aparecimento de esforços dinâmicos novos, consecutivos a uma degra<strong>da</strong>ção em<br />

processo de desenvolvimento.<br />

Os níveis de vibrações de uma máquina podem ser representados de várias<br />

maneiras, porém a maneira mais usual de representação é a espectral, em que a<br />

amplitude <strong>da</strong> vibração é <strong>da</strong><strong>da</strong> de acordo com a freqüência. Graficamente temos:<br />

Amplitude<br />

A0<br />

A1<br />

Freqüência<br />

No ponto A0 temos a amplitude de uma certa vibração, e no ponto A1 a amplitude<br />

de uma outra vibração. Desse modo, em um espectro todos os componentes de um<br />

nível vibratório são representados sob a forma de picos que nos permite seguir<br />

individualmente, a variação <strong>da</strong><br />

amplitude de ca<strong>da</strong> vibração e<br />

discriminar, sem mascaramentos,<br />

os defeitos em desenvolvimento<br />

nos componentes <strong>da</strong>s máquinas.<br />

A figura ao lado mostra um<br />

gráfico real de uma análise<br />

espectral. Esse gráfico foi gerado<br />

por um analisador de vibrações<br />

completo.<br />

Análise espectral <strong>da</strong>s principais<br />

anomalias: As anomalias<br />

espectrais podem ser<br />

classifica<strong>da</strong>s em três categorias:<br />

____________________________________________________________<br />

15<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Picos que aparecem nas freqüências múltiplas ou como múltiplos <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de<br />

desenvolvi<strong>da</strong> pelo rotor. Dentro desta categoria, os picos são causados pelos<br />

seguintes fenômenos:<br />

1. Desbalanceamento de componentes mecânicos<br />

2. Desalinhamento<br />

3. Mau ajuste mecânico<br />

4. Avarias nas engrenagens<br />

5. Mau estado <strong>da</strong> correia de transmissão.<br />

O fenômeno <strong>da</strong> desbalanceamento é a causa mais comum <strong>da</strong>s vibrações, sendo<br />

caracterizado por uma forte vibração radial que apresenta a mesma freqüência de<br />

rotação do motor.<br />

O desalinhamento também é bastante comum em máquinas e provoca vibrações na<br />

mesma freqüência de rotação do rotor.<br />

Quando se tem um mau ajuste mecânico de um mancal por exemplo, ou quando<br />

ocorre a possibili<strong>da</strong>de de movimento parcial dele, no plano radial, surge uma<br />

vibração numa freqüência duas vezes maior que a veloci<strong>da</strong>de de rotação do eixo.<br />

Essa vibração aparece por causa do efeito de desbalanceamento inicial e pode<br />

adquirir uma grande amplitude em função do desgaste do mancal.<br />

No caso de engrenamento entre uma coroa e um pinhão, por exemplo, ocorrerá<br />

sempre um choque entre os dentes <strong>da</strong> engrenagem. Isto gera uma vibração no<br />

conjunto, cuja freqüência é igual a veloci<strong>da</strong>de de rotação do pinhão multiplicado pelo<br />

seu número de dentes.<br />

O mau estado de uma correia em "V" provoca variação de largura, sua deformação,<br />

etc., e como conseqüência faz surgir variações de tensão que, por sua vez, criam<br />

vibrações de freqüência iguais àquela <strong>da</strong> rotação <strong>da</strong> correia. Se as polias não<br />

estiverem bem alinha<strong>da</strong>s, haverá um grande componente axial nessa vibração.<br />

Picos que aparecem em veloci<strong>da</strong>des independentes <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de<br />

desenvolvi<strong>da</strong> pelo rotor. Os principais fenômenos que podem criar picos<br />

com freqüências não relaciona<strong>da</strong>s à freqüência do rotor são causados<br />

pelos seguintes fatores:<br />

1. Vibração de máquinas vizinhas: o solo, bem como o apoio de alvenaria que fixa a<br />

máquina, pode transmitir vibração de uma máquina para outra.<br />

2. Vibração de origem elétrica: as vibrações <strong>da</strong>s partes metálicas do estator e do<br />

rotor, sob excitação do campo magnético, produzem picos com freqüências<br />

iguais as <strong>da</strong>quele rotor. O aumento dos picos pode ser indício de degra<strong>da</strong>ção do<br />

motor; por exemplo, diferenças no campo magnético do indutor devido ao<br />

número desigual de espiras no enrolamento do motor.<br />

3. Ressonância <strong>da</strong> estrutura ou eixos: ca<strong>da</strong> componente <strong>da</strong> máquina possui uma<br />

freqüência própria de ressonância. Se uma excitação qualquer tiver uma<br />

freqüência similar aquela de ressonância de um <strong>da</strong>do componente, um pico<br />

aparecerá no espectro.<br />

Densi<strong>da</strong>de espectral proveniente de componentes aleatórios <strong>da</strong> vibração:<br />

Os principais fenômenos que provocam modificações nos componentes<br />

aleatórios do espectro são os seguintes:<br />

____________________________________________________________<br />

16<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

1. Cavitação: esse fenômeno hidrodinâmico induz vibrações aleatórias e é<br />

necessário reconhecê-las de modo que se possa eliminá-las, modificando-se as<br />

características de aspiração <strong>da</strong> bomba. A cavitação pode ser também<br />

identifica<strong>da</strong> pelo ruído característico que produz.<br />

2. Escamação dos rolamentos: a escamação de uma pista do rolamento provoca<br />

choques e uma ressonância do mancal que é fácil de identificar com um aparelho<br />

de medição de vibrações. Na análise espectral, esse fenômeno aparece nas<br />

altas freqüências, para uma densi<strong>da</strong>de espectral que aumenta a medi<strong>da</strong> que os<br />

rolamentos deterioram.<br />

Se a avaria no rolamento fosse em um ponto apenas, seria possível ver um pico<br />

de freqüência liga<strong>da</strong> a veloci<strong>da</strong>de do rotor e as dimensões do rolamento, porém<br />

isto é muito raro. Na ver<strong>da</strong>de, um único ponto deteriorado promove a propagação<br />

<strong>da</strong> deterioração sobre to<strong>da</strong> a superfície <strong>da</strong> pista e sobre outras peças do<br />

rolamento, criando assim, uma vibração do tipo aleatória.<br />

3. o atrito gera vibrações de freqüência quase sempre eleva<strong>da</strong>. O estado <strong>da</strong>s<br />

superfícies e a natureza dos materiais em contato têm influência sobre a<br />

intensi<strong>da</strong>de e a freqüência <strong>da</strong>s vibrações assim cria<strong>da</strong>s. Parâmetros deste tipo<br />

são freqüentemente esporádicos, difíceis de analisar e vigiar. O quadro a seguir<br />

resume as principais anomalias liga<strong>da</strong>s as vibrações.<br />

____________________________________________________________<br />

17<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Sensores ou captadores<br />

Existem três tipos de sensores, baseados em três diferentes sistemas de transdução<br />

mecânico-elétricos:<br />

1. sensores eletrodinâmicos: detectam vibrações absolutas de freqüências<br />

superiores a 3 Hz (180 cpm)<br />

sensores piezoeléctricos: detectam vibrações absolutas de<br />

freqüências superiores a 1 Hz (60 cpm).<br />

2. Sensores indutivos ( sem contato ou proximi<strong>da</strong>de):<br />

detectam vibrações relativa desde 0 Hz, podendo ser<br />

utilizados tanto para medir deslocamentos dinâmicos quanto<br />

estáticos.<br />

Registradores<br />

Analisadores<br />

Medem a amplitude <strong>da</strong>s vibrações,<br />

permitindo avaliar sua magnitude. Medem<br />

também a sua freqüência, possibilitando<br />

identificar a fonte causadora <strong>da</strong>s<br />

vibrações. Os registradores podem ser<br />

analógicos ou digitais.<br />

Os analisadores de espectros e os softwares associados a ele, com a presença de<br />

um computador, permitem efetuar:<br />

O zoom, que é uma função que possibilita a ampliação de ban<strong>da</strong>s de freqüência<br />

Diferenciação e integração de <strong>da</strong>dos<br />

Comparação de espectros<br />

Comparação de espectros com correção <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de de rotação<br />

____________________________________________________________<br />

18<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

2.3.ANÁLISE DE LUBRIFICANTES POR MEIO DA TÉCNICA FERROGRÁFICA<br />

Conceito de Ferrografia:<br />

A ferrografia é uma técnica de avaliação <strong>da</strong>s condições de desgaste dos<br />

componentes de uma máquina por meio <strong>da</strong> quantificação e observação <strong>da</strong>s<br />

partículas em suspensão no lubrificante.<br />

Essa técnica satisfaz todos os requisitos exigidos pela manutenção preditiva e<br />

também pode ser emprega<strong>da</strong> na análise de falhas e na avaliação rápi<strong>da</strong> do<br />

desempenho de lubrificantes.<br />

Origem <strong>da</strong> ferrografia<br />

A ferrografia foi descoberta em 1971 pelo tribologista americano Vernon Westcott, e<br />

desenvolvi<strong>da</strong> durante os anos subsequentes com a colaboração de Roderic Bowen<br />

e patrocínio do centro de engenharia aeronaval americano.<br />

O objetivo inicialmente proposto foi o de quantificar a severi<strong>da</strong>de do desgaste <strong>da</strong><br />

máquina e para a pesquisa foram adota<strong>da</strong>s as seguintes premissas:<br />

1. To<strong>da</strong> máquina desgasta-se antes de falhar.<br />

2. O desgaste gera partículas<br />

3. A quanti<strong>da</strong>de e o tamanho <strong>da</strong>s partículas são diretamente proporcionais a<br />

severi<strong>da</strong>de do desgaste que pode ser constatado a olho nu.<br />

4. Os componentes de máquinas, que sofrem atrito, geralmente são lubrificados, e<br />

as partículas permanecem em suspensão durante um certo tempo.<br />

5. Considerando que as máquinas e seus elementos são constituídos de ligas de<br />

ferro, a maior parte <strong>da</strong>s partículas provém dessas ligas.<br />

A técnica ferrográfica<br />

O método usual de quantificação <strong>da</strong> concentração de material particulado consiste<br />

na contagem <strong>da</strong>s partículas deposita<strong>da</strong>s em papel de filtro e observa<strong>da</strong>s em<br />

microscópio. Este método, porém, não proporciona condições adequa<strong>da</strong>s para a<br />

classificação dimensional, que é de grande importância para a avaliação <strong>da</strong><br />

intensi<strong>da</strong>de do desgaste de máquinas.<br />

Orientando-se pela quinta premissa, ou seja, de que há predominância de ligas<br />

ferrosas nas máquinas e seus elementos, Westcott inventou um aparelho para<br />

separar as partículas de acordo com o seu tamanho. O aparelho chama-se<br />

ferrógrafo.<br />

____________________________________________________________<br />

19<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Funcionamento do ferrógrafo:<br />

Acompanhando a figura anterior, o ferrógrafo de Westcott é constituído de um tubo<br />

de ensaio, uma bomba peristáltica, uma mangueira, uma lâmina de vidro, um imã e<br />

um dreno.<br />

A bomba peristáltica, atuando na mangueira, faz com que o lubrificante se desloque<br />

do tubo de ensaio em direção a lâmina de vidro, que se encontra ligeiramente<br />

inclina<strong>da</strong> e apoia<strong>da</strong> sobre um imã com forte campo magnético. A inclinação <strong>da</strong><br />

lâmina de vidro garantirá que o fluxo de lubrificante tenha apenas uma direção.<br />

O lubrificante, do tubo de ensaio até a extremi<strong>da</strong>de final <strong>da</strong> mangueira, transporta<br />

partículas grandes e pequenas com a mesma veloci<strong>da</strong>de. Quando o fluxo passa<br />

sobre a lâmina de vidro, a veloci<strong>da</strong>de de imersão ou afun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s partículas<br />

grandes passa a ser maior que a veloci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s pequenas. Isto ocorre devido à<br />

ação do campo magnético do imã. Nesse momento começa a separação entre<br />

partículas grandes e pequenas.<br />

As partículas grandes vão se fixando na lâmina de vidro logo no seu início, e as<br />

menores depositam-se mais abaixo.<br />

Com esse ferrógrafo, constatou-se que as partículas maiores que 5 mm fixam-se no<br />

início <strong>da</strong> placa de vidro e que as partículas entre 1 e 2 mm fixam-se seis milímetros<br />

abaixo. Essas posições são de grande importância, pois as partículas provenientes<br />

de desgastes severos geralmente apresentam dimensões ao redor de 1 a 2 mm. O<br />

dimensionamento de partículas é efetua<strong>da</strong> com o auxílio de um microscópio de alta<br />

resolução.<br />

Muitas tentativas foram feitas até se obter a vazão de fluido e o imã mais<br />

adequados. Nos ferrógrafos atuais, a vazão é de 0,3 ml de fluido por minuto e 98%<br />

<strong>da</strong>s partículas ficam reti<strong>da</strong>s na lâmina de vidro, mesmo as não magnéticas.<br />

Ferrograma<br />

A figura ao lado mostra um ferrograma,<br />

isto é, uma lâmina prepara<strong>da</strong> que permite<br />

obter a dimensão aproxima<strong>da</strong> de<br />

partículas deposita<strong>da</strong>s. A lâmina mede<br />

aproxima<strong>da</strong>mente 57 mm. Ao longo dela<br />

passa o fluxo de lubrificante que vai<br />

deixando as partículas atrás de si. Como<br />

foi dito, as maiores ficam no início do<br />

fluxo e as menores, no final.<br />

As partículas não magnéticas, como as provenientes do cobre e suas ligas, alumínio<br />

e suas ligas, cromo e suas ligas, compostos orgânicos, areia, etc, também se<br />

depositam no ferrograma. Isto é explicável pela ação <strong>da</strong> gravi<strong>da</strong>de, auxilia<strong>da</strong> pela<br />

lentidão do fluxo, além de algum magnetismo adquirido pelo atrito desses materiais<br />

com partículas de ligas de ferro.<br />

As partículas não magnéticas distinguem-se <strong>da</strong>s partículas de ligas ferrosas pela<br />

disposição que as primeiras assumem no ferrograma. No ferrograma as partículas<br />

de materiais não magnéticos depositam-se aleatoriamente, sem serem alinha<strong>da</strong>s<br />

pelo campo magnético do imã.<br />

____________________________________________________________<br />

20<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Uma outra importante utili<strong>da</strong>de do ferrograma é que ele permite descobrir as causas<br />

do desgaste: deslizamento, fadiga, excesso de cargas, etc. Essas causas geram<br />

partículas de forma e cores específicas, como se fossem impressões digitais<br />

deixa<strong>da</strong>s na vítima pelo criminoso.<br />

Ferrografia quantitativa<br />

Com a evolução do ferrógrafo, chegou-se ao ferrógrafo<br />

de leitura direta, que permite quantificar as partículas<br />

grandes e pequenas de modo rápido e objetivo. Seu<br />

princípio é o mesmo adotado nas pesquisas com<br />

ferrograma e encontra-se esquematizado ao lado.<br />

A luz proveniente <strong>da</strong> fonte,<br />

divide-se em dois feixes<br />

que passam por uma fibra<br />

óptica. Esses feixes são<br />

parcialmente atenuados<br />

pelas partículas nas<br />

posições de entra<strong>da</strong> e seis milímetros abaixo. Os dois feixes atenuados são<br />

captados por sensores ópticos ou fotodetectores que man<strong>da</strong>m sinais para um<br />

processador, e os resultados são mostrados digitalmente em um display de cristal<br />

líquido. Os valores encontrados são comparados a valores obtidos por um ensaio<br />

sobre uma lâmina limpa, considerando que a diferença de atenuações <strong>da</strong> luz é<br />

proporcional a quanti<strong>da</strong>de de partículas presentes.<br />

O acompanhamento <strong>da</strong> máquina, por meio <strong>da</strong><br />

ferrografia quantitativa, possibilita a construção de<br />

gráficos, e as condições de maior severi<strong>da</strong>de são<br />

defini<strong>da</strong>s depois de efetua<strong>da</strong>s algumas medições. Os<br />

resultados obtidos são tratados estatisticamente.<br />

Por exemplo, o gráfico <strong>da</strong> página anterior, chamado<br />

gráfico de tendências, é obtido por meio <strong>da</strong> ferrografia<br />

quantitativa.<br />

O valor L+S, chamado concentração total de partículas, é um dos parâmetros<br />

utilizados para avaliação do desgaste.<br />

Significados:<br />

L - ( abreviatura de large, que significa grande) corresponde ao valor encontrado de<br />

partículas grandes ( maiores que 5 mm)<br />

____________________________________________________________<br />

21<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

S- ( abreviatura de small, que significa pequeno) corresponde ao valor encontrado<br />

de partículas menores ( menores que 5mm)<br />

Outros parâmetros podem ser utilizados juntamente com o L+S, por exemplo, o<br />

índice de severi<strong>da</strong>de Is= (L+S) (L-S).<br />

Ferrografia analítica<br />

A identificação <strong>da</strong>s causas de desgaste é feita por meio do exame visual <strong>da</strong><br />

morfologia, cor <strong>da</strong>s partículas, verificação de tamanhos, distribuição e concentração<br />

no ferrograma.<br />

Pela ferrografia analítica, faz-se a classificação <strong>da</strong>s partículas de desgaste em cinco<br />

grupos. O quadro a seguir mostra os cinco grupos de partículas de desgaste e as<br />

causas que as originam.<br />

As fotografias constituem a única forma de mostrar com clareza, os aspectos dos<br />

ferrogramas, mas podemos esboçá-los, simplifica<strong>da</strong>mente, para registrar as<br />

informações conforme exemplo a seguir.<br />

____________________________________________________________<br />

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Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Ferrografia e outras técnicas<br />

Ferrografia, espectometria e análise de vibrações constituem as principais técnicas<br />

de diagnóstico <strong>da</strong>s condições dos componentes mecânicos <strong>da</strong>s máquinas.<br />

As duas primeiras empregam métodos diversos para avaliar o mesmo tipo de<br />

problema: o desgaste. Ambas concentram a análise nas partículas suspensas no<br />

lubrificante, mas com parâmetros diferentes.<br />

A ferrografia tem por parâmetros a concentração, o tamanho, a morfologia e a cor<br />

<strong>da</strong>s partículas, enquanto a espectometria considera apenas a concentração dos<br />

elementos químicos que a compõem.<br />

A análise de vibrações tem por parâmetros o comportamento dinâmico <strong>da</strong>s<br />

máquinas.<br />

Em resumo, a ferrografia, a espectometria e a análise de vibrações se<br />

complementam, pois, de forma isola<strong>da</strong>, essas técnicas apresentam limitações.<br />

Coletas de amostras de lubrificante<br />

Para se coletar uma amostra de lubrificante em serviço, deve-se escolher<br />

criteriosamente o ponto de coleta; o volume a ser recolhido e qual método deverá<br />

ser utilizado na coleta.<br />

Escolha do ponto de coleta<br />

As partículas que interessam para a análise são aquelas gera<strong>da</strong>s recentemente.<br />

Considerando este pré-requisito, o ponto de coleta deverá ser aquele em que uma<br />

grande quanti<strong>da</strong>de de partículas novas esteja presente em região de grande<br />

agitação. Exemplos:<br />

Tubulação geral de retorno do lubrificante para o reservatório.<br />

Janela de inspeção de reservatório, próximo à tubulação de descarga<br />

Drenos laterais em reservatórios ou cárteres<br />

Varetas de nível<br />

Pontos após filtros ou após chicanas de reservatórios devem ser evitados, pois estes<br />

elementos retiram ou precipitam as partículas do lubrificante.<br />

Volume de amostra<br />

São necessários apenas 100 ml de amostra, que é coloca<strong>da</strong> em um frasco com<br />

capaci<strong>da</strong>de para 150 ml. Excesso de lubrificante, após a coleta, deve ser descartado<br />

imediatamente, para evitar que as partículas precipitem. O espaço de 50 ml, que<br />

corresponde a 1/3 do frasco, é deixado vazio para permitir uma agitação posterior <strong>da</strong><br />

amostra.<br />

Métodos de coleta<br />

Os principais métodos de coleta de lubrificantes envolvem válvulas de coleta,<br />

bombas de coleta e imersão. Se a máquina estiver dota<strong>da</strong> de válvula de coletas, o<br />

método de coleta de verá passar pela seguinte seqüência:<br />

Limpar a região <strong>da</strong> coleta<br />

____________________________________________________________<br />

23<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Abrir a válvula permitindo uma vazão razoável para arrastar as partículas<br />

Purgar 2 a 3 vezes o volume parado na<br />

tubulação <strong>da</strong> válvula<br />

Retirar o frasco quando completar o nível de<br />

coleta nele indicado<br />

Fechar a válvula ( nunca abri-la ou fechá-la<br />

sobre o frasco).<br />

Descartar imediatamente o lubrificante que<br />

excedeu o nível de coleta<br />

Tampar o frasco com batoque plástico e<br />

tampa rosca<strong>da</strong><br />

Limpar o frasco<br />

Identificar a amostra com os seguintes <strong>da</strong>dos:<br />

máquina, ponto de coleta, empresa e <strong>da</strong>ta.<br />

A coleta de amostras de lubrificantes, na maioria dos casos, pode ser feita com uma<br />

bomba de coleta.<br />

O método de coleta que envolve o uso de uma bomba deve obedecer aos passos:<br />

Cortar um pe<strong>da</strong>ço de mangueira plástica nova, com comprimento suficiente para<br />

alcançar o lubrificante na região média compreendi<strong>da</strong> abaixo de sua superfície e<br />

acima do fundo do depósito onde ele se encontra.<br />

Introduzir uma <strong>da</strong>s extremi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> mangueira na bomba, de modo que essa<br />

extremi<strong>da</strong>de fique aparente<br />

Introduzi a extremi<strong>da</strong>de livre <strong>da</strong> mangueira até a metade do nível do lubrificante,<br />

cui<strong>da</strong>ndo para que o fundo do recipiente não seja tocado.<br />

Aspirar o lubrificante<br />

Descartar imediatamente o lubrificante que exceder nível de coleta<br />

Tampar o frasco com batoque plástico e tampa rosca<strong>da</strong><br />

Limpar o frasco<br />

Identificar a amostra com os seguintes <strong>da</strong>dos: máquina, ponto de coleta,<br />

empresa e <strong>da</strong>ta.<br />

Descartar a mangueira<br />

Se o lubrificante estiver em constante agitação, a amostra poderá ser coleta<strong>da</strong> pelo<br />

método de imersão que consiste em mergulhar o frasco no lubrificante. Em caso de<br />

temperaturas eleva<strong>da</strong>s o frasco é fixado em um cabo dotado de braçadeiras. Esse<br />

cui<strong>da</strong>do é necessário para evitar queimaduras no operador. A seqüência para<br />

aplicar o método <strong>da</strong> imersão consiste nos seguintes passos:<br />

Destampar o frasco e prendê-lo no suporte com braçadeiras<br />

Introduzir o frasco no reservatório ou canal de lubrificante, com a boca para<br />

baixo, até que o nível médio do lubrificante seja alcançado, sem tocar no fundo<br />

do reservatório ou canal.<br />

Virar o frasco para cima, permitindo a entra<strong>da</strong> do lubrificante<br />

Descartar imediatamente o excesso de lubrificante que exceder o nível de coleta<br />

Tampar o frasco com batoque plástico e tampa rosca<strong>da</strong><br />

Limpar o frasco<br />

identificar a amostra com os seguintes <strong>da</strong>dos: máquina, ponto de coleta,<br />

empresa, <strong>da</strong>ta.<br />

____________________________________________________________<br />

24<br />

Técnico em Mecânica Industrial


2.4.TERMOGRAFIA<br />

<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

A termografia usa uma câmera de raios infra-vermelhos para produzir uma “imagem<br />

térmica” de um objeto. A cor em qualquer ponto do objeto corresponde a<br />

temperatura de sua superfície naquele ponto. Alguns de seus usos mais comuns:<br />

Busca de pontos quentes em redes de distribuição elétrica, transformadores e<br />

disjuntores para indicar uma má conexão elétrica e assim uma possível fonte<br />

de superaquecimento e incêndio.<br />

Inspeção em fornalhas, fornos, chaminés de fumaça, panelas de aço líquido,<br />

carcaças de convertedores de aciaria, carro torpedo ( transporte de gusa<br />

líquido), regeneradores, procurando-se pontos quentes que indiquem <strong>da</strong>no ou<br />

desgaste no revestimento refratário.<br />

Inspeção de dentes de engrenagens tanto para encontrar a temperatura<br />

absoluta ( como uma medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> lubrificação) quanto para<br />

avaliar o perfil <strong>da</strong> temperatura ao longo <strong>da</strong> largura <strong>da</strong> face do dente ( como<br />

uma medi<strong>da</strong> do alinhamento <strong>da</strong>s engrenagens)<br />

Inspeção de cilindros e válvulas hidráulicas para detecção de passagem<br />

interna de fluido.<br />

3.TRANSMISSÔES MECÂNICAS<br />

3.1.EIXOS<br />

Eixos são elementos mecânicos utilizados para articular um ou mais elementos de<br />

máquinas. Quando móveis, os eixos transmitem potência por meio do movimento de<br />

rotação.<br />

Constituição dos eixos<br />

A maioria dos eixos são construídos em aço com baixo e médio teores de carbono.<br />

Os eixos com médio teor de carbono exigem um tratamento térmico superficial, pois<br />

estarão em contato permanente com buchas, rolamentos e materiais de ve<strong>da</strong>ção.<br />

Existem também eixos fabricados com aços-liga, altamente resistentes.<br />

Classificação dos eixos<br />

Quanto a seção transversal, os eixos são circulares e podem ser maciços, vazados,<br />

cônicos, roscados, ranhurados ou flexíveis.<br />

Eixos maciços<br />

Apresentam a seção transversal circular e maciça, com degraus ou apoios para<br />

ajuste <strong>da</strong>s peças monta<strong>da</strong>s sobre eles. Suas extremi<strong>da</strong>des são chanfra<strong>da</strong>s para<br />

evitar o rebarbamento e suas arestas internas são arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>s para evitar a<br />

concentração de esforços localizados.<br />

____________________________________________________________<br />

25<br />

Técnico em Mecânica Industrial


Eixos vazados<br />

<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

São mais resistentes aos esforços de torção e flexão que os eixos maciços.<br />

Empregam-se estes eixos quando há a necessi<strong>da</strong>de de sistemas mais leves e<br />

resistentes como os motores de aviões.<br />

Eixos cônicos<br />

Devem ser ajustados em um componente que possua furo de encaixe cônico. A<br />

parte ajustável tem formato cônico e é firmemente fixa<strong>da</strong> por meio de uma porca.<br />

Eixos roscados<br />

Possuem algumas partes rosca<strong>da</strong>s que podem receber porcas capazes de<br />

prenderem outros componentes ao conjunto.<br />

____________________________________________________________<br />

26<br />

Técnico em Mecânica Industrial


Eixos ranhurados<br />

<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Apresentam uma série de ranhuras longitudinais em torno de sua circunferência. As<br />

ranhuras engrenam-se com os sulcos correspondentes <strong>da</strong>s peças a serem<br />

monta<strong>da</strong>s neles. Os eixos ranhurados são utilizados quando necessário transmitir<br />

grandes esforços.<br />

Desmontagem de eixos<br />

A desmontagem de eixos é aparentemente simples e fácil, porém pode exigir alguns<br />

cui<strong>da</strong>dos como:<br />

Verificar previamente a existência de elementos de fixação ( anéis elásticos,<br />

parafusos, pinos cônicos, pinos de posicionamento e chavetas) e retirá-los<br />

antes de sacar o eixo.<br />

Verificar se existe, na face do eixo, um furo com rosca. O furo é construído<br />

para facilitar a desmontagem do eixo por meio de um dispositivo para sacá-lo.<br />

Nunca bater com martelo na face do eixo. As panca<strong>da</strong>s provocam<br />

encabeçamento, não deixando que o eixo passe pelo mancal, além de<br />

produzir <strong>da</strong>nos no furo de centro. Danos neste local impedem posteriores<br />

usinagem, onde seria fixado à máquina (torno, retificadora, fresadora) entre<br />

pontas.<br />

Se realmente for necessário bater no eixo para sacá-lo, recomen<strong>da</strong>-se usar<br />

um material protetor e macio como o cobre para receber as panca<strong>da</strong>s,<br />

cui<strong>da</strong>ndo para não bater nas bor<strong>da</strong>s do eixo.<br />

Após a desmontagem, o eixo deverá ser guar<strong>da</strong>do em local seguro para não<br />

sofrer empenamentos ou outros <strong>da</strong>nos, especialmente se o eixo for muito<br />

comprido.<br />

____________________________________________________________<br />

27<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Montagem de eixos<br />

A montagem de eixos exige atenção, organização e limpeza rigorosa. Além<br />

destes fatores, os seguintes cui<strong>da</strong>dos deverão ser observados:<br />

Efetuar limpeza absoluta do conjunto e do eixo para diminuir o desgaste<br />

por abrasão.<br />

Não permitir a presença de nenhum arranhão no eixo para não<br />

comprometer seu funcionamento e não provocar <strong>da</strong>nos no mancal.<br />

Colocar os retentores cui<strong>da</strong>dosamente para não provocar desgastes no<br />

eixo e vazamento de lubrificante.<br />

Não permitir a presença de nenhuma rebarba no eixo.<br />

Verificar se as tolerâncias <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s do eixo estão corretas usando<br />

paquímetro ou micrômetro.<br />

Pré-lubrificar to<strong>da</strong>s as peças para que elas não sofram desgastes até a<br />

chega<strong>da</strong> do lubrificante quando a máquina for posta para funcionar.<br />

Danos típicos sofridos pelos eixos:<br />

Basicamente, os eixos podem sofrem dois tipos de <strong>da</strong>nos: quebra e desgaste.<br />

A quebra é causa<strong>da</strong> por sobrecarga ou fadiga. A sobrecarga é o resultado de um<br />

trabalho realizado além <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de resistência do eixo. A fadiga é a per<strong>da</strong> de<br />

resistência sofri<strong>da</strong> pelo material do eixo, devido as solicitações no decorrer do<br />

tempo. O desgaste de um eixo, pode ser causado pelos seguintes fatores:<br />

Engrimpamento do rolamento<br />

Óleo lubrificante contaminado<br />

Excesso de tensão na correia, no caso de eixos-árvore acionados por<br />

correias.<br />

Per<strong>da</strong> de dureza por superaquecimento<br />

Falta de lubrificante.<br />

3.2.CORRENTES<br />

Correntes são elementos de máquinas destina<strong>da</strong>s a transmitir movimentos e<br />

potência onde as engrenagens e correias não podem ser utiliza<strong>da</strong>s.<br />

Tipos de corrente<br />

Os tipos de corrente mais utilizados são: corrente de roletes, corrente de elos<br />

livres, corrente comum ou cadeia de elos.<br />

Corrente de roletes<br />

A corrente de roletes é semelhante a corrente de bicicleta. Ela pode possuir<br />

roletes eqüidistantes e roletes gêmeos, e é aplica<strong>da</strong> em transmissões quando<br />

não são necessárias rotações muito eleva<strong>da</strong>s.<br />

____________________________________________________________<br />

28<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Corrente de dentes<br />

Corrente de elos livres<br />

A corrente de elos livres é uma corrente especial,<br />

usa<strong>da</strong> em esteiras transportadoras. Só pode ser<br />

emprega<strong>da</strong> quando os esforços forem pequenos.<br />

Corrente comum ou cadeia de elos<br />

A corrente de dentes é usa<strong>da</strong> para transmissões de<br />

altas rotações, superiores a permiti<strong>da</strong>s nas<br />

correntes de roletes.<br />

A corrente comum ou cadeia de elos<br />

possui elos formados de vergalhões<br />

redondo sol<strong>da</strong>dos. Esse tipo de<br />

corrente é usado para suspensão de<br />

cargas pesa<strong>da</strong>s.<br />

Danos típicos <strong>da</strong>s correntes<br />

____________________________________________________________<br />

29<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Os erros de especificação, instalação ou manutenção podem fazer com que as<br />

correntes apresentem vários defeitos. O quadro a seguir mostra os principais<br />

defeitos apresentados pelas correntes e suas causas.<br />

<strong>Manutenção</strong> <strong>da</strong>s correntes<br />

Para a perfeita manutenção <strong>da</strong>s correntes, os seguintes cui<strong>da</strong>dos deverão<br />

tomados:<br />

Lubrificar as correntes com óleo por meio de gotas, banho ou jato.<br />

Inverter a corrente, de vez em quando para prolongar sua vi<strong>da</strong> útil<br />

Não colocar um elo novo no meio dos gastos<br />

Não usar correntes novas em ro<strong>da</strong>s denta<strong>da</strong>s velhas<br />

Efetuar periodicamente a limpeza <strong>da</strong> corrente<br />

Enxugar a corrente após limpeza, mergulhá-la em óleo, deixando escorrer<br />

o excesso.<br />

Armazenar a corrente coberta com uma cama<strong>da</strong> de graxa e embrulha<strong>da</strong><br />

em papel<br />

Medir ocasionalmente o aumento do passo causado pelo desgaste de<br />

pinos e buchas.<br />

Medir o desgaste <strong>da</strong>s ro<strong>da</strong>s denta<strong>da</strong>s<br />

Verificar periodicamente o alinhamento.<br />

Verificar periodicamente a tensão<br />

3.3.POLIAS E CORREIAS<br />

____________________________________________________________<br />

30<br />

Técnico em Mecânica Industrial


Polias<br />

<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Polias são elementos mecânicos circulares,<br />

com ou sem canais periféricos, acoplados a eixos<br />

motores e movidos por máquinas e<br />

equipamentos. As polias, para funcionar,<br />

necessitam <strong>da</strong> presença de vínculos chamados<br />

correias. Quando em funcionamento, as polias e<br />

correias podem transferir e/ou transformar<br />

movimentos de um ponto para outro <strong>da</strong> máquina.<br />

Sempre haverá transferência de força. As polias<br />

são classifica<strong>da</strong>s em dois grupos: planas e<br />

trapezoi<strong>da</strong>is. As polias trapezoi<strong>da</strong>is são<br />

conheci<strong>da</strong>s pelo nome de polias em “V”e são as<br />

mais utiliza<strong>da</strong>s me máquinas. A figura abaixo e a<br />

tabela a seguir dão os parâmetros dos<br />

dimensionamentos normalizados para a polia em<br />

“V”.<br />

____________________________________________________________<br />

31<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Elementos normalizados para dimensionamento <strong>da</strong>s polias em “V”<br />

Tipos de polias<br />

____________________________________________________________<br />

32<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Cui<strong>da</strong>dos exigidos com polias em “V”:<br />

____________________________________________________________<br />

33<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

As polias, para funcionarem adequa<strong>da</strong>mente, exigem os seguintes cui<strong>da</strong>dos:<br />

Não apresentar desgaste nos canais<br />

Não apresentar as bor<strong>da</strong>s trinca<strong>da</strong>s, amassa<strong>da</strong>s, oxi<strong>da</strong><strong>da</strong>s ou com<br />

porosi<strong>da</strong>de.<br />

Apresentar os canais livres de graxas, óleo ou tinta e corretamente<br />

dimensionados para receber as correias.<br />

Observe as ilustrações seguintes. À esquer<strong>da</strong>, temos uma correia corretamente<br />

assenta<strong>da</strong> no canal <strong>da</strong> polia. Note<br />

que a correia não ultrapassa a linha<br />

do diâmetro externo <strong>da</strong> polia nem<br />

toca no fundo do canal. À direita,<br />

por causa do desgaste sofrido pelo<br />

canal, a correia assenta-se no<br />

fundo. Nesse último caso, a polia<br />

deverá ser substituí<strong>da</strong> para que a<br />

correia não venha a sofrer desgastes prematuros.<br />

Aferição de polias<br />

Alinhamento de polias<br />

Correias<br />

A verificação do dimensionamento dos canais <strong>da</strong>s polias<br />

deve ser feita com o auxílio de um gabarito contendo o<br />

ângulo dos canais.<br />

Além dos cui<strong>da</strong>dos citados anteriormente, as polias em “V”<br />

exigem alinhamento. Polias desalinha<strong>da</strong>s <strong>da</strong>nificam<br />

rapi<strong>da</strong>mente as correias e forçam os eixos ,aumentando o<br />

desgaste dos mancais e dos próprios eixos.<br />

É recomendável, para se fazer um bom alinhamento, usar<br />

uma régua paralela fazendo-a tocar to<strong>da</strong> a superfície<br />

lateral <strong>da</strong>s polias.<br />

____________________________________________________________<br />

34<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

As correias são elementos de máquina cuja função é manter o vínculo entre duas<br />

correias e transmitir força. As mais utiliza<strong>da</strong>s são as planas e as trapezoi<strong>da</strong>is.<br />

Conforme já dito, as trapezoi<strong>da</strong>is também são conheci<strong>da</strong>s pelo nome de correia em<br />

“V”.<br />

Os materiais empregados na fabricação de correias são os seguintes: borracha,<br />

couro, nylon, materiais fibrosos e sintéticos a base de algodão, viscose e materiais<br />

combinados à base de couro.<br />

A grande maioria <strong>da</strong>s correias utiliza<strong>da</strong>s em máquinas industriais são aquelas<br />

constituí<strong>da</strong>s de borracha revesti<strong>da</strong> de lona. Essas correias apresentam cordonéis<br />

vulcanizados em seu interior para suportarem as forças de tração.<br />

Existem cinco perfis padronizados de correias em “V” para máquinas industriais e<br />

três perfis, chamados fracionários, usados em eletrodomésticos. Ca<strong>da</strong> um deles tem<br />

seus detalhes, que podem ser vistos nos catálogos do fabricante. No caso <strong>da</strong> correia<br />

em “V”, para máquinas industriais, seus perfis, com as respectivas dimensões, serão<br />

ilustra<strong>da</strong>s a seguir.<br />

Colocação de correias<br />

Para colocar uma correia vinculando uma polia fixa a uma móvel, deve-se recuar a<br />

polia móvel aproximando-a <strong>da</strong> fixa. Esse procedimento facilitará a colocação <strong>da</strong><br />

correia sem perigos de <strong>da</strong>nificá-la.<br />

Não se recomen<strong>da</strong> colocar correias forçando-as contra a lateral <strong>da</strong> polia ou usar<br />

qualquer tipo de ferramenta para forçá-la a entrar nos canais <strong>da</strong> polia. Esses<br />

procedimentos podem causar o rompimento <strong>da</strong>s lonas e cordonéis <strong>da</strong>s correias.<br />

Após montar as correias nos respectivos canais <strong>da</strong>s polias e, antes de tensioná-las,<br />

deve-se girá-las manualmente para que seus lados frouxos sempre para cima ou<br />

para baixo, pois se estiverem em lados opostos o tensionamento posterior não será<br />

uniforme.<br />

Tensionamento de correias<br />

O tensionamento de correias exige a verificação<br />

dos seguintes parâmetros: (fig. Ao lado)<br />

Tensão ideal: deve ser a mais baixa<br />

possível, sem que ocorra deslizamento,<br />

mesmo com picos de carga.<br />

____________________________________________________________<br />

35<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Tensão baixa: provoca deslizamento e, conseqüentemente, produção de calor<br />

excessivo nas correias, ocasionando <strong>da</strong>nos prematuros.<br />

Tensão alta: reduz a vi<strong>da</strong> útil <strong>da</strong>s correias e dos rolamentos dos eixos <strong>da</strong>s<br />

polias.<br />

Na prática, para verificar se uma correia está corretamente dimensiona<strong>da</strong>, basta<br />

empurrá-la com o polegar, de modo tal que ela se flexione aproxima<strong>da</strong>mente<br />

entre 10 e 20mm.<br />

Proteção de sistemas<br />

Todo sistema que trabalha com transmissão de correias deve ser devi<strong>da</strong>mente<br />

protegido para evitar acidentes. Os tipos de proteção mais indicados são aqueles<br />

que permitem a passagem do ar para uma boa ventilação e dissipação do calor.<br />

Aconselha-se a colocação de telas ou grades de aço para essas proteções.<br />

<strong>Manutenção</strong> <strong>da</strong>s correias em “V”:<br />

A primeira recomen<strong>da</strong>ção para a manutenção <strong>da</strong>s correias em “V” é mantê-las<br />

sempre limpas. Além disso, devem ser observados os seguintes requisitos:<br />

Nas primeiras 50 horas de serviço, verificar constantemente a tensão e<br />

ajustá-la, se necessário, pois nesse período as correias sofrem maiores<br />

tensionamentos.<br />

Nas revisões de 100 horas, verificar a tensão, o desgaste que elas sofreram e<br />

o desgaste <strong>da</strong>s polias.<br />

Se uma correia do jogo romper, é preferível trabalhar com uma correia a<br />

menos do que trocá-la por outra, até que se possa trocar todo o jogo. Não é<br />

aconselhável usar correias novas junto às velhas. As velhas, por estarem<br />

estira<strong>da</strong>s, sobrecarregam as novas.<br />

Jogos de correias deverão ser montados com correias de mesma marca.<br />

Esse cui<strong>da</strong>do é necessário porque correias de marcas diferentes apresentam<br />

desempenhos diferentes, variando de fabricante para fabricante.<br />

Nunca tentar “remen<strong>da</strong>r” uma correia em “V” estraga<strong>da</strong>.<br />

Danos típicos <strong>da</strong>s correias<br />

As correias, inevitavelmente, sofrem esforços durante todo o tempo em que<br />

estiverem operando, pois estão sujeitas às forças de atrito e de tração. As forças de<br />

atrito geram calor e desgaste, e as forças de tração produzem alongamentos que<br />

vão estirando-as. Além destes fatores, as correias estão sujeitas as condições do<br />

meio ambiente como umi<strong>da</strong>de, poeira, resíduos, substâncias químicas, que podem<br />

agredi-las.<br />

Um <strong>da</strong>no típico que uma correia pode sofrer é a<br />

rachadura. As causas mais comuns deste <strong>da</strong>no<br />

são: altas temperaturas, polias com diâmetros<br />

incompatíveis, deslizamento durante a<br />

transmissão, que provoca o aquecimento e<br />

poeira. As rachaduras reduzem a tensão <strong>da</strong>s<br />

correias e conseqüentemente, sua eficiência.<br />

____________________________________________________________<br />

36<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Outro <strong>da</strong>no típico sofrido pelas correias é a sua fragilização. As causas <strong>da</strong><br />

fragilização de uma correia são múltiplas, porém o excesso de calor é uma <strong>da</strong>s<br />

principais. De fato, sendo vulcaniza<strong>da</strong>s, as correias industriais suportam<br />

temperaturas compreendi<strong>da</strong>s entre 60 e 70ºC, sem que seus materiais de<br />

construção sejam afetados; contudo temperaturas acima destes limites diminuem<br />

sua vi<strong>da</strong> útil. Correias submeti<strong>da</strong>s a temperaturas superiores a 70º começa a<br />

apresentar um aspecto pegajoso e pastoso.<br />

Um outro <strong>da</strong>no que as correias podem apresentar são os desgastes de suas<br />

paredes laterais. Esses desgastes indicam derrapagens constantes, e os motivos<br />

podem ser sujeiras excessivas, polias com canais irregulares ou falta de tensão nas<br />

correias.<br />

Materiais estranhos entre a correia e a polia podem ocasionar a quebra ou desgaste<br />

excessivo. A contaminação por óleo também pode acelerar a deterioração <strong>da</strong><br />

correia.<br />

Outros fatores podem causar <strong>da</strong>nos as correias, como desalinhamento do sistema,<br />

canais <strong>da</strong>s polias gastos e vibrações excessivas. Em sistemas desalinhados,<br />

normalmente as correias se viram nos canais <strong>da</strong>s polias. O emprego de polias com<br />

canais mais profundos é uma solução para minimizar o excesso de vibrações.<br />

____________________________________________________________<br />

37<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

É possível resumir os <strong>da</strong>nos em que as correias podem sofrer tabelando os<br />

problemas, suas causas prováveis e as soluções recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />

Tabela problemas com correias<br />

____________________________________________________________<br />

38<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Tabela vantagens <strong>da</strong>s transmissões com correias em “V”<br />

____________________________________________________________<br />

39<br />

Técnico em Mecânica Industrial


3.4.ENGRENAGENS<br />

<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Engrenagens são ro<strong>da</strong>s com dentes padronizados que servem para transmitir<br />

movimento e força entre dois eixos. Muitas vezes as engrenagens são usa<strong>da</strong>s para<br />

variar o número de rotações e o sentido de rotação de um eixo para outro.<br />

Existem diferentes tipos de corpos de engrenagens.<br />

Os dentes são um dos principais elementos <strong>da</strong>s engrenagens.<br />

Para produzir o movimento de rotação as ro<strong>da</strong>s devem estar engrena<strong>da</strong>s. As ro<strong>da</strong>s<br />

se engrenam quando os dentes de uma engrenagem se encaixam nos dentes <strong>da</strong><br />

outra.<br />

As engrenagens trabalham em conjunto. As engrenagens de um mesmo conjunto,<br />

podem ter tamanhos diferentes. Quando um par de engrenagens tem ro<strong>da</strong>s de<br />

tamanho diferentes, a engrenagem maior chama-se coroa e a menor chama-se<br />

pinhão.<br />

Os materiais mais usados na fabricação de engrenagens são: aço liga fundido, ferro<br />

fundido, cromo-níquel, bronze fosforoso, alumínio, nylon.<br />

Tipos de engrenagens:<br />

Existem vários tipos de engrenagens, que são escolhidos de acordo com sua<br />

função. Vamos estu<strong>da</strong>r as mais comuns.<br />

Engrenagens cilíndricas<br />

Ao lado temos a representação de duas<br />

engrenagens com dentes helicoi<strong>da</strong>is:<br />

Engrenagens cilíndricas têm a forma de cilindro<br />

e podem ter dentes retos ou helicoi<strong>da</strong>is.<br />

Observe duas engrenagens cilíndricas com<br />

dentes retos.<br />

____________________________________________________________<br />

40<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Os dentes helicoi<strong>da</strong>is são paralelos entre si, mas oblíquos com relação ao eixo <strong>da</strong><br />

engrenagem. Já os dentes retos são paralelos<br />

entre si e paralelos ao eixo <strong>da</strong>s engrenagens.<br />

As engrenagens cilíndricas de dentes retos<br />

servem para transmitir rotação entre eixos<br />

paralelos.<br />

As engrenagens cilíndricas com dentes<br />

helicoi<strong>da</strong>is servem também para transmitir<br />

movimento entre eixos não paralelos. Elas<br />

funcionam mais suavemente que as ECDR, e<br />

por isso, o ruído é menor.<br />

Engrenagens cônicas:<br />

Engrenagens cônicas são aquelas que tem a forma de tronco de cone. As<br />

engrenagens cônicas podem ter dentes retos ou helicoi<strong>da</strong>is.<br />

As engrenagens cônicas transmitem movimento entre eixos concorrentes. Eixos<br />

concorrentes são aqueles que vão se encontrar em um mesmo ponto quando<br />

prolongados.<br />

Engrenagens helicoi<strong>da</strong>is:<br />

Nas engrenagens helicoi<strong>da</strong>is, os dentes são<br />

oblíquos em relação ao eixo. Entre as<br />

engrenagens helicoi<strong>da</strong>is, a engrenagem para<br />

rosca sem-fim merece atenção especial. Essa<br />

engrenagem é usa<strong>da</strong> quando se deseja ma<br />

redução de veloci<strong>da</strong>de na transmissão do<br />

movimento.<br />

Repare que no engrenamento por coroa e rosca<br />

sem-fim, a transmissão de movimento e força se<br />

dá entre eixos não coplanares (figura ao lado).<br />

____________________________________________________________<br />

41<br />

Técnico em Mecânica Industrial


Cremalheira<br />

<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Características <strong>da</strong>s engrenagens:<br />

Cremalheira é uma barra provi<strong>da</strong><br />

de dentes, destina<strong>da</strong> a engrenar<br />

uma ro<strong>da</strong> denta<strong>da</strong>. Com esse<br />

sistema, pode-se transformar<br />

movimento de rotação em<br />

movimento retilíneo e vice-versa.<br />

Para interpretar desenhos técnicos de engrenagens, é preciso conhecer bem suas<br />

características.<br />

Os dentes constituem parte importante <strong>da</strong>s engrenagens.<br />

As características dos dentes <strong>da</strong>s engrenagens são:<br />

e = espessura – é a medi<strong>da</strong> do arco limita<strong>da</strong> pelo dente, sobre a circunferência<br />

primitiva (determina<strong>da</strong> pelo diâmetro primitivo)<br />

v = vão – é o vazio que fica entre dois dentes consecutivos também delimitados por<br />

um arco do diâmetro primitivo.<br />

P = passo – é a soma dos arcos <strong>da</strong> espessura e do vão. ( P= e + v)<br />

a = cabeça – é a parte do dente que fica entre a circunferência primitiva e a<br />

circunferência externa <strong>da</strong> engrenagem.<br />

b = pé – é a parte do dente que fica entre a circunferência primitiva e circunferência<br />

interna ( ou raiz).<br />

h = altura – corresponde à soma <strong>da</strong> altura <strong>da</strong> cabeça mais a altura do pé do dente.<br />

As características <strong>da</strong> ECDR são:<br />

De: diâmetro externo<br />

Dp: diâmetro primitivo<br />

Di: diâmetro interno<br />

M: módulo<br />

Z: número de dentes<br />

L: largura <strong>da</strong> engrenagem.<br />

O módulo corresponde à altura <strong>da</strong> cabeça do dente (M = a) e serve de base para<br />

calcular as demais dimensões dos dentes.<br />

É com base no módulo e no número de dentes que o fresador escolhe a ferramenta<br />

para usinar os dentes <strong>da</strong> engrenagem.<br />

Na ECDH engrenagem cilíndrica com dentes helicoi<strong>da</strong>is, a única característica nova<br />

que aparece é α, ou seja, o ângulo de inclinação <strong>da</strong> hélice.<br />

____________________________________________________________<br />

42<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

As característica <strong>da</strong> engrenagem cônica são:<br />

ae : ângulo externo<br />

ap: ângulo primitivo<br />

ai: ângulo interno<br />

ac: ângulo do cone complementar<br />

l: largura do dente.<br />

Para completar, analise as características <strong>da</strong> engrenagem helicoi<strong>da</strong>l para rosca<br />

sem-fim.<br />

<strong>Manutenção</strong> de engrenagens:<br />

A engrenagem é um elemento de máquina que exige uma atenção particular para<br />

que tenhamos um bom funcionamento dos sistemas.<br />

Os conjuntos engrenados podem exigir os seguintes cui<strong>da</strong>dos:<br />

Reversões de rotação e parti<strong>da</strong>s bruscas sob carga devem ser evita<strong>da</strong>s.<br />

A lubrificação deve eliminar a possibili<strong>da</strong>de de trabalho a seco<br />

A lubrificação deve atingir to<strong>da</strong> a superfície dos dentes<br />

A lubrificação deve ser manti<strong>da</strong> no nível. O excesso de óleo provoca o efeito<br />

de turbina que por sua vez provoca superaquecimento.<br />

Usar lubrificante correto.<br />

A pré-carga dos rolamentos ou folga dos mancais devem ser manti<strong>da</strong>s dentro<br />

dos limites recomen<strong>da</strong>dos. Essa medi<strong>da</strong> evitará o desalinhamento dos eixos.<br />

Eixos desalinhado provocam o aparecimento de carga no canto dos dentes e<br />

suas possíveis quebras.<br />

O desgaste dos eixos e dos entalhes dos dentes <strong>da</strong>s engrenagens não deve<br />

exceder os limites de ajuste. Se esses limites forem excedidos, ocorrerão<br />

bati<strong>da</strong>s devido ao atraso, recalcando os entalhes. Ocorrerá desalinhamento.<br />

Depósitos sólidos, do fundo <strong>da</strong> caixa de engrenagens, devem ser removidos<br />

antes de entrar em circulação.<br />

Defeitos mais comuns em engrenagens<br />

Os defeitos mais comuns e freqüentes em engrenagens estão descritos a seguir.<br />

Desgaste por interferência<br />

É provocado por um contato inadequado entre engrenagens, em que a carga<br />

total está concentra<strong>da</strong> sobre o flanco impulsor, e aponta do dente <strong>da</strong><br />

engrenagem impulsiona<strong>da</strong>.<br />

Desgaste abrasivo<br />

É provocado pela presença de impurezas ou corpos estranhos que se interpõem<br />

entre as faces de contato. As impurezas ou corpos estranhos podem estar<br />

localizados no óleo usado nas engrenagens.<br />

____________________________________________________________<br />

43<br />

Técnico em Mecânica Industrial


Quebra por fadiga<br />

<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Quebra por sobrecarga<br />

Resulta de sobrecarga estática, choques ou<br />

problemas de tratamentos térmicos.<br />

Geralmente, ao lado <strong>da</strong> compressão do dente surge<br />

uma lomba<strong>da</strong> cuja altura diminui de acordo com o<br />

tempo em que o dente leva para se quebrar. É<br />

interessante salientar que a trinca em um dente<br />

sobrecarregado não mostra sinais de progresso.<br />

A sobrecarga, pode também, ser causa<strong>da</strong> pela<br />

penetração de um corpo estranho entre os dentes, ou<br />

pelo desalinhamento devido ao desgaste ou folga<br />

excessiva nos mancais.<br />

Trincas superficiais<br />

Desgaste por sobrecarga<br />

É caracterizado pela per<strong>da</strong> de material sem a<br />

presença de abrasivos no óleo. Ocorre geralmente<br />

em veloci<strong>da</strong>des baixas e cargas muito altas.<br />

Lascamento<br />

Começa geralmente com uma trina do lado <strong>da</strong><br />

carga, num ponto de concentração de tensões<br />

próximo a base do dente, e termina com quebra<br />

total no sentido longitudinal ou diagonal para<br />

cima.<br />

Ocorrem nas engrenagens cementa<strong>da</strong>s e<br />

caracterizam-se por cisalhamento do material. São<br />

causa<strong>da</strong>s pelo emperramento momentâneo e<br />

deslizamento conseqüente. Emperramento e<br />

deslizamento são provocados por vibrações, excesso<br />

de carga ou lubrificação deficiente. As trincas<br />

superficiais, se não sofrerem progressão, não causam<br />

maiores problemas.<br />

Os dentes temperados soltam lascas, devido a falhas<br />

abaixo <strong>da</strong> superfície origina<strong>da</strong>s durante o tratamento<br />

térmico. Essas lascas podem cobrir uma área<br />

considerável do dente, como se fosse uma só mancha.<br />

____________________________________________________________<br />

44<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Laminação ou cilindramento<br />

Sintomas mais comuns de defeitos em engrenagens<br />

É caracteriza<strong>da</strong> pela deformação do perfil do dente.<br />

Essa deformação pode se apresentar como<br />

arredon<strong>da</strong>mentos ou saliências nas arestas dos<br />

dentes. Essas saliências são mais altas de um lado<br />

que do outro.<br />

Baseado em alguns sintomas simples de serem observados, o operador <strong>da</strong> máquina<br />

ou equipamento poderá solicitar ou fazer manutenção preventiva, evitando assim, a<br />

manutenção corretiva. Os sintomas mais simples ou comuns de defeitos em<br />

engrenagens são os seguintes:<br />

Uivo: normalmente aparece nas rotações muito altas e quando não existe<br />

folga suficiente entre as engrenagens ou quando elas estão desalinha<strong>da</strong>s.<br />

Tinido: pode ser provocado por alguma saliência nos dentes, por alguma<br />

bati<strong>da</strong> ou pela passagem de um corpo estranho entre os dentes.<br />

Chiado: normalmente ocorre em caixa de engrenagens quando a expansão<br />

térmica dos eixos e componentes elimina a folga nos mancais ou nos<br />

encostos.<br />

Limalha no óleo: se aparecer em pequena quanti<strong>da</strong>de durante as primeiras 50<br />

horas de trabalho, trata-se provavelmente, de amaciamento. Caso a limalha<br />

continue aparecendo após o amaciamento, significa a ocorrência de algum<br />

<strong>da</strong>no que pode ser provocado por uma engrenagem nova no meio <strong>da</strong>s velhas,<br />

ou então, emprego de material inadequado na construção <strong>da</strong>s engrenagens.<br />

Superaquecimento<br />

Pode ser causado por sobrecarga, excesso de veloci<strong>da</strong>de, defeito de<br />

refrigeração ou lubrificação. Se a circulação do óleo estiver excessiva, pode<br />

ain<strong>da</strong>, ocorrer o fenômeno <strong>da</strong> frenagem hidráulica com per<strong>da</strong> de carga no<br />

sistema.<br />

Vibração<br />

Pode ser causa<strong>da</strong> por empenamento dos eixos ou falta de balanceamento<br />

dinâmico nas engrenagens de alta rotação, ou ain<strong>da</strong>, por desgaste desigual <strong>da</strong>s<br />

engrenagens. A vibração pode ser causa<strong>da</strong> também por diversos fatores como<br />

mau nivelamento do piso <strong>da</strong> máquina, per<strong>da</strong> de ajuste nos mancais, etc.<br />

Montagem e desmontagem de engrenagens em conjuntos mecânicos<br />

Alguns cui<strong>da</strong>dos deverão ser observados para se obter um melhor<br />

aproveitamento e um melhor desempenho <strong>da</strong>s engrenagens em conjuntos<br />

mecânicos:<br />

____________________________________________________________<br />

45<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Antes de começar a retirar as engrenagens, verificar como estão fixas no eixo e<br />

se estão monta<strong>da</strong>s com interferência ou não.<br />

Não usar martelo para retirar as engrenagens do eixo para evitar <strong>da</strong>nos aos<br />

dentes. Utilizar um saca-polias ou uma prensa hidráulica. Se não dispuser destes<br />

equipamentos, bater cui<strong>da</strong>dosamente com tarugo de material metálico macio.<br />

Caso o conjunto mecânico não possua catálogo ou manual, verificar a posição<br />

ocupa<strong>da</strong> pela engrenagem na montagem, fazendo marcações ou croqui. Isso<br />

evitará possíveis erros na montagem.<br />

Evitar panca<strong>da</strong>s quando estiver montando, para não <strong>da</strong>nificar os dentes <strong>da</strong>s<br />

engrenagens.<br />

Fazer uma pré-lubrificação nas engrenagens durante a montagem. Essa medi<strong>da</strong><br />

evitará <strong>da</strong>nos posteriores a engrenagens, que só receberão lubrificação total<br />

depois de um certo tempo de funcionamento.<br />

Fazer um acompanhamento nas primeiras 50 horas de trabalho para verificar o<br />

funcionamento e amaciamento <strong>da</strong>s engrenagens novas.<br />

4.ACOPLAMENTOS<br />

Acoplamento é um conjunto mecânico, constituído de elementos de máquina,<br />

empregado na transmissão de movimento de rotação entre duas árvores ou eixosárvores.<br />

4.1.CLASSIFICAÇÃO<br />

Os acoplamentos fixos servem para unir árvores de tal maneira que funcionem como<br />

se fossem uma única peça, alinhando as árvores de forma precisa.<br />

Por motivo de segurança, os acoplamentos devem ser construídos de modo que não<br />

apresentem nenhuma saliência. Vamos conhecer alguns tipos de acoplamentos<br />

fixos:<br />

Acoplamento rígido com flanges parafusa<strong>da</strong>s:<br />

Esse tipo de acoplamento é utilizado quando se pretende conectar árvores, e é<br />

próprio para a transmissão de grande potência em baixa veloci<strong>da</strong>de.<br />

Acoplamento com luva de compressão ou de aperto<br />

Esse tipo de luva facilita a manutenção de máquinas e equipamentos, com a<br />

vantagem de não interferir no posicionamento <strong>da</strong>s árvores, podendo ser montado<br />

e removido sem problemas de alinhamento.<br />

Acoplamento de discos ou pratos<br />

Empregado na transmissão de grandes potências em casos especiais, como, por<br />

exemplo, nas árvores de turbinas. As superfícies de contato nesse tipo de<br />

acoplamento podem ser lisas ou denta<strong>da</strong>s.<br />

____________________________________________________________<br />

46<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Acoplamentos elásticos:<br />

Esses elementos tornam mais suave a transmissão do movimento em árvores<br />

que tenham movimentos bruscos, e permitem o funcionamento do conjunto com<br />

desalinhamento paralelo, angular e axial entre as árvores.<br />

Os acoplamentos elásticos são construídos de forma articula<strong>da</strong>, elástica ou<br />

articula<strong>da</strong> e elástica. Permitem a compensação de até 6 graus de ângulo de<br />

torção e deslocamento angular axial. Veja os principais tipos de acoplamentos<br />

elásticos:<br />

Acoplamento elástico de pinos<br />

Os elementos transmissores são pinos de aço com mangas de borracha.<br />

Acoplamento perflex<br />

Os discos de acoplamentos são unidos perifericamente por uma ligação de<br />

borracha aperta<strong>da</strong> por anéis de pressão. Esse acoplamento permite o jogo<br />

longitudinal de eixos.<br />

Acoplamento elástico de garras:<br />

As garras constituí<strong>da</strong>s por tocos de borracha, encaixam-se nas aberturas do<br />

contra disco e transmitem o movimento de rotação.<br />

Acoplamento elástico de fitas de aço<br />

Consiste de dois cubos providos de flanges ranhura<strong>da</strong>s, nos quais está monta<strong>da</strong><br />

uma grade elástica que liga os cubos. O conjunto está alojado em duas tampas<br />

provi<strong>da</strong>s de junta de encosto e de retentor elástico junto ao cubo. Todo o espaço<br />

entre os cabos e as tampas é preenchido com graxa.<br />

Apesar de esse acoplamento ser flexível, as árvores devem estar bem alinha<strong>da</strong>s<br />

no ato de sua instalação para que não provoquem vibrações excessivas em seu<br />

serviço.<br />

Acoplamentos de dentes arqueados:<br />

Os dentes possuem a forma ligeiramente curva<strong>da</strong> no sentido axial, o que permite<br />

até 3 graus de desalinhamento angular. O anel dentado ( peça transmissora do<br />

movimento) possui duas carreiras de dentes que são separa<strong>da</strong>s por uma<br />

saliência central.<br />

Junta universal homocinética:<br />

Esse tipo de junta é usado para transmitir movimento entre árvores que precisam<br />

sofrer variação angular durante sua ativi<strong>da</strong>de. Essa junta é constituí<strong>da</strong> de esferas<br />

de aço que se alojam em calhas.<br />

____________________________________________________________<br />

47<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Acoplamentos móveis:<br />

São empregados para permitir o jogo longitudinal <strong>da</strong>s árvores. Esses<br />

acoplamentos transmitem força e movimento somente quando acionados, isto é,<br />

obedecem a um comando.<br />

Os acoplamentos móveis podem ser de garras ou de dentes, e a rotação é<br />

transmiti<strong>da</strong> por meio de encaixe <strong>da</strong>s garras ou de dentes.<br />

Geralmente estes acoplamentos são usados em caixas de engrenagens de<br />

máquinas- ferramenta convencionais.<br />

4.2.MONTAGEM DE ACOPLAMENTOS<br />

Os principais cui<strong>da</strong>dos a tomar durante a montagem dos acoplamentos<br />

são:<br />

Colocar cubos e/ou flanges a quente, sempre que possível.<br />

Antes <strong>da</strong> montagem, verificar através de instrumento adequado a<br />

interferência ou folga de montagem.<br />

Evitar a colocação de flanges e/ou cubos por meio de golpes. Utilizar prensas<br />

ou dispositivos adequados.<br />

O alinhamento <strong>da</strong>s árvores deve ser o melhor possível mesmo que sejam<br />

usados acoplamentos elásticos, pois durante os serviço ocorrerão os<br />

desalinhamentos a serem compensados.<br />

Fazer a verificação de folga entre flanges e do alinhamento e concentrici<strong>da</strong>de<br />

do flange com a árvore.<br />

Certificar-se que todos os elementos de ligação estejam bem instalados antes<br />

de aplicar a carga.<br />

4.3.LUBRIFICAÇÃO DE ACOPLAMENTOS<br />

Os acoplamentos que requerem lubrificação, geralmente não necessitam cui<strong>da</strong>dos<br />

especiais.<br />

O melhor procedimento é o recomen<strong>da</strong>do pelo fabricante do acoplamento ou pelo<br />

manual <strong>da</strong> máquina. No entanto algumas características de lubrificantes para<br />

acoplamentos flexíveis são importantes para uso geral:<br />

Ponto de gota: 150º ou acima<br />

Consistência- NLGI nº2 com valor de penetração entre 250 e 300.<br />

Baixo valor de separação do óleo e alta resistência à separação por<br />

centrifugação.<br />

Deve possuir quali<strong>da</strong>des lubrificantes equivalentes às dos óleos minerais<br />

Não deve corroer aço ou deteriorar neoprene (material <strong>da</strong>s guarnições).<br />

____________________________________________________________<br />

48<br />

Técnico em Mecânica Industrial


5.ROLAMENTOS<br />

<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

5.1.CLASSIFICAÇÃO<br />

Ca<strong>da</strong> tipo de rolamento apresenta proprie<strong>da</strong>des características, com base em seu<br />

modelo, que o tornam mais ou menos apropriado para uma <strong>da</strong><strong>da</strong> aplicação. Por<br />

exemplo, os rolamentos rígidos de esferas podem acomo<strong>da</strong>r cargas radiais<br />

modera<strong>da</strong>s, bem como cargas axiais. Eles possuem baixo atrito e podem ser<br />

produzidos com alta precisão e em variantes de funcionamento silencioso. Portanto,<br />

eles são preferidos para motores elétricos pequenos e médios.<br />

Rolamentos auto compensadores de rolos e toroi<strong>da</strong>is podem suportar cargas muito<br />

altas e são auto compensadores. Essas proprie<strong>da</strong>des os tornam populares, por<br />

exemplo, em aplicações de engenharia pesa<strong>da</strong>, onde existam cargas altas,<br />

deflexões de eixo e desalinhamentos.<br />

Em muitos casos, porém, vários fatores precisam ser considerados e ponderados<br />

entre si ao se escolher um tipo de rolamento, de maneira que nenhuma regra<br />

genérica pode ser formula<strong>da</strong>.<br />

As informações forneci<strong>da</strong>s aqui devem servir para indicar quais são os fatores mais<br />

importantes a serem considerados ao selecionar um tipo de rolamento padrão e,<br />

com isso, facilitar uma escolha apropria<strong>da</strong>:<br />

- Espaço disponível<br />

- Cargas<br />

- Desalinhamento<br />

- Precisão<br />

- Veloci<strong>da</strong>de<br />

- giro silencioso<br />

- Rigidez<br />

- deslocamento axial<br />

- montagem e desmontagem<br />

- ve<strong>da</strong>ntes integrados<br />

Informações detalha<strong>da</strong>s sobre ca<strong>da</strong> tipo de rolamento, incluindo suas características<br />

e os modelos disponíveis, serão encontra<strong>da</strong>s nas seções que tratam de ca<strong>da</strong> tipo de<br />

rolamento. Os tipos de rolamento não incluídos na matriz geralmente são usados<br />

apenas em algumas aplicações bem-defini<strong>da</strong>s.<br />

A matriz permite apenas uma classificação relativamente superficial dos tipos de<br />

rolamentos. O número limitado de símbolos não permite uma diferenciação exata e<br />

algumas proprie<strong>da</strong>des não dependem exclusivamente do modelo do rolamento. Por<br />

exemplo, a rigidez de um arranjo que incorpora rolamentos de esferas de contato<br />

angular ou rolamentos de rolos cônicos também depende <strong>da</strong> pré-carga aplica<strong>da</strong> e <strong>da</strong><br />

veloci<strong>da</strong>de operacional, que é influencia<strong>da</strong> pela precisão do rolamento e de seus<br />

componentes associados, bem como pelo modelo <strong>da</strong> gaiola. A despeito de suas<br />

limitações, a matriz deve permitir uma escolha apropria<strong>da</strong> do tipo de rolamento.<br />

Deve-se considerar também que o custo total de um arranjo de rolamentos e<br />

____________________________________________________________<br />

49<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

considerações de estoque também podem influenciar na escolha final.<br />

Portanto os rolamentos podem ser de diversos tipos: fixo de uma carreira de esferas,<br />

auto compensador de esferas, de contato angular de uma carreira de esferas, de<br />

rolo cilíndrico,etc. Vamos estu<strong>da</strong>r os principais:<br />

Rolamento fixo de uma carreira de esferas<br />

É o mais comum dos rolamentos. Suporta cargas radiais e<br />

pequenas cargas axiais e é apropriado para rotações mais<br />

eleva<strong>da</strong>s. Sua capaci<strong>da</strong>de de ajustagem angular é limita<strong>da</strong>. É<br />

necessário um perfeito alinhamento entre o eixo e os furos <strong>da</strong><br />

caixa.<br />

Rolamento de contato angular de uma carreira de esferas:<br />

Admite cargas axiais somente em um sentido e deve ser montado<br />

contra outro rolamento que possa receber a carga axial no sentido<br />

contrário.<br />

Rolamento auto compensador de esferas<br />

É um rolamento de duas carreiras de esferas com pista esférica no<br />

anel externo, o que lhe confere a proprie<strong>da</strong>de de ajustagem<br />

angular, ou seja, de compensar possíveis desalinhamentos ou<br />

flexões do eixo.<br />

____________________________________________________________<br />

50<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Rolamento de rolo cilíndrico:<br />

É apropriado para cargas radiais eleva<strong>da</strong>s. Seus<br />

componentes são separáveis, o que facilita a<br />

montagem e desmontagem.<br />

Rolamento auto compensador de duas carreiras de rolos<br />

É um rolamento adequado aos mais pesados serviços. Os<br />

rolos são de grande diâmetro e comprimento. Devido ao alto<br />

grau de oscilação entre rolos e pistas, existe uma distribuição<br />

uniforme <strong>da</strong> carga.<br />

____________________________________________________________<br />

51<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Rolamento de rolos cônicos:<br />

Rolamento axial de esferas:<br />

Além de cargas radias, os rolamentos de rolos cônicos também<br />

suportam cargas axiais em um sentido.<br />

Os anéis são separáveis. O anel interno e o externo podem ser<br />

montados separa<strong>da</strong>mente. Como sé admitem cargas axiais em um<br />

sentido, torna-se necessário montar os anéis aos pares, um contra<br />

o outro.<br />

Rolamento axial auto compensador de rolos<br />

Ambos os tipos de rolamento axial de<br />

esfera (escora simples e escora dupla)<br />

admitem eleva<strong>da</strong>s cargas axiais, porém<br />

não podem ser submetidos a cargas<br />

radiais. Para que as esferas sejam<br />

guia<strong>da</strong>s firmemente em suas pistas, é<br />

necessária a atuação permanente de<br />

uma carga axial mínima.<br />

Possui grande capaci<strong>da</strong>de de carga axial devido a<br />

disposição inclina<strong>da</strong> dos rolos. Também pode<br />

suportar consideráveis cargas radias.<br />

A pista esférica do anel <strong>da</strong> caixa confere ao<br />

rolamento a proprie<strong>da</strong>de de alinhamento angular,<br />

compensando possíveis desalinhamentos ou<br />

flexões do eixo.<br />

____________________________________________________________<br />

52<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Rolamento de agulha<br />

5.2.IDENTIFICAÇÃO<br />

Dimensões<br />

Possui uma seção transversal muito fina em comparação aos<br />

rolamentos de rolos comuns. É utilizado quando o espaço radial<br />

é limitado.<br />

Os fabricantes e usuários de rolamentos, por razões de preço, quali<strong>da</strong>de e facili<strong>da</strong>de<br />

de substituição, estão apenas interessados em um número limitado de tamanhos de<br />

rolamentos. A Internacional Organization for Stan<strong>da</strong>rdization (ISO), portanto,<br />

estabeleceu planos gerais <strong>da</strong>s dimensões máximas de<br />

– rolamentos radiais métricos no padrão ISO 15:1998, excetuando rolamentos de<br />

rolos cônicos,<br />

– rolamentos de rolos cônicos radiais métricos no padrão ISO 355:1977 e<br />

– rolamentos axiais métricos no padrão ISO 104:2002.<br />

Planos gerais ISO<br />

Os planos gerais ISO de dimensões máximas para rolamentos radiais contêm uma<br />

série progressiva de diâmetros externos padronizados para ca<strong>da</strong> diâmetro de furo<br />

padrão, organizados nas séries de diâmetro 7, 8, 9, 0, 1, 2, 3 e 4 (em ordem<br />

crescente de diâmetro externo). Dentro de ca<strong>da</strong> série de diâmetro, diferentes séries<br />

de largura também foram estabeleci<strong>da</strong>s (séries de largura 8, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7,<br />

em ordem crescente de largura). A série de largura para rolamentos radiais<br />

corresponde à série de altura para rolamentos axiais (séries de altura 7, 9, 1 e 2, em<br />

ordem crescente de altura).<br />

Combinando uma série de larguras ou alturas com uma série de diâmetros, uma<br />

série de dimensões, designa<strong>da</strong> por dois algarismos, é obti<strong>da</strong>. O primeiro algarismo<br />

identifica a série de larguras ou alturas, e o segundo a série de diâmetros.<br />

____________________________________________________________<br />

53<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

No plano geral ISO para rolamentos de rolos cônicos métricos de uma carreira, as<br />

dimensões máximas são agrupa<strong>da</strong>s para determina<strong>da</strong>s faixas de ângulo de contato<br />

α, conheci<strong>da</strong>s como séries de ângulos (séries de ângulos 2, 3, 4, 5, 6 e 7, em ordem<br />

crescente de ângulo). Com base no relacionamento entre os diâmetros externo e do<br />

furo, e entre a largura total do rolamento e a altura transversal, séries de diâmetros e<br />

larguras também foram estabeleci<strong>da</strong>s. Aqui, uma série de dimensões é obti<strong>da</strong> pela<br />

combinação <strong>da</strong> série de ângulos com uma série de diâmetros e uma série de<br />

larguras.<br />

Essas séries de dimensões consistem em um algarismo para a série de ângulos e<br />

duas letras, sendo que a primeira letra identifica a série de diâmetros e a segun<strong>da</strong>, a<br />

série de larguras.<br />

Com muito poucas exceções, determina<strong>da</strong>s pelo desenvolvimento dos rolamentos,<br />

os rolamentos deste catálogo estão em conformi<strong>da</strong>de com os planos gerais ISO ou<br />

com outros padrões ISO para as dimensões de alguns tipos de rolamento para os<br />

quais a série de dimensões ISO não é apropria<strong>da</strong>. Portanto, a intercambiali<strong>da</strong>de é<br />

garanti<strong>da</strong>. Informações adicionais são forneci<strong>da</strong>s sob o título "Dimensões" dos textos<br />

introdutórios <strong>da</strong>s seções de produtos individuais.<br />

A experiência mostrou que os requisitos <strong>da</strong> ampla maioria de aplicações de<br />

rolamentos podem ser satisfeitos utilizando-se rolamentos com essas dimensões<br />

padroniza<strong>da</strong>s.<br />

____________________________________________________________<br />

54<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Planos gerais para rolamentos com dimensões em polega<strong>da</strong>s<br />

Um grupo grande de rolamentos em polega<strong>da</strong>s são os rolamentos de rolos cônicos<br />

com dimensões em polega<strong>da</strong>s. As dimensões desses rolamentos estão de acordo<br />

com a Norma AFBMA 19-1974 (ANSI-B3.19-1975). Posteriormente, ela foi<br />

substituí<strong>da</strong> pela Norma ANSI/ABMA-19.2-1994, mas esta não inclui mais dimensões.<br />

Além dos rolamentos de rolos cônicos com dimensões em polega<strong>da</strong>s, alguns<br />

rolamentos de esferas e rolamentos de rolos cilíndricos em polega<strong>da</strong>s que seguem o<br />

padrão britânico BS292-1:1982, mais antigo, também estão disponíveis, mas não<br />

são mostrados neste catálogo. Esse padrão foi posteriormente anulado em<br />

conseqüência <strong>da</strong> metrificação, não sendo recomendável que esses rolamentos<br />

sejam utilizados em projetos novos.<br />

Rolamentos identificados por números de desenho<br />

Os rolamentos com número de desenho normalmente possuem dimensões<br />

personaliza<strong>da</strong>s, embora freqüentemente a diferença entre um rolamento com<br />

número de desenho e um rolamento padrão esteja no projeto interno ou em um<br />

chanfro modificado, por exemplo. Em alguns casos, por exemplo, rolamentos de<br />

múltiplas carreiras de rolos para laminadores, as dimensões se tornaram um padrão<br />

para a indústria, portanto, novamente, a intercambiali<strong>da</strong>de é garanti<strong>da</strong>.<br />

Folga interna do rolamento<br />

A folga interna do rolamento é defini<strong>da</strong><br />

como a distância total através <strong>da</strong> qual um<br />

anel de rolamento pode ser movido em<br />

relação ao outro na direção radial (folga<br />

interna radial) ou na direção axial (folga<br />

interna axial).<br />

É necessário distinguir entre a folga interna de um rolamento antes <strong>da</strong> montagem e<br />

a folga interna em um rolamento montado que tenha atingido sua temperatura de<br />

funcionamento (folga operacional). A folga interna inicial (antes <strong>da</strong> montagem) é<br />

maior que a folga operacional porque diferentes graus de interferência nos ajustes e<br />

diferenças na expansão térmica dos anéis do rolamento e dos componentes<br />

associados fazem com que os anéis sejam expandidos ou comprimidos.<br />

____________________________________________________________<br />

55<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

A folga interna radial de um rolamento é de importância considerável caso uma<br />

operação satisfatória deva ser obti<strong>da</strong>. Via de regra, rolamentos de esferas devem<br />

sempre ter uma folga operacional praticamente igual a zero ou pode haver uma leve<br />

pré-carga. Rolamentos de rolos toroi<strong>da</strong>is CARB, auto compensadores e cilíndricos,<br />

por outro lado, devem sempre ter alguma folga residual - embora pequena - em<br />

funcionamento. O mesmo vale para rolamentos de rolos cônicos, exceto em arranjos<br />

de rolamentos onde a rigidez seja deseja<strong>da</strong>, por exemplo, arranjos de rolamentos de<br />

pinhão, onde os rolamentos são montados com uma certa quanti<strong>da</strong>de de pré-carga<br />

(consulte a seção "Pré-carga do rolamento").<br />

A folga interna do rolamento referi<strong>da</strong> como Normal foi seleciona<strong>da</strong> para que uma<br />

folga operacional adequa<strong>da</strong> seja obti<strong>da</strong> quando os rolamentos forem montados com<br />

os ajustes normalmente recomen<strong>da</strong>dos e as condições de funcionamento forem<br />

normais. Quando as condições de operação e montagem diferem do normal, por<br />

exemplo, quando ajustes de interferência são usados para ambos os anéis de<br />

rolamento, em caso de temperaturas incomuns, etc., rolamentos com uma folga<br />

interna maior ou menor que Normal são necessários. Em tais casos, a SKF<br />

recomen<strong>da</strong> verificar a folga residual no<br />

rolamento após este ter sido montado.<br />

Rolamentos com uma folga interna diferente de Normal são identificados pelos<br />

sufixos de C1 a C5.<br />

Sufixo<br />

Folga interna radial<br />

C1 Menor que C2<br />

C2 Menor que Normal<br />

CN Normal, somente usa<strong>da</strong> em combinação com letras indicando uma faixa de folga<br />

reduzi<strong>da</strong> ou desloca<strong>da</strong><br />

C3 Maior que Normal<br />

C4 Maior que C3<br />

C5 Maior que C4<br />

Tabelas que fornecem os valores de folga para os vários tipos de rolamento podem<br />

ser encontra<strong>da</strong>s no texto que precede a seção de produto relevante. Para<br />

rolamentos de rolos cônicos e rolamentos de esferas de contato angular de uma<br />

carreira em pares ou rolamentos de esferas de quatro pontos de contato e<br />

rolamentos de esferas de contato angular de duas carreiras em pares, os valores<br />

para a folga interna axial são fornecidos em vez <strong>da</strong> folga radial, uma vez que a folga<br />

axial é de maior importância no projeto de aplicação desses tipos de rolamentos.<br />

____________________________________________________________<br />

56<br />

Técnico em Mecânica Industrial


5.3.MANUTENÇÃO<br />

<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Montagem e desmontagem<br />

Para propiciar um desempenho adequado do rolamento e evitar falhas prematuras,<br />

são necessárias habili<strong>da</strong>de e limpeza ao montar rolamentos de esferas e de rolos.<br />

Como componentes de precisão, os rolamentos devem ser manuseados com<br />

cui<strong>da</strong>do ao serem montados. Também é importante escolher o método certo de<br />

montagem e usar a ferramenta certa para o trabalho. Para máximo aproveitamento<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> útil de um rolamento, este deve ser instalado corretamente - o que costuma<br />

ser mais difícil do que parece, especialmente quando se trata de rolamentos<br />

grandes.<br />

Local de montagem<br />

Os rolamentos devem ser instalados em um recinto seco, livre de poeira e afastado<br />

de máquinas para trabalho com metal ou outras que produzam limalhas e poeira.<br />

Quando é necessário montar rolamentos em uma área não protegi<strong>da</strong>, o que<br />

costuma ocorrer com rolamentos grandes, certas precauções precisam ser toma<strong>da</strong>s<br />

para proteger o rolamento e o local de montagem contra contaminação por pó,<br />

sujeira e umi<strong>da</strong>de até que a instalação tenha sido concluí<strong>da</strong>. Isso pode ser feito<br />

cobrindo-se ou enrolando-se rolamentos, componentes de máquinas, etc., com folha<br />

ou papel oleado.<br />

Preparações para montagem e desmontagem<br />

Antes <strong>da</strong> montagem, to<strong>da</strong>s as peças, ferramentas, equipamento e informações<br />

necessárias devem estar à mão. Também é recomendável que quaisquer desenhos<br />

ou instruções sejam estu<strong>da</strong>dos para determinar a ordem correta na qual montar os<br />

vários componentes.<br />

Caixas, eixos, ve<strong>da</strong>ntes e outros componentes dos arranjos de rolamentos devem<br />

ser verificados para garantir que estejam limpos, particularmente quaisquer orifícios<br />

rosqueados, condutores ou ranhuras onde resíduos de operações anteriores de<br />

usinagem possam ter sido coletados. As superfícies não usina<strong>da</strong>s de caixas<br />

fundi<strong>da</strong>s precisam estar livres de areia <strong>da</strong> forma e quaisquer rebarbas devem ser<br />

removi<strong>da</strong>s.<br />

A precisão dimensional e <strong>da</strong>s formas de todos os componentes do arranjo de<br />

rolamentos precisa ser verifica<strong>da</strong>. Os rolamentos só trabalharão satisfatoriamente se<br />

os componentes associados tiverem a precisão exigi<strong>da</strong> e se as tolerâncias prescritas<br />

forem obedeci<strong>da</strong>s. O diâmetro do eixo cilíndrico e dos assentos <strong>da</strong>s caixas<br />

costumam ser verificados com um micrômetro ou medidor interno em duas seções<br />

transversais e em quatro direções. Assentos de rolamentos cônicos são verificados<br />

utilizando-se calibradores de anel, calibradores cônicos especiais ou réguas de<br />

seno.<br />

____________________________________________________________<br />

57<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

É aconselhável manter um registro <strong>da</strong>s medições. Ao medir, é importante que os<br />

componentes sendo medidos e os instrumentos de medição tenham<br />

aproxima<strong>da</strong>mente a mesma temperatura. Isso significa que é necessário deixar os<br />

componentes e o equipamento de medição juntos no mesmo lugar por um tempo<br />

suficiente para que eles atinjam a mesma temperatura. Isso é particularmente<br />

importante quando se trata de rolamentos grandes e seus componentes associados,<br />

que são correspondentemente grandes e pesados.<br />

Os rolamentos precisam ser deixados em suas embalagens originais até a ocasião<br />

<strong>da</strong> montagem para que não sejam expostos a quaisquer contaminantes,<br />

especialmente sujeira. Normalmente, o conservante com o qual os rolamentos novos<br />

são revestidos antes de sair <strong>da</strong> fábrica não precisa ser removido; basta limpar a<br />

superfície cilíndrica externa e do orifício. Se, no entanto, o rolamento vier a ser<br />

lubrificado com graxa e a ser usado em temperaturas muito altas ou muito baixas ou<br />

se a graxa não for compatível com o conservante, será necessário lavar e secar<br />

cui<strong>da</strong>dosamente o rolamento. Isso deve ser feito para evitar qualquer efeito<br />

prejudicial às proprie<strong>da</strong>des de lubrificação <strong>da</strong> graxa.<br />

Os rolamentos devem ser lavados e secados antes <strong>da</strong> montagem caso haja risco de<br />

que eles sejam contaminados em decorrência de manuseio indevido (embalagens<br />

<strong>da</strong>nifica<strong>da</strong>s, etc.).Quando tirado de sua embalagem original, qualquer rolamento<br />

coberto por uma cama<strong>da</strong> oleosa e relativamente espessa de conservante também<br />

deve ser lavado e secado. Isso pode se aplicar a alguns rolamentos grandes com<br />

um diâmetro externo superior a 420mm. Produtos apropriados para lavagem de<br />

rolamentos incluem álcool e parafina. Rolamentos fornecidos já engraxados e que<br />

tenham placas de proteção ou ve<strong>da</strong>ntes integrados em ambos os lados não devem<br />

ser lavados antes <strong>da</strong> montagem.<br />

Montagem<br />

Dependendo do tipo e do tamanho do rolamento, métodos mecânicos, térmicos ou<br />

hidráulicos são usados para a montagem. Em todos os casos, é importante que os<br />

anéis, gaiolas e corpos rolantes ou ve<strong>da</strong>ntes do rolamento não recebam golpes<br />

diretos e que a força de montagem nunca seja direciona<strong>da</strong> através dos corpos<br />

rolantes.<br />

____________________________________________________________<br />

58<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Rolamentos com furo cilíndrico<br />

Com rolamentos não separáveis, o anel que precisa ter o ajuste mais apertado deve,<br />

geralmente, ser montado primeiro. A superfície do assento deve ser ligeiramente<br />

olea<strong>da</strong> antes <strong>da</strong> montagem.<br />

Montagem a frio<br />

Se um rolamento não separável for<br />

pressionado no eixo e para dentro do furo<br />

<strong>da</strong> caixa ao mesmo tempo, a força de<br />

montagem deverá ser aplica<strong>da</strong> por igual<br />

em ambos os anéis e as superfícies de<br />

encosto <strong>da</strong> ferramenta de montagem<br />

deverão estar no mesmo plano. Nesse<br />

caso, deve ser usa<strong>da</strong> uma ferramenta de<br />

montagem de rolamentos, na qual um<br />

anel de impacto encosta nas faces<br />

laterais dos anéis interno e externo e a<br />

bucha permite que as forças de<br />

montagem sejam aplica<strong>da</strong>s centralmente.<br />

Se o ajuste não for muito apertado, rolamentos pequenos<br />

podem ser colocados na posição através <strong>da</strong> aplicação de<br />

leves golpes de martelo em uma bucha coloca<strong>da</strong> contra<br />

a face do anel do rolamento. Os golpes devem ser<br />

distribuídos uniformemente em torno do anel para evitar<br />

que o rolamento se encline ou desvie. O uso de um<br />

encosto de montagem em vez de uma bucha permite<br />

que a força de montagem seja aplica<strong>da</strong> centralmente.<br />

Com rolamentos auto compensadores,<br />

o uso de um anel de montagem<br />

intermediário evita que o anel externo<br />

se incline e desvie quando o rolamento<br />

com eixo for introduzido no furo <strong>da</strong><br />

caixa.<br />

____________________________________________________________<br />

59<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

É bom lembrar que as esferas de alguns tamanhos de<br />

rolamentos auto compensadores de esferas se projetam<br />

<strong>da</strong>s faces laterais do rolamento, de maneira que o anel de<br />

montagem intermediário deve ser rebaixado para não<br />

<strong>da</strong>nificar as esferas. Um grande número de rolamentos<br />

costuma ser montado utilizando prensas mecânicas ou<br />

hidráulicas.<br />

Com rolamentos separáveis, o anel interno pode ser<br />

montado independentemente do anel externo, o que<br />

simplifica a montagem, particularmente quando ambos os<br />

anéis precisam de um ajuste de interferência. Ao instalar<br />

o eixo com o anel interno já posicionado, na caixa que<br />

contém o anel externo, é importante ter o cui<strong>da</strong>do de<br />

verificar se eles estão alinhados corretamente para evitar<br />

marcar as pistas e os corpos rolantes. Ao montar<br />

rolamentos de rolos cilíndricos e de agulha com um anel interno sem flanges ou com<br />

um flange de um só lado, é recomen<strong>da</strong>do utilizar uma bucha de montagem.<br />

Rolamentos com furos cônicos:<br />

Para rolamentos que tenham um furo cônico, os anéis internos são sempre<br />

montados com um ajuste de interferência. O grau de interferência não é determinado<br />

pela tolerância de eixo escolhi<strong>da</strong>, como com rolamentos que possuem um furo<br />

cilíndrico, mas pela distância pela qual o rolamento é impulsionado no assento de<br />

eixo cônico ou no a<strong>da</strong>ptador ou bucha de desmontagem. Conforme o rolamento é<br />

deslocado em direção ao assento cônico, sua folga interna radial é reduzi<strong>da</strong>. Essa<br />

redução pode ser medi<strong>da</strong> para determinar o grau de interferência e o ajuste<br />

apropriado.<br />

Rolamentos pequenos<br />

Os rolamentos pequenos podem ser deslocados sobre um assento cônico utilizandose<br />

uma porca. No caso de buchas de fixação, a porca <strong>da</strong> bucha é usa<strong>da</strong>. Pequenas<br />

buchas de desmontagem podem ser desloca<strong>da</strong>s no furo do rolamento utilizando-se<br />

uma porca. Um gancho ou chave de impacto pode ser usa<strong>da</strong> para apertar a porca.<br />

As superfícies de assento do eixo e <strong>da</strong> bucha devem ser levemente olea<strong>da</strong>s com<br />

óleo fino antes de se iniciar a montagem.<br />

Rolamentos médios e grandes<br />

Para rolamentos maiores, uma força consideravelmente maior é necessária e<br />

– porcas hidráulicas devem ser usa<strong>da</strong>s e/ou<br />

– o método de injeção de óleo deve ser empregado.<br />

Em qualquer caso, o processo de montagem será mais fácil.<br />

____________________________________________________________<br />

60<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Com o método de injeção de óleo, o óleo<br />

sob alta pressão é injetado entre o<br />

rolamento e o assento do rolamento para<br />

formar um filme de óleo. Esse filme de<br />

óleo separa as superfícies conjuga<strong>da</strong>s,<br />

reduzindo apreciavelmente a fricção<br />

entre elas. Esse método costuma ser<br />

usado ao montar rolamentos diretamente<br />

em munhões cônicos , mas também é<br />

usado para montar rolamentos em<br />

buchas de a<strong>da</strong>ptação e de desmontagem<br />

que tenham sido prepara<strong>da</strong>s para o<br />

método de injeção de óleo. Um injetor de<br />

óleo ou bomba produz a pressão<br />

necessária, o óleo é injetado entre as<br />

superfícies conjuga<strong>da</strong>s através de dutos<br />

e ranhuras de distribuição no eixo ou<br />

bucha. Os dutos e ranhuras necessários<br />

no eixo devem ser considerados ao<br />

projetar o arranjo de rolamentos.<br />

Determinação do ajuste de<br />

interferência<br />

Rolamentos com furo cônico são sempre<br />

montados com um ajuste de interferência.<br />

Utiliza-se a redução na folga interna<br />

radial ou o deslocamento axial do anel<br />

interno em seu assento cônico para<br />

determinar e medir o grau de<br />

interferência. Diversos métodos podem<br />

ser usados para medir o grau de<br />

interferência. (fig. ao lado)<br />

____________________________________________________________<br />

61<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Medição <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> folga com um calibrador de folga<br />

O método que utiliza calibradores de folga para medir a folga interna radial antes e<br />

depois <strong>da</strong> montagem dos rolamentos aplica-se a rolamentos de rolos toroi<strong>da</strong>is e auto<br />

compensadores, médios e grandes. A folga deve, preferivelmente, ser medi<strong>da</strong> entre<br />

o anel externo e um rolo não carregado.<br />

Medição do deslocamento axial<br />

A montagem de rolamentos com furo cônico pode ser feita pela medição do<br />

deslocamento axial do anel interno em seu assento. Valores de referência para o<br />

deslocamento axial necessário são fornecidos nas seções dos produtos relevantes.<br />

Montagem - Teste de funcionamento<br />

Após a montagem de um rolamento, o lubrificante prescrito é aplicado e é feito um<br />

teste para que o ruído e a temperatura do rolamento possam ser verificados.<br />

Esse teste de funcionamento deve ser executado sob carga parcial e, quando há<br />

uma faixa de veloci<strong>da</strong>de ampla, em veloci<strong>da</strong>de lenta ou modera<strong>da</strong>. Sob nenhuma<br />

circunstância um rolamento deve ser iniciado descarregado e acelerado até altas<br />

veloci<strong>da</strong>des, uma vez que há o perigo de os corpos rolantes deslizarem nas pistas e<br />

serem <strong>da</strong>nificados, ou que a gaiola seja submeti<strong>da</strong> a esforços inadmissíveis.<br />

Roncos ou martelamentos irregulares devem-se, na maioria dos casos à presença<br />

de contaminantes no rolamento ou a <strong>da</strong>nos no rolamento causados durante a<br />

montagem.<br />

Um aumento na temperatura do rolamento imediatamente após a parti<strong>da</strong> é normal.<br />

Por exemplo, no caso <strong>da</strong> lubrificação com graxa, a temperatura não irá cair até que<br />

a graxa tenha sido uniformemente distribuí<strong>da</strong> no arranjo de rolamentos, quando<br />

então uma temperatura de equilíbrio será atingi<strong>da</strong>. Normalmente, temperaturas altas<br />

ou picos de temperatura constantes indicam haver muito pouco lubrificante no<br />

arranjo ou que o rolamento encontra-se distorcido radialmente ou axialmente. Outras<br />

causas são os componentes associados não terem sido feitos ou montados<br />

corretamente, ou os ve<strong>da</strong>ntes terem fricção excessiva.<br />

Durante o teste de funcionamento ou imediatamente após, os ve<strong>da</strong>ntes devem ser<br />

verificados para determinar se funcionam corretamente e qualquer equipamento de<br />

lubrificação, bem como o nível de óleo de um banho de óleo, deve ser verificado.<br />

Talvez seja necessário tomar uma amostra do lubrificante para determinar se o<br />

arranjo de rolamentos está contaminado ou se os componentes do arranjo sofreram<br />

desgaste<br />

Desmontagem<br />

Se os rolamentos forem usados novamente após a remoção, a força usa<strong>da</strong> para<br />

desmontá-los nunca deverá ser aplica<strong>da</strong> através dos corpos rolantes.<br />

____________________________________________________________<br />

62<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Com rolamentos separáveis, o anel com o conjunto de gaiola e corpos rolantes pode<br />

ser removido independentemente do outro anel. Com rolamentos não separáveis, o<br />

anel com o ajuste mais frouxo deverá ser retirado de seu assento primeiro. Para<br />

desmontar um rolamento que tenha um ajuste de interferência, as ferramentas<br />

descritas na seção seguinte podem ser usa<strong>da</strong>s; a escolha <strong>da</strong>s ferramentas<br />

dependerá do tipo, do tamanho e do ajuste do rolamento.<br />

Em determinados casos, é recomendável que a posição de um rolamento em<br />

relação aos componentes associados seja marca<strong>da</strong> para simplificar a remontagem.<br />

Isso é importante, por exemplo, para rolamentos grandes nos quais o anel que tenha<br />

sido submetido a carga pontual é normalmente virado parte de uma volta para que<br />

uma outra parte <strong>da</strong> pista fique sob carga quando o rolamento for remontado. Isso<br />

permite que a vi<strong>da</strong> do rolamento seja plenamente aproveita<strong>da</strong>.<br />

Desmontagem - Rolamentos com furo cilíndrico<br />

Desmontagem a frio<br />

A desmontagem é facilita<strong>da</strong> quando<br />

Rolamentos pequenos podem ser removidos de seus<br />

assentos pela aplicação de leves golpes de martelo em um<br />

mandril apropriado na face do anel ou, preferivelmente,<br />

utilizando-se um extrator. As garras do extrator devem ser<br />

coloca<strong>da</strong>s ao redor <strong>da</strong> face lateral do anel a ser removido ou<br />

em um componente adjacente, por exemplo, um anel<br />

espaçador, etc.<br />

- os ressaltos de caixa e eixo são dotados de recessos para<br />

receber as garras do extrator ou,<br />

- quando são feitos furos cônicos nos ressaltos de caixa para<br />

receber parafusos de desmontagem<br />

____________________________________________________________<br />

63<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Desmontagem a quente<br />

Aquecedores de indução<br />

especiais foram<br />

desenvolvidos para<br />

desmontar os anéis internos<br />

de rolamentos de rolos<br />

cilíndricos sem flanges ou<br />

com apenas um flange. Eles<br />

aquecem rapi<strong>da</strong>mente o anel<br />

interno sem aquecer o eixo,<br />

para que o anel expandido<br />

possa ser removido<br />

facilmente. Esses<br />

aquecedores de indução<br />

elétricos possuem uma ou<br />

mais bobinas energiza<strong>da</strong>s por<br />

corrente alterna<strong>da</strong>.<br />

Rolamentos maiores montados<br />

com um ajuste de interferência<br />

geralmente exigem maior força<br />

para serem removidos,<br />

particularmente se, após um<br />

longo período de serviço, tiver<br />

ocorrido corrosão por atrito. O<br />

uso do método de injeção de<br />

óleo facilita consideravelmente<br />

a desmontagem em tais casos.<br />

Isso pressupõe que os dutos de<br />

fornecimento de óleo e<br />

ranhuras de distribuição<br />

necessários foram projetados<br />

no arranjo.<br />

Quando anéis internos sem flange de<br />

rolamentos de rolos cilíndricos, ou com<br />

apenas um flange, que não devam ser<br />

removidos com freqüência, ou se anéis<br />

internos maiores (de até 400mm de<br />

diâmetro do furo) tiverem de ser<br />

desmontados, será menos custoso e<br />

também mais fácil utilizar o assim<br />

chamado anel de desmontagem<br />

____________________________________________________________<br />

64<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

térmico, também chamado de anel de aquecimento. Trata-se de um anel entalhado,<br />

geralmente de liga leve, com alças.<br />

Desmontagem - Rolamentos com furo cônico<br />

Desmontagem de um rolamento em um munhão cônico<br />

Rolamentos pequenos e médios em<br />

munhões cônicos podem ser<br />

desmontados utilizando-se extratores<br />

convencionais, que se encaixam no anel<br />

interno. Deve-se usar, de preferência, um<br />

extrator de centragem automática para<br />

evitar <strong>da</strong>nos ao assento do rolamento.<br />

Normalmente, rolamentos em assentos<br />

cônicos se soltam muito rapi<strong>da</strong>mente. Portanto, é necessário proporcionar um<br />

batente de algum tipo (por exemplo, uma porca de segurança) para evitar que o<br />

rolamento seja completamente retirado do eixo.<br />

A desmontagem de rolamentos grandes de munhões<br />

cônicos é bastante facilita<strong>da</strong> quando o método de<br />

injeção de óleo é empregado. Após a injeção de óleo<br />

pressurizado entre as superfícies conjuga<strong>da</strong>s, o<br />

rolamento subitamente se separa de seu assento.<br />

Portanto, um batente deve ser utilizado (por<br />

exemplo, uma porca de eixo ou chapa de<br />

extremi<strong>da</strong>de) para limitar o movimento axial do<br />

rolamento a um tanto mais que a distância do<br />

avançamento axial.<br />

Desmontagem de um rolamento em uma bucha de fixação<br />

Rolamentos de tamanhos pequenos e médios em<br />

buchas de fixação e eixos lisos podem ser<br />

desmontados por golpes de martelo aplicados em um<br />

mandril até o rolamento ser liberado. Primeiramente,<br />

contudo, a porca <strong>da</strong> bucha deve ser afrouxa<strong>da</strong> algumas<br />

voltas<br />

____________________________________________________________<br />

65<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Rolamentos de tamanhos pequenos e<br />

médios em buchas de fixação e eixos<br />

escalonados contra um anel de<br />

suporte podem ser desmontados pelo<br />

uso de um encosto contra a porca <strong>da</strong><br />

bucha, previamente afrouxa<strong>da</strong><br />

algumas voltas.<br />

Desmontagem de um rolamento em uma bucha de desmontagem<br />

Ao desmontar rolamentos em buchas de desmontagem, o<br />

dispositivo de travamento axial (uma porca de segurança,<br />

tampa de extremi<strong>da</strong>de, etc.) deve ser removido.<br />

Rolamentos pequenos e médios podem ser desmontados<br />

utilizando-se uma porca de segurança e um gancho ou<br />

chave de impacto para liberar o rolamento.<br />

Armazenamento dos rolamentos<br />

Os rolamentos podem ser armazenados em sua embalagem original por vários<br />

anos, desde que a umi<strong>da</strong>de relativa do armazém não exce<strong>da</strong> 60% e não haja<br />

grandes variações de temperatura. O armazém deve estar livre de vibrações e<br />

abalos.<br />

Em rolamentos ve<strong>da</strong>dos ou com placas de proteção, é possível que as proprie<strong>da</strong>des<br />

de lubrificação <strong>da</strong> graxa com a qual eles estejam preenchidos tenham se deteriorado<br />

caso os rolamentos tenham sido armazenados por um longo tempo. Os rolamentos<br />

que não estiverem armazenados em suas embalagens originais deverão ser bem<br />

protegidos contra corrosão e contaminação.<br />

Rolamentos grandes só devem ser armazenados deitados e, preferivelmente, com<br />

suporte para to<strong>da</strong> a extensão <strong>da</strong>s faces laterais dos anéis. Caso sejam mantidos em<br />

posição vertical, o peso dos anéis e dos corpos rolantes poderá provocar uma<br />

deformação permanente porque as paredes dos anéis são relativamente finas.<br />

____________________________________________________________<br />

66<br />

Técnico em Mecânica Industrial


Inspeção e limpeza<br />

<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Como todos os outros componentes importantes <strong>da</strong>s máquinas, os rolamentos de<br />

esferas e de rolos devem ser limpos e examinados com freqüência. Os intervalos<br />

entre tais exames dependem inteiramente <strong>da</strong>s condições operacionais.<br />

Quando é possível avaliar as condições do rolamento em serviço, por exemplo,<br />

ouvindo o som do rolamento quando o mesmo está em movimento e examinando o<br />

lubrificante ou medindo a temperatura deste, normalmente, basta que os rolamentos<br />

(anéis, gaiola e corpos rolantes) e outras peças do arranjo de rolamentos sejam<br />

completamente limpos e inspecionados anualmente. Quando a carga é alta, a<br />

freqüência de inspeção deve ser aumenta<strong>da</strong>, por exemplo, rolamentos para<br />

laminadores costumam ser inspecionados quando os rolos são trocados.<br />

Após os componentes dos rolamentos serem limpos com um solvente apropriado<br />

(álcool, parafina, etc.), eles devem ser oleados ou engraxados imediatamente para<br />

evitar corrosão. Isso é particularmente importante para rolamentos de máquinas que<br />

sejam deixa<strong>da</strong>s para<strong>da</strong>s por períodos de tempo consideráveis.<br />

5.4.LUBRIFICAÇÃO<br />

Se os rolamentos devem operar de maneira confiável, eles deverão estar<br />

adequa<strong>da</strong>mente lubrificados para evitar o contato direto de metal com metal entre os<br />

corpos rolantes, pistas e gaiolas. O lubrificante também inibe o desgaste e protege<br />

as superfícies do rolamento contra corrosão. A escolha de um lubrificante adequado<br />

e do método de lubrificação para ca<strong>da</strong> aplicação de rolamentos é, portanto,<br />

importante assim como a manutenção correta.<br />

Uma ampla gama de graxas e óleos está disponível para a lubrificação de<br />

rolamentos e existem também lubrificantes sólidos, por exemplo, para condições de<br />

temperaturas extremas. A escolha de um lubrificante depende principalmente <strong>da</strong>s<br />

condições operacionais, ou seja, <strong>da</strong> faixa de temperatura e <strong>da</strong>s veloci<strong>da</strong>des, bem<br />

como <strong>da</strong> influência do ambiente ao redor.<br />

As temperaturas de funcionamento mais favoráveis serão obti<strong>da</strong>s quando a<br />

quanti<strong>da</strong>de mínima de lubrificante necessária para uma lubrificação confiável do<br />

rolamento for forneci<strong>da</strong>. No entanto, quando o lubrificante tem funções adicionais,<br />

como ve<strong>da</strong>ção ou dissipação do calor, podem ser exigi<strong>da</strong>s quanti<strong>da</strong>des adicionais<br />

de lubrificante.<br />

O lubrificante em um arranjo de rolamentos perde gradualmente suas proprie<strong>da</strong>des<br />

de lubrificação como resultado de trabalho mecânico, envelhecimento e acúmulo de<br />

contaminação. Portanto, é necessário que a graxa seja recarrega<strong>da</strong> ou renova<strong>da</strong> e<br />

que o óleo seja filtrado e trocado em intervalos regulares.<br />

Lubrificação com graxa<br />

A graxa pode ser utiliza<strong>da</strong> para lubrificar os rolamentos em condições operacionais<br />

normais na maioria <strong>da</strong>s aplicações.<br />

____________________________________________________________<br />

67<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

A graxa é mais vantajosa que o óleo por aderir mais facilmente no arranjo do<br />

rolamento, especialmente onde os eixos estão inclinados ou estão na vertical, e<br />

também contribui para ve<strong>da</strong>r o arranjo contra contaminantes, umi<strong>da</strong>de ou água.<br />

Quanti<strong>da</strong>des excessivas de graxa farão com que a temperatura de funcionamento<br />

do rolamento aumente rapi<strong>da</strong>mente, especialmente ao trabalhar em veloci<strong>da</strong>des<br />

altas. Como regra geral, na parti<strong>da</strong>, apenas o rolamento deve estar totalmente<br />

preenchido, enquanto o espaço livre na caixa deve estar parcialmente preenchido<br />

com graxa. Antes de operar em veloci<strong>da</strong>de total, deve-se deixar que o excesso de<br />

graxa no rolamento se acomode ou escape durante um período de funcionamento<br />

inicial. No final do período de funcionamento inicial, a temperatura de funcionamento<br />

cairá consideravelmente indicando que a graxa foi distribuí<strong>da</strong> no arranjo do<br />

rolamento.<br />

No entanto, onde os rolamentos devem operar em veloci<strong>da</strong>des muito baixas e uma<br />

boa proteção contra contaminação e corrosão for necessária, é aconselhável<br />

preencher a caixa completamente com graxa.<br />

Graxas lubrificantes<br />

As graxas lubrificantes são compostas de um óleo sintético ou mineral combinado<br />

com um espessante. Os espessantes geralmente são sabões metálicos. No entanto,<br />

outros espessantes, por exemplo, poliuréia, podem ser utilizados para desempenho<br />

superior em determina<strong>da</strong>s áreas, como aplicações em altas temperaturas. Os<br />

aditivos também podem ser incluídos para aprimorar determina<strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />

graxa. A consistência <strong>da</strong> graxa depende amplamente do tipo e <strong>da</strong> concentração do<br />

espessante utilizado e <strong>da</strong> temperatura de funcionamento <strong>da</strong> aplicação.<br />

Ao selecionar uma graxa, a consistência, a faixa de temperatura de funcionamento,<br />

as proprie<strong>da</strong>des de inibição de ferrugem e a capaci<strong>da</strong>de de carga são os fatores<br />

mais importantes a serem considerados. A seguir, informações detalha<strong>da</strong>s sobre<br />

essas proprie<strong>da</strong>des<br />

Consistência<br />

Em aplicações sujeitas à vibração, a graxa é muito agita<strong>da</strong> à medi<strong>da</strong> que é<br />

continuamente lança<strong>da</strong> novamente no rolamento pela vibração. As graxas com<br />

consistência mais alta podem aju<strong>da</strong>r aqui, mas a rigidez sozinha não fornece<br />

necessariamente a lubrificação adequa<strong>da</strong>. Portanto, devem ser utiliza<strong>da</strong>s graxas<br />

mecanicamente estáveis.<br />

As graxas espessa<strong>da</strong>s com poliuréia podem amolecer ou endurecer, dependendo <strong>da</strong><br />

taxa de cisalhamento na aplicação. Em aplicações com eixos verticais, há o risco de<br />

que uma graxa de poliuréia vaze em determina<strong>da</strong>s condições.<br />

Proteção contra corrosão, comportamento na presença de água<br />

A graxa deve proteger o rolamento contra corrosão e não deve ser removi<strong>da</strong> do<br />

arranjo de rolamentos em casos de penetração de água. O tipo de espessante<br />

determina exclusivamente a resistência à água: as graxas complexa de lítio,<br />

____________________________________________________________<br />

68<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

complexa de cálcio e de poliuréia geralmente oferecem muito boa resistência. O tipo<br />

de aditivo inibidor de ferrugem determina principalmente as proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s graxas<br />

inibidoras de ferrugem.<br />

Em veloci<strong>da</strong>des muito baixas, um preenchimento total com graxa é benéfico para<br />

proteger contra corrosão e para prevenir o ingresso de água.<br />

Capaci<strong>da</strong>de de carga, aditivos EP e AW<br />

A vi<strong>da</strong> do rolamento fica mais curta se a espessura <strong>da</strong> película do lubrificante não for<br />

suficiente para evitar o contato de metal com metal <strong>da</strong>s asperezas nas superfícies<br />

de contato. Uma opção para superar isso é utilizar os chamados aditivos EP<br />

(pressão extrema). Altas temperaturas, induzi<strong>da</strong>s pelo contato de aspereza local,<br />

ativam esses aditivos que favorecem o desgaste moderado nos pontos de contato.<br />

O resultado é uma superfície mais lisa, menores esforços de contato e um aumento<br />

na vi<strong>da</strong> útil.<br />

Muitos aditivos EP modernos são do tipo sulfuroso/ fosforoso. Infelizmente, esses<br />

aditivos podem ter um efeito negativo na resistência <strong>da</strong> matriz de aço do rolamento.<br />

Se tais aditivos forem utilizados, a ativi<strong>da</strong>de química não poderá ser restrita aos<br />

contatos de aspereza. Se a temperatura de funcionamento e as tensões de contato<br />

forem muito altas, os aditivos poderão se tornar quimicamente reativos mesmo sem<br />

o contato de aspereza. Isso pode propiciar processos de corrosão/ difusão nos<br />

contatos e levar a falhas prematuras no rolamento, geralmente inicia<strong>da</strong>s por microcorrosão.<br />

Portanto, a SKF recomen<strong>da</strong> o uso de aditivos EP menos reativos em<br />

temperaturas de funcionamento acima de 80°C. Lubrificantes com aditivos EP não<br />

devem ser usados em rolamentos que operam em temperaturas superiores a 100°C.<br />

Para veloci<strong>da</strong>des muito baixas, aditivos lubrificantes sólidos, como grafite e<br />

dissulfeto de molibdênio (MoS2) são às vezes incluídos na embalagem do aditivo<br />

para aprimorar o efeito EP. Esses aditivos devem ter um nível de pureza alto e um<br />

tamanho de partícula muito pequeno; caso contrário, mossas decorrentes <strong>da</strong> sobrerolagem<br />

<strong>da</strong>s partículas poderão reduzir a vi<strong>da</strong> de fadiga.<br />

Os aditivos AW (antidesgaste) têm uma função semelhante à dos aditivos EP, ou<br />

seja, evitar contato direto de metal com metal. Portanto, os aditivos EP e AW<br />

freqüentemente não são diferenciados entre eles. No entanto, a forma como eles<br />

funcionam é diferente. A principal diferença é que um aditivo AW cria uma cama<strong>da</strong><br />

de proteção que adere à superfície. As asperezas estão, então, deslizando umas<br />

sobre as outras sem contato metálico. A aspereza não é reduzi<strong>da</strong> pelo desgaste<br />

moderado como no caso dos aditivos EP. Deve-se tomar muito cui<strong>da</strong>do aqui; os<br />

aditivos AW podem conter elementos que, <strong>da</strong> mesma forma que os aditivos EP,<br />

podem migrar para o aço e enfraquecer a estrutura.<br />

Determinados espessantes (por exemplo, complexo de sulfonato de cálcio) também<br />

proporcionam um efeito EP/AW sem ativi<strong>da</strong>de química e o efeito resultante na vi<strong>da</strong><br />

de fadiga do rolamento. Portanto, os limites de temperatura de funcionamento para<br />

aditivos EP não se aplicam a essas graxas.<br />

Se a espessura <strong>da</strong> película do lubrificante for suficiente, a SKF geralmente não<br />

recomen<strong>da</strong> o uso de aditivos EP e AW. No entanto, existem circunstâncias nas quais<br />

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69<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

os aditivos EP/AW podem ser úteis. Se um deslizamento excessivo entre os rolos e<br />

as pistas for esperado, eles poderão ser benéficos.<br />

Miscibili<strong>da</strong>de<br />

Se for necessário trocar de graxa, a miscibili<strong>da</strong>de (capaci<strong>da</strong>de de misturar graxas<br />

sem efeitos adversos) deve ser considera<strong>da</strong>. Se forem mistura<strong>da</strong>s graxas<br />

incompatíveis, a consistência resultante poderá mu<strong>da</strong>r radicalmente, a ponto de<br />

causar <strong>da</strong>nos nos rolamentos, por exemplo, em decorrência de vazamento intenso.<br />

As graxas que contêm o mesmo espessante e óleos base semelhantes geralmente<br />

podem ser mistura<strong>da</strong>s sem conseqüências prejudiciais, por exemplo, uma graxa de<br />

óleo mineral/espessante de lítio geralmente pode ser mistura<strong>da</strong> com outra graxa de<br />

óleo mineral/espessante de lítio. Além disso, algumas graxas com espessantes<br />

diferentes, por exemplo, graxas complexas de cálcio e de lítio, são misturáveis entre<br />

si.<br />

Nos arranjos de rolamentos em que uma consistência de graxa baixa possa levar ao<br />

escape de graxa do arranjo, a próxima relubrificação deve incluir a purgação de to<strong>da</strong><br />

a graxa antiga do arranjo e dos dutos de lubrificação em vez de um<br />

reabastecimento. "). As graxas de poliuréia modernas (por exemplo, graxa SKF<br />

LGHP-2) tendem a ser mais compatíveis com conservantes do que algumas <strong>da</strong>s<br />

graxas de poliuréia mais antigas. Observe que graxas à base de óleo fluorado<br />

sintético com um espessante PTFE (por exemplo, graxa SKF LGET-2), não são<br />

compatíveis com conservantes padrão e os conservantes devem ser removidos<br />

antes <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong> graxa.<br />

Relubrificação<br />

Os rolamentos têm de ser lubrificados novamente se a vi<strong>da</strong> útil <strong>da</strong> graxa for menor<br />

do que a vi<strong>da</strong> útil espera<strong>da</strong> do rolamento. A relubrificação deve ser feita sempre no<br />

momento em que a condição do lubrificante existente ain<strong>da</strong> esteja satisfatória.<br />

O momento em que a relubrificação deve ser feita depende de muitos fatores<br />

relacionados. Isso inclui o tamanho e o tipo de rolamento, veloci<strong>da</strong>de, temperatura<br />

de funcionamento, tipo de graxa, espaço ao redor do<br />

rolamento e o ambiente do rolamento. Só é possível<br />

basear as recomen<strong>da</strong>ções em regras estatísticas<br />

Relubrificação - Procedimentos para<br />

relubrificação<br />

A escolha do procedimento de relubrificação<br />

geralmente depende <strong>da</strong> aplicação e do intervalo de<br />

relubrificação tf obtido:<br />

– O reabastecimento é um procedimento conveniente<br />

e preferido quando o intervalo de relubrificação é<br />

inferior a seis meses. Ele permite uma operação<br />

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70<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

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contínua e, quando comparado com a relubrificação contínua, proporciona uma<br />

temperatura estável e mais baixa.<br />

– A renovação do preenchimento de graxa geralmente é recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> quando os<br />

intervalos de relubrificação são superiores a seis meses. Esse procedimento<br />

costuma ser aplicado como parte de um programa de manutenção do rolamento, por<br />

exemplo, em aplicações ferroviárias.<br />

– A relubrificação contínua é utiliza<strong>da</strong> quando os intervalos de relubrificação<br />

estimados são curtos, por exemplo, devido a efeitos adversos de contaminação ou<br />

quando outros procedimentos de relubrificação forem inconvenientes devido à<br />

dificul<strong>da</strong>de de acesso ao rolamento. Entretanto, a relubrificação contínua não é<br />

recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> para aplicações com veloci<strong>da</strong>des rotacionais eleva<strong>da</strong>s, uma vez que a<br />

agitação intensa <strong>da</strong> graxa pode levar a temperaturas de funcionamento muito altas e<br />

à destruição <strong>da</strong> estrutura espessante <strong>da</strong> graxa.<br />

Ao utilizar rolamentos diferentes em um arranjo de rolamentos, é uma prática<br />

comum aplicar o menor intervalo de relubrificação estimado para ambos os<br />

rolamentos. As diretrizes e as quanti<strong>da</strong>des de graxa para os três procedimentos<br />

alternativos são forneci<strong>da</strong>s a seguir.<br />

Procedimentos para relubrificação – Reabastecimento<br />

Conforme mencionado na introdução <strong>da</strong> seção de<br />

lubrificação com graxa, o rolamento deve estar,<br />

inicialmente, totalmente preenchido, enquanto o espaço<br />

livre na caixa deve estar parcialmente preenchido.<br />

Dependendo do método pretendido de reabastecimento,<br />

são recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s as seguintes porcentagens de<br />

preenchimento de graxa para este espaço livre na caixa:<br />

– 40% quando o reabastecimento é feito no lado do<br />

rolamento<br />

20% quando o reabastecimento é feito pela ranhura<br />

e pelos furos de relubrificação no anel interno ou<br />

externo do rolamento.<br />

O perigo do excesso de graxa acumulado no espaço ao<br />

redor do rolamento e os decorrentes picos de temperatura,<br />

com seu efeito prejudicial à graxa bem como ao rolamento, é<br />

mais evidente quando os rolamentos operam em<br />

veloci<strong>da</strong>des altas. Nesses casos, é aconselhável utilizar uma<br />

válvula de escape de graxa em vez de um orifício de saí<strong>da</strong>.<br />

Isso evita uma super lubrificação e permite que a<br />

relubrificação seja executa<strong>da</strong> com a máquina em<br />

funcionamento. Uma válvula de escape de graxa é composta<br />

basicamente por um disco que gira com o eixo e que forma<br />

uma fresta estreita em conjunto com a tampa de<br />

extremi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> caixa. O excesso de graxa e a graxa usa<strong>da</strong><br />

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71<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

são lançados para fora do disco em uma cavi<strong>da</strong>de anular e sai <strong>da</strong> caixa por uma<br />

abertura no lado inferior <strong>da</strong> tampa de extremi<strong>da</strong>de. Informações adicionais a respeito<br />

do design e do dimensionamento <strong>da</strong>s válvulas de escape de graxa podem ser<br />

forneci<strong>da</strong>s mediante solicitação.<br />

Para assegurar que a graxa nova realmente está atingindo o rolamento e<br />

substituindo a graxa velha, o duto de lubrificação <strong>da</strong> caixa deve alimentar a graxa<br />

adjacente à lateral do anel externo ou, melhor ain<strong>da</strong>, no rolamento. Para<br />

proporcionar uma lubrificação eficiente, alguns tipos de rolamentos, por exemplo,<br />

rolamentos auto compensadores de rolos, são fornecidos com uma ranhura e/ou<br />

orifícios de relubrificação no anel interno ou externo. Para que a troca de graxa velha<br />

seja bem-sucedi<strong>da</strong>, é importante que a graxa seja reabasteci<strong>da</strong> com a máquina em<br />

funcionamento. Nos casos em que a máquina não está em funcionamento, o<br />

rolamento deve ser girado durante o reabastecimento. Ao lubrificar o rolamento<br />

diretamente pelo anel interno ou externo, a graxa nova é mais eficaz no<br />

reabastecimento; conseqüentemente, a quanti<strong>da</strong>de de graxa necessária é reduzi<strong>da</strong><br />

quando compara<strong>da</strong> com a relubrificação a partir <strong>da</strong> lateral. Considera-se que os<br />

dutos de lubrificação já foram preenchidos com graxa durante o processo de<br />

montagem. Se não foram, uma quanti<strong>da</strong>de de relubrificação maior durante o<br />

primeiro reabastecimento será necessária para compensar os dutos vazios. Onde<br />

forem utilizados dutos de lubrificação longos, verifique se a graxa pode ser<br />

bombea<strong>da</strong> adequa<strong>da</strong>mente na temperatura ambiente prevalecente. O<br />

preenchimento de graxa completo deverá ser trocado quando o espaço livre na<br />

caixa não puder mais acomo<strong>da</strong>r graxa adicional, por exemplo, aproxima<strong>da</strong>mente<br />

acima de 75% do volume livre <strong>da</strong> caixa. Quando a relubrificação é feita pela lateral e<br />

ao começar com 40% do preenchimento inicial <strong>da</strong> caixa, o preenchimento de graxa<br />

completo deve ser trocado após aproxima<strong>da</strong>mente cinco reabastecimentos. Devido<br />

ao preenchimento inicial inferior <strong>da</strong> caixa e <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de superior reduzi<strong>da</strong> durante<br />

o reabastecimento no caso de relubrificação do rolamento diretamente pelo anel<br />

interno ou externo, a renovação só será necessária em casos excepcionais.<br />

Procedimentos para relubrificação - Renovando o preenchimento de graxa<br />

Quando a renovação do preenchimento de graxa é feita no intervalo de<br />

relubrificação estimado ou após um determinado número de reabastecimentos, a<br />

graxa usa<strong>da</strong> no arranjo de rolamentos deve ser completamente removi<strong>da</strong> e troca<strong>da</strong><br />

por graxa nova.<br />

O preenchimento do rolamento e <strong>da</strong> caixa com graxa deve ser feito de acordo com<br />

as diretrizes forneci<strong>da</strong>s em "Reabastecimento".<br />

Para permitir a renovação do preenchimento de graxa, a caixa do rolamento deve<br />

ser facilmente acessível e aberta. A tampa <strong>da</strong>s caixas de divisão e as tampas de<br />

caixas de uma única parte geralmente podem ser removi<strong>da</strong>s para que o rolamento<br />

fique exposto. Depois de remover a graxa usa<strong>da</strong>, a graxa nova deve ser comprimi<strong>da</strong><br />

entre os corpos rolantes. Deve-se tomar muito cui<strong>da</strong>do para que os contaminantes<br />

não entrem no rolamento nem na caixa ao fazer a relubrificação e a própria graxa<br />

deve ser protegi<strong>da</strong>. O uso de luvas à prova de graxa é recomen<strong>da</strong>do para evitar<br />

reações alérgicas na pele.<br />

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72<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Lubrificação com óleo<br />

O óleo geralmente é utilizado para lubrificação de rolamentos quando as altas<br />

veloci<strong>da</strong>des ou temperaturas de funcionamento impedem o uso <strong>da</strong> graxa, quando o<br />

calor de fricção ou aplicado precisa ser removido <strong>da</strong> posição do rolamento ou<br />

quando componentes adjacentes (engrenagens, etc.) são lubrificados com óleo.<br />

Para aumentar a vi<strong>da</strong> útil do rolamento, todos os métodos de lubrificação de<br />

rolamento que utilizam óleo limpo são preferidos, ou seja, lubrificação com óleo<br />

circulante bem filtrado, método de jato de óleo e o método de lubrificação por<br />

atomização com óleo e ar filtrado. Ao utilizar os métodos de óleo circulante e de<br />

lubrificação por atomização, devem ser fornecidos dutos corretamente<br />

dimensionados para que o óleo que sai do rolamento possa deixar o arranjo.<br />

Métodos de lubrificação com óleo<br />

Banho de óleo<br />

Anel de coleta de óleo<br />

Arruela de assento esférica<br />

Para aplicações de rolamentos em que as veloci<strong>da</strong>des e a<br />

temperatura de funcionamento fazem com que a<br />

lubrificação com óleo seja necessária e uma alta<br />

confiabili<strong>da</strong>de seja exigi<strong>da</strong>, é recomen<strong>da</strong>do o método de<br />

lubrificação de anel de coleta de óleo. O anel de coleta<br />

serve para produzir a circulação do óleo. O anel fica<br />

frouxamente pendurado em uma bucha no eixo em um<br />

lado do rolamento e mergulha no óleo na metade inferior<br />

<strong>da</strong> caixa. Conforme o eixo gira, o anel segue e transporta<br />

O método mais simples de lubrificação com óleo<br />

é o banho de óleo. O óleo, que é coletado<br />

através dos componentes de rotação do<br />

rolamento, é distribuído dentro do rolamento e<br />

depois derramado de volta para o banho de óleo.<br />

O nível de óleo deve quase alcançar o centro do<br />

corpo rolante inferior quando o rolamento estiver<br />

estacionário<br />

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73<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

o óleo <strong>da</strong> parte inferior para um canal de coleta. Em segui<strong>da</strong>, o óleo flui através do<br />

rolamento de volta para o reservatório na parte inferior<br />

Óleo circulante<br />

Jato de óleo<br />

Para uma operação em veloci<strong>da</strong>de<br />

muito alta, deve ser forneci<strong>da</strong> ao<br />

rolamento uma quanti<strong>da</strong>de de óleo<br />

suficiente, mas não excessiva, a fim de<br />

proporcionar a lubrificação adequa<strong>da</strong><br />

sem aumentar a temperatura de<br />

funcionamento mais do que o<br />

necessário. Um método particularmente<br />

eficaz para se conseguir isso é o de jato<br />

de óleo, onde um jato de óleo sob alta<br />

pressão é direcionado na lateral do<br />

rolamento. A veloci<strong>da</strong>de do jato de óleo<br />

deve ser suficientemente alta (pelo<br />

menos 15m/s) para penetrar na<br />

turbulência que envolve o rolamento<br />

rotativo.<br />

A operação em altas veloci<strong>da</strong>des faz com<br />

que a temperatura de funcionamento<br />

aumente, acelerando o envelhecimento do<br />

óleo. Para evitar trocas freqüentes de óleo e<br />

para conseguir uma condição totalmente<br />

cheia, o método de lubrificação de óleo<br />

circulante geralmente é o preferido. A<br />

circulação normalmente é produzi<strong>da</strong> com<br />

auxílio de uma bomba. Depois que o óleo<br />

passa pelo rolamento, ele geralmente é<br />

depositado em um tanque onde é filtrado e,<br />

se necessário, resfriado antes de ser<br />

retornado ao rolamento. O resfriamento do<br />

óleo permite que a temperatura de<br />

funcionamento do rolamento seja manti<strong>da</strong><br />

em um nível baixo.<br />

____________________________________________________________<br />

74<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Lubrificação por atomização<br />

Óleos lubrificantes<br />

Com o método de lubrificação por atomização-<br />

também chamado de método de ar lubrificado<br />

- quanti<strong>da</strong>des precisamente medi<strong>da</strong>s e muito<br />

pequenas de óleo são direciona<strong>da</strong>s para ca<strong>da</strong><br />

rolamento individual por ar comprimido. Esta<br />

quanti<strong>da</strong>de mínima permite que os rolamentos<br />

operem em temperaturas inferiores ou em<br />

veloci<strong>da</strong>des mais altas do que em qualquer<br />

outro método de lubrificação. O óleo é<br />

fornecido aos condutores por uma uni<strong>da</strong>de<br />

medidora, como o SKF TOS-EX2, em<br />

intervalos determinados. O óleo é transportado<br />

pelo ar comprimido; ele cobre o interior dos<br />

condutores e se espalha por sua extensão. Ele<br />

é projetado para o rolamento através de um<br />

bocal. O ar comprimido serve para esfriar o<br />

rolamento e também produz um excedente de<br />

pressão no arranjo de rolamentos que evita a<br />

entra<strong>da</strong> de contaminantes.<br />

Os óleos minerais puros geralmente são os preferidos para lubrificação dos<br />

rolamentos. Os óleos que contêm EP, produtos contra desgaste e outros aditivos<br />

para melhoria de certas proprie<strong>da</strong>des dos lubrificantes geralmente são utilizados<br />

apenas em casos especiais. Estão disponíveis versões sintéticas de várias classes<br />

populares de lubrificantes. Os óleos sintéticos geralmente são considerados para<br />

lubrificação de rolamentos apenas em casos extremos, ou seja, em temperaturas de<br />

funcionamento muito baixas ou muito altas. O termo óleo sintético abrange uma<br />

ampla varie<strong>da</strong>de de materiais-base diferentes. Os principais são PAO<br />

(polialfaolefinas), ésteres e glicóis de polialquileno (PAG). Esses óleos sintéticos<br />

possuem proprie<strong>da</strong>des diferentes dos óleos minerais.Com relação à vi<strong>da</strong> de fadiga<br />

do rolamento, a espessura real <strong>da</strong> película de lubrificante desempenha um papel<br />

fun<strong>da</strong>mental. A viscosi<strong>da</strong>de do óleo, o índice de viscosi<strong>da</strong>de e o coeficiente pressãoviscosi<strong>da</strong>de<br />

influenciam a espessura real <strong>da</strong> película na área de contato em uma<br />

condição totalmente cheia. Na maioria dos lubrificantes baseados em óleos<br />

minerais, o coeficiente pressão-viscosi<strong>da</strong>de é semelhante e os valores genéricos<br />

obtidos nos informativos especializados podem ser utilizados sem grandes erros. No<br />

entanto, a resposta <strong>da</strong> viscosi<strong>da</strong>de ao aumento de pressão é determina<strong>da</strong> pela<br />

estrutura química dos materiais-base utilizados. Como resultado, há uma variação<br />

considerável nos coeficientes pressão-viscosi<strong>da</strong>de para os diferentes tipos de<br />

materiais-base sintéticos. Devido a diferenças no índice de viscosi<strong>da</strong>de e no<br />

coeficiente pressão-viscosi<strong>da</strong>de, devemos lembrar que a formação <strong>da</strong> película<br />

lubrificante, quando utilizado óleo sintético, pode ser diferente <strong>da</strong> de um óleo mineral<br />

____________________________________________________________<br />

75<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

que tenha a mesma viscosi<strong>da</strong>de. Informações precisas devem sempre ser<br />

solicita<strong>da</strong>s ao fornecedor do lubrificante em questão.<br />

Além disso, os aditivos desempenham uma função na formação <strong>da</strong> película. Devido<br />

a diferenças na solubili<strong>da</strong>de, são aplicados diferentes tipos de aditivos nos óleos<br />

sintéticos quando comparados a contrapartes basea<strong>da</strong>s em óleo mineral<br />

Troca de óleo<br />

A freqüência necessária para a troca de óleo depende principalmente <strong>da</strong>s condições<br />

operacionais e <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de óleo.<br />

Com a lubrificação de banho de óleo, geralmente é suficiente trocar o óleo uma vez<br />

por ano, desde que a temperatura de funcionamento não exce<strong>da</strong> 50°C e haja pouco<br />

risco de contaminação. Temperaturas mais altas deman<strong>da</strong>m trocas de óleo mais<br />

freqüentes, por exemplo, para temperaturas de funcionamento em torno de 100°C, o<br />

óleo deve ser trocado a ca<strong>da</strong> três meses. As trocas de óleo freqüentes também são<br />

necessárias se outras condições operacionais forem árduas.<br />

Com a lubrificação com óleo circulante, o período entre duas trocas de óleo também<br />

é determinado pela freqüência com que a quanti<strong>da</strong>de de óleo total é circula<strong>da</strong> e se o<br />

óleo é ou não resfriado. Geralmente só é possível determinar um intervalo adequado<br />

por execuções de testes e pela inspeção regular <strong>da</strong> condição do óleo para ver se ele<br />

não está contaminado e se não está excessivamente oxi<strong>da</strong>do. O mesmo se aplica à<br />

lubrificação com jato de óleo. Com a lubrificação por atomização, o óleo só passa<br />

pelo rolamento uma vez e não é circulado novamente.<br />

Falhas em rolamentos e suas causas<br />

Ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s diferentes causas de falhas em rolamentos – lubrificação inadequa<strong>da</strong><br />

ou insuficiente, manuseio grosseiro, ve<strong>da</strong>dores deficientes, montagens incorretas,<br />

etc – produzem falhas com características próprias.<br />

As falhas em estágio primário, dão origem às falhas em estágio secundário, ou seja,<br />

aos descascamentos e trincas.<br />

Mesmo as falhas em estágio primário podem fazer com que os rolamentos venham<br />

a ser sucateados. Por exemplo, se o rolamento apresentar vibrações, ou excessiva<br />

folga interna, ou ain<strong>da</strong> muitos ruídos, ele estará condenado.<br />

De um modo geral, um rolamento <strong>da</strong>nificado, freqüentemente, apresenta uma<br />

combinação de falhas em estágio primário e secundário.<br />

Falhas em estágio primário<br />

Desgaste<br />

Endentações<br />

Arranhamento<br />

Deterioração de superfície<br />

Corrosão Dano por corrente elétrica<br />

Falhas em estágio secundário<br />

Descascamento<br />

Trincas<br />

____________________________________________________________<br />

76<br />

Técnico em Mecânica Industrial


<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Rolamentos- identificação<br />

Arranjo de rolamentos<br />

Rolamentos radiais<br />

1-Rolamentos de rolos<br />

cilíndricos<br />

2-Rolamento de esferas de<br />

quatro pontos de contato<br />

3- Caixa<br />

4- Eixo<br />

5- Ressalto de encosto do<br />

eixo<br />

6- Diâmetro do eixo<br />

7- Chapa de fixação<br />

8- Ve<strong>da</strong>nte de eixo radial<br />

9- Anel espaçador<br />

10-Diâmetro do furo <strong>da</strong> caixa<br />

11-Furo <strong>da</strong> caixa<br />

12-Tampa <strong>da</strong> caixa<br />

13-Anel de retenção<br />

1-Anel interno<br />

2-Anel externo<br />

3-Corpo rolante: esfera, rolo cilíndrico, agulha, rolo cônico, rolo autocompensador<br />

4-Gaiola<br />

5-Placa de ve<strong>da</strong>ção<br />

Ve<strong>da</strong>ção – feita de elastômero, com contato (mostrado na figura) ou sem contato<br />

6-Placa de proteção – feita de aço laminado, sem contato<br />

7-Diâmetro externo do anel externo<br />

8-Furo do anel interno<br />

9-Diâmetro do ressalto do anel interno<br />

10-Diâmetro do ressalto do anel externo<br />

11-Anel de retenção<br />

12-Face lateral do anel externo<br />

13-Ranhura de ancoragem do ve<strong>da</strong>nte<br />

14-Pista do anel externo<br />

15-Pista do anel interno<br />

16-Ranhura de ve<strong>da</strong>ção<br />

17-Face lateral do anel interno<br />

18-Chanfro<br />

19-Diâmetro médio do rolamento<br />

20-Largura total do rolamento<br />

21-Flange-guia<br />

22-Flange de retenção<br />

23-Ângulo de contato<br />

____________________________________________________________<br />

77<br />

Técnico em Mecânica Industrial


Rolamentos axiais<br />

<strong>Prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Manutenção</strong><br />

____________________________________________________________<br />

24 Arruela de eixo<br />

25 Conjunto de gaiola e corpos rolantes<br />

26 Arruela de caixa<br />

27 Arruela de caixa com superfície de assento esférica<br />

28 Arruela de assento esférica<br />

____________________________________________________________<br />

78<br />

Técnico em Mecânica Industrial

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