cisto paradental nomenclatura, etiologia, aspectos clínicos e ...
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IVENS FRISCHKNECHT<br />
CISTO PARADENTAL NOMENCLATURA, ETIOLOGIA,<br />
ASPECTOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS,<br />
HISTOPATOLOGIA, DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL E<br />
TRATAMENTO: UMA VISÃO ATUAL<br />
Dissertação apresentada ao Centro de<br />
Pós-Graduação / CPO São Leopoldo<br />
Mandic, para obtenção do grau de Mestre<br />
em Odontologia.<br />
Área de Concentração: Radiologia.<br />
CAMPINAS<br />
2006
IVENS FRISCHKNECHT<br />
CISTO PARADENTAL NOMENCLATURA, ETIOLOGIA,<br />
ASPECTOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS,<br />
HISTOPATOLOGIA, DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL E<br />
TRATAMENTO: UMA VISÃO ATUAL<br />
Dissertação apresentada ao Centro de<br />
Pós-Graduação / CPO São Leopoldo<br />
Mandic, para obtenção do grau de Mestre<br />
em Odontologia.<br />
Área de Concentração: Radiologia.<br />
Orientador: Prof. Dr. Orivaldo Tavano.<br />
CAMPINAS<br />
2006
C.P.O. - CENTRO DE PESQUISAS ODONTOLÓGICAS.<br />
SÃO LEOPOLDO MANDIC<br />
Folha de Aprovação<br />
A dissertação intitulada: “Cisto <strong>paradental</strong> <strong>nomenclatura</strong>, <strong>etiologia</strong>, <strong>aspectos</strong><br />
<strong>clínicos</strong> e radiográficos, histopatologia, diagnóstico diferencial e tratamento:<br />
uma visão atual” apresentada ao Centro de Pós-Graduação, para obtenção do<br />
grau de Mestre em Odontologia, área de concentração: Radiologia em 25 de julho<br />
de 2006, à comissão examinadora abaixo denominada, foi aprovada após<br />
liberação pelo orientador.<br />
______________________________________________________________________<br />
Prof. Dr Orivaldo Tavano.<br />
Orientador<br />
______________________________________________________________________<br />
Prof. Dr Cláudio Costa.<br />
1º Membro<br />
______________________________________________________________________<br />
Prof. Dr Leônidas de Freitas.<br />
2º Membro
DEDICATÓRIA<br />
A minha esposa Daisy Maria, meus filhos Rodrigo e Gabriela e meus Pais<br />
pelo apoio, pela compreensão de minhas ausências e por viabilizarem meus estudos<br />
sem nunca medir esforços.<br />
A meus professores, colegas e amigos que sempre me deram força<br />
apoiando-me em todos os desafios.<br />
A Deus, que esta presente em todos os dias de minha vida.
AGRADECIMENTOS<br />
Ao Prof.Dr. Orivaldo Tavano, pela sabedoria nos ensinamentos transmitidos, e<br />
pela orientação deste trabalho.<br />
Aos Docentes do curso de mestrado, meus agradecimentos pela transmissão<br />
de seus conhecimentos.
SUMÁRIO<br />
RESUMO 6<br />
1. INTRODUÇÃO 7<br />
2. REVISÃO DA LITERATURA 9<br />
2.1 Histórico, <strong>nomenclatura</strong> e classificação 9<br />
2.2 Etiologia 23<br />
2.3 Características Clínicas e Radiográficas 34<br />
2.4 Diagnóstico Diferencial 58<br />
2.5 Características Histopatológicas 69<br />
2.6 Tratamento, complicações, prognóstico e prevenção 78<br />
3. PROPOSIÇÃO 87<br />
4. DISCUSSÃO 88<br />
5. CONCLUSÃO 106<br />
ABSTRACT 108<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 109<br />
ANEXOS
RESUMO<br />
O propósito deste estudo é de analisar a literatura do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>,<br />
apresentando uma revisão detalhada em relação a <strong>etiologia</strong>, clínica, característica<br />
radiográfica, diagnóstico diferencial, histopatologia, tratamento e prognóstico. O<br />
estudo define o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> como odontogênico de origem inflamatória<br />
ocorrendo principalmente na região vestibular e ou distal, raramente na região<br />
mesial de molares inferiores vitais. A lesão pode se estender para região periapical,<br />
sendo que a maior freqüência é dos casos que se apresentam em terceiros molares<br />
inferiores parcialmente erupcionados e impactados, com história de pericoronarite<br />
recorrente e de ausência de doença periodontal generalizada. A lesão pode se<br />
apresentar como uma infecção subclínica apenas confirmada histologicamente, mas<br />
é comum a história de pericoronarite e ou presença de sinais e sintomas<br />
inflamatórios. As características radiográficas apresentam pequenas variações<br />
dependentes da localização da lesão no terceiro molar inferior e quando associada<br />
ao primeiro molar inferior é comum o achado de periostite ossificante. O <strong>cisto</strong><br />
mandibular vestibular infectado pode ser considerado uma variante, mas não uma<br />
entidade patológica separada do <strong>paradental</strong>. O estudo sugere que alguns <strong>cisto</strong>s<br />
paradentais têm sido caracterizados com outras denominações ou mesmo com<br />
diagnóstico incorreto. A origem epitelial deste <strong>cisto</strong> ainda não esta totalmente<br />
esclarecida, o que também fomenta outras discussões. Em relação ao tratamento<br />
são verificadas várias abordagens sendo com a manutenção do dente envolvido e<br />
outros com a exodontia do elemento dentário envolvido apresentando justificativas<br />
variáveis relacionadas à localização e ao diagnóstico diferencial. O estudo conclui<br />
que o conhecimento da fisiopatologia da lesão, independente de sua <strong>nomenclatura</strong>,<br />
é fundamental, para obter-se através de características clínicas e radiográficas, um<br />
diagnóstico correto e conseqüentemente o tratamento mais adequado e conservador<br />
possível.<br />
6
1. INTRODUÇÃO<br />
Os <strong>cisto</strong>s são lesões comumente assintomáticas crônicas, que podem<br />
acometer indivíduos de todas as raças ou gênero ocorrendo em qualquer idade.<br />
Apresentam crescimentos lentos e expansivos, mantendo a integridade da mucosa,<br />
permitindo a crepitação através da palpação. Segundo REGEZI & SCIUBBA (2000)<br />
um <strong>cisto</strong> pode ser definido simplesmente como um espaço patológico revestido por<br />
epitélio. Os <strong>cisto</strong>s da maxila, mandíbula e regiões periorais variam notadamente em<br />
histogênese, freqüência, comportamento e tratamento.<br />
De acordo com NEVILLE et al. (2002) <strong>cisto</strong>s limitados por epitélio, no<br />
osso, com raras exceções são observados somente nos maxilares. Entre os <strong>cisto</strong>s<br />
encontrados nos ossos maxilares temos os <strong>cisto</strong>s odontogênicos e os <strong>cisto</strong>s não<br />
odontogênicos. Os <strong>cisto</strong>s odontogênicos são aqueles cujo revestimento epitelial tem<br />
origem no epitélio odontogênico.<br />
Os <strong>cisto</strong>s odontogênicos podem ser subclassificados em de<br />
desenvolvimento e inflamatórios. Cistos de desenvolvimento são de origem<br />
desconhecida, mas não parecem ser resultantes de uma reação inflamatória, mas os<br />
<strong>cisto</strong>s odontogênicos inflamatórios resultam de uma inflamação.<br />
O diagnóstico clínico de lesões císticas ósseas maxilares de<br />
desenvolvimento, pela escassez de achados <strong>clínicos</strong>, é obtido geralmente através<br />
de radiografias intra e ou extra-bucais. O diagnóstico de lesões ósseas é<br />
influenciado pela localização topográfica e por características específicas de<br />
alterações radiográficas particularmente em ossos longos. Determinadas alterações<br />
radiográficas são indicativas de processo patológico subjacente básico, como<br />
7
adioluscência unilocular bem definida, geralmente se relacionam a um <strong>cisto</strong> ou uma<br />
lesão neoplásica benigna.<br />
Em relação aos <strong>cisto</strong>s inflamatórios, o exame clínico, na observação de<br />
sinais e sintomas, merece uma atenção especial no processo do diagnóstico, mas o<br />
exame radiográfico continua sendo essencial para o estabelecimento do diagnóstico<br />
clinico. O diagnóstico de muitas lesões é dificultado devido à semelhança com que<br />
aparecem nas imagens, sendo necessário o conhecimento da resolução das<br />
imagens em cada patologia específica.<br />
Sendo assim, é da máxima importância o conhecimento das lesões, seu<br />
comportamento e principalmente seus <strong>aspectos</strong> clínico e radiográfico, além do<br />
conhecimento das imagens obtidas, das diversas formas e dos limites que a lesão<br />
pode apresentar.<br />
Radiograficamente um <strong>cisto</strong> é caracterizado por uma área radiolúcida, de<br />
densidade homogênea, geralmente de forma arredondada ou ovalada, envolta por<br />
uma linha radiopaca, representando uma esclerose óssea. No caso do <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong>, esta linha geralmente não é visualizada em toda a periferia,<br />
apresentando variações de acordo com a localização da lesão e o dente envolvido.<br />
Este estudo, entre outras considerações, apresenta as diversas<br />
características clínicas e radiográficas do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Considerando que a<br />
análise radiográfica das diferentes lesões, em especial, as localizadas nas regiões<br />
de molares inferiores, foliculares ou extrafoliculares, o conhecimento é de suma<br />
importância para diagnóstico diferencial de outras patologias e conseqüentemente<br />
para um tratamento adequado.<br />
8
2. REVISÃO DA LITERATURA<br />
2.1 Histórico, <strong>nomenclatura</strong> e classificação<br />
Foram os trabalhos de FAUCHARD (1746) e HUNTER (1780) que<br />
descreveram pela primeira vez lesões que pareciam ser <strong>cisto</strong>s, sendo que os<br />
primeiros trabalhos reconhecidos sobre a natureza e tratamento dos <strong>cisto</strong>s dos<br />
maxilares apareceram na literatura inglesa nos artigos de SPENCE (1853-1854),<br />
HARVEY (1855), MOON (1877-1878), HEATH (1880, 1887) e PEDLEY (1886).<br />
RUFFER (1921), SALAMA & HILMY (1951), descreveram lesões nos<br />
maxilares de espécimes mumificados a aproximadamente 2800 a 4500 a.C. que<br />
pareciam ser <strong>cisto</strong>s radiculares, também MELCHER et al. (1997) apresentaram<br />
tomografias em reconstruções tridimensionais de múmias egípcias com 2800 anos<br />
de idade verificando extensivas doenças ósseas associadas a elementos dentais.<br />
LUFKIN (1938) relatou que abscessos alveolares e perialveolares eram<br />
freqüentemente observados em estudos paleontológicos, em particular em múmias<br />
egípcias.<br />
As primeiras classificações de <strong>cisto</strong>s epiteliais dos maxilares foram<br />
introduzidas por ROBINSON em 1945 e modificadas por THOMA et al. (1950).<br />
GILLETTE & WEINMANN (1958) publicaram casos de desenvolvimento<br />
extrafolicular de <strong>cisto</strong>s dentígeros.<br />
MAIN (1970) realizou uma reavaliação clinica e histopatológica dos <strong>cisto</strong>s<br />
epiteliais dos maxilares e sugeriu uma classificação revisada. Neste estudo é<br />
descrito pela primeira vez um <strong>cisto</strong> denominado de <strong>cisto</strong> inflamatório colateral<br />
9
localizado na distal de terceiros molares inferiores vitais parcialmente erupcionados<br />
envolvidos com pericoronarites.<br />
A classificação de <strong>cisto</strong>s epiteliais dos maxilares da Organização Mundial<br />
da Saúde de 1971, proposta por PINDBORG et al. teve como base a <strong>etiologia</strong>,<br />
sendo os <strong>cisto</strong>s classificados como de desenvolvimento ou inflamatório. A<br />
classificação não fez referência ao <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> ou qualquer uma de suas<br />
sinonímias.<br />
RODRIGUEZ & MORALES (1972) denominou uma lesão periapical<br />
radiolúcida extensa de <strong>cisto</strong> paradentário maxilar superior. Apresentou uma lesão<br />
que envolvia o periápice de um incisivo lateral superior esquerdo necrosado se<br />
estendendo também ao incisivo central e o canino superior que se apresentavam<br />
vitais. Clinicamente verificou a palpação flutuante demonstrando um envolvimento<br />
palatino. Sugeriu que a lesão foi originada por complicação periapical.<br />
CONKLIN (1974) descreveu um caso com características similares ao<br />
<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> e o denominou de <strong>cisto</strong> oculto (ANEXO 1, FIG. 1).<br />
HARNISCH (1974) descreveu um <strong>cisto</strong> periodontal lateral na raiz de um<br />
terceiro molar inferior semi erupcionado, sendo que este caso assemelha-se clínica<br />
e radiograficamente a um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>.<br />
CRAIG (1976) apresentou 49 casos <strong>clínicos</strong> de <strong>cisto</strong>s localizados na<br />
região distal e ou vestibular de terceiros molares vitais parcialmente erupcionados<br />
com histórico de pericoronarite, afirmando serem <strong>cisto</strong>s odontogênicos inflamatórios<br />
específicos. Relatou que a classificação de PINDBORG et al. (1971) não descreve o<br />
<strong>cisto</strong> inflamatório colateral descrito por MAIN em 1970. CRAIG denomina esta lesão<br />
pela primeira vez de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>, julgando este nome mais apropriado em<br />
10
elação a denominação <strong>cisto</strong> inflamatório colateral (ANEXO 2, FIG. 4, 5, 6; ANEXO<br />
10, FIG. 25, 26 e ANEXO 11, FIG. 29).<br />
LICHTY et al. (1980) apresentaram um caso clínico em um paciente de 7<br />
anos de idade, no primeiro molar inferior direito vital com erupção parcial<br />
diagnosticado como Osteomielite de Garrè. O exame microscópico revelou achados<br />
consistentes com episódios de pericoronarite e na lesão do tecido mole foi verificado<br />
epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado.<br />
STAFNE & GIBILISCO (1982) descreveu que o <strong>cisto</strong> dentígero pode<br />
alterar sua posição ou localização em relação a coroa, tanto que em muitos casos,<br />
somente permanece aderida a uma porção muito limitada da superfície do esmalte e<br />
a maior porção da coroa esta situada fora da parede cística. Isto ocorre mais<br />
freqüentemente naqueles <strong>cisto</strong>s associados com terceiros molares inferiores. Estes<br />
<strong>cisto</strong>s aderidos e situados ao lado da coroa de um dente não irrompido foram<br />
denominados de <strong>cisto</strong>s dentígeros laterais (ANEXO 1, FIG. 2 e 3).<br />
STONEMAN & WORTH (1983) descreveram uma nova entidade<br />
radiográfica que acomete na maioria dos casos a vestibular dos primeiros molares<br />
inferiores vitais, com erupção total ou parcial, em crianças de 4 a 8 anos e que foi<br />
denominado de <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado. A evidência de alteração<br />
óssea por vestibular ao exame radiográfico oclusal merece atenção especial nesse<br />
processo de diagnóstico. Na vista oclusal apresenta-se como uma radiolucidez fraca<br />
ou densamente delimitada na face vestibular acompanhada de deslocamento das<br />
raízes para lingual e uma contínua ou descontínua reação periostal (ANEXO 4, FIG<br />
13, 14 e ANEXO 7, FIG. 19 e 20).<br />
11
SHAFER et al. (1985) descrevendo as características radiográficas do<br />
<strong>cisto</strong> dentígero, faz menção ao <strong>cisto</strong> paradentário descrito por CRAIG (1976),<br />
acreditando estar relacionado ao <strong>cisto</strong> dentígero e ao epitélio reduzido do esmalte.<br />
TRASK et al. (1985) relataram um caso clínico envolvendo uma menina<br />
de seis anos de idade (ANEXO 5, FIG. 15), diagnosticado como um <strong>cisto</strong> mandibular<br />
infectado por vestibular de acordo com as características clínicas descritas por<br />
STONEMAN & WORTH (1983) comentando que essa entidade clínica não foi<br />
abertamente relatada na literatura médica ou odontológica<br />
ACKERMANN et al. (1987) em um estudo clínico e histopatológico<br />
envolvendo 50 casos, relataram que o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é um <strong>cisto</strong> odontogênico de<br />
origem inflamatória que ocorre nas faces vestibular, distal, ou raramente na mesial<br />
dos terceiros molares parcialmente erupcionados ou impactados. (ANEXO 2, FIG. 7;<br />
ANEXO 10, FIG. 27 e ANEXO 11, FIG. 28). Na maioria dos casos está associado<br />
com histórias recorrentes de pericoronarite e ausência generalizada do periodonto.<br />
Lembraram que essas lesões foram primeiramente descritas por MAIN (1970), que<br />
usou o termo <strong>cisto</strong> inflamatório colateral e que os <strong>aspectos</strong> clínico-patológicos foram<br />
detalhados por CRAIG (1976). Citaram que CRAIG preferiu o termo <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
e foi amparado nesta escolha por SHEAR (1983), que considerou o termo <strong>cisto</strong><br />
inflamatório colateral existente apropriado para aqueles raros <strong>cisto</strong>s originários na<br />
bolsa periodontal.<br />
CAMARDA et al. (1989) reportaram dois casos <strong>clínicos</strong> em crianças com 9<br />
anos com as características clínicas e radiográficas descritas por STONEMAN &<br />
WORTH (1983), sendo apresentados como <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado<br />
(ANEXO 8, FIG. 22).<br />
12
FOWLER & BRANNON (1989) apresentaram seis novos casos de <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> e uma revisão de literatura onde citam vários autores que descreveram<br />
lesões semelhantes ao <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>, porém com denominações e ou<br />
diagnósticos diferentes. Discutiram apontando que CRAIG (1976) e MAIN (1970)<br />
citaram lesões similares, mas não idênticas. Os autores discutiram uma contra<br />
posição entre os achados de CRAIG (1976) e os achados de ACKERMANN et. al.<br />
(1987). Colocaram que os 28 achados de CRAIG (1976) foram localizados com<br />
predominância na superfície vestibular cobrindo a bifurcação das raízes enquanto<br />
que os 50 casos de ACKERMANN et al. (1987) estavam na sua maioria localizados<br />
distal ou vestíbulo-distalmente em relação a coroa dental. FOWLER & BRANNON<br />
(1989) também colocaram que alguns casos são descritos como <strong>cisto</strong>s dentígeros<br />
laterais por outros investigadores. Citaram CONKLIN (1974) que relatou uma lesão<br />
que parece ser um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>, mas se referia a lesão como <strong>cisto</strong> oculto e como<br />
também HARNISCH (1974) que descreveu um <strong>cisto</strong> periodontal lateral na raiz de um<br />
terceiro molar inferior semi erupcionado que assemelhava-se clínica e<br />
radiograficamente a um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Sugeriram que STONEMAN & WORTH<br />
(1983) se referiram a uma lesão possivelmente relacionada ao <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>, mas<br />
que foi denominada por estes autores de <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado por ou<br />
ainda de <strong>cisto</strong> da bifurcação vestibular, onde a alteração em relação ao <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> é a citação do periósteo neoformado observado na radiografia oclusal<br />
(ANEXO 4, FIG 14; ANEXO 7, FIG. 19 e 20).<br />
VEDFTOFTE & PRAETORIUS (1989) sugeriram o termo <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
inflamatório, justificando que a inflamação é um importante fator para o<br />
desenvolvimento da lesão e o <strong>cisto</strong> se localiza ao lado do dente. Relataram que o<br />
termo <strong>cisto</strong> periodontal lateral inflamatório deve ser evitado para prevenir confusão<br />
13
entre o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> inflamatório e o <strong>cisto</strong> periodontal lateral que é um <strong>cisto</strong> de<br />
desenvolvimento. Também VEDFTOFTE & PRAETORIUS (1989) foram de opiniões<br />
de que os casos mostrados pelo STONEMAN & WORTH (1983) poderiam ser<br />
considerados <strong>cisto</strong>s paradentais<br />
VEDFTOFTE & HOLMSTRUP (1989) realizaram um estudo retrospectivo<br />
de <strong>cisto</strong>s que ocorreram na região globulomaxilar, ou seja, entre as raízes do incisivo<br />
lateral e canino superior. Os autores verificaram que em oito <strong>cisto</strong>s as características<br />
clínicas e histológicas são similares a aquelas anteriormente reportadas pelos <strong>cisto</strong>s<br />
paradentais inflamatórios na mandíbula. Os autores fazem menção a outros estudos<br />
histológicos e <strong>clínicos</strong> que tem confirmado a maioria dos <strong>cisto</strong>s relatados como<br />
globulomaxilares após uma análise crítica, podem ser classificados como <strong>cisto</strong>s<br />
odontogênicos. Lembraram de MAIN (1970) sugerindo que o termo <strong>cisto</strong><br />
globulomaxilar deva ser excluído da classificação da OMS. Os autores concluíram<br />
sugerindo que alguns dos <strong>cisto</strong>s que foram denominados globulomaxilares possam<br />
ser <strong>cisto</strong>s paradentais inflamatórios (ANEXO 8, FIG. 21).<br />
PACKOTA et al. (1990) relataram cinco casos de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
encontrados por vestibular em relação o primeiro molar mandibular permanente em<br />
crianças com idade abaixo de 10 anos. Não realizam um diagnóstico diferencial<br />
apenas discutem que o <strong>cisto</strong> mandibular infectado por vestibular é apenas uma<br />
descrição clínica e não um diagnóstico específico, sendo considerado uma variante<br />
do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Necessitaria de mais evidências para encorajar uma<br />
classificação com entidade separada.<br />
WOLF & HIETANEN (1990) realizaram um estudo radiográfico e<br />
histopatológico de seis casos de <strong>cisto</strong>s associados a superfície vestibular de primeiro<br />
e segundo molares. Os casos foram selecionados de acordo com as características<br />
14
clínicas descritas por STONEMAN & WORTH (1983) para o <strong>cisto</strong> mandibular<br />
infectado pela face vestibular definido como uma nova entidade. Os achados<br />
microscópicos dos seis casos foram consistentes com os descritos por CRAIG<br />
(1976), FOWLER & BRANNON (1989) e VEDFTOFTE & PRAETORIUS (1989)<br />
sugerindo que o <strong>cisto</strong> mandibular infectado pela face vestibular e o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
são as mesmas entidades.<br />
BOHAY et al. (1992) relataram um caso de um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> bilateral<br />
em primeiro molar inferior permanente. As radiografias oclusais demostraram<br />
expansão das corticais mandibulares vestibulares. Os autores citam CRAIG (1976)<br />
descrevendo o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> em relação aos terceiros molares inferiores<br />
parcialmente erupcionados com pericoronite associada. Colocaram que desde então<br />
foi relatada a ocorrência de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> em relação a outros dentes,<br />
especialmente o primeiro molar inferior, mas nenhum caso bilateral. Lesões<br />
semelhantes foram descritas como <strong>cisto</strong>s dentígeros por SWERDLOFF et al. (1980)<br />
e <strong>cisto</strong> mandibular vestibular inferior infectado, por STONEMAN & WORTH (1983).<br />
Os autores discutem a <strong>nomenclatura</strong>, as características radiográficas, interpretação<br />
e diagnóstico diferencial da lesão em relação a localização. BOHAY et al. (1992)<br />
afirmaram que a lesão descrita como <strong>cisto</strong> mandibular infectado por vestibular<br />
parece ser uma variação do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Mas deixam o assunto em aberto. E<br />
afirmam que somente com a recorrência mais crescente da lesão e delimitações<br />
adicionais de suas características poderiam autorizar uma classificação separada<br />
como sugerido por STONEMAN & WORTH em 1983. Os autores também citaram<br />
trabalhos anteriores que descreveram lesões similares ao <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>,<br />
denominando-as de <strong>cisto</strong>s foliculares inflamatórios.<br />
15
SHEAR (1992) relatou que o <strong>cisto</strong> colateral inflamatório descrito por MAIN<br />
(1970) e o <strong>cisto</strong> paradentário descrito por CRAIG (1976) como duas entidades<br />
clínicas patológicas distintas. Sugere que o <strong>cisto</strong> colateral inflamatório seja<br />
conseqüência de um processo inflamatório na bolsa periodontal, surgindo<br />
provavelmente por proliferação dos restos epiteliais de Malassez. Coloca que o <strong>cisto</strong><br />
inflamatório colateral também tem sido denominado de <strong>cisto</strong> periodontal inflamatório,<br />
mas que o termo colateral inflamatório dado por MAIN (1970) é mais apropriado,<br />
sugerindo ainda que o <strong>cisto</strong> citado por MAIN (1970), mesmo que raro, seria<br />
resultante de um processo inflamatório na bolsa periodontal.<br />
A segunda edição da classificação de <strong>cisto</strong>s epiteliais dos maxilares da<br />
Organização Mundial da Saúde de 1992, proposta por KRAMER et al. contempla o<br />
<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> classificado como um <strong>cisto</strong> odontogênico inflamatório, e os termos<br />
<strong>cisto</strong> inflamatório colateral e <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado como sinônimos<br />
(ANEXO 3, FIG. 8).<br />
EL-MAGBOUL et al. (1993) reportaram um caso que apresenta as<br />
características clínicas descritas por STONEMAN & WORTH (1983) e discutiram as<br />
<strong>nomenclatura</strong>s de <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado e <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Relataram<br />
que o <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado não é aceito universalmente como uma<br />
entidade distinta. Os autores discutiram os <strong>aspectos</strong> <strong>clínicos</strong> e histopatológicos do<br />
caso clínico comparados a literatura e concluíram que o <strong>cisto</strong> mandibular vestibular<br />
infectado deve ser considerado uma variante do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> encontrado em<br />
jovens na região de molares inferiores.<br />
BOSSONG et al. (1994) relataram um caso clínico de <strong>cisto</strong> mandibular<br />
vestibular infectado e apresentaram uma revisão de literatura. Os autores discutiram<br />
em relação aos <strong>cisto</strong>s periodontal lateral, mandibular infectado por vestibular e<br />
16
<strong>paradental</strong>. Relataram que são <strong>cisto</strong>s odontogênicos incomuns que têm uma<br />
predileção pela região posterior da mandíbula. O <strong>cisto</strong> mandibular vestibular<br />
infectado, como descrito por STONEMAN & WORTH (1983) está associado<br />
primeiramente com o primeiro molar vital permanente inferior em crianças sendo a<br />
dor branda e o inchaço na área afetada está freqüentemente presente.<br />
Radiograficamente estes <strong>cisto</strong>s aparecem como lesões uniloculares no aspecto<br />
vestibular de dentes molares. Evidências de periostite vestibular geralmente podem<br />
ser vistas numa radiografia oclusal. Os autores colocaram diferenças entre o <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> e <strong>cisto</strong> vestibular mandibular infectado. Citaram que episódios de<br />
pericoronarite são comuns somente ao <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> e que este é mais associado<br />
ao terceiro molar. Não existe periostite vestibular associada ao <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>,<br />
sendo achado comum ao <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado. O <strong>cisto</strong> periodontal<br />
lateral é visto muito freqüentemente na região de canino e pré-molar. Diferente das<br />
superfícies do <strong>cisto</strong> vestibular mandibular infectado e dos <strong>cisto</strong>s paradentais, a<br />
maioria das pessoas afligidas com <strong>cisto</strong> periodontal não apresenta sinais ou<br />
sintomas <strong>clínicos</strong>, sendo que o <strong>cisto</strong> periodontal lateral normalmente é apenas<br />
diagnosticado por radiografias periapicais de rotina.<br />
MAGNUSSON & BORRMAN (1995) realizaram um estudo clínico e<br />
histopatológico de 26 casos de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Os autores citaram que entre as<br />
novas entidades incluídas na nova edição da OMS (KRAMER et al., 1992) está o<br />
<strong>paradental</strong>, com os sinônimos de <strong>cisto</strong> inflamatório colateral, <strong>cisto</strong> mandibular<br />
vestibular infectado. A lesão é definida como “<strong>cisto</strong> próximo da margem cervical,<br />
aspecto lateral, que se origina devido à um processo inflamatório na bolsa<br />
periodontal”. Os autores reforçaram que este tipo de <strong>cisto</strong> foi primeiramente descrito<br />
por MAIN (1970) que usou o termo <strong>cisto</strong> colateral inflamatório e CRAIG (1976)<br />
17
descreveu as características clinico e histopatológicas detalhadas e propôs o nome<br />
“<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>”.<br />
MARTINEZ-CONDE et al. (1995) relataram um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> bilateral<br />
nos segundos molares inferiores parcialmente erupcionados em um menino de 11<br />
anos. As principais características clínicas e histopatológicas são revistas. Os<br />
autores discutiram que a existência do "<strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado" não é<br />
aceita universalmente como uma entidade clínica e patológica distinta e que esta<br />
lesão foi recentemente incluída dentro dos <strong>cisto</strong>s inflamatórios paradentais na<br />
classificação de <strong>cisto</strong>s e tumores da OMS. Os autores concordaram que o termo<br />
<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é mais aceito para descrever esta lesão.<br />
MURILLO & MARTINEZ (1997) revisaram 83 registros do Instituto de<br />
Referência em Patologia Oral da Faculdade de Odontologia da Universidade do<br />
Chile que obtiveram o diagnóstico histológico de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> no período de 1975<br />
a 1997. (ANEXO 3, FIG. 9; ANEXO 4, FIG. 12; ANEXO 12, FIG. 32). Fizeram<br />
menção a classificação da OMS (KRAMER et al., 1992) onde é incluído o <strong>cisto</strong><br />
mandibular vestibular infectado descrito por STONEMMAN & WORTH (1983) como<br />
uma variante do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Afirmaram que os achados histológicos são iguais<br />
em <strong>cisto</strong>s de origem inflamatória como o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>, <strong>cisto</strong> mandibular vestibular<br />
infectado, o <strong>cisto</strong> radicular, <strong>cisto</strong> folicular inflamado e o <strong>cisto</strong> dentígero inflamado. Os<br />
autores chamaram atenção que durante alguns anos o <strong>cisto</strong> folicular inflamatório e<br />
<strong>cisto</strong> dentígero inflamatório podem ter tido os diagnósticos incorretos. Também<br />
discutiram que não acham adequada a classificação da OMS de 1992 em<br />
apresentar o <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado no mesmo grupo do <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong>, devido estes apresentarem características diferentes, citando alguns<br />
<strong>aspectos</strong> <strong>clínicos</strong> como a idade e localização. Os autores também discutiram a<br />
18
possibilidade de um caso clínico que apresentava uma lesão e que infeccionou após<br />
a extração do terceiro molar sugerindo um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> residual.<br />
THOMPSON et al. (1997) apresentaram um caso clínico e discutiram se o<br />
<strong>cisto</strong> mandibular infectado por vestibular e o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> são a mesma entidade<br />
ou não. Realizaram uma revista de literatura, citando que o <strong>cisto</strong> mandibular bucal<br />
infectado foi descrito inicialmente como uma entidade separada por STONEMMAN &<br />
WORTH (1983). Os autores relataram que eles descreveram as características<br />
clínicas e radiológicas, mas não suas características histológicas. Relataram que<br />
posteriormente foi estudado e descrito por WOLF & HIETANEN (1990). Este <strong>cisto</strong> foi<br />
classificado pela OMS como uma variante do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> (KRAMER et al.,<br />
1992). Os autores lembraram MAIN (1970) que descreveu o <strong>cisto</strong> colateral e CRAIG<br />
(1976) que foi o primeiro em documentar o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> como uma entidade<br />
distinta. CRAIG (1976) considerou o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> e <strong>cisto</strong> colateral como a mesma<br />
entidade clínico patológica. MAIN em 1985 sugestionou o termo <strong>cisto</strong> periodontal<br />
lateral inflamatório. VEDTOFTE & PRAETORIUS (1989) concordaram que eles eram<br />
a mesma coisa, e sugestionou o termo <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> inflamatório justificando que<br />
a inflamação é importante para o desenvolvimento de <strong>cisto</strong>. Eles também foram de<br />
opinião que o <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado era idêntico ao <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
de CRAIG (1976). A OMS classificou os <strong>cisto</strong>s odontogênicos de origem inflamatória<br />
contemplando o <strong>cisto</strong> radicular e incluindo o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> (KRAMER et al., 1992).<br />
O <strong>cisto</strong> colateral inflamatório (MAIN, 1970), o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> (CRAIG, 1976) e o<br />
<strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado (STONEMAN & WORTH, 1983) foram<br />
agrupados coletivamente como a mesma entidade patológica. Havia sido sugerido<br />
por SHEAR em 1983 que o <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado poderia garantir sua<br />
própria designação e poderia ter consideração separada. O <strong>cisto</strong> mandibular<br />
19
vestibular infectado é associado com os primeiros e segundos molares mandibulares<br />
de crianças entre as idades de 6 e 14, enquanto <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é normalmente<br />
diagnosticado durante a terceira década. A idade do paciente no momento do<br />
diagnóstico estaria relacionada com a cronologia de erupção dos dentes (WOLF &<br />
HIETANEN, 1990; VEDTOFTE & PRAETORIUS, 1989; MAIN, 1970; CRAIG, 1976;<br />
CAMARDA et al., 1989). A <strong>etiologia</strong>, as características clínicas, radiográficas e<br />
histológicas deste grupo de <strong>cisto</strong>s são essencialmente semelhantes. Os autores<br />
concluíram que este grupo de <strong>cisto</strong>s representa variações da mesma entidade e<br />
concordaram de que novas características seriam necessárias para uma<br />
classificação separada (BOHAY et al., 1992). Os autores também colocaram que o<br />
termo <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> inflamatório é mais adequado porque reflete a origem do <strong>cisto</strong><br />
claramente.<br />
POMPURA et al. (1997) realizaram um estudo prospectivo dos resultados<br />
do tratamento de 44 casos de <strong>cisto</strong>, que foram denominados de <strong>cisto</strong> da bifurcação<br />
vestibular. Os autores na conclusão relataram que o termo genérico de <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> falha em identificar a localização da lesão. Relataram que embora esta<br />
lesão seja considerada uma variante do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>, ela apresenta várias<br />
características como a idade e localização específica que justificam a utilização do<br />
termo <strong>cisto</strong> da bifurcação vestibular.<br />
DAVID et al. (1998) relataram que o <strong>cisto</strong> da bifurcação vestibular é uma<br />
lesão incomum associada ao primeiro ou segundo molar em crianças. Relataram<br />
que a lesão foi primeiramente descrita por STONEMAN & WORTH em 1983 sendo<br />
denominada como <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado. Citaram que lesões<br />
similares tem sido descritas, incluído o <strong>cisto</strong> dentígero, o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
inflamatório, e o <strong>cisto</strong> dental colateral inflamatório. Os autores fomentam a discussão<br />
20
da <strong>nomenclatura</strong> em relação a esta lesão. Citaram a classificação da OMS (1992)<br />
que incluiu esta lesão como o nome de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Citaram NEVILLE et al.<br />
(1995) que relataram que a denominação de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> deve ser evitada, pois<br />
não é específica. Citaram POMPURA et al. (1997) que argumentaram que a<br />
denominação de <strong>cisto</strong> da bifurcação vestibular é mais adequada aos casos que<br />
ocorrem em primeiros e segundo molares inferiores devido a localização e idade<br />
específica (ANEXO 6, FIG. 18 e ANEXO 13, FIG. 35).<br />
bifurcação vestibular.<br />
NEVILLE et al. (1995, 2002) denominaram o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> de <strong>cisto</strong> da<br />
SOUSA et al. (2001) relataram características clínicas e histopatológicas<br />
de 54 casos de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> fazendo uma breve revisão da <strong>nomenclatura</strong> e<br />
descrição do <strong>cisto</strong>. Citaram que <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é entidade odontogênica de origem<br />
inflamatória sendo primeiramente descrita por MAIN (1970) sob o nome do <strong>cisto</strong><br />
inflamatório colateral. Depois CRAIG sugeriu o termo <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> em 1976 e<br />
também lembraram VEDTOFTE & PRAETORIUS (1989) que sugeriram o uso do<br />
termo descrito de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> inflamatório, por concluírem que a inflamação é<br />
importante para seu desenvolvimento e por estar localizado do lado do dente. De<br />
acordo com VEDTOFTE & PRAETORIUS (1989), o uso de <strong>cisto</strong> periodontal lateral<br />
inflamatório, um termo previamente sugerido por MAIN em 1985, deve ser evitado<br />
para prevenir confusão com o <strong>cisto</strong> periodontal lateral de desenvolvimento.<br />
Lembraram que STONEMAN & WORTH (1983) descreveram o <strong>cisto</strong> mandibular<br />
vestibular infectado. Que houve discussões posteriores se o <strong>cisto</strong> mandibular<br />
vestibular infectado seria ou não uma entidade separada. Os autores finalizaram a<br />
discussão de <strong>nomenclatura</strong> relatando que esta entidade, o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>, foi<br />
incluído na ultima classificação internacional da Organização Mundial da Saúde de<br />
21
tumores odontogênicos (KRAMER et al., 1992). Nesta classificação foi caracterizado<br />
que o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é um <strong>cisto</strong> epitelial odontogênico inflamatório, sendo incluídos<br />
sob o mesmo título o <strong>cisto</strong> inflamatório colateral e <strong>cisto</strong> mandibular vestibular<br />
infectado.<br />
FREIRE FILHO et al. (2001) relataram que a inclusão desta lesão como<br />
um <strong>cisto</strong> odontogênico de origem inflamatória gera controvérsias, pois vai de<br />
encontro à definição clássica de <strong>cisto</strong>, citada por SHEAR (1983), que diz ser o <strong>cisto</strong><br />
uma cavidade patológica com conteúdo fluido, semi-sólido ou gasoso, a qual não é<br />
formada pelo acúmulo de pús. Colocam que existem autores como TRASK et al.<br />
(1985), VEDTOFTE & PRAETORIUS (1989), WOLF & HIETANEN (1990),<br />
THOMPSON et al. (1997) salientaram que este <strong>cisto</strong> não é uma cavidade patológica<br />
fechada, apresentando uma abertura, uma comunicação do lúmem cístico com o<br />
sulco gengival do próprio dente semi-incluso ou dente adjacente, podendo inclusive<br />
ser sondada.<br />
LIM & PECK (2002) lembraram que os <strong>cisto</strong>s odontogênicos podem ser<br />
inflamatórios ou de desenvolvimento. Relataram um caso clínico de uma menina de<br />
13 anos que apresentava <strong>cisto</strong> mandibular bilateral nos segundos molares inferiores<br />
(ANEXO 9, FIG. 23). O segundo molar inferior direito não respondia ao teste de<br />
vitalidade pulpar, sendo seu diagnóstico inicial <strong>cisto</strong> radicular lateral, mas os<br />
achados histológicos foram consistentes para o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Os autores<br />
discutiram diagnóstico diferencial entre <strong>cisto</strong> radicular lateral, <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> ou<br />
<strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado. Também discutiram que o fato da lesão ser<br />
bilateral poderia ter origem no desenvolvimento (ANEXO 3, FIG. 24).<br />
BSOUL et al. (2002) definiram o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> como um <strong>cisto</strong><br />
odontogênico inflamatório ocorre próximo da margem cervical do lateral como<br />
22
conseqüência de um processo inflamatório na bolsa periodontal. No título do artigo<br />
os autores citam os termos <strong>cisto</strong> inflamatório colateral e <strong>cisto</strong> mandibular vestibular<br />
infectado como sinônimos.<br />
SILVA et al. (2003) consideram que as lesões descritas como <strong>cisto</strong><br />
mandibular vestibular infectado ou <strong>cisto</strong> da bifurcação vestibular não são<br />
suficientemente específicos e não preenchem critérios clínico-patológicos para<br />
justificar esta <strong>nomenclatura</strong> em vez de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>.<br />
2.2 Etiologia<br />
MAIN (1970) foi o primeiro a sugerir esta entidade patológica como um<br />
<strong>cisto</strong> odontogênico de <strong>etiologia</strong> inflamatória. O autor sugeria que a proliferação dos<br />
restos epiteliais de Malassez, é incentivada pela liberação e ação de fatores de<br />
crescimento, como as citocinas inflamatórias, encontradas na extensão de tecidos<br />
gengivais inflamados, relatando dentes vitais com envolvimento com pericoronarite.<br />
CRAIG (1976) descreveu o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> com origem inflamatória,<br />
sugerindo a patogenia estar relacionada a episódios de pericoronarites em dentes<br />
parcialmente erupcionados vitais. Apresentou 49 casos <strong>clínicos</strong>, 26 dentes<br />
apresentavam envolvimento vestibular, porém o autor é de opinião de que havia<br />
algum envolvimento vestibular nos 19 <strong>cisto</strong>s designados na distal e 4 designados na<br />
mesial. Dos dentes que apresentavam envolvimento vestibular, 20 estavam<br />
disponíveis para exame. Nos 20 dentes verificou a presença de projeção de esmalte<br />
por vestibular. O autor sugeriu que esta projeção do esmalte é causada por<br />
extensão do epitélio reduzido do órgão do esmalte, colocando que este epitélio<br />
poderia ser origem do <strong>cisto</strong>. Associou a presença da projeção de esmalte dentro da<br />
23
área de bifurcação da raiz na superfície vestibular do dente como um fator causal<br />
importante para a formação do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>, assim como explicar sua maior<br />
freqüência de localização por vestibular. No estudo, o autor reforça a sugestão da<br />
origem estar relacionado ao epitélio reduzido do órgão do esmalte, argumentado que<br />
os restos epiteliais de Malassez pareciam inativos e, se os restos epiteliais de<br />
Malassez fossem responsáveis pela lesão, esta deveria estar igualmente distribuída<br />
em volta da superfície radicular (ANEXO 2, FIG. 4, 5, 6; ANEXO 10, FIG. 25, 26 e<br />
ANEXO 11, FIG. 29).<br />
SHEAR (1983) relatou que a origem do <strong>cisto</strong> citado por MAIN (1970) é<br />
relacionada a um processo inflamatório na bolsa periodontal. Relatou que é<br />
surpreendente este <strong>cisto</strong> ser relativamente raro, em vista a alta freqüência da<br />
periodontite crônica, sendo que a explicação seria a ocorrência muita mais rápida de<br />
drenagem para o sulco gengival, do que o isolamento do <strong>cisto</strong> no periodonto lateral e<br />
seu crescimento em direção apical. No caso do <strong>cisto</strong> citado por CRAIG (1976) o<br />
autor cita uma hipótese que ele é simplesmente um <strong>cisto</strong> dentígero lateral que<br />
persistiu às erupções dentais seguintes.<br />
STONEMAN & WORTH (1983) postularam que a origem do epitélio é<br />
especulativa. Sugeriram que pode ser derivado de inflamação abaixo do epitélio<br />
juncional da gengiva. Sugeriram que as cúspides mesiovestibulares do primeiro e<br />
segundo molares permanentes são as primeiras para penetrar o epitélio bucal no<br />
curso de erupção, assim <strong>cisto</strong> afetaria principalmente o aspecto vestibular do dente.<br />
O epitélio estimulado pode ser derivado dos restos de células de Serres e qualquer<br />
remanescentes lâmina dental, os restos de células de Malassez ou da bainha<br />
epitelial que migraria do cemento apical até a junção amelocementária. Também<br />
24
colocaram como uma possibilidade um <strong>cisto</strong> dentígero que lateral que persistiu após<br />
a erupção, sendo então a fonte o epitélio reduzido do órgão do esmalte.<br />
TRASK et al. (1985) relataram um caso clínico de um <strong>cisto</strong> mandibular<br />
infectado por vestibular em uma menina de seis anos de idade com histórico médico<br />
de infecção de garganta associada (ANEXO 5, FIG. 15). Afirmaram que a <strong>etiologia</strong><br />
do <strong>cisto</strong> é desconhecida, mas deve ser levado em conta um estímulo inflamatório e<br />
uma fonte epitelial odontogênica, reforçando as sugestões de STONEMANN &<br />
WORTH (1983).<br />
ACKERMANN et al. (1987) relataram que a histogênese permanece<br />
obscura, embora se tenha pouca dúvida que o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> surge em<br />
conseqüência de um estímulo inflamatório crônico, surgindo de uma proliferação<br />
epitelial crevicular e ou do epitélio odontogênico. Relataram existir ao menos três<br />
explanações possíveis para a formação desta lesão. A origem do epitélio crevicular é<br />
uma possibilidade, pois a continuidade entre o revestimento do <strong>cisto</strong> e o epitélio<br />
crevicular foi observada. Sugeriram que uma destruição localizada do periodonto<br />
poderia formar uma bolsa profunda ocorrendo a proliferação do epitélio crevicular<br />
como um evento secundário, dilatação e conseqüente formação de um <strong>cisto</strong>. Uma<br />
segunda possibilidade seria a proliferação das células de Malassez que seguem a<br />
extensão gengival da inflamação em conseqüência de pericoronarites. Os autores<br />
foram de opinião que este mecanismo parece improvável, mas não pode ser<br />
inteiramente excluído, E a terceira possibilidade sugerida pelos autores seria a<br />
origem do epitélio reduzido do esmalte. Citaram o mecanismo defendido por CRAIG<br />
(1976), que sugeriu que os restos do epitélio reduzido do esmalte na superfície do<br />
esmalte na bifurcação das raízes poderiam ser induzidos para proliferação e se<br />
submeteriam à degeneração cística, em resposta a um estímulo inflamatório crônico<br />
25
e intermitente. ACKERMANN et al. (1987) foram favoráveis pela origem no epitélio<br />
reduzido do esmalte, mas sugeriram que a formação do <strong>cisto</strong> ocorre em<br />
conseqüência da expansão unilateral do folículo dental, ocorrendo secundariamente<br />
uma reação inflamatória, seguida de destruição do periodonto e do osso alveolar<br />
(ANEXO 11, FIG. 28). Essa sugestão é suportada pela observação radiográfica<br />
freqüente de um espaço folicular dilatado distal às coroas dos terceiros molares<br />
mandibulares parcialmente erupcionados, a posição dos <strong>cisto</strong>s, a adesão dos <strong>cisto</strong>s<br />
aos dentes no limite esmalte-cementário e a continuidade entre o revestimento do<br />
<strong>cisto</strong> e o epitélio reduzido do esmalte. Os autores também comentaram, que apesar<br />
dos <strong>cisto</strong>s dentgero e <strong>paradental</strong> aparecem em conseqüência da dilatação do<br />
folículo dental, a histogenia deles são claramente diferentes, justificando que devem<br />
ser considerados entidades patológicas distintas.<br />
CAMARDA et al. (1989) reportaram dois casos <strong>clínicos</strong> apresentados<br />
como <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado relatando ser uma lesão rara que afeta<br />
principalmente crianças de 6 a 10 anos e sua <strong>etiologia</strong> ainda permanece um mistério<br />
e a origem deste <strong>cisto</strong> ainda é muito especulativa. Esta associada com uma infecção<br />
que freqüentemente se apresenta subclínica. Uma das hipóteses propõe que<br />
quando os molares erupcionam a um grau de inflamação e um trauma envolvido na<br />
perfuração da gengiva. Essa teoria, entretanto não explica porque não foi relatado<br />
nenhum caso parecido na erupção da região incisiva. Uma segunda hipótese seria<br />
que o <strong>cisto</strong> é derivado de um <strong>cisto</strong> dentígero lateral sendo o a fonte epitelial o<br />
epitélio reduzido do órgão do esmalte que persistiu após a erupção. A terceira<br />
hipótese propõe que esse <strong>cisto</strong> é uma variável de um <strong>cisto</strong> periodontal lateral.<br />
Contudo os <strong>cisto</strong>s periodontais laterais geralmente ocorrem na região de caninos e<br />
pré-molares, e geralmente sintomático e raramente ocorre antes dos 20 anos de<br />
26
idade. Os autores discutiram os <strong>aspectos</strong> histológicos dos casos <strong>clínicos</strong><br />
apresentados e colocaram que a origem dessa lesão também poderia ser tanto por<br />
restos epiteliais de Serres ou restos epiteliais de Malassez.<br />
FOWLER & BRANNON (1989) apresentaram seis casos de <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong>. Em 3 casos os dentes foram extraídos e estavam disponíveis para<br />
exame macroscópico. Dois dos três dentes apresentavam um pequeno<br />
desenvolvimento na junção cemento esmalte. Os autores concluíram em seu artigo<br />
que o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é um <strong>cisto</strong> odontogênico inflamatório originado juntamente<br />
com um dente vital parcialmente erupcionado associado com pericoronarite. Os<br />
autores afirmaram que quando o dente extraído está disponível para exame, é<br />
verificado que estes <strong>cisto</strong>s estão geralmente associados com o desenvolvimento de<br />
projeções de esmalte ou cumes estendidos dentro da bifurcação bucal. O<br />
desenvolvimento desta anomalia pode ser a causa da patogenia dos <strong>cisto</strong>s<br />
paradentais.<br />
VEDFTOFTE & HOLMSTRUP (1989) realizaram um estudo selecionando<br />
criteriosamente oito <strong>cisto</strong>s da região globulomaxilar onde as características clínicas e<br />
histológicas deste estudo são similares a aquelas anteriormente reportadas pelos<br />
<strong>cisto</strong>s paradentais na mandíbula com origem inflamatória (ANEXO 8, FIG. 21). Os<br />
autores relataram que o <strong>cisto</strong> globulomaxilar, localizado entre as raízes do incisivo<br />
lateral e canino superior, havia sido descrito como um <strong>cisto</strong> fissural não<br />
odontogênico e que se acreditava por muitos anos, ter origem do epitélio incluso no<br />
local de fusão do aspecto globular do processo nasal medial e do processo maxilar.<br />
Essa teoria da patogênese foi questionada pelo resultado de estudos embriológicos.<br />
Os autores reforçam seu resultado citando o estudo crítico da literatura realizado por<br />
CHRIST (1970), que depois de rever e analisar seus próprios casos, concluiu que<br />
27
era mais provável que os <strong>cisto</strong>s na região globulomaxilar serem de origem<br />
odontogênica.<br />
PACKOTA et al. (1990) relataram cinco casos de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
encontrados por vestibular em relação o primeiro molar mandibular permanente em<br />
crianças com idade abaixo de 10 anos. Em todos os cinco casos reportados foram<br />
confirmados a presença de inflamação no exame histopatologico. Alguns casos<br />
apresentavam sintomas e sinais <strong>clínicos</strong>. Assim concluíram que a <strong>etiologia</strong> deva ser<br />
inflamatória, porém relatam não há uma história definitiva de periocoronarite.<br />
Nos seis casos estudados por WOLF & HIETANEN (1990), ocorridos em<br />
primeiros e segundos molares inferiores em crianças e descritos como <strong>cisto</strong><br />
mandibular vestibular infectado, os achados microscópicos revelaram um infiltrado<br />
inflamatório misto. Os autores sugerem que a inflamação presente nestes <strong>cisto</strong>s<br />
possa ter um papel importante na patogênese. Em todos os seis casos desta série<br />
foram encontradas bolsas periodontais em comunicação com as cavidades císticas.<br />
Uma biópsia expôs espécimes isolados que foram interpretados como uma colônia<br />
de Actinomyces. Associando os outros estudos como CRAIG (1976), FOWLER &<br />
BRANNON (1989) e VEDFTOFTE & PRAETORIUS (1989), os autores sugeriram<br />
que a possibilidade de episódios de pericoronarite, possa induzir a formação de uma<br />
bolsa periodontal, que por sua vez estimula a uma hiperplasia e a formação de um<br />
<strong>cisto</strong> com o epitélio odontogênico adjacente. Relataram que este epitélio pode ser<br />
tanto os remanescentes do epitélio reduzido do órgão do esmalte como pode ser<br />
proveniente dos restos epiteliais de Malassez.<br />
BOHAY et al. (1992) reportaram um caso bilateral em nos primeiros<br />
molares inferiores. Os autores relataram que casos bilaterais envolvendo o primeiro<br />
molar inferior ainda não haviam sido reportados. Colocaram que <strong>etiologia</strong> do <strong>cisto</strong><br />
28
<strong>paradental</strong> é desconhecida. Citaram as sugestões de <strong>etiologia</strong> propostas por CRAIG<br />
(1976) e STONEMANN & WORTH (1983). Os autores afirmaram que nenhuma<br />
dessas informações é válida a respeito da freqüência de sua presença nas lesões<br />
que envolvem o primeiro molar permanente. Sugeriram que a lesão descrita para o<br />
primeiro molar permanente é similar ao <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> descrito por CRAIG (1976),<br />
mas pelo fato de apresentar características clínicas e radiográficas únicas, poderia<br />
ser descrito como uma variação do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>.<br />
EL-MAGBOUL et al. (1993) relataram um caso clínico que apresenta as<br />
características descritas por STONEMANN & WORTH e sugerem que o <strong>cisto</strong><br />
mandibular vestibular infectado seja uma variante do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Relataram<br />
que apesar de ser um <strong>cisto</strong> de natureza inflamatória, sua <strong>etiologia</strong> não esta<br />
esclarecida, como também a qual origem epitelial.<br />
BOSSONG et al. (1994) relataram que o <strong>cisto</strong> mandibular vestibular<br />
infectado é uma lesão incomum. Somente três casos haviam sido publicados desde<br />
o relato original de STONEMANN & WORTH em 1983. Citaram que apesar da<br />
histogênese exata da lesão é incerta, ele é considerado ser um <strong>cisto</strong> de origem<br />
inflamatória. Lembram que a proliferação de restos de Malassez, remanescentes da<br />
lâmina dental ou epitélio crevicular, induzidos por um estímulo inflamatório, poderia<br />
possivelmente produzir o revestimento epitelial dos <strong>cisto</strong>s; contudo, afirmaram que<br />
isto é incerto.<br />
MAGNUSSON & BORRMAN (1995) realizaram um estudo retrospectivo<br />
descrevendo as características clínicas, radiográficas e histológicas de 26 <strong>cisto</strong>s<br />
paradentais. Os <strong>cisto</strong>s paradentais foram diagnosticados imediatamente após a<br />
erupção do dente e isto está em acordo com o postulado por CRAIG (1976) hipótese<br />
esta que eles iniciavam com pericoronarite. Os achados consistentes de inflamação<br />
29
na parede do tecido conjuntivo também estão de acordo com esta hipótese. Os<br />
autores lembraram que a origem para o epitélio cístico mais considerado é o epitélio<br />
reduzido do órgão do esmalte ou os restos epiteliais de Malassez.<br />
MARTINEZ-CONDE et al. (1995) relataram um caso bilateral envolvendo<br />
segundos molares, salientando que a <strong>etiologia</strong> do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> permanece<br />
desconhecida, mas a inflamação parece ser um papel importante. Os autores<br />
também discutiram que o aspecto freqüente de casos bilaterais poderia indicar uma<br />
origem de desenvolvimento.<br />
MURILLO & MARTINEZ (1997) revisaram 83 registros do Instituto de<br />
Referência em Patologia Oral da Faculdade de Odontologia da Universidade do<br />
Chile que obtiveram o diagnóstico histológico de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> no período de 1975<br />
a 1997. Realizaram uma breve introdução com revista na literatura citando a<br />
descrição de CRAIG (1976) e sua relação com o histórico de pericoronarites.<br />
Citaram o <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado descrito por STONEMMAN &<br />
WORTH (1983) também relacionando com história de inflamação. Os autores<br />
discutiram a origem de <strong>cisto</strong>s inflamatórios como o <strong>cisto</strong> radicular, o folículo<br />
inflamado, o <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado e o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> sejam<br />
similares, resultantes da ação de um processo inflamatório que estimula a<br />
proliferação epitelial e posterior transformação em <strong>cisto</strong>. Comentaram da origem de<br />
muitos <strong>cisto</strong>s nos restos epiteliais de Malassez, sugerindo que a origem do <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> deve estar relacionada ao epitélio reduzido do órgão do esmalte sendo<br />
necessário a comprovação por outros estudos que poderiam ser experimentais.<br />
THOMPSON et al. (1997) apresentaram um caso clínico e uma discussão<br />
em relação ao <strong>cisto</strong> mandibular infectado por vestibular e o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> serem<br />
ou não a mesma entidade patológica. Os autores concordaram com BOHAY et al.<br />
30
(1992), relatando que estes <strong>cisto</strong>s representam variações da mesma entidade. Em<br />
relação à discussão sobre origem da epitelial, os autores lembraram a sugestão<br />
KRAMER et al. (1992) que a lesão surge na parte superficial do ligamento<br />
periodontal, de restos do epitélio odontogênico, estimulado por inflamação na bolsa<br />
periodontal. Discutiram as hipóteses do epitélio reduzido do órgão do esmalte, dos<br />
restos epiteliais de Malassez e restos celulares de Serres. Os autores relataram que<br />
o exame histológico revelou inflamação aguda e crônica e que foram observadas<br />
colônias de Actinomyces. Os autores também examinaram áreas menos inflamadas<br />
das seções obtidas e observaram que havia sugestões da linhagem epitelial ser<br />
originada no epitélio reduzido do órgão do esmalte.<br />
WALLER & MALDEN (1999) relataram um caso clínico onde a radiografia<br />
sugeria um <strong>cisto</strong> dentígero, mas existe quadro clínico inflamatório, e os achados<br />
<strong>clínicos</strong> e histopatológicos apontaram o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> como diagnóstico. Os<br />
autores relataram que a patogênese do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é incerta, entretanto,<br />
colocaram que uma origem do epitélio reduzido do órgão do esmalte é favorecida<br />
por vários trabalhos citando CRAIG (1976) (ANEXO 10, FIG. 25) e ACKERMANN et<br />
al. (1987) (ANEXO 10, FIG. 27).<br />
SOUSA et al. (2001) estudaram 54 <strong>cisto</strong>s paradentais inflamatórios e<br />
compararam suas características clinicas e histopatológicas com aquelas relatadas<br />
na literatura. Na maioria dos casos o dente envolvido teve uma história de<br />
pericoronarite. Mesmo nos casos sem a história de pericoronarite, os autores<br />
relataram que os <strong>aspectos</strong> histopatológicos suportam uma origem inflamatória.<br />
Verificaram proliferações de epitélio, presença de um infiltrado inflamatório, e<br />
alterações hialinas nas paredes dos vasos sanguíneos, todos <strong>aspectos</strong><br />
característicos de um longo processo inflamatório. Os autores colocaram que os<br />
31
<strong>aspectos</strong> histopatológicos não são as únicas características inflamatórias do epitélio<br />
e da infiltração, também observaram uma abertura dos <strong>cisto</strong>s para a superfície.<br />
Relataram que mesmo nos casos que os <strong>cisto</strong>s aparentam exibir uma cavidade<br />
fechada, as seções seriadas revelaram esta abertura. Os autores lembraram que a<br />
histogênese do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> foi sabiamente discutida, sendo apontadas três<br />
possíveis origens; epitélio crevicular, os restos epiteliais de Malassez, e o epitélio<br />
reduzido do órgão do esmalte. Os autores demonstraram que a junção do epitélio do<br />
<strong>cisto</strong> com a superfície do dente, ocorre no limite esmalte-cementário, sugerindo que<br />
a origem epitelial mais provável seja o epitélio reduzido do esmalte.<br />
LIM & PECK (2002), lembraram que os <strong>cisto</strong>s odontogênicos podem ser<br />
inflamatórios ou de desenvolvimento. Os autores reportaram um caso clínico de uma<br />
menina de 13 anos que apresentava <strong>cisto</strong> mandibular bilateral nos segundos<br />
molares inferiores (ANEXO 9, FIG. 23). Discutiram que a ocorrência bilateral sugere<br />
uma <strong>etiologia</strong> de desenvolvimento, mas os autores não aceitaram essa possibilidade<br />
devido a presença de inflamação. Os achados histológicos apontaram para <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong>. Os autores revisaram a literatura e citaram que existem 7 casos de <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> com envolvimento bilateral, sendo três casos envolvendo do terceiro<br />
molar, dois casos envolvendo o segundo molar e dois casos envolvendo o primeiro<br />
molar. Os autores sugeriram que o <strong>cisto</strong> foi causado por pericoronarite ou<br />
inflamação. Discutiram as hipóteses da origem epitelial citando as possibilidades do<br />
epitélio crevicular, restos epiteliais de Malassez, epitélio reduzido do órgão do<br />
esmalte ou folículo dental. Afirmaram que a hipótese de FOWLER & BRANNON<br />
(1989) sobre a origem epitelial estar relacionada com epitélio reduzido do órgão do<br />
esmalte, estimulado na região da furca, proliferando e sofrendo degeneração cística<br />
é uma hipótese amplamente aceita.<br />
32
BSOUL et al. (2002) relataram que o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> surge como<br />
resultado de uma inflamação crônica causada pela proliferação do epitélio presente<br />
na região. Afirmaram que pericoronarites são citadas como principal fator etiológico<br />
em vários artigos sobre <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Sugeriram ser possível que a apresentação<br />
clinica da pericoronarite induza bolsas periodontais, a qual pode levar uma lesão<br />
hiperplásica e a formação de um <strong>cisto</strong> adjacente odontogênico epitelial. Citaram a<br />
possibilidade três origens epiteliais: epitélio crevicular, resíduos de células de<br />
Malassez, e do epitélio reduzido do esmalte. Citaram que o epitélio de revestimento<br />
está na maioria dos <strong>cisto</strong>s paradentais junto de ambas as regiões da junção<br />
amelocementária e nas superfícies do epitélio da mucosa oral. Nos casos<br />
apresentados os autores sugeriram que provavelmente remanescentes do epitélio<br />
reduzido do esmalte proliferam em conseqüência de um estímulo inflamatório<br />
continuado no epitélio gengival. O <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> corresponde por 3% e 5% dos<br />
<strong>cisto</strong>s odontogênicos, porém os autores sugeriram que o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> deva ser<br />
muito mais comum, justificando que alguns não são reconhecidos e outros são<br />
diagnosticados como <strong>cisto</strong> dentígero.<br />
COLGAN et al. (2002) apresentaram quinze casos <strong>clínicos</strong> de <strong>cisto</strong>s<br />
paradentais apresentando características clínicas, radiográficas e histopatológicas<br />
(ANEXO 12, FIG. 33). Os autores relataram uma relação entre o a localização do<br />
<strong>cisto</strong> e o ângulo de inclusão sugerindo que a impactação de alimento tem um papel<br />
importante na patogenia.<br />
ARRIVABENE et al. (2004) apresentaram um caso clínico e realizaram<br />
uma revisão de literatura com enfoques separados na etiopatogênese,<br />
epidemiologia, características clínicas, características radiográficas, características<br />
histopatológicas, diagnóstico diferencial, tratamento e prognóstico. Relataram que o<br />
33
<strong>cisto</strong> paradentário é um <strong>cisto</strong> odontogênico que acomete dentes parcialmente<br />
impactados, a patogênese desta lesão é incerta, mas resultados de vários trabalhos<br />
científicos concordam que há um forte componente inflamatório associado com sua<br />
etiopatogênese. Clinicamente o <strong>cisto</strong> pode provocar sintomatologia dolorosa e<br />
inchaço na área afetada. O tratamento de escolha é a enucleação da lesão,<br />
removendo-se ou preservando o dente afetado.<br />
GIORGIS et al. (2005) relataram que até o presente momento a<br />
patogênese do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> não esta bem definida.<br />
2.3 Características Clínicas e Radiográficas<br />
MAIN (1970) relatou oito casos que foram denominados de <strong>cisto</strong><br />
inflamatório colateral, sete destes apresentavam localização na distal de terceiros<br />
molares inferiores parcialmente erupcionados e um caso apresentava localização em<br />
um canino superior parcialmente erupcionado. Todos os oito casos apresentaram<br />
vitalidade pulpar foram associados com pericoronarite.<br />
CRAIG (1976) realizou um estudo retrospectivo de 21 anos no<br />
Departamento de Patologia Oral da Universidade de Sheffied encontrando 1051<br />
<strong>cisto</strong>s odontogênicos. Encontrou 49 casos, uma prevalência de 5%, de <strong>cisto</strong>s que<br />
foram denominados de <strong>cisto</strong>s paradentais. Relatou uma preferência pelo sexo<br />
masculino e pela terceira década de vida. Todos os casos neste estudo envolveram<br />
o terceiro molar inferior que se apresentava parcialmente erupcionado. Destes<br />
<strong>cisto</strong>s, o autor verificou que 26 haviam sido designados com envolvimento vestibular,<br />
19 <strong>cisto</strong>s com localização distal e 4 na mesial. O autor sugeriu de que em todos os<br />
casos deveria haver algum envolvimento vestibular. Verificou que alguns casos<br />
34
apresentavam envolvimento disto-vestibular, mesio-vestibular, disto-vestibular com<br />
envolvimento da região periapical e vestibular com envolvimento da região da<br />
bifurcação. Não houve preferência pelo lado direito ou esquerdo, sendo 22 dentes<br />
envolvidos eram esquerdos e 27 dentes eram direitos. Em 28 casos, os dentes<br />
estavam disponíveis para exame, destes, 20 foram designados de localização<br />
vestibular, 7 na distal e 1 na mesial. Nos 20 dentes de localização vestibular e em 1<br />
na distal, o autor observou que os dentes apresentavam o desenvolvimento de uma<br />
projeção de esmalte por vestibular estendida do limite amelocementário para região<br />
de bifurcação. Em todos os casos, os dentes envolvidos estavam associados com<br />
histórico de periocoronarite. Todos os dentes envolvidos apresentavam sinais<br />
<strong>clínicos</strong> de vitalidade pulpar e esta impressão foi confirmada nos dentes que foram<br />
submetidos ao exame histopatológico em conjunto com a lesão. O autor realizou um<br />
exame retrospectivo dos achados <strong>clínicos</strong> e relatou que não foi observada expansão<br />
óssea. Relatou que a apresentação radiográfica foi variável. Em alguns casos a<br />
lesão estava sobreposta na face vestibular da raiz e uma radiolucidez bem definida<br />
ocupava predominantemente uma porção periapical sendo que uma análise<br />
detalhada relevou que o espaço do ligamento periodontal não estava deslocado. Em<br />
outros casos foi encontrada uma radiolucidez bem definida na distal de um dente 3º<br />
molar inferior impactado, sendo que o autor verificou algum elemento definindo,<br />
caracterizando ou sugerindo uma sobreposição vestibular. O autor sugeriu uma<br />
limitação dos exames radiográficos colocando que em lesões menores essa<br />
sobreposição vestibular poderia ser totalmente insuspeita. Desta maneira, o autor foi<br />
de opinião que algumas ou todas as lesões que foram designadas clinicamente de<br />
localização mesial ou distal possuíram algum envolvimento vestibular (ANEXO 2,<br />
FIG. 4, 5, 6; ANEXO 10, FIG. 25, 26 e ANEXO 11, FIG. 29).<br />
35
STONEMAN & WORTH (1983) apresentaram um estudo radiográfico<br />
completo da lesão envolvendo os primeiros e segundos molares inferiores (ANEXO<br />
4, FIG 13, 14 e ANEXO 11, FIG. 19, 20). A lesão foi denominada pelos autores de<br />
<strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado. A lesão acometia na maioria dos casos a<br />
vestibular dos primeiros molares inferiores vitais com erupção total ou parcial, em<br />
crianças de 4 a 8 anos. Os pacientes apresentavam com queixa principal um<br />
inchaço na região envolvida. Os autores relataram que a lesão produz pouco ou<br />
nenhum sintoma e um mínimo de sinais. O exame radiográfico oclusal merece uma<br />
atenção especial, revelando uma radiolucidez desde fraca a densamente delimitada<br />
na face vestibular, acompanhada do deslocamento dos ápices radiculares para<br />
lingual e uma contínua ou descontínua reação periostal.<br />
TRASK et al. (1985) relataram um caso clínico nomeado como <strong>cisto</strong><br />
mandibular vestibular infectado em uma menina de seis anos de idade. A mãe<br />
relatou que sua filha apresentou dor na mandíbula esquerda, seguido de inchaço na<br />
mesma região e posteriormente dor de garganta. Inicialmente a mãe e a paciente<br />
procuraram um médico e a paciente foi tratada com penicilina para infecção de<br />
garganta por streptococos, sendo orientada pelo médico que a dor e inchaço<br />
mandibular regrediriam. Após duas semanas, procuram atendimento odontológico<br />
apresentado assimetria acentuada na região do ângulo mandibular esquerdo com<br />
inchaço firme e discreto localizado na porção disto-vestibular do primeiro molar<br />
inferior permanente esquerdo, palpável tanto intra como extra-bucal e com leve de<br />
resposta à dor na palpação do inchaço. O primeiro molar inferior permanente se<br />
apresentou com morfologia normal, ausência de cárie, polpa viva e<br />
hipersensibilidade à percussão. As condições gengivais da paciente se<br />
apresentaram com <strong>aspectos</strong> normais. A sondagem periodontal do primeiro molar<br />
36
permanente inferior esquerdo apresentou 6 mm na face lingual, 5 mm na vestíbulo-<br />
mesial e mais de 12 mm na face vestíbulo-distal esquerda. A radiografia panorâmica<br />
revelou <strong>aspectos</strong> normais, com a exceção da região do primeiro molar inferior<br />
esquerdo, que apresentou uma radiolucidez envolvendo a região de furca radicular<br />
que se estendia a partir da face distal da raiz mesial e envolvia a raiz distal por<br />
inteiro, estendendo-se distalmente para cripta do segundo molar em<br />
desenvolvimento (ANEXO 5, FIG. 15). A cortical da cripta estava atenuada. A<br />
membrana periodontal estava ampliada na raiz mesial distalmente e na raiz distal<br />
mesialmente e distalmente. A borda inferior da lesão era côncava irregular delineada<br />
por uma fina camada de osso cortical. Na radiografia oclusal havia evidência da<br />
neoformação óssea periostal separada por espaço radiolúcido da superfície da<br />
mandíbula. A borda inferior da mandíbula estava sem evidências de anormalidade.<br />
O primeiro molar apresentava um posicionamento lingual, isto resultava em seu<br />
ápice com aproximação da cortical lingual da mandíbula. A face vestibular do dente<br />
estava descoberta de osso.<br />
ACKERMANN et al. (1987) analisaram clinica e histologicamente uma<br />
série de 50 casos, que foram encontrados em uma série de 1852 <strong>cisto</strong>s do<br />
departamento de Patologia Oral da Universidade de Witwatersrand, correspondendo<br />
assim uma prevalência de 3% dos casos. Destes, 70% dos casos ocorreram em<br />
homens, 60% em brancos, com predomínio na terceira década de vida. Encontraram<br />
igual proporção para lado direito e esquerdo da mandíbula e também 3 casos<br />
bilaterais. A localização mais predominante do <strong>cisto</strong> em relação ao dente foi a distal<br />
e disto-vestibular, raramente observado na mesial. Todos os casos estavam<br />
associados ao terceiro molar parcialmente erupcionado com histórico de um ou mais<br />
episódios de pericoronarites. Em 8 amostras de <strong>cisto</strong> os dentes associados que<br />
37
estavam disponíveis para exame e todos os <strong>cisto</strong>s se apresentaram unidos na<br />
junção esmalte dentina, sendo que alguns se estenderam em variáveis distâncias ao<br />
longo da superfície da raiz. Em apenas dois dos dentes foram observadas projeções<br />
de esmalte da junção esmalte dentina na bifurcação da raiz por vestibular. O<br />
tamanho dos <strong>cisto</strong>s variou consideravelmente, com a maioria das lesões medindo de<br />
1 a 2 cm. Radiograficamente, os <strong>cisto</strong>s foram constantemente bem definidos, com<br />
uma linha regular ao redor. Apesar da localização exata do <strong>cisto</strong> na radiografia ser<br />
usualmente próximo ao terço coronal da raiz, (ANEXO 2, FIG. 7) foram encontrados<br />
alguns exemplos de lesões somente próximas à coroa, e lesões envolvendo a coroa<br />
e raiz. Os autores relatam que isto estava relacionado ao ângulo de impacção dos<br />
dentes.<br />
CAMARDA et al. (1989) reportaram dois casos <strong>clínicos</strong> apresentados<br />
como <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado. O primeiro caso em um menino de 9<br />
anos de idade apresentou um inchaço do lado direito da mandíbula com evolução<br />
lenta de mais de 6 meses. Os autores relatam que não havia dor, supuração ou<br />
perda de vitalidade associada, verificaram uma expansão flutuante e firme do canino<br />
decíduo até o segundo molar decíduo. A radiografia panorâmica revelou uma<br />
imagem radiolúcida de 3 cm sobre as raízes do canino inferior decíduo até o<br />
segundo molar decíduo, se estendendo abaixo das raízes, demarcada nos seus<br />
limites inferiores por uma camada de osso mais denso com aparência granular. A<br />
cortical mandibular inferior não foi envolvida. A radiografia oclusal revelou duas finas<br />
camadas radiopacas vestibulares formando uma borda óssea na região da lesão. Na<br />
região interdental anterior foi observado aéreas de calcificação presentes em<br />
compartimentos radiolúcidos. No segundo caso apresentado, os autores relataram<br />
outro menino de 9 anos com inchaço assintomático e com evolução de cinco<br />
38
semanas. Reportaram que não haviam outros sintomas relacionados. A radiografia<br />
panorâmica revelou uma imagem pequena localizada na região do primeiro molar<br />
inferior esquerdo envolvendo a furca e aumento do espaço do ligamento periodontal<br />
por mesial e distal. Inferiormente a lesão tinha uma aparência côncava radiolúcida-<br />
radiopaca com uma borda irregular radiopaca que não se estendia ou envolvia a<br />
cortical mandibular inferior. A radiografia oclusal revelou um leve aumento do<br />
periósteo com uma área radiolúcida entre o periósteo e o dente envolvido. Houve um<br />
óbvio deslocamento da raiz mesial para lingual do primeiro molar inferior<br />
permanente.<br />
Seis casos <strong>clínicos</strong> foram obtidos dos arquivos do Departamento de<br />
Patologia Oral da Wiford Hall USAF Medical Center no Texas e estudados por<br />
FOWLER & BRANNON (1989). Foram encontrados registros da presença de<br />
pericoronarites em todos os casos. De 3 casos examinados macroscopicamente, 2<br />
apresentaram projeções de esmalte bucal. A maioria em homens e na terceira<br />
década de vida. Todos os <strong>cisto</strong>s estavam localizados na mandíbula adjacente do<br />
terceiro molar na mesma proporção em relação ao lado direito ou esquerdo.<br />
Nenhuma expansão óssea foi detectada. Radiograficamente cada <strong>cisto</strong> aparece com<br />
uma radiolucidez circunscrita oval bem delineada envolvendo uma ou ambas raízes<br />
do terceiro molar mandibular com nenhuma relação com a coroa. Na maioria dos<br />
casos, a radiolucidez se assemelha muito com as patologias periapicais. Entretanto,<br />
numa inspeção mais detalhada fica evidente em cada caso que o espaço do<br />
ligamento periodontal estava intacto e que a lesão radiolúcida estava sobreposta às<br />
raízes dos dentes envolvidas.<br />
VEDFTOFTE & HOLMSTRUP (1989) realizaram um estudo selecionando<br />
oito <strong>cisto</strong>s da região globulomaxilar que preencheram critérios predeterminados para<br />
39
a inclusão no estudo. A média de idade para os pacientes, 7 homens e uma mulher,<br />
foi de 18 anos e 8 meses. Em todos os casos o dente adjacente a lesão estava<br />
completamente erupcionado. Os autores observaram que existia comunicação da<br />
lesão em associação com bolsa periodontal em 3 casos. Este achado não foi<br />
confirmado nos outros 5 casos. Em 5 pacientes as lesões foram assintomáticas e<br />
diagnosticadas por uma radiografia; 3 pacientes apresentaram sintomas de infecção<br />
grave. Radiograficamente os <strong>cisto</strong>s apresentaram radiolucidez localizada bem<br />
definida entre as raízes de canino e incisivo lateral. O tamanho do <strong>cisto</strong> variava de<br />
14 x 10 milímetros a 23 x 14 milímetros. Os autores sugeriram o diagnóstico de <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> inflamatório, justificando que as características clínicas e histológicas<br />
deste estudo são similares a aquelas anteriormente reportadas para os <strong>cisto</strong>s<br />
paradentais com origem inflamatória na mandíbula.<br />
PACKOTA et al. (1990) relataram cinco casos de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
encontrados por vestibular em relação o primeiro molar mandibular permanente em<br />
crianças com idade abaixo de 10 anos. Em quatro casos o dente estava<br />
parcialmente erupcionado. Os autores apontaram que as lesões localizadas no<br />
primeiro molar permanente mandibular são relatadas em crianças com idade abaixo<br />
de 10 anos, as lesões no segundo molar inferior permanente com idades<br />
aproximadas entre 11 a 15 anos e aqueles de terceiro molar mandibular ocorreram<br />
em adultos com idade de 18 a 34 anos. Os autores colocaram que o <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong>, anteriormente, sempre havia sido descrito em associação com dente que<br />
apresentava história de pericoronarite. Nos cinco casos reportados foram verificados<br />
os sinais <strong>clínicos</strong>, sintomas e ou histopatológicos consistentes com a presença de<br />
inflamação, mas os autores relataram que não houve historias conclusivas de<br />
pericoronarite. O inchaço bucal adjacente ao primeiro molar inferior parcialmente<br />
40
erupcionado foi um achado clínico comum. Os autores analisaram radiografias<br />
panorâmicas, periapicais e reportaram os achados radiográficos de uma imagem<br />
radiolúcida nas raízes na região de furca. Em alguns casos, a radiolucidez se<br />
estendia até os ápices, sendo a região inferior do <strong>cisto</strong> delimitada por uma margem<br />
radiopaca de aparência variável. Os autores reportaram o desaparecimento ou<br />
atenuação da lâmina dura. Reportaram casos de atenuação da cortical da cripta do<br />
segundo molar e casos com deslocamento da cripta do segundo molar. As<br />
radiografias oclusais revelaram presença de uma lesão radiolúcida adjacente ao<br />
dente envolvido por vestibular com um deslocamento de suas raízes para lingual e<br />
também revelavam uma reação periosteal.<br />
WOLF & HIETANEN (1990) selecionaram para estudo seis casos <strong>clínicos</strong><br />
por apresentarem sinais inflamatórios e características clínicas descritas por<br />
STONEMAN & WORTH (1983) para o <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado. Cinco<br />
dos seis pacientes foram do sexo feminino e todos de cor branca. Todos os <strong>cisto</strong>s<br />
apresentaram uma localização vestibular. Três casos se apresentaram em primeiros<br />
molares parcialmente irrompidos e outros três casos em segundos molares<br />
totalmente irrompidos. A vitalidade foi confirmada nos seis casos <strong>clínicos</strong> por pulpo-<br />
testes elétricos. Em todos os casos as bolsas gengivais vestibulares foram<br />
exploradas e encontradas as comunicações com as cavidades císticas. Os sinais<br />
<strong>clínicos</strong> incluíram inchaços, presença de pús na bolsa gengival e em todos os casos<br />
os nódulos linfáticos estavam aumentados de volume. Os achados radiográficos<br />
revelaram uma área radiolúcida associada ao elemento dental. Os achados desta<br />
série variaram em relação ao tamanho e localização da lesão. As radiografias<br />
revelaram desde somente o envolvimento do terço cervical da raiz, como também do<br />
envolvimento completo das raízes, e também de estender seus limites além das<br />
41
aízes; para distal, para inferior ou para distal e inferior. Os limites inferiores destes<br />
<strong>cisto</strong>s são demarcados por uma camada de osso mais densa e côncava que<br />
delimitaram a lesão por mesial e distal. Nenhum dos casos foi observado uma<br />
margem superior.<br />
BOHAY et al. (1992) relataram um caso de um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> bilateral<br />
em primeiro molar inferior permanente onde o paciente de 7 anos de idade<br />
apresentava inchaço bilateral de palpação macia a firme na região dos primeiros<br />
molares inferiores permanentes, causando assimetria facial. Não houve queixa de<br />
dor, parestesia ou de sinais e sintomas de inflamação. Os primeiros molares<br />
estavam em erupção e não eram visíveis ao exame clínico. A radiografia panorâmica<br />
revelou duas lesões radiolúcidas que estavam associadas a primeiros molares<br />
permanentes direito e esquerdo. As lesões mediram 45mm X 30mm X 20mm, e<br />
33mm X 25mm X 15mm, respectivamente. Ambas as lesões foram delimitadas por<br />
uma periferia de osso esclerótico. As lesões causaram deslocamento dos segundos<br />
molares inferiores em desenvolvimento. O segundo pré-molar direito também se<br />
apresentava deslocado para mesial. Apesar do deslocamento, as corticais do folículo<br />
permaneceram intactas. Em ambos os lados, a lâmina dura e o espaço para o<br />
ligamento periodontal dos primeiros molares inferiores permanentes apresentaram-<br />
se inalterados. As raízes não apresentaram reabsorção radicular. O aspecto das<br />
corticais mandibulares inferiores apresentaram-se afinados, porém sem nenhuma<br />
expansão inferior. As radiografias oclusais demonstraram que as raízes dos<br />
primeiros molares inferiores foram deslocadas para lingual e revelaram uma<br />
expansão óssea vestibular. Os autores relataram que estas características<br />
radiográficas são valiosas para a interpretação radiográfica dos <strong>cisto</strong>s paradentais.<br />
Os autores colocaram que o exame radiográfico deve incluir incidências periapicais,<br />
42
panorâmica e oclusais; que pelas radiografias oclusais verifica-se a posição<br />
vestibular da lesão, a expansão da óssea vestibular e o deslocamento lingual das<br />
raízes. Concluíram pela necessidade de uma especial atenção ao diagnóstico do<br />
<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>, em se observar o lado oposto da lesão, na possibilidade de haver<br />
uma segunda lesão. Afirmaram que o tamanho das lesões varia significativamente<br />
de paciente para paciente e como também pode variar no mesmo paciente no caso<br />
de lesões bilaterais.<br />
EL-MAGBOUL et al. (1993) relataram um caso clínico que apresentava as<br />
características descritas por STONEMANN & WORTH (1983) sugerindo que o <strong>cisto</strong><br />
mandibular vestibular infectado seja uma variante do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Relataram um<br />
caso clínico em uma menina de 7 anos de idade que apresentava queixas de<br />
inchaço no lado esquerdo de sua mandíbula. Houve histórico de administração de<br />
antibióticos e persistência da lesão. O exame clínico revelou uns 2 cm de inchaço no<br />
fundo de sulco com forma arredondada e de consistência óssea a palpação. O<br />
inchaço foi palpável tanto intra-oral como extra-oral. Os autores reportaram que foi<br />
realizada uma pressão com os dedos encontrando presença de pus expelido através<br />
do sulco gengival. O dente associado apresentava-se hígido e com resposta positiva<br />
ao teste elétrico de vitalidade pulpar. A radiografia panorâmica revelou que 1º molar<br />
permanente apresentava risogênese incompleta apresentando um círculo esclerótico<br />
ao seu redor com extensão para distal, sobrepondo, mas não deslocando o 2º molar<br />
permanente. A radiografia oclusal revelou uma área radiolúcida vestibular associada<br />
ao 1º molar permanente, apresentando uma expansão óssea vestibular que<br />
assemelhava-se a uma típica neoformação óssea periostal.<br />
BOSSONG et al. (1994) realizaram uma revisão de literatura sobre o <strong>cisto</strong><br />
mandibular vestibular infectado reportando um caso clínico em um paciente<br />
43
masculino de sete anos de idade. O paciente apresentou queixa de dor e um<br />
inchaço no lado inferior esquerdo de 10 dias de duração. O paciente foi inicialmente<br />
tratado com antibióticos. Quando os antibióticos foram suspensos apresentou<br />
recorrência de sinais e sintomas. O revestimento da pele estava normal, mas<br />
sensível a palpação. Foi observada linfoadenopatia submandibular esquerda. O<br />
paciente estava com temperatura normal, pulso padrão e a taxa de pressão<br />
sangüínea e respiração estavam normais. O exame intra-oral revelava um inchaço<br />
firme a palpação no corpo da mandíbula esquerdo com simultâneo inchaço de tecido<br />
mole por vestibular do dente. Não possuía nenhum dente cariado ou defeitos<br />
periodontais ou qualquer outra <strong>etiologia</strong> dental para explicar o inchaço. O<br />
revestimento do tecido mole parecia normal. A polpa dos dentes adjacentes estava<br />
vital e não havia sensibilidade dos dentes à percussão. Uma radiolucidez localizada<br />
no centro da raiz do primeiro molar inferior esquerdo foi claramente observada na<br />
radiografia panorâmica. A radiografia periapical confirmou a presença da<br />
radiolucidez. A lesão radiolúcida apresentava bordas escleróticas e envolvia a furca<br />
e a porção superior das raízes. A radiografia oclusal revelou que o <strong>cisto</strong> se<br />
apresentava na vestibular em relação ao primeiro molar. Apresentou expansão da<br />
cortical óssea vestibular adjacente a lesão. Os autores discutiram a importância das<br />
radiografias oclusais que freqüentemente revelam uma expansão vestibular<br />
apresentando neoformação óssea periostal. Esta neoformação óssea periostal pode<br />
aparecer como uma faixa estreita única ou em múltiplas camadas resultando numa<br />
aparência laminada. A radiografia oclusal também demonstra que o molar envolvido<br />
pode estar inclinado com os ápices deslocados para a cortical mandibular lingual.<br />
MAGNUSSON & BORRMAN (1995) realizaram um estudo retrospectivo<br />
descrevendo as características clínicas, radiográficas e histológicas de 26 <strong>cisto</strong>s<br />
44
paradentais. Os autores verificaram que os 26 casos <strong>clínicos</strong> de <strong>cisto</strong>s paradentais<br />
compreenderam 0.9 % de um total de 2700 casos de <strong>cisto</strong>s da maxila<br />
diagnosticados em 9 anos no Departamento de Patologia Oral da Universidade de<br />
Göteborg. Sugeriram que possivelmente a incidência verdadeira é maior,<br />
suspeitando que em muitos casos houve erro no diagnóstico. Os autores discutiram<br />
que relatos sobre o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> são escassos na literatura e que o presente<br />
artigo acrescenta mais 26 lesões. Uma distribuição igual de sexo foi encontrada.<br />
Todas as lesões, exceto em um caso, foram unilaterais. Todos os casos foram<br />
encontrados na mandíbula, sendo a localização mais comum no terceiro molar<br />
inferior. Destes, 13 <strong>cisto</strong>s ocorreram na região vestibular dos primeiros e segundos<br />
molares. O principal sinal clinico foi o inchaço, especialmente nos casos localizados<br />
nos primeiros e segundos molares. Os primeiros e segundos molares inferiores<br />
associados ao <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> se apresentaram plenamente erupcionados,<br />
enquanto os terceiros molares estavam parcialmente erupcionados. Os autores<br />
relataram que as características radiográficas encontradas nos <strong>cisto</strong>s paradentais<br />
foram variadas. As bordas dos <strong>cisto</strong>s na região do primeiro e segundo molar foram<br />
na maioria dos casos difusas, enquanto as bordas dos <strong>cisto</strong>s na região do terceiro<br />
molar eram nítidas. Os <strong>cisto</strong>s na região do terceiro molar apresentavam usualmente<br />
uma localização distal. Em contraste os <strong>cisto</strong>s na região de primeiros e segundos<br />
molares usualmente foram achados por vestibular. Discutiram que a aparência<br />
radiográfica variável do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é dependente de vários fatores, tais como o<br />
tamanho da lesão, a região na qual aparece, e presença de infecção. Em um caso,<br />
num terceiro molar, os autores verificaram que a radiolucidez que sobrepôs a região<br />
radicular tinha bordas difusas e sem distinção da lâmina dura. Salientaram a<br />
importância de se estar familiarizado com as características radiográficas normais<br />
45
incluindo a morfologia da lâmina dura. Citaram que nestes casos, radiografias<br />
periapicais ligeiramente sub-expostas poderiam ser utilizadas para uma melhor<br />
interpretação. Adicionalmente verificaram que radiografias oclusais revelaram<br />
destruição de osso vestibular e ou formação de novo osso periostal. Os autores<br />
discutiram que seus resultados estão de encontro com a literatura em relação as<br />
características clínicas e radiográficas para região de primeiro e segundo molar<br />
inferior, como também as características clínicas e radiográficas na região de<br />
terceiro molar inferior.<br />
MARTINEZ-CONDE et al. (1995) relataram um caso clínico de <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> bilateral que ocorreu nos segundos molares inferiores parcialmente<br />
erupcionados de um menino branco de 11 anos. O menino apresentou uma história<br />
de 8 dias com tumefação bilateral branda do terço inferior da face. O exame intra-<br />
bucal revelou expansões na região de osso alveolar relacionado aos segundos<br />
molares inferiores que apresentavam erupção parcial. Em ambos os lados os<br />
aumentos de volume foram de forma arredondada, com diâmetro de 2 cm do lado<br />
esquerdo e 3 cm do lado direito. Uma radiografia panorâmica demonstrou uma<br />
radiolucidez bem definida, de forma ovalada com esclerose na margem inferior. Foi<br />
observada a perda de lamina dura e presença de radiolucidez ao redor do ápice<br />
radicular e na região de furca dos segundos molares. Os autores discutiram que a<br />
idade média dos pacientes com diagnóstico de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é relacionada ao<br />
dente associado com as lesões do <strong>cisto</strong>, colocando que no primeiro molar<br />
permanente inferior ocorre nas crianças com idade de 6 a 9 anos, a escala da idade<br />
dos pacientes com as lesões associadas com o segundo molar inferior permanente é<br />
11 a 15 anos, e com o terceiro molar inferior é 18 a 35 anos. Os autores em sua<br />
discussão afirmaram que a dor, o inchaço, a supuração proveniente da bolsa<br />
46
periodontal são os sinais e sintomas mais comuns associados com este <strong>cisto</strong>.<br />
Ocasionalmente o paciente pode relatar outros sintomas tais como a dor na oclusão,<br />
dente dolorido, e erupção atrasada. Os autores relataram que a perda ou a<br />
atenuação da lâmina dura dos periápices e da região de furca do dente envolvido é<br />
uma das mais importantes características radiográficas desta lesão. Assim como,<br />
chamaram a atenção, relatando que a imagem radiolúcida do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>, em<br />
alguns casos, arredondada e contornada por margem esclerótica pode sobrepor-se<br />
e afetar o dente envolvido.<br />
MURILLO & MARTINEZ (1997) revisaram 83 registros do Instituto de<br />
Referência em Patologia Oral da Faculdade de Odontologia da Universidade do<br />
Chile que obtiveram o diagnóstico histológico de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> no período de 1975<br />
a 1997 (ANEXO 3, FIG. 9; ANEXO 4, FIG. 12; ANEXO 12, FIG. 32). Os autores<br />
relataram que muitos casos foram derivados de exodontia por motivos ortodônticos.<br />
Observaram que em 36,2% das lesões foram assintomáticas, associadas a peças<br />
dentárias semi-inclusas descobertas somente por ocasião da exodontia. Em outros<br />
27,6% casos havia histórico de achados cirúrgicos e radiográficos. Apenas nos<br />
36,2% restantes dos casos foram relatadas uma história de sintomas e<br />
pericoronarite. Todos os casos foram relacionados ao terceiro molar inferior, sendo<br />
uma freqüência de 56% dos casos em homens, com uma média de idade de 26,5<br />
anos. Em 98% dos casos o <strong>cisto</strong> estava aderido ao terceiro molar inferior, sendo em<br />
72% na superfície distal. De 63 casos que apresentaram radiografias foi verificado<br />
que apenas 15,9% apresentavam limites nítidos, 47,6% apresentavam evidente área<br />
radiolúcida e 23,8% corresponderam a outros achados radiográficos. Foram<br />
verificados alguns casos de limites difusos, outras de imagem mista e um caso<br />
apresentou reabsorção radicular. Os autores também estudaram a freqüência de<br />
47
outros <strong>cisto</strong>s neste mesmo período e verificaram uma freqüência de 3,12% para o<br />
<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>.<br />
THOMPSON et al. (1997) apresentaram um caso clínico de uma paciente<br />
sexo feminino de 11 anos com diagnóstico cleido-craniano apresentando sinais e<br />
sintomas de dor e inchaço gengival na região vestibular e distal do primeiro molar<br />
inferior esquerdo. Os autores discutiram em seu artigo se as entidades patológicas<br />
denominadas <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado e <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> deveriam ou<br />
não ser consideradas entidades distintas. Em relação ao caso clínico a paciente<br />
relatou que o inchaço desenvolveu-se gradualmente em um período acima de 3<br />
meses. A lesão foi inicialmente assintomática, mas apresentou-se dolorosa. O<br />
exame intra-bucal revelou um firme, mas flutuante inchaço na gengiva vestibular e<br />
distal do primeiro molar inferior esquerdo. O dente também apresentava bolsas<br />
periodontais medindo 7-8 mm de profundidade envolvendo bifurcação. Apresentava<br />
drenagem de pus pelo sulco gengival. Testes térmicos e elétricos confirmaram a<br />
vitalidade pulpar. A paciente apresentava retenção prolongada dos dentes decíduos<br />
e erupção atrasada dos dentes permanentes. O exame de radiográfico revelou uma<br />
radioluscência na distal e na área de bifurcação do primeiro molar inferior esquerdo,<br />
sendo o contorno inferior delimitado por margem radiopaca. Também houve perda<br />
da lâmina dura nos periápices do primeiro molar inferior. O segundo molar em<br />
desenvolvimento mostrou atenuação da cortical de sua cripta e foi deslocado para<br />
distal. A tomografia computadorizada (CT) axial mostrou uma lesão cística por<br />
vestibular e por distal em relação ao primeiro molar inferior esquerdo, apresentado<br />
as raízes deslocadas para lingual, com uma tênue cortical óssea por vestibular. A<br />
imagem obtida por ressonância magnética (MRI) confirmou a presença da expansão<br />
da lesão cística, com um conteúdo alto de proteínas, na região de molar inferior<br />
48
esquerdo. A lesão cística foi curetada sendo realizado o exame histopatológico<br />
compatível com o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. O paciente apresentou recorrência da lesão<br />
depois de 10 meses, apresentando um inchaço assintomático e supuração na região<br />
anteriormente afetada. Os autores consideraram ser resultado de uma infecção<br />
persistente. O exame radiográfico revelou uma radioluscência bem demarcada<br />
envolvendo as regiões mesial, furca e distal do primeiro molar inferior esquerdo com<br />
extensão parcial sobre a cripta do segundo molar inferior esquerdo em<br />
desenvolvimento. Também foi descoberta uma segunda lesão, que estava<br />
ocorrendo na região do primeiro molar inferior direito, e revelava uma área de<br />
radioluscência bem demarcada, envolvendo a região de furca do primeiro molar<br />
inferior direito com extensão para a cripta do segundo molar inferior mandibular. Na<br />
lesão do lado direito também foi observada a perda de lâmina dura ao redor dos<br />
ápices do primeiro molar. Os autores discutiram as características clínicas<br />
apresentadas na literatura para o <strong>cisto</strong> colateral inflamatório, o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> e o<br />
<strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado, relatando que são semelhantes, colocando que<br />
devem ser consideradas como a mesma entidade patológica. Justificando entre<br />
outros <strong>aspectos</strong> que as lesões apresentam usualmente dor, inchaço e drenagem de<br />
pus da bolsa periodontal, existindo normalmente uma comunicação do <strong>cisto</strong> com<br />
uma bolsa periodontal. As lesões são freqüentemente localizadas nas regiões distais<br />
e ou vestibulares dos dentes. Relacionaram que a idade do paciente, no momento<br />
do diagnóstico, esta associada à cronologia da erupção do dente envolvido. No caso<br />
relatado, a paciente apresentava uma idade superior para a cronologia de erupção<br />
do primeiro molar permanente, mas é explicada pela erupção atrasada da dentição<br />
permanente dela, uma das características do diagnostico cleido-craniano.<br />
49
POMPURA et al. (1997) realizaram um estudo prospectivo dos resultados<br />
do tratamento de 44 casos de <strong>cisto</strong>. Os pacientes foram selecionados do Hospital<br />
Sick Children Dental Clinic de Toronto, que apresentaram no período de 1991 a<br />
1994 inchaços sintomáticos ou assintomáticos ou radioluscências, na região do<br />
primeiro molar permanente, que não foram causados por trauma ou qualquer<br />
característica que identificasse outro <strong>cisto</strong> ou tumor. A idade dos pacientes variou de<br />
5,5 a 11 anos de idade, com uma média de idade em 7,5 anos O sexo feminino<br />
apresentou uma prevalência de 56,3%. Todos os pacientes apresentaram sintomas<br />
iniciais na região afetada, que variaram de sensibilidade suave à moderada. A<br />
erupção padrão de todos os casos estava alterada e atrasada. A lesão presente na<br />
vestibular provocava o aparecimento das cúspides linguais, antes das vestibulares<br />
em 45, 5% dos casos. Todos os dentes parcialmente erupcionados estavam vitais. A<br />
mucosa rodeando a lesão apresentava aparência normal. As lesões foram bilaterais<br />
em 37,5% dos casos. A apresentação inicial e sintomas praticamente se referiam a<br />
somente um lado e no exame radiográfico o segundo bilateral <strong>cisto</strong> foi detectado.<br />
Embora as radiografias periapicais e panorâmicas confirmem varias características,<br />
a radiografia oclusal provou ser a melhor para demonstrar as características e a<br />
presença do <strong>cisto</strong> da bifurcação vestibular. O principal achado radiográfico foi uma<br />
radiolucência na superfície vestibular do dente envolvido. O tamanho da imagem<br />
radiolúcida variou de 0,6 a 2,5 cm apresentando um diâmetro médio de 1,2 cm. A<br />
lesão apresentou vários graus de extensão dependendo do tamanho da lesão. Uma<br />
fina linha radiopaca côncava delimitava os limites inferiores da lesão. A lesão<br />
apresentava extensão da furca para os ápices em 81,8% dos casos. Os ápices do<br />
primeiro molar se apresentavam com inclinação lingual com a presença da lesão por<br />
vestibular, o que resultava na cúspide lingual com maior altura em 75% dos casos.<br />
50
Relataram que o espaço para o ligamento periodontal e a lâmina dura estava intacta<br />
e contínuo nas raízes de todos os casos. A reação periostal com simples ou<br />
múltiplas camadas de deposição óssea foi observada em 68% dos casos. Todos os<br />
dentes se apresentaram hígidos, com estrutura normal. Deslocamentos do segundo<br />
molar inferior ou das criptas do segundo molar inferior ocorreram em 18,18 % dos<br />
casos. Deslocamentos do canal mandibular ocorreram em 13,63 % dos casos. Em<br />
nenhum caso a borda inferior da mandíbula foi perfurada ou expandida pelas lesões.<br />
DAVID et al. (1998) descreveram as características clínicas e<br />
radiográficas para o variante denominado <strong>cisto</strong> da bifurcação vestibular. Em relação<br />
às características clínicas comuns ao <strong>cisto</strong> os autores relataram a idade num grupo<br />
entre 6 a 11 anos, usualmente é associado ao primeiro molar inferior e<br />
ocasionalmente ao segundo molar inferior, o dente envolvido possui alteração na<br />
erupção com a coroa inclinada para vestibular, apresenta vitalidade pulpar, bolsas<br />
periodontais profundas, a região apresenta inchaço, dor ou sensibilidade e infecção.<br />
As características radiográficas comuns ao <strong>cisto</strong> são de radiolúcidez com<br />
sobreposição sobre as raízes do elemento dental envolvido, sendo os limites<br />
inferiores demarcados por fina linha radiopaca côncava, o espaço do ligamento<br />
periodontal e lâmina dura estão intactos, as cúspides linguais são mais<br />
proeminentes devido a inclinação do dente, os ápices radiculares apresentam uma<br />
inclinação com direção para cortical lingual, a borda inferior da mandíbula esta<br />
intacta, presença de reação periostal na superfície vestibular, a expansão de fina<br />
camada óssea associada ao inchaço da cortical vestibular e o deslocamento dos<br />
dentes adjacentes não irrompidos (ANEXO 6, FIG. 18 e ANEXO 13, FIG. 35).<br />
WALLER & MALDEN (1999) relataram um caso clínico em um paciente<br />
de 28 anos, sexo masculino, atendido no Departamento de Cirurgia Oral do<br />
51
Edinburgh Hospital Dental com queixa de dor e inchaço no rosto em região inferior<br />
direita. O paciente apresentava dor irradiada para ouvido direito e incapacidade para<br />
fechar totalmente a boca. O terceiro molar inferior direito não estava visível e o<br />
terceiro molar superior se apresentava com erupção completa. O paciente não<br />
apresentava episódios anteriores de pericoronarite no lado direito. A radiografia<br />
panorâmica revelou terceiro molar inferior direito impactado em direção disto-<br />
angular, que apresentava uma lesão radiolúcida distal maior que 1 cm de diâmetro<br />
associado à coroa do elemento dental. O terceiro molar inferior do lado oposto havia<br />
sido extraído a dois e meio anos atrás. Apresentava um histórico prévio, anterior a<br />
extração, de episódio de pericoronarite. Na época houve a realização de uma<br />
radiografia panorâmica e esta revelava uma pequena imagem radiolúcida na distal<br />
da coroa do terceiro molar inferior esquerdo com erupção parcial, mas não revelava<br />
nenhuma evidência da lesão no lado direito. O relato documentado deste caso<br />
demonstrou uma evolução relativamente rápida do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>, isto em relação<br />
ao tamanho da lesão. O exame histopatológico foi consistente com <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
inflamatório.<br />
SOUSA et al. (2001) examinaram 54 casos de <strong>cisto</strong>s paradentais que<br />
foram diagnosticados em 6 anos, entre 1994 à 1999 no serviço de patologia da<br />
Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e compararam suas<br />
características clinicas e histopatologicas com aqueles relatadas na literatura. Os 54<br />
<strong>cisto</strong>s que satisfizeram o critério de classificação como <strong>cisto</strong>s paradentais<br />
representaram 4,3% de todos os <strong>cisto</strong>s odontológicos diagnosticados no mesmo<br />
período, enquanto <strong>cisto</strong>s radiculares constituem 65,5% e <strong>cisto</strong>s dentígeros<br />
constituíram 4,2%. Todos os <strong>cisto</strong>s paradentais foram localizados na mandíbula.<br />
Destes 51 <strong>cisto</strong>s foram associados do 3º molar, apenas 1 associado ao 1º molar e 2<br />
52
com o segundo molar. Não houve predileção por lado direito ou esquerdo. Em<br />
relação do sexo, 33 <strong>cisto</strong>s ocorreram em mulheres. Os autores discutiram que<br />
prevalência do sexo feminino do presente trabalho é oposta a outros trabalhos.<br />
Relataram que outros trabalhos têm demonstrado não haver prevalência por sexo,<br />
assim como não existe justificativa para resultados que apontam uma maior ou<br />
menor prevalência em relação ao sexo. Na maioria dos casos, foram reportadas<br />
historias de um ou mais episódios de pericoronarite. A maioria dos pacientes<br />
apresentava entre 20 e 30 anos de idade dentro de uma faixa etária que variou de<br />
13 a 47 anos. Os autores discutiram a faixa etária em que o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é<br />
apresentado na literatura por diferentes pesquisadores são similares, relacionando<br />
com a época de erupção dos dentes. Colocaram que quando a erupção é demorada<br />
ou atrasada os dentes ficam mais propensos a episódios de pericoronarite,<br />
explicando desta maneira a maior freqüência no terceiro molar inferior. Nesta série<br />
os casos reportados para o primeiro e segundos molares também foram relatados<br />
episódios de pericoronarite. Na maioria dos <strong>cisto</strong>s, o exame radiográfico revelava<br />
imagem radiolúcida bem definida ocorrendo na porção distal do terceiro molar com<br />
erupção parcial. Em alguns dos casos, o <strong>cisto</strong> apresentava extensão para inferior,<br />
abaixo dos limites das raízes. Dois <strong>cisto</strong>s foram associados com o segundo molar,<br />
um deles envolveu completamente a raiz do dente completamente por vestibular e a<br />
porção distal, e o outro foi localizado somente na porção distal do segundo molar.<br />
Em ambos os casos os pacientes apresentaram erupção tardia do dente e repetidos<br />
episódios de pericoronarite.<br />
DAMANTE & FLEURY (2001) realizaram um estudo para verificar a<br />
relação entre largura do espaço pericoronário medida radiograficamente e os<br />
53
<strong>aspectos</strong> histopatológicos. Concluíram que espaços pericoronários menores que 5,6<br />
mm não apresentam cavidade óssea e conteúdo cístico cirurgicamente.<br />
SUMIDA et al. (2001) reportaram um caso clínico de um paciente sexo<br />
masculino, 26 anos, que relatou história de abscesso dento-alveolar relacionado ao<br />
terceiro molar inferior direito. O paciente relatou que fora tratado com Amoxicilina<br />
500mg de 8 em 8 horas e antiinflamatórios durante duas semanas. Ao exame clínico<br />
o paciente não apresentava edema ou expansão das corticais ósseas. As mucosas<br />
estavam normais. O exame radiográfico revelou uma área radiolúcida ao redor das<br />
raízes do terceiro molar inferior direito com erupção parcial e impactado. O paciente<br />
relatou que apresentou o mesmo quadro a cinco anos mas que com o medo desistiu<br />
do tratamento na época. Na radiografia panorâmica realizada na época foi<br />
observada uma lesão radiolúcida menor localizada na porção por mesial e distal.<br />
Comparando as radiografias os autores observaram a perda das margens<br />
escleróticas da lesão e a sua invasão para apical, causando um deslocamento do<br />
feixe vásculo-nervoso alveolar inferior.<br />
LIM & PECK (2002) reportaram um caso clínico em uma menina de 13<br />
anos de idade que apresentava um inchaço gengival por vestibular na região do<br />
segundo molar inferior direito. A radiografia revelou lesão radiolúcida bilateral<br />
envolvendo as raízes dos segundos molares inferiores com extensão para distal<br />
(ANEXO 9, FIG. 23). O lado esquerdo não apresentava sinais e sintomas. O pulpo-<br />
teste elétrico foi negativo para o segundo molar inferior direito e positivo para o<br />
segundo molar inferior esquerdo. Os autores relataram que pelo fato do segundo<br />
molar inferior direito não responder ao teste elétrico o diagnóstico clínico foi de <strong>cisto</strong><br />
radicular lateral, mas achados histológicos apontaram para <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> em<br />
ambos os segundos molares inferiores.<br />
54
SLATER (2002) contestou o resultado do pulpo-teste elétrico negativo<br />
para segundo molar inferior direito no artigo de LIM & PECK (2002). O autor<br />
justificou seu comentário pelo próprio corte histopatológico apresentado por LIM &<br />
PECK (2002), que revelou a vitalidade pulpar. O autor sugeriu que possa ter ocorrido<br />
um resultado falso negativo em relação ao pulpo teste-elétrico.<br />
BSOUL et al. (2002) relataram que o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> ocorre<br />
freqüentemente na região de molares inferiores, normalmente impactados e<br />
parcialmente erupcionados, sendo comum o envolvimento do terceiro molar. A lesão<br />
é usualmente localizada por vestibular ou distal. Nos terceiros molares é comum<br />
ocorrer episódio de uma ou duas pericoronarites. Pacientes com <strong>cisto</strong>s envolvendo<br />
primeiro e segundo molar na mandíbula tem indícios de dor, inchaço, e uma bolsa<br />
periodontal profunda. Em poucos casos tem ocorrência em outra parte da mandíbula<br />
ou maxila. Alguns autores têm relatado uma freqüência de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> bilateral,<br />
na região do primeiro molar da mandíbula. Os <strong>cisto</strong>s associados com o terceiro<br />
molar são encontrados em pacientes com media de 24,4 anos, e os <strong>cisto</strong>s<br />
adjacentes do primeiro e segundo molar são encontrados em pacientes entre 8 e 13<br />
anos, respectivamente. As radiografias demonstraram que as características dos<br />
<strong>cisto</strong>s paradentais são variáveis. Usualmente se apresenta com uma lesão<br />
radiolúcida bem definida localizada na distal de um terceiro molar parcialmente<br />
erupcionado. A radiolucência depende de uma série de fatores como o tamanho da<br />
lesão, a região em que aparece e da presença de infecção. Nas imagens<br />
radiográficas periapical ou panorâmica os <strong>cisto</strong>s paradentais normalmente<br />
apresentam uma radiolucência, 1 a 2 cm, de forma semilunar crescente, ou aspecto<br />
de chama, sendo localizado na vestibular ou distal de um molar parcialmente<br />
erupcionado. A margem inferior do <strong>cisto</strong> é freqüentemente presente com uma<br />
55
corticalização difusa, mas não é observada margem superior ao longo da cortical<br />
alveolar. Em raros casos, o <strong>cisto</strong> pode causar deslocamento do dente adjacente ou<br />
raízes divergentes. Através das radiografias oclusais existe a possibilidade de se<br />
observar uma reação periostal.<br />
COLGAN et al. (2002) pesquisaram retrospectivamente os registros<br />
computadorizados do Laboratório de Patologia de da Faculdade de Odontologia de<br />
Belfast referente ao período de 1983 a 1998. Todas as lesões inflamatórias,<br />
desenvolvimento, císticas e neoplásicas foram identificadas. Foram recuperadas<br />
novecentas e cinqüenta amostras de biópsia relacionadas a dentes, dos quais<br />
sessentas foram relacionados aos terceiros molares inferiores. Os <strong>cisto</strong>s paradentais<br />
corresponderam a 25% das lesões relacionadas aos terceiros molares inferiores e<br />
1,6% do número total. Os autores analisaram as características clínicas,<br />
radiográficas e histopatológicas de quinze <strong>cisto</strong>s paradentais. Os autores relataram<br />
uma relação impressionante entre o a localização dos <strong>cisto</strong>s e o ângulo de inclusão<br />
sugerindo que a impactação de comida tem um papel importante na patogenia.<br />
SILVA et al. (2003) relataram um caso clínico de um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> que<br />
simulava um <strong>cisto</strong> radicular num primeiro molar inferior direito erupcionado (ANEXO<br />
12, FIG. 34). Relataram um adolescente de 14 anos de idade com uma lesão cística<br />
localizada por vestibular do primeiro molar inferior direito. O paciente fora submetido<br />
a tratamento ortodôntico. O teste de vitalidade pulpar foi inicialmente interpretado<br />
como negativo. Sinais <strong>clínicos</strong> de inflamação estavam ausentes. Foi verificada a<br />
presença de bolsa periodontal. A erupção do segundo molar inferior direito estava<br />
atrasada e se apresentava com erupção parcial. Na radiografia panorâmica a lesão<br />
vestibular se estendia apicalmente no primeiro molar inferior direito e distalmente<br />
além dos limites inferiores das raízes do primeiro molar inferior permanente<br />
56
demarcada por fina linha radiopaca. Foi observada extensa reabsorção das raízes<br />
do primeiro molar inferior direito. O dente e a lesão foram removidos e o exame<br />
histopatológico revelou vitalidade pulpar. Os autores sugeriram que o <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> estava relacionado ao desenvolvimento de uma bolsa pericoronal na<br />
mesial do segundo molar inferior direito que se estendeu apicalmente em direção a<br />
raiz do primeiro molar inferior permanente resultado na destruição do seu<br />
periodonto, osso e reabsorção das raízes simulando um <strong>cisto</strong> radicular.<br />
ARRIVABENE et al. (2004) apresentaram um caso clínico de um <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> em um paciente de 32 anos. A radiografia panorâmica revelava uma área<br />
radiolúcida de bordas radiopacas bem definidas na região posterior direita da<br />
mandíbula, associada a distal do terceiro molar inferior direito semi-erupcionado. A<br />
paciente apresentava histórico de três anos atrás de pericoronarite, mas no<br />
momento da consulta estava assintomática. O terceiro molar inferior direito semi-<br />
erupcionado estava com vitalidade pulpar e apresentava um capuz gengival em sua<br />
porção disto-lingual. As mucosas vizinhas estavam normais e as corticais ósseas<br />
não apresentavam abaulamento. Baseados em características clínicas, radiográficas<br />
e histopatológicas o diagnóstico estabelecido foi de Cisto Paradental.<br />
GIORGIS et al. (2005) relataram um caso clínico de uma mulher de 24<br />
anos que solicitava a remoção dos terceiros molares inferiores semi-erupcionados,<br />
que segundo seu relato apresentavam periodicamente sintomatologia dolorosa e<br />
supuração. A radiografia revelava uma pequena imagem radiolúcida por distal<br />
relacionada ao terceiro molar inferior esquerdo. O dente foi removido conjuntamente<br />
com a lesão. O diagnóstico histopatológico, associado aos dados <strong>clínicos</strong> e<br />
radiográficos foi de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>.<br />
57
2.4 Diagnóstico Diferencial<br />
CRAIG (1976) relatou que com a exceção do <strong>cisto</strong> colateral inflamatório, a<br />
lesão reportada em seu trabalho, aparentemente, não consta em qualquer outra<br />
descrição na literatura. Colocou que outras lesões foram relatadas ocorrendo<br />
lateralmente a dentes vitais, completamente erupcionados e associadas ao<br />
ligamento periodontal, sendo denominados de <strong>cisto</strong> periodontal lateral. Explicou que<br />
o <strong>cisto</strong> periodontal lateral ocorre com mais freqüência na região entre canino e pré-<br />
molar inferior, sendo incomuns antes de 20 anos de idade e são igualmente<br />
distribuídos entre homens e mulheres. O <strong>cisto</strong> periodontal lateral é geralmente<br />
assintomático e descoberto por um exame radiográfico de rotina. O exame<br />
microscópico revela que o <strong>cisto</strong> periodontal lateral é caracterizado pela ausência de<br />
inflamação. O <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> relatado por CRAIG, está relacionado a um dente vital<br />
parcialmente erupcionado, geralmente um terceiro molar inferior, com histórico de<br />
pericoronarite, sendo que o exame microscópico revelava um <strong>cisto</strong> com<br />
características inflamatórias. Fica evidente a distinção entre o <strong>cisto</strong> periodontal<br />
lateral por ser um <strong>cisto</strong> de desenvolvimento e o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> como um <strong>cisto</strong><br />
inflamatório. A identificação radiológica no passado, provavelmente diagnosticou o<br />
<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> como um folículo com inflamação hiperplásica. Entretanto ao exame<br />
microscópico existe uma distinção entre o folículo inflamado e o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. O<br />
autor conclui que, embora MAIN (1970) não ter relatado associações odontogênicas,<br />
como a histogênese ou a localização anatômica, o <strong>cisto</strong> colateral inflamatório e o<br />
<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> são a mesma entidade patológica, e sugeriu que o termo <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> é mais apropriado, evitando possibilidade de confusão com o <strong>cisto</strong><br />
periodontal lateral.<br />
58
LICHTY et al. (1980) apresentaram um caso clínico em um paciente de 7<br />
anos de idade envolvendo o primeiro molar inferior direito que se apresentava vital e<br />
com erupção parcial. O histórico clínico e o exame microscópico foram consistentes<br />
com episódios de pericoronarites crônicas. A radiografia oclusal revelou uma área<br />
radiolúcida por vestibular entre o elemento dentário e o periósteo. O periósteo<br />
apresentava uma proliferação por vestibular. A lesão pericoronária foi examinada<br />
microscopicamente e o tecido mole examinado revelou, entre outros <strong>aspectos</strong>,<br />
epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. Os autores concluíram o<br />
diagnostico da lesão apontando a osteomielite de Garrè. Realizaram uma revisão de<br />
literatura sobre osteomielite de Garrè relatando as dificuldades no diagnóstico<br />
devido a ausência de sinal clínico de infecção atenuada. Citaram que na maioria dos<br />
casos a proliferação do periósteo esta relacionada a uma resposta de infecção<br />
atenuada, geralmente associada a uma infecção periapical, uma extração recente ou<br />
infecção ou traumatismo. Apontaram diagnósticos diferenciais como sarcoma<br />
osteogênico, leucemia, doença de Caffey, osteopetrose, osteíte condensante,<br />
displasia fibrosa, osteomielite, parotite, calo ósseo de fratura e hipervitaminose A.<br />
STAFNE & GIBILISCO (1982) relataram que os <strong>cisto</strong>s aderidos ao lado da<br />
coroa de dentes não irrompidos foram denominados anteriormente de <strong>cisto</strong>s laterais.<br />
Colocaram que este termo estava relacionado somente sua localização e não<br />
explicava a sua origem. Os autores apresentaram um <strong>cisto</strong> localizado na distal do<br />
terceiro molar inferior com erupção parcial, e sugeriram a possibilidade de um <strong>cisto</strong><br />
dentígero extrafolicular, denominando de <strong>cisto</strong> dentígero lateral.<br />
STONEMAN & WORTH (1983) relataram <strong>aspectos</strong> <strong>clínicos</strong> e radiográficos<br />
para o diagnóstico do <strong>cisto</strong> por eles denominado de <strong>cisto</strong> mandibular vestibular<br />
infectado (ANEXO 4, FIG. 13, 14 e ANEXO 7, FIG. 19, 20).<br />
59
TRASK et al. (1985) relataram um caso clínico de um <strong>cisto</strong> mandibular<br />
vestibular infectado em uma menina de seis anos de idade, que apresentava<br />
histórico de dor óssea e aumento de volume na região do primeiro molar inferior<br />
esquerdo. Citaram que o diagnóstico diferencial com <strong>cisto</strong> periodontal lateral foi<br />
excluído, pois as características mais comuns do <strong>cisto</strong> periodontal lateral são a<br />
localização entre o canino e o pré-molar, a ocorrência após os vinte anos de idade e<br />
ausência de sintomas <strong>clínicos</strong>.<br />
ACKERMANN et al. (1987) relataram que não há nenhum método<br />
radiográfico simples para distinguir os espaços foliculares dilatados de um <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong>. Sugeriram que, radiograficamente, sejam aplicados os mesmos critérios<br />
para o estabelecimento de diagnóstico de um <strong>cisto</strong> dentígero. As lesões com mais<br />
de 4 milímetros de extensão devem ser consideradas <strong>cisto</strong>s e as lesões menores<br />
devem ser consideradas folículos dilatados.<br />
ACKERMANN et al. (1988) realizaram um estudo clínico patológico<br />
retrospectivo de 57 casos diagnosticados como ameloblastoma unicístico. Relataram<br />
que a média de idade ocorreu aos 23,8 anos. A maioria das lesões ocorreu na<br />
mandíbula e muitas lesões afetavam a região do terceiro molar inferior, com<br />
extensão para o ramo mandibular. Onze lesões, ou seja, 19% estavam associadas a<br />
dentes não irrompidos.<br />
CAMARDA et al. (1989) relataram que existem inúmeras condições a<br />
serem consideradas no diagnóstico diferencial do <strong>cisto</strong> mandibular vestibular<br />
infectado. A lesão pode ser confundida com granuloma eosinófilo, granuloma central<br />
de células gigantes, granuloma periapical, <strong>cisto</strong> periodontal lateral, <strong>cisto</strong> traumático e<br />
periostite ossificante. Afirmaram que, uma cuidadosa avaliação da evolução dos<br />
60
sinais e sintomas, particularmente a obtenção de uma radiografia oclusal,<br />
usualmente conduziria a um diagnóstico correto.<br />
VEDFTOFTE & HOLMSTRUP (1989) relataram que o <strong>cisto</strong> globulomaxilar<br />
é uma entidade específica seriamente questionada desde 1962. Os autores<br />
relataram que existem inúmeros estudos de <strong>cisto</strong>s ocorrentes na região<br />
globulomaxilar demonstrando, que na maior parte das vezes, o <strong>cisto</strong> representava<br />
um <strong>cisto</strong> radicular ou um querato<strong>cisto</strong> odontogênico ou um <strong>cisto</strong> periodontal lateral.<br />
Os autores realizaram um estudo retrospectivo de 1971 a 1987 de casos <strong>clínicos</strong> do<br />
Departamento de Cirurgia Bucomaxilofacial do Royal Dental College e do Hospital<br />
Universitário de Copenhagen. Foram selecionados casos <strong>clínicos</strong> que apresentavam<br />
<strong>cisto</strong>s entre as raízes do incisivo lateral e canino, na região denominada<br />
globulomaxilar. Cistos radiculares foram excluídos pelo pré-requisito de um teste de<br />
vitalidade pulpar positivo e o cerato<strong>cisto</strong> odontogênico foi excluído pelo exame<br />
histológico. Oito <strong>cisto</strong>s foram encontrados preenchendo os critérios para inclusão. As<br />
características clínicas e histológicas deste estudo são similares a aquelas<br />
anteriormente reportadas pelos <strong>cisto</strong>s paradentais de origem inflamatória na<br />
mandíbula. Os autores sugeriram que alguns dos <strong>cisto</strong>s globulomaxilares descritos<br />
anteriormente possam ser de fato <strong>cisto</strong>s paradentais (ANEXO 8, FIG. 21).<br />
FOWLER & BRANNON (1989) realizaram uma revisão de literatura e<br />
apresentaram seis novos casos de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> dos casos apresentados, a<br />
maioria dos <strong>cisto</strong>s ao exame radiográfico, se assemelhava muito com as patologias<br />
periapicais. Numa análise mais criteriosa verificaram que o espaço do ligamento<br />
periodontal estava intacto e que a lesão radiolúcida estava de fato sobreposta às<br />
raízes dos dentes envolvidos. Na discussão citaram vários autores que descreveram<br />
lesões semelhantes ao <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>, porém que foram apresentados com<br />
61
denominações e ou diagnósticos diferentes. Esses diagnósticos incluem entre<br />
outros, o <strong>cisto</strong> dentígero e o <strong>cisto</strong> periodontal lateral.<br />
WOLF & HIETANEN (1990) apresentaram seis casos <strong>clínicos</strong> de <strong>cisto</strong><br />
mandibular vestibular infectado com sinais de inflamação. Relatam que os sinais<br />
inflamatórios são importantes na patogênese e o diagnóstico diferencial dos <strong>cisto</strong>s<br />
apresentados com os <strong>cisto</strong>s periapicais foi excluído pelo teste de vitalidade pulpar<br />
com resultado positivo. Os casos apresentaram epitélio escamoso não-queratinizado<br />
com um infiltrado de células inflamatórias mistas no tecido conjuntivo, assim o<br />
diagnóstico diferencial com o cerato<strong>cisto</strong> odontogênico, ou mesmo um cerato<strong>cisto</strong><br />
odontogênico com uma inflamação secundária foi descartada pelo exame<br />
histopatológico. Em relação ao <strong>cisto</strong> periodontal lateral de desenvolvimento com<br />
inflamação secundária, os autores relataram que os casos relatados não apresentam<br />
suporte para este diagnóstico pela localização incomum e faixa etária ser mais<br />
elevada no <strong>cisto</strong> periodontal lateral. Em relação ao folículo dental e <strong>cisto</strong> dentígero,<br />
os autores relataram que usualmente estes exibem mucosas com alterações no<br />
tecido conjuntivo e nas paredes do epitélio odontogênico, o que não foi encontrado<br />
no exame histopatológico, como também não houve nos casos apresentados <strong>cisto</strong>s<br />
associados a coroas do elemento dental. Os autores ainda fizeram menção que o<br />
exame clínico e radiográfico poderia sugerir similaridades com osteomielite,<br />
descartada pelas demais características clínicas.<br />
BOHAY et al. (1992) relataram que na interpretação radiográfica do <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> o diagnóstico diferencial deve incluir o granuloma eosinófilo que envolve<br />
o osso alveolar, o <strong>cisto</strong> dentígero e o <strong>cisto</strong> radicular associado aos molares<br />
decíduos. Relataram que o granuloma eosinófilo dentro do processo alveolar produz<br />
uma perda óssea similar à perda óssea periodontal, exceto quando o epicentro da<br />
62
lesão se localiza abaixo da crista alveolar. Produz a aparência de uma colherada,<br />
deixando uma borda de crista óssea superior a lesão. Uma reação periosteal pode<br />
ser observada e as raízes dos dentes podem ser reabsorvidas. Também uma<br />
esclerose periférica pode ser vista, mas esta tende a ser mais difusa do que a<br />
percebida no <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Os <strong>cisto</strong>s dentígeros são <strong>cisto</strong>s de desenvolvimento<br />
que ocorrem circundando as coroas dos dentes e estão aderidas na junção amelo-<br />
cementária. Quando o espaço folicular e a cortical em torno da coroa do dente<br />
estiverem perdidos, assim como, se o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> associado ao primeiro molar<br />
permanente ocorrer sobreposto na junção amelo-cementária, a interpretação pode<br />
ser dificultada. Entretanto, os autores afirmaram que o espaço e a cortical folicular,<br />
no <strong>cisto</strong> dentígero, geralmente se apresentam em um relacionamento normal com a<br />
coroa. Em relação aos <strong>cisto</strong>s radiculares provenientes de molares decíduos, estes<br />
podem apresentar uma aparência radiográfica similar ao <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> associado<br />
ao primeiro molar permanente. Nestes casos, usualmente, se observam cáries,<br />
pulpotomias ou pulpectomias no molar decíduo envolvido.<br />
EL-MAGBOUL et al. (1993) relataram um caso clínico que apresenta as<br />
características descritas por STONEMANN & WORTH (1983) e sugeriram que o<br />
<strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado seja uma variante do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Os<br />
autores citaram como diagnóstico diferencial o <strong>cisto</strong> periodontal lateral, o granuloma<br />
eosinófilo, o <strong>cisto</strong> ósseo traumático e a periostite ossificante. Os autores discutiram<br />
que tanto os <strong>aspectos</strong> histológicos e <strong>clínicos</strong> do <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado<br />
e o <strong>cisto</strong> periodontal lateral apresentam distinções clínicas. O <strong>cisto</strong> periodontal lateral<br />
é localizado tipicamente na região do canino e do pré-molar e é raro antes dos 20<br />
anos de idade. Os autores salientaram que um cuidadoso exame clínico e<br />
63
adiográfico incluindo a radiografia oclusal conduz ao um correto diagnóstico do <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong>.<br />
BOSSONG et al. (1994) discutiram as diferenças entre o <strong>cisto</strong> vestibular<br />
mandibular infectado com <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>, colocando que último está associado a<br />
periodontite e o outro não. Assim como, explicaram que no <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> não<br />
ocorre a periostite. Em relação ao diagnóstico diferencial com o <strong>cisto</strong> periodontal<br />
lateral, os autores relataram que este é mais freqüente na região de canino e pré-<br />
molar, assim como, a maioria das pessoas afligidas pelo <strong>cisto</strong> periodontal lateral não<br />
apresentam sinais ou sintomas <strong>clínicos</strong> relatados para os <strong>cisto</strong>s <strong>paradental</strong> e<br />
vestibular mandibular infectado, sendo que, os <strong>cisto</strong>s periodontais laterais são<br />
geralmente diagnosticados nas radiografias periapicais de rotina.<br />
MARTINEZ-CONDE et al. (1995) discutiram o diagnóstico diferencial<br />
histopatológico entre o <strong>cisto</strong> folicular inflamatório, o cerato<strong>cisto</strong> odontogênico e o<br />
<strong>cisto</strong> periodontal lateral. Relataram que o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> apresenta um epitélio<br />
escamoso estratificado hiperplásico não-queratinizado e a parede do tecido<br />
conjuntivo mostram um denso infiltrado inflamatório crônico ou misto. No cerato<strong>cisto</strong><br />
odontogênico o epitélio é queratinizado. Os <strong>cisto</strong>s periodontal lateral, folicular e<br />
cerato<strong>cisto</strong> não apresentam infiltrado inflamatório. Colocaram que <strong>cisto</strong> folicular<br />
inflamado poderia se apresentar inflamado se apresentar uma infecção.<br />
MURILLO & MARTINEZ (1997) revisaram 83 casos do Instituto de<br />
Referência em Patologia Oral da Faculdade de Odontologia da Universidade do<br />
Chile que obtiveram o diagnóstico histológico de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> no período de 1975<br />
a 1997 (ANEXO 3, FIG. 9; ANEXO 4, FIG. 12 e ANEXO 12, FIG. 32). Chamou a<br />
atenção para a importância do exame radiográfico como exame complementar, pois<br />
nesta série apenas 36,2% dos casos apresentavam sintomas. O diagnóstico na<br />
64
maioria dos casos foi obtido através exame radiográfico ou durante o procedimento<br />
de exodontia dos dentes semi-inclusos. Os autores verificaram num dos casos a<br />
presença de reabsorção radicular, o que poderia levar a uma série de diagnósticos<br />
diferenciais como <strong>cisto</strong> radicular lateral, periodontite localizada severa, cerato<strong>cisto</strong>,<br />
tumor odontogênico, histio<strong>cisto</strong>ses e ameloblastoma<br />
THOMPSON et al. (1997) relataram num caso clínico a utilização uma<br />
tomografia computadorizada (CT) axial e uma ressonância magnética (MRI) como<br />
auxiliares para o diagnóstico. A tomografia computadorizada (CT) que revelou uma<br />
lesão cística por vestibular e por distal em relação ao primeiro molar inferior<br />
esquerdo, apresentado as raízes deslocadas para lingual, com uma tênue cortical<br />
óssea por vestibular. A imagem obtida por ressonância magnética (MRI) confirmou a<br />
extensão de uma lesão cística com um alto conteúdo de proteínas na região de<br />
molar inferior esquerdo. Os autores relataram que com o auxílio da imagem da<br />
ressonância magnética (MRI) a natureza dos conteúdos numa área de tecido ósseo<br />
destruído pode ser determinada. O alto conteúdo de proteínas indicava um <strong>cisto</strong>. Isto<br />
possibilita a distinção entre um <strong>cisto</strong> e uma periodontite marginal. Os autores<br />
finalizaram sugerindo que nos casos onde houver problemas para o estabelecimento<br />
de diagnóstico, a natureza cística da lesão poderia ser verificada com a ajuda de<br />
MRI (ressonância magnética), mas que devido ao custo de MRI e CT, estes exames<br />
deveriam ser limitados a casos complexos.<br />
WALLER & MALDEN (1999) relataram um caso clínico onde a radiografia<br />
panorâmica revelava um terceiro molar inferior direito com impacção em direção<br />
distoangular e uma lesão radiolúcida distal associada a coroa do elemento dental . A<br />
lesão estava relacionada por distal ao limite amelocementário e recobre a raiz até as<br />
cúspides mesiais que se apresentam rompendo da crista óssea. A radiografia<br />
65
sugeria um <strong>cisto</strong> dentígero, mas o existia um quadro clínico inflamatório. Os autores<br />
discutiram que o diagnostico radiográfico diferencial inclua <strong>cisto</strong> dentígero, <strong>cisto</strong><br />
radicular lateral, peridontite severa e localizada, cerato<strong>cisto</strong> odontogênico e<br />
ameloblastoma unicístico. O exame histopatológico associado aos dados <strong>clínicos</strong> foi<br />
consistente com <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> inflamado.<br />
NARY FILHO et al. (2000) relataram um ameloblastoma folicular<br />
simulando clinica e radiograficamente um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. O caso clínico<br />
apresentava uma área radiolúcida de margens bem definidas contígua ao terceiro<br />
molar inferior esquerdo que apresentava erupção parcial, provocando expansão da<br />
cortical lingual e sendo que a paciente não referia qualquer sintomatologia. Os<br />
autores relatam que a hipótese diagnóstica foi de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> e o diagnóstico<br />
histopatológico revelou um ameloblastoma folicular.<br />
SOUSA et al. (2001) afirmaram que apesar da historia de pericoronarite<br />
não ser apurada em todos os 54 casos estudados, os <strong>aspectos</strong> <strong>clínicos</strong> e<br />
histopatológicos excluem outras possibilidades císticas, como uma inflamação em<br />
um <strong>cisto</strong> dentígero ou num <strong>cisto</strong> periodontal lateral. Sugeriram que no exame<br />
histopatológico não deveriam ser somente consideradas as características de<br />
infiltração e inflamação do epitélio, mas também, de se investigar uma abertura do<br />
<strong>cisto</strong> para a superfície. Os autores relataram que nos 54 casos, as seções seriadas<br />
revelaram esta abertura, mesmo nos <strong>cisto</strong>s que aparentaram a exibir uma cavidade<br />
fechada.<br />
DAMANTE & FLEURY (2001) realizaram um estudo para verificar a<br />
relação entre largura do espaço pericoronário medida radiograficamente e os<br />
<strong>aspectos</strong> histopatológicos. O objetivo foi de contribuir com o diagnóstico de<br />
pequenos <strong>cisto</strong>s dentígeros e paradentários. Os autores concluíram que espaços<br />
66
pericoronários menores que 5,6 mm não apresentam cavidade óssea e conteúdo<br />
cístico cirurgicamente. Os autores sugeriram que para maioria dos casos <strong>clínicos</strong> de<br />
rotina com o alargamento do espaço pericoronário o primeiro diagnóstico<br />
radiográfico deve ser “folículo inflamado”, salientando que um diagnóstico diferencial<br />
final entre o folículo inflamado e um pequeno <strong>cisto</strong> dentígero ou <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
dependerá do conjunto de achados <strong>clínicos</strong> e cirúrgicos.<br />
LIM & PECK (2002) reportaram um caso clínico em uma menina de 13<br />
anos de idade que apresentava um inchaço na gengiva por vestibular na região do<br />
segundo molar inferior direito. A radiografia revelou lesão radiolúcida bilateral<br />
envolvendo as raízes dos segundos molares inferiores com extensão para distal. O<br />
pulpo-teste elétrico foi negativo para o molar inferior direito e positivo para o molar<br />
inferior esquerdo. O exame histopatológico revelou epitélio escamoso estratificado<br />
não queratinizado e um tecido conjuntivo com presença de um infiltrado inflamatório<br />
misto ou crônico. Os autores relataram que pelo fato do segundo molar inferior<br />
direito não responder ao teste elétrico o diagnóstico o inicial foi de <strong>cisto</strong> radicular<br />
lateral. Os autores discutiram que é necessário mais estudos para que o pulpoteste<br />
elétrico positivo possa ser considerado um critério para o diagnóstico do <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong>.<br />
SLATER (2002) faz um comentário a respeito do artigo de LIM & PECK<br />
(2002), verificando que apesar do pulpoteste elétrico para o segundo molar ter sido<br />
negativo, pelo exame histopatológico que foi apresentado nas imagens do artigo,<br />
pode-se verificar o tecido pulpar estava vital. Colocou a possibilidade dos autores<br />
terem obtido um resultado falso-negativo no pulpoteste elétrico.<br />
BSOUL et al. (2002) afirmaram que os sinais <strong>clínicos</strong> e os sintomas da<br />
pericoronarite, a apresentação radiográfica com reação do periósteo em alguns<br />
67
casos e o exame histológico revelando o tecido, confirmarão o diagnóstico do <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong>. Em relação ao diagnóstico diferencial os autores citaram o <strong>cisto</strong><br />
dentígero, o folículo dental, o <strong>cisto</strong> periodontal lateral, o cerato<strong>cisto</strong> odontogênico<br />
infecção secundária e ameloblastoma unicistico. Explicaram que folículo dental e<br />
<strong>cisto</strong> dentígero normalmente apresentam alterações na mucosa do tecido conjuntivo<br />
bem demonstrados em suas paredes nos remanescentes do epitélio odontogênico.<br />
O <strong>cisto</strong> periodontal lateral está normalmente situado na região do canino e pré-<br />
molares inferiores além de ser encontrado em faixa etária mais elevada. O<br />
cerato<strong>cisto</strong> odontogênico e ameloblastoma unicístico apresentam resultados<br />
distintos no exame histopatológico.<br />
SILVA et al. (2003) relataram que o diagnóstico diferencial de <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> inclui o <strong>cisto</strong> radicular, o cerato<strong>cisto</strong> odontogênico, o <strong>cisto</strong> periodontal<br />
lateral, o <strong>cisto</strong> gengival, o folículo dental e o <strong>cisto</strong> dentígero. Apresentaram um caso<br />
clínico de um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> com origem em um segundo molar inferior que<br />
simulava um <strong>cisto</strong> radicular no primeiro molar inferior, causando uma severa<br />
reabsorção radicular neste (ANEXO 12, FIG. 34). O teste clínico de vitalidade pulpar<br />
foi falso negativo, sendo que o exame histopatológico demonstrava uma polpa vital,<br />
exibindo um discreto infiltrado de células inflamatórias, numerosos vasos sanguíneos<br />
e o tecido conjuntivo moderadamente colagenizado. Relataram que<br />
hiposensibilidade ao teste de vitalidade pulpar pode ser atribuído a compressão das<br />
fibras nervosas na região periapical. Os autores salientaram que em casos de<br />
severa reabsorção radicular o ameloblastoma também deve ser incluído no<br />
diagnóstico diferencial de lesões radiculares.<br />
68
2.5 Características Histopatológicas<br />
MAIN (1970) verificou características de oito <strong>cisto</strong>s colaterais<br />
inflamatórios, relatando que às características histológicas foram muito similares ao<br />
<strong>cisto</strong> radicular, embora a intensidade da inflamação crônica não foi tão marcada.<br />
CRAIG (1976) apresentou 49 casos <strong>clínicos</strong> de <strong>cisto</strong>s associados a<br />
terceiros molares parcialmente erupcionados onde o exame histopatológico revelou<br />
epitélio odontogênico escamoso pavimentoso estratificado hiperplásico e não<br />
queratinizado. Associado ao epitélio hiperplásico e a cápsula fibrosa subjacente<br />
verificou a presença de um tecido de granulação, com intenso infiltrado de células<br />
inflamatórias, contendo células gigantes multinucleadas, numerosos cristais de<br />
colesterol, focos de hemosiderina, corpos hialinos e calcificações distróficas. O<br />
epitélio do <strong>cisto</strong> foi situado de maneira semelhante ao epitélio reduzido do órgão do<br />
esmalte. O ligamento periodontal normalmente não apresentava características de<br />
inflamação e os restos epiteliais de Malassez aparentavam estarem inativos.<br />
(ANEXO 10, FIG. 25, 26 e ANEXO 11, FIG. 29).<br />
STONEMAN & WORTH (1983) descreveram as características de uma<br />
lesão cística de <strong>etiologia</strong> desconhecida e de natureza inflamatória que acometiam<br />
pacientes abaixo de 20 anos, freqüentemente na região de primeiro molares. Os<br />
autores relataram que a infecção é o elemento mais proeminente, mas que em<br />
alguns casos só é possível confirmar histologicamente. Os autores realizaram um<br />
detalhamento clínico e radiográfico da lesão, discutiram a histopatogênese do <strong>cisto</strong><br />
não relatando suas características histopatológicas. Denominaram esta lesão de<br />
<strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado<br />
TRASK et al. (1985) relataram um caso clínico onde o primeiro molar<br />
inferior de uma menina de seis anos de idade foi extraído e a lesão cística curetada.<br />
69
A amostra de 1,0 x 0,6 x 0,7 cm foi analisada histologicamente. Revelava um <strong>cisto</strong><br />
inflamatório circundado por epitélio escamoso pavimentoso estratificado, exibindo<br />
hiperplasia inflamatória focalmente. Apresentava um infiltrado inflamatório misto e foi<br />
observado uma degeneração epitelial localizada. Nenhuma forma bacteriana foi<br />
encontrada. Achados histológicos foram consistentes para com <strong>cisto</strong> mandibular<br />
vestibular infectado.<br />
ACKERMANN et al. (1987) realizaram um estudo clinico e histopatológico<br />
envolvendo cinqüenta casos de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Os autores concluíram que<br />
histologicamente os <strong>cisto</strong>s paradentais são indistinguíveis dos <strong>cisto</strong>s radiculares. A<br />
maioria dos <strong>cisto</strong>s apresentou epitélio escamoso estratificado não queratinizado,<br />
espongiótico, proliferado, de espessura variada, com freqüente exposição da loja<br />
cística. Poucos cortes foram delineados com epitélio delgado, sem evidências de<br />
proliferação. A parede dos <strong>cisto</strong>s consistia de um tecido conjuntivo fibrovascular<br />
maduro e denso com um intenso infiltrado de células inflamatórias crônicas ou<br />
mistas. Em cinco casos foram encontrados cristais de colesterol, em dois casos<br />
corpos hialinos no epitélio, e em três casos focos de calcificação distrófica na parede<br />
dos <strong>cisto</strong>s. A continuidade do revestimento epitelial do <strong>cisto</strong> com o epitélio gengival,<br />
foi evidenciada em 2 casos. Nestes casos a luz do <strong>cisto</strong> comunicou-se com a<br />
cavidade bucal. Em oito casos, os cortes dos <strong>cisto</strong>s com os dentes associados<br />
estavam disponíveis para avaliação. Destes, apenas em dois casos foram<br />
observados o revestimento epitelial do <strong>cisto</strong> em continuidade com o epitélio reduzido<br />
do esmalte no colo dental (ANEXO 10, FIG. 27). Em todos os casos a parede fibrosa<br />
dos <strong>cisto</strong>s foi claramente contínua com o folículo dental, sendo firmemente unida à<br />
superfície do colo dental e a superfície radicular coronal do elemento dental.<br />
70
CAMARDA et al. (1989) reportaram dois casos <strong>clínicos</strong> que foram<br />
apresentados como <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado. Afirmaram que no exame<br />
microscópico há evidencia de epitélio e componentes císticos. Foram verificadas<br />
regiões com células inflamatórias logo abaixo do epitélio juncional. Relataram que os<br />
<strong>cisto</strong>s foram delineados por epitélio odontogênico atrofiado com áreas escassas de<br />
hiperplasia epitelial benigna. Houve evidências de um edematoso exudato<br />
inflamatório celular crônico linfoplasmocitario. Os <strong>cisto</strong>s se apresentaram com a<br />
estrutura parcialmente intacta de epitélio sobre um tecido conjuntivo denso fibro-<br />
hialino. Nos cortes histológicos apresentados no artigo não houve evidência de<br />
acantose e o epitélio escamoso estratificado se apresentou com um misto com<br />
células vacuolares. Os autores sugerem que este misto de células vacuolares<br />
podem conter glicogênio..<br />
FOWLER & BRANNON (1989) examinaram histologicamente 6 casos de<br />
<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> (ANEXO 11, FIG. 30, 31). Relataram que os <strong>cisto</strong>s foram delineados<br />
por um epitélio escamoso estratificado não queratinizado. Quatro <strong>cisto</strong>s foram<br />
delineados primeiramente por um epitélio escamoso hiperplásico marcante,<br />
revelando edema e migração de neutrófilos através do epitélio. Entretanto, em dois<br />
<strong>cisto</strong>s, o revestimento estava caracterizado por uma predominância do epitélio<br />
cúbico atrófico ou epitélio colunar curto com somente algumas áreas de epitélio<br />
escamoso hiperplásico. Relataram que esta fina linha é consistente com o epitélio<br />
reduzido do órgão do esmalte que assume uma aparência de escamoso durante o<br />
processo de erupção. A parede de cada <strong>cisto</strong> foi composta de tecido conjuntivo<br />
fibroso contendo extensa infiltração aguda e crônica de células plasmáticas.<br />
Também, em um caso, foram observadas calcificações distróficas. Restos epiteliais<br />
odontogênicos, com aparência pequena, uniforme e inerte estavam presentes em<br />
71
cada caso. Dois <strong>cisto</strong>s exibiram um infiltrado de células gigantes hialinas<br />
angioplásticas, uma característica histológica vista em outras lesões inflamatórias<br />
orais, tais como o granuloma periapical. Os autores sugeriram que esta hialinização,<br />
envolvendo as paredes dos vasos sanguíneos, seria indicativo de um longo<br />
processo inflamatório crônico localizado, tal como uma pericoronarite recorrente.<br />
VEDFTOFTE & HOLMSTRUP (1989) realizaram um estudo retrospectivo<br />
de 1971-1987 em Copenhagen, selecionando criteriosamente oito <strong>cisto</strong>s da região<br />
globulomaxilar (ANEXO 8, FIG. 21). Todos os <strong>cisto</strong>s foram delineados por um<br />
epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado hiperplásico apresentando um<br />
severo infiltrado inflamatório no tecido conjuntivo. Os autores concluíram que as<br />
características clínicas e histológicas deste estudo foram similares a aquelas<br />
anteriormente reportadas pelos <strong>cisto</strong>s paradentais inflamatórios na mandíbula.<br />
VEDFTOFTE & PRAETORIUS (1989) estudaram vinte e nove casos de<br />
<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> inflamatório (ANEXO 3, FIG. 10, 11; ANEXO 5, FIG. 16, ANEXO 6,<br />
FIG. 17 e ANEXO 9, FIG. 23) e concluíram que os achados foram consistentes com<br />
epitélio escamoso estratificado hiperplásico não queratinizado apresentando intensa<br />
inflamação na parede do tecido conjuntivo, estando de acordo com a hipótese que a<br />
inflamação é o fator importante para o desenvolvimento destes <strong>cisto</strong>s. Os autores<br />
também relataram achados consistentes na parede do tecido conjuntivo para focos<br />
de pigmentação de hemosiderina e cristais de colesterol.<br />
PACKOTA et al. (1990) relataram cinco casos de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
encontrados por vestibular em relação o primeiro molar mandibular permanente em<br />
crianças abaixo de 10 anos de idade. Em todos os cinco casos reportados houve<br />
sinais e sintomas <strong>clínicos</strong> e ou histopatológicos que revelavam a presença de<br />
inflamação. No exame histopatológico houve evidência de exudato inflamatório nas<br />
72
paredes celulares e epitélio hiperplásico com exocitose. Os autores relataram que<br />
não houve história definitiva de pericoronarite, mas sugeriram uma <strong>etiologia</strong><br />
inflamatória para o <strong>cisto</strong>.<br />
WOLF & HIETANEN (1990) em um estudo histopatológico de 6 casos<br />
<strong>clínicos</strong> de <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado verificaram que o epitélio dos <strong>cisto</strong>s<br />
é formado por uma fina camada de células epiteliais escamosas não queratinizadas.<br />
Em quatro casos verificaram que o epitélio se apresentava proliferando formando<br />
lojas. A camada do epitélio basal estava acentuada em cinco dos seis casos. Houve<br />
presença de infiltrado de neutrófilos invadindo o epitélio em cinco dos seis casos.<br />
Em dois casos, na camada epitelial foram observados microabscessos e em outros<br />
dois casos observado um estágio inicial na formação de abscesso intra-epitelial. O<br />
tecido conjuntivo abaixo do epitélio apresentou um grande infiltrado inflamatório com<br />
neutrófilos, eosinófilos, plasmócitos e linfócitos. Abundância de capilares e presença<br />
de hemorragias logo abaixo do epitélio foram observados em todos os casos. No<br />
tecido conjuntivo de dois casos foram observadas células gigantes multinucleadas.<br />
Focos de hemosiderina, cristais de colesterol e calcificações intraepiteliais também<br />
foram encontradas em um <strong>cisto</strong>. Em um caso colônias de bactérias foram<br />
interpretadas como sendo Actinomyces. Em três casos observaram restos de epitélio<br />
odontogênico inativo.<br />
BOHAY et al. (1992) relataram um caso de um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> bilateral<br />
em primeiro molar inferior permanente. No exame histopatológico ambas lesões se<br />
apresentaram semelhantes e consistiram em uma lesão cística cercada por uma<br />
parede fina de tecido conjuntivo fibrovascular. Os <strong>cisto</strong>s apresentaram um epitélio<br />
escamoso não queratinizado. Em áreas não inflamadas, o epitélio consistiu em três<br />
a cinco camadas sobrepostas com capa basal semelhante às camadas mais<br />
73
superficiais. Em áreas inflamadas, o epitélio estava hiperplásico e media até três<br />
vezes mais. A camada basal se estendia para o tecido conjuntivo na forma de<br />
projeções papilares. Foi observado um infiltrado inflamatório no tecido de conjuntivo<br />
e sobrepondo o epitélio. Não foram encontrados conteúdos císticos nos espécimes<br />
examinados.<br />
SHEAR (1983, 1992) defendeu que o <strong>cisto</strong> inflamatório colateral descrito<br />
por MAIN (1970), mesmo que seja raro, tenha origem dos restos epiteliais de<br />
Malassez, sendo um <strong>cisto</strong> diferente do <strong>cisto</strong> paradentário descrito por CRAIG (1976).<br />
Apresentou um corte histopatológico onde o <strong>cisto</strong> está localizado abaixo do epitélio<br />
juncional, justificando a probabilidade de uma origem do <strong>cisto</strong> inflamatório colateral<br />
nos restos epiteliais de Malassez.<br />
EL-MAGBOUL et al. (1993) relataram um caso clínico com as<br />
características descritas por STONEMANN & WORTH (1983) O exame<br />
histopatológico revelou um <strong>cisto</strong> alinhado por lojas de epitélio com espongiose<br />
contornado por um tecido conjuntivo fibroso inflamado. Os autores relataram que<br />
seus achados são compatíveis com a literatura e sugeriram que o <strong>cisto</strong> mandibular<br />
vestibular infectado seja uma variante do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>.<br />
BOSSONG et al. (1994) sugeriram que o epitélio do <strong>cisto</strong> mandibular<br />
vestibular infectado possa ser derivado do epitélio reduzido do esmalte, do epitélio<br />
crevicular ou dos restos epiteliais de Malassez, que seriam induzidos a se proliferar<br />
em resposta a uma inflamação crônica. Os autores relataram um caso clínico em<br />
que fragmentos da parede do <strong>cisto</strong> foram submetidos ao exame histopatológico. A<br />
análise histopatológica revelou um edematoso tecido conjuntivo fibrocartilaginoso<br />
delineado por epitélio escamoso estratificado hiperplásico. O estroma subepitelial<br />
74
estava bem vascularizado e continha aglomerados de linfócitos e células<br />
plasmáticas.<br />
MAGNUSSON & BORRMAN (1995) realizaram um estudo retrospectivo<br />
descrevendo as características clínicas, radiográficas e histológicas de 26 <strong>cisto</strong>s<br />
paradentais. Histologicamente, todos os <strong>cisto</strong>s foram contornados por epitélio<br />
escamoso, estratificado, não queratinizado, edemaciado, com migração de<br />
neutrófilos para o epitélio. Na maioria dos casos, o epitélio estava marcadamente<br />
hiperplásico. O tecido conjuntivo se apresentava com um infiltrado de neutrófilos,<br />
linfócitos e células plasmáticas.<br />
MARTINEZ-CONDE et al. (1995) relataram um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> bilateral<br />
nos segundos molares inferiores que se apresentavam parcialmente erupcionados<br />
num menino branco de 11 anos. O exame histopatológico revelou que os <strong>cisto</strong>s se<br />
apresentaram compostos por uma parede de tecido conjuntivo fibroso com um<br />
denso infiltrado inflamatório crônico, delineadas por uma camada epitelial escamosa<br />
não queratinizada e hiperplásica, sendo que houve variações na espessura do<br />
epitélio.<br />
MURILLO & MARTINEZ (1997) revisaram oitenta e três registros do<br />
Instituto de Referência em Patologia Oral da Faculdade de Odontologia da<br />
Universidade do Chile que obtiveram o diagnóstico histológico de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> no<br />
período de 1975 a 1997. Em 58% dos casos foi verificado um epitélio hiperplásico<br />
em relação com um infiltrado inflamatório na maioria dos casos severo. Restos de<br />
epitélio odontogênico foram observados em 25% dos casos e cristais de colesterol<br />
em 12% (ANEXO 12, FIG. 32). Em alguns casos a cavidade cística foi composta por<br />
epitélio estratificado com poucas células relacionadas tanto a infiltrado inflamatório<br />
leve como severo. Dois casos apresentaram aspecto histopatológico de típico de<br />
75
granuloma com focos de células gigantes multinucleadas. Em 24% dos casos houve<br />
relato que o epitélio havia se perdido, sendo verificado apenas a presença da<br />
cápsula de tecido fibroso com abundante infiltrado inflamatório. Nestes casos foram<br />
encontradas evidências do epitélio como focos de células espuma, ilhas de epitélio<br />
odontogênico no tecido conjuntivo e presença de cristais de colesterol.<br />
THOMPSON et al. (1997) apresentaram um caso clínico de uma de uma<br />
menina de 11 anos com recidiva necessitando um segundo tratamento. O primeiro<br />
exame histológico revelou uma inflamação aguda e crônica na parede do <strong>cisto</strong> que<br />
estava forrado por epitélio pavimentoso escamoso não queratinizado hiperplásico.<br />
Também foram observadas colônias semelhantes a actinomyces, mas não houve a<br />
realização de culturas. Após dez meses, os autores verificaram além da recorrência,<br />
uma segunda lesão no lado oposto, ou seja um <strong>cisto</strong> bilateral. Ambas as lesões<br />
revelaram características consistentes como <strong>cisto</strong>s odontogênicos inflamatórios. A<br />
parede de <strong>cisto</strong> em ambos os casos estava forrada por epitélio pavimentoso<br />
escamoso não queratinizado hiperplásico, com formação de lojas no tecido<br />
conjuntivo. Também a parede conjuntiva do <strong>cisto</strong> apresentava um infiltrado<br />
inflamatório misto. Ambas as lesões foram diagnosticadas como <strong>cisto</strong> mandibular<br />
vestibular infectado. Colônias semelhantes a actinomyces foram novamente<br />
observadas no tecido, sendo que a tentativa de cultivá-los foi mal sucedida.<br />
SOUSA et al. (2001) examinaram 54 casos de <strong>cisto</strong>s inflamatórios<br />
paradentais diagnosticados em 6 anos (1994 à 1999) no serviço de patologia da<br />
Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e comparam suas<br />
características clinicas e histopatológicas com a literatura. Em 11 casos, o dente não<br />
foi removido com o <strong>cisto</strong>. No exame histopatológico várias secções histológicas dos<br />
<strong>cisto</strong>s foram examinados. Quando o <strong>cisto</strong> estava preso ao dente as seções seriais<br />
76
foram feitas para mostrar o relacionamento entre o alinhamento epitelial do <strong>cisto</strong> e o<br />
epitélio oral. Cinco dos <strong>cisto</strong>s disponíveis ainda estava preso ao nível da junção<br />
cemento esmalte foram submetidos ao exame histopatológico. Todos os <strong>cisto</strong>s<br />
apresentaram epitélio estratificado escamoso não queratinizado exibindo exocitose.<br />
Corpos hialinos e mineralização intra epitelial foram freqüentemente observados. A<br />
parede de cada <strong>cisto</strong> consistia em tecido conjuntivo com fibras densas e um intenso<br />
infiltrado inflamatório, predominantemente de células mononucleares. Focos de<br />
calcificação distrófica, cristais de colesterol, e vasos sanguíneos com paredes<br />
hialinas foram ocasionalmente observados. O revestimento epitelial do <strong>cisto</strong> foi<br />
algumas vezes continuo com o epitélio gengival.<br />
LIM & PECK (2002) reportaram um caso clínico em uma menina de 13<br />
anos de idade que apresentava um inchaço na gengiva por vestibular na região do<br />
segundo molar inferior direito. A radiografia revelava uma lesão radiolúcida bilateral<br />
envolvendo as raízes dos segundos molares inferiores com extensão para distal. O<br />
exame histopatológico revelou epitélio escamoso estratificado não queratinizado e<br />
um tecido conjuntivo com presença de um infiltrado inflamatório misto ou crônico. Os<br />
autores discutiram que a ocorrência bilateral (ANEXO 9, FIG. 23) poderia sugerir<br />
uma <strong>etiologia</strong> de desenvolvimento, mas devido a presença de inflamação isto não<br />
pode ser aceito. Os autores relataram que segundo molar inferior direito não<br />
respondia ao teste elétrico, mas que no exame histopatológico da polpa do segundo<br />
molar inferior direito revelou a polpa coronária, sendo assim os autores sugeriram<br />
que o <strong>cisto</strong> causou uma necrose da polpa radicular.<br />
Porém SLATER (2002) revisou o artigo e imagens apresentadas por LIM<br />
& PECK (2002) verificando que não havia evidência de necrose nas imagens<br />
publicadas.<br />
77
BSOUL et al. (2002) relataram que a maioria dos autores acredita que o<br />
<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é um <strong>cisto</strong> odontogênico de origem inflamatória. O revestimento<br />
consiste de epitélio escamoso estratificado não queratinizado e hiperplasico. A<br />
parede do tecido conjuntivo é densa, madura, de tecido fibrovascular, com uma<br />
intensa infiltrado de células crônicas. O <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é aderido na junção<br />
amelocementária do dente e se estende por várias distâncias ao longo da superfície<br />
da raiz.<br />
SILVA et al. (2003) examinaram microscopicamente um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
que simulava um <strong>cisto</strong> radicular no dente adjacente. O dente adjacente envolvido<br />
apresentava reabsorção severa pela lesão e foi extraído junto com a lesão (ANEXO<br />
12, FIG. 34). Apesar do mesmo não responder ao teste de vitalidade pulpar,<br />
histologicamente ficou comprovado que a polpa estava vital. O <strong>cisto</strong> foi delineado<br />
por epitélio escamoso não-ceratinizado hiperplásico. Apresentava um forte infiltrado<br />
inflamatório de células mononucleares e polimorfonucleares no epitélio e na parede<br />
do conjuntivo. A parede fibrosa mostrava um foco de células gigantes multinucleadas<br />
associadas com o espessamento das paredes dos vasos sanguíneos. Células<br />
espumosas e focos de hemosiderina também foram observados.<br />
2.6 Tratamento, complicações, prognóstico e prevenção<br />
TRASK et al. (1985) relataram um caso clínico em uma menina de seis<br />
anos de idade, onde o tratamento escolhido foi a extração do primeiro molar inferior<br />
esquerdo permanente envolvido com curetagem da lesão cística. Nove meses pós-<br />
cirurgia, o local mostrava evidencia de cicatrização normal.<br />
78
ACKERMANN et al. (1988) realizaram um estudo clínico patológico de 57<br />
casos de ameloblastoma unicístico. Relataram que a média de idade ocorreu aos<br />
23,8 anos. A maioria das lesões ocorreu na mandíbula e muitas lesões afetavam a<br />
região do terceiro molar inferior, com extensão para o ramo mandibular. Onze<br />
lesões, ou seja, 19% estavam associadas a dentes não irrompidos. Os autores<br />
relataram que não encontraram nenhuma evidência de existir qualquer tipo de lesão<br />
cística antecedendo o desenvolvimento do ameloblastoma.<br />
CAMARDA et al. (1989) apresentaram dois casos <strong>clínicos</strong> descritos como<br />
<strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado. Relataram que por vezes, em pacientes muito<br />
jovens, o dente envolvido não está totalmente formado, existindo a papila dental.<br />
Relataram que a primeira consideração a respeito do tratamento é verificar com<br />
dados radiográficos apropriados, se a cortical da papila dental do dente ou dos<br />
dentes envolvidos esta intacta. Os autores citaram que na maioria dos casos o<br />
tecido papilar não é afetado pelo <strong>cisto</strong> e discutiram que quando a papila dental e a<br />
lamina dura papilar estiverem patologicamente envolvidos, existe a possibilidade que<br />
a polpa dental também estaria comprometida. Nestes casos, os autores sugeriram<br />
que a terapia endodôntica ou extração deve ser recomendada, acompanhada por<br />
uma curetagem aberta do <strong>cisto</strong>. Os autores complementaram que se o dente não for<br />
envolvido, apenas uma curetagem aberta da lesão é indicada.<br />
FOWLER & BRANNON (1989) apresentaram seis casos <strong>clínicos</strong><br />
realizando uma revisão de literatura e relataram que o tratamento do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
é a extração do terceiro molar envolvido e a enucleação do <strong>cisto</strong>. Citaram que<br />
recorrências não foram reportadas e também não são esperadas quando a lesão é<br />
completamente removida.<br />
79
VEDFTOFTE & HOLMSTRUP (1989) realizaram um estudo retrospectivo<br />
onde selecionaram oito <strong>cisto</strong>s na região globulomaxilar que apresentaram<br />
características clínicas e histopatológicas similares ao <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Relataram<br />
que estes <strong>cisto</strong>s foram tratados por enucleação. Os ápices dos dentes vizinhos não<br />
eram expostos a cavidade do <strong>cisto</strong>. O tecido ósseo normalmente neoformava e os<br />
dentes mantinham uma resposta positiva para o pulpoteste elétrico (ANEXO 8, FIG.<br />
21).<br />
PACKOTA et al. (1990) relataram cinco casos de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
encontrados por vestibular em relação o primeiro molar inferior permanente em<br />
crianças com idade abaixo de 10 anos onde o tratamento de escolha foi a<br />
enucleação cística preservando o elemento dental envolvido. Os autores justificaram<br />
que apesar do envolvimento da região de furca dos molares, usualmente estes têm<br />
uma erupção normal, não apresentando um defeito periodontal significante.<br />
WOLF & HIETANEN (1990) citaram um estudo de 6 casos <strong>clínicos</strong> onde<br />
quatro casos foram tratados somente com enucleação cística e dois casos o<br />
tratamento foi enucleação cística juntamente com a extração do molar.<br />
BOHAY et al. (1992) relataram um caso de um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> bilateral<br />
em um menino de sete anos envolvendo os primeiros molares inferiores<br />
permanentes. O paciente foi submetido a anestesia geral. Retalhos mucoperiosteais<br />
foram abertos expondo uma fina tábua óssea que recobria as lesões. O osso foi<br />
facilmente penetrado e removido. Abaixo do osso vestibular removido foi encontrado<br />
um tecido resistente e elástico cercando uma cavidade preenchida de sangue. As<br />
lesões foram facilmente enucleadas. As cavidades resultantes eram lisas e cercadas<br />
por osso, exceto na face lingual, onde pode ser visualizada uma parte da superfície<br />
vestibular do primeiro molar permanente inferior. Os primeiros molares permanentes<br />
80
estavam firmemente assentados dentro do osso. O nervo alveolar inferior pode ser<br />
visualizado ao longo da superfície inferior das cavidades. As cavidades foram<br />
preenchidas com gelfoam e a mucosa suturada. Os autores relataram que o<br />
paciente recuperou-se sem problemas e que num período de oito meses, o paciente<br />
não apresentou nenhuma reclamação. Uma radiografia panorâmica revelava um<br />
bom preenchimento ósseo das lesões. As corticais mandibulares inferiores voltaram<br />
a suas densidades normais. O segundo pré-molar inferior direito em<br />
desenvolvimento que se apresentara inicialmente deslocado, voltou a sua posição<br />
normal abaixo das raízes do segundo molar decíduo. Os primeiros molares inferiores<br />
estavam erupcionando. Os segundos molares inferiores se apresentaram com<br />
discreta inclinação mesial e os autores destacaram que devido a possibilidade de<br />
impacção serão acompanhados.<br />
EL-MAGBOUL et al. (1993) relataram um caso clínico com as<br />
características descritas para <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado, em que uma<br />
menina de sete anos de idade apresentava queixas de inchaço no lado esquerdo de<br />
sua mandíbula. A região foi explorada cirurgicamente com anestesia e sendo<br />
verificado um <strong>cisto</strong> de 1,5 cm de diâmetro possuindo líquido purulento. A lesão foi<br />
enucleada e a cavidade óssea foi curetada sem a extração do molar permanente.<br />
Durante a cirurgia foi observado que o osso vestibular sobre o primeiro molar<br />
permanente estava intacto sem nenhum envolvimento radicular pelo <strong>cisto</strong> infectado.<br />
Os autores relataram que após a cirurgia o primeiro molar permanente continuava a<br />
exibir resposta positiva ao teste de vitalidade pulpar.<br />
BOSSONG et al. (1994) apresentaram um caso clínico onde uma criança<br />
de sete anos com dor e inchaço no lado inferior esquerdo. A criança foi tratada com<br />
penicilina oral durante dez dias. Inicialmente os sintomas diminuíram, mas<br />
81
etornaram após a terapia com penicilina ser interrompida. Foi realizada uma<br />
exploração cirúrgica e uma biópsia da região afetada que revelou um <strong>cisto</strong>,<br />
reportado como <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado. Os autores relataram que não<br />
obtiveram uma anestesia adequada e devido a extensão da lesão cística não<br />
estavam certos se a mesma fora completamente removida. Após a cirurgia, o<br />
paciente foi novamente submetido ao mesmo medicamento por dez dias. Após uma<br />
semana o paciente apresentava uma boa recuperação, sendo que os autores<br />
explicaram que a mãe da criança foi orientada da possibilidade de recorrência da<br />
lesão. Neste caso uma nova intervenção será realizada sob anestesia geral do<br />
paciente, assegurando completa remoção da lesão.<br />
MAGNUSSON & BORRMAN (1995) realizaram um estudo retrospectivo<br />
descrevendo as características clínicas, radiográficas e histológicas de vinte e seis<br />
<strong>cisto</strong>s paradentais. Quando o dente envolvido foi o terceiro molar o tratamento<br />
executado foi a exodontia em conjunto com a remoção da lesão cística. Nos casos<br />
que envolveram o primeiro ou segundo molar inferior somente o <strong>cisto</strong> foi removido<br />
cirurgicamente, sendo o dente preservado. Os autores relataram uma regeneração<br />
óssea normal, assim como uma cicatrização periodontal em todos os casos.<br />
MARTINEZ-CONDE et al. (1995) relataram um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> bilateral<br />
nos segundos molares inferiores parcialmente erupcionados em um menino branco<br />
de onze anos. Foram abertos retalhos de mucoperiosteo em ambos os lados da<br />
mandíbula sob anestesia geral. A tabua óssea vestibular estava adelgaçada e<br />
expandida. Uma cavidade delineada com uma membrana preenchida com um<br />
líquido amarelado foi visível abaixo do osso vestibular. As lesões estavam<br />
firmemente unidas a superfície vestibular das raízes dos segundos molares, que<br />
apareceram com o tecido radicular desnudo na região da furca até o periápice. As<br />
82
lesões foram excisionadas e submetidas ao estudo do microscópico. Devido ao<br />
grande tamanho da lesão e a boa localização dos terceiros molares foi decidido pela<br />
exodontia dos segundos molares afetados. Os autores discutiram que o tratamento<br />
destes <strong>cisto</strong>s usualmente envolve enucleação sem extração do dente envolvido, mas<br />
quando a formação do dente está incompleta e a papila dental ou a lâmina dura<br />
forem envolvidas, a polpa pode se tornar comprometida, sendo recomendado<br />
nesses casos, o tratamento endodôntico ou a extração.<br />
MURILLO & MARTINEZ (1997) revisaram oitenta e três registros do<br />
Instituto de Referência em Patologia Oral da Faculdade de Odontologia da<br />
Universidade do Chile que obtiveram o diagnóstico histológico de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> no<br />
período de 1975 a 1997. Os autores relatam que muitos casos foram derivados de<br />
exodontia por motivos ortodônticos. Desta maneira os autores chamam atenção pelo<br />
fato de 36,2% das lesões estavam associadas a peças dentárias semi-inclusas<br />
descobertas por ocasião da exodontia. Relataram um caso de reabsorção dental,<br />
onde os autores salientaram que este fato não observado em outras séries e artigos<br />
publicados. E finalizaram colocando que na extração do terceiro molar incluso<br />
deveriam ser tomadas medidas importantes. Salientaram a importância de exames<br />
complementares como a radiografia e aconselharam quando fossem encontradas<br />
membranas císticas associadas a peça dentária (ANEXO 2, FIG. 9), estas deveriam<br />
serem enviadas para o exame histopatológico.<br />
THOMPSON et al. (1997) relataram um caso de <strong>cisto</strong> uma menina de<br />
onze anos onde tratamento consistiu na remoção da parede de <strong>cisto</strong> e curetagem da<br />
lesão sem a extração do primeiro molar inferior esquerdo. A cirurgia consistiu na<br />
remoção de três fragmentos de um tecido mole castanho-acinzentado. O paciente<br />
retornou depois de 10 meses com inchaço e supuração na mesma região. O exame<br />
83
clínico confirmava a recorrência da lesão. Os autores sugeriram um resultado de<br />
uma infecção persistente. Também observaram um inchaço assintomático na<br />
superfície vestibular e distal do primeiro molar inferior do lado oposto. O tratamento<br />
destas lesões consistiu de enucleação e de curetagem. A perda de osso foi mais<br />
notável nas superfícies vestibulares e distais dos dentes envolvidos. A perda de osso<br />
foi mais extensa no lado esquerdo, onde houve a recorrência da lesão. O exame<br />
histopatológico de ambas as lesões foram consistentes com <strong>cisto</strong>s odontogênicos<br />
inflamatórios. O paciente foi examinado um ano depois e houve nenhum sinal<br />
inchaço e ou de inflamação nas regiões onde estavam localizadas as lesões. O<br />
exame radiográfico demonstrou que a radioluscência não era mais visível,<br />
verificando-se uma neoformação óssea ao redor das raízes dos dentes envolvidos.<br />
O segundo molar inferior esquerdo que fora distalmente deslocado pela lesão,<br />
permaneceu com esse deslocamento, apesar da recuperação óssea da região.<br />
DAVID et al. (1998) relataram que o <strong>cisto</strong> da bifurcação vestibular é uma<br />
lesão incomum associada ao primeiro ou segundo molar em crianças. Relataram<br />
que cinco casos <strong>clínicos</strong> onde houve regressão espontânea do <strong>cisto</strong> sem qualquer<br />
intervenção cirúrgica (ANEXO 13, FIG. 35).<br />
WALLER & MALDEN (1999) relataram um caso clínico de um <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> envolvendo um terceiro molar semi-incluso impactado e disto-angulado.<br />
O paciente apresentou dor e inchaço na região inferior direita da face. A dor foi<br />
irradiada para ouvido direito e o paciente não conseguia fechar totalmente a boca. O<br />
paciente foi tratado com o antibiótico intramuscular e oral. O dente foi extraído e o<br />
<strong>cisto</strong> foi removido por enucleação. O paciente teve um bom pós-operatório, não<br />
apresentou mais sintomas e uma radiografia panorâmica obtida aos um ano após<br />
confirmou uma normalidade óssea. Os autores relataram que o terceiro molar inferior<br />
84
do lado oposto havia sido extraído a dois e meio anos e uma radiografia panorâmica<br />
obtida na época não demonstrava nenhuma evidência da lesão no lado direito. Os<br />
autores concluíram que, devido a rápida evolução da lesão inflamatória apresentada,<br />
existe uma importância na obtenção de um controle radiográfico atualizado do<br />
paciente que possui dentes não irrompidos. Sugeriram que o período de um ano<br />
seria o tempo adequado para este controle.<br />
SOUSA et al. (2001) examinaram cinqüenta e quatro casos de <strong>cisto</strong>s<br />
inflamatórios paradentais. Os autores concluíram que o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> se<br />
desenvolve como conseqüência de repetidos episódios de pericoronarite, sendo<br />
importante que o clínico trate adequadamente a região afetada por pericoronarite,<br />
prevenindo assim o desenvolvimento do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>.<br />
GOMEZ et al. (2001) relataram um paciente de 10 anos de idade que<br />
apresentava uma lesão radiolúcida na região de furca com extensão para distal em<br />
um primeiro molar inferior esquerdo com erupção parcial. O elemento dental se<br />
apresentava com vitalidade pulpar. Os autores relataram que o diagnóstico<br />
provisório foi de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> e uma cirurgia de enucleação cística foi planejada.<br />
Relataram que a paciente não retornou na época, se apresentando oito meses após<br />
com o dente já erupcionado. Uma nova radiografia panorâmica foi realizada foi<br />
verificada a regressão espontânea da lesão (ANEXO 13, FIG. 36). Os autores<br />
sugeriram que o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> pode ter resolução com a erupção do dente, mas<br />
que os tratamentos poderiam estar ocultando esta investigação.<br />
LIM & PECK (2002) reportaram um caso clínico de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
bilateral em uma menina de 13 anos de idade envolvendo os segundos molares<br />
inferiores. O tratamento realizado foi a enucleação cística acompanhada da<br />
exodontia dos elementos dentais. Os autores discutiram o tratamento abordado e o<br />
85
ecomendado na literatura. Relataram que quando os primeiros e segundos molares<br />
são envolvidos, a enucleação cística sem a remoção do elemento dental é o<br />
tratamento recomendado. Citaram que foram reportados poucos casos de recidiva<br />
na literatura. Os autores justificaram que a remoção dos elementos dentais neste<br />
caso clínico, ocorreu devido ao envolvimento dos ápices radiculares e dificuldades<br />
na remoção do <strong>cisto</strong>. Os autores também salientaram que existe a necessidade de<br />
mais estudos <strong>clínicos</strong> a longo prazo de acompanhamento dos casos onde houve<br />
enucleação cística sem extração do dente envolvido.<br />
BSOUL et al. (2002) relataram que devido os <strong>cisto</strong>s paradentais<br />
aparentemente serem resultantes de repetidos episódios de pericoronarite, é<br />
importante que o dentista trate adequadamente a área afetada por pericoronarite,<br />
evitando o desenvolvimento deste <strong>cisto</strong>. A enucleação do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> infectado<br />
com a extração do dente são propostas para os casos envolvendo o terceiro molar, e<br />
nos casos com <strong>cisto</strong>s envolvendo o primeiro e segundo molar inferior deve ser<br />
sugerido a enucleação do <strong>cisto</strong> com preservação do dentes envolvido.<br />
SILVA et al. (2003) relataram um caso clínico de um <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
originado no segundo molar inferior ter simulado um <strong>cisto</strong> radicular no primeiro molar<br />
inferior que apresentava severa reabsorção radicular, sendo que o primeiro molar foi<br />
extraído (ANEXO 12, FIG. 34). Os autores relataram que a biópsia incisional e<br />
tratamento endodôntico poderiam ter sido executados antes da extração dentária.<br />
Justificaram que a severa reabsorção das raízes, a localização do <strong>cisto</strong>, a relação da<br />
lesão com o tecido folicular, a idade do paciente, o diagnóstico diferencial com<br />
ameloblastoma provavelmente influenciaram o clínico a adotar uma abordagem de<br />
tratamento mais agressiva.<br />
86
3. PROPOSIÇÃO<br />
Considerando a revisão sistemática do levantamento bibliográfico do <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong>, o presente estudo tem como objetivo principal a identificação dos<br />
padrões comuns desta lesão, assim como verificar as diferenças entre estes<br />
estudos, além de analisar:<br />
- a <strong>nomenclatura</strong>;<br />
- a <strong>etiologia</strong>;<br />
- as características clínicas;<br />
- as características radiográficas;<br />
- os <strong>aspectos</strong> histopatológicos;<br />
- o diagnóstico diferencial;<br />
- o tratamento.<br />
87
4. DISCUSSÃO<br />
Os <strong>cisto</strong>s dos maxilares não são lesões exclusivas do homem moderno<br />
(SHEAR, 1983). Podemos verificar isto em vários estudos paleontológicos realizados<br />
em múmias (RUFFER, 1921; LUFKIN, 1938; SALAMA & HILMY, 1951; MELCHER et<br />
al., 1997). O estudo de MELCHER et al. (1997) revelou a importância da tomografia<br />
computadorizada como um excelente método não invasivo para o estudo<br />
paleontológico, em especial, da extensão das doenças ósseas.<br />
Esta revisão histórica inicial reforça o estudo de SHEAR (1983, 1992). O<br />
autor colocou que as primeiras descrições de lesões que pareciam ser <strong>cisto</strong>s, foram<br />
relatadas por FAUCHARD (1746) e HUNTER (1780) e os primeiros trabalhos<br />
reconhecidos sobre <strong>cisto</strong>s apareceram na literatura inglesa por SPENCE (1853-<br />
1854), HARVEY (1855), MOON (1877-1878), HEATH (1880, 1887) e PEDLEY<br />
1886).<br />
Em relação às primeiras classificações sobre <strong>cisto</strong>s epiteliais, estas foram<br />
introduzidas por ROBINSON (1945) que foram modificadas por THOMA et al. em<br />
1950. Em 1970, MAIN realizou um estudo sugerindo uma classificação revisada para<br />
os <strong>cisto</strong>s, descrevendo pela primeira vez características clínicas e histopatológicas<br />
de um <strong>cisto</strong> denominado pelo autor de <strong>cisto</strong> colateral inflamatório. Mas na primeira<br />
classificação oficial da Organização Mundial da Saúde, publicada em 1971, por<br />
PINDBORG et al. não foi contemplado o <strong>cisto</strong> inflamatório colateral descrito por<br />
MAIN em 1970. Nesta classificação os <strong>cisto</strong>s odontogênicos foram organizados<br />
como de desenvolvimento ou inflamatório.<br />
88
Estudos como GILLETTE & WEINMANN (1958), CONKLIN (1974)<br />
(ANEXO 1, FIG. 1), HARNISCH (1974) relatavam um <strong>cisto</strong> inflamatório na lateral da<br />
raiz de um terceiro molar inferior. Outros como STAFNE & GIBILISCO (1982)<br />
(ANEXO 1, FIG. 2 e 3) apresentavam este <strong>cisto</strong> como sendo dentígero lateral, sendo<br />
que as imagens macroscópicas e radiográficas sugerem um <strong>cisto</strong> paradentário.<br />
CRAIG (1976) e STONEMAN & WORTH (1983) descreveram um <strong>cisto</strong><br />
inflamatório que não fora contemplado pela OMS em 1971. O <strong>cisto</strong> descrito por<br />
CRAIG apresentava com freqüência um envolvimento dos terceiros molares<br />
inferiores com episódios de pericoronarite, sendo denominado pela primeira vez de<br />
<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Já o <strong>cisto</strong> descrito por STONEMAN & WORTH estava usualmente<br />
associado aos primeiros molares inferiores, apresentando com freqüência periostite<br />
ossificante (ANEXO 4, FIG. 14, ANEXO 7, FIG. 19, 20), sendo denominado pelos<br />
autores de <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado.<br />
Vários estudos, destacando, ACKERMANN et al. (1987), CAMARDA et al.<br />
(1989), FOWLER & BRANNON (1989), VEDFTOFTE & PRAETORIUS (1989),<br />
PACKOTA et al. (1990), SHEAR (1992) discutiram se estes <strong>cisto</strong>s que foram<br />
descritos por MAIN (1970), CRAIG (1976) e STONEMAN & WORTH (1983) eram ou<br />
não a mesma entidade patológica e qual seria a <strong>nomenclatura</strong> mais adequada.<br />
Em 1992, foi publicada a segunda edição da classificação de <strong>cisto</strong>s<br />
epiteliais da Organização Mundial da Saúde por KRAMER et al. O <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
foi classificado como odontogênico inflamatório, sendo que o <strong>cisto</strong> inflamatório<br />
colateral e o <strong>cisto</strong> mandibular infectado foram considerados variantes do mesmo<br />
<strong>cisto</strong> (ANEXO 3, FIG. 8).<br />
Mas apesar da classificação proposta pela OMS em 1992, é notório que a<br />
discussão sobre a <strong>nomenclatura</strong> continuou. Também, a discussão se os <strong>cisto</strong>s<br />
89
descritos por MAIN et al. (1970) seriam ou não a mesma entidade patológica<br />
perduram em diversos estudos apresentados na literatura até a data atual.<br />
NEVILLE et al. (1995, 2002) relataram que a denominação do <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> é inadequada e adotaram o termo de <strong>cisto</strong> da bifurcação vestibular.<br />
STONEMAN reaparece em conjunto com POMPURA & SÁNDOR (1997) e depois<br />
com DAVID & SADOR (1998) fomentando a discussão a respeito da <strong>nomenclatura</strong>.<br />
Reforçaram que o termo genérico de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>, falha em identificar a<br />
localização da lesão e justificarem que a utilização do termo <strong>cisto</strong> da bifurcação<br />
vestibular proposto por NEVILLE et al. (1995), seria mais adequada para os casos<br />
que ocorrem nos primeiros e segundo molares. Os autores salientaram nestes<br />
artigos que esta lesão foi descrita pela primeira vez por STONEMAN & WORTH em<br />
1983 com a denominação de <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado.<br />
Em 1989 VEDFTOFTE & PRAETORIUS sugeriram o termo <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> inflamatório seria mais adequado, pois apontaria a origem inflamatória<br />
deste <strong>cisto</strong>.<br />
Desta maneira, encontramos na literatura vários termos sugerindo três<br />
entidades patológicas distintas: 1) o <strong>cisto</strong> colateral inflamado descrito por MAIN<br />
(1970), sugerido por SHEAR (1983) de ser uma entidade patológica separada do<br />
<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>; 2) o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> descrito por CRAIG (1976), sendo sugerido<br />
por VEDFTOFTE & PRAETORIUS (1989) de se utilizar a denominação de <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> inflamado por ser mais específica; e 3) o <strong>cisto</strong> mandibular vestibular<br />
infectado com as características clínicas e radiográficas descritas por STONEMAN &<br />
WORTH (1983) e denominado por NEVILLE (1995) de <strong>cisto</strong> da bifurcação vestibular.<br />
Porém, neste estudo, não se observaram critérios clínico-patológicos,<br />
para justificar estas três entidades patológicas como sendo distintas. Assim como,<br />
90
este estudo sugere que não se deva utilizar outra <strong>nomenclatura</strong> no lugar de <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong>. Outros trabalhos e relatos vão de encontro a estas afirmações<br />
destacando-se; BOHAY et al. (1992), EL-MAGBOUL et al. (1993), MAGNUSSON &<br />
BORRMAN (1995), MARTINEZ-CONDE et al. (1995), MURILLO & MARTINEZ<br />
(1997), THOMPSON et al. (1997), BSOUL et al. (2002), SILVA et al. (2003). Nesses<br />
estudos os autores apresentaram criteriosamente as características clínicas e<br />
histopatológicas, colocando que não existem critérios clínico-patológicos para<br />
justificar outra entidade patológica ou <strong>nomenclatura</strong> no lugar de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>.<br />
Ainda que a inclusão e aceitação desta patologia como <strong>cisto</strong><br />
odontogênico de origem inflamatória possa gerar controvérsias, pois este <strong>cisto</strong> não<br />
representa uma cavidade patológica fechada, sendo relatado por vários autores uma<br />
abertura, uma comunicação do lúmem cístico com o sulco gengival do dente semi-<br />
incluso (TRASK, 1985; VEDFTOFTE & PRAETORIUS, 1989; WOLF & HIETANEN,<br />
1990; THOMPSON, 1997), assim como, de alguns autores relatarem casos bilaterais<br />
(ACKERMMANN, 1987; VEDFTOFTE & PRAETORIUS, 1989; PACKOTA, 1990,<br />
BOHAY, 1992; MARTINEZ-CONDE, 1995, MAGNUSSON & BORRMAN, 1995;<br />
FREIRE-FILHO, 2001; LIM & PECK, 2002) ((ANEXO 9, FIG. 23, 24 e ANEXO 10,<br />
FIG. 35). levantado a suspeita de uma <strong>etiologia</strong> de desenvolvimento e não<br />
inflamatória, como citado por FREIRE-FILHO em 2001, este estudo concorda com<br />
CRAIG (1976) que o denomina de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> e o descreve como um <strong>cisto</strong><br />
odontogênico de origem inflamatória.<br />
Em relação ao primeiro autor a descrever esta entidade patológica, o<br />
presente estudo verificou que foi MAIN em 1970, apesar do mérito em alguns<br />
estudos (GIORGIS et al., 2005) ser oferecido a CRAIG (1976). Porém foi MAIN em<br />
1970 que descreveu esta entidade patológica tanto clínica como<br />
91
histopatologicamente. Descreveu oito <strong>cisto</strong>s cujo desenvolvimento foi associado a<br />
pericoronarites, onde sete dentes envolverem terceiros molares parcialmente<br />
erupcionados e um dente envolveu um canino superior parcialmente erupcionado.<br />
MAIN (1976) também relatou que as características histológicas deste <strong>cisto</strong> foram<br />
similares ao <strong>cisto</strong> radicular, embora o processo inflamatório crônico na parede do<br />
<strong>cisto</strong>s e as lojas epiteliais não foram tão marcadas. CRAIG em 1976 reconheceu que<br />
o <strong>cisto</strong> apresentado no seu artigo é similar a lesão descrita por MAIN, mas sugeriu<br />
que o termo <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é mais apropriado que <strong>cisto</strong> inflamatório colateral,<br />
evitando possíveis confusões com o <strong>cisto</strong> periodontal lateral de desenvolvimento.<br />
STONEMAN & WORTH (1983) ao apresentarem o <strong>cisto</strong> vestibular infectado com<br />
nova entidade patológica, não citaram os estudos anteriores de MAIN (1970) e<br />
CRAIG (1976), apontado em seu estudo apenas duas referências bibliográficas,<br />
entre eles SHEAR (1976). STONEMAN & WORTH (1983) realizaram uma excelente<br />
descrição clínica e radiográfica no <strong>cisto</strong> quando localizado na região de primeiro ou<br />
segundo molar (ANEXO 4, FIG. 13, 14 e ANEXO 7, FIG. 19, 20). Mas os autores não<br />
apresentaram os resultados histopatológicos deste estudo. O aspecto<br />
histopatológico foi resumido numa discussão, com uma pobre revisão bibliográfica,<br />
sobre a etiopatogênese da lesão.<br />
MAIN reaparece em cena em 1985, numa revisão de 10 anos sobre a<br />
classificação da OMS de 1971, colocando que esta classificação não incluiu outras<br />
variedades de <strong>cisto</strong> inflamatório. O autor propôs além do <strong>cisto</strong> radicular, a inclusão<br />
de mais dois <strong>cisto</strong>s inflamatórios, o <strong>cisto</strong> folicular relacionado a uma lesão periapical<br />
de um dente decíduo com extensão ao folículo de um dente permanente e o outro<br />
agora denominado por ele de <strong>cisto</strong> periodontal lateral inflamatório, descrito com as<br />
características do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Neste mesmo artigo, o autor cita CRAIG como o<br />
92
primeiro a descrever um <strong>cisto</strong> inflamatório específico, de certa maneira omitido o seu<br />
próprio estudo de 1970. Também esta denominação de <strong>cisto</strong> periodontal lateral<br />
inflamatório foi inadequada pela confusão que pode ocorrer com o <strong>cisto</strong> periodontal<br />
lateral de desenvolvimento e <strong>cisto</strong> radicular lateral.<br />
SHEAR (1983, 1992) sugeriu que o <strong>cisto</strong> descrito por MAIN (1970), ainda<br />
que raro, seja de origem periodontal, sendo resultado de uma bolsa periodontal<br />
estimulando uma proliferação dos restos epiteliais de Malassez, diferente do <strong>cisto</strong><br />
descrito por CRAIG (1976). Porém não existem na literatura, argumentos ou relatos<br />
de casos, para apoiar SHEAR (1983, 1992). Da mesma maneira não se pode afirmar<br />
que uma lesão é outra entidade patológica, apenas pela apresentar localização<br />
diferente, assim como, por algumas características e clínicas radiográficas, como<br />
desejam STONEMAN & WORTH (1983) terem o reconhecimento de entidade<br />
patológica distinta.<br />
Na presente revisão de literatura, os <strong>aspectos</strong> <strong>clínicos</strong> e histopatológicos<br />
das lesões descritas por MAIN (1970), CRAIG (1976) e STONEMAN (1983)<br />
permitem apontar que estas lesões representam a mesma entidade patológica.<br />
Provavelmente pelo fato de MAIN em 1985, não fazer referência a<br />
entidade e <strong>nomenclatura</strong> descrita por ele em 1970, de citar CRAIG (1976) como<br />
sendo o primeiro a descrever o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> e ainda sugerir neste artigo em 1985<br />
uma <strong>nomenclatura</strong> inadequada, o autor não é lembrado em alguns estudos ou sua<br />
importância não devidamente reconhecida ao se relatar esta lesão.<br />
Assim podemos apontar nesta revisão três estudos históricos que devam<br />
ser lembrados em futuros artigos ou relatos de caso clínico. O estudo de MAIN em<br />
1970, que descreveu pela primeira vez esta entidade patológica. O de CRAIG em<br />
1976, que detalhou os <strong>aspectos</strong> <strong>clínicos</strong> e histopatológicos e nomeou esta lesão<br />
93
pela primeira vez de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> (ANEXO 2, FIG. 4, 5, 6; ANEXO 10, FIG. 25,<br />
26 e ANEXO 11, FIG. 29). E o estudo de STONEMAN & WORTH de 1983, onde os<br />
autores detalharam os <strong>aspectos</strong> radiográficos da lesão quando existe o<br />
envolvimento do primeiro e segundo molar inferior e também de fomentaram as<br />
discussões na literatura existente.<br />
Se a localização de um <strong>cisto</strong> inflamatório fosse um fator pertinente para<br />
seu reconhecimento, ou seja, deste ser apresentado como uma nova entidade<br />
patológica, então também deveriam ser lembrados VEDFTOFTE & HOLMSTRUP<br />
em 1989. Estes autores foram os primeiros que enfatizaram a presença ou a<br />
possibilidade de <strong>cisto</strong>s paradentais inflamatórios na região globolumaxilar, ou seja,<br />
entre as raízes do incisivo lateral e canino superior (ANEXO 8, FIG. 21). Esta<br />
informação foi novamente demonstrada por outro estudo retrospectivo realizado por<br />
GOMEZ & CARDOSO em 1993. Mas na verdade os estudos de VEDFTOFTE &<br />
HOLMSTRUP (1989) e GOMEZ & CARDOSO (1993) ressaltam a importância do<br />
trabalho de MAIN em 1970. Pois o autor, ao descrever o <strong>cisto</strong> colateral inflamatório,<br />
já havia citado a ocorrência deste <strong>cisto</strong> entre as raízes do incisivo lateral e canino<br />
superior. Este relato de MAIN não foi considerado, lembrado ou citado na literatura<br />
existente na época, sendo que somente em 19 anos mais tarde foi sugerida a<br />
presença do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> nesta localização, mas sem referência ao autor.<br />
Finalizando esta discussão sobre a <strong>nomenclatura</strong>, pode se verificar que<br />
esta entidade patológica foi descrita na literatura com as seguintes denominações:<br />
<strong>cisto</strong> dentígero extrafolicular (GILLETTE & WEINMANN, 1958), <strong>cisto</strong> colateral<br />
inflamatório (MAIN, 1970), <strong>cisto</strong> oculto (CONKLIN, 1974), <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> (CRAIG,<br />
1976), <strong>cisto</strong> dentígero lateral (STAFNE & GIBILISCO, 1982), <strong>cisto</strong> mandibular<br />
vestibular infectado (STONEMAN & WORTH, 1983), <strong>cisto</strong> periodontal lateral<br />
94
inflamatório (MAIN, 1985), <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> inflamatório (VEDTOFTE &<br />
PRAETORIUS, 1989), <strong>cisto</strong> da bifurcação vestibular (NEVILLE et al., 1995). A<br />
revisão da literatura permite verificar que esta entidade patológica apresenta uma<br />
maior freqüência do envolvimento da superfície vestibular e distal dos dentes,<br />
raramente a mesial e pode se estender ao periápice dos dentes. Assim o termo<br />
<strong>paradental</strong> é adequado para representar as lesões com processo inflamatório nestas<br />
superfícies tanto na vestibular, como na distal e até na mesial. Já os termos<br />
sugeridos por STONEMAN & WORTH (1983) e NEVILLE et al. (1995), sugere a<br />
limitação da lesão à superfície vestibular. O termo <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> inflamatório<br />
(VEDTOFTE & PRAETORIUS, 1989) apesar de ser mais específico, implica numa<br />
nova mudança na classificação da OMS e neste caso, o <strong>cisto</strong> radicular, também<br />
deveria então ser denominado de <strong>cisto</strong> radicular inflamatório. Podemos verificar que<br />
o termo <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> já apresenta, apesar das discussões, um reconhecimento<br />
na literatura, sendo a adoção do termo <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> facilitara a comunicação<br />
entre os profissionais.<br />
A origem epitelial do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> ainda não esta bem esclarecida.<br />
MAIN (1970) descrevendo esta lesão pela primeira vez, sugeriu a proliferação dos<br />
restos epiteliais de Malassez. Esta proliferação seria incentivada pela liberação de e<br />
ação de fatores de crescimento, as citocinas inflamatórias encontradas na extensão<br />
dos tecidos gengivais inflamados. Mas CRAIG (1976), no seu estudo clínico e<br />
histopatológico, verificou que os restos epiteliais de Malassez pareciam inativos. O<br />
autor argumentou que se os restos epiteliais de Malassez fossem responsáveis pela<br />
lesão, a lesão deveria estar igualmente distribuída em volta da superfície radicular,<br />
em todas as faces. CRAIG (1976) sugeriu que a origem epitelial deveria estar<br />
relacionada ao epitélio reduzido do órgão do esmalte (ANEXO 10, FIG. 25 e 26). Os<br />
95
estudos que se sucederam sugeriram fortemente que as fontes mais prováveis de<br />
tecido epitelial odontogênico são: o epitélio reduzido do órgão do esmalte, e ou<br />
epitélio do folículo dentário, sendo que o epitélio sofre proliferação por estímulos<br />
inflamatórios incentivando a formação inicial da lesão (ACKERMANN, 1987;<br />
ARRIVABENE, 2004) (ANEXO 10, FIG. 27 e ANEXO 11, FIG. 28).<br />
Este estudo considera que a hipótese citada por ACKERMANN (1987) e<br />
LINDH & LARSSON (1990) relacionando a origem epitelial com epitélio crevicular é<br />
promissora e deve merecer a atenção em novas pesquisas sobre a origem epitelial.<br />
Pois se observa nos relatos e estudos uma continuidade entre o revestimento cístico<br />
e o epitélio crevicular associada à destruição localizada do periodonto, sugerindo a<br />
formação de uma bolsa profunda com dilatação tornando-se cística.<br />
Em relação à origem do estímulo inflamatório, a impacção de alimentos<br />
tem sido sugerida e demonstrada como fator causal do processo inflamatório<br />
(COLGAN, 2002). Na mastigação, restos alimentares seriam forçados para dentro do<br />
tecido gengival envolto da coroa do dente afetado, promovendo um estímulo<br />
inflamatório que incentivaria a formação da lesão. ACKERMANN (1987) havia<br />
sugerido uma relação da localização da lesão com o ângulo de impacção, sendo que<br />
o estudo de COLGAN, 2002 demonstrou que existe uma íntima relação entre a<br />
localização da lesão e o ângulo dos pontos de impacção alimentar.<br />
A impacção de alimentos e microorganismos, em especial, na região de<br />
terceiros molares inferiores com erupção parcial resulta em um quadro patológico de<br />
pericoronarite. Pericoronarite é uma lesão de natureza inflamatória, cuja impacção<br />
de alimentos e microorganismos ocorre numa cavidade patológica proporcionada<br />
pela erupção incompleta de um dente vital mal posicionado na arcada dentária e<br />
coberto parcialmente por um capuz gengival subjacente a coroa dentária. A revisão<br />
96
da literatura permite sugerir que o quadro inflamatório induzido pela pericoronarite<br />
possa induzir uma bolsa periodontal e esta levaria a uma hiperplasia epitelial e a<br />
formação cística. Na maior parte dos casos que foram relatados do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
localizado região de terceiros molares inferiores com erupção parcial é encontrado o<br />
histórico de pericoronarite recorrente. Esta doença pode apresentar um curso clínico<br />
agudo ou crônico, tendo, portanto sinais e sintomas que podem variar a discreto<br />
edema e ou eritema localizado, como apresentar quadros <strong>clínicos</strong> de dor intensa.<br />
Nos estudos são verificados quadros de edema assintomáticos mais freqüentes na<br />
região de primeiro e segundo molares e quadros sintomáticos na região de terceiros<br />
molares inferiores. Independente de o quadro ser sintomático ou não, o<br />
histopatológico da lesão sempre tem revelado sinais de infecção e inflamação.<br />
As cúspides mesio vestibulares do primeiro e segundo molares<br />
permanentes são as primeiras a atravessar o epitélio bucal no curso de erupção,<br />
sendo assim a face vestibular é mais propensa a ser afetada e consequentemente<br />
desenvolver o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. CRAIG em 1976 sugeriu que mesmo nos casos da<br />
lesão ter sido classificada como de localização distal, a face vestibular demonstrava<br />
ou sugeria algum envolvimento. STONEMAN & WORTH (1983) estudaram clinica e<br />
radiograficamente lesões que afetavam o primeiro e segundo molares permanentes,<br />
onde em todos os casos o maior envolvimento foi na vestibular, fato pela qual o<br />
denominaram de <strong>cisto</strong> mandibular vestibular infectado. NEVILLE et al. (2002) o<br />
denominaram de <strong>cisto</strong> da bifurcação vestibular. Independente da discussão da<br />
<strong>nomenclatura</strong> já discutida acima, é de consenso entre diversos os autores do maior<br />
envolvimento da face vestibular. O envolvimento da face distal é mais relatado na<br />
região de terceiro molar, o que estimula aos autores a discutir a <strong>nomenclatura</strong>. Mas<br />
isto se deve em parte a projeção bidimensional das radiografias periapical e<br />
97
panorâmica, as mais utilizadas para o diagnóstico. A presente revisão conclui que<br />
este <strong>cisto</strong> foi bem descrito por CRAIG em 1976, que relatou os achados<br />
radiográficos e sugeriu que em todos os casos apresentavam envolvimento<br />
vestibular.<br />
A presença de uma projeção de esmalte dentro da área de bifurcação da<br />
raiz na superfície vestibular do dente acometido foi defendida como um fator causal<br />
importante para a formação do <strong>cisto</strong> paradentário (CRAIG, 1976; ACKERMANN,<br />
1987; VEDFTOFTE & PRAETORIUS, 1989). Esta extensão do esmalte sobre a<br />
superfície da raiz pode favorecer o desenvolvimento da lesão, por agir como um<br />
acúmulo de placa bacteriana e, portanto estimular o processo inflamatório no local<br />
afetado, como é sugerido por CONKLIN (1974) e FOWLER & BRANNON (1989).<br />
Mas o presente estudo não esta apontando a projeção como uma causa da lesão e<br />
sim como um dos fatores predisponentes ou facilitadores, que poderia ou não estar<br />
presente, no desenvolvimento da lesão. É importante apontar que a projeção<br />
cervical do esmalte apresenta uma alta prevalência na face vestibular dos dentes,<br />
em torno de 80%, como também, a projeção cervical de esmalte tem sido sugerida<br />
no papel de doença periodontal isolada e de lesões endoperiodontais (MELO &<br />
CONSOLARO, 1998).<br />
A incidência do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é relativamente baixa. CRAIG (1976)<br />
revisou 1050 casos de <strong>cisto</strong>s odontogênicos, onde o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> representou<br />
5% do total da amostra avaliada. ACKERMANN (1987) estudou 1852 casos de<br />
<strong>cisto</strong>s odontogênicos e verificou uma porcentagem de 3%. Um estudo retrospectivo<br />
de KREIDLER et al. em 1993 analisando 367 lesões císticas dos maxilares revelou<br />
que o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> contribui com apenas 1% das alterações. MAGNUSSON &<br />
BORRMAN (1995) realizaram um estudo com 2700 casos de <strong>cisto</strong>s encontrados nos<br />
98
maxilares e os resultados revelaram uma incidência de 0,9%. SOUSA et al. (2001)<br />
realizou um estudo retrospectivo de 5 anos e encontrou uma incidência de 4,3%<br />
para o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. Baseado nestes estudos pode-se afirmar que a incidência<br />
do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> em relação a outras lesões císticas dos maxilares esta na faixa<br />
de 1% e em relação somente aos <strong>cisto</strong>s considerados odontogênicos, a incidência<br />
esta na faixa entre 3 a 5%.<br />
O <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> parece não ter predileção por sexo, pois apesar de<br />
alguns estudos (CRAIG, 1976 e ACKERMANN, 1987) relatarem uma maior<br />
freqüência para o sexo masculino, existem estudos demonstrando uma maior<br />
freqüência para o sexo feminino (SOUSA et al., 2001).<br />
O dente mais envolvido é o terceiro molar permanente em pacientes na<br />
segunda e terceira décadas de vida (CRAIG, 1976; VEDFTOFTE & PRAETORIUS,<br />
1989; CAMARDA et al., 1989, FOWLER & BRANNON, 1989; LINDH & LARSSON,<br />
1990; PACKOTA et al., 1990; SOUSA et al., 2001; LIM & PECK, 2002).<br />
Quando o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é associado ao primeiro molar a média de<br />
idade é de 8 anos e quando associado ao segundo molar a média de idade é de<br />
13,3 anos (VEDFTOFTE & PRAETORIUS, 1987).<br />
A idade do paciente esta diretamente relacionada com a erupção do<br />
molar envolvido, ou seja, quando a erupção é atrasada por impacção, os dentes<br />
ficam mais propensos a episódios de pericoronarite, explicando desta maneira a<br />
maior freqüência no terceiro molar inferior. Também reforçando o que já foi dito, a<br />
idade e a localização da lesão associada a diferentes molares não justificam a<br />
separação em diferentes entidades patológicas.<br />
99
MAIN em 1970 relatou um caso de envolvimento com o canino superior.<br />
VEDFTOFTE & HOLMSTRUP em 1989 revelaram a presença ou a possibilidade de<br />
<strong>cisto</strong>s paradentais inflamatórios na região globolumaxilar (ANEXO 8, FIG. 21), entre<br />
o canino e incisivo lateral superior, o que também foi demonstrado por GOMEZ &<br />
CARDOSO em 1993.<br />
Em relação às características clínicas o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> pode se<br />
manifestar assintomático ou relatar sintomatologia dolorosa, edema localizado,<br />
dificuldade de abertura de boca e drenagem de exudato purulento pela bolsa<br />
periodontal formada, principalmente naqueles casos onde a lesão se encontra<br />
agudamente infectada. As lesões estão localizadas na vestibular e ou distal do dente<br />
envolvido e usualmente verifica-se a comunicação entre a bolsa periodontal criada e<br />
a lesão (TRASK et al., 1985; VEDFTFOTE & PRAETORIUS, 1989; WOLF &<br />
HIETANEN, 1990; THOMPSON et al., 1997).<br />
Assim, resumido, pode-se repetir o relato de BSOUL et al. (2002),<br />
descrevendo que o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> ocorre freqüentemente na região molares<br />
inferiores, normalmente impactados e parcialmente erupcionados, sendo comum o<br />
envolvimento do terceiro molar. A lesão é usualmente localizada por vestibular ou<br />
distal. Nos terceiros molares é comum obter histórico de uma ou mais ocorrências de<br />
pericoronarites. Pacientes com <strong>cisto</strong>s envolvendo primeiro e segundo molar na<br />
mandíbula tem indícios de dor, inchaço, e uma bolsa periodontal profunda. Em<br />
poucos casos tem ocorrência em outra parte da mandíbula ou maxila.<br />
As características radiográficas deste <strong>cisto</strong> são variáveis. É comum ser<br />
relatado como uma radiolucidez unilocular bem delimitada, relacionando-se com a<br />
face distal do dente, isto quando envolve o terceiro molar inferior (ANEXO 2, FIG. 5;<br />
ANEXO 3, FIG. 10 e ANEXO 4, FIG. 12) Apesar da radiografia nem sempre<br />
100
demonstrar evidência do envolvimento vestibular, este deve ser considerado<br />
(CRAIG, 1976) ou suspeitado pelos estudos já realizados.<br />
O <strong>cisto</strong> também pode ser observado radiograficamente sobrepondo a raiz<br />
do elemento dental envolvido, e ou atingindo a região de furca, e ou envolvendo<br />
completamente esta raiz do dente, e ou apresentando extensão para inferior abaixo<br />
dos limites das raízes (ANEXO 2, FIG. 4, ANEXO 3, FIG. 11; ANEXO 4, FIG. 12 e<br />
ANEXO 9, FIG. 23, 24). É incomum ser relatado na face mesial e é considerado raro<br />
na face lingual (FREIRE-FILHO, 2001). Quando o <strong>cisto</strong> envolve a raiz do molar<br />
inferior e seus limites inferiores, geralmente é observada fina linha radiopaca<br />
côncava delimitava estes limites (ANEXO 2, FIG. 4, ANEXO 3, FIG. 11; ANEXO 4,<br />
FIG. 12, ANEXO 9, FIG. 23, 24). O espaço para o ligamento periodontal e a lâmina<br />
dura geralmente estão intactos e contínuos, mas pode haver perda de<br />
radiopacidade, sendo as corticais atenuadas e dificultado a interpretação .<br />
O tamanho da imagem radiolúcida apresenta uma variação de 0,6 até 2,5<br />
cm, apresentando um diâmetro médio de 1,2 cm (ANEXO 1, FIG. 2; ANEXO 2, FIG.<br />
4, 5; ANEXO 3, FIG. 10, 11, ANEXO 4, FIG. 12, ANEXO 9, FIG. 23, 24; ANEXO 12<br />
FIG. 34; ANEXO 13, FIG. 35 e 36). A lesão apresentou vários graus de extensão<br />
dependendo do tamanho da lesão (POMPURA et al., 1997). Podem ocorrer<br />
deslocamentos dos dentes adjacentes ou das criptas de molares em<br />
desenvolvimento (ANEXO 5, FIG. 16 e ANEXO 13, FIG. 35). Também foram<br />
relatados deslocamentos do canal mandibular. Mas em nenhum estudo é relatado o<br />
rompimento ou perfuração da borda inferior da mandíbula.<br />
Os dentes usualmente se apresentaram hígidos e com estrutura normal.<br />
Em alguns casos foram observados a reabsorção radicular no dente adjacente<br />
(MURILLO & MARTINEZ, 1997; SILVA et al., 2003) (ANEXO 12, FIG. 34).<br />
101
Com freqüência nos casos que atingem o primeiro molar inferior e em<br />
alguns que atingem o segundo molar inferior é observada na radiografia oclusal uma<br />
reação periostal com simples ou múltiplas camadas de deposição óssea.<br />
A periostite ossificante é uma reação comum na faixa etária média de 13<br />
anos de idade, representando uma reação periostal a presença de uma inflamação.<br />
A causa mais freqüente é uma doença periapical inflamatória, mas também tem sido<br />
relatada em infecções periodontais (NEVILLE et al., 2002) A reação periostal, a<br />
localização da lesão e a faixa etária do paciente foram argumentos para diversos<br />
autores justificarem um reconhecimento de entidades patológicas distintas entre o<br />
<strong>cisto</strong> que ocorre na região dos terceiros molares inferiores e na região de primeiro e<br />
segundo molares inferiores. Este estudo considera que o achado da periostite<br />
ossificante quando, em especial, do envolvimento do primeiro molar inferior,<br />
associado com uma lesão infectada é um achado patológico previsto na literatura<br />
existente.<br />
Outros achados comuns na radiografia oclusal são: a presença da lesão,<br />
ou seja de radiolucidez por vestibular, os ápices do molar envolvido deslocados e<br />
inclinados para lingual. Este deslocamento do ápice para lingual, resultando na<br />
inclinação do elemento dentário pode resultar na observação da cúspide lingual com<br />
uma maior altura nas radiografias periapicais, ao contrário do que normalmente é<br />
observado.<br />
Em relação ao diagnóstico diferencial este estudo verificou que uma série<br />
de lesões devem lembradas durante a obtenção do diagnóstico clínico, sendo que o<br />
diagnóstico histopatológico pode revelar surpresas. Entre elas devem ser lembrados<br />
o cerato<strong>cisto</strong> odontogênico, o <strong>cisto</strong> periodontal lateral, o <strong>cisto</strong> radicular, o <strong>cisto</strong><br />
dentígero, o folículo dental, ameloblastoma, granuloma eosionófilo, ostemielite de<br />
102
Garrè, osteomielite aguda. Algumas lesões são descartadas através de um exame<br />
clínico adequado e outras somente são obtidas através do exame histopatológico<br />
O diagnóstico diferencial do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> com o ameloblastoma e o<br />
também cerato<strong>cisto</strong> odontogênico, é sempre descartada pelo exame histopatológico.<br />
O <strong>cisto</strong> periodontal lateral de desenvolvimento somente no caso de<br />
apresentar uma inflamação secundária, poderia apresentar um diagnóstico<br />
dificultado, mas geralmente os casos relatados não apresentam suporte para este<br />
diagnóstico pela localização incomum e faixa etária ser mais elevada no <strong>cisto</strong><br />
periodontal lateral.<br />
Em relação ao folículo dental e <strong>cisto</strong> dentígero, são alterações de<br />
desenvolvimento que ocorrem circundando as coroas dos dentes e estão aderidas<br />
na junção amelo-cementária. Quando o espaço folicular e a cortical em torno da<br />
coroa do dente estiverem perdidos, assim como, se o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> associado ao<br />
primeiro molar permanente ocorrer sobreposto na junção amelo-cementária, a<br />
interpretação pode ser dificultada. Entretanto, os autores afirmaram que o espaço e<br />
a cortical folicular, no <strong>cisto</strong> dentígero, geralmente se apresentam em um<br />
relacionamento normal com a coroa. O trabalho de DAMANTE & FLEURY (2001)<br />
demonstrou do cuidado especial que deve ser considerado quando se encontra ao<br />
exame radiográfico a presença do espaço pericoronário aumentado. Na maior parte<br />
dos casos em espaços pericoronários menores que 5,6 mm, segundo os autores o<br />
que se encontra é o folículo pericoronário inflamado.<br />
O granuloma eosinófilo dentro do processo alveolar produz uma perda<br />
óssea similar à perda óssea periodontal, exceto quando o epicentro da lesão se<br />
localiza abaixo da crista alveolar. Produz a aparência de uma colherada, deixando<br />
uma borda de crista óssea superior a lesão. Uma reação periosteal pode ser<br />
103
observada e as raízes dos dentes podem ser reabsorvidas. Também uma esclerose<br />
periférica pode ser vista, mas esta tende a ser mais difusa do que a percebida no<br />
<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> (EL-MAGBOUL et al., 1993).<br />
Em relação aos <strong>cisto</strong>s radiculares, o teste de vitalidade quando positivo<br />
descarta o <strong>cisto</strong> radicular, porém deve-se estar atento a possibilidade de obtenção<br />
de um falso teste de vitalidade pulpar negativo, conforme relatado por SLATER<br />
(2002) e SILVA et al. (2003).<br />
Os trabalhos de classificação dos <strong>cisto</strong>s e tumores odontogênicos<br />
realizados pela Organização Mundial da Saúde enfatizaram que o <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong><br />
não apresenta achados histopatológicos específicos (KRAMER et al., 1998). As<br />
características histopatológicas descritas para esta lesão são de forma similares<br />
àquelas encontradas no <strong>cisto</strong> radicular inflamatório. Microscopicamente os <strong>cisto</strong>s<br />
paradentais apresentam uma cavidade patológica revestida por um epitélio<br />
estratificado acantótico não ceratinizado. Podem ser notadas proliferações em arco<br />
do epitélio cístico. A cápsula cística revela um tecido conjuntivo fibroso denso<br />
desordenado entremeado por um exuberante infiltrado inflamatório, geralmente do<br />
tipo mononuclear. Polimorfonucleares neutrófilos são mais freqüêntemente<br />
encontrados nos processos inflamatórios agudos. Outras características<br />
histopatológicas que podem ocorrer são focos de pigmentos de hemossiderina,<br />
cristais de colesterol, presença de células espumosas e corpúsculos de Russel<br />
(WOLF & HIETANEN, 1990; THOMPSON et al., 1997; SOUSA et al., 2001;<br />
TEREZHALMEY & MOORE, 2001; ARRIVABENE et al., 2004) (ANEXO 10, FIG. 26;<br />
ANEXO 11, FIG. 29, 30, 31 e ANEXO 12, FIG. 32 e 33).<br />
O tratamento do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> está na dependência do dente ao qual o<br />
molar está associado, seu grau de impacção e a presença de espaço na arcada<br />
104
dentária. Pelas razões anteriormente citadas quando o envolvimento com o terceiro<br />
molar, um dos tratamentos indicados é a enucleação cística juntamente com a<br />
remoção do dente. (FOWLER & BRANNON, 1989). Isto se à ausência de<br />
funcionalidade e o tipo de inclusão tornar irrelevante a sua permanência. Nos casos<br />
em que estão envolvidos os primeiros e segundos molares, este estudo esta de<br />
acordo com WOLF & HIETANEN (1990) e FREIRE-FILHO (2001) que o tratamento<br />
deva ser conservador, devido a importância destes dentes para oclusão do paciente.<br />
O tratamento consistiria em apenas enucleação e aguardar-se-ia a retomada do<br />
processo eruptivo do dente, com posterior correção ortodôntica de alguma inclinação<br />
ou tracionamento para a posição desejada.<br />
É importante salientar que GOMEZ et al. (2001) relataram um caso de<br />
<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> que apresentou regressão espontânea durante o processo<br />
fisiológico de erupção do dente envolvido, sugerindo dessa forma, que a realização<br />
de qualquer tipo de tratamento mais invasivo poderia ser aguardada caso haja<br />
possibilidade de erupção do dente (ANEXO 13, FIG. 36).<br />
A lesão tem um bom prognóstico e raramente recidiva. Este estudo<br />
ressalta a importância do tratamento adequado dos casos de pericoronarite, e da<br />
atenção aos cuidados de higiene bucal em dentes com erupção parcial, pois o <strong>cisto</strong><br />
<strong>paradental</strong> pode ser prevenido.<br />
105
5. CONCLUSÃO<br />
Os nossos achados permitiram as seguintes conclusões:<br />
O <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é uma entidade patológica distinta com sua<br />
etiopatogênese, características clínicas, radiográficas e histopatológicas bem<br />
estabelecidas. A falta de conhecimento da existência do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> tem levado<br />
a erros de diagnóstico e de tratamento, causados pela semelhança de seus diversos<br />
parâmetros com outras patologias. O termo <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> adotado pela OMS<br />
(1992) é o mais adequado para descrever a lesão e já é amplamente reconhecido.<br />
Cisto colateral inflamatório, <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> inflamatório, <strong>cisto</strong> mandibular<br />
vestibular infectado, <strong>cisto</strong> da bifurcação vestibular são a mesma entidade patológica<br />
e devem ser considerados sinônimos de <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>. O <strong>cisto</strong> mandibular<br />
infectado ou <strong>cisto</strong> da bifurcação vestibular pode ser considerado uma variante do<br />
<strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong>, mas não uma entidade patológica distinta.<br />
A origem epitelial do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> ainda não esta bem esclarecida,<br />
parecendo estar relacionada ao epitélio reduzido do órgão do esmalte ou epitélio<br />
crevicular. Mas no atual momento ainda não pode ser descartada a hipótese de<br />
origem nos restos epiteliais de Malassez.<br />
A <strong>etiologia</strong> do <strong>cisto</strong> <strong>paradental</strong> é inflamatória. Esta relacionada a<br />
impacção de alimentos e microorganismos, em especial, na região de terceiros<br />
molares inferiores com erupção parcial resulta em um quadro patológico de<br />
pericoronarite. A projeção cervical de esmalte na junção cemento esmalte não é o<br />
fator causal da lesão e sim um fator que pode ser facilitador ou predispor a impacção<br />
de alimentos e microorganismos.<br />
106
A incidência do <strong>cisto</strong> em relação a outras lesões císticas ou semelhantes<br />
a <strong>cisto</strong>s nos maxilares é baixa na faixa de 1%. A faixa etária do paciente esta<br />
relacionada com a época de erupção do dente envolvido. Pode se manifestar<br />
assintomático ou com sintomatologia dolorosa. Em relação aos sinais é comum a<br />
identificação de exudato purulento.<br />
Em relação às características radiográficas, quando envolve o terceiro<br />
molar inferior é comum encontrar uma radiolucidez unilocular bem delimitada na face<br />
distal do dente. A radiolucidez também pode sobrepor à raiz e ou atingir a região de<br />
furca e ou envolver a raiz do dente e ou apresentar extensão inferior, abaixo dos<br />
limites das raízes. Quando a lesão é associada ao primeiro ou segundo molar<br />
inferior o exame radiográfico oclusal merece uma atenção especial, sendo<br />
observada uma radiolucidez vestibular em relação ao dente envolvido, que<br />
apresenta seus ápices deslocados para lingual, é comum o achado radiográfico de<br />
periostite ossificante.<br />
Apesar das características clínicas e radiográficas próprias, muitas lesões<br />
participam do diagnóstico diferencial, entre elas o folículo dental inflamado, <strong>cisto</strong><br />
radicular, <strong>cisto</strong> dentígero, <strong>cisto</strong> periodontal lateral, cerato<strong>cisto</strong> odontogênico,<br />
ameloblastoma unicístico, osteomielite de Garrè e o granuloma eosinófilo.<br />
As características histopatológicas são semelhantes ao <strong>cisto</strong> radicular.<br />
O tratamento pode ser conservador e o prognóstico é bom, sendo que<br />
muitas lesões podem ser prevenidas, se houver o tratamento adequado da<br />
pericoronarite.<br />
107
ABSTRACT<br />
The purpose of this study is to analyze the literature of the <strong>paradental</strong> cyst,<br />
presenting a detailed review in relation to the etiology, clinic, radiographic<br />
characteristic, differential diagnostic, histopathological features, treatment and<br />
prognostic. The study defines the <strong>paradental</strong> cyst as odontogenic inflammatory origin<br />
mainly occurring in the vestibular region and or distal, rarely in the mesial region of<br />
the lower vital molar. The lesion can be extended for periapical region, provided that<br />
the bigger frequency is the cases that appear in the third lower molar partially<br />
outbroken and impelled, with the history of recurrent pericoronaritis and absence of<br />
generalized periodontal illness. The lesion can be presented as a subclinical infection<br />
only confirmed histological, but the history of pericoronaritis and or presence of<br />
signals and inflammatory symptoms are common. The radiographic characteristics<br />
show small dependent variations of the localization of the lesion in the third lower<br />
molar, and when associated with the first lower molar is common to find ossifying<br />
periostitis. The mandibular infected buccal cyst can be considered a variant but not a<br />
separate pathological entity of the <strong>paradental</strong>. The study suggests that some<br />
<strong>paradental</strong> cysts have been characterized as other denominations or even with<br />
incorrect diagnosis. The epithelial origin of this cyst isn’t completely clarified yet,<br />
moreover it foments other quarrels. Several approaches are being verified regarding<br />
to the treatment and the maintenance of the involved tooth and others with the<br />
exodontics of the involved dental element presenting changeable justifications<br />
related to the localization and the distinguishing diagnosis. The study concludes that<br />
the acquirements of the physiopathology differential diagnosis of the lesion,<br />
independent of its nomenclature, is primordial, through clinical and radiographic<br />
characteristics to obtain a correct diagnosis and consequently the most adequate<br />
and conservative treatment possible.<br />
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114
Anexos
ANEXO 1<br />
FIGURA 1 - Lesão denominada <strong>cisto</strong> oculto pelo autor.<br />
FONTE: CONKLIN (1974)<br />
FIGURA 2 - Lesão denominada de <strong>cisto</strong><br />
dentígero<br />
autores<br />
lateral pelos<br />
FONTE: STAFNE & GIBILISCO (1982)<br />
FIGURA 3 - Lesão denominada de <strong>cisto</strong><br />
dentígero lateral pelos autores<br />
FONTE: STAFNE & GIBILISCO (1982)
FIGURA 4 - Aspecto Radiográfico Cisto<br />
Paradental<br />
FONTE: CRAIG (1976)<br />
FIGURA 6 - Aspecto Macroscópico Cisto<br />
Paradental<br />
FONTE: CRAIG (1976)<br />
ANEXO 2<br />
FIGURA 5 - Aspecto Radiográfico Cisto<br />
Paradental<br />
FONTE: CRAIG (1976)<br />
FIGURA 7 - Aspecto Macroscópico<br />
FONTE: ACKERMANN (1987)
FIGURA 8 - Aspecto Macroscópico<br />
(WHO,1992)<br />
FONTE: KRAMER et al. (1992)<br />
FIGURA 10 - 3º Molar - Aspecto<br />
Radiográfico<br />
FONTE: VEDFTOFTE & PRAETORIUS (1989)<br />
ANEXO 3<br />
FIGURA 9 - Aspecto Macroscópico<br />
FONTE: MURILLO & MARTINEZ (1997)<br />
FIGURA 11 - 3º Molar - Aspecto<br />
Radiográfico<br />
FONTE: VEDFTOFTE & PRAETORIUS (1989)
FIGURA 12 - 3º Molar - Aspecto<br />
Radiográfico<br />
FONTE: MURILLO & MARTINEZ (1997)<br />
ANEXO 4<br />
FIGURA13 - 2º Molar - Aspecto Radiográfico<br />
FONTE: STONEMAN & WORTH (1983)<br />
FIGURA 14 - 2º Molar - Vista oclusal<br />
FONTE: STONEMAN & WORTH (1983)
FIGURA 15A - 1º Molar - Aspecto<br />
Radiográfico<br />
FONTE: TRASK et al. (1985)<br />
ANEXO 5<br />
FIGURA 15B - 1º Molar - Vista Oclusal<br />
FONTE: TRASK et al. (1985)<br />
FIGURA 16 - 2º Molar - Aspecto Radiográfico<br />
Deslocamento do 3º molar em<br />
desenvolvimento<br />
FONTE: VEDFTOFTE & PRAETORIUS (1989)
FIGURA 17A - 1º Molar - Aspecto<br />
Radiográfico<br />
FONTE: VEDFTOFTE & PRAETORIUS<br />
(1989)<br />
ANEXO 6<br />
FIGURA 17B - 1º Molar - Vista Oclusal<br />
FONTE: VEDFTOFTE & PRAETORIUS (1989)<br />
FIGURA 18 - 1º Molar - Vista Oclusal<br />
FONTE: DAVID et al. (1998)
ANEXO 7<br />
FIGURA 19 - 1º Molar Cisto mandibular vestibular infectado Caso Clínico<br />
FONTE: STONEMAN & WORTH (1983)<br />
FIGURA 20 - Vista oclusal<br />
FONTE: STONEMAN & WORTH (1983)
FIGURA 21 - Região globulomaxilar<br />
FONTE: VEDFTOFTE & HOLMSTRUMP (1989)<br />
ANEXO 8<br />
FIGURA 22A - Região de premolares<br />
inferiores<br />
FONTE: CAMARDA et al. (1989)<br />
FIGURA 22B - Região de premolares inferiores<br />
FONTE: CAMARDA et al. (1989)
ANEXO 9<br />
FIGURA 23 - Cisto <strong>paradental</strong> bilateral<br />
FONTE: VEDFTOFTE & PRAETORIUS (1989)<br />
FIGURA 24 - Cisto <strong>paradental</strong> bilateral<br />
FONTE LIM & PECK (2002)
FIGURA 26 - Histopatologia Origem<br />
Epitelial<br />
FONTE: CRAIG (1976)<br />
ANEXO 10<br />
FIGURA 25 - Histopatologia Origem Epitelial<br />
FONTE: CRAIG (1976)<br />
FIGURA 27 - Histopatologia Origem Epitelial<br />
FONTE: ACKERMANN et al. (1987)
FIGURA 28 - Histopatológico Origem Epitelial<br />
FONTE: ACKERMANN et al. (1987)<br />
FIGURA 30 - Histopatologia<br />
FONTE: FOWLER & BRANNON (1989)<br />
ANEXO 11<br />
FIGURA 29 - Histopatologia<br />
FONTE: CRAIG (1976)<br />
FIGURA 31 - Ampliação da FIG. 30<br />
FONTE: FOWLER & BRANNON (1989)
FIGURA 32 - Histopatologia (c-cristais de<br />
colesterol)<br />
FONTE: MURILLO & MARTINEZ (1997)<br />
ANEXO 12<br />
FIGURA 34 - Diagnóstico diferencial com <strong>cisto</strong> radicular<br />
FONTE: SILVA et al. (2003)<br />
FIGURA 33 - Histopatologia, Proliferação de<br />
epitélio escamoso estratificado<br />
com intenso infiltrado<br />
inflamatório misto<br />
FONTE: COLGAN et al. (2002)
ANEXO 13<br />
FIGURA 35 - Caso clínico bilateral com regressão do <strong>cisto</strong> em 15 meses sem<br />
necessidade de intervenção ou tratamento<br />
FONTE: DAVID et al. (1998)<br />
FIGURA 36 - Regressão espontânea do <strong>cisto</strong> em 8 meses<br />
FONTE: GOMEZ et al. (2001)