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o feminino e o masculino na obra macbeth, de william ... - Unioeste

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II Seminário Nacio<strong>na</strong>l em Estudos da Linguagem: 06 a 08 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2010<br />

Diversida<strong>de</strong>, Ensino e Linguagem UNIOESTE - Cascavel / PR<br />

O FEMININO E O MASCULINO NA OBRA MACBETH, DE WILLIAM<br />

SHAKESPEARE<br />

ISSN 2178-8200<br />

ROSA, Mônica Ransolin (G – UNIOESTE)<br />

POLIDÓRIO, Valdomiro (UNIOESTE)<br />

RESUMO: Nascido em Stratford-Upon-Avon, Inglaterra, William Shakespeare (1564-<br />

1616) é autor <strong>de</strong> <strong>obra</strong>s que constam <strong>de</strong>ntre os maiores clássicos da literatura universal.<br />

Em Macbeth, Shakespeare tece perso<strong>na</strong>gens intrigantes numa trama repleta <strong>de</strong> ambição,<br />

traições e culpa. O protagonista, Macbeth, <strong>de</strong>para-se, certo dia, com três estranhas<br />

figuras a profetizar: “Salve Macbeth; aquele que no futuro será rei.” (Ato I, ce<strong>na</strong> III) Ao<br />

tomar conhecimento da profecia, a esposa da perso<strong>na</strong>gem, Lady Macbeth, tem sua<br />

ambição <strong>de</strong>spertada. No entanto, ela vive numa socieda<strong>de</strong> patriarcal, <strong>de</strong> modo que nem<br />

tudo o que <strong>de</strong>seja lhe é permitido executar. Assim, a solução é persuadir o marido <strong>de</strong><br />

modo que ele efetue as ações cerceadas à esposa, <strong>de</strong>vido a sua condição femini<strong>na</strong>. Neste<br />

trabalho, observar-se-á os efeitos i<strong>de</strong>ológicos patriarcais vigentes no contexto imediato<br />

do autor <strong>de</strong> Macbeth, os quais se fazem presentes tanto no discurso que <strong>de</strong>nigre a<br />

mulher, tomando-a como frágil e inferior, quanto no que busca e<strong>na</strong>ltecer e trazer à<br />

figura masculi<strong>na</strong> certo grau <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> honra à sua condição <strong>de</strong><br />

homem. Ver-se-á ainda, <strong>de</strong> que maneiras o discurso <strong>de</strong> valorização do <strong>masculino</strong> em<br />

<strong>de</strong>trimento do <strong>feminino</strong> está presente <strong>na</strong>s falas das perso<strong>na</strong>gens e, <strong>de</strong> que modo tal<br />

discurso reflete os preceitos das eras Elisabeta<strong>na</strong> e Jacobi<strong>na</strong>.<br />

PALAVRAS-CHAVE: Socieda<strong>de</strong> Patriarcal; Linguagem; Persuasão; Representação do<br />

Homem versus Mulher.<br />

1 - Introdução<br />

Gover<strong>na</strong>da por uma mulher, para a surpresa dos mais conservadores, a Inglaterra<br />

dos dias <strong>de</strong> Shakespeare, gozava da estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um governo <strong>de</strong> 45 anos. Mesmo<br />

assim, Elisabeth I percebeu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emprenhar-se <strong>na</strong> edificação <strong>de</strong> sua imagem<br />

pública, e por vezes, conforme se verá a frente, adotou para si expressões andróge<strong>na</strong>s<br />

como “príncipe” e “coração <strong>de</strong> rei”.<br />

De acordo com Laurie Rozakis (2002) em sua <strong>obra</strong> Tudo sobre Shakespeare,<br />

“hierarquia” era a palavra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m durante a era Elizabeta<strong>na</strong>. A estratificação da<br />

socieda<strong>de</strong> fora estabelecida por Deus, <strong>de</strong> acordo com o postulado pela Igreja Anglica<strong>na</strong>.<br />

Assim, aceitar que o homem se configura, por direito, superior à mulher, era <strong>na</strong>da mais<br />

do que uma questão <strong>de</strong> fé, sem possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> subversão da or<strong>de</strong>m imposta pelo<br />

Soberano.


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Com a morte <strong>de</strong> Elisabeth I, em 1603, sobe ao trono Jaime I, que já havia sido<br />

proclamado rei da Escócia. Jaime <strong>de</strong>u continuida<strong>de</strong> à “Era Dourada” do drama e da<br />

literatura, que se iniciou <strong>na</strong> era <strong>de</strong> Elisabeth I.<br />

No tocante à era Jacobi<strong>na</strong>, Kermo<strong>de</strong> Frank (2006) comenta em A linguagem <strong>de</strong><br />

Shakespeare que Macbeth contempla em seu enredo alguns dos interesses <strong>de</strong> Jaime I,<br />

como a <strong>de</strong>monologia, conforme as palavras <strong>de</strong> Banquo: “Ora, po<strong>de</strong> pois o <strong>de</strong>mônio falar<br />

a verda<strong>de</strong>?” (Ato I Ce<strong>na</strong> III) 1 ; e a segurança pessoal, referida por possíveis alusões da<br />

<strong>obra</strong> à chamada “Conspiração da Pólvora”.<br />

Nesse contexto, é tecida a trama <strong>de</strong> Macbeth. Assim, será foco <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong>ste<br />

artigo como Shakespeare lapidou as figuras do <strong>feminino</strong> e do <strong>masculino</strong> <strong>na</strong> referida<br />

<strong>obra</strong>. Para tanto, é <strong>de</strong> importância expressiva a consi<strong>de</strong>ração do entorno social e político<br />

do autor <strong>na</strong> Inglaterra <strong>de</strong> fins do século XVI e início do XVII.<br />

Tanto durante o rei<strong>na</strong>do <strong>de</strong> Elisabeth I, quanto o <strong>de</strong> Jaime I, a mulher <strong>de</strong>sfrutava,<br />

em alguma medida, <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, assim como confirmam as palavras <strong>de</strong> An<strong>na</strong> Stegh<br />

Camati, do Centro <strong>de</strong> Estudos Shakespeareanos:<br />

Nos rei<strong>na</strong>dos da rainha Elisabete I (1558-1603) e do rei Jaime I (1603-<br />

1625), as mulheres inglesas gozavam <strong>de</strong> maior liberda<strong>de</strong> do que suas<br />

irmãs <strong>na</strong> Europa continental. Os viajantes que vinham do estrangeiro<br />

ficavam surpresos com o comportamento <strong>de</strong>las, que não eram<br />

confi<strong>na</strong>das em casa como <strong>na</strong> Espanha e em outros países: além das<br />

igrejas, elas tinham permissão <strong>de</strong> freqüentar outros lugares públicos,<br />

tais como mercados, feiras e teatros, on<strong>de</strong> se constituíam em uma<br />

parte importante dos espectadores. (CAMATI, 1008, p. 5)<br />

Ainda assim, conforme condicio<strong>na</strong>do pelo sistema vigente, a figura do homem<br />

continuava sobrepujando a da mulher. Ver-se-á, neste estudo, como conceitos<br />

patriarcais circundam os discursos das perso<strong>na</strong>gens, sobretudo, as falas <strong>de</strong> Lady<br />

MacBeth ao persuadir o marido em cometer o assassi<strong>na</strong>to do rei Duncan.<br />

2 - A Fragilida<strong>de</strong> e Negação do Feminino<br />

1 Convencio<strong>na</strong>r-se-á neste trabalho, para as citações <strong>de</strong> Macbeth, indicar ape<strong>na</strong>s o ato e a ce<strong>na</strong> da<br />

qual foram extraídas.<br />

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O Sol ainda não se pôs, mas trovões ajudam a compor a atmosfera sinistra sob a<br />

qual se encontram três figuras “murchas e claudicantes e tão fantásticas e <strong>de</strong>svairadas<br />

em seus trajes a ponto <strong>de</strong> não parecerem habitantes da terra [...]” (Ato I, ce<strong>na</strong> III).<br />

Ao mesmo tempo, Banquo e Macbeth, capitães do exército escocês, acabam <strong>de</strong><br />

saborear sangrenta vitória contra homens noruegueses. A caminho <strong>de</strong> Forres, os dois<br />

bravos encontram as figuras inicialmente <strong>de</strong>scritas.<br />

É nesse o contexto que se engendra a tragédia tecida por Shakespeare. Em tom<br />

sombrio e misterioso, as moiras revelam aquilo que ajudaria a <strong>de</strong>spertar em Macbeth<br />

gran<strong>de</strong> ambição: ele seria, no futuro, rei. No entanto, não <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> mencio<strong>na</strong>r as três<br />

irmãs que Banquo conquistaria maior po<strong>de</strong>r, já que seus filhos alcançariam, também, o<br />

status mais elevado da coroa.<br />

A partir <strong>de</strong> então, o enredo volta-se para o castelo do futuro rei e se apresenta ao<br />

leitor Lady Macbeth, a esposa ambiciosa e provocadora, qualida<strong>de</strong>s que por si só já<br />

excediam os mol<strong>de</strong>s da época – haja vista a perso<strong>na</strong>gem Gertru<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> Hamlet, que<br />

submissa não só ao pai, mas também ao irmão, configura-se o exato exemplo <strong>de</strong><br />

perso<strong>na</strong>gem femini<strong>na</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> patriarcal. Por conta <strong>de</strong> sua própria<br />

ambição, Lady Macbeth incita e faz <strong>de</strong>sabrochar no marido os mesmos anseios <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

que ela mesma alimenta.<br />

Embora seja edificada aqui uma perso<strong>na</strong>gem femini<strong>na</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância <strong>na</strong><br />

trama, observa-se claramente o conceito <strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste sexo, conforme exter<strong>na</strong>do<br />

<strong>na</strong>s palavras <strong>de</strong> Macduff, cavaleiro da escócia, dirigidas a Lady Macbeth no momento<br />

em que <strong>de</strong>scobre que o rei Duncan morrera: “Ah, gentil dama, a senhora não po<strong>de</strong> ouvir<br />

o que sei. As palavras que posso pronunciar, se caídas em ouvidos <strong>feminino</strong>s, po<strong>de</strong>riam<br />

matar.” (Ato II, ce<strong>na</strong> III).<br />

Conforme já mencio<strong>na</strong>do, <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> elisabeta<strong>na</strong>-jacobi<strong>na</strong> imperava a<br />

reputação <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong> da figura da mulher. Camati ainda afirma:<br />

Havia toda uma série <strong>de</strong> preconceitos com relação à mulher, como<br />

revela a criação das estruturas <strong>de</strong> pensamento binárias, cultivadas<br />

pelo po<strong>de</strong>r patriarcal, sempre ávido em assegurar a hegemonia<br />

masculi<strong>na</strong>. A mulher era consi<strong>de</strong>rada fraca, passiva, submissa,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, falsa e volúvel, <strong>de</strong>ixando-se guiar <strong>de</strong>masiadamente pela<br />

emoção; em contrapartida, o homem era visto como o exato oposto:<br />

forte, ativo, domi<strong>na</strong>dor, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, sincero e verda<strong>de</strong>iro, orientado<br />

pela razão. (CAMATI, 2008, p. 5)<br />

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Nesse contexto, Shakespeare lapida uma perso<strong>na</strong>gem femini<strong>na</strong> multifacetada.<br />

Dando vez e voz à Lady Macbeth, o autor revela-se atemporal, compreen<strong>de</strong>ndo as<br />

ansieda<strong>de</strong>s femini<strong>na</strong>s e insatisfações quanto aos estereótipos impostos.<br />

Assim, a perso<strong>na</strong>gem apresenta-se, por vezes, superior ao marido, <strong>de</strong> acordo<br />

com Polidório (2009) em seu artigo A Figura Femini<strong>na</strong> <strong>na</strong>s Tragédias Hamlet,<br />

Macbeth, Otelo e Rei Lear. O momento da peça em que essa superiorida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> modo<br />

especial evi<strong>de</strong>nte refere-se ao diálogo que suce<strong>de</strong> o assassi<strong>na</strong>to do rei Duncan, quando<br />

Macbeth não tem coragem <strong>de</strong> passar sangue nos lacaios para incriminá-los. A aspirante<br />

a rainha dirige-se então ao marido como “fraco”.<br />

Em contrapartida, os preceitos da época impe<strong>de</strong>m que Lady Macbeth, em sua<br />

condição <strong>de</strong> mulher, erga-se ditadora, or<strong>de</strong><strong>na</strong>ndo o que quer que o marido faça. Assim,<br />

a perso<strong>na</strong>gem oculta a realida<strong>de</strong> e a transforma, engenhosa, num jogo <strong>de</strong> palavras<br />

recheado <strong>de</strong> segundas intenções, conforme observar-se-á a frente.<br />

Nesse sentido, Maria Ester Vargas (2010), traça um paralelo entre as figuras <strong>de</strong><br />

Elisabeth I e Lady Macbeth. Para a autora, ambas percebem que sua condição <strong>de</strong> mulher<br />

ergue-se como empecilho para a efetivação <strong>de</strong> suas ambições.<br />

No excerto que segue, Lady <strong>macbeth</strong> pe<strong>de</strong> que tenha o seu sexo trocado. Este<br />

fato ilustra a consciência da perso<strong>na</strong>gem no que diz respeito às limitações que lhe são<br />

impostas <strong>de</strong>vido ao sexo ao qual pertence:<br />

Vin<strong>de</strong> vós, espíritos que sabem escutar os pensamentos mortais,<br />

liberai-me aqui <strong>de</strong> meu sexo e preenchei-me, da cabeça aos pés, com<br />

a mais medonha cruelda<strong>de</strong>, até haver ela <strong>de</strong> mim tomado conta. Que<br />

o meu sangue fique mais grosso, que se obstrua o acesso, a passagem,<br />

para o remorso, que nenhuma visitação compungida da Natureza<br />

venha perturbar meu feroz objetivo ou estabelecer mediação entre<br />

este meu objetivo e seu efeito. Vin<strong>de</strong> vós aos meus seios <strong>de</strong> mulher e<br />

sugai meu leite, que agora é fel, vós, vossa invisível matéria, aten<strong>de</strong>is<br />

às vis turbulências da Natureza. (Ato I, ce<strong>na</strong> V)<br />

Lady Macbeth suplica nesta ce<strong>na</strong> que se torne homem para que lhe seja<br />

concedida a permissão e a coragem suficiente a fim <strong>de</strong> induzir o marido a cometer o<br />

assassi<strong>na</strong>to do rei Duncan. Po<strong>de</strong>-se afirmar ainda, que há uma espécie <strong>de</strong> pacto<br />

realizado entre a perso<strong>na</strong>gem e os espíritos malignos. Uma vez realizado o pacto,<br />

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expurga-se Lady Macbeth das amarras da fragilida<strong>de</strong> femini<strong>na</strong> e tor<strong>na</strong>-se possível o<br />

regicídio.<br />

Nesse tocante, Maria L. Howell (2008), em Manhood and masculine i<strong>de</strong>ntity in<br />

William Shakespeare´s The tragedy of Macbeth afirma que “[…] Lady Macbeth´s <strong>de</strong>sire<br />

to be a man […] is seen as a transcen<strong>de</strong>nce of feminine and fragile <strong>na</strong>ture.” (HOWELL,<br />

2008, p.15)<br />

Paralelamente, tem-se no discurso <strong>de</strong> Elisabeth I às tropas que lutaram contra a<br />

Spanish Armada essa mesma ânsia por características masculi<strong>na</strong>s em <strong>de</strong>trimento dos<br />

rótulos <strong>feminino</strong>s:<br />

I have the body of a weak and feeble woman, but I have the heart and<br />

stomach of a king, and of a king of England too; and I think foul<br />

scorn that Parma or Spain or any Prince of Europe, should dare to<br />

inva<strong>de</strong> the bor<strong>de</strong>rs of my realm; to which, rather than any dishonour<br />

should grow by me, I myself will take up arms; I myself will be your<br />

general, judge and rewar<strong>de</strong>r of everyone of your virtues in the field.<br />

(ELISABETH I apud VARGAS s.d.)<br />

Observa-se nitidamente, tanto <strong>na</strong>s palavras <strong>de</strong> Lady Macbeth quanto <strong>na</strong>s <strong>de</strong><br />

Elisabeth I a auto-consciência <strong>de</strong> que a condição femini<strong>na</strong> configura-se como entrave<br />

para a conquista <strong>de</strong> suas ambições, haja vista os preceitos da época com relação ao sexo<br />

<strong>feminino</strong>.<br />

Em harmonia com este pensamento, Howell (2008, p. 11) ainda afirma: “The<br />

body was not only signifier of sexual disparity in the sixteenth century, it served as an<br />

anology for gen<strong>de</strong>r of sexual difference in which the subordi<strong>na</strong>ted status of the female<br />

was a manifestation of her social and political inequality.”<br />

Tal i<strong>de</strong>ologia po<strong>de</strong> ser apontada não ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> auto-consciência da fragilida<strong>de</strong><br />

femini<strong>na</strong> que exter<strong>na</strong> Lady Macbeth, mas também <strong>na</strong>s palavras do próprio Macbeth,<br />

conforme transcritas:<br />

Assume qualquer forma, menos essa tua, e meus nervos firmes jamais<br />

pa<strong>de</strong>cerão <strong>de</strong> medo. Ou então, aparece-me vivo <strong>de</strong> novo e <strong>de</strong>safia-me<br />

com tua espada para que nos <strong>de</strong>frontemos em lugar <strong>de</strong>serto. Se este<br />

corpo que abriga o meu ser puser-se então a tremer, apregoa aos<br />

quatro ventos que não sou mais que uma mocinha. Afasta-te, sombra<br />

medonha, arremedo <strong>de</strong> fantasma, some-te daqui! (Ato III, ce<strong>na</strong> IV) –<br />

(Grifo meu)<br />

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Na referida ce<strong>na</strong>, Macbeth confronta-se com o fantasma <strong>de</strong> Banquo, após o<br />

assassi<strong>na</strong>to do mesmo. É digno <strong>de</strong> nota que, ao sentir medo, a perso<strong>na</strong>gem reluta em<br />

aceitar tal sentimento, tomando-o por sinônimo <strong>de</strong> covardia e associando-o à figura da<br />

mulher.<br />

Nesse respeito, Cristi<strong>na</strong> Léon Alfar (2003), em Fantasies of Female Evil: The<br />

Dy<strong>na</strong>mics of gen<strong>de</strong>r and Power in Shaskespearean Tragedy postula que Lady Macbeth<br />

– e se po<strong>de</strong>ria acrescentar também Macbeth – é produto <strong>de</strong> uma estrutura <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

machista e tirânica.<br />

Tem-se, portanto, que os comportamentos das perso<strong>na</strong>gens são <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos<br />

não ape<strong>na</strong>s biologicamente, mas também, para não dizer, sobretudo, pelos padrões<br />

culturais da época.<br />

3 - A valorização do <strong>masculino</strong><br />

Os efeitos i<strong>de</strong>ológicos patriarcais vigentes no contexto imediato do autor <strong>de</strong><br />

Macbeth são observáveis não ape<strong>na</strong>s no discurso que <strong>de</strong>nigre a mulher, mas também<br />

<strong>na</strong>quele que busca e<strong>na</strong>ltecer e trazer à figura masculi<strong>na</strong> certo grau <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> honra à sua condição <strong>de</strong> homem. Ver-se-á nesta parte do trabalho como essa<br />

concepção machista é exter<strong>na</strong>da por meio das falas das perso<strong>na</strong>gens.<br />

Na ce<strong>na</strong> <strong>de</strong>scrita a seguir, Lady Macduff recebe a notícia <strong>de</strong> que seu marido<br />

fugira para a Inglaterra; a esposa brada com indig<strong>na</strong>ção:<br />

Prudência? Abando<strong>na</strong>r a esposa, abando<strong>na</strong>r os filhos pequenos, a<br />

mansão e tudo o que <strong>de</strong> direito a ele pertence, num lugar <strong>de</strong> on<strong>de</strong> ele<br />

mesmo foge? Ele não nos ama. A ele faltam os instintos <strong>na</strong>turais. [...]<br />

Também, nenhuma é a prudência, quando uma fuga assim corre tão<br />

contra a razão. (Ato IV, ce<strong>na</strong> II)<br />

Este excerto confirma a valorização do casamento nos mol<strong>de</strong>s re<strong>na</strong>scentistas do<br />

século XVI e da figura do homem como a cabeça <strong>de</strong>sta instituição. Neste tocante,<br />

Rozakis afirma:<br />

Esperava-se que os maridos sustentassem suas famílias e fossem<br />

pacientes com a fragilida<strong>de</strong> e os <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> suas esposas. Por parte<br />

<strong>de</strong>stas, esperava-se que fossem meigas, pacientes e sere<strong>na</strong>s, dispostas<br />

a suportar tudo o que seus maridos aprontassem. O casamento era<br />

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muito mais do que uma parceria; era responsável pela sobrevivência<br />

da família. (ROZAKIS, 2002, p.23)<br />

Percebe-se claramente a confirmação dos mol<strong>de</strong>s patriarcais referentes à<br />

instituição do casamento <strong>na</strong> <strong>obra</strong> Macbeth. Polidório (2009, p. 5) explica que “Ao dizer<br />

que a „tarefa‟ do assassínio do Rei Duncan é uma incumbência <strong>de</strong> Macbeth, „o homem<br />

da casa‟, Lady Macbeth confirma o papel do homem nesta socieda<strong>de</strong> patriarcal.” –<br />

grifos do autor.<br />

Sagaz, Lady Macbeth vale-se <strong>de</strong>ste exato instrumento – a valorização da figura<br />

masculi<strong>na</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua socieda<strong>de</strong> – para manipular o marido a fim <strong>de</strong> levá-lo à<br />

execução do regicídio.<br />

É importante ressaltar aqui, que a ambição <strong>de</strong> Lady Macbeth ergue-se, conforme<br />

Nietzsche (2006) <strong>de</strong> maneira a não ape<strong>na</strong>s ansiar a valorização <strong>de</strong> sua própria pessoa,<br />

mas também <strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorizar a masculinida<strong>de</strong> do marido, tão importante para os mol<strong>de</strong>s<br />

da socieda<strong>de</strong> seiscentista.<br />

Nietzsche elenca em Humano, <strong>de</strong>masiado humano (2006) 638 características<br />

que se sobressaem como parte da <strong>na</strong>tureza huma<strong>na</strong>. Dentre elas, tem-se:<br />

Dois tipos <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>: A ânsia <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> se expressar tanto<br />

pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> rebaixar os outros até seu próprio nível (diminuindo,<br />

segregando, <strong>de</strong>rrubando) como pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> subir juntamente com<br />

os outros (reconhecendo, ajudando, alegrando-se com seu êxito).<br />

(NIETZSCHE, 2006, p.182) – (Grifo do autor)<br />

Lady Macbeth apresenta também esta ânsia que rebaixa, <strong>de</strong>nigre o outro. A isso,<br />

associa-se, como já dito, a consciência da perso<strong>na</strong>gem acerca da importância da<br />

confirmação da virilida<strong>de</strong> para o marido. Nesse tocante, o presente trabalho <strong>de</strong>bruçar-<br />

se-á pon<strong>de</strong>radamente no episódio do Ato I, ce<strong>na</strong> VII.<br />

Esta ce<strong>na</strong> se <strong>de</strong>senrola no castelo <strong>de</strong> Macbeth. Antes da chegada do rei Duncan<br />

com os seus acompanhantes, Lady Macbeth e seu esposo tramam, impelidos pela<br />

ambição, a morte do rei.<br />

Enquanto Duncan toma a refeição, gentilmente servida pelos anfitriões, Macbeth<br />

se retira em aposento resguardado com a esposa para ali, então, expor seu medo e<br />

possível <strong>de</strong>sistência em praticar o ato, tão engenhosamente outrora arquitetado.<br />

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Arguciosa e repleta <strong>de</strong> ambição, Lady Macbeth uso o próprio medo do marido<br />

contra ele, acusando-o <strong>de</strong> covar<strong>de</strong>. Ela o provoca e incita sua ânsia <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ao dizer:<br />

“Deixas que o teu „não me atrevo‟ fique adiando tua ação até que o teu „eu quero‟<br />

aconteça por milagre; como a gata, coitadinha, que queria comer o peixe mas não queira<br />

molhar a pata.” (Ato I, ce<strong>na</strong> VII)<br />

Com essas palavras, Lady Macbeth faz uma comparação cruel perante os<br />

preceitos da época; aproxima o marido à figura <strong>de</strong> uma gata, seguida do modificador<br />

“coitadinha”, posto no diminutivo, o que intensifica o tom <strong>de</strong> pieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>negrindo ainda<br />

mais a masculinida<strong>de</strong> do marido.<br />

Essa comparação da esposa é tão maldosa e eficaz que Macbeth, sem <strong>de</strong>mora, se<br />

pronuncia, como que em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> sua masculinida<strong>de</strong>, conforme se verifica <strong>na</strong>s<br />

palavras: “Imploro-te paz. Atrevo-me a fazer tudo o que é próprio <strong>de</strong> um homem”. (Ato<br />

I, ce<strong>na</strong> VII)<br />

Recorrendo mais uma vez a insinuações que tem respaldo <strong>na</strong> visão machista <strong>de</strong><br />

sua época, Lady Macbeth <strong>de</strong>clara: “Eras um homem! E, para seres mais do que eras,<br />

teria <strong>de</strong> ser muito mais homem.” (Ato I, ce<strong>na</strong> VII)<br />

Ela prossegue argumentando que, se fosse preciso, racharia a cabeça <strong>de</strong> um filho<br />

se assim o tivesse prometido. De qualquer maneira, honraria a sua palavra. Calculista e<br />

cruel, em nome do orgulho pessoal e ambição, a esposa argumenta assim com o marido,<br />

<strong>na</strong> tentativa <strong>de</strong> dissuadi-lo <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>sistência.<br />

Por fim, Macbeth recupera <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção em cumprir sua palavra <strong>de</strong> matar o rei,<br />

e dirige à esposa as seguintes palavras <strong>de</strong> reverência: “Teu ardor <strong>de</strong>stemido não <strong>de</strong>ve<br />

compor filhos que não sejam másculos.” (Ato I, ce<strong>na</strong> VII) Com essas palavras, a<br />

perso<strong>na</strong>gem corrobora com a visão patriarcal da era Jacobi<strong>na</strong>.<br />

Percebe-se ao longo <strong>de</strong> toda esta ce<strong>na</strong> que, para persuadir o marido, Lady<br />

Macbeth modaliza o seu discurso buscando atingir o emocio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Macbeth. Desse<br />

modo, po<strong>de</strong>-se enquadrar o discurso da perso<strong>na</strong>gem <strong>de</strong>ntro daquilo que Adilson Citelli<br />

(2006) chama <strong>de</strong> “Raciocínio Retórico”, conforme a justificativa:<br />

Há certa semelhança entre o dialético e o retórico, ape<strong>na</strong>s no último<br />

caso não se busca um convencimento racio<strong>na</strong>l, mas igualmente<br />

emotivo. O raciocínio retórico é capaz <strong>de</strong> atuar junto a mentes e<br />

corações, num eficiente mecanismo <strong>de</strong> envolvimento do receptor.<br />

(CITELLI, 2006, p. 20)<br />

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A seguir, em seu livro, Linguagem e persuasão (2006), o autor explica que as<br />

figuras <strong>de</strong> retórica são importantes recursos para pren<strong>de</strong>r a atenção do receptor.<br />

Percebe-se que Lady Macbeth faz uso <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>las, a comparação, ao dizer: “[...] como<br />

a gata, coitadinha, que queria comer o peixe mas não queira molhar a pata.” (Ato I, ce<strong>na</strong><br />

VII)<br />

Assim, a perso<strong>na</strong>gem confere um tom pejorativo à virilida<strong>de</strong> do marido ao passo<br />

que re<strong>de</strong>fine o campo <strong>de</strong> informação referente à figura do gato.<br />

Mas não ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong>s palavras da mulher encontra-se o reconhecimento da<br />

importância da masculinida<strong>de</strong> <strong>na</strong> era Jacobi<strong>na</strong>. Outras perso<strong>na</strong>gens também evi<strong>de</strong>nciam<br />

preocupação nesse respeito. É isso que se observa <strong>na</strong>s palavras <strong>de</strong> Macbeth: “Vamos<br />

rapidamente compor-nos em trajes que atestam nossa virilida<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>pois encontramo-<br />

nos no salão.” (Ato II, ce<strong>na</strong> III)<br />

Juntamente com a temática “aparência X realida<strong>de</strong>”, observa-se nessa ce<strong>na</strong>,<br />

novamente a importância <strong>de</strong> representar ser o mais viril possível. Aqui, para a<br />

perso<strong>na</strong>gem, a aparência revelaria a essência, já que estão as roupas diretamente<br />

relacio<strong>na</strong>das à virilida<strong>de</strong>.<br />

Enfim, toda a <strong>obra</strong> encontra-se recheada <strong>de</strong> expressões <strong>de</strong> valorização da figura<br />

do homem, tais como: “Seu filho [...] teve o heróico fim <strong>de</strong> um soldado. Viveu o<br />

suficiente para se tor<strong>na</strong>r um homem [...]” (Ato V, ce<strong>na</strong> VII), “Enfrente isso como um<br />

homem.” (Ato IV, ce<strong>na</strong> III) e “És homem ou não?” (Ato III, ce<strong>na</strong> IV) – (Os grifos são<br />

meus).<br />

Isso confirma a veracida<strong>de</strong> das palavras <strong>de</strong> Howell (2008, p. 5): “The<br />

formulation of gen<strong>de</strong>r and sexual notions of the body in the sixteenth century therefore<br />

reinforced the superiority of the male and consolidated patriarchy´s near-absolute<br />

authority over the female.” Assim, enten<strong>de</strong>-se, ainda com mais ênfase, <strong>de</strong> que maneira o<br />

entorno social das perso<strong>na</strong>gens condicio<strong>na</strong>, em gran<strong>de</strong> parte, as suas ações. Macbeth e a<br />

esposa agiam <strong>de</strong> acordo com os preceitos impostos por sua época.<br />

4 - Conclusão<br />

ISSN 2178-8200


II Seminário Nacio<strong>na</strong>l em Estudos da Linguagem: 06 a 08 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2010<br />

Diversida<strong>de</strong>, Ensino e Linguagem UNIOESTE - Cascavel / PR<br />

Têm-se em Macbeth uma <strong>obra</strong> atemporal. Não ape<strong>na</strong>s o leitor dos dias <strong>de</strong><br />

Shakespeare, mas também o leitor contemporâneo tem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tecer relações,<br />

intertextos entre a <strong>obra</strong> e o seu entorno social.<br />

Shakespeare evi<strong>de</strong>ncia sua consciência referente aos efeitos da estruturação<br />

patriarcal das socieda<strong>de</strong>s Elisabeta<strong>na</strong> e Jacobi<strong>na</strong> <strong>na</strong>s perso<strong>na</strong>gens que edificou. Percebe-<br />

se, assim, <strong>na</strong>s vozes, tanto dos homens como das mulheres, o discurso <strong>de</strong> valorização do<br />

<strong>masculino</strong> em <strong>de</strong>trimento do <strong>feminino</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>-se apontar esta i<strong>de</strong>ologia presente <strong>de</strong> duas maneiras diferentes em<br />

Macbeth. A primeira <strong>de</strong>las concerne ao estereótipo construído <strong>de</strong> que a mulher é ser<br />

frágil, inferior. No primeiro momento <strong>de</strong>ste trabalho, atentou-se para os discursos<br />

<strong>feminino</strong>s que explicitavam consciência <strong>de</strong> que alguns comportamentos lhes eram<br />

vedados. Ainda que Lady Macbeth quisesse agir, ela teria <strong>de</strong> fazê-lo por meio das ações<br />

do marido; não lhe era permitido executar seus <strong>de</strong>sejos, já que à sua perso<strong>na</strong>lida<strong>de</strong><br />

ambiciosa exter<strong>na</strong>va-se um corpo <strong>de</strong> mulher.<br />

É relacio<strong>na</strong>do a isso que se ergue o segundo momento <strong>de</strong>ste trabalho: não<br />

po<strong>de</strong>ndo agir sozinha, Lady Macbeth lapida seu discurso a fim <strong>de</strong> persuadir o marido à<br />

execução do assassi<strong>na</strong>to do rei. Viu-se que os preceitos patriarcais <strong>de</strong> exaltação do<br />

<strong>masculino</strong> encontram-se presentes em gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> suas falas. Desse modo, a<br />

perso<strong>na</strong>gem se vale dos conceitos seiscentistas, provocando o brio do marido <strong>de</strong> modo a<br />

conduzi-lo ao regicídio, realizado a contento.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ALFAR, Cristi<strong>na</strong> Léon. Fantasies of Female Evil: The Dy<strong>na</strong>mics of gen<strong>de</strong>r and Power<br />

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http://www.utp.br/eletras/ea/eletras16/texto/artigo_16_2.pdf. Acesso em 25/06/2010.<br />

CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. 16ª. Ed. São Paulo, Ática, 2006.<br />

FRANK, Kermo<strong>de</strong> A linguagem <strong>de</strong> Shakespeare. Tradução <strong>de</strong> Bárbara Heliodora Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro: Record, 2006.<br />

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HOWELL, Maria L. Manhood and masculine i<strong>de</strong>ntity in William Shakespeare´s The<br />

tragedy of Macbeth. Estover Road Plymouth PL6 7PY United Kindom. University Press<br />

of America: 2008.<br />

POLIDÓRIO, Valdomiro. A Figura Femini<strong>na</strong> <strong>na</strong>s Tragédias Hamlet, Macbeth, Otelo e<br />

Rei Lear. 2009. Disponível em:<br />

http://projetos.unioeste.br/eventos/cellip/moodle/mod/glossary/view.php?id=286<br />

Acesso em 25/06/2010.<br />

ROZAKIS, Laurie. Tudo sobre Shakespeare. Tradução <strong>de</strong> Tereza Tillet. Barueri – SP.:<br />

Editora Monole, 2002.<br />

SHAKESPEARE, William. Macbeth. Tradução <strong>de</strong> Beatriz Viégas-Faria. Porto Alegre:<br />

L&PM, 2009.<br />

VARGAS, Maria Ester. Lady Macbeth, ou a Luta entre a Natureza e a Vonta<strong>de</strong>. s.d.<br />

Disponível em: http://www.ipv.pt/millenium/16_arq2.htm Acesso em 25/06/2010.<br />

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