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Apostila de Aulas Práticas - UFF

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Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense<br />

Instituto biomédico<br />

Departamento <strong>de</strong> Microbiologia e Parasitologia<br />

<strong>Apostila</strong> <strong>de</strong> <strong>Aulas</strong> <strong>Práticas</strong><br />

Bacteriologia<br />

Nutrição<br />

Raquel <strong>de</strong> Souza Sant’Anna<br />

(Monitora da Disciplina <strong>de</strong> Bacteriologia em 2007)<br />

Aloysio <strong>de</strong> Mello Figueiredo Cerqueira<br />

(Professor Adjunto <strong>de</strong> Bacteriologia)<br />

2007


Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense<br />

Instituto biomédico<br />

Departamento <strong>de</strong> Microbiologia e Parasitologia<br />

Apresentação<br />

O aprendizado teórico e prático <strong>de</strong> microbiologia, incluindo a bacteriologia, é muito<br />

importante para o profissional da área <strong>de</strong> nutrição.<br />

As áreas <strong>de</strong> atuação em controle microbiológico <strong>de</strong> alimentos, treinamento <strong>de</strong><br />

manipuladores, tecnologia na produção <strong>de</strong> alimentos, entre outras, exigem um profundo<br />

conhecimento <strong>de</strong>sta disciplina.<br />

A apostila é o material <strong>de</strong> apoio às aulas práticas disponibilizado aos alunos. Esta contém<br />

explicações teóricas e práticas dos procedimentos a serem realizados em cada aula <strong>de</strong> forma<br />

clara e didática.<br />

A disciplina já possuía uma apostila <strong>de</strong> aulas práticas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001, mas é necessária<br />

constante renovação para que os assuntos sejam abordados <strong>de</strong> maneira atualizada e direta para<br />

<strong>de</strong>spertar o interesse dos alunos.<br />

Cada assunto apresenta uma introdução contendo a teoria do tema abordado, assim como<br />

a sua aplicação e importância no exercício da profissão, objetivando o melhor entendimento do<br />

tema, dos materiais a serem utilizados, da execução e dos resultados obtidos.<br />

No final <strong>de</strong> cada assunto o aluno po<strong>de</strong>rá tirar as suas conclusões da prática executada e<br />

encontrará algumas questões <strong>de</strong> fixação. A apostila apresenta, também, figuras ilustrando a<br />

ativida<strong>de</strong> a ser realizada, facilitando a compreensão do aluno.<br />

Finalmente procurou-se acentuar a importância e aplicação <strong>de</strong> cada prática no contexto<br />

das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um nutricionista <strong>de</strong> modo a estimular o aprendizado.<br />

Esperamos que você, aluno, aproveite ao máximo este recurso didático!<br />

Lembre-se, qualquer dúvida, não hesite em perguntar ao seu professor ou aos monitores!<br />

Os autores.


Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense<br />

Instituto biomédico<br />

Departamento <strong>de</strong> Microbiologia e Parasitologia<br />

Índice<br />

Como trabalhar no laboratório <strong>de</strong> microbiologia ................................................................. 1<br />

Assunto 1: Meios <strong>de</strong> cultura e Técnicas <strong>de</strong> Semeadura ..................................................... 5<br />

Assunto 2: Bactérias no Ambiente .................................................................................... 15<br />

Assunto 3: Controle Microbiano ........................................................................................ 18<br />

Assunto 4: Coloração <strong>de</strong> Gram......................................................................................... 27<br />

Assunto 5: Teste <strong>de</strong> Sensibilida<strong>de</strong> a Antimicrobianos – TSA (Antibiograma) ................... 34<br />

Assunto 6: Cocos Gram positivos ..................................................................................... 41<br />

Assunto 7: Coloração <strong>de</strong> Zihel-Neelsen (Visualização <strong>de</strong> Bactérias Espiraladas)............ 52<br />

Assunto 8: Bacilos Gram-negativos .................................................................................. 59<br />

Assunto 9: Contagem em Placa e Técnica do Número Mais Provável (NMP).................. 69<br />

Bibliografia ........................................................................................................................ 80


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Departamento <strong>de</strong> Microbiologia e Parasitologia<br />

Como trabalhar no laboratório <strong>de</strong> microbiologia<br />

É importante que falemos brevemente obre como <strong>de</strong>vemos nos portar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

laboratório <strong>de</strong> microbiologia em geral, não importando se o microorganismo estudado será uma<br />

bactéria, um fungo ou um vírus.<br />

Cuidados fundamentais<br />

Alguns experimentos que nós realizaremos po<strong>de</strong>m ser perigosos se você manipular os<br />

materiais impropriamente ou executar os procedimentos incorretamente.<br />

São necessárias algumas medidas <strong>de</strong> segurança quando se trabalha com<br />

microorganismos e substâncias químicas, além <strong>de</strong> vidros, banhos-maria ferventes, instrumentos<br />

cortantes e outros materiais.<br />

Se você tiver qualquer problema com materiais ou procedimentos, não hesite em chamar o<br />

professor ou o monitor para te auxiliar.<br />

Procedimentos <strong>de</strong> Precaução e Segurança<br />

O laboratório <strong>de</strong> microbiologia é um lugar on<strong>de</strong> culturas <strong>de</strong> microorganismos são<br />

manipuladas e examinadas. Este tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser realizado em conjunto com boas<br />

técnicas assépticas, num local <strong>de</strong> trabalho limpo e organizado. Também como técnicas<br />

assépticas, todos os materiais que serão utilizados serão esterilizados para eliminar todos os<br />

microorganismos presentes ali, e <strong>de</strong>ve-se tomar muito cuidado para não haver recontaminação<br />

<strong>de</strong>ste material com microorganismos do ambiente.<br />

Geralmente, os microorganismos estudados não são patogênicos, mas ainda assim,<br />

<strong>de</strong>vemos manipular qualquer cultura ou qualquer organismo como se fosse potencialmente<br />

patogênico, lembrando que muitos microorganismos que geralmente não são patogênicos po<strong>de</strong>m<br />

causar doenças oportunistas.<br />

Cada estudante <strong>de</strong>ve apren<strong>de</strong>r e praticar as práticas assépticas no laboratório. Isto é<br />

importante para prevenir a contaminação <strong>de</strong> suas mãos, cabelos e roupas com material<br />

contaminado, além <strong>de</strong> evitar a contaminação do seu trabalho e proteger seus colegas que estarão<br />

trabalhando na bancada ao lado.<br />

A importância da assepsia e <strong>de</strong>sinfecção apropriadas está <strong>de</strong>scrita na apostila e será<br />

observada em uma das aulas práticas.<br />

Em geral, todos os procedimentos <strong>de</strong> segurança e precauções tomados no laboratório <strong>de</strong><br />

microbiologia se resumem em:<br />

1 – restringir os microorganismos presentes em culturas e amostras aos recipientes (vidros<br />

ou sacos <strong>de</strong> coleta, placas ou tubos) quando da sua coleta, crescimento (incubação) ou sua<br />

análise;<br />

2 – prevenir a contaminação com microorganismos ambientais (normalmente presentes<br />

nas mãos, cabelos, roupas, superfícies e no ar) das amostras e culturas analisadas, o que po<strong>de</strong><br />

interferir nos resultados obtidos.<br />

Mãos e superficies <strong>de</strong>vem ser higienizados e tratadas com anti-sépticos e <strong>de</strong>sinfetantes<br />

corretos, jalecos <strong>de</strong>vem ser utilizados, cabelos compridos <strong>de</strong>vem ser presos para trás, e as áreas<br />

<strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>vem estar livres <strong>de</strong> objetos <strong>de</strong>snecessários. Lembre-se que na hora <strong>de</strong> transferir os<br />

microorganismos ou culturas não <strong>de</strong>vemos utilizar a boca (por exemplo, para pipetar).<br />

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A conduta pessoal no laboratório <strong>de</strong> microbiologia <strong>de</strong>ve ser sempre observada.<br />

O monitor ou professor <strong>de</strong>ve ser sempre consultado caso haja algum problema.<br />

Conduta geral no laboratório<br />

1 – Sempre i<strong>de</strong>ntifique e confira o seu material antes <strong>de</strong> iniciar os trabalhos no laboratório.<br />

2 – Antes <strong>de</strong> entrar no laboratório, retire casacos, jaquetas, etc. Estes itens <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>ixados<br />

em uma prateleira com sua bolsa ou mochila, papéis e outros itens que não serão utilizados na<br />

aula prática.<br />

3 – Para entrar no laboratório, todos os estudantes <strong>de</strong>vem estar usando seu jaleco, <strong>de</strong> preferência<br />

limpo e branco.<br />

4 – No início e no final <strong>de</strong> cada aula prática, os alunos <strong>de</strong>vem limpar e <strong>de</strong>sinfetar a sua bancada<br />

com uma solução <strong>de</strong>sinfetante própria. Este espaço <strong>de</strong>ve ser mantido limpo e arrumado durante o<br />

<strong>de</strong>correr <strong>de</strong> toda a aula prática.<br />

5 – Antes <strong>de</strong> começar <strong>de</strong>vemos lembrar:<br />

- prenda seu cabelo comprido para trás, longe da chama do Bico <strong>de</strong> Bunsen;<br />

- não use jóias e acessórios durante a aula prática;<br />

- mantenha seus <strong>de</strong>dos, lápis, caneta e qualquer objetos longe da sua boca;<br />

- não fume, coma ou beba nada no laboratório;<br />

- não fique andando pelo laboratório, pois ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>snecessárias po<strong>de</strong>m causar<br />

aci<strong>de</strong>ntes, distrair os outros alunos e promover contaminação.<br />

6 – Lembre-se <strong>de</strong> trazer uma caneta que escreva em vidro (caneta para retro, cd, marcador, etc.)<br />

7 – Anote todos os <strong>de</strong>talhes da aula prática e faça os exercícios <strong>de</strong> fixação <strong>de</strong> cada assunto.<br />

8 – Se você está em dúvida quanto ao procedimento, confira na apostila. Se a dúvida persistir,<br />

chame o professor ou monitor. Evite tirar dúvidas com os colegas <strong>de</strong> outros grupos.<br />

9 – Se respingar cultura em suas mucosas (boca, olhos) ou qualquer tipo <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte ocorrer,<br />

chame o professor ou monitor imediatamente. Limpe o local com papel toalha e ponha<br />

<strong>de</strong>sinfetante sobre o local (superfícies inanimadas) por 15 minutos, retirando com papel toalha.<br />

10 – Avise ao professor ou monitor sobre qualquer aci<strong>de</strong>nte (corte, queimadura) que ocorra.<br />

11 – Nunca retire culturas ou equipamentos do laboratório em quaisquer circunstâncias.<br />

12 – antes <strong>de</strong> sair do laboratório, cuidadosamente lave e faça a anti-sepsia em suas mãos.<br />

Lembre-se <strong>de</strong> lavar seu jaleco para a próxima aula prática.<br />

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Como trabalhar com o microscópio<br />

Em primeiro lugar é essencial que você conheça as partes ópticas e mecânicas dos microscópios:<br />

- Mantenha o microscópio livre <strong>de</strong> poeira, vapores ácidos e do contato com reagentes. Para<br />

mantê-lo seco, cubra com capa <strong>de</strong> flanela, pois evita o pó e a multiplicação <strong>de</strong> fungos (Obs: as<br />

capas <strong>de</strong>vem ser lavadas periodicamente).<br />

- Não manusear o equipamento com as mãos sujas ou molhadas.<br />

- Jamais comer ou beber próximo ao equipamento.<br />

- Na remoção do equipamento, segure-o firmemente com uma das mãos no braço e outra na<br />

base, ou com as duas no braço, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do mo<strong>de</strong>lo. Coloque-o bem apoiado sobre a mesa <strong>de</strong><br />

trabalho <strong>de</strong> superfície plana, evitando qualquer movimentação brusca. Nunca <strong>de</strong>sloque o<br />

aparelho com a lâmpada acesa ou logo após ter sido apagada.<br />

- Muita atenção é necessária quando se observa a preparação em meio líquido, pois há sempre o<br />

risco <strong>de</strong> molhar a lente frontal da objetiva; portanto o conselho é retirar o excesso <strong>de</strong> líquido com<br />

papel <strong>de</strong> filtro, antes <strong>de</strong> colocar a lâmina sobre a platina; em <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte, enxugar<br />

imediatamente com papel absorvente macio.<br />

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- Na observação <strong>de</strong> uma preparação, inicie sempre pela objetiva <strong>de</strong> menor aumento; para<br />

focalizar com aquelas <strong>de</strong> 20 ou 40 vezes, proceda da seguinte forma:<br />

à Escolha uma estrutura na preparação, mova a lâmina até que o objeto fique exatamente<br />

no centro do campo, em seguida mu<strong>de</strong> para a objetiva <strong>de</strong> maior aumento, olhando por fora para<br />

evitar o choque com a lamínula.<br />

à Olhar pela ocular e abaixar o tubo ou elevar a platina com o macrométrico muito<br />

lentamente; assim que a imagem aparecer, mesmo confusa, parar e completar a focalização com<br />

o micrométrico.<br />

à O uso da objetiva <strong>de</strong> imersão é mais <strong>de</strong>licado, pois a distância focal entre a face da<br />

objetiva e a parte superior da lamínula, diminui quando a ampliação é aumentada.<br />

à Em primeiro lugar, assegure-se da existência <strong>de</strong> algo no campo, posicionando a objetiva<br />

<strong>de</strong> menor aumento.<br />

à Certifique-se que a iluminação e o objeto estão bem centrados, suspenda o tubo e<br />

coloque uma gota <strong>de</strong> óleo no centro da operação; o óleo <strong>de</strong>ve ter o mesmo índice <strong>de</strong> refração da<br />

objetiva;<br />

à Abaixe o tubo até colocar a lente frontal em contato com a gota <strong>de</strong> óleo ainda convexa,<br />

até a mudança <strong>de</strong> forma da mesma; suspenda levemente o tubo, mas sem perda <strong>de</strong> contato com<br />

a gota, coloque os olhos nas oculares e abaixe o tubo muito lentamente; assim que a imagem<br />

aparecer, complete a focalização com o micrométrico.<br />

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Assunto 1: Meios <strong>de</strong> cultura e Técnicas <strong>de</strong> Semeadura<br />

Introdução<br />

O estudo <strong>de</strong> bactérias exige o prévio isolamento e i<strong>de</strong>ntificação, para tanto, são utilizados<br />

diversos meios <strong>de</strong> cultura diferentes.<br />

Meio <strong>de</strong> cultura é uma mistura <strong>de</strong> nutrientes que possibilitam o crescimento in vitro <strong>de</strong><br />

microorganismos.<br />

A maioria das bactérias cresce em meios <strong>de</strong> cultura. As exceções são as ricketsias,<br />

clamídias, Mycobacterium leprae e Treponema, que são parasitos intracelulares obrigatórios.<br />

Neste caso, estes microorganismos po<strong>de</strong>m ser cultivados em culturas <strong>de</strong> células e ovos<br />

embrionados.<br />

Inoculação é a contaminação proposital <strong>de</strong> um meio <strong>de</strong> cultura, ou seja, é a transferência<br />

<strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado número <strong>de</strong> microorganismos para um meio <strong>de</strong> cultura a fim <strong>de</strong> que estes se<br />

<strong>de</strong>senvolvam e permitam a sua i<strong>de</strong>ntificação. A inoculação das bactérias em diferentes meios<br />

envolve várias técnicas <strong>de</strong> semeadura.<br />

Toda a manipulação realizada em laboratório (com meios, cultura e material utilizado)<br />

requer certos cuidados para evitar a contaminação. Esses procedimentos são <strong>de</strong>nominados<br />

técnicas assépticas.<br />

Fundamentação teórica<br />

® Meios <strong>de</strong> Cultura<br />

Os diversos meios <strong>de</strong> cultura existentes po<strong>de</strong>m ser classificados <strong>de</strong> diversas formas:<br />

Quanto à composição<br />

Naturais<br />

Artificiais<br />

São aqueles encontrados na natureza, <strong>de</strong> origem<br />

vegetal (p.ex.: pedaço <strong>de</strong> batata, <strong>de</strong> abóbora) ou<br />

animal (p.ex.: gema <strong>de</strong> ovo, pedaço <strong>de</strong> carne)<br />

São aqueles fabricados em laboratório, constituído<br />

<strong>de</strong> substâncias químicas, po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong>finidos ou<br />

in<strong>de</strong>finidos (complexos)<br />

Definidos<br />

In<strong>de</strong>finidos<br />

Possui composição <strong>de</strong>finida, ou seja,<br />

se conhece qualitativa e quantitativa<br />

sua composição.<br />

A sua composição real não é<br />

conhecida, apenas é feita uma<br />

estimativa qualitativa.<br />

Por exemplo: meios suplementados<br />

com sangue, gema <strong>de</strong> ovo,<br />

alimentos...<br />

Quanto ao estado Líquido São <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> Agar à caldo<br />

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físico<br />

Quanto à finalida<strong>de</strong> e<br />

características<br />

Semi-sólido Apresentam em sua composição até 1% <strong>de</strong> Agar.<br />

Sólido Apresentam em sua composição <strong>de</strong> 1,5 a 2,5% <strong>de</strong><br />

Agar.<br />

Simples Só possui os nutrientes básicos para o crescimento<br />

das bactérias em geral.<br />

Enriquecido<br />

De<br />

enriquecimento<br />

Seletivo<br />

Diferencial<br />

Indicadores<br />

De estoque<br />

® Técnicas <strong>de</strong> Semeadura<br />

Além dos nutrientes básicos possui elementos<br />

nutritivos a mais, como fatores promotores <strong>de</strong><br />

crescimento (sangue...), mas não é específico.<br />

É suplementado com nutrientes específicos para o<br />

microorganismo que se <strong>de</strong>seja pesquisar. Além<br />

disso, possui nutrientes agentes inibidores <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminados microorganismos, mas não permite o<br />

isolamento da bactéria, pois é um meio líquido.<br />

Por exemplo: aminoácidos (lisina à Salmonella)<br />

Possui agentes inibidores <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados<br />

microorganismos. Permite a i<strong>de</strong>ntificação e<br />

isolamento da bactéria, pois é um meio sólido<br />

(permite a visualização <strong>de</strong> UFCs).<br />

Por exemplo: Agar EMB à inibe Gram+<br />

Permite a diferenciação <strong>de</strong> diferentes<br />

microorganismos.<br />

Por exemplo: a diferenciação <strong>de</strong> bactérias<br />

fermentadoras e não fermentadoras da lactose no<br />

Agar EMB.<br />

Possuem agentes que indicam <strong>de</strong>terminadas<br />

reações no meio, para a <strong>de</strong>terminação do<br />

metabolismo das bactérias.<br />

Por exemplo: ferro no meio à po<strong>de</strong> indicar a<br />

produção <strong>de</strong> H2S pelo enegrecimento do meio.<br />

(sulfeto ferroso)<br />

*** geralmente o agente é um indicador <strong>de</strong> pH<br />

Meios on<strong>de</strong> são estocadas culturas puras para<br />

posterior utilização. Geralmente são meios semisólidos.<br />

As técnicas <strong>de</strong> semeadura são o método pelo qual se transfere inóculos bacterianos <strong>de</strong> um<br />

meio <strong>de</strong> cultura ou material a ser analisado (secreções, alimentos) para um outro meio <strong>de</strong> cultura.<br />

Para garantir que apenas o microorganismo <strong>de</strong>sejado seja semeado, são utilizadas as<br />

técnicas assépticas: procedimentos que <strong>de</strong>vem ser adotados visando a não contaminação <strong>de</strong><br />

materiais, meios e culturas.<br />

As técnicas <strong>de</strong> assepsia incluem:<br />

è fazer a <strong>de</strong>sinfecção da área <strong>de</strong> trabalho e anti-sepsia das mãos ANTES e DEPOIS <strong>de</strong><br />

qualquer trabalho. (1)<br />

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è trabalhar SEMPRE na área <strong>de</strong> segurança: uma área <strong>de</strong> aproximadamente 10 cm ao redor da<br />

chama do bico <strong>de</strong> Bunsen. (2)<br />

è esterilizar a<strong>de</strong>quadamente todo material (p.ex.: alças e agulhas bacteriológicas) ANTES e<br />

DEPOIS <strong>de</strong> seu uso à sempre aquecer da base para a ponta, evitando a formação <strong>de</strong> aerossóis.<br />

(3)<br />

è flambar a boca dos frascos e tubos ANTES e DEPOIS das inoculações, evitando a<br />

contaminação da cultura/material a ser analisado e garantindo que somente o microorganismo<br />

<strong>de</strong>sejado será inoculado. (4)<br />

De acordo com as características físicas dos meios <strong>de</strong> origem e <strong>de</strong>stino, além da finalida<strong>de</strong><br />

da inoculação, po<strong>de</strong>m-se utilizar diferentes técnicas <strong>de</strong> inoculação.<br />

A transferência <strong>de</strong> inóculo <strong>de</strong> um meio para outro também é <strong>de</strong>nominada genericamente<br />

como repique.<br />

A seguir, veremos quais são as técnicas <strong>de</strong> inoculação:<br />

Meio inclinado em<br />

tubos<br />

· Semeadura em meios sólidos<br />

ou<br />

Estria sinuosa: semear com alça ou agulha<br />

bacteriológica, em zig-zag, partindo da base para a<br />

extremida<strong>de</strong> do bizel (superfície inclinada do<br />

meio).<br />

Objetivo: obtenção <strong>de</strong> intensa massa <strong>de</strong><br />

microorganismos<br />

Estria Reta: semear com agulha bacteriológica,<br />

fazendo uma linha reta, com cuidado <strong>de</strong> não ferir o<br />

Agar, partindo da base para a extremida<strong>de</strong> do bizel<br />

(superfície inclinada do meio).<br />

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Meio em camada<br />

alta<br />

Meio em placa <strong>de</strong><br />

Petri<br />

Objetivo: obtenção <strong>de</strong> pequena massa <strong>de</strong><br />

microorganismos.<br />

Picada Central: semear com agulha<br />

bacteriológica, no centro do Agar. Depen<strong>de</strong>ndo da<br />

finalida<strong>de</strong>, o inóculo <strong>de</strong>ve penetrar até 2/3 do tubo<br />

ou até o fundo <strong>de</strong>ste.<br />

Objetivo: é utilizado para verificar fermentação e<br />

motilida<strong>de</strong> em algumas técnicas.<br />

Picada em Profundida<strong>de</strong>: semear com agulha<br />

bacteriológica, no centro do Agar. Depen<strong>de</strong>ndo da<br />

finalida<strong>de</strong>, o inóculo <strong>de</strong>ve penetrar até 2/3 do tubo<br />

ou até o fundo <strong>de</strong>ste.<br />

Objetivo: é utilizado para verificar fermentação e<br />

motilida<strong>de</strong> em algumas técnicas.<br />

Pour-plate ou disseminação (método em<br />

profundida<strong>de</strong>): Transferir 1 ml da cultura para<br />

placa <strong>de</strong> Petri vazia, colocar 10 – 20 ml do meio<br />

fundido (e resfriado a cerca <strong>de</strong> 45 – 50°C) sobre a<br />

cultura e homogeneizar suavemente com<br />

movimentos circulares.<br />

Objetivo: contagem bacteriana. É utilizado<br />

também para análise <strong>de</strong> microorganismos<br />

anaeróbios, adicionando uma outra camada <strong>de</strong><br />

meio fundido após o endurecimento da primeira<br />

camada.<br />

Estria simples: transferir uma alçada da cultura<br />

para meio sólido em placa e estriar com a alça<br />

bacteriológica sobre o meio.<br />

A estria po<strong>de</strong> ser realizada em movimento <strong>de</strong> zigzag<br />

(estria sinuosa) ou como uma linha reta sobre<br />

o meio (estria reta).<br />

Objetivo: Essa técnica é muito utilizada para<br />

visualização <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas proprieda<strong>de</strong>s<br />

metabólicas, como a produção <strong>de</strong> enzimas<br />

hidrolíticas (hidrólise <strong>de</strong> substâncias do meio -<br />

gema <strong>de</strong> ovo, sangue...), e produção <strong>de</strong><br />

pigmentos.<br />

Esgotamento em estrias ou estrias múltiplas:<br />

transferir uma alçada da cultura para meio sólido<br />

em placa e estriar com a alça bacteriológica sobre<br />

o meio. A placa é dividida em 4 quadrantes e a<br />

inoculação po<strong>de</strong> ser feita <strong>de</strong> 2 tipos:<br />

à em 3 estrias: estriar em meta<strong>de</strong> da placa, com<br />

movimentos <strong>de</strong> zig-zag. Quando atingir a meta<strong>de</strong>,<br />

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ou<br />

· Semeadura em meios semi-sólidos<br />

girar a placa 90° e estriar até a meta<strong>de</strong> (1/4 da<br />

placa), girar mais 90° e estriar o meio restante.<br />

à em 4 estrias: estriar até 2/3 da meta<strong>de</strong> da<br />

placa, girar 90°, estriar 2/3 do próximo quadrante<br />

(1/4 da placa), girar 90°, estriar mais 2/3 do<br />

próximo quadrante (1/4 da placa), girar 90° e<br />

estriar o restante do meio.<br />

Objetivo: obtenção <strong>de</strong> colônias isoladas.<br />

É importante não cruzar as estrias (não tocar a<br />

alça na estria anterior), para reduzir o inóculo a<br />

cada estria e obter as colônias isoladas.<br />

Po<strong>de</strong>-se, alternativamente, flambar a alça entre as<br />

estrias e tocar a ponta da estria anterior,<br />

arrastando um pequeno inóculo para a próxima<br />

estria.<br />

Spread-plate ou distensão: Transferir 0,1 ml da<br />

cultura para o meio sólido na placa e espalhar<br />

uniformemente com a própria ponta da pipeta, ou<br />

alça bacteriológica / swab / alça Drigalsky.<br />

Objetivo: obtenção <strong>de</strong> crescimento confluente, ou<br />

para contagem bacteriana. Esta técnica é muito<br />

utilizada na realização <strong>de</strong> antibiogramas.<br />

Picada em Profundida<strong>de</strong>: semear com agulha bacteriológica, no<br />

centro do Agar. Depen<strong>de</strong>ndo da finalida<strong>de</strong>, o inóculo <strong>de</strong>ve<br />

penetrar até 2/3 do tubo ou até o fundo <strong>de</strong>ste.<br />

Objetivo: é utilizado para verificar fermentação e motilida<strong>de</strong> em<br />

algumas técnicas. Além disso, o meio também é utilizado para<br />

estocar culturas puras.<br />

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Objetivos<br />

· Semeadura em meios líquidos<br />

Após a realização da ativida<strong>de</strong> prática você será capaz <strong>de</strong>:<br />

Difusão: uma alçada da colônia (Agar em placa) ou da cultura<br />

(<strong>de</strong> outro meio ou líquido) é introduzida no meio líquido, com<br />

agitação da alça, para maior difusão dos microorganismos (da<br />

alça para o meio e homogeneização no meio). Po<strong>de</strong>-se inclinar o<br />

tubo a 30° e esfregar o inóculo na pare<strong>de</strong> do mesmo, quando o<br />

tubo retornar à posição original o inóculo se difundirá no meio.<br />

Objetivo: é um repique genérico para crescimento bacteriano em<br />

meio líquido.<br />

è executar e <strong>de</strong>terminar a finalida<strong>de</strong> das principais técnicas <strong>de</strong> semeadura <strong>de</strong> bactérias em<br />

diferentes meios (líquidos, semi-sólidos e sólidos), tanto em tubos quanto em placas;<br />

è caracterizar os diferentes meios <strong>de</strong> cultura e a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um;<br />

è i<strong>de</strong>ntificar e executar as técnicas <strong>de</strong> assepsia em laboratório.<br />

Material<br />

Para a ativida<strong>de</strong> prática serão utilizados:<br />

- Placa <strong>de</strong> Petri com Agar<br />

- Tubo com Agar inclinado<br />

- Placa <strong>de</strong> Petri estéril<br />

- Tubo com Agar semi-sólido<br />

- Tubo com Agar em camada alta<br />

- Cultura bacteriana em caldo e em Agar<br />

- Amostra <strong>de</strong> água em tubo (para a técnica do pour plate)<br />

- Pipetas estéreis<br />

- Alça e agulha bacteriológicas<br />

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Execução da prática<br />

® A partir <strong>de</strong> cultura em placa:<br />

- a partir <strong>de</strong> um crescimento isolado obtido em placa, pegar uma colônia com auxílio <strong>de</strong> uma alça<br />

bacteriológica e transferir para o tubo com caldo, através do processo <strong>de</strong> difusão.<br />

® A partir <strong>de</strong> cultura em caldo:<br />

- a partir <strong>de</strong> um crescimento obtido em caldo, realizar as seguintes inoculações:<br />

1. Com auxílio <strong>de</strong> uma alça bacteriológica, transferir o inóculo para o tubo com caldo, através da<br />

técnica <strong>de</strong> difusão.<br />

2. Com auxílio <strong>de</strong> uma alça ou agulha bacteriológica, transferir o inóculo para o tubo com Agar<br />

inclinado, através da técnica <strong>de</strong> estria (sinuosa ou reta).<br />

3. Com auxílio <strong>de</strong> uma alça bacteriológica, transferir o inóculo para a placa com Agar, através da<br />

técnica <strong>de</strong> esgotamento em estrias (3 ou 4 estrias).<br />

4. Com auxílio <strong>de</strong> uma agulha bacteriológica, transferir o inóculo para o tubo com Agar semisólido,<br />

através da técnica <strong>de</strong> picada central.<br />

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® A partir da amostra <strong>de</strong> água:<br />

- com o auxílio <strong>de</strong> uma pipeta estéril, transferir 1 ml da amostra <strong>de</strong> água para uma placa estéril e<br />

adicionar o meio fundido, realizando a técnica do pour plate.<br />

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Após a execução <strong>de</strong> todas as inoculações, incubar os meios a 37°C por 24 horas.<br />

Observar e interpretar o crescimento nos meios, <strong>de</strong>stacando aquele empregado no<br />

isolamento <strong>de</strong> colônias (esgotamento em estrias).<br />

Exercícios <strong>de</strong> fixação<br />

1. Qual a diferença entre os meios “<strong>de</strong> enriquecimento” e “seletivo”?<br />

2. Qual a finalida<strong>de</strong> da técnica do “spread plate” ou técnica do espalhamento?<br />

3. Por que não <strong>de</strong>vemos cruzar as estrias na técnica do esgotamento em estrias?<br />

4. Por que <strong>de</strong>vem ser realizadas as técnicas assépticas?<br />

5. Por que utilizamos diferentes meios durante a análise <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado material (p.ex.:<br />

alimento)?<br />

6. Para uma cultura que esteja guardada há muito tempo (sob refrigeração), qual o tipo <strong>de</strong> meio<br />

<strong>de</strong>vemos utilizar para retornar a utilizá-la numa ativida<strong>de</strong> prática?<br />

7. Para <strong>de</strong>terminar a presença <strong>de</strong> um microorganismo específico num material que esteja muito<br />

contaminado, quais os tipos <strong>de</strong> meios que <strong>de</strong>vemos utilizar?<br />

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Observações<br />

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Assunto 2: Bactérias no Ambiente<br />

Introdução<br />

A presença <strong>de</strong> bactérias po<strong>de</strong> ser verificada em quase todos os ambientes.<br />

A exposição <strong>de</strong> alimentos, sua manipulação e conservação incorretas, são fatores que<br />

levam à sua contaminação por microorganismos.<br />

Os microorganismos po<strong>de</strong>m ter relação com o alimento <strong>de</strong> três formas:<br />

è adicionados intencionalmente: são aqueles que provocam alterações <strong>de</strong>sejáveis nos<br />

alimentos, como os lactobacilos, que fermentam o leite, transformando-o em iogurte, queijo (etc).<br />

è <strong>de</strong>terioradores: durante o seu <strong>de</strong>senvolvimento, estes microorganismos causam<br />

mudanças <strong>de</strong>sagradáveis nos alimentos, tornando-os impróprios para o consumo, como os<br />

coliformes, que <strong>de</strong>terioram alimentos como queijos frescais, leite (etc).<br />

è patogênicos: po<strong>de</strong>m colonizar o alimento e representam um risco à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem<br />

ingerir este alimento (com o microorganismo ou com toxinas formadas por este), como Salmonella<br />

sp., Staphylococcus aureus e outros.<br />

Fundamentação teórica<br />

As bactérias estão presentes em todos os ambientes.<br />

Muitas vezes, sua presença não é prejudicial, como os microorganismos que colonizam a<br />

nossa pele e o nosso trato gastrintestinal.<br />

Algumas vezes esta presença é até benéfica, como a utilização <strong>de</strong> microorganismos na<br />

indústria <strong>de</strong> alimentos na produção <strong>de</strong> alimentos fermentados, como diversas bebidas. Quem<br />

nunca ouviu falar em alimentos pré e pró bióticos? São alimentos que contém em sua composição<br />

microorganismos vivos que, quando no nosso organismo, causam reações benéficas (como<br />

auxiliar a regulação do trânsito gastrintestinal), ou estimulam os microorganismos da nossa<br />

microbiota normal a exercer seu papel benéfico no nosso organismo (como a produção <strong>de</strong><br />

vitamina K pelas bactérias do nosso trato gastrintestinal).<br />

Mas, nem sempre a relação alimento x microorganismos x homem é benéfica. Diversos<br />

microorganismos têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nos causar doenças, até mesmo os microorganismos da<br />

nossa microbiota normal (em casos <strong>de</strong> redução da ativida<strong>de</strong> imunológica, causando doenças<br />

oportunistas), e muitos casos po<strong>de</strong>m ser veiculados por alimentos.<br />

É importante ressaltar que os alimentos por si só não são fontes <strong>de</strong> contaminação, mas<br />

po<strong>de</strong>m veicular esta contaminação adquirida, po<strong>de</strong>ndo causar doenças. As principais fontes <strong>de</strong><br />

contaminação são o solo e a água, as plantas, os utensílios utilizados na preparação do alimento<br />

(contaminação cruzada), o trato gastrintestinal do homem e <strong>de</strong> animais, os próprios<br />

manipuladores <strong>de</strong> alimentos, a ração animal, a pele dos animais, e até o ar.<br />

A indústria <strong>de</strong> alimentos vem crescendo e a preocupação com a obtenção <strong>de</strong> alimentos<br />

com qualida<strong>de</strong> tanto do ponto <strong>de</strong> vista tecnológico (o alimento <strong>de</strong>ve ser nutritivo, competitivo,<br />

aceitável no mercado, etc.) quanto microbiológico (segurança alimentar) está cada vez mais<br />

<strong>de</strong>senvolvida.<br />

O nutricionista tem papel fundamental nesse controle, pois a manipulação, preparo e<br />

conservação ina<strong>de</strong>quados estão freqüentemente associados a doenças (intoxicações ou<br />

infecções) microbianas. O manipulador <strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong>ve ter treinamento constante para que não<br />

contamine o alimento com técnicas e hábitos anti-higiênicos.<br />

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É <strong>de</strong>ver do nutricionista conhecer os riscos associados à precarieda<strong>de</strong> no cuidado com os<br />

alimentos para melhor orientação e supervisão das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> qualquer UAN (Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Alimentação e Nutrição), restaurante ou indústria, evitando a disseminação <strong>de</strong> doenças através<br />

dos alimentos.<br />

Objetivos<br />

Após a realização da ativida<strong>de</strong> prática você será capaz <strong>de</strong>:<br />

è constatar a presença <strong>de</strong> bactérias no ambiente;<br />

è compreen<strong>de</strong>r a importância dos critérios básicos <strong>de</strong> higiene na produção e manipulação <strong>de</strong><br />

alimentos, visando evitar a contaminação dos mesmos por bactérias ambientais ou por portadores<br />

<strong>de</strong> microorganismos patogênicos;<br />

è diferenciar fontes <strong>de</strong> contaminação e veículos <strong>de</strong> contaminação;<br />

è comentar sobre o papel <strong>de</strong> bactérias ambientais como eventuais <strong>de</strong>terioradoras <strong>de</strong> alimentos.<br />

Material<br />

- 2 Placas <strong>de</strong> Petri com Agar<br />

- swab estéril<br />

Execução da prática<br />

® Bactérias no ambiente:<br />

- 1 placa com Agar <strong>de</strong>ve ser exposta ao ambiente, fora da área <strong>de</strong> segurança. Cada grupo <strong>de</strong>ixará<br />

a placa em exposição por um tempo diferente (5 / 10 / 15 / 20 minutos)<br />

- após o tempo <strong>de</strong> exposição, a placa <strong>de</strong>ve ser tampada novamente.<br />

® Bactérias nas superfícies:<br />

- 1 placa com Agar <strong>de</strong>ve ser dividida em 4 quadrantes<br />

- em cada quadrante <strong>de</strong>ve ser inoculado um material diferente, para a verificação <strong>de</strong> bactérias em<br />

diversas superfícies, <strong>de</strong> acordo com o diagrama representado a seguir:<br />

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Após a execução <strong>de</strong> todas as inoculações, incubar os meios a 37°C por 24 horas.<br />

Observar e interpretar o crescimento nos meios.<br />

Exercícios <strong>de</strong> fixação<br />

1. Qual o papel do nutricionista na qualida<strong>de</strong> microbiológica dos alimentos?<br />

2. Por que é necessário tomar medidas <strong>de</strong> controle no ambiente em que se preparam e/ou<br />

manipulam alimentos?<br />

3. O que é contaminação cruzada?<br />

4. Os alimentos po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados fonte <strong>de</strong> contaminação?<br />

5. Quais são as principais fontes <strong>de</strong> contaminação dos alimentos?<br />

Observações<br />

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Assunto 3: Controle Microbiano<br />

Introdução<br />

Como já vimos, as bactérias estão em quase todos os ambientes e superfícies, e não é<br />

<strong>de</strong>sejável que muitos materiais se contaminem com elas, como os alimentos, os utensílios<br />

utilizados na sua preparação, medicamentos, e outros.<br />

Para tanto, po<strong>de</strong>mos aplicar diversos métodos <strong>de</strong> controle microbiano.<br />

O crescimento microbiano é fortemente influenciado por fatores ambientais (fatores<br />

extrínsecos), quais sejam: temperatura ambiental, umida<strong>de</strong> relativa do ambiente, composição<br />

gasosa do ambiente.<br />

O controle microbiano compreen<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> procedimentos com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

reduzir a quantida<strong>de</strong>, eliminar, diminuir / impedir a multiplicação <strong>de</strong> microorganismos existente em<br />

ambientes, utensílios, e superfícies vivas ou inanimadas.<br />

A conservação <strong>de</strong> alimentos envolve sempre o uso <strong>de</strong> uma ou mais técnicas empregadas<br />

no controle microbiano.<br />

Fundamentação teórica<br />

Antes <strong>de</strong> conhecer os processos utilizados para controle microbiano e compreen<strong>de</strong>r seu<br />

modo <strong>de</strong> ação, é importante que alguns conceitos muito utilizados sejam <strong>de</strong>finidos:<br />

è Desinfecção: redução do número <strong>de</strong> microorganismos em uma matéria inanimada (ambientes,<br />

superfícies, objetos, alimentos)<br />

è Sanitização: igual a <strong>de</strong>sinfecção (termo utilizado na indústria <strong>de</strong> alimentos)<br />

è Esterilização: <strong>de</strong>struição total <strong>de</strong> microorganismos em um material<br />

è Anti-sepsia: redução do número <strong>de</strong> microorganismos em matéria viva (pele)<br />

è Assepsia: conjunto <strong>de</strong> técnicas e/ou medidas assépticas, que visam a não contaminação <strong>de</strong><br />

algo (por exemplo, <strong>de</strong> alimentos durante o preparo)<br />

Definidos estes conceitos, po<strong>de</strong>mos comentar sobre os principais meios <strong>de</strong> controle<br />

microbiano, que po<strong>de</strong> ser feito através <strong>de</strong> agentes químicos ou físicos.<br />

® Controle Microbiano por Agentes Físicos<br />

· Calor<br />

Po<strong>de</strong> ser utilizado em duas formas: calor seco e calor úmido.<br />

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É o método mais empregado para <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> microorganismos <strong>de</strong>vido ao seu baixo<br />

custo <strong>de</strong> aplicação, fácil aplicação, eficácia e praticida<strong>de</strong>.<br />

Calor<br />

seco<br />

Calor<br />

úmido<br />

Modo <strong>de</strong> ação:<br />

Oxidação <strong>de</strong><br />

componentes<br />

celulares<br />

Modo <strong>de</strong> ação:<br />

Desnaturação <strong>de</strong><br />

componentes<br />

celulares<br />

Flambagem<br />

- Definição: contato direto do material a ser tratado com o fogo. É<br />

esterilizante<br />

- Aplicação: materiais metálicos (p.ex.: alça bacteriológica)<br />

Forno ou estufa<br />

- Definição: o material é submetido a uma temperatura <strong>de</strong> 170 –<br />

180°C por 1 – 2 horas. É esterilizante<br />

- Aplicação: vidrarias e metais (material cirúrgico)<br />

Incineração<br />

- Definição: queima total do material. É esterilizante.<br />

- Aplicação: materiais <strong>de</strong>scartáveis (principalmente materiais<br />

hospitalares)<br />

Pasteurização<br />

- Definição: aplicação <strong>de</strong> calor inferior a 100°C. É <strong>de</strong>sinfetante (não<br />

elimina formas esporuladas). Po<strong>de</strong> ser classificada em:<br />

à lenta: 63°C / 30 minutos<br />

à rápida: 72°C / 15segundos<br />

- Aplicação: diversos alimentos são pasteurizados, como sucos,<br />

leite, etc.<br />

Fervura<br />

- Definição: aplicação <strong>de</strong> calor a 100°C por 15 minutos. É<br />

<strong>de</strong>sinfetante (não elimina formas esporuladas).<br />

- Aplicação: alimentos em geral, p.ex.: leite<br />

Autoclavação<br />

- Definição: aplicação <strong>de</strong> calor a 121°C a uma pressão <strong>de</strong> 1 atm,<br />

por 15 – 30 minutos.<br />

- Aplicação: materiais, meios, utensílios. Diversos alimentos são<br />

tratados por este processo, p.ex.: alimentos enlatados<br />

(apertização).<br />

Esterilização<br />

- Definição: aplicação <strong>de</strong> calor maior que 100°C. Alimentos<br />

<strong>de</strong>nominados UAT (UHT) são submetidos a uma temperatura <strong>de</strong><br />

140 – 150°C por 2 – 4 segundos e rapidamente resfriados e<br />

acondicionados em recipientes estéreis.<br />

- Aplicação: diversos alimentos, como o leite UAT<br />

O calor úmido é mais eficaz que o calor seco, pois a água é melhor condutora <strong>de</strong> calor quando<br />

comparada com o ar.<br />

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· Radiações<br />

Não ionizantes Luz Ultravioleta<br />

- possui ativida<strong>de</strong> máxima num comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> 260 nm<br />

- é <strong>de</strong>sinfetante<br />

- geralmente é utilizado em ambientes<br />

- não é penetrante à <strong>de</strong>sinfecção apenas superficial<br />

- a lâmpada tem vida útil <strong>de</strong> 200 horas (aproximadamente)<br />

- age no DNA microbiano, gerando mutações letais<br />

Ionizantes Radiação Gama<br />

- é esterilizante<br />

- mais energético que UV, atua num comprimento <strong>de</strong> onda menor<br />

- age ionizando componentes celulares, levando à morte<br />

- muito utilizado em produtos hospitalares <strong>de</strong>scartáveis<br />

- seu uso nas indústrias <strong>de</strong> alimentos está crescendo<br />

- possui baixo po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> penetração à <strong>de</strong>sinfecção apenas superficial<br />

· Filtração<br />

Clarificante - retém as impurezas grosseiras<br />

- é <strong>de</strong>sinfetante<br />

Esterilizante - possui poros iguais ou menores que 1 mm, po<strong>de</strong>ndo reter, inclusive, alguns vírus.<br />

· Outros<br />

Pressão osmótica<br />

Adição <strong>de</strong> NaCl<br />

- também conhecida como salga<br />

- reduz a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água do alimento, impedindo o metabolismo<br />

microbiano. Também po<strong>de</strong> causar lise osmótica da célula bacteriana.<br />

- muito utilizada em produtos cárneos (carne seca, pescado)<br />

Adição <strong>de</strong> outros sólidos (açúcares)<br />

- utilizado na fabricação <strong>de</strong> compotas e alimentos em calda<br />

- reduz a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água do alimento, impedindo o metabolismo<br />

microbiano<br />

- muito empregado para conservação <strong>de</strong> frutas e hortaliças<br />

Dessecação - retirada umida<strong>de</strong> do alimento em maior ou menor grau<br />

- reduz a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água do alimento, impedindo o metabolismo<br />

microbiano<br />

Liofilização - aplicação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ssecação em vácuo (pressão negativa)<br />

- reduz a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água do alimento, impedindo o metabolismo<br />

microbiano<br />

- seu emprego na indústria <strong>de</strong> alimentos é crescente<br />

Baixas temperaturas Refrigeração<br />

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- temperatura entre 0 e 10°C<br />

- reduz a ativida<strong>de</strong> metabólica <strong>de</strong> alguns microorganismos (mesófilos e<br />

termófilos)<br />

Congelamento<br />

- temperaturas inferiores a 0°C<br />

- impe<strong>de</strong> a ativida<strong>de</strong> metabólica da maioria dos microorganismos<br />

- em alguns casos, causa a morte dos microorganismos<br />

® Controle Microbiano por Agentes Químicos<br />

· Álcool Etílico<br />

É um dos métodos químicos mais empregados para controle microbiano, por seu baixo<br />

custo, relativa eficácia e fácil aplicação. Po<strong>de</strong> ser usado como <strong>de</strong>sinfetante ou anti-séptico.<br />

Possui maior ativida<strong>de</strong> germicida quando hidratado (60 – 70%), pois nessa condição<br />

possui maior po<strong>de</strong>r penetrante.<br />

O álcool absoluto possui po<strong>de</strong>r bacteriostático, enquanto o álcool hidratado a 70% possui<br />

po<strong>de</strong>r bactericida.<br />

São apontados diversos mecanismos <strong>de</strong> ação para o etanol:<br />

- ação <strong>de</strong>tergente: solvente <strong>de</strong> lipí<strong>de</strong>os<br />

- ação <strong>de</strong>sidratante: retira água das células<br />

- ação <strong>de</strong>snaturante: agindo sobre proteínas celulares<br />

· Fenóis e Derivados<br />

O fenol é um <strong>de</strong>sinfetante fraco, porém é utilizado como um <strong>de</strong>sinfetante <strong>de</strong> referência<br />

para ser comparado com outros produtos. Um coeficiente maior que 1 indica que o produto é mais<br />

ativo que o fenol.<br />

Atua como <strong>de</strong>snaturantes <strong>de</strong> componentes protéicos<br />

Dentre os cresóis, o mais importante é a creolina, uma mistura <strong>de</strong> cresóis muito utilizada<br />

para pisos e sanitários.<br />

O hexaclorofeno é muito utilizado na antissepsia cirúrgica.<br />

· Halogênios<br />

Os principais halogênios utilizados no controle microbiano são o Cloro e o Iodo.<br />

è Cloro: É usado como <strong>de</strong>sinfetante <strong>de</strong> águas, alimentos e pisos. Seu mecanismo <strong>de</strong> ação é<br />

dado pela reação:<br />

Cl2 + H2O à HCl + HClO<br />

O ácido hipocloroso é instável, se <strong>de</strong>compondo espontaneamente em HCl + 1/2 O2, que eliminará<br />

os microorganismos através <strong>de</strong> oxidação <strong>de</strong> componentes celulares.<br />

è Iodo: reage <strong>de</strong> forma irreversível com aminoácidos aromáticos <strong>de</strong> proteínas celulares<br />

(fenilalanina e tirosina), <strong>de</strong>snaturando-as. Devido à gran<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alergias, seu uso<br />

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como anti-séptico na prática cirúrgica vem diminuindo, sendo substituído por clorexidine e<br />

similares.<br />

· Detergentes catiônicos<br />

Alteram a permeabilida<strong>de</strong> da membrana. É mais ativo contra Gram negativos.<br />

Exemplo: compostos quaternários <strong>de</strong> amônio à cloreto <strong>de</strong> benzalcônio.<br />

· Sais <strong>de</strong> Metais Pesados<br />

Os metais pesados agem na inativação <strong>de</strong> enzimas, por sua alta afinida<strong>de</strong> por<br />

apoproteínas. Os principais metais pesados utilizados no controle microbiano são:<br />

è Mercúrio (Hg): já foi muito utilizado como anti-séptico, mas seu uso está <strong>de</strong>caindo <strong>de</strong>vido ao<br />

risco <strong>de</strong> intoxicação por absorção cutânea.<br />

è Sulfato <strong>de</strong> Cobre (CuSO4): utilizado como <strong>de</strong>sinfetante para águas <strong>de</strong> recreação<br />

è Nitrato <strong>de</strong> Prata (AgNO3): é um anti-séptico altamente eficiente contra gonococos, que<br />

causam oftalmia em recém-nascidos e gonorréia em adultos com vida sexual ativa.<br />

· Ácidos<br />

Tanto os ácidos orgânicos quanto os inorgânicos são muito utilizados na conservação <strong>de</strong><br />

alimentos. São mais utilizados os ácidos fracos, e na forma <strong>de</strong> sal, pois assim apresentam maior<br />

solubilida<strong>de</strong>.<br />

A ativida<strong>de</strong> antimicrobiológica dos ácidos fracos é atribuída a sua forma não dissociada<br />

(HA), pois esta penetra através da membrana tornando-se ionizada após alcançar o interior da<br />

célula. A concentração intracelular <strong>de</strong>stes ácidos orgânicos altera o funcionamento normal do<br />

gradiente envolvido no sistema <strong>de</strong> transporte da membrana celular.<br />

A concentração da forma não dissociada do conservante químico no alimento é<br />

<strong>de</strong>terminada pelo pKa (pH n qual 50% da molécula está na forma dissociada) do ácido e do pH do<br />

meio, como mostra a fórmula a seguir:<br />

Portanto, a concentração da forma não dissociada aumenta com a elevação da aci<strong>de</strong>z do<br />

alimento, ou seja, o pH do alimento <strong>de</strong>ve ser menor que o pKa, <strong>de</strong> forma a garantir alta<br />

concentração da forma não dissociada.<br />

Os valores <strong>de</strong> pKa da maioria dos ácidos encontra-se na faixa <strong>de</strong> pH entre 3,0 e 5,0.<br />

O pKa é usado na medição <strong>de</strong> sua eficiência no alimento em <strong>de</strong>terminado pH.<br />

Exemplos <strong>de</strong> ácidos orgânicos utilizados na indústria <strong>de</strong> alimentos: ácido tartárico (tartarato<br />

<strong>de</strong> sódio, tartarato potássio), ácido cítrico (citrato <strong>de</strong> sódio, citrato <strong>de</strong> potássio), ácido propiônico<br />

(propionato <strong>de</strong> cálcio).<br />

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· Álcalis<br />

Os principais álcalis utilizados são o NaOH, o KOH e o Ca(OH)2. O NaOH, principalmente,<br />

está presente nos sabões, conferindo-lhes relativa ação anti-séptica.<br />

· Corantes básicos<br />

São mais eficiente contra Gram-positivos.<br />

Exemplo: Cristal Violeta, Azul <strong>de</strong> Metileno.<br />

· Redutores<br />

Reduzem compostos celulares, levando as células à morte.<br />

Al<strong>de</strong>ídos e <strong>de</strong>rivados: formal<strong>de</strong>ído e formalina são utilizados para <strong>de</strong>sinfetar pare<strong>de</strong>s e pisos, mas<br />

causam irritações cutâneas.<br />

· Oxidantes<br />

Oxidam componentes celulares levando à morte das células. São muito utilizados como<br />

<strong>de</strong>sinfetantes.<br />

Exemplo: Ozônio, água oxigenada, permanganato <strong>de</strong> potássio, peróxido <strong>de</strong> zinco.<br />

Óxido <strong>de</strong> etileno (gás): é um agente alquilante, age inativando proteínas e ácidos nucléicos. À<br />

temperatura <strong>de</strong> 52°C o óxido <strong>de</strong> etileno passa do estado líquido para o gasoso. Seus vapores são<br />

utilizados para esterilização <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> borracha ou plástico.<br />

· Antimicrobianos<br />

Possuem ação seletiva contra microorganismos, ao contrário dos anteriores. São um<br />

método biológico <strong>de</strong> controle microbiano. Serão abordados num próximo assunto.<br />

Objetivos<br />

Após a realização da ativida<strong>de</strong> prática você será capaz <strong>de</strong>:<br />

è conceituar e diferenciar os termos utilizados no controle microbiológico;<br />

è <strong>de</strong>screver os agentes físicos e químicos utilizados no controle microbiano;<br />

è enten<strong>de</strong>r o funcionamento <strong>de</strong> autoclaves e fornos <strong>de</strong> esterilização, diferenciando calor úmido<br />

<strong>de</strong> calor seco<br />

è compreen<strong>de</strong>r as diferenças encontradas na ação dos diferentes métodos <strong>de</strong> anti-sepsia<br />

utilizados.<br />

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Material<br />

- Culturas bacterianas<br />

- 2 Placas <strong>de</strong> Petri com Agar<br />

- Soluções anti-sépticas<br />

- Gaze estéril<br />

- Tripé e tela <strong>de</strong> amianto<br />

- Recipiente com água em ebulição<br />

Execução da prática<br />

® Agentes Químicos<br />

- dividir uma placa <strong>de</strong> Petri com Agar em 4 quadrantes<br />

- semear os 4 quadrantes da seguinte forma:<br />

- 1º quadrante: um aluno encosta o <strong>de</strong>do suavemente no Agar<br />

- 2º quadrante: outro aluno lava o <strong>de</strong>do com água e sabão por 1 minuto, seca com gaze estéril e<br />

faz a impressão do <strong>de</strong>do<br />

- 3º quadrante: outro aluno faz a anti-sepsia <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>do com gaze embebida em álcool etílico a<br />

70%, seca com gaze estéril e faz a impressão do <strong>de</strong>do<br />

- 4º quadrante: um outro aluno faz a anti-sepsia <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>do com gaze embebida em álcool<br />

iodado, seca com gaze estéril e faz a impressão do <strong>de</strong>do<br />

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® Agentes Físicos - calor<br />

- dividir uma placa <strong>de</strong> Petri em 8 partes e semear as culturas bacterianas no espaço respectivo ao<br />

tempo 0<br />

- para os próximos espaços, colocar as culturas em banho-maria fervente até atingir o tempo<br />

especificado:<br />

- 5 minutos à reinocular<br />

- 10 minutos à reinocular<br />

- 20 minutos à reinocular<br />

- Após a execução <strong>de</strong> todas as inoculações, incubar os meios a 37°C por 24 horas.<br />

- Observar e interpretar o crescimento nos meios.<br />

Exercícios <strong>de</strong> fixação<br />

1. Qual a diferença entre anti-sepsia e assepsia?<br />

2. Qual o modo <strong>de</strong> ação do calor seco? E do calor úmido? Qual o mais eficaz?<br />

3. Qual é o tipo <strong>de</strong> calor mais utilizado para a indústria <strong>de</strong> alimentos? Por quê?<br />

4. Por que o álcool etílico utilizado como <strong>de</strong>sinfetante e anti-séptico <strong>de</strong>ve ser hidratado?<br />

5. Qual o mecanismo <strong>de</strong> ação dos ácidos utilizados na conservação <strong>de</strong> alimentos?<br />

6. Por que a autoclave, embora funcione numa temperatura muito mais baixa que os fornos ou<br />

estufas <strong>de</strong> esterilização, também possuem ação esterilizante?<br />

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Observações<br />

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Assunto 4: Coloração <strong>de</strong> Gram<br />

Introdução<br />

Colorações simples tornam possível a visualização das bactérias ao microscópio, mas isso<br />

não faz distinção entre organismos <strong>de</strong> morfologia similar. Para tanto, é necessário realizar uma<br />

coloração diferencial.<br />

Existem diversos métodos <strong>de</strong> coloração utilizados para a análise <strong>de</strong> bactérias. Entre estes,<br />

o mais utilizado é a coloração <strong>de</strong>senvolvida por Christian Gram em 1884. Usando duas<br />

seqüências <strong>de</strong> coloração, com diferentes corantes, este método permite a divisão das bactérias<br />

em 2 gran<strong>de</strong>s grupos.<br />

O primeiro grupo, que retém a cor do primeiro corante (o cristal violeta), é <strong>de</strong>nominado<br />

Gram positivo.<br />

O segundo grupo per<strong>de</strong> a cor do primeiro corante e retém a cor do segundo corante<br />

utilizado (fucsina) e é <strong>de</strong>nominado Gram negativo.<br />

Uma solução <strong>de</strong> iodo (lugol) é utilizada como mor<strong>de</strong>nte (um composto químico que fixa um<br />

corante ou outra substância ao se combinar com o mesmo e formar um composto insolúvel) para<br />

a primeira etapa da coloração.<br />

Há também um agente <strong>de</strong>scorante entre a utilização <strong>de</strong> um e outro corantes. Po<strong>de</strong>-se<br />

utilizar diferentes <strong>de</strong>scorantes, <strong>de</strong> acordo com a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoloração <strong>de</strong>sejada. O álcool<br />

etílico a 95% é um agente <strong>de</strong>scorante mais <strong>de</strong>vagar, enquanto a acetona agiliza essa etapa.<br />

Geralmente utiliza-se uma mistura <strong>de</strong> álcool etílico e acetona (95:5), obtendo uma<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoloração intermediária.<br />

A maioria dos cocos é Gram positiva com exceção dos gêneros Neisseria e Veillonella que<br />

são os únicos Gram negativos.<br />

Assim também acontece com os bacilos, sendo a maioria Gram negativos. Entre os bacilos<br />

Gram positivos incluem-se aqueles pertencentes aos gêneros Corynebacterium, Listeria, Bacillus,<br />

Lactobacillus e Clostridium. Os víbrios são Gram-negativos.<br />

A investigação das características morfológicas e <strong>de</strong> coloração (morfo-tintoriais) das<br />

bactérias é etapa inicial <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância no isolamento e i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> bactérias <strong>de</strong><br />

material clínico bem como <strong>de</strong> alimentos. No entanto, a i<strong>de</strong>ntificação completa <strong>de</strong> uma bactéria<br />

sempre necessitará <strong>de</strong> dados fisiológicos ou genéticos da mesma.<br />

Fundamentação teórica<br />

A coloração <strong>de</strong> Gram baseia-se na diferença das pare<strong>de</strong>s celulares das diversas bactérias<br />

e como estas serão coradas <strong>de</strong> forma distinta.<br />

As bactérias <strong>de</strong>nominadas Gram negativas possuem uma fina camada <strong>de</strong> glicoproteína<br />

recoberta por uma espessa camada formada principalmente por lipoproteínas e substâncias<br />

lipídicas. Já as consi<strong>de</strong>radas Gram positivas possuem uma única e espessa camada <strong>de</strong><br />

glicoproteína.<br />

Antes <strong>de</strong> iniciar a coloração, é necessário fazer um esfregaço, ou seja, pegar uma colônia<br />

previamente isolada ou uma alçada <strong>de</strong> uma cultura pura e transferir para uma lâmina limpa. Se for<br />

utilizada uma colônia, <strong>de</strong>ve-se adicionar uma gota/alçada <strong>de</strong> solução salina a 0,9%,<br />

homogeneizando-a. É importante que o esfregaço seja bem preparado, para que, ao final da<br />

coloração, seja possível a visualização das bactérias. Também é importante não esquecer <strong>de</strong> fixar<br />

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o esfregaço na chama do Bico <strong>de</strong> Bunsen, evitando que a massa <strong>de</strong> células a ser analisada se<br />

perca durante as etapas da coloração.<br />

Na primeira etapa da coloração, o corante violeta é adicionado sobre o esfregaço. O<br />

corante, então, penetra na pare<strong>de</strong> da bactéria, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte se esta é Gram positiva ou Gram<br />

negativa.<br />

Ao adicionar o lugol, este se combina com o corante Cristal Violeta, formando um gran<strong>de</strong><br />

complexo, o Cristal Violeta-Iodo (CV-I), fixando o corante na pare<strong>de</strong> a bactéria.<br />

O álcool tem papel fundamental neste método. Ao ser adicionado sobre o esfregaço<br />

corado com o Cristal violeta vai diferenciar as bactérias:<br />

à as Gram positivas, com sua pare<strong>de</strong> rica em complexas ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> peptidoglicano serão<br />

<strong>de</strong>sidratadas, e os poros na pare<strong>de</strong> serão reduzidos, impedindo a saída do complexo CV-I e<br />

tornando a pare<strong>de</strong> permanentemente corada <strong>de</strong> roxo (a cor do complexo CV-I).<br />

à as bactérias Gram negativas possuem uma fina camada <strong>de</strong> peptidoglicano, mas acima<br />

<strong>de</strong>sta camada encontra-se uma outra, <strong>de</strong> caráter lipídico (rica em LPS, lipoproteínas e outros<br />

componentes). Essa camada lipídica, em contato com o álcool, dissolve-se, <strong>de</strong>ixando a camada<br />

<strong>de</strong> peptidoglicano <strong>de</strong>sprotegida e permitindo a saída do complexo CV-I, tornando a célula<br />

<strong>de</strong>scorada neste momento.<br />

É importante lembrar <strong>de</strong> lavar a lâmina após a etapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoloração, pois se restar algum<br />

resíduo <strong>de</strong> álcool, a próxima etapa não será realizada a<strong>de</strong>quadamente, e os resultados po<strong>de</strong>rão<br />

ser alterados.<br />

O esfregaço então é tratado com fucsina, que não terá efeito algum sobre as células Gram<br />

positivas, que estão com os poros <strong>de</strong> sua pare<strong>de</strong> reduzidos; mas penetrará na pare<strong>de</strong> das células<br />

Gram negativas, corando-as <strong>de</strong> vermelho.<br />

Esta coloração é utilizada para a maioria das bactérias, mas há algumas que não se coram<br />

por este método, como as micobactérias, as bactérias espiraladas e as bactérias que não<br />

possuem pare<strong>de</strong> celular. Para estes, há outros métodos <strong>de</strong> coloração, como o método <strong>de</strong> Zihel-<br />

Neelsen, o <strong>de</strong> Fontana-Tribon<strong>de</strong>au e o método <strong>de</strong> visualização em campo escuro.<br />

Alguns fatores po<strong>de</strong>m influenciar nos resultados obtidos na coloração:<br />

à Os corantes empregados na técnica, se não filtrados, po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar resíduos (cristais)<br />

na lâmina.<br />

à Um <strong>de</strong>scoramento excessivo ou insuficiente po<strong>de</strong> levar a uma incorreta diferenciação da<br />

bactéria pelo álcool.<br />

à A ida<strong>de</strong> da cultura bacteriana tem importância fundamental na coloração <strong>de</strong> Gram. Em<br />

culturas envelhecidas, células Gram-positivas freqüentemente se tornam Gram-negativas.<br />

Enzimas líticas excretadas normalmente por culturas envelhecidas po<strong>de</strong>m causar danos à<br />

membrana e pare<strong>de</strong> da célula, como por exemplo, alterando a permeabilida<strong>de</strong> aos solventes.<br />

Conseqüentemente, o complexo iodo-cristal violeta po<strong>de</strong>rá ser retirado da célula.<br />

Objetivos<br />

Após a realização da ativida<strong>de</strong> prática você será capaz <strong>de</strong>:<br />

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è executar a técnica da coloração <strong>de</strong> Gram;<br />

è utilizar a objetiva <strong>de</strong> imersão;<br />

è relacionar a composição química da pare<strong>de</strong> celular das bactérias com os corantes <strong>de</strong> Gram;<br />

è compreen<strong>de</strong>r a importância <strong>de</strong> realizar a coloração <strong>de</strong> Gram a partir <strong>de</strong> um material submetido<br />

a exame microbiológico;<br />

è <strong>de</strong>screver as formas, arranjos e coloração das bactérias.<br />

Material<br />

- Lâminas<br />

- Culturas bacterianas em meio líquido e sólido<br />

- Alças e agulhas<br />

- Bateria da coloração <strong>de</strong> Gram (corantes cristal <strong>de</strong> violeta e fucsina, lugol, álcool, água)<br />

- Papel <strong>de</strong> filtro<br />

- Óleo <strong>de</strong> cedro (óleo <strong>de</strong> imersão)<br />

- Microscópio<br />

- Bico <strong>de</strong> Bunsen<br />

Execução da prática<br />

® Preparo e fixação do esfregaço<br />

Etapas Observações<br />

Transferir uma alçada da cultura ou uma colônia<br />

da placa para uma lâmina <strong>de</strong> microscópio limpa.<br />

Com o auxílio da alça, espalhar a cultura.<br />

Se tiver sido colhida colônia da placa, adicionar<br />

salina estéril para facilitar o espalhamento.<br />

Ao fazer o esfregaço a partir <strong>de</strong> diferentes<br />

culturas <strong>de</strong>ve-se observar alguns <strong>de</strong>talhes:<br />

è <strong>de</strong> placa: <strong>de</strong>ve-se coletar apenas 1 colônia,<br />

espalhando-a pela lâmina à isso evitará a<br />

observação <strong>de</strong> colônias diferentes na lâmina e<br />

que seja coletado um inóculo muito carregado, o<br />

que dificultará a visualização das células<br />

coradas.<br />

è <strong>de</strong> caldo: <strong>de</strong>ve-se coletar apenas uma alçada<br />

e espalhá-la na lâmina à isso evita que seja<br />

coletado um inóculo muito carregado.<br />

Para o inóculo coletado <strong>de</strong> caldo não é<br />

necessário adicionar solução salina. Mas para<br />

colônia coletada <strong>de</strong> placa é necessário fazer a<br />

diluição na lâmina, evitando que o esfregaço<br />

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Passar a lâmina com o esfregaço sobre a chama<br />

do Bico <strong>de</strong> Bunsen, até que este esteja<br />

completamente seco.<br />

® Coloração do esfregaço<br />

fique muito concentrado o que dificulta a<br />

visualização das células coradas ao<br />

microscópio.<br />

É importante fixar o esfregaço para que este não<br />

se perca durante as etapas <strong>de</strong> lavagem entre a<br />

utilização <strong>de</strong> um e outro corantes<br />

Etapas da Coloração O que está acontecendo na pare<strong>de</strong> da bactéria?<br />

Cobrir o esfregaço com solução <strong>de</strong> Cristal<br />

Violeta por cerca <strong>de</strong> 1 minuto.<br />

A seguir, lavar em água corrente com o<br />

pissete.<br />

O Cristal Violeta penetra a pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambos os<br />

tipos <strong>de</strong> células (Gram + e Gram -)<br />

A lavagem com água é importante após cada<br />

etapa para que uma substância utilizada não<br />

interfira na ação da próxima.<br />

Nesse caso, a lavagem serve para retirar o<br />

excesso <strong>de</strong> corante.<br />

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Cobrir o esfregaço com solução <strong>de</strong> Lugol fraco<br />

por cerca <strong>de</strong> 1 minuto.<br />

Novamente lavar com água, e então lavar com<br />

álcool absoluto até que não saia mais corante<br />

da lâmina (10 – 15 segundos).<br />

O Lugol é uma solução <strong>de</strong> Iodo e funciona como<br />

mor<strong>de</strong>nte neta etapa da coloração, ou seja, ele<br />

fixa o corante Cristal Violeta na pare<strong>de</strong> da célula,<br />

pois forma um complexo gran<strong>de</strong>: o CV-I<br />

O álcool absoluto, ou solução <strong>de</strong> álcool-acetona,<br />

funciona como diferenciador da coloração:<br />

è nas Gram +, o álcool <strong>de</strong>sidrata a matriz<br />

glicoproteica (peptidoglicano), reduzindo os<br />

poros da pare<strong>de</strong> e impedindo a saída do<br />

complexo CV-I, corando a célula <strong>de</strong> roxo:<br />

è nas Gram -, o álcool dissolve a membrana<br />

externa, <strong>de</strong> caráter lipídico (lipoproteínas,<br />

fosfolipí<strong>de</strong>os, LPS), fazendo com que o<br />

complexo CV-I saia da pare<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixando a célula<br />

<strong>de</strong>scorada e com os poros da matriz<br />

glicoproteica abertos:<br />

Lavar com água corrente em abundância, É importante prestar com bastante atenção nesta<br />

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para que não reste álcool sobre a lâmina.<br />

Cobrir o esfregaço com fucsina por cerca <strong>de</strong><br />

30 segundos.<br />

Lavar com água e secar suavemente com<br />

papel.<br />

Para <strong>de</strong>corar!!!<br />

Vi Lulu Ali A Fumar<br />

(Cristal Violeta) (Lugol) (Álcool) (Água) (Fucsina)<br />

etapa, pois se restar algum álcool na lâmina a<br />

coloração não prosseguirá, já que o próximo<br />

corante não se fixará na lâmina.<br />

A fucsina age <strong>de</strong> diferentes formas nas<br />

diferentes células:<br />

è nas Gram +, os poros estão reduzidos,<br />

impedindo que a fucsina penetre na pare<strong>de</strong><br />

celular, não alterando a cor roxa:<br />

è nas Gram -, os poros da camada <strong>de</strong><br />

peptidoglicano estão abertos, permitindo que a<br />

fucsina penetre na célula, corando-as <strong>de</strong><br />

vermelho:<br />

Após secar suavemente a lâmina, observar ao<br />

microscópio na objetiva <strong>de</strong> imersão (100x), com<br />

óleo <strong>de</strong> cedro/mineral e i<strong>de</strong>ntificar a célula<br />

corada.<br />

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Exercícios <strong>de</strong> fixação<br />

1. Em que se baseia o método da coloração <strong>de</strong> Gram?<br />

2. Por que o álcool é consi<strong>de</strong>rado como agente diferenciador da coloração <strong>de</strong> Gram?<br />

3. Qual é o papel do mor<strong>de</strong>nte (lugol)?<br />

Observações<br />

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Assunto 5: Teste <strong>de</strong> Sensibilida<strong>de</strong> a Antimicrobianos – TSA<br />

(Antibiograma)<br />

Introdução<br />

O sucesso na terapêutica antimicrobiana <strong>de</strong> uma infecção bacteriana <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

sensibilida<strong>de</strong> do agente à droga utilizada. Algumas bactérias apresentam um perfil <strong>de</strong><br />

sensibilida<strong>de</strong> previsível e constante, no entanto muitas outras são altamente suscetíveis ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento ou aquisição <strong>de</strong> resistência a diversos antimicrobianos. Atualmente, o uso<br />

a<strong>de</strong>quado e criterioso <strong>de</strong> antimicrobianos é muito importante para prevenção da seleção <strong>de</strong><br />

amostras bacterianas multirresistentes.<br />

O teste <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> a antimicrobianos ou antibiograma permite o esclarecimento<br />

objetivo do perfil <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> do patógeno e a utilização <strong>de</strong> drogas eficazes no tratamento.<br />

O antibiograma ou TSA é indicado para qualquer microrganismo relacionado ao processo<br />

infeccioso, mas principalmente àqueles cuja sensibilida<strong>de</strong> a drogas normalmente empregadas na<br />

terapia não seja previsível como por exemplos: S. aureus, bacilos gram-negativos não<br />

fermentadores (Pseudomonas), bacilos Gram negativos fermentadores (enterobactérias) etc.<br />

A seleção dos antimicrobianos para a realização dos antibiogramas <strong>de</strong> rotina <strong>de</strong>ve seguir<br />

alguns princípios. Uma das estratégias adotadas é o reconhecimento que alguns agentes<br />

antimicrobianos po<strong>de</strong>m ser agrupados em classes, baseando-se no seu espectro <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>.<br />

Assim, um só representante <strong>de</strong> classe necessita ser testado, a não ser quando <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />

mesma classe <strong>de</strong> antimicrobianos não exista a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equivalência.<br />

Fundamentação teórica<br />

Uma bactéria é consi<strong>de</strong>rada sensível a um antimicrobiano quando o seu crescimento é<br />

inibido, in vitro, por uma concentração três, ou mais vezes, inferior àquela que o antimicrobiano<br />

atinge no sangue, caso contrário ela é consi<strong>de</strong>rada resistente. O meio termo (bactérias<br />

mo<strong>de</strong>radamente resistentes) é dado por aquela cujo crescimento é inibido por concentrações<br />

intermediárias. Na interpretação dos resultados, consi<strong>de</strong>ramos as bactérias intermediariamente<br />

resistentes como resistentes.<br />

A concentração inibitória do antimicrobiano po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada direta ou indiretamente.<br />

A <strong>de</strong>terminação direta é feita pelos chamados métodos da diluição, e, a indireta, pelo método <strong>de</strong><br />

difusão em placa com discos impregnados com as drogas.<br />

- Método <strong>de</strong> Diluição (MIC): No método <strong>de</strong> diluição, concentrações variadas do<br />

antibiótico, obtidas pela diluição em Caldo ou Agar, são inoculadas com o microrganismo. A<br />

concentração mais baixa do antibiótico que evita o crescimento após a incubação <strong>de</strong> 12 a 24<br />

horas é a concentração inibitória mínima, é a medida da sensibilida<strong>de</strong>.<br />

- Método da Difusão do Disco: Nos testes pelo método <strong>de</strong> difusão, discos <strong>de</strong> papel<br />

impregnados com o antibiótico são colocados uniformemente na superfície do Agar semeado com<br />

o microrganismo. Forma-se, então, um gradiente <strong>de</strong> concentração pela difusão do antibiótico a<br />

partir do disco para o Agar com conseqüente inibição do crescimento do microorganismo sensível<br />

ao <strong>de</strong>terminado (os) antibiótico (os).<br />

Devido à sua simplicida<strong>de</strong> e por po<strong>de</strong>rem ser realizados rapidamente, os métodos <strong>de</strong><br />

difusão com disco (<strong>de</strong> Bawer e Kirby) têm preferência sobre os <strong>de</strong> diluição para os testes <strong>de</strong><br />

rotina, mas é indispensável que sejam, rigorosamente padronizados, pois a presença <strong>de</strong> algumas<br />

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substâncias nos meios po<strong>de</strong>m influenciar o tamanho do halo <strong>de</strong> inibição. Para minimizar os riscos<br />

<strong>de</strong> resultados errôneos, utilizamos o Agar Mueller-Hinton como meio <strong>de</strong> crescimento, pois este é<br />

um meio padronizado e sem componentes que possam interferir nos resultados. Deve-se ressaltar<br />

que o teste <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser realizado com uma cultura pura, <strong>de</strong>vendo-se fazer uma<br />

coloração <strong>de</strong> Gram antes <strong>de</strong> qualquer TSA para a confirmação da pureza da cultura.<br />

A base para o julgamento <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> é o tamanho real do halo <strong>de</strong> inibição (zona sem<br />

crescimento em volta dos discos <strong>de</strong> antibiótico). O tamanho do halo sozinho não é uma medida<br />

quantitativa da ativida<strong>de</strong> do antibiótico, assim, é errôneo pensar que quanto maior o halo, mais<br />

potente seja o antibiótico. Por essa razão, comparações diretas dos diâmetros dos halos<br />

produzidos por antibióticos não relacionados são falsos e não <strong>de</strong>vem ser realizados. Deve-se<br />

interpretar a sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acordo com os dados obtidos (diâmetro do halo) em comparação<br />

aos dados da tabela <strong>de</strong> interpretação do antibiograma, com antibacterianos <strong>de</strong> uso corrente na<br />

terapêutica clínica.<br />

Os antimicrobianos po<strong>de</strong>m ser classificados <strong>de</strong> acordo com sua ação na célula bacteriana:<br />

Sítio <strong>de</strong> ação Mecanismo <strong>de</strong> ação Classes <strong>de</strong> antimicrobianos<br />

Antimicrobianos<br />

que atuam a nível<br />

da pare<strong>de</strong> celular<br />

Antimicrobianos<br />

que atuam a nível<br />

da membrana<br />

citoplasmática<br />

Antimicrobianos<br />

que atuam a nível<br />

dos ribossomos<br />

Antimicrobianos<br />

que atuam a nível<br />

do DNA<br />

Antimicrobianos<br />

que atuam a nível<br />

do metabolismo<br />

intermediário<br />

- agem na etapa da síntese da pare<strong>de</strong> que<br />

ocorre externamente à membrana plasmática<br />

- impe<strong>de</strong>m a união <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias peptídicas<br />

- aumentam ativida<strong>de</strong> das autolisinas<br />

- se ligam à face externa da membrana<br />

- possuem NH3 + (fica na superfície da<br />

membrana, formando poros) e Ag + (se insere<br />

na membrana) na sua molécula<br />

- <strong>de</strong>sorganizam a membrana plasmática<br />

- provocam a saída <strong>de</strong> componentes<br />

celulares<br />

- aminoglicosí<strong>de</strong>os e tetraciclinas: se ligam à<br />

subunida<strong>de</strong> 30s do ribossomo, tornando-o<br />

não funcional, impedindo a incorporação <strong>de</strong><br />

aminoácidos<br />

- cloranfenicol, lincomicina e clindamicina: se<br />

ligam à subunida<strong>de</strong> 50s do ribossomo,<br />

impedindo a união <strong>de</strong> novos aminoácidos<br />

- eritromicina: se liga à subunida<strong>de</strong> 50s do<br />

ribossomo e impe<strong>de</strong> a translocação<br />

- metronidazol: é reduzido, se tornando tóxico<br />

e quebrando a molécula <strong>de</strong> DNA<br />

- rifampicina: combinam-se com RNApolimerases,<br />

bloqueando a transcrição do<br />

DNA<br />

- <strong>de</strong>rivados quinolônicos: inibem a ação das<br />

girases<br />

- sulfonamidas: bloqueiam a síntese <strong>de</strong> ácido<br />

fólico (competem com o PABA)<br />

- trimetoprina: interfere na síntese <strong>de</strong> purinas,<br />

metionina, serina e timina<br />

- b-lactâmicos (penicilina,<br />

monobactâmicos)<br />

- Polimixinas (não reagem<br />

com fosfatí<strong>de</strong>os <strong>de</strong> colina<br />

das células animais)<br />

- Aminoglicosí<strong>de</strong>os<br />

(estrptomicina, gentamicina)<br />

- Tetraciclinas (tetraciclina,<br />

doxiciclina)<br />

- Cloranfenicol<br />

- Macrolí<strong>de</strong>os (eritromicina<br />

- Estreptograminas<br />

(lincomicina, clindamicina)<br />

- Metronidazol<br />

- Derivados quinolônicos<br />

(ácido naxadílico,<br />

ciprofloxacino)<br />

- Macrolí<strong>de</strong>os (rifampicinas)<br />

- Sulfonamidas<br />

- Trimetoprina<br />

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Na escolha do antimicrobiano a ser utilizado, <strong>de</strong>vem ser avaliados os seguintes critérios:<br />

toxicida<strong>de</strong> seletiva, bactericida, amplo espectro, não <strong>de</strong>ve ser alergênico, não <strong>de</strong>ve provocar<br />

efeitos colaterais e não <strong>de</strong>vem ter microorganismos resistentes.<br />

É necessário que se observe o tempo mínimo para uso do agente antimicrobiano, para<br />

evitar a seleção <strong>de</strong> microrganismos resistentes. Graças ao uso <strong>de</strong>scuidado <strong>de</strong> agentes<br />

antimicrobianos, a taxa <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> microrganismos multirresistentes vem aumentando nos<br />

últimos anos. Um exemplo é o tratamento da tuberculose, que consiste na administração <strong>de</strong> uma<br />

combinação <strong>de</strong> antibióticos (2 a 3) por um longo período (6 meses). O abandono precoce do<br />

tratamento acaba por selecionar cepas MDR (multi drug resistent).<br />

Durante a execução da prática utilizaremos a Escala Mac Farland, que consiste num<br />

método <strong>de</strong> quantificação <strong>de</strong> microorganismos através <strong>de</strong> turbi<strong>de</strong>z. A escala é preparada com<br />

ácido sulfúrico e cloreto <strong>de</strong> bário em diversas concentrações, que reagem formando cloreto <strong>de</strong><br />

bário obtendo diversos graus <strong>de</strong> turbi<strong>de</strong>z. A concentração aproximada <strong>de</strong> microorganismos é dada<br />

conforme a leitura <strong>de</strong> absorbância realizada, <strong>de</strong> acordo com a tabela a seguir.<br />

Geralmente utilizamos uma concentração <strong>de</strong> microrganismos equivalentes ao padrão 0,5<br />

da escala MacFarland, ou seja, 1,5x10 8 /ml.<br />

Padrão da<br />

escala<br />

MacFarland<br />

Concentração<br />

aproximada <strong>de</strong><br />

microrganismos<br />

(x10 6 /ml)<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

300 600 900 1.200 1.500 1.800 2.100 2.400 2.700 3.000<br />

O Nutricionista <strong>de</strong>ve conhecer bem a funcionalida<strong>de</strong> dos antibiogramas e dos antibióticos<br />

que são utilizados para o tratamento <strong>de</strong> infecções a partir do conhecimento à sensibilida<strong>de</strong> das<br />

bactérias aos mesmos, para então acompanhar a dieta do indivíduo, fazendo as <strong>de</strong>vidas<br />

modificações necessárias <strong>de</strong>vido as inúmeras interações fármaco-nutrientes e a biodisponibilida<strong>de</strong><br />

dos fármacos, sem esquecer as possíveis <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> vitaminas e minerais que po<strong>de</strong>m vir a<br />

acontecer <strong>de</strong>vido as introdução <strong>de</strong> alguns antibióticos.<br />

Objetivos<br />

Após a realização da ativida<strong>de</strong> prática você será capaz <strong>de</strong>:<br />

è conceituar antibiograma (TSA) e i<strong>de</strong>ntificar os grupos ou quadros clínicos nos quais o<br />

antibiograma é indicado;<br />

è diferenciar os métodos <strong>de</strong> diluição (CIM ou MIC) do método <strong>de</strong> difusão e <strong>de</strong>screver as etapas<br />

para a realização <strong>de</strong>ste último;<br />

è compreen<strong>de</strong>r a influência <strong>de</strong> alguns fatores no diâmetro do halo e inibição;<br />

è ler e interpretar resultados possíveis <strong>de</strong> um antibiograma;<br />

è citar alguns grupos microbianos aon<strong>de</strong> o TSA <strong>de</strong>ve ser feito através <strong>de</strong> outras técnicas.<br />

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Material<br />

- Cultura bacteriana<br />

- Tubo com solução salina estéril<br />

- Swab estéril<br />

- Tubo n o 0,5 da escala <strong>de</strong> Mac Farland<br />

- Pipeta estéril<br />

- Placa <strong>de</strong> Agar Mueller-Hinton<br />

- 4 discos <strong>de</strong> antibióticos diferentes<br />

- Pinça<br />

- Régua graduada<br />

Execução da prática<br />

- ajustar a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do inóculo acrescentando a cultura à solução salina até esta se igualar à<br />

turvação do tubo 0,5 da escala <strong>de</strong> Mac Farland (lembrando que o ajuste é feito por turbi<strong>de</strong>z, e não<br />

pela cor que o caldo se apresenta).<br />

- embeber o swab na suspensão bacteriana padronizada e inocular na placa <strong>de</strong> Mueller-Hinton <strong>de</strong><br />

modo a obter um crescimento confluente (estriar em pelo menos 3 direções)<br />

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Exercícios <strong>de</strong> fixação<br />

1. Qual a diferença entre os métodos <strong>de</strong> difusão e impregnação em discos?<br />

2. Por que o método <strong>de</strong> impregnação do antimicrobiano em discos é mais utilizada?<br />

3. Qual a importância da inoculação ser realizada <strong>de</strong> modo correto, permitindo crescimento<br />

confluente?<br />

4. Po<strong>de</strong>mos comparar os halos <strong>de</strong> inibição obtidos com antimicrobianos diferentes ou em<br />

diferentes concentrações?<br />

Observações<br />

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Assunto 6: Cocos Gram positivos<br />

Introdução<br />

Os principais gêneros <strong>de</strong> Cocos Gram positivos <strong>de</strong> interesse na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> são o<br />

Staphylococcus e o Streptococcus, membros da família Micrococcaceae.<br />

Em ambos os gêneros, po<strong>de</strong>mos encontrar espécies que compõem a microbiota normal <strong>de</strong><br />

diversas pessoas, como Staphylococcus epi<strong>de</strong>rmidis e Enterococcus (antigamente <strong>de</strong>nominado<br />

Streptococcus faecalis), mas também existem espécies altamente patogênicas, como<br />

Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes. É importante ressaltar que os enterococos não<br />

são consi<strong>de</strong>rados como estreptococos, mas um gênero à parte. Como este gênero foi por muito<br />

tempo estudado como sendo parte do gênero Streptococcus, ainda hoje é comum estuda-lo junto<br />

com este, i<strong>de</strong>ntificando as principais diferenças entre ambos.<br />

São gêneros bastante parecidos, causadores <strong>de</strong> doenças <strong>de</strong>nominadas piogênicas (com<br />

produção <strong>de</strong> pus), a principal diferença entre ambos é a produção <strong>de</strong> catalase por<br />

Staphylococcus.<br />

Ambos os gêneros, Staphylococcus e Streptococcus, são importantes na área <strong>de</strong><br />

alimentos já que po<strong>de</strong>m ser veiculados por alimentos.<br />

Fundamentação teórica<br />

® Staphylococcus<br />

As bactérias do gênero Staphylococcus são cocos Gram-positivos, que quando vistos ao<br />

microscópio aparecem na forma <strong>de</strong> cachos <strong>de</strong> uva. São anaeróbias facultativas, com maior<br />

crescimento em condições aeróbias, quando produzem catalase. São amplamente distribuídos na<br />

natureza e fazem parte da microbiota normal da pele e mucosas <strong>de</strong> mamíferos e aves<br />

(encontrados principalmente na mucosa da nasofaringe).<br />

De todas as espécies existentes, as <strong>de</strong> maior interesse humano são Staphylococcus<br />

aureus, Staphylococcus epi<strong>de</strong>rmidis, e Staphylococcus saprophyticus.<br />

Para diferenciação d a espécie, utilizamos as provas <strong>de</strong> fermentação do manitol, da coagulase,<br />

DNAse, sensibilida<strong>de</strong> à novobiocina e redução <strong>de</strong> nitrato.<br />

A espécie S. aureus é a que está mais freqüentemente associada a doenças<br />

estafilocócicas, sendo <strong>de</strong> origem alimentar ou não, está geralmente envolvida em infecções<br />

humanas (<strong>de</strong> origem comunitária e hospitalar) e apresenta uma freqüência <strong>de</strong> 30 a 40% <strong>de</strong><br />

portadores na população.<br />

São bactérias mesófilas, com crescimento na faixa <strong>de</strong> 7ºC a 47,8ºC, e as toxinas são<br />

produzidas entre 10ºC e 46ºC, com ótimo entre 40ºC e 45ºC. Quanto mais baixa for a<br />

temperatura, mais tempo será necessário para produzir enterotoxinas.<br />

São bactérias tolerantes a concentrações <strong>de</strong> 10% a 20% <strong>de</strong> NaCl, sendo este um fator <strong>de</strong><br />

estimulação da produção da coagulase. Também são tolerantes a altas concentrações <strong>de</strong> nitratos.<br />

Crescem em faixa <strong>de</strong> pH <strong>de</strong> 4 a 9,8, com ótimo entre 6 e 7. E possuem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

crescer em valores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> aquosa inferior à muitas bactérias, até entre 0,86-0,83.<br />

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pressão osmótica (até 6,5 % <strong>de</strong> NaCl). São membros da microbiota normal do trato gastrintestinal<br />

<strong>de</strong> diversas pessoas.<br />

O gênero Streptococcus é composto <strong>de</strong> bactérias anaeróbias facultativas, com maior<br />

crescimento em atmosfera com 10% <strong>de</strong> CO2.<br />

Possuem ativida<strong>de</strong> hemolítica, fator importante para a classificação das cepas patogênicas<br />

em a (hemólise parcial), b (hemólise total) e g (anemolítico).<br />

Os estreptococos a hemolíticos apresentam zonas <strong>de</strong> hemólise, possuindo hemácias<br />

íntegras na parte mais interna junto a colônia, e hemólise maior na parte mais externa.<br />

Freqüentemente, aparece uma coloração esver<strong>de</strong>ada na área <strong>de</strong> hemólise (<strong>de</strong>vido a alteração da<br />

hemoglobina pelo sistema oxi-redutor da célula bacteriana e conseqüente liberação <strong>de</strong> biliverdina<br />

e bilirrubina), que originou a qualificação "estreptococos do grupo esver<strong>de</strong>scente" ou<br />

Streptococcus viridans. Os Streptococcus pneumoniae, principais agentes bacterianos <strong>de</strong><br />

pneumonia, apresentam hemólise a, uma colônia puntiforme com um aprofundamento no ápice da<br />

colônia (parecendo um pequeno vulcão).<br />

Os estreptococos b hemolíticos produzem uma zona <strong>de</strong> hemólise total, não se observando<br />

hemácias íntegras (microscópio óptico com objetiva <strong>de</strong> 10x). O Streptococcus pyogenes<br />

apresenta dois tipos <strong>de</strong> hemolisinas O e S. A hemolisina O é <strong>de</strong>struída pela ação do oxigênio<br />

atmosférico e, portanto, só <strong>de</strong>monstrada em colônias crescidas em profundida<strong>de</strong> no Agar sangue.<br />

A hemolisina S é estável ao oxigênio do ar e produz hemólise mesmo nas colônias<br />

crescidas na superfície do meio <strong>de</strong> cultura. Como cerca <strong>de</strong> 15% dos Streptococcus apresentam<br />

hemolisina O, se torna necessária a semeadura do germe pela técnica em profundida<strong>de</strong> ("pourplate")<br />

, ou a realização <strong>de</strong> perfurações ("stabs") nos quadrantes <strong>de</strong> esgotamento ou a incubação<br />

em atmosfera pobre em oxigênio (técnica da jarra com vela).<br />

Os estreptococos g não produzem hemólise, são anemolíticos, isso significa que não têm<br />

capacida<strong>de</strong> lítica nenhuma sobre as hemácias. Muitas das espécies saprófitas são <strong>de</strong>ste grupo.<br />

Para o isolamento po<strong>de</strong>-se recorrer previamente ao uso <strong>de</strong> meios seletivos ou <strong>de</strong> enriquecimento.<br />

O meio <strong>de</strong> seletivo específico para estreptococos mais usado é o Caldo Hitchens-Pike.<br />

Um meio alternativo para enriquecimento é o Caldo Tioglicolato <strong>de</strong> Sódio, a<strong>de</strong>quado para o<br />

crescimento <strong>de</strong> bactérias, inclusive aquelas microaerófilas e anaeróbias.<br />

O meio clássico <strong>de</strong> isolamento <strong>de</strong> estreptococos é o Agar Sangue aon<strong>de</strong> po<strong>de</strong>-se observar<br />

o perfil hemolítico dos mesmos.<br />

As colônias <strong>de</strong> estreptococos isoladas em Agar Sangue são puntiformes (< 1mm <strong>de</strong><br />

diâmetro), transparentes à luz transmitida e peroladas à luz refletida.<br />

Na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> estreptococos além do perfil hemolítico, utilizam-se outras provas<br />

auxiliares para a i<strong>de</strong>ntificação das principais espécies. O esquema abaixo apresenta estas provas:<br />

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Objetivos<br />

Após a realização da ativida<strong>de</strong> prática você será capaz <strong>de</strong>:<br />

è compreen<strong>de</strong>r o papel dos manipuladores <strong>de</strong> alimentos como potenciais reservatórios <strong>de</strong> S.<br />

aureus produtores <strong>de</strong> enterotoxinas;<br />

è caracterizar e compreen<strong>de</strong>r o modo <strong>de</strong> ação dos meios utilizados para o isolamento <strong>de</strong><br />

Staphylococcus (Chapman ou A. Manitol Salgado) e Streptococcus (Agar Sangue);<br />

è caracterizar e compreen<strong>de</strong>r as provas básicas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e diferenciação <strong>de</strong><br />

Staphylococcus e Streptococcus (catalase, coagulase e DNAse), compreen<strong>de</strong>ndo o mecanismo<br />

<strong>de</strong> ação <strong>de</strong>stas.<br />

Material<br />

® Isolamento <strong>de</strong> anfibiontes das vias aéreas superiores<br />

- swabs estéreis<br />

- tubo com solução salina<br />

- Agar Chapman<br />

- Caldo Tioglicolato (ou Hitchens-Pike).<br />

® I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> Staphylococcus e Streptococcus I<br />

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- Agar sangue<br />

- Caldo simples ou BHI<br />

- Agar inclinado<br />

- Agar DNAse<br />

- <strong>de</strong>ssecador com vela.<br />

® I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> Staphylococcus e Streptococcus II<br />

- reativo para catalase (H2O2)<br />

- reativo para DNAse (HCl 1N)<br />

- reativo para coagulase (plasma sangüíneo)<br />

- tubo controle positivo<br />

- lâminas<br />

- conjunto <strong>de</strong> coloração <strong>de</strong> Gram.<br />

Execução da prática<br />

® Isolamento <strong>de</strong> anfibiontes das vias aéreas superiores<br />

- colher material da nasofaringe (fossas nasais) com o auxílio <strong>de</strong> swab previamente ume<strong>de</strong>cido<br />

em solução salina estéril e inocular o meio Chapman com a técnica <strong>de</strong> esgotamento em estria e<br />

incubar a 37 o C por 24 horas, conforme o esquema a seguir:<br />

- colher material da orofaringe (tonsilas palatinas/amídalas) com o auxílio <strong>de</strong> swab previamente<br />

ume<strong>de</strong>cido em solução salina estéril e inocular o meio <strong>de</strong> Tioglicolato e incubar a 37 o C por 24<br />

horas, conforme o esquema a seguir:<br />

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® I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> Staphylococcus e Streptococcus I<br />

- observar o crescimento típico ou não <strong>de</strong> S.aureus no meio <strong>de</strong> Chapman e inocular colônia<br />

isolada em caldo BHI, Agar DNAse e Agar inclinado e incubar a 37 o C por 24 horas, conforme o<br />

esquema abaixo:<br />

- inocular por esgotamento o crescimento do meio Tioglicolato em placas <strong>de</strong> Agar sangue e<br />

incubar a 37 o C por 24 horas em microaerofila pela técnica da vela, conforme o esquema abaixo:<br />

® I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> Staphylococcus e Streptococcus II<br />

- utilizando os reativos próprios, fazer as leituras das provas <strong>de</strong> catalase (H2O2), DNAse (HCl 1N)<br />

e coagulase (plasma <strong>de</strong> coelho citratado)<br />

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OBSERVAÇÃO:<br />

As principais provas bioquímicas utilizadas para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> bactérias do gênero<br />

Staphylococcus são:<br />

à Fermentação do Manitol: a primeira prova a ser realizada, já na primeira etapa da prática. É<br />

verificada no meio <strong>de</strong> Chapman, ou Agar Manitol Salgado, que contém o indicador <strong>de</strong> pH<br />

vermelho <strong>de</strong> fenol. Quando o microorganismo utiliza o manitol como fonte <strong>de</strong> carbono<br />

(fermentando-o), produz ácido no meio, reduzindo o pH e alterando a cor do indicador <strong>de</strong><br />

vermelho (laranja) para amarelo. Caso o microorganismo seja isolado em Agar Sangue, a prova<br />

po<strong>de</strong> ser realizada em Caldo Vermelho <strong>de</strong> Fenol suplementado com 1,0% <strong>de</strong> manitol.<br />

à Prova da Catalase: se <strong>de</strong>stina a verificação da presença da enzima catalase, uma superoxidodismutase.<br />

A catalase é uma enzima que <strong>de</strong>compõe o peróxido <strong>de</strong> hidrogênio com formação <strong>de</strong><br />

água e oxigênio molecular (H2O2 + catalase à H2O + ½ O2). A prova po<strong>de</strong> ser efetuada com o<br />

crescimento bacteriano obtido em qualquer meio <strong>de</strong> cultura, exceto meios com sangue, pois este<br />

possui catalase, levando a resultados falso-positivos. A verificação da produção <strong>de</strong>ssa enzima por<br />

<strong>de</strong>terminada bactéria po<strong>de</strong> ser feita adicionando-se peróxido <strong>de</strong> hidrogênio (H2O2 a 30%) à cultura<br />

em meio sólido ou líquido, e verificando-se <strong>de</strong>sprendimento <strong>de</strong> bolhas gasosas (O2). Se o<br />

microorganismo produzir catalase, o resultado positivo será visto como <strong>de</strong>sprendimento <strong>de</strong> gás<br />

sobre colônia (borbulhamento).<br />

Uma leitura da prova <strong>de</strong> catalase po<strong>de</strong> ser feita <strong>de</strong> maneira cuidadosa a partir <strong>de</strong> um crescimento<br />

em Agar Sangue da seguinte maneira: adiciona-se primeiramente uma gota <strong>de</strong> peróxido em uma<br />

área do meio <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> crescimento e em seguida sobre uma colônia a ser testada.<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se positivo apenas se o borbulhamento foi mais rápido e intenso sobre a colônia.<br />

à Prova da Coagulase: Verifica a capacida<strong>de</strong> do microrganismo em coagular o plasma através<br />

da enzima coagulase. A coagulase estafilocócica se apresenta em duas formas: coagulase ligada<br />

e coagulase livre.<br />

A coagulase ligada converte fibrinogênio em fibrina diretamente, sem o envolvimento dos fatores<br />

<strong>de</strong> coagulação, e po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tectada em teste direto em lâmina, utilizando-se da suspensão <strong>de</strong><br />

Staphylococcus acrescida <strong>de</strong> 2 gotas <strong>de</strong> plasma citratado, fazendo movimentos circulares e<br />

observando-se a formação <strong>de</strong> coágulo no tempo <strong>de</strong> 1-2 minutos. Po<strong>de</strong> se tornar mais sensível o<br />

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teste em tubo, por este <strong>de</strong>tectar tanto coagulase livre como coagulase ligada, sendo a prova <strong>de</strong><br />

escolha.<br />

A coagulase livre reage com o fator <strong>de</strong> coagulação do plasma, o CRF, formando uma substância<br />

semelhante, mas não idêntica à trombina, que converte fibrinogênio em fibrina. Para o teste<br />

utilizamos plasma citratado humano ou <strong>de</strong> coelho, estéril, diluído na proporção 1:5 em solução<br />

salina; a reação ocorre volume a volume (0,5ml <strong>de</strong> plasma + 0,5 ml da cultura) a 37º C.<br />

Estudos recentes <strong>de</strong>monstraram que a produção da enzima coagulase se intensifica quando o<br />

germe é crescido em meio contendo alta concentração <strong>de</strong> NaCl. Desta forma, aconselha-se a<br />

utilização <strong>de</strong> colônias para a prova, crescidas em Agar Manitol Salgado (Chapman), este<br />

procedimento aumentaria a sensibilida<strong>de</strong> do teste.<br />

Semear uma alçada do germe em estudo em um tubo contendo o plasma diluído e incubar a<br />

37ºC. Devem ser feitas leituras periódicas a cada30 minutos por um período <strong>de</strong> até 4 horas e uma<br />

leitura final após 24 horas, pois algumas espécies produzem também fibrinolisina, que dissolve o<br />

coágulo formado. A menor coagulação é consi<strong>de</strong>rada prova positiva. Aconselha-se, também<br />

utilizar sempre um teste positivo com uma amostra <strong>de</strong> S. aureus, previamente conhecida, como<br />

comprovação do teste.<br />

à Prova da DNAse: Verifica a capacida<strong>de</strong> do microorganismo utilizar DNA como fonte<br />

energética, através da produção da enzima DNAse. O meio utilizado (Agar DNAse) possui DNA<br />

em sua composição. O microorganismo é semeado em forma <strong>de</strong> “spot” ou estria reta simples.<br />

Após o crescimento, adiciona-se ao meio HCl 1N, que vai revelar o resultado. O HCl precipitará<br />

todo o DNA presente no meio (lembrando que o DNA e proteína e <strong>de</strong>snatura em presença <strong>de</strong><br />

ácidos). Se o microorganismo produzir DNAse, terá <strong>de</strong>gradado todo o DNA ao redor do<br />

crescimento, e não haverá precipitação. Quando colocado contra o fundo escuro, po<strong>de</strong>-se ver<br />

claramente o meio turvo e um halo claro (translúcido) ao redor do crescimento.<br />

à Sensibilida<strong>de</strong> a Novobiocina: Este teste não será realizado na aula prática, mas é muito<br />

utilizado na rotina <strong>de</strong> laboratório. Esta prova é diferenciadora <strong>de</strong> espécie, pois apenas S.<br />

epi<strong>de</strong>rmidis é resistente a este antimicrobiano. O teste é realizado semelhantemente ao TSA<br />

(Teste <strong>de</strong> Sensibilida<strong>de</strong> a Antimicrobianos): inocula-se a cultura suspeita em Agar Mueller-Hinton,<br />

<strong>de</strong> modo a obter crescimento confluente e adicionar o disco <strong>de</strong> Novobiocina com concentração <strong>de</strong><br />

5 mg/ml. Após a incubação verificar o tamanho do halo <strong>de</strong> inibição e comparar com uma tabela<br />

específica.<br />

- caracterizar a presença <strong>de</strong> colônias típicas <strong>de</strong> Streptococcus e seu eventual padrão hemolítico<br />

no meio <strong>de</strong> Agar sangue.<br />

- preparar lâminas com esfregaço <strong>de</strong> amostra coletada do Agar Inclinado (Staphylococcus) e do<br />

Agar Sangue (Streptococcus), corar pelo método <strong>de</strong> Gram e observar em microscopia.<br />

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OBSERVAÇÃO: Há provas bioquímicas que po<strong>de</strong>m ser utilizadas na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

Streptococcus, embora nós não as utilizemos na aula prática. Estas são:<br />

à Sensibilida<strong>de</strong> a Optoquina: Esta prova é diferenciadora <strong>de</strong> espécie (S. pneumoniae e S.<br />

viridans). O teste é realizado semelhantemente ao TSA (Teste <strong>de</strong> Sensibilida<strong>de</strong> a<br />

Antimicrobianos): inocula-se a cultura suspeita em Agar Mueller-Hinton, <strong>de</strong> modo a obter<br />

crescimento confluente e adicionar o disco <strong>de</strong> Optoquina. Após a incubação verificar o tamanho<br />

do halo <strong>de</strong> inibição. Consi<strong>de</strong>rar como sensível um halo <strong>de</strong> inibição <strong>de</strong> raio maior que 2 cm.<br />

à Bile solubilida<strong>de</strong>: Esta prova é utilizada para i<strong>de</strong>ntificar se o microorganismo é capaz <strong>de</strong><br />

resistir à presença <strong>de</strong> bile no meio. Dentre os estreptococos, apenas os enterococos são capazes<br />

<strong>de</strong> solubilizar a bile no meio. A prova é realizada conforme esquema que se segue: A 1,0 mL <strong>de</strong><br />

cultura em caldo, adicionar uma gota <strong>de</strong> vermelho <strong>de</strong> fenol. Acertar o pH em aproximadamente 7,5<br />

com NaOH 0,1N (cor rósea). Adicionar aproximadamente 4 gotas <strong>de</strong> <strong>de</strong>soxicolato <strong>de</strong> sódio ou<br />

bílis. Incubar juntamente com um tubo sem bílis a 37º C por 3 horas.<br />

à Sensibilida<strong>de</strong> a Bacitracina: Esta prova i<strong>de</strong>ntifica os Streptococcus do grupo A, poisestes são<br />

sensíveis, enquanto outros Streptococcus não grupo A são resistentes a este antimicrobiano. O<br />

teste é realizado semelhantemente ao TSA (Teste <strong>de</strong> Sensibilida<strong>de</strong> a Antimicrobianos): inocula-se<br />

a cultura suspeita em Agar Mueller-Hinton, <strong>de</strong> modo a obter crescimento confluente e adicionar o<br />

disco <strong>de</strong> Bacitracina com concentração <strong>de</strong> 0,04U. Após a incubação em baixa tensão <strong>de</strong> O2,<br />

verificar o tamanho do halo <strong>de</strong> inibição. Consi<strong>de</strong>rar como sensível um halo <strong>de</strong> inibição <strong>de</strong> raio<br />

maior que 2 cm.<br />

à Crescimento a 56°C: Para evitar dúvidas entre estreptococos e enterococos (Streptococcus<br />

faecalis), submeter a cultura a um aquecimento <strong>de</strong> 56º C por 30 minutos. Somente os enterococos<br />

resistem a esse tratamento.<br />

à Crescimento em Agar Chapman: Esta prova também diferencia os enterococos, pois estes<br />

toleram a alta concentração <strong>de</strong> NaCl presente no meio, como acontece com os estafilococos.<br />

à Crescimento em Agar EMB: Outra prova para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> enterococos, pois estes<br />

suportam a presença <strong>de</strong> corantes como o azul <strong>de</strong> metileno (que é inibidor para a maioria dos<br />

Gram positivos).<br />

® Meios utilizados na prática<br />

Agar Chapman<br />

Composição do Meio (g/L) Observações<br />

Extrato <strong>de</strong> carne<br />

Peptona<br />

Manitol<br />

Cloreto <strong>de</strong> sódio<br />

Vermelho <strong>de</strong> fenol<br />

Agar<br />

1,0<br />

10,0<br />

10,0<br />

75,0<br />

0,025<br />

15,0<br />

pH do meio: 7,5 ± 0,2<br />

Este meio possui agentes seletivo (NaCl a uma<br />

concentração <strong>de</strong> 7,5%), indicador (vermelho <strong>de</strong><br />

fenol) e diferencial (manitol).<br />

Ou seja, além <strong>de</strong> restringir o crescimento <strong>de</strong><br />

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Caldo Tioglicolato <strong>de</strong> Sódio<br />

Composição do Meio (g/L) Observações<br />

Extrato <strong>de</strong> levedura<br />

Triptona<br />

Glicose<br />

Toglicolato <strong>de</strong> sódio<br />

Cloreto <strong>de</strong> sódio<br />

L-cistina<br />

Resazurina<br />

Agar<br />

Agar Sangue<br />

5,0<br />

15,0<br />

5,5<br />

0,5<br />

2,5<br />

0,5<br />

0,001<br />

0,75<br />

bactérias não halófilas, permite a diferenciação<br />

<strong>de</strong> microorganismo fermentadores <strong>de</strong> manitol, o<br />

que é indicado pela viragem da cor do<br />

indicador <strong>de</strong> pH Vermelho <strong>de</strong> fenol, <strong>de</strong> laranja<br />

para amarelo.<br />

pH do meio: 7,1 ± 0,2<br />

Composição do Meio (g/L) Observações<br />

Triptona<br />

Peptona neutralizada<br />

Extrato <strong>de</strong> levedura<br />

Cloreto <strong>de</strong> sódio<br />

Sangue <strong>de</strong> carneiro<br />

Agar<br />

Caldo BHI (Brain Heart Infusion)<br />

14,0<br />

4,5<br />

4,5<br />

5,0<br />

7,0<br />

12,5<br />

Esse meio é a<strong>de</strong>quado para o cultivo <strong>de</strong><br />

microorganismos aeróbios e anaeróbios. A<br />

resazurina é um agente indicador <strong>de</strong> oxidação,<br />

em presença <strong>de</strong> O2 o meio adquire coloração<br />

avermelhada.<br />

pH do meio: 7,3 ± 0,2<br />

Composição do Meio (g/L) Observações<br />

Sólidos <strong>de</strong> infusão <strong>de</strong> cérebro <strong>de</strong><br />

bezerro<br />

Sólidos <strong>de</strong> infusão <strong>de</strong> coração <strong>de</strong> boi<br />

Proteose peptona<br />

Glicose<br />

Cloreto <strong>de</strong> sódio<br />

Fosfato dissódico<br />

Agar DNAse<br />

12,5<br />

5,0<br />

10,0<br />

2,0<br />

5,0<br />

2,5<br />

O meio é altamente nutriente, além <strong>de</strong> ser<br />

suplementado com sangue, o que o torna um<br />

meio muito utilizado em etapas <strong>de</strong><br />

enriquecimento e para visualização <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>s hemolíticas <strong>de</strong> diversos<br />

microorganismos. Como na possui agentes<br />

seletivos, <strong>de</strong>ve ser manipulado com bastante<br />

cuidado.<br />

pH do meio: 7,4 ± 0,2<br />

Este é um caldo <strong>de</strong> infusão tamponado,<br />

altamente rico em nutrientes e que não<br />

apresenta nenhum agente seletivo. É muito<br />

indicado para o crescimento <strong>de</strong> estafilococos<br />

para verificação <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> coagulase,<br />

pois potencializa essa característica do<br />

microorganismo.<br />

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Composição do Meio (g/L) Observações<br />

Triptose<br />

Ácido <strong>de</strong>oxiribonucléico<br />

Cloreto <strong>de</strong> sódio<br />

Agar<br />

20,0<br />

2,0<br />

5,0<br />

12,0<br />

pH do meio: 7,3 ± 0,2<br />

A produção da DNAse no meio é <strong>de</strong>tectada<br />

graças ao DNA adicionado. Para a leitura, é<br />

necessário adicionar HCL 1 N sobre toda a<br />

superfície do meio e aguardar a precipitação.<br />

Esta prova é utilizada para i<strong>de</strong>ntificar<br />

estafilococos patogênicos, por estar<br />

correlacionada à produção <strong>de</strong> coagulase.<br />

** O Caldo simples (TSB) e o Agar inclinado (TSA) são meios simples, sem nenhum nutriente <strong>de</strong><br />

enriquecimento ou nenhum componente inibidor ou indicador, por isso, suas composições não<br />

serão estabelecidas aqui. Caso haja interesse, disponibilizamos os Manuais <strong>de</strong> Meios aos alunos.<br />

Exercícios <strong>de</strong> fixação<br />

1. Qual a finalida<strong>de</strong> do Agar Chapman na primeira etapa da aula prática?<br />

2. De que maneiras po<strong>de</strong>mos diferenciar os estreptococos dos enterococos?<br />

3. Qual o método <strong>de</strong> classificação <strong>de</strong> estreptococos foi utilizada na aula? Em que estase baseia?<br />

4. Quais as principais provas para i<strong>de</strong>ntificação bioquímica <strong>de</strong> estafilocococs e quais os seus<br />

fundamentos?<br />

5. Qual a finalida<strong>de</strong> da técnica da “Jarra com Vela”?<br />

Observações<br />

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Assunto 7: Coloração <strong>de</strong> Zihel-Neelsen (Visualização <strong>de</strong><br />

Bactérias Espiraladas)<br />

Introdução<br />

Algumas bactérias não se coram pelo método <strong>de</strong> coloração <strong>de</strong> Gram, pelo simples fato <strong>de</strong><br />

apresentarem composição da pare<strong>de</strong> celular diferenciada das bactérias Gram positivas e Gram<br />

negativas.<br />

Entre estas bactérias estão as micobactérias, como o Mycobacterium tuberculosis, um<br />

bacilo álcool-ácido resistente <strong>de</strong> importância médica, por ser o causador da tuberculose humana e<br />

o Mycobacterium bovis, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse na nutrição por causar tuberculose em bovinos,<br />

sendo esta uma zoonose veiculada por alimentos. As micobactérias penetram pela mucosa da<br />

orofaringe e do trato digestivo chegando aos nódulos mesentéricos e a partir daí po<strong>de</strong> se<br />

disseminar para outros tecidos e órgãos, quando inaladas po<strong>de</strong>m provocar tuberculose pulmonar<br />

idêntica à causada pelo Mycobacterium tuberculosis.<br />

A coloração <strong>de</strong> Ziehl-Neelsen é a técnica mais utilizada na i<strong>de</strong>ntificação das micobactérias<br />

e <strong>de</strong> bactérias álcool-ácido resistentes em geral, como as bactérias espiraladas..<br />

Muitas bactérias espiraladas estão associadas a doenças humanas: Leptospira<br />

(leptospirose); Treponema (sífilis) e Borrelia (doença <strong>de</strong> Lyme). Como são microrganismos muito<br />

<strong>de</strong>lgados e recobertos por uma bainha protéica, a coloração <strong>de</strong> Gram não é útil na sua<br />

visualização. Para tanto são empregados métodos <strong>de</strong> impregnação com sais <strong>de</strong> prata (método <strong>de</strong><br />

Fontana-Tribon<strong>de</strong>au) que permite sua observação em microscopia <strong>de</strong> campo claro e a observação<br />

direta em microscopia <strong>de</strong> campo escuro.<br />

A presença <strong>de</strong> bacilos álcool-ácido resistentes no escarro é forte sugestão <strong>de</strong> tuberculose<br />

pulmonar. Além disso, sangue colhido do lóbulo da orelha ou material colhido da própria lesão<br />

indica o diagnóstico da lepra (Mycobacterium leprae).<br />

Faz parte da prática do Nutricionista conhecer o assunto e atentar para a importância na<br />

orientação do consumo <strong>de</strong> leite pasteurizado, <strong>de</strong> origem conhecida e inspecionado, pois as<br />

infecções causadas por essas bactérias são graves.<br />

Fundamentação teórica<br />

O gênero Mycobacterium contém gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> espécies, as patogênicas <strong>de</strong> maior<br />

importância para o homem são Mycobacterium leprae, Mycobacterium tuberculosis e<br />

Mycobacterium bovis. Com exceção da Mycobacterium leprae (que só po<strong>de</strong> ser cultivado em<br />

cultura <strong>de</strong> células), as micobactérias po<strong>de</strong>m ser cultivadas em laboratório (in vitro), em meio <strong>de</strong><br />

cultura seletivo.<br />

As bactérias <strong>de</strong>sse gênero são bacilos finos, diferentes das <strong>de</strong>mais bactérias em várias<br />

proprieda<strong>de</strong>s, a começar pela pare<strong>de</strong> celular que é composta <strong>de</strong> ácidos graxos <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia longa<br />

(ácidos micólicos) e ceras (ésteres <strong>de</strong> ácidos graxos). São aeróbias estritas, possuindo tropismo<br />

pela árvore respiratória. Não são produtoras <strong>de</strong> esporos e possuem crescimento lento, graças à<br />

composição <strong>de</strong> sua pare<strong>de</strong> celular, <strong>de</strong> caráter altamente lipídico, dificultando a absorção <strong>de</strong><br />

nutrientes. Por esse mesmo motivo as micobactérias não se coram pela Coloração <strong>de</strong> Gram. Sua<br />

pare<strong>de</strong> celular rica em substâncias lipídicas, como ceras e ácidos graxos <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia longa, dificulta<br />

a penetração dos corantes utilizados neste método. A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento e a temperatura<br />

ótima para seu crescimento são variáveis.<br />

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São bactérias intracelulares facultativos que se proliferam no interior <strong>de</strong> macrófagos. São<br />

resistentes ao hidróxido <strong>de</strong> sódio, ácido sulfúrico e a certos anti-sépticos.<br />

Pelas normas estabelecidas pela Campanha Nacional contra Tuberculose, a interpretação<br />

da lâmina po<strong>de</strong> ser:<br />

Negativo (-) Ausência <strong>de</strong> BAAR em 100 campos microscópicos<br />

Positivo (+) Menos <strong>de</strong> 1 bacilo/campo em 100 campos<br />

Positivo (++) 1 a 10 bacilos/campo em 50 campos<br />

Positivo (+++) Mais <strong>de</strong> 10 bacilos/campo em 20 campos<br />

Na técnica da coloração <strong>de</strong> Ziehl-Neelsen, aliam-se a utilização <strong>de</strong> calor e agentes<br />

químicos mais fortes, como a fucsina fenicada e a solução <strong>de</strong> álcool etílico-ácido clorídrico (97:3),<br />

que possibilitam que a célula se core, po<strong>de</strong>ndo ser visualizada no microscópio.<br />

Além disso, a utilização <strong>de</strong>stes fatores agressivos também elimina quaisquer<br />

contaminantes biológicos (outras bactérias) que possam existir no esfregaço, aumentando a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visualização e confirmação das micobactérias.<br />

Para a visualização <strong>de</strong> bactérias espiraladas po<strong>de</strong>-se utilizar um artifício que aumenta a<br />

espessura das mesmas permitindo assim a sua observação. Isto é conseguido através da<br />

impregnação da superfície da bactéria com sais <strong>de</strong> prata que uma vez aquecidos sofrem oxidação<br />

e conseqüente escurecimento.<br />

A utilização <strong>de</strong> microscopia <strong>de</strong> campo escuro também permite a visualização direta das<br />

bactérias. O campo escuro é conseguido pelo uso <strong>de</strong> um con<strong>de</strong>nsador especial que faz com que<br />

os raios luminosos penetrem na objetiva apenas pelos seus bordos <strong>de</strong> modo que a iluminação das<br />

partículas se faça por reflexão e não transmissão. Desse modo apenas as partículas presentes<br />

são iluminadas contrastando com um findo escuro. Através <strong>de</strong>sta visualização se faz possível<br />

inclusive a realização do diagnóstico por soroaglutinação microscópica (microaglutinação) na<br />

leptospirose.<br />

Objetivo<br />

Após a realização da ativida<strong>de</strong> prática você será capaz <strong>de</strong>:<br />

è executar a técnica da coloração <strong>de</strong> Zihel Neelsen;<br />

è diferenciar a coloração <strong>de</strong> Zihel Neelsen da coloração <strong>de</strong> Gram;<br />

è relacionar a composição química da pare<strong>de</strong> celular das micobactérias com os corantes <strong>de</strong><br />

Zihel;<br />

è diferenciar BAAR e BNAAR;<br />

è compreen<strong>de</strong>r o princípio do método <strong>de</strong> Fontana Tribon<strong>de</strong>au;<br />

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è diferenciar microscopia <strong>de</strong> campo claro e campo escuro e associar a importância <strong>de</strong>sta última<br />

na observação <strong>de</strong> espiroquetas.<br />

Material<br />

- Lâminas com esfregaços fixados <strong>de</strong> escarro <strong>de</strong> paciente com tuberculose<br />

- Fucsina <strong>de</strong> Zihel<br />

- Azul <strong>de</strong> metileno<br />

- Solução <strong>de</strong> álcool (97%) e ácido clorídrico (3%)<br />

- Água<br />

- Papel <strong>de</strong> filtro<br />

- Óleo <strong>de</strong> cedro<br />

- Microscópio<br />

- Bico <strong>de</strong> Bunsen<br />

Execução da prática<br />

® Preparo e fixação do esfregaço<br />

Etapas Observações<br />

Transferir uma alçada da cultura ou uma<br />

colônia da placa para uma lâmina <strong>de</strong><br />

microscópio limpa.<br />

Ao fazer o esfregaço a partir <strong>de</strong> diferentes<br />

culturas <strong>de</strong>ve-se observar alguns <strong>de</strong>talhes:<br />

è <strong>de</strong> placa: <strong>de</strong>ve-se coletar apenas 1 colônia,<br />

espalhando-a pela lâmina à isso evitará a<br />

observação <strong>de</strong> colônias diferentes na lâmina e<br />

que seja coletado um inóculo muito carregado, o<br />

que dificultará a visualização das células<br />

coradas.<br />

è <strong>de</strong> caldo: <strong>de</strong>ve-se coletar apenas uma alçada<br />

e espalhá-la na lâmina à isso evita que seja<br />

coletado um inóculo muito carregado.<br />

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Com o auxílio da alça, espalhar a cultura. Se<br />

tiver sido colhida colônia da placa, adicionar<br />

salina estéril para facilitar o espalhamento.<br />

Passar a lâmina com o esfregaço sobre a<br />

chama do Bico <strong>de</strong> Bunsen, até que este esteja<br />

completamente seco.<br />

® Coloração do esfregaço<br />

Para o inóculo coletado <strong>de</strong> caldo não é<br />

necessário adicionar solução salina. Mas para<br />

colônia coletada <strong>de</strong> placa é necessário fazer a<br />

diluição na lâmina, evitando que o esfregaço<br />

fique muito concentrado o que dificulta a<br />

visualização das células coradas ao<br />

microscópio.<br />

É importante fixar o esfregaço para que este não<br />

se perca durante as etapas <strong>de</strong> lavagem entre a<br />

utilização <strong>de</strong> um e outro corantes<br />

Etapas da Coloração O que está acontecendo na pare<strong>de</strong> da bactéria?<br />

Cobrir o esfregaço com solução fucsina<br />

fenicada.<br />

Aquecer intermitentemente até a emissão <strong>de</strong><br />

vapores e manter por mais 5 minutos sem<br />

<strong>de</strong>ixar que entre em ebulição.<br />

Nesse momento, a fucsina não penetra na<br />

pare<strong>de</strong> da célula, pois sua composição<br />

altamente lipídica impe<strong>de</strong> a difusão do corante.<br />

Esta coloração é muito mais agressiva que a<br />

coloração <strong>de</strong> Gram. Note que a fucsina utilizada<br />

é cerca <strong>de</strong> 5x mais concentrada que a utilizada<br />

no método <strong>de</strong> Gram.<br />

O aquecimento torna a pare<strong>de</strong> lipídica mais<br />

fluida, permitindo a entrada do corante na pare<strong>de</strong><br />

da célula.<br />

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Lavar rapidamente com água.<br />

Lavar a lâmina inclinada a 45° com solução <strong>de</strong><br />

álcool etílico:ácido clorídrico (97:3) até que<br />

não haja mais <strong>de</strong>sprendimento <strong>de</strong> corante<br />

(aproximadamente 2 minutos).<br />

Lavar o esfregaço com solução <strong>de</strong> álcool<br />

etílico:ácido clorídrico (97:3) até que não haja<br />

mais <strong>de</strong>sprendimento <strong>de</strong> corante.<br />

Essa etapa é realizada para que não haja<br />

excesso <strong>de</strong> corante sobre o esfregaço na<br />

próxima etapa.<br />

A solução álcool-ácida é responsável por fixar o<br />

corante na pare<strong>de</strong> da célula, impedindo sua<br />

saída. Como essas bactérias são álcool-ácido<br />

resistentes, não há dissolução da pare<strong>de</strong>,<br />

mesmo esta tendo alto caráter lipídico.<br />

É importante que esta etapa seja realizada, pois<br />

se restar algum corante na lâmina, o próximo<br />

corante a ser utilizado não se fixará na lâmina,<br />

não cumprindo seu papel.<br />

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Cobrir o esfregaço com corante Azul <strong>de</strong><br />

Metileno por 30 segundos.<br />

Lavar com água e secar suavemente com<br />

papel.<br />

È importante que esta etapa seja realizada, pois<br />

se restar algum corante na lâmina, o próximo<br />

corante a ser utilizado não se fixará na lâmina,<br />

não cumprindo seu papel..<br />

Após secar, observar no microscópio, objetiva <strong>de</strong><br />

imersão (100x), com óleo <strong>de</strong> cedro/mineral.<br />

Comparando com a coloração <strong>de</strong> Gram:<br />

Coloração <strong>de</strong> Gram Coloração <strong>de</strong> Zihel Neelsen<br />

Principal corante Cristal violeta Fucsina fenicada<br />

Fixador do corante Lugol Álcool:ácido clorídrico<br />

Corante <strong>de</strong> contraste Fucsina Azul <strong>de</strong> metileno<br />

Exercícios <strong>de</strong> fixação<br />

1. Em que se baseia o método da coloração <strong>de</strong> Zihel Neelsen?<br />

2. Por que os corantes <strong>de</strong>sse método são mais agressivos que os utilizados no método <strong>de</strong> Gram<br />

(por exemplo, a fucisna é 5x mais concentrada)?<br />

3. Por que os BAAR não se coram bem pelo método <strong>de</strong> Gram?<br />

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Observações<br />

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Assunto 8: Bacilos Gram-negativos<br />

Introdução<br />

As bactérias Gram negativas são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância, pois abrangem as<br />

enterobactérias, e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste grupo po<strong>de</strong>mos citar dois subgrupos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na área<br />

<strong>de</strong> alimentos: os coliformes fecais e totais, que indicam contaminação do alimento por<br />

manipulação ina<strong>de</strong>quada.<br />

A família Enterobacteriaceae é uma das mais importantes famílias bacterianas, a ela<br />

pertencem muitos dos patógenos mais importantes para o homem e para os animais. Estes<br />

patógenos estão entre os principais agentes <strong>de</strong> infecção hospitalar e constituem a principal causa<br />

<strong>de</strong> infecção intestinal em muitos países.<br />

Além disso, quando patógenos <strong>de</strong> animais, são importantes porque causam perdas<br />

econômicas e porque os animais se apresentam como reservatório <strong>de</strong> patógenos humanos<br />

São <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância na nutrição porque indicam contaminação <strong>de</strong> origem fecal, já<br />

que seu habitat é o Trato Gastrintestinal <strong>de</strong> animais e do homem, <strong>de</strong> on<strong>de</strong>, via alimentos e água,<br />

se disseminam no meio, contaminando homens e outros animais.<br />

Os gêneros <strong>de</strong> maior importância são:<br />

à Escherichia *<br />

à Shigella<br />

à Salmonella<br />

à Yersinia<br />

à Enterobacter *<br />

à Citrobacter *<br />

à Klebsiella *<br />

Os gêneros sublinhados são enteropatógenos (causadores <strong>de</strong> doenças intestinais) e os<br />

gêneros assinalados compõem o grupo dos coliformes fecais, indicadores <strong>de</strong> contaminação fecal.<br />

Dentre estes só E. coli tem como habitat primário o TI do homem e <strong>de</strong> animais. Os <strong>de</strong>mais<br />

também estão presentes em outros ambientes como vegetais e solo, on<strong>de</strong> persistem por tempo<br />

superior ao <strong>de</strong> bactérias patogênicas <strong>de</strong> origem intestinal como Salmonella e Shigella.<br />

A espécie E. coli é tão variável que existem sorotipos patogênicos e não patogênicos, e até<br />

da flora normal.<br />

Os principais microorganismos utilizados para indicar a qualida<strong>de</strong> microbiológica <strong>de</strong><br />

alimentos são os coliformes fecais e totais.<br />

Visto a gran<strong>de</strong> importância das enterobactérias na formação e atuação do nutricionista,<br />

enfocaremos estas bactérias na aula prática.<br />

Fundamentação teórica<br />

O uso <strong>de</strong> Escherichia coli como um indicador <strong>de</strong> contaminação <strong>de</strong> origem fecal foi proposto<br />

uma vez que este microorganismo é encontrado no trato intestinal do homem e <strong>de</strong> animais <strong>de</strong><br />

sangue quente. O indicador i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> contaminação fecal <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong> rápida e fácil <strong>de</strong>tecção, ser<br />

facilmente distinguível <strong>de</strong> outros microorganismos da microbiota do alimento, ter como hábitat<br />

exclusivo o trato intestinal do homem e <strong>de</strong> outros animais, ocorrer em números muito altos nas<br />

fezes, entre outras características importantes.<br />

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O grupo dos coliformes totais é composto por bactérias da família Enterobacteriaceae<br />

capazes <strong>de</strong> fermentar a lactose com produção <strong>de</strong> gás, quando incubados a 35-37ºC, por 48 horas.<br />

Deste grupo, apenas a E. coli tem como hábitat primário o trato intestinal do homem e <strong>de</strong> animais.<br />

A presença <strong>de</strong> coliformes totais no alimento não indica, necessariamente, contaminação fecal<br />

recente ou ocorrência <strong>de</strong> enteropatógenos, já que outras espécies (Enterobacter, Citrobacter e<br />

Klebsiella) não são <strong>de</strong> origem fecal.<br />

O grupo dos coliformes fecais são microorganismos pertencentes ao grupo dos totais,<br />

diferenciando-se pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fermentar lactose com produção <strong>de</strong> gás em temperatura <strong>de</strong><br />

44-45ºC. Nessas condições, a maioria das cepas <strong>de</strong> E. coli são positivas, enquanto as outras<br />

bactérias possuem apenas algumas cepas com essa característica.<br />

A pesquisa <strong>de</strong> coliformes fecais ou <strong>de</strong> E. coli nos alimentos fornece informações sobre as<br />

condições higiênicas do produto e indicação da presença <strong>de</strong> patógenos. Quanto maior a<br />

concentração <strong>de</strong> coliformes fecais na amostra analisada, maior o risco <strong>de</strong> haver patógenos<br />

entéricos naquela amostra (água, alimentos, etc.).<br />

Em alimentos vegetais frescos, o único indicador válido <strong>de</strong> contaminação fecal é a E. coli,<br />

já que os <strong>de</strong>mais indicadores <strong>de</strong> contaminação fecal são encontrados naturalmente nesse tipo <strong>de</strong><br />

alimento. Em alimentos <strong>de</strong> origem animal, presença <strong>de</strong> coliformes indica manipulação sem<br />

cuidados higiênicos ou armazenamento ina<strong>de</strong>quado. Em alimentos processados, a presença <strong>de</strong><br />

um número consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> coliformes indica processamento ina<strong>de</strong>quado ou recontaminação pósprocesso,<br />

e a possível presença <strong>de</strong> microorganismos patogênicos e toxigênicos.<br />

É importante ressaltar que os alimentos não são fonte <strong>de</strong> contaminação, e sim veículos. A<br />

contaminação provém do TI do animal (POA) e do solo (POV - neste caso, sendo apenas<br />

superficial), por isso diz que as enterobactérias causam DVAs (Doenças Veiculadas por<br />

Alimentos).<br />

A pesquisa <strong>de</strong> enteropatógenos em alimentos normalmente requer várias etapas para que<br />

seja possível o isolamento do mesmo. Po<strong>de</strong>mos citar a pesquisa <strong>de</strong> Salmonella. A legislação<br />

prevê a ausência <strong>de</strong>ste patógeno em 25g da amostra, visto a sua alta virulência.<br />

Normalmente a pesquisa <strong>de</strong> Salmonella envolve as seguintes etapas:<br />

a) pré-enriquecimento: feito em meio líquido não seletivo, visa permitir a recuperação <strong>de</strong><br />

bactérias injuriadas como conseqüência <strong>de</strong> algum processamento realizado no alimento<br />

(congelamento, salga, etc...): meio usado à caldo lactosado<br />

b) enriquecimento seletivo: feito em meios líquidos seletivos, visa aumentar a proporção<br />

<strong>de</strong> Salmonella em relação ao restante da microbiota e facilitar seu posterior isolamento: meios<br />

usados à Caldo Tetrationato, Caldo Selenito-Cistina.<br />

c) plaqueamento seletivo: em meios seletivo-indicadores sólidos, é a fase <strong>de</strong> isolamento.<br />

Uma gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> meios foi <strong>de</strong>senvolvida para este fim. A maioria <strong>de</strong>les apresenta<br />

lactose como açúcar <strong>de</strong> diferenciação: meios usados à Agar EMB, Agar MacConkey, Agar<br />

Entérico <strong>de</strong> Hektoen, Agar SS, etc...<br />

d) triagem: visa uma i<strong>de</strong>ntificação preliminar <strong>de</strong> colônias suspeitas selecionadas nos<br />

meios <strong>de</strong> isolamento, utilizando um ou dois meios que permitem a realilzação <strong>de</strong> 2 ou mais provas<br />

bioquímicas simultaneamente: meios usados à Agar TSI, Agar LIA.<br />

e) confirmação bioquímica: visa uma i<strong>de</strong>ntificação completa do gênero através <strong>de</strong> uma<br />

série <strong>de</strong> provas bioquímicas: produção <strong>de</strong> urease em Caldo Uréia; <strong>de</strong>terminação do tipo <strong>de</strong><br />

fermentação da glicose - provas VM e VP em caldo glicosado; utilização do citrato em Agar Citrato<br />

<strong>de</strong> Simmons; produção <strong>de</strong> indol em Água Peptonada ou Triptonada; motilida<strong>de</strong> em meio semisólido;<br />

etc...<br />

f) confirmação sorológica: visa confirmar a i<strong>de</strong>ntificação através <strong>de</strong> uma reação <strong>de</strong><br />

aglutinação utilizando um anti-soro polivalente contra o antígeno O <strong>de</strong> Salmonella .<br />

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Objetivos<br />

Após a realização da ativida<strong>de</strong> prática você será capaz <strong>de</strong>:<br />

è Compreen<strong>de</strong>r o papel das enterobactérias como agentes <strong>de</strong> toxinfecções alimentares;<br />

è Caracterizar e compreen<strong>de</strong>r o modo <strong>de</strong> ação do meio EMB utilizado para o isolamento <strong>de</strong><br />

bacilos gram negativos, diferenciando o crescimento <strong>de</strong> fermentadores e não fermentadores da<br />

lactose;<br />

è Citar outros meios utilizados no isolamento <strong>de</strong> enterobactérias;<br />

è Caracterizar as provas básicas <strong>de</strong> triagem e confirmação bioquímica para i<strong>de</strong>ntificação e<br />

diferenciação <strong>de</strong> enterobactérias compreen<strong>de</strong>ndo seu mecanismo <strong>de</strong> ação.<br />

Material<br />

® 1º dia: isolamento <strong>de</strong> enterobactérias<br />

- tubo <strong>de</strong> caldo Triptona <strong>de</strong> Soja (TSB) com crescimento <strong>de</strong> enterobactéria<br />

- placa <strong>de</strong> Agar BEM<br />

® 2º dia: i<strong>de</strong>ntificação bioquímica (IMVC e provas complementares)<br />

- tubo com Agar TSI;<br />

- tubo com Agar Citrato <strong>de</strong> Simmons<br />

- tubo com Meio SIM;<br />

- tubo com água peptonada ou caldo triptonado;<br />

- tubo com caldo CL ou MRVP;<br />

- tubo com caldo uréia;<br />

- tubos com para provas <strong>de</strong> fermentação (Vermelho <strong>de</strong> Fenol suplementado com Glicose – com<br />

tubo <strong>de</strong> Durhan, Lactose e Manitol)<br />

® 3º dia: interpretação das provas bioquímicas e complementares)<br />

- Reativo <strong>de</strong> Kovacs<br />

- Vermelho <strong>de</strong> Metila<br />

- a-naftol VM<br />

- solução <strong>de</strong> KOH<br />

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Execução da prática<br />

® 1º dia: isolamento <strong>de</strong> enterobactérias<br />

- inocular o Agar EMB com a cultura pela técnica <strong>de</strong> esgotamento em estrias<br />

Após a execução da inoculação, incubar o meio a 37°C por 24 - 48 horas.<br />

® 2º dia: i<strong>de</strong>ntificação bioquímica (IMVC e provas complementares)<br />

- observar o crescimento obtido e anotar as características das colônias, comparando com os<br />

dados da tabela abaixo:<br />

Característica colonial Gêneros (ou espécies)<br />

- colônias transparentes ou <strong>de</strong> cor âmbar Salmonella, Shigella, Proteus, Provi<strong>de</strong>ncia<br />

- colônias com brilho ver<strong>de</strong> metálico à luz refletida<br />

e centro negro à luz transmitida<br />

- colônias maiores que as <strong>de</strong> E. coli , mucosas,<br />

confluentes, com centro escuro à luz transmitida<br />

Escherichia coli<br />

Enterobacter, Klebsiella<br />

- inocular os meios <strong>de</strong> triagem e confirmação bioquímica usando as seguintes técnicas:<br />

- Agar TSI: picada central até o fundo do tubo e estria no bizel;<br />

- Agar Citrato <strong>de</strong> Simmons: estria sinuosa ou reta na superfície;<br />

- Meio SIM: picada central até o meio do tubo;<br />

- Caldos Uréia, Glicose, Lactose, Manitol, Clark Louis (ou Caldo MRVP), e Água<br />

Peptonada (ou Água Triptonada): difusão.<br />

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® 3º dia: interpretação das provas bioquímicas e complementares)<br />

- utilizando os reativos próprios, quando necessário, e segundo orientação do professor, fazer as<br />

leituras das provas bioquímicas.<br />

OBSERVAÇÃO:<br />

- os reativos necessários para a prática são:<br />

- Reativo para verificação <strong>de</strong> Indol: Reativo <strong>de</strong> Kovac’s à paradimetilaminobenzal<strong>de</strong>ído;<br />

- Reativo para prova <strong>de</strong> Vermelho <strong>de</strong> Metila (VM): Corante Vermelho <strong>de</strong> Metila;<br />

- Reativos para prova <strong>de</strong> Voges Proskauer (VP): VP1 à a-naftol e VP2 à KOH<br />

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- conferir os resultados obtidos nas provas bioquímicas e compará-los com a tabela abaixo,<br />

caracterizando a bactéria analisada:<br />

Gênero GLI LAC MAN H2S MOT IND CIT VM VP URE<br />

Salmonella + - + + + - + + - -<br />

Escherichia + + + - + + - + - -<br />

Klebsiella + + + - - - + - + +<br />

Proteus + - - + + +/- +/- + - +<br />

® Meios utilizados na prática<br />

Agar EMB (Eosina Azul <strong>de</strong> Metileno)<br />

Composição do Meio (g/L) Observações<br />

Peptona<br />

Lactose<br />

Fosfato dipotássico<br />

Eosina Y<br />

Azul <strong>de</strong> metileno<br />

Agar<br />

Agar TSI (Tríplice Açúcar Ferro)<br />

10,0<br />

10,0<br />

2,0<br />

0,4<br />

0,065<br />

15,0<br />

pH do meio: 6,8 ± 0,2<br />

Composição do Meio (g/L) Observações<br />

Extrato <strong>de</strong> carne<br />

Extrato <strong>de</strong> levedura<br />

Peptona<br />

Cloreto <strong>de</strong> sódio<br />

Lactose<br />

Sacarose<br />

Glicose<br />

Citrato <strong>de</strong> ferro<br />

Tiossulfato <strong>de</strong> sódio<br />

Vermelho <strong>de</strong> fenol<br />

Agar<br />

3,0<br />

3,0<br />

20,0<br />

5,0<br />

10,0<br />

10,0<br />

1,0<br />

0,3<br />

0,3<br />

0,024<br />

12,0<br />

Neste meio a combinação <strong>de</strong> eosina e azul <strong>de</strong><br />

metileno como indicadores promove uma<br />

diferenciação entre as colônias <strong>de</strong><br />

microorganismos que fermentam a lactose e os<br />

que não fermentam. As colônias lactosepositivas<br />

são negras e possuem halo<br />

transparente, e as lactose-negativas são<br />

incolores. O meio é inibidor para<br />

microorganismos Gram-positivos, graças aos<br />

corantes presentes. As colônias apresentam<br />

coloração azul-esver<strong>de</strong>ada e algumas<br />

apresentam brilho metálico à luz refletida.<br />

pH do meio: 7,4 ± 0,2<br />

Este meio contém três açúcares: 0,1%glicose,<br />

1,0% lactose, 1,0% sacarose, vermelho <strong>de</strong><br />

fenol para <strong>de</strong>tecção da fermentação <strong>de</strong><br />

carboidratos, além <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> ferro para<br />

<strong>de</strong>tecção da produção <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> hidrogênio<br />

(H2S), formando sulfeto ferroso.<br />

A fermentação é indicada pela mudança da cor<br />

do indicador <strong>de</strong> pH <strong>de</strong> vermelho para amarelo:<br />

os açúcares se <strong>de</strong>positam no fundo, se o<br />

microorganismo fermentar apenas a glicose<br />

(pequena concentração) a produção <strong>de</strong> ácido<br />

será pequena e apenas o fundo do tubo<br />

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Agar Citrato <strong>de</strong> Simmons<br />

Composição do Meio (g/L) Observações<br />

Sulfato <strong>de</strong> magnésio<br />

Fosfato monobásico <strong>de</strong> amônio<br />

Fosfato <strong>de</strong> amônio sódico<br />

Citrato <strong>de</strong> sódio tribásico<br />

Cloreto <strong>de</strong> sódio<br />

Azul <strong>de</strong> bromotimol<br />

Agar<br />

Meio SIM (Sulfeto Indol Motilida<strong>de</strong>)<br />

0,2<br />

0,2<br />

0,8<br />

2,0<br />

5,0<br />

0,08<br />

15,0<br />

mudará <strong>de</strong> cor; se o microorganismo fermentar<br />

além da glicose a sacarose e/ou a lactose<br />

(concentrações 10x maiores que a glicose), a<br />

produção <strong>de</strong> ácido será maior e a viragem <strong>de</strong><br />

cor será no fundo e no bizel.<br />

A produção <strong>de</strong> H2S é indicada pela cor preta no<br />

meio.<br />

Como o Agar é inclinado, ocorrem duas<br />

reações diferentes: no bizel há metabolismo<br />

aeróbio e no fundo há metabolismo anaeróbio,<br />

gerando uma série <strong>de</strong> combinações <strong>de</strong><br />

resultados possíveis.<br />

pH do meio: 7,0 ± 0,2<br />

Composição do Meio (g/L) Observações<br />

Triptona<br />

Peptona<br />

Sulfato férrico amoniacal<br />

Tiossulfato <strong>de</strong> sódio<br />

Agar<br />

20,0<br />

6,1<br />

0,2<br />

0,2<br />

3,5<br />

Nesse meio, o citrato é a única fonte <strong>de</strong><br />

carbono disponível para o metabolismo da<br />

bactéria. Se o microorganismo <strong>de</strong>scarboxilar o<br />

citrato, haverá viragem <strong>de</strong> cor do indicador <strong>de</strong><br />

pH (azul <strong>de</strong> bromotimol) <strong>de</strong> ver<strong>de</strong> para azul<br />

brilhante.<br />

pH do meio: 7,3 ± 0,2<br />

Este é um meio semi-sólido, com concentração<br />

<strong>de</strong> Agar muito baixa (3,5%, ao invés dos 15%<br />

que geralmente são adicionados ao meio), o<br />

que permite a verificação <strong>de</strong> motilida<strong>de</strong> do<br />

microorganismo, com crescimento além da<br />

área <strong>de</strong> inoculação.<br />

Além disso, a peptona e a triptona são fontes<br />

<strong>de</strong> triptofano, que po<strong>de</strong> ser metabolizado em<br />

indol pelo microorganismo. A produção <strong>de</strong> indol<br />

é verificada ao utilizar o reagente <strong>de</strong> Kovacs<br />

(para-dimetilaminobenzal<strong>de</strong>ído), com o<br />

aparecimento <strong>de</strong> um anel vermelho na parte<br />

superior do tubo.<br />

O meio também permite a <strong>de</strong>tecção da<br />

produção <strong>de</strong> H2S, através da reação <strong>de</strong>ste com<br />

o sulfato férrico, formando sulfeto ferroso (<strong>de</strong><br />

cor negra).<br />

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* Caldo CL: permite a realização das mesmas provas bioquímicas.<br />

Caldo para prova <strong>de</strong> fermentação – Caldo Vermelho <strong>de</strong> Fenol<br />

Composição do Meio (g/L) Observações<br />

Peptona <strong>de</strong> caseína<br />

Peptona <strong>de</strong> carne<br />

Cloreto <strong>de</strong> sódio<br />

Vermelho <strong>de</strong> fenol<br />

5,0<br />

5,0<br />

5,0<br />

0,018<br />

(acetilmetilcarbinol) e 2,3-butanodiol (diacetil),<br />

que po<strong>de</strong> ser confirmado com a adição do<br />

reagente a-naftol seguida <strong>de</strong> alcalinização do<br />

meio com KOH. A coloração do meio muda<br />

para vermelho intenso.<br />

pH do meio: 7,4 ± 0,2<br />

Esse é um caldo simples utilizado em provas<br />

<strong>de</strong> fermentação <strong>de</strong> carboidratos, com<br />

suplementação do carboidrato específico em<br />

uma concentração que varia <strong>de</strong> 5 – 10%. Se o<br />

microorganismo for fermentador do glicídio em<br />

questão, haverá produção <strong>de</strong> ácidos e o pH<br />

será reduzido, alterando a cor do indicador <strong>de</strong><br />

pH vermelho <strong>de</strong> fenol <strong>de</strong> salmon (laranja claro)<br />

para amarelo.<br />

* carboidratos adicionados para verificação <strong>de</strong> fermentação: glicose (10%), lactose (10%), manitol<br />

(10%)<br />

Exercícios <strong>de</strong> fixação<br />

1. Por que não po<strong>de</strong>mos dizer que os alimentos são fonte <strong>de</strong> contaminação?<br />

2. Quais são as provas que compõem o conjunto <strong>de</strong> provas IMVC? Qual o fundamento <strong>de</strong> cada<br />

prova?<br />

3. Por que o Agar EMB é utilizado na primeira etapa? Qual o seu mecanismo <strong>de</strong> ação?<br />

4. Por que é importante observar e registrar a cor <strong>de</strong> cada meio no momento da inoculação e após<br />

a incubação?<br />

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Observações<br />

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Assunto 9: Contagem em Placa e Técnica do Número Mais<br />

Provável (NMP)<br />

Introdução<br />

A quantificação <strong>de</strong> bactérias em alimentos, materiais, manipuladores, equipamentos,<br />

bancadas e águas é uma das formas <strong>de</strong> se avaliar a sua qualida<strong>de</strong>, permitindo a caracterização<br />

dos mesmos como apropriados ou não para consumo ou utilização. Representa, pois uma forma<br />

<strong>de</strong> avaliação do risco que estes representam à saú<strong>de</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>mos quantificar os microorganismos <strong>de</strong> forma direta ou indireta.<br />

A forma direta <strong>de</strong> quantificação é a contagem em placa, e a indireta mais utilizada é a<br />

técnica do NMP (Número Mais Provável).<br />

A contagem <strong>de</strong> colônias em placas é uma técnica quantitativa direta aon<strong>de</strong> cada colônia<br />

crescida numa placa <strong>de</strong> Agar correspon<strong>de</strong> a uma unida<strong>de</strong> formadora <strong>de</strong> colônia (UFC)<br />

proveniente do material.<br />

A técnica do número mais provável é um método indireto <strong>de</strong> contagem em meio líquido,<br />

on<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong> uma evidência da presença <strong>de</strong> uma bactéria ou grupo <strong>de</strong> bactérias é possível se<br />

estimar o número mais provável <strong>de</strong>sta no material analisado.<br />

Dentre os muitos microrganismos que po<strong>de</strong>m ser quantificados incluem-se: contagem total<br />

<strong>de</strong> bactérias, coliformes, Staphylococcus coagulase-positivos, Bacillus cereus, etc.<br />

Fundamentação teórica<br />

® Contagem em Placa<br />

A contagem em placa consiste em nada mais que inocular o microorganismo que se<br />

<strong>de</strong>seja quantificar em um meio sólido não seletivo para que, após incubação a<strong>de</strong>quada, possam<br />

ser contadas as colônias, que na verda<strong>de</strong> chamamos <strong>de</strong> UFC (unida<strong>de</strong> formadora <strong>de</strong> colônia).<br />

A semeadura em placas ou plaqueamento revela o número <strong>de</strong> microorganismos capazes<br />

<strong>de</strong> se multiplicarem e formarem colônias em meios <strong>de</strong> cultivo apropriados e sob condições <strong>de</strong><br />

incubação a<strong>de</strong>quadas. Cada colônia <strong>de</strong>senvolvida é suposta ter sido originada a partir <strong>de</strong> uma<br />

unida<strong>de</strong> viável, a qual po<strong>de</strong> ser um organismo ou muitos.<br />

Como para uma maior precisão da análise somente <strong>de</strong>verão ser contadas as placas com<br />

número <strong>de</strong> colônias entre 30 e 300 e <strong>de</strong>vemos fazer a contagem em placa sempre em duplicata<br />

ou triplicata.<br />

A contagem <strong>de</strong> bactérias mesófilas é muito utilizada para indicar a qualida<strong>de</strong> sanitária dos<br />

alimentos. Um número elevado <strong>de</strong> microorganismos indica que o alimento é insalubre, mesmo que<br />

haja ausência <strong>de</strong> patógenos e <strong>de</strong> alterações físicas (na textura, aroma, sabor) no alimento. É<br />

importante ressaltar que todas as bactérias patogênicas são mesófilas (lembrando que os<br />

patógenos são capazes <strong>de</strong> causar doenças no nosso organismo, ou seja, se multiplicar e manter o<br />

metabolismo funcionando a temperatura <strong>de</strong> 37°C – temperatura <strong>de</strong> mesófilos).<br />

Para água potável, a legislação brasileira <strong>de</strong>termina o limite máximo <strong>de</strong> bactérias<br />

heterotróficas <strong>de</strong> 500UFC/ml.<br />

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® Técnica do Número Mais Provável<br />

A técnica do NMP é um método <strong>de</strong> quantificação indireta <strong>de</strong> microorganismos. Na<br />

realida<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong>mos contar UFCs, já que a análise é realizada em meio líquido, o que se faz é<br />

comparar o resultado encontrado com tabelas pré-escolhidas, obtendo um resultado aproximado<br />

da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> microorganismos na amostra analisada. Estas tabelas possuem são elaboradas<br />

a partir <strong>de</strong> dados estatísticos, com os respectivos intervalos <strong>de</strong> confiança (95%) para diversas<br />

combinações <strong>de</strong> número <strong>de</strong> tubos positivos em cada série <strong>de</strong> diluição. Significa dizer que existe<br />

uma probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 95% <strong>de</strong> que o número “verda<strong>de</strong>iro” <strong>de</strong> bactérias presentes na amostra se<br />

encontre <strong>de</strong>ntro dos intervalos mínimos e máximos em torno do NMP. Muito embora o método dos<br />

tubos múltiplos apresente sensibilida<strong>de</strong> elevada, permitindo a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

bactérias, o NMP não é um valor preciso, e a precisão do teste <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do número <strong>de</strong> tubos<br />

utilizados e dos volumes <strong>de</strong> amostra inoculados.<br />

Este método é muito usado para quantificar coliformes, mas po<strong>de</strong> ser utilizado para<br />

microorganismos em geral, pois o meio utilizado é adaptado ao microorganismo que se <strong>de</strong>seja<br />

quantificar, com agentes seletivos e indicadores.<br />

® Colimetria em amostra <strong>de</strong> água<br />

A água é elemento fundamental para a sobrevivência humana. Sua gran<strong>de</strong> utilização no<br />

abastecimento público, na recreação, na indústria, no uso doméstico atesta essa importância vital.<br />

A água merece atenção especial, pois po<strong>de</strong> veicular diversos parasitos, como vírus,<br />

bactérias, fungos e protozoários, além, <strong>de</strong> contaminantes químicos.<br />

As principais espécies bacterianas não patogênicas veiculadas pela água são<br />

Flavobacterium, Pseudomonas, Acinetobacter, Moraxella e Chromobacterium.<br />

Nas águas <strong>de</strong> países tropicais há uma maior varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> microrganismos e o predomínio <strong>de</strong><br />

mesófilos e termotolerantes.<br />

As espécies bacterianas patogênicas <strong>de</strong> maior importância veiculadas pela água são:<br />

Vibrio cholerae, Salmonella spp., Lepstospira sp., Shigella spp., Escherichia coli, Staphylococcus<br />

aureus, Yersinia enterocolítica, Vibrio parahaemolyticus e Aeromonas hydrophila.<br />

Como seria muito caro e trabalhoso avaliar diretamente todos os patógenos nas amostras<br />

<strong>de</strong> águas, uma alternativa para a avaliação da qualida<strong>de</strong> sanitária da água é a pesquisa <strong>de</strong><br />

bioindicadroes, ou seja, organismos não patogênicos constituintes da microbiota normal das fezes<br />

<strong>de</strong> animais <strong>de</strong> sangue quente, que quando encontrados indicam a ocorrência <strong>de</strong> contaminação<br />

fecal, evi<strong>de</strong>nciando o risco da presença <strong>de</strong> patógenos. Fezes humanas contêm <strong>de</strong> 20-30% <strong>de</strong><br />

resíduos alimentares não digeridos, sendo o restante constituído <strong>de</strong> água e bactérias. No<br />

indivíduo saudável essas bactérias constituem os habitantes normais do intestino, on<strong>de</strong> a<br />

Escherichia coli é a representante característica. O número <strong>de</strong>sses microrganismos po<strong>de</strong> atingir<br />

10 9 células/g <strong>de</strong> fezes. Assim, a presença <strong>de</strong> Escherichia coli em alimentos e água é indicativa <strong>de</strong><br />

contaminação fecal e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> presença <strong>de</strong> patógenos entéricos.<br />

Microrganismos indicadores <strong>de</strong> poluição <strong>de</strong> água são utilizados para monitorar, classificar<br />

e restringir o uso das águas. Um indicador i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>veria preencher os seguintes critérios:<br />

- Ser aplicável a todos os tipos <strong>de</strong> água;<br />

- Estar presente simultaneamente com os microrganismos patogênicos, com um tempo <strong>de</strong><br />

sobrevivência igual àquele patógeno entérico mais resistente;<br />

- Não reproduzir-se em águas contaminadas, para não resultar em valores aumentados.<br />

Não se conhece nenhum microrganismo ou grupo <strong>de</strong> microrganismos que atenda a todos esses<br />

requisitos, mas há vários que se aproximam das exigências referidas e que são muito úteis.<br />

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As bactérias empregadas como indicadoras <strong>de</strong> poluição fecal em águas são: os coliformes<br />

totais, coliformes fecais, estreptococos fecais e o Clostridium perfringens.<br />

O indicador microbiológico mais empregado é o grupo dos coliformes.<br />

Este e outros indicadores <strong>de</strong> poluição orientam a margem <strong>de</strong> segurança sanitária <strong>de</strong> água<br />

potável, da água utilizada para fins recreativos e dos cultivos <strong>de</strong> organismos marinhos<br />

comestíveis.<br />

A Organização Mundial <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (OMS) recomenda para águas <strong>de</strong> recreação um máximo<br />

<strong>de</strong> 100 coliformes fecais por 100 ml <strong>de</strong> água.<br />

· Coleta <strong>de</strong> Amostras<br />

A coleta <strong>de</strong> amostras para exame microbiológico <strong>de</strong>ve ser feita em garrafas esterilizadas<br />

que tenham sofrido tratamento prévio <strong>de</strong> limpeza e rinsagem com água <strong>de</strong>stilada.<br />

è Água clorada: adiciona-se 0,1 mL <strong>de</strong> tiossulfato <strong>de</strong> sódio 10% para cada 250 mL <strong>de</strong><br />

água para neutralizar-se o cloro livre presente, impedindo que continue com proprieda<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>sinfetantes entre o período da coleta e o momento da inoculação.<br />

è Água com alto teor <strong>de</strong> zinco e cobre: coletar na presença <strong>de</strong> um agente quelante, <strong>de</strong><br />

forma a reduzir a toxicida<strong>de</strong> provocada pelos metais (0,3 mL <strong>de</strong> EDTA a 15%, pH = 6,5 para cada<br />

120 mL <strong>de</strong> água).<br />

Quando a amostra for coletada, <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>ixado um espaço livre na garrafa (a amostra<br />

<strong>de</strong>ve ocupar 4/5 da garrafa) para facilitar a homogeneização antes da inoculação. As garrafas<br />

<strong>de</strong>vem ser mantidas vedadas até o momento da coleta da amostra e <strong>de</strong>ve-se tomar todos os<br />

cuidados <strong>de</strong> assepsia no momento da coleta, <strong>de</strong> forma a evitar-se contaminações secundárias.<br />

· Ponto <strong>de</strong> Coleta<br />

Água da torneira Abrir a torneira e <strong>de</strong>ixar a água correr por 5 minutos, para eliminar as<br />

impurezas e a água acumulada na tubulação.<br />

Com algodão embebido em álcool, passar na abertura e internamente e em<br />

seguida flambar.<br />

Abrir a torneira novamente por mais 1 a 2 minutos.<br />

Abrir o frasco esterilizado e coletar a água. Introduzir água no frasco até<br />

cerca <strong>de</strong> ¾ do seu volume.<br />

Tampar o frasco e transportar imediatamente ao laboratório.<br />

Poços e Cisternas Preparação do frasco - amarrar o frasco e uma pedra como contrapeso com<br />

um barbante para facilitar a <strong>de</strong>scida no poço.<br />

Descer o frasco <strong>de</strong>ntro do poço sem permitir que o mesmo toque nos lados.<br />

Submergir o frasco completamente na água.<br />

Uma vez que o frasco estiver cheio, recolher e <strong>de</strong>rramar parte da água para<br />

criar um espaço <strong>de</strong> ar e colocar a tampa no frasco imediatamente.<br />

Rios, Lagoas e<br />

Mares<br />

Coleta da amostra <strong>de</strong> água <strong>de</strong> rios e lagoas - nestes casos, <strong>de</strong>ve-se<br />

mergulhar o frasco até uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 20cm, com a abertura voltada<br />

em direção contrária a corrente, a fim <strong>de</strong> evitar a contaminação da água com<br />

as mãos.<br />

Coleta da água do mar - a coleta <strong>de</strong>ve ser feita na região on<strong>de</strong> as pessoas<br />

costumam banhar-se, que correspon<strong>de</strong> à profundida<strong>de</strong> aproximada <strong>de</strong> 1,0m,<br />

que é a região das praias mais utilizada para a recreação <strong>de</strong> contato<br />

primário, na maré baixa e 24 horas sem chuvas.<br />

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· Acondicionamento e Transporte da Amostra para o Laboratório<br />

O i<strong>de</strong>al é a análise iniciar-se até 1 hora após a coleta. Caso isto seja impossível, a amostra <strong>de</strong>ve<br />

ser transportada sob refrigeração. A amostra <strong>de</strong>ve ser mantida entre 4 a 10º C no prazo máximo<br />

<strong>de</strong> até 30 horas após a coleta.<br />

Amostras presumivelmente poluídas têm <strong>de</strong> ser inoculadas no máximo após 6 horas da coleta.<br />

Entre o recebimento da amostra e o início da inoculação, a mesma <strong>de</strong>ve ser mantida em gela<strong>de</strong>ira<br />

(cerca <strong>de</strong> 5ºC).<br />

· Exames Bacteriológicos da Água<br />

O exame bacteriológico da água é feito através <strong>de</strong> dois processos: Contagem <strong>de</strong> bactérias<br />

heterotróficas viáveis na água e <strong>de</strong>terminação e colimetria (estimativa do número <strong>de</strong> coliformes).<br />

A metodologia padrão empregada no exame bacteriológico da água, para medida do grupo<br />

coliforme, inclui a técnica dos tubos múltiplos (NMP).<br />

® Determinação <strong>de</strong> coliformes pela técnica dos tubos múltiplos - Número<br />

Mais Provável (NMP)<br />

A técnica do número mais provável consiste no exame <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> tubos on<strong>de</strong> foram<br />

inoculados volumes diferentes <strong>de</strong> amostra.<br />

O valor obtido resulta da consulta a tabelas que foram estimadas com base em fórmulas<br />

<strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>. Consi<strong>de</strong>rações teóricas e <strong>de</strong>terminações repetidas em gran<strong>de</strong> escala, indicam<br />

que este tipo <strong>de</strong> técnica ten<strong>de</strong> a fornecer valores mais elevados do que o número real. As<br />

disparida<strong>de</strong>s ten<strong>de</strong>m a diminuir quando adota-se séries com maior número <strong>de</strong> tubos em cada<br />

diluição. Portanto, a sensibilida<strong>de</strong> do teste <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do número <strong>de</strong> tubos adotados.<br />

Existem várias tabelas <strong>de</strong> NMP e a escolha da série a ser adotada é função das<br />

características microbiológicas da amostra.<br />

Na aula prática, utilizamos o sistema <strong>de</strong> 3 séries <strong>de</strong> 3 tubos, com diluições <strong>de</strong>cimais<br />

sucessivas.<br />

A colimetria consta <strong>de</strong> 2 etapas: teste presuntivo, on<strong>de</strong> verificamos a existência <strong>de</strong><br />

coliformes na amostra analisada, através da fermentação <strong>de</strong> lactose com produção <strong>de</strong> gás; e o<br />

teste confirmativo, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos verificar se os coliformes da amostra são totais ou fecais.<br />

· Teste Presuntivo<br />

Inocular a amostra em 3 séries <strong>de</strong> tubos contendo Caldo Lauril Sulfato Triptose ou Caldo<br />

Lactose, <strong>de</strong> modo que cada série seja inoculada com um volume <strong>de</strong> amostra 10 vezes menor que<br />

a série anterior. Os tubos <strong>de</strong>vem conter tubos <strong>de</strong> Durhan invertidos. Após incubação a 35 - 37ºC<br />

por 24 - 24 horas, o crescimento com formação <strong>de</strong> gás significa teste presuntivo positivo para<br />

coliformes. Os tubos que não apresentarem formação <strong>de</strong> gás com 24 horas <strong>de</strong> incubação, <strong>de</strong>vem<br />

ser incubados até 48 horas. Os tubos positivos com 24 horas <strong>de</strong>vem ser imediatamente<br />

inoculados nos meios <strong>de</strong> confirmação para se evitar que um crescimento muito abundante<br />

provoque o abaixamento do pH, o que po<strong>de</strong> provocar resultados falsamente negativos.<br />

· Testes <strong>de</strong> Confirmação<br />

Para coliformes totais: A partir dos tubos com formação <strong>de</strong> gás obtidos na aula anterior,<br />

transferir uma alçada para tubos contendo Caldo Ver<strong>de</strong> Brilhante Bile Lactose. Após incubação a<br />

35 – 37º C por 48 horas, a formação <strong>de</strong> qualquer quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gás constitui teste positivo para<br />

coliformes totais.<br />

Para coliformes fecais: A partir dos tubos com formação <strong>de</strong> gás obtidos na aula anterior,<br />

transferir uma alçada para tubos contendo caldo EC. Após incubação a 44,5 - 45º C por 24 horas,<br />

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a presença <strong>de</strong> gás no interior dos tubos <strong>de</strong> Durhan é consi<strong>de</strong>rada reação positiva, indicando<br />

contaminação <strong>de</strong> origem fecal. A ausência <strong>de</strong> gás, mesmo com evidência <strong>de</strong> crescimento indica a<br />

presença <strong>de</strong> coliformes <strong>de</strong> outra fonte que não intestinos <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> sangue quente.<br />

Para completar o teste, po<strong>de</strong>mos estriar uma alçada <strong>de</strong> cada tubo positivo na estapa<br />

confirmativa (dos caldos VBBL e EC) para placas com Agar EMB ], incubando a 35-37°C por 24<br />

horas e analisar a morfologia através da coloração <strong>de</strong> Gram e observação ao microscópio (bacilos<br />

pequenos, Gram negativos, não esporulados)<br />

Muitas vezes, a colimetria é seguida <strong>de</strong> provas bioquímicas para a confirmação e<br />

caracterização do coliforme em questão, as mais utilizadas são as provas do teste IMVC, já<br />

discutido no assunto anterior (Assunto 8 - Bacilos Gram Negativos). Para E. coli, po<strong>de</strong>mos<br />

observar os seguintes resultados: ++-- ou -+--.<br />

Para uma explicação do fundamento <strong>de</strong>stas provas veja a prática <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

Bacilos Gram negativos.<br />

® Tabela do número mais provável (NMP)<br />

Tubos Positivos por: NMP para 100 mL<br />

10 mL 1 mL 0,1mL 3 tubos<br />

0 0 0 < 3<br />

0 0 1 3<br />

0 1 0 3<br />

0 2 0 6<br />

1 0 0 4<br />

1 0 1 7<br />

1 1 0 7<br />

1 1 1 11<br />

1 2 0 11<br />

2 0 0 9<br />

2 0 1 14<br />

2 1 0 15<br />

2 1 1 20<br />

2 2 0 21<br />

2 2 1 28<br />

2 3 0 30<br />

3 0 0 23<br />

3 0 1 39<br />

3 0 2 64<br />

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Objetivos<br />

3 1 0 43<br />

3 1 1 75<br />

3 1 2 120<br />

3 2 0 93<br />

3 2 1 150<br />

3 2 2 210<br />

3 3 0 240<br />

3 3 1 460<br />

3 3 2 1100<br />

3 3 3 >2400<br />

Após a realização da ativida<strong>de</strong> prática você será capaz <strong>de</strong>:<br />

è compreen<strong>de</strong>r os fundamentos básicos dos métodos <strong>de</strong> quantificação <strong>de</strong> bactérias em água e<br />

alimentos, diferenciando a contagem direta em placas da enumeração indireta em caldo (NMP);<br />

è citar grupos <strong>de</strong> microorganismos quantificados normalmente em alimentos;<br />

è <strong>de</strong>finir colimetria e citar suas fases e aplicações;<br />

è compreen<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>nominação NMP e UFC;<br />

èexpressar o resultado <strong>de</strong> uma contagem direta e uma indireta.<br />

Material<br />

- Frasco com amostra <strong>de</strong> água para análise<br />

- Tubos <strong>de</strong> Caldo Lactose com tubos <strong>de</strong> Durhan (3 CL Duplo e 6 CL Simples)<br />

- 1 pipeta <strong>de</strong> 10 mL<br />

- 1 pipeta <strong>de</strong> 1 mL<br />

- 1 tubo <strong>de</strong> 9,9 mL <strong>de</strong> diluente estéril<br />

- Placa estéril<br />

- 1 tubo com Agar Padrão <strong>de</strong> Contagem (PCA) previamente fundido<br />

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Execução da prática<br />

® Primeiro dia<br />

· Contagem em placa<br />

- Antes <strong>de</strong> realizar a técnica, <strong>de</strong>vemos realizar diluições <strong>de</strong>cimais da amostra, para que a chance<br />

<strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> placas com números <strong>de</strong> UFC contável (30 - 300) seja maior.<br />

- A técnica utilizada será a do pour plate, ou seja: transferir, com auxílio <strong>de</strong> uma pipeta estéril, 1 ml<br />

da amostra para uma placa <strong>de</strong> Petri vazia estéril. Adicionar o Agar PCA (padrão para contagem)<br />

fundido e resfriado sobre a amostra e homogeneizar suavemente com movimentos circulares,<br />

conforme mostra a figura a seguir:<br />

- Deve-se fazer em duplicata a inoculação das diluições 10 0 (amostra não diluída) e 10 -1 , ou 10 -1 e<br />

10 -2 .<br />

· Técnica do NMP<br />

- Homogeneizar por agitação a amostra <strong>de</strong> água e inocular os tubos <strong>de</strong> caldo lactosado utilizando<br />

as pipetas estéreis, da seguinte forma:<br />

- Na primeira série, note que a concentração do caldo é dupla, <strong>de</strong>vemos inocular 10 ml <strong>de</strong><br />

amostra;<br />

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- Na segunda série, <strong>de</strong>vemos inocular um volume 10x menos, ou seja, 1 ml;<br />

- Na terceira série, <strong>de</strong>vemos inocular um volume 10x menor que o da série anterior, ou<br />

seja, 1 ml.<br />

- Incubar as placas e os tubos a 35 – 37°C por 24 – 48 horas<br />

® Segundo dia<br />

- Contar as colônias no Agar, calcular o número médio <strong>de</strong> colônias obtidas, multiplicar pelo fator<br />

<strong>de</strong> diluição e expressar o resultado em UFC/mL.<br />

OBSERVAÇÃO.: No nosso caso, o fator <strong>de</strong> diluição, ou fator <strong>de</strong> correção, será 1, pois o volume<br />

inoculado na placa <strong>de</strong> Petri foi 1 ml. O fator <strong>de</strong> correção é importante para a expressão do<br />

resultado, que <strong>de</strong>ve ser em UFC/ml, pois transforma o resultado obtido em um resultado por 1ml.<br />

Muitas vezes na rotina, utilizamos volumes <strong>de</strong> inóculo diferentes <strong>de</strong> 1ml, como 0,1ml, ou<br />

utilizamos inóculos provenientes <strong>de</strong> diluições (10 -1 , 10 -2 , etc.). Nesse caso, para a expressão do<br />

resultado <strong>de</strong>vemos multiplicar o número <strong>de</strong> UFCs obtido por um número que irá corrigir a<br />

distorção do resultado.<br />

Uma dica: se o inóculo utilizado for diluído <strong>de</strong>cimalmente, o FD será o inverso da diluição utilizada.<br />

Ex.1: se o inóculo utilizado for 0,1ml, qual será o FD? 10, pois 10 x 0,1 = 1ml, ou <strong>de</strong> outra<br />

maneira: 1 ÷ 0,1 = 10.<br />

Ex.2: se o inóculo for 1ml da diluição 10 -2 , qual será o FD? 100, pois 100 x 10 -2 = 1, ou <strong>de</strong><br />

outra maneira 1 ÷ 10 -2 = 100.<br />

Ex. 3: se o inóculo utilizado for 0,5, qual será o FD? 2, pois 2 x 0,5 = 1, ou <strong>de</strong> outra<br />

maneira 1 ÷ 0,5 = 2.<br />

- Proce<strong>de</strong>r à leitura dos tubos positivos no caldo lactose (ou LST) e consultar a tabela para<br />

expressar o resultado em NMP/100 mL (teste presuntivo).<br />

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- Inocular os tubos positivos na colimetria para caldos EC e VBBL através da técnica <strong>de</strong> difusão<br />

(teste confirmativo), conforme o esquema a seguir:<br />

- Incubar os tubos <strong>de</strong> calo VBBL a 35 – 37ºC por 24- 48 horas e os tubos <strong>de</strong> caldo EC a 44,5 –<br />

45ºC por 24 – 48 horas.<br />

® Terceiro dia<br />

- Proce<strong>de</strong>r à leitura dos tubos dos caldos EC e VBBL (teste confirmativo), consi<strong>de</strong>rando positivos<br />

os tubos com formação <strong>de</strong> gás no tubo <strong>de</strong> Durhan. Vale a pena lembrar que os coliformes totais<br />

serão positivos apenas no caldo VBBL e os coliformes fecais serão positivos em ambos os<br />

caldos.<br />

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® Meios utilizados na prática<br />

Caldo Lactose<br />

Composição do Meio (g/L) Observações<br />

Extrato <strong>de</strong> carne<br />

Peptona<br />

Lactose<br />

3,0<br />

5,0<br />

5,0<br />

pH do meio: 6,9 ± 0,2<br />

A lactose presente no meio é o indicador da<br />

presença <strong>de</strong> coliformes, através da verificação<br />

da fermentação com produção <strong>de</strong> gás no tubo<br />

<strong>de</strong> Durhan invertido introduzido no meio.<br />

* po<strong>de</strong>mos substituir o caldo lactose por caldo LST (lauril sulfato triptose), proce<strong>de</strong>ndo a<br />

incubação e a leitura da mesma forma.<br />

Agar Padrão para Contagem (PCA)<br />

Composição do Meio (g/L) Observações<br />

Triptona<br />

Extrato <strong>de</strong> levedura<br />

Glicose<br />

Agar<br />

Caldo EC (E. coli)<br />

5,0<br />

2,5<br />

1,0<br />

9,0<br />

pH do meio: 7,0 ± 0,2<br />

Composição do Meio (g/L) Observações<br />

Peptona <strong>de</strong> caseína<br />

Lactose<br />

Sais biliares<br />

Cloreto <strong>de</strong> sódio<br />

Fosfato <strong>de</strong> potássio dibásico<br />

Fosfato <strong>de</strong> potássio monobásico<br />

Caldo VBBL (Ver<strong>de</strong> Brilhante Bile Lactose)<br />

20,0<br />

5,0<br />

1,5<br />

5,0<br />

4,0<br />

1,5<br />

Este meio é um meio simples, sem agentes<br />

seletivos, inibidores ou indicadores. I<strong>de</strong>al para<br />

contagem <strong>de</strong> microorganismos em geral.<br />

pH do meio: 6,9 ± 0,2<br />

Composição do Meio (g/L) Observações<br />

Peptona<br />

Lactose<br />

Bile <strong>de</strong> boi (purificada)<br />

Ver<strong>de</strong> brilhante<br />

10,0<br />

10,0<br />

20,0<br />

0,0133<br />

Os sais biliares são responsáveis pela inibição<br />

do crescimento da microbiota acompanhante.<br />

Além disso, a temperatura <strong>de</strong> incubação<br />

(45,5°C) e a presença <strong>de</strong> lactose são<br />

indicadores para coliformes fecais, pois estes<br />

são capazes <strong>de</strong> fermentar a lactose com<br />

produção <strong>de</strong> gás a esta temperatura.<br />

O meio é tamponado para evitar que alterações<br />

no pH prejudiquem o resultado.<br />

pH do meio: 7,4 ± 0,2<br />

O meio contém 2 agentes seletivos: bile <strong>de</strong> boi<br />

e ver<strong>de</strong> brilhante, que inibem o crescimento <strong>de</strong><br />

Gram +. Além disso, a lactose tem o papel <strong>de</strong><br />

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Exercícios <strong>de</strong> fixação<br />

indicador, pois os coliformes são capazes<br />

produzir gás na fermentação da lactose.<br />

1. Qual a finalida<strong>de</strong> da colimetria?<br />

2. Qual a diferença entre os métodos diretos e indiretos <strong>de</strong> quantificação <strong>de</strong> bactérias?<br />

3. Qual a fundamentação da etapa confirmativa da colimetria?<br />

4. Como se realiza o cálculo das UFCs na contagem em placa?<br />

5. Por que <strong>de</strong>vemos realizar diluições para executar as técnicas <strong>de</strong> contagem em placa e do<br />

NMP?<br />

Observações<br />

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