comportamento da soja rr submetida a diferentes formulações e ...

COMPORTAMENTO DA SOJA RR SUBMETIDA A DIFERENTES
FORMULAÇÕES E DOSES DE GLYPHOSATE NO PERÍODO REPRODUTIVO
ALBRECHT, A. J. P. (USP – ESALQ, Piracicaba/SP – ajpalbrecht@yahoo.com.br),
VICTORIA FILHO, R. (USP – ESALQ, Piracicaba/SP – rvictori@esalq.usp.br), ALBRECHT,
L. P. (UFPR, Palotina/PR – lpalbrecht@ufpr.br), MORAES, M. F. (UFPR, Palotina/PR –
moraesmf@ufpr.br), KRENCHINSKI, F. H. (UFPR, Palotina/PR – fabiohk2@gmail.com),
PLACIDO, H. F. (UFPR, Palotina/PR – placido.agronomia@gmail.com), MIGLIAVACCA, R.
A. (UEM, Umuarama/PR – rafaela.migliavacca@yahoo.com), LORENZETTI, J.B. (UFPR,
Palotina/PR – jublorenzetti@gmail.com)
RESUMO: O objetivo do trabalho foi avaliar a resposta da soja RR a aplicação de diferentes
formulações e doses de glyphosate, no período reprodutivo da cultura. Para isso foi
conduzido um experimento a campo, no Município de Palotina - PR, sendo este composto
por 10 tratamentos, dispostos em arranjo fatorial 2X5 (formulações X doses). Avaliou-se
altura de plantas, número de vagens por planta, produtividade e massa de 100 sementes. A
partir dos resultados obtidos foi possível constatar que a aplicações de altas doses de
glyphosate no período reprodutivo da soja RR podem trazer danos à cultura.
Palavras-chave: soja transgênica, seletividade, fitotoxicidade.
INTRODUÇÃO
Juntamente com o crescimento das áreas ocupadas pelas lavouras de soja no Brasil,
que na safra 2011/2012 atingiram 24,97 milhões de hectares, passando a ser a maior área
já cultivada com soja no país (CONAB, 2012), ocorreu um elevado incremento das lavouras
cultivadas com soja tolerante ao glyphosate, chegando-se a aproximadamente 85%, de toda
área cultivada (SAFRAS e MERCADO, 2012).
Mesmo sendo inegável a aceitação e êxito desta tecnologia, há relatos consistentes
de que alguns cultivares de soja, mesmo tolerantes, podem ainda apresentar sintomas de
fitointoxicação após a aplicação de glyphosate. Segundo pesquisas recentes, o glyphosate
pode, além de influenciar o balanço nutricional, gerar efeitos fitotóxicos, afetar a eficiência
no uso da água, na fotossíntese, na rizosfera, no acúmulo de biomassa, na síntese de
aminoácidos e compostos secundários (KREMER et al., 2005; NEUMANN et al., 2006;
ZABLOTOWICZ e REDDY, 2007; ZOBIOLE et al. 2010a,b,c,d; ALBRECHT e ÁVILA, 2010).
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Com o propósito de diminuir ou anular possíveis danos causados à cultura da soja
transgênica, faz-se necessário à continuidade no processo de geração de informações, que
avalie os efeitos da aplicação de glyphosate não só no estádio em que é recomendado para
a cultura, mas também em outros períodos de desenvolvimento da lavoura, como no estádio
reprodutivo, pois no campo algumas vezes, por diversos motivos, a aplicação deste
herbicida é realizada fora de seu momento indicado com ideal. Neste contexto, o objetivo do
presente trabalho foi avaliar o comportamento da soja RR em resposta a aplicação de duas
formulações e cinco doses de glyphosate, no período reprodutivo da cultura.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no Município de Palotina (Região Oeste do Estado do
Paraná), na safra 2011/2012 e a cultivar de soja utilizada foi a V-Max RR. O delineamento
experimental empregado foi em blocos ao acaso com quatro repetições, e os tratamentos
foram dispostos em arranjo fatorial 2X5 (formulações X doses), simplificado na Tabela 1.
Tabela 1. Tratamentos compostos pelas cinco doses e duas formulações de glyphosate.
Doses (g e.a. ha -1 )
Roundup Ready ®
Zapp Qi ®
0 0
720 720
1440
1440
2160
2160
2880 2880
A aplicação ocorreu quando a soja estava no estádio R1, e os produtos comerciais
utilizados foram Roundup Ready ® (Sal de Isopropilamina), e Zapp QI ® (Sal Potássico), sendo
estes escolhidos por serem os únicos que apresentam registro para aplicação em pós-
emergência na cultura da soja RR ® , e por possuírem diferentes formulações. Para as
aplicações foi utilizado um pulverizador costal propelido a CO2, propiciando um volume de
calda de 200 L ha -1 .
O emprego das práticas de adubação, instalação da cultura e manejo fitossanitários
seguiram as prescrições da Embrapa (2008). As áreas experimentais foram mantidas livres
da presença de plantas daninhas durante todo seu desenvolvimento, por meio de capinas
manuais. A colheita ocorreu no estádio R 7.3, e as plantas foram postas a secar em
condições naturais, após secas, as vagens foram debulhadas em trilhadeira para
experimentos, limpas com o auxílio de peneiras e acondicionadas em sacos de papel kraft,
para realização de posteriores avaliações.
As variáveis avaliadas foram: altura de plantas, número de vagens por planta,
produtividade, e massa de cem sementes. Quanto aos dados, foi efetuada a análise de
variância a 5% de probabilidade, e para avaliar o comportamento das doses foi empregada
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a análise de regressão (p≤0,05), enquanto o teste F foi conclusivo para as formulações
(p≤0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para variável altura, os tratamentos contendo em sua formulação sal potássico (Zapp
QI ® ) tenderam a apresentar menores médias, estas diminuíram com os incrementos nas
doses de glyphosate (Figura 1a). Já para as médias das duas formulações de glyphosate,
aumentos nas doses provocaram diminuição do número de vagens por planta (Figura 1b).
Figura 1a. Regressão linear para altura de
plantas de soja RR, sob aplicação de doses
crescentes de glyphosate (sal potássico).
Figura 1b. Regressão linear para número de
vagens por planta de soja RR, sob aplicação
de doses crescentes de glyphosate.
Para massa de 100 sementes, as médias das duas formulações de glyphosate
mostraram que aumentos nas doses provocaram aumentos na massa das sementes (Figura
1b). Este aumento foi mais pronunciado dentro dos tratamentos que continham na
formulação sal isopropilamina (Roundup Ready ® ), como pode ser visualizado na Figura 2b.
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Figura 2a. Regressão linear para massa de
100 sementes (g), de soja RR, sob aplicação
de doses crescentes de glyphosate.
Figura 2b. Regressão linear para massa de
100 sementes (g) de soja RR, sob aplicação
de glyphosate (sal de isopropilamina).
Quanto a produtividade, as médias das duas formulações demonstraram que o
aumento nas doses pode provocar queda (Figura 3a), e de acordo com a Figura 3b esta
queda é mais significativa quando tratamos a formulação contendo sal potássico (Zapp QI ® ).
Figura 3a. Regressão linear para
produtividade de soja RR, sob aplicação de
doses crescentes de glyphosate.
Figura 3b. Regressão linear para
produtividade de soja RR, sob aplicação de
glyphosate (sal potássico).
Os resultados demonstraram que doses crescentes de glyphosate aplicadas no
período reprodutivo tendem a diminuir o número de vagens por planta (Figura 1b),
corroborando com Albrecht et al. (2011), porém em resposta a esta diminuição se teve um
aumento na massa de 100 sementes (Figura 2a), este aumento sendo mais pronunciado
nos tratamentos com formulação contendo o sal isopropilamina (Figura 2b), compensado
assim, de certa forma, a diminuição no número de vagens. Como esta espécie de
compensação ocorreu de forma mais acentuada nos tratamentos com a formulação
contendo sal isopropilamina (Figura 2b), estes tenderam a sofrer menor queda de
produtividade. Enquanto os tratamentos contendo o sal potássico sofreram maiores danos
com o glyphosate, tendo até sua altura afetada (Figura 1a), com isso a queda de
produtividade dentro desta formulação foi mais significativa (Figura 3b).
Estes efeitos identificados nos caracteres de interesse agronômico estão
relacionados ao potencial de ação deletéria do glyphosate sob o balanço nutricional,
geração de efeitos fitotóxicos, por afetar a eficiência no uso da água, a fotossíntese, a
rizosfera, o acúmulo de biomassa, a síntese de aminoácidos e compostos secundários
(KREMER et al., 2005; NEUMANN et al., 2006; ZABLOTOWICZ e REDDY, 2007; ZOBIOLE
et al. 2010a,b,c,d; ALBRECHT e ÁVILA, 2010).
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CONCLUSÕES
A partir dos resultados pode-se concluir que aplicações de altas doses de glyphosate
no período reprodutivo da soja RR pode trazer danos consideráveis à cultura.
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XXVIII CBCPD, 3 a 6 de setembro de 2012, Campo Grande, MS / Área 2 -Fisiologia e metabolismo de herbicidas 322