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BONDADE E TERNURA DE UM PAPA Francisco, restaura nossa ...

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12 D E S T A Q U E Goiânia, abril 2013<br />

Pe. rafaeL Vieira<br />

Os primeirOs gestOs e palavras dO nOvO pastOr universal da igreja têm encantadO O<br />

mundO inteirO e trazem lembranças inspiradOras dO pOntificadO de jOãO XXiii<br />

* Missionário Redentorista,<br />

Assessor de Imprensa da CNBB<br />

Bondade e ternura de um Papa<br />

Antes que eu tivesse completado<br />

5 meses de vida, em 9<br />

de junho de 1963, morria Giuseppe<br />

Roncalli”, o Papa João XXIII.<br />

Então não posso dizer – com<br />

precisão absoluta - que ao ver<br />

Jorge Mario Bergoglio entrar<br />

no balcão da Basílica Patriarcal<br />

de São Pedro depois de ter sido<br />

anunciado como Papa <strong>Francisco</strong>,<br />

tenha me lembrado do chamado<br />

“Papa bom”. Vi, na verdade,<br />

que o novo pontífice é meio rechonchudo<br />

e que abriu um sorriso<br />

discreto para dizer “buona<br />

sera”, e isso confere com as imagens<br />

e a postura que conheço do<br />

Papa que antecedeu Paulo VI.<br />

A impressão que causou de vêlo<br />

despojado de certos símbolos<br />

também levou a mim e a outras<br />

pessoas a pensar que pode estar<br />

chegando alguém trazendo<br />

semelhanças com a fama de informalidade<br />

do ex-patriarca de<br />

Veneza. Soube ainda que antes<br />

de ser padre do clero secular de<br />

Bergamo, na Itália, João XXIII<br />

tinha sido membro da Ordem<br />

Franciscana Secular. Esta é uma<br />

outra característica que pode<br />

servir de paralelo com o fato de<br />

tá na rede<br />

tá bombando<br />

um jesuíta se inspirar em <strong>Francisco</strong><br />

de Assis para adotar seu<br />

nome como Papa.<br />

Parecia muito possível, no<br />

entanto, que o nome de <strong>Francisco</strong><br />

poderia ser uma referência<br />

não ao “pobrezinho de Assis”<br />

e sim a São <strong>Francisco</strong> Xavier,<br />

confrade do Papa que trabalhou<br />

na evangelização da China. No<br />

trabalho de assessoria da CNBB,<br />

recebi um telefonema da TV<br />

Globo, no dia da eleição, sugerindo<br />

que dom Leonardo Steiner,<br />

franciscano e secretário geral<br />

da conferência, poderia ter<br />

se equivocado em suas declarações<br />

ao supor que se tratava<br />

de uma inspiração ao fundador<br />

de sua Ordem, pois havia um<br />

<strong>Francisco</strong> importante na história<br />

da Companhia de Jesus. A<br />

mídia mais arrogante, mesmo<br />

que qualificada, costuma querer<br />

“ensinar o pai-nosso para o<br />

vigário”.<br />

Dom Leonardo havia dito,<br />

com propriedade, que poderia<br />

ser, isto é, havia uma chance de<br />

que a adoção do nome lembrasse<br />

São <strong>Francisco</strong> de Assis e que<br />

só saberíamos ao certo, quan-<br />

do o próprio Papa falasse sobre<br />

esse tema. Não deu outra: três<br />

dias depois, ao falar com os jornalistas<br />

que cobriram o Conclave,<br />

na Sala Paulo Sexto, o Papa<br />

disse que depois de ter ouvido<br />

de um grande amigo, dom<br />

Claudio Hummes, uma recomendação<br />

fraterna de que ele<br />

não se esquecesse dos pobres,<br />

decidira pelo nome de <strong>Francisco</strong><br />

por causa de São <strong>Francisco</strong><br />

de Assis.<br />

A escolha do nome e uma série<br />

de pequenos gestos realizados<br />

pelo Papa <strong>Francisco</strong> deram<br />

ao início desse pontificado atual<br />

as características franciscanas<br />

da bondade e da ternura, como<br />

também marcaram o ministério<br />

de João XXIII.<br />

O Vaticano fornece uma biografia<br />

do sucessor de Pio XII na<br />

qual se encontra uma bela síntese:<br />

“O seu pontificado, que<br />

durou menos de cinco anos,<br />

apresentou-o ao mundo como<br />

uma autêntica imagem de bom<br />

Pastor. Manso e atento, empreendedor<br />

e corajoso, simples e<br />

cordial, praticou cristãmente as<br />

obras de misericórdia corporais<br />

Ir. Diego Joaquim, C.Ss.R.<br />

jornalista e colaborador na paróquia <strong>nossa</strong> senhora do perpétuo socorro, em brasília/df<br />

Simplicidade<br />

Esta foto mostra bem quem é o papa <strong>Francisco</strong>. Ele<br />

convidou os jardineiros e garis do Vaticano para uma<br />

missa, na capela da Casa Santa Marta. Todos prontos<br />

para receber o Santo Padre, que entra e ocupa o<br />

último banco para uma oração silenciosa. Ficou ali<br />

por um bom tempo, rezando. E só depois tomou o<br />

lugar para presidir a eucaristia. Atitude semelhante<br />

foi possível observar na visita que fez ao Papa Emérito,<br />

Bento XVI. O anfitrião preparou um lugar para<br />

o novo Papa, que recusou. “Vamos rezar juntos aqui,<br />

somos irmãos!”. Silvonei José, comunicador da Rádio Vaticano, explicou a admiração que tais gestos causam<br />

nos fiéis e no público em geral. “A espetacular simplicidade e humildade de um homem que por toda a vida fez<br />

gestos como esses, sem pensar que eram grandes gestos, mas sim que eram gestos que deveriam ser feitos. São<br />

gestos cristãos, que provêm da simplicidade do Evangelho e que nos remetem diretamente aos gestos simples<br />

e humildes do Homem da Galileia, que também no seu tempo chocou as multidões com gestos inusitados, sem<br />

precedentes, que dignificavam o homem, sem olhar para sua condição social, raça ou cor”.<br />

tô ligado<br />

Ideias<br />

“A humildade é o que garante a presença de Deus: quando alguém é autossuficiente, quando tem todas as respostas<br />

para todas as perguntas, esta é uma prova que Deus não está com ele”. Esta é uma das reflexões do Papa<br />

<strong>Francisco</strong> contidas no livro “Sobre o Céu e a Terra”, publicado em 2010 e que foi relançado após o Conclave. O<br />

livro é uma compilação de uma série de conversas do então arcebispo de Buenos Aires com o rabino Abraham<br />

Skorka, reitor do Seminário Rabínico Latino-Americano, sediado na capital argentina. O livro apresenta <strong>Francisco</strong><br />

falando de política, religião e poder. É um bom instrumento para compreender como pensa o novo papa.<br />

e espirituais, visitando os encarcerados<br />

e os doentes, recebendo<br />

homens de todas as nações e<br />

crenças e cultivando um extraordinário<br />

sentimento de paternidade<br />

para com todos. O seu<br />

magistério foi muito apreciado,<br />

sobretudo com as Encíclicas “Pacem<br />

in terris” e “Mater et magistra”.<br />

Convocou o Sínodo romano,<br />

instituiu uma Comissão para a revisão<br />

do Código de Direito Canônico<br />

e convocou o Concílio Ecumênico<br />

Vaticano II. Visitou muitas<br />

paróquias da Diocese de Roma,<br />

sobretudo as dos bairros mais novos.<br />

O povo viu nele um reflexo<br />

da bondade de Deus e chamou-o<br />

‘o Papa da bondade’. Sustentava-o<br />

um profundo espírito de oração,<br />

e a sua pessoa, iniciadora duma<br />

grande renovação na Igreja, irradiava<br />

a paz própria de quem confia<br />

sempre no Senhor”.<br />

Papa <strong>Francisco</strong> assume com<br />

apenas um ano a menos de idade<br />

em relação a João XXIII, mas<br />

já adiantou que a velhice abre<br />

portas para um fecundo trabalho<br />

de evangelização dos jovens: “a<br />

velhice é, por assim dizer, a sede<br />

Reprodução<br />

números<br />

O 266º bispo de Roma<br />

(como ele fez questão<br />

de se apresentar) tem 76<br />

anos e nasceu em Buenos<br />

Aires, na Argentina.<br />

Acabou sendo o primeiro<br />

em vários aspectos:<br />

primeiro papa nascido<br />

nas Américas; primeiro<br />

papa jesuíta; primeiro<br />

não europeu a ocupar o<br />

posto após 1.200 anos.<br />

Fala bem 5 idiomas (espanhol,<br />

italiano, alemão,<br />

francês, inglês), e ainda<br />

arrisca alguma coisa em<br />

português. Depois de 50<br />

anos da abertura do Concílio<br />

Vaticano II, a Igreja<br />

tem um papa que não<br />

participou de nenhuma<br />

sessão do evento. Quando<br />

era jovem, após uma doença<br />

respiratória, acabou<br />

tendo que retirar um dos<br />

pulmões. Já ordenou 22<br />

bispos, todos argentinos.<br />

Já escreveu 16 obras.<br />

da sabedoria da vida. Os velhos<br />

têm a sabedoria de ter caminhado<br />

na vida, como o velho Simão<br />

e a velha Ana no Templo. E justamente<br />

esta sabedoria fez com<br />

que reconhecessem Jesus. Doemos<br />

esta sabedoria aos jovens:<br />

como o bom vinho que com os<br />

anos se torna melhor, doemos<br />

aos jovens a sabedoria da vida”.<br />

E, na missa de inauguração do<br />

seu pontificado, celebrada na<br />

festa litúrgica de São José, ele<br />

assumiu definitivamente, por<br />

assim dizer, a linha de testemunho<br />

de João XXIII quando disse<br />

aos governantes e a todos os que<br />

foram participar daquela cerimônia:<br />

“sejamos ‘guardiões’ da criação,<br />

do desígnio de Deus inscrito<br />

na natureza, guardiões do outro,<br />

do ambiente; não deixemos<br />

que sinais de destruição e morte<br />

acompanhem o caminho deste<br />

nosso mundo! Mas, para ‘guardar’,<br />

devemos também cuidar<br />

de nós mesmos. Lembremo-nos<br />

de que o ódio, a inveja, o orgulho<br />

sujam a vida; então guardar<br />

quer dizer vigiar sobre os nossos<br />

sentimentos, o nosso coração,<br />

porque é dele que saem as boas<br />

intenções e as más: aquelas que<br />

edificam e as que destroem. Não<br />

devemos ter medo de bondade,<br />

ou mesmo de ternura”.<br />

eu curti<br />

A surpresa da mídia, que apostava<br />

em outros nomes para o papado.<br />

Interessante perceber que, desde<br />

a renúncia de Bento XVI até o início<br />

do Conclave, quatro ou cinco<br />

nomes encabeçavam as listas.<br />

Quando os cardeais iniciaram as<br />

votações, a imprensa, sabe Deus<br />

por qual motivo, ampliou essa lista,<br />

e acabou por incluir outros cardeais,<br />

inclusive Bergoglio. Assim,<br />

após o “Habemus Papam!”, ficou<br />

muito fácil dizer que acertou. O<br />

que é fato, e eu acredito: o Espírito<br />

Santo decidiu a questão!<br />

não curti<br />

O comportamento desrespeitoso de<br />

diversos segmentos da mídia, especialmente<br />

programas de humor,<br />

em relação à Igreja. Todo católico<br />

que vive a sua fé não pode achar<br />

graça dessas coisas. Concordar,<br />

muito menos. O que vemos em<br />

alguns programas são posições de<br />

pessoas que tiveram uma experiência<br />

de comunidade-Igreja muito<br />

ruim, e ainda não foram capazes de<br />

compreende-las. Para nós, que somos<br />

de comunidade, não podemos<br />

perder de vista o mistério da Igreja:<br />

caminhar na unidade do Espírito,<br />

apesar da diversidade e do pecado<br />

que temos.

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