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Declaração do CEAL para a Rio + 20

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<strong>Declaração</strong> <strong>do</strong> <strong>CEAL</strong> <strong>para</strong> a <strong>Rio</strong> + <strong>20</strong><br />

3 Propostas <strong>do</strong> Empresaria<strong>do</strong> Latino-americano por um Mun<strong>do</strong> Mais Sustentável<br />

O Conselho Empresarial de América Latina, <strong>CEAL</strong>, reúne mais de 500 destaca<strong>do</strong>s empresários de<br />

19 países das três Américas. Desde sua fundação, em 1989, o <strong>CEAL</strong> e seus membros têm incorpora<strong>do</strong> e<br />

difundi<strong>do</strong> as boas práticas de governança e uma visão <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> empresaria<strong>do</strong> nas sociedades em que<br />

atuam, basea<strong>do</strong>s nos princípios que elevam a qualidade de vida <strong>do</strong>s cidadãos, pautan<strong>do</strong> o desenvolvimento<br />

de suas sociedades calca<strong>do</strong>s na sustentabilidade econômica, social e ambiental. A educação, como vetor<br />

impulsiona<strong>do</strong>r deste desenvolvimento, tem ti<strong>do</strong> atenção específica.<br />

A <strong>Rio</strong> 92 incorporou nas sociedades presentes, o conceito <strong>do</strong> desenvolvimento sustenta<strong>do</strong>, defini<strong>do</strong><br />

à época pela ONU, partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> conceito econômico, social e ambiental. Anos depois, conseguiu-se<br />

materializar um objetivo quantificável, através <strong>do</strong> Protocolo de Kyoto, que restringia o nível de emissões de<br />

Gases <strong>do</strong> Efeito Estufa (GEE) em termos globais. O Protocolo, que teve vigência após a assinatura da<br />

Rússia, completan<strong>do</strong> assim o quórum necessário <strong>para</strong> sua eficácia, comprometeu os países signatários com<br />

políticas públicas de restrições às emissões nacionais, regionais e globais. A preservação da biodiversidade<br />

foi um <strong>do</strong>s ganhos adicionais que se seguiu a Kyoto. A validade de se ter objetivos quantificáveis e<br />

mensuráveis mostrou-se eficaz, conforme verifica<strong>do</strong> nas leis e regulamentos existentes hoje nos países<br />

signatários.<br />

A <strong>Rio</strong>+<strong>20</strong>, cujo debate se concentra na Economia Verde, pretende estender as medidas e os<br />

conceitos existentes a fim de incorporar e dinamizar a sustentabilidade nos processos de desenvolvimento<br />

futuro. A louvável e grande mobilização em volta deste tema, porém, poderá tornar-se pouco eficiente se os<br />

governos não estiverem dispostos a se comprometer com objetivos ousa<strong>do</strong>s e quantificáveis em um<br />

horizonte de tempo, no qual os esforços de to<strong>do</strong>s, em proporções distintas, poderão ser equilibra<strong>do</strong>s,<br />

transparentes e transforma<strong>do</strong>res.<br />

O <strong>CEAL</strong>, em sua responsabilidade perante este momento, exorta os governos a formularem e<br />

negociarem objetivos quantificáveis, que se possam apresentar como mudanças significativas de melhoria<br />

da qualidade de vida <strong>do</strong>s cidadãos. O desenvolvimento sustentável através da Economia Verde envolve três<br />

fundamentos, o da economia, o social e o ambiental. Neste senti<strong>do</strong>, o <strong>CEAL</strong> apresenta as seguintes<br />

propostas:<br />

1. Econômico: Retomar o crescimento da economia mundial em níveis de <strong>20</strong>07 (5,4%) em 5 anos.<br />

2. Social: Redução em <strong>20</strong>% da extrema pobreza no mun<strong>do</strong> pela inserção social em 10 anos.<br />

3. Ambiental: Imposto zero sobre a energia renovável em 10 anos.<br />

Estes objetivos são alcançáveis se, em um contexto global, houver compromissos de todas as<br />

partes em relação a uma agenda positiva que vise o bem estar em nível global e local. O longo prazo de<br />

implementação oferece a possibilidade das políticas públicas terem adequações nos seus processos de<br />

decisão e de execução, oferecen<strong>do</strong> a segurança de serem sustentáveis em si.<br />

As medidas expostas acima são realistas e factíveis, sinalizan<strong>do</strong> às sociedades afetadas que os<br />

governos nacionais estão comprometi<strong>do</strong>s com o crescimento sustentável e com a inserção social <strong>do</strong>s<br />

menos favoreci<strong>do</strong>s, sob o marco de políticas ambientais amplas e saudáveis.<br />

Os empresários da América Latina, representa<strong>do</strong>s pelo <strong>CEAL</strong>, convocam as entidades alinhadas<br />

com o ideário <strong>do</strong> desenvolvimento sustentável a acompanharem este esforço, solicitan<strong>do</strong> aos governos<br />

reuni<strong>do</strong>s na <strong>Rio</strong>+<strong>20</strong> a proporem um cronograma de discussão e resolução das três metas apresentadas.<br />

www.ceal-int.org<br />

Abril de <strong>20</strong>12.


Propostas Preliminares <strong>para</strong> Discussão<br />

1. Objetivo Sustentabilidade Econômica: Retomar o crescimento da economia mundial em níveis de <strong>20</strong>07 (5,4%) em 5<br />

anos.<br />

Meta: Retomar o crescimento mundial, em níveis de <strong>20</strong>07, de 5,4% ao ano, em 5 anos, e mantê-lo superior a este nível.<br />

Justificativa: A crise econômica afeta não só os países desenvolvi<strong>do</strong>s, mas particularmente os países em<br />

desenvolvimento, reduzin<strong>do</strong> a capacidade de promover o bem estar de suas sociedades. Políticas de recuperação <strong>do</strong><br />

crescimento e estímulo ao livre comércio precisam estar nas agendas governamentais, além de reformas e adequações<br />

estruturantes.<br />

Mecanismo: Este compromisso deve ser assumi<strong>do</strong> pelo G<strong>20</strong>, que representa os governos de mais de 2/3 da economia<br />

mundial, e deve ser coloca<strong>do</strong> ainda nas reuniões de <strong>20</strong>12. Os países não pertencentes ao G<strong>20</strong> podem e devem<br />

subescrever este objetivo, com o intuito de fazer valer sua representatividade através de outros países no G<strong>20</strong>.<br />

Indica<strong>do</strong>res: Crescimento <strong>do</strong> PIB Mundial, <strong>do</strong> FMI.<br />

2. Objetivo Sustentabilidade Social: Redução em <strong>20</strong>% da extrema pobreza no mun<strong>do</strong> pela inserção social.<br />

Meta: Inserção social de <strong>20</strong>0 milhões de pessoas em dez anos (<strong>20</strong> milhões/ano), reduzin<strong>do</strong> em <strong>20</strong>% o índice de<br />

pobreza absoluta no mun<strong>do</strong>.<br />

Justificativa: Dos 7 bilhões de pessoas existentes no mun<strong>do</strong>, 1 bilhão está abaixo <strong>do</strong> índice de pobreza absoluta, com<br />

renda pessoal inferior a US$1,25 por dia. A América Latina, a exemplo <strong>do</strong> Brasil e outros, promoveu a inserção social de<br />

mais de 40 milhões de pessoas em 8 anos, reduzin<strong>do</strong> significativamente o seu índice de pobreza absoluta, sem<br />

fomentar desequilíbrios econômicos, pelo contrário, além de retirar pessoas da miséria, as introduziu em seu merca<strong>do</strong><br />

local de consumo básico. A pobreza absoluta é uma situação inaceitável em qualquer sociedade, sen<strong>do</strong> o acesso à<br />

alimentação prioritário no combate à fome.<br />

Mecanismo: Ten<strong>do</strong> como base o Mapa da Extrema Pobreza da FAO, órgão da ONU, tem-se os países demandantes e<br />

ofertantes, algo similar ao Protocolo de Kyoto. Os países demandantes ofereceriam projetos de inserção social, através<br />

de programas público-priva<strong>do</strong>s, nos moldes de um Social Development Mecanism, ou Solidarity Development<br />

Mecanism, (SDM), similar mas bem mais simples <strong>do</strong> que o CDM (Clean Development Mecanism, <strong>do</strong>s GEEs). O SDM<br />

receberia o aporte de países desenvolvi<strong>do</strong>s. Poderia ser um programa <strong>do</strong> gênero <strong>do</strong> Bolsa Família, <strong>do</strong> Brasil, com<br />

critérios específicos, como criança na escola, pagamento preferencialmente <strong>para</strong> as mães e outras ações similares. O<br />

SDM <strong>do</strong> primeiro ano seria <strong>para</strong> desenvolver as políticas públicas e estabelecer os mecanismos nos países receptores e<br />

<strong>do</strong>a<strong>do</strong>res; a partir <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> ano, o financiamento destes programas seriam <strong>para</strong> a renda familiar. O Fun<strong>do</strong> SDM<br />

cria<strong>do</strong> <strong>para</strong> esta finalidade se constituiria de <strong>do</strong>tações governamentais e privadas. As empresas ou pessoas que<br />

comprassem SDM poderiam ter abatimentos em seus impostos. Para se ter uma renda adicional de US$ 1,2 ao dia por<br />

pessoa, haveria a necessidade de um funding mensal na ordem de US$ 1 bilhão por mês, <strong>para</strong> a inserção de 30<br />

milhões de pessoas por ano em um Fun<strong>do</strong> SDM. Os países receptores poderiam ou deveriam participar com uma<br />

contrapartida, ainda que fosse menor. Estas seriam as bases <strong>para</strong> as negociações da criação de um Fun<strong>do</strong> SDM, que<br />

deveria ser gerencia<strong>do</strong> pelo Banco Mundial, FAO, ou algum outro órgão de fomento ao desenvolvimento regional<br />

designa<strong>do</strong>, como por exemplo, o BID ou BNDES (Brasil), desde que tenha as qualificações de financiamento e controles<br />

de projetos de desenvolvimento comprova<strong>do</strong>s.<br />

Indica<strong>do</strong>res: Índice de extrema pobreza da FAO. Acompanhamento <strong>do</strong> índice de escolaridade, entre outros, como<br />

critério <strong>para</strong> o recebimento pela família e validação <strong>do</strong> SDM.<br />

3. Objetivo de Sustentabilidade Ambiental: Imposto zero sobre as Energias Renováveis em 10 anos.<br />

Meta: Desoneração completa, em 10 anos, desde o projeto, a construção, a implementação, a geração, a transmissão<br />

até o consumi<strong>do</strong>r final da cadeia que integra a energia renovável. O mesmo conceito poderia ser aplica<strong>do</strong> <strong>para</strong> o<br />

tratamento de resíduos sóli<strong>do</strong>s.<br />

Justificativa: A dependência mundial de energias fósseis, nos cenários mais otimistas, mantém-se constante nos<br />

próximos anos, sen<strong>do</strong> que as energias renováveis absorvem o crescimento da demanda energética. A utilização de<br />

recicla<strong>do</strong>s ou reuso de resíduos sóli<strong>do</strong>s é muito mais cara <strong>do</strong> que a utilização de insumos convencionais. A competição,<br />

pela escala, intensidade tecnológica e investimentos requerem políticas públicas <strong>para</strong> arbitrar as preferências. A<br />

reciclagem, reuso de materiais e tratamento de resíduos sóli<strong>do</strong>s possuem, hoje, uma carga tributária que inibe a<br />

preferência por estas práticas frente aos materiais comumente utiliza<strong>do</strong>s.<br />

A as energias renováveis só terão consistente sucesso sobre e as fósseis – ou, ao menos, possibilidade de competição<br />

– se os governos desonerarem completamente toda a cadeia produtiva das renováveis em dez anos.<br />

Mecanismo: os países signatários deste protocolo, por exemplo, receberiam a chancela da ONU (PNUD) receben<strong>do</strong> o<br />

título de País Green Economy se alcançarem, neste prazo, a desoneração completa da cadeia produtiva das energias<br />

renováveis e <strong>do</strong> tratamento de resíduos sóli<strong>do</strong>s. Pode-se desenvolver um méto<strong>do</strong> de qualificação <strong>do</strong> nível de Green<br />

Economy (rating) de cada pais, no qual o nível mínimo seria obti<strong>do</strong> se estes <strong>do</strong>is objetivos fossem alcança<strong>do</strong>s. Níveis<br />

ainda mais eleva<strong>do</strong>s poderiam ser alcança<strong>do</strong>s com metas adicionais, por exemplo, redução de GEEs.<br />

Indica<strong>do</strong>res: Meto<strong>do</strong>logia de aferição concensada por organismos internacionais (por exemplo, FMI); ranking através de<br />

Instituições de Auditoria Público Privada, agências de Rating entre outras, credenciadas pelo organismo internacional da<br />

meto<strong>do</strong>logia. O ranking de qualificação de Green Economy será um selo de preferências <strong>para</strong> políticas mundiais de<br />

financiamento, rating, crédito, e de comércio.<br />

www.ceal-int.org

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