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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE ... - UFF

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<strong>UNIVERSIDA<strong>DE</strong></strong> <strong>FE<strong>DE</strong>RAL</strong> <strong>FLUMINENSE</strong><br />

<strong>INSTITUTO</strong> <strong>DE</strong> BIOLOGIA<br />

PROGRAMA <strong>DE</strong> NEUROCIÊNCIAS<br />

DANIELLE DIAS PINTO FERREIRA<br />

O BLOQUEIO <strong>DE</strong> RECEPTORES <strong>DE</strong> A<strong>DE</strong>NOSINA A1<br />

POTENCIALIZA A LIBERAÇÃO <strong>DE</strong> GABA INDUZIDA POR D-<br />

ASPARTATO<br />

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À <strong>UNIVERSIDA<strong>DE</strong></strong> <strong>FE<strong>DE</strong>RAL</strong> <strong>FLUMINENSE</strong><br />

VISANDO A OBTENÇÃO DO GRAU <strong>DE</strong> MESTRE EM NEUROCIÊNCIAS<br />

ORIENTADORA: Prof.ª Dr.ª REGINA CÉLIA CUSSA KUBRUSLY<br />

NITERÓI<br />

2012


DANIELLE DIAS PINTO FERREIRA<br />

O BLOQUEIO <strong>DE</strong> RECEPTORES <strong>DE</strong> A<strong>DE</strong>NOSINA A1 POTENCIALIZA<br />

A LIBERAÇÃO <strong>DE</strong> GABA INDUZIDA POR D-ASPARTATO<br />

Trabalho desenvolvido no laboratório de Neurofarmacologia do Departamento de<br />

Fisiologia e Farmacologia, Instituto Biomédico, Universidade Federal Fluminense.<br />

Dissertação de mestrado submetida à<br />

Universidade Federal Fluminense como<br />

requisito parcial para obtenção do grau de<br />

Mestre em Neurociências.<br />

ORIENTADORA: Prof.ª Dr.ª REGINA CÉLIA CUSSA KUBRUSLY<br />

Niterói<br />

2012<br />

II


DANIELLE DIAS PINTO FERREIRA<br />

O BLOQUEIO <strong>DE</strong> RECEPTORES <strong>DE</strong> A<strong>DE</strong>NOSINA A1 POTENCIALIZA<br />

A LIBERAÇÃO <strong>DE</strong> GABA INDUZIDA POR D-ASPARTATO<br />

Dissertação de mestrado submetida à Universidade<br />

Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção<br />

do grau de Mestre em Neurociências<br />

BANCA EXAMINADORA:<br />

____________________________________________________________<br />

Prof.ª Dr.ª Elizabeth Giestal de Araújo<br />

<strong>UFF</strong><br />

____________________________________________________________<br />

Prof. Dr. Ronald Marques dos Santos<br />

<strong>UFF</strong><br />

___________________________________________________________<br />

Dr. Bernardo Stutz Xavier<br />

UFRJ<br />

____________________________________________________________<br />

Profª Drª Aline Araujo dos Santos Rabelo (Suplente e Revisora)<br />

<strong>UFF</strong><br />

III


Este trabalho foi desenvolvido no laboratório de Neurofarmacologia, do<br />

Departamento de Fisiologia e Farmacologia, do Instituto Biomédico, ligado ao<br />

Programa de Pós-Graduação em Neurociências, do Instituto de Biologia da<br />

Universidade Federal Fluminense, sob a orientação da Professora Dra. Regina Célia<br />

Cussa Kubrusly e na vigência dos auxílios concedidos pela Coordenação de<br />

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nivel Superior (CAPES), pela Fundação de Amparo<br />

à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), pelo Programa de Apoio aos<br />

Núcleos de Excelência (PRONEX/MCT) e pela Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-<br />

Graduação e Inovação da Universidade Federal Fluminense (PROPPi/<strong>UFF</strong>).<br />

IV


Ferreira, Danielle Dias Pinto<br />

O bloqueio de receptores de adenosina A1 potencializa a liberação de GABA<br />

induzida por D-aspartato. / Danielle Dias Pinto Ferreira. ________ Niterói: [s.n.],<br />

2012.<br />

XVIII; 94f.<br />

Orientador: Dra Regina Célia Cussa Kubrusly.<br />

Dissertação. Mestrado em Neurociências. Instituto de Biologia. Universidade<br />

Federal Fluminense, Niterói, 2012.<br />

1. GABA, 2. Receptor NMDA, 3. cafeína, 4. retina, 5.pinto<br />

V


“O homem deve criar as oportunidades e não somente encontrá-las”<br />

Francis Bacon<br />

VI


Dedico este trabalho a todos aqueles que, de<br />

alguma forma, contribuíram para a sua<br />

realização e a todos aqueles que um dia<br />

serão beneficiados com as informações aqui<br />

contidas.<br />

VII


AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus pela minha vida, por tudo que<br />

sou e tenho, pois ele está sempre presente em toda e qualquer circunstância.<br />

Agradeço aos meus pais, que não me deram apenas sustento e instrução,<br />

mas principalmente o exemplo de trabalho, honestidade e dignidade, de tal forma<br />

que eu me orgulho muito deles. Obrigada por todo o incentivo na minha vida<br />

profissional e todo apoio de sempre. Amo vocês.<br />

Agradeço ao meu namorado, que sempre me incentiva a correr atrás dos<br />

meus sonhos, que faz de tudo para me ver feliz. Obrigada por sempre estar do meu<br />

lado, em todos os momentos. Te amo.<br />

À professora Regina, por ter acreditado em mim, pelos ensinamentos e pelas<br />

oportunidades oferecidas. Obrigada por me fazer ver que qualquer coisa, por mais<br />

simples ou mais difícil que seja, é um passo a frente para meu progresso.<br />

Obrigada aos meus tão queridos amigos, que foram muito importantes<br />

principalmente nessa fase final. Obrigada por toda ajuda mesmo! Sem vocês meus<br />

dias não teriam nenhuma graça. Lívia e Isis, vocês são incomparáveis!<br />

Ao pessoal do laboratório: Adriana, Maurício, Matheus, Isis, Mari, Gabi e por<br />

que não João? Compartilhamos momentos que só nós sabemos o quanto são/foram<br />

importantes. Alegrias e tristezas... e muitos momentos de tensão e bronca! (rs).<br />

Crescemos juntos graças uns aos outros.<br />

Meus agradecimentos ao pessoal do fundão, que me ajudou muito e me<br />

acolheu. Carol, Bernardo e Luís, obrigada!<br />

Agradeço aos professores do laboratório (Rachel, Ronald e Ney) e da pós-<br />

graduação, que muito contribuíram para minha formação. Devo grande parte do meu<br />

conhecimento a eles. À professora Aline que, com toda sua gentileza, aceitou revisar<br />

a tese, e aos constituintes da banca.<br />

VIII


SUMÁRIO<br />

Página<br />

Resumo XI<br />

Abstract XII<br />

Lista de Figuras XIII<br />

Lista de Tabelas XV<br />

Lista de Abreviaturas XVI<br />

I Introdução 1<br />

1. A retina 1<br />

1.1 Organização da Retina 2<br />

1.2 Neurotransmissores na Retina 6<br />

2. GABA 6<br />

2.1 Ações e Localização 7<br />

2.2 Síntese e Metabolismo 8<br />

2.3 Via Alternativa de Síntese 9<br />

2.4 Comunicação GABAérgica 10<br />

2.5 Receptores GABAérgicos 11<br />

2.6 Excitatório no Desenvolvimento 12<br />

2.7 Transportadores 13<br />

2.7.1 Distribuição e Localização 14<br />

2.7.2 Transporte 15<br />

2.7.3 Moduladores do Transporte 17<br />

3. Glutamato 20<br />

3.1 Receptores Glutamatérgicos 20<br />

4. Adenosina 25<br />

4.1 Receptores de adenosina 26<br />

4.2 Cafeína como agente modulador dos receptores de adenosina 30<br />

II Objetivos 33<br />

1. Objetivo Geral 33<br />

2. Objetivos Específicos 33<br />

III Materiais e Métodos 34<br />

IX


1. Materiais 34<br />

1.1 Animais e Coleta de Tecido 34<br />

1.2 Drogas 34<br />

1.3 Soluções Gerais 35<br />

2. Métodos 36<br />

2.1 Captação de 3 H-GABA 36<br />

2.2 Liberação de Neurotransmissores 37<br />

2.3 Ensaio de AMPc 39<br />

2.4 Dosagem de Proteína 40<br />

2.5 Análise Estatística 41<br />

IV Resultados 42<br />

V Discussão 55<br />

VI Conclusão 62<br />

V Referências 63<br />

X


RESUMO<br />

O presente trabalho investigou os efeitos modulatórios da exposição aguda de<br />

cafeína na regulação da liberação de GABA por receptores NMDA em retinas de<br />

embriões de galinha de 13 dias (E13). Retinas de E13 perfundidas com 500µM de D-<br />

aspartato e 500µM de cafeína mostraram uma potencialização na liberação de 3 H-<br />

GABA em relação à liberação controle induzida somente com 500µM de D-<br />

aspartato. O tratamento com MK-801 (10µM), antagonista não competitivo do<br />

receptor NMDA, ou com NNC 711 (10µM), inibidor do GAT-1, bloqueou<br />

completamente a liberação de GABA induzida por D-aspartato. O efeito da cafeína<br />

foi mimetizado por DPCPX (100nM), antagonista A1R, e por forscolina (10µM),<br />

ativador de adenilil ciclase; e bloqueado por H-89 (1µM), inibidor da PKA, Ifenprodil<br />

(10µM), inibidor da subunidade NR2B, genisteína (10µM), inibidor de proteína<br />

tirosina quinase, e PP1 (3µM), inibidor da famíla src quinase. Os níveis de AMPc<br />

foram reduzidos na presença do agonista A1R, CHA (100nM), indicando seu<br />

acoplamento à via da PKA. Estes dados sugerem que a cafeína potencializa a<br />

liberação de GABA induzida por D-aspartato via inibição de receptores A1, ativação<br />

da via da PKA e da src, regulando a fosforilação da subunidade NR2B.<br />

Palavras chave: GABA, receptor NMDA, cafeína, retina, pinto<br />

XI


ABSTRACT<br />

The present work investigated the modulatory effects of caffeine’s acute<br />

exposition on the regulation of GABA release through NMDA receptors on 13-days-<br />

old chick embryo retinas (E13). Retinas were superfused with D-aspartate 500µM<br />

and caffeine 500µM, revealing a potentiation in 3 H-GABA release compared to the<br />

release with D-aspartate only (control). Treatment with either MK-801 (10µM), a non-<br />

competitive NMDA receptor antagonist, or NNC 711 (10µM), GAT-1 inhibitor,<br />

completely blocked D-aspartate mediated GABA release. The effect of caffeine was<br />

mimicked by DPCPX (100nM), A1R agonist, and by forskolin (10µM), adenylyl<br />

cyclase inhibitor; and was blocked by H-89 (1µM), PKA inhibitor, Ifenprodil (10µM),<br />

NR2B subunit inhibitor, genistein (10µM), protein tyrosine kinase inhibitor, and PP1<br />

(3µM), src family inhibitor. cAMP levels were decreased in the presence of A1R<br />

agonist, CHA (100nM), thus indicating its coupling to the PKA signaling pathway.<br />

These results suggest that caffeine potentiates D-aspartate mediated GABA release<br />

via inhibition of adenosine A1 receptor, activation of PKA and src, thus regulating<br />

NR2B subunit phosphorylation.<br />

Key words: GABA, NMDA receptor, caffeine, retina, chick<br />

XII


LISTA <strong>DE</strong> FIGURAS<br />

Figura 1 Localização da retina no fundo do globo ocular e nervo<br />

óptico<br />

Figura 2 Estrutura da retina em camadas, evidenciando seus tipos<br />

celulares<br />

Página<br />

Figura 3 Síntese e metabolismo de GABA 9<br />

Figura 4 Sinapse GABAérgica 11<br />

Figura 5 Receptores GABAérgicos 12<br />

Figura 6 Resposta do receptor GABAA em neurônios maduros e<br />

imaturos<br />

Figura 7 Modelo do transportador de GABA 16<br />

Figura 8 Receptor NMDA e sítios para ligantes endógenos 23<br />

Figura 9 Receptores de glutamato e subunidades 25<br />

Figura 10 Receptores de adenosina 26<br />

Figura 11 Metodologia da Captação de 3 H-GABA 37<br />

Figura 12 Metodologia da liberação de neurotransmissores 38<br />

Figura 13 Metodologia do Ensaio de AMPc 40<br />

Figura 14 A liberação de GABA estimulada com D-asp em retina de<br />

E13 é mediada por GAT-1<br />

Figura 15 Cafeína potencializa a liberação de GABA induzida por<br />

receptores NMDA<br />

1<br />

5<br />

12<br />

43<br />

44<br />

XIII


Figura 16 Cafeína não modifica a atividade do GAT-1 45<br />

Figura 17 Cafeína não aumenta a liberação de D-asp 46<br />

Figura 18 O bloqueio de receptores A1 facilita a liberação de GABA<br />

mediada por D-asp<br />

Figura 19 O bloqueio de receptores A2A não modifica a liberação de<br />

GABA induzida por D-asp<br />

Figura 20 A ativação da adenilil ciclase potencializa a liberação de<br />

GABA<br />

Figura 21 Receptores de adenosina A1 estão funcionais em E13 50<br />

Figura 22 O bloqueio da via da PKA previne o efeito da cafeína 51<br />

Figura 23 O bloqueio da fosforilação em resíduos de tirosina previne o<br />

efeito da cafeína<br />

Figura 24 A inibição da fosforilação por proteínas da família src<br />

previne o efeito da cafeína<br />

Figura 25 A inibição da subunidade NR2B previne o efeito da cafeína<br />

na liberação de GABA<br />

47<br />

48<br />

49<br />

52<br />

53<br />

54<br />

XIV


LISTA <strong>DE</strong> TABELAS<br />

Tabela 1: Nomenclatura dos transportadores de GABA em<br />

diferentes espécies<br />

Página<br />

Tabela 2: Solução Hanks 4, pH 7,4 35<br />

Tabela 3: Solução Hanks 4 sem Mg 2+ , pH 7,4 36<br />

Tabela 4: Drogas utilizadas na liberação de neurotransmissores<br />

e suas funções e concentrações<br />

Tabela 5: Drogas utilizadas no ensaio de AMPc e suas funções e<br />

concentrações<br />

14<br />

39<br />

40<br />

XV


LISTA <strong>DE</strong> ABREVIATURAS<br />

3 H-D-aspartato D-aspartato tritiado<br />

5-HTR receptor de serotonina<br />

A1, A2(A-B), A3 subtipos de receptores de adenosina<br />

AAE aminoácido excitatório<br />

AC adenilil ciclase<br />

AMPA ácido α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazolepropiônico<br />

AMPc adenosina 5’ monofosfato cíclica<br />

ATP adenosina trifosfato<br />

BDNF fator neurotrófico derivado do cérebro<br />

BGT-1 transportador de GABA/betaína<br />

CAF Cafeína<br />

CCG camada de células ganglionares<br />

CNE camada nuclear externa<br />

CNI camada nuclear interna<br />

CPE camada plexiforme externa<br />

CPI camanda plexiforme interna<br />

CREB elemento de ligação a proteínas em resposta a AMPc<br />

D2 receptor de dopamina tipo 2<br />

DAG diacilglicerol<br />

D-asp D-aspartato<br />

XVI


E# dia embrionário #<br />

EDTA ácido etilenodiamino tetra-acético<br />

ERK quinase regulada por sinal extracelular<br />

GABA ácido γ-aminobutírico<br />

GABAA, B, C subtipos de receptores de GABA<br />

GABA-T GABA transaminase<br />

GAD Descarboxilase do ácido glutâmico<br />

GAT1-4 subtipos de transportadores de GABA<br />

GluR(1-8) subtipos de receptores de glutamato do tipo não-NMDA<br />

HEPES (N-[2-hidroxietil]piperazina-N’-[2-ácido etanosulfônico])<br />

IP3 inositol trifosfato<br />

KA kainato<br />

KCC2 cotransportador de K + -Cl -<br />

MAP proteína ativada por mitógeno<br />

MEK MAP quinase quinase<br />

MEM meio essencial mínimo<br />

mGluR receptor metabotrópico de glutamato<br />

NBI nitrobenziltioinosina<br />

NKCC1 cotransportador de Na + -K + -Cl -<br />

NMDA N-metil-D-aspartato<br />

NR1, NR2(A-D), NR3(A-B) subunidades de receptores NMDA<br />

P<strong>DE</strong> fosfodiesterase<br />

XVII


pH potencial hidrogeniônico<br />

PI3K fosfatidilinositol 3-quinase<br />

PIP2 fosfatidil inositol 4,5-bifosfato<br />

PKA proteína quinase dependente de AMPc<br />

PKC proteína quinase dependente de Ca 2+<br />

PLC fosfolipase C<br />

RNAm RNA mensageiro<br />

SHR ratos espontaneamente hipertensos<br />

SNC sistema nervoso central<br />

SSADH desidrogenase do semialdeído succínico<br />

TCA ácido tricloroacético<br />

TDAH Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade<br />

TrkB-t forma truncada do receptor TrkB de neurotrofinas<br />

VGAT transportador vesicular de GABA<br />

XVIII


I INTRODUÇÃO<br />

1 A RETINA<br />

A visão é um sentido que permite tanto a percepção quanto a interação dos<br />

indivíduos com o ambiente. A informação visual é recebida pela retina, onde começa<br />

a ser processada. A retina é um tecido localizado no fundo do globo ocular, e é<br />

responsável pela transformação de um estímulo luminoso em um sinal<br />

eletroquímico. Esses sinais são encaminhados, então, para estruturas encefálicas<br />

através do nervo óptico (figura 1).<br />

Figura 1: Localização da retina no fundo do globo ocular e nervo óptico. Modificado de KOLB, 2003.<br />

A retina se origina a partir do ectoderma neural que possui diversas células<br />

indiferenciadas chamadas neuroblastos. Elas têm potencial proliferativo e darão<br />

origem a todos os tipos celulares retinianos (ALTSHULER et al., 1991). A<br />

histogênese da retina de vertebrados ocorre pela diferenciação celular da camada<br />

mais interna para a mais externa, seguindo um gradiente espacial. Além desse<br />

gradiente interno-externo, há também um gradiente centro-periferia (MANN, 1964;<br />

PROVIS & VAN DRIEL, 1985).<br />

1


1.1 ORGANIZAÇÃO DA RETINA<br />

A retina de vertebrados contém 7 tipos celulares principais, sendo 6 neuronais<br />

e 1 glial e seu desenvolvimento é um processo conservado de gênese celular, com a<br />

seguinte ordem de geração: células ganglionares, células horizontais,<br />

fotorreceptores do tipo cone, células amácrinas, células bipolares, fotorreceptores<br />

do tipo bastonete, e glia de Müller (DOH et AL., 2010). Similarmente a outras<br />

estruturas do sistema nervoso central (SNC), a retina apresenta uma estrutura em<br />

camadas (camada do epitélio pigmentado e camada sensorial).<br />

O epitélio pigmentado, também chamado de epitélio retiniano, forma uma<br />

camada única de células neuroepiteliais e está localizado posteriormente à retina, no<br />

fundo do olho. Sua principal função é absorver a luz que não foi capturada pelos<br />

fotorreceptores, evitando assim a degradação e distorção da imagem pela retina<br />

neural por não permitir a reflexão da luz não absorvida (DOWLING, 1991). Já a<br />

camada sensorial, também chamada de retina neural, é bem mais espessa e<br />

abrange diversos neurônios e células gliais. Esta camada compreende basicamente<br />

camadas nucleares, as quais contêm os corpos das células da retina, intercaladas<br />

por camadas plexiformes, que contêm os prolongamentos celulares, e, portanto, é<br />

onde ocorrem as sinapes.<br />

A informação visual é transmitida na retina de forma vertical, na qual as<br />

células fotorreceptoras transmitem a informação para as células bipolares, e estas<br />

para as células ganglionares; e de forma horizontal, na qual as sinapses são<br />

moduladas pelas células horizontais, na camada plexiforme externa, e pelas células<br />

amácrinas, na camada plexiforme interna (KOLB, 2003).<br />

2


A camada nuclear externa (CNE) é formada pelos corpos celulares dos<br />

fotorreceptores, que são as células que transduzem energia luminosa em sinal<br />

neural. Estas células são classificadas em dois subtipos, que são diferenciados<br />

principalmente pela morfologia de seus segmentos externos: cones e bastonetes. Os<br />

cones, que possuem um segmento externo curto na forma de cone, são sensíveis a<br />

exposição à alta intensidade luminosa (visão fotópica). São também encarregados<br />

pela visão de cores, pois as diferentes populações de cones possuem diferentes<br />

fotopigmentos sensíveis a diferentes comprimentos de onda do espectro luminoso.<br />

Já os bastonetes são responsáveis pela visão em baixa intensidade luminosa (visão<br />

escotópica) e possuem apenas um tipo de pigmento visual, não apresentando<br />

assim, resolução espectral. (DOWLING, 1987).<br />

A camada plexiforme externa (CPE) é a camada onde são encontrados os<br />

terminais sinápticos dos fotorreceptores e prolongamentos de células bipolares e de<br />

células horizontais.<br />

Na camada nuclear interna (CNI) encontram-se os corpos celulares de células<br />

horizontais, bipolares, amácrinas e células ganglionares deslocadas. Os corpos das<br />

células horizontais estão localizados na região mais externa da CNI, enquanto que<br />

os corpos das células amácrinas e ganglionares deslocadas estão na região mais<br />

interna desta camada; já os corpos das células bipolares localizam-se numa região<br />

mais central da CNI. As células bipolares são classificadas em dois subtipos<br />

principais, um que faz contato exclusivo com cones, e outro apenas com bastonetes<br />

(RAMÓN Y CAJAL, 1893; KOLB, 1977). As células amácrinas, que não possuem<br />

axônios, têm seus dendritos estratificados na camada plexiforme interna e tem uma<br />

morfologia muito variada. Elas são encarregadas da modulação horizontal da<br />

informação visual na CNI e fazem contato com dendritos de células bipolares,<br />

3


ganglionares e com outras células amácrinas. Também há na CNI corpos celulares<br />

de um tipo de célula glial chamado glia de Müller, cujos prolongamentos se<br />

estendem por toda a retina.<br />

A camada plexiforme interna (CPI) é composta pelos prolongamentos de<br />

células bipolares, amácrinas e dendritos das células ganglionares. Os<br />

prolongamentos das células bipolares tipo cone encontram-se na região mais<br />

externa desta camada, enquanto que os das células bipolares tipo bastonetes, na<br />

região mais interna.<br />

Na camada de células ganglionares (CCG) estão localizados os corpos<br />

celulares de células ganglionares e também corpos celulares de células amácrinas<br />

deslocadas (RAMÓN Y CAJAL, 1893), que estão em mais de 50% nesta camada,<br />

com seus dendritos estratificando na camada plexiforme interna. As células<br />

ganglionares levam a informação visual através de seus axônios, que formam as<br />

fibras do nervo óptico, seguindo para regiões superiores do SNC.<br />

A glia de Müller atravessa todas as camadas da retina e expressa receptores<br />

para neurotransmissores e fatores tróficos, além de produzir citocinas. Portanto, ela<br />

desempenha um papel importante na sobrevida e na diferenciação neuronal (IKEDA<br />

& PURO, 1995). Além disso, células gliais e neuronais fazem importantes interações<br />

entre si, como por exemplo, apresentando vias de sinalização cooperativas, o que<br />

possibilita a manutenção do sistema em equilíbrio (NEWMAN & REICHENBACH,<br />

1996) (figura 2).<br />

4


Figura 2: Estrutura da retina em camadas, evidenciando seus tipos celulares. Modificado de KOLB,<br />

2003.<br />

A localização anatômica da retina é favorável para a sua manipulação, sendo<br />

de fácil obtenção e isolada de tecido conjuntivo adjacente e de outras populações<br />

neuronais e gliais. Além disso, sua estrutura relativamente simples e bem definida,<br />

organizada em camadas, possibilita a distinção das seqüências nucleares e<br />

sinápticas, o que se assemelha ao observado em outras estruturas do sistema<br />

nervoso. Portanto, a retina, que possui diversos sistemas neuroquímicos<br />

semelhantes ao resto do sistema nervoso, constitui um bom modelo para o estudo<br />

do desenvolvimento e funcionalidade desse sistema (CEPKO, 1993; DOWLING,<br />

1991).<br />

5


1.2 NEUROTRANSMISSORES NA RETINA<br />

Estudos de imunomarcação mostram que o glutamato e o aspartato<br />

apresentam um padrão amplo e difuso de expressão no tecido retiniano, marcando<br />

diversas classes de neurônios (KALLONIATIS & TOMISICH, 1999). Praticamente<br />

todas as células horizontais apresentam esses dois neurotransmissores, e a maioria<br />

das células fotorreceptoras, células bipolares e amácrinas são duplamente<br />

marcadas para eles, mostrando que há uma maior localização de aspartato e<br />

glutamato nas camadas internas da retina, onde podem ter grande importância<br />

fisiológica (SUN & CROSSLAND, 2000). O glutamato é o principal neurotransmissor<br />

envolvido na codificação da informação sensorial. Já o ácido γ-aminobutírico (GABA)<br />

e a glicina agem como elementos laterais na transmissão sináptica (KALLONIATIS &<br />

TOMISICH, 1999). A expressão dos receptores desses neurotransmissores nas<br />

células bipolares e ganglionares indica a sua distribuição (GRÜNERT, 2000). A<br />

histamina também pode ser encontrada na retina (NOWAK, 1985; NOWAK, 1990),<br />

assim como a dopamina (IUVONE & NEFF, 1981) e a acetilcolina (HUTCHINS,<br />

1987), entre outros. A adenosina, que não é um neurotransmissor clássico, também<br />

está presente e será discutida mais adiante (PAES-<strong>DE</strong>-CARVALHO, 2002).<br />

2. GABA<br />

A história do GABA começa por volta de 1910, quando verificaram sua<br />

presença em tecidos biológicos (BOWERY & SMART, 2006, para revisão). Em 1950,<br />

ROBERTS e AWAPARA identificaram o GABA no SNC de mamíferos, e a eles é<br />

creditada atualmente a descoberta deste neurotransmissor. Em 1959, FLOREY &<br />

MCLENNAN observaram que o GABA tinha um papel inibitório na atividade neural<br />

6


de mamíferos e sugeriram que seria um neurotransmissor natural. Toda substância<br />

deve atingir certos critérios para ser classificado como neurotransmissor. No entanto,<br />

apesar desses critérios serem facilmente atingidos em crustáceos, os indícios de<br />

GABA como transmissor no SNC de mamíferos eram negativos. Somente em 1967<br />

ele foi definitivamente aceito como neurotransmissor inibitório, após estudos de<br />

KRNJEVIC & SCHWARTZ em neurônios corticais cerebrais.<br />

2.1 AÇÕES E LOCALIZAÇÃO<br />

O GABA é o principal neurotransmissor inibitório do SNC de várias espécies<br />

de vertebrados (MOSINGER et al, 1986; YAZULLA, 1986) e desempenha um papel<br />

importante na regulação da excitabilidade neuronal durante o desenvolvimento. A<br />

inibição GABAérgica é vista em todos os níveis do SNC, incluindo no hipotálamo,<br />

hipocampo, córtex cerebral e córtex cerebelar. No neocórtex, a maioria dos<br />

neurônios GABAérgicos são interneurônios locais, com poucos ou nenhum espinho<br />

dendrítico (OWENS & KRIEGSTEIN, 2002). GABA também está presente na retina<br />

em subpopulações de células horizontais, amácrinas, ganglionares e na glia de<br />

Müller (AGARDH et al., 1986; SUN & CROSSLAND, 2000; <strong>DE</strong> SAMPAIO SCHITINE<br />

et al., 2007). Além da função inibitória, GABA também pode agir como fator trófico<br />

durante o desenvolvimento do sistema nervoso, influenciando eventos como<br />

proliferação, migração, diferenciação, maturação sináptica e morte celular (OWENS<br />

& KRIEGSTEIN, 2002). GABA também pode ter funções fora do SNC, visto que há<br />

expressão de enzimas relacionadas à sua síntese e de subunidades de receptores<br />

GABAérgicos em tecidos não neuronais (TANAKA & BOWERY, 1996).<br />

7


2.2 SÍNTESE E METABOLISMO<br />

A síntese de GABA está relacionada a um processo chamado GABA shunt,<br />

que consiste de um ciclo fechado com o duplo propósito de produzir e conservar o<br />

suprimento de GABA. In vivo, a glicose é o principal precursor da síntese de GABA,<br />

porém o piruvato e outros aminoácidos também podem servir como precursores.<br />

Proveniente do metabolismo do ciclo de Krebs, o α-cetoglutarato é transaminado<br />

pela GABA-T (GABA transaminase) em L-ácido glutâmico ou L-glutamato. GABA é<br />

então formado a partir da descarboxilação do glutamato pela enzima GAD<br />

(Descarboxilase do ácido glutâmico) (figura 3) (ROBERTS & FRANKEL, 1951;<br />

SIEGEL, 2006).<br />

A GAD está expressa somente em células que utilizam GABA como<br />

neurotransmissor. Há duas formas de GAD: GAD65 e GAD67, que apresentam<br />

cinéticas próprias e distribuição celular distinta (MARTIN & RIMVALL, 1993). A<br />

GAD65 está presente em terminais nervosos, onde o GABA é sintetizado para<br />

vesículas sinápticas secretórias, portanto, está mais relacionada à neurotransmissão<br />

dependente de influxo de cálcio. Já a GAD67 é predominantemente citosólica,<br />

constitutivamente ativa e responsável pela produção GABA para estoques<br />

citoplasmáticos (SOGHOMONIAN & MARTIN, 1998). Neste pool citosólico, o GABA<br />

pode ser liberado através da reversão do sistema de transporte pela membrana<br />

plasmática. Diante disso, pode-se dizer que a atividade da GAD está relacionada<br />

com a homeostase do GABA em terminais GABAérgicos.<br />

A metabolização do GABA ocorre pela sua transaminação, catalisada pela<br />

enzima GABA-T e formação de semialdeído succínico. Essa reação ocorre quando o<br />

α-cetoglutarato está disponível para receber o grupo amina que será removido do<br />

8


GABA, reformando assim o glutamato. Uma molécula de GABA pode ser<br />

metabolizada somente se uma molécula de precursor for formada, garantindo que o<br />

suprimento disponível de GABA seja conservado. Além disso, o semialdeído<br />

succínico pode ser oxidado pela desidrogenase do semialdeído succínico (SSADH)<br />

em ácido succínico ou succinato e pode reentrar no ciclo de Krebs, completando o<br />

circuito (SIEGEL, 2006) (figura 3).<br />

Figura 3: Síntese e metabolismo de GABA. SIEGEL, 2006.<br />

2.3 VIA ALTERNATIVA <strong>DE</strong> SÍNTESE<br />

Além da via clássica de síntese, descrita anteriormente, há também uma via<br />

alternativa de síntese de GABA que ocorre durante o desenvolvimento do sistema<br />

nervoso, enquanto a GAD ainda não está expressa. GABA é formado a partir da<br />

putrescina, um composto abundante no tecido indiferenciado, proveniente da<br />

descaboxilação da ornitina (CALAZA et al., 2006). Em 1976, <strong>DE</strong> MELLO e<br />

colaboradores descreveram que células retinianas de aves embrionárias<br />

converteram putrescina radiomarcada em 3 H-GABA. Além de aves, esta via foi<br />

9


descrita no sistema nervoso de peixes, camundongos e ratos (SEILER et al., 1973;<br />

SOBUE & NAKAJIMA, 1978; YAMASAKI et al., 1999)<br />

2.4 COMUNICAÇÃO GABAÉRGICA<br />

Uma vez sintetizado, GABA pode ser armazenado em vesículas sinápticas<br />

através do transportador vesicular de GABA (VGAT). Durante um potencial de ação,<br />

onde ocorre a despolarização do neurônio pré-sináptico e um influxo de cálcio, ele<br />

pode ser liberado para a fenda sináptica pela via clássica, ou então o GABA<br />

citosólico pode ser liberado através da reversão do sistema de transporte pela<br />

membrana. Uma vez na fenda, o GABA se difunde até alcançar os receptores alvos<br />

que podem estar localizados nas superfícies pré e pós-sináptica (figura 4). O término<br />

da ação do GABA ocorre através de um mecanismo de recaptação para terminais<br />

pré-sinápticos ou células gliais circunjacentes. O GABA recaptado por terminais<br />

nervosos pode ser reutilizado, porém o GABA recaptado pela glia é metabolizado<br />

em semialdeído succínico pela enzima GABA-T e não pode ser ressintetizado a<br />

glutamato neste compartimento, pois a glia não expressa GAD. Contudo, o GABA<br />

pode ser recuperado desta via por um circuito envolvendo o ciclo de Krebs. Na glia,<br />

GABA é convertido a glutamina, que por sua vez é transferida de volta pro neurônio,<br />

onde é convertida a glutamato pela glutaminase (BRADFORD et al., 1983;<br />

SONNEWALD et al., 1993). O glutamato entra, então, no processo de GABA shunt<br />

(SIEGEL, 2006).<br />

10


Figura 4: Sinapse GABAérgica. OWENS & KRIEGSTEIN, 2002.<br />

2.5 RECEPTORES GABAÉRGICOS<br />

Os receptores de GABA existem no SNC e em órgãos periféricos e diferem na<br />

composição das subunidades e no arranjo. Pré-sinapticamente, os receptores de<br />

GABA são metabotrópicos (GABAB) e medeiam um mecanismo de feedback<br />

negativo na liberação de GABA. Pós-sinapticamente, os receptores GABAérgicos<br />

podem ser metabotrópicos (GABAB) ou ionotrópicos (GABAA e GABAC), e<br />

geralmente medeiam a hiperpolarização da célula (BORMANN, 2000; WATANABE<br />

et al., 2002) (figura 5). Os receptores de GABA possuem diversos reguladores<br />

alostéricos, como neuroesteróides, etanol, convulsivantes, barbituratos e<br />

benzodiazepínicos (TIURENKOV & PERFILOVA, 2010).<br />

11


Figura 5: Receptores GABAérgicos. OWENS & KRIEGSTEIN, 2002.<br />

2.6 EXCITATÓRIO NO <strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO<br />

Inicialmente, durante o desenvolvimento, GABA age como transmissor<br />

excitatório. Tal fato foi observado na resposta excitatória produzida pela ligação do<br />

GABA ao receptor GABAA (CHERUBINI et al., 1991). Isto ocorre devido à alta<br />

concentração intracelular de cloreto mantida pelo co-transportador de Na + -K + -Cl -<br />

(NKCC1) em neurônios imaturos. Já em neurônios maduros, a concentração<br />

intracelular de cloreto é reduzida a certo nível devido à expressão do<br />

cotransportador de K + -Cl - (KCC2), que transporta estes íons para fora da célula,<br />

diminuindo o influxo de cloreto em resposta à ativação do receptor GABAA (OWENS<br />

& KRIEGSTEIN, 2002; LI & XU, 2008) (figura 6).<br />

Figura 6: Resposta do receptor GABAA em neurônios maduros e imaturos. OWENS & KRIEGSTEIN,<br />

2002.<br />

12


2.7 TRANSPORTADORES<br />

Para garantir que a sinalização GABAérgica seja controlada e finalizada, o<br />

GABA é rapidamente removido da fenda sináptica através de transportadores de<br />

GABA de alta afinidade dependentes de Na + e Cl - (GATs), presentes nos terminais<br />

pré-sinápticos e nos astrócitos circunjacentes (BOR<strong>DE</strong>N, 1996; IVERSEN & NEAL,<br />

1968). Os GATs pertencem à família SLC6, têm aproximadamente 80 kDa, e<br />

possuem doze domínios transmembranas (WORRALL & WILLIAMS, 1994; Gether<br />

et al., 2006; KRISTENSEN et al., 2011). Entre os domínios 2 e 4, os GATs<br />

apresentam uma alça larga, que atua como alvo de glicosilação, importante para a<br />

inserção do transportador na membrana plasmática (JURSKY et al., 1994). Além<br />

disso, há três sítios de fosforilação pela PKC e um pela PKA na estrutura do GAT, o<br />

que representa alvos de regulação da função do transportador (WORRALL &<br />

WILLIAMS, 1994).<br />

Foram identificados quatro tipos de transportadores, cuja nomenclatura pode<br />

variar entre as espécies em que a proteína foi clonada (MADSEN et al., 2010). Na<br />

tabela 1, podemos ter uma idéia de como a nomenclatura dos transportadores<br />

GABAérgicos pode variar. Para galinha, geralmente é utilizada a mesma<br />

nomenclatura que para camundongo, sendo os transportadores divididos em GAT-1,<br />

GAT-2, GAT-3 e GAT-4 (LIU et al., 1993). Distinguem-se na sua distribuição,<br />

especificidade e sensibilidade a inibidores. GAT-1 é predominantemente neuronal e,<br />

GAT-3 e GAT-4, gliais (MADSEN et al, 2010).<br />

13


Tabela 1: Nomenclatura dos transportadores de GABA em diferentes espécies. MADSEN et al,<br />

2010.<br />

2.7.1 DISTRIBUIÇÃO E LOCALIZAÇÃO<br />

O GAT-1 é amplamente distribuído em todo o cérebro (DURKIN et al, 1995) e<br />

sua expressão segue a via GABAérgica (RADIAN et al, 1990). Ele é localizado<br />

quase que exclusivamente em terminais axonais que formam contatos sinápticos<br />

simétricos, e, no neocórtex, podem ser encontrados em processos distais de<br />

astrócitos com grande proximidade aos terminais axonais (MINELLI et al., 1995;<br />

BOR<strong>DE</strong>N, 1996; CONTI et al, 1998; MADSEN et al, 2010; CONTI et al, 2011). O<br />

GAT-1 tem como um inibidor seletivo o NNC 711.<br />

GAT-2 está presente no hipocampo e no córtex. Ele não se encontra próximo<br />

de sinapses GABAérgicas, mas em uma região extra-sináptica envolvendo uma<br />

grande quantidade de astrócitos (BOR<strong>DE</strong>N et al., 1995; MADSEN et al, 2010). O<br />

GAT-2 corresponde ao BGT-1, e há relatos de que ele não esteja localizado no SNC<br />

(BOR<strong>DE</strong>N, 1996; CONTI et al., 2004; CHERUBINI & CONTI, 2001). O GAT-2<br />

14


também possui afinidade por betaina, porém o grau afinidade pelo GABA é maior<br />

(BOR<strong>DE</strong>N et al., 1995; MADSEN et al, 2010).<br />

A expressão de GAT-3 é muito limitada. É encontrado nas leptomeninges e<br />

no cérebro neonatal e, talvez em níveis muito baixos, no cérebro, na região pós-<br />

sináptica de neurônios e astrócitos (LIU et al., 1993; BOR<strong>DE</strong>N, 1996; CONTI et<br />

al.,1999; MADSEN et al, 2010).<br />

O GAT-4 está expresso em grande intensidade na retina, bulbo olfatório,<br />

tronco cerebral, diencéfalo e, em baixos níveis, no hipocampo e no córtex. GAT-4 é<br />

exclusivamente expresso em processos distais de astrócitos em contato direto com<br />

neurônios GABAérgicos (DURKIN et al., 1995; MINELLI et al., 1996; MADSEN et al,<br />

2010).<br />

2.7.2 TRANSPORTE<br />

O transporte de GABA pela membrana é dependente de temperatura e de um<br />

gradiente eletroquímico envolvendo os íons Na + e Cl - . A estequiometria desse<br />

sistema compreende 2 íons Na + e 1 íon Cl - para cada molécula de substrato<br />

transportada. O Na + parece estar relacionado a alterações conformacionais do<br />

transportador, que aumentaria sua afinidade ao GABA. Em contrapartida, o Cl -<br />

parece facilitar a ligação do Na + a alguns subtipos de transportadores GABAérgicos<br />

(MAGER et al, 1996). A recaptação do GABA ocorre através de um simporter com o<br />

Na + (figura 7).<br />

15


Figura 7: Modelo do transportador de GABA. RICHERSON & WU, 2004.<br />

Normalmente, os transportadores de GABA atuam captando o<br />

neurotransmissor do meio extracelular a favor do gradiente de Na + mantido pela<br />

bomba Na + /K + ATPase. Entretanto, além da captação os GATs também são capazes<br />

de liberar GABA por um mecanismo de reversão do gradiente de transporte<br />

(BERNATH & ZIGMOND, 1988; PIN & BOCKAERT, 1989; SCHWARTZ, 2002;<br />

RICHERSON & WU, 2004).<br />

Essa liberação de GABA pela reversão do transportador ocorre de forma<br />

semelhante ao que já foi descrito com outros neurotransmissores como dopamina,<br />

glutamato, serotonina, glicina (NICHOLLS & ATTWELL, 1990; RUDNICK & WALL<br />

1992; ROUX & SUPPLISSON 2000; RICHERSON & WU, 2003; LEVIEL, 2011). No<br />

início dos estudos com a reversão do sistema de transporte, acreditava-se que este<br />

mecanismo ocorria apenas em condições patológicas, como na epilepsia e na<br />

isquemia (NICHOLLS & ATTWELL, 1990; LEVI & RAITERI, 1993). Posteriormente<br />

foi demonstrada sua ocorrência em condições fisiológicas, como na despolarização<br />

neuronal normal, no aumento de Na + intracelular ou em pequenos aumentos na<br />

concentração extracelular de potássio (BERNATH & ZIGMOND,1988; GASPARY et<br />

16


al, 1998, RICHERSON & WU, 2003). A eficiência dessa liberação está relacionada<br />

com densidade de transportadores na membrana, concentração de íons Na+ e<br />

voltagem (SCHWARTZ, 2002).<br />

Na retina, um grande componente da liberação de GABA é a reversão de seu<br />

transportador (DO NASCIMENTO et al, 1996). Em 1998, do Nascimento e<br />

colaboradores observaram que em cultura de retina de galinha a liberação de GABA<br />

dependente de sódio e induzida por glutamato e veratridina é mediada por um<br />

transportador similar ao GAT-1, que apresenta algumas, mas não todas,<br />

propriedades do GAT-1 propriamente dito.<br />

2.7.3 MODULADORES DO TRANSPORTE<br />

O sistema inibitório GABAérgico e o estimulatório glutamatérgico interagem<br />

intimamente, especialmente no controle da excitabilidade neuronal. Com isso, é<br />

significativa a influência do glutamato e outros aminoácidos excitatórios na regulação<br />

do transporte de GABA.<br />

Em retina de galinha, glutamato pode induzir a liberação de GABA (Tapia &<br />

ARIAS, 1982; DO NASCIMENTO & <strong>DE</strong> MELLO, 1985; CALAZA et al., 2003). Essa<br />

liberação ocorre através de transportadores de GABA e é via receptores ionotrópicos<br />

NMDA e não-NMDA (PIN & BOCKAERT, 1989; KUBRUSLY et al., 1998; DO<br />

NASCIMENTO et al., 1998b, CALAZA et al, 2006). Além do glutamato, é conhecida<br />

a liberação de GABA induzida por aspartato, que é mediada pela ativação seletiva<br />

de receptores NMDA (KUBRUSLY et al, 1998, CALAZA et al, 2001). Na retina em<br />

desenvolvimento, a liberação de GABA mediada pelos receptores NMDA ocorre<br />

principalmente pela retina interna, possivelmente através do GAT-1, devido à sua<br />

17


localização exclusiva nesta região (CALAZA et al, 2003). Além disso, em cultura de<br />

retinas de embrião de galinha, uma pequena fração da liberação de GABA induzida<br />

pelos agonistas glutamatérgicos NMDA e kainato parece ocorrer por mecanismo<br />

vesicular (FERREIRA et al, 1994; CARVALHO et al,1995).<br />

Outros moduladores da liberação de GABA na retina de galinha incluem o<br />

etanol, que aumenta, e a dopamina, que parciamente inibe, ambos por um processo<br />

dependente de receptores NMDA (DO NASCIMENTO et al, 1998ª; POHL-<br />

GUIMARÃES et al, 2009).<br />

A PKC e a PKA também regulam o transporte de GABA. É descrito que o<br />

bloqueio da PKC facilita a captação de GABA, enquanto que sua ativação inibe.<br />

Todavia, quando a PKA está ativada, nem a ativação nem a inibição da PKC afetam<br />

a captação de GABA (CRISTÓVÃO-FERREIRA et al, 2009). Neste âmbito, foi<br />

demonstrado que receptores de adenosina também estão envolvidos na modulação<br />

do transporte de GABA. Em ratos, receptores A2A, através da via de transdução<br />

AC/AMPc/PKA, facilitam a captação de GABA mediada por GAT-1, através da<br />

restrição da inibição tônica mediada por PKC (CRISTÓVÃO-FERREIRA et al, 2009).<br />

O envolvimento do sistema purinérgico no transporte de GABA tem sido<br />

bastante estudado. Trabalhos em ratos relataram que a ativação de receptores A2A<br />

facilita a liberação de GABA em sinaptossomas de hipocampo (CUNHA & RIBEIRO,<br />

2000). Entretanto, estes receptores também medeiam a inibição da liberação em<br />

sinaptossomas de estriado (KIRK & RICHARDSON, 1994; KUROKAWA et al, 1994).<br />

Outros trabalhos mostraram que a ativação de ambos receptores A1 e A2A inibe a<br />

liberação de GABA em hipocampo de camundongos (SARANSAARI et al, 2005), ou<br />

que receptores A1 não modulam a liberação de GABA diretamente, mas influenciam<br />

18


a ação de outros neurotransmissores na liberação de GABA (CUNHA & RIBEIRO,<br />

2000, CUNHA-REIS et al, 2008).<br />

O fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), através da ativação de<br />

receptores TrkB-t, é capaz de aumentar a captação de GABA para astrócitos<br />

corticais de ratos. Esse transporte requer a sinalização por receptor A2A de<br />

adenosina e ocorre através da modulação da translocação do GAT-1 da membrana<br />

plasmática (VAZ et al, 2008; VAZ et al, 2011). O BDNF medeia a fosforilação<br />

dependente de tirosina quinase, aumentando a expressão de GAT-1 na superfície<br />

de neurônios (LAW et al, 2000; WHITWORTH & QUICK, 2001). Em contrapartida, a<br />

fosforilação dependente de PKC diminui a expressão de GAT-1 na superfície de<br />

neurônios em cultura e em terminais nervosos isolados (BECKMAN et al, 1999;<br />

WANG & QUICK, 2005; CRISTOVÃO-FERREIRA et al, 2009; VAZ et al, 2011).<br />

O sistema serotoninérgico também modula o transporte de GABA. A ativação<br />

de receptores 5-HT facilitatórios, como receptores 5-HT2A e 5-HT3, aumenta a<br />

liberação de GABA, enquanto que a ativação de receptores 5-HT inibitórios, por<br />

exemplo, receptores 5-HT1A e 5-HT1B, diminui a liberação por interneurônios<br />

GABAérgicos (FINK & GÖTHERT, 2007).<br />

Além dos moduladores já citados, há relatos de liberação de GABA, via<br />

transportadores, estimulada por veratridina, ouabaina, monensina e quisqualato,<br />

drogas que aumentam a concentração intracelular de sódio (PIN & BOCKAERT,<br />

1989, DO NASCIMENTO et al, 1998b).<br />

19


3. GLUTAMATO<br />

O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório do SNC e está<br />

associado a várias funções cerebrais como cognição, memória e aprendizado. Ele<br />

desempenha papéis relevantes no desenvolvimento do sistema, como a formação,<br />

remodelamento e eliminação de sinapses (MCKINNEY, 2010), migração neuronal<br />

(MANENT & REPRESA, 2007), proliferação e diferenciação (SCHLETT, 2006) e<br />

morte celular (VECINO, 2004), além de ser encontrado em órgãos e tecidos<br />

periféricos e células endócrinas (DANBOLT, 2001). Alguns estudos sugerem que as<br />

concentrações extracelulares de glutamato variem de 1 a 10 µM, porém, tais<br />

concentrações não refletem a quantidade real de glutamato na fenda sináptica, visto<br />

que concentrações com poucos micromolares ativariam tonicamente e/ou<br />

dessensibilizariam receptores (BUTCHER, et al, 1987; MORALES-VILLAGRAN &<br />

TAPIA, 1996).<br />

3.1 RECEPTORES GLUTAMATÉRGICOS<br />

Os receptores de glutamato são classificados em duas grandes famílias:<br />

receptores ionotrópicos e receptores metabotrópicos (figura 8). Os receptores<br />

ionotrópicos são canais de íons que precisam da ligação de um agonista para serem<br />

ativados. Eles se dividem em duas categorias, NMDA e não-NMDA. Os receptores<br />

metabotrópicos, por sua vez, são receptores acoplados a uma proteína G.<br />

(HOLLMANN & HEINEMANN, 1994; SCHOEPFER et al., 1994; NAKANISHI et al.,<br />

1998; OZAWA et al., 1998; DINGLEDINE et al., 1999).<br />

Os receptores ionotrópicos são formados por múltiplas subunidades<br />

funcionais, sendo de forma geral tetrâmeros. Possuem três domínios<br />

20


transmembrana e um domínio que se insere na membrana, mas não a atravessa<br />

completamente, voltando então ao citoplasma. A organização diferenciada das<br />

subunidades pode produzir canais diferentes com funções variadas. A presença ou<br />

ausência de aminoácidos específicos carregados no interior do poro do receptor<br />

pode modular a sua permeabilidade a Ca 2+ e a Na + , que estão em maior<br />

concentração no meio extracelular, e os aminoácidos variam de acordo com as<br />

subunidades encontradas em cada caso (WOLLMUTH, 1996). A ativação desse<br />

receptor depende da ligação do agonista, que promoverá uma mudança<br />

conformacional da molécula, permitindo que o canal se abra e ocorra um fluxo<br />

iônico.<br />

Os receptores NMDA foram descritos inicialmente por serem ativados pelo<br />

análogo do glutamato N-metil-D-aspartato (NMDA). Diferentes subunidades que<br />

podem compor este receptor já foram clonadas: NR1, NR2(A-D) e NR3(A-B). In vivo,<br />

receptores NMDA são compostos principalmente pelas subunidades NR1 e NR2.<br />

Eles formam complexos heterotetraméricos que contêm 2 subunidades NR1 e duas<br />

subunidades NR2 (MONY et al, 2009). Embora a subunidade NR1 seja codificada<br />

por um único gene, a subunidade NR2 existe como 4 subtipos codificados por 4<br />

genes diferentes (NR2A-D), cada um com um padrão de expressão espaço-temporal<br />

diferente. Cada composição com as diferentes subunidades implica em propriedades<br />

biofísicas e farmacológicas diferentes (CULL-CANDY & LESZKIEWICZ, 2004;<br />

PAOLETTI & NEYTON, 2007). A subunidade NR1 está amplamente distribuída no<br />

SNC, enquanto que a NR2 apresenta diferentes padrões de expressão.<br />

Em nível subcelular, receptores NMDA, incluindo os que contem NR2B, são<br />

detectados em sítios sinápticos, perisinápticos e extrasinápticos (KÖHR, 2006). Na<br />

21


maioria dos neurônios, entretanto, sua densidade é maior nos espinhos dendríticos,<br />

e na densidade pós-sináptica.<br />

Os receptores NMDA são ativados lentamente (10-50ms) e geram ações<br />

duradouras, precisando de um tempo maior ainda para se desativarem. Sua<br />

ativação ocorre a partir da ligação de alta afinidade de um agonista, que pode ser o<br />

glutamato, o aspartato ou o NMDA, e de um co-agonista, glicina ou D-serina,<br />

gerando um influxo de Ca 2+ , preferencialmente, e de Na + (WOLOSKER et al., 1999;<br />

JOHNSON & ASCHER, 1987; MAC<strong>DE</strong>RMOTT et al., 1986) (figura 8).<br />

A D-serina, liberada por células de Müller na retina (MILLER, 2004), é um<br />

ligante endógeno do sítio modulatório da glicina no receptor NMDA e possui uma<br />

potência até 3 vezes maior que a própria glicina, sendo necessária para a total<br />

atividade dos receptores NMDA em células ganglionares (STEVENS et al., 2003)<br />

A permeabilidade de íons Ca 2+ pode ser reduzida pela incorporação da<br />

subunidade NR3 na formação do canal, devido à presença de um sítio de ligação de<br />

glicina/D-serina. Para que haja ativação máxima do receptor são necessárias duas<br />

moléculas de glutamato e duas de co-agonista em NR1 (DINGLEDINE et al., 1999).<br />

Durante o repouso, o poro do receptor NMDA encontra-se bloqueado pelo íon<br />

Mg 2+ . É preciso que haja uma prévia despolarização causada pela ativação de<br />

receptores não-NMDA para deslocar o Mg 2+ do interior do poro, visto que esse<br />

bloqueio é voltagem-dependente, para que então o receptor NMDA possa ser<br />

completamente ativado.<br />

Receptores NMDA são altamente regulados. Há pelo menos 6 sítios para<br />

ligantes endógenos distintos, que influenciam na probabilidade da abertura do canal<br />

iônico. Estes incluem os sítios para os agonistas e um sítio regulatório de<br />

22


poliaminas, que promovem a ativação do receptor. Outros sítios como os para Mg 2+ ,<br />

Zn 2+ e H + agem inibindo o influxo de íons pelo receptor que está ligado a agonistas.<br />

Figura 8: Receptor NMDA e sítios para ligantes endógenos. Modificado de CNSforum.com<br />

Receptores NMDA são essenciais para processos fisiológicos normais como<br />

desenvolvimento cerebral, plasticidade sináptica, aprendizado e memória<br />

(DINGLEDINE et al., 1999), e também estão envolvidos em diversas disfunções<br />

cerebrais, o que leva a um grande interesse no seu potencial terapêutico. Além<br />

disso, esses receptores têm um papel na excitotoxicidade, processo no qual sua<br />

ativação excessiva por glutamato causa um acúmulo de cálcio intracelular, e,<br />

eventualmente, morte neuronal. Excitotoxicidade ocorre durante varias disfunções<br />

agudas (trauma cerebral, por exemplo) e degenerativas crônicas (Alzheimer,<br />

Parkinson e Huntington).<br />

A outra família é ativada pelo ácido α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-<br />

isoxazolepropiônico (AMPA) e pelo kainato. Dependendo da sua preferência por<br />

23


AMPA ou por kainato esses receptores podem ser subdivididos entre receptores<br />

AMPA (GluR1-4) e receptores kainato (GluR5-8, KA1 e KA2) (figura 9), porém essa<br />

ativação não é completamente seletiva, visto que o AMPA pode ativar alguns<br />

receptores kainato e vice-versa (KEINÄNEN et al., 1990; PATNEAU AND MAYER,<br />

1990; HERB et al,. 1992). Os receptores AMPA/KA estão amplamente distribuídos<br />

no SNC e realizam a transmissão sináptica excitatória rápida. São receptores de<br />

baixa afinidade, permeáveis principalmente a Na + ou Na + e Ca 2+ , abrindo seus poros<br />

prontamente frente à exposição de glutamato. São rapidamente dessensibilizados<br />

(TANG et al., 1989; TRUSSEL, 1993; PATNEAU E MAYER, 1990), porém<br />

receptores AMPA se recuperam mais rapidamente da dessensibilização do que os<br />

receptores KA, (TRUSSEL et al., 1993; FLETCHER E LODGE, 1996).<br />

A família de receptores metabotrópicos de glutamato compreende oito<br />

subunidades de receptores (mGluR1-8) que são divididos em três grupos: Grupo I<br />

(mGluR1 e mGluR5), Grupo II (mGluR2 e mGluR3) e Grupo III (mGluR4, mGluR6,<br />

mGluR7 e mGluR8). O grupo I é acoplado positivamente à fosfolipase C (PLC),<br />

levando a um aumento de cálcio intracelular e à produção de inositol trifosfato (IP3)<br />

e diacilglicerol (DAG), enquanto os grupos II e III estão acoplados negativamente à<br />

adenilill ciclase (AC), causando uma diminuição dos níveis intracelulares de AMPc<br />

(SCHOEPP et al., 1992; HASSEL E DINGLEDINE et al., 2006; PILC E OSSOWSKA,<br />

2007).<br />

24


Figura 9: Receptores de glutamato e subunidades. (Modificado de HASSEL E DINGLEDINE, 2006).<br />

4. A<strong>DE</strong>NOSINA<br />

A adenosina é uma purina e é encontrada em todos os tecidos do corpo. Ela é<br />

mais bem classificada como neuromodulador do que como neurotransmissor, devido<br />

ao fato de não ser armazenada em vesículas sinápticas e ter sua liberação realizada<br />

somente através de transportadores em vez do mecanismo de exocitose. Desta<br />

forma, ela não é considerada um neurotransmissor clássico, como é o caso do<br />

glutamato, da dopamina, entre outros; além da sua capacidade de regular a<br />

liberação de neurotransmissores e modular a sinalização sináptica. A adenosina<br />

possui também um efeito neuroprotetor, desempenhando um papel na regulação<br />

homeostática do SNC frente a um quadro de dano tecidual e disfunções no<br />

metabolismo, como por exemplo, uma isquemia, hipóxia ou uma deficiência<br />

mitocondrial funcional (WARDAS, 2002; STONE, 2005). Esse efeito neuroprotetor<br />

também foi observado por PAES-<strong>DE</strong>-CARVALHO et al, em 2003, ao mostrar que a<br />

adenosina impede a morte celular de neurônios em cultura, induzida pela troca do<br />

meio de cultura.<br />

25


4.1 Receptores de Adenosina<br />

A adenosina extracelular exerce suas funções modulatórias através da<br />

ativação de seus receptores específicos. Até o momento, quatro subtipos de<br />

receptores de adenosina foram clonados: A1, A2A, A2B e A3. Classicamente, os<br />

receptores A1 e A3, que estão acoplados a uma proteína G0/Gi, possuem uma ação<br />

inibitória na atividade da enzima adenilill ciclase, o que resulta numa diminuição dos<br />

níveis intracelulares de AMPc (PEARSON et al., 2003). Os receptores A2A e A2B,<br />

acoplados à proteína Gs, agem positivamente sobre a adenilil ciclase, tendo um<br />

papel estimulatório sobre esta enzima e produzindo um aumento dos níveis de<br />

AMPc intracelular (RIBEIRO et al., 2002) (figura 10).<br />

Figura 10: Receptores de adenosina inibitórios (A1 e A3) e estimulatórios (A2A e A2B) da enzima AC,<br />

que produz AMPc a partir de ATP. (http://www.aderis.com/img/art_adenosine.gif).<br />

A ativação do receptor A1 está relacionada com a inibição da liberação de<br />

neurotransmissores como o glutamato. Isso é importante em situações de isquemia<br />

e hipóxia, durante as quais há uma rápida produção de adenosina, que ocorre a<br />

partir da quebra do ATP intracelular e seu transporte para o espaço extracelular,<br />

ativando os receptores A1 e promovendo uma ação neuroprotetora às células<br />

26


(SAKAMOTO et al., 2004). Além disso, Os receptores A3 também estão envolvidos<br />

com respostas neuroprotetoras (VON LUBITZ et al., 1994; LIU et al., 1994), mas<br />

também com respostas inflamatórias (JIN et al., 1997).<br />

A transdução do sinal pelos receptores A1 e A3 podem envolver várias vias.<br />

Esses receptores podem ser acoplados a proteínas Gi/G0 e, quando ativados, inibem<br />

a atividade da adenilill ciclase (VAN CALKER et al., 1979; ZHOU et al., 1992),<br />

inibindo a produção de AMPc a partir de ATP. A redução dos níveis desse segundo<br />

mensageiro faz com que a quinase que está logo abaixo na via, no caso a PKA, não<br />

seja ativada.<br />

Os receptores A1 e A3 também podem agir na via da PLC. O receptor A1,<br />

acoplado à proteína Gi/G0, ativa a PLCβ, liberando a subunidade βγ (BIBER et al.,<br />

1997). A PLCβ ativada quebra PIP2, que está na membrana, formando IP3 e DAG.<br />

O IP3 se liga aos canais de Ca 2+ no retículo endoplasmático, ativando-os e liberando<br />

o Ca 2+ para o citosol. Este aumento de Ca 2+ induz o ancoramento da PKC inativa,<br />

que é realizado por meio do DAG. Este se liga à PKC, ativando-a, de forma<br />

dependente de Ca 2+ . No entanto, dependendo da isoforma, a PKC também pode ser<br />

ativada pelo DAG na ausência de Ca 2+ (OSADA et al., 1992). Os receptores A3<br />

também podem ativar a via da PLC, seja pela proteína Gi/G0, liberando a subunidade<br />

βγ, ou pela proteína Gq (ABBRACCHIO et al., 1995; PALMER et al., 1995).<br />

Há ainda uma via de transdução de sinal por canais iônicos, em que os<br />

receptores A1 ativados podem promover a abertura de canais de K + , aumentando a<br />

condutância desse íon, e podem promover o fechamento de canais de Ca 2+ do tipo<br />

N (MOGUL et al., 1993). Ambos os efeitos contribuem para a inibição da liberação<br />

de neurotransmissores promovida pelos receptores A1 pré-sinápticos.<br />

27


O sinal ainda pode ser transduzido pela via da MAP quinase, que pode ser<br />

ativada por receptores acoplados à proteína G, como o A1 e A3, além da clássica<br />

ativação por receptores tirosina quinase (LUTTRELL et al., 1997). Os receptores A1<br />

e A3 podem levar à ativação da ERK1/2 através da subunidade βγ da proteína Gi/Go<br />

(FAURE et al., 1994). Ativação pelo receptor A1 é dependente de dose, de tempo e é<br />

sensível a IP3 (SCHULTE & FREDHOLM, 2000; DICKENSON et al., 1998),<br />

enquanto que a ativação pelo receptor A3 depende de PI3K, Ras e MEK (SCHULTE<br />

& FREDHOLM, 2002).<br />

Os receptores A1 são distribuídos por todo o SNC, tendo uma maior<br />

concentração no córtex, cerebelo e hipocampo (área com maior vulnerabilidade à<br />

isquemia). Eles são encontrados tanto em neurônios, quanto em astrócitos, microglia<br />

e oligodendrócitos (BIBER et al., 1997; GEBICKE- HAERTER et al., 1996; OTHMAN<br />

et al., 2003), e localizam-se abundantemente nos terminais pré e pós-sinápticos<br />

(TETZLAFF ET al., 1987). Esses receptores também são expressos nas glândulas<br />

adrenais e salivares, tecido adiposo e muscular esquelético, além de esôfago,<br />

pulmão, pâncreas, fígado e rins (FREDHOLM et al., 2001).<br />

Já os receptores A3 estão localizados no córtex, hipocampo, cerebelo e<br />

estriado, em baixas concentrações, e estão expressos em neurônios, astrócitos e<br />

microglia (FREDHOLM, et al., 2001; BRAND et al., 2001; WITTENDORP et al., 2004;<br />

HAMMARBERG et al., 2003). Eles são também encontrados no coração, pulmão,<br />

glândulas adrenais, tireóide, rins, fígado e intestino (FREDHOLM et al., 2001).<br />

Os receptores A2A, quando bloqueados, inibem a liberação de<br />

neurotransmissores, principalmente o glutamato, conferindo neuroproteção às<br />

células em situações de isquemia e hipóxia (LATINI et al., 1999). O glutamato é<br />

28


capaz de promover a morte celular em culturas purificadas de neurônios da retina<br />

(FERREIRA e PAES-<strong>DE</strong>-CARVALHO, 2001). Tal efeito é bloqueado por<br />

antagonistas de receptores de glutamato do tipo NMDA e não-NMDA. A pré-<br />

incubação das culturas por 24 horas com adenosina bloqueia a morte induzida pelo<br />

glutamato. E este efeito pode ser reproduzido por agonistas de receptores A2A, mas<br />

não de receptores A1. A troca do meio de cultura também leva à morte neuronal,<br />

porém, este efeito é bloqueado também com a pré-incubação com adenosina,<br />

agonistas de receptores A2A ou NBI (PAES-<strong>DE</strong>-CARVALHO et al., 2003). Tais<br />

resultados corroboram com o papel neuroprotetor da adenosina, que via receptores<br />

A2A, bloqueia a morte celular causada pelo glutamato ou pela troca de meio de<br />

cultura.<br />

Quando ativados, os receptores A2A e A2B, acoplados à proteína Gs,<br />

estimulam um aumento na produção de AMPc a partir de ATP, o que ativa a<br />

proteína quinase A. A PKA ativada pode migrar pro núcleo da célula, ativando a<br />

transcrição gênica da CREB (GONZALEZ et al., 1989).<br />

Esses receptores também são capazes de sinalizar através da PLC (GAO et<br />

al, 1999), além da via da MAP quinase. (FEOKTISTOV et al., 1999).<br />

Receptores A2A podem formar homodímeros com receptores A1 na membrana<br />

celular. Eles podem também formar complexos com outros tipos de receptores,<br />

como com receptores de glutamato mGluR5 (FERRE et al., 2002) e receptores D2<br />

de dopamina (CANALS et al., 2003).<br />

Os receptores A2A estão localizados em neurônios, astrócitos e microglia (Li et<br />

al., 2001). Eles estão expressos no estriado, nas sinapses hipocampais,<br />

principalmente no terminal pré-sináptico (REBOLA et al., 2005), e nas regiões pós-<br />

29


sinápticas e nas espinhas dendríticas dos gânglios da base (HETTINGER et al.,<br />

2001; RODRIGUES et al., 2005). Pode-se encontrar receptores A2A também no<br />

coração, plaquetas, timo, leucócitos e no pulmão.<br />

A distribuição dos receptores A2B não é muito bem caracterizada. Sabe-se<br />

que eles são expressos em astrócitos (ALLAMAN et al., 2003), e seu RNAm foi<br />

encontrado na microglia (HAMMARBERG et al., 2003).<br />

Experimentos com células transfectadas demonstraram que o receptor A1 é<br />

capaz de formar heterômeros com os receptores A2A e esse complexo receptor pode<br />

ser bioquimicamente identificado em terminais striatais glutamatérgicos, o que pode<br />

permitir uma modulação da liberação de glutamato. O complexo receptor A1-A2A<br />

promove um mecanismo de troca dependente de concentração, pelo qual altas e<br />

baixas concentrações de adenosina sináptica produzem efeitos opostos na liberação<br />

de glutamato (FERRE et al., 2008).<br />

Estudos recentes em ratos mostraram que receptores A1 e A2A podem regular<br />

a captação de GABA por GAT-1 e GAT-3 em astrócitos, através de um complexo de<br />

heterotetrâmeros de A1R-A2AR (interação de dois homodímeros), que sinaliza por<br />

dois tipos de proteína G diferentes, Gs e Gi/0, podendo aumentar ou inibir a captação<br />

de GABA (CRISTÓVÃO-FERREIRA et al, 2011).<br />

A<strong>DE</strong>NOSINA<br />

4.2 CAFEÍNA COMO AGENTE MODULADOR DOS RECEPTORES <strong>DE</strong><br />

A cafeína é a substância psicoativa mais amplamente usada no mundo inteiro<br />

e age em todos os sistemas do corpo através do SNC (SOMANI & GUPTA, 1988).<br />

30


Ela está presente no café, chá, guaraná, bebidas a base de cola e tem sido usada<br />

terapeuticamente para tratar narcolepsia, asma e apnéia, além de ser encontrada<br />

como aditivo em analgésicos (LONGENECKER, 1998). Sua função e mecanismos<br />

de ação têm sido estudados com perspectiva para uma possível estratégia<br />

terapêutica no tratamento de doenças neurodegenerativas (ARENDASH & CAO,<br />

2010; MENDONÇA & CUNHA, 2010). A cafeína estimula o sistema psicomotor<br />

(FISONE et al., 2004), pode modular a função da rede de atenção (BRUNYÉ et al.,<br />

2010), tem ação diurética e cardiotônica. (Longenecker, 1998), entre outros.<br />

A cafeína, por ser uma xantina, farmacologicamente, pode inibir a enzima<br />

fosfodiesterase de nucleotídeos cíclicos, mobilizar cálcio, inibir as enzimas<br />

monoamina oxidase e cicloxigenase e também pode afetar a captação de adenosina<br />

(WILLIAMS & JARVIS, 1988). No entanto, muitas das suas ações terapêuticas são<br />

atribuídas à sua atividade como antagonista não seletivo dos receptores de<br />

adenosina (FREDHOLM et al., 1999), principalmente os receptores A1 e A2A.<br />

A manipulação farmacológica do sistema purinérgico, através de antagonistas<br />

de receptores de adenosina, como a cafeína, representa uma forma de estudo que<br />

pode revelar possíveis alvos terapêuticos para o tratamento de várias doenças. Em<br />

modelos experimentais de roedores, a cafeína e antagonistas seletivos dos<br />

receptores A2A podem promover proteção contra disfunções na memória causadas<br />

por velhice, doença de Alzheimer, Doença de Parkinson e em ratos<br />

espontaneamente hipertensos (SHR), um suposto modelo genético de Transtorno de<br />

Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) (TAKAHASHI et al., 2008).<br />

Na isquemia, a pré-administração crônica de cafeína aumenta a afinidade e o<br />

número de receptores A1, atenuando os danos isquêmicos cerebrais, mas tanto os<br />

31


eceptores A1 quanto os receptores A2A possuem efeito neuroprotetor (RUDOLPHI et<br />

al., 1992).<br />

32


II OBJETIVOS<br />

1. Objetivo Geral:<br />

O trabalho tem como objetivo investigar se a exposição aguda de retinas<br />

embrionárias de aves à cafeína altera a atividade do receptor NMDA e modifica a<br />

comunicação GABAérgica.<br />

2. Objetivos específicos:<br />

Avaliar as características da liberação de GABA induzida por D-aspartato, um<br />

agonista endógeno do receptor NMDA, em retinas de aves de 13 dias<br />

embrionários.<br />

Investigar o efeito da cafeína no sistema de transporte de GABA e as vias de<br />

sinalização que podem estar regulando este processo.<br />

Investigar potenciais sítios regulatórios do receptor NMDA que poderiam estar<br />

sendo modulados pelo tratamento com cafeína.<br />

33


III MATERIAIS E MÉTODOS<br />

1 MATERIAIS<br />

1.1 Animais e coleta de tecido<br />

Todos os procedimentos realizados estão de acordo com o protocolo de uso e<br />

cuidados com os animais em pesquisa da Universidade Federal Fluminense.<br />

Ovos de galinha da raça Leghorn (Gallus gallus domesticus) fertilizados foram<br />

obtidos de uma granja local. Foram utilizados embriões de galinha de 13 dias (E13)<br />

estagiados de acordo com HAMBURGUER E HAMILTON (1951). Para cada<br />

experimento foram utilizados de 3 a 4 animais. Eles foram rapidamente decaptados<br />

e seus olhos foram enucleados. As retinas foram dissecadas, isoladas e mantidas<br />

em meio ou solução salina para a utilização em diferentes protocolos experimentais.<br />

1.2 Drogas<br />

Foram utilizadas as seguintes drogas: 1,3,7-Metilxantina (Cafeína), 7β-<br />

Acetoxi-8,13-epoxi-1α,6β,9α-trihidroxilabd-14-en-11-one (Forscolina) provenientes<br />

da Sigma-Aldrich (St. Louis, MO, EUA). Ácido hidroclorídrico 1- [2-<br />

[[(Difenilmetileno)imino]oxi]etil]-1,2,5,6-tetrahidro-3-piridinocarboxílico hidroclorídrico<br />

(NNC 711), 3-dipropilo-8-ciclopentilxantina (DPCPX), N6-ciclohexiladenosina (CHA),<br />

(5R,10S)-(+)-5-Metil-10,11-dihidro-5H-dibenzo[a,d]ciclohepteno-5,10-imina-<br />

hidrogeno maleato (MK-801), 5-amino-7-(2-feniletil)-2-(2-furil)-pirazolo[4,3-e]-1,2,4-<br />

triazolo[1,5-c]pirimidina (SCH 58261), N-[2-(p-bromocinamilamino)etil]-5-<br />

isoquinolinesulfonamida.2HCl (H-89) também foram utilizados nos experimentos.<br />

34


O agonista do receptor A2A, 2-p-(2-Carboxietil) fenetilamino-5'-N-hidrato de<br />

cloridrato etilcarboxamidoadenosina (CGS21680), o inibidor da família src, 4-Amino-<br />

5-(metilfenil)-7-(t-butil)pirazolo-(3,4-d)pirimidine (PP1) foram cedidos gentilmente<br />

pelos professores doutores Roberto Paes-de-Carvalho e Elizabeth Giestal,<br />

respectivamente, da Universidade Federal Fluminense. O antagonista de receptores<br />

NMDA que contêm a subunidade NR2B, α-(4-Hidroxifenil)-β-metil-4-benzil-1-<br />

piperidineethanol (+)-tartrate salt (Ifenprodil), proveniente da Sigma-Aldrich, foi<br />

cedido pelo Laboratório de Neuroquímica do IBCCF, da UFRJ. Foram utilizados em<br />

nossos experimentos 3 H-D-aspartato proveniente da PerkinElmer, com atividade<br />

específica de 12,2 Ci/mol e 3 H-GABA (Sigma-Aldrich; atividade específica: 35<br />

Ci/mmol).<br />

1.3 Soluções Gerais<br />

Tabela 2: Solução Hanks 4, pH 7,4:<br />

Soluto Concentração Final<br />

NaCl 128mM<br />

KCl 4mM<br />

MgCl2<br />

CaCl2<br />

1mM<br />

3mM<br />

Hepes 20mM<br />

Glicose 4mM<br />

35


2 Métodos<br />

Tabela 3: Solução Hanks 4 sem Mg 2+ , pH 7,4:<br />

Soluto Concentração final<br />

NaCl 128mM<br />

KCl 4mM<br />

EDTA 1mM<br />

CaCl2<br />

3mM<br />

Hepes 20mM<br />

Glicose 4mM<br />

Meio MEM (EARLE) com 2,2g de bicarbonato de sódio 5,6% por litro.<br />

2.1 Captação de 3 H-GABA<br />

Retinas de embrião de galinha (E13) foram dissecadas e incubadas em<br />

solução salina Hanks 4 sem magnésio a 37°C na presença de 1µCi de 3 H-GABA. O<br />

grupo experimental controle foi incubado com o radioativo por 60 minutos em banho-<br />

maria, enquanto que o grupo experimental tratado foi incubado na presença de<br />

cafeína a 500µM por 30 minutos antes da adição do radioativo. Em seguida, o tecido<br />

foi submetido a sucessivas lavagens com 1ml de salina gelada a fim de interromper<br />

36


a reação e lavar o neurotransmissor que não foi incorporado. Após esta etapa, foi<br />

adicionado 1 ml de água para o rompimento das membranas celulares e avaliação<br />

dos níveis de 3 H-GABA captado por cintilação líquida. A normalização dos<br />

resultados foi feita pela quantificação de proteína (figura 11).<br />

Figura 11: Metodologia da Captação de 3 H-GABA.<br />

2.2 Liberação de Neurotransmissores<br />

Retinas de embrião de galinha (E13) foram dissecadas e incubadas com<br />

solução salina Hanks 4 a 37°C na presença de 1µCi de 3 H-GABA ou 3 H-D-aspartato<br />

em banho-maria por 60 minutos. Em seguida, todas as retinas foram submetidas a<br />

sucessivas lavagens com 1ml de solução Hanks 4 sem magnésio (ou com<br />

magnésio, quando indicado) a 37°C a fim de lavar o neurotransmissor que não foi<br />

incorporado. Após esta etapa, o tecido passou pelo processo de superfusão com<br />

trocas sucessivas de 0.5ml da solução Hanks 4 sem magnésio a 37°C com adição<br />

de reagentes farmacológicos, os quais estão indicados na tabela 4. As superfusões<br />

foram realizadas com quatro pulsos de dez minutos cada, sendo os dois primeiros<br />

37


para compor o resultado basal e os dois últimos, o resultado estimulado, para cada<br />

ponto. Ao tecido foi adicionado 1ml de água para o rompimento das membranas<br />

celulares. Os níveis de radioatividade tanto das superfusões quanto do extravasado<br />

celular foram analisados por cintilação líquida e os resultados foram normalizados<br />

pela porcentagem de neurotransmissor liberado em relação ao total. (figura 12)<br />

Figura 12: Metodologia da liberação de neurotransmissores.<br />

38


Droga Função Concentração<br />

Aspartato Agonista Glutamatérgico 500µM<br />

Cafeína Antagonista A1R / A2AR 50µM, 500µM, 2mM<br />

DPCPX Antagonista A1R 100nM<br />

Forscolina Ativa Adenilil Ciclase 10µM<br />

Genisteína Inibe proteína tirosina quinase 10µM<br />

H-89 Inibe PKA 1µM<br />

Ifenprodil Antagonista NMDA-NR2B 100nM, 1µM, 10µM<br />

MK-801 Antagonista NMDAR 10µM<br />

NNC 711 Bloqueia GAT-1 5µM<br />

PP1 Inibe família src quinase 3µM<br />

SCH 58261 Antagonista A2AR 100nM<br />

Tabela 4: Drogas utilizadas na liberação de neurotransmissores e suas funções e concentrações.<br />

2.3 Ensaio de AMPc<br />

Retinas de embrião de galinha (E13) foram incubadas por 5 minutos a 37°C<br />

em um meio mínimo essencial tamponado com 20mM de HEPES a um pH de 7,3<br />

contendo 0,5mM de Rolipram, um inibidor de fosfodiesterase. Em seguida, a<br />

39


incubação prosseguiu por 60 minutos com a adição de drogas como estímulo para o<br />

AMPc (tabela 5). A reação foi parada com TCA 10%. O AMPc foi purificado e<br />

analisado por métodos descritos previamente (<strong>DE</strong> MELLO et al, 1982; GILMAN,<br />

1970; MATSUZAWA E NIRENBERG, 1975). Os níveis de AMPc foram corrigidos por<br />

dosagem de proteína. (figura 13).<br />

Figura 13: Metodologia do Ensaio de AMPc.<br />

Droga Função Concentração<br />

CHA Agonista A1R 200 µM<br />

Forscolina Ativa Adenilil Ciclase 25 µM<br />

Tabela 5: Drogas utilizadas no ensaio de AMPc e suas funções e concentrações.<br />

2.4 Dosagem de Proteína<br />

As proteínas foram dosadas pelo método de LOWRY (1951).<br />

40


2.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA<br />

Os dados foram processados pelo programa Graphpad – Prism como médias<br />

e erros padrões da média. Foi então realizada uma ANOVA, com pós-teste de<br />

Bonferroni, ou teste t. Os valores foram considerados de acordo com níveis de<br />

significância: p


IV RESULTADOS<br />

Dados na literatura mostram que em retina de pinto, aspartato é capaz de<br />

liberar GABA pela reversão do transportador de GABA (KUBRUSLY et al, 1998).<br />

Neste estudo, em um microambiente de cultivo celular, a liberação foi inibida em,<br />

aproximadamente, 80% na presença de NNC 711 (KUBRUSLY et al, 1998).<br />

Para identificar se o mecanismo de liberação de GABA ocorre em tecido<br />

intacto similarmente ao de células em cultura, promovemos a liberação de 3 H-GABA<br />

na presença de D-aspartato (D-Asp) (500µM) ou de D-Asp e NNC 711 (5 µM). Na<br />

figura 14 observamos que a liberação de 3 H-GABA aumentou com D-Asp cerca de<br />

quatro vezes em relação à liberação basal e que, na presença de NNC 711, a<br />

liberação com D-Asp foi completamente inibida. Sendo assim, no tecido, a liberação<br />

de GABA é prioritariamente neuronal, conforme descrita em cultura.<br />

42


Figura 14: A liberação de GABA estimulada com D-Asp em retina de E13 é mediada por GAT-1.<br />

A liberação foi realizada de acordo com os procedimentos descritos em Métodos. No grupo D-Asp<br />

500µM, os níveis de GABA liberado foram de 9,94%, enquanto que no grupo NNC 711 + D-Asp foram<br />

de 2,42%, o que demonstra a atividade de GAT-1 nesta idade. O n de animais por experimento variou<br />

de 3 a 4 animais e consideramos o nível de significância de p


estimulada por D-Asp e sua modulação por cafeína dependem de receptores do tipo<br />

NMDA. (figura 15).<br />

Figura 15: Cafeína potencializa a liberação de GABA induzida por receptores NMDA. A captação<br />

foi realizada de acordo com os procedimentos descritos em Métodos. O grupo D-Asp 500µM liberou<br />

9,94%, o grupo Caf + D-Asp, 16,10% e a liberação de GABA pelo grupo MK-801 + Caf + D-Asp foi de<br />

3,17%. A liberação de GABA evocada por D-Asp é potencializada pela cafeína e depende de NMDAR.<br />

O n de animais por experimento variou de 3 a 4 animais e consideramos o nível de significância de<br />

p


Como o aumento da liberação de GABA por cafeína pode ser resultado de<br />

uma atividade elevada do transportador GAT-1, promovemos a captação de 3 H-<br />

GABA na presença de cafeína (500µM). Conforme observamos na figura 16, não<br />

houve alteração nos níveis de GABA captado entre o grupo controle e grupo tratado<br />

com a droga, descartando a possibilidade de alterações funcionais do GAT-1 pela<br />

cafeína.<br />

Figura 16: Cafeína não modifica a atividade do GAT1. A captação foi realizada de acordo com os<br />

procedimentos descritos em Métodos. Assumimos como 100% a quantidade de GABA captada pelo<br />

grupo controle. No grupo Cafeína 500µM, não houve alteração significativa. O n de animais por<br />

experimento variou de 3 a 4 animais e consideramos o nível de significância de p>0.05.<br />

Dados não publicados do nosso grupo demonstraram que a cafeína em retina<br />

de ratos pode induzir um aumento na liberação de 3 H-D-aspartato. Para investigar se<br />

a cafeína estimula a liberação de AAE em retina de aves, mensuramos a liberação<br />

de 3 H-D-aspartato na ausência ou na presença de cafeína nas concentrações de<br />

50µM, 500µM e 2mM. Observamos na figura 17 que a cafeína, mesmo em diferentes<br />

45


concentrações, é incapaz de aumentar a liberação de D-Asp com ou sem íons<br />

magnésio.<br />

Figura 17: Cafeína não aumenta a liberação de D-Asp. A liberação foi realizada de acordo com os<br />

procedimentos descritos em Métodos. Os níveis de 3 H-D-aspartato liberado com magnésio foram de:<br />

1,42 (sem caf); 0,73 (caf 50µM); 2,03 (caf 500µM); 0,79 (caf 2mM). Sem magnésio, os valores da<br />

liberação foram de: 1,61 (sem caf); 0,49 (caf 50µM); 1,37 (caf 500µM); 0,53 (caf 2mM). O n de<br />

animais por experimento variou de 3 a 4 animais e consideramos o nível de significância de p>0.05.<br />

Sabendo que a cafeína pode antagonizar receptores A1 e A2A e para<br />

discriminar qual destes estaria modulando a liberação de GABA, utilizamos,<br />

inicialmente, antagonistas específicos. DPCPX (100nM), antagonista seletivo A1R,<br />

potencializou a liberação de 3 H-GABA estimulada por D-Asp. Este aumento foi de,<br />

aproximadamente, 120%, revelando um efeito ainda maior que o da cafeína (figura<br />

18). Esse resultado mostra que o bloqueio de receptores A1 facilita a liberação de<br />

GABA estimulada por D-Asp e que o efeito da cafeína provavelmente ocorre pela<br />

modulação destes receptores.<br />

46


Figura 18: O bloqueio de receptores A1 facilita a liberação de GABA mediada por D-Asp. A<br />

liberação foi realizada de acordo com os procedimentos descritos em Métodos. O grupo D-Asp<br />

500µM liberou 9,94%, Caf + D-Asp, 16,10% e, DPCPX + D-Asp, 21,95%. DPCPX aumentou a<br />

liberação de GABA evocada por D-Asp. O n de animais por experimento variou de 3 a 4 animais e<br />

consideramos o nível de significância de p


Figura 19: O bloqueio de receptores A2A não modifica a liberação de GABA induzida por D-<br />

Asp. A liberação foi realizada de acordo com os procedimentos descritos em Métodos. Os níveis de<br />

GABA liberado foram: 9,94% para D-Asp 500µM; 12,27% para SCH100nM + D-Asp. Não houve<br />

diferença significativa entre os grupos D-Asp 500µM e SCH100nM + DAsp. O n de animais por<br />

experimento variou de 3 a 4 animais e consideramos o nível de significância de p>0.05.<br />

Como as respostas de receptores purinérgicos podem estar vinculadas a via<br />

de transdução AC/AMPc/PKA, quantificamos a liberação de 3 H-GABA estimulada<br />

com D-Asp na presença do ativador direto da adenilill ciclase, forscolina (10µM).<br />

Observamos na figura 20 que a forscolina foi capaz de aumentar a liberação de<br />

GABA em 88%. Este resultado vai de acordo como o dado do bloqueio de A1R<br />

facilitando a liberação de GABA.<br />

48


Figura 20: A ativação da adenilill ciclase potencializa a liberação de GABA. A liberação foi<br />

realizada de acordo com os procedimentos descritos em Métodos. O grupo D-Asp 500µM liberou<br />

9,94%, enquanto que o grupo Forscolina + D-Asp liberou 18,76%. Forscolina aumentou a liberação<br />

de GABA. O n de animais por experimento variou de 3 a 4 animais e consideramos o nível de<br />

significância de p


Figura 21: Receptores de adenosina A1 estão funcionais em E13. O ensaio de AMPc foi realizado<br />

de acordo com os procedimentos descritos em Métodos. Os níveis de AMPc no grupo Forscolina<br />

25µM foram de 2317 pmol/mg/hora, enquanto que no grupo Forscolina + CHA foram de 1094<br />

pmol/mg/hora. CHA reduziu os níveis de AMPc estimulados com forscolina. O n de animais por<br />

experimento variou de 3 a 4 animais e consideramos o nível de significância de p


capaz de prevenir o efeito da cafeína, levando a liberação de GABA aos níveis<br />

controle com D-aspartato (figura 22).<br />

Figura 22: O bloqueio da via da PKA previne o efeito da cafeína. A liberação foi realizada de<br />

acordo com os procedimentos descritos em Métodos. Os níveis de GABA liberado foram de: 9,945%<br />

para D-aspartato 500µM; 16,10% para Caf + D-Asp; e 11,58% para H-89 + Caf + D-Asp. H-89<br />

preveniu o efeito da cafeína na liberação de GABA evocada por D-aspartato. O n de animais por<br />

experimento variou de 3 a 4 animais e consideramos o nível de significância de p


inibidor de proteína tirosina quinase, Genisteína, a 10µM na liberação de 3 H-GABA<br />

estimulada com D-aspartato na presença de cafeína 500µM. Observamos que a<br />

genisteína preveniu o efeito da cafeína na liberação de GABA, com valores de<br />

porcentagem de GABA liberado similares aos do controle com D-aspartato (figura<br />

23).<br />

Figura 23: O bloqueio da fosforilação em resíduos de tirosina previne o efeito da cafeína. A<br />

liberação de GABA foi realizada de acordo com os procedimentos descritos em Métodos. O grupo D-<br />

aspartato 500µM liberou 9,945%, Cafeína + D-Asp, 16,10%, e o grupo Geni + Caf + D-Asp liberou<br />

9,187%. Genisteína preveniu o efeito da cafeína na liberação de GABA evocada por D-aspartato. O n<br />

de animais por experimento variou de 3 a 4 animais e consideramos o nível de significância de<br />

p


Posterior ao experimento com genisteína, utilizamos outro inibidor de proteína<br />

tirosina quinase. Desta vez, um inibidor específico da família src, PP1, na<br />

concentração de 3µM. Verificamos que o PP1 também foi capaz de inibir o efeito da<br />

cafeína, levando a liberação de 3 H-GABA aos níveis controle observados com D-<br />

aspartato (figura 24).<br />

Figura 24: A inibição da fosforilação por proteínas da família src previne o efeito da cafeína. A<br />

liberação foi realizada de acordo com os procedimentos descritos em Métodos. Os níveis de GABA<br />

liberado foram de: 9,945% para D-aspartato 500µM; 16,10% para Caf + D-Asp; e 9,763 para PP1 +<br />

Caf + D-Asp. PP1 preveniu o efeito da cafeína na liberação de GABA evocada por D-aspartato. O n<br />

de animais por experimento variou de 3 a 4 animais e consideramos o nível de significância de<br />

p>0.05.<br />

53


Dados na literatura têm demonstrado que, em neurônios, a fosforilação de<br />

subunidades NR2 induzida por src aumenta tanto a frequência das correntes<br />

sinápticas quanto o tempo de abertura do canal NMDA (SALTER & KALIA, 2004).<br />

Utilizando diferentes concentrações de um inibidor específico da subunidade NR2B,<br />

ifenprodil (100nM, 1µM e 10µM), verificamos que somente as concentrações de 1µM<br />

e 10µM geraram inibição significativa no efeito facilitatório da cafeína (figura 25).<br />

Figura 25: A inibição da subunidade NR2B previne o efeito da cafeína na liberação de GABA. A<br />

liberação foi realizada de acordo com os procedimentos descritos em Métodos. O grupo D-aspartato<br />

500µM liberou 10,65%; Cafeína + D-Asp, 16,10%; Ifenprodil 100nM, 13,14%; Ifenprodil 1µM, 11,88%;<br />

e Ifenprodil 10µM, 8,785%. Ifenprodil, nas concentrações mais altas, preveniu o efeito da cafeína. O n<br />

de animais por experimento variou de 3 a 4 animais e consideramos o nível de significância de<br />

p>0.05 (D-Asp + Caf 500µM x Ifenprodil 100nM), p


V DISCUSSÃO<br />

Estudos farmacológicos revelaram que 80% da liberação de GABA mediada<br />

por AAE em cultura de retina de embrião de galinha é mediada por reversão de<br />

transportador (KUBURSLY et al, 1998, DO NASCIMENTO et al, 1998b, CALAZA et<br />

al, 2006). Além disso, DO NASCIMENTO e colaboradores (1998) sugeriram que<br />

essa liberação fosse mediada por um transportador similar ao GAT-1, que apresenta<br />

algumas, mas nem todas as propriedades farmacológicas do carreador GAT-1.<br />

Nossos resultados mostraram uma inibição quase que completa da liberação de<br />

GABA estimulada com D-aspartato na presença de NNC 711. Isso indica que a<br />

ativação de receptores NMDA induz uma liberação de GABA em retinas de E13 via<br />

reversão de GAT-1 ou de transportador semelhante.<br />

A liberação de GABA evocada por L-glutamato pode ser detectada a partir de<br />

E7/E8, um pouco antes dos circuitos sinápticos serem estabelecidos no tecido<br />

(CALAZA et al, 2006). Na retina madura intacta, cálcio não é necessário para a<br />

liberação de GABA por nenhum AAE, mas íons sódio são importantes. Além disso,<br />

foi mostrado que o sistema carreador de L-glutamato em células de retina<br />

embrionária é relativamente inespecífico, com D- e L-aspartato sendo captados pelo<br />

mesmo sistema (mas não o D-glutamato) (KUBRUSLY et al, 1998; CALAZA et al,<br />

2006).<br />

Dados na literatura mostraram que a liberação de GABA induzida por<br />

glutamato é maximizada quando íons magnésio são retirados do meio e EDTA é<br />

acrescentado, pois favorece a ativação de receptores NMDA. (KUBRUSLY et al,<br />

1998; DO NASCIMENTO et al, 1998ª, CALAZA et al, 2006). Com base nisso, nossos<br />

experimentos foram realizados seguindo o mesmo protocolo experimental.<br />

55


Já foi descrita a modulação do transporte de diversos neurotransmissores<br />

pelo sistema purinérgico (SARANSAARI & OJA, 2005; CRISTÓVÃO-FERREIRA et<br />

al, 2009). Neste trabalho, investigamos a modulação da liberação de GABA por um<br />

antagonista de receptores de adenosina, cafeína, que é capaz de potencializar a<br />

liberação estimulada com D-aspartato em cerca de 60%.<br />

O sistema de transporte de GABA parece não ter sido alterado com o<br />

tratamento de cafeína, visto que não houve alterações na captação de GABA entre o<br />

grupo controle e o grupo experimental. Entretanto, há trabalhos que mostram<br />

alterações na atividade do transportador mediadas por agentes purinérgicos<br />

(CRISTÓVÃO-FERREIRA et al, 2009; RIBEIRO & SEBASTIÃO, 2010).<br />

Como descrito na introdução, diversos trabalhos mostram que a liberação de<br />

GABA pode ser induzida por AAE (KUBRUSLY et al, 1998). Nossos resultados<br />

mostraram que a cafeína, mesmo em concentrações crescentes, não aumentou a<br />

liberação de 3 H-D-aspartato. Portanto, o efeito potencializador na liberação de GABA<br />

não envolve um aumento na concentração extracelular de AAE.<br />

As evidências de interações entre os receptores de adenosina e o receptor<br />

glutamatérgico NMDA não são poucas e as respostas variam dependendo do<br />

modelo de estudo e localização. Há relatos de que a ativação de receptores NMDA<br />

pode inibir as ações dos agonistas A1 em terminais pré-sinápticos e que, em<br />

neurônios hipocampais e estriatais, adenosina, atuando em receptores A1 ou A2A,<br />

pode deprimir a ativação de receptores NMDA. Neste caso, sugere-se que a direção<br />

das interações dos receptores é revertida nos sítios pós-sinápticos (STONE et al,<br />

2009). Receptores A1 já foram descritos sobre a sua capacidade de regular a<br />

liberação de neurotransmissores em diversos trabalhos (WU & SAGGAU 1997;<br />

56


LATINI & PEDATA, 2001, STONE et al, 2009). Ao investigar a participação dos<br />

subtipos de receptores de adenosina na liberação de GABA em tecido intacto de<br />

retinas embrionárias, observamos que o bloqueio de receptores A1 produziu efeitos<br />

similares ao da cafeína, potencializando a resposta do receptor NMDA em liberar<br />

GABA ao ser estimulado com D-aspartato. No entanto, não observamos o mesmo<br />

efeito com o antagonista de receptores A2A. Além disso, na idade de E13, os<br />

receptores A2A, apesar de estarem expressos na retina em cultura, não estão<br />

funcionais (PAES-<strong>DE</strong>-CARVALHO & <strong>DE</strong> MELLO, 1982). O acúmulo de AMPc<br />

induzido por adenosina é observado em retina intacta de embriões de galinha a<br />

partir de E14 (PAES-<strong>DE</strong>-CARVALHO, 2002 para revisão). Dados não mostrados<br />

neste trabalho mostraram que o agonista A2A (CGS 21680) não produziu efeito em<br />

aumentar os níveis desse segundo mensageiro, comprovando a sua falta de<br />

acoplamento na via da AC/AMPc/PKA. A funcionalidade de receptores A1 em retina<br />

de embrião de galinha foi demonstrada em 1985 por PAES-<strong>DE</strong>-CARVALHO E <strong>DE</strong><br />

MELLO, através da inibição do acúmulo de AMPc induzido por dopamina, sendo<br />

esta resposta detectada a partir de E10. No nosso modelo de tecido intacto estes<br />

receptores também apresentam funcionalidade, o que foi demonstrado no<br />

experimento de AMPc utilizando o agonista do receptor A1, CHA, que foi capaz de<br />

reduzir a resposta da forscolina nos níveis de AMPc.<br />

SANTOS e colaboradores (2000) descreveram o efeito do bloqueio de<br />

receptores A1 por DPCPX em retina de galinha em cultura (E8C5) na liberação de<br />

GABA por vesículas sinápticas. Ao contrário dos nossos resultados, o bloqueio<br />

desses receptores não potencializou a liberação de GABA.<br />

Receptores NMDA têm sua função e atividade regulada por diversos<br />

mecanismos, dentre eles a fosforilação. Já foram descritos sítios de fosforilação em<br />

57


todas as subunidades do NMDAR por diversas proteínas quinase (CHEN & ROCHE,<br />

2007).<br />

Fosforilação regula vários processos celulares, incluindo atividade,<br />

localização e mobilidade protéica, além de ser um importante regulador de várias<br />

interações entre proteínas. Sabe-se que a fosforilação direta de receptores<br />

ionotrópicos de glutamato é um mecanismo-chave na regulação da função do canal<br />

e da localização do receptor nas sinapses (LEE, 2006; CHEN & ROCHE, 2007) e<br />

que a função de receptores NMDA pode ser regulada por proteínas tirosina quinase<br />

(SALTER & KALIA, 2004; CHEUNG & GURD, 2001). Correntes do receptor NMDA<br />

são potencializadas ou reduzidas pelo aumento ou diminuição da atividade dessas<br />

proteínas, respectivamente (CHEN & ROCHE, 2007). O bloqueio de proteínas<br />

tirosina quinase, com a Genisteína, preveniu o efeito da cafeína na liberação de<br />

GABA. Além disso, as proteínas tirosina quinase src e Fyn são importantes<br />

moduladores dos receptores NMDA (SALA & SHENG, 1999; SALTER & KALIA,<br />

2004). Utilizando um inibidor específico da família src, observamos também uma<br />

inibição do efeito da cafeína, o que sugere que a fosforilação em resíduos de tirosina<br />

no receptor NMDA tem um papel importante na liberação de GABA mediada por<br />

este receptor.<br />

A subunidade NR2B do receptor NMDA é a principal proteína fosforilada em<br />

tirosina na densidade pós-sináptca (MOON et al, 1994; CHEN & ROCHE, 2007) e<br />

pode ser fosforilada por proteínas tirosina quinase. O inibidor específico da NR2B,<br />

ifenprodil, preveniu o efeito da cafeína, o que indica que, possivelmente, a<br />

fosforilação da subunidade NR2B por proteína tirosina quinase da família src esteja<br />

envolvida na modulação da liberação de GABA pelo antagonismo de receptores A1.<br />

Assim, podemos sugerir que a modulação da liberação de GABA pelo bloqueio de<br />

58


eceptores de adenosina A1 envolve receptores de glutamato do tipo NMDA e sua<br />

fosforilação.<br />

Há várias explicações na literatura para a seletividade do ifenprodil pelo<br />

receptor formado pelas subunidades NR1/2B. Uma delas é que o sítio de ligação do<br />

ifenprodil pode estar localizado na subunidade NR2B e estar ausente ou possuir<br />

baixa afinidade pelas outras subunidades. Outra possibilidade é que o sítio de<br />

ligação do ifenprodil esteja localizado na subunidade NR1 e suas propriedades e/ou<br />

mecanismos de transdução sejam influenciados por subunidades NR2, sendo<br />

necessária a subunidade NR2B para a inibição de alta afinidade do receptor. A<br />

terceira possibilidade é que o sítio de ligação do ifenprodil envolva ambas as<br />

subunidades NR1 e NR2B. No entanto, o peso das informações e evidências<br />

disponíveis sugere que o ifenprodil se ligue na subunidade NR2B. De forma<br />

interessante, muitos resíduos do sítio de ligação proposto do ifenprodil em NR2B<br />

são idênticos aos resíduos correspondentes no NR2A. Isso sugere que apenas um<br />

ou dois resíduos-chave influenciam a seletividade do ifenprodil (WILLIAMS, 2009,<br />

para revisão).<br />

NR2B contém 3 sítios de fosforilação em tirosina (Y1252, Y1336 e Y1472)<br />

(CHEN & ROCHE, 2007). Os sítios envolvidos no efeito da cafeína neste trabalho<br />

ainda precisam ser elucidados. Além da fosforilação da NR2B por proteínas tirosina<br />

quinase, ela também pode ser fosforilada por CaMKII, PKC e caseína quinase II<br />

(CKII), que serão investigadas futuramente.<br />

A subunidade NR2B medeia a sinalização por ERK induzida por receptores<br />

NMDA em neurônios corticais de ratos, e dependendo do estágio do<br />

desenvolvimento, essa sinalização pode ser positiva ou negativa (SAVA et al, 2008).<br />

59


Além disso, há relatos de que a receptores NMDA que contêm a subunidade NR2B<br />

medeiam o aumento na concentração intracelular de cálcio, que regula a tirosina<br />

fosfatase, STEP, e a sinalização por ERK MAP quinase em neurônios striatais e<br />

corticais de ratos (PAUL & CONNOR, 2010)<br />

A principal via de transdução de sinal acoplada a receptores de adenosina é a<br />

via AC/AMPc/PKA, porém já foi relatada a sinalização por receptores A1 acoplada a<br />

outras vias, por exemplo, PKC (BIBER et al, 1997). Vimos que a via envolvida no<br />

efeito da cafeína é a da AC. Visto que sua ativação pela forscolina produziu os<br />

mesmo efeitos, em aumentar a liberação de GABA. Comprovando este resultado, a<br />

presença do inibidor da PKA, H-89, preveniu o efeito da cafeína. Os níveis da<br />

liberação de GABA com H-89 foram similares aos níveis basais com D-aspartato.<br />

Sendo assim, é bem provável que algum alvo fosforilado pela PKA participe dessa<br />

modulação. Nos receptores NMDA, a PKA pode fosforilar sítios de serina/treonina<br />

nas subunidades NR1, NR2C e, talvez, NR2A (Chen & Roche, 2007).<br />

A ativação de receptores NMDA tem sido implicada em várias formas de<br />

plasticidade sináptica dependendo do subtipo do receptor envolvido. Segundo LI e<br />

colaboradores (2011), a indução de LTD em neurônios piramidais da camada II/III do<br />

córtex visual de ratos jovens é dependente de receptores NMDA que contenham a<br />

subunidade NR2B (mas não NR2A).<br />

Como perspectiva deste trabalho, pretendemos desenvolver estudos acerca<br />

da fosforilação do receptor NMDA regulando a liberação de GABA, avaliando os<br />

sítios de fosforilação e as subunidades do receptor NMDA envolvidos. Pretendemos<br />

investigar a regulação da liberação de GABA por outros agentes purinérgicos e<br />

possíveis interações entre vias de sinalização distintas, em diferentes fases do<br />

60


desenvolvimento. Além disso, desejamos investigar, através de imunohistoquímica,<br />

quais tipos celulares retinianos estão participando desta modulação, assim como a<br />

co-localização entre os receptores A1 e NMDA nas células GABAérgicas retinianas.<br />

61


VI CONCLUSÃO<br />

Em retinas de galinha de E13, a liberação de 3 H-GABA induzida por D-Asp<br />

ocorre pela reversão do transportador GAT-1, sendo completamente bloqueada<br />

pelo antagonista do receptor NMDA.<br />

Cafeína potencializa a liberação de 3 H-GABA estimulada por D-Asp em<br />

retinas de E13.<br />

A cafeína não modifica a captação de 3 H-GABA nem a liberação de AAE.<br />

O efeito da cafeína na liberação de 3 H-GABA induzida por D-Asp não<br />

envolve receptores A2A, mas receptores A1, que estão acoplados à adenilill<br />

ciclase em retinas de E13.<br />

A cafeína teve seu efeito mimetizado pela ativação da adenilill ciclase, e<br />

prevenido com o bloqueio da PKA.<br />

A inibição da fosforilação de resíduos de tirosina, da fosforilação por src e da<br />

fosforilação da subunidade NR2B do receptor NMDA previnem o aumento da<br />

liberação de 3 H-GABA por cafeína.<br />

62


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