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Caderno Técnico de reabilitação de áreas degradadas por

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CADERNO TÉCNICO DE REABILITAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS POR RESÍDUOS<br />

SÓLIDOS URBANOS<br />

Vera Cristina Vaz Lanza<br />

Belo Horizonte, outubro <strong>de</strong> 2009


Publicado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente – Feam e pela Fundação Israel Pinheiro – FIP (Termo <strong>de</strong><br />

Parceria 22/2008)<br />

Governador do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

Aécio Neves da Cunha<br />

Secretário <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável<br />

José Carlos Carvalho<br />

Presi<strong>de</strong>nte da Fundação Estadual do Meio Ambiente - Feam<br />

José Cláudio Junqueira Ribeiro<br />

Vice - Presi<strong>de</strong>nte da Fundação Estadual do Meio Ambiente - Feam<br />

Gastão Vilela França Filho<br />

Diretoria <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> e Gestão Ambiental da Feam<br />

Zuleika S. Chiachio Torquetti<br />

Gerente <strong>de</strong> Saneamento Ambiental da Feam<br />

Francisco Pinto da Fonseca<br />

Diretora Executiva do Centro Mineiro <strong>de</strong> Referência em Resíduos – CMRR e Supervisora do Termo <strong>de</strong><br />

Parceria 22/2008<br />

Denise Marília Bruschi<br />

Coor<strong>de</strong>nação Geral do Programa Minas sem lixões – Fundação Israel Pinheiro - FIP<br />

Magda Pires <strong>de</strong> Oliveira e Silva<br />

Coor<strong>de</strong>nação Técnica do Programa Minas sem lixões– Fundação Israel Pinheiro - FIP<br />

Eualdo Lima Pinheiro<br />

Luiza Helena Pinto<br />

Renato Rocha Dias Santos<br />

Lanza, Vera Cristina Vaz<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>Técnico</strong> <strong>de</strong> <strong>reabilitação</strong> <strong>de</strong> <strong>áreas</strong> <strong>de</strong>gradadas <strong>por</strong> resíduos<br />

sólidos urbanos / Vera Cristina Vaz Lanza. -- Belo Horizonte : Fundação<br />

Estadual do Meio Ambiente : Fundação Israel Pinheiro, 2009.<br />

28 p. ; il.<br />

Inclui referências.<br />

1. Área <strong>de</strong>gradada. 2. Aterro sanitário. 3. Aterro controlado. 4. Lixão. 5.<br />

Recuperação <strong>de</strong> área <strong>de</strong>gradada. I. Título. II. Programa Minas Sem Lixões.<br />

III. Fundação Estadual do Meio Ambiente.<br />

Fundação Estadual do Meio Ambiente – Feam<br />

Rua Espírito Santo, 495 – Centro – 30.160-000 – Belo Horizonte/MG<br />

Tel: (31) 3219.5730 – feam@feam.br / www.feam.br<br />

Programa Minas sem lixões<br />

Fundação Israel Pinheiro – FIP<br />

Av. Belém, 40 – Esplanada – 30.285-010 – Belo Horizonte/MG<br />

Tel.: (31) 3281.5845 – minassemlixões@israelpinheiro.org.br<br />

www.israelpinheiro.org.br<br />

CDU - 614.7


SUMÁRIO<br />

1 - Apresentação............................................................................................................ 5<br />

2 - Definições ................................................................................................................. 6<br />

2.1 Lixão ou Vazadouro ............................................................................................... 6<br />

2.2 Aterro Controlado................................................................................................... 6<br />

2.3 Aterro Sanitário ...................................................................................................... 7<br />

2.4 Usinas <strong>de</strong> Triagem e Compostagem <strong>de</strong> Lixo ......................................................... 8<br />

3 – Impactos Ambientais Causados pelos Lixões...................................................... 9<br />

4 – Formas <strong>de</strong> Encerramento e Reabilitação <strong>de</strong> Áreas Degradadas <strong>por</strong> Lixões.... 11<br />

4.1 Remoção dos Resíduos....................................................................................... 12<br />

4.2 Recuperação como Aterro Controlado................................................................. 13<br />

4.3 Recuperação como Aterro Sanitário .................................................................... 16<br />

4.4 Recuperação Simples.......................................................................................... 17<br />

4.5 Recuperação Parcial............................................................................................ 19<br />

4.6 Recuperação Completa ....................................................................................... 25<br />

5 – Requalificação da Área ......................................................................................... 25<br />

6 – Critérios a serem Observados no Encerramento <strong>de</strong> Lixões em Processos <strong>de</strong><br />

Licenciamento Ambiental <strong>de</strong> Sistemas A<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> Disposição Final <strong>de</strong> RSU. 26<br />

7 – Conclusões ............................................................................................................ 27<br />

8 – Referências Bibliográficas.................................................................................... 28


1 - Apresentação<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> orientar os municípios mineiros na gestão a<strong>de</strong>quada dos resíduos<br />

sólidos urbanos, a Fundação Estadual do Meio Ambiente – Feam lança, em parceria<br />

com a Fundação Israel Pinheiro – FIP, a coletânea Minas sem lixões, composta pelas<br />

publicações<br />

• Plano <strong>de</strong> Gerenciamento Integrado <strong>de</strong> Coleta Seletiva – PGICS<br />

• Plano <strong>de</strong> Gerenciamento Integrado <strong>de</strong> Resíduos Plásticos – PGIRP<br />

• Plano <strong>de</strong> Gerenciamento Integrado <strong>de</strong> Resíduos Pilhas, Baterias e Lâmpadas –<br />

PGIRPBL<br />

• Plano <strong>de</strong> Gerenciamento Integrado <strong>de</strong> Resíduos <strong>de</strong> Equipamentos Elétricos e<br />

Eletrônicos – PGIREEE<br />

• Plano <strong>de</strong> Gerenciamento Integrado <strong>de</strong> Óleo <strong>de</strong> Cozinha – PGIOC<br />

• Plano <strong>de</strong> Gerenciamento Integrado <strong>de</strong> Resíduos Pneumáticos – PGIRP<br />

• Plano <strong>de</strong> Gerenciamento Integrado <strong>de</strong> Resíduos Vítreos – PGIRV<br />

• Plano <strong>de</strong> Gerenciamento Integrado <strong>de</strong> Resíduos <strong>de</strong> Construção Civil – PGIRCC<br />

• Orientações Básicas para Encerramento e Reabilitação <strong>de</strong> Áreas Degradadas<br />

<strong>por</strong> Resíduos Sólidos Urbanos<br />

Criado em 2003 pela Feam, o programa Minas sem Lixões, integrado em 2007 ao<br />

Projeto Estruturador Resíduo Sólido, tem como meta, até 2011, viabilizar o atendimento<br />

<strong>de</strong>, no mínimo, 60% da população urbana com sistemas <strong>de</strong> tratamento e <strong>de</strong>stinação<br />

final a<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> resíduos sólidos urbanos, além <strong>de</strong> atuar para o fim dos lixões em<br />

80% dos 853 municípios mineiros.<br />

Para alcançar esses resultados, o Projeto promove diversas ações, <strong>de</strong> maneira a<br />

incentivar e orientar os municípios mineiros na elaboração e implementação do Plano<br />

<strong>de</strong> Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos Urbanos, conforme <strong>de</strong>terminado pela Lei<br />

18.031, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2009. Na busca <strong>de</strong> soluções, uma das estratégias é o apoio<br />

na criação <strong>de</strong> consórcios intermunicipais, com os objetivos <strong>de</strong> reduzir custos e formar<br />

parcerias estratégias para a melhoria da qualida<strong>de</strong> ambiental da região. Outra<br />

im<strong>por</strong>tante iniciativa é a inserção <strong>de</strong> pessoas em situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social nos<br />

programas <strong>de</strong> coleta seletiva, voltados para geração <strong>de</strong> trabalho e renda, além do<br />

resgate da cidadania.<br />

Em seis anos, Minas Gerais registrou um crescimento <strong>de</strong> quase 200% no número <strong>de</strong><br />

habitantes atendidos <strong>por</strong> sistemas a<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> disposição final <strong>de</strong> resíduos. Mais do<br />

que números, esse indicador sinaliza a mudança <strong>de</strong> paradigma do po<strong>de</strong>r público e <strong>de</strong><br />

com<strong>por</strong>tamento da população.<br />

Nesse contexto, a Feam vem fomentando pesquisas para novas rotas tecnológicas<br />

voltadas para a reutilização, reciclagem e geração <strong>de</strong> energia renovável a partir da<br />

utilização dos resíduos. Mas, antes <strong>de</strong> tudo, <strong>de</strong>vemos refletir sobre o consumo<br />

consciente. Estamos diante <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s inovações, mas para alcançarmos nossos<br />

objetivos é preciso que os municípios e cidadãos participem conosco na construção do<br />

futuro sustentável. Bom trabalho a todos!<br />

José Cláudio Junqueira<br />

Presi<strong>de</strong>nte da Feam<br />

5


2 - Definições<br />

2.1 Lixão ou Vazadouro<br />

É uma forma <strong>de</strong> disposição final <strong>de</strong> resíduos sólidos urbanos, caracterizada pela<br />

simples <strong>de</strong>scarga sobre o solo, sem critérios técnicos e medidas <strong>de</strong> proteção ao meio<br />

ambiente ou à saú<strong>de</strong> pública. É o mesmo que <strong>de</strong>scarga a “céu aberto”, sendo<br />

consi<strong>de</strong>rada ina<strong>de</strong>quada e ilegal segundo a legislação brasileira (Fotos 1 e 2).<br />

2.2 Aterro Controlado<br />

Fotos 1 e 2 – Lixões<br />

É uma técnica utilizada para confinar os resíduos sólidos urbanos sem poluir o<br />

ambiente externo, <strong>por</strong>ém sem a implementação <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> proteção ambiental<br />

(Fotos 3 e 4).<br />

Com essa técnica <strong>de</strong> disposição produz-se, em geral, poluição localizada, não havendo<br />

impermeabilização <strong>de</strong> base (comprometendo a qualida<strong>de</strong> do solo e das águas<br />

subterrâneas), nem sistema <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> lixiviados (chorume mais água <strong>de</strong><br />

infiltração) ou <strong>de</strong> extração e queima controlada dos gases gerados.<br />

Esse método é preferível ao lixão, mas apresenta qualida<strong>de</strong> bastante inferior ao aterro<br />

sanitário.<br />

6


2.3 Aterro Sanitário<br />

Fotos 3 e 4 – Aterros controlados<br />

Segundo a NBR 8419/1992 da ABNT, o aterro sanitário é uma técnica <strong>de</strong> disposição <strong>de</strong><br />

resíduos sólidos urbanos no solo, que não causa danos à saú<strong>de</strong> pública e ao meio<br />

ambiente, utilizando, para tanto, medidas <strong>de</strong> minimização dos impactos ambientais.<br />

Esse método utiliza princípios <strong>de</strong> engenharia para confinar os resíduos sólidos na<br />

menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma<br />

camada <strong>de</strong> terra na conclusão <strong>de</strong> cada trabalho, ou intervalos menores, se necessário<br />

(Fotos 5 e 6).<br />

O aterro sanitário <strong>de</strong>ve contar com todos os elementos <strong>de</strong> proteção ambiental:<br />

sistema <strong>de</strong> impermeabilização <strong>de</strong> base e laterais<br />

sistema <strong>de</strong> recobrimento diário dos resíduos<br />

sistema <strong>de</strong> cobertura final das plataformas <strong>de</strong> resíduos<br />

sistema <strong>de</strong> coleta e drenagem <strong>de</strong> lixiviados<br />

sistema <strong>de</strong> coleta e tratamentos dos gases<br />

sistema <strong>de</strong> drenagem superficial<br />

sistema <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> lixiviados<br />

sistema <strong>de</strong> monitoramento.<br />

Embora consistindo em uma técnica simples, os aterros sanitários exigem cuidados<br />

especiais, e procedimentos específicos. A avaliação do impacto ambiental local e sobre<br />

a área <strong>de</strong> influência nas fases <strong>de</strong> implantação, operação e monitoramento <strong>de</strong>vem ser<br />

sempre consi<strong>de</strong>rados na elaboração dos estudos técnicos.<br />

7


De acordo com a NBR 13896/1997 da ABNT, recomenda-se a construção <strong>de</strong> aterros<br />

com vida útil mínima <strong>de</strong> 10 anos. O seu monitoramento <strong>de</strong>ve prolongar-se, no mínimo,<br />

<strong>por</strong> mais 10 anos após o seu encerramento.<br />

Fotos 5 e 6 – Aterros sanitários<br />

2.4 Usinas <strong>de</strong> Triagem e Compostagem <strong>de</strong> Lixo<br />

As usinas <strong>de</strong> triagem e compostagem são utilizadas para a separação manual dos<br />

diversos componentes do lixo, que são divididos em grupos, <strong>de</strong> acordo com a sua<br />

natureza: matéria orgânica, materiais recicláveis, rejeitos e resíduos especiais (Fotos 7<br />

e 8).<br />

Nessas unida<strong>de</strong>s é feita a separação dos materiais potencialmente recicláveis, da<br />

matéria a ser compostada e dos rejeitos. Os materiais recicláveis, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> separados,<br />

são prensados, enfardados e armazenados para posterior comercialização.<br />

A matéria orgânica é encaminhada ao pátio <strong>de</strong> compostagem, on<strong>de</strong> é submetida a um<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição aeróbica pela ação <strong>de</strong> organismos biológicos, em<br />

condições físico-químicas a<strong>de</strong>quadas. O produto final da compostagem é o composto<br />

orgânico, um material rico em húmus e nutrientes minerais que po<strong>de</strong> ser utilizado em<br />

paisagismos, na recuperação <strong>de</strong> <strong>áreas</strong> <strong>de</strong>gradadas, entre outros.<br />

8


Fotos 7 e 8 – Usinas <strong>de</strong> Triagem e Compostagem <strong>de</strong> lixo<br />

3 – Impactos Ambientais Causados pelos Lixões<br />

Os resíduos lançados em lixões acarretam problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, como a<br />

proliferação <strong>de</strong> vetores <strong>de</strong> doenças (moscas, mosquitos, baratas, ratos), geração <strong>de</strong><br />

gases que causam odores <strong>de</strong>sagradáveis e intensificação do efeito estufa e,<br />

principalmente, poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas pelo chorume<br />

– líquido <strong>de</strong> coloração escura, malcheiroso e <strong>de</strong> elevado potencial poluidor, produzido<br />

pela <strong>de</strong>composição da matéria orgânica contida nos resíduos.<br />

Em termos ambientais, os lixões agravam a poluição do ar, do solo e das águas, além<br />

<strong>de</strong> provocar poluição visual. Nos casos <strong>de</strong> lançamento <strong>de</strong> resíduos em encostas é<br />

possível ainda ocorrer a instabilida<strong>de</strong> dos talu<strong>de</strong>s pela sobrecarga e absorção<br />

tem<strong>por</strong>ária da água da chuva, provocando <strong>de</strong>slizamentos.<br />

Em termos sociais, os lixões a céu aberto interferem na estrutura local, pois a área<br />

torna-se atraente para as populações <strong>de</strong> baixa renda do entorno, que buscam na<br />

separação e comercialização <strong>de</strong> materiais recicláveis, uma alternativa <strong>de</strong> trabalho,<br />

apesar das condições insalubres e sub-humanas da ativida<strong>de</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>-se acrescentar ainda a este cenário, o total <strong>de</strong>scontrole quanto aos tipos <strong>de</strong><br />

resíduos recebidos nestes locais, verificando-se até mesmo a disposição <strong>de</strong> <strong>de</strong>jetos<br />

originados dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, principalmente dos hospitais, como também das<br />

indústrias.<br />

9


Comumente ainda se associam aos lixões fatos altamente in<strong>de</strong>sejáveis, como a<br />

presença <strong>de</strong> animais, e problemas sociais e econômicos com a existência <strong>de</strong> catadores,<br />

os quais retiram do lixo o seu sustento e, muitas vezes, resi<strong>de</strong>m no próprio local.<br />

Embora o chorume e os gases sejam os maiores problemas causados pela<br />

<strong>de</strong>composição do lixo, outros problemas associados com sua disposição po<strong>de</strong>m ser<br />

assim compreendidos:<br />

produção <strong>de</strong> fumaça e odores <strong>de</strong>sagradáveis<br />

agressão estética à paisagem natural<br />

riscos <strong>de</strong> incêndio e intensificação do efeito estufa<br />

aparecimento <strong>de</strong> catadores precariamente organizados, inclusive crianças<br />

<strong>de</strong>svalorização imobiliária das vizinhanças.<br />

A Figura 1 ilustra os principais impactos ambientais causados pelos lixões:<br />

Figura 1 – Impactos ambientais causados pelos lixões<br />

10


4 – Formas <strong>de</strong> Encerramento e Reabilitação <strong>de</strong> Áreas Degradadas <strong>por</strong><br />

Lixões<br />

A <strong>de</strong>sativação <strong>de</strong> <strong>áreas</strong> ocupadas <strong>por</strong> lixões é feita, muitas vezes, sem critérios<br />

técnicos, realizando-se apenas o encerramento da disposição <strong>de</strong> resíduos no local,<br />

fechamento e abandono da área.<br />

Nesse caso, a atuação dos catadores e o trabalho infantil cessam, mas a geração <strong>de</strong><br />

gases, chorume e odores continuam, enquanto houver ativida<strong>de</strong> biológica no interior do<br />

maciço <strong>de</strong> resíduos, po<strong>de</strong>ndo causar poluição do ar, do solo e das águas superficiais e<br />

subterrâneas.<br />

Em função da gran<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> problemas ambientais, o simples<br />

abandono e fechamento das <strong>áreas</strong> utilizadas para disposição final <strong>de</strong> resíduos sólidos<br />

urbanos <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>scartado, <strong>de</strong>vendo os municípios buscar técnicas que minimizem<br />

os impactos ambientais.<br />

A seguir são apresentadas algumas técnicas utilizadas para <strong>de</strong>sativação e <strong>reabilitação</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>áreas</strong> <strong>de</strong>gradadas pela disposição <strong>de</strong> resíduos sólidos urbanos em lixões.<br />

A escolha da melhor técnica a ser utilizada <strong>de</strong>verá ser pautada <strong>por</strong> um estudo prévio<br />

<strong>de</strong>talhado do local, que avalie as condições físicas e o comprometimento ambiental da<br />

área. Esse estudo <strong>de</strong>ve contemplar, no mínimo, a realização <strong>de</strong> levantamento<br />

planialtimétrico do terreno, estudos <strong>de</strong> sondagem e caracterização geotécnica, análises<br />

<strong>de</strong> águas superficiais e subterrâneas, entre outros.<br />

Cabe ressaltar que os estudos para a <strong>de</strong>finição da melhor técnica, bem como os<br />

projetos e as operações <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong>vem ser realizados sob a supervisão técnica<br />

<strong>de</strong> profissional(is) habilitado(s), proce<strong>de</strong>ndo-se ao registro das Anotações <strong>de</strong><br />

Responsabilida<strong>de</strong> Técnica no(s) respectivo(s) Conselho(s) Profissional(is).<br />

11


4.1 Remoção dos Resíduos<br />

Uma das técnicas utilizadas para o encerramento <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong>gradada pela<br />

disposição ina<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> resíduos envolve a remoção dos resíduos e seu trans<strong>por</strong>te<br />

para outro local, previamente preparado, seguido pela recuperação da área escavada<br />

com solo natural e vegetação com espécies da região, preferencialmente gramíneas.<br />

Contudo, essa alternativa só é viável quando a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resíduos a ser removida<br />

e trans<strong>por</strong>tada não é muito gran<strong>de</strong>, pois essas ativida<strong>de</strong>s representam elevados custos<br />

e dificulda<strong>de</strong>s operacionais, que po<strong>de</strong>m inviabilizar economicamente o processo.<br />

A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resíduos é um termo <strong>de</strong> ampla relativida<strong>de</strong>, pois as prefeituras com<br />

maiores recursos orçamentários e com equipamentos a<strong>de</strong>quados po<strong>de</strong>rão remover<br />

quantida<strong>de</strong>s julgadas <strong>por</strong> elas pequenas e que seriam gran<strong>de</strong>s pelas administrações <strong>de</strong><br />

menor capacida<strong>de</strong>.<br />

A avaliação da viabilida<strong>de</strong> da remoção dos resíduos <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar ainda que a<br />

substituição dos locais seja vantajosa sob o ponto <strong>de</strong> vista ambiental, como nas<br />

seguintes circunstâncias:<br />

a) os resíduos saem <strong>de</strong> um local em que não foram utilizados critérios técnicos para<br />

sua disposição final e vão para outra área previamente preparada como um aterro<br />

sanitário;<br />

b) os resíduos saem <strong>de</strong> uma área urbana ou em vias <strong>de</strong> expansão urbana para uma<br />

área sem conflitos <strong>de</strong> ocupação, <strong>de</strong> preferência já <strong>de</strong>gradada;<br />

c) os resíduos saem <strong>de</strong> uma área vulnerável à contaminação do meio ambiente e são<br />

encaminhados para outra com maior capacida<strong>de</strong> tampão e melhores características<br />

geológicas e geotécnicas;<br />

d) os resíduos saem <strong>de</strong> uma área com vocação para usos mais nobres para outra com<br />

pequeno valor imobiliário e usos corriqueiros.<br />

A remoção dos resíduos também é uma alternativa amplamente recomendável quando<br />

o lixão estiver localizado em área <strong>de</strong> risco urbano (escorregamentos do <strong>de</strong>pósito sobre<br />

residências a jusante localizadas em encostas íngremes) ou quando o empilhamento,<br />

embora com pequenos volumes, se concentrar em pequenas <strong>áreas</strong> e alturas<br />

razoavelmente perigosas, em eminência <strong>de</strong> ruptura.<br />

12


Tal situação po<strong>de</strong>ria ser resolvida <strong>por</strong> técnicas <strong>de</strong> engenharia bem planejadas, como a<br />

reconformação da geometria, criando-se arranjos mais estáveis para as plataformas.<br />

No entanto, esses procedimentos po<strong>de</strong>rão ter custos bem mais elevados que a<br />

remoção dos resíduos.<br />

Adicionalmente, temos <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar, quanto aos custos, que eles resultam da soma<br />

dos valores remunerados para as operações <strong>de</strong> escavação, <strong>de</strong>slocamento, lançamento,<br />

espalhamento e conformação na nova área, com os gastos adicionais <strong>de</strong> conformação,<br />

drenagem e proteção vegetal na antiga área. Além disso, o novo local <strong>de</strong> disposição <strong>de</strong><br />

resíduos <strong>de</strong>verá ter características operacionais (lançamento, compactação, etc.)<br />

superiores às do <strong>de</strong>pósito original. Essa observância é rigorosamente necessária a fim<br />

<strong>de</strong> que não se troque um problema <strong>por</strong> outro <strong>de</strong> mesmo tamanho.<br />

4.2 Recuperação como Aterro Controlado<br />

A recuperação <strong>de</strong> um lixão como aterro controlado po<strong>de</strong> ser uma alternativa<br />

interessante para os municípios com populações inferiores a 20.000 habitantes, até que<br />

seja implantado, <strong>por</strong> meio <strong>de</strong> respectivo processo <strong>de</strong> regularização ambiental, sistema<br />

a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> disposição final <strong>de</strong> resíduos.<br />

Para tanto, é muito im<strong>por</strong>tante a certeza <strong>de</strong> que o lixão não tenha recebido resíduos<br />

perigosos ao longo <strong>de</strong> sua vida operacional – Classe I, conforme NBR 10004/2004 da<br />

ABNT.<br />

Além disso, a área <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r aos seguintes requisitos, estabelecidos na Deliberação<br />

Normativa Nº 118/2008 do COPAM:<br />

o lixão não <strong>de</strong>ve estar localizado em <strong>áreas</strong> <strong>de</strong> reconhecida formação cárstica, ou<br />

sobre qualquer outra formação geológica propícia à formação <strong>de</strong> cavernas;<br />

o lixão não <strong>de</strong>ve estar localizado em <strong>áreas</strong> erodidas, em especial em voçorocas<br />

ou em <strong>áreas</strong> <strong>de</strong> preservação permanente;<br />

a área <strong>de</strong>ve possuir solo <strong>de</strong> baixa permeabilida<strong>de</strong> e ter <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> média inferior<br />

a 30%;<br />

o lixão não <strong>de</strong>ve estar localizado em área sujeita a eventos <strong>de</strong> inundação;<br />

13


o lixão <strong>de</strong>ve estar situado a uma distância mínima <strong>de</strong> 300 metros <strong>de</strong> cursos<br />

d’água ou qualquer coleção hídrica. Po<strong>de</strong>rão ser admitidas distâncias entre 200<br />

e 300 metros, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não exista alternativa locacional e seja encaminhada à<br />

Feam <strong>de</strong>claração emitida <strong>por</strong> profissional <strong>de</strong>vidamente habilitado, com<br />

apresentação <strong>de</strong> cópia da Anotação <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Técnica – ART,<br />

afirmando a viabilida<strong>de</strong> locacional, conforme mo<strong>de</strong>lo constante do Anexo I da DN<br />

118/2008.<br />

o local <strong>de</strong>ve estar a uma distância mínima <strong>de</strong> 500 metros <strong>de</strong> núcleos<br />

populacionais;<br />

o local <strong>de</strong>ve estar a uma distância mínima <strong>de</strong> 100 metros <strong>de</strong> rodovias fe<strong>de</strong>rais, a<br />

partir da faixa <strong>de</strong> domínio estabelecida pelos órgãos competentes.<br />

Para transformação do lixão em aterro controlado, os municípios <strong>de</strong>verão seguir as<br />

<strong>de</strong>terminações da DN 118/2008 e realizar as seguintes ações:<br />

avaliação da extensão da área ocupada pelos resíduos;<br />

<strong>de</strong>limitação da área com cerca <strong>de</strong> isolamento e <strong>por</strong>tão, complementada <strong>por</strong><br />

espécies arbustivas/arbóreas;<br />

i<strong>de</strong>ntificação do local com placas <strong>de</strong> advertência;<br />

limpeza do local, remoção dos resíduos espalhados e disposição em valas<br />

escavadas ou plataformas, conforme a seguir:<br />

em rampa, empregado em <strong>áreas</strong> <strong>de</strong> meia encosta, com boas condições <strong>de</strong><br />

escavação do solo natural, on<strong>de</strong> o lixo é disposto e compactado pelo trator e<br />

posteriormente coberto com solo.<br />

14


Figura 2 – Disposição final <strong>de</strong> resíduos em rampa<br />

em valas, que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> pequenas dimensões, com compactação e<br />

recobrimento dos resíduos feitos manualmente, ou <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões,<br />

permitindo a entrada <strong>de</strong> equipamentos no seu interior para compactação e<br />

recobrimento dos resíduos.<br />

Figura 3 – Disposição final <strong>de</strong> resíduos em valas<br />

15


nos locais on<strong>de</strong> a disposição <strong>de</strong> resíduos estiver encerrada, <strong>de</strong>verá ser feita a<br />

conformação do platô superior com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> mínima <strong>de</strong> 2%, na direção das<br />

bordas ou, no caso <strong>de</strong> valas, o nivelamento final <strong>de</strong>verá ser feito <strong>de</strong> forma<br />

abaulada para evitar o acúmulo <strong>de</strong> águas <strong>de</strong> chuva sobre a vala e ficar em cota<br />

superior à do terreno, prevendo-se prováveis recalques;<br />

recobrimento final do maciço <strong>de</strong> resíduos com uma camada mínima <strong>de</strong> 50 cm <strong>de</strong><br />

argila <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, inclusive nos talu<strong>de</strong>s laterais;<br />

execução <strong>de</strong> canaletas <strong>de</strong> drenagem pluvial a montante da área <strong>de</strong> disposição<br />

para <strong>de</strong>svio das águas <strong>de</strong> chuva;<br />

execução <strong>de</strong> drenos verticais <strong>de</strong> gás;<br />

lançamento <strong>de</strong> uma camada <strong>de</strong> terra vegetal ou composto orgânico para<br />

possibilitar o plantio <strong>de</strong> espécies nativas <strong>de</strong> raízes curtas, preferencialmente<br />

gramíneas.<br />

4.3 Recuperação como Aterro Sanitário<br />

Quando o lixão está localizado em uma área que aten<strong>de</strong> aos requisitos mínimos<br />

estabelecidos na NBR 13896/1997 da ABNT e as dimensões e características do<br />

terreno possibilitam a sua utilização <strong>por</strong> um período superior a 10 anos, a recuperação<br />

como um aterro sanitário construído em área adjacente po<strong>de</strong> ser uma alternativa viável.<br />

A im<strong>por</strong>tância <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> intervenção fica mais bem caracterizada com os seguintes<br />

argumentos:<br />

muitos municípios, especialmente os <strong>de</strong> <strong>áreas</strong> metropolitanas, os inseridos em<br />

<strong>áreas</strong> <strong>de</strong> proteção ambiental ou com sérias restrições geológicas/hidrogeológicas<br />

têm problemas <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> <strong>áreas</strong> para instalação <strong>de</strong> aterros sanitários;<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as restrições citadas anteriormente não sejam relevantes para a área<br />

do lixão, que já se encontra <strong>de</strong>gradada, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não haja empecilhos <strong>por</strong><br />

parte da população, a localização do aterro sanitário na própria área do lixão<br />

oferece a gran<strong>de</strong> vantagem <strong>de</strong> não criar novos impactos numa nova área;<br />

16


o aterro sanitário po<strong>de</strong> ter um projeto especial, com uma geometria tal que<br />

disponibilize uma maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> resíduos que o<br />

necessário <strong>de</strong> modo que, nos intervalos <strong>de</strong> ociosida<strong>de</strong> dos equipamentos, possa<br />

ser feita a remoção do lixão, com transferência <strong>de</strong> massa para o aterro sanitário,<br />

previamente preparado e em melhores condições sanitárias e ambientais;<br />

esse tipo <strong>de</strong> intervenção favoreceria a intensificação dos controles ambientais ou<br />

monitoramentos, adaptando-se o projeto <strong>de</strong> modo a contemplar também a área<br />

do lixão, com menores custos, com maior racionalida<strong>de</strong> e mais facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

controle.<br />

No caso <strong>de</strong> recuperação do lixão como aterro sanitário, recomenda-se que a<br />

elaboração dos projetos e estudos ambientais seja pautada na legislação ambiental e<br />

nas Normas Técnicas da ABNT pertinentes, notadamente a NBR 13896/1997 e a NBR<br />

8419/1992.<br />

4.4 Recuperação Simples<br />

Há algumas situações em que um conjunto <strong>de</strong> circunstâncias indica como mais<br />

sensatas as medidas <strong>de</strong> recuperação simplificadas, <strong>por</strong> meio do encapsulamento dos<br />

resíduos dispostos no lixão.<br />

A técnica <strong>de</strong> recuperação simples <strong>de</strong>ve ser avaliada quando for inviável a remoção dos<br />

resíduos dispostos no local, em função da quantida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s operacionais,<br />

quando a extensão da área ocupada pelos resíduos não for muito gran<strong>de</strong> e, sobretudo,<br />

quando o local não pu<strong>de</strong>r ser recuperado como aterro controlado ou aterro sanitário.<br />

Além disso, recomenda-se a recuperação simples somente quando um grupo <strong>de</strong><br />

condições específicas for atendido:<br />

o lixão <strong>de</strong>ve ter pequena altura, po<strong>de</strong>ndo ser capeado com solo, sem manejo <strong>de</strong><br />

lixo, <strong>de</strong> modo seguro e economicamente viável;<br />

o lixão não <strong>de</strong>ve estar localizado em <strong>áreas</strong> <strong>de</strong> reconhecida formação cárstica, ou<br />

sobre qualquer outra formação geológica propícia à formação <strong>de</strong> cavernas;<br />

o lixão não <strong>de</strong>ve estar localizado em <strong>áreas</strong> <strong>de</strong> valor histórico ou cultural,<br />

exemplificando-se com os sítios arqueológicos;<br />

17


o lixão não <strong>de</strong>ve estar localizado em <strong>áreas</strong> <strong>de</strong> preservação permanente, <strong>áreas</strong><br />

<strong>de</strong> proteção ambiental e reservas biológicas;<br />

o lixão <strong>de</strong>ve estar afastado <strong>de</strong> pelo menos 200 metros <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong><br />

abastecimento hídrico para irrigação <strong>de</strong> hortaliças e consumo humano;<br />

<strong>de</strong>ve haver disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solo apropriado para o enclausuramento do lixão a<br />

menos <strong>de</strong> 1,5 km do local;<br />

a área <strong>de</strong> empréstimo, comprovando-se sua capacida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>verá ser<br />

cedida à prefeitura em condições financeiras notoriamente vantajosas, mediante<br />

documento <strong>de</strong> fé pública;<br />

os catadores <strong>de</strong> lixo do município já se encontram ou estão em processo formal<br />

<strong>de</strong> organização.<br />

Obe<strong>de</strong>cidas às condições citadas, recomenda-se a realização das seguintes ativida<strong>de</strong>s:<br />

avaliação da extensão da área ocupada pelos resíduos;<br />

<strong>de</strong>limitação da área com cerca <strong>de</strong> isolamento e <strong>por</strong>tão;<br />

i<strong>de</strong>ntificação do local com placas <strong>de</strong> advertência;<br />

arrumação dos resíduos em valas escavadas ou reconformação geométrica dos<br />

resíduos. No projeto simplificado <strong>de</strong>verá ser buscada a menor movimentação <strong>de</strong><br />

lixo possível, ficando a critério dos técnicos responsáveis, a obtenção da<br />

configuração mais estável.<br />

conformação do platô superior com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> mínima <strong>de</strong> 2%, na direção das<br />

bordas ou, no caso <strong>de</strong> valas, o nivelamento final <strong>de</strong>verá ser feito <strong>de</strong> forma<br />

abaulada para evitar o acúmulo <strong>de</strong> águas <strong>de</strong> chuva sobre a vala e ficar em cota<br />

superior à do terreno, prevendo-se prováveis recalques;<br />

recobrimento do maciço <strong>de</strong> resíduos com uma camada mínima <strong>de</strong> 50 cm <strong>de</strong><br />

argila <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, inclusive nos talu<strong>de</strong>s laterais;<br />

execução <strong>de</strong> canaletas <strong>de</strong> drenagem pluvial a montante do maciço para <strong>de</strong>svio<br />

das águas <strong>de</strong> chuva;<br />

execução <strong>de</strong> drenos verticais <strong>de</strong> gás;<br />

18


lançamento <strong>de</strong> uma camada <strong>de</strong> terra vegetal ou composto orgânico para<br />

possibilitar o plantio <strong>de</strong> espécies nativas <strong>de</strong> raízes curtas, preferencialmente<br />

gramíneas.<br />

Dentre as vantagens aventadas para esse tipo <strong>de</strong> intervenção, ressalta-se a<br />

simplicida<strong>de</strong> dos equipamentos exigidos (trator <strong>de</strong> esteiras <strong>de</strong> qualquer <strong>por</strong>te é<br />

<strong>de</strong>sejável), dispensando a aquisição <strong>de</strong> novos equipamentos e das operações<br />

envolvidas para a selagem do lixão e para a execução <strong>de</strong> drenagem pluvial, <strong>por</strong><br />

exemplo.<br />

Como uma <strong>de</strong>svantagem im<strong>por</strong>tante da recuperação simples menciona-se a restrição<br />

<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso futuro da área.<br />

Além disso, vale <strong>de</strong>stacar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong> um novo local para disposição<br />

<strong>de</strong> resíduos no município, em conformida<strong>de</strong> com a legislação ambiental e as normas<br />

técnicas pertinentes.<br />

4.5 Recuperação Parcial<br />

A recuperação parcial po<strong>de</strong>rá ser utilizada pelos municípios maiores e, nos casos<br />

excepcionais, <strong>de</strong> municípios menores quando a situação do lixão não se enquadre na<br />

recuperação simples <strong>de</strong>vido às restrições levantadas durante os estudos prévios <strong>de</strong><br />

avaliação da área.<br />

Não está no escopo da recuperação parcial o benefício imediato para os seguintes<br />

compartimentos ambientais impactados: solo e água subterrânea contaminados <strong>por</strong><br />

chorume. Eles só o serão em situação <strong>de</strong> longo prazo, com a interrupção dos principais<br />

elos formadores <strong>de</strong>sta fonte, que são a infiltração <strong>de</strong> águas pluviais e o recebimento <strong>de</strong><br />

resíduos em locais sem proteção ambiental. Todos os <strong>de</strong>mais impactos po<strong>de</strong>rão ser<br />

sensivelmente mitigados, imediatamente após a intervenção pela recuperação parcial,<br />

com diferentes graus <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>s.<br />

Cabe observar que a recuperação parcial <strong>de</strong> um lixão <strong>de</strong>ve ser objeto <strong>de</strong> um projeto<br />

conceitual e <strong>de</strong> um projeto executivo, que contemple, no mínimo, as seguintes medidas:<br />

19


econformação geométrica e capeamento do lixão com selo impermeável <strong>de</strong><br />

material argiloso ou material sintético como geomembrana <strong>de</strong> polietileno <strong>de</strong> alta<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> – PEAD;<br />

conformação do platô superior com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> mínima <strong>de</strong> 2%, na direção das<br />

bordas;<br />

controle da emissão e tratamento <strong>de</strong> lixiviados, <strong>por</strong> meio <strong>de</strong> barreiras <strong>de</strong><br />

contenção ou drenos direcionados para sistemas <strong>de</strong> tratamento, <strong>de</strong> recirculação<br />

ou <strong>de</strong> acumulação para posterior envio a uma estação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgotos<br />

do município;<br />

coleta e <strong>de</strong>svio das águas superficiais, <strong>de</strong> forma a minimizar o ingresso das<br />

águas <strong>de</strong> chuva no maciço <strong>de</strong> resíduos;<br />

controle da emissão e queima <strong>de</strong> gases;<br />

isolamento da área;<br />

controle <strong>de</strong> recalques;<br />

controle da qualida<strong>de</strong> do ar e águas superficiais e subterrâneas da área, <strong>por</strong><br />

meio <strong>de</strong> poços <strong>de</strong> monitoramento;<br />

implantação <strong>de</strong> cobertura vegetal com gramíneas nos maciços <strong>de</strong> resíduos<br />

encerrados.<br />

A alternativa geométrica para a recuperação parcial <strong>de</strong>ve ser muito bem estudada e<br />

discutida, observando-se sempre a sua exequibilida<strong>de</strong>. A alternativa geométrica mais<br />

simples é aquela em que o lixão se encontra em uma área bem protegida (do ponto <strong>de</strong><br />

vista geológico/hidrogeológico) e dispõe <strong>de</strong> amplos espaços laterais para <strong>de</strong>smonte e<br />

aplainamento dos <strong>de</strong>pósitos. Pelo contrário, a alternativa mais difícil é aquela em que o<br />

lixão já é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> altura, tem um platô superior <strong>de</strong> área reduzida e não dispõe <strong>de</strong><br />

muita área lateral para <strong>de</strong>smobilização e rearranjo das novas pilhas.<br />

A seguir são apresentados três exemplos <strong>de</strong> soluções que ilustram a recuperação<br />

parcial <strong>de</strong> lixões:<br />

20


Alternativa 1<br />

Alternativa <strong>de</strong> concepção mais simples, consi<strong>de</strong>rando a rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> execução, a<br />

simplicida<strong>de</strong> executiva e os menores custos. A proposta consta <strong>de</strong>:<br />

a nova configuração geométrica compreen<strong>de</strong> o retaludamento do lixão com<br />

alguma remoção <strong>de</strong> material e envelopamento a<strong>de</strong>quado da geometria<br />

resultante com material terroso retirado <strong>de</strong> área <strong>de</strong> empréstimo a montante do<br />

lixão (Figura 4);<br />

a camada selante será construída com argila compactada, sem controle<br />

tecnológico, com espessura <strong>de</strong> 80 cm nas plataformas e bermas e 50 cm na<br />

superfície dos talu<strong>de</strong>s;<br />

a zona radicular das espécies graminosas a serem plantadas sobre a<br />

superfície reconformada do lixão será su<strong>por</strong>tada <strong>por</strong> uma única camada <strong>de</strong><br />

solo/composto orgânico com espessura <strong>de</strong> 40 cm;<br />

o sistema <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong> gases será constituído <strong>por</strong> furos (a serem<br />

construídos <strong>por</strong> equipamento <strong>de</strong>stinado a escavação <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong><br />

fundações, com diâmetro <strong>de</strong> 40 cm) preenchidos <strong>por</strong> brita nº 4. Na<br />

extremida<strong>de</strong> superior dos furos será colocado um tubo <strong>de</strong> concreto, <strong>de</strong>stinado<br />

à queima dos gases;<br />

a drenagem do chorume será constituída <strong>por</strong> uma linha <strong>de</strong> drenos a ser<br />

construída no perímetro da plataforma <strong>de</strong> base do lixão, <strong>de</strong>saguando, <strong>por</strong><br />

gravida<strong>de</strong>, na parte mais baixa do mo<strong>de</strong>lado topográfico existente. Esse<br />

sistema <strong>de</strong>ve ser interligado a uma caixa coletora munida <strong>de</strong> uma bomba <strong>de</strong><br />

sucção para retirada dos líquidos acumulados e encaminhamento posterior a<br />

uma estação <strong>de</strong> tratamento;<br />

a área <strong>de</strong>ve ser isolada <strong>por</strong> meio <strong>de</strong> cerca complementada <strong>por</strong> uma cerca<br />

viva inserida no plano paisagístico.<br />

21


Alternativa 2<br />

Figura 4 – Alternativa 1 para recuperação parcial <strong>de</strong> lixões<br />

Esta alternativa é <strong>de</strong> concepção intermediária, consi<strong>de</strong>rando principalmente os<br />

aspectos <strong>de</strong> custo, facilida<strong>de</strong> operacional e prazo <strong>de</strong> execução, e tem a seguinte<br />

proposta:<br />

a nova configuração geométrica compreen<strong>de</strong> o retaludamento do lixão com<br />

remanejamento do material para as laterais e para baixo, e envelopando<br />

a<strong>de</strong>quadamente a geometria final assim conformada, usando material terroso<br />

retirado <strong>de</strong> área <strong>de</strong> empréstimo a montante do lixão (Figura 5);<br />

a camada selante será construída com argila compactada, com controle<br />

tecnológico criterioso das camadas compactadas, usando-se espessuras <strong>de</strong><br />

60 cm nas plataformas e bermas e 40 cm na superfície dos talu<strong>de</strong>s;<br />

a zona radicular das espécies graminosas a serem plantadas sobre a<br />

superfície reconformada do lixão será su<strong>por</strong>tada <strong>por</strong> uma camada <strong>de</strong> argila<br />

mo<strong>de</strong>radamente compactada, com 20 cm <strong>de</strong> espessura, (imediatamente<br />

acima da camada selante) e <strong>de</strong> solo/composto orgânico com espessura <strong>de</strong> 40<br />

cm;<br />

a sistema <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong> gases será constituído <strong>de</strong> furos (a serem<br />

construídos <strong>por</strong> equipamento <strong>de</strong>stinado a escavação <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong><br />

fundações, com diâmetro <strong>de</strong> 60 cm) preenchidos <strong>por</strong> brita nº 4. Na<br />

22


extremida<strong>de</strong> superior dos furos será colocado um tubo <strong>de</strong> concreto, <strong>de</strong>stinado<br />

à queima dos gases;<br />

a drenagem do chorume será constituída <strong>por</strong> uma linha <strong>de</strong> drenos a ser<br />

construída no perímetro da plataforma <strong>de</strong> base do lixão, <strong>de</strong>saguando, <strong>por</strong><br />

gravida<strong>de</strong>, na parte mais baixa do mo<strong>de</strong>lado topográfico atualmente<br />

existente. Esse sistema <strong>de</strong>ve ser interligado a uma caixa coletora munida <strong>de</strong><br />

uma bomba <strong>de</strong> sucção para retirada dos líquidos acumulados e<br />

encaminhamento posterior a uma estação <strong>de</strong> tratamento;<br />

a área <strong>de</strong>ve ser isolada <strong>por</strong> meio <strong>de</strong> cerca complementada <strong>por</strong> uma cerca<br />

viva inserida no plano paisagístico.<br />

Alternativa 3<br />

Figura 5 – Alternativa 2 para recuperação parcial <strong>de</strong> lixões<br />

Esta alternativa é a <strong>de</strong> concepção técnica mais rigorosa e <strong>de</strong> expectativa <strong>de</strong> melhores<br />

resultados, <strong>por</strong>ém implicando aumento no tempo <strong>de</strong> execução, na complexida<strong>de</strong><br />

executiva e aumento <strong>de</strong> custos. A proposta consiste no seguinte:<br />

a nova configuração geométrica compreen<strong>de</strong> o total retaludamento do lixão,<br />

mudando completamente sua geometria. No escopo da proposta, os resíduos<br />

aterrados <strong>de</strong>verão ser removidos para montante e para as laterais, alargando<br />

a área ocupada <strong>de</strong> modo a serem formados talu<strong>de</strong>s bem suaves;<br />

a proteção <strong>de</strong> cobertura será feita com material geocomposto, como se<br />

23


<strong>de</strong>screve a seguir, sendo o material terroso retirado <strong>de</strong> área <strong>de</strong> empréstimo<br />

situada próximo ao lixão.<br />

a camada selante será construída com geomembrana <strong>de</strong> PEAD (espessura<br />

<strong>de</strong> 1 mm), sobre a qual serão colocadas as camadas <strong>de</strong> proteção (argila<br />

mo<strong>de</strong>radamente compactada com espessura <strong>de</strong> 40 cm), <strong>de</strong> drenagem e<br />

substrato orgânico para a cobertura vegetal;<br />

a zona radicular das espécies graminosas a serem plantadas sobre a<br />

superfície reconformada do lixão será su<strong>por</strong>tada <strong>por</strong> uma camada <strong>de</strong><br />

solo/composto orgânico com espessura <strong>de</strong> 40 cm.<br />

o sistema <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong> gases será constituído <strong>de</strong> furos (a serem<br />

construídos <strong>por</strong> equipamento <strong>de</strong>stinado à escavação <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong><br />

fundações), posteriormente encamisados <strong>por</strong> tubos <strong>de</strong> concreto perfurado e<br />

preenchidos <strong>por</strong> brita nº 4. A queima dos gases será feita na extremida<strong>de</strong><br />

superior dos tubos;<br />

a drenagem dos lixiviados será feita <strong>por</strong> um sistema <strong>de</strong> extração a vácuo,<br />

com ponteiras introduzidas no interior do lixo e ligadas, externamente, a uma<br />

linha tubular e a um conjunto <strong>de</strong> bombas, <strong>de</strong>saguando num reservatório, a<br />

partir do qual serão encaminhados a uma estação <strong>de</strong> tratamento.<br />

a área <strong>de</strong>ve ser isolada <strong>por</strong> meio <strong>de</strong> cerca complementada <strong>por</strong> uma cerca<br />

viva inserida no plano paisagístico.<br />

Figura 6 – Alternativa 3 para recuperação parcial <strong>de</strong> lixões<br />

24


Cabe <strong>de</strong>stacar que a escolha da melhor alternativa <strong>de</strong>ve ser feita a partir <strong>de</strong> um<br />

minucioso levantamento <strong>de</strong> suas vantagens e <strong>de</strong>svantagens, discutindo-as previamente<br />

com profissionais e empresas habilitadas. Destaca-se, ainda, que as alternativas<br />

apresentadas neste <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> são apenas exemplos <strong>de</strong> recuperações parciais, que<br />

po<strong>de</strong>m não se adaptar à realida<strong>de</strong> do município.<br />

4.6 Recuperação Completa<br />

A recuperação completa busca restaurar totalmente os recursos ambientais <strong>de</strong>gradados<br />

pela disposição final <strong>de</strong> resíduos sólidos. Na prática, resulta <strong>de</strong> medidas combinadas <strong>de</strong><br />

remoção/coprocessamento dos resíduos, seguindo-se a <strong>de</strong>scontaminação in situ do<br />

solo e da água subterrânea <strong>por</strong> várias técnicas, que po<strong>de</strong>m ser usadas em conjunto ou<br />

isoladas: bombeamento/tratamento; biorremediação; fitorremediação; introdução <strong>de</strong><br />

barreiras reativas e outras mais.<br />

Essas soluções representam custos elevados e <strong>de</strong>vem ser avaliadas quando há<br />

comprometimento ambiental do local.<br />

5 – Requalificação da Área<br />

A proposta <strong>de</strong> requalificação e uso futuro das <strong>áreas</strong> recuperadas <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar que<br />

os resíduos aterrados ainda permanecem em processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição após o<br />

encerramento das ativida<strong>de</strong>s <strong>por</strong> períodos relativamente longos, que po<strong>de</strong>m ser<br />

superiores a 10 anos. Assim, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do encerramento das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

recuperação do aterro, os sistemas <strong>de</strong> drenagem superficial <strong>de</strong> águas pluviais, <strong>de</strong><br />

tratamento dos gases e <strong>de</strong> coleta e tratamento dos lixiviados <strong>de</strong>vem ser mantidos <strong>por</strong><br />

um período <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 10 anos, até que o maciço <strong>de</strong> resíduos alcance condições <strong>de</strong><br />

relativa estabilida<strong>de</strong>.<br />

Recomenda-se para uso futuro <strong>de</strong>ssas <strong>áreas</strong> a implantação <strong>de</strong> <strong>áreas</strong> ver<strong>de</strong>s, com<br />

equipamentos comunitários como praças es<strong>por</strong>tivas, campos <strong>de</strong> futebol e <strong>áreas</strong> <strong>de</strong><br />

convívio, nos casos <strong>de</strong> locais próximos a <strong>áreas</strong> urbanizadas. A implantação <strong>de</strong> parques<br />

e espaços mais abertos po<strong>de</strong>rá beneficiar a um maior número <strong>de</strong> pessoas, e uma área<br />

ver<strong>de</strong>, com trabalho paisagístico <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> gramados, arbustos e árvores,<br />

25


po<strong>de</strong> trazer benefícios para a comunida<strong>de</strong>. Adicionalmente, esse tipo <strong>de</strong> uso não<br />

implica a construção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s estruturas no local, apenas pequenas e leves<br />

construções como prédios administrativos e sanitários públicos.<br />

Essas pequenas construções <strong>de</strong>vem ser, no entanto, construídas <strong>de</strong> modo a evitar o<br />

acúmulo <strong>de</strong> biogás na base ou em seu interior e <strong>de</strong>vem resistir aos recalques<br />

diferenciais.<br />

Em função dos possíveis problemas relacionados à baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> su<strong>por</strong>te do<br />

terreno e à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infiltração <strong>de</strong> gases com alto po<strong>de</strong>r combustível e explosivo<br />

(metano), a implantação <strong>de</strong> edificações sobre os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> lixos <strong>de</strong>sativados é<br />

<strong>de</strong>saconselhável.<br />

As <strong>áreas</strong> encerradas po<strong>de</strong>m também ser utilizadas para pastagens ou plantações (<strong>de</strong><br />

grãos, lenhosas, viveiros <strong>de</strong> mudas etc.), observando-se, em ambos os casos, a<br />

recomendação <strong>de</strong> que a camada utilizada para o plantio (acima da camada selante<br />

argilosa) seja suficiente para garantir que as raízes não entrem em contato com os<br />

resíduos dispostos, sugerindo-se que as raízes cheguem, no máximo, até a camada <strong>de</strong><br />

argila da cobertura final.<br />

Em qualquer caso, a requalificação do local <strong>de</strong>ve pro<strong>por</strong>cionar uma integração à<br />

paisagem do entorno e às necessida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong> local, sendo recomendável a<br />

participação <strong>de</strong> seus representantes nessa <strong>de</strong>cisão.<br />

6 – Critérios a serem Observados no Encerramento <strong>de</strong> Lixões em<br />

Processos <strong>de</strong> Licenciamento Ambiental <strong>de</strong> Sistemas A<strong>de</strong>quados <strong>de</strong><br />

Disposição Final <strong>de</strong> RSU<br />

Quando o município optar <strong>por</strong> implantar um sistema tecnicamente a<strong>de</strong>quado para<br />

disposição final dos resíduos sólidos urbanos como um Aterro Sanitário ou uma Usina<br />

<strong>de</strong> Triagem e Compostagem, a recuperação do antigo lixão não <strong>de</strong>ve ser esquecida.<br />

Juntamente com os projetos e estudos ambientais do novo local <strong>de</strong> disposição <strong>de</strong><br />

resíduos, <strong>de</strong>ve ser apresentado um Plano <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong> Áreas Degradadas <strong>por</strong><br />

Lixões, contemplando, no mínimo, as seguintes informações:<br />

1) caracterização e i<strong>de</strong>ntificação do empreendimento e dos responsáveis pelo projeto;<br />

26


2) levantamento topográfico/cadastral com indicação <strong>de</strong> cursos d’água, poços ou<br />

cisternas e edificações existentes no entorno;<br />

3) caracterização geológica/geotécnica da área;<br />

4) diagnóstico ambiental simplificado;<br />

5) <strong>de</strong>finição dos problemas a resolver e dos objetivos da recuperação;<br />

6) monitoramento, controles e medidas mitigadoras propostas;<br />

7) escolha do uso futuro da área;<br />

8) <strong>de</strong>senvolvimento do memorial <strong>de</strong>scritivo das propostas para os processos <strong>de</strong><br />

recuperação, contendo orientações para execução dos serviços <strong>de</strong> reconformação<br />

geométrica, selagem do lixão, drenagem das águas pluviais, drenagem dos gases,<br />

drenagem e tratamento dos lixiviados, cobertura vegetal e isolamento da área.<br />

7 – Conclusões<br />

A remediação a ser implementada nas <strong>áreas</strong> <strong>de</strong>gradadas <strong>por</strong> lixões e,<br />

consequentemente, o tempo necessário para se atingir a completa inertização da<br />

massa <strong>de</strong> lixo é variável, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> comprometimento da área, dos<br />

recursos financeiros disponíveis e da concepção adotada. Cabe à Prefeitura, com<br />

apoio <strong>de</strong> assessoria técnica especializada, a elaboração do respectivo projeto, que<br />

<strong>de</strong>ve <strong>de</strong>finir os custos e cronograma para implementação das referidas medidas <strong>de</strong><br />

recuperação e <strong>reabilitação</strong> da área.<br />

Como ações essenciais objetivando o encerramento, recomendam-se a reconformação<br />

do maciço <strong>de</strong> resíduos com uma geometria estável, a selagem do lixão com uma<br />

camada <strong>de</strong> terra relativamente impermeável, além da implantação <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong><br />

drenagem superficial para <strong>de</strong>svio das águas <strong>de</strong> chuva da massa <strong>de</strong> resíduos aterrados,<br />

drenagem e queima controlada dos gases, drenagem e tratamento dos lixiviados e a<br />

revegetação da área.<br />

A proposta <strong>de</strong> uso futuro da área <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar que os resíduos aterrados ainda<br />

permanecem em processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição após o encerramento das ativida<strong>de</strong>s <strong>por</strong><br />

períodos relativamente longos, que po<strong>de</strong>m ser superiores a 10 anos.<br />

27


8 – Referências Bibliográficas<br />

ALBERTE, E. P. V.; CARNEIRO, A. P.; KAN, L. Recuperação <strong>de</strong> <strong>áreas</strong> <strong>de</strong>gradadas<br />

<strong>por</strong> disposição <strong>de</strong> resíduos sólidos urbanos. IN: Diálogos & Ciências – Revista<br />

eletrônica da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tecnologia e Ciências <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana. Ano II, n. 5, jun.<br />

2005 (www.ftc.br/revistafsa).<br />

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 8849:<br />

Apresentação <strong>de</strong> Projetos <strong>de</strong> Aterros Controlados <strong>de</strong> Resíduos Sólidos Urbanos:<br />

classificação. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1985.<br />

______. NBR 10004: Resíduos Sólidos – classificação. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2004.<br />

______. NBR13896: Aterros <strong>de</strong> resíduos não perigosos – Critérios para projeto,<br />

implantação e operação. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1997.<br />

______. NBR 8419: Apresentação <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> aterros sanitários <strong>de</strong> resíduos sólidos<br />

urbanos: procedimento. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1992.<br />

CONSELHO DE POLÍTICA AMBIENTAL (Minas Gerais). Deliberação Normativa nº 52,<br />

<strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001. Convoca os municípios para o licenciamento ambiental <strong>de</strong><br />

sistema a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> disposição final <strong>de</strong> lixo e dá outras providências. Minas Gerais,<br />

Belo Horizonte, 15 <strong>de</strong>z. 2001.<br />

CONSELHO DE POLÍTICA AMBIENTAL (Minas Gerais). Deliberação Normativa nº 118,<br />

<strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2008. Altera os artigos 2º, 3º e 4º da Deliberação Normativa 52/2001,<br />

estabelece novas diretrizes para a<strong>de</strong>quação da disposição final <strong>de</strong> resíduos sólidos<br />

urbanos no Estado, e dá outras providências. Minas Gerais, Belo Horizonte, 28 jun.<br />

2008.<br />

FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – FEAM. Como <strong>de</strong>stinar os resíduos<br />

sólidos urbanos. Belo Horizonte: FEAM, 1995. 47p.<br />

INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL – IBAM. Manual <strong>de</strong><br />

Gerenciamento Integrado <strong>de</strong> Resíduos Sólidos. Rio <strong>de</strong> Janeiro: IBAM, 2001. 200p.<br />

28


INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS – IPT; COMPROMISSO<br />

EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM – CEMPRE. Lixo Municipal: Manual <strong>de</strong><br />

Gerenciamento Integrado. 2ª edição. 370 p. São Paulo, 2000.<br />

TEIXEIRA, C. Z. Manual <strong>de</strong> procedimentos para recuperação ambiental <strong>de</strong> lixões<br />

em Minas Gerais. Belo Horizonte: FEAM, 2008.<br />

29

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