15.04.2013 Views

Estudo de Caso: Malharia Santa Gemma - Salaviva.com.br

Estudo de Caso: Malharia Santa Gemma - Salaviva.com.br

Estudo de Caso: Malharia Santa Gemma - Salaviva.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Caso</strong><<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

S&OP<<strong>br</strong> />

Implementando a estratégia <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

manufatura na <strong>Malharia</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Gemma</strong> 1<<strong>br</strong> />

A <strong>Malharia</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Gemma</strong> 1 , sediada em São Paulo, produz tecidos<<strong>br</strong> />

para confecção <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> vestuário, tendo um faturamento anual <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> R$<<strong>br</strong> />

120 milhões. Em 1994, ela produzia cerca <strong>de</strong> 900 produtos finais diferentes, entre<<strong>br</strong> />

tecidos lisos, listados e estampados. O processo produtivo da maioria dos produtos<<strong>br</strong> />

envolve a fa<strong>br</strong>icação do tecido, o tingimento e o acabamento. A empresa produz cerca<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> 70 tecidos diferentes, sendo que a gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos finais é<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>corrente da varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cores para cada tecido, cerca <strong>de</strong> 10 a 12 cores diferentes.<<strong>br</strong> />

Estes produtos atendiam diversos mercados, alguns <strong>de</strong>les priorizavam preço baixo<<strong>br</strong> />

(confecções médias e gran<strong>de</strong>s que <strong>com</strong>pravam alto volume <strong>de</strong> uma varieda<strong>de</strong> restrita<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> produtos), enquanto outros priorizavam varieda<strong>de</strong>, inovação e flexibilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

(confecções pequenas que <strong>com</strong>pravam pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vários produtos<<strong>br</strong> />

diferentes).<<strong>br</strong> />

Após um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão estratégica, no final <strong>de</strong> 1994, a<<strong>br</strong> />

empresa <strong>de</strong>cidiu focar seus esforços para <strong>com</strong>petir nos mercados que requeriam alto<<strong>br</strong> />

volume e baixo preço. Infelizmente isto não po<strong>de</strong>ria ser feito <strong>de</strong> uma hora para outra,<<strong>br</strong> />

pois a empresa ainda não se consi<strong>de</strong>rava apta para <strong>com</strong>petir eficazmente em preço<<strong>br</strong> />

nestes mercados. No início <strong>de</strong> 1995 foi então iniciado um processo <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

equipamentos no setor <strong>de</strong> tinturaria, <strong>de</strong>sativando máquinas <strong>de</strong> porte médio e pequeno,<<strong>br</strong> />

mais flexíveis mas pouco produtivas, substituídas por máquinas <strong>de</strong> maior porte, mais<<strong>br</strong> />

produtivas mas requerendo lotes mínimos maiores. A troca foi feita progressivamente e<<strong>br</strong> />

finalizada em meados <strong>de</strong> 1995.<<strong>br</strong> />

Como a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada pelos mercados <strong>de</strong> alto volume<<strong>br</strong> />

consumia apenas cerca <strong>de</strong> 65% da nova capacida<strong>de</strong> produtiva (a direção avaliou em 6<<strong>br</strong> />

meses o período necessário para que a troca dos equipamentos gerasse a esperada<<strong>br</strong> />

redução <strong>de</strong> custos e a empresa firmasse sua posição <strong>com</strong>petitiva, aumentando sua<<strong>br</strong> />

fatia <strong>de</strong> mercado), a empresa consi<strong>de</strong>rou que seria a<strong>de</strong>quado aproveitar a parte da<<strong>br</strong> />

capacida<strong>de</strong> que ficaria ociosa para produzir produtos para os mercados <strong>de</strong> baixo<<strong>br</strong> />

volume e varieda<strong>de</strong>. Estes produtos permitiam margens mais altas e, havendo<<strong>br</strong> />

capacida<strong>de</strong> disponível, não parecia fazer sentido abandoná-los <strong>de</strong> imediato. A empresa<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>finiu que os produtos <strong>de</strong> alto volume seriam produzidos para estoque, a partir <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />

processo <strong>de</strong> previsão <strong>de</strong> vendas, enquanto que os <strong>de</strong>mais seriam produzidos contra<<strong>br</strong> />

pedido, requerendo um prazo <strong>de</strong> entrega <strong>de</strong> 15 dias.<<strong>br</strong> />

No final <strong>de</strong> 1995, a <strong>Santa</strong> <strong>Gemma</strong> viu-se em dificulda<strong>de</strong>s. Sua fatia <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

mercado nos produtos <strong>de</strong> alto volume não havia aumentado, <strong>com</strong>o era o esperado.<<strong>br</strong> />

Pior que isso, o mercado estava <strong>de</strong>scontente <strong>com</strong> o seu <strong>de</strong>sempenho nas entregas, já<<strong>br</strong> />

que o objetivo <strong>de</strong> entrega imediata nesses produtos não havia se concretizado,<<strong>br</strong> />

ocorrendo freqüentemente falta <strong>de</strong> produtos em estoque por atrasos na produção. A<<strong>br</strong> />

participação dos produtos <strong>de</strong> baixo volume havia aumentado e, fruto da falta <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

1 Este exemplo foi extraído da experiência dos autores. O nome da empresa e algumas <strong>de</strong> suas<<strong>br</strong> />

características foram mascaradas para impedir a i<strong>de</strong>ntificação, sem contudo alterar a essência da<<strong>br</strong> />

situação pela qual passou a empresa.<<strong>br</strong> />

- Pág. 1 -


<strong>Caso</strong><<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

S&OP<<strong>br</strong> />

Implementando a estratégia <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

manufatura na <strong>Malharia</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Gemma</strong> 1<<strong>br</strong> />

flexibilida<strong>de</strong> dos equipamentos, os estoques <strong>de</strong>sses produtos estavam aumentando<<strong>br</strong> />

sem perspectiva <strong>de</strong> redução, já que muitos produtos (cores) eram praticamente<<strong>br</strong> />

exclusivos <strong>de</strong> um ou dois clientes. Altos custos <strong>com</strong> estoque, nível <strong>de</strong> serviço a clientes<<strong>br</strong> />

ruim e baixa produtivida<strong>de</strong> eram os resultados da ina<strong>de</strong>quação do novo setor produtivo<<strong>br</strong> />

aos mercado que a empresa estava efetivamente aten<strong>de</strong>ndo. Uma análise mais<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>talhada da situação mostrou, entre outros aspectos, o seguinte:<<strong>br</strong> />

• O <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> moda (equivalente à engenharia <strong>de</strong> produto), criado em<<strong>br</strong> />

meados <strong>de</strong> 1994, havia ficado fora das discussões referentes às mudanças na<<strong>br</strong> />

manufatura e continuava a lançar novos produtos, aumentando a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

tecidos e cores “em cartela” (produtos <strong>de</strong> baixo volume);<<strong>br</strong> />

• Os representantes <strong>com</strong>erciais, responsáveis pela venda dos produtos em todo o<<strong>br</strong> />

Brasil continuavam ven<strong>de</strong>ndo aquilo que o mercado queria <strong>com</strong>prar, sendo que<<strong>br</strong> />

a base existente <strong>de</strong> clientes continuava a solicitar produtos <strong>de</strong> baixo volume;<<strong>br</strong> />

• No dia a dia, o setor <strong>de</strong> programação <strong>de</strong> produção era o<strong>br</strong>igado a <strong>de</strong>cidir so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

a priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> produção, algumas referentes a produtos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

alto volume para estoque e outras para produtos <strong>de</strong> baixo volume, <strong>com</strong> pedidos<<strong>br</strong> />

já em carteira. Por pressão da área <strong>com</strong>ercial e dos clientes que já tinham<<strong>br</strong> />

pedidos colocados, as or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> baixo volume<<strong>br</strong> />

acabavam ganhando priorida<strong>de</strong>, o que gerava atrasos na produção para<<strong>br</strong> />

estoque, dificultando a pronta entrega <strong>de</strong> produtos que a empresa<<strong>br</strong> />

originalmente pretendia priorizar;<<strong>br</strong> />

O que ficou patente para a direção da empresa foi que a <strong>Santa</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Gemma</strong> não havia conseguido implementar sua nova estratégia, pois no dia a dia, as<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>cisões operacionais, seja do planejamento da produção, da área <strong>com</strong>ercial ou do<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> moda, não refletiam a estratégia <strong>de</strong>finida. Foi então, no início <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

1996, que a empresa iniciou a implantação <strong>de</strong> um processo formal <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

produção <strong>de</strong> longo prazo em famílias <strong>de</strong> produtos, buscando integrar os principais<<strong>br</strong> />

setores da empresa em torno das <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> produção. Em a<strong>br</strong>il daquele ano foi<<strong>br</strong> />

realizada a primeira reunião <strong>de</strong> sales and operations planning.<<strong>br</strong> />

Ao longo <strong>de</strong> 1996 a empresa conseguiu reverter a situação, firmando<<strong>br</strong> />

seu lugar no mercado <strong>de</strong> alto volume e abandonando progressivamente o mercado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

baixo volume, <strong>com</strong>o era <strong>de</strong>sejado. O processo <strong>de</strong> S&OP passou a estabelecer diretrizes<<strong>br</strong> />

mais claras para o <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> moda, na sua função <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

novos produtos, cujo planejamento passou a ser discutido e negociado <strong>com</strong> os <strong>de</strong>mais<<strong>br</strong> />

setores, sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista os objetivos estratégicos da <strong>Santa</strong> <strong>Gemma</strong>. A área<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>ercial <strong>com</strong>eçou a elaborar um plano <strong>de</strong> vendas que refletia não só as necessida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

do mercado (através da previsão <strong>de</strong> vendas), mas também os objetivos da empresa,<<strong>br</strong> />

estabelecendo cotas máximas para os produtos <strong>de</strong> baixo volume, o que possibilitou<<strong>br</strong> />

que o Gerente <strong>com</strong>ercial <strong>de</strong>senvolvesse um sistema <strong>de</strong> incentivo aos representantes<<strong>br</strong> />

que induzisse o esforço para o cumprimento do plano <strong>de</strong> vendas estabelecido. A<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sagregação do plano agregado no planejamento <strong>de</strong> produtos finais passou a ser<<strong>br</strong> />

feita <strong>de</strong> forma que as priorida<strong>de</strong>s do dia a dia ficassem bastante claras: po<strong>de</strong>ria ser<<strong>br</strong> />

- Pág. 2 -


<strong>Caso</strong><<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

S&OP<<strong>br</strong> />

Implementando a estratégia <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

manufatura na <strong>Malharia</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Gemma</strong> 1<<strong>br</strong> />

tolerado um atraso <strong>de</strong> entrega para os produtos <strong>de</strong> baixo volume, mas não <strong>de</strong>veria<<strong>br</strong> />

faltar produto <strong>de</strong> alto volume em estoque para entrega imediata. Assim a <strong>Santa</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Gemma</strong> conseguiu reduzir seus custos e melhorar o atendimento a clientes nos<<strong>br</strong> />

mercados que havia <strong>de</strong>cidido priorizar.<<strong>br</strong> />

- Pág. 3 -


<strong>Caso</strong><<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

Perguntas:<<strong>br</strong> />

S&OP<<strong>br</strong> />

Implementando a estratégia <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

manufatura na <strong>Malharia</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Gemma</strong> 1<<strong>br</strong> />

1. O grupo vê alguma similarida<strong>de</strong> entre o caso da <strong>Santa</strong> <strong>Gemma</strong> e a Monsanto em<<strong>br</strong> />

relação ao processo <strong>de</strong> planejamento? Quais?<<strong>br</strong> />

2. Descreva <strong>com</strong> seu grupo que ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro da Monsanto fazem o papel do<<strong>br</strong> />

processo <strong>de</strong> Sales & Operations Planning. Estruture em linhas gerais <strong>com</strong>o o grupo<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>ra que o processo atual po<strong>de</strong>ria ser melhorado no sentido <strong>de</strong> se obter um<<strong>br</strong> />

processo a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> Sales & Operations Planning?<<strong>br</strong> />

3. Que vantagens um processo <strong>de</strong> S&OP a<strong>de</strong>quado po<strong>de</strong>ria trazer à Monsanto?<<strong>br</strong> />

Este documento faz parte do material que <strong>com</strong>põe o livro:<<strong>br</strong> />

Planejamento, Programação e Controle da Produção<<strong>br</strong> />

MRP II / ERP: Conceitos, Uso e Implantação<<strong>br</strong> />

Henrique L. Corrêa, Irineu G. N. Gianesi, Mauro Caon<<strong>br</strong> />

Editora Atlas – 4 ª edição – 2001<<strong>br</strong> />

ISBN 85-224-2502-7<<strong>br</strong> />

Este e outros documentos associados ao livro estão disponíveis em:<<strong>br</strong> />

http://www.salaviva.<strong>com</strong>.<strong>br</strong>/livro/ppcp<<strong>br</strong> />

- Pág. 4 -

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!