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Lista_8_-_25_04_2011..

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DATA: 15 / <strong>04</strong> / 2011<br />

Tipos de Rua<br />

Professora Regina.<br />

Visão Vestibulares<br />

LITERATURA<br />

1<br />

Professora:<br />

REGINA<br />

Juarez Moreira Filho: piauiense, foi trazido pela família para Dueré, no estado de Goiás, no período da<br />

exploração de cristal naquela região; formado em Direito, contemporâneo.<br />

A obra é composta por treze contos narrados em 3ª pessoa, por um narrador externo, onisciente, que foi<br />

testemunha da maioria dos episódios que narra, resgatando-os da memória.<br />

Todas as narrativas são ambientadas na cidade de Dueré, pequena cidade situada no, então, norte do estado<br />

de Goiás,hoje, Tocantins, onde existia uma mina de cristal, que atraía garimpeiros de várias partes do país.<br />

Os protagonistas são pessoas de rua, muito comum no passado e que, hoje, estão desaparecendo graças ao<br />

desenvolvimento ou são ofuscadas pelas luzes das cidades grandes, como esclarece o narrador, em vários contos,<br />

através da metalinguagem. Essas personagens fazem parte do acervo folclórico de nosso povo. São alegres,<br />

maltrapilhos, solitários, astutos, discriminados, sem trabalho fixo ou reconhecido, reais, engraçados, tristes e<br />

humanos. Daí a importância da obra, pois resgata parte de nossas raízes sócio-culturais, evitando que esses tipos<br />

desapareçam, caindo no esquecimento. De forma velada, por mostrar,o autor denuncia injustiças sociais, abuso de<br />

poder, a impunidade de que essas personagens foram vítimas.<br />

A linguagem, predominante nos treze contos, é a oral, atribuindo às narrativas um caráter de “causos”, com<br />

vários registros da variedade regionalista da linguagem. O narrador fala ao leitor, com poucos discursos diretos e<br />

algumas digressões.<br />

Resumo dos contos:<br />

1º conto: O Bacana<br />

Sô Bacana era um tipo que parecia o dono da cidade, dava palpites, autoritário, gostava de pescar. Era motivo<br />

de chacota dos meninos, que pegavam um pedaço de pau, sujavam de “bosta de vaca”uma das pontas e provocam<br />

Sô Bacana até que ele punha as mãos sobre a sujeira.<br />

Certa vez, Sô Bacana foi pescar traíra na Fonte da Bica. Tirou as roupas. Foi embora com os<br />

peixes,esquecendo-se que estava nu. Quando lhe perguntavam o que era aquilo, ele respondia que eram traíras.<br />

O narrador afirma que foi testemunha do ocorrido e que jamais se esquecerá.<br />

2º conto: João da Rua.<br />

João da Rua era pobretão, corajoso, explosivo, ocioso, gostava de pescaria. Era casado com Laika, bonitona,<br />

que recebia homens, enquanto o marido era levado às pescarias.<br />

A mulher se apaixona por Dr. Carlos, médico de madames, que é chamado para consultá-la e a visita todos os<br />

dias. A cidade toda comenta. João mente à mulher que vai pescar, retorna e a flagra com o amante médico.<br />

Assassina-a e põe Dr. Carlos para fora, nu. Corre o processo. O julgamento é realizado em Gurupi,já que Dueré não<br />

possui comarca. O Promotor Público acusou João por duas horas. O réu não se mexeu. Dr. Fidalgo, advogado de<br />

João, falou que os “cornos” condenariam João os que não o fossem o absolveriam.<br />

3º conto: O Fogoiozinho<br />

Sô Meletinha, moreno, era casado com Carmem, mulher ímpar, bonita. O casal vivia bem, não discutia a não ser por<br />

algum motivo em relação à educação de um dos dez filhos. A cidade comentava, duvidava da paternidade do quarto<br />

filho, que era loiro, de olhos azuis. A criança brincava na rua,jogava bolinhas de gude.<br />

Carmem adoeceu. O marido lhe perguntou, no leito de morte, se Fogoiozinho era filho dele. A mulher lhe<br />

respondeu que ele era. Os outros nove é que não.<br />

4º conto: O Ligeirinho<br />

Ligeirinho era um menino diferente, rápido, traquinas e bom na escola. Cresceu. Chega da Bahia uma família<br />

com o sonho de enriquecer no garimpo, trazendo uma jovem, Rosinha.<br />

Em digressão, o narrador trata do garimpo.<br />

Ligeirinho e Rosinha começam namorar contra a vontade da mãe dele, Dona Pretinha, que sonhava ver o<br />

filho formava, que a levasse para o Rio de Janeiro. O narrador cita o ditado popular: “Água de morro abaixo, fogo de<br />

morro acima...”.


Rapidamente, o casal, sem noivado ou qualquer outra demora, vai ao cartório, mas não podem se casar porque ela é<br />

menor de idade. O Delegado foi chamado. Perguntou a Rosinha se ela era virgem e explicou que se não fosse,<br />

poderiam pedir o exame de conjunção carnal, que possibilitaria o casamento. O casal se vai.<br />

Antes do início do expediente vespertino, voltam. Ligeirinho diz ao delegado que podia pedir tal exame.<br />

O narrador conclui que certas Leis mandam praticar crimes.<br />

5º conto: Maria Louca<br />

A narrativa se inicia com o narrador questionando a loucura e a dor de ser louco. Maria Louca n/ao era<br />

propriamente louca. Andava pela cidade e se aproveitava de sua “loucura”. Algumas vezes ia ao prostíbulo. Ficou<br />

prenha. Conformou-se em criar o filho sozinha. Nasceu o filho de Maria Louca, que foi apelidado de Calango Tango. O<br />

próprio narrador afirma que estudou com ele, mas não se lembrava de seu nome. Era inteligentíssimo.<br />

Calango Tango foi para Brasília e nunca mais mandou notícias nem voltou. Maria vivia contando vantagens<br />

sobre o filho. Depois de muito tempo, sem saber nada sobre Calango, Maria juntou dinheiro e enviou a Brasília Zé do<br />

Demógenes. Talvez achassem que Brasília era do tamanho de Dueré. Zé do Demógenes, sem saber o endereço de<br />

calango, perguntava por ele na Rodoviária, nas redondezas. Cansado de carregar a mochila, pediu a um grupo de<br />

jovens, que a guardasse para ele. Andou, perguntou, sem resultado. Na volta, não encontrou nem a mochila, nem os<br />

jovens. Chamou a polícia, que o prendeu por vadiagem. Zé do Demógenes escreveu a Maria Louca, contando o<br />

acorrido. Ela ficou louca de vez. Foi amarrado a um pequizeiro. Morreu depois de dois anos de sofrimento. O narrador<br />

diz que é testemunha ocular do ocorrido.<br />

6º conto: Chico da Pretinha.<br />

O narrador inicia a narrativa tratando dos modismos. Em Dueré, barbearias se instalam em toda a cidade.<br />

Havia até professores de tesouras e navalhas espalhados pela cidade, sem nada cobras. Considera que antigamente,<br />

os barbeiros eram homens com h e duvida dos cabeleireiros de hoje.<br />

A mulher do barbeiro Raimundão é amante de um tipo de rua, galanteador e cocho, chamado Chico da<br />

Pretinha. O narrador testemunha quando contam ao barbeiro sobre o adultério e o nome do amante.<br />

O marido se arma e se prepara para a vingança. Chico da Pretinha, bem humorado,vai à barbearia de<br />

Raimundão, que afia por várias vezes a navalha e lhe faz a barba, com perfeição, com o revólver na cintura. Depois,<br />

pergunta a Chico se ele é bicha, até que ele confesse que é. Dá-lhe um tiro, que deixa o teto da barbearia marcado.<br />

7º conto: O Zé Preá<br />

Zé Preá, setenta anos, barbudo, pré-histórico até na fala, destruía fauna e flora, gostava de caçar onças.<br />

Vendia o couro antes, pois, hoje, há o IBAMA, etc...<br />

O narrador diz que, agora, as onças andam às soltas e têm aumentado demais.<br />

Em digressão, narra um episódio em que estava pescando em uma canoa, no Rio Formoso, quando viu uma leoa com<br />

dois filhotes tomando água tranquilamente na beira do rio. Lá estavam e lá continuaram. O narrador é que saiu, de<br />

mansinho. Comenta que, de carro, quase se toca nos lombos delas.<br />

Usando a metalinguagem, diz que voltará ao Zé Preá. Ele e o protagonista conversam sobre as onças. Zé<br />

Preá diz que deixou de caçar onças, depois que uma onça entrou no curral em busca de uma rês. Lutou a noite inteira<br />

com o boi que estava de guarda, O boi desapareceu e foi encontrado, muito tempo depois, morto, com o chifre<br />

enterrado no lombo na onça.<br />

O narrador, em digressão, denuncia o desmatamento, que provoca e escassez de alimento para os animais,<br />

fazendo com que eles se aproximem das cidades.<br />

Zé Preá diz que deixou de matar onça depois de dois fatos ocorridos. Primeiro, matou uma onça e, ao abrir a<br />

barriga da bicha, encontrou pedaços de rede, que comprovava que ela havia comido um caçador na espera, saltando<br />

como um macaco.<br />

Segundo, Zé Preá diz que viu a onça arrancar um quarto de égua pendurada e apeada, de uma árvore e sair<br />

arrastando.<br />

Os fiscais do IBAMA abordam o protagonista com uma onça nas costas. Ele ludibria os fiscais, dizendo que<br />

vai buscar as outras duas e não volta mais.<br />

Outros fiscais descaracterizados conversam em um bar. Zé Preá conta vantagem, dizendo que já matou mais<br />

de quinhentas onças. Os fiscais lhe dão voz de prisão e Zé Preá se identifica como o maior mentiroso do lugar.<br />

8º conto: Zé Calundu<br />

O narrador inicia a narrativa falando, através da metalinguagem, que dos diversos tipos de rua que conheceu,<br />

mandaria erguer um busto de Zé Calundu, em homenagem a todos eles. Lamenta-se pelo desaparecimento dos tipos<br />

de rua. Ao invés do busto, o autor os homenageia com a presente obra.<br />

Zé Calundu foi conhecido e homenageado por seus calundus. Era do tipo esquisito, magricela, barba rala,<br />

sempre por fazer. Não gostava de trabalho e conhecia dinheiro como ninguém. Sempre tinha moedas nos bolsos.<br />

Brigava quando a criançada o chamava de caipirinha, pois, certa vez, tomou caipirinha, tirou a roupa e, quando<br />

acordou, duas horas depois, queria bater em todo mundo que encontrava pela frente. No máximo, as crianças elegiam<br />

uma para passar perto de Zé Calundu e gritar:<br />

2


“Água”.<br />

Outra passava e falava:<br />

“Limão”<br />

E, assim, todos os ingredientes da caipirinha. Zé Calundu dizia:<br />

“Se misturar, eu mato”.<br />

9º conto: O Jóia<br />

O narrador afirma que conheceu pessoalmente o Jóia, que lhe deixou marcas profundas.<br />

O apelido dele se justifica, pois ele achava tudo jóia. O narrador considera que Jóia era solitário, e se condoia,<br />

na meninice por ele.<br />

Depois de um trecho anafórico, há um poema com o emprego de palavras metalinguísticas para caracterizar<br />

Jóia.<br />

O narrador afirma que chorou, ao saber, no mês passado, da morte de Jóia.<br />

10º conto: Maria Madalena<br />

Maria Madalena, negra, alta, calçava 46, usava várias fitas no cabelo, bonita, vestia-se tudo combinando. Sua<br />

característica mais marcante era a ignorância. De memória invejável, sem nunca ter ido à escola, tinha uma<br />

explicação para tudo.<br />

Elisabeth, sua filha mais velha, pediu ajuda à mãe para fazer um trabalho de Geografia. Ela lhe dá explicações<br />

empíricas, que contrariam a ciência. Elisabeth tira ZERO no trabalho. Maria Madalena vai à escola da filha. O narrador<br />

afirma que jamais se esqueceu do festival de asneiras.<br />

11º conto: O Soldado Barroso e O Espinha Quebrada.<br />

O narrador afirma que não acredita na impunidade e nem em crime perfeito. Em Dueré, nos tempos do<br />

garimpo, aconteceram vários crimes horríveis. Um deles, foi o assassinato do Negão do Sô Mundico, rapaz bom, que<br />

vestia roupas velhas dos soldados e vivia apitando, para lhe roubarem uma pedra de cristal-de-rocha, que ele havia<br />

achado. Foi um crime quase perfeito.<br />

O crime foi investigado, mas nada ficou esclarecido. Na festa religiosa do padroeiro da cidade, Santo Antônio,<br />

dois tipos de rua: o soldado Barroso, que vivia bêbado pelos botecos e o ex-praça da polícia, conhecido como Espinha<br />

Quebrada, que, certamente, foi expulso da Polícia Militar da Bahia, troncudos, baixos, cheios de escárnios, bebiam<br />

cerveja, quando um casal de araras cortou o céu, olhando para eles e crocitando sem parar. Pousaram em um galho<br />

seco e continuaram fazendo barulho. Foi então que soldado Barroso perguntou ao Espinha Quebrada se não seriam<br />

as mesmas aves que os viram sangrar e enterrar o Negão do Sô Mundico. A pergunta foi ouvida por Zezinho,<br />

encarregado da limpeza nas barracas da festa, que elucidou um dos crimes mais hediondos de Dueré, o que leva o<br />

narrador a concordar com a assertiva que diz que não há crime perfeito.<br />

12º conto: O Cabo Venta Chata<br />

O narrador inicia a narrativa denunciando o descaso com a população do norte do estado de Goiás, hoje,<br />

Tocantins. O povo vivia a esmo, sofrendo falta de água, energia, estrada, escola. A polícia mandava para lá bandidos,<br />

mau pagadores, cachaceiros, etc.<br />

Foi nomeado Comandante do Destacamento Policial de Dueré, chamada, na narrativa, no diminutivo,<br />

indicando simpatia e dó, um certo cabo Venta Chata, que vivia explicando o significado daqueles dois macarrõezinhos<br />

na gandola, exibindo a autoridade que possuía. Vez ou outra tomava cachaça e saía armado pelas ruas de Dueré,<br />

fazendo o povo ir dormir mais cedo, dizendo que conhecia a Constituição Brasileira como a palma de sua mão.<br />

O narrador diz que testemunhou quando Severino, o menino mais atentado de sua sala, fazia todos rirem, foi<br />

ameaçado por Das Dores, professora, que é ironizada pelo narrador. Severino escreve no quadro: “DAS DORES<br />

VOCÊ É BOAZUDA!” Um puxador de saco, correu e chamou Venta Chata, que levou o menino preso. Na rua, o cabo<br />

conduziu o menino amigavelmente. Ao chegarem à delegacia, bateu em Severino. Os meninos da escola foram pedir<br />

ao cabo Venta Chata que libertasse o menino. Ele respondeu que “Tava fazendo Justiça”! Foi a primeira vez que o<br />

narrador ouviu a palavra JUSTIÇA!<br />

13º conto: O Lelé da Cuca<br />

Lelé da Cuca era um tipo insignificante, magro, alto, de cabelos longos, que andava sem ter onde ir, que<br />

estudou com o narrador.<br />

Certa vez, um deputado, candidato à reeleição, foi à escola, entregou dinheiro para as crianças comprarem<br />

balinhas, bolinhas de gude. Depois, cada uma levou uma cédula eleitoral preenchida. O candidato falou que era capaz<br />

de disponibilizar verbas para a cidade de Dueré, que era o único capaz de conseguir construir uma escola grande,<br />

murada e comprou instrumentos, com recursos próprios, para compor uma banda para os alunos da escola.<br />

Passada a eleição, o deputado não foi reeleito. Um avião bimotor pousou em Dureré e levou todos os<br />

instrumentos da banda.<br />

3

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