maria fernanda vieira rosa - Uneb
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB<br />
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I<br />
CURSO DE PEDAGOGIA<br />
MARIA FERNANDA VIEIRA ROSA<br />
O SENTIDO DA POESIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:<br />
A FUNÇÃO SOCIAL E ALGUMAS POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS<br />
Salvador<br />
2009
MARIA FERNANDA VIEIRA ROSA<br />
O SENTIDO DA POESIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:<br />
A FUNÇÃO SOCIAL E ALGUMAS POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS<br />
Trabalho de conclusão de curso<br />
apresentado ao Departamento de<br />
Educação da Universidade do Estado da<br />
Bahia, Campus I, como requisito final para<br />
obtenção do grau de Pedagogia com<br />
Habilitação em Magistério para Educação<br />
Pré-escolar, sob orientação do professor Dr<br />
Raphael Rodrigues Vieira Filho<br />
Salvador<br />
2009
MARIA FERNANDA VIEIRA ROSA<br />
O SENTIDO DA POESIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:<br />
A FUNÇÃO SOCIAL E ALGUMAS POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS<br />
Monografia apresentada ao Curso de graduação em Pedagogia Pré-escolar, do<br />
Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, Campus I, para<br />
avaliação, em ____ de ____________ de 2009, e ___________________________<br />
pela seguinte banca examinadora.<br />
Orientador:<br />
Banca:<br />
Professor Dr Raphael Rodrigues Vieira Filho<br />
Departamento de Educação — UNEB/Campus I<br />
Professora Cleide Magali dos Santos<br />
Departamento de Educação — UNEB/Campus I<br />
Professor Otoniel Rocha Cavalcante<br />
Departamento de Educação — UNEB/Campus I<br />
Salvador<br />
2009
Mariposas lilases<br />
Todas as doces pessoas que conheci<br />
No meio-fio da vida<br />
E que me escaparam das mãos<br />
De uma maneira ou de outra<br />
Como um pássaro escapa<br />
Como um sopro escapa<br />
De dentro dos ossos<br />
Voltem me enlacem me envolvam<br />
Me ajudem a suportar<br />
O peso quieto das palavras<br />
O rumor invisível das águias<br />
Por que se perderam de mim<br />
Essas doces pessoas?<br />
Tragam de volta seus rostos<br />
Como frutas de seda numa bandeja<br />
Como mariposas lilases<br />
(Roseana Murray)<br />
Dedico este pequeno trabalho monográfico, a Camila Carvalho pequena mariposa<br />
de asas quebradas colega do curso de Pedagogia-Campus I UNEB, forçada a<br />
abandonar a graduação. Consciência de nós não bastou, a minha vontade<br />
enfraquecida, confessamento meu. Também a deixei ir. A Camila que nos<br />
surpreende lutando contra as adversidades, persiste, faz o vestibular pela segunda e<br />
vez e retoma o curso de Pedagogia.<br />
A Cleide Magali, em princípio pela presença feminina cujos adjetivos cabem sim, é<br />
uma linda mulher, educadora, ela não ameniza a crueza da realidade e nem as<br />
veleidades de nossas ações, no processo formativo.<br />
As situações, provocadas por ela em sala de aula tornam a sua docência crítica,<br />
questionadora e reflexiva.<br />
Instigadora, consciente e parcial. A relação com seus alunos é permeada pela ética<br />
e criticidade apreendidos no campo de sua formação e trazidos para a sala de aula,<br />
excetuando o favoritismo e a condescendência. Afeita a desordenar, a suscitar<br />
questionamentos. Magali... a vejo como a personagem de Saramago e presente<br />
constante em Neidson Rodrigues. Cada dia verei menos.<br />
Em Magali... Será? O que podemos fazer?... Intentou nos fazer ver, para além de<br />
toda e qualquer afetação, e superficialidade.
AGRADECIMENTO<br />
De todo o meu passado, boas e más recordações!<br />
Quero viver meu presente e lembrar tudo depois,<br />
Nesta vida passageira eu sou eu você é você<br />
Isto é o que mais me agrada, isto é o que me faz dizer<br />
Que vejo flores em você!<br />
Que vejo flores em você!<br />
Que vejo flores em você! (SCANDURRA, 1986).<br />
Ao encerrar a minha labiríntica jornada acadêmica na graduação de<br />
pedagogia, lembro das pessoas, com as quais convivi e que contribuíram de forma<br />
significativa durante o período em que estive a lutar pela minha aprendizagem, e<br />
permanência, na Graduação.<br />
O aprendizado foi intenso e enriquecedor, também doloroso, árduo<br />
intrinsecamente contraditório e conflituoso, e na base desses conflitos foi onde pude<br />
resistir e transformar essa resistência em afirmação das minhas escolhas, em não<br />
deixar que o meu espírito, se atingido, não o fosse corrompido ou levado por<br />
ideologias e interesses alheios aos desejos e sonhos que aqui me trouxeram. Essa<br />
percepção também me manteve receptiva para admirar muitas pessoas que<br />
conhecei nesse espaço.<br />
Muito embora a construção de uma monografia — por suas características<br />
intrínsecas — seja um trabalho de realização individual, expresso aqui meus<br />
agradecimentos à disponibilidade científica e pessoal ao tempo em que também<br />
reconheço a orientação atenda e dedicada do Professor Doutor Raphael Rodrigues<br />
Vieira Filho circunstâncias através das quais meus escritos tomaram um norte.<br />
Tauana, Custódio, Maria Fernanda. Encontro único. Amigos. As minhas<br />
mariposas mais frágeis e queridas, as nossas trocas infindáveis, os risos e as<br />
nossas diferenças, diferenças tão difíceis e ao mesmo tempo compreensíveis de<br />
lidar. Tauana, uma valkiria/mariposa que esteve ao meu lado, desde o começo e com<br />
a qual pude contar. Não traçamos a travessia, mas estivemos amparadas, nas<br />
diferenças, e semelhanças, que somos e nos une, na amizade surgida naquele<br />
instante em que nos conhecemos, no caminho permeado por muitos percalços,<br />
contrastes, entendimentos e desentendimentos. Aprendemos a nos apoiar e<br />
respeitar. Custódio o colega, apoio, o encontro, o distanciamento. Custódio o<br />
reencontro, a descoberta. O encantamento.
Ao professor Alan Sampaio, cujo temor em relação a mim predizia, as coisas<br />
não condensavam idéias. Mesmo ante as suas ignorãças 1 de mim, agradeço-o pelo<br />
seu olhar e dedicação.<br />
Aos professores começo pelos que não esquecerei, todo o meu respeito ao<br />
professor Otoniel Rocha Cavalcante, cuja integridade, e experiência o mantém livre<br />
da perversa e ambígua postura de orientar, delimitar e avaliar os seus alunos,<br />
segundo uma ótica narcísica. Criterioso, perspicaz, metódico e, sobretudo honesto.<br />
Cumpre o seu papel de mestre dentro dos padrões que são exigidos para o<br />
exercício docente na instituição: a metodologia, a ementa, a mediação, a<br />
responsabilidade e o cumprimento ao calendário acadêmico, e avaliação criteriosa.<br />
À Ângela Maria Camargo pelo incentivo e reconhecimento. À professora<br />
Nadja Maria Nunes Bittencourt por ter sido a primeira a nos apresentar à educação<br />
infantil brasileira, seus aspectos, autores finalidades e incongruências, e finalmente<br />
onde nos situávamos nesse patamar, o que teríamos a aprender, e o que podemos<br />
fazer para a construção da nossa docência como educadoras na educação infantil<br />
norteando e dando sentido ao curso.<br />
Patrícia Carla da Hora Correa e professora Virginia Vaz Pimentel, a primeira<br />
por ter orientado a Regência e pôs-me diante da escolha mais significativa para o<br />
meu aprendizado sem dúvida, tê-lo feito numa Instituição que não estivesse<br />
esfacelada pôde preencher lacunas que o espaço acadêmico não favoreceu. A<br />
interação dialógica, e o aprendizado na escola por ela indicada tornaram possível<br />
um aprendizado verdadeiro e enriquecedor, que de outra forma não ocorreria. Pude<br />
aliar o meu conhecimento e acervo pessoal, ao aprendido na Graduação, ao que a<br />
escola e as crianças esperavam que eu tivesse a oferecer. Não fui podada ou<br />
engessada. Desfiz-me de alguns receios e fui incentivada a poder fazer, a criar a<br />
poder propor, a defender o que tinha a oferecer, e compartilhar o que era possível,<br />
portanto este agradecimento à Patrícia da Hora estende-se à escola Baronesa de<br />
Sauípe, e todos profissionais que atuam nesta escola.<br />
1 Auto-retrato: Venho de um Cuiabá garimpo e de ruelas entortadas. Eu pai teve uma venda de<br />
bananas no beco da Marinha, onde nasci. Me criei no Pantanal da Corumbá, entre bichos do chão<br />
pessoas humildes aves e rios.Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar entre pedras e<br />
lagartos. Fazer o desprezível ser prezado é coisa que me apraz. Já publiquei 10 livros de poesia: ao<br />
publicá-los me sinto como que desonrado e fujo para o Pantanal onde sou abençoado a garças. Me<br />
procurei a vida inteira e não me achei - pelo que fui salvo. Descobri que todos os caminhos levam à<br />
ignorância.Não fui para a sarjeta porque herdei uma fazenda de gado.Os bois me recriam.Agora eu<br />
sou tão ocaso! Estou na categoria de sofrer do moral, porque só faço coisas inúteis. No meu morrer<br />
tem uma dor de árvore. BARROS, Manoel. O Livro das Ignorãças. Rio de Janeiro: Record, 2008.
À Rosana Rocha, pelo encontro de idéias e as possibilidades de dividir falas<br />
e questionamentos, de poder se indignar.<br />
O meu carinho pelas colegas Ângela, Solange e Fernanda Cristina por não se<br />
deixarem contaminar ou abater. A essa última com quem estive na regência, todo o<br />
meu respeito por ela cresceu diante do fato, de poder mais uma vez perceber a sua<br />
dedicação e companheirismo, com as colegas. Às colegas Mônica Carvalho e Ana<br />
Simone que lutaram árdua e sabiamente, conseguindo captar a essência das coisas,<br />
libertando-se dos entraves.<br />
Agradeço às turmas, que me receberam como aluna remanescente, tanto nas<br />
turmas em fui afetuosamente acolhida quanto nas quais prevaleceu o olhar<br />
distanciado e desconfiado sinal de nossos tempos embrutecedores, em que<br />
prevalece o cotidiano frio e distante, e no qual nossa luta se torna individual pelas<br />
necessidades, tenho boas lembranças de todas as turmas pelas quais passei, muito<br />
aprendi, mesmo que algumas reflexões tenham se concretizado depois.<br />
A remanescência pôde favorecer o contato com outras colegas e me<br />
aproximou de pessoas muito queridas como a Iolanda, a Ivone, e tantas outras.<br />
Ao Daniel Viveiros, um ser humano, essencialmente, maravilhoso. E que<br />
alimenta os meus silêncios, angústias e alegrias, com a sua escrita e os seus<br />
achados. E pela forma surpreendente de expor o seu senso comum. Sendo<br />
humanamente divertido, quando não me conforta com a sua escrita densa e<br />
apaixonada pela vida.<br />
Dentre as tantas pessoas que pude amar, durante esta trajetória, muitas<br />
deixarão impressões em mim, lembranças que jamais se perderão. Agradeço aos<br />
que me foram mais caros e amados, aos que me envolvem me enlaçam, com seus<br />
gestos e atitudes de amor, nas situações que se nos apresentam mais adversas<br />
assim como também naquelas circunstâncias que nos proporcionam prazer, alegria.<br />
Primeiramente gostaria de agradecer aos servidores e dentre eles, agradeço<br />
especial e afetuosamente a Edmilson Claudionor dos Santos, coordenador do setor<br />
administrativo, por ter suportado todo o peso dos meus excessos, humilde, solidário<br />
e amigo. Em suas funções sempre encontramos nele, a responsabilidade, e atenção<br />
devida ao atendimento junto aos estudantes, e professores.<br />
Aos funcionários da secretaria acadêmica, assim como aos funcionários do<br />
Departamento de Educação, tenho muito a agradecer, foram e serão pessoas muito<br />
especiais para mim cada rosto e sorriso, são doces lembranças.
Especialmente ao Jéferson, funcionário do SEIN, nosso centro de informática,<br />
à época, diante das fragilidades evidenciadas na área de metodologia e à minha<br />
inépcia ou quase total ignorância no uso das ferramentas virtuais, pude com o seu<br />
apoio construir, o meu primeiro projeto, sim o fizemos juntos, a interação pode, por<br />
outro lado, instigar em Jéferson o que adormecia nele, o desejo de estudar, na<br />
construção do meu projeto, o gesto de solidariedade demonstrado por ele em<br />
abdicar de suas horas pra dedicá-las a mim, me proporcionaram o prazer de<br />
descobrir em um funcionário, um amigo.<br />
A Rosana “uma secretária de futuro”. Agradeço-a e muito por ter me ensinado<br />
a produzir algumas atividades que poderão ser úteis na minha profissão docente,<br />
agradeço pelo lindo sorriso, a generosidade e a delicadeza.<br />
Especialmente também a Ramona Jatobá Macedo Menezes que aprendeu<br />
com as perdas, a fazer o novo, e como mãe brava e carinhosa a um só tempo,<br />
manda a gente ir em frente. Incentiva-nos a prosseguir.<br />
O equilíbrio e ponderação de Ednelza Ribeiro Badaró, como pude constatar<br />
um fruto da Instituição na qual trabalha, conduz o seu trabalho com ética, respeito no<br />
trato com as coisas e com as pessoas.<br />
Ao querido, e introspectivo, Jailton Lopes da Silva o coordenador da<br />
secretária acadêmica, de sorriso tímido e sincero. Tenho plena consciência do seu<br />
apoio sutil e criterioso. Lembrarei sempre.<br />
Agradeço também a dedicação de Jucira Santos Nunes, cuja paciência e<br />
atenção, estiveram em consonância com o seu trabalho, sem deixar de atender aos<br />
nossos inúmeros e constantes pedidos.<br />
À Maria Rute Leal Fontes e aos que ingressaram posteriormente junto ao<br />
grupo, à nova coordenadora da Secretaria Acadêmica Solange dos Santos Fraga, ao<br />
Diego Severiano de Amorim e ao Sergio Eduardo de Fraga.<br />
Muito importante também foi o apoio do coordenador de informática o Helton<br />
Araújo de Jesus que por inúmeras vezes me socorreu ante as minhas ignorâncias<br />
virtuais, e com apoio amigável todas as vezes que se fazia presente em sala de aula<br />
para dar suporte técnico.
Olham os poetas as crianças das vielas,<br />
mas não pedem cançonetas mas não<br />
pedem baladas o que elas pedem é que<br />
gritemos por elas as crianças sem livros<br />
sem ternura sem janelas as crianças dos<br />
versos que são como pedradas<br />
(MURALHA, 2009).<br />
Para além de qualquer intenção<br />
específica que a poesia possa ter, [...] há<br />
sempre comunicação de alguma nova<br />
experiência, ou uma nova compreensão<br />
do familiar, ou a expressão de algo que<br />
experimentamos e para o que não temos<br />
palavras - o que amplia nossa consciência<br />
ou apura nossa sensibilidade (ELLIOT,<br />
1991, p. 29).
Faça o novo!!!<br />
“Enquanto o sol faz o novo”.<br />
a cada dia faz o novo<br />
mais um uma vez faz o novo"<br />
(KUNG FUTSÉ, 551- 479 A.C.)<br />
Este poema já havia sido traduzido anteriormente por Ezra Pound, dando na sua famosa<br />
composição “Make it new”, e por Augusto de Campos, que o recriou da seguinte maneira: “renovar/<br />
dia sol/ a/ sol dia/ renovar”. O ideograma habitualmente traduzido por “renovar” ou “novo”, é formado<br />
pelo radical de “ereto” sobre o de “árvore”, ao lado do de “machado”: ao cortar a árvore que está de<br />
pé, o machado permite o seu renascimento. Nesse sentido nos pareceu mais próprio apreender esse<br />
ideograma pela tensão “nascer/nascente”, evidenciando a dinâmica do poema, que se dá na relação<br />
entre o momento de presentificação (nascer) e o processo constante que esse momento oculta<br />
(nascente). Tradução de Márcio-André e Manuel Antônio de Castro. Disponível em:<br />
RESUMO<br />
Este trabalho monográfico traz por tema a poesia. Poesia infantil. Caracterizase<br />
por ser uma pesquisa bibliográfica cuja tentativa maior é a de descobrir o(s)<br />
sentido(s) da poesia na educação infantil. Parte da premissa que, hoje, em sua<br />
generalidade, a função social da poesia infantil objetiva a aquisição da leitura e da<br />
escrita, dessa forma o sistema de educação a utiliza como subsídio às disciplinas<br />
escolares objetivando reforçar moralmente os laços familiares, patrióticos e<br />
eclesiásticos, tudo com o intuito de formar o cidadão para ocupar seu lugar no<br />
espaço social e não como possibilidade crítica à estrutura estabelecida. Nosso olhar<br />
— fundamentado antes em uma pedagogia crítica na qual, através da<br />
transdisciplinaridade se estabelece contatos com poetas de correntes diversas de<br />
pensamentos — tenta realizar uma breve crítica ao histórico da poesia infantil no<br />
Brasil ao tempo em que fazemos uma reflexão acerca dos Referenciais Curriculares<br />
Nacionais para a Educação Infantil, por ser esse um instrumento normativo e<br />
regulador do ensino destinado não só às instâncias governamentais de ensino como<br />
às escolas municipais e do Estado, e também às creches atreladas ao Estado. Por<br />
fim, identificamos algumas possibilidades pedagógicas da poesia infantil na escola.<br />
Considerando a função sociopoética antagônica à techné constante no percurso<br />
histórico da poesia infantil brasileira.<br />
Palavras-chave: Educação. Literatura infantil. Poesia infantil. Sociopoética.
ABSTRACT<br />
Monographic work whose theme is nursery rhymes. It is characterized as a literature<br />
search which is the largest attempt to find direction of poetry in early childhood<br />
education. Part of the premise that, today, in its generality, the social function of<br />
poetry for children aims to acquire reading and writing, so the education system to<br />
use as a subsidy for school subjects aiming morally strengthen family ties, patriotic<br />
and church, all with the aim of educating the citizen to occupy its place in social<br />
space as possible and not critical to the structure established. Before our eyes —<br />
based on a critical pedagogy in which, through transdisciplinarity is established<br />
contacts with poets from different currents of thought — try to hold a brief history of<br />
poetry criticism of the child in Brazil to the time when we thought about Reference of<br />
the National Curriculum for Children's Education, which is a legislative instrument for<br />
teaching and regulator not only to government bodies of education and to the state<br />
and municipal schools, kindergartens and also linked to the state. Finally, we<br />
identified some possibilities of poetry teaching children in school, considering the<br />
function poetics techne constant antagonistic to the historical path of the brazilian<br />
children's poetry.<br />
Keywords: Education. Children's literature. Nursery rhymes. Socio-poetic.
SUMÁRIO<br />
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 14<br />
2 TEMATIZANDO................................................................................................ 18<br />
2.1 A gênese da poesia: do mito-poético a suas determinantes ideológicas..................................................................................................................<br />
18<br />
2.2 Poesia infantil no Brasil............................................................................... 21<br />
3 POESIA E O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCA-<br />
ÇÃO INFANTIL (RCNEI)................................................................................. 31<br />
3.1 Há poesia no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil? 32<br />
3.2 Poesia na dimensão da leitura e da escrita pelo RCNEI........................... 33<br />
4 POESIA E EDUCAÇÃO................................................................................. 38<br />
4.1 Poesia para a criança ou criança para a poesia?...................................... 39<br />
4.2 Poesia na escola: algumas possibilidades pedagógicas......................... 40<br />
A INCONCLUSÃO.......................................................................................... 45<br />
REFERÊNCIAS............................................................................................... 50<br />
GLOSSÁRIO................................................................................................... 54<br />
APÊNDICE...................................................................................................... 57
1 INTRODUÇÃO<br />
Faz de tua vida mesquinha um poema. E viverás no coração dos jovens e<br />
na memória das gerações que hão de vir. Esta fonte é para uso de todos os<br />
sedentos. Toma a tua parte. Vem a estas páginas e não entraves seu uso<br />
aos que têm sede (CORALINA , 1981).<br />
Quais seriam os sentidos a serem referenciados na construção de uma<br />
educação poética diante de fatores que historicamente atrelou a poesia unicamente<br />
num patamar de suporte para complementar a aprendizagem? É possível<br />
sensibilizar os professores de educação infantil para uma formação sociopoética?<br />
Diante da tarefa que assumem, de cuidar e educar crianças de 0 a 6 anos, as<br />
experiências poéticas, propiciadas às crianças em sala de aula nessa etapa da<br />
educação tornam esta aprendizagem significativa? Em qual sentido? Educamos as<br />
crianças para ocupar o seu espaço dentro da sociedade, com fins a torná-lo um<br />
cidadão em um sentido restrito e limitado?Tornar-se um ser competitivo, útil e<br />
individualista.<br />
Ou por outra via, acreditamos no ideal, de sermos aptas a conduzir de modo<br />
eficaz e sistemático, o chamado pleno desenvolvimento de suas potencialidades<br />
cognitivas, acreditando assim, que o fim a ser alcançado seja educá-los de modo<br />
que o potencial cognitivo os permita assumir um novo status.<br />
Quer no âmbito da Arte, quer em suas demais manifestações sóciopolítico-<br />
culturais a literatura infantil vêm desempenhando, através dos tempos, as mais<br />
variadas funções. No Brasil ela serviu, e serve ao desenvolvimento de aspectos da<br />
lingüística, para uma melhor compreensão, principalmente, das disciplinas de língua<br />
portuguesa e de literatura e serve, também, ao poder estatal quando utilizada como<br />
instrumento ideológico no sentido de, por assim dizer, aperfeiçoar a educação da<br />
sociedade de maneira tal que os “educandos” desde tenra idade possuam um<br />
referencial para quando se tornarem adultos, ocupar, sem questionamento, seu lugar<br />
devido na estratificação social. Os elementos que abordaremos, segundo Gaultier<br />
(1999), têm um ponto em comum com as afirmações de Helena Frantz (2001)<br />
quando esse afirma sobre o ser humano não ser apenas razão e intelecto. É<br />
também sentimento, emoção, imaginação. Distinguindo dois aspectos diferenciados<br />
entre o universo infantil e o adulto, no qual o primeiro, prima por viver a fantasia e a<br />
imaginação e embora o segundo não excetue esta dimensão, tende a privilegiar o<br />
racional em virtude da vida contemporânea em suas determinantes de lucratividade,<br />
14
tecnicismo, e conseqüências que esta vida exige dos adultos. Racionalizar, objetivar,<br />
produzir.<br />
Entenda-se por educação sociopoética uma prática de pesquisa ou ensino<br />
cujas atividades pressupõem a corporeidade nas quais se incluem a emoção, a<br />
sensibilidade, a intuição e a razão como fonte do conhecimento (GAULTIER, 1999).<br />
O conhecimento artístico, a criatividade, a espiritualidade, os valores<br />
humanos aqui ele os relaciona ao processo poético no poien (fazer, produzir) de<br />
construção do conhecimento. Destaca ainda a importância das culturas dominadas,<br />
e que estas no interior deste domínio dialeticamente constroem uma cultura de<br />
resistência das categorias que elas produzem. E o quanto é fundamental a atuação<br />
reflexiva e co-responsável dos sujeitos pelos conhecimentos produzidos. As<br />
categorias elencadas por Gaulthier (1999), trazem para o campo da pedagogia, uma<br />
visão mais abrangente quanto à construção do conhecimento, no que diz respeito a<br />
este ao trabalho com a poesia e as crianças e o próprio educador, pois é esse é um<br />
ponto fundamental para a sua formação literária –poética.<br />
A insensibilidade frente a descobertas e valorização da poesia, que poderiam<br />
uni-la a outras linguagens e possibilidades de junção com outras disciplinas,<br />
ampliando o senso de beleza e harmonias ficam restritas a práticas ditas<br />
pedagógicas por vezes limitadas. Ainda que o caráter lúdico seja contemplado ou, a<br />
priori, considerado, no planejamento das atividades que incluem a poesia.<br />
No Brasil o surgimento de uma nova pedagogia que influenciou a escola,<br />
através da escola nova que pode se nutrir de uma poesia dogmática, moralista, e<br />
por vezes, puerilmente reducionista.<br />
E parece que a isso não se ultrapassa. O avanço para o ponto de um pensar<br />
crítico reflexivo ainda está suspenso. Mantêm, ainda, seu escopo original, isso é<br />
alcançar a cidadania plena e algumas pequenas abstrações. Nesse sentido, dentro<br />
do sistema educacional que hoje se vivencia, no qual toda sua estrutura está<br />
voltada, em sua generalidade, apenas ao formar e informar, não se pode negar que<br />
uma parcela ínfima da literatura infantil consegue — para além da construção da<br />
identidade sócio-cultural da criança — apresentar também seu âmbito estético e<br />
sociopoetico. Todavia, é forçoso reconhecer que, quase em sua totalidade, a<br />
literatura infantil e sua poesia não aportaram, ainda, no universo infantil. Pelo<br />
menos, não em todas as camadas das infâncias sociais. A literatura infantil está<br />
envolta em um invólucro.<br />
15
Este ensaio monográfico é uma tentativa de identificar a relevância da poesia<br />
na educação infantil entendendo a educação infantil enquanto situações de<br />
interação socialmente construídas e vivenciadas com as crianças dentro e fora da<br />
escola, sua função social e algumas possibilidades pedagógicas, seu tema central,<br />
portanto já dá mostra da relevância que a poesia infantil possa alcançar. É a poesia<br />
nas escolas um mero recurso pedagógico utilizado pelo sistema na educação formal<br />
da criança? Ocorre em algum momento a conjunção dessa função pedagógica com<br />
aquilo que a poesia infantil mais deve à Arte da literatura, a sua estética?<br />
Parece ser nesse instante mágico, nessa simbiose entre o artístico e o<br />
pedagógico, que deve firmar-se a relevância de toda a literatura infantil e sua poesia<br />
e assim alcançar a complexidade do universo das crianças.<br />
Ao pesquisar a trajetória da poesia infantil brasileira primeiramente encontra-<br />
se a poesia didática e de caráter essencialmente moralista, evoluir, ou melhor,<br />
expressando, adquiri contornos saudosistas até emergir num campo conceitual<br />
primando pela estética. Atualmente, ser expressa nas mais variadas formas: nos<br />
meios eletrônicos, em criações coletivas orientadas nos meios escolares, oficinas<br />
pedagógicas, músicos letrando poemas de autores consagrados, livros e<br />
encadernações criativas, algumas luxuosas e, principalmente, a poesia não mais<br />
demarcada por um texto cuja linguagem seja direcionada apenas ao entendimento<br />
da criança. Os livros de poesia infantil na contemporaneidade irrompem — no mais<br />
amplo sentido estético — livre da responsabilidade de instruir as crianças.<br />
A seguir, trata da leitura dos Referenciais Curriculares Nacionais para a<br />
Educação Infantil (RECNEI, MEC, 1998). Reconhecendo que, enquanto profissional<br />
na educação infantil, tal leitura se torna obrigatória no processo formativo<br />
pedagógico, haja vista as discussões no âmbito político e estrutural, que nortearam<br />
novas definições no campo conceitual e social da Educação Infantil no Brasil. Tal<br />
leitura fornece subsídios teóricos servindo para identificar, em qual eixo temático é<br />
abordada a poesia e quais dimensões ele aborda.<br />
Verificar se a poesia nos Referenciais Curriculares Nacionais para a<br />
Educação Infantil (1998) é reconhecida em sua função pedagógica e social. E ainda<br />
quais as orientações destinadas aos educadores em relação à sua formação, quanto<br />
ao que preconiza o eixo temático Linguagem Escrita e Oral. Nesse quesito, cabe<br />
uma leitura para identificar, quais as orientações referentes ao trabalho com a<br />
poesia.<br />
16
Pelo lugar secundário, e ao mesmo tempo aparentemente elitista que a<br />
poesia ocupa na literatura, buscamos referências bibliográficas distintas, dando<br />
prioridade, aos educadores e poetas brasileiros, mas recorrendo a outras fontes<br />
para a composição do trabalho. Vale pontuar que, referências de outras áreas,<br />
devem ser consideravelmente, acrescidas, à formação educativa, para que se possa<br />
pensar a educação do ser poético, o que temos a conhecer sobre a criança, e sobre<br />
a poesia infantil que possa ressignificar o trabalho. Tal leitura nos fornece subsídios,<br />
para que se possa ter outro olhar nos trabalhos a serem realizados em sala de aula.<br />
17
2 TEMATIZANDO<br />
A poesia não poder nem deve ser um luxo para alguns iniciados: é o pão<br />
cotidiano de todos. Uma aventura simples e grandiosa do espírito<br />
(MENDES, 1972, p. 165 apud PINHEIRO, 2007, p.17).<br />
A pedagogia, na virada do século XVIII para o XIX, difundiu o poema como<br />
meio educativo. A diferenciação da criança do adulto se deu pela emergência da<br />
burguesia, que para consolidar sua posição, retirou as crianças das fábricas, e as<br />
colocou em uma condição de infante com necessidades de cuidados e proteção, por<br />
parte dos pais (BORDINI, 2009, p. 140).<br />
Nesse sentido, à época, essa pedagogia estabelece alguma conexão<br />
enquanto meio didático. Com relação às crianças que descendem das camadas<br />
populares menos favorecidas, na ausência de linguagem poética adequada, leia-se<br />
as crianças pobres e miseráveis mesmo, a elas a escola pública burguesa destinava<br />
livretos ilustrados com quadrinhas e versos da tradição oral. No outro extremo da<br />
linha, às crianças das classes abastadas, segundo Bordini (2009), eram destinados<br />
a leitura dos clássicos como Esopo ou o romance da Rosa.<br />
Dessa forma houve inicialmente a aproximação entre a poesia e a criança. A<br />
seguir apresentamos uma breve introdução histórica da poesia e também a poesia<br />
infantil no Brasil.<br />
2.1 A gênese da poesia: do mito-poético aos ciberpoemas. E suas<br />
determinantes ideológicas.<br />
Poesia advém do grego poiesis que em sua acepção significa criar, fazer. Em<br />
todos os momentos históricos no mundo, houve e há alguém que através de<br />
evocações imagéticas, impressões e emoções por meio de sons e ritmos<br />
harmônicos criou, recriou e fez da poesia, a linguagem dos sentimentos e das<br />
emoções.<br />
Na Grécia, a poesia de Homero era fundamentada nos mitos através de<br />
narrativas, longas, heróicas e com raiz na cultura popular dos trovadores que<br />
tocavam a lira.<br />
As apresentações poéticas se faziam acompanhar por um instrumento<br />
musical, a lira, e eram divididas em Cantos líricos. Daí passando a ser denominada<br />
de poesias líricas.<br />
18
Homero, através da Ilíada relata a Guerra de Tróia ocorrida por volta de 1.250<br />
AC. Na epopéia Odisséia o poeta narra as aventuras de Ulisses, rei de Ítaca, que ao<br />
retornar de uma guerra que durou vários anos ainda terá que enfrentar outras<br />
aventuras para retomar o reino de Ítaca e sua esposa Penélope.<br />
Historicamente em torno da figura de Homero pairou discussões pondo em<br />
dúvida se ele existiu ou não. Totalmente contrário a essa idéia o alemão Heinrich<br />
Schliemann 2 encontrou em 1871, depois de dois anos de pesquisas, a cidade de<br />
Tróia, baseado nos relatos de Homero.<br />
Os atenienses educavam os meninos tornando-os fortes e aptos, para<br />
proteger a cidade. Os meninos (as meninas eram relegadas ao serviço doméstico)<br />
ficavam aos cuidados de um pedagogo, para aprender lições de aritmética, literatura<br />
música, escrita e educação física. Só que o senso estético da poesia estava longe,<br />
de serem expressos durante este aprendizado. Os meninos tinham que decorar<br />
longos e exaustivos poemas coma as narrativas heróicas, e com as lições que<br />
tinham de memorizar. Eis a poesia que lhes eram ministradas, em doses cavalares<br />
que nada se assemelham à forma como se apresenta a poesia atualmente para as<br />
crianças, e coordenadas pelo pedagogo/escravo. O ideário era o de lhes incutir, o<br />
senso de virtuosidade que lhes forjaria o caráter de bom cidadão para a polis.<br />
Com o advento do capitalismo, o lirismo e a poesia trovadoresca mitológica e<br />
epopéica, legado de tradição popular que teve em Homero o mais conhecido<br />
representante, praticamente desaparecem sem a lira (música) para acompanhar. A<br />
poesia começou a ganhar um ritmo próprio, necessitando um trabalho maior com as<br />
palavras.<br />
O sentimento foi mais reforçado na poesia palaciana do que na trovadoresca.<br />
Tal poesia recebe esse nome “palaciano” em vista do fato de ser feita por nobres<br />
presentes apenas nos palácios. A língua utilizada, praticamente não apresentava<br />
dificuldade de compreensão. Predominância do lirismo sentimental, sutil e<br />
sofisticado.<br />
2 Heinrich Schliemann (1822-1890) foi um arqueólogo clássico alemão, um defensor da realidade<br />
histórica dos topônimos mencionados nas obras de Homero e um importante descobridor de sítios<br />
arqueológicos micênicos, como Tróia e a própria Micenas. Nos anos 1870, Schilemann viajou à<br />
Anatólia e escavou o sítio arqueológico do Hissarlik, revelando várias cidades construídas em<br />
sucessão a cada outra. Uma das cidades descobertas por Schliemann, nomeada Tróia VII, é<br />
freqüentemente identificada como a Tróia Homérica. In: ítaca, o Peloponeso e Tróia. Disponível em:<br />
Acesso: 23 jun 2009; e<br />
<br />
19
Diferente das narrativas Homéricas e Camonianas 3 , o advento do capitalismo<br />
assim como na República de Platão também propagou seus ideais pondo em ordem<br />
de natureza poética o humanismo no qual o mito homérico foi substituído pelo<br />
debate ou assuntos de natureza amo<strong>rosa</strong>, e pitoresca.<br />
Assim encontramos o caráter ideológico determinado por um sistema político<br />
ser expresso na poesia, teve voz também em Platão:<br />
Sócrates - Assim, pois se um homem perito na arte de tudo imitar viesse á<br />
nossa cidade para exibir-se com os seus poemas, nós o saudaríamos como<br />
a um ser sagrado, extraordinário, agradável; porém lhe diríamos que não<br />
existe homem como ele em nossa cidade e que não pode existir; em<br />
seguida manda-lo-íamos para outra cidade, depois de lhe termos derramado<br />
mirra na cabeça e o termos coroado com fitas. Por nossa conta, visando á<br />
utilidade, recorreremos ao poeta e ao narrador mais austero e menos<br />
agradável que imitará para nós o tom que estabelecemos logo de inicio,<br />
quando empreendíamos a educação dos nossos guerreiros (PLATÃO, 1977,<br />
p. 90).<br />
A poesia ao longo do tempo foi ganhando e perdendo estilos, formas, e<br />
temas. Desde a poesia trovadoresca até hoje existiram várias formas de poesia.<br />
Hoje a poesia se moderniza e se reflete em nossa mídia. Com a chegada do termo<br />
hipertexto 4 , a poesia começou a receber figuras, sons, filme. A poesia ocupa<br />
espaços e formas distintas, sem, contudo deixar de ser poesia, ou desvincular-se<br />
completamente de sua origem, pois mantém algumas de suas características e<br />
elementos que a constitui como a voz e o ritmo. Uma referência que pontua a poesia<br />
contemporânea e distingue o plano da linguagem poética para as crianças nos traz o<br />
seguinte:<br />
A noção de verso para crianças acompanha as modificações introduzidas<br />
pelas vanguardas, que desestruturam a linearidade, aproveita o branco para<br />
criar intervalos de silêncio ou duplo sentido, fragmentam as palavras com<br />
parênteses ou cortes, fugindo dos ritmos regulares. Todavia para crianças<br />
menores a ênfase sobre a sonoridade e a repetição mantém seu prestígio,<br />
bem como a brincadeira com a montagem de palavras sem sentido<br />
dicionarizado ou as cenas ou ações regidas pelo absurdo cômico<br />
(ZILBERMAN & RÖSING, 2009, p. 140).<br />
A impressão de que um sentido é percebido como sensação de outro, a<br />
sinestesia, encontra-se presente na veiculação e exploração da poesia. Com o<br />
advento do moderno aparato tecnológico e a facilidade de conexão com a Internet<br />
3 Narrativas camonianas referem-se à epopéia portuguesa descrita por Luís Vaz de Camões<br />
(1525-1580) em sua obra prima denominada Os Lusíadas, publicada no século XVI.<br />
4 Hipertexto, em computação, é o termo que nos remete a um texto em formato digital, ao qual se<br />
agrega outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos, imagens ou sons. O acesso<br />
ocorre através de referências específicas que são chamadas de hiperlinks ou links.<br />
20
pode-se ouvir, ver e ler uma poesia, todavia, em geral, o ciberespaço prescinde da<br />
oralidade, e essa é fundamental, pois como nos alerta Pinheiro (2007) cada geração<br />
escreve o mesmo poema, conta com o mesmo conto. Com uma pequena diferença:<br />
a voz.<br />
2.2 Poesia infantil no Brasil<br />
Nos três séculos imediatos ao que se convencionou chamar de<br />
descobrimento do Brasil não havia sido ainda instalada nesses territórios a<br />
imprensa. Após a invasão napoleônica a Portugal ocorre a fuga de D João VI e sua<br />
real família para o Brasil, deixando de ser colônia. Tais fatos têm por conseqüência a<br />
criação da imprensa régia responsável pela impressão dos primeiros livros<br />
destinados às crianças e também a criação da biblioteca nacional, tendo como<br />
primeira publicação As aventuras do barão de Münchausen e Leitura para meninos<br />
do senador José Saturnino da Costa Pereira. Esse livro tinha por teor histórias de<br />
cunho moral e com ensinamentos sobre geografia, cronologia, história de Portugal e<br />
história natural (PIEDADE, 2006).<br />
Uma das referências, buscadas para analisar o poetizamento no Brasil foi o<br />
de Luís Camargo (1998) em seu artigo intitulado A poesia infantil no Brasil 5 . O autor<br />
faz um levantamento histórico no qual podemos perceber alguns aspectos que<br />
atrelaram a evolução da poesia infantil no Brasil. Exaltação ufanista, e vínculo direto<br />
com a escola em virtude de ter surgido com o consentimento do Império, que se<br />
arraigou durante a República. A poesia no período do império tinha como<br />
características o adultocêntrismo na voz temática poética, sendo essencialmente de<br />
caráter moral.<br />
Luís Camargo (1998) cita o soneto de Alvarenga Peixoto (1744-1792) com o<br />
título de Amada filha que foi escrito para sua filha Maria Efigênia pela comemoração<br />
de seu aniversário de sete anos.<br />
O poema de Alvarenga Peixoto Amada filha assim como também Conselhos a<br />
meus filhos, de sua esposa Bárbara Eliodora (1759–1819), apresentam um traço<br />
que será dominante na poesia infantil brasileira até a primeira metade do século XX,<br />
isso é; a presença de uma voz poética adulta, que se dirige a um leitor infantil,<br />
5 Escritor e ilustrador de livros infantis, nascido em São Paulo, Brasil, em 1954. Desenvolve<br />
pesquisas sobre a poesia infantil no Brasil, tendo defendido dissertação de mestrado junto à Unicamp<br />
– Universidade de Campinas –, Campinas, Brasil, em 1998, com o título “Poesia infantil e ilustração:<br />
estudo sobre ‘Ou isto ou aquilo’ de Cecília Meireles”, além de ter publicado diversos artigos.<br />
21
utilizando o poema como veículo de educação moral.<br />
Conselhos a meus filhos<br />
Meninos, eu vou ditar<br />
As regras do bem viver;<br />
Não basta somente ler,<br />
È preciso ponderar,<br />
Que a lição não faz saber,<br />
Quem faz sábios é o pensar [...]<br />
Sempre vos deixeis guiar<br />
Pelos antigos conselhos,<br />
Que dizem que os ratos velhos<br />
Não há modo de os caçar;<br />
Não batam ferros vermelhos,<br />
Deixem um pouco esfriar.<br />
Poetas como Gonçalves Dias (1823-1864) Casimiro de Abreu (1839-1860)<br />
escrevem alguns poemas dedicados às crianças incluindo os em seus livros<br />
dirigidos ao leitor adulto (CAMARGO, 1998).<br />
A poesia de Casemiro de Abreu se caracterizou pela sensibilidade quase<br />
infantil, pelo saudosismo do seu tempo de infância, a simplicidade e amor pela<br />
natureza. Assim vemos ao longo do poema Meus oito anos:<br />
Oh! Que saudades que tenho<br />
Da aurora da minha vida<br />
Da minha infância querida<br />
Que os anos são trazem mais!<br />
Que amor, que sonhos, que flores,<br />
Naquelas tardes fagueiras<br />
As sombra das bananeiras,<br />
Debaixo dos laranjais!<br />
O poema de Casemiro de Abreu ganhou uma publicação atual, com belíssima<br />
ilustração, o poema ainda que não figure entre as escolhas dos educadores nas<br />
listas dos livros “adotados”, a publicação consegue comprovar a atemporalidade do<br />
poema. Assim como o Menino poeta de Henriqueta Lisboa (1903-1985), tais<br />
publicações renovam e enriquecem o conhecimento acerca do trabalho desses<br />
poetas, permitindo que o seu trabalho seja visto em sua atemporalidade, beleza, e<br />
espaço na história da poesia infantil brasileira (CAMARGO, 1998).<br />
A leitura dessa poesia ainda, nos faz conhecer admirar, e incorporar ao nosso<br />
acervo poético, a linguagem e buscar compreender o contexto, histórico que<br />
influenciou os poetas que estão sendo reeditados.<br />
A poesia infantil surge em consonância com a escola. A escola brasileira<br />
utilizava-se da poesia para significar a aprendizagem de Português. Surgem as<br />
22
antologias organizadas ou escritas por professores em p<strong>rosa</strong> e verso como material<br />
de apoio para leitura. Em 1874 o professor João Rodrigues da Fonseca Jordão<br />
publica o Florilégio 6 brasileiro da infância, no qual se reuniram poemas que não<br />
foram escritos originalmente para o leitor infantil e continha os elementos<br />
designativos poéticos: ode, alegoria, sátira, poemas (CAMARGO, 1998).<br />
Os livros com poesia — assim como os demais livros — eram destinados à<br />
escola com uma perspectiva moral. Essa, por assim dizer, orientação pedagógica<br />
adentra ao século XX e alcança sua década de 60, momento no qual o trabalho com<br />
a poesia infantil, ainda mantém integralmente seus conteúdos objetivando exaltar o<br />
ensino da moral e do civismo.<br />
Podem-se perceber dois aspectos da poesia infantil ao longo desse período: a<br />
poesia concebida como meio para fixar a disciplina de Português e como modelo<br />
para sensibilizar as crianças quanto ao trabalho e valores morais da época.<br />
O Trabalho<br />
É preciso, desde a infância,<br />
Ir preparando o futuro;<br />
Para chegar à abundância,<br />
É preciso trabalhar (BILAC, 2009).<br />
A Mocidade<br />
A Mocidade é como a Primavera!<br />
A alma, cheia de flores, resplandece,<br />
Crê no Bem, ama a vida, sonha e espera,<br />
E a desventura facilmente esquece.<br />
É a idade da força e da beleza:<br />
Olha o futuro, e inda não tem passado:<br />
E, encarando de frente a Natureza,<br />
Não tem receio do trabalho ousado.<br />
Ama a vigília, aborrecendo o sono;<br />
Tem projetos de glória, ama a Quimera;<br />
E ainda não dá frutos como o outono,<br />
Pois só dá flores como a Primavera! (BILAC, 2009).<br />
O livro Poesias infantis (1904), de Olavo Bilac (1865-1918), assim como o de<br />
Casemiro de Abreu (1839-1860) é apontado como um dos mais significativos é<br />
apontado como um dos mais significativos representantes da poesia que era<br />
produzida para as crianças, desde o período do Governo imperial, até a República.<br />
Foi encomendado, como um livro escolar. O que rendeu ao livro várias edições, e<br />
menção hon<strong>rosa</strong>. Os critérios para o conteúdo do livro foram ditados pelo governo.<br />
O livro trazia ilustrações, e poemas simples segundo o próprio autor destinado para<br />
6 Nome dado ao livro, por assemelhar-se a uma variedade de flores. O florilégio continha uma<br />
“variedade” de poemas destinados ao público em geral.<br />
23
os professores aplicarem às lições escolares.<br />
De acordo com Nelly Novaes Coelho (2000, p 227) o poeta do período<br />
parnasiano, Olavo Bilac 7 escrevia versos métricos, com rimas simples, e cenas<br />
pitorescas, da vida cotidiana prevaleciam, sobretudo, uma educação moral, na qual<br />
a linguagem no poema era dirigida à criança por uma voz adulta, sempre a incutir<br />
conselhos sobre como se portar, e tornar-se obediente perante a escola, os pais, e<br />
de amor por sua pátria. Vejamos no poema abaixo denominado A pátria:<br />
Pátria, latejo em ti, no teu lenho, por onde<br />
Circulo! e sou perfume, e sombra, e sol, e orvalho!<br />
E, em seiva, ao teu clamor a minha voz responde,<br />
E subo do teu cerne ao céu de galho em galho! (BILAC, 2009)<br />
A Henriqueta Lisboa (1904-1985) coube o mérito, através do livro O menino<br />
poeta (1943), de romper com o didatismo escolar, e com o crivo, inclusive o selo,<br />
indicativo do governo, algo começa a se quebrar:<br />
Consciência<br />
Hoje completei sete anos.<br />
Mamãe disse que eu já tenho consciência.<br />
Disse que se eu pregar mentira,<br />
Não ir domingo à missa por preguiça,<br />
Ou bater no irmãozinho pequenino,<br />
Eu faço pecado<br />
Fazer pecado é feio<br />
Não quero fazer pecado, juro<br />
Mas se eu quiser eu faço.<br />
Última flor do Lácio, inculta e bela<br />
Então na década de 60 do século XX, com o surgimento da poesia de Cecília<br />
Meireles (1901-1964), que remetia às questões relacionadas à criança, a poesia<br />
infantil, finalmente adquiriu contornos infantis.<br />
Embora preocupada com as questões pedagógicas e em alguns de seus<br />
poemas estejam presentes os elementos lingüísticos reforçadores da aprendizagem<br />
da língua, a poesia de Cecília desvela o olhar para a ligação entre o ser e as coisas,<br />
a dinâmica de sua poesia confronta a vida os adventos e situações de sua época,<br />
explora os recursos estilísticos diversos, desde os poemas com fins didáticos aos<br />
imagéticos e onomatopéicos como no poema seguinte:<br />
7Alguns títulos da poesia infantil de Bilac e sua orientação positiva para com as instituições: A avó. A<br />
borboleta; A boneca; A vida; A mocidade; As estrelas; As formigas; A vida; A madrugada; Ano bom; A<br />
pátria; As flores; A velhice; Ave-<strong>maria</strong>; A coragem; A casa a rã e o touro; Domingo; Deus; Infância;<br />
Junho; Justiça; Meio-dia; Meia-noite; Modéstia; Natal; Os pobres; O universo (paráfrase); O tempo; O<br />
rio; O pássaro cativo;O Sol; O boi; O avô; O remédio; O credo; O soldado e a trombeta; O leão e o<br />
camundongo; O lobo e o cão; Os reis magos; O trabalho; Plutão; Velhas árvores. Disponível em<br />
(http://www.colegiosaofrancisco.com.Php).<br />
24
A canção dos tamanquinhos:<br />
Troc... troc... troc... troc...<br />
Ligeirnhos, ligeirinhos,<br />
Troc... troc... troc... troc...<br />
Vão cantando os tamanquinhos...<br />
Chove. Troc... troc... troc...<br />
No silêncio dos caminhos<br />
Alagados, troc... troc.<br />
Vão cantando os tamanquinhos.<br />
E até mesmos, troc... troc...<br />
Os que tem sedas e arminhos,<br />
Sonham troc... troc... troc<br />
Com seu par de tamanquinhos (1934).<br />
Cecília traz para a poesia infantil a musicalidade, explorando versos<br />
regulares, a combinação de diferentes metros, o verso livre, a aliteração, a<br />
assonância e a rima. Os poemas infantis de Cecília Meireles não ficam restritos à<br />
leitura infantil, permitindo diferentes níveis de leitura. A insatisfação com os limites e<br />
o desejo de plenitude está presente no poema “Ou Isto Ou Aquilo”, que dá título ao<br />
seu livro de poesia infantil, publicado em 1964 (CAMARGO, 1998).<br />
O chamado universo infantil passa a ter uma voz lírica, um contorno próprio<br />
das crianças, esquemas modelares do período anterior, preso à métrica, por lições<br />
de moral, datas festivas e ensinamentos sobre higiene, dão lugar ao nonsense, ao<br />
inusitado, aos sentimentos da criança, remetem ao prazer lúdico dos sons e das<br />
imagens.<br />
Nos anos 60 foi de suma importância para a educação escolar a<br />
regulamentação da Lei nº 5.692/1971, cuja principal determinação foi a de incluir<br />
textos literários obrigatórios para o ensino da Língua portuguesa nas escolas<br />
(COELHO, 2000, p. 239).<br />
A poesia de Cecília surge em pleno período político desenvolvimentista, e do<br />
surgimento da Escola nova no Brasil, e mais o crescimento do mercado editorial no<br />
ramo das publicações destinadas às crianças. No Brasil, na área de Literatura<br />
infantil, esse mercado é impulsionado seja pela conjunção desses fatores, seja pela<br />
qualidade dos livros publicados para a criança agora reconhecida em sua condição<br />
de criança, distinção notada por Philippe Áries (1981)<br />
Sob a influência desse novo clima moral, surgiu uma literatura infantil<br />
distinta dos livros para adultos. Entre a massa de tratados de civilidade<br />
redigidos a partir do século XVIII, é muito difícil reconhecer os que se<br />
dirigiam aos adultos e os que se dirigiam às crianças. Essa confusão se<br />
explica por razões ligadas à estrutura da família e às relações entre a<br />
família e a sociedade (ARIES, 1981).<br />
25
Se por um lado Cecília inaugura um período fértil e arrazoadamente livre para<br />
a poesia infantil, por outro, há uma interdependência, inegável no que diz respeito à<br />
questão política. Sua poesia, assim como a escola, reflete à época e o modelo de<br />
educação, preconizado, tanto pelo que dita a sociedade quanto o que dita o ideário<br />
de infância (CAMARGO, 2009).<br />
Como vemos na reflexão de Philipe Áries:<br />
No momento em que se consolidam as instituições que pretendiam formar<br />
os pequenos, o gênero aparece com a finalidade de prepará-los para o<br />
convívio com os adultos, retirando-os da promiscuidade que tinham com os<br />
mais velhos (ARIES, 1981, grifo nosso).<br />
Surge uma Literatura com distinção entre Literatura para adulto e Literatura<br />
para a criança. A literatura denominada Literatura Infantil. As discussões em torno<br />
desta pairam acerca do seu pertencimento se à arte Literária ou à Pedagogia.<br />
Nelly Novaes Coelho (2000, p. 46) defende que a literatura infantil pertença às<br />
duas categorias tanto a arte e ação educativa. A própria Cecília, poeta-educadora<br />
pretendia em seu trabalho com a poesia, dar um sentido que atentasse para o<br />
significado das palavras e da mensagem que a sua poesia, dirigia às crianças, não<br />
fosse destituído de esvaziamento tanto de sentidos quanto de elementos que<br />
propiciasse uma decodificação de valores e sentimentos que educassem as<br />
crianças, marcada pelos ideais da escola moderna, a esse respeito ela afirma:<br />
O livro de literatura infantil cumpre outra função. Nas sociedades modernas,<br />
ele substitui o aprendizado pela transmissão oral. Compete a ele, no<br />
processo educacional, transmitir a tradição literária, base cultural dos<br />
diferentes povos. Ocupa o espaço da aprendizagem não formal (Cecília<br />
Meireles).<br />
A literatura infantil deve estar marcada pelo interesse literário. e deve,<br />
também, propiciar à criança o exercício da imaginação, exemplos de moral e<br />
momentos de prazer espiritual além de destacar o belo. É um livro de literatura<br />
infantil, portanto, aquele que reúne essas características.<br />
A partir disso para se escrever ao público infantil preconiza-se que é<br />
necessário antes conhecer a criança em suas características de desenvolvimento e<br />
pensamento, distinguindo os interesses dos adultos dos interesses infantis. Como no<br />
poema abaixo:<br />
Coisas<br />
Coisas boas:<br />
Bombom, bolinho, bolacha<br />
Pastel, pipoca, pitanga.<br />
26
Coisas lindas:<br />
Barquinho, balão, boneca,<br />
Palhaço, pião, poema.<br />
Coisas de todos:<br />
Lagoa, estrada, folhagem,<br />
Luar, estrela, farol.<br />
Coisas de poucos:<br />
Mel, moeda, medalha,<br />
Milagre, amigo, amor (DINORAH, 1984).<br />
Outros nomes como Manuel Bandeira, Vinicius de Moraes, José Paulo Paes,<br />
Sergio Capparelli, Tatiana Belinky, Sidónio Muralha, Manoel de Barros, Maria<br />
Dinorah merecem destaque no cenário da poesia infantil brasileira, por terem<br />
conseguido com a poesia estabelecer um elo que, rompendo com o adultocêntrismo,<br />
tornou-a mais próxima da criança, mais leve, mais divertida, e com certeza menos<br />
didático-moralizante, com várias possibilidades em sua forma, linguagem, e modo de<br />
dizer o mundo o real e o possível de ser imaginado pela criança, e pelo poeta<br />
através de sua sociopoética.<br />
Vale ressaltar que Sidónio Muralha (1920-1982) Poeta português que se<br />
exilou 8 e, por opção, se estabeleceu aqui no Brasil. Onde funda — juntamente com<br />
dois sócios o pintor Fernando de Lemos, e o escritor Fernando Correa da Silva — a<br />
editora Giroflé e criam um novo padrão para as publicações dirigidas às crianças<br />
(COELHO, 2000, p. 243).<br />
Sidónio Muralha, ao dedicar-se à poesia infantil, segundo Pinheiro (2007),<br />
produz alguns dos mais importantes livros para a poesia infantil brasileira. Dentre<br />
eles A televisão da bicharada (1962) que conquistou o 1º Prêmio da II Bienal<br />
Internacional do Livro de São Paulo e do qual destaco o poema mais conhecido<br />
abaixo:<br />
Boa noite.<br />
A zebra quis ir passear,<br />
Mas a infeliz foi pra cama<br />
Teve que se deitar<br />
Porque estava de pijama (MURALHA,1962 ).<br />
O livro de Sidónio Muralha traz para o universo infantil, o senso estético no<br />
sentido de oferecer ao leitor infantil, um livro ilustrado com imagens coloridas e que<br />
remetem aos poemas.<br />
Pinheiro (2007) ao analisar o livro Poemas para crianças descreve algumas<br />
características dos poemas de Sidónio Muralha. São diferenças básicas entre os<br />
8 Sidónio era filho de um jornalista socialista português, que veio morar no Brasil em 1961 por<br />
motivos políticos (Ditadura Salazar).<br />
27
dois livros, no primeiro os poemas são curtos e no segundo são poemas mais<br />
longos, o humor, o diálogo entre os animais é estabelecido. A semelhança, o valor<br />
de sua poesia consiste, tanto em sua relação com a literatura quanto com o ser<br />
humano. Observe-se a presença da miscigenação e a quebra do preconceito racial<br />
na poesia Xadrez.<br />
É branca a gata gatinha<br />
é branca como a farinha.<br />
É preto o gato gatão<br />
é preto como o carvão.<br />
E os filhos, gatos gatinhos,<br />
são todos aos quadradinhos.<br />
Os quadradinhos branquinhos<br />
fazem lembrar mãe gatinha<br />
que é branca como a farinha.<br />
Os quadradinhos pretinhos<br />
fazem lembrar pai gatão<br />
que é preto como o carvão.<br />
Se é branca a gata gatinha<br />
e é preto o gato gatão,<br />
como é que são os gatinhos?<br />
— os gatinhos eles são,<br />
são todos aos quadradinhos (MURALHA, 1962).<br />
Pinheiro (2000, p. 16) afirma que a poesia de Sidónio Muralha é de grande<br />
valor e foi possivelmente quem explorou a fauna aliando fantasia, poética, humor e<br />
profundo senso humanístico.<br />
O sentido que Sidónio Muralha imprime à sua poesia transcende o próprio<br />
valor estético, alia-o ao sentido de educar as crianças para a relação com a vida<br />
com os animais, a lidar com imagens, sensoriais e afetivas.<br />
O riso, as descobertas da amizade, da musicalidade, das brincadeiras com as<br />
parlendas e trava-línguas, as canções de ninar ainda lembradas por muitos de nós,<br />
cantadas por nossas mães, avós, o acervo cultural da tradição oral herdados na<br />
primeira infância de rua cantigas de roda a exemplo de:<br />
Quem vai ao ar,<br />
Perde o lugar.<br />
Chuva com sol,<br />
Casa raposa com rouxinol.<br />
Sol e chuva:<br />
Casamento de viúva<br />
Um, dois, feijão com arroz<br />
Três, quatro, feijão no prato,<br />
Cinco, seis, feijão, pra nos três,<br />
Sete oito feijão com biscoito,<br />
Nove, dez feijão com pastéis (MURALHA, 1962).<br />
28
É também de grande relevância o pioneirismo de Vinicius de Morais, o vigor<br />
de sua poesia, ainda contempla elementos de parlendas do folclore brasileiro<br />
incorporado à poesia. Sobre Vinicius, destacamos o livro a Arca de Noé, feito por ele<br />
para os seus filhos, e mais tarde transposto para disco e um programa na tv no qual<br />
artistas e cantores reconhecidos no cenário da música escolhidos pelo próprio<br />
poeta, interpretaram os poemas musicados, e que fez da Arca de Noé, de Vinicius, o<br />
livro de poesia infantil mais conhecido no Brasil.<br />
Coitada da galinha<br />
Coitada, coitadinha<br />
Da galinha-d'Angola<br />
Não anda ultimamente<br />
Regulando da bola<br />
Ela vende confusão<br />
E compra briga<br />
Gosta muito de fofoca<br />
E adora intriga<br />
Fala tanto<br />
Que parece que engoliu uma matraca<br />
E vive reclamando<br />
Que está fraca<br />
Tou fraca! Tou fraca!<br />
Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca!<br />
Coitada, coitadinha<br />
Da galinha-d'Angola<br />
Não anda ultimamente<br />
Regulando da bola (MORAIS, 1970).<br />
O girassol<br />
O girassol é o carrossel das abelhas.<br />
Roda, roda, roda carrossel<br />
Gira, gira, gira girassol (MORAIS, 1970).<br />
É também de grande relevância o registro da linguagem folclórica em<br />
parlendas e cantigas do folclore brasileiro realizada por Câmara Cascudo (2002)<br />
como a seguir:<br />
Bão-balalão<br />
Senhor capitão<br />
Espada na cinta<br />
Ginete na mão<br />
Moço bonito do meu coração.<br />
Para Câmara Cascudo as cantigas de roda provavelmente sempre estarão<br />
presentes na sociedade e compõem umas “das mais admiráveis constantes sociais,<br />
transmitidas oralmente, abandonadas em cada geração e reerguidas pela outra,<br />
numa sucessão ininterrupta de movimento e de canto” (2002).<br />
Zilberman & Rösing (2009) mencionam no livro Escola e leitura... que na<br />
29
leitura dos livros infantis de poesia, não existem tabus quanto aos temas, pontuando,<br />
algumas das diferenças entre os livros que eram produzidos para crianças no século<br />
xix, até emergir, numa produção mais dirigida ao leitor infantil, considerando os seus<br />
estágios de desenvolvimento psicológico, o aspecto cultural , pois os livros infantis<br />
são ricos tanto em ilustrações , quanto às temáticas que abordam , assuntos de<br />
natureza social como a preservação do meio ambiente e proteção aos animais<br />
como no poema de Elias José (2007):<br />
O rodízio<br />
Boi, boi<br />
Pra onde você foi?<br />
Frágil frango<br />
Virou rango<br />
Pobre do porco,<br />
Tudo é pouco.<br />
E o coração da galinha?<br />
Tão romântica coitadinha<br />
E o senhor peixe<br />
Nem gritou: - me deixe!...<br />
Por que não o urubu,<br />
Pra comer com chuchu?<br />
No intróito dessa subseção abordamos a origem da poesia, considerando que<br />
o mundo ocidental tem suas bases civilizatorias plantadas nos império greco-latino,<br />
momento no qual apresentamos algo de Homero e seus mitos.<br />
Com relação à presença da poesia no Brasil podemos depreender que por<br />
mais de três séculos sua existência deu-se, principalmente, no âmbito religioso.<br />
Após esse longo caminho percorrido no tempo, desde a não existência da imprensa<br />
até o inicio do século XIX quando ocorreu o advento político no qual o Brasil passa a<br />
compor o Reino-unido de Portugal e dá seus primeiros passos ainda que,<br />
reconhecidamente, em, em um contexto de total dependência ao Reino. Nesse<br />
transcurso, e também adentrando ao século XX, o que se pode constatar é a<br />
presença da literatura poética em uma perspectiva cívico-morais.<br />
Esta orientação pedagógica visa antes enaltecer os bons e bem direcionados<br />
costumes e, diga-se de passagem, da sociedade que por ventura pudesse realizar<br />
qualquer forma de critica social.<br />
A seguir veremos as propostas em que se dá a poesia na educação infantil de<br />
acordo com o referencial curricular.<br />
30
3 A POESIA E O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO<br />
INFANTIL<br />
A unidade entre o intelectivo e o sensitivo não se dissocia da linguagem e,<br />
assim da dimensão poética a poesia é ao mesmo tempo, raiz e utopia das<br />
palavras seu nascimento e sua terra prometida. A palavra poética religa o<br />
pensar, o sentido, o viver e o expressar (SEVERINO, 2008. p. 94).<br />
Poderia — ao leitor que já se encontra no nível das inferências — haver algo<br />
de significativo no fato de se ler sistematicamente os três volumes da obra do<br />
Ministério da Educação e do Desporto intitulada Referencial Curricular Nacional para<br />
a Educação Infantil (1998) em busca da palavra poesia e ao final da pesquisa se<br />
comprovar que a ocorrência desse vocábulo não se dá senão em uma dezena de<br />
vez? Isso mesmo: dez vezes. Que se deixe aqui, por oportuno, bem caracterizado<br />
que no volume I e II do citado documento governamental tal palavra nem mesmo<br />
faz-se presente. E na primeira ocorrência aparece como na epigrafe acima, isso é;<br />
referindo-se à canção.<br />
Reconhece-se que o político é fundamental e, nesse âmbito, o amor ao<br />
príncipe maquiavélico 9 e suas ações, com certeza, se faz presente, no entanto, é<br />
forçoso que se reconheça com justa imparcialidade a fala de outro príncipe, Hamlet,<br />
que, em sua tragédia, não nos permite esquecer que “há algo de podre [em nossa]<br />
república” (SHAKESPERE, 2009). Traduzindo o desabafo de alguns educadores que<br />
se permitem escrever sobre a poesia quando dizem que esta é considerada por<br />
muitos com a prima pobre da literatura.<br />
Parece-nos que, com relação à educação infantil, na proposta estabelecida no<br />
referencial curricular nacional prevalece o currículo oculto 10 , todavia, infelizmente<br />
para os infantes, desta feita, oculto aqui não quer significar alguma orientação,<br />
comportamento, atitude ou valor sócio-poético que alcançarão em contato com seus<br />
educadores, antes quer significar mesmo a ausência do acesso ao bem cultural:<br />
poesia.<br />
9 Referência à obra O Príncipe, de Nicolaus Maclavellus (03-05-1469/21-06-1527).<br />
10 Conceitualmente o currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos do ambiente escolar<br />
que, sem fazer parte do currículo oficial, explícito, contribuem, de forma implícita para aprendizagens<br />
sociais relevantes [...] o que se aprende no currículo oculto são fundamentalmente atitudes,<br />
comportamentos, valores e orientações (SILVA, 2001 apud CORTELAZZO, 2004).<br />
31
3.1 Há poesia no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil?<br />
Diante do tema proposto a poesia a enquanto objeto de estudo, cabe,<br />
perfazer uma busca no documento normativo que rege a educação infantil brasileira.<br />
Ester documento serve de base para orientar o trabalho docente na educação<br />
infantil.<br />
Se a poesia ocupa um espaço na literatura, qual espaço ela ocupa no<br />
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI)?<br />
Para atender às exigências da Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96 que<br />
reconhece a Educação Infantil como primeira etapa do ciclo da Educação Básica o<br />
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, foi planejado tendo como<br />
um de seus objetivos incorporar as atividades pedagógicas aos cuidados com as<br />
crianças. Outro dos objetivos trata da realidade social e cultural vivenciada pelas<br />
crianças.<br />
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, no volume 3 -<br />
Conhecimento de mundo aponta a linguagem oral e escrita como um dos eixos<br />
básicos na educação infantil. E reconhece que a educação infantil deva promover<br />
experiências significativas de aprendizagem através de trabalhos com a linguagem<br />
oral e escrita que irão ampliar o modo como as crianças irão descobrir as<br />
regularidades da linguagem oral, se apropriando das convenções da língua.<br />
E posteriormente além de falar com fluência, produzir atos e situações de<br />
linguagem criada a partir das relações socializadas:<br />
Além de produzir construções mais complexas as crianças são mais capazes<br />
de explicitações verbais... O desenvolvimento da fala e da capacidade simbólica<br />
amplia significativamente os recursos intelectuais. Porém, as falas infantis ainda são<br />
produtos, de uma perspectiva muito particular de um modo próprio de ver o mundo<br />
(RCNEI, 2009, p. 126).<br />
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil define, a língua<br />
como um sistema de signos histórico e social que possibilita ao homem significar o<br />
mundo e a realidade cuja abordagem da linguagem escrita e oral, indica o<br />
desenvolvimento de quatro competências lingüísticas: falar, escutar, ler escrever.<br />
Através de brincadeiras e trocas de experiências, as crianças expressam seus<br />
desejos, opiniões, idéias, preferências. E gradativamente alcança níveis formais de<br />
uso da linguagem, a exemplo da leitura de textos variados.<br />
32
Neste capítulo, a partir das orientações didáticas, podemos localizar em<br />
diversos parágrafos a indicação do uso de poemas nas atividades.<br />
Cabe ressaltar, que embora conste, a indicação para o trabalho com a poesia<br />
nas sugestões, há uma ênfase direcionada para o texto em p<strong>rosa</strong>, privilegiando a<br />
contação de história. O que coloca o trabalho com o texto em p<strong>rosa</strong> em um patamar<br />
privilegiado.<br />
3.2 A poesia na dimensão da leitura e da escrita pelo Referencial Curricular Na-<br />
cional para a Educação Infantil<br />
Ao referir-se a duas dimensões, indispensáveis, na atuação dos educadores (as) a<br />
pratica de leitura e a prática de escrita, o Referencial Curricular Nacional para a<br />
Educação Infantil destaca o uso da linguagem pela criança, e como elas ao falar e<br />
escutar; brincam, conversam, trocam experiências, expressam desejos,<br />
necessidades, opiniões, idéias, preferências e sentimentos. Numa troca infindável e<br />
permeada de significados. Podemos verificar no poema de Duda Machado (1997):<br />
Uma turma inesquecível<br />
Conheci um gato<br />
Chamado Lencim,<br />
Toda vez que miava<br />
Espirrava atchim.<br />
Conheci uma vaca<br />
Chamada Quilate,<br />
Dava um leite branquinho<br />
Sabor chocolate.<br />
Conheci um jumento<br />
Chamado Merlim,<br />
Comia poeira<br />
Cuspia capim.<br />
Conheci, conheci,<br />
Não sei mais, esqueci.<br />
Ei e você também<br />
Não conhece mais ninguém? (1997, p. 10).<br />
No que diz respeito à prática de leitura, essa colocação, evidencia que o<br />
conhecimento é adquirido nos ambientes nos quais as crianças vivem e freqüentam,<br />
e nos quais lhes enriquecem e fornecem informações acerca das manifestações<br />
culturais e dos modos de lidar com as emoções relacionadas a questões éticas, que<br />
influenciam e contribuem com a construção da sua subjetividade e sensibilidade.<br />
Entretanto em relação a prática de leitura, o Referencial Curricular Nacional<br />
para a Educação Infantil sugere apenas o trabalho com a reprodução oral de jogos<br />
33
verbais, trava-línguas, parlendas, adivinhas, quadrinhas, e poemas e canções, não<br />
mencionando o trabalho de criação poética pelas crianças, em consonância com as<br />
atividades sugeridas.<br />
Mesmo quando o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil<br />
reconhece que no processo de aquisição da linguagem a criança, ouve, fala e utiliza<br />
fragmentos, da fala do adulto em sua linguagem. As crianças elaboram jogos<br />
lingüísticos, piadas, frases engraçadas, palavras cantadas.<br />
Quando a escola direciona as atividades apenas para a reprodução oral,<br />
ainda que essa tenha seu imenso valor reconhecido, tal direcionamento limita a<br />
relação com a poesia. Esse fato impede que haja uma maior capacidade de reflexão<br />
que poderia advir desse contato. É possível incitar o conhecimento poético na escola<br />
e em conseqüência disso pode ocorrer a ampliação nas escolhas e nos gostos pela<br />
leitura de poesia.<br />
Quanto à prática de escrita, convém citar Bachelard quando afirma que “nos<br />
poemas, manifestam-se forças que não passam pelo circuito do saber” (1984, p.<br />
187). Um poema no qual podemos observar esta reflexão foi poetizado por uma<br />
criança ao brincar com as palavras, a imaginação criadora na criança se revela, na<br />
livre criação de um poema onde o lúdico, prevalece, e não necessariamente ocorre<br />
numa situação de co-dirigidas para objetivar o aprendizado.<br />
A palavra que eu mais gosto<br />
é bundidex,<br />
porque eu inventei agora<br />
e gostei (Janaína Marques, 4 anos) 11 .<br />
Daí poder compreendê-la (a poesia) entendendo-a também como uma<br />
escrita não convencional e que o seu uso não implica necessariamente, na<br />
obrigatoriedade da intervenção pedagógica com fins direcionados unicamente para<br />
desenvolver as potencialidades cognitivas das crianças. O poema a seguir, nos<br />
chama a atenção para a nossa sensibilidade, Nos fazendo refletir, sobre o aspecto<br />
imagético contidos na poesia, e que não prescindem de um conhecimento específico<br />
tal qual afirma anteriormente Bachelard (1984).<br />
Pra fazer uma campina<br />
Pra fazer uma campina<br />
É preciso um trevo e uma abelha<br />
Um trevo e uma abelha,<br />
11 In: Francisco Marques, (Chico dos Bonecos). Galeio: Antologia Poética para crianças e adultos,<br />
São Paulo: Peirópolis, 2004.<br />
34
E a fantasia.<br />
Só a fantasia chega<br />
Se falta a abelha (DICKINSON apud CAPPARELLI, 1998).<br />
Acerca do poema, o sentido pedagógico, aqui consiste em educarmos os<br />
nossos sentidos para buscarmos a interioridade, do poema, as sensações e<br />
imagens que ele evoca. Assim precisamos levar em conta o que nos diz Maria<br />
Helena Frantz<br />
O ser humano não é só razão, intelecto, ele é também, e antes de tudo,<br />
sentimento, emoção, imaginação.o mundo adulto tende a não valorizar<br />
muito esses aspectos e a privilegiar o material, o racional, o técnico, o útil, o<br />
lucrativo (2001, p. 82).<br />
Contudo, no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil há um<br />
indicativo da poesia como tarefa pedagógica, considerando que nesse contexto as<br />
crianças podem conhecer e saber de cor os textos a serem escritos como uma<br />
parlenda, uma poesia ou letra de música.<br />
Nessa atividade as crianças precisam pensar sobre quantas e quais letras<br />
colocar para escrever o texto, usar o conhecimento disponível sobre o sistema de<br />
escrita, buscar material escrito que possa ajudar a decidir como grafar (RCNEI,<br />
1998, p. 148).<br />
Entre muitos destaco o poema de Elias José (2007, p. 23) em seu livro Lua<br />
no Brejo que oferece esta possibilidade:<br />
A casa e o seu dono<br />
Essa casa é de caco<br />
Quem mora nela é o macaco.<br />
Essa casa é de cimento<br />
Quem mora nela é o jumento.<br />
Essa casa é de telha<br />
Quem mora nela é a abelha.<br />
Essa casa é de lata<br />
Quem mora nela é a barata.<br />
Essa casa é elegante<br />
Quem mora nela é o elefante.<br />
E descobri de repente<br />
Que não falei em casa de gente.<br />
Tais atividades tanto de leitura quanto de produção de escrita, apóiam-se em<br />
contexto de interação, que valorizam tanto a diversidade quanto a individualidade<br />
das crianças em seus momentos de construção da leitura e da escrita.<br />
Sobre poesia infantil assim como qualquer outro elemento da literatura infantil,<br />
35
não há um capítulo específico ou subtítulo no Referencial Curricular Nacional para a<br />
Educação Infantil. O que ocorre é uma distinção entre a poesia e a contação de<br />
história, posto que a respeito desta última, pese o seu valor histórico para a<br />
humanidade, por nos trazer o encantamento, a experiência com o irreal que evoca<br />
memórias antigas e pessoais.<br />
Existe uma variada gama de publicações com orientações didáticas de como<br />
elaborar trabalhos com a contação de história, e os diversos gêneros que encantam<br />
as crianças e os adultos: contos populares, contos de anedotas, contos de fadas... A<br />
poesia também nos oferece gêneros variados. Contudo, não há na mesma<br />
proporção ou aproximadamente publicações voltadas para orientar o trabalho com a<br />
poesia infantil. São poucas, se comparadas, a outro gênero literário as publicações<br />
com orientações didáticas e voltadas para orientar o trabalho com a poesia.<br />
O que pode gerar ou intensificar mais ainda a distância entre a criança e a<br />
apropriação, o desenvolvimento do gosto pela leitura de poemas, e o que esta<br />
descoberta traz em seu conjunto, o conhecimento, a produção autoral da criança, o<br />
prazer da leitura a oralização de poemas, de conhecer autores nacionais, regionais e<br />
internacionais, e o reconhecimento de seu ser poético.<br />
Para os educadores o Referencial Curricular Nacional para a Educação<br />
Infantil, reserva no capítulo referente à linguagem oral e escrita um tópico, intitulado<br />
Organização do tempo - Atividades permanentes, a serem desenvolvidas em sala de<br />
aula, apontando um conjunto de sugestões numa das quais, salienta, que são<br />
práticas nas instituições de educação infantil.<br />
A primeira atividade citada pelo Referencial Curricular Nacional para a<br />
Educação Infantil é a contação de história, sugerindo o conto, o reconto, falando<br />
sobre o prazer da leitura o acesso ao livro, com uma observação das mais<br />
pertinentes sobre o contato pela criança com um texto mais longo.<br />
Entre outros o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil,<br />
sugere: a organização de saraus literários nos quais as crianças podem escolher<br />
textos de poesia, de histórias, parlendas para contar ou recitar no dia do encontro<br />
(1998, p.154).<br />
Em seguida acerca dos eventos de escrita destaca os projetos, cuja produção<br />
pode levar a organização de coletâneas de um mesmo gênero exemplificando entre<br />
outros a poesia. E mais, outra sugestão que envolve a poesia, consiste em gravar<br />
em fita cassete (consideremos quanto a isto que o Referencial Curricular Nacional<br />
36
para a Educação Infantil foi elaborado em 1998) de poesias recitadas pelas crianças<br />
e disponibilizar no espaço escolar livros de poesia.<br />
As estratégias pedagógicas sugeridas pelo Referencial Curricular Nacional<br />
para a Educação Infantil, podem ser adotadas numa perspectiva prática no contexto<br />
das aulas, em consonância com o estudo dos pressupostos teóricos, embora não, o<br />
sugira.<br />
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil enfatiza que a<br />
Linguagem oral e escrita possibilita comunicar idéias pensamento e intenções de<br />
diversas naturezas, além de influenciar o outro e estabelecer relações interpessoais.<br />
Propicia à criança construir um conhecimento de natureza conceitual para que ela<br />
possa reconhecer, não só o que está escrito, mas compreender de que forma gráfica<br />
a linguagem está representada.<br />
Nesse sentido, Elie Bajard salienta que “o grande desafio consiste em utilizar<br />
a atração de um meio não para nele encerrar a criança, mas, ao contrário, para<br />
sensibilizá-la e treiná-la ao uso de outros” (p. 114, 1994).<br />
Ao pensarmos na relação entre a criança, e a poesia através do RCNEI,<br />
pode-se refletir, numa perspectiva em que torne tais preceitos, como um suporte<br />
para o trabalho educativo, e não como condição modelar.<br />
Na premissa de Bajard, podemos minimamente perceber o entrelaçamento,<br />
entre a condição da aprendizagem e valorização da subjetividade em comuns.<br />
Visto desse modo, a poesia não serve apenas para a decodificação de<br />
símbolos gráficos, nem apenas para ser recitada na escola, ela pode configurar-se<br />
em uma forma educativa para além do uso e aquisição da língua. A poesia assim<br />
pode ser subentendida como inerente à própria infância, sejam pela musicalidade,<br />
metáforas, e o lirismo tanto quanto o é pelo humor que apresenta e elementos<br />
humanizadores que constituem os poemas infantis.<br />
As experiências poéticas na escola, favorecem desse modo a aquisição da<br />
leitura, da escrita, através da leitura e poetizamento das palavras propiciando o<br />
descortinar da leitura do mundo.<br />
37
4 POESIA E EDUCAÇÃO<br />
Ao bosque fui, sim eu fui lá. E tinha vontade de nada achar. Uma florzinha<br />
avistei, então, brilho de estrela, na minha mão. Eu quis colhê-la e a ouvi<br />
falar: “se tu me quebras eu vou murchar”. Com toda raiz a flor puxei e ao<br />
meu jardim então a levei. Logo a plantei em um canteiro e ela floresce o ano<br />
inteiro (GOETHE apud CAPPARELLI, 1989).<br />
O poético na educação. O que poderia ser ou vir a ser? Seria atribuir sentido<br />
aos atos pedagógicos? A esse respeito, Moisés (2007, p. 17), pondera que tanto o<br />
poeta quanto o educador ensinam a conhecer ou a compreender.<br />
O primeiro como não detém o conhecimento de nenhum objeto específico,<br />
atém-se ao ato que pode conduzir à apreensão de objetos em geral; o segundo, por<br />
se definir em razão do conhecimento especializado concentra-se em ensinar esse<br />
mesmo conhecimento.<br />
Moisés (2007) ao tempo em que reconhece a relação indissociável da poesia<br />
e a educação tece críticas à moderna ciência pedagógica e o faz numa acepção<br />
histórica, inferindo que a poesia e a insubmissão são irmãs. Nesse sentido a poesia<br />
em sua insubmissão, através de um ensinamento que se presume poético, torna-se<br />
uma educação antipedagógica, visto que a lógica formal, não comunga com a lógica<br />
poética. Esse pensador reconhece que a poesia, em sua natureza semântica, pode<br />
levar o educando a adquirir um conhecimento mais humanizador, pois a poesia é<br />
prenhe em sonoridade, encantamento e significados podendo também revelar o<br />
léxico e o sintático.<br />
Araújo (1997) a respeito da linguagem afirma que se origina com o<br />
surgimento do ser humano através da expressão de seus primeiros balbucios<br />
reveladores de sua intuição, crenças sentimentos e desejos. Desde os desenhos<br />
rupestres à escrita mais contemporânea os indivíduos expressam-se com ternura e<br />
vigor na composição de imagens poéticas. Vico afirma que na poesia está a origem<br />
das línguas (apud FAUSTINO, 1997, p. 66).<br />
Especificamente com relação à linguagem poética Heiddeger (1994, p. 114)<br />
afirma que se trata de uma experiência originária da abertura do ser humano em seu<br />
processo de doação ao mundo no advento de seu sentido primordial. A origem do<br />
pensamento manifesta-se em tons poéticos a poesia trança fios de logos e mithos 12 ,<br />
12 Logos: em grego – λόγος (palavra) – significava, inicialmente, a palavra escrita ou falada, isso é; o<br />
38
palavra e imagem, razão e intuição, luz e sombras.<br />
O poema é o espelho da fraternidade cósmica, nos ensina a reconhecer as<br />
diferenças e a descobrir as semelhanças. A linguagem poética nos põe em sintonia<br />
com os valores de solidariedade, fraternidade com os outros, no surgimento de<br />
nossos sentimentos mais nobres, nos ensina a reconhecer as diferenças e a<br />
descobrir as semelhanças (ARAUJO apud PAZ, 1990, p. 138).<br />
Com relação a linguagem T. Giles Ranson (1987) traz uma contribuição para a<br />
formação dos educadores e compreensão para o alargamento do universo da poesia<br />
na escola ao afirmar que a poesia une o lúdico e o lúcido nos processos de<br />
aprendizagem no desenvolvimento de inteligências meditativas, flexíveis e<br />
audaciosas. Ultrapassa os instrumentos ordinários da linguagem retilínea, cujos<br />
instrumentos têm exercido predominância na rotina das salas de aula, levando aos<br />
horizontes do extraordinário que renova, transmuta e vivifica.<br />
Mas e quanto à criança e o poético na educação infantil escolar?<br />
Considerando as reflexões de Heiddeger (1994) a respeito da linguagem e da<br />
imaginação criadora e também se levando em conta a sociopoética de Gaultier<br />
(1999) — salvo as experiências intrafamiliar e cotidiana das crianças qual linguagem<br />
a inicia ao universo poético — como se dá esta aproximação poética?<br />
4.1 Poesia para criança ou criança para a poesia?<br />
De acordo com Febvre Martin (1992, p. 155 apud Bordini 2009) a<br />
aproximação entre a poesia e a criança ocorreu no século XVIII adentrando o século<br />
XIX. A Pedagogia estabeleceu esta conexão, como um meio didático. A escola<br />
pública burguesa destinava às crianças pobres livretos ilustrados com quadrinhas e<br />
versos da tradição oral. Enquanto que às crianças das classes abastadas era<br />
destinada a leitura dos clássicos como Esopo ou o romance da Rosa.<br />
A poesia não representa e significa apenas um período da infância, por sua<br />
manifestação folclórica. Visto assim tais manifestações culturais não permeariam o<br />
nosso acervo imaginário e cultural, quando deixássemos de ser crianças.<br />
verbo. Em Heráclito logos passou a ter uma significação filosófica mais ampla, traduzida como razão.<br />
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Logos. Acesso em 27 jun 2009.<br />
Mithos: Mito: em grego – μυθος ("mithós") – trata-se de narrativa tradicional com caráter<br />
explicativo e/ou simbólico. Tem relação com a cultura e/ou religião da sociedade e procura explicar os<br />
acontecimentos da vida assim como também os demais fenômenos naturais, como a origem do<br />
mundo e do homem, por meio de deuses, semideuses e heróis (criaturas sobrenaturais). Nesse<br />
sentido o mito é a primeira tentativa do Homo sapiens para tentar explicar a sua realidade. Disponível<br />
em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito. Acesso em 27 jun 2009.<br />
39
Então há que se considerar que a escola tem uma parcela contributiva para o<br />
afastamento da criança e a poesia, uma vez que estabelece regras dicotomizantes<br />
entre ler o ouvir poesia, e utilizá-la como mais um recurso didático. Um dos<br />
problemas levantados por Helder Pinheiro (2007) diz respeito a formação dos<br />
professores, ao afirmar que durante os cursos de graduação não foram e não são<br />
(com raras exceções) sensibilizados para a literatura e especialmente para a leitura<br />
de poesia ao que afirma ele:”os professores precisam ser seduzidos pela poesia e<br />
pela literatura de um modo geral, pois assim despertará nos alunos o gosto pela<br />
leitura”.<br />
Ocorre justamente o contrário, os professores tendem a escolher autores<br />
conhecidos nacionalmente (autores da região Sul) e ou veiculados pela mídia,<br />
excetuando a busca e o reconhecimento por autores de sua região de origem, e as<br />
manifestações que acontecem no espaço onde vivem as crianças.<br />
A poesia entendida assim é referenciada a partir dos nomes de alguns<br />
autores, Cecília, José Paulo Paes, Elias José, Vinicius de Morais só para citar os<br />
mais conhecidos. Este embora não pareça é precisamente um dos problemas, dos<br />
mais comuns, o trabalho de caráter didático e por vezes atrelado apenas ao caráter<br />
lúdico, como afirma Moisés (2007, p. 22) o trabalho pedagógico é guiado Por uma<br />
techné utilitarista. O que faz com que a busca pelos resultados, enquadre e limite, o<br />
despertar da sensibilidade, pois o contato com a poesia só irá operar num campo<br />
familiar e produtivista. por vezes também, não é dado à criança o direito de escolha,<br />
e so critérios ficam exclusivamente a cargo do professor, que teme ou não tem<br />
condições de aprimorar o seu acervo material e cultural.com tendências a restringir o<br />
campo de escolha da criança.<br />
4.2 A poesia na escola: algumas possibilidades pedagógicas<br />
Essas são as regras humanas da criação e do amor:<br />
Fazer de novo, refazer, inovar, recuperar, retomar o antigo e a tradição, de<br />
novo inovar, incorporar o velho no novo e transformar um com o poder do<br />
outro. (Carlos Rodrigues Brandão).<br />
Poesia na sala de aula: o que fazer? Os atos “pedagógicos” em sala de aula,<br />
ainda tendem a serem essencialmente conteudistas e curriculares? Os temas<br />
abordados nos poemas infantis estão mais próximos do universo infantil. As<br />
cirandas, os brincos, as parlendas e letras de músicas, constituem o acervo<br />
40
que as crianças adquirem em casa e aprendido nas canções ouvidas fora do<br />
contexto escolar, nem sempre as músicas estão próximas ou enriquecidas<br />
com o nonsense, o cômico ou criador universo infantil.<br />
Entretanto, esse é um ponto de partida para que em sua formação e<br />
práxis os professores procurem um itinerário a seguir que possa oferecer às<br />
crianças outros poemas, atividades e eventos de leituras e produção textual<br />
diversificando assim, o repertório poético das crianças. A esse respeito<br />
Verbena Cordeiro (1992) nos traz esta reflexão:<br />
Pensar no itinerário de milhares de crianças, jovens e adultos, que não<br />
foram sequer tocados ou seduzidos pelas narrativas, pela poesia, por<br />
fadas e bruxas,heróis e vilões que habitam o imaginário da humanidade,<br />
é o grande desafio (CORDEIRO, 1992, p. 96, grifo nosso).<br />
Na educação infantil são ofertados uma gama de autores e textos e os<br />
educadores se esforçam em variar as atividades tendo como ponto principal o<br />
cuidado com o lúdico e o jogo.<br />
José Paulo Paes (1990) sugere que a poesia destinada às crianças ou aos<br />
leitores mirins precisa ter por característica de ser em versos curtos com ritmos e<br />
rimas que toquem de imediato a sensibilidade e chamem a atenção das crianças. E<br />
assim provocam a todos:<br />
Convite<br />
Poesia / é brincar com palavras / como se brinca /<br />
com bola, papagaio, pião<br />
Só que / bola, papagaio, pião /<br />
de tanto brincar / se gastam.<br />
As palavras não: / quanto mais se brinca / com elas /<br />
mais novas ficam.<br />
Como a água do rio / que é água sempre nova.<br />
Como cada dia /<br />
que é sempre um novo dia.<br />
Vamos brincar de poesia? (PAES, 1990).<br />
Com relação às funções da poesia o poeta T. S. Eliot (1971) em um ensaio<br />
seminal intitulado A função social da poesia assim se pronuncia<br />
Quero distinguir entre funções gerais e particulares, para que saibamos do<br />
que não estamos falando. A poesia pode ter um propósito social<br />
deliberado e consciente. Em suas formas mais primitivas esse propósito é<br />
muitas vezes bastante claro. Há, por exemplo, runas e cantos antigos,<br />
alguns dos quais possuíam fins mágicos um tanto práticos – livrar de mau<br />
olhado, curar alguma doença ou aplacar algum demônio. A poesia é usada<br />
desde os primeiros tempos em rituais religiosos e, quando cantamos hinos,<br />
ainda estamos usando poesia para um propósito social particular. As formas<br />
primordiais de épicos e sagas podem ter transmitido o que se tinha por<br />
história, antes de sobreviverem apenas para entretenimento comunitário; e,<br />
antes do uso da linguagem escrita, uma forma regular de versos deve ter<br />
41
sido extremamente útil à memória – e a memória dos primitivos bardos,<br />
contadores de estórias e estudiosos deve ter sido prodigiosa (1971, grifo<br />
nosso).<br />
Propondo-nos evitar o julgamento dos pontos de vista expressos por diversos<br />
autores, nos convidando a vivenciarmos o prazer da leitura dos poemas.<br />
Para além de qualquer intenção específica que a poesia possa ter, [...] há<br />
sempre comunicação de uma nova experiência ou uma nova compreensão do<br />
familiar (PINHEIRO, 1999).<br />
O alargamento da visão do que está sendo vivido, além da descoberta de<br />
outras possibilidades de vivência afetiva. O risco de moralizar o que está sendo<br />
vivido deve ser evitado. O texto poético não deve servir de pretextos moralizantes.<br />
Assim educação continuada é fundamental como constituinte para mudanças<br />
no metabolismo social, sendo parte integrante no inicio da fase de formação dos<br />
indivíduos, e provocando o que ele chama de feedback, nos indivíduos<br />
educacionalmente enriquecidos (MESZAROS, 2005, p. 75). Essa acepção se refere<br />
tanto à formação das crianças quanto à dos professores.<br />
A poeta-educadora Nelly Novaes Coelho indica-nos em sua obra Literatura<br />
infantil que os conteúdos dos poemas deveriam ser narrativos, expressando uma<br />
situação interessante (2000, p. 223).<br />
A exemplo disso veja a narrativa poética de Tatiana Belinky (2008) que<br />
oferece tanto ao leitor infantil quanto ao leitor adulto a possibilidade de<br />
enriquecimento da linguagem e do pensamento nos três campos o semântico, o<br />
sintático e o léxico, como em Cocanha:<br />
Você sabe o que é Cocanha?<br />
Cocanha é uma terra estranha,<br />
País que se esconde<br />
Ninguém sabe onde -<br />
Lugar misterioso, a Cocanha.<br />
A vida ali é um deleite<br />
Suave tal qual puro azeite -<br />
Na bela Cocanha<br />
O povo se banha<br />
Em rios de mel e de leite.<br />
Cocanha é o país que enfeitiça,<br />
Atrai pela santa preguiça<br />
Da tal vida airada<br />
Do "não fazer nada”,<br />
Do "nada importa" por premissa.<br />
Agora, responda ligeiro,<br />
Não leve um dia inteiro<br />
Para decidir<br />
Se quer residir<br />
Naquele país, tão maneiro!<br />
Então eu respondo ao assédio:<br />
Se não houver outro remédio<br />
Eu vou desistir<br />
De lá residir -<br />
Pois lá morreria... De tédio!<br />
(BELINKY, 2008).<br />
Cocanha possui uma abordagem própria da poesia, trazendo em seu cerne a<br />
afirmação e a negação, o país das maravilhas, que é a Cocanha, tão deliciosamente<br />
42
ofertado pela autora/narradora, ao final alcança uma dimensão filosófica e sutilmente<br />
hábil que traz à tona importantes questionamentos tanto ao leitor mirim quanto ao<br />
adulto.<br />
No que concerne a possibilidade pedagógica a autora identifica que os<br />
mediadores devem ter por objetivo interligar poeticamente a função pedagógica em<br />
seus objetivos múltiplos que sejam como o desenvolvimento da linguagem e do<br />
pensamento a questões filosóficas despertando a sensibilidade das crianças.<br />
O acesso a aquisição dos livros de literatura infantil, e neste caso<br />
excepcionalmente, os de poesia infantil, levam desvantagem, pois as pessoas<br />
tendem a valorar o livro pela quantidade de texto, e acabam por compara-lo às<br />
narrativas.Acabam por atribuir um juízo de valor ao livro de poesia que o encerra<br />
numa categoria de caro, julgam as ilustrações sobressaem a quantidade de palavras<br />
parece prevalecer o que podemos denominar de valor capitalizado por quantidades<br />
de palavras, outro fator é a crença de que o livro de poesia por ter poucas palavra,<br />
concluir sem coesão.<br />
E o que dizer então dos poemas haicai — posto que sua narrativa é curta e<br />
não apresentam rimas — não seriam eles então destinados às crianças pequenas?<br />
Três gotas de poesia.<br />
Mil vezes ao dia<br />
Três gotas de poesia. Uso<br />
Interno somente (Ângela Leite p. 12)<br />
Por vezes também, não é dado à criança o direito de escolha, e os critérios<br />
ficam exclusivamente a cargo do professor, que teme ou não tem condições de<br />
aprimorar o seu acervo material e cultural tendendo a restringir orientar o campo de<br />
escolha da criança. As narrativas assim são preferências na escolha dos professores<br />
e dos pais que escolhe o que as crianças lêem. Esquecendo-se inclusive que<br />
existem narrativas poéticas em p<strong>rosa</strong>, tanto pais quanto professores delimitam e<br />
restringem a leitura para as crianças. A esse respeito observemos, pois a refutação<br />
de Tatiana Belinky:<br />
Uns pais me perguntam: ‘Eu mando meu filho ler, mas ele não<br />
Lê! O que eu faço?’ — Comece por não mandar.<br />
Livro não é castigo, não é tarefa, não é chateação.<br />
Tem de ser curtição, prazer (BELINKY, 2009).<br />
Quanto aos elementos, estão entre eles as músicas, as brincadeiras de roda,<br />
43
As parlendas, os jogos sonoros, as dramatizações, reflexão para trabalhar a poesia<br />
com crianças pequenas como sugere Nelly Novaes Coelho (2000) requer rum olhar<br />
mutirreferencial, para ver para além do jogo sonoro, das rimas e da construção do<br />
poema. Enfatiza que a crianças e adolescentes sejam estimuladas a desenvolver o<br />
se potencial intuitivo e criativo para que possas contribuir e reestruturar o mundo no<br />
qual irão viver, reinventado novas formas e valores que contribuam para a existência<br />
e convívio no planeta.<br />
Numa época em que as crianças estão expostas o todo tipo de estímulos<br />
visuais e sensoriais, a literatura, e nesse caso experiências e leitura de poesia, pode<br />
vir a fazer parte do desenvolvimento das crianças pelo prazer e fruição podem,<br />
compor o didático.<br />
Nesse sentido Severino (2008) afirma que<br />
Cotidianamente estamos inundados de correntezas de informações sem<br />
sem contexto, sem significação. Escasseiam os espaços vazios, para a<br />
criação. Espaços de silêncio, espaços livres em que as idéias e as imagens<br />
possam dançar e conceber. A criatividade pessoal está gravemente<br />
ancorada. Nestes dias ultratecnológicos e ultraconsumistas, com mídias<br />
onipresentes, as imagens chegam a nós quase manipuladas (SEVERINO,<br />
2008).<br />
Aliás, em sua generalidade, manipuladas! Sugere-se nessa torrente de<br />
informações que o sistema faz cair por sobre as pessoas, em especial as crianças,<br />
que a poesia se apresente em especial pelo prazer de ler e ouvir poesia. Pelo prazer<br />
de conhecer as pessoas que escreveram os poemas.<br />
44
A INCONCLUSÃO<br />
Não cessaremos a exploração<br />
E o fim de todo o nosso explorar<br />
Será chegar ao ponto de onde partimos<br />
E conhecer o lugar pela primeira vez (ELIOT, 1970, 96).<br />
Nesse ensaio monográfico procurou-se, após breve histórico, fazer uma<br />
reflexão a respeito da poesia infantil brasileira. Em seu percurso reconhece-se que a<br />
poesia — enquanto componente da Arte da Literatura — encontra-se inserida no<br />
contexto histórico da sociedade que a realiza. A despeito de até um poeta<br />
reconhecido como Drummond não reconhecer a Literatura infantil com uma<br />
categoria, em sua especificidade, compreendendo-a como inter-relacionada a<br />
literatura, não caberia a esta aglutinar os todos elementos sócio-culturais de que<br />
trata a literatura infantil, seja pela linguagem quanto pela temática.A separação entre<br />
a infância e a adultez da qual Áries (cf.capitulo anterior) estudou, destaca a criança<br />
agora reconhecida em seu estado de infante, mesmo que este seja resultado do<br />
processo histórico capitalista.<br />
Dessa forma, considerando a subordinação total do Brasil-colônia ao reino de<br />
Portugal, pode-se identificar que a poesia surge em nosso território, ainda de forma<br />
muito tênue, apenas no século XIX e possui, inicialmente, uma dimensão<br />
pedagógica fundamentada na visão de mundo do idealismo pré-determinando sua<br />
aplicabilidade como meio escolástico e servindo como suporte para fixar e modelar<br />
os valores, sociais ligados interesses correspondente a cada período histórico, e<br />
difundidos pela escola. . Em tais circunstâncias o ideal positivo encontra-se presente<br />
e o objetivo da poesia infantil, quando aparece uma poesia dedicada às crianças,<br />
não é senão incutir valores religiosos, morais e familiares aos homens em<br />
miniaturas, aos homens do amanhã, como são, à época, consideradas as crianças.<br />
Nesse momento pode-se identificar, por exemplo, em Bilac, os valores político-<br />
ideológicos que dão sustentação àquela sociedade e que também lhes são caros: o<br />
culto apologético ao pensamento positivo, principalmente, à família, à pátria, à nação<br />
e ao deus cristão, não a um deus qualquer ou uma representação mitológica, mas a<br />
esse.<br />
Neste sentido a função social da poesia no séc XIX ao período XXI, portanto<br />
limita-se, as diretrizes determinadas pela lógica dos interesses sócio-econômicos<br />
45
Em vista dessas características depreende-se que a relevância da poesia na<br />
educação infantil, e também adulta, sua função social e as múltiplas possibilidades<br />
pedagógicas nesse momento histórico parecem não possuir um outro objetivo senão<br />
a construção de uma sociedade estável e segura, que na República de Platão<br />
(1997) teve seu papel pré-determinado assim como a figura do escravo cabia nutrir o<br />
espírito dos pequenos com ensinamentos necessários, para tornar-se um bom<br />
cidadão, cônscio de seus deveres para com a polis, e nisso valiam-se de letras de<br />
longos e repetitivos textos poéticos, acompanhados pela lira.<br />
Hodiernamente conseguiu-se ainda que não tanto quanto se é útil, necessário<br />
e desejável ultrapassar esse modelo e já se encontra poesia lúdica, rítmica, cômica,<br />
melancólica,livre do conservadorismo formal tanto na escrita quanto na forma.<br />
Nessas circunstâncias a literatura poética infantil pode levar os leitores–mirins como<br />
assim os chamavam José Paulo Paes a ter seu processo de ensino-aprendizado<br />
estimulado na medida em que ocorra uma maior interação entre o sentido<br />
pedagógico da ficção proposta em seus textos e sua ludicidade. Tal possibilidade<br />
interativa motiva à criatividade da criança por unir seu próprio imaginário, seu mundo<br />
de fantasias às manifestações populares no contexto social em que vivem. É<br />
importante recordar que os escritos poéticos enquanto arte da literatura e da<br />
literatura infantil não tem por objetivo primeiro a transmissão de uma mensagem<br />
para reforçar um determinado conteúdo disciplinar ou mesmo apresentar um<br />
paralelo com a vida pessoal, aos moldes das fábulas 13 e sua moral da história.<br />
Finalizo deixando não resultados surpreendentes e inovadores, que possam<br />
servir de instrumento para a docência quando decide por escrever sobre a poesia<br />
infantil a única pretensão foi de trazer-lhes um pouco da água de peneira, para que<br />
pudesse ser provada. Decerto muitos fatos históricos ocorreram no mundo, guerras,<br />
revoluções, e que tais mudanças afetaram e mudaram a escola, o sabemos que o<br />
transcurso da história pré-determina o rumo das diretrizes escolares mesmo quando<br />
a escola torna-se aparentemente democrática e renovada, traz em sua essência a<br />
marca indelével de atrelamento aos interesses socioeconômicos.<br />
Decerto também que algo significativo surgiu na educação, a burguesia ao<br />
criar o conceito de infância e como tudo, mais também vive em contradição, mesmo<br />
13 Jean La Fontaine (1621-1692) elevou a fábula ao nível que a conhecemos hoje. Seus argumentos<br />
foram buscados na Grécia e Roma, em textos bíblicos, no imaginário popular, na idade média e<br />
mesmo nos renascentistas. Tem por característica fundamental o fato de encerra sempre suas<br />
fábulas com uma lição de moral objetivando os costumes e o comportamento moral em sociedade.<br />
46
que a infância seja classificada de acordo com as camadas sociais nas quais as<br />
crianças se encontram e conseqüentemente, isto se reflete também na formação<br />
dos educadores de crianças pequenas dadas as condições de formação e meios de<br />
acesso aos bens culturais materiais que estes possam ter, no meio em que estão<br />
inseridos(empregos que ocupam) sejam instituições, escolas particulares ou redes<br />
de ensinos governamentais e que irão definir a qualidade de seu trabalho,a<br />
contradição reside no fato de que nenhum sistema político, consegue impedir, o<br />
entendimento que muitos adquirem, e consequentemente pode vir a causar<br />
mudanças no interior da escola.Ao tempo em que o mercado de trabalho os força a<br />
uma constante e apressada ” formação continuada” , neste conflito pode coexistir, a<br />
transfiguração do ser, e esta mudança ainda que possa se refletir num plano<br />
individual,o crescimento o que pode advir desta relação,os fará questionar, e buscar<br />
discutir em m conjunto a sua práxis.Poderá haver ruptura ou não.Mas irão se<br />
confrontar com novos itinerários aí interpostos, na contemporaneidade, que nos<br />
obriga a refletir.<br />
Os itinerários de leitura tornaram-se os mais diversificados, novos olhares<br />
sobre o que é escrever e ler, novos hábitos de leitura foi incorporado. Contínuas<br />
discussões e promissoras formas de educar são discutidas e postas em cheque, a<br />
filosofia, a literatura e mesmo a economia e estudo da história constituem objetos de<br />
pesquisa dos mais relevantes, os movimentos sociais na educação discutem e<br />
reivindicam para si não só melhorias e leis que a coloquem num patamar favorável e<br />
digno do trabalho, e condizente com as necessidades de se efetivar uma educação<br />
de qualidade significativa e se não eqüitativa, pelo menos acessível, eis o que se<br />
apresenta no panorama escolar.<br />
Quanto aos sentidos de propiciar à educação de crianças a possibilidade de<br />
tornar esse itinerário sensível e extraordinário é possibilitando que neste espaço,<br />
haja um tempo que há muito foi premido, pela rigidez do tempo, do capital social que<br />
exige, que este tempo “pedagogize” os sentidos com fins, que se prestam<br />
basicamente ao plano cognitivo, pois em primeira instância, somos forçados a nos<br />
preocupar com a educação das crianças, par torna-las aptas, competitivas, e úteis<br />
para a sociedade de consumo, exploração, e individualismo.<br />
Mas a palavra, a linguagem, resiste, transmudada em arte, em poesia, a<br />
humanidade que há em homens e mulheres, nos tornam a um só tempo<br />
instrumento, corpo e espíritos dotados de vontades, vontades estas de mudanças e<br />
47
na poesia se não descobrimos em nós os poetas escritores, descobrimos os poetas<br />
ledores, ledores de vida, dos sentidos múltiplos, sóciopolíticos, que compartilhamos<br />
com outros seres, que nos oferecem a sua poesia. Como muito bem nos sugere o<br />
pensamento eliotiano quando apresenta a idéia de que se a poesia não estiver<br />
atrelada obrigatoriedade de cumprir qualquer função alheia ao caráter lúdico, afetivo<br />
e poético, estará livre de qualquer jugo e motivação ideológica que se<br />
autodenominem justificáveis.<br />
E quanto a poesia infantil na contemporaneidade oferecida às crianças —<br />
não esqueçamos de seu acervo cultural — ainda que não as alcancem em termos de<br />
sociais igualitários, o que seria utópico, encontra vozes, corpo e espíritos os mais<br />
dedicados e apaixonados, prova destes seres poéticos são as referências que<br />
constam neste trabalho. E os que se juntam e caminham neste itinerário, quando<br />
bebem desta água de peneira e respondem ao convite de José Paulo Paes (1990)<br />
para brincar de poesia.<br />
Sabemos que a infância dividida em classes sociais torna as crianças, e<br />
todos os que convivem nela, sujeitos às condições que são impostas e arbitradas.<br />
A situação se apresenta grave, a reboque do Estado a escola se mostra<br />
insuficiente seja para propiciar uma educação significativa, justa e apropriada para o<br />
pleno desenvolvimento das crianças em vários aspectos, seja para sanar ou mesmo<br />
minimizar algumas mazelas, sofridas por elas, não há futuro para essas crianças,<br />
não há motivação mesmo para que os seus professores possam e tenham o que<br />
lhes oferecer uma educação que prime culturalmente, por uma educação que<br />
presentifique a criança em sua imaginação criadora, em seu processo de<br />
desenvolvimento psicossocial, independente de qual classe social a que pertença a<br />
criança.<br />
Quanto aos itinerários, diversificados, que as diferentes infâncias apresentam<br />
como poder ter acesso, aos mais variados livros, a viagens, a interatividade a que<br />
estão sujeitas os interlocutores que promovem uma intermediação enriquecedora,<br />
criativa, e diversificada, faz sim muitas diferença. Não há como negar! Por outro lado<br />
aí é que percebemos o quanto é importante a formação dos educadores.<br />
Justamente na contemporaneidade em que a poesia encontra o tom infantil, e a<br />
experiência criadora das crianças, a fragilidade está na formação dos educadores, e<br />
esta não é uma crítica, é antes de tudo, uma observação, extraída desse apanhado<br />
histórico, do que era entendido como poesia, ora doutrinária, ora repetitiva<br />
48
escolástica, ora puro entretenimento e “pueril”, e na contemporaneidade encontrar-<br />
se envolta num invólucro mercadológico.<br />
A poesia infantil apesar do cunhado “ boom” literário e novos poetas, e dos<br />
meios virtuais ainda se encontra num patamar secundário na literatura infantil. Há<br />
mais publicações, porém a proporcionalidade, ainda não é equiparativa a outros<br />
gêneros. Os professores ainda receiam ou desconhecem o quanto podem<br />
simplesmente gostar de poesia.<br />
O livro que representa o meio mais palpável, e deveria correr entre pequenas<br />
mãozinhas curiosas, atualmente é uma realidade que se constitui em um luxo para<br />
poucos iniciados. No entanto, do lugar em que falamos, de onde temos a nossa<br />
visão alargada e os nossos sentidos ampliados pela exploração que nos leva a<br />
primar por uma educação sociopoética livre de qualquer amarra, que esteja em seu<br />
percurso histórico.<br />
A formação literária dos educadores de crianças pequenas, a leitura de<br />
poesia, os eventos de criação e a fantasia certamente farão uma imensa diferença.<br />
Em tempo, este explorar, nos leva ao encontro de um legado histórico, no qual nos<br />
deparamos com seres poéticos, incluindo as crianças, e o resultado deste explorar,<br />
não é o fim, é poder refazer o novo a cada dia, do velho refazer o novo e nisso há<br />
um sentido poético. Há um sentido pedagógico. Em ambos há o sentido humano!!!<br />
49
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53
GLOSSÁRIO<br />
Aliteração – figura de linguagem que consiste em repetir sons de vogais verso ou<br />
numa frase, especialmente as sílabas tônicas. A assonância é largamente utilizada<br />
em poesia mas também pode ser empregada em p<strong>rosa</strong>, especialmente em frases<br />
curtas. Trata-se da reiteração de fonemas consonantais idênticos ou semelhantes.<br />
Aliteração como a seqüência de fonemas consonantais idênticos ou congêneres,<br />
dentro da mesma unidade métrica. O fenômeno serve para efeitos de harmonia<br />
imitativa ou onomatopéia. Para exemplificar o fato, cita dois versos de Augusto<br />
Meyer: As ondas roxas do rio rolando a espuma/ Batem nas pedras da praia o tapa<br />
claro...<br />
Alegoria (do grego αλλος, allos, "outro", e αγορευειν, agoreuein, "falar em público")<br />
– é uma representação figurativa carnavalesca que transmite um outro significado<br />
que o da simples adição ao literal. É geralmente tratada como uma figura da retórica.<br />
Uma alegoria não precisa ser expressa na linguagem: pode dirigir-se aos olhos e,<br />
com freqüência, encontra-se na pintura, escultura ou noutra forma de arte mimética.<br />
O significado etimológico da palavra é mais amplo do que o que ela carrega no uso<br />
comum. Embora semelhante a outras comparações retóricas, uma alegoria<br />
sustenta-se por mais tempo e de maneira mais completa sobre seus detalhes do que<br />
uma metáfora, e apela a imaginação da mesma forma que uma analogia apela à<br />
razão. A fábula ou parábola é uma alegoria curta com uma moral definida.<br />
Animismo – termo cunhado pelo antropólogo inglês Sir Edward B. Tylor, em 1871,<br />
na obra Primitive Culture (A Cultura Primitiva). Tylor, por animismo, designou a<br />
manifestação religiosa imanente a todos os elementos do cosmos (Sol, Lua,<br />
estrelas), a todos os elementos da natureza (rio, oceano, montanha, floresta, rocha),<br />
a todos os seres vivos (animais, árvores, plantas) e a todos os fenômenos naturais<br />
(chuva, vento, dia, noite); é um princípio vital e pessoal, chamado de "ânima", o qual<br />
apresenta significados variados: cosmocêntrica significa energia; antropocêntrica<br />
significa espírito e teocêntrica significa alma.<br />
Conotação – a conotação remete para as idéias e as associações que se<br />
acrescentam ao sentido original de uma palavra ou expressão, para as completar ou<br />
precisar a sua correta aplicação num dado contexto. Por outras palavras, tudo aquilo<br />
que podemos atribuir a uma palavra para além do seu sentido imediato e dentro de<br />
uma certa lógica discursiva entra no domínio da conotação. Uma mesma expressão<br />
pode aplicar-se a coisas iguais e produzir diferentes associações, ou seja, diferentes<br />
conotações<br />
Denotação – a denotação é aquilo a que uma palavra ou expressão se aplica no<br />
seu stricto sensu. Normalmente, opõe-se à conotação. Não se confunde com o<br />
conceito de sentido, porque várias expressões denotativas podem-se aplicar às<br />
mesmas coisas e variar o seu significado: "solípede" e "quadrúpede doméstico"<br />
podem-se aplicar ao termo "cavalo", mas significam em si coisas diferentes. Se um<br />
termo não se aplicar a coisa nenhuma, podemos dizer que não denota nada, ou, em<br />
linguagem matemática, podemos dizer que denota um conjunto vazio, por exemplo<br />
"raiz quadrada de p (pi)". A denotação é muitas vezes tomada como o sentido literal<br />
de uma palavra, por causa da universalidade desse sentido e pelo reconhecimento<br />
imediato que dele fazemos.<br />
54
Estrofe – modernamente diz-se de uma série ou de um grupo de versos que<br />
partilham relações de sentido, de ritmo e/ou de métrica entre si constituindo uma<br />
unidade na estrutura de uma composição poética. O termo usa-se quase<br />
indistintamente com a designação mais clássica de estância (do italiano stanza,<br />
aposento, divisão, quarto), que alguns autores preferem para nomear as estrofes<br />
regulares nas composições que seguem à risca os cânones de versificação clássica.<br />
Neste sentido, podemos dizer que Os Lusíadas tem 1102 estâncias, devido à<br />
uniformidade da sua estrutura (a oitava-rima).<br />
Intertextualidade – como se pode notar na constituição da própria palavra,<br />
intertextualidade significa relação entre textos. Considerando-se texto, num sentido<br />
lato, como um recorte significativo feito no processo ininterrupto de semiose cultural,<br />
isto é, na ampla rede de significações dos bens culturais, pode-se afirmar que a<br />
intertextualidade é inerente à produção humana. O homem sempre lança mão do<br />
que já foi feito em seu processo de produção simbólica. Falar em autonomia de um<br />
texto é, a rigor, improcedente, uma vez que ele se caracteriza por ser um “momento”<br />
que se privilegia entre um início e um final escolhidos. Assim sendo, o texto, como<br />
objeto cultural, tem uma existência física que pode ser apontada e delimitada: um<br />
filme, um romance, um anúncio, uma música. Entretanto, esses objetos não estão<br />
ainda prontos, pois se destinam ao olhar, à consciência e à recriação dos leitores.<br />
LIRISMO (Lira + ismo, doutrina, tendência, corrente) – Vocábulo cunhado no interior<br />
do Romantismo francês (lyrisme, 1834), para designar o caráter acentuadamente<br />
individualista e emocional assumido pela poesia lírica a partir do século XIX.<br />
Literatura Infantil – medida contra a literatura em geral, (para adultos), a literatura<br />
infantil enferma de um estatuto de menoridade e de marginalização dos cânones,<br />
que encontra expressão na sua tripla concepção como ficção popular, como material<br />
pedagógico, e/ou como mercado do livro para crianças. Para a literatura infantil<br />
confluem os interesses adultos de didatizar e controlar a criança, pela transmissão<br />
cultural de certos textos e de certos valores, bem assim como os interesses<br />
econômicos de uma indústria de comercialização de livros para crianças que<br />
floresce com a imprensa, a partir do século XVIII, e se revela, no século XX, muito<br />
rentável.<br />
Metalinguagem – a palavra metalinguagem, formada com o prefixo grego meta, que<br />
expressa as idéias de comunidade ou participação, mistura ou intermediação e<br />
sucessão, designa a linguagem que se debruça sobre si mesma. Por extensão, dizse<br />
também: metadiscurso, metaliteratura, metapoema e metanarrativa.<br />
Mimese – do gr. mímesis, “imitação” (imitatio, em latim), designa a ação ou<br />
faculdade de imitar; cópia, reprodução ou representação da natureza, o que<br />
constitui, na filosofia aristotélica, o fundamento de toda a arte. Heródoto foi o<br />
primeiro a utilizar o conceito e Aristófanes, em Tesmofórias (411), já o aplica. O<br />
fenômeno não é um exclusivo do processo artístico, pois toda atividade humana<br />
inclui procedimentos miméticos como a dança, a aprendizagem de línguas, os rituais<br />
religiosos, a prática desportiva, o domínio das novas tecnologias, etc. Por esta<br />
razão, Aristóteles defendia que era a mímesis que nos distinguia dos animais.<br />
55
Métrica – disciplina que busca estabelecer as normas da versificação tradicional,<br />
fixando as regras pelas quais deve reger-se o verso. Assim, a medida e o ritmo dos<br />
versos são determinados por um sistema de metrificação ou versificação. A noção<br />
de metro pertence à língua, encarada como sistema, enquanto a noção de verso<br />
propriamente dita pertence ao discurso poético. O verso, portanto, é o resultado da<br />
realização de um metro. Daí a definição de verso como uma sílaba ou sucessão de<br />
sílabas sujeita a medida e a ritmo pré-estabelecidos. Por medida, entende-se um<br />
determinado número de sílabas métricas ou poéticas; e, por ritmo, o resultado de<br />
uma distribuição cadenciada e harmonia de acentos intensivos (também chamados<br />
acentos tônicos) no verso, de tal forma que a sensação rítmica se percebe pelo<br />
retorno da sílaba tônica, após intervalos regulares. A métrica (ou versificação)<br />
estuda, entre outros elementos, a contagem silábica dos versos, dando especial<br />
atenção aos encontros vocálicos intervocabulares; os tipos de verso, em geral de<br />
uma a doze sílabas; o ritmo de cada verso e a variedade rítmica dentro do verso; a<br />
estrofe e sua estruturação; a rima em suas diferentes e determinadas formas; e o<br />
elenco de poemas de forma fixa.<br />
Neologismo – Termo utilizado para classificar uma palavra nova que surge numa<br />
língua devido à necessidade de designar novas realidades - novos conhecimentos<br />
técnicos, objetos gerados pelo progresso científico (neologismos técnicos e<br />
científicos) e até por questões estilísticas e literárias, tornando a língua mais<br />
expressiva e rica (neologismos literários).<br />
Disponível em: <br />
Onomatopéia – termo de origem grega (onomatopoiía - criação de palavras, pelo<br />
latim onomatopoeia - invenção de palavras) que significa simultaneamente um<br />
fenômeno lingüístico e uma figura da retórica que consistem na semelhança, através<br />
da imitação ou reprodução, existente entre o som de uma palavra e a realidade que<br />
representa, seja o canto dos animais, o som dos instrumentos musicais ou o barulho<br />
que acompanha os fenômenos da natureza.<br />
Poesia popular 14 – No nordeste a poesia popular se divide em dois grupos: o<br />
tradicional e a improvisada. As estrofes mais usadas são as sextilhas, a décima de<br />
sete sílabas e o martelo agalopado, que é uma décima de dez sílabas. Tanto na<br />
poesia tradicional como na improvisada, são essas as estrofes mais importantes,<br />
embora haja, além desses, o mourão, o galope-à-beira-mar, o martelo gabinete<br />
“sextilha de dez sílabas”, e outras. O desafio ou cantoria é o medo de se expressar<br />
da poesia improvisada. Dois cantores improvisam na viola, em tom jocoso, satírico e<br />
as vezes atravessam a noite.<br />
Ritmo – deriva do grego rhythmós, associado ao verbo reÎn (correr), proveniente do<br />
movimento dos rios. Ritmo significa, de uma maneira geral, a repetição periódica de<br />
elementos no tempo ou no espaço, mas, enquanto termo científico, designa um<br />
movimento apresentado de uma maneira particular.<br />
REFERÊNCIAS<br />
http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/<br />
14 CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: Global. 2002.<br />
56
APÊNDICE<br />
AUTORES E AUTORAS CONTEMPORÂNEOS E SUAS OBRAS<br />
Fátima Miguez<br />
Carioca, formada pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de<br />
Janeiro). Desde menina sonhava em ser professora; passava<br />
horas brincando de dar aulas usando cadernos velhos e riscando<br />
o portal de sua casa. Fátima foi crescendo, sonhando em<br />
transformar aquela brincadeira em verdade, e assim aconteceu.<br />
Dá aulas para o Departamento de Ciências da Literatura na<br />
UFRJ e sua paixão pela literatura é tão grande que além de<br />
aulas ela faz pesquisas sobre o assunto para ajudar outros<br />
professores a melhorarem suas aulas. Seus livros encantam<br />
muitos jovens e crianças, sendo considerados pela Fundação<br />
Nacional do Livro Infantil e Juvenil altamente recomendáveis.<br />
Disponível em: http://www.edukbr.com.br/leituraeescrita/maio03/iautores.asp.<br />
OBRAS<br />
Em boca fechada não entra mosca<br />
Quando o sabiá canta, nossos males espanta<br />
Nas arte-manhas do imaginário infantil: o lugar da<br />
literatura<br />
Com o coração na mão<br />
Paisagens brasileiras<br />
A cama que não lava o pé<br />
Perto dos olhos, perto do coração<br />
Manoel Wenceslau Leite de Barros (1916-)<br />
Onde está a margarida?<br />
Brasil-menino<br />
Inventário do lobo mau<br />
Brasil-folião (Fatima Miguez & Victor Tavares)<br />
Paisagens da Infância (Fatima Miguez & Victor<br />
Tavares)<br />
Bucha de Balão ou Bruxa de Vassoura na Mão?<br />
(Fatima Miguez & Victor Tavares)<br />
Auto-retrato falado - “Venho de um Cuiabá de garimpos e de<br />
ruelas entortadas. Meu pai teve uma venda no Beco da<br />
Marinha, onde nasci. Me criei no Pantanal de Corumbá entre<br />
bichos do chão, aves, pessoas humildes, árvores e rios.<br />
Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar entre<br />
pedras e lagartos. Já publiquei 10 livros de poesia: ao publicálos<br />
me sinto meio desonrado e fujo para o Pantanal onde sou<br />
abençoado a garças. Me procurei a vida inteira e não me achei<br />
— pelo que fui salvo. Não estou na sarjeta porque herdei uma fazenda de gado. Os<br />
bois me recriam. Agora eu sou tão ocaso! Estou na categoria de sofrer do moral<br />
porque só faço coisas inúteis. No meu morrer tem uma dor de árvore”. (Disponível<br />
em http://www.releituras.com/manoeldebarros_autoretrato.asp).<br />
Mudou-se para Corumbá (MS), onde se fixou de tal forma que chegou a ser<br />
considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande (MS). É advogado,<br />
fazendeiro e poeta. Mais de trinta obras publicadas desde a década de trinta. Mais<br />
de uma dezena de prêmios recebidos desde a década de sessenta. Citamos uma<br />
obra - Exercício de ser criança – que fez jus ao Prêmio Academia Brasileira de<br />
Letras do ano 2000. (Disponível em:<br />
http://www.releituras.com/manoeldebarros_bio.asp. Acesso em 22 de junho de<br />
2009).<br />
57
Ulisses Tavares — (1950-)<br />
Nasce em Sorocaba (SP) em 1950. Fez sua estréia literária em<br />
1959, com a publicação de poemas nos jornais Folha de<br />
Sorocaba e Diário de Sorocaba. Em 1963 realizou exposição de<br />
poemas em varais, em praças públicas de São Paulo SP.<br />
Publicou, em 1977, Pega Gente, livro de poesia independente.<br />
Em 1978 lançou o jornal/movimento Poesias Populares - O<br />
Jornal do Poeta, reunindo 350 poetas em todo país. Entre 1978 e<br />
1990 foi editor do Núcleo Pindaíba Edições e Debates, com<br />
Aristides Klafke, Arnaldo Xavier e Roniwalter Jatobá, em São<br />
Paulo. No período de 1982 a 1989 publicou os livros de ficção Garcia Quer Brincar,<br />
Dias Azuis Claros e Escuros e Sete Casos do Detetive Xulé, além do álbum de<br />
quadrinhos SUBS, com desenhos de Julio Shimamoto. Está com 62 livros<br />
publicados em diferentes gêneros (16 de poesia), sendo hoje um dos poetas mais<br />
lidos do Brasil, principalmente por publicar há 12 anos em uma agenda poética do<br />
grupo anarquista Tribo, com 120 mil exemplares/ano.<br />
Disponível em: <br />
Laurabeatriz (Laura Beatriz de Oliveira Leite de Almeida)<br />
É uma artista-plástica carioca que vive em São Paulo e desde 1984<br />
ilustra livros infantis. Seu grande parceiro é o escritor Lalau, que<br />
aparece com ele na lista dos 30 Melhores Livros Infantis 2007/2008,<br />
com o livro Boniteza Silvestre (Ed. Peirópolis). O nome da dupla já<br />
estampa 17 capas de livro e, por si só, já imprime sua marca e<br />
musicalidade aos títulos. Algumas obras: Qual é que é Bem<br />
brasileirinhos: poesia para bichos mais especiais da nossa fauna<br />
O caçador<br />
palavras Faz e acontece no faz-de-conta Faz e acontece no circo Diário de um<br />
papagaio Boniteza silvestre: poesia para os animais ameaçados pelo homem.<br />
(Imagem de Laura disponível em:<br />
http://editora.globo.com/especiais/crescer_cuca_bacana/img_upload/laurabeatriz_pe<br />
q.jpg. Acesso em 22 jun. 2009).<br />
Ingrid Biesemeyer Bellinghausen<br />
É de São Paulo. Formada em Artes Plásticas, fez pós-graduação em<br />
História da Arte e tantos outros cursos de especialização e<br />
aperfeiçoamento. A artista gosta de trabalhar com vários materiais,<br />
criando novas experiências, pinturas, objetos, esculturas etc., além de<br />
brincar com cores, formas e contrastes, como faz nos livros que<br />
escreve e ilustra para crianças. Além de escrever e desenhar seus<br />
próprios livros, encontra tempo para ilustrar projetos de outros autores.<br />
Cria e coordena oficinas de arte sobre livros, o que aproxima a artista de seus<br />
pequenos leitores. Algumas obras: 1,2,3 Era uma vez...e; A evolução da vida na<br />
Terra; As famílias do mundinho; Cachinhos dourados e os três ursos; Chapeuzinho<br />
Vermelho; De mãos dadas - às crianças de toda parte do mundo; De olho na<br />
Amazônia; João e o pé de feijão; O Curumim; O mundinho; O mundinho azul; O<br />
patinho feio.<br />
Disponível em: http://www.editoradcl.com.br/2009/midia/foto_Ingrid.jpg. Acesso em<br />
22 junho 2009<br />
58<br />
de
Roseana Murray<br />
Nasceu no Rio de Janeiro em 1950. Graduou-se em Literatura e<br />
Língua Francesa em 1973 (Universidade de Nancy/ Aliança<br />
Francesa). Publicou seu primeiro livro infantil em 1980 (Fardo de<br />
Carinho, ed. Murinho, RJ). Em 2007 tem mais de 50 livros<br />
publicados. Tem dois livros traduzidos no México (Casas, ed.<br />
Formato e Três Velhinhas tão velhinhas, ed. Miguilim/ Ibeppe) .<br />
Seus poemas estão em antologias na Espanha. Tem poemas<br />
traduzidos em seis linguas (in Um Deus para 2000, Juan Arias, ed.<br />
Desclée e Maria, esta grande desconhecida, Juan Arias, ed.<br />
Maeva). Recebeu o Prêmio O Melhor de Poesia da FNLIJ nos<br />
anos 1986 (Fruta no Ponto, ed. FTD), 1994 (Tantos Medos e Outras Coragens, ed.<br />
FTD) e 1997 (Receitas de Olhar, ed. FTD). Recebeu o Prêmio Associação Paulista<br />
de Críticos de Arte em 1990 para o livro Artes e Ofícios, ed. FTD, S.P. Entrou para a<br />
Lista de Honra do I.B.B.Y em 1994 com o livro Tantos Medos e Outras Coragens<br />
tendo recebido seu diploma em Sevilha, Espanha. Recebeu o Prêmio Academia<br />
Brasileira de Letras em 2002 para o livro Jardins ed. Manati, R.J como o melhor livro<br />
infantil do ano. Participou ao longo destes anos de vários projetos de leitura.<br />
Implantou em Saquarema, em 2003, junto com a Secretaria Municipal de Educação,<br />
o Projeto Saquarema, Uma Onda de Leitura (Disponível em:<br />
http://www.roseanamurray.com/biografia.asp. Acesso em 22 de junho de 2009).<br />
Poesia para crianças e jovens<br />
Fardo de Carinho, ed. Lê, 2009<br />
Poemas de Céu, ed. Paulinas, 2009<br />
Kira, ed. Lê, 2009<br />
Arabescos no Vento, ed. Prumo, 2009<br />
Fábrica de Poesia, ed. Scipionne, 2008<br />
Poemas e Comidinhas, com o Chef André Murray, ed.<br />
Paulus, S.P, 2008<br />
Residência no Ar, ed. Paulus, 2007<br />
No Cais do primeiro Amor, ed. Larousse, 2007<br />
Desertos, ed. Objetiva, 2006. ( Finalista do Prêmio Jabuti ) -<br />
Altamente Recomedável FNLIJ, 2006<br />
O traço e a traça ed. Scpionne, 2006.<br />
O xale azul da sereia, ed. Larrousse, 2006.<br />
O que cabe no bolso? ed. DCL, 2006.<br />
Paisagens, ed. Lê, 2006.<br />
Pêra, uva ou maçã ed. Scipione, 2005. (Catálogo de<br />
Bolonha 2006 e Acervo Básico, F.N.L.I.J).<br />
Rios da Alegria, ed. Moderna, 2005. (Altamente<br />
Recomendável, F.N.L.I.J).<br />
Poemas de Céu ed. Miguilim, 2005. (Antigo "Lições de<br />
Astronomia").<br />
Maria Fumaça Cheia de Graça, ed. Larousse, 2005.<br />
Duas Amigas, ed. Paulus, 2005 (reedição).<br />
Lua Cheia Amarela, ed. Dimensão 2004.<br />
Caixinha de Música, ed. Manati, 2004. (Catálogo de Bolonha<br />
2005)<br />
Um Gato Marinheiro, ed. DCL, 2004.<br />
Todas as Cores Dentro do Branco, ed. Nova Fronteira, 2004.<br />
Recados do Corpo e da Alma, ed. FTD, 2003. (Altamente<br />
Recomendável F.N.L.I.J)<br />
Luna, Merlin e Outros Habitantes, ed. Miguilim/ Ibeppe,<br />
2002. (Altamente Recomendável, F.N.L.I.J. )<br />
Jardins, ed. Manati, 2001. (Prêmio Academia Brasileira de<br />
Letras de Literatura Infantil 2002. )<br />
Poesia para crianças e jovens<br />
59<br />
Caminhos da Magia, ed. DCL, 2001.<br />
Manual da Delicadeza, ed. FTD, 2001.<br />
O Silêncio dos Descobrimentos, com Elvira<br />
Vigna. Paulus, 2000.<br />
Receitas de Olhar, ed. F.T.D, 1997, ( Prêmio O<br />
Melhor de Poesia, F.N.L.I.J. )<br />
Carona no Jipe, ed. Memórias Futuras, 1994 e<br />
ed. Salamandra, 2006<br />
No final do Arco-Íris, ed. José Olímpio, 1994.<br />
O Mar e os Sonhos, ed. Miguilim,1996,<br />
(Altamente Recomendável para a Criança,<br />
F.N.L.I.J. )<br />
Paisagens, ed. Lê, 1996.<br />
Felicidade, ed. F.T.D, 1995, (Altamente<br />
Recomendável para a Criança, F.N.L.I.J. )<br />
De que riem os palhaços ed. Memórias Futuras,<br />
1995. Esgotado<br />
Tantos Medos e Outras Coragens, ed. F.T.D,<br />
1994 ( Prêmio O Melhor de Poesia F.N.L.I.J e<br />
Lista de Honra do I.B.B.Y. ) Reedição com novas<br />
ilustrações em 2007<br />
Qual a Palavra? ed. Nova Fronteira, 1994.<br />
Casas, ed. Formato, 1994. Editado no México,<br />
ed. Alfaguara<br />
Dia e Noite, ed. Memórias Futuras, 1994.<br />
Esgotado<br />
Artes e Ofícios, ed. F.T.D, 1990, (Prêmio A.P.C.A.<br />
e Altamente Recomendável para a Criança,<br />
F.N.L.I.J. ) Reedição com novas ilustrações em<br />
2007<br />
Falando de Pássaros e Gatos, editora Paulus,<br />
1987.<br />
Fruta no Ponto, ed. F.T.D, 1986. (Prêmio O<br />
Melhor de Poesia. F.N.L.I.J.
Poesia<br />
Variações sobre Silêncio e Cordas, com desenhos de<br />
Elvira Vigna. E-BOOK, edição artesanal Maurício<br />
Rosa, Visconde de Mauá, maio de 2008.<br />
Poesia essencial, ed. Manati, 2002.<br />
15 poemas no livro Um Deus para Dois Mil, de Juan<br />
Arias, ed. Vozes (em seis línguas) 1999.<br />
Caravana, inédito, vencedor do Concurso Cidade de<br />
Belo Horizonte, 1994.<br />
Pássaros do Absurdo, ed. Tchê ,1990, vencedor do<br />
Concurso da Associação Gaúcha de Escritores.<br />
Paredes Vazadas, ed. Memórias Futuras, 1988.<br />
Esgotado<br />
Contos para crianças e jovens<br />
Território de Sonhos, ed. Rocco, Altamente<br />
Recomendável FNLIJ, 2006.<br />
Sete Sonhos e um Amigo, ed. FTD, 2004.<br />
Pequenos Contos de Leves Assombros, ed.<br />
Quinteto, 2003.<br />
Um Avô e seu Neto, ed. Moderna, 2000.<br />
Terremoto Furacão ed. Paulus, 2000.<br />
Um cachorro para Maya, ed Salamandra,<br />
2000.<br />
Uma História de Fadas e Elfos, ed.<br />
Miguilim / Ibeppe, 1998, (Acervo Básico da<br />
F.N.L.I.J - criança ).<br />
Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes - (19/10/1913 - 09/07/1980)<br />
O biógrafo de Vinicius, José Castello, autor do excelente livro<br />
"Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão - uma biografia" nos<br />
diz que o poeta foi um homem que viveu para se ultrapassar e<br />
para se desmentir. Para se entregar totalmente e fugir, depois,<br />
em definitivo. Para jogar, enfim, com as ilusões e com a<br />
credulidade, por saber que a vida nada mais é que uma forma<br />
encarnada de ficção. Foi, antes de tudo, um apaixonado — e a<br />
paixão, sabemos desde os gregos, é o terreno do<br />
indomável. Daí porque fazer sua biografia era obra ingrata.<br />
Dele disse Carlos Drummond de Andrade: "Vinicius é o único poeta brasileiro que<br />
ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural". "Eu<br />
queria ter sido Vinicius de Moraes". Otto Lara Resende assim o definiu: "Manuel<br />
Bandeira viveu e morreu com as raízes enterradas no Recife. João Cabral continua<br />
ligado à cana-de-açúcar. Drummond nunca deixou de ser mineiro. Vinicius é um<br />
poeta em paz com a sua cidade, o Rio. É o único poeta carioca". Mas ele dizia nada<br />
mais ser que "um labirinto em busca de uma saída". O que torna Vinicius um grande<br />
poeta é a percepção do lado obscuro do homem. E a coragem de enfrentá-lo. Parte,<br />
desde o princípio, dos temas fundamentais: o mistério, a paixão e a morte. Quando<br />
deixa a poesia em segundo plano para se tornar show-man da MPB, para viver<br />
nove casamentos, para atravessar a vida viajando, Vinicius está exercendo, mais<br />
que nunca, o poder que Drummond descreve, sem conseguir dissimular sua imensa<br />
inveja: "Foi o único de nós que teve a vida de poeta" (Disponível em:<br />
http://www.releituras.com/viniciusm_bio.asp. Acesso em 23 de junho de 2008).<br />
(Disponível em: http://www.viniciusdemoraes.com.br/vida/index.php. Acesso em 23<br />
de junho de 2009).<br />
60
José Paulo Paes – (1926-1998)<br />
Poeta, tradutor, ensaísta. Nasceu em Taquaritinga, São Paulo.<br />
Na casa em que veio ao mundo havia livros de seu avô para lera<br />
desde criança... Estudou química industrial em Curitiba e se<br />
iniciou na literatura nos círculos paranaenses em voga em<br />
meados dos anos 40 que freqüentavam o Café Belas Artes.<br />
Publicou seu primeiro livro de poema em 1947 – O aluno. Mas é<br />
em São Paulo, a partir de 1947, que amadurece em convivência<br />
com personalidades fulgurantes como Oswald de Andrade e<br />
outros modernistas, depois pela amizade com os concretistas<br />
sem nunca chegar a filiar-se a tais grupos.<br />
Lalau (Lázaro Simões Neto)<br />
É paulista, nasceu no bairro do Cambuci em 1954. Formado em<br />
Comunicação Social, trabalha com criação publicitária e projetos<br />
literários especiais. Começou a escrever poesia para crianças a<br />
partir de 1994, incentivado pelo seu grande mestre José Paulo<br />
Paes. Já publicou mais de duas dezenas de títulos em diversas<br />
editoras, sempre em parceria com a ilustradora Laurabeatriz. A<br />
preocupação com o meio ambiente está presente em quase toda a<br />
obra da dupla, que publicou, também pela Editora Peirópolis,<br />
inaugurando a coleção Bicho-Poema, o livro Boniteza Silvestre,<br />
considerado pela revista Crescer um dos 30 melhores títulos infantis<br />
publicados em 2007. Frequentemente, Lalau visita escolas e feiras de livros com<br />
Laurabeatriz, para conversar, se divertir e conhecer de perto seus pequenos leitores.<br />
Quem quiser trocar idéias com ele, é só escrever para lalau@great.com.br.<br />
Algumas obras: Bem-te-vi, Faz e acontece no circo, Faz e acontece no faz-de-conta,<br />
Fora da gaiola, Futebol!, Girassóis, Quem é quem, Uma cor, duas cores, todas elas<br />
(Disponível em: http://www.editorapeiropolis.com.br/biografia.php?id=182. Acesso<br />
em 22 de junho de 2009).<br />
André Neves<br />
Formou-se em relações públicas no Recife, mas sua paixão<br />
pelas artes e o levou ao Rio Grande do Sul, onde atualmente<br />
desenvolve atividades relacionadas à literatura infantil e, em<br />
especial, à arte de ilustrar imagens para a infância. Entre<br />
outros prêmios recebidos, contam o Prêmio Luís Jardim, da<br />
Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, Prêmio Jabuti<br />
2003 e o Prêmio Açorianos RS 2004, de melhor ilustração. Em<br />
202, participou da La immagini Della Fantasia, mostra<br />
internacional de ilustração infantil. É, autor e ilustrador dos<br />
livros infantis:<br />
"Um pé de vento"; "Caligrafia e Dona Sofia"; "Colecionador de Pedras"; "O enigma<br />
das caixas"; Menino chuva na rua do sol"; " Mestre Vitalino"; "O ovo e vovô"; "A<br />
seca"; "O segredo da arca de Troncoso"; "Uma história sem pé nem cabeça"; "Vira,<br />
vira, vira lobisomem"; "Maria Peçonha"; "Sebastiana e Severina", entre outros.<br />
Disponível em: < http://www.sarapiqua.g12.br/index. php?option=com_ content&view<br />
=article&id=215&Itemid=60><br />
61
Cecília Benevides de Carvalho Meireles — (1901–1964)<br />
Cecília Meireles (1901–1964) — Jornalista, educadora, cronista,<br />
realizou poesia das mais altas de nossa língua. Teve ainda<br />
importante atuação como jornalista, com publicações diárias<br />
sobre problemas na educação, área à qual se manteve ligada<br />
fundando, em 1934, a primeira biblioteca infantil do Rio de<br />
Janeiro. Observa-se ainda seu amplo reconhecimento na poesia<br />
infantil com textos como Leilão de Jardim, O Cavalinho Branco,<br />
Colar de Carolina, O mosquito escreve, Sonhos da menina,<br />
O menino azul e A pombinha da mata, entre outros. Ela traz para a poesia infantil a<br />
musicalidade característica de sua poesia, explorando versos regulares, a<br />
combinação de diferentes metros, o verso livre, a aliteração, a assonância e a rima.<br />
Os poemas infantis de Cecília Meireles não ficam restritos à leitura infantil,<br />
permitindo diferentes níveis de leitura. Em 1923, publicou Nunca Mais... e Poema<br />
dos Poemas, e, em 1925, Baladas Para El-Rei. Após longo período, em 1939,<br />
publicou Viagem, livro com o qual ganhou o Prêmio de Poesia da Academia<br />
Brasileira de Letras. A autora publicou regularmente, até à sua morte, no ano de<br />
1964, dois dias após ter completado 63 anos. Algumas de suas publicações neste<br />
período foram Vaga Música (1942), Mar Absoluto e Outros Poemas (1945), Retrato<br />
Natural (1949), Romanceiro da Inconfidência (1953), Metal Rosicler (1960), Poemas<br />
Escritos na Índia (1962), Solombra (1963) e Ou Isto ou Aquilo (temática infantil,<br />
1964). (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cec%C3%ADlia_Meireles)<br />
Emily Dickinson — (1813-1886)<br />
Emily Dickinson (1813-1886) — Proveniente de uma família<br />
abastada teve formação escolar irrepreensível, chegando a<br />
cursar durante um ano o South Hadley Female Seminary.<br />
Abandonou o seminário após se recusar, publicamente, a<br />
declarar sua fé. Quase tudo que se sabe sobre a vida de Emily<br />
Dickinson tem como fonte as correspondências que ela<br />
manteve com algumas pessoas. Entre elas: Susan Dickinson,<br />
que era sua cunhada e vizinha, colegas de escola, familiares e<br />
alguns intelectuais como Samuel Bowles, o Dr. e a Mrs. J. G.<br />
Holland, T. W. Higginson e Helen Hunt Jackson. Nestas cartas, além de tecer<br />
comentários sobre o seu cotidiano, havia também alguns poemas. A partir de 1864,<br />
surpreendida por problemas de visão, arrefece um pouco o ritmo de sua escrita.<br />
Uma curiosidade na obra de Emily Dickinson é que apesar de ter escrito em torno de<br />
1800 poemas e quase 1000 cartas, ela não chegou a publicar nenhum livro de<br />
versos, enquanto viveu. Os registros que se tem, é que apenas anonimamente,<br />
publicou alguns poemas. Toda a sua obra foi editada postumamente, sendo<br />
reconhecida e aclamada pelos críticos (http://pt.wikipedia.org/wiki/Emily_Dickinson).<br />
62
Jacinta Veloso Passos — (1914-1973)<br />
Nasceu em 30 novembro de 1914 na fazenda Campo Limpo,<br />
município de Cruz das Almas, filha de Manoel Caetano da<br />
Rocha Passos e de Berila Eloi Passos. Diplomou-se pela<br />
Escola Normal da Bahia, onde lecionou no curso secundário<br />
ao mesmo tempo em que colabora em jornais e revistas de<br />
Salvador, São Paulo e Rio. Filiando-se ao Partido Comunista,<br />
foi militante política, tendo exercido atividade jornalística<br />
diária no jornal Estado da Bahia, durante a última Guerra<br />
Mundial. Após uma vida tumultuada, veio a falecer em<br />
Sergipe no ano de 1973.<br />
(http://www.escritorasbaianas.ufba.br/jacinta/entrada.html).<br />
Johann Wolfgang von Goethe — (1749-1832)<br />
Escritor, pensador e também incursionou pelo campo da<br />
ciência. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes<br />
figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu, nos<br />
finais do século XVIII e inícios do século XIX. Juntamente com<br />
Friedrich Schiller foi um dos líderes do movimento literário<br />
romântico alemão Sturm und Drang. Algumas obras:<br />
Götz von Berlichingen (1773) Prometheus (poesia) (1774).<br />
Os Sofrimentos<br />
do Jovem Werther (1774) Egmont (1775) Iphigenie auf Tauris (1779)<br />
Torquato Tasso (1780) Reineke Raposo (1794) Xenien (escrito com Friedrich<br />
Schiller) (1796) Hermann e Dorothea (1798) Fausto (1806) Os Anos de Aprendizado<br />
de Wilhelm Meister (1807).<br />
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Johann_Wolfgang_von_Goethe).<br />
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho — (1886-1968)<br />
Poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e<br />
tradutor brasileiro. Possui um estilo simples e direto e é<br />
considerado o mais lírico dos poetas. Aborda temáticas<br />
cotidianas e universais, às vezes com uma abordagem de<br />
"poema-piada", lidando com formas e inspiração que a<br />
tradição acadêmica considera vulgares. Mesmo assim,<br />
conhecedor da Literatura, utilizou-se, em temas cotidianos, de<br />
formas colhidas nas tradições clássicas e medievais. Em sua<br />
obra de estréia (e de curtíssima tiragem) estão composições<br />
poéticas rígidas, sonetos em rimas ricas e métrica perfeitas,<br />
na mesma linha onde, em seus textos posteriores, encontramos<br />
composições como o rondó e trovas. Algumas poesias: A cinza das horas,<br />
1917; Carnaval, 1919; O ritmo dissoluto, 1924; Libertinagem, 1930; Estrela da<br />
manhã, 1936; Lira dos cinquent'anos, 1940; Belo, belo, 1948; Mafuá do malungo,<br />
1948; Opus 10, 1952; Estrela da tarde, 1960; Estrela da vida inteira, 1966.<br />
63
Bartolomeu Campos de Queirós — (1944-)<br />
Elias José (1936-2008)<br />
Pelo rigor na configuração de seu trabalho, sua obra tem sido<br />
reconhecida pelos críticos especializados e tomada como<br />
objeto para teses em várias universidades brasileiras pela<br />
leveza invulgar e uma transparência que não se traduz em<br />
superficialidade. Antes, constitui abertura para regiões<br />
profundas da comunicação poética. Por isso, sua expressão<br />
consegue ser, ao mesmo tempo, simples e densa. Ler o seu<br />
texto é envolver-se de imediato com a magia das palavras, é<br />
seduzir-se com a beleza e a musicalidade da p<strong>rosa</strong><br />
(http://www.caleidoscopio.art.br/bartolomeuqueiros/).<br />
Nasceu em Santa Cruz da Prata, distrito do município de<br />
Guaranésia, em Minas Gerais. Casou-se com Sílvia Monteiro<br />
Elias, teve três filhos (Iara, Lívia e Érico) e viveu em Guaxupé<br />
(MG) desde os 13 anos. Começa a trabalhar com o pai a partir<br />
dos sete anos, aprendendo o ofício de alfaiate. Mais tarde,<br />
torna-se "dono de loja", tradição entre as famílias sírias. Só<br />
iniciou o Ensino Médio aos 15 anos e alcança seu objetivo: ser<br />
professor. Possui mais de cem livros publicados divididos em<br />
romances, novelas, contos e didáticos, Elias preferiu escrever<br />
para crianças e adolescentes. “Se me perguntarem se gosto<br />
mais de escrever para adultos, para jovens ou para crianças,<br />
não tenho dúvidas. Escrever histórias e poesias infantis faz o menino que fui vir à<br />
tona, querendo brincar, rir e fazer novos meninos entrarem na brincadeira que é o<br />
texto da literatura infantil”.<br />
http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=biblioteca.biografia&id_autor=63<br />
Sérgio Capparelli — (1947-)<br />
Escritor de literatura infanto-juvenil, jornalista e professor<br />
universitário brasileiro. Viveu, trabalhou ou estudou em<br />
Uberlândia, Pará de Minas, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre,<br />
Munique, Paris, Londres, Grenoble e Montreal. Estabeleceuse<br />
em Porto Alegre em 1966 e, desde 2005, vive em Beijing,<br />
na China, onde trabalha na agência de notícias Xinhua News<br />
Agency. Formado em jornalismo pela Universidade Federal do<br />
Rio Grande do Sul. Fez doutorado em Comunicação pela<br />
Universidade de Paris e pós-doutorado pela Universidade de<br />
Grenoble na França. Tem mais de trinta livros publicados, entre eles Os meninos da<br />
Rua da Praia (36ª edição), Boi da cara preta (29ª edição), Vovô fugiu de casa (17ª<br />
edição), 33 ciberpoemas e uma fábula virtual (7ª edição), As meninas da Praça da<br />
Alfândega (9ª edição) e O velho que trazia a noite (7ª edição). É autor do ensaio<br />
Televisão e Capitalismo no Brasil, com o qual ganhou o prêmio Jabuti em Ciências<br />
Humanas, em 1983. Traduziu do chinês para o português, em parceria com Márcia<br />
Schmaltz, o livro 50 fábulas da China fabulosa.<br />
64
Sylvia Orthof — (1932-1997)<br />
Sylvia Orthof nasceu no Rio de Janeiro, em 1932, filha de um<br />
casal de judeus austríacos que deixou Viena entre as duas<br />
guerras, para buscar paz e trabalho. Filha única de<br />
imigrantes pobres, teve uma infância difícil. Aprendeu a falar<br />
primeiro alemão e falava português com sotaque e errado<br />
até a idade escolar. Aos 18 anos, foi estudar teatro em Paris.<br />
Um ano depois, voltou ao Brasil e trabalhou como atriz no<br />
Teatro Brasileiro de Comédias, em São Paulo (o TBC), e, no<br />
Rio, atuou com grandes nomes do teatro e da TV. Escritora<br />
muito amada, com a sua irreverência poética inesquecível,<br />
publicou mais de 100 livros para crianças e jovens e teve 13 títulos premiados pela<br />
Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil com o selo Altamente Recomendável<br />
para Crianças. Sylvia morreu em 1997, mas até hoje exerce grande influência sobre<br />
um grande número de autores infantis. Entrar numa história de Sylvia Orthof é<br />
encher os olhos de susto, mas não um susto de tremer perna ou bater queixo. O<br />
susto que as histórias de Sylvia dão na gente são carregados de perplexidade,<br />
arregalam a gente por dentro, dão largura no pensamento. Ganhadora do Prêmio<br />
Jabuti, por A Vaca Mimosa e a Mosca Zenilda (1997), Sylvia teve vários trabalhos<br />
adaptados para o teatro e quebrou tudo quanto é estereótipo na literatura infantil<br />
brasileira, com o seu texto desobediente, esmerado, abusado, feito de riso,<br />
provocação e arrepio. Afinal, a criatividade de Sylvia Orthof jamais coube em rótulos.<br />
Como ela mesma já disse, as histórias clássicas da literatura infantil sempre tiveram<br />
um ponto de vista muito machista. “Ninguém pergunta à Cinderela se ela quer casar<br />
com o príncipe. Cinderela casa com o príncipe porque ele tem dinheiro e poder. Ela<br />
se prostitui”, disse a autora. Mas, ao mesmo tempo, a autora defendia a leitura dos<br />
contos tradicionais, desde que houvesse uma reflexão. “Se Chapeuzinho Vermelho<br />
tem tanta força até hoje, é porque tem o seu valor. Só precisamos tomar cuidado<br />
para não apresentarmos essas histórias com uma mensagem moralista”.<br />
Almir Correia<br />
É natural de Ponta Grossa e atualmente reside em Curitiba.<br />
Mestre em Teoria da Literatura e especialista em Língua<br />
Portuguesa e Literatura Brasileira, o escritor desenvolveu o<br />
gosto pela literatura infantil. Tem vários livros infanto-juvenis<br />
publicados, alguns inclusive premiados. Escreve também<br />
roteiros de longa e curta metragem, faz vídeos e agora está<br />
entrando no mundo da animação. Entre seus principais livros<br />
estão: Poemas malandrinhos (Atual/Saraiva), O menino com<br />
monstros nos dedos (Nova América), Anúncios amorosos dos bichos (Editora<br />
Biruta), Blog do sapo frog (Formato/Saraiva), Trava-língua quebra-queixo rema<br />
rema remelexo (Editora Cortez), Lugares Incríveis para brincar antes de<br />
crescer” (Editora Nova Alexandria), Coisas que a garotada pode fazer para o<br />
mundo não acabar” (Editora Novo Século). Poemas sapecas rimas traquinas<br />
(Formato/Saraiva); livro pelo qual recebeu o prêmio de melhor Poesia Infantil da<br />
Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) e também foi incluído no<br />
“Brazilian Book Magazine”.<br />
Disponível em: <br />
65
Maria Dinorah Luz do Prado (1925-2007)<br />
Nasceu em Porto Alegre e passou a infância em Colônia<br />
de São Pedro, distrito de Torres. Professora por formação<br />
foi uma pioneira na literatura infantil e infanto-juvenil do<br />
Estado e na própria aproximação dos autores para<br />
crianças com as escolas. Tem mais de cem livros<br />
publicados entre p<strong>rosa</strong> e poesia. Estreou na literatura nos<br />
anos 1960, e se tornaria um das autoras mais lidas pelas<br />
crianças e jovens em idade escolar. Em seus livros<br />
abordou questões como leitura, questões sociais e ecologia.<br />
Merecendo destaque A Coragem de Crescer, Panela no Fogo, Barriga Vazia,<br />
Poesia Sapeca, Dobrando o Silêncio e Giroflê Giroflá.<br />
Disponível em:<br />
<br />
Tatiana Belinky (1919-)<br />
Nasceu na Rússia e chegou ao Brasil aos dez anos de<br />
idade quando já falava três idiomas. Aos dezoito anos<br />
trabalha como secretaria bilíngüe e aos vinte entra para<br />
faculdade de Filosofia tendo abandonado a seguir quando<br />
se casou com o médico e educador Júlio Gouveia. O casal<br />
tem dois filhos. No ano de 1948 começa a trabalhar em<br />
adaptações, traduções e criações de peças infantis para a<br />
prefeitura de São Paulo em parceria com o marido. Em<br />
1952 encenam "Os Três Ursos" em pedido da TV Tupi que<br />
atinge grande sucesso. O êxito deste trabalho foi definitivo para a carreira da<br />
escritora iniciante: o casal é convidado a ter um programa fixo na emissora. Dentro<br />
da casa, Tatiana e Júlio fazem a primeira adaptação de o “Sítio do picapau<br />
amarelo” de Monteiro Lobato. O trabalho do casal na Tupi seguiria até 1966. Neste<br />
ínterim, Tatiana Belinky recebe seus primeiros prêmios como escritora, além de<br />
tornar-se presidente da CET (Comissão Estadual de Teatro de São Paulo). Em<br />
1972 passa a trabalhar na TV Cultura em grandes jornais do estado de São Paulo,<br />
como a Folha de São Paulo e o Jornal da Tarde e O Estado de São Paulo,<br />
escrevendo artigos, crônicas e crítica de literatura infantil. Finalmente, em 1985,<br />
Tatiana Belinky desponta como escritora de livros, colaborando em uma série<br />
infanto-juvenil. Em 1987 publica o primeiro livro: "Limeriques", pela editora FTD,<br />
baseando-se nos limericks irlandeses. A partir desta publicação passa a trabalhar<br />
em novas criações e escreveu mais de cem obras tenho ganhado o Prêmio Jabuti<br />
em 1989. São destaquem em sua obra: "Coral dos Bichos", "Limeriques", "O<br />
Grande Rabanete", "Di-versos russos", "Limerique das Coisas Boas", entre outros.<br />
Disponível em <br />
66
Paulo Leminski Filho (1944 – 1989)<br />
Em 1964, publica poemas na revista "Invenção", porta voz<br />
da poesia concreta paulista. Casa-se, em 1968, com a<br />
poeta Alice Ruiz. Teve dois filhos: Miguel Ângelo, falecido<br />
aos 10 anos; Áurea Alice e Estrela. De 1970 a 1989, em<br />
Curitiba, trabalha como redator de publicidade. Compositor,<br />
tem suas canções gravadas por Caetano Veloso e pelo<br />
conjunto "A Cor do Som". Publica, em 1975, o romance<br />
experimental "Catatau". Traduziu, nesse período, obras de<br />
James Joyce, John Lenom, Samuel Becktett, Alfred Jarry,<br />
entre outros, colaborando, também, com o suplemento<br />
"Folhetim" do jornal "Folha de São Paulo" e com a revista "Veja". No dia 07 de<br />
junho de 1989 o poeta falece em sua cidade natal. Paulo Leminski foi um<br />
estudioso da língua e cultura japonesas e publicou em 1983 uma biografia de<br />
Bashô. Sua obra tem exercido marcante influência em todos os movimentos<br />
poéticos dos últimos 20 anos. Seu livro "Metamorfose" foi o ganhador do Prêmio<br />
Jabuti de Poesia, em 1995. Em 2001, um de seus poemas ("Sintonia para pressa e<br />
presságio") foi selecionado por Ítalo Moriconi e incluído no livro "Os Cem Melhores<br />
Poemas Brasileiros do Século", Editora Objetiva — Rio de Janeiro. Literatura<br />
infantil: Guerra dentro da gente. São Paulo, (Scipione, 1986) e A lua foi ao cinema.<br />
São Paulo, (Pau Brasil, 1989).<br />
Disponível em: <br />
Angela Leite de Souza<br />
Nasceu e mora em Belo Horizonte. Viveu, porém, grande<br />
parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde se formou em<br />
Jornalismo pela PUC. De 1969 a 1975 exerceu<br />
regularmente a profissão, trabalhando na revista Veja e<br />
jornais O Globo, Jornal do Brasil entre outros. Faz crítica<br />
literária, especialmente de literatura infanto-juvenil Mãe de<br />
três filhos, a carreira literária iniciou-se em 1982 quando,<br />
de volta com a família a Belo Horizonte, seu livro de<br />
poemas Amoras com açúcar foi premiado e publicado pela<br />
Imprensa Oficial de Minas Gerais. Os quinze anos de<br />
literatura foram comemorados com um outro prêmio - desta<br />
vez internacional - e também para um livro de poesia:<br />
Estas muitas Minas, onde a autora canta sua terra, foi o Prêmio Casa de Las<br />
Américas de Literatura Brasileira, de Cuba, em 1997, conquistando unanimemente<br />
o júri. Angela é também ilustradora e com Os elefantes e Medo de escola<br />
participou da Bienal de Ilustração de Bratislava em 1997 e 1999. Foi uma das<br />
vencedoras do Prêmio Carioquinha de Literatura Infantil de 1997 com o livro Meus<br />
rios.<br />
Disponível em: http://www.ftd.com.br/v4/Biografia.cfm?aut_cod=544&tipo=A<br />
67
Eva Furnari<br />
Eva Furnari (Roma, 15 de novembro de 1948) é uma<br />
ilustradora e escritora ítalo-brasileira. Sua família mudou-se<br />
para o Brasil em 1950, quando Eva tinha dois anos. Cresceu<br />
na nova pátria, formando-se em Arquitetura pela Universidade<br />
de São Paulo, e a partir de 1976 dedicou-se inicialmente a<br />
livros com ilustrações, sem texto. Colaborando com a<br />
Folhinha, suplemento infantil do jornal paulistano Folha de S.<br />
Paulo, criou sua personagem mais famosa: a Bruxinha. Como<br />
autora infanto-juvenil. e como ilustradora recebeu o Prêmio<br />
Jabuti , nos anos de 1986, 1991, 1993, 1995, 1998 e<br />
2006. Em 2002 foi escolhida para ilustrar a reedição de seis livros da obra infantil<br />
de Érico Veríssimo. A obra de Furnari, composta essencialmente de pequenos<br />
livros, é uma das mais profícuas na Literatura infantil brasileira atual. Como a<br />
própria autora revelou, numa entrevista, a ilustração precedeu a produção literária -<br />
mas foi nesta última que veio efetivamente a se destacar. Disponível em:<br />
<br />
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