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maria fernanda vieira rosa - Uneb

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB<br />

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I<br />

CURSO DE PEDAGOGIA<br />

MARIA FERNANDA VIEIRA ROSA<br />

O SENTIDO DA POESIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:<br />

A FUNÇÃO SOCIAL E ALGUMAS POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS<br />

Salvador<br />

2009


MARIA FERNANDA VIEIRA ROSA<br />

O SENTIDO DA POESIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:<br />

A FUNÇÃO SOCIAL E ALGUMAS POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS<br />

Trabalho de conclusão de curso<br />

apresentado ao Departamento de<br />

Educação da Universidade do Estado da<br />

Bahia, Campus I, como requisito final para<br />

obtenção do grau de Pedagogia com<br />

Habilitação em Magistério para Educação<br />

Pré-escolar, sob orientação do professor Dr<br />

Raphael Rodrigues Vieira Filho<br />

Salvador<br />

2009


MARIA FERNANDA VIEIRA ROSA<br />

O SENTIDO DA POESIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:<br />

A FUNÇÃO SOCIAL E ALGUMAS POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS<br />

Monografia apresentada ao Curso de graduação em Pedagogia Pré-escolar, do<br />

Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, Campus I, para<br />

avaliação, em ____ de ____________ de 2009, e ___________________________<br />

pela seguinte banca examinadora.<br />

Orientador:<br />

Banca:<br />

Professor Dr Raphael Rodrigues Vieira Filho<br />

Departamento de Educação — UNEB/Campus I<br />

Professora Cleide Magali dos Santos<br />

Departamento de Educação — UNEB/Campus I<br />

Professor Otoniel Rocha Cavalcante<br />

Departamento de Educação — UNEB/Campus I<br />

Salvador<br />

2009


Mariposas lilases<br />

Todas as doces pessoas que conheci<br />

No meio-fio da vida<br />

E que me escaparam das mãos<br />

De uma maneira ou de outra<br />

Como um pássaro escapa<br />

Como um sopro escapa<br />

De dentro dos ossos<br />

Voltem me enlacem me envolvam<br />

Me ajudem a suportar<br />

O peso quieto das palavras<br />

O rumor invisível das águias<br />

Por que se perderam de mim<br />

Essas doces pessoas?<br />

Tragam de volta seus rostos<br />

Como frutas de seda numa bandeja<br />

Como mariposas lilases<br />

(Roseana Murray)<br />

Dedico este pequeno trabalho monográfico, a Camila Carvalho pequena mariposa<br />

de asas quebradas colega do curso de Pedagogia-Campus I UNEB, forçada a<br />

abandonar a graduação. Consciência de nós não bastou, a minha vontade<br />

enfraquecida, confessamento meu. Também a deixei ir. A Camila que nos<br />

surpreende lutando contra as adversidades, persiste, faz o vestibular pela segunda e<br />

vez e retoma o curso de Pedagogia.<br />

A Cleide Magali, em princípio pela presença feminina cujos adjetivos cabem sim, é<br />

uma linda mulher, educadora, ela não ameniza a crueza da realidade e nem as<br />

veleidades de nossas ações, no processo formativo.<br />

As situações, provocadas por ela em sala de aula tornam a sua docência crítica,<br />

questionadora e reflexiva.<br />

Instigadora, consciente e parcial. A relação com seus alunos é permeada pela ética<br />

e criticidade apreendidos no campo de sua formação e trazidos para a sala de aula,<br />

excetuando o favoritismo e a condescendência. Afeita a desordenar, a suscitar<br />

questionamentos. Magali... a vejo como a personagem de Saramago e presente<br />

constante em Neidson Rodrigues. Cada dia verei menos.<br />

Em Magali... Será? O que podemos fazer?... Intentou nos fazer ver, para além de<br />

toda e qualquer afetação, e superficialidade.


AGRADECIMENTO<br />

De todo o meu passado, boas e más recordações!<br />

Quero viver meu presente e lembrar tudo depois,<br />

Nesta vida passageira eu sou eu você é você<br />

Isto é o que mais me agrada, isto é o que me faz dizer<br />

Que vejo flores em você!<br />

Que vejo flores em você!<br />

Que vejo flores em você! (SCANDURRA, 1986).<br />

Ao encerrar a minha labiríntica jornada acadêmica na graduação de<br />

pedagogia, lembro das pessoas, com as quais convivi e que contribuíram de forma<br />

significativa durante o período em que estive a lutar pela minha aprendizagem, e<br />

permanência, na Graduação.<br />

O aprendizado foi intenso e enriquecedor, também doloroso, árduo<br />

intrinsecamente contraditório e conflituoso, e na base desses conflitos foi onde pude<br />

resistir e transformar essa resistência em afirmação das minhas escolhas, em não<br />

deixar que o meu espírito, se atingido, não o fosse corrompido ou levado por<br />

ideologias e interesses alheios aos desejos e sonhos que aqui me trouxeram. Essa<br />

percepção também me manteve receptiva para admirar muitas pessoas que<br />

conhecei nesse espaço.<br />

Muito embora a construção de uma monografia — por suas características<br />

intrínsecas — seja um trabalho de realização individual, expresso aqui meus<br />

agradecimentos à disponibilidade científica e pessoal ao tempo em que também<br />

reconheço a orientação atenda e dedicada do Professor Doutor Raphael Rodrigues<br />

Vieira Filho circunstâncias através das quais meus escritos tomaram um norte.<br />

Tauana, Custódio, Maria Fernanda. Encontro único. Amigos. As minhas<br />

mariposas mais frágeis e queridas, as nossas trocas infindáveis, os risos e as<br />

nossas diferenças, diferenças tão difíceis e ao mesmo tempo compreensíveis de<br />

lidar. Tauana, uma valkiria/mariposa que esteve ao meu lado, desde o começo e com<br />

a qual pude contar. Não traçamos a travessia, mas estivemos amparadas, nas<br />

diferenças, e semelhanças, que somos e nos une, na amizade surgida naquele<br />

instante em que nos conhecemos, no caminho permeado por muitos percalços,<br />

contrastes, entendimentos e desentendimentos. Aprendemos a nos apoiar e<br />

respeitar. Custódio o colega, apoio, o encontro, o distanciamento. Custódio o<br />

reencontro, a descoberta. O encantamento.


Ao professor Alan Sampaio, cujo temor em relação a mim predizia, as coisas<br />

não condensavam idéias. Mesmo ante as suas ignorãças 1 de mim, agradeço-o pelo<br />

seu olhar e dedicação.<br />

Aos professores começo pelos que não esquecerei, todo o meu respeito ao<br />

professor Otoniel Rocha Cavalcante, cuja integridade, e experiência o mantém livre<br />

da perversa e ambígua postura de orientar, delimitar e avaliar os seus alunos,<br />

segundo uma ótica narcísica. Criterioso, perspicaz, metódico e, sobretudo honesto.<br />

Cumpre o seu papel de mestre dentro dos padrões que são exigidos para o<br />

exercício docente na instituição: a metodologia, a ementa, a mediação, a<br />

responsabilidade e o cumprimento ao calendário acadêmico, e avaliação criteriosa.<br />

À Ângela Maria Camargo pelo incentivo e reconhecimento. À professora<br />

Nadja Maria Nunes Bittencourt por ter sido a primeira a nos apresentar à educação<br />

infantil brasileira, seus aspectos, autores finalidades e incongruências, e finalmente<br />

onde nos situávamos nesse patamar, o que teríamos a aprender, e o que podemos<br />

fazer para a construção da nossa docência como educadoras na educação infantil<br />

norteando e dando sentido ao curso.<br />

Patrícia Carla da Hora Correa e professora Virginia Vaz Pimentel, a primeira<br />

por ter orientado a Regência e pôs-me diante da escolha mais significativa para o<br />

meu aprendizado sem dúvida, tê-lo feito numa Instituição que não estivesse<br />

esfacelada pôde preencher lacunas que o espaço acadêmico não favoreceu. A<br />

interação dialógica, e o aprendizado na escola por ela indicada tornaram possível<br />

um aprendizado verdadeiro e enriquecedor, que de outra forma não ocorreria. Pude<br />

aliar o meu conhecimento e acervo pessoal, ao aprendido na Graduação, ao que a<br />

escola e as crianças esperavam que eu tivesse a oferecer. Não fui podada ou<br />

engessada. Desfiz-me de alguns receios e fui incentivada a poder fazer, a criar a<br />

poder propor, a defender o que tinha a oferecer, e compartilhar o que era possível,<br />

portanto este agradecimento à Patrícia da Hora estende-se à escola Baronesa de<br />

Sauípe, e todos profissionais que atuam nesta escola.<br />

1 Auto-retrato: Venho de um Cuiabá garimpo e de ruelas entortadas. Eu pai teve uma venda de<br />

bananas no beco da Marinha, onde nasci. Me criei no Pantanal da Corumbá, entre bichos do chão<br />

pessoas humildes aves e rios.Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar entre pedras e<br />

lagartos. Fazer o desprezível ser prezado é coisa que me apraz. Já publiquei 10 livros de poesia: ao<br />

publicá-los me sinto como que desonrado e fujo para o Pantanal onde sou abençoado a garças. Me<br />

procurei a vida inteira e não me achei - pelo que fui salvo. Descobri que todos os caminhos levam à<br />

ignorância.Não fui para a sarjeta porque herdei uma fazenda de gado.Os bois me recriam.Agora eu<br />

sou tão ocaso! Estou na categoria de sofrer do moral, porque só faço coisas inúteis. No meu morrer<br />

tem uma dor de árvore. BARROS, Manoel. O Livro das Ignorãças. Rio de Janeiro: Record, 2008.


À Rosana Rocha, pelo encontro de idéias e as possibilidades de dividir falas<br />

e questionamentos, de poder se indignar.<br />

O meu carinho pelas colegas Ângela, Solange e Fernanda Cristina por não se<br />

deixarem contaminar ou abater. A essa última com quem estive na regência, todo o<br />

meu respeito por ela cresceu diante do fato, de poder mais uma vez perceber a sua<br />

dedicação e companheirismo, com as colegas. Às colegas Mônica Carvalho e Ana<br />

Simone que lutaram árdua e sabiamente, conseguindo captar a essência das coisas,<br />

libertando-se dos entraves.<br />

Agradeço às turmas, que me receberam como aluna remanescente, tanto nas<br />

turmas em fui afetuosamente acolhida quanto nas quais prevaleceu o olhar<br />

distanciado e desconfiado sinal de nossos tempos embrutecedores, em que<br />

prevalece o cotidiano frio e distante, e no qual nossa luta se torna individual pelas<br />

necessidades, tenho boas lembranças de todas as turmas pelas quais passei, muito<br />

aprendi, mesmo que algumas reflexões tenham se concretizado depois.<br />

A remanescência pôde favorecer o contato com outras colegas e me<br />

aproximou de pessoas muito queridas como a Iolanda, a Ivone, e tantas outras.<br />

Ao Daniel Viveiros, um ser humano, essencialmente, maravilhoso. E que<br />

alimenta os meus silêncios, angústias e alegrias, com a sua escrita e os seus<br />

achados. E pela forma surpreendente de expor o seu senso comum. Sendo<br />

humanamente divertido, quando não me conforta com a sua escrita densa e<br />

apaixonada pela vida.<br />

Dentre as tantas pessoas que pude amar, durante esta trajetória, muitas<br />

deixarão impressões em mim, lembranças que jamais se perderão. Agradeço aos<br />

que me foram mais caros e amados, aos que me envolvem me enlaçam, com seus<br />

gestos e atitudes de amor, nas situações que se nos apresentam mais adversas<br />

assim como também naquelas circunstâncias que nos proporcionam prazer, alegria.<br />

Primeiramente gostaria de agradecer aos servidores e dentre eles, agradeço<br />

especial e afetuosamente a Edmilson Claudionor dos Santos, coordenador do setor<br />

administrativo, por ter suportado todo o peso dos meus excessos, humilde, solidário<br />

e amigo. Em suas funções sempre encontramos nele, a responsabilidade, e atenção<br />

devida ao atendimento junto aos estudantes, e professores.<br />

Aos funcionários da secretaria acadêmica, assim como aos funcionários do<br />

Departamento de Educação, tenho muito a agradecer, foram e serão pessoas muito<br />

especiais para mim cada rosto e sorriso, são doces lembranças.


Especialmente ao Jéferson, funcionário do SEIN, nosso centro de informática,<br />

à época, diante das fragilidades evidenciadas na área de metodologia e à minha<br />

inépcia ou quase total ignorância no uso das ferramentas virtuais, pude com o seu<br />

apoio construir, o meu primeiro projeto, sim o fizemos juntos, a interação pode, por<br />

outro lado, instigar em Jéferson o que adormecia nele, o desejo de estudar, na<br />

construção do meu projeto, o gesto de solidariedade demonstrado por ele em<br />

abdicar de suas horas pra dedicá-las a mim, me proporcionaram o prazer de<br />

descobrir em um funcionário, um amigo.<br />

A Rosana “uma secretária de futuro”. Agradeço-a e muito por ter me ensinado<br />

a produzir algumas atividades que poderão ser úteis na minha profissão docente,<br />

agradeço pelo lindo sorriso, a generosidade e a delicadeza.<br />

Especialmente também a Ramona Jatobá Macedo Menezes que aprendeu<br />

com as perdas, a fazer o novo, e como mãe brava e carinhosa a um só tempo,<br />

manda a gente ir em frente. Incentiva-nos a prosseguir.<br />

O equilíbrio e ponderação de Ednelza Ribeiro Badaró, como pude constatar<br />

um fruto da Instituição na qual trabalha, conduz o seu trabalho com ética, respeito no<br />

trato com as coisas e com as pessoas.<br />

Ao querido, e introspectivo, Jailton Lopes da Silva o coordenador da<br />

secretária acadêmica, de sorriso tímido e sincero. Tenho plena consciência do seu<br />

apoio sutil e criterioso. Lembrarei sempre.<br />

Agradeço também a dedicação de Jucira Santos Nunes, cuja paciência e<br />

atenção, estiveram em consonância com o seu trabalho, sem deixar de atender aos<br />

nossos inúmeros e constantes pedidos.<br />

À Maria Rute Leal Fontes e aos que ingressaram posteriormente junto ao<br />

grupo, à nova coordenadora da Secretaria Acadêmica Solange dos Santos Fraga, ao<br />

Diego Severiano de Amorim e ao Sergio Eduardo de Fraga.<br />

Muito importante também foi o apoio do coordenador de informática o Helton<br />

Araújo de Jesus que por inúmeras vezes me socorreu ante as minhas ignorâncias<br />

virtuais, e com apoio amigável todas as vezes que se fazia presente em sala de aula<br />

para dar suporte técnico.


Olham os poetas as crianças das vielas,<br />

mas não pedem cançonetas mas não<br />

pedem baladas o que elas pedem é que<br />

gritemos por elas as crianças sem livros<br />

sem ternura sem janelas as crianças dos<br />

versos que são como pedradas<br />

(MURALHA, 2009).<br />

Para além de qualquer intenção<br />

específica que a poesia possa ter, [...] há<br />

sempre comunicação de alguma nova<br />

experiência, ou uma nova compreensão<br />

do familiar, ou a expressão de algo que<br />

experimentamos e para o que não temos<br />

palavras - o que amplia nossa consciência<br />

ou apura nossa sensibilidade (ELLIOT,<br />

1991, p. 29).


Faça o novo!!!<br />

“Enquanto o sol faz o novo”.<br />

a cada dia faz o novo<br />

mais um uma vez faz o novo"<br />

(KUNG FUTSÉ, 551- 479 A.C.)<br />

Este poema já havia sido traduzido anteriormente por Ezra Pound, dando na sua famosa<br />

composição “Make it new”, e por Augusto de Campos, que o recriou da seguinte maneira: “renovar/<br />

dia sol/ a/ sol dia/ renovar”. O ideograma habitualmente traduzido por “renovar” ou “novo”, é formado<br />

pelo radical de “ereto” sobre o de “árvore”, ao lado do de “machado”: ao cortar a árvore que está de<br />

pé, o machado permite o seu renascimento. Nesse sentido nos pareceu mais próprio apreender esse<br />

ideograma pela tensão “nascer/nascente”, evidenciando a dinâmica do poema, que se dá na relação<br />

entre o momento de presentificação (nascer) e o processo constante que esse momento oculta<br />

(nascente). Tradução de Márcio-André e Manuel Antônio de Castro. Disponível em:<br />


RESUMO<br />

Este trabalho monográfico traz por tema a poesia. Poesia infantil. Caracterizase<br />

por ser uma pesquisa bibliográfica cuja tentativa maior é a de descobrir o(s)<br />

sentido(s) da poesia na educação infantil. Parte da premissa que, hoje, em sua<br />

generalidade, a função social da poesia infantil objetiva a aquisição da leitura e da<br />

escrita, dessa forma o sistema de educação a utiliza como subsídio às disciplinas<br />

escolares objetivando reforçar moralmente os laços familiares, patrióticos e<br />

eclesiásticos, tudo com o intuito de formar o cidadão para ocupar seu lugar no<br />

espaço social e não como possibilidade crítica à estrutura estabelecida. Nosso olhar<br />

— fundamentado antes em uma pedagogia crítica na qual, através da<br />

transdisciplinaridade se estabelece contatos com poetas de correntes diversas de<br />

pensamentos — tenta realizar uma breve crítica ao histórico da poesia infantil no<br />

Brasil ao tempo em que fazemos uma reflexão acerca dos Referenciais Curriculares<br />

Nacionais para a Educação Infantil, por ser esse um instrumento normativo e<br />

regulador do ensino destinado não só às instâncias governamentais de ensino como<br />

às escolas municipais e do Estado, e também às creches atreladas ao Estado. Por<br />

fim, identificamos algumas possibilidades pedagógicas da poesia infantil na escola.<br />

Considerando a função sociopoética antagônica à techné constante no percurso<br />

histórico da poesia infantil brasileira.<br />

Palavras-chave: Educação. Literatura infantil. Poesia infantil. Sociopoética.


ABSTRACT<br />

Monographic work whose theme is nursery rhymes. It is characterized as a literature<br />

search which is the largest attempt to find direction of poetry in early childhood<br />

education. Part of the premise that, today, in its generality, the social function of<br />

poetry for children aims to acquire reading and writing, so the education system to<br />

use as a subsidy for school subjects aiming morally strengthen family ties, patriotic<br />

and church, all with the aim of educating the citizen to occupy its place in social<br />

space as possible and not critical to the structure established. Before our eyes —<br />

based on a critical pedagogy in which, through transdisciplinarity is established<br />

contacts with poets from different currents of thought — try to hold a brief history of<br />

poetry criticism of the child in Brazil to the time when we thought about Reference of<br />

the National Curriculum for Children's Education, which is a legislative instrument for<br />

teaching and regulator not only to government bodies of education and to the state<br />

and municipal schools, kindergartens and also linked to the state. Finally, we<br />

identified some possibilities of poetry teaching children in school, considering the<br />

function poetics techne constant antagonistic to the historical path of the brazilian<br />

children's poetry.<br />

Keywords: Education. Children's literature. Nursery rhymes. Socio-poetic.


SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 14<br />

2 TEMATIZANDO................................................................................................ 18<br />

2.1 A gênese da poesia: do mito-poético a suas determinantes ideológicas..................................................................................................................<br />

18<br />

2.2 Poesia infantil no Brasil............................................................................... 21<br />

3 POESIA E O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCA-<br />

ÇÃO INFANTIL (RCNEI)................................................................................. 31<br />

3.1 Há poesia no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil? 32<br />

3.2 Poesia na dimensão da leitura e da escrita pelo RCNEI........................... 33<br />

4 POESIA E EDUCAÇÃO................................................................................. 38<br />

4.1 Poesia para a criança ou criança para a poesia?...................................... 39<br />

4.2 Poesia na escola: algumas possibilidades pedagógicas......................... 40<br />

A INCONCLUSÃO.......................................................................................... 45<br />

REFERÊNCIAS............................................................................................... 50<br />

GLOSSÁRIO................................................................................................... 54<br />

APÊNDICE...................................................................................................... 57


1 INTRODUÇÃO<br />

Faz de tua vida mesquinha um poema. E viverás no coração dos jovens e<br />

na memória das gerações que hão de vir. Esta fonte é para uso de todos os<br />

sedentos. Toma a tua parte. Vem a estas páginas e não entraves seu uso<br />

aos que têm sede (CORALINA , 1981).<br />

Quais seriam os sentidos a serem referenciados na construção de uma<br />

educação poética diante de fatores que historicamente atrelou a poesia unicamente<br />

num patamar de suporte para complementar a aprendizagem? É possível<br />

sensibilizar os professores de educação infantil para uma formação sociopoética?<br />

Diante da tarefa que assumem, de cuidar e educar crianças de 0 a 6 anos, as<br />

experiências poéticas, propiciadas às crianças em sala de aula nessa etapa da<br />

educação tornam esta aprendizagem significativa? Em qual sentido? Educamos as<br />

crianças para ocupar o seu espaço dentro da sociedade, com fins a torná-lo um<br />

cidadão em um sentido restrito e limitado?Tornar-se um ser competitivo, útil e<br />

individualista.<br />

Ou por outra via, acreditamos no ideal, de sermos aptas a conduzir de modo<br />

eficaz e sistemático, o chamado pleno desenvolvimento de suas potencialidades<br />

cognitivas, acreditando assim, que o fim a ser alcançado seja educá-los de modo<br />

que o potencial cognitivo os permita assumir um novo status.<br />

Quer no âmbito da Arte, quer em suas demais manifestações sóciopolítico-<br />

culturais a literatura infantil vêm desempenhando, através dos tempos, as mais<br />

variadas funções. No Brasil ela serviu, e serve ao desenvolvimento de aspectos da<br />

lingüística, para uma melhor compreensão, principalmente, das disciplinas de língua<br />

portuguesa e de literatura e serve, também, ao poder estatal quando utilizada como<br />

instrumento ideológico no sentido de, por assim dizer, aperfeiçoar a educação da<br />

sociedade de maneira tal que os “educandos” desde tenra idade possuam um<br />

referencial para quando se tornarem adultos, ocupar, sem questionamento, seu lugar<br />

devido na estratificação social. Os elementos que abordaremos, segundo Gaultier<br />

(1999), têm um ponto em comum com as afirmações de Helena Frantz (2001)<br />

quando esse afirma sobre o ser humano não ser apenas razão e intelecto. É<br />

também sentimento, emoção, imaginação. Distinguindo dois aspectos diferenciados<br />

entre o universo infantil e o adulto, no qual o primeiro, prima por viver a fantasia e a<br />

imaginação e embora o segundo não excetue esta dimensão, tende a privilegiar o<br />

racional em virtude da vida contemporânea em suas determinantes de lucratividade,<br />

14


tecnicismo, e conseqüências que esta vida exige dos adultos. Racionalizar, objetivar,<br />

produzir.<br />

Entenda-se por educação sociopoética uma prática de pesquisa ou ensino<br />

cujas atividades pressupõem a corporeidade nas quais se incluem a emoção, a<br />

sensibilidade, a intuição e a razão como fonte do conhecimento (GAULTIER, 1999).<br />

O conhecimento artístico, a criatividade, a espiritualidade, os valores<br />

humanos aqui ele os relaciona ao processo poético no poien (fazer, produzir) de<br />

construção do conhecimento. Destaca ainda a importância das culturas dominadas,<br />

e que estas no interior deste domínio dialeticamente constroem uma cultura de<br />

resistência das categorias que elas produzem. E o quanto é fundamental a atuação<br />

reflexiva e co-responsável dos sujeitos pelos conhecimentos produzidos. As<br />

categorias elencadas por Gaulthier (1999), trazem para o campo da pedagogia, uma<br />

visão mais abrangente quanto à construção do conhecimento, no que diz respeito a<br />

este ao trabalho com a poesia e as crianças e o próprio educador, pois é esse é um<br />

ponto fundamental para a sua formação literária –poética.<br />

A insensibilidade frente a descobertas e valorização da poesia, que poderiam<br />

uni-la a outras linguagens e possibilidades de junção com outras disciplinas,<br />

ampliando o senso de beleza e harmonias ficam restritas a práticas ditas<br />

pedagógicas por vezes limitadas. Ainda que o caráter lúdico seja contemplado ou, a<br />

priori, considerado, no planejamento das atividades que incluem a poesia.<br />

No Brasil o surgimento de uma nova pedagogia que influenciou a escola,<br />

através da escola nova que pode se nutrir de uma poesia dogmática, moralista, e<br />

por vezes, puerilmente reducionista.<br />

E parece que a isso não se ultrapassa. O avanço para o ponto de um pensar<br />

crítico reflexivo ainda está suspenso. Mantêm, ainda, seu escopo original, isso é<br />

alcançar a cidadania plena e algumas pequenas abstrações. Nesse sentido, dentro<br />

do sistema educacional que hoje se vivencia, no qual toda sua estrutura está<br />

voltada, em sua generalidade, apenas ao formar e informar, não se pode negar que<br />

uma parcela ínfima da literatura infantil consegue — para além da construção da<br />

identidade sócio-cultural da criança — apresentar também seu âmbito estético e<br />

sociopoetico. Todavia, é forçoso reconhecer que, quase em sua totalidade, a<br />

literatura infantil e sua poesia não aportaram, ainda, no universo infantil. Pelo<br />

menos, não em todas as camadas das infâncias sociais. A literatura infantil está<br />

envolta em um invólucro.<br />

15


Este ensaio monográfico é uma tentativa de identificar a relevância da poesia<br />

na educação infantil entendendo a educação infantil enquanto situações de<br />

interação socialmente construídas e vivenciadas com as crianças dentro e fora da<br />

escola, sua função social e algumas possibilidades pedagógicas, seu tema central,<br />

portanto já dá mostra da relevância que a poesia infantil possa alcançar. É a poesia<br />

nas escolas um mero recurso pedagógico utilizado pelo sistema na educação formal<br />

da criança? Ocorre em algum momento a conjunção dessa função pedagógica com<br />

aquilo que a poesia infantil mais deve à Arte da literatura, a sua estética?<br />

Parece ser nesse instante mágico, nessa simbiose entre o artístico e o<br />

pedagógico, que deve firmar-se a relevância de toda a literatura infantil e sua poesia<br />

e assim alcançar a complexidade do universo das crianças.<br />

Ao pesquisar a trajetória da poesia infantil brasileira primeiramente encontra-<br />

se a poesia didática e de caráter essencialmente moralista, evoluir, ou melhor,<br />

expressando, adquiri contornos saudosistas até emergir num campo conceitual<br />

primando pela estética. Atualmente, ser expressa nas mais variadas formas: nos<br />

meios eletrônicos, em criações coletivas orientadas nos meios escolares, oficinas<br />

pedagógicas, músicos letrando poemas de autores consagrados, livros e<br />

encadernações criativas, algumas luxuosas e, principalmente, a poesia não mais<br />

demarcada por um texto cuja linguagem seja direcionada apenas ao entendimento<br />

da criança. Os livros de poesia infantil na contemporaneidade irrompem — no mais<br />

amplo sentido estético — livre da responsabilidade de instruir as crianças.<br />

A seguir, trata da leitura dos Referenciais Curriculares Nacionais para a<br />

Educação Infantil (RECNEI, MEC, 1998). Reconhecendo que, enquanto profissional<br />

na educação infantil, tal leitura se torna obrigatória no processo formativo<br />

pedagógico, haja vista as discussões no âmbito político e estrutural, que nortearam<br />

novas definições no campo conceitual e social da Educação Infantil no Brasil. Tal<br />

leitura fornece subsídios teóricos servindo para identificar, em qual eixo temático é<br />

abordada a poesia e quais dimensões ele aborda.<br />

Verificar se a poesia nos Referenciais Curriculares Nacionais para a<br />

Educação Infantil (1998) é reconhecida em sua função pedagógica e social. E ainda<br />

quais as orientações destinadas aos educadores em relação à sua formação, quanto<br />

ao que preconiza o eixo temático Linguagem Escrita e Oral. Nesse quesito, cabe<br />

uma leitura para identificar, quais as orientações referentes ao trabalho com a<br />

poesia.<br />

16


Pelo lugar secundário, e ao mesmo tempo aparentemente elitista que a<br />

poesia ocupa na literatura, buscamos referências bibliográficas distintas, dando<br />

prioridade, aos educadores e poetas brasileiros, mas recorrendo a outras fontes<br />

para a composição do trabalho. Vale pontuar que, referências de outras áreas,<br />

devem ser consideravelmente, acrescidas, à formação educativa, para que se possa<br />

pensar a educação do ser poético, o que temos a conhecer sobre a criança, e sobre<br />

a poesia infantil que possa ressignificar o trabalho. Tal leitura nos fornece subsídios,<br />

para que se possa ter outro olhar nos trabalhos a serem realizados em sala de aula.<br />

17


2 TEMATIZANDO<br />

A poesia não poder nem deve ser um luxo para alguns iniciados: é o pão<br />

cotidiano de todos. Uma aventura simples e grandiosa do espírito<br />

(MENDES, 1972, p. 165 apud PINHEIRO, 2007, p.17).<br />

A pedagogia, na virada do século XVIII para o XIX, difundiu o poema como<br />

meio educativo. A diferenciação da criança do adulto se deu pela emergência da<br />

burguesia, que para consolidar sua posição, retirou as crianças das fábricas, e as<br />

colocou em uma condição de infante com necessidades de cuidados e proteção, por<br />

parte dos pais (BORDINI, 2009, p. 140).<br />

Nesse sentido, à época, essa pedagogia estabelece alguma conexão<br />

enquanto meio didático. Com relação às crianças que descendem das camadas<br />

populares menos favorecidas, na ausência de linguagem poética adequada, leia-se<br />

as crianças pobres e miseráveis mesmo, a elas a escola pública burguesa destinava<br />

livretos ilustrados com quadrinhas e versos da tradição oral. No outro extremo da<br />

linha, às crianças das classes abastadas, segundo Bordini (2009), eram destinados<br />

a leitura dos clássicos como Esopo ou o romance da Rosa.<br />

Dessa forma houve inicialmente a aproximação entre a poesia e a criança. A<br />

seguir apresentamos uma breve introdução histórica da poesia e também a poesia<br />

infantil no Brasil.<br />

2.1 A gênese da poesia: do mito-poético aos ciberpoemas. E suas<br />

determinantes ideológicas.<br />

Poesia advém do grego poiesis que em sua acepção significa criar, fazer. Em<br />

todos os momentos históricos no mundo, houve e há alguém que através de<br />

evocações imagéticas, impressões e emoções por meio de sons e ritmos<br />

harmônicos criou, recriou e fez da poesia, a linguagem dos sentimentos e das<br />

emoções.<br />

Na Grécia, a poesia de Homero era fundamentada nos mitos através de<br />

narrativas, longas, heróicas e com raiz na cultura popular dos trovadores que<br />

tocavam a lira.<br />

As apresentações poéticas se faziam acompanhar por um instrumento<br />

musical, a lira, e eram divididas em Cantos líricos. Daí passando a ser denominada<br />

de poesias líricas.<br />

18


Homero, através da Ilíada relata a Guerra de Tróia ocorrida por volta de 1.250<br />

AC. Na epopéia Odisséia o poeta narra as aventuras de Ulisses, rei de Ítaca, que ao<br />

retornar de uma guerra que durou vários anos ainda terá que enfrentar outras<br />

aventuras para retomar o reino de Ítaca e sua esposa Penélope.<br />

Historicamente em torno da figura de Homero pairou discussões pondo em<br />

dúvida se ele existiu ou não. Totalmente contrário a essa idéia o alemão Heinrich<br />

Schliemann 2 encontrou em 1871, depois de dois anos de pesquisas, a cidade de<br />

Tróia, baseado nos relatos de Homero.<br />

Os atenienses educavam os meninos tornando-os fortes e aptos, para<br />

proteger a cidade. Os meninos (as meninas eram relegadas ao serviço doméstico)<br />

ficavam aos cuidados de um pedagogo, para aprender lições de aritmética, literatura<br />

música, escrita e educação física. Só que o senso estético da poesia estava longe,<br />

de serem expressos durante este aprendizado. Os meninos tinham que decorar<br />

longos e exaustivos poemas coma as narrativas heróicas, e com as lições que<br />

tinham de memorizar. Eis a poesia que lhes eram ministradas, em doses cavalares<br />

que nada se assemelham à forma como se apresenta a poesia atualmente para as<br />

crianças, e coordenadas pelo pedagogo/escravo. O ideário era o de lhes incutir, o<br />

senso de virtuosidade que lhes forjaria o caráter de bom cidadão para a polis.<br />

Com o advento do capitalismo, o lirismo e a poesia trovadoresca mitológica e<br />

epopéica, legado de tradição popular que teve em Homero o mais conhecido<br />

representante, praticamente desaparecem sem a lira (música) para acompanhar. A<br />

poesia começou a ganhar um ritmo próprio, necessitando um trabalho maior com as<br />

palavras.<br />

O sentimento foi mais reforçado na poesia palaciana do que na trovadoresca.<br />

Tal poesia recebe esse nome “palaciano” em vista do fato de ser feita por nobres<br />

presentes apenas nos palácios. A língua utilizada, praticamente não apresentava<br />

dificuldade de compreensão. Predominância do lirismo sentimental, sutil e<br />

sofisticado.<br />

2 Heinrich Schliemann (1822-1890) foi um arqueólogo clássico alemão, um defensor da realidade<br />

histórica dos topônimos mencionados nas obras de Homero e um importante descobridor de sítios<br />

arqueológicos micênicos, como Tróia e a própria Micenas. Nos anos 1870, Schilemann viajou à<br />

Anatólia e escavou o sítio arqueológico do Hissarlik, revelando várias cidades construídas em<br />

sucessão a cada outra. Uma das cidades descobertas por Schliemann, nomeada Tróia VII, é<br />

freqüentemente identificada como a Tróia Homérica. In: ítaca, o Peloponeso e Tróia. Disponível em:<br />

Acesso: 23 jun 2009; e<br />

<br />

19


Diferente das narrativas Homéricas e Camonianas 3 , o advento do capitalismo<br />

assim como na República de Platão também propagou seus ideais pondo em ordem<br />

de natureza poética o humanismo no qual o mito homérico foi substituído pelo<br />

debate ou assuntos de natureza amo<strong>rosa</strong>, e pitoresca.<br />

Assim encontramos o caráter ideológico determinado por um sistema político<br />

ser expresso na poesia, teve voz também em Platão:<br />

Sócrates - Assim, pois se um homem perito na arte de tudo imitar viesse á<br />

nossa cidade para exibir-se com os seus poemas, nós o saudaríamos como<br />

a um ser sagrado, extraordinário, agradável; porém lhe diríamos que não<br />

existe homem como ele em nossa cidade e que não pode existir; em<br />

seguida manda-lo-íamos para outra cidade, depois de lhe termos derramado<br />

mirra na cabeça e o termos coroado com fitas. Por nossa conta, visando á<br />

utilidade, recorreremos ao poeta e ao narrador mais austero e menos<br />

agradável que imitará para nós o tom que estabelecemos logo de inicio,<br />

quando empreendíamos a educação dos nossos guerreiros (PLATÃO, 1977,<br />

p. 90).<br />

A poesia ao longo do tempo foi ganhando e perdendo estilos, formas, e<br />

temas. Desde a poesia trovadoresca até hoje existiram várias formas de poesia.<br />

Hoje a poesia se moderniza e se reflete em nossa mídia. Com a chegada do termo<br />

hipertexto 4 , a poesia começou a receber figuras, sons, filme. A poesia ocupa<br />

espaços e formas distintas, sem, contudo deixar de ser poesia, ou desvincular-se<br />

completamente de sua origem, pois mantém algumas de suas características e<br />

elementos que a constitui como a voz e o ritmo. Uma referência que pontua a poesia<br />

contemporânea e distingue o plano da linguagem poética para as crianças nos traz o<br />

seguinte:<br />

A noção de verso para crianças acompanha as modificações introduzidas<br />

pelas vanguardas, que desestruturam a linearidade, aproveita o branco para<br />

criar intervalos de silêncio ou duplo sentido, fragmentam as palavras com<br />

parênteses ou cortes, fugindo dos ritmos regulares. Todavia para crianças<br />

menores a ênfase sobre a sonoridade e a repetição mantém seu prestígio,<br />

bem como a brincadeira com a montagem de palavras sem sentido<br />

dicionarizado ou as cenas ou ações regidas pelo absurdo cômico<br />

(ZILBERMAN & RÖSING, 2009, p. 140).<br />

A impressão de que um sentido é percebido como sensação de outro, a<br />

sinestesia, encontra-se presente na veiculação e exploração da poesia. Com o<br />

advento do moderno aparato tecnológico e a facilidade de conexão com a Internet<br />

3 Narrativas camonianas referem-se à epopéia portuguesa descrita por Luís Vaz de Camões<br />

(1525-1580) em sua obra prima denominada Os Lusíadas, publicada no século XVI.<br />

4 Hipertexto, em computação, é o termo que nos remete a um texto em formato digital, ao qual se<br />

agrega outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos, imagens ou sons. O acesso<br />

ocorre através de referências específicas que são chamadas de hiperlinks ou links.<br />

20


pode-se ouvir, ver e ler uma poesia, todavia, em geral, o ciberespaço prescinde da<br />

oralidade, e essa é fundamental, pois como nos alerta Pinheiro (2007) cada geração<br />

escreve o mesmo poema, conta com o mesmo conto. Com uma pequena diferença:<br />

a voz.<br />

2.2 Poesia infantil no Brasil<br />

Nos três séculos imediatos ao que se convencionou chamar de<br />

descobrimento do Brasil não havia sido ainda instalada nesses territórios a<br />

imprensa. Após a invasão napoleônica a Portugal ocorre a fuga de D João VI e sua<br />

real família para o Brasil, deixando de ser colônia. Tais fatos têm por conseqüência a<br />

criação da imprensa régia responsável pela impressão dos primeiros livros<br />

destinados às crianças e também a criação da biblioteca nacional, tendo como<br />

primeira publicação As aventuras do barão de Münchausen e Leitura para meninos<br />

do senador José Saturnino da Costa Pereira. Esse livro tinha por teor histórias de<br />

cunho moral e com ensinamentos sobre geografia, cronologia, história de Portugal e<br />

história natural (PIEDADE, 2006).<br />

Uma das referências, buscadas para analisar o poetizamento no Brasil foi o<br />

de Luís Camargo (1998) em seu artigo intitulado A poesia infantil no Brasil 5 . O autor<br />

faz um levantamento histórico no qual podemos perceber alguns aspectos que<br />

atrelaram a evolução da poesia infantil no Brasil. Exaltação ufanista, e vínculo direto<br />

com a escola em virtude de ter surgido com o consentimento do Império, que se<br />

arraigou durante a República. A poesia no período do império tinha como<br />

características o adultocêntrismo na voz temática poética, sendo essencialmente de<br />

caráter moral.<br />

Luís Camargo (1998) cita o soneto de Alvarenga Peixoto (1744-1792) com o<br />

título de Amada filha que foi escrito para sua filha Maria Efigênia pela comemoração<br />

de seu aniversário de sete anos.<br />

O poema de Alvarenga Peixoto Amada filha assim como também Conselhos a<br />

meus filhos, de sua esposa Bárbara Eliodora (1759–1819), apresentam um traço<br />

que será dominante na poesia infantil brasileira até a primeira metade do século XX,<br />

isso é; a presença de uma voz poética adulta, que se dirige a um leitor infantil,<br />

5 Escritor e ilustrador de livros infantis, nascido em São Paulo, Brasil, em 1954. Desenvolve<br />

pesquisas sobre a poesia infantil no Brasil, tendo defendido dissertação de mestrado junto à Unicamp<br />

– Universidade de Campinas –, Campinas, Brasil, em 1998, com o título “Poesia infantil e ilustração:<br />

estudo sobre ‘Ou isto ou aquilo’ de Cecília Meireles”, além de ter publicado diversos artigos.<br />

21


utilizando o poema como veículo de educação moral.<br />

Conselhos a meus filhos<br />

Meninos, eu vou ditar<br />

As regras do bem viver;<br />

Não basta somente ler,<br />

È preciso ponderar,<br />

Que a lição não faz saber,<br />

Quem faz sábios é o pensar [...]<br />

Sempre vos deixeis guiar<br />

Pelos antigos conselhos,<br />

Que dizem que os ratos velhos<br />

Não há modo de os caçar;<br />

Não batam ferros vermelhos,<br />

Deixem um pouco esfriar.<br />

Poetas como Gonçalves Dias (1823-1864) Casimiro de Abreu (1839-1860)<br />

escrevem alguns poemas dedicados às crianças incluindo os em seus livros<br />

dirigidos ao leitor adulto (CAMARGO, 1998).<br />

A poesia de Casemiro de Abreu se caracterizou pela sensibilidade quase<br />

infantil, pelo saudosismo do seu tempo de infância, a simplicidade e amor pela<br />

natureza. Assim vemos ao longo do poema Meus oito anos:<br />

Oh! Que saudades que tenho<br />

Da aurora da minha vida<br />

Da minha infância querida<br />

Que os anos são trazem mais!<br />

Que amor, que sonhos, que flores,<br />

Naquelas tardes fagueiras<br />

As sombra das bananeiras,<br />

Debaixo dos laranjais!<br />

O poema de Casemiro de Abreu ganhou uma publicação atual, com belíssima<br />

ilustração, o poema ainda que não figure entre as escolhas dos educadores nas<br />

listas dos livros “adotados”, a publicação consegue comprovar a atemporalidade do<br />

poema. Assim como o Menino poeta de Henriqueta Lisboa (1903-1985), tais<br />

publicações renovam e enriquecem o conhecimento acerca do trabalho desses<br />

poetas, permitindo que o seu trabalho seja visto em sua atemporalidade, beleza, e<br />

espaço na história da poesia infantil brasileira (CAMARGO, 1998).<br />

A leitura dessa poesia ainda, nos faz conhecer admirar, e incorporar ao nosso<br />

acervo poético, a linguagem e buscar compreender o contexto, histórico que<br />

influenciou os poetas que estão sendo reeditados.<br />

A poesia infantil surge em consonância com a escola. A escola brasileira<br />

utilizava-se da poesia para significar a aprendizagem de Português. Surgem as<br />

22


antologias organizadas ou escritas por professores em p<strong>rosa</strong> e verso como material<br />

de apoio para leitura. Em 1874 o professor João Rodrigues da Fonseca Jordão<br />

publica o Florilégio 6 brasileiro da infância, no qual se reuniram poemas que não<br />

foram escritos originalmente para o leitor infantil e continha os elementos<br />

designativos poéticos: ode, alegoria, sátira, poemas (CAMARGO, 1998).<br />

Os livros com poesia — assim como os demais livros — eram destinados à<br />

escola com uma perspectiva moral. Essa, por assim dizer, orientação pedagógica<br />

adentra ao século XX e alcança sua década de 60, momento no qual o trabalho com<br />

a poesia infantil, ainda mantém integralmente seus conteúdos objetivando exaltar o<br />

ensino da moral e do civismo.<br />

Podem-se perceber dois aspectos da poesia infantil ao longo desse período: a<br />

poesia concebida como meio para fixar a disciplina de Português e como modelo<br />

para sensibilizar as crianças quanto ao trabalho e valores morais da época.<br />

O Trabalho<br />

É preciso, desde a infância,<br />

Ir preparando o futuro;<br />

Para chegar à abundância,<br />

É preciso trabalhar (BILAC, 2009).<br />

A Mocidade<br />

A Mocidade é como a Primavera!<br />

A alma, cheia de flores, resplandece,<br />

Crê no Bem, ama a vida, sonha e espera,<br />

E a desventura facilmente esquece.<br />

É a idade da força e da beleza:<br />

Olha o futuro, e inda não tem passado:<br />

E, encarando de frente a Natureza,<br />

Não tem receio do trabalho ousado.<br />

Ama a vigília, aborrecendo o sono;<br />

Tem projetos de glória, ama a Quimera;<br />

E ainda não dá frutos como o outono,<br />

Pois só dá flores como a Primavera! (BILAC, 2009).<br />

O livro Poesias infantis (1904), de Olavo Bilac (1865-1918), assim como o de<br />

Casemiro de Abreu (1839-1860) é apontado como um dos mais significativos é<br />

apontado como um dos mais significativos representantes da poesia que era<br />

produzida para as crianças, desde o período do Governo imperial, até a República.<br />

Foi encomendado, como um livro escolar. O que rendeu ao livro várias edições, e<br />

menção hon<strong>rosa</strong>. Os critérios para o conteúdo do livro foram ditados pelo governo.<br />

O livro trazia ilustrações, e poemas simples segundo o próprio autor destinado para<br />

6 Nome dado ao livro, por assemelhar-se a uma variedade de flores. O florilégio continha uma<br />

“variedade” de poemas destinados ao público em geral.<br />

23


os professores aplicarem às lições escolares.<br />

De acordo com Nelly Novaes Coelho (2000, p 227) o poeta do período<br />

parnasiano, Olavo Bilac 7 escrevia versos métricos, com rimas simples, e cenas<br />

pitorescas, da vida cotidiana prevaleciam, sobretudo, uma educação moral, na qual<br />

a linguagem no poema era dirigida à criança por uma voz adulta, sempre a incutir<br />

conselhos sobre como se portar, e tornar-se obediente perante a escola, os pais, e<br />

de amor por sua pátria. Vejamos no poema abaixo denominado A pátria:<br />

Pátria, latejo em ti, no teu lenho, por onde<br />

Circulo! e sou perfume, e sombra, e sol, e orvalho!<br />

E, em seiva, ao teu clamor a minha voz responde,<br />

E subo do teu cerne ao céu de galho em galho! (BILAC, 2009)<br />

A Henriqueta Lisboa (1904-1985) coube o mérito, através do livro O menino<br />

poeta (1943), de romper com o didatismo escolar, e com o crivo, inclusive o selo,<br />

indicativo do governo, algo começa a se quebrar:<br />

Consciência<br />

Hoje completei sete anos.<br />

Mamãe disse que eu já tenho consciência.<br />

Disse que se eu pregar mentira,<br />

Não ir domingo à missa por preguiça,<br />

Ou bater no irmãozinho pequenino,<br />

Eu faço pecado<br />

Fazer pecado é feio<br />

Não quero fazer pecado, juro<br />

Mas se eu quiser eu faço.<br />

Última flor do Lácio, inculta e bela<br />

Então na década de 60 do século XX, com o surgimento da poesia de Cecília<br />

Meireles (1901-1964), que remetia às questões relacionadas à criança, a poesia<br />

infantil, finalmente adquiriu contornos infantis.<br />

Embora preocupada com as questões pedagógicas e em alguns de seus<br />

poemas estejam presentes os elementos lingüísticos reforçadores da aprendizagem<br />

da língua, a poesia de Cecília desvela o olhar para a ligação entre o ser e as coisas,<br />

a dinâmica de sua poesia confronta a vida os adventos e situações de sua época,<br />

explora os recursos estilísticos diversos, desde os poemas com fins didáticos aos<br />

imagéticos e onomatopéicos como no poema seguinte:<br />

7Alguns títulos da poesia infantil de Bilac e sua orientação positiva para com as instituições: A avó. A<br />

borboleta; A boneca; A vida; A mocidade; As estrelas; As formigas; A vida; A madrugada; Ano bom; A<br />

pátria; As flores; A velhice; Ave-<strong>maria</strong>; A coragem; A casa a rã e o touro; Domingo; Deus; Infância;<br />

Junho; Justiça; Meio-dia; Meia-noite; Modéstia; Natal; Os pobres; O universo (paráfrase); O tempo; O<br />

rio; O pássaro cativo;O Sol; O boi; O avô; O remédio; O credo; O soldado e a trombeta; O leão e o<br />

camundongo; O lobo e o cão; Os reis magos; O trabalho; Plutão; Velhas árvores. Disponível em<br />

(http://www.colegiosaofrancisco.com.Php).<br />

24


A canção dos tamanquinhos:<br />

Troc... troc... troc... troc...<br />

Ligeirnhos, ligeirinhos,<br />

Troc... troc... troc... troc...<br />

Vão cantando os tamanquinhos...<br />

Chove. Troc... troc... troc...<br />

No silêncio dos caminhos<br />

Alagados, troc... troc.<br />

Vão cantando os tamanquinhos.<br />

E até mesmos, troc... troc...<br />

Os que tem sedas e arminhos,<br />

Sonham troc... troc... troc<br />

Com seu par de tamanquinhos (1934).<br />

Cecília traz para a poesia infantil a musicalidade, explorando versos<br />

regulares, a combinação de diferentes metros, o verso livre, a aliteração, a<br />

assonância e a rima. Os poemas infantis de Cecília Meireles não ficam restritos à<br />

leitura infantil, permitindo diferentes níveis de leitura. A insatisfação com os limites e<br />

o desejo de plenitude está presente no poema “Ou Isto Ou Aquilo”, que dá título ao<br />

seu livro de poesia infantil, publicado em 1964 (CAMARGO, 1998).<br />

O chamado universo infantil passa a ter uma voz lírica, um contorno próprio<br />

das crianças, esquemas modelares do período anterior, preso à métrica, por lições<br />

de moral, datas festivas e ensinamentos sobre higiene, dão lugar ao nonsense, ao<br />

inusitado, aos sentimentos da criança, remetem ao prazer lúdico dos sons e das<br />

imagens.<br />

Nos anos 60 foi de suma importância para a educação escolar a<br />

regulamentação da Lei nº 5.692/1971, cuja principal determinação foi a de incluir<br />

textos literários obrigatórios para o ensino da Língua portuguesa nas escolas<br />

(COELHO, 2000, p. 239).<br />

A poesia de Cecília surge em pleno período político desenvolvimentista, e do<br />

surgimento da Escola nova no Brasil, e mais o crescimento do mercado editorial no<br />

ramo das publicações destinadas às crianças. No Brasil, na área de Literatura<br />

infantil, esse mercado é impulsionado seja pela conjunção desses fatores, seja pela<br />

qualidade dos livros publicados para a criança agora reconhecida em sua condição<br />

de criança, distinção notada por Philippe Áries (1981)<br />

Sob a influência desse novo clima moral, surgiu uma literatura infantil<br />

distinta dos livros para adultos. Entre a massa de tratados de civilidade<br />

redigidos a partir do século XVIII, é muito difícil reconhecer os que se<br />

dirigiam aos adultos e os que se dirigiam às crianças. Essa confusão se<br />

explica por razões ligadas à estrutura da família e às relações entre a<br />

família e a sociedade (ARIES, 1981).<br />

25


Se por um lado Cecília inaugura um período fértil e arrazoadamente livre para<br />

a poesia infantil, por outro, há uma interdependência, inegável no que diz respeito à<br />

questão política. Sua poesia, assim como a escola, reflete à época e o modelo de<br />

educação, preconizado, tanto pelo que dita a sociedade quanto o que dita o ideário<br />

de infância (CAMARGO, 2009).<br />

Como vemos na reflexão de Philipe Áries:<br />

No momento em que se consolidam as instituições que pretendiam formar<br />

os pequenos, o gênero aparece com a finalidade de prepará-los para o<br />

convívio com os adultos, retirando-os da promiscuidade que tinham com os<br />

mais velhos (ARIES, 1981, grifo nosso).<br />

Surge uma Literatura com distinção entre Literatura para adulto e Literatura<br />

para a criança. A literatura denominada Literatura Infantil. As discussões em torno<br />

desta pairam acerca do seu pertencimento se à arte Literária ou à Pedagogia.<br />

Nelly Novaes Coelho (2000, p. 46) defende que a literatura infantil pertença às<br />

duas categorias tanto a arte e ação educativa. A própria Cecília, poeta-educadora<br />

pretendia em seu trabalho com a poesia, dar um sentido que atentasse para o<br />

significado das palavras e da mensagem que a sua poesia, dirigia às crianças, não<br />

fosse destituído de esvaziamento tanto de sentidos quanto de elementos que<br />

propiciasse uma decodificação de valores e sentimentos que educassem as<br />

crianças, marcada pelos ideais da escola moderna, a esse respeito ela afirma:<br />

O livro de literatura infantil cumpre outra função. Nas sociedades modernas,<br />

ele substitui o aprendizado pela transmissão oral. Compete a ele, no<br />

processo educacional, transmitir a tradição literária, base cultural dos<br />

diferentes povos. Ocupa o espaço da aprendizagem não formal (Cecília<br />

Meireles).<br />

A literatura infantil deve estar marcada pelo interesse literário. e deve,<br />

também, propiciar à criança o exercício da imaginação, exemplos de moral e<br />

momentos de prazer espiritual além de destacar o belo. É um livro de literatura<br />

infantil, portanto, aquele que reúne essas características.<br />

A partir disso para se escrever ao público infantil preconiza-se que é<br />

necessário antes conhecer a criança em suas características de desenvolvimento e<br />

pensamento, distinguindo os interesses dos adultos dos interesses infantis. Como no<br />

poema abaixo:<br />

Coisas<br />

Coisas boas:<br />

Bombom, bolinho, bolacha<br />

Pastel, pipoca, pitanga.<br />

26


Coisas lindas:<br />

Barquinho, balão, boneca,<br />

Palhaço, pião, poema.<br />

Coisas de todos:<br />

Lagoa, estrada, folhagem,<br />

Luar, estrela, farol.<br />

Coisas de poucos:<br />

Mel, moeda, medalha,<br />

Milagre, amigo, amor (DINORAH, 1984).<br />

Outros nomes como Manuel Bandeira, Vinicius de Moraes, José Paulo Paes,<br />

Sergio Capparelli, Tatiana Belinky, Sidónio Muralha, Manoel de Barros, Maria<br />

Dinorah merecem destaque no cenário da poesia infantil brasileira, por terem<br />

conseguido com a poesia estabelecer um elo que, rompendo com o adultocêntrismo,<br />

tornou-a mais próxima da criança, mais leve, mais divertida, e com certeza menos<br />

didático-moralizante, com várias possibilidades em sua forma, linguagem, e modo de<br />

dizer o mundo o real e o possível de ser imaginado pela criança, e pelo poeta<br />

através de sua sociopoética.<br />

Vale ressaltar que Sidónio Muralha (1920-1982) Poeta português que se<br />

exilou 8 e, por opção, se estabeleceu aqui no Brasil. Onde funda — juntamente com<br />

dois sócios o pintor Fernando de Lemos, e o escritor Fernando Correa da Silva — a<br />

editora Giroflé e criam um novo padrão para as publicações dirigidas às crianças<br />

(COELHO, 2000, p. 243).<br />

Sidónio Muralha, ao dedicar-se à poesia infantil, segundo Pinheiro (2007),<br />

produz alguns dos mais importantes livros para a poesia infantil brasileira. Dentre<br />

eles A televisão da bicharada (1962) que conquistou o 1º Prêmio da II Bienal<br />

Internacional do Livro de São Paulo e do qual destaco o poema mais conhecido<br />

abaixo:<br />

Boa noite.<br />

A zebra quis ir passear,<br />

Mas a infeliz foi pra cama<br />

Teve que se deitar<br />

Porque estava de pijama (MURALHA,1962 ).<br />

O livro de Sidónio Muralha traz para o universo infantil, o senso estético no<br />

sentido de oferecer ao leitor infantil, um livro ilustrado com imagens coloridas e que<br />

remetem aos poemas.<br />

Pinheiro (2007) ao analisar o livro Poemas para crianças descreve algumas<br />

características dos poemas de Sidónio Muralha. São diferenças básicas entre os<br />

8 Sidónio era filho de um jornalista socialista português, que veio morar no Brasil em 1961 por<br />

motivos políticos (Ditadura Salazar).<br />

27


dois livros, no primeiro os poemas são curtos e no segundo são poemas mais<br />

longos, o humor, o diálogo entre os animais é estabelecido. A semelhança, o valor<br />

de sua poesia consiste, tanto em sua relação com a literatura quanto com o ser<br />

humano. Observe-se a presença da miscigenação e a quebra do preconceito racial<br />

na poesia Xadrez.<br />

É branca a gata gatinha<br />

é branca como a farinha.<br />

É preto o gato gatão<br />

é preto como o carvão.<br />

E os filhos, gatos gatinhos,<br />

são todos aos quadradinhos.<br />

Os quadradinhos branquinhos<br />

fazem lembrar mãe gatinha<br />

que é branca como a farinha.<br />

Os quadradinhos pretinhos<br />

fazem lembrar pai gatão<br />

que é preto como o carvão.<br />

Se é branca a gata gatinha<br />

e é preto o gato gatão,<br />

como é que são os gatinhos?<br />

— os gatinhos eles são,<br />

são todos aos quadradinhos (MURALHA, 1962).<br />

Pinheiro (2000, p. 16) afirma que a poesia de Sidónio Muralha é de grande<br />

valor e foi possivelmente quem explorou a fauna aliando fantasia, poética, humor e<br />

profundo senso humanístico.<br />

O sentido que Sidónio Muralha imprime à sua poesia transcende o próprio<br />

valor estético, alia-o ao sentido de educar as crianças para a relação com a vida<br />

com os animais, a lidar com imagens, sensoriais e afetivas.<br />

O riso, as descobertas da amizade, da musicalidade, das brincadeiras com as<br />

parlendas e trava-línguas, as canções de ninar ainda lembradas por muitos de nós,<br />

cantadas por nossas mães, avós, o acervo cultural da tradição oral herdados na<br />

primeira infância de rua cantigas de roda a exemplo de:<br />

Quem vai ao ar,<br />

Perde o lugar.<br />

Chuva com sol,<br />

Casa raposa com rouxinol.<br />

Sol e chuva:<br />

Casamento de viúva<br />

Um, dois, feijão com arroz<br />

Três, quatro, feijão no prato,<br />

Cinco, seis, feijão, pra nos três,<br />

Sete oito feijão com biscoito,<br />

Nove, dez feijão com pastéis (MURALHA, 1962).<br />

28


É também de grande relevância o pioneirismo de Vinicius de Morais, o vigor<br />

de sua poesia, ainda contempla elementos de parlendas do folclore brasileiro<br />

incorporado à poesia. Sobre Vinicius, destacamos o livro a Arca de Noé, feito por ele<br />

para os seus filhos, e mais tarde transposto para disco e um programa na tv no qual<br />

artistas e cantores reconhecidos no cenário da música escolhidos pelo próprio<br />

poeta, interpretaram os poemas musicados, e que fez da Arca de Noé, de Vinicius, o<br />

livro de poesia infantil mais conhecido no Brasil.<br />

Coitada da galinha<br />

Coitada, coitadinha<br />

Da galinha-d'Angola<br />

Não anda ultimamente<br />

Regulando da bola<br />

Ela vende confusão<br />

E compra briga<br />

Gosta muito de fofoca<br />

E adora intriga<br />

Fala tanto<br />

Que parece que engoliu uma matraca<br />

E vive reclamando<br />

Que está fraca<br />

Tou fraca! Tou fraca!<br />

Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca!<br />

Coitada, coitadinha<br />

Da galinha-d'Angola<br />

Não anda ultimamente<br />

Regulando da bola (MORAIS, 1970).<br />

O girassol<br />

O girassol é o carrossel das abelhas.<br />

Roda, roda, roda carrossel<br />

Gira, gira, gira girassol (MORAIS, 1970).<br />

É também de grande relevância o registro da linguagem folclórica em<br />

parlendas e cantigas do folclore brasileiro realizada por Câmara Cascudo (2002)<br />

como a seguir:<br />

Bão-balalão<br />

Senhor capitão<br />

Espada na cinta<br />

Ginete na mão<br />

Moço bonito do meu coração.<br />

Para Câmara Cascudo as cantigas de roda provavelmente sempre estarão<br />

presentes na sociedade e compõem umas “das mais admiráveis constantes sociais,<br />

transmitidas oralmente, abandonadas em cada geração e reerguidas pela outra,<br />

numa sucessão ininterrupta de movimento e de canto” (2002).<br />

Zilberman & Rösing (2009) mencionam no livro Escola e leitura... que na<br />

29


leitura dos livros infantis de poesia, não existem tabus quanto aos temas, pontuando,<br />

algumas das diferenças entre os livros que eram produzidos para crianças no século<br />

xix, até emergir, numa produção mais dirigida ao leitor infantil, considerando os seus<br />

estágios de desenvolvimento psicológico, o aspecto cultural , pois os livros infantis<br />

são ricos tanto em ilustrações , quanto às temáticas que abordam , assuntos de<br />

natureza social como a preservação do meio ambiente e proteção aos animais<br />

como no poema de Elias José (2007):<br />

O rodízio<br />

Boi, boi<br />

Pra onde você foi?<br />

Frágil frango<br />

Virou rango<br />

Pobre do porco,<br />

Tudo é pouco.<br />

E o coração da galinha?<br />

Tão romântica coitadinha<br />

E o senhor peixe<br />

Nem gritou: - me deixe!...<br />

Por que não o urubu,<br />

Pra comer com chuchu?<br />

No intróito dessa subseção abordamos a origem da poesia, considerando que<br />

o mundo ocidental tem suas bases civilizatorias plantadas nos império greco-latino,<br />

momento no qual apresentamos algo de Homero e seus mitos.<br />

Com relação à presença da poesia no Brasil podemos depreender que por<br />

mais de três séculos sua existência deu-se, principalmente, no âmbito religioso.<br />

Após esse longo caminho percorrido no tempo, desde a não existência da imprensa<br />

até o inicio do século XIX quando ocorreu o advento político no qual o Brasil passa a<br />

compor o Reino-unido de Portugal e dá seus primeiros passos ainda que,<br />

reconhecidamente, em, em um contexto de total dependência ao Reino. Nesse<br />

transcurso, e também adentrando ao século XX, o que se pode constatar é a<br />

presença da literatura poética em uma perspectiva cívico-morais.<br />

Esta orientação pedagógica visa antes enaltecer os bons e bem direcionados<br />

costumes e, diga-se de passagem, da sociedade que por ventura pudesse realizar<br />

qualquer forma de critica social.<br />

A seguir veremos as propostas em que se dá a poesia na educação infantil de<br />

acordo com o referencial curricular.<br />

30


3 A POESIA E O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO<br />

INFANTIL<br />

A unidade entre o intelectivo e o sensitivo não se dissocia da linguagem e,<br />

assim da dimensão poética a poesia é ao mesmo tempo, raiz e utopia das<br />

palavras seu nascimento e sua terra prometida. A palavra poética religa o<br />

pensar, o sentido, o viver e o expressar (SEVERINO, 2008. p. 94).<br />

Poderia — ao leitor que já se encontra no nível das inferências — haver algo<br />

de significativo no fato de se ler sistematicamente os três volumes da obra do<br />

Ministério da Educação e do Desporto intitulada Referencial Curricular Nacional para<br />

a Educação Infantil (1998) em busca da palavra poesia e ao final da pesquisa se<br />

comprovar que a ocorrência desse vocábulo não se dá senão em uma dezena de<br />

vez? Isso mesmo: dez vezes. Que se deixe aqui, por oportuno, bem caracterizado<br />

que no volume I e II do citado documento governamental tal palavra nem mesmo<br />

faz-se presente. E na primeira ocorrência aparece como na epigrafe acima, isso é;<br />

referindo-se à canção.<br />

Reconhece-se que o político é fundamental e, nesse âmbito, o amor ao<br />

príncipe maquiavélico 9 e suas ações, com certeza, se faz presente, no entanto, é<br />

forçoso que se reconheça com justa imparcialidade a fala de outro príncipe, Hamlet,<br />

que, em sua tragédia, não nos permite esquecer que “há algo de podre [em nossa]<br />

república” (SHAKESPERE, 2009). Traduzindo o desabafo de alguns educadores que<br />

se permitem escrever sobre a poesia quando dizem que esta é considerada por<br />

muitos com a prima pobre da literatura.<br />

Parece-nos que, com relação à educação infantil, na proposta estabelecida no<br />

referencial curricular nacional prevalece o currículo oculto 10 , todavia, infelizmente<br />

para os infantes, desta feita, oculto aqui não quer significar alguma orientação,<br />

comportamento, atitude ou valor sócio-poético que alcançarão em contato com seus<br />

educadores, antes quer significar mesmo a ausência do acesso ao bem cultural:<br />

poesia.<br />

9 Referência à obra O Príncipe, de Nicolaus Maclavellus (03-05-1469/21-06-1527).<br />

10 Conceitualmente o currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos do ambiente escolar<br />

que, sem fazer parte do currículo oficial, explícito, contribuem, de forma implícita para aprendizagens<br />

sociais relevantes [...] o que se aprende no currículo oculto são fundamentalmente atitudes,<br />

comportamentos, valores e orientações (SILVA, 2001 apud CORTELAZZO, 2004).<br />

31


3.1 Há poesia no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil?<br />

Diante do tema proposto a poesia a enquanto objeto de estudo, cabe,<br />

perfazer uma busca no documento normativo que rege a educação infantil brasileira.<br />

Ester documento serve de base para orientar o trabalho docente na educação<br />

infantil.<br />

Se a poesia ocupa um espaço na literatura, qual espaço ela ocupa no<br />

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI)?<br />

Para atender às exigências da Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96 que<br />

reconhece a Educação Infantil como primeira etapa do ciclo da Educação Básica o<br />

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, foi planejado tendo como<br />

um de seus objetivos incorporar as atividades pedagógicas aos cuidados com as<br />

crianças. Outro dos objetivos trata da realidade social e cultural vivenciada pelas<br />

crianças.<br />

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, no volume 3 -<br />

Conhecimento de mundo aponta a linguagem oral e escrita como um dos eixos<br />

básicos na educação infantil. E reconhece que a educação infantil deva promover<br />

experiências significativas de aprendizagem através de trabalhos com a linguagem<br />

oral e escrita que irão ampliar o modo como as crianças irão descobrir as<br />

regularidades da linguagem oral, se apropriando das convenções da língua.<br />

E posteriormente além de falar com fluência, produzir atos e situações de<br />

linguagem criada a partir das relações socializadas:<br />

Além de produzir construções mais complexas as crianças são mais capazes<br />

de explicitações verbais... O desenvolvimento da fala e da capacidade simbólica<br />

amplia significativamente os recursos intelectuais. Porém, as falas infantis ainda são<br />

produtos, de uma perspectiva muito particular de um modo próprio de ver o mundo<br />

(RCNEI, 2009, p. 126).<br />

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil define, a língua<br />

como um sistema de signos histórico e social que possibilita ao homem significar o<br />

mundo e a realidade cuja abordagem da linguagem escrita e oral, indica o<br />

desenvolvimento de quatro competências lingüísticas: falar, escutar, ler escrever.<br />

Através de brincadeiras e trocas de experiências, as crianças expressam seus<br />

desejos, opiniões, idéias, preferências. E gradativamente alcança níveis formais de<br />

uso da linguagem, a exemplo da leitura de textos variados.<br />

32


Neste capítulo, a partir das orientações didáticas, podemos localizar em<br />

diversos parágrafos a indicação do uso de poemas nas atividades.<br />

Cabe ressaltar, que embora conste, a indicação para o trabalho com a poesia<br />

nas sugestões, há uma ênfase direcionada para o texto em p<strong>rosa</strong>, privilegiando a<br />

contação de história. O que coloca o trabalho com o texto em p<strong>rosa</strong> em um patamar<br />

privilegiado.<br />

3.2 A poesia na dimensão da leitura e da escrita pelo Referencial Curricular Na-<br />

cional para a Educação Infantil<br />

Ao referir-se a duas dimensões, indispensáveis, na atuação dos educadores (as) a<br />

pratica de leitura e a prática de escrita, o Referencial Curricular Nacional para a<br />

Educação Infantil destaca o uso da linguagem pela criança, e como elas ao falar e<br />

escutar; brincam, conversam, trocam experiências, expressam desejos,<br />

necessidades, opiniões, idéias, preferências e sentimentos. Numa troca infindável e<br />

permeada de significados. Podemos verificar no poema de Duda Machado (1997):<br />

Uma turma inesquecível<br />

Conheci um gato<br />

Chamado Lencim,<br />

Toda vez que miava<br />

Espirrava atchim.<br />

Conheci uma vaca<br />

Chamada Quilate,<br />

Dava um leite branquinho<br />

Sabor chocolate.<br />

Conheci um jumento<br />

Chamado Merlim,<br />

Comia poeira<br />

Cuspia capim.<br />

Conheci, conheci,<br />

Não sei mais, esqueci.<br />

Ei e você também<br />

Não conhece mais ninguém? (1997, p. 10).<br />

No que diz respeito à prática de leitura, essa colocação, evidencia que o<br />

conhecimento é adquirido nos ambientes nos quais as crianças vivem e freqüentam,<br />

e nos quais lhes enriquecem e fornecem informações acerca das manifestações<br />

culturais e dos modos de lidar com as emoções relacionadas a questões éticas, que<br />

influenciam e contribuem com a construção da sua subjetividade e sensibilidade.<br />

Entretanto em relação a prática de leitura, o Referencial Curricular Nacional<br />

para a Educação Infantil sugere apenas o trabalho com a reprodução oral de jogos<br />

33


verbais, trava-línguas, parlendas, adivinhas, quadrinhas, e poemas e canções, não<br />

mencionando o trabalho de criação poética pelas crianças, em consonância com as<br />

atividades sugeridas.<br />

Mesmo quando o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil<br />

reconhece que no processo de aquisição da linguagem a criança, ouve, fala e utiliza<br />

fragmentos, da fala do adulto em sua linguagem. As crianças elaboram jogos<br />

lingüísticos, piadas, frases engraçadas, palavras cantadas.<br />

Quando a escola direciona as atividades apenas para a reprodução oral,<br />

ainda que essa tenha seu imenso valor reconhecido, tal direcionamento limita a<br />

relação com a poesia. Esse fato impede que haja uma maior capacidade de reflexão<br />

que poderia advir desse contato. É possível incitar o conhecimento poético na escola<br />

e em conseqüência disso pode ocorrer a ampliação nas escolhas e nos gostos pela<br />

leitura de poesia.<br />

Quanto à prática de escrita, convém citar Bachelard quando afirma que “nos<br />

poemas, manifestam-se forças que não passam pelo circuito do saber” (1984, p.<br />

187). Um poema no qual podemos observar esta reflexão foi poetizado por uma<br />

criança ao brincar com as palavras, a imaginação criadora na criança se revela, na<br />

livre criação de um poema onde o lúdico, prevalece, e não necessariamente ocorre<br />

numa situação de co-dirigidas para objetivar o aprendizado.<br />

A palavra que eu mais gosto<br />

é bundidex,<br />

porque eu inventei agora<br />

e gostei (Janaína Marques, 4 anos) 11 .<br />

Daí poder compreendê-la (a poesia) entendendo-a também como uma<br />

escrita não convencional e que o seu uso não implica necessariamente, na<br />

obrigatoriedade da intervenção pedagógica com fins direcionados unicamente para<br />

desenvolver as potencialidades cognitivas das crianças. O poema a seguir, nos<br />

chama a atenção para a nossa sensibilidade, Nos fazendo refletir, sobre o aspecto<br />

imagético contidos na poesia, e que não prescindem de um conhecimento específico<br />

tal qual afirma anteriormente Bachelard (1984).<br />

Pra fazer uma campina<br />

Pra fazer uma campina<br />

É preciso um trevo e uma abelha<br />

Um trevo e uma abelha,<br />

11 In: Francisco Marques, (Chico dos Bonecos). Galeio: Antologia Poética para crianças e adultos,<br />

São Paulo: Peirópolis, 2004.<br />

34


E a fantasia.<br />

Só a fantasia chega<br />

Se falta a abelha (DICKINSON apud CAPPARELLI, 1998).<br />

Acerca do poema, o sentido pedagógico, aqui consiste em educarmos os<br />

nossos sentidos para buscarmos a interioridade, do poema, as sensações e<br />

imagens que ele evoca. Assim precisamos levar em conta o que nos diz Maria<br />

Helena Frantz<br />

O ser humano não é só razão, intelecto, ele é também, e antes de tudo,<br />

sentimento, emoção, imaginação.o mundo adulto tende a não valorizar<br />

muito esses aspectos e a privilegiar o material, o racional, o técnico, o útil, o<br />

lucrativo (2001, p. 82).<br />

Contudo, no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil há um<br />

indicativo da poesia como tarefa pedagógica, considerando que nesse contexto as<br />

crianças podem conhecer e saber de cor os textos a serem escritos como uma<br />

parlenda, uma poesia ou letra de música.<br />

Nessa atividade as crianças precisam pensar sobre quantas e quais letras<br />

colocar para escrever o texto, usar o conhecimento disponível sobre o sistema de<br />

escrita, buscar material escrito que possa ajudar a decidir como grafar (RCNEI,<br />

1998, p. 148).<br />

Entre muitos destaco o poema de Elias José (2007, p. 23) em seu livro Lua<br />

no Brejo que oferece esta possibilidade:<br />

A casa e o seu dono<br />

Essa casa é de caco<br />

Quem mora nela é o macaco.<br />

Essa casa é de cimento<br />

Quem mora nela é o jumento.<br />

Essa casa é de telha<br />

Quem mora nela é a abelha.<br />

Essa casa é de lata<br />

Quem mora nela é a barata.<br />

Essa casa é elegante<br />

Quem mora nela é o elefante.<br />

E descobri de repente<br />

Que não falei em casa de gente.<br />

Tais atividades tanto de leitura quanto de produção de escrita, apóiam-se em<br />

contexto de interação, que valorizam tanto a diversidade quanto a individualidade<br />

das crianças em seus momentos de construção da leitura e da escrita.<br />

Sobre poesia infantil assim como qualquer outro elemento da literatura infantil,<br />

35


não há um capítulo específico ou subtítulo no Referencial Curricular Nacional para a<br />

Educação Infantil. O que ocorre é uma distinção entre a poesia e a contação de<br />

história, posto que a respeito desta última, pese o seu valor histórico para a<br />

humanidade, por nos trazer o encantamento, a experiência com o irreal que evoca<br />

memórias antigas e pessoais.<br />

Existe uma variada gama de publicações com orientações didáticas de como<br />

elaborar trabalhos com a contação de história, e os diversos gêneros que encantam<br />

as crianças e os adultos: contos populares, contos de anedotas, contos de fadas... A<br />

poesia também nos oferece gêneros variados. Contudo, não há na mesma<br />

proporção ou aproximadamente publicações voltadas para orientar o trabalho com a<br />

poesia infantil. São poucas, se comparadas, a outro gênero literário as publicações<br />

com orientações didáticas e voltadas para orientar o trabalho com a poesia.<br />

O que pode gerar ou intensificar mais ainda a distância entre a criança e a<br />

apropriação, o desenvolvimento do gosto pela leitura de poemas, e o que esta<br />

descoberta traz em seu conjunto, o conhecimento, a produção autoral da criança, o<br />

prazer da leitura a oralização de poemas, de conhecer autores nacionais, regionais e<br />

internacionais, e o reconhecimento de seu ser poético.<br />

Para os educadores o Referencial Curricular Nacional para a Educação<br />

Infantil, reserva no capítulo referente à linguagem oral e escrita um tópico, intitulado<br />

Organização do tempo - Atividades permanentes, a serem desenvolvidas em sala de<br />

aula, apontando um conjunto de sugestões numa das quais, salienta, que são<br />

práticas nas instituições de educação infantil.<br />

A primeira atividade citada pelo Referencial Curricular Nacional para a<br />

Educação Infantil é a contação de história, sugerindo o conto, o reconto, falando<br />

sobre o prazer da leitura o acesso ao livro, com uma observação das mais<br />

pertinentes sobre o contato pela criança com um texto mais longo.<br />

Entre outros o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil,<br />

sugere: a organização de saraus literários nos quais as crianças podem escolher<br />

textos de poesia, de histórias, parlendas para contar ou recitar no dia do encontro<br />

(1998, p.154).<br />

Em seguida acerca dos eventos de escrita destaca os projetos, cuja produção<br />

pode levar a organização de coletâneas de um mesmo gênero exemplificando entre<br />

outros a poesia. E mais, outra sugestão que envolve a poesia, consiste em gravar<br />

em fita cassete (consideremos quanto a isto que o Referencial Curricular Nacional<br />

36


para a Educação Infantil foi elaborado em 1998) de poesias recitadas pelas crianças<br />

e disponibilizar no espaço escolar livros de poesia.<br />

As estratégias pedagógicas sugeridas pelo Referencial Curricular Nacional<br />

para a Educação Infantil, podem ser adotadas numa perspectiva prática no contexto<br />

das aulas, em consonância com o estudo dos pressupostos teóricos, embora não, o<br />

sugira.<br />

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil enfatiza que a<br />

Linguagem oral e escrita possibilita comunicar idéias pensamento e intenções de<br />

diversas naturezas, além de influenciar o outro e estabelecer relações interpessoais.<br />

Propicia à criança construir um conhecimento de natureza conceitual para que ela<br />

possa reconhecer, não só o que está escrito, mas compreender de que forma gráfica<br />

a linguagem está representada.<br />

Nesse sentido, Elie Bajard salienta que “o grande desafio consiste em utilizar<br />

a atração de um meio não para nele encerrar a criança, mas, ao contrário, para<br />

sensibilizá-la e treiná-la ao uso de outros” (p. 114, 1994).<br />

Ao pensarmos na relação entre a criança, e a poesia através do RCNEI,<br />

pode-se refletir, numa perspectiva em que torne tais preceitos, como um suporte<br />

para o trabalho educativo, e não como condição modelar.<br />

Na premissa de Bajard, podemos minimamente perceber o entrelaçamento,<br />

entre a condição da aprendizagem e valorização da subjetividade em comuns.<br />

Visto desse modo, a poesia não serve apenas para a decodificação de<br />

símbolos gráficos, nem apenas para ser recitada na escola, ela pode configurar-se<br />

em uma forma educativa para além do uso e aquisição da língua. A poesia assim<br />

pode ser subentendida como inerente à própria infância, sejam pela musicalidade,<br />

metáforas, e o lirismo tanto quanto o é pelo humor que apresenta e elementos<br />

humanizadores que constituem os poemas infantis.<br />

As experiências poéticas na escola, favorecem desse modo a aquisição da<br />

leitura, da escrita, através da leitura e poetizamento das palavras propiciando o<br />

descortinar da leitura do mundo.<br />

37


4 POESIA E EDUCAÇÃO<br />

Ao bosque fui, sim eu fui lá. E tinha vontade de nada achar. Uma florzinha<br />

avistei, então, brilho de estrela, na minha mão. Eu quis colhê-la e a ouvi<br />

falar: “se tu me quebras eu vou murchar”. Com toda raiz a flor puxei e ao<br />

meu jardim então a levei. Logo a plantei em um canteiro e ela floresce o ano<br />

inteiro (GOETHE apud CAPPARELLI, 1989).<br />

O poético na educação. O que poderia ser ou vir a ser? Seria atribuir sentido<br />

aos atos pedagógicos? A esse respeito, Moisés (2007, p. 17), pondera que tanto o<br />

poeta quanto o educador ensinam a conhecer ou a compreender.<br />

O primeiro como não detém o conhecimento de nenhum objeto específico,<br />

atém-se ao ato que pode conduzir à apreensão de objetos em geral; o segundo, por<br />

se definir em razão do conhecimento especializado concentra-se em ensinar esse<br />

mesmo conhecimento.<br />

Moisés (2007) ao tempo em que reconhece a relação indissociável da poesia<br />

e a educação tece críticas à moderna ciência pedagógica e o faz numa acepção<br />

histórica, inferindo que a poesia e a insubmissão são irmãs. Nesse sentido a poesia<br />

em sua insubmissão, através de um ensinamento que se presume poético, torna-se<br />

uma educação antipedagógica, visto que a lógica formal, não comunga com a lógica<br />

poética. Esse pensador reconhece que a poesia, em sua natureza semântica, pode<br />

levar o educando a adquirir um conhecimento mais humanizador, pois a poesia é<br />

prenhe em sonoridade, encantamento e significados podendo também revelar o<br />

léxico e o sintático.<br />

Araújo (1997) a respeito da linguagem afirma que se origina com o<br />

surgimento do ser humano através da expressão de seus primeiros balbucios<br />

reveladores de sua intuição, crenças sentimentos e desejos. Desde os desenhos<br />

rupestres à escrita mais contemporânea os indivíduos expressam-se com ternura e<br />

vigor na composição de imagens poéticas. Vico afirma que na poesia está a origem<br />

das línguas (apud FAUSTINO, 1997, p. 66).<br />

Especificamente com relação à linguagem poética Heiddeger (1994, p. 114)<br />

afirma que se trata de uma experiência originária da abertura do ser humano em seu<br />

processo de doação ao mundo no advento de seu sentido primordial. A origem do<br />

pensamento manifesta-se em tons poéticos a poesia trança fios de logos e mithos 12 ,<br />

12 Logos: em grego – λόγος (palavra) – significava, inicialmente, a palavra escrita ou falada, isso é; o<br />

38


palavra e imagem, razão e intuição, luz e sombras.<br />

O poema é o espelho da fraternidade cósmica, nos ensina a reconhecer as<br />

diferenças e a descobrir as semelhanças. A linguagem poética nos põe em sintonia<br />

com os valores de solidariedade, fraternidade com os outros, no surgimento de<br />

nossos sentimentos mais nobres, nos ensina a reconhecer as diferenças e a<br />

descobrir as semelhanças (ARAUJO apud PAZ, 1990, p. 138).<br />

Com relação a linguagem T. Giles Ranson (1987) traz uma contribuição para a<br />

formação dos educadores e compreensão para o alargamento do universo da poesia<br />

na escola ao afirmar que a poesia une o lúdico e o lúcido nos processos de<br />

aprendizagem no desenvolvimento de inteligências meditativas, flexíveis e<br />

audaciosas. Ultrapassa os instrumentos ordinários da linguagem retilínea, cujos<br />

instrumentos têm exercido predominância na rotina das salas de aula, levando aos<br />

horizontes do extraordinário que renova, transmuta e vivifica.<br />

Mas e quanto à criança e o poético na educação infantil escolar?<br />

Considerando as reflexões de Heiddeger (1994) a respeito da linguagem e da<br />

imaginação criadora e também se levando em conta a sociopoética de Gaultier<br />

(1999) — salvo as experiências intrafamiliar e cotidiana das crianças qual linguagem<br />

a inicia ao universo poético — como se dá esta aproximação poética?<br />

4.1 Poesia para criança ou criança para a poesia?<br />

De acordo com Febvre Martin (1992, p. 155 apud Bordini 2009) a<br />

aproximação entre a poesia e a criança ocorreu no século XVIII adentrando o século<br />

XIX. A Pedagogia estabeleceu esta conexão, como um meio didático. A escola<br />

pública burguesa destinava às crianças pobres livretos ilustrados com quadrinhas e<br />

versos da tradição oral. Enquanto que às crianças das classes abastadas era<br />

destinada a leitura dos clássicos como Esopo ou o romance da Rosa.<br />

A poesia não representa e significa apenas um período da infância, por sua<br />

manifestação folclórica. Visto assim tais manifestações culturais não permeariam o<br />

nosso acervo imaginário e cultural, quando deixássemos de ser crianças.<br />

verbo. Em Heráclito logos passou a ter uma significação filosófica mais ampla, traduzida como razão.<br />

Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Logos. Acesso em 27 jun 2009.<br />

Mithos: Mito: em grego – μυθος ("mithós") – trata-se de narrativa tradicional com caráter<br />

explicativo e/ou simbólico. Tem relação com a cultura e/ou religião da sociedade e procura explicar os<br />

acontecimentos da vida assim como também os demais fenômenos naturais, como a origem do<br />

mundo e do homem, por meio de deuses, semideuses e heróis (criaturas sobrenaturais). Nesse<br />

sentido o mito é a primeira tentativa do Homo sapiens para tentar explicar a sua realidade. Disponível<br />

em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito. Acesso em 27 jun 2009.<br />

39


Então há que se considerar que a escola tem uma parcela contributiva para o<br />

afastamento da criança e a poesia, uma vez que estabelece regras dicotomizantes<br />

entre ler o ouvir poesia, e utilizá-la como mais um recurso didático. Um dos<br />

problemas levantados por Helder Pinheiro (2007) diz respeito a formação dos<br />

professores, ao afirmar que durante os cursos de graduação não foram e não são<br />

(com raras exceções) sensibilizados para a literatura e especialmente para a leitura<br />

de poesia ao que afirma ele:”os professores precisam ser seduzidos pela poesia e<br />

pela literatura de um modo geral, pois assim despertará nos alunos o gosto pela<br />

leitura”.<br />

Ocorre justamente o contrário, os professores tendem a escolher autores<br />

conhecidos nacionalmente (autores da região Sul) e ou veiculados pela mídia,<br />

excetuando a busca e o reconhecimento por autores de sua região de origem, e as<br />

manifestações que acontecem no espaço onde vivem as crianças.<br />

A poesia entendida assim é referenciada a partir dos nomes de alguns<br />

autores, Cecília, José Paulo Paes, Elias José, Vinicius de Morais só para citar os<br />

mais conhecidos. Este embora não pareça é precisamente um dos problemas, dos<br />

mais comuns, o trabalho de caráter didático e por vezes atrelado apenas ao caráter<br />

lúdico, como afirma Moisés (2007, p. 22) o trabalho pedagógico é guiado Por uma<br />

techné utilitarista. O que faz com que a busca pelos resultados, enquadre e limite, o<br />

despertar da sensibilidade, pois o contato com a poesia só irá operar num campo<br />

familiar e produtivista. por vezes também, não é dado à criança o direito de escolha,<br />

e so critérios ficam exclusivamente a cargo do professor, que teme ou não tem<br />

condições de aprimorar o seu acervo material e cultural.com tendências a restringir o<br />

campo de escolha da criança.<br />

4.2 A poesia na escola: algumas possibilidades pedagógicas<br />

Essas são as regras humanas da criação e do amor:<br />

Fazer de novo, refazer, inovar, recuperar, retomar o antigo e a tradição, de<br />

novo inovar, incorporar o velho no novo e transformar um com o poder do<br />

outro. (Carlos Rodrigues Brandão).<br />

Poesia na sala de aula: o que fazer? Os atos “pedagógicos” em sala de aula,<br />

ainda tendem a serem essencialmente conteudistas e curriculares? Os temas<br />

abordados nos poemas infantis estão mais próximos do universo infantil. As<br />

cirandas, os brincos, as parlendas e letras de músicas, constituem o acervo<br />

40


que as crianças adquirem em casa e aprendido nas canções ouvidas fora do<br />

contexto escolar, nem sempre as músicas estão próximas ou enriquecidas<br />

com o nonsense, o cômico ou criador universo infantil.<br />

Entretanto, esse é um ponto de partida para que em sua formação e<br />

práxis os professores procurem um itinerário a seguir que possa oferecer às<br />

crianças outros poemas, atividades e eventos de leituras e produção textual<br />

diversificando assim, o repertório poético das crianças. A esse respeito<br />

Verbena Cordeiro (1992) nos traz esta reflexão:<br />

Pensar no itinerário de milhares de crianças, jovens e adultos, que não<br />

foram sequer tocados ou seduzidos pelas narrativas, pela poesia, por<br />

fadas e bruxas,heróis e vilões que habitam o imaginário da humanidade,<br />

é o grande desafio (CORDEIRO, 1992, p. 96, grifo nosso).<br />

Na educação infantil são ofertados uma gama de autores e textos e os<br />

educadores se esforçam em variar as atividades tendo como ponto principal o<br />

cuidado com o lúdico e o jogo.<br />

José Paulo Paes (1990) sugere que a poesia destinada às crianças ou aos<br />

leitores mirins precisa ter por característica de ser em versos curtos com ritmos e<br />

rimas que toquem de imediato a sensibilidade e chamem a atenção das crianças. E<br />

assim provocam a todos:<br />

Convite<br />

Poesia / é brincar com palavras / como se brinca /<br />

com bola, papagaio, pião<br />

Só que / bola, papagaio, pião /<br />

de tanto brincar / se gastam.<br />

As palavras não: / quanto mais se brinca / com elas /<br />

mais novas ficam.<br />

Como a água do rio / que é água sempre nova.<br />

Como cada dia /<br />

que é sempre um novo dia.<br />

Vamos brincar de poesia? (PAES, 1990).<br />

Com relação às funções da poesia o poeta T. S. Eliot (1971) em um ensaio<br />

seminal intitulado A função social da poesia assim se pronuncia<br />

Quero distinguir entre funções gerais e particulares, para que saibamos do<br />

que não estamos falando. A poesia pode ter um propósito social<br />

deliberado e consciente. Em suas formas mais primitivas esse propósito é<br />

muitas vezes bastante claro. Há, por exemplo, runas e cantos antigos,<br />

alguns dos quais possuíam fins mágicos um tanto práticos – livrar de mau<br />

olhado, curar alguma doença ou aplacar algum demônio. A poesia é usada<br />

desde os primeiros tempos em rituais religiosos e, quando cantamos hinos,<br />

ainda estamos usando poesia para um propósito social particular. As formas<br />

primordiais de épicos e sagas podem ter transmitido o que se tinha por<br />

história, antes de sobreviverem apenas para entretenimento comunitário; e,<br />

antes do uso da linguagem escrita, uma forma regular de versos deve ter<br />

41


sido extremamente útil à memória – e a memória dos primitivos bardos,<br />

contadores de estórias e estudiosos deve ter sido prodigiosa (1971, grifo<br />

nosso).<br />

Propondo-nos evitar o julgamento dos pontos de vista expressos por diversos<br />

autores, nos convidando a vivenciarmos o prazer da leitura dos poemas.<br />

Para além de qualquer intenção específica que a poesia possa ter, [...] há<br />

sempre comunicação de uma nova experiência ou uma nova compreensão do<br />

familiar (PINHEIRO, 1999).<br />

O alargamento da visão do que está sendo vivido, além da descoberta de<br />

outras possibilidades de vivência afetiva. O risco de moralizar o que está sendo<br />

vivido deve ser evitado. O texto poético não deve servir de pretextos moralizantes.<br />

Assim educação continuada é fundamental como constituinte para mudanças<br />

no metabolismo social, sendo parte integrante no inicio da fase de formação dos<br />

indivíduos, e provocando o que ele chama de feedback, nos indivíduos<br />

educacionalmente enriquecidos (MESZAROS, 2005, p. 75). Essa acepção se refere<br />

tanto à formação das crianças quanto à dos professores.<br />

A poeta-educadora Nelly Novaes Coelho indica-nos em sua obra Literatura<br />

infantil que os conteúdos dos poemas deveriam ser narrativos, expressando uma<br />

situação interessante (2000, p. 223).<br />

A exemplo disso veja a narrativa poética de Tatiana Belinky (2008) que<br />

oferece tanto ao leitor infantil quanto ao leitor adulto a possibilidade de<br />

enriquecimento da linguagem e do pensamento nos três campos o semântico, o<br />

sintático e o léxico, como em Cocanha:<br />

Você sabe o que é Cocanha?<br />

Cocanha é uma terra estranha,<br />

País que se esconde<br />

Ninguém sabe onde -<br />

Lugar misterioso, a Cocanha.<br />

A vida ali é um deleite<br />

Suave tal qual puro azeite -<br />

Na bela Cocanha<br />

O povo se banha<br />

Em rios de mel e de leite.<br />

Cocanha é o país que enfeitiça,<br />

Atrai pela santa preguiça<br />

Da tal vida airada<br />

Do "não fazer nada”,<br />

Do "nada importa" por premissa.<br />

Agora, responda ligeiro,<br />

Não leve um dia inteiro<br />

Para decidir<br />

Se quer residir<br />

Naquele país, tão maneiro!<br />

Então eu respondo ao assédio:<br />

Se não houver outro remédio<br />

Eu vou desistir<br />

De lá residir -<br />

Pois lá morreria... De tédio!<br />

(BELINKY, 2008).<br />

Cocanha possui uma abordagem própria da poesia, trazendo em seu cerne a<br />

afirmação e a negação, o país das maravilhas, que é a Cocanha, tão deliciosamente<br />

42


ofertado pela autora/narradora, ao final alcança uma dimensão filosófica e sutilmente<br />

hábil que traz à tona importantes questionamentos tanto ao leitor mirim quanto ao<br />

adulto.<br />

No que concerne a possibilidade pedagógica a autora identifica que os<br />

mediadores devem ter por objetivo interligar poeticamente a função pedagógica em<br />

seus objetivos múltiplos que sejam como o desenvolvimento da linguagem e do<br />

pensamento a questões filosóficas despertando a sensibilidade das crianças.<br />

O acesso a aquisição dos livros de literatura infantil, e neste caso<br />

excepcionalmente, os de poesia infantil, levam desvantagem, pois as pessoas<br />

tendem a valorar o livro pela quantidade de texto, e acabam por compara-lo às<br />

narrativas.Acabam por atribuir um juízo de valor ao livro de poesia que o encerra<br />

numa categoria de caro, julgam as ilustrações sobressaem a quantidade de palavras<br />

parece prevalecer o que podemos denominar de valor capitalizado por quantidades<br />

de palavras, outro fator é a crença de que o livro de poesia por ter poucas palavra,<br />

concluir sem coesão.<br />

E o que dizer então dos poemas haicai — posto que sua narrativa é curta e<br />

não apresentam rimas — não seriam eles então destinados às crianças pequenas?<br />

Três gotas de poesia.<br />

Mil vezes ao dia<br />

Três gotas de poesia. Uso<br />

Interno somente (Ângela Leite p. 12)<br />

Por vezes também, não é dado à criança o direito de escolha, e os critérios<br />

ficam exclusivamente a cargo do professor, que teme ou não tem condições de<br />

aprimorar o seu acervo material e cultural tendendo a restringir orientar o campo de<br />

escolha da criança. As narrativas assim são preferências na escolha dos professores<br />

e dos pais que escolhe o que as crianças lêem. Esquecendo-se inclusive que<br />

existem narrativas poéticas em p<strong>rosa</strong>, tanto pais quanto professores delimitam e<br />

restringem a leitura para as crianças. A esse respeito observemos, pois a refutação<br />

de Tatiana Belinky:<br />

Uns pais me perguntam: ‘Eu mando meu filho ler, mas ele não<br />

Lê! O que eu faço?’ — Comece por não mandar.<br />

Livro não é castigo, não é tarefa, não é chateação.<br />

Tem de ser curtição, prazer (BELINKY, 2009).<br />

Quanto aos elementos, estão entre eles as músicas, as brincadeiras de roda,<br />

43


As parlendas, os jogos sonoros, as dramatizações, reflexão para trabalhar a poesia<br />

com crianças pequenas como sugere Nelly Novaes Coelho (2000) requer rum olhar<br />

mutirreferencial, para ver para além do jogo sonoro, das rimas e da construção do<br />

poema. Enfatiza que a crianças e adolescentes sejam estimuladas a desenvolver o<br />

se potencial intuitivo e criativo para que possas contribuir e reestruturar o mundo no<br />

qual irão viver, reinventado novas formas e valores que contribuam para a existência<br />

e convívio no planeta.<br />

Numa época em que as crianças estão expostas o todo tipo de estímulos<br />

visuais e sensoriais, a literatura, e nesse caso experiências e leitura de poesia, pode<br />

vir a fazer parte do desenvolvimento das crianças pelo prazer e fruição podem,<br />

compor o didático.<br />

Nesse sentido Severino (2008) afirma que<br />

Cotidianamente estamos inundados de correntezas de informações sem<br />

sem contexto, sem significação. Escasseiam os espaços vazios, para a<br />

criação. Espaços de silêncio, espaços livres em que as idéias e as imagens<br />

possam dançar e conceber. A criatividade pessoal está gravemente<br />

ancorada. Nestes dias ultratecnológicos e ultraconsumistas, com mídias<br />

onipresentes, as imagens chegam a nós quase manipuladas (SEVERINO,<br />

2008).<br />

Aliás, em sua generalidade, manipuladas! Sugere-se nessa torrente de<br />

informações que o sistema faz cair por sobre as pessoas, em especial as crianças,<br />

que a poesia se apresente em especial pelo prazer de ler e ouvir poesia. Pelo prazer<br />

de conhecer as pessoas que escreveram os poemas.<br />

44


A INCONCLUSÃO<br />

Não cessaremos a exploração<br />

E o fim de todo o nosso explorar<br />

Será chegar ao ponto de onde partimos<br />

E conhecer o lugar pela primeira vez (ELIOT, 1970, 96).<br />

Nesse ensaio monográfico procurou-se, após breve histórico, fazer uma<br />

reflexão a respeito da poesia infantil brasileira. Em seu percurso reconhece-se que a<br />

poesia — enquanto componente da Arte da Literatura — encontra-se inserida no<br />

contexto histórico da sociedade que a realiza. A despeito de até um poeta<br />

reconhecido como Drummond não reconhecer a Literatura infantil com uma<br />

categoria, em sua especificidade, compreendendo-a como inter-relacionada a<br />

literatura, não caberia a esta aglutinar os todos elementos sócio-culturais de que<br />

trata a literatura infantil, seja pela linguagem quanto pela temática.A separação entre<br />

a infância e a adultez da qual Áries (cf.capitulo anterior) estudou, destaca a criança<br />

agora reconhecida em seu estado de infante, mesmo que este seja resultado do<br />

processo histórico capitalista.<br />

Dessa forma, considerando a subordinação total do Brasil-colônia ao reino de<br />

Portugal, pode-se identificar que a poesia surge em nosso território, ainda de forma<br />

muito tênue, apenas no século XIX e possui, inicialmente, uma dimensão<br />

pedagógica fundamentada na visão de mundo do idealismo pré-determinando sua<br />

aplicabilidade como meio escolástico e servindo como suporte para fixar e modelar<br />

os valores, sociais ligados interesses correspondente a cada período histórico, e<br />

difundidos pela escola. . Em tais circunstâncias o ideal positivo encontra-se presente<br />

e o objetivo da poesia infantil, quando aparece uma poesia dedicada às crianças,<br />

não é senão incutir valores religiosos, morais e familiares aos homens em<br />

miniaturas, aos homens do amanhã, como são, à época, consideradas as crianças.<br />

Nesse momento pode-se identificar, por exemplo, em Bilac, os valores político-<br />

ideológicos que dão sustentação àquela sociedade e que também lhes são caros: o<br />

culto apologético ao pensamento positivo, principalmente, à família, à pátria, à nação<br />

e ao deus cristão, não a um deus qualquer ou uma representação mitológica, mas a<br />

esse.<br />

Neste sentido a função social da poesia no séc XIX ao período XXI, portanto<br />

limita-se, as diretrizes determinadas pela lógica dos interesses sócio-econômicos<br />

45


Em vista dessas características depreende-se que a relevância da poesia na<br />

educação infantil, e também adulta, sua função social e as múltiplas possibilidades<br />

pedagógicas nesse momento histórico parecem não possuir um outro objetivo senão<br />

a construção de uma sociedade estável e segura, que na República de Platão<br />

(1997) teve seu papel pré-determinado assim como a figura do escravo cabia nutrir o<br />

espírito dos pequenos com ensinamentos necessários, para tornar-se um bom<br />

cidadão, cônscio de seus deveres para com a polis, e nisso valiam-se de letras de<br />

longos e repetitivos textos poéticos, acompanhados pela lira.<br />

Hodiernamente conseguiu-se ainda que não tanto quanto se é útil, necessário<br />

e desejável ultrapassar esse modelo e já se encontra poesia lúdica, rítmica, cômica,<br />

melancólica,livre do conservadorismo formal tanto na escrita quanto na forma.<br />

Nessas circunstâncias a literatura poética infantil pode levar os leitores–mirins como<br />

assim os chamavam José Paulo Paes a ter seu processo de ensino-aprendizado<br />

estimulado na medida em que ocorra uma maior interação entre o sentido<br />

pedagógico da ficção proposta em seus textos e sua ludicidade. Tal possibilidade<br />

interativa motiva à criatividade da criança por unir seu próprio imaginário, seu mundo<br />

de fantasias às manifestações populares no contexto social em que vivem. É<br />

importante recordar que os escritos poéticos enquanto arte da literatura e da<br />

literatura infantil não tem por objetivo primeiro a transmissão de uma mensagem<br />

para reforçar um determinado conteúdo disciplinar ou mesmo apresentar um<br />

paralelo com a vida pessoal, aos moldes das fábulas 13 e sua moral da história.<br />

Finalizo deixando não resultados surpreendentes e inovadores, que possam<br />

servir de instrumento para a docência quando decide por escrever sobre a poesia<br />

infantil a única pretensão foi de trazer-lhes um pouco da água de peneira, para que<br />

pudesse ser provada. Decerto muitos fatos históricos ocorreram no mundo, guerras,<br />

revoluções, e que tais mudanças afetaram e mudaram a escola, o sabemos que o<br />

transcurso da história pré-determina o rumo das diretrizes escolares mesmo quando<br />

a escola torna-se aparentemente democrática e renovada, traz em sua essência a<br />

marca indelével de atrelamento aos interesses socioeconômicos.<br />

Decerto também que algo significativo surgiu na educação, a burguesia ao<br />

criar o conceito de infância e como tudo, mais também vive em contradição, mesmo<br />

13 Jean La Fontaine (1621-1692) elevou a fábula ao nível que a conhecemos hoje. Seus argumentos<br />

foram buscados na Grécia e Roma, em textos bíblicos, no imaginário popular, na idade média e<br />

mesmo nos renascentistas. Tem por característica fundamental o fato de encerra sempre suas<br />

fábulas com uma lição de moral objetivando os costumes e o comportamento moral em sociedade.<br />

46


que a infância seja classificada de acordo com as camadas sociais nas quais as<br />

crianças se encontram e conseqüentemente, isto se reflete também na formação<br />

dos educadores de crianças pequenas dadas as condições de formação e meios de<br />

acesso aos bens culturais materiais que estes possam ter, no meio em que estão<br />

inseridos(empregos que ocupam) sejam instituições, escolas particulares ou redes<br />

de ensinos governamentais e que irão definir a qualidade de seu trabalho,a<br />

contradição reside no fato de que nenhum sistema político, consegue impedir, o<br />

entendimento que muitos adquirem, e consequentemente pode vir a causar<br />

mudanças no interior da escola.Ao tempo em que o mercado de trabalho os força a<br />

uma constante e apressada ” formação continuada” , neste conflito pode coexistir, a<br />

transfiguração do ser, e esta mudança ainda que possa se refletir num plano<br />

individual,o crescimento o que pode advir desta relação,os fará questionar, e buscar<br />

discutir em m conjunto a sua práxis.Poderá haver ruptura ou não.Mas irão se<br />

confrontar com novos itinerários aí interpostos, na contemporaneidade, que nos<br />

obriga a refletir.<br />

Os itinerários de leitura tornaram-se os mais diversificados, novos olhares<br />

sobre o que é escrever e ler, novos hábitos de leitura foi incorporado. Contínuas<br />

discussões e promissoras formas de educar são discutidas e postas em cheque, a<br />

filosofia, a literatura e mesmo a economia e estudo da história constituem objetos de<br />

pesquisa dos mais relevantes, os movimentos sociais na educação discutem e<br />

reivindicam para si não só melhorias e leis que a coloquem num patamar favorável e<br />

digno do trabalho, e condizente com as necessidades de se efetivar uma educação<br />

de qualidade significativa e se não eqüitativa, pelo menos acessível, eis o que se<br />

apresenta no panorama escolar.<br />

Quanto aos sentidos de propiciar à educação de crianças a possibilidade de<br />

tornar esse itinerário sensível e extraordinário é possibilitando que neste espaço,<br />

haja um tempo que há muito foi premido, pela rigidez do tempo, do capital social que<br />

exige, que este tempo “pedagogize” os sentidos com fins, que se prestam<br />

basicamente ao plano cognitivo, pois em primeira instância, somos forçados a nos<br />

preocupar com a educação das crianças, par torna-las aptas, competitivas, e úteis<br />

para a sociedade de consumo, exploração, e individualismo.<br />

Mas a palavra, a linguagem, resiste, transmudada em arte, em poesia, a<br />

humanidade que há em homens e mulheres, nos tornam a um só tempo<br />

instrumento, corpo e espíritos dotados de vontades, vontades estas de mudanças e<br />

47


na poesia se não descobrimos em nós os poetas escritores, descobrimos os poetas<br />

ledores, ledores de vida, dos sentidos múltiplos, sóciopolíticos, que compartilhamos<br />

com outros seres, que nos oferecem a sua poesia. Como muito bem nos sugere o<br />

pensamento eliotiano quando apresenta a idéia de que se a poesia não estiver<br />

atrelada obrigatoriedade de cumprir qualquer função alheia ao caráter lúdico, afetivo<br />

e poético, estará livre de qualquer jugo e motivação ideológica que se<br />

autodenominem justificáveis.<br />

E quanto a poesia infantil na contemporaneidade oferecida às crianças —<br />

não esqueçamos de seu acervo cultural — ainda que não as alcancem em termos de<br />

sociais igualitários, o que seria utópico, encontra vozes, corpo e espíritos os mais<br />

dedicados e apaixonados, prova destes seres poéticos são as referências que<br />

constam neste trabalho. E os que se juntam e caminham neste itinerário, quando<br />

bebem desta água de peneira e respondem ao convite de José Paulo Paes (1990)<br />

para brincar de poesia.<br />

Sabemos que a infância dividida em classes sociais torna as crianças, e<br />

todos os que convivem nela, sujeitos às condições que são impostas e arbitradas.<br />

A situação se apresenta grave, a reboque do Estado a escola se mostra<br />

insuficiente seja para propiciar uma educação significativa, justa e apropriada para o<br />

pleno desenvolvimento das crianças em vários aspectos, seja para sanar ou mesmo<br />

minimizar algumas mazelas, sofridas por elas, não há futuro para essas crianças,<br />

não há motivação mesmo para que os seus professores possam e tenham o que<br />

lhes oferecer uma educação que prime culturalmente, por uma educação que<br />

presentifique a criança em sua imaginação criadora, em seu processo de<br />

desenvolvimento psicossocial, independente de qual classe social a que pertença a<br />

criança.<br />

Quanto aos itinerários, diversificados, que as diferentes infâncias apresentam<br />

como poder ter acesso, aos mais variados livros, a viagens, a interatividade a que<br />

estão sujeitas os interlocutores que promovem uma intermediação enriquecedora,<br />

criativa, e diversificada, faz sim muitas diferença. Não há como negar! Por outro lado<br />

aí é que percebemos o quanto é importante a formação dos educadores.<br />

Justamente na contemporaneidade em que a poesia encontra o tom infantil, e a<br />

experiência criadora das crianças, a fragilidade está na formação dos educadores, e<br />

esta não é uma crítica, é antes de tudo, uma observação, extraída desse apanhado<br />

histórico, do que era entendido como poesia, ora doutrinária, ora repetitiva<br />

48


escolástica, ora puro entretenimento e “pueril”, e na contemporaneidade encontrar-<br />

se envolta num invólucro mercadológico.<br />

A poesia infantil apesar do cunhado “ boom” literário e novos poetas, e dos<br />

meios virtuais ainda se encontra num patamar secundário na literatura infantil. Há<br />

mais publicações, porém a proporcionalidade, ainda não é equiparativa a outros<br />

gêneros. Os professores ainda receiam ou desconhecem o quanto podem<br />

simplesmente gostar de poesia.<br />

O livro que representa o meio mais palpável, e deveria correr entre pequenas<br />

mãozinhas curiosas, atualmente é uma realidade que se constitui em um luxo para<br />

poucos iniciados. No entanto, do lugar em que falamos, de onde temos a nossa<br />

visão alargada e os nossos sentidos ampliados pela exploração que nos leva a<br />

primar por uma educação sociopoética livre de qualquer amarra, que esteja em seu<br />

percurso histórico.<br />

A formação literária dos educadores de crianças pequenas, a leitura de<br />

poesia, os eventos de criação e a fantasia certamente farão uma imensa diferença.<br />

Em tempo, este explorar, nos leva ao encontro de um legado histórico, no qual nos<br />

deparamos com seres poéticos, incluindo as crianças, e o resultado deste explorar,<br />

não é o fim, é poder refazer o novo a cada dia, do velho refazer o novo e nisso há<br />

um sentido poético. Há um sentido pedagógico. Em ambos há o sentido humano!!!<br />

49


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53


GLOSSÁRIO<br />

Aliteração – figura de linguagem que consiste em repetir sons de vogais verso ou<br />

numa frase, especialmente as sílabas tônicas. A assonância é largamente utilizada<br />

em poesia mas também pode ser empregada em p<strong>rosa</strong>, especialmente em frases<br />

curtas. Trata-se da reiteração de fonemas consonantais idênticos ou semelhantes.<br />

Aliteração como a seqüência de fonemas consonantais idênticos ou congêneres,<br />

dentro da mesma unidade métrica. O fenômeno serve para efeitos de harmonia<br />

imitativa ou onomatopéia. Para exemplificar o fato, cita dois versos de Augusto<br />

Meyer: As ondas roxas do rio rolando a espuma/ Batem nas pedras da praia o tapa<br />

claro...<br />

Alegoria (do grego αλλος, allos, "outro", e αγορευειν, agoreuein, "falar em público")<br />

– é uma representação figurativa carnavalesca que transmite um outro significado<br />

que o da simples adição ao literal. É geralmente tratada como uma figura da retórica.<br />

Uma alegoria não precisa ser expressa na linguagem: pode dirigir-se aos olhos e,<br />

com freqüência, encontra-se na pintura, escultura ou noutra forma de arte mimética.<br />

O significado etimológico da palavra é mais amplo do que o que ela carrega no uso<br />

comum. Embora semelhante a outras comparações retóricas, uma alegoria<br />

sustenta-se por mais tempo e de maneira mais completa sobre seus detalhes do que<br />

uma metáfora, e apela a imaginação da mesma forma que uma analogia apela à<br />

razão. A fábula ou parábola é uma alegoria curta com uma moral definida.<br />

Animismo – termo cunhado pelo antropólogo inglês Sir Edward B. Tylor, em 1871,<br />

na obra Primitive Culture (A Cultura Primitiva). Tylor, por animismo, designou a<br />

manifestação religiosa imanente a todos os elementos do cosmos (Sol, Lua,<br />

estrelas), a todos os elementos da natureza (rio, oceano, montanha, floresta, rocha),<br />

a todos os seres vivos (animais, árvores, plantas) e a todos os fenômenos naturais<br />

(chuva, vento, dia, noite); é um princípio vital e pessoal, chamado de "ânima", o qual<br />

apresenta significados variados: cosmocêntrica significa energia; antropocêntrica<br />

significa espírito e teocêntrica significa alma.<br />

Conotação – a conotação remete para as idéias e as associações que se<br />

acrescentam ao sentido original de uma palavra ou expressão, para as completar ou<br />

precisar a sua correta aplicação num dado contexto. Por outras palavras, tudo aquilo<br />

que podemos atribuir a uma palavra para além do seu sentido imediato e dentro de<br />

uma certa lógica discursiva entra no domínio da conotação. Uma mesma expressão<br />

pode aplicar-se a coisas iguais e produzir diferentes associações, ou seja, diferentes<br />

conotações<br />

Denotação – a denotação é aquilo a que uma palavra ou expressão se aplica no<br />

seu stricto sensu. Normalmente, opõe-se à conotação. Não se confunde com o<br />

conceito de sentido, porque várias expressões denotativas podem-se aplicar às<br />

mesmas coisas e variar o seu significado: "solípede" e "quadrúpede doméstico"<br />

podem-se aplicar ao termo "cavalo", mas significam em si coisas diferentes. Se um<br />

termo não se aplicar a coisa nenhuma, podemos dizer que não denota nada, ou, em<br />

linguagem matemática, podemos dizer que denota um conjunto vazio, por exemplo<br />

"raiz quadrada de p (pi)". A denotação é muitas vezes tomada como o sentido literal<br />

de uma palavra, por causa da universalidade desse sentido e pelo reconhecimento<br />

imediato que dele fazemos.<br />

54


Estrofe – modernamente diz-se de uma série ou de um grupo de versos que<br />

partilham relações de sentido, de ritmo e/ou de métrica entre si constituindo uma<br />

unidade na estrutura de uma composição poética. O termo usa-se quase<br />

indistintamente com a designação mais clássica de estância (do italiano stanza,<br />

aposento, divisão, quarto), que alguns autores preferem para nomear as estrofes<br />

regulares nas composições que seguem à risca os cânones de versificação clássica.<br />

Neste sentido, podemos dizer que Os Lusíadas tem 1102 estâncias, devido à<br />

uniformidade da sua estrutura (a oitava-rima).<br />

Intertextualidade – como se pode notar na constituição da própria palavra,<br />

intertextualidade significa relação entre textos. Considerando-se texto, num sentido<br />

lato, como um recorte significativo feito no processo ininterrupto de semiose cultural,<br />

isto é, na ampla rede de significações dos bens culturais, pode-se afirmar que a<br />

intertextualidade é inerente à produção humana. O homem sempre lança mão do<br />

que já foi feito em seu processo de produção simbólica. Falar em autonomia de um<br />

texto é, a rigor, improcedente, uma vez que ele se caracteriza por ser um “momento”<br />

que se privilegia entre um início e um final escolhidos. Assim sendo, o texto, como<br />

objeto cultural, tem uma existência física que pode ser apontada e delimitada: um<br />

filme, um romance, um anúncio, uma música. Entretanto, esses objetos não estão<br />

ainda prontos, pois se destinam ao olhar, à consciência e à recriação dos leitores.<br />

LIRISMO (Lira + ismo, doutrina, tendência, corrente) – Vocábulo cunhado no interior<br />

do Romantismo francês (lyrisme, 1834), para designar o caráter acentuadamente<br />

individualista e emocional assumido pela poesia lírica a partir do século XIX.<br />

Literatura Infantil – medida contra a literatura em geral, (para adultos), a literatura<br />

infantil enferma de um estatuto de menoridade e de marginalização dos cânones,<br />

que encontra expressão na sua tripla concepção como ficção popular, como material<br />

pedagógico, e/ou como mercado do livro para crianças. Para a literatura infantil<br />

confluem os interesses adultos de didatizar e controlar a criança, pela transmissão<br />

cultural de certos textos e de certos valores, bem assim como os interesses<br />

econômicos de uma indústria de comercialização de livros para crianças que<br />

floresce com a imprensa, a partir do século XVIII, e se revela, no século XX, muito<br />

rentável.<br />

Metalinguagem – a palavra metalinguagem, formada com o prefixo grego meta, que<br />

expressa as idéias de comunidade ou participação, mistura ou intermediação e<br />

sucessão, designa a linguagem que se debruça sobre si mesma. Por extensão, dizse<br />

também: metadiscurso, metaliteratura, metapoema e metanarrativa.<br />

Mimese – do gr. mímesis, “imitação” (imitatio, em latim), designa a ação ou<br />

faculdade de imitar; cópia, reprodução ou representação da natureza, o que<br />

constitui, na filosofia aristotélica, o fundamento de toda a arte. Heródoto foi o<br />

primeiro a utilizar o conceito e Aristófanes, em Tesmofórias (411), já o aplica. O<br />

fenômeno não é um exclusivo do processo artístico, pois toda atividade humana<br />

inclui procedimentos miméticos como a dança, a aprendizagem de línguas, os rituais<br />

religiosos, a prática desportiva, o domínio das novas tecnologias, etc. Por esta<br />

razão, Aristóteles defendia que era a mímesis que nos distinguia dos animais.<br />

55


Métrica – disciplina que busca estabelecer as normas da versificação tradicional,<br />

fixando as regras pelas quais deve reger-se o verso. Assim, a medida e o ritmo dos<br />

versos são determinados por um sistema de metrificação ou versificação. A noção<br />

de metro pertence à língua, encarada como sistema, enquanto a noção de verso<br />

propriamente dita pertence ao discurso poético. O verso, portanto, é o resultado da<br />

realização de um metro. Daí a definição de verso como uma sílaba ou sucessão de<br />

sílabas sujeita a medida e a ritmo pré-estabelecidos. Por medida, entende-se um<br />

determinado número de sílabas métricas ou poéticas; e, por ritmo, o resultado de<br />

uma distribuição cadenciada e harmonia de acentos intensivos (também chamados<br />

acentos tônicos) no verso, de tal forma que a sensação rítmica se percebe pelo<br />

retorno da sílaba tônica, após intervalos regulares. A métrica (ou versificação)<br />

estuda, entre outros elementos, a contagem silábica dos versos, dando especial<br />

atenção aos encontros vocálicos intervocabulares; os tipos de verso, em geral de<br />

uma a doze sílabas; o ritmo de cada verso e a variedade rítmica dentro do verso; a<br />

estrofe e sua estruturação; a rima em suas diferentes e determinadas formas; e o<br />

elenco de poemas de forma fixa.<br />

Neologismo – Termo utilizado para classificar uma palavra nova que surge numa<br />

língua devido à necessidade de designar novas realidades - novos conhecimentos<br />

técnicos, objetos gerados pelo progresso científico (neologismos técnicos e<br />

científicos) e até por questões estilísticas e literárias, tornando a língua mais<br />

expressiva e rica (neologismos literários).<br />

Disponível em: <br />

Onomatopéia – termo de origem grega (onomatopoiía - criação de palavras, pelo<br />

latim onomatopoeia - invenção de palavras) que significa simultaneamente um<br />

fenômeno lingüístico e uma figura da retórica que consistem na semelhança, através<br />

da imitação ou reprodução, existente entre o som de uma palavra e a realidade que<br />

representa, seja o canto dos animais, o som dos instrumentos musicais ou o barulho<br />

que acompanha os fenômenos da natureza.<br />

Poesia popular 14 – No nordeste a poesia popular se divide em dois grupos: o<br />

tradicional e a improvisada. As estrofes mais usadas são as sextilhas, a décima de<br />

sete sílabas e o martelo agalopado, que é uma décima de dez sílabas. Tanto na<br />

poesia tradicional como na improvisada, são essas as estrofes mais importantes,<br />

embora haja, além desses, o mourão, o galope-à-beira-mar, o martelo gabinete<br />

“sextilha de dez sílabas”, e outras. O desafio ou cantoria é o medo de se expressar<br />

da poesia improvisada. Dois cantores improvisam na viola, em tom jocoso, satírico e<br />

as vezes atravessam a noite.<br />

Ritmo – deriva do grego rhythmós, associado ao verbo reÎn (correr), proveniente do<br />

movimento dos rios. Ritmo significa, de uma maneira geral, a repetição periódica de<br />

elementos no tempo ou no espaço, mas, enquanto termo científico, designa um<br />

movimento apresentado de uma maneira particular.<br />

REFERÊNCIAS<br />

http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/<br />

14 CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: Global. 2002.<br />

56


APÊNDICE<br />

AUTORES E AUTORAS CONTEMPORÂNEOS E SUAS OBRAS<br />

Fátima Miguez<br />

Carioca, formada pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de<br />

Janeiro). Desde menina sonhava em ser professora; passava<br />

horas brincando de dar aulas usando cadernos velhos e riscando<br />

o portal de sua casa. Fátima foi crescendo, sonhando em<br />

transformar aquela brincadeira em verdade, e assim aconteceu.<br />

Dá aulas para o Departamento de Ciências da Literatura na<br />

UFRJ e sua paixão pela literatura é tão grande que além de<br />

aulas ela faz pesquisas sobre o assunto para ajudar outros<br />

professores a melhorarem suas aulas. Seus livros encantam<br />

muitos jovens e crianças, sendo considerados pela Fundação<br />

Nacional do Livro Infantil e Juvenil altamente recomendáveis.<br />

Disponível em: http://www.edukbr.com.br/leituraeescrita/maio03/iautores.asp.<br />

OBRAS<br />

Em boca fechada não entra mosca<br />

Quando o sabiá canta, nossos males espanta<br />

Nas arte-manhas do imaginário infantil: o lugar da<br />

literatura<br />

Com o coração na mão<br />

Paisagens brasileiras<br />

A cama que não lava o pé<br />

Perto dos olhos, perto do coração<br />

Manoel Wenceslau Leite de Barros (1916-)<br />

Onde está a margarida?<br />

Brasil-menino<br />

Inventário do lobo mau<br />

Brasil-folião (Fatima Miguez & Victor Tavares)<br />

Paisagens da Infância (Fatima Miguez & Victor<br />

Tavares)<br />

Bucha de Balão ou Bruxa de Vassoura na Mão?<br />

(Fatima Miguez & Victor Tavares)<br />

Auto-retrato falado - “Venho de um Cuiabá de garimpos e de<br />

ruelas entortadas. Meu pai teve uma venda no Beco da<br />

Marinha, onde nasci. Me criei no Pantanal de Corumbá entre<br />

bichos do chão, aves, pessoas humildes, árvores e rios.<br />

Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar entre<br />

pedras e lagartos. Já publiquei 10 livros de poesia: ao publicálos<br />

me sinto meio desonrado e fujo para o Pantanal onde sou<br />

abençoado a garças. Me procurei a vida inteira e não me achei<br />

— pelo que fui salvo. Não estou na sarjeta porque herdei uma fazenda de gado. Os<br />

bois me recriam. Agora eu sou tão ocaso! Estou na categoria de sofrer do moral<br />

porque só faço coisas inúteis. No meu morrer tem uma dor de árvore”. (Disponível<br />

em http://www.releituras.com/manoeldebarros_autoretrato.asp).<br />

Mudou-se para Corumbá (MS), onde se fixou de tal forma que chegou a ser<br />

considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande (MS). É advogado,<br />

fazendeiro e poeta. Mais de trinta obras publicadas desde a década de trinta. Mais<br />

de uma dezena de prêmios recebidos desde a década de sessenta. Citamos uma<br />

obra - Exercício de ser criança – que fez jus ao Prêmio Academia Brasileira de<br />

Letras do ano 2000. (Disponível em:<br />

http://www.releituras.com/manoeldebarros_bio.asp. Acesso em 22 de junho de<br />

2009).<br />

57


Ulisses Tavares — (1950-)<br />

Nasce em Sorocaba (SP) em 1950. Fez sua estréia literária em<br />

1959, com a publicação de poemas nos jornais Folha de<br />

Sorocaba e Diário de Sorocaba. Em 1963 realizou exposição de<br />

poemas em varais, em praças públicas de São Paulo SP.<br />

Publicou, em 1977, Pega Gente, livro de poesia independente.<br />

Em 1978 lançou o jornal/movimento Poesias Populares - O<br />

Jornal do Poeta, reunindo 350 poetas em todo país. Entre 1978 e<br />

1990 foi editor do Núcleo Pindaíba Edições e Debates, com<br />

Aristides Klafke, Arnaldo Xavier e Roniwalter Jatobá, em São<br />

Paulo. No período de 1982 a 1989 publicou os livros de ficção Garcia Quer Brincar,<br />

Dias Azuis Claros e Escuros e Sete Casos do Detetive Xulé, além do álbum de<br />

quadrinhos SUBS, com desenhos de Julio Shimamoto. Está com 62 livros<br />

publicados em diferentes gêneros (16 de poesia), sendo hoje um dos poetas mais<br />

lidos do Brasil, principalmente por publicar há 12 anos em uma agenda poética do<br />

grupo anarquista Tribo, com 120 mil exemplares/ano.<br />

Disponível em: <br />

Laurabeatriz (Laura Beatriz de Oliveira Leite de Almeida)<br />

É uma artista-plástica carioca que vive em São Paulo e desde 1984<br />

ilustra livros infantis. Seu grande parceiro é o escritor Lalau, que<br />

aparece com ele na lista dos 30 Melhores Livros Infantis 2007/2008,<br />

com o livro Boniteza Silvestre (Ed. Peirópolis). O nome da dupla já<br />

estampa 17 capas de livro e, por si só, já imprime sua marca e<br />

musicalidade aos títulos. Algumas obras: Qual é que é Bem<br />

brasileirinhos: poesia para bichos mais especiais da nossa fauna<br />

O caçador<br />

palavras Faz e acontece no faz-de-conta Faz e acontece no circo Diário de um<br />

papagaio Boniteza silvestre: poesia para os animais ameaçados pelo homem.<br />

(Imagem de Laura disponível em:<br />

http://editora.globo.com/especiais/crescer_cuca_bacana/img_upload/laurabeatriz_pe<br />

q.jpg. Acesso em 22 jun. 2009).<br />

Ingrid Biesemeyer Bellinghausen<br />

É de São Paulo. Formada em Artes Plásticas, fez pós-graduação em<br />

História da Arte e tantos outros cursos de especialização e<br />

aperfeiçoamento. A artista gosta de trabalhar com vários materiais,<br />

criando novas experiências, pinturas, objetos, esculturas etc., além de<br />

brincar com cores, formas e contrastes, como faz nos livros que<br />

escreve e ilustra para crianças. Além de escrever e desenhar seus<br />

próprios livros, encontra tempo para ilustrar projetos de outros autores.<br />

Cria e coordena oficinas de arte sobre livros, o que aproxima a artista de seus<br />

pequenos leitores. Algumas obras: 1,2,3 Era uma vez...e; A evolução da vida na<br />

Terra; As famílias do mundinho; Cachinhos dourados e os três ursos; Chapeuzinho<br />

Vermelho; De mãos dadas - às crianças de toda parte do mundo; De olho na<br />

Amazônia; João e o pé de feijão; O Curumim; O mundinho; O mundinho azul; O<br />

patinho feio.<br />

Disponível em: http://www.editoradcl.com.br/2009/midia/foto_Ingrid.jpg. Acesso em<br />

22 junho 2009<br />

58<br />

de


Roseana Murray<br />

Nasceu no Rio de Janeiro em 1950. Graduou-se em Literatura e<br />

Língua Francesa em 1973 (Universidade de Nancy/ Aliança<br />

Francesa). Publicou seu primeiro livro infantil em 1980 (Fardo de<br />

Carinho, ed. Murinho, RJ). Em 2007 tem mais de 50 livros<br />

publicados. Tem dois livros traduzidos no México (Casas, ed.<br />

Formato e Três Velhinhas tão velhinhas, ed. Miguilim/ Ibeppe) .<br />

Seus poemas estão em antologias na Espanha. Tem poemas<br />

traduzidos em seis linguas (in Um Deus para 2000, Juan Arias, ed.<br />

Desclée e Maria, esta grande desconhecida, Juan Arias, ed.<br />

Maeva). Recebeu o Prêmio O Melhor de Poesia da FNLIJ nos<br />

anos 1986 (Fruta no Ponto, ed. FTD), 1994 (Tantos Medos e Outras Coragens, ed.<br />

FTD) e 1997 (Receitas de Olhar, ed. FTD). Recebeu o Prêmio Associação Paulista<br />

de Críticos de Arte em 1990 para o livro Artes e Ofícios, ed. FTD, S.P. Entrou para a<br />

Lista de Honra do I.B.B.Y em 1994 com o livro Tantos Medos e Outras Coragens<br />

tendo recebido seu diploma em Sevilha, Espanha. Recebeu o Prêmio Academia<br />

Brasileira de Letras em 2002 para o livro Jardins ed. Manati, R.J como o melhor livro<br />

infantil do ano. Participou ao longo destes anos de vários projetos de leitura.<br />

Implantou em Saquarema, em 2003, junto com a Secretaria Municipal de Educação,<br />

o Projeto Saquarema, Uma Onda de Leitura (Disponível em:<br />

http://www.roseanamurray.com/biografia.asp. Acesso em 22 de junho de 2009).<br />

Poesia para crianças e jovens<br />

Fardo de Carinho, ed. Lê, 2009<br />

Poemas de Céu, ed. Paulinas, 2009<br />

Kira, ed. Lê, 2009<br />

Arabescos no Vento, ed. Prumo, 2009<br />

Fábrica de Poesia, ed. Scipionne, 2008<br />

Poemas e Comidinhas, com o Chef André Murray, ed.<br />

Paulus, S.P, 2008<br />

Residência no Ar, ed. Paulus, 2007<br />

No Cais do primeiro Amor, ed. Larousse, 2007<br />

Desertos, ed. Objetiva, 2006. ( Finalista do Prêmio Jabuti ) -<br />

Altamente Recomedável FNLIJ, 2006<br />

O traço e a traça ed. Scpionne, 2006.<br />

O xale azul da sereia, ed. Larrousse, 2006.<br />

O que cabe no bolso? ed. DCL, 2006.<br />

Paisagens, ed. Lê, 2006.<br />

Pêra, uva ou maçã ed. Scipione, 2005. (Catálogo de<br />

Bolonha 2006 e Acervo Básico, F.N.L.I.J).<br />

Rios da Alegria, ed. Moderna, 2005. (Altamente<br />

Recomendável, F.N.L.I.J).<br />

Poemas de Céu ed. Miguilim, 2005. (Antigo "Lições de<br />

Astronomia").<br />

Maria Fumaça Cheia de Graça, ed. Larousse, 2005.<br />

Duas Amigas, ed. Paulus, 2005 (reedição).<br />

Lua Cheia Amarela, ed. Dimensão 2004.<br />

Caixinha de Música, ed. Manati, 2004. (Catálogo de Bolonha<br />

2005)<br />

Um Gato Marinheiro, ed. DCL, 2004.<br />

Todas as Cores Dentro do Branco, ed. Nova Fronteira, 2004.<br />

Recados do Corpo e da Alma, ed. FTD, 2003. (Altamente<br />

Recomendável F.N.L.I.J)<br />

Luna, Merlin e Outros Habitantes, ed. Miguilim/ Ibeppe,<br />

2002. (Altamente Recomendável, F.N.L.I.J. )<br />

Jardins, ed. Manati, 2001. (Prêmio Academia Brasileira de<br />

Letras de Literatura Infantil 2002. )<br />

Poesia para crianças e jovens<br />

59<br />

Caminhos da Magia, ed. DCL, 2001.<br />

Manual da Delicadeza, ed. FTD, 2001.<br />

O Silêncio dos Descobrimentos, com Elvira<br />

Vigna. Paulus, 2000.<br />

Receitas de Olhar, ed. F.T.D, 1997, ( Prêmio O<br />

Melhor de Poesia, F.N.L.I.J. )<br />

Carona no Jipe, ed. Memórias Futuras, 1994 e<br />

ed. Salamandra, 2006<br />

No final do Arco-Íris, ed. José Olímpio, 1994.<br />

O Mar e os Sonhos, ed. Miguilim,1996,<br />

(Altamente Recomendável para a Criança,<br />

F.N.L.I.J. )<br />

Paisagens, ed. Lê, 1996.<br />

Felicidade, ed. F.T.D, 1995, (Altamente<br />

Recomendável para a Criança, F.N.L.I.J. )<br />

De que riem os palhaços ed. Memórias Futuras,<br />

1995. Esgotado<br />

Tantos Medos e Outras Coragens, ed. F.T.D,<br />

1994 ( Prêmio O Melhor de Poesia F.N.L.I.J e<br />

Lista de Honra do I.B.B.Y. ) Reedição com novas<br />

ilustrações em 2007<br />

Qual a Palavra? ed. Nova Fronteira, 1994.<br />

Casas, ed. Formato, 1994. Editado no México,<br />

ed. Alfaguara<br />

Dia e Noite, ed. Memórias Futuras, 1994.<br />

Esgotado<br />

Artes e Ofícios, ed. F.T.D, 1990, (Prêmio A.P.C.A.<br />

e Altamente Recomendável para a Criança,<br />

F.N.L.I.J. ) Reedição com novas ilustrações em<br />

2007<br />

Falando de Pássaros e Gatos, editora Paulus,<br />

1987.<br />

Fruta no Ponto, ed. F.T.D, 1986. (Prêmio O<br />

Melhor de Poesia. F.N.L.I.J.


Poesia<br />

Variações sobre Silêncio e Cordas, com desenhos de<br />

Elvira Vigna. E-BOOK, edição artesanal Maurício<br />

Rosa, Visconde de Mauá, maio de 2008.<br />

Poesia essencial, ed. Manati, 2002.<br />

15 poemas no livro Um Deus para Dois Mil, de Juan<br />

Arias, ed. Vozes (em seis línguas) 1999.<br />

Caravana, inédito, vencedor do Concurso Cidade de<br />

Belo Horizonte, 1994.<br />

Pássaros do Absurdo, ed. Tchê ,1990, vencedor do<br />

Concurso da Associação Gaúcha de Escritores.<br />

Paredes Vazadas, ed. Memórias Futuras, 1988.<br />

Esgotado<br />

Contos para crianças e jovens<br />

Território de Sonhos, ed. Rocco, Altamente<br />

Recomendável FNLIJ, 2006.<br />

Sete Sonhos e um Amigo, ed. FTD, 2004.<br />

Pequenos Contos de Leves Assombros, ed.<br />

Quinteto, 2003.<br />

Um Avô e seu Neto, ed. Moderna, 2000.<br />

Terremoto Furacão ed. Paulus, 2000.<br />

Um cachorro para Maya, ed Salamandra,<br />

2000.<br />

Uma História de Fadas e Elfos, ed.<br />

Miguilim / Ibeppe, 1998, (Acervo Básico da<br />

F.N.L.I.J - criança ).<br />

Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes - (19/10/1913 - 09/07/1980)<br />

O biógrafo de Vinicius, José Castello, autor do excelente livro<br />

"Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão - uma biografia" nos<br />

diz que o poeta foi um homem que viveu para se ultrapassar e<br />

para se desmentir. Para se entregar totalmente e fugir, depois,<br />

em definitivo. Para jogar, enfim, com as ilusões e com a<br />

credulidade, por saber que a vida nada mais é que uma forma<br />

encarnada de ficção. Foi, antes de tudo, um apaixonado — e a<br />

paixão, sabemos desde os gregos, é o terreno do<br />

indomável. Daí porque fazer sua biografia era obra ingrata.<br />

Dele disse Carlos Drummond de Andrade: "Vinicius é o único poeta brasileiro que<br />

ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural". "Eu<br />

queria ter sido Vinicius de Moraes". Otto Lara Resende assim o definiu: "Manuel<br />

Bandeira viveu e morreu com as raízes enterradas no Recife. João Cabral continua<br />

ligado à cana-de-açúcar. Drummond nunca deixou de ser mineiro. Vinicius é um<br />

poeta em paz com a sua cidade, o Rio. É o único poeta carioca". Mas ele dizia nada<br />

mais ser que "um labirinto em busca de uma saída". O que torna Vinicius um grande<br />

poeta é a percepção do lado obscuro do homem. E a coragem de enfrentá-lo. Parte,<br />

desde o princípio, dos temas fundamentais: o mistério, a paixão e a morte. Quando<br />

deixa a poesia em segundo plano para se tornar show-man da MPB, para viver<br />

nove casamentos, para atravessar a vida viajando, Vinicius está exercendo, mais<br />

que nunca, o poder que Drummond descreve, sem conseguir dissimular sua imensa<br />

inveja: "Foi o único de nós que teve a vida de poeta" (Disponível em:<br />

http://www.releituras.com/viniciusm_bio.asp. Acesso em 23 de junho de 2008).<br />

(Disponível em: http://www.viniciusdemoraes.com.br/vida/index.php. Acesso em 23<br />

de junho de 2009).<br />

60


José Paulo Paes – (1926-1998)<br />

Poeta, tradutor, ensaísta. Nasceu em Taquaritinga, São Paulo.<br />

Na casa em que veio ao mundo havia livros de seu avô para lera<br />

desde criança... Estudou química industrial em Curitiba e se<br />

iniciou na literatura nos círculos paranaenses em voga em<br />

meados dos anos 40 que freqüentavam o Café Belas Artes.<br />

Publicou seu primeiro livro de poema em 1947 – O aluno. Mas é<br />

em São Paulo, a partir de 1947, que amadurece em convivência<br />

com personalidades fulgurantes como Oswald de Andrade e<br />

outros modernistas, depois pela amizade com os concretistas<br />

sem nunca chegar a filiar-se a tais grupos.<br />

Lalau (Lázaro Simões Neto)<br />

É paulista, nasceu no bairro do Cambuci em 1954. Formado em<br />

Comunicação Social, trabalha com criação publicitária e projetos<br />

literários especiais. Começou a escrever poesia para crianças a<br />

partir de 1994, incentivado pelo seu grande mestre José Paulo<br />

Paes. Já publicou mais de duas dezenas de títulos em diversas<br />

editoras, sempre em parceria com a ilustradora Laurabeatriz. A<br />

preocupação com o meio ambiente está presente em quase toda a<br />

obra da dupla, que publicou, também pela Editora Peirópolis,<br />

inaugurando a coleção Bicho-Poema, o livro Boniteza Silvestre,<br />

considerado pela revista Crescer um dos 30 melhores títulos infantis<br />

publicados em 2007. Frequentemente, Lalau visita escolas e feiras de livros com<br />

Laurabeatriz, para conversar, se divertir e conhecer de perto seus pequenos leitores.<br />

Quem quiser trocar idéias com ele, é só escrever para lalau@great.com.br.<br />

Algumas obras: Bem-te-vi, Faz e acontece no circo, Faz e acontece no faz-de-conta,<br />

Fora da gaiola, Futebol!, Girassóis, Quem é quem, Uma cor, duas cores, todas elas<br />

(Disponível em: http://www.editorapeiropolis.com.br/biografia.php?id=182. Acesso<br />

em 22 de junho de 2009).<br />

André Neves<br />

Formou-se em relações públicas no Recife, mas sua paixão<br />

pelas artes e o levou ao Rio Grande do Sul, onde atualmente<br />

desenvolve atividades relacionadas à literatura infantil e, em<br />

especial, à arte de ilustrar imagens para a infância. Entre<br />

outros prêmios recebidos, contam o Prêmio Luís Jardim, da<br />

Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, Prêmio Jabuti<br />

2003 e o Prêmio Açorianos RS 2004, de melhor ilustração. Em<br />

202, participou da La immagini Della Fantasia, mostra<br />

internacional de ilustração infantil. É, autor e ilustrador dos<br />

livros infantis:<br />

"Um pé de vento"; "Caligrafia e Dona Sofia"; "Colecionador de Pedras"; "O enigma<br />

das caixas"; Menino chuva na rua do sol"; " Mestre Vitalino"; "O ovo e vovô"; "A<br />

seca"; "O segredo da arca de Troncoso"; "Uma história sem pé nem cabeça"; "Vira,<br />

vira, vira lobisomem"; "Maria Peçonha"; "Sebastiana e Severina", entre outros.<br />

Disponível em: < http://www.sarapiqua.g12.br/index. php?option=com_ content&view<br />

=article&id=215&Itemid=60><br />

61


Cecília Benevides de Carvalho Meireles — (1901–1964)<br />

Cecília Meireles (1901–1964) — Jornalista, educadora, cronista,<br />

realizou poesia das mais altas de nossa língua. Teve ainda<br />

importante atuação como jornalista, com publicações diárias<br />

sobre problemas na educação, área à qual se manteve ligada<br />

fundando, em 1934, a primeira biblioteca infantil do Rio de<br />

Janeiro. Observa-se ainda seu amplo reconhecimento na poesia<br />

infantil com textos como Leilão de Jardim, O Cavalinho Branco,<br />

Colar de Carolina, O mosquito escreve, Sonhos da menina,<br />

O menino azul e A pombinha da mata, entre outros. Ela traz para a poesia infantil a<br />

musicalidade característica de sua poesia, explorando versos regulares, a<br />

combinação de diferentes metros, o verso livre, a aliteração, a assonância e a rima.<br />

Os poemas infantis de Cecília Meireles não ficam restritos à leitura infantil,<br />

permitindo diferentes níveis de leitura. Em 1923, publicou Nunca Mais... e Poema<br />

dos Poemas, e, em 1925, Baladas Para El-Rei. Após longo período, em 1939,<br />

publicou Viagem, livro com o qual ganhou o Prêmio de Poesia da Academia<br />

Brasileira de Letras. A autora publicou regularmente, até à sua morte, no ano de<br />

1964, dois dias após ter completado 63 anos. Algumas de suas publicações neste<br />

período foram Vaga Música (1942), Mar Absoluto e Outros Poemas (1945), Retrato<br />

Natural (1949), Romanceiro da Inconfidência (1953), Metal Rosicler (1960), Poemas<br />

Escritos na Índia (1962), Solombra (1963) e Ou Isto ou Aquilo (temática infantil,<br />

1964). (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cec%C3%ADlia_Meireles)<br />

Emily Dickinson — (1813-1886)<br />

Emily Dickinson (1813-1886) — Proveniente de uma família<br />

abastada teve formação escolar irrepreensível, chegando a<br />

cursar durante um ano o South Hadley Female Seminary.<br />

Abandonou o seminário após se recusar, publicamente, a<br />

declarar sua fé. Quase tudo que se sabe sobre a vida de Emily<br />

Dickinson tem como fonte as correspondências que ela<br />

manteve com algumas pessoas. Entre elas: Susan Dickinson,<br />

que era sua cunhada e vizinha, colegas de escola, familiares e<br />

alguns intelectuais como Samuel Bowles, o Dr. e a Mrs. J. G.<br />

Holland, T. W. Higginson e Helen Hunt Jackson. Nestas cartas, além de tecer<br />

comentários sobre o seu cotidiano, havia também alguns poemas. A partir de 1864,<br />

surpreendida por problemas de visão, arrefece um pouco o ritmo de sua escrita.<br />

Uma curiosidade na obra de Emily Dickinson é que apesar de ter escrito em torno de<br />

1800 poemas e quase 1000 cartas, ela não chegou a publicar nenhum livro de<br />

versos, enquanto viveu. Os registros que se tem, é que apenas anonimamente,<br />

publicou alguns poemas. Toda a sua obra foi editada postumamente, sendo<br />

reconhecida e aclamada pelos críticos (http://pt.wikipedia.org/wiki/Emily_Dickinson).<br />

62


Jacinta Veloso Passos — (1914-1973)<br />

Nasceu em 30 novembro de 1914 na fazenda Campo Limpo,<br />

município de Cruz das Almas, filha de Manoel Caetano da<br />

Rocha Passos e de Berila Eloi Passos. Diplomou-se pela<br />

Escola Normal da Bahia, onde lecionou no curso secundário<br />

ao mesmo tempo em que colabora em jornais e revistas de<br />

Salvador, São Paulo e Rio. Filiando-se ao Partido Comunista,<br />

foi militante política, tendo exercido atividade jornalística<br />

diária no jornal Estado da Bahia, durante a última Guerra<br />

Mundial. Após uma vida tumultuada, veio a falecer em<br />

Sergipe no ano de 1973.<br />

(http://www.escritorasbaianas.ufba.br/jacinta/entrada.html).<br />

Johann Wolfgang von Goethe — (1749-1832)<br />

Escritor, pensador e também incursionou pelo campo da<br />

ciência. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes<br />

figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu, nos<br />

finais do século XVIII e inícios do século XIX. Juntamente com<br />

Friedrich Schiller foi um dos líderes do movimento literário<br />

romântico alemão Sturm und Drang. Algumas obras:<br />

Götz von Berlichingen (1773) Prometheus (poesia) (1774).<br />

Os Sofrimentos<br />

do Jovem Werther (1774) Egmont (1775) Iphigenie auf Tauris (1779)<br />

Torquato Tasso (1780) Reineke Raposo (1794) Xenien (escrito com Friedrich<br />

Schiller) (1796) Hermann e Dorothea (1798) Fausto (1806) Os Anos de Aprendizado<br />

de Wilhelm Meister (1807).<br />

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Johann_Wolfgang_von_Goethe).<br />

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho — (1886-1968)<br />

Poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e<br />

tradutor brasileiro. Possui um estilo simples e direto e é<br />

considerado o mais lírico dos poetas. Aborda temáticas<br />

cotidianas e universais, às vezes com uma abordagem de<br />

"poema-piada", lidando com formas e inspiração que a<br />

tradição acadêmica considera vulgares. Mesmo assim,<br />

conhecedor da Literatura, utilizou-se, em temas cotidianos, de<br />

formas colhidas nas tradições clássicas e medievais. Em sua<br />

obra de estréia (e de curtíssima tiragem) estão composições<br />

poéticas rígidas, sonetos em rimas ricas e métrica perfeitas,<br />

na mesma linha onde, em seus textos posteriores, encontramos<br />

composições como o rondó e trovas. Algumas poesias: A cinza das horas,<br />

1917; Carnaval, 1919; O ritmo dissoluto, 1924; Libertinagem, 1930; Estrela da<br />

manhã, 1936; Lira dos cinquent'anos, 1940; Belo, belo, 1948; Mafuá do malungo,<br />

1948; Opus 10, 1952; Estrela da tarde, 1960; Estrela da vida inteira, 1966.<br />

63


Bartolomeu Campos de Queirós — (1944-)<br />

Elias José (1936-2008)<br />

Pelo rigor na configuração de seu trabalho, sua obra tem sido<br />

reconhecida pelos críticos especializados e tomada como<br />

objeto para teses em várias universidades brasileiras pela<br />

leveza invulgar e uma transparência que não se traduz em<br />

superficialidade. Antes, constitui abertura para regiões<br />

profundas da comunicação poética. Por isso, sua expressão<br />

consegue ser, ao mesmo tempo, simples e densa. Ler o seu<br />

texto é envolver-se de imediato com a magia das palavras, é<br />

seduzir-se com a beleza e a musicalidade da p<strong>rosa</strong><br />

(http://www.caleidoscopio.art.br/bartolomeuqueiros/).<br />

Nasceu em Santa Cruz da Prata, distrito do município de<br />

Guaranésia, em Minas Gerais. Casou-se com Sílvia Monteiro<br />

Elias, teve três filhos (Iara, Lívia e Érico) e viveu em Guaxupé<br />

(MG) desde os 13 anos. Começa a trabalhar com o pai a partir<br />

dos sete anos, aprendendo o ofício de alfaiate. Mais tarde,<br />

torna-se "dono de loja", tradição entre as famílias sírias. Só<br />

iniciou o Ensino Médio aos 15 anos e alcança seu objetivo: ser<br />

professor. Possui mais de cem livros publicados divididos em<br />

romances, novelas, contos e didáticos, Elias preferiu escrever<br />

para crianças e adolescentes. “Se me perguntarem se gosto<br />

mais de escrever para adultos, para jovens ou para crianças,<br />

não tenho dúvidas. Escrever histórias e poesias infantis faz o menino que fui vir à<br />

tona, querendo brincar, rir e fazer novos meninos entrarem na brincadeira que é o<br />

texto da literatura infantil”.<br />

http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=biblioteca.biografia&id_autor=63<br />

Sérgio Capparelli — (1947-)<br />

Escritor de literatura infanto-juvenil, jornalista e professor<br />

universitário brasileiro. Viveu, trabalhou ou estudou em<br />

Uberlândia, Pará de Minas, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre,<br />

Munique, Paris, Londres, Grenoble e Montreal. Estabeleceuse<br />

em Porto Alegre em 1966 e, desde 2005, vive em Beijing,<br />

na China, onde trabalha na agência de notícias Xinhua News<br />

Agency. Formado em jornalismo pela Universidade Federal do<br />

Rio Grande do Sul. Fez doutorado em Comunicação pela<br />

Universidade de Paris e pós-doutorado pela Universidade de<br />

Grenoble na França. Tem mais de trinta livros publicados, entre eles Os meninos da<br />

Rua da Praia (36ª edição), Boi da cara preta (29ª edição), Vovô fugiu de casa (17ª<br />

edição), 33 ciberpoemas e uma fábula virtual (7ª edição), As meninas da Praça da<br />

Alfândega (9ª edição) e O velho que trazia a noite (7ª edição). É autor do ensaio<br />

Televisão e Capitalismo no Brasil, com o qual ganhou o prêmio Jabuti em Ciências<br />

Humanas, em 1983. Traduziu do chinês para o português, em parceria com Márcia<br />

Schmaltz, o livro 50 fábulas da China fabulosa.<br />

64


Sylvia Orthof — (1932-1997)<br />

Sylvia Orthof nasceu no Rio de Janeiro, em 1932, filha de um<br />

casal de judeus austríacos que deixou Viena entre as duas<br />

guerras, para buscar paz e trabalho. Filha única de<br />

imigrantes pobres, teve uma infância difícil. Aprendeu a falar<br />

primeiro alemão e falava português com sotaque e errado<br />

até a idade escolar. Aos 18 anos, foi estudar teatro em Paris.<br />

Um ano depois, voltou ao Brasil e trabalhou como atriz no<br />

Teatro Brasileiro de Comédias, em São Paulo (o TBC), e, no<br />

Rio, atuou com grandes nomes do teatro e da TV. Escritora<br />

muito amada, com a sua irreverência poética inesquecível,<br />

publicou mais de 100 livros para crianças e jovens e teve 13 títulos premiados pela<br />

Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil com o selo Altamente Recomendável<br />

para Crianças. Sylvia morreu em 1997, mas até hoje exerce grande influência sobre<br />

um grande número de autores infantis. Entrar numa história de Sylvia Orthof é<br />

encher os olhos de susto, mas não um susto de tremer perna ou bater queixo. O<br />

susto que as histórias de Sylvia dão na gente são carregados de perplexidade,<br />

arregalam a gente por dentro, dão largura no pensamento. Ganhadora do Prêmio<br />

Jabuti, por A Vaca Mimosa e a Mosca Zenilda (1997), Sylvia teve vários trabalhos<br />

adaptados para o teatro e quebrou tudo quanto é estereótipo na literatura infantil<br />

brasileira, com o seu texto desobediente, esmerado, abusado, feito de riso,<br />

provocação e arrepio. Afinal, a criatividade de Sylvia Orthof jamais coube em rótulos.<br />

Como ela mesma já disse, as histórias clássicas da literatura infantil sempre tiveram<br />

um ponto de vista muito machista. “Ninguém pergunta à Cinderela se ela quer casar<br />

com o príncipe. Cinderela casa com o príncipe porque ele tem dinheiro e poder. Ela<br />

se prostitui”, disse a autora. Mas, ao mesmo tempo, a autora defendia a leitura dos<br />

contos tradicionais, desde que houvesse uma reflexão. “Se Chapeuzinho Vermelho<br />

tem tanta força até hoje, é porque tem o seu valor. Só precisamos tomar cuidado<br />

para não apresentarmos essas histórias com uma mensagem moralista”.<br />

Almir Correia<br />

É natural de Ponta Grossa e atualmente reside em Curitiba.<br />

Mestre em Teoria da Literatura e especialista em Língua<br />

Portuguesa e Literatura Brasileira, o escritor desenvolveu o<br />

gosto pela literatura infantil. Tem vários livros infanto-juvenis<br />

publicados, alguns inclusive premiados. Escreve também<br />

roteiros de longa e curta metragem, faz vídeos e agora está<br />

entrando no mundo da animação. Entre seus principais livros<br />

estão: Poemas malandrinhos (Atual/Saraiva), O menino com<br />

monstros nos dedos (Nova América), Anúncios amorosos dos bichos (Editora<br />

Biruta), Blog do sapo frog (Formato/Saraiva), Trava-língua quebra-queixo rema<br />

rema remelexo (Editora Cortez), Lugares Incríveis para brincar antes de<br />

crescer” (Editora Nova Alexandria), Coisas que a garotada pode fazer para o<br />

mundo não acabar” (Editora Novo Século). Poemas sapecas rimas traquinas<br />

(Formato/Saraiva); livro pelo qual recebeu o prêmio de melhor Poesia Infantil da<br />

Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) e também foi incluído no<br />

“Brazilian Book Magazine”.<br />

Disponível em: <br />

65


Maria Dinorah Luz do Prado (1925-2007)<br />

Nasceu em Porto Alegre e passou a infância em Colônia<br />

de São Pedro, distrito de Torres. Professora por formação<br />

foi uma pioneira na literatura infantil e infanto-juvenil do<br />

Estado e na própria aproximação dos autores para<br />

crianças com as escolas. Tem mais de cem livros<br />

publicados entre p<strong>rosa</strong> e poesia. Estreou na literatura nos<br />

anos 1960, e se tornaria um das autoras mais lidas pelas<br />

crianças e jovens em idade escolar. Em seus livros<br />

abordou questões como leitura, questões sociais e ecologia.<br />

Merecendo destaque A Coragem de Crescer, Panela no Fogo, Barriga Vazia,<br />

Poesia Sapeca, Dobrando o Silêncio e Giroflê Giroflá.<br />

Disponível em:<br />

<br />

Tatiana Belinky (1919-)<br />

Nasceu na Rússia e chegou ao Brasil aos dez anos de<br />

idade quando já falava três idiomas. Aos dezoito anos<br />

trabalha como secretaria bilíngüe e aos vinte entra para<br />

faculdade de Filosofia tendo abandonado a seguir quando<br />

se casou com o médico e educador Júlio Gouveia. O casal<br />

tem dois filhos. No ano de 1948 começa a trabalhar em<br />

adaptações, traduções e criações de peças infantis para a<br />

prefeitura de São Paulo em parceria com o marido. Em<br />

1952 encenam "Os Três Ursos" em pedido da TV Tupi que<br />

atinge grande sucesso. O êxito deste trabalho foi definitivo para a carreira da<br />

escritora iniciante: o casal é convidado a ter um programa fixo na emissora. Dentro<br />

da casa, Tatiana e Júlio fazem a primeira adaptação de o “Sítio do picapau<br />

amarelo” de Monteiro Lobato. O trabalho do casal na Tupi seguiria até 1966. Neste<br />

ínterim, Tatiana Belinky recebe seus primeiros prêmios como escritora, além de<br />

tornar-se presidente da CET (Comissão Estadual de Teatro de São Paulo). Em<br />

1972 passa a trabalhar na TV Cultura em grandes jornais do estado de São Paulo,<br />

como a Folha de São Paulo e o Jornal da Tarde e O Estado de São Paulo,<br />

escrevendo artigos, crônicas e crítica de literatura infantil. Finalmente, em 1985,<br />

Tatiana Belinky desponta como escritora de livros, colaborando em uma série<br />

infanto-juvenil. Em 1987 publica o primeiro livro: "Limeriques", pela editora FTD,<br />

baseando-se nos limericks irlandeses. A partir desta publicação passa a trabalhar<br />

em novas criações e escreveu mais de cem obras tenho ganhado o Prêmio Jabuti<br />

em 1989. São destaquem em sua obra: "Coral dos Bichos", "Limeriques", "O<br />

Grande Rabanete", "Di-versos russos", "Limerique das Coisas Boas", entre outros.<br />

Disponível em <br />

66


Paulo Leminski Filho (1944 – 1989)<br />

Em 1964, publica poemas na revista "Invenção", porta voz<br />

da poesia concreta paulista. Casa-se, em 1968, com a<br />

poeta Alice Ruiz. Teve dois filhos: Miguel Ângelo, falecido<br />

aos 10 anos; Áurea Alice e Estrela. De 1970 a 1989, em<br />

Curitiba, trabalha como redator de publicidade. Compositor,<br />

tem suas canções gravadas por Caetano Veloso e pelo<br />

conjunto "A Cor do Som". Publica, em 1975, o romance<br />

experimental "Catatau". Traduziu, nesse período, obras de<br />

James Joyce, John Lenom, Samuel Becktett, Alfred Jarry,<br />

entre outros, colaborando, também, com o suplemento<br />

"Folhetim" do jornal "Folha de São Paulo" e com a revista "Veja". No dia 07 de<br />

junho de 1989 o poeta falece em sua cidade natal. Paulo Leminski foi um<br />

estudioso da língua e cultura japonesas e publicou em 1983 uma biografia de<br />

Bashô. Sua obra tem exercido marcante influência em todos os movimentos<br />

poéticos dos últimos 20 anos. Seu livro "Metamorfose" foi o ganhador do Prêmio<br />

Jabuti de Poesia, em 1995. Em 2001, um de seus poemas ("Sintonia para pressa e<br />

presságio") foi selecionado por Ítalo Moriconi e incluído no livro "Os Cem Melhores<br />

Poemas Brasileiros do Século", Editora Objetiva — Rio de Janeiro. Literatura<br />

infantil: Guerra dentro da gente. São Paulo, (Scipione, 1986) e A lua foi ao cinema.<br />

São Paulo, (Pau Brasil, 1989).<br />

Disponível em: <br />

Angela Leite de Souza<br />

Nasceu e mora em Belo Horizonte. Viveu, porém, grande<br />

parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde se formou em<br />

Jornalismo pela PUC. De 1969 a 1975 exerceu<br />

regularmente a profissão, trabalhando na revista Veja e<br />

jornais O Globo, Jornal do Brasil entre outros. Faz crítica<br />

literária, especialmente de literatura infanto-juvenil Mãe de<br />

três filhos, a carreira literária iniciou-se em 1982 quando,<br />

de volta com a família a Belo Horizonte, seu livro de<br />

poemas Amoras com açúcar foi premiado e publicado pela<br />

Imprensa Oficial de Minas Gerais. Os quinze anos de<br />

literatura foram comemorados com um outro prêmio - desta<br />

vez internacional - e também para um livro de poesia:<br />

Estas muitas Minas, onde a autora canta sua terra, foi o Prêmio Casa de Las<br />

Américas de Literatura Brasileira, de Cuba, em 1997, conquistando unanimemente<br />

o júri. Angela é também ilustradora e com Os elefantes e Medo de escola<br />

participou da Bienal de Ilustração de Bratislava em 1997 e 1999. Foi uma das<br />

vencedoras do Prêmio Carioquinha de Literatura Infantil de 1997 com o livro Meus<br />

rios.<br />

Disponível em: http://www.ftd.com.br/v4/Biografia.cfm?aut_cod=544&tipo=A<br />

67


Eva Furnari<br />

Eva Furnari (Roma, 15 de novembro de 1948) é uma<br />

ilustradora e escritora ítalo-brasileira. Sua família mudou-se<br />

para o Brasil em 1950, quando Eva tinha dois anos. Cresceu<br />

na nova pátria, formando-se em Arquitetura pela Universidade<br />

de São Paulo, e a partir de 1976 dedicou-se inicialmente a<br />

livros com ilustrações, sem texto. Colaborando com a<br />

Folhinha, suplemento infantil do jornal paulistano Folha de S.<br />

Paulo, criou sua personagem mais famosa: a Bruxinha. Como<br />

autora infanto-juvenil. e como ilustradora recebeu o Prêmio<br />

Jabuti , nos anos de 1986, 1991, 1993, 1995, 1998 e<br />

2006. Em 2002 foi escolhida para ilustrar a reedição de seis livros da obra infantil<br />

de Érico Veríssimo. A obra de Furnari, composta essencialmente de pequenos<br />

livros, é uma das mais profícuas na Literatura infantil brasileira atual. Como a<br />

própria autora revelou, numa entrevista, a ilustração precedeu a produção literária -<br />

mas foi nesta última que veio efetivamente a se destacar. Disponível em:<br />

<br />

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