Bancos e desenvolvimento industrial. - BBS Business School
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<strong>Bancos</strong> e <strong>desenvolvimento</strong> <strong>industrial</strong><br />
dam essas idéias e que se mostram incapazes<br />
de servir de instrumentos de compreensão<br />
do <strong>desenvolvimento</strong> histórico de<br />
economias retardatárias.<br />
No que diz respeito ao papel dos bancos,<br />
Gerschenkron enfatiza a importância do<br />
sistema de empréstimos de curto prazo renovados<br />
continuamente. No entanto, a revisão<br />
historiográfica desse<br />
aspecto das inovações<br />
institucionais alemãs questiona<br />
o papel positivo dos<br />
bancos na superação do<br />
atraso dessa economia.<br />
Mesmo a participação ativa<br />
dos bancos na administração<br />
de empresas,<br />
por meio da presença em<br />
conselhos diretivos, não<br />
é mais considerada decisiva, pois o acúmulo<br />
de informações mostrou-se superior à capacidade<br />
de processamento (NEUBURGER;<br />
STOKES, 1974).<br />
Caminha-se hoje para um programa<br />
de pesquisa que enfatiza o cotidiano das relações<br />
banco-indústria na Alemanha, buscando<br />
reconstituir as fases de maior aproximação<br />
entre essas empresas e de maior<br />
independência das indústrias frente aos bancos.<br />
Acredita-se que, após a crise da década<br />
de 1890, uma parcela expressiva dos investimentos<br />
foi realizada com recursos próprios<br />
das empresas (EDWARDS; OGILVIE, 1996).<br />
Wellhöner retoma o achado de Tilly e argumenta<br />
que os bancos tiveram uma importância<br />
menor no desenho das estratégias de<br />
expansão do setor <strong>industrial</strong> alemão, ocupando,<br />
ao invés, um papel relevante apenas<br />
como intermediários entre as empresas produtivas<br />
e o mercado de capitais (WELL-<br />
HONER, 1989 apud HERRIGEL, 1996, p.<br />
292). [Sobre a distribuição de crédito dos<br />
maiores bancos, já se avaliou que a preferência<br />
desses por grandes empresas de setores<br />
concentrados, como siderurgia, quí-<br />
Caminha-se para um<br />
programa de pesquisa que<br />
enfatiza o cotidiano das<br />
relações banco-indústria<br />
na Alemanha<br />
História e Economia Revista Interdisciplinar<br />
mica e eletricidade que promoveram uma<br />
oferta enviesada de crédito, privilegiando<br />
setores oligopólicos em detrimento de numerosos<br />
outros setores industriais] (NEU-<br />
BURGER; STOKES, 1974).<br />
Recentemente, Herrigel investigou<br />
bancos e indústrias de menor porte e encontrou<br />
um padrão de relacionamento distinto<br />
daquele mantido entre os Kreditbanken e as grandes<br />
empresas do país (HERRIGEL, 1996).<br />
No plano da investigação teórica sobre<br />
o papel dos bancos no crescimento econômico,<br />
Richard Sylla sugeriu que se revissem<br />
as teses de Rondo Cameron, largamente<br />
inspiradas em Gerschenkron. Sylla sustenta<br />
que o enfoque centrado nos bancos deixou<br />
lacunas de conhecimento sobre a atuação<br />
de outros intermediários financeiros. Sylla<br />
propõe que se investiguem os sistemas financeiros<br />
de modo integrado, considerando<br />
bolsas, bancos, regulação legal, direitos<br />
de propriedade e condução da política monetária.<br />
Todos esses elementos combinados,<br />
e não somente os bancos, podem contribuir<br />
para a superação do atraso ou mesmo<br />
para a permanência na situação de sub<strong>desenvolvimento</strong><br />
(SYLLA, 1998).<br />
Como se vê, é amplo o espectro do<br />
debate em torno do binômio banco-indústria<br />
no <strong>desenvolvimento</strong> econômico. Seja<br />
no plano da investigação teórica, seja no<br />
plano da investigação histórica sobre a peculiar<br />
trajetória da economia alemã entre<br />
os anos 1870 e 1914.<br />
No entanto, se o sistema bancário da<br />
Alemanha pré-guerra desperta grande interesse<br />
e recebe tanta atenção, o mesmo não<br />
acontece com a presença de bancos alemães<br />
em economias periféricas, especialmente<br />
na América Latina até a Primeira Guerra.<br />
Desconhecem-se detalhes do modus operandi<br />
desses bancos na região e devemos evitar a<br />
idéia de que as práticas bancárias alemãs<br />
tivessem sido empregadas, sem ajustes, às<br />
circunstâncias econômicas e institucionais