capas biologia celular e molecular - FTC EAD - FACULDADE
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BIOLOGIA<br />
CELULAR E<br />
MOLECULAR<br />
1
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
2<br />
SOMESB<br />
Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda.<br />
Presidente ♦<br />
Vice-Presidente ♦<br />
Superintendente Administrativo e<br />
Financeiro ♦<br />
Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão ♦<br />
Superintendente de Desenvolvimento e>><br />
Planejamento Acadêmico ♦<br />
<strong>FTC</strong> - EaD<br />
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância<br />
Diretor Geral ♦<br />
Diretor Acadêmico ♦<br />
Diretor de Tecnologia ♦<br />
Diretor Administrativo e Financeiro ♦<br />
Gerente Acadêmico ♦<br />
Gerente de Ensino ♦<br />
Gerente de Suporte Tecnológico ♦<br />
Coord. de Softwares e Sistemas ♦<br />
Coord. de Telecomunicações e Hardware ♦<br />
Coord. de Produção de Material Didático ♦<br />
EQUIPE DE ELABORAÇÃO/PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO:<br />
♦PRODUÇÃO ACADÊMICA♦<br />
Gerente de Ensino ♦ Jane Freire<br />
Coordenação de Curso ♦ Letícia Machado<br />
Autor (a) ♦ Gilcélia Araújo<br />
Supervisão ♦ Ana Paula Amorim<br />
Coordenação de Curso ♦ Letícia Machado<br />
♦PRODUÇÃO TÉCNICA ♦<br />
Revisão Final ♦ Carlos Magno e Idalina Neta<br />
Coordenação ♦ João Jacomel<br />
Equipe ♦ Ana Carolina Alves, Cefas Gomes, Delmara Brito,<br />
Ederson Paixão, Fabio Gonçalves, Francisco França Júnior,<br />
Israel Dantas, Lucas do Vale e Marcus Bacelar<br />
Editoração ♦ Francisco França Junior<br />
Imagens ♦ Corbis/Image100/Imagemsource<br />
Ilustrações ♦ Francisco França Junior<br />
copyright © <strong>FTC</strong> EaD<br />
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98.<br />
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito,<br />
da <strong>FTC</strong> EaD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância.<br />
www.ftc.br/ead<br />
Gervásio Meneses de Oliveira<br />
William Oliveira<br />
Samuel Soares<br />
Germano Tabacof<br />
Pedro Daltro Gusmão da Silva<br />
Waldeck Ornelas<br />
Roberto Frederico Merhy<br />
Reinaldo de Oliveira Borba<br />
André Portnoi<br />
Ronaldo Costa<br />
Jane Freire<br />
Jean Carlo Nerone<br />
Romulo Augusto Merhy<br />
Osmane Chaves<br />
João Jacomel
CONSIDERAÇÕES GERAIS<br />
SOBRE A CÉLULA<br />
CÉLULA: ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL E MOLECULAR<br />
Uma Visão Geral da Célula<br />
Uma Visão Molecular da Célula<br />
A Superfície Celular: Intercâmbio entre a Célula e o Meio<br />
Movimentos Celulares<br />
METABOLISMO CELULAR<br />
Estruturas Celulares<br />
Secreção e Digestão Celular<br />
Catabolismo e Anabolismo<br />
Metabolismo Energético<br />
SUMÁRIO<br />
SUMÁRIO<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
ESTUDO SOBRE INFORMAÇÕES<br />
GENÉTICAS E BIOTECNOLOGIA ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
07<br />
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08<br />
12<br />
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24<br />
26<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 28<br />
CÉLULA, FLUXO DE INFORMAÇÃO GENÉTICA<br />
Núcleo Celular<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 39<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
39<br />
39<br />
3
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
4<br />
O Ciclo Celular e Replicação do DNA<br />
Citegenética Humana<br />
BIOTECNOLOGIA E ENGENHARIA GENÉTICA<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Mapeamento Genético e Projeto Genoma Humano<br />
Clonagem<br />
Organismos Transgênicos<br />
Bioética<br />
Atividade Orientada<br />
Glossário<br />
Referências Bibliográficas<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
39<br />
45<br />
54<br />
54<br />
60<br />
61<br />
64<br />
70<br />
73<br />
75
Apresentação da Disciplina<br />
Caro (a) aluno (a),<br />
A possibilidade de se poder estudar a Biologia Celular e Molecular<br />
no contexto do mundo atual deve subsidiar o educando no julgamento de<br />
questões polêmicas, que dizem respeito ao desenvolvimento e à utilização<br />
de tecnologias que implicam intensa intervenção humana, portanto, são<br />
muitas as habilidades e competências que se pretende alcançar com a<br />
oferta desta disciplina, tendo como objetivo geral fornecer e buscar<br />
informações que se volte para o desenvolvimento de competências que<br />
permitam ao estudante do curso de Licenciatura em Biologia analisar<br />
informações, compreendê-las, elaborá-las, refutá-las, quando for o caso,<br />
permitir a compreensão de importantes questões éticas e culturais, bem<br />
como as limitações que podem advir do uso das novas tecnologias na área<br />
da Biologia Celular e Molecular; enfim entender o mundo e nele agir com<br />
autonomia, fazendo uso dos conhecimentos adquiridos da Biologia Celular<br />
e Molecular e da tecnologia.<br />
“O desenvolvimento da Genética e da Biologia Molecular, das<br />
tecnologias de manipulação do DNA e de clonagem traz à tona aspectos<br />
éticos envolvidos na produção e aplicação do conhecimento científico e<br />
tecnológico, chamando à reflexão sobre as relações entre a ciência, a<br />
tecnologia e a sociedade.” (PCN do Ensino Médio, v. único, p. 220)<br />
Esse módulo disciplinar possui 72 horas e encontra-se dividido em<br />
dois blocos temáticos, onde cada bloco será trabalhado durante duas<br />
semanas.<br />
O primeiro bloco temático intitula-se “Considerações Gerais sobre<br />
a Célula” e será desenvolvido a partir dos temas “Origem e Evolução da<br />
célula”, “Composição Química da Célula”, “Superfície Celular: intercâmbio<br />
entre a célula e o meio”. No segundo bloco temático, que recebe o nome de<br />
“Estudos sobre Informações Genéticas e Biotecnologia”, trataremos dos<br />
temas “Fluxo de Informação Genética” e “Biotecnologia e Engenharia<br />
Genética”.<br />
Todo material didático dessa disciplina foi estruturado para<br />
potencializar sua aprendizagem, por isso leia, atenta e rigorosamente, todos<br />
os textos do material impresso e virtual, pois se complementam, a fim de<br />
realizar as atividades propostas de forma instigante, interessante e<br />
inteligente, desta forma você poderá ter um excelente proveito desse módulo<br />
disciplinar.<br />
Desejamos discernimento, iniciativa e grandes realizações!<br />
Profª. Gilcélia Araújo<br />
5
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
6
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A<br />
CÉLULA<br />
CÉLULA: ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL E MOLECULAR<br />
Uma Visão Geral da Célula<br />
As células são unidades estruturais e funcionais<br />
dos organismos vivos, ou seja, todos os seres vivos são<br />
formados por células – compartimentos envolvidos por<br />
membrana, preenchidos com uma solução aquosa<br />
concentrada de substâncias químicas. As formas mais<br />
simples de vida são células individualizadas que se<br />
propagam por cissiparidade.<br />
Há muitos tipos diferentes de células, que variam<br />
enormemente em tamanho, forma e funções<br />
especializadas.<br />
Os organismos superiores, como os humanos<br />
(acredita-se que contenha pelo menos 100 trilhões de<br />
células), são como cidades <strong>celular</strong>es, nas quais grupos<br />
de células performam tarefas especializadas e são<br />
ligadas por um intrincado sistema de comunicação.<br />
Num punhado de solo ou numa xícara de água<br />
poderá haver dúzias de diferentes tipos de organismos uni<strong>celular</strong>es. E, em cada organismo<br />
multi<strong>celular</strong> seja ele o corpo humano ou a planta de milho, há dúzia ou centenas de diferentes<br />
tipos <strong>celular</strong>es, todos altamente especializados funcionando juntos na forma de tecidos e<br />
órgãos. E, não importa quão grande<br />
e complexo seja o organismo, cada<br />
um dos seus tipos <strong>celular</strong>es retém<br />
alguma individualidade e<br />
independência.<br />
As células são pequenas e<br />
complexas, o que torna difícil ver<br />
suas estruturas, descobrir sua<br />
composição <strong>molecular</strong> e, mais difícil<br />
ainda, encontrar funções para seus<br />
vários componentes.<br />
Uma célula animal típica tem<br />
um diâmetro de 10 a 20 micrômetros, o que é aproximadamente 05 (cinco) vezes menor<br />
que a menor partícula visível a olho nu. Somente quando microscópios ópticos de boa<br />
qualidade tornaram-se disponíveis, no início do século XIX pode-se descobrir que tecidos<br />
animais e vegetais são agregados de células individuais. Esta descoberta, proposta como<br />
a doutrina <strong>celular</strong> por SCHLEIDEN E SCHWANN, em 1838, marca o nascimento formal da<br />
Biologia Celular.<br />
7
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
8<br />
As células animais não são apenas minúsculas, mas também incolores<br />
e translúcidas e para visualizá-las é importante o desenvolvimento de técnicas<br />
de microscopia.<br />
MAIORES MAIORES INFORMAÇÕES INFORMAÇÕES SOBRE SOBRE MICROSCOPIA<br />
MICROSCOPIA<br />
ACESSEM CESSEM O O AA<br />
AVA! AA<br />
A!<br />
Para refletir...<br />
Uma Visão Molecular da Célula<br />
A célula como qualquer ser vivo é formada por: água e sais minerais (substâncias<br />
inorgânicas) e por outras substâncias, representadas pelos carboidratos, lipídios, proteínas<br />
e ácidos nucléicos (substâncias orgânicas). Para uma melhor compreensão do papel dessas<br />
substâncias na estrutura e no funcionamento das células e dos organismos, estudaremos<br />
um pouco sobre cada uma destas substâncias.<br />
1 Água<br />
Alguns pesquisadores afirmaram e acreditaram que os<br />
coacervados foram os primeiros seres vivos da atmosfera primitiva.<br />
Em geral, indivíduos jovens têm maior quantidade de água que indivíduos adultos da<br />
mesma espécie. Essa quantidade pode variar em função de fatores como: idade, sexo e<br />
estado fisiológico. Até em um mesmo indivíduo, em uma mesma etapa do seu<br />
desenvolvimento, o teor de água pode variar de tecido para tecido ou de órgão para órgão,<br />
em função do tipo de tecido ou órgão e de sua atividade metabólica.<br />
O surgimento e a manutenção da vida no nosso planeta estão associados à água.<br />
Onde existe água há vida. Assim, nos desertos onde praticamente não há água, quase não<br />
há seres vivos.<br />
2 Sais Minerais<br />
São compostos inorgânicos encontrados nos organismos sob duas formas básicas:<br />
insolúvel e solúvel. Na forma insolúvel, são encontrados e mobilizados como componente<br />
da estrutura esquelética. Nos vertebrados, podemos encontrar nos ossos os fosfatos de<br />
cálcio que contribuem para rigidez desses órgãos; nos corais encontramos principalmente<br />
os carbonatos de cálcio, que atuam no esqueleto externo desses organismos.
Na forma solúvel, os sais minerais são encontrados dissolvidos na água na forma de<br />
íons. Desta forma, desempenham vários papéis nos seres vivos como: manutenção do<br />
equilíbrio osmótico, componente estrutural de moléculas orgânicas fundamentais, entre outras<br />
funções.<br />
3 Carboidratos<br />
São compostos orgânicos que são também chamados de glucídios, glicídios ou<br />
açúcares. Os carboidratos têm basicamente função energética, sendo um dos compostos<br />
orgânicos que fornecem maior fonte de energia para os seres vivos. Podem ter, ainda,<br />
funções plásticas, participando de estruturas que constroem o corpo dos seres vivos. É o<br />
caso da celulose, açúcar que forma a parede <strong>celular</strong> das células vegetais.<br />
Além disso, os açúcares participam da composição química dos ácidos nucléicos,<br />
que comandam e coordenam toda a atividade <strong>celular</strong>. Os carboidratos são divididos<br />
basicamente em três grupos: monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos.<br />
4 Lipídios<br />
São substancias insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos, como: éter<br />
e o álcool. Assim como os carboidratos, os lipídios são também compostos energéticos;<br />
entram na composição de várias estruturas <strong>celular</strong>es como as membranas, podendo,<br />
também, ser encontrados livres na célula atuando como material de reserva de energia,<br />
como as gorduras. Atuam, ainda, como hormônios, como, por exemplo, os hormônios sexuais<br />
masculino e femininos.<br />
Os principais grupos de lipídios são: glicerídeos, fosfolipídios, cerídeos e esteróides.<br />
CURIOSID<br />
CURIOSIDADE!<br />
CURIOSID ADE!<br />
5 Proteínas<br />
São substâncias formadas pela união de várias moléculas de aminoácidos, tendo<br />
funções relevantes na organização, conservação, no crescimento, no funcionamento, na<br />
reconstrução e reprodução dos organismos.<br />
As proteínas constituem o componente orgânico mais abundante na célula e quando<br />
oxidadas podem fornecer energia, apesar de ter função plástica ou estrutural. Podemos<br />
ver, assim, que as proteínas desempenham as mais variadas funções na célula e no<br />
organismo. São exemplos de proteínas: as enzimas que aumentam a velocidade das reações<br />
químicas; alguns hormônios, como a insulina que atua no metabolismo de açúcares; os<br />
anticorpos que são fundamentais no mecanismo de defesa do organismo.<br />
9
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
10<br />
Saiba mais...<br />
As proteínas integram o grupo das<br />
macromoléculas e quando são submetidas ao<br />
calor e aos ácidos desnaturam-se e se tornam<br />
inativas.<br />
6 Ácidos Nucléicos<br />
São compostos orgânicos que têm o seu nome em função da sua origem no núcleo<br />
<strong>celular</strong>. Nas células, eles desempenham duas funções relevantes para todas as categorias<br />
de organismos, que são: transmitir as informações genéticas e coordenar a síntese de todas<br />
as proteínas <strong>celular</strong>es.<br />
Existem, basicamente, dois tipos de ácidos nucléicos: o ácido desoxirribonucléico<br />
ou DNA e o ácido ribonucléico ou RNA. O DNA é o principal constituinte dos cromossomos<br />
e é nele que estão os genes, responsáveis por todas as características dos indivíduos. O<br />
RNA é formado no núcleo, mas logo passa para o citoplasma, participando da síntese de<br />
proteínas.<br />
[ Agora é hora de<br />
TRABALHAR<br />
]<br />
1. Após refletir sobre a frase do 1º subitem do tema 1, posicione-se a respeito dessa<br />
afirmativa utilizando outras fontes de pesquisa para seu embasamento teórico.<br />
2.Que relação você faria entre equilíbrio hidrossalino e homeostase?
3. Crie uma tabela mostrando as principais diferenças quanto à composição química e<br />
a função entre os três grupos dos carboidratos.<br />
4. Os mecanismos de hereditariedade obedecem a um único padrão em todos os<br />
sistemas viventes? Justifique sua resposta.<br />
5. O que a água, substância tão comum dentro e fora do corpo dos seres vivos, tem de<br />
tão especial para que a vida dependa tanto dela?<br />
D<br />
Saiba mais...<br />
Britânicos anunciam projeto para estudar proteínas humanas<br />
a Reuters, em Londres.<br />
Cientistas e empresários<br />
britânicos anunciaram, hoje, uma<br />
nova iniciativa para mapear o corpo<br />
humano com mais detalhes e maior<br />
rapidez.<br />
O Conselho de Pesquisa<br />
Médica, o Departamento de<br />
Comércio e Indústria e a companhia<br />
de biotecnologia Genetix Group<br />
anunciaram um acordo de<br />
cooperação para acelerar o<br />
processo de identificação do papel<br />
das proteínas na saúde e nas<br />
doenças humanas.<br />
Cientistas afirmam que o<br />
genoma humano, que foi<br />
seqüenciado há dois anos, contém<br />
pelo menos 30 mil genes, sendo<br />
que cada um serve como um<br />
manual de instrução para a<br />
produção de proteínas que fazem<br />
com que o corpo funcione.<br />
O projeto de três anos pretende<br />
ajudar a responder a próxima<br />
pergunta-chave: como essas<br />
proteínas interagem entre si à<br />
medida que ajudam no<br />
funcionamento de milhões de<br />
células humanas?<br />
Como cada célula contém<br />
milhares de proteínas diferentes,<br />
essa é uma tarefa difícil. Os<br />
pesquisadores disseram que mais<br />
de 1 bilhão de porções de dados<br />
precisariam ser analisados.<br />
“O objetivo final é ter mapas<br />
mostrando como as proteínas<br />
interagem entre si, tanto em<br />
situações de saúde e doença”, disse<br />
o diretor científico da Genetix, Julian<br />
Burke.<br />
Ele afirmou que a empresa, com<br />
sede em Hampshire, está investindo<br />
mais de US$ 1,5 milhão para<br />
desenvolver equipamentos e<br />
sistemas que vão explicar essas<br />
interações “mais rapidamente e com<br />
maior precisão do que qualquer<br />
outro”. A companhia forneceu os<br />
22/07/2002 - 17h06<br />
sistemas de robótica para o projeto<br />
do genoma humano.<br />
Assim como ocorreu com o<br />
projeto genoma, todas as<br />
descobertas serão de domínio<br />
público. Entretanto, Burke disse que<br />
a companhia deve ganhar uma fatia<br />
maior do mercado de equipamentos<br />
de pesquisa <strong>molecular</strong>.<br />
Chris Sanderson, coordenador<br />
do projeto do conselho, em<br />
Cambridge, informou que o<br />
processo de geração de mapas<br />
pode se tornar uma corrida, mas que<br />
seria importante garantir que a<br />
qualidade não seja sacrificada.<br />
“O mapa final será um composto<br />
de dados gerados por diferentes<br />
grupos em todo o mundo. Esse<br />
financiamento vai permitir que os<br />
pesquisadores do Reino Unido<br />
possam ter um papel importante<br />
nesse processo”, acrescentou ele.<br />
11
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
12<br />
A Superfície Celular:<br />
Intercâmbio entre a Célula e o Meio.<br />
As membranas <strong>celular</strong>es são essenciais para a vida da célula. A<br />
Membrana Plasmática envolve a célula, define seus limites e mantêm as<br />
diferenças essenciais entre o citosol e o meio extra<strong>celular</strong>. Dentro da célula,<br />
as membranas do retículo endoplasmático, complexo golgiense, mitocôndrias,<br />
e outras organelas envoltas por membrana, em células eucarióticas, mantêm<br />
as diferenças, características entre os conteúdos de cada organela e o citosol.<br />
Observe, na figura abaixo, a estrutura da membrana plasmática:<br />
Todas as membranas<br />
biológicas têm uma estrutura geral<br />
comum: é um filme muito fino de<br />
lipídeos e de proteínas mantidas<br />
juntas principalmente por<br />
interações não-covalentes.<br />
As moléculas lipídicas são<br />
arranjadas como uma dupla<br />
camada contínua com cerca de<br />
5nm de espessura. Essa<br />
bicamada lipídica fornece a<br />
estrutura básica da membrana e<br />
atua como uma barreira relativamente<br />
impermeável à passagem da maioria das moléculas<br />
hidrossolúveis.<br />
1 Proteínas da Membrana<br />
Membrana Plasmática<br />
A célula é isolada do meio exterior por uma membrana lipoprotéica muito fina, formada<br />
por fosfolipídios e proteínas, que se apresentam de forma dinâmica, distribuídos conforme<br />
o modelo do mosaico fluido, ou seja, os fosfolipídios se deslocam continuamente sem perder<br />
o contato uns com os outros, e as moléculas de proteína “flutuam” nestes lipídios, podendo<br />
se deslocar de um lado para o outro.<br />
Ela é também responsável pela seleção das substâncias que devem entrar ou sair<br />
da célula, pois a célula viva deve trocar substâncias com o meio. Portanto, se diz que a<br />
membrana plasmática possui uma permeabilidade seletiva.<br />
Modelo de Membrana Mosaico Fluído
Enquanto a bicamada lipídica determina a estrutura básica das membranas biológicas,<br />
as proteínas são responsáveis pela maioria das funções da membrana, atuando como<br />
receptores específicos, enzimas, proteínas transportadoras, entre outras funções. Observe<br />
o desenho esquemático logo abaixo:<br />
Outras proteínas associadas à membrana não cruzam a bicamada, mas, ao contrário,<br />
são presas a um ou ao outro lado da membrana. Muitas dessas são ligadas por interações<br />
não-covalentes (lembre-se das aulas de FQBB!) à proteína transportadora da membrana,<br />
enquanto outras são ligadas através de grupos lipídicos ligados covalentemente (transporte).<br />
Como as moléculas lipídicas na bicamada, muitas proteínas das membranas são capazes<br />
de difundir-se rapidamente no plano da membrana. Por outro lado, as células têm<br />
mecanismos para imobilizar proteínas específicas da membrana e para confinar moléculas<br />
lipídicas e protéicas a domínios específicos.<br />
2 Glicocálix ou cobertura <strong>celular</strong><br />
O termo cobertura <strong>celular</strong> ou glicocálix é freqüentemente utilizado para descrever a<br />
região rica em carboidratos na superfície <strong>celular</strong>.<br />
Esses carboidratos ocorrem tanto como cadeias de oligossacarídeos ligadas<br />
covalentemente a proteínas da membrana (glicoproteínas) e lipídios (glicolipídios), e na forma<br />
de proteoglicanos que consistem de longas cadeias de polissacarídeos ligados<br />
covalentemente a um núcleo protéico.<br />
Resumindo...<br />
- GLICOCÁLIX - cobertura de carboidratos:<br />
- Ajuda a proteger a superfície <strong>celular</strong> de lesões mecânicas e químicas. Recentemente,<br />
descobriu-se que oligossacarídeos específicos funcionam como intermediários em diversos<br />
processos transitórios de adesão célula-célula, inclusive aqueles que ocorrem em interações<br />
espermatozóide-óvulo, coagulação sangüínea e recirculação de linfócitos em respostas<br />
inflamatórias.<br />
- Papel fundamental nas reações antigênicas e ocorre também para manter o<br />
potencial da superfície.<br />
13
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
14<br />
- Permeabilidade<br />
A membrana plasmática não isola totalmente a célula do seu meio<br />
externo. Para garantir sua sobrevivência, como todo ser vivo, a célula precisa<br />
de substâncias do meio externo, assim como precisa eliminar os resíduos<br />
provenientes de seu metabolismo. Desta forma, a membrana plasmática<br />
exerce um controle eficiente sobre as substâncias que devem entrar ou sair<br />
da célula. Esta característica importante é denominada de permeabilidade<br />
seletiva da membrana.<br />
O fluxo de substâncias através da membrana pode envolver ou não dispêndio de<br />
energia. É o que chamamos de movimentos da membrana. E, de acordo com o gasto ou<br />
não de energia, podemos distinguir dois tipos fundamentais de transporte: passivo e ativo.<br />
Na membrana:<br />
- Ocorre passagem de moléculas pela bicamada lipídica;<br />
- Passagem de íons e moléculas via proteínas transportadoras e proteínas de canais<br />
- Passagem de íons e moléculas via substâncias carregadoras ou formadoras de<br />
canais introduzidas na membrana.<br />
[ Agora é hora de<br />
TRABALHAR<br />
]<br />
1. Que relação você estabeleceria entre a expressão “fronteira da célula” e o papel da<br />
membrana plasmática?<br />
2.<br />
Analisando, atentamente, a figura nº 07, faça uma leitura sobre a mesma.
Movimentos Celulares<br />
Transporte Interno e Externo<br />
As proteínas podem mover-se de um compartimento a outro por transporte controlado,<br />
transporte transmembrana ou transporte vesicular, como mostra a FIGURA ABAIXO. Os<br />
sinais que dirigem o movimento de uma dada proteína através do sistema e, portanto,<br />
determinam sua localização eventual na célula, estão contidos em sua seqüência de<br />
aminoácidos.<br />
A viagem começa com a síntese da proteína nos ribossomos e termina<br />
quando o destino final é atingido. Em cada estação intermediária (caixas), uma<br />
decisão é tomada ou a proteína é retida ou transportada adiante. Em princípio,<br />
um sinal pode ser necessário tanto para a retenção como para a saída de<br />
cada um dos compartimentos mostrados, sendo o destino alternativo a via<br />
default (aquele que não exige sinal especial). O transporte vesicular de<br />
proteínas do RE, através do complexo golgiense para a superfície <strong>celular</strong>,<br />
por exemplo, parece não necessitar sinais de distribuição específicos;<br />
estes sinais de localização específicos são, portanto, necessários<br />
para reter no RE e no complexo golgiense àquelas proteínas<br />
especializadas que aí residem.<br />
1 Princípios de transporte transmembrana<br />
A permeabilidade de bicamadas lipídicas para uma determinada substância depende<br />
em parte do seu tamanho e, principalmente, de sua solubilidade relativa em óleo. Em geral,<br />
quanto menor a molécula e quanto mais solúvel ela for a óleo, isto é, quanto mais hidrofóbica,<br />
ou não polar ela for, (relembre os conhecimentos construídos em FQBB), mais rapidamente<br />
ela se difundirá através de uma bicamada. Moléculas não-polares pequenas, tais como o<br />
oxigênio (32 daltons) e o gás carbônico (44 daltons), facilmente se dissolvem em bicamadas<br />
15
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
16<br />
lipídicas e, portanto, difundem-se rapidamente através delas. Moléculas<br />
polares sem carga também se difundem rapidamente através de uma<br />
bicamada se forem o suficientemente pequenas. A água (18 daltons), o etanol<br />
(46 daltons), e a uréia (60 daltons), por exemplo, passam rapidamente, o<br />
glicerol (92 daltons) difunde-se menos rapidamente, e a glicose (180 daltons),<br />
praticamente não se difunde.<br />
As bicamadas lipídicas são altamente impermeáveis moléculas<br />
carregadas (íons), não importa o quão pequenas: a carga e o alto grau de hidratação de<br />
tais moléculas impede-as de entrar na fase hidrocarboneto da bicamada.<br />
À semelhança das bicamadas lipídicas sintéticas, as membranas <strong>celular</strong>es permitem<br />
a passagem da água e de moléculas não polares por simples difusão, também devem<br />
permitir a passagem de várias moléculas polares, tais como íons, açúcares, aminoácidos,<br />
nucleotídeos e muitos metabólicos <strong>celular</strong>es. Proteínas especiais na membrana são<br />
responsáveis pela transferência de tais solutos através das membranas <strong>celular</strong>es. Estas<br />
proteínas, denominadas proteínas transportadoras da membrana, existem em muitas<br />
formas e em todos os tipos de membranas biológicas. Cada proteína tem sua especificidade<br />
e transporta uma classe particular de moléculas e, freqüentemente, apenas uma determinada<br />
espécie <strong>molecular</strong> de uma classe.<br />
Existem duas classes principais de proteínas transportadoras de membrana: as<br />
proteínas carregadoras ligam um soluto específico a ser transportado e sofrem uma série<br />
de mudanças conformacionais, de modo a transferir através da membrana o soluto a elas<br />
ligado. As proteínas-canal, por outro lado, não necessitam ligar o soluto. Ao contrário, elas<br />
formam poros hidrofílicos que se estendem através da bicamada lipídica. Quando esses<br />
poros estão abertos, eles<br />
permitem que solutos<br />
específicos (geralmente íons<br />
inorgânicos do tamanho e da<br />
carga apropriados) passem<br />
através deles e, portanto,<br />
cruzem a membrana. Como<br />
é de se esperar, o transporte<br />
através de proteínas-canal<br />
ocorre a uma velocidade<br />
muito maior do que o<br />
transporte mediado por<br />
proteínas carregadoras.<br />
2 Tipos de transporte realizados pelas membranas <strong>celular</strong>es<br />
Transporte passivo através da membrana<br />
Todas as proteínas canal e muitas proteínas<br />
carregadoras permitem os solutos cruzarem a<br />
membrana apenas passivamente num processo<br />
denominada transporte passivo ou difusão facilitada.<br />
A diferença de concentração e o gradiente elétrico<br />
entre os dois lados da membrana (o seu gradiente<br />
eletroquímico) é que impulsiona o transporte passivo<br />
e determina a sua direção.
Transporte ativo através da membrana<br />
As células também necessitam de proteínas que ativamente bombeiem certos solutos<br />
através da membrana contra seus gradientes eletroquímicos. Esse processo, conhecido<br />
como transporte ativo, é sempre mediado por proteínas carregadoras. No transporte ativo,<br />
proteínas carregadoras podem agir como bombas para transportar um soluto contra o seu<br />
gradiente eletroquímico, usando energia fornecida pela hidrólise de ATP (trifosfato de<br />
adenosina).<br />
A energia livre liberada durante o movimento de um íon inorgânico a favor de seu<br />
gradiente eletroquímico é usada como a fonte de energia para bombear outros solutos contra<br />
seus gradientes eletroquímicos. Assim, essas proteínas funcionam como transportadores<br />
acoplados - algumas como sim-portadores outras como anti-portadores. Na membrana<br />
plasmática de células animais, o sódio é o íon usualmente co-transportador, cujo gradiente<br />
eletroquímico fornece a força impulsora para o transporte ativo de uma segunda molécula.<br />
O sódio que entra na célula durante o transporte é subseqüentemente bombeado para fora<br />
pelo sódio potássio ATPase a qual, por manter o gradiente de sódio, indiretamente fornece<br />
energia para o transporte.<br />
Por essa razão, diz-se que os carreadores impulsionados por íons mediam o<br />
transporte ativo secundário, enquanto as ATPases transportadoras mediam o transporte<br />
ativo primário.<br />
Assim, o transporte por proteínas carregadoras pode ser ativo ou passivo enquanto<br />
o transporte por proteínas-canal é sempre passivo.<br />
A clonagem de DNA e os estudos de seqüenciamento mostraram que as proteínas<br />
carregadoras pertencem a um pequeno número de famílias, cada uma das quais<br />
compreende proteínas com seqüências similares de aminoácidos e que se supõem terem<br />
evoluído de uma proteína ancestral comum atuarem através de um mecanismo similar.<br />
A família de ATPases transportadoras de cátions, a qual incluem a bomba de sódio e<br />
potássio, é um exemplo importante. Cada uma dessas ATPases contém uma subunidade<br />
catalítica grande, que é seqüencialmente fosforizada e desfosforilada durante o ciclo de<br />
bombeamento.<br />
A superfamília de transportadores ABC é particularmente importante do ponto de<br />
vista clínico: ela inclui proteínas que são responsáveis pela fibrose cística, bem como pela<br />
resistência a drogas em células cancerosas e em parasitas causadores de malária.<br />
Transporte de pequenas moléculas<br />
- Endocitose (Pinocitose e Fagocitose)<br />
Endocitose é o processo através do qual as células captam macromoléculas,<br />
substâncias particuladas e, em casos especializados, outras células.<br />
O material a ser ingerido é, progressivamente, envolvido por uma pequena região da<br />
membrana plasmática, que primeiro invagina e depois se fecha e se desprende formando<br />
uma vesícula intra<strong>celular</strong>, que contém a substância ou material ingerido. Dois tipos principais<br />
de endocitose podem ser distinguidos com base no tamanho das vesículas endocíticas<br />
formadas:<br />
A pinocitose (“célula bebendo”),<br />
que envolve a ingestão de fluidos e<br />
solutos através de vesículas pequenas<br />
(150nm de diâmetro)<br />
A fagocitose (“célula comendo”), que<br />
envolve a ingestão de partículas grandes<br />
como microorganismos e pedaços de<br />
células, via vesículas grandes, denominadas<br />
fagossomos, geralmente maior que 250nm<br />
de diâmetro.<br />
17
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
18<br />
Embora a maioria das células eucarióticas esteja, continuamente,<br />
ingerindo fluidos e solutos por pinocitose, partículas grandes são ingeridas,<br />
principalmente, por células especializadas em fagocitose.<br />
A fagocitose, em protozoários, é uma forma de alimentação: partículas<br />
grandes captadas por endossomos chegam até os lisossomos e os produtos<br />
do processo de digestão subseqüente chegam ao citosol para serem utilizados<br />
como alimento. Entretanto, poucas células em organismos multi<strong>celular</strong>es são<br />
capazes de ingerir, eficientemente, partículas grandes e, no intestino dos animais, por<br />
exemplo, partículas grandes de alimento são quebradas no meio extra<strong>celular</strong> antes de serem<br />
importadas para a célula.<br />
A fagocitose é importante, para a maioria dos animais, para outros processos que<br />
não de nutrição. Em mamíferos existem dois tipos de glóbulos brancos no sangue<br />
especializados em fagocitose: macrófagos e neutrófilos que nos defendem contra infecções,<br />
ingerindo os microorganismos invasores. Para que sejam fagocitadas as partículas devem,<br />
em primeiro lugar, ligar-se a superfície do fagócito.<br />
Em muitas células, a endocitose é tão extensiva que uma grande fração da membrana<br />
plasmática é internalizada a cada hora. Os componentes da membrana plasmática (proteínas<br />
e lipídeos) são continuamente retornados à superfície <strong>celular</strong> em um ciclo endocítico-exocítico<br />
em grande escala, que é, em sua maior parte, mediado por cavidades e vesículas recobertos<br />
por clatrina. Muitos receptores da superfície da célula, que ligam macromoléculas<br />
extra<strong>celular</strong>es específicas, localizam-se em cavidades recobertas com clatrina, num processo<br />
denominado endocitose mediado por receptores.<br />
As vesículas endocíticas recobertas rapidamente perdem sua cobertura de clatrina e<br />
se fundem com os endossomos prematuros. Muitos ligantes se dissociam de seus receptores<br />
no ambiente ácido do endossomo e acabam chegando aos lisossomos, enquanto muitos<br />
dos receptores são reciclados, via vesícula de transporte, de volta para a superfície da<br />
célula para serem reutilizadas. Mas, o complexo ligante-receptor pode seguir outras vias, a<br />
partir do compartimento endossomal. Em alguns casos, ambos, receptor e ligante, acabam<br />
sendo degradados nos lisossomos, causando a “down regulation” dos receptores.<br />
Resumindo...<br />
- Os lipídios não são imóveis, mas dotados de um movimento de<br />
origem térmica e livre para mudar de lugar na superfície da membrana;<br />
- As proteínas da membrana são igualmente dotadas de<br />
deslocamentos permanentes que podem ser diversos;<br />
- Estes movimentos se juntam à renovação incessante de diferentes<br />
compostos resultantes;<br />
- Os fragmentos da membrana estão em constante reciclagem;<br />
- As membranas <strong>celular</strong>es são estruturas dinâmicas;<br />
- Fluidas;<br />
- Maior parte de suas moléculas são capazes de mover-se no plano<br />
da membrana;<br />
- As moléculas individuais de lipídios são capazes de difundirem-se<br />
rapidamente dentro de sua própria monocamada e, raramente, saltam de<br />
uma monocamada para outra.
3 Funções da membrana<br />
Agora, você já conhece sobre os tipos de<br />
transporte através da Membrana . Leia<br />
um pouco mais sobre a função desta<br />
importante estrutura <strong>celular</strong>.<br />
A membrana plasmática cumpre uma vasta gama de funções. A primeira, do ponto<br />
de vista da própria célula, é que ela dá individualidade a cada célula, definindo meios intra<br />
e extra <strong>celular</strong>. Ela forma ambientes únicos e especializados, cuja composição e<br />
concentração <strong>molecular</strong> são conseqüência de sua permeabilidade seletiva e dos diversos<br />
meios de comunicação com o meio extra<strong>celular</strong>. Além de delimitar o ambiente <strong>celular</strong>,<br />
compartimentalizando moléculas, a membrana plasmática representa o primeiro elo de<br />
contato entre os meios intra e extra<strong>celular</strong>, traduzindo informações para o interior da célula<br />
e permitindo que ela responda a estímulos externos que podem, inclusive, influenciar no<br />
cumprimento de suas funções biológicas. Também nas interações célula-célula e célulamatriz<br />
extra<strong>celular</strong> a membrana plasmática participa de forma decisiva. É, por exemplo,<br />
através de componentes da membrana que células semelhantes podem se reconhecer para,<br />
agrupando-se, formar tecidos.<br />
A manutenção da individualidade <strong>celular</strong>, assim como o bom desempenho das outras<br />
funções da membrana, requer uma combinação particular de características estruturais da<br />
membrana plasmática: ao mesmo tempo em que a membrana precisa formar um limite<br />
“estável”, ela precisa também ser dinâmica e flexível. A combinação destas características<br />
é possível devido a sua composição química.<br />
Resumindo...<br />
- BARREIRA (impede o conteúdo de se misturar).<br />
- LUGAR DE INTERCÂMBIO (permeabilidade seletiva).<br />
- ESTRUTURA ELÉTRICA (+ sobre sua face, e – sobre sua face<br />
interna).<br />
-TRANSMISSÃO DE INFORMAÇÃO (entre o meio exterior e a<br />
intimidade da célula, onde agem os transmissores, passando mensagens à<br />
célula).<br />
-ELEMENTO SECRETÓRIO (efetua suas sínteses a partir de sua<br />
própria substância).<br />
PAREDE CELULAR<br />
A parede <strong>celular</strong> é uma estrutura semi-rígida presente nas células vegetais<br />
externamente à membrana citoplasmática. É basicamente formada por celulose, mas contém<br />
igualmente polissacarídeos complexos e proteínas.<br />
19
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
20<br />
A parede permite a manutenção da forma da célula vegetal, impedindo<br />
a sua lise (quebra), sendo uma barreira bastante eficaz contra ataques de<br />
microrganismos patogênicos e ajuda na união entre células vizinhas.<br />
[ Agora é hora de<br />
TRABALHAR<br />
]<br />
1. Que tal desenvolver sua habilidade lúdica? Trabalhando seu imaginário, construa<br />
uma rodovia com as estruturas <strong>celular</strong>es citadas acima respeitando as leis de trânsito.<br />
Estruturas Celulares<br />
METABOLISMO CELULAR<br />
As organelas que compõem o Sistema de Endomembranas são formadas por<br />
membranas bilipídicas similares à membrana plasmática. São elas: Retículo Endoplasmático<br />
Rugoso, Retículo Endoplasmático Liso, Complexo golgiense, Endossomas, Lisossomos e<br />
Peroxissomas. A parte externa da membrana de cada organela, relacionada com o Citosol,<br />
é chamada face citosólica; e a interna, face luminal.
O retículo rugoso deve o seu nome ao fato de as suas membranas conterem<br />
ribossomos, locais de síntese protéica. As proteínas são lançadas para o interior das<br />
membranas, onde serão transformadas ou dirigidas a outras localizações da célula.<br />
O retículo liso não apresenta ribossomos nas suas membranas e nele as proteínas<br />
sintetizadas no retículo rugoso são quimicamente alteradas. Ocorrem, ainda, no seu lúmen<br />
as hidrólises do glicogênio, síntese de esteróides e alteração de drogas e outras substâncias<br />
nocivas ao corpo.<br />
O complexo golgiense recebe do retículo endoplasmático rugoso (R.E.R.), proteínas,<br />
transportadas em vesículas membranosas. Essas moléculas são então separadas e<br />
modificadas quimicamente, sendo depois encaminhadas para as suas localizações<br />
definitivas. Destinam-se ao exterior da célula, sendo “embaladas” em vesículas que se irão<br />
fundir com a membrana plasmática e libertadas para o exterior. Destinando-se ao<br />
citoplasma, as vesículas irão fundir-se com outros organitos.<br />
As vesículas formadas pelo R.E.R. são recebidas pela face cis, ou de recepção, do<br />
Golgi, as proteínas alteradas no lúmen das cisternas e libertadas pela face trans, ou de<br />
formação, virada para a membrana plasmática.<br />
Sinais Relacionados ao Complexo Golgiense<br />
As proteínas depois de endereçadas e encapsuladas em vesículas, podem seguir<br />
os seguintes caminhos:<br />
21
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
22<br />
Desta forma, os mecanismos de secreção <strong>celular</strong> podem ser<br />
classificados em duas vias distintas:<br />
As mitocôndrias têm duas membranas, como o núcleo ou os cloroplastos. A<br />
membrana externa é lisa e fornece proteção, embora seja bastante permeável à passagem<br />
de substâncias. A membrana interna contém grandes complexos protéicos embebidos,<br />
envolvidos na síntese de ATP e na respiração <strong>celular</strong>. Esta membrana está dobrada em<br />
pregas achatadas designadas cristas, que aumentam grandemente a sua área. O número<br />
de cristas varia muito com a taxa metabólica da célula em que a mitocôndria se encontra.<br />
A matriz é a região interna da mitocôndria, rodeada pela membrana interna. Contém<br />
numerosas proteínas envolvidas nos processos respiratórios, bem como ribossomos e DNA,<br />
usados na síntese da maioria das suas proteínas.<br />
O peroxissoma é um organito relativamente pouco conhecido, em que produtos tóxicos<br />
para a célula, como peróxido de hidrogênio (água oxigenada), são degradados em produtos<br />
inofensivos, como água e oxigênio. Exclusivamente em células vegetais existem organitos<br />
semelhantes, designados glioxissomas. O centrossoma é uma região mais ou menos amorfa,<br />
localizada perto do envelope nuclear em células animais. Ao centro desta zona está um par<br />
de estruturas cilíndricas designadas centríolos e dispostas em ângulo reto, como um L.<br />
Os centríolos estão intimamente relacionados com o movimento <strong>celular</strong>, seja por meio<br />
de flagelos ou de cílios, em cuja base existe sempre um corpo basal, em tudo semelhante<br />
ao centríolo típico. Esta relação é confirmada pelo fato de muitas vezes os flagelos ou cílios<br />
serem reabsorvidos e os seus corpos basais deslocados para o interior da célula, passando<br />
a funcionar como centríolos.<br />
A estrutura do centríolo é formada por nove grupos de três microtúbulos fundidos.<br />
Estes nove conjuntos formam a “parede” da estrutura, ligeiramente rodados para o interior,
como hélices de uma turbina. Cada conjunto está ligado longitudinalmente ao adjacente por<br />
outro tipo de proteínas.<br />
Característico das células eucarióticas (e talvez, por ausência das bactérias, um fator<br />
fundamental no sucesso dos eucariontes), o citosqueleto é formado por um emaranhado de<br />
longas fibras de vários tipos, fornecendo suporte e permitindo o movimento (seja da célula<br />
ou de organitos ou cromossomos no seu interior) e a alteração de forma.<br />
Devido ao seu elevado dinamismo e interação com o ambiente, poderia, com a<br />
mesma facilidade, designar-se citomusculatura. O citosqueleto é responsável pelo deslizar<br />
sobre o substrato, contração muscular e pelas alterações de forma durante o desenvolvimento<br />
embrionário dos animais.<br />
O citosqueleto contém 3 tipos principais de fibras:<br />
Microfilamentos - formados por subunidades de actina, têm a forma<br />
de hélices duplas desta proteína. São estruturas muito flexíveis que podem<br />
ser encontrados em toda a célula, mas são mais freqüentes logo abaixo da<br />
membrana plasmática;<br />
Filamentos intermédios - formados por subunidades de vimentina<br />
ou lamina, entre outras proteínas muito heterogêneas, estes filamentos são<br />
encontrados por toda a célula. Um tipo de filamento intermédio forma a lâmina<br />
nuclear, um emaranhado de fibras logo abaixo da membrana interna do<br />
envelope nuclear, enquanto outros fornecem força mecânica estendendo-se<br />
através do citoplasma e associando-se aos desmossomas que unem células<br />
vizinhas;<br />
Microtúbulos - formados por subunidades de tubulina, estas<br />
estruturas são polares: existe uma extremidade (ponta +) capaz de rápido<br />
crescimento e outra (ponta -) que tende a perder subunidades se não for<br />
estabilizada. Na maioria das células tal é conseguido ligando a ponta - do<br />
microtúbulos ao centrossoma, localizado perto do núcleo, no centro da célula.<br />
Por este motivo, o centrossoma é um dos MTOC conhecidos (microtubule<br />
organizing center).<br />
Os plastídeos são característicos das células vegetais e têm uma estrutura<br />
característica: são envolvidas por um envelope com duas membranas, as mais internas das<br />
quais se diferencia num sistema complexo, e que rodeia uma matriz mais ou menos<br />
homogênea, o estroma. Os plastídeos são geralmente classificados segundo o tipo de<br />
pigmentos que contêm.<br />
23
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
24<br />
As células animais, heterotróficas, não produzem cloroplastos, mas<br />
podem apresentá-los, perfeitamente funcionais, retirados da digestão parcial<br />
de células vegetais ou devido a algas verdes que vivem em simbiose nesses<br />
tecidos. Esta situação é bastante comum em corais e anêmonas.<br />
É o local onde se realiza a fotossíntese, contendo grande quantidade<br />
de pigmentos, nomeadamente clorofilas. Uma única célula do mesófilo pode<br />
conter até 50 cloroplastos, pelo que 1mm 2 de folha contém cerca de 500000.<br />
Geralmente, localizam-se nos lados longos das células, perto da parede <strong>celular</strong>.<br />
A sua estrutura faz lembrar a da mitocôndria, pois também apresenta duas<br />
membranas. A membrana externa é bastante permeável, permitindo a passagem da maioria<br />
das pequenas moléculas. A membrana interna é bem mais seletiva e é onde se localizam<br />
os complexos que captam a luz para as reações fotossintéticas. Forma dobras designadas<br />
tilacóides. Quando os tilacóides aparecem empilhados como moedas designam-se grana.<br />
O espaço interno do cloroplasto designa-se estroma e é rodeado pela membrana<br />
interna. Neste espaço, tal como na mitocôndria, encontra-se DNA e ribossomos, capazes<br />
de comandar numerosas proteínas presentes no cloroplasto. No entanto, o controle é<br />
nitidamente do núcleo, sendo a maior parte do material sintetizado com DNA nuclear e<br />
transferido para os plastídios.<br />
Em algas verdes e plantas é freqüente encontrar no estroma grãos de amido e/ou<br />
pequenas gotas de lipídios. Estes são produtos de armazenamento temporário, quando o<br />
organismo fotossintetiza ativamente.<br />
Secreção e Digestão Celular<br />
Complexo Golgiense (ou complexo de Golgi)<br />
O Complexo Golgiense (cujo nome é uma homenagem ao cientista que o descobriu,<br />
Camillo Golgi) é um conjunto de saquinhos membranosos achatados e empilhados como<br />
pratos. Estas pilhas, denominadas dictiossomos, encontram-se no citoplasma perto do<br />
núcleo. O complexo é a estrutura responsável pelo armazenamento, transformação,<br />
empacotamento e “envio” de substâncias produzidas na célula. Portanto, é o responsável<br />
pela exportação de substâncias na célula. É comum compará-lo a uma agência do correio,<br />
devido ambos terem funções semelhantes. Este processo de eliminação de substâncias é<br />
chamado de secreção <strong>celular</strong>. Praticamente todas as células do corpo sintetizam e exportam<br />
uma grande quantidade de proteínas que atuam fora da célula.
Lisossomos - Reciclando Resíduos<br />
As células possuem no citoplasma, dezenas de saquinhos cheios de enzimas capazes<br />
de digerir diversas substâncias orgânicas. Com origem no complexo golgiense, os<br />
lisossomos existem em quase todas as células animais. As enzimas são produzidas no<br />
RER , depois são transferidas para o dictiossomos do complexo golgiense. Lá, são<br />
identificadas e enviadas para uma região especial do complexo e por fim serão empacotadas<br />
e liberadas como lisossomos.<br />
Eles são as organelas responsáveis pela digestão da célula (a chamada digestão<br />
intra<strong>celular</strong>). Num certo sentido, eles podem ser comparados a pequenos estômagos<br />
intra<strong>celular</strong>es. Além disso, os lisossomos tem a função de ajudar no processo de autofagia.<br />
Também podem ser comparados à centros de reciclagem, ou até mesmo a desmanches<br />
pois digerem partes <strong>celular</strong>es envelhecidas e desgastadas, de modo a reaproveitar as<br />
substâncias que as compõem.<br />
Características Morfológicas de Algumas Células Secretoras<br />
A ultra-estrutura das células com intensa atividade protéica varia de acordo com o<br />
destino das proteínas sintetizadas. Veja, no quadro abaixo, alguns exemplos:<br />
25
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
26<br />
Catabolismo e Anabolismo<br />
Artigo: Metabolismo, Anabolismo e Catabolismo<br />
Prof. Benito Olmos<br />
Para o funcionamento do organismo é necessário a ocorrência de<br />
inúmeras reações bioquímicas em nível <strong>celular</strong>. O conjunto destas reações é definido como<br />
metabolismo.<br />
Basicamente o metabolismo esta dividido em duas partes que contém objetivos e<br />
resultados opostos, o anabolismo e o catabolismo.<br />
As reações que acarretam o armazenamento de energia e construção de tecidos<br />
são conhecidas coletivamente como anabolismo.<br />
Neste processo, moléculas mais complexas são sintetizadas a partir de moléculas<br />
menos complexas. Estas moléculas menos complexas recebem a denominação de<br />
substratos.<br />
Um exemplo deste processo anabólico reside na síntese de proteínas dentro do tecido<br />
muscular a partir dos aminoácidos e na formação de estoques de glicogênio por intermédio<br />
do agrupamento de moléculas de glicose. Isto ocorre, por exemplo, quando, após uma<br />
sessão de treinamento, temos a ingestão adequada de nutrientes. Principalmente<br />
carboidratos e proteínas, onde os carboidratos serão convertidos em glicose e parte desta<br />
armazenada como glicogênio, e as proteínas fornecerão os aminoácidos necessários à<br />
hipertrofia muscular.<br />
O anabolismo demanda para sua ocorrência a oferta de energia e substratos<br />
necessários às suas reações, sendo responsável pelo crescimento, regeneração e<br />
manutenção dos diversos tecidos e órgãos presentes no organismo.<br />
Em um pólo diametralmente oposto temos o catabolismo, onde o organismo irá<br />
desmembrar moléculas mais complexas para, assim, obter as moléculas mais simples e,<br />
por intermédio disto aumentar a disponibilidade de nutrientes ao organismo.<br />
Como exemplo de catabolismo, temos o processo de digestão dos alimentos, onde<br />
o organismo realiza o “desmonte” dos nutrientes presentes nos alimentos em moléculas<br />
mais simples que serão posteriormente usadas pelo metabolismo.<br />
As proteínas presentes em uma refeição à base de carnes irão ser desmembradas<br />
em aminoácidos e estes serão lançadas à corrente sanguínea para serem utilizados pelo<br />
organismo.<br />
O catabolismo também ocorre quando o organismo está sem energia suficiente e<br />
busca obter esta por intermédio da destruição de seus próprios tecidos e reservas,<br />
acarretando a liberação de aminoácidos e glicose que serão convertidos em energia.<br />
Durante um treinamento para manter a oferta de energia necessária, o organismo<br />
estará utilizando o processo anteriormente descrito.<br />
Devido a isto, dizemos que ninguém está “crescendo” ou aumentando a sua<br />
performance durante uma sessão de treinamento, já que essa é essencialmente catabólica.<br />
A melhora virá nos períodos de descanso onde o organismo, caso tenha a oferta<br />
adequada de nutrientes, estará em anabolismo.<br />
Anabolismo e Catabolismo acontecem alternadamente no organismo, para aferirmos<br />
o resultado final destas reações teremos que analisar o balanço metabólico.<br />
A diferença entre a quantidade total de anabolismo e a de catabolismo em um período<br />
de tempo determina o balanço metabólico:
a) Caso a quantidade de anabolismo tenha sido maior do que a de catabolismo, teremos<br />
um balanço metabólico positivo.<br />
b) Caso a quantidade de catabolismo tenha sido maior do que a de anabolismo, teremos<br />
um balanço metabólico negativo.<br />
c) Caso a quantidade de anabolismo tenha sido igual à de catabolismo, teremos um<br />
balanço metabólico nulo.<br />
O catabolismo e anabolismo são regulados pelo sistema hormonal, onde alguns<br />
hormônios específicos atuam como sinalizadores e desencadeadores destes estados<br />
metabólicos.<br />
Dentre os principais hormônios catabólicos temos a adrenocorticotropina (ACTH),<br />
que ocasiona a secreção dos hormônios glucocorticóides, dentre os quais figura o tão<br />
conhecido cortisol.<br />
Os principais hormônios anabólicos são o hormônio do crescimento (GH), a<br />
testosterona, a insulina e o IGF-1.<br />
Em nossa próxima edição estarei discutindo a atuação destes hormônios dentro<br />
das reações de catabolismo e anabolismo, para que assim entendamos um pouco mais<br />
sobre estes fascinantes processos metabólicos.<br />
Como Como e eevitar<br />
e vitar o o Ca Cata Ca ta tabolismo ta bolismo<br />
É comum observarmos atletas defendendo sua modalidade esportiva preferida,<br />
colocando-a como a mais completa. É difícil concordar com isto, na visão dos especialistas,<br />
nenhuma modalidade esportiva tem esta dinâmica.<br />
Na maioria dos esportes, predomina apenas uma das 4 capacidades físicas: a<br />
velocidade, a resistência, a força ou a flexibilidade, mas não é por este motivo que devemos<br />
excluir do treinamento capacidades e habilidades menos importantes.<br />
Em uma visão técnico-ciêntifica, o “heteroclonismo” (treinamento modular de<br />
variação) vem mostrando ótimos resultados, melhorando a performance de inúmeros atletas,<br />
que antes apenas treinavam especificamente sua modalidade.<br />
Atletas que praticam modalidades extenuantes como o triatlo e a maratona, por<br />
exemplo, entram constantemente num processo chamado catabolismo (utilização do músculo<br />
como fonte energética), desencadeando alguns problemas como: perda de peso, queda<br />
da resistência orgânica e perda da força muscular.<br />
Uma das formas de evitar o catabolismo seria a prática do treinamento de força que<br />
por sua vez, estimula o anabolismo (construção do músculo). O estímulo provocado na<br />
musculatura através da sobrecarga do exercício aumenta naturalmente a produção dos<br />
hormônios, testosterona, insulina e o GH.<br />
A testosterona é o hormônio sexual masculino, produzida pelos testículos, necessita<br />
para sua construção alem do estímulo da força, uma ingestão adequada de gordura. A insulina<br />
é sintetizada pelo pâncreas a partir de aminoácidos é estimulada pela ingestão de<br />
carboidratos. O hormônio do crescimento (GH), é sintetizado pela hipófise, também a partir<br />
dos aminoácidos, principalmente durante o sono. O cansaço moderado produzido pelos<br />
exercícios, aumenta a faixa de sono, havendo uma maior produção de GH.<br />
27
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
28<br />
O excesso de treino de força também pode causar catabolismo. O<br />
estresse físico e emocional faz com que as glândulas supra-renais secretem<br />
o cortizol, proporcionando a degradação do tecido muscular.<br />
Baixos níveis de glicose durante competições ou treinamentos de longa<br />
duração também colaboram com o catabolismo. Para evitar este processo<br />
de perda de proteína, chamado de balanço hidrogenado negativo,<br />
normalmente relacionado a queda de rendimento do atleta, é aconselhável<br />
uma suplementação de carboidrato durante as atividades acima de 60 minutos. Esta<br />
suplementação é geralmente feita com carboidratos de alta absorção como: maltodextrina,<br />
o carb-up ou exceed gel, entre outros.<br />
É bom lembrar: a ingestão de proteína durante as refeições é fundamental, sendo<br />
necessário aproximadamente 2g de proteína por kg corporal/dia, e pode ser aumentada<br />
em torno de 3g, caso o atleta, além de sua modalidade competitiva, pratique treinamentos<br />
de força.<br />
<br />
[ ]<br />
Para saber mais acesse:<br />
http://pitboorei.vilabol.uol.com.br/nutricao/CATABOLISMO.htm<br />
Metabolismo Energético<br />
Estrutura Morfológica<br />
Mitocôndria: a produção da energia aeróbia<br />
Qualquer mitocôndria é formada por duas unidades de membrana separadas por<br />
um espaço intermembranoso, cada qual com funções e proteínas diferentes associadas à<br />
sua bicamada lipídica. A membrana interna emite numerosas cristas para o interior da<br />
organela, aumentando substancialmente a sua superfície. Nessas cristas podem-se visualizar<br />
ao microscópio eletrônico, em grande aumento, partículas em forma de raquete,<br />
denominadas corpúsculos elementares. São encontrados a intervalos de 10 nm, podendo<br />
haver 104 a 106 corpúsculos por mitocôndria.<br />
Na intimidade da mitocôndria, delimitada pela membrana interna, está a matriz<br />
mitocondrial. A matriz contém material protéico granular de alta densidade, capaz de se<br />
ligar a fosfatos de cálcio e magnésio, precipitando-se na forma de grânulos elétron-densos.<br />
É por isso que as mitocôndrias são o segundo destino preferencial de acúmulo do cálcio<br />
intra<strong>celular</strong> (o primeiro sendo o retículo endoplasmático liso). A matriz possui todas as<br />
enzimas necessárias ao ciclo de Krebs.<br />
A membrana externa mitocondrial é semelhante às demais membranas da célula<br />
eucarionte. A membrana interna possui os elementos da cadeia respiratória necessários<br />
para a respiração aeróbia.
RESPIRAÇÃO AERÓBIA : uma visão do processo<br />
Pode-se dividir a respiração aeróbia em três fases:<br />
- Glicólise<br />
A primeira via do metabolismo energético da glicose é a glicólise. A glicólise ocorre<br />
totalmente por enzimas dissolvidas no hialoplasma. Este processo metabólico não exige<br />
oxigênio <strong>molecular</strong> e pode ocorrer na sua ausência. A glicólise produz duas moléculas de<br />
ATP (por fosforilação pelo nível de substrato) para cada molécula de glicose consumida.<br />
Em geral, nas células, a concentração de glicose é muito menor que a do líquido extra<strong>celular</strong>.<br />
Essa diferença de concentração (=gradiente de concentração) é mantida por regulação<br />
homeostática. Quando as moléculas de glicose adentram no hialoplasma muito rapidamente,<br />
vão para a via de oxidação (glicólise) ou são armazenadas sob a forma de glicogênio.<br />
Como resultado final, a concentração hialoplasmática de glicose é muito baixa, o que faz<br />
com que exista sempre um gradiente de concentração que favorece a difusão de glicose<br />
para o interior da célula. A glicose é uma molécula muito polar, de modo que, mesmo havendo<br />
um gradiente de concentração, ela não atravessa a membrana plasmática. Na maioria dos<br />
tecidos, o transporte de glicose exige a ação do hormônio pancreático insulina, que regula<br />
a entrada de glicose e aminoácidos nas células.<br />
Primeiramente, na glicólise, a molécula de glicose é convertida em glicose-6-fosfato,<br />
numa reação dependente do gasto de ATP. A segunda reação é a conversão da glicose-6fosfato<br />
em frutose-6-fosfato, com o gasto de uma segunda molécula de ATP. Nas diversas<br />
etapas que seguem, a cadeia de seis carbonos da glicose original são quebrados em dois<br />
fragmentos, cada um com três carbonos, as moléculas de gliceraldeído-3-fosfato e estas,<br />
por fim, em duas moléculas de ácido pirúvico ou piruvato. A conversão de duas moléculas<br />
de gliceraldeído em duas de piruvato produz duas moléculas de ATP, duas moléculas de<br />
NADH e 56 kcal de calor. Como duas moléculas de ATP foram gastas no início do processo,<br />
o resultado efetivo é de duas moléculas de ATP para cada molécula de glicose.<br />
A conversão de um mol de glicose em dois moles de piruvato resulta na produção de<br />
dois moles de NADH. Esse NADH deve ser reoxidado para que a glicólise continue. Se o<br />
piruvato vai para a mitocôndria (metabolismo aeróbico), o NAD+ será regenerado por essa<br />
via. Se a célula não possui enzimas para o metabolismo aeróbico ou não há oxigênio<br />
disponível, a célula regenera o NAD+ pela conversão de piruvato em ácido láctico, processo<br />
em que o NADH transfere o hidrogênio para o piruvato. As células musculares esqueléticas,<br />
em ausência de oxigênio <strong>molecular</strong>, podem realizar esta glicólise anaeróbica com produção<br />
final de ácido láctico ou lactato.<br />
Após a glicólise, o piruvato vai para a mitocôndria onde é transformado em grupo<br />
acetil (molécula com dois carbonos), que, por sua vez, é degradado no ciclo de Krebs, onde<br />
se produz mais 36 moléculas de ATP para cada molécula de glicose processada.<br />
- Ciclo de Krebs<br />
O ciclo de Krebs, ou ciclo do ácido cítrico, é uma seqüência circular de oito reações<br />
que ocorre na matriz mitocondrial. Nessas reações, os grupos acetil (que provêm dos dois<br />
piruvatos que, por sua vez, vieram da glicose) são degradados em duas moléculas de gás<br />
carbônico, ao mesmo tempo em que quatro elétrons são transferidos para três NAD e um<br />
FAD, e uma molécula de ATP é formada por fosforilação pelo nível de substrato. A degradação<br />
total dos grupos acetil pelo ciclo de Krebs é explanada na figura a seguir. (figura retirada de<br />
Alberts et al., 1997, p. 661).<br />
29
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
Para entrar no ciclo do ácido cítrico, o piruvato deve ser, primeiramente,<br />
descarboxilado, liberando CO2 e formando NADH. A molécula de gás carbônico produzida<br />
será, tal qual outras resultantes do ciclo de Krebs, excretada no nível dos alvéolos pulmonares,<br />
no processo conhecido como respiração sistêmica. A molécula com dois carbonos (grupo<br />
acetil) combina-se com a coenzima A, formando a acetil-CoA. Radicais acetil provindos de<br />
lipídios também entram no ciclo de Krebs como acetil-CoA. Alguns aminoácidos oriundos<br />
do catabolismo de proteínas podem ser convertidos em intermediários do ciclo de Krebs.<br />
Durante as reações do ciclo, são retirados hidrogênios do acetil e estes são passados<br />
para os nucleotídeos NAD+ e FAD, que levam estes hidrogênios para as cristas<br />
mitocondriais, onde acontece a fosforilação oxidativa, que gera ATP. No processo de<br />
fosforilação oxidativa ocorrem: o transporte de elétrons; a síntese de ATP por meio de uma<br />
enzima; o consumo de oxigênio <strong>molecular</strong> e a produção de moléculas de água.<br />
Cadeia Respiratória e a Fosforilação Oxidativa<br />
A maior parte do ATP formado na respiração <strong>celular</strong> provém do processo de<br />
fosforilação oxidativa que ocorre nas cristas mitocôndrias. Nas membranas internas da<br />
mitocôndria existe uma série de enzimas contendo ferro (chamadas citocromos) que<br />
constituem a cadeia respiratória. Os citocromos da cadeia respiratória, inicialmente,<br />
transferem os elétrons do NADH e do FADH2 para si e, após, cedem estes elétrons para o<br />
oxigênio, reduzindo-o a água. No processo de transporte de elétrons ao longo da cadeia<br />
respiratória, acontece liberação de energia. Parte dessa energia é perdida (dissipada) sob<br />
30
a forma de calor, outra parte é usada para transportar prótons (H+), através da membrana<br />
interna, da matriz até o espaço intermembranoso. Deste modo, a energia é guardada sob a<br />
forma de um gradiente de prótons entre a matriz e o espaço intermembranas. Os prótons<br />
acumulados tendem a voltar para a matriz e o fazem atravessando a enzima ATP-sintase,<br />
situada na membrana interna mitocondrial. A ilustração a seguir (retirada de Alberts et al.,<br />
1997, p. 673) esquematiza a enzima ATP-sintase:<br />
Quando os prótons atravessam a enzima, sua energia é utilizada para produzir ATP<br />
a partir de ADP e um fosfato inorgânico (PO4—).Esta teoria que procura explicar a síntese<br />
de ATP a partir da energia do gradiente de prótons é conhecida como hipótese<br />
quimiosmótica. O fluxo de prótons do gradiente pode ser comparado à água de uma represa<br />
que tem sua energia potencial transformada em energia elétrica quando da passagem da<br />
água por uma turbina.<br />
A próxima figura (retirada de Alberts et al., 1997, p. 674) representa a passagem dos<br />
prótons do gradiente através da ATP-sintase com a conseqüente produção de ATP:<br />
Ao final do transporte de elétrons pela cadeia respiratória, estes elétrons liberaram<br />
uma energia suficiente para, por meio da ATP-sintase, regenerar trinta e seis moléculas de<br />
ATP; somando-se os 36 ATP às duas moléculas de ATP sintetizadas pela glicólise, no<br />
hialoplasma, temos o total de 38 moléculas de ATP formadas a partir da energia química<br />
oriunda de uma molécula de glicose.<br />
31
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
32<br />
A figura seguinte (retirada de Alberts et al., 1997, p. 662) esquematiza<br />
o processo geral da oxidação da glicose pela mitocôndria. Note o detalhe do<br />
transporte de elétrons e a formação do gradiente de prótons e a síntese das<br />
moléculas de ATP.<br />
No catabolismo de lipídios, os ácidos graxos passam a ser a fonte principal de<br />
cadeias carbônicas a serem oxidadas para obter energia para a produção de ATP. Cada<br />
radical de dois carbonos de um ácido graxo gera uma molécula de acetil-CoA ,que entra<br />
para o ciclo de Krebs. Um triglicerídio, por exemplo, é formado por três ácidos graxos unidos<br />
a uma molécula de glicerol. Portanto, a partir de uma única molécula de triglicerídio pode-se<br />
obter muitos grupos acetil, o que faz com que o teor de armazenamento de energia dos<br />
lipídios seja bem maior do que o dos glicídios.<br />
Fermentação<br />
Uma mudança química em matéria animal e vegetal provocada por leveduras<br />
microscópicas, bactérias ou mofos é chamada de fermentação. Exemplos de fermentação<br />
são o azedamento de leite, o crescimento da massa de pão e a conversão de açúcares e<br />
amidos em álcool. Muitas substâncias químicas industriais e vários antibióticos usados em<br />
medicamentos modernos são produzidos através de fermentação sob condições<br />
controladas. O resultado da fermentação é que uma substância seja quebrada em compostos<br />
mais simples. Em alguns casos a fermentação é usada para modificar um material cuja<br />
modificação seria difícil ou muito cara se métodos químicos convencionais fossem<br />
escolhidos. A fermentação é sempre iniciada por enzimas formadas nas celas dos<br />
organismos vivos. Uma enzima é um catalisador natural que provoca uma mudança química<br />
sem ser afetado por isto.<br />
A levedura comum é um fungo composto de minúsculas células tipos vegetais similares<br />
às bactérias. Suas enzimas invertase e zimase quebram açúcar em álcool e gás carbônico.<br />
Elas crescem o pão e transformam suco de uva em vinho. Bactérias azedam o leite<br />
produzindo ácidos láctico e buturico. Células do corpo humano produzem enzimas digestivas,<br />
como pepsina e renina que transformam comida em uma forma solúvel.<br />
Os produtos de fermentação foram usados desde a Antigüidade. Habitantes das<br />
cavernas descobriram que a carne envelhecida tem um sabor mais agradável que a carne<br />
fresca. Vinho, cerveja, e pão são tão velhos quanto a agricultura. Queijo, que envolve a<br />
fermentação de leite ou creme, é outra comida muito antiga. O valor medicinal de produtos<br />
fermentados é conhecido de há muito tempo. Os chineses usavam coalho de feijão-soja<br />
mofado para curar infecções de pele há 3.000 anos atrás. Os índios da América Central<br />
tratavam feridas fétidas com fungos.
A verdadeira causa de fermentação, porém, não era compreendida até o século XIX.<br />
O cientista francês Louis Pasteur, enquanto estudando problemas dos cervejeiros e<br />
vinicultores da França, encontrou que um tipo de levedura produz vinho bom, mas um segundo<br />
tipo torna-o azedo. Esta descoberta conduziu à teoria da origem de doenças de Pasteur.<br />
A química das fermentações é uma ciência nova que ainda está em suas fases mais<br />
iniciais. É a base de processos industriais que convertem matérias-primas como grãos,<br />
açúcares e subprodutos industriais em muitos produtos sintéticos diferentes. Cepas<br />
cuidadosamente selecionadas de mofos, leveduras e bactérias são usadas.<br />
A penicilina é um antibiótico que destrói muitas bactérias causadoras de doenças. É<br />
derivado de um mofo que cresce em uma mistura fermentativa de substâncias<br />
cuidadosamente selecionadas para este propósito. A penicilina industrial e muitos outros<br />
antibióticos se tornaram uma área muito importante da indústria farmacêutica.<br />
O Ácido cítrico é uma das muitas substâncias químicas produzidas por<br />
microorganismos. É usado em limpadores de metal e como um preservativo e agente de<br />
sabor em alimentos. O ácido cítrico é responsável pelo sabor azedo de frutas cítricas. Poderia<br />
ser obtido delas, mas necessitaria muitos milhares de frutos para produzir a quantia de<br />
ácido cítrico atualmente feita pela fermentação de melado com o mofo aspergillus niger.<br />
Um produto de fermentação, Terramicina, é adicionado a rações animais para acelerar<br />
o crescimento dos animais e os proteger de doenças. Certas vitaminas são feitas através<br />
de fermentação de mofos; e as próprias enzimas, extraídas de vários microorganismos,<br />
têm muitos usos na fabricação de alimentos e medicamentos.<br />
Cloroplasto<br />
Nos cloroplastos ocorre a reação da mais fundamental<br />
importância para a vida das plantas e, indiretamente, para a vida<br />
dos animais: a fotossíntese. Os cloroplastos são geralmente<br />
discoidais. Sua cor é verde devido a presença de clorofila. No seu<br />
interior existe um conjunto bem organizado de membranas, as quais<br />
formam pilhas unidas entre si, que são chamadas de grana. Cada<br />
elemento da pilha, que tem o formato de uma moeda, é chamado<br />
de tilacóide. Todo esse conjunto de membranas encontra-se<br />
mergulhado em um fluído gelatinoso que preenche o cloroplasto,<br />
chamado de estroma, onde há enzimas, DNA, pequenos ribossomos e amido. As moléculas<br />
de clorofila se localizam nos tilacóides, reunidas em grupos, formando estruturas chamadas<br />
de “complexos de antena”.<br />
Fotossíntese<br />
Os vegetais clorofilados têm o<br />
equipamento bioquímico necessário para<br />
transformar substâncias pouco energéticas<br />
(CO 2 e H 2 O) em substância rica em energia<br />
(glicose). Na fotossíntese, a energia luminosa<br />
absorvida pela clorofila é transformada em<br />
energia química de ligação, que fica<br />
armazenada no carboidrato.<br />
A luz utilizada nessa formação é<br />
absorvida por uma série de pigmentos. Cada<br />
pigmento absorve determinados<br />
comprimentos de ondas, refletindo os que não<br />
absorve. A cor do pigmento é dada pelo<br />
comprimento de onda refletido, podendo-se<br />
33
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
34<br />
determinar o espectro de absorção de cada pigmento através de um<br />
espectrofotômetro.<br />
Os tipos de pigmentos utilizados na fotossíntese variam nos diferentes<br />
grupos de organismo fotossintetizantes. Nos vegetais superiores, os<br />
pigmentos mais importantes são a clorofila a e a clorofila b, pigmentos verdes<br />
que absorvem a luz no violeta, no azul e no vermelho, refletindo no verde; por<br />
isso, são verdes.<br />
Colocando-se em um gráfico os diferentes comprimentos de onda em função da<br />
taxa em que se processa a fotossíntese, pode-se verificar o espectro de ação da luz na<br />
fotossíntese:<br />
Observando-se os gráficos apresentados, pode-se notar que os picos do espectro<br />
de ação da luz na fotossíntese e os dos espectros de absorção da luz pela clorofila têm<br />
padrão semelhante, evidenciando que a clorofila é o pigmento mais importante na recepção<br />
da luz na fotossíntese.<br />
A absorção da luz pela clorofila se faz com intensidade máxima nas faixas de<br />
comprimento de onda de 450 nm (nanômetros), que é correspondente à luz azul, e 700 nm<br />
que corresponde, à luz vermelha. O nanômetro ainda é muito conhecido como milimícron. A<br />
absorção da luz verde é quase nula. A clorofila reflete-a quase integralmente. E é por isso<br />
que nós a vemos dessa cor.<br />
As curvas indicam:<br />
1. espectro de absorção da luz pela clorofila a;<br />
2. espectro de absorção da luz pela clorofila b;<br />
3. O espectro de ação da fotossíntese não corresponde rigorosamente ao espectro<br />
de absorção da luz pelas clorofilas. Considerando o fenômeno fotossíntese em termos gerais,<br />
a resposta à luz vermelha é maior do que à luz azul. Isso se explica porque os pigmentos<br />
acessórios (xantofila, licopeno e caroteno) absorvem intensamente certas radiações de<br />
forma mais eficiente que as clorofilas, transferindo depois a elas a energia absorvida.<br />
Em certas plantas aquáticas, outros pigmentos, como a ficoeritrina e a ficoxantina,<br />
também absorvem a luz eficientemente. Nesses casos, o espectro de ação da luz na<br />
fotossíntese é diferente daquele apresentado anteriormente, estando os picos de maior<br />
taxa de fotossíntese praticamente coincidentes com os de absorção pelos pigmentos citados.
A equação tradicional da fotossíntese é:<br />
Essa reação, no entanto, não pode mais ser aceita como correta, tendo em vista que<br />
o oxigênio liberado na fotossíntese provém da água e não do gás carbônico. Isto foi<br />
confirmado por um experimento clássico (década de 40), no qual o oxigênio da água foi<br />
18<br />
marcado com o isótopo O, verificando-se que todo o oxigênio liberado na fotossíntese era<br />
isótopo –18.<br />
Dessa forma, a reação aceita é:<br />
Essa equação mostra o processo de síntese de compostos orgânicos a partir de<br />
substâncias inorgânicas, utilizando-se a energia luminosa e com liberação de oxigênio.<br />
Hoje, sabemos que a fotossíntese se processa em duas etapas. Na primeira, a luz<br />
cede energia para a clorofila. Portanto, essa etapa não ocorre sem a presença de luz. Ela é<br />
conhecida como fase luminosa da fotossíntese ou reações de claro. Na segunda etapa, a<br />
energia retida por certos compostos, vai permitir uma série de reações que vão levar ao<br />
aparecimento da glicose. Essa etapa pode ocorrer mesmo na ausência da luz. É a fase<br />
escura ou reações de escuro da fotossíntese.<br />
Fase clara<br />
A fotossíntese é dividida em duas fases: clara e escura. A fase clara, também chamada<br />
de fotoquímica, consiste na incidência da luz solar sob a clorofila A. Elétrons são liberados<br />
e recebidos pela plastoquinona (aceptor primário de elétrons). Estes elétrons passam por<br />
uma cadeia transportadora liberando energia utilizada na produção de ATP. Os elétrons<br />
com menos energia entram na molécula de clorofila A repondo os liberados pela ação da<br />
luz. A molécula de clorofila absorve energia luminosa. Este energia é acumulada em elétrons<br />
que, por este fato, escapam da molécula sendo recolhidos por substâncias transportadoras<br />
de elétrons. A partir daí, estes irão realizar a fotofosforilação, que, dependendo da substância<br />
transportadora, poderá ser cíclica ou acíclica. Em todos os dois processos, os elétrons<br />
cedem energia, que é utilizada para a síntese de ATP através de fosforilação (processo em<br />
que adiciona um fosfato rico em energia no ADP).<br />
Fotofosforilação acíclica<br />
Está relacionada basicamente com a fotólise da água Fotofosforilação cíclica: O<br />
elétron sai da clorofila A, é captado pela ferrodoxina e passa por transportadores de elétrons,<br />
havendo nos cloroplastos. Liberação de energia, que será utilizada na síntese de ATP. É<br />
importante citar que estes processos acontecem simultaneamente nos cloroplastos.<br />
Fase escura<br />
Ocorre no estroma dos cloroplastos e é nesta fase que se forma a glicose, pela<br />
reação inicial entre o gás carbônico atmosférico e um composto de 5 carbonos, a ribulose<br />
difosfato (RDP), que funciona como “suporte” para a incorporação do CO 2 .<br />
35
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
36<br />
Ciclo de Calvin<br />
A molécula de CO 2 se liga ao suporte de RDP desencadeando um<br />
ciclo de reações no qual se formam vários compostos de carbono. Para<br />
formação de uma molécula de glicose é necessário que ocorram 6 ciclos<br />
destes. Os átomos de Hidrogênio da água são adicionados a compostos de<br />
carbonos, obtidos a partir de CO 2 , havendo uma redução de gás, com produção<br />
de glicose.<br />
Plantas C4<br />
O mecanismo de fixação do CO 2 não representa o único, descoberto por Calvin,<br />
utilizado pelas plantas verdes para fixar este elemento. Em 1960, foram encontradas<br />
evidências de que o primeiro produto fotossintético da cana de açúcar não era o PGA de 3<br />
carbonos, mas um composto de 4 carbonos. Este aspecto se distingue das plantas C 3 nas<br />
quais o produto intermediário da fotossíntese é um composto de 3 carbonos, o PGA.<br />
Plantas Canr<br />
Um terceiro modo de fixação, a fotossíntese com metabolismo ácido evoluiu<br />
independentemente em muitas plantas como os cactos. Utilizam-se também moléculas de<br />
4 carbonos. Nestas plantas, os ácidos málicos e isocítrico acumulam-se nas plantas durante<br />
a noite e são novamente convertidos em gás carbônico na presença de luz. Este processo<br />
é claramente favorável em condições de alta luminosidade e escassez de água. Estas plantas<br />
dependem muito deste processo, pelo fato de seus estômatos estarem fechados durante o<br />
dia a fim de retardar a perda de água. As células estomáticas são as únicas células<br />
epidérmicas que fazem fotossíntese e produzem glicose.<br />
Fatores que afetam a Fotossíntese<br />
A fotossíntese é afetada por vários fatores, tais como a intensidade luminosa, a<br />
temperatura e a concentração de gás carbônico no ar. Por exemplo: em uma planta mantida<br />
em um ambiente com temperatura e concentração de CO 2 constantes, a quantidade de<br />
fotossíntese realizada passa a depender exclusivamente da luminosidade.<br />
Temperatura<br />
Qualquer temperatura abaixo ou acima da “ótima”<br />
resulta em condição limitante para as reações de<br />
fotossíntese. Abaixo da temperatura “ótima” a energia cinética<br />
das moléculas reagentes (CO 2 , H 2 O) é insuficiente para<br />
conseguir o rendimento químico. Acima da “temperatura<br />
ótima” as enzimas vão se desnaturando, podendo até parar<br />
as reações.<br />
Concentração de CO2<br />
No ar atmosférico há uma mistura de gases: N 2 78% ; O 2 21% ; CO 2 0,035%.<br />
A construção do gráfico acima utiliza dados obtidos<br />
em condições experimentais de laboratório. Observa-se que<br />
a concentração ótima é atingida em 0,2% de CO 2 , pois<br />
acima dessa concentração a taxa de fotossíntese já não<br />
poderá melhorar. Conseqüentemente, qualquer<br />
concentração abaixo desse ótimo (0,2%) está funcionando<br />
como limitante para o melhor rendimento do processo.
A concentração do CO 2 no ar atmosférico exerce contribuição importante para a<br />
temperatura ambiente. Os estudiosos estimam que se essa concentração chegar em torno<br />
de 0,05% o calor será suficiente para descongelar parcela das calotas polares, fazendo<br />
subir o nível dos mares, o que provocaria inundações catastróficas.<br />
Intensidade luminosa<br />
Sendo a energia luminosa de natureza ondulatória eletromagnética, a freqüência (ou<br />
comprimento de onda) determina as diferenças de cores no espectro visível, enquanto a<br />
amplitude é responsável pela intensidade luminosa forte ou fraca.<br />
Durante o dia, entre 11 horas e 14 horas, a intensidade luminosa é muito forte, enquanto<br />
ao amanhecer ou ao entardecer essa intensidade é fraca.<br />
A observação do gráfico acima demonstra que as<br />
intensidades luminosas abaixo do ponto de saturação<br />
luminosa são valores limitantes do processo fotossintético.<br />
Acima dessa “intensidade ótima” já não haverá mais<br />
melhoria na taxa de rendimento.<br />
Os fatores analisados estão todos presentes ao<br />
mesmo tempo no ambiente e os componentes limitantes<br />
podem ser dois ou mais concomitantemente. O que se<br />
procura analisar, nas condições naturais, é qual deles estará influindo de maneira mais<br />
decisiva como fator limitante da fotossíntese.<br />
Quimiossíntese<br />
Certas bactérias que vivam no solo são capazes de construir suas cadeias de carbono<br />
a partir de gás carbônico, água e outras substâncias minerais sem utilizar energia luminosa.<br />
Elas provocam a oxidação de substâncias minerais do solo e, então, aproveitam a energia<br />
liberada nessas reações químicas para sintetizar suas substâncias orgânicas da seguinte<br />
maneira:<br />
Se comparado à fotossíntese, este processo, chamado quimiossíntese, representa<br />
uma fração muito pequena do processo de produção de cadeias de carbono. Entretanto,<br />
ele tem importância fundamental no ciclo dos compostos nitrogenados. É graças a um tipo<br />
especial de quimiossíntese que os compostos nitrogenados, originados da decomposição<br />
da matéria orgânica dos cadáveres, podem ser aproveitados pela planta.<br />
Todas as células vivas possuem uma elevada organização interna que é composta<br />
pela associação de substâncias orgânicas e inorgânicas. O estado de organização interna<br />
não é espontâneo nem permanente; e, por ser instável, pode reverter muito facilmente ao<br />
estado inanimado. O que mantém as características que diferem o vivo do não-vivo é uma<br />
entrada constante de energia. Segundo a Termodinâmica, há duas formas de energia: a<br />
energia livre ou utilizável e a entropia ou energia não utilizável.<br />
Em qualquer transformação de energia, a energia livre (mais organizada e<br />
concentrada) tende a passar para uma forma menos organizada e menos concentrada, a<br />
entropia. As células precisam de energia para não se desestruturar e para promoverem<br />
seus processos mecânicos, elétricos, osmóticos, bioquímicos. Mas, ao utilizar esta energia,<br />
a célula a desorganiza e a dissipa, de modo que não pode voltar a usá-la. Portanto, as<br />
células, como unidades metabólicas, precisam de um fluxo de energia exterior que venha<br />
37
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
38<br />
de uma fonte até elas. Pela natureza destas fontes, dividimos os seres vivos<br />
em autótrofos e heterótrofos. Os autótrofos têm a capacidade metabólica de<br />
sintetizarem, para o seu sustento, moléculas orgânicas a partir de substâncias<br />
inorgânicas de baixo peso <strong>molecular</strong>, como a água e o gás carbônico. A<br />
fotossíntese é um exemplo de processo anabólico realizado por seres<br />
autótrofos. Os seres heterótrofos não têm esta capacidade metabólica e, por<br />
isso, precisam obter matéria orgânica pronta para sua nutrição.<br />
[ Agora é hora de<br />
TRABALHAR<br />
]<br />
1. Como podemos comprovar a origem do oxigênio como sendo da fotossíntese?<br />
Explique.<br />
2.Analise a frase abaixo e em, seguida, faça um comentário, justificando.
Núcleo Celular<br />
ESTUDO SOBRE INFORMAÇÕES<br />
GENÉTICAS E BIOTECNOLOGIA<br />
CÉLULA, FLUXO DE INFORMAÇÃO GENÉTICA<br />
Uma das principais características da célula<br />
eucarionte é a presença de um núcleo de forma variável,<br />
porém bem individualizado e separado do restante da<br />
célula.<br />
Ao microscópio óptico o núcleo tem contornos<br />
nítidos, sendo o seu interior preenchido por elementos<br />
figurados. Dentre os elementos distinguem-se o nucléolo<br />
e a cromatina.<br />
Na célula ao lado, nota-se o nucléolo formando<br />
uma estrutura enovelada. Entre as malhas do nucléolo<br />
observa-se a cromatina. No restante do núcleo, a<br />
cromatina está uniformemente dispersa; o envoltório<br />
nuclear é bem visível.<br />
Quando uma célula se divide, seu material<br />
nuclear (cromatina) perde a aparência relativamente<br />
homogênea típica das células que não estão em<br />
divisão e condensa-se numa série de organelas em<br />
forma de bastão, denominadas cromossomos. Nas células somáticas<br />
humanas são encontrados 46 cromossomos.<br />
Há dois tipos de divisão <strong>celular</strong>: mitose e meiose . A mitose é a divisão habitual das<br />
células somáticas, pela qual o corpo cresce se diferencia e realiza reparos. A divisão mitótica<br />
resulta normalmente em duas células-filhas, cada uma com cromossomos e genes idênticos<br />
aos da célula-mãe. A meiose ocorre somente nas células da linhagem germinativa e apenas<br />
uma vez numa geração. Resulta na formação de células reprodutivas (gametas), cada uma<br />
das quais tem apenas 23 cromossomos.<br />
O Ciclo Celular e Replicação do DNA<br />
Em organismos uni<strong>celular</strong>es, a célula cresce ao absorver substâncias do meio e<br />
utilizando esses materiais na síntese de compostos <strong>celular</strong>es. Quando essas células atingem<br />
um dado tamanho dividem-se, obtendo-se duas células filhas com metade do tamanho, que<br />
crescerão e assim sucessivamente.<br />
Em organismos multi<strong>celular</strong>es, pelo contrário, a divisão <strong>celular</strong> e o aumento do volume<br />
<strong>celular</strong>es são os meios pelo qual o organismo cresce. Em todos os casos, as células filhas<br />
são geneticamente iguais à célula progenitora.<br />
39
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
40<br />
A divisão <strong>celular</strong> consiste em dois processos sobrepostos ou<br />
consecutivos: mitose e citocinese. A mitose origina dois núcleos geneticamente<br />
idênticos, enquanto a citocinese separa o citoplasma, colocando os núcleos<br />
filhos em células separadas.<br />
As células que se dividem ativamente passam por uma seqüência<br />
definida de acontecimentos, que se designa ciclo <strong>celular</strong>. Dependendo do<br />
tipo de célula, o ciclo requererá tempos diferentes. Fatores externos, como a<br />
temperatura ou a disponibilidade de nutrientes também afeta a duração do ciclo e respectivas<br />
etapas.<br />
O ciclo <strong>celular</strong> divide-se em interfase e mitose (ocupando geralmente entre 5 e 10%<br />
do ciclo).<br />
A interfase, ou seja, a fase entre duas divisões mitóticas, já foi considerada a fase de<br />
repouso da célula, mas tal não é, de todo, verdade. Esta parte do ciclo pode ser subdividida<br />
em três partes:<br />
Fase G 1 - a designação desta etapa<br />
deriva de gap = intervalo, e decorre<br />
imediatamente após a mitose. É um<br />
período de intensa atividade bioquímica,<br />
no qual a célula cresce em volume e o<br />
número de organitos aumenta. Para que<br />
a célula passe para a fase seguinte do<br />
ciclo é necessário que atinja um ponto<br />
crítico designado ponto de restrição ou<br />
start, momento em que se dão mudanças<br />
internas;<br />
Fase S - esta é a fase de síntese (S) de<br />
DNA e, aparentemente, requer um sinal<br />
citoplasmático para que se inicie. Cada cromossomo<br />
é duplicado longitudinalmente, passando a ser formado<br />
por dois cromatídeos. Nesta etapa, numerosas proteínas (histonas, por exemplo) são<br />
igualmente sintetizadas;<br />
Fase G 2 - esta fase conduz diretamente à mitose e permite formar estruturas com ela<br />
diretamente relacionadas, como as fibras do fuso acromático.
Processos de Divisão Celular<br />
Mitose<br />
A mitose é um processo contínuo, mas geralmente considera-se, por uma questão<br />
de facilidade, quatro etapas: Prófase, Metáfase, Anáfase e Telófase. No decorrer destas<br />
etapas, o material genético sintetizado na fase S do ciclo <strong>celular</strong> é dividido igualmente por<br />
dois núcleos filhos. Este processo está associado à divisão de células somáticas.<br />
A mitose é iniciada apenas em presença de um fator promotor da mitose (MPF)<br />
protéicos citoplasmáticos, que provoca a condensação dos cromossomos. As variações<br />
de concentração de MPF estão relacionadas com as variações de uma outra proteína<br />
conhecida por ciclina. Aparentemente, quando a ciclina atinge uma certa concentração no<br />
citoplasma, o MPF é ativado. Durante a mitose a ciclina é rapidamente destruída, aumentando<br />
novamente durante o ciclo seguinte.<br />
Um dos primeiros sinais do próximo início da mitose é o surgimento de uma faixa<br />
relativamente densa de microtúbulos logo abaixo da membrana citoplasmática. Esta faixa<br />
envolve o núcleo num plano que corresponderá ao plano equatorial do fuso acromático<br />
mitótico. Esta faixa desaparece após a formação do fuso acromático, mas corresponderá<br />
ao local onde se forma a separação entre as duas células filhas.<br />
A duração da mitose varia com o tipo de célula, de tecido e de organismo. Em células<br />
vegetais de raiz de Angiospérmica, os tempos medidos foram os seguintes: Prófase 1-2<br />
horas, Metáfase 5-15 minutos, Anáfase 2-10 minutos e Telófase 10-30 minutos. Ainda neste<br />
tipo de célula, a interfase pode durar de 12 a 30 horas.<br />
As etapas da mitose, propriamente dita, decorrem da seguinte forma:<br />
Prófase - vista ao M.O.C. a transição entre a fase G 2 e a Prófase não é nítida. Durante<br />
esta etapa, a mais longa de todo o processo mitótico, a cromatina condensa-se gradualmente<br />
em cromossomos bem definidos. Durante este processo é visível que cada cromossomo é<br />
compostos por dois cromatídeos enrolados um no outro, pois o DNA foi duplicado durante a<br />
fase S. No final da Prófase os cromatídeos estão visíveis lado a lado, unidos pelo centrômero,<br />
uma seqüência específica de DNA que ligará a molécula às fibras do fuso acromático. A<br />
presença do centrômero divide cada cromatídeo em dois braços. É durante esta fase que<br />
surge em volta do núcleo a chamada zona clara, que contém os microtúbulos. Estes,<br />
inicialmente, estão orientados ao acaso, mas no fim da etapa estão alinhados paralelamente<br />
á superfície do núcleo, ao longo do eixo do fuso acromático. O nucléolo desintegra-se e,<br />
determinando o final da etapa, o envelope nuclear desaparece;<br />
Metáfase - esta etapa inicia-se com a formação do fuso acromático, uma estrutura<br />
tridimensional larga no centro e afilada nas extremidades, que ocupa a área anteriormente<br />
ocupada pelo núcleo. As fibras do fuso são feixes de microtúbulos e vão-se ligar a complexos<br />
protéicos especializados - cinetócoros - desenvolvidos nos centrômeros durante a Prófase.<br />
Estes microtúbulos dos cinetócoros estendem-se, juntamente com os microtúbulos polares,<br />
para os pólos da célula. Através deles vai ocorrer o alinhamento dos cromossomos no centro<br />
do fuso, formando a placa equatorial. Nesta situação os cromatídeos estão em posição de<br />
se separarem. O alinhamento das fibras do fuso acromático ocorre a partir dos centros de<br />
organização dos microtúbulos. Em animais e protistas, esse centro organizador é o<br />
centrossoma, uma nuvem de material amorfo que rodeia o par de centríolos. Em células<br />
vegetais, que não contêm centrossoma, os organizadores existem e garantem a formação<br />
do fuso, mesmo que os pólos sejam pouco definidos;<br />
41
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
42<br />
Anáfase - esta etapa, muito breve, começa bruscamente, com a<br />
separação simultânea de todos os cromatídeos pelos centrômeros. Cada<br />
cromatídeo toma, agora, para si a designação de cromossomo. À medida<br />
que os cinetócoros se deslocam em direção a pólos opostos, os braços dos<br />
cromossomos são arrastados, sendo as pontas dos braços mais longos as<br />
últimas a serem separadas. Este movimento em direção aos pólos parece<br />
dever-se ao encurtamento dos microtúbulos junto ao cinetócoro, como se este<br />
“comesse” o caminho ao longo das fibras. No final da Anáfase dois conjuntos idênticos de<br />
cromossomos encontram-se em cada pólo;<br />
Telófase - nesta etapa final da mitose, a separação dos dois conjuntos de<br />
cromossomos é finalizada pela formação da membrana nuclear, a partir de retículo<br />
endoplasmático rugoso. O fuso acromático desaparece e os cromossomos relaxam<br />
novamente, tornando-se indistintos. O nucléolo é reconstituído e cada núcleo entra na<br />
interfase.<br />
Tal como referido anteriormente, a citocinese é um processo que se sobrepõe à<br />
mitose e corresponde à divisão do citoplasma.<br />
Na maioria das células, decorre por invaginação da parede <strong>celular</strong> (se presente) e<br />
pela constrição da membrana citoplasmática. No entanto, em células vegetais, a separação<br />
ocorre através da formação do fragmoplasto.<br />
Esta estrutura é um sistema de fibras semelhantes às do fuso, formadas por<br />
microtúbulos, mas organizados perpendicularmente ao eixo do fuso. A esta rede de fibras<br />
vêm juntar-se vesículas do Golgi contendo substâncias pépticas para formar a lamela média.<br />
As suas membranas fundem-se para formar a membrana plasmática em formação, do centro<br />
para o exterior, em direção à parede <strong>celular</strong> já existente. Os plasmodesmos forma-se<br />
igualmente neste momento, quando túbulos de retículo endoplasmático liso são apanhados<br />
nomeio desta rede. Por último, cada célula filha deposita a sua parede <strong>celular</strong> sobre a<br />
lamela média assim formada.
Meiose<br />
A meiose ocorre apenas em células diplóides especializadas e apenas em ocasiões<br />
determinadas do ciclo de vida de um organismo. Através deste fenômeno nuclear, uma<br />
única célula diplóide dá origem a quatro células haplóides, designadas gametas ou esporos.<br />
Um gameta é uma célula que se une a outra semelhante para formar um zigoto<br />
diplóide. Pelo contrário, um esporo pode formar um organismo haplóide sem se fundir com<br />
outra célula.<br />
A meiose consiste em duas divisões nucleares sucessivas, designadas I e II. Cada<br />
uma destas divisões apresenta na sua essência as mesmas etapas que a mitose:<br />
Prófase I - nesta etapa os pares de cromossomos tornam-se visíveis com longos<br />
filamentos delgados. Tal como na mitose, já foram duplicados durante a interfase precedente,<br />
logo são constituídos por dois cromatídeos unidos pelo centrômero. No entanto, nesta fase,<br />
o grau de condensação é tal que parecem estruturas unas. Os cromossomos homólogos<br />
emparelham de forma muito precisa, que se inicia em vários pontos e depois vão progredindo<br />
como um zíper que se fecha. Cada homólogo provém de um progenitor diferente. Este<br />
emparelhamento - sinapse - é fundamental para a ocorrência de meiose, pelo que este<br />
fenômeno não pode ocorrer em células haplóides. Nesta altura, os pares de homólogos<br />
designam-se bivalentes. Durante a sinapse, pedaços de cromatídeos soltam-se e voltam a<br />
ligar-se, ao acaso, entre os quatro cromatídeos presentes, processo designado crossingover.<br />
Estas trocas podem ser vistas ao microscópio pela formação de figuras em forma de<br />
X designadas quiasmas. Ao longo da Prófase os quiasmas e sinapses desaparecem, tal<br />
como o nucléolo;<br />
Metáfase I - nesta etapa, tal como na mitose, o fuso acromático torna-se visível e os<br />
microtúbulos ligam-se aos centrômeros dos bivalentes. Estes cromossomos emparelhados<br />
deslocam-se, então, para o centro da célula formado a placa equatorial, agora com cada<br />
centrômero do par em lados opostos da placa;<br />
Anáfase I - esta etapa inicia-se com a separação dos cromossomos homólogos,<br />
que se deslocam para pólos opostos da célula;<br />
Telófase I - nesta etapa a espiralização dos cromossomos diminui, dando-lhes uma<br />
aparência alongada. Novas membranas nucleares são sintetizadas a partir de retículo<br />
endoplasmático rugoso enquanto se para gradualmente para a interfase. Finalmente, o fuso<br />
acromático desaparece e o nucléolo reorganiza-se. Saliente-se, no entanto, que estes<br />
acontecimentos podem não ser tão distinto, passando diretamente da Telófase I para a<br />
Prófase II;<br />
Prófase II - no início da segunda divisão, as cromátides continuam unidos pelo<br />
centrômero, pelo que esta divisão se parece muito com a mitose. Se a membrana nuclear<br />
tiver sido refeita na Telófase I, irá desaparecer, tal como o nucléolo, e os cromossomos irão<br />
condensar novamente;<br />
Metáfase II - forma-se novamente o fuso acromático e os cromossomos alinham-se<br />
na placa equatorial;<br />
Anáfase II - os centrômeros dividem-se e afastam-se, levados pelos microtúbulos<br />
do fuso acromático, levando os cromossomos simples para cada um dos pólos;<br />
43
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
44<br />
Telófase II - reorganização da membrana nuclear e nucléolo, com<br />
relaxação dos cromossomos, formando núcleos interfásicos.<br />
Conseqüências da Meiose<br />
Durante a meiose, o material nuclear foi duplicado uma vez e dividido duas vezes,<br />
pelo que cada célula filha apresenta metade do número de cromossomos da célula diplóide<br />
inicial.<br />
No entanto, mais importante que a redução do número de cromossomos é a<br />
conseqüência genética do processo:<br />
- Na metáfase I, a orientação ao acaso dos bivalentes causa uma mistura de material<br />
materno e paterno pelos dois núcleos filhos;<br />
- Devido ao crossing-over, cada cromossomo contém genes de origem materna e<br />
paterna.<br />
Se a célula inicial apresentar dois pares de cromossomos, existirão 4<br />
combinações possíveis; se tiver três pares, serão 8; e se forem 4 pares de cromossomos,<br />
16 combinações possíveis. A fórmula geral será 2n, o que na espécie humana corresponde<br />
a 223 combinações possíveis, ou seja, 8388608 possibilidades (e existem muitos<br />
organismos com número superior de pares de cromossomos!). Acresce ainda o crossingover<br />
para baralhar as coisas e pode-se considerar impossível que uma célula resultante de<br />
meiose seja igual á célula que lhe deu origem.<br />
A meiose difere da mitose em três aspectos fundamentais:<br />
- Consiste em duas divisões sucessivas, originando 4 núcleos;<br />
- Cada um dos 4 núcleos é haplóide, contendo metade do número de cromossomos<br />
da celula-mãe diplóide;<br />
- Os núcleos haplóides produzidos contêm combinações gênicas inteiramente novas.
Por este motivo, as conseqüências genéticas e evolutivas da meiose são<br />
profundas. Devido á meiose e á fecundação os organismos diplóides existem numa<br />
variedade de formas, mesmo os da mesma espécie.<br />
Citogenética Humana<br />
Resumindo...<br />
Os cromossomos Humanos<br />
Nas células somáticas humanas são encontrados 23 pares de cromossomos. Destes,<br />
22 pares são semelhantes em ambos os sexos e são denominados autossomos. O par<br />
restante compreende os cromossomos sexuais, de morfologia diferente entre si, que<br />
recebem o nome de X e Y. No sexo feminino existem dois cromossomos X, e no masculino<br />
existem um cromossomo X e um Y.<br />
Cada espécie possui um conjunto cromossômico típico ( cariótipo ) em termos do<br />
número e da morfologia dos cromossomos. O número de cromossomos das diversas<br />
espécies biológicas é muito variável. A figura abaixo ilustra o cariótipo feminino humano<br />
normal:<br />
45
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
46<br />
O estudo morfológico dos cromossomos mostrou que há dois<br />
exemplares idênticos de cada em cada célula diplóide. Portanto, nos núcleos<br />
existem pares de cromossomos homólogos . Denominamos n o número básico<br />
de cromossomos de uma espécie, portanto as células diplóides apresentarão<br />
em seu núcleo 2 n cromossomos e os haplóides n cromossomos. Cada<br />
cromossomo mitótico apresenta uma região estrangulada denominada<br />
centrômero ou constrição primária que é um ponto de referência citológico<br />
básico dividindo os cromossomos em dois braços: p (de petti) para o braço curto e q para<br />
o longo. Os braços são indicados pelo número do cromossomo seguido de p ou q; por<br />
exemplo, 11p é o braço curto do cromossomo 11.<br />
Além da constrição primária descrita como centrômero, certos cromossomos<br />
apresentam estreitamentos que aparecem sempre no mesmo lugar: São as constrições<br />
secundárias.<br />
De acordo com a posição do centrômero, distinguem-se alguns tipos gerais de<br />
cromossomos:
Metacêntrico: Apresenta um centrômero mais ou menos central e braços de<br />
comprimentos aproximadamente iguais.<br />
Submetacêntrico: O centrômero é excêntrico e apresenta braços de comprimento<br />
nitidamente diferentes.<br />
Acrocêntrico: Apresenta centrômero próximo a uma extremidade. Os cromossomos<br />
acrocêntricos humanos (13, 14, 15, 21, 22) têm pequenas massas de cromatina conhecidas<br />
como satélites fixadas aos seus braços curtos por pedículos estreitos ou constrições<br />
secundárias.<br />
Cromossomos Sexuais e Determinação do Sexo<br />
Tjio e Levan estabeleceram, em 1956, que o número diplóide correto de<br />
cromossomos do cariótipo humano era 46, sendo composto de 23 pares de cromossomos<br />
homólogos: 22 pares autossomas + XY (no sexo masculino) ou XX (no sexo feminino). Três<br />
anos mais tarde, foi descoberta uma alteração no cariótipo normal, era um trissomia em<br />
indivíduos portadores da síndrome de Down (comentada a seguir), descoberta por Lejeune.<br />
Foi a partir de então que foi possível explicar aproximadamente 12 síndromes<br />
congênitas humanas e demonstrar que cerca de 5 entre 1000 recém-nascidos apresentam<br />
algum tipo de aberração cromossômica.<br />
Técnica de cariotipagem<br />
Diversas técnicas são usadas no estudo do cariótipo humano, são empregadas<br />
culturas de fibroblastos de medula óssea, sangue periférico e pele. As mitoses são<br />
bloqueadas com colchicina (substância que bloqueia a formação dos microtúbulos do fuso)<br />
durante a metáfase. O cariótipo é habitualmente obtido através de fotomicrografia.<br />
Cada cromossomo é recortado e alinhado com o seu homólogo em uma ordem<br />
decrescente de tamanho. Esta técnica é facilitada pela determinação do índice centromérico,<br />
razão entre os comprimentos dos braços longos e curtos do cromossomo.<br />
É possível a obtenção de células para cariotipagem e diagnóstico de aberrações<br />
cromossômicas mesmo antes do nascimento da criança. Isto é possível através da<br />
amniocentese, ou seja, punção da parede uterina com uma agulha para obtenção do fluido<br />
amniótico, que é analisado para determinar se o feto possui alguma aberração e até mesmo<br />
o sexo deste.<br />
Cromossomas sexuais<br />
Um dos sexos possui um par de cromossomos sexuais idênticos (XX). No caso do<br />
ser humano é o sexo feminino; o outro pode ter um único cromossomo sexual, que pode<br />
encontrar-se não-pareado (XO) ou pareado com um cromossomo Y (XY). No caso do ser<br />
humano é o sexo masculino.<br />
Os gametas humanos não são idênticos no que diz respeito aos crimissimas sexuais.<br />
Os indivíduos do sexo masculino (XY) produzem 50% de gametas que transportam o<br />
cromossomo X e 50% de gametas que transportam o cromossomo Y, enquanto os indivíduos<br />
do sexo feminino (XX) só produzem gametas que transportam o cromossomo X, por esta<br />
razão, os indivíduos do sexo masculino são chamados de sexo heterogamético sendo que<br />
eles determinam o sexo da prole.<br />
Cromatina X<br />
Em 1949, Barr e Bertram descobriram que no núcleo interfásico de células de<br />
indivíduos do sexo feminino existe um pequeno corpúsculo de cromatina que não aparece<br />
nas células do sexo masculino. Este corpúsculo foi chamado de cromatina sexual ou<br />
47
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
48<br />
corpúsculo de Barr e a partir da conferência de Paris, cromatina X. A cromatina<br />
X pode ser encontrada em diferentes posições no núcleo, ela deriva de um<br />
dos cromossomos X presentes na célula, o número de cromatina X é dado<br />
por: nX - 1, ou seja, número de cromossomos X menos uma unidade. Por<br />
exemplo, um indivíduo normal do sexo feminino (XX) possui apenas 1 cromatina<br />
X. nX = 2.<br />
Cromatina Y<br />
Estudos realizados com cromossomos Y revelaram que grande parte do cromossomo<br />
Y é heterocromático, e aparece na interfase como um corpúsculo altamente fluorescente,<br />
denominado cromatina Y. O número de cromatina Y é igual ao número de cromossomos Y,<br />
por exemplo um indivíduo XYY tem 2 cromatina Y.<br />
Anormalidades Cromossômicas<br />
Anomalias cromossômicas<br />
O funcionamento normal do sistema genético depende da estabilidade do material<br />
genético contido nos cromossomas. O cariótipo pode modificar-se levando a alterações<br />
genéticas, tais alterações podem ser no número de cromossomas quanto na sua estrutura.<br />
As alterações no número de cromossomos pode levar a euploidia ou aneuploidia. A<br />
euploidia é uma modificação onde todos os cromossomos do cariótipo estão aumentados<br />
ou diminuídos. E a aneuploidia é uma alteração no fato da presença de números anormais<br />
de um ou mais cromossomos do cariótipo.<br />
A aneuploidia pode ser resultado de uma falha na separação de um par de<br />
cromossomas¹ durante a meiose. Nos indivíduos ditos monossômicos, um dos cromossomos<br />
do par não chegou ao pólo da célula; e nos trissômicos, existe um cromossoma a mais,<br />
existindo 3 cromossomas do mesmo tipo. Quando a não-disjunção ocorre na meiose, todas<br />
as células ficam comprometidas, ou seja, todas as células apresentam o mesmo cariótipo,<br />
cariótipo anormal. Caso a não-disjunção ocorra na mitose, somente certas células somáticas<br />
são anormais.<br />
Alterações no número de cromossomas<br />
Síndrome de Down<br />
A síndrome de Down é uma anomalia cromossômica ligada à presença de um<br />
cromossomo idêntico aos do par 21, por esta razão a Síndrome de Down é chamada de<br />
trissomia do 21. É a mais freqüente das anomalias cromossômicas.<br />
O portador da Síndrome de Down apresenta um fenótipo característico: fenda<br />
palpebral oblíqua, baixa estatura, cabelos lisos e macios, retardo no desenvolvimento mental<br />
e outras.
Síndrome de Klinefelter<br />
A síndrome de Klinefelter é causada pela constituição genética anômala. O cariótipo<br />
mais freqüente é do tipo 47, XXY. Os indivíduos portadores desta síndrome apresentam<br />
pênis normal ou diminuído, testículos sempre pequenos e duros, são estéreis.<br />
Síndrome de Turner<br />
Caracterizada pela falta total ou parcial de um cromossomo X. O cariótipo é do tipo<br />
45,XO, fenotipicamente são fêmeas. Os portadores apresentam estatura retardada, ovários<br />
rudimentares, não apresentam menstruação e não apresentam características sexuais<br />
secundárias.<br />
Alterações na estrutura dos cromossomos<br />
A aberração cromossômica é uma desorganização na estrutura cromossômica que<br />
pode ser observada ao microscópio. Quando ocorre uma mutação gênica, ocorre alteração<br />
na seqüência de bases do DNA; tais alterações podem ser observadas através da<br />
expressão do gene, podendo ser intra ou intercromossômicas.<br />
As principais aberrações cromossômicas são:<br />
· Deleção ou deficiência: envolve a perda de material cromossômico;<br />
· Duplicação: um segmento do cromossoma é representado duas ou mais vezes, se o<br />
fragmento duplicado incluir o centrômero ele pode ser incorporado ao cariótipo como um<br />
cromossoma extra;<br />
· Inversão: envolve a inversão de 180° de um segmento cromossômico.<br />
Considerações sobre o material genético da célula<br />
49
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
50
Manipulação Gênica:Avanços e Ética na<br />
Pesquisa de Células-tronco Adultas<br />
Voltando à definição geral de células-tronco, tem-se que é uma célula com capacidade<br />
de auto-renovação ilimitada e/ou prolongada, capaz de produzir pelo menos um tipo<br />
altamente diferenciado de célula que tem a capacidade de se dividir em células idênticas a<br />
ela ou em diferentes tipos de células. As CTs embrionárias são as células-tronco mais<br />
primordiais, possuindo a capacidade de se diferenciar em qualquer tipo de tecido. Contudo,<br />
outros tipos de células-tronco existem em diferentes tecidos. Para que haja a distinção<br />
entre elas e as CTs embrionárias, chamam-nas de CTs adultas. Dentre as mais conhecidas,<br />
existem as células-tronco hematopoiéticas, na medula óssea, que dão origem a todos os<br />
tipos de células do sangue.<br />
Podemos encontrar as CTs adultas em diferentes tecidos, e cada um deles dá origem<br />
aos diferentes tipos <strong>celular</strong>es que constituem aquele tecido. Essa CTs tecido-específicas<br />
são responsáveis pela regeneração parcial que nossos órgãos sofrem ao longo da nossa<br />
vida, dividindo-se em outras células-tronco e em células mais diferenciadas daquele tecido.<br />
Até 1999, acreditava-se que, uma vez que uma CT tivesse sido programada para produzir<br />
um determinado tecido, seu destino estava selado, e ela não poderia se reprogramar para<br />
produzir outro tipo de tecido. Desde então, uma série de experimentos vem demonstrando<br />
que as CTs adultas são mais maleáveis do que imaginava-se. Por exemplo, em<br />
camundongos, células-tronco do cérebro são capazes de se diferenciar em vários tipos<br />
diferentes de células. E células do músculo, quando transplantadas em camundongos<br />
irradiados, conseguem reconstituir toda a linhagem de células hematopoiéticas desses<br />
animais.<br />
As CTS hematopoiéticas parecem ser ainda mais reprogramáveis. Essas células<br />
retiradas de crianças e adultos podem ser transformadas no laboratório em células<br />
precursoras de cérebro e de fígado, e em células do músculo, osso e cartilagem. Já existem<br />
diversos testes clínicos de terapia reparadora em seres humanos de enfarto utilizando as<br />
CTS de diferentes tecidos. Os primeiros resultados mostraram que essas células são<br />
51
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
52<br />
capazes de diferenciar-se em células do músculo cardíaco, regenerando<br />
parcialmente esse músculo em um coração enfartado.<br />
O sangue do cordão umbilical e da placenta de recém-nascidos são<br />
tipos de tecido particularmente ricos em CTs hematopoiéticas. Como ainda<br />
são células imaturas, as CTs do sangue contido no cordão umbilical causam<br />
menos reação imunológica e, dessa forma, apresentam um menor risco de<br />
rejeição nesses transplantes. Ao nascimento, são coletados de 80 a 100<br />
mililitros desse sangue contido no cordão umbilical e na placenta, que podem ser estocados<br />
e congelados a – 135º C. Dessa forma, em muitos países, inclusive no Brasil, foram criados<br />
bancos de sangue de cordão umbilical para servir de fonte de doação para transplantes de<br />
medula óssea.<br />
Como as derivadas da medula óssea, as CTs do sangue do cordão umbilical também<br />
podem se diferenciar em outros tipos de células em cultura, representando uma fonte potencial<br />
de CTs adultas para transplante. Por isso, algumas empresas já oferecem o serviço de<br />
coleta e estoque dessas células, retiradas do sangue do cordão umbilical e da placenta<br />
logo após o nascimento da criança. Caso o indivíduo necessite durante sua vida de um<br />
transplante de medula óssea, essas células podem ser utilizadas como fonte de transplante,<br />
sem que se corra o risco de rejeição.<br />
Quem sabe se no futuro essas células também não possam servir como fonte para<br />
transplantes de outros tecidos, promovendo a regeneração de órgãos?<br />
CTs Embrionárias ou Adultas?<br />
Assim como as CTs embrionárias, as CTs adultas possuem um grande potencial<br />
terapêutico. Contudo, podem ser isoladas de tecidos do próprio paciente, eliminando o<br />
problema da rejeição e da destruição de embriões.<br />
Se essas células-tronco são tão versáteis e não é preciso nenhum embrião para<br />
obtê-las, por que não trabalhar só com elas e deixar as polêmicas CTs embrionárias para<br />
lá? Por algumas razões. Primeiro, porque essas CTs adultas são raras – estima-se, por<br />
exemplo, que somente em cada um milhão de células da medula óssea tenha de fato um<br />
grande potencial de diferenciação em diversos tipos <strong>celular</strong>es. Segundo, ao contrário das<br />
CTs embrionárias, que podem ser multiplicadas quase ilimitadamente no laboratório sem<br />
perder seu potencial de diferenciação, após algum tempo, as CTs adultas perdem sua<br />
capacidade de se dividir e de se diferenciar – isso pode limitar seu uso como fonte de<br />
tecido para transplante. E, finalmente, apesar de essas CTs serem de fato uma fonte de<br />
diferentes tipos de célula, ainda não se sabe se elas podem se diferenciar em qualquer tipo<br />
de célula como as CTs embrionárias. Logo, ainda não se sabe se as CTs adultas serão<br />
substitutas perfeitas para as CTs embrionárias e se devemos continuar investindo em<br />
pesquisas nessas duas categorias de Cts.
1. Leia o artigo abaixo:<br />
[ Agora é hora de<br />
TRABALHAR<br />
]<br />
Condenação por DNA<br />
O ex-policial civil José Pedro da Silva foi condenado na terça-feira 11, em Brasília<br />
pelo Tribunal do Júri, a 15 anos de prisão. Ele matou a estudante Michele de Oliveira Barbosa,<br />
16 anos, em 1998. Foi a primeira condenação do País sem que tenha sido achado o corpo<br />
da vítima – caiu o secular princípio de que não há homicídio sem cadáver. A sentença baseouse<br />
num exame de DNA que comprovou que o sangue encontrado no carro de Silva era da<br />
garota. Eles mantinham um romance sigiloso porque Silva era casado. Michele engravidou,<br />
ele não quis assumir a paternidade e ela ameaçou tornar público o seu envolvimento amoroso<br />
fora do casamento. Por isso morreu.<br />
Revista Isto é, pág.24, nº 1781- 19/11/2003.<br />
Com base no texto, apresente justificativas científicas que levam o perito criminal a<br />
ter respostas que auxiliam em investigações de crimes como o citado no artigo, tendo como<br />
parâmetro os estudos sobre o material genético da célula.<br />
2.Os ribossomos são estruturas formadas por proteínas associadas a um tipo de ácido<br />
nucléico, denominado ácido ribonucléico ribossômico (RNA r). Sabendo que os ribossomos<br />
tem a formação de RNA e proteínas, sintetizados pelos processos de transcrição e tradução,<br />
respectivamente. Justifique o que acontecerá com esses processos, se ocorrer uma<br />
inativação na Região Organizadora do Nucléolo.<br />
53
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
54<br />
BIOTECNOLOGIA E ENGENHARIA GENÉTICA<br />
Mapeamento Genético e Projeto Genoma Humano<br />
O Projeto Genoma Humano é um empreendimento internacional, iniciado formalmente<br />
em 1990 e projetado para durar 15 anos, com os seguintes objetivos:<br />
- Identificar e fazer o mapeamento dos cerca de 80 mil genes que se calculava<br />
existirem no DNA das células do corpo humano;<br />
- Determinar as seqüências dos 3 bilhões de bases químicas que compõem o DNA<br />
humano;<br />
- Armazenar essa informação em bancos de dados, desenvolver ferramentas<br />
eficientes para analisar esses dados e torná-los acessíveis para novas pesquisas biológicas.<br />
Como parte deste empreendimento, paralelamente está sendo desenvolvido estudos<br />
com outros organismos selecionados, principalmente microorganismos, visando desenvolver<br />
tecnologia e também como auxílio ao trabalho de interpretar a complexa função genética<br />
humana. Como existe uma ordem subjacente a toda a diversidade da vida e como todos<br />
os organismos se relacionam através de semelhanças em suas seqüências de DNA, o<br />
conhecimento adquirido a partir de genomas não-humanos freqüentemente leva às novas<br />
descobertas na <strong>biologia</strong> humana.<br />
O que significa mapeamento e<br />
seqüenciamento do genoma?<br />
O PGH tem como um objetivo principal construir uma série de diagramas descritivos<br />
de cada cromossomo humano, com resoluções cada vez mais apuradas. Para isso, é<br />
necessário dividir os cromossomos em fragmentos menores para que possam ser<br />
propagados e caracterizados; e, depois, ordenar estes fragmentos de forma a<br />
corresponderem às suas respectivas posições nos cromossomos (mapeamento).<br />
Depois de completo o mapeamento, o passo seguinte é determinar a seqüência<br />
das bases de cada um dos fragmentos de DNA já ordenados. O objetivo é descobrir todos<br />
os genes na seqüência do DNA e desenvolver meios de usar esta informação para estudo<br />
da <strong>biologia</strong> e da medicina.<br />
Um mapa genômico descreve a ordem dos genes ou de outros marcadores e o<br />
espaçamento entre eles, em cada cromossomo. Existem mapas de baixa resolução, como<br />
os mapas de associações genéticas, que indicam as posições relativas dos marcadores<br />
de DNA (genes e outras seqüências identificáveis de DNA) através de seus padrões de<br />
hereditariedade; e existem os mapas físicos, que descrevem as características químicas<br />
da própria molécula de DNA. Um nível maior de resolução é obtido associando-se os genes<br />
a cromossomos específicos.<br />
Quem participa do PGH?<br />
O projeto Genoma Humano começou como uma iniciativa do setor público, tendo a<br />
liderança de James Watson, na época chefe dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA<br />
(NIH). Numerosas escolas, universidades e laboratórios participam do projeto usando
ecursos do NIH e Departamento de Energia norte-americano. Só este órgão financia cerca<br />
de 200 investigadores separados nos EUA.<br />
Em outros países, grupos de pesquisadores em universidades e institutos de pesquisa<br />
também estão envolvidos no Projeto Genoma.<br />
Além destes, muitas empresas privadas, grandes e pequenas, também conduzem<br />
pesquisa sobre o genoma humano.<br />
Que países estão participando do PGH?<br />
Basicamente, 18 países iniciaram programas de pesquisas sobre o genoma humano.<br />
Os maiores programas desenvolvem-se na Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China,<br />
Coréia, Dinamarca, Estados Unidos, França, Holanda, Israel, Itália, Japão, México, Reino<br />
Unido, Rússia, Suécia e União Européia.<br />
Alguns países em desenvolvimento, não incluídos na relação acima, participam através<br />
de estudos de técnicas de <strong>biologia</strong> <strong>molecular</strong> de aplicação à pesquisa genética e estudos<br />
de organismos que têm interesse particular para suas regiões geográficas.Informações<br />
sobre estes países e suas pesquisas de contribuição para o PGH podem ser obtidas através<br />
da HUGO (Human Genome Organization), que conta com cerca de 1000 membros de 50<br />
países para ajuda a coordenar a colaboração internacional ao projeto.<br />
Qual a diferença entre a abordagem ao PGH feita pelo<br />
setor público e pelo setor privado?<br />
Lançando mão de uma imagem que já se tornou clássica, pode-se comparar o<br />
mapeamento e seqüenciamento genético ao mapeamento de uma estrada que se<br />
estendesse, digamos, de Porto Alegre a Manaus. O Projeto Genoma Humano, conduzido<br />
pelos órgãos do governo tem obtido dados de alta qualidade e precisão, registrando os<br />
detalhes das células humanas — inclusive as porções do DNA que não contêm gene algum<br />
e que constituem 97% do seu total. É como se alguém fosse percorrendo o trajeto a pé,<br />
registrando cada montanha, cada curva, cada posto de gasolina, encontrado ao longo do<br />
caminho. A iniciativa privada, porém, juntou-se ao projeto em vista do potencial de lucro que<br />
as pesquisas podem trazer, especialmente para as indústrias farmacêuticas. A rapidez na<br />
obtenção de resultados, que podem ser transformados em patentes, tornou-se crucial para<br />
elas. Então, optaram por um método mais objetivo: concentrar-se apenas nos pontos<br />
principais, as “cidades”, deixando de lado as árvores, os rios, ou cada pedra do caminho.<br />
Isso significa, em termos científicos, dirigir a pesquisa para os genes específicos, buscando,<br />
através da comparação do DNA de diferentes indivíduos, aqueles genes “defeituosos” que<br />
causam as doenças. Supõe-se que as 20 doenças mais comuns, que matam cerca de 80%<br />
da população, estejam associadas com aproximadamente 200 genes, entre as dezenas de<br />
milhares de genes que compõem o corpo humano. Concentrar-se apenas nestes, deixando<br />
de lado os demais, é uma abordagem mais rápida, evidentemente, embora menos precisa.<br />
Com a iniciativa privada ocupando-se apenas dos genes mais interessantes e os<br />
pesquisadores do governo dedicando-se ao seqüenciamento dos demais, as duas formas<br />
de trabalho podem se complementar, em benefício do conhecimento geral.<br />
55
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
56<br />
Qual a situação atual do conhecimento obtido<br />
através do PGH?<br />
Em 1990, ao iniciar-se o Projeto Genoma, apenas 4550 genes<br />
humanos haviam sido identificados; cerca de 1500 genes haviam sido<br />
associados a localizações específicas nos 46 cromossomos, e apenas<br />
algumas, dentre cerca de 4000 doenças genéticas existentes, haviam sido entendidas em<br />
um nível <strong>molecular</strong>.<br />
Em 1998, oito anos depois, chegou-se aos seguintes resultados:<br />
Mapeamento genético: mais de 7000 genes foram mapeados a cromossomos<br />
particulares. Além destes, o Banco de Dados do Projeto Genoma guarda informação sobre<br />
outros genes identificados, cuja localização nos cromossomos ainda não foi inequivocamente<br />
determinada.<br />
Seqüenciamento: mais de 4% das bases do genoma humano foi seqüenciado.<br />
Até este ponto, o Projeto Genoma havia se concentrado mais em desenvolver<br />
tecnologia eficiente para seqüenciamento de DNA do que propriamente em fazer um<br />
seqüenciamento de larga-escala.<br />
Com a entrada da iniciativa privada no Projeto Genoma, dando preferência a uma<br />
abordagem dirigida apenas aos genes que apresentam interesse para a cura de doenças,<br />
o setor público passou a rever seu cronograma e o processo de seqüenciamento foi<br />
acelerado.<br />
Em fevereiro de 2001, simultaneamente ao anúncio da empresa norte-americana<br />
Celera, o PGH anunciou as primeiras transcrições quase completas do código genético<br />
humano. O número de genes existentes, segundo os cálculos de ambas as equipes de<br />
pesquisadores, não chega a 40 mil. Os resultados foram publicados em duas revistas<br />
diferentes. A revista inglesa Nature publicou o trabalho dos pesquisadores do PGH, liderados<br />
por Francis Collins, e a norte-americana Science, o dos pesquisadores da Celera, liderados<br />
pelo empresário-cientista Craig Venter.<br />
Em 14 de abril de 2003, o consórcio internacional que constituiu o Projeto<br />
Genoma Humano anunciou oficialmente a conclusão do seqüenciamento dos 3 bilhões<br />
de bases do DNA da espécie humana.<br />
Quais os benefícios potenciais do PGH?<br />
Pode-se antecipar alguns dos benefícios que o Projeto Genoma poderá trazer para<br />
a humanidade, sem esquecer que alguns poderão nos surpreender. As informações<br />
detalhadas sobre o DNA e o mapeamento genético dos organismos devem revolucionar as<br />
explorações biológicas que serão feitas em seguida.<br />
Na Medicina, por exemplo, o conhecimento sobre como os genes contribuem para a<br />
formação de doenças que envolvem um fator genético — como o câncer, por exemplo —<br />
levarão a uma mudança da prática médica. Ênfase será dada à prevenção da doença, em<br />
vez do tratamento do doente. Novas tecnologias clínicas deverão surgir, baseadas em<br />
diagnósticos de DNA; novas terapias baseadas em novas classes de remédios; novas<br />
técnicas imunoterápicas; prevenção em maior grau de doenças pelo conhecimento das<br />
condições ambientais que podem desencadeá-las; possível substituição de genes<br />
defeituosos através da terapia genética; produção de drogas medicinais por organismos<br />
geneticamente alterados.<br />
O conhecimento da genética humana auxiliará muito o conhecimento da <strong>biologia</strong> de<br />
outros animais, uma vez que não esta não é muito diferente da <strong>biologia</strong> humana, permitindo
também seu aperfeiçoamento e tornando os animais domésticos, por exemplo, mais<br />
resistentes a doenças<br />
As tecnologias, os recursos biológicos e os bancos de dados gerados pela pesquisa<br />
sobre o genoma terão grande impacto nas indústrias relacionadas à biotecnologia, como a<br />
agricultura, a produção de energia, o controle do lixo, a despoluição ambiental.<br />
http://www.geocities.com/~esabio/genoma/projetogenoma3.htm<br />
Manipulação Gênica: Avanços e Ética<br />
na Pesquisa de Células-Tronco Adultas<br />
Célula-tronco é promessa para medicina do futuro*<br />
O ano de 2004 está apenas começando, mas<br />
o estudo e a utilização de células-tronco continuam<br />
sendo uma das grandes polêmicas no campo da<br />
bioética. Desde que o fisiologista alemão Theodor<br />
Schwann lançou, em 1839, as bases da teoria <strong>celular</strong>,<br />
pesquisadores de todo o mundo sentiram-se<br />
instigados com a possibilidade de gerar um organismo<br />
adulto completo a partir de apenas uma célula.<br />
Pesquisas com células-tronco avançam na busca de<br />
tratamentos para muitas doenças que afetam milhões<br />
de pessoas, mas o entendimento sobre os detalhes<br />
de como um organismo completo, com inúmeros tipos<br />
diferentes de células, forma-se a partir de apenas uma<br />
célula, já data do início do século 20. Foi nesse<br />
período que vários embriologistas, entre eles os<br />
alemães Hans Spermann e Jacques Loeb começaram<br />
a decifrar os segredos das células-tronco por meio<br />
de experimentos com células de embriões.<br />
As pesquisas de Spermann e Loeb<br />
mostraram que quando as duas primeiras células de<br />
um embrião de anfíbio são separadas, cada uma é<br />
capaz de gerar um girino normal, e que, mesmo após<br />
as quatro primeiras divisões <strong>celular</strong>es de um embrião<br />
de anfíbio, o núcleo dessas células embrionárias ainda<br />
pode transmitir todas as informações necessárias à<br />
formação de girinos completos. Em 1996, o<br />
nascimento da ovelha Dolly, primeiro mamífero<br />
clonado a partir do núcleo de uma célula adulta<br />
diferenciada, trouxe a resposta sobre a possibilidade<br />
de um núcleo de uma célula totalmente diferenciada<br />
ser capaz de gerar um indivíduo adulto normal. Foi a<br />
primeira demonstração de que a vida animal poderia<br />
surgir de outra forma, a partir do núcleo de uma única<br />
célula do corpo de um indivíduo adulto.<br />
Todo organismo pluri<strong>celular</strong> é composto por<br />
diferentes tipos de células. Todos os 200 tipos<br />
<strong>celular</strong>es distintos encontrados entre as cerca de 75<br />
trilhões de células existentes em um homem adulto,<br />
derivam das células precursoras denominadas<br />
células-tronco, também denominadas células-mãe.<br />
São células mestras que têm a capacidade de se<br />
transformar em outros tipos de células, incluindo as<br />
Antonio Carlos Campos de Carvalho<br />
do cérebro, coração, ossos, músculos e pele. O<br />
processo de geração das células especializadas -<br />
do sangue, dos ossos, dos músculos, do sistema<br />
nervoso e dos outros órgãos e tecidos humanos - é<br />
controlado pelos genes específicos na célula-tronco,<br />
mas os pesquisadores ainda não dominam todos os<br />
fatores envolvidos no processo. Compreender e<br />
controlar esse processo é um dos grandes desafios<br />
da ciência na atualidade.<br />
É fundamental que as pesquisas com célulastronco<br />
embrionárias e adultas continuem a ser feitas<br />
para que possamos ter respostas para perguntas<br />
como: qual o melhor tipo de célula-tronco para ser<br />
usada em cada doença degenerativa? qual a melhor<br />
via de introdução dessas células? por quanto tempo<br />
duram os efeitos benéficos das terapias com célulastronco?<br />
será necessário e possível repetir-se os<br />
procedimentos de injeção de células-tronco no<br />
mesmo paciente? Ter uma legislação permitindo o<br />
uso de células-tronco embrionárias humanas em<br />
pesquisa é de fundamental importância.<br />
Pesquisas recentes mostraram que célulastronco<br />
apresentam duas características básicas: são<br />
indiferenciadas e têm a capacidade de gerar não só<br />
novas células-tronco como também grande variedade<br />
de células de diferentes funções. Para realizar esta<br />
dupla tarefa (replicação e diferenciação), a célulatronco<br />
pode seguir dois modelos básicos de divisão:<br />
o determinístico, no qual sua divisão gera sempre<br />
uma nova célula-tronco e uma diferenciada, ou<br />
aleatório (ou estocástico), no qual algumas célulastronco<br />
geram somente novas células-tronco e outras<br />
geram apenas células diferenciadas.<br />
Existem diferentes tipos de células-tronco,<br />
mas a diferença básica está na existência de célulastronco<br />
embrionárias e células precursoras do<br />
organismo já desenvolvido, chamadas células-tronco<br />
adultas. Estas últimas recebem também a<br />
denominação pós-natal por alguns cientistas, por<br />
estarem presentes em recém-nascidos e no cordão<br />
umbilical.<br />
57
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
58<br />
Células-tronco embrionárias<br />
Em 1998 a equipe do biólogo James Thomson, na Universidade de<br />
Wisconsin (instituição que detém a maioria das patentes sobre linhagens de<br />
células-tronco humanas nos Estados Unidos) tornou o sonho biotecnológico<br />
um pouco mais real, quando conseguiu isolar as primeiras células-tronco de<br />
embriões humanos. No mesmo ano, também foram isoladas células<br />
embrionárias germinativas humanas, derivadas das células reprodutivas<br />
primordiais de fetos, pelo embriologista John Geahart, da Universidade Johns Hopkins<br />
(EUA). Como as ES, as EG também são pluripotentes, ou seja, podem gerar qualquer célula<br />
do organismo adulto. A disponibilidade de células ES e EG humanas abriram horizontes<br />
impensáveis para a medicina, mas também trouxe complexos problemas ético-religiosos.<br />
As células-tronco embrionárias têm a capacidade de se transformar em praticamente<br />
qualquer célula do corpo, com exceção da placenta, e são encontradas somente nos<br />
embriões. É essa capacidade que permite que um embrião se transforme em um organismo<br />
pluri<strong>celular</strong> formado. Cerca de cinco dias após a fertilização, o embrião humano se torna<br />
um blastócito - uma esfera com aproximadamente 100 células. As encontradas em sua<br />
camada externa vão formar a placenta e outros órgãos necessários ao desenvolvimento<br />
fetal do útero. Já as existentes em seu interior, células-tronco embrionárias, formam quase<br />
todos os tecidos do corpo. Apesar de estudadas desde o século 19, há apenas 20 anos<br />
pesquisadores conseguiram cultivar em laboratório células retiradas da massa <strong>celular</strong> interna<br />
de blastócitos de camundongos. Essas células conhecidas como ES podem se proliferar<br />
indefinidamente in vitro sem se diferenciar, mas também podem se diferenciar se forem<br />
modificadas as condições de cultivo. A grande conquista dos cientistas foi encontrar as<br />
condições adequadas para que as células ES proliferem e continuem indiferenciadas.<br />
Outra característica especial dessas células é que, quando reintroduzidas em<br />
embriões de camundongo, dão origem a células de todos os tecidos de um animal adulto,<br />
mesmo as germinativas (óvulos e espermatozóides). Apenas uma célula ES, no entanto,<br />
não é capaz de gerar um embrião. Isso significa que tais células não são totipotentes, como<br />
o óvulo fertilizado. O fato de as células ES reintroduzidas em embriões de camundongo<br />
gerarem tipos <strong>celular</strong>es integrantes de todos os tecidos do animal adulto revela que elas<br />
têm potencial para se diferenciar também in vitro em qualquer desses tipos, de uma célula<br />
da pele a um neurônio. Vários laboratórios já conseguiram a diferenciação de células ES<br />
de camundongos, em cultura, em tipos tão distintos quanto as células hematopoiéticas<br />
(precursoras das células sangüíneas) e as do sistema nervoso (neurônios, por exemplo),<br />
entre outras. A capacidade de direcionar esse processo de diferenciação permitiria que, a<br />
partir de células-tronco embrionárias, fossem cultivados controladamente os mais diferentes<br />
tipos <strong>celular</strong>es, abrindo a possibilidade de construir tecidos e órgãos in vitro, na placa de<br />
cultura, tornando viável a chamada bioengenharia.<br />
O potencial terapêutico das células-tronco não pode e nem deve ser desprezado. O<br />
não benefício da utilização das células-tronco sempre existe, mas é preciso distingui-lo do<br />
malefício. Este, sim, seria um problema. Os testes clínicos realizados no mundo até o momento<br />
tiveram como objetivo principal afastar a possibilidade de malefícios. Até por este motivo<br />
não se realizaram ainda testes clínicos com as células-tronco embrionárias, pois ainda não<br />
há segurança de que se injetadas em pacientes no seu estado indiferenciado elas não<br />
possam levar ao surgimento de tumores.<br />
Células-tronco adultas<br />
Em 1998, a equipe italiana liderada pela bióloga Giuliana Ferrari, do Instituto San<br />
Rafaelle-Tellethon, apresentou o primeiro relatório sobre as propriedades das células-tronco<br />
adultas. Os pesquisadores estabeleceram que células-tronco de medula óssea podem dar
origem a células musculares esqueléticas e podem migrar da medula para regiões lesadas<br />
no músculo. Estudos recentes constataram que, além da pele, do intestino e da medula<br />
óssea, outros tecidos e órgãos humanos - fígado, pâncreas, músculos esqueléticos<br />
(associados ao sistema locomotor), tecido adiposo e sistema nervoso - têm um estoque de<br />
células-tronco e uma capacidade limitada de regeneração após lesões.<br />
Mais recente ainda é a idéia de que essas células-tronco adultas são não apenas<br />
multipotentes (capazes de gerar os tipos <strong>celular</strong>es que compõem o tecido ou órgão específico<br />
onde estão situadas), mas também pluripotentes (podem gerar células de outros órgãos e<br />
tecidos). A pluripontecialidade foi demonstrada pela equipe de cientistas liderados pelos<br />
neurobiólogos Christopher Bjornson, da Universidade de Washington, Seattle, USA e Ângelo<br />
Vescovi, do Instituto Nacional Neurológico de Milão, Itália, em janeiro de 1999. Os<br />
pesquisadores demonstraram que uma célula-tronco adulta derivada de um tecido altamente<br />
diferenciado e com limitada capacidade de proliferação pode seguir um programa de<br />
diferenciação totalmente diverso se colocada em um ambiente adequado. Também deixou<br />
claro que o potencial de diferenciação das células-tronco adultas não é limitado por sua<br />
origem embriológica: células neurais têm origem no ectoderma e células sangüíneas vêm<br />
do mesoderma embrionário. Essa pluripotencialidade das células-tronco adultas elimina<br />
não só as questões ético-religiosas, envolvidas no emprego das células-tronco embrionárias,<br />
mas também os problemas de rejeição imunológica, já que células-tronco do próprio paciente<br />
adulto podem ser usadas para regenerar seus tecidos ou órgãos lesados. Infelizmente, a<br />
pluripotencialidade das células-tronco adultas tem sido contestada por estudos desenvolvidos<br />
em diversos laboratórios, tornando ainda mais necessário que os cientistas possam<br />
investigar o uso de células-tronco embrionárias humanas nas terapias <strong>celular</strong>es,<br />
comparando-as com as células-tronco adultas.<br />
Gostaria de enfatizar que as células-tronco autólogas (do próprio indivíduo) de qualquer<br />
fonte não curam as doenças, pois não corrigem as causas da doença, seja ela infecciosa,<br />
ambiental ou genética. Elas permitem que se regenere os órgãos afetados, mas se a causa<br />
da doença não for removida, o órgão será novamente lesado. Sendo assim, é importante<br />
que se possam conjugar as terapias <strong>celular</strong>es com a gênica, por exemplo, na cura de doenças<br />
de origem genética. Isto requer a manipulação genética das células-tronco do indivíduo<br />
para corrigir o defeito genético antes de injetá-las no paciente. Se a doença for de causa<br />
infecciosa ou ambiental é preciso que além da terapia <strong>celular</strong> se remova o agente infeccioso<br />
ou ambiental causador da doença.<br />
Existe a possibilidade da utilização de células-tronco heterólogas (de indivíduos<br />
diferentes do receptor) mas ainda há muita discussão a respeito de problemas de rejeição<br />
imunológica com estas células. Aqui novamente há ainda necessidade de muita pesquisa.<br />
Antonio Carlos Campos de Carvalho é professor de Fisiologia e<br />
Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e um dos responsáveis<br />
pelo Instituto de Bioengenharia Tecidual do Instituto do Milênio.<br />
· Adaptação por Margareth Franco, do artigo de Antonio Carlos<br />
Campos de Carvalho, publicado originalmente na revista Ciência Hoje (SBPC),<br />
vol. 29, n. 172, junho de 2001, com autorização, revisão e atualização do autor.<br />
59
O que é clonagem?<br />
Biologia<br />
Celular e Podemos definir a clonagem<br />
Molecular como um método científico artificial de<br />
reprodução que utiliza células somáticas<br />
(aquelas que formam órgãos, pele e ossos) no lugar<br />
do óvulo e do espermatozóide. Vale lembrar que é um<br />
método artificial, pois, como sabemos, na natureza,<br />
os seres vivos se reproduzem através de células<br />
sexuais e não por células somáticas. As exceções<br />
deste tipo de reprodução são os vírus, as bactérias e<br />
diversos seres uni<strong>celular</strong>es.<br />
A primeira experiência com clonagem de animais ocorreu no ano de 1996, na Escócia,<br />
no Instituto de Embriologia Roslin. O embriologista responsável foi o doutor Ian Wilmut. Ele<br />
conseguiu clonar uma ovelha, batizada de Dolly. Após esta experiência, vários animais foram<br />
clonados, como, por exemplo, bois, cavalos, ratos e porcos.<br />
60<br />
Clonagem<br />
Clonagem de seres humanos<br />
Embora as técnicas de clonagem terem avançado nos últimos anos, a clonagem de<br />
seres humanos ainda está muito longe de acontecer. Além de alguns limites científicos, a<br />
questão ética e religiosa tem se tornado um anteparo para estas pesquisas com seres<br />
humanos. De um lado, as religiões, principalmente as cristãs, colocam-se radicalmente<br />
contra qualquer experiência neste sentido. Por outro lado, governos de vários países proíbem<br />
por considerar um desrespeito à ética do ser humano.<br />
A técnica da clonagem<br />
A clonagem ainda não foi entendida por completo<br />
pelos médicos e cientistas, no que se refere aos<br />
conhecimentos teóricos. Na teoria, seria impossível<br />
fazer células somáticas atuarem como sexuais, pois<br />
nas somáticas quase todos os genes estão<br />
desligados. Mas, a ovelha Dolly, foi gerada de células<br />
somáticas mamárias retiradas de um animal adulto. A<br />
parte nuclear das células, onde encontramos genes,<br />
foram armazenadas. Na fase seguinte, os núcleos das<br />
células somáticas foram introduzidos dentro dos óvulos de<br />
uma outra ovelha, de onde haviam sido retirados os núcleos.<br />
Desta forma, formaram-se células artificiais. Através de um<br />
choque elétrico, as células foram estimuladas, após um estado em<br />
que ficaram “dormindo”. Os genes passaram a agir novamente e formaram<br />
novos embriões, que introduzidos no útero de uma ovelha acabou por gerar a ovelha Dolly.<br />
A ovelha Dolly morreu alguns anos depois da experiência e apresentou características<br />
de envelhecimento precoce. O telômero (parte do cromossomo responsável pela divisão<br />
<strong>celular</strong>) pode ter sido a causa do envelhecimento precoce do animal. Por isso, o telômero<br />
tem sido alvo de pesquisas no mundo científico. Os dados estão sendo até hoje analisados,<br />
com o objetivo de se identificar os problemas ocorridos no processo de clonagem.
A embriologia e a engenharia genética tem feito pesquisas também com célulastronco<br />
e na produção de órgãos animais através de métodos parecidos com a clonagem.<br />
Organismos Transgênicos<br />
O que são transgênicos?<br />
Os organismos geneticamente modificados (OGMs), também conhecidos como<br />
transgênicos, são frutos da engenharia genética criada pela moderna biotecnologia. Um<br />
organismo é chamado de transgênicos, quando é feita uma alteração no seu DNA - que<br />
contém as características de um ser vivo. Por meio da engenharia genética, genes são<br />
retirados de uma espécie animal ou vegetal e transferidos para outra. Esses novos genes<br />
introduzidos quebram a seqüência de DNA, que sofre uma espécie de reprogramação,<br />
sendo capaz, por exemplo, de produzir um novo tipo de substância diferente da que era<br />
produzida pelo organismo original.<br />
O que é a engenharia genética aplicada aos alimentos?<br />
A engenharia genética permite que cientistas usem os organismos vivos como<br />
matéria-prima para mudar as formas de vida já existentes e criar novas. Um gene é um<br />
segmento de DNA que, combinado com outros genes, determina a composição das células.<br />
Um gene possui uma composição química que vai determinar o seu comportamento. Como<br />
isso é passado de geração em geração, a descendência herda estes traços de seus pais.<br />
Desenvolvendo-se constantemente, os genes permitem que o organismo se adapte ao<br />
ambiente. Este é o processo da evolução.<br />
A engenharia genética utiliza enzimas para quebrar a cadeia e DNA em determinados<br />
lugares, inserindo segmentos de outros organismos e costurando a seqüência novamente.<br />
Os cientistas podem “cortar e colar” genes de um organismo para outro, mudando a forma<br />
do organismo e manipulando sua <strong>biologia</strong> natural a fim de obter características específicas<br />
(por exemplo, determinados genes podem ser inseridos numa planta para que esta produza<br />
toxinas contra pestes). Este método é muito diferente do que ocorre naturalmente com o<br />
desenvolvimento dos genes. O lugar em que o gene é inserido não pode ser controlado<br />
completamente, o que pode causar resultados inesperados uma vez que os genes de outras<br />
partes do organismo podem ser afetados.<br />
O aumento da preocupação com a ética e os riscos envolvendo a engenharia genética<br />
são muitos. Primeiro, porque os genes são transferidos entre espécies que não se<br />
relacionam, como genes de animais em vegetais, de bactérias em plantas e até de humanos<br />
em animais. Segundo, porque a engenharia genética não respeita as fronteiras da natureza<br />
- fronteiras que existem para proteger a singularidade de cada espécie e assegurar a<br />
integridade genética das futuras gerações.<br />
Quanto mais os genes são isolados de suas fontes naturais, maior é o controle dos<br />
cientistas sobre a vida. Eles podem criar formas de vida próprias (animais, plantas, árvores<br />
e alimentos), que jamais ocorreriam naturalmente.<br />
O que a engenharia genética está fazendo?<br />
A maioria dos alimentos mais importantes do mundo é o grande alvo da engenharia<br />
genética. Muitas variedades já foram criadas em laboratório e outras estão em<br />
desenvolvimento. O cultivo irrestrito e o marketing de certas variedades de tomate, soja,<br />
algodão, milho, canola e batata já foram permitidos nos EUA. O plantio comercial intensivo<br />
também é feito na Argentina, Canadá e China. Na Europa, a autorização para<br />
comercialização foi dada para fumo, soja, canola, milho e chicória, mas apenas o milho é<br />
61
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
62<br />
plantado em escala comercial (na França, Espanha e Alemanha, em pequena<br />
escala, pela primeira vez em 1998). Molho de tomate transgênicos já é vendido<br />
no Reino Unido e a soja e os milhos transgênico já são importados dos EUA<br />
para serem introduzidos em alimentos processados e na alimentação animais.<br />
De fato, estima-se que aproximadamente 60% dos alimentos processados<br />
contenham algum derivado de soja transgênico e que 50% tenham ingredientes<br />
de milho transgênico. Porém, como a maioria destes produtos não estão<br />
rotulados, é impossível saber o quanto de alimentos transgênicos está presente na nossa<br />
mesa. No Canadá e nos EUA não há qualquer tipo de rotulagem destes alimentos. Na<br />
Austrália e Japão a legislação ainda está sendo implementada. Em grande parte do mundo,<br />
os governos nem sequer são notificados se o milho ou a soja que eles importam dos EUA<br />
são produtos de um cultivo transgênico ou não.<br />
Além dos transgênicos já comercializados, algumas variedades aguardam<br />
autorização:<br />
- salmão, truta e arroz que contém um gene humano introduzido;<br />
- batatas com um gene de galinha;<br />
- pepino e tomates com genes de vírus e bactérias.<br />
Até o momento, há uma grande oposição à contaminação genética dos alimentos.<br />
São consumidores, distribuidores e produtores de alimentos que exigem comida “de<br />
verdade”, sem ingredientes transgênicos. Apesar da preocupação, a introdução<br />
descontrolada de transgênicos continua a crescer em níveis alarmantes. A menos que a<br />
oposição se sustente e ganhe força nos próximos anos, um aumento drástico destes alimentos<br />
pode ocorrer e a opção de evitá-los poderá ficar cada vez mais difícil.<br />
Quais são os impactos da engenharia genética?<br />
Enquanto a engenharia genética continua a criar novas formas de vida que se<br />
desenvolveriam naturalmente, ela se recusa a reconhecer o quão sérios são seus riscos<br />
potenciais.<br />
Riscos para a saúde:<br />
Os cientistas já introduziram genes de bactérias, escorpião e água-viva<br />
em alimentos cultiváveis. Os testes de segurança sobre estes novos<br />
alimentos contendo genes estrangeiros - e as regulamentações para<br />
sua introdução - até agora têm sido extremamente inadequados. Os<br />
riscos são muito reais. Alguns exemplos:<br />
· Os alimentos oriundos de cultivos transgênicos poderiam<br />
prejudicar seriamente o tratamento de algumas doenças de<br />
homens e animais. Isto ocorre porque muitos cultivos possuem genes de resistência<br />
antibiótica. Se o gene resistente atingir uma bactéria nociva, pode conferir-lhe imunidade<br />
ao antibiótico, aumentando a lista, já alarmante, de problemas médicos envolvendo doenças<br />
ligadas a bactérias imunes.<br />
· Os alimentos transgênicos poderiam aumentar as alergias. Muitas pessoas são<br />
alérgicas a determinados alimentos em virtude das proteínas que elas produzem. Há<br />
evidências de que os cultivos transgênicos podem proporcionar um potencial aumento de<br />
alergias em relação a cultivos convencionais. O laboratório de York, no Reino Unido, constatou<br />
que as alergias à soja aumentaram 50% naquele país, depois da comercialização da soja<br />
transgênica.<br />
Apesar destes riscos, alimentos transgênicos já estão à venda. No entanto, como os<br />
cultivos transgênicos não são segregados dos tradicionais - e como a regulação de rotulagem<br />
é inadequada - os consumidores estão sendo impedidos de exercer o seu direito de escolha,<br />
uma vez que não há como identificá-los.
Quem disse que é seguro?<br />
Embora a engenharia genética possa causar uma grande variedade de problemas<br />
para o meio ambiente e para a saúde, os testes para provar sua segurança são muito<br />
superficiais. Experimentos conduzidos para testar a segurança ambiental são normalmente<br />
de curta duração e realizados em pequena escala. Raramente eles duram mais do que uma<br />
estação, enquanto os danos ambientais podem levar anos para tornarem-se aparentes. Os<br />
testes sequer mostraram as conseqüências que poderão acontecer quando estes<br />
organismos forem introduzidos na natureza, por não reproduzirem as condições reais do<br />
meio ambiente. Eles reproduzem as condições que as plantas terão quando forem cultivadas,<br />
uma vez introduzidas no ambiente. O Professor John Beringer, presidente do British Advisory<br />
Committee on Releases to the Environment admitiu que “nós não podemos aprender nada<br />
de fato dos experimentos”.<br />
As medidas que tentam garantir a segurança dos alimentos transgênicos são tão<br />
fracas quanto as que tratam dos riscos ambientais. No entanto, autoridades que<br />
regulamentam este tipo de produto nos EUA, como o Departamento de Agricultura<br />
Americano e a FDA, continuam a aprovar o uso e a distribuição de produtos transgênicos.<br />
Na maioria dos casos, as decisões foram baseadas nas evidências apresentadas pelas<br />
próprias empresas. No Brasil, a CTN-Bio, órgão do governo que avalia a segurança dos<br />
alimentos geneticamente modificados, adotou o mesmo procedimento para dar o parecer<br />
positivo, em setembro de 1998, para variedades de soja da Monsanto. Na União Européia,<br />
há um critério mais rigoroso. Em função da pressão dos consumidores, a autorização para<br />
o plantio e comercialização para novos organismos transgênicos está suspensa até que a<br />
legislação seja reestruturada, porque esta não consegue assegurar padrões de segurança<br />
para o meio ambiente e a saúde humana.<br />
Nós estamos testemunhando um experimento global com a natureza e a evolução,<br />
cujos resultados são impossíveis de se prever. Testes inadequados e meios de controle<br />
regulatórios superficiais, que potencializam os efeitos danosos dos cultivos e alimentos<br />
transgênicos, talvez só sejam descobertos quando for tarde demais.<br />
Quem ganha?<br />
Em razão dos riscos associados à engenharia genética e a preocupação da opinião<br />
pública em geral a respeito da segurança de alimentos transgênicos, é difícil entender<br />
exatamente quem se beneficiará dos produtos desta tecnologia. As multinacionais<br />
agroquímicas, - ou as “empresas de ciência da vida” como elas se autoproclamam - que<br />
estão desenvolvendo e promovendo a biotecnologia, levantaram uma série de argumentos<br />
a respeito das vantagens a serem ganhas, mas poucas delas se sustentam.<br />
Eles argumentam, por exemplo, que os cultivos transgênicos aumentam a<br />
produtividade e que trarão benefícios, particularmente para pequenos agricultores nos países<br />
em desenvolvimento. Ao mesmo tempo, porém, estas mesmas companhias - muitas das<br />
quais são enormes corporações químicas - estão patenteando genes usados na produção<br />
de novos organismos.<br />
Uma vez as patentes protegidas, as sementes só estarão disponíveis através do<br />
pagamento de royalties anuais. Como resultado, os produtores não poderão mais guardar<br />
as melhores sementes para plantarem na estação seguinte, abandonando uma longa<br />
tradição. Além disso, como já está ocorrendo nos EUA, contratos legais estão forçando<br />
agricultores a usar a semente e o herbicida produzidos pela mesma empresa. As empresas<br />
de “ciências da vida” sabem que, atrás do controle sobre os cultivos básicos plantados no<br />
mundo (incluindo milho, arroz e trigo) e patenteando suas sementes, há uma margem de<br />
lucro muito grande a ser ganha. Se a corrente tendência de fusões continuar, um número<br />
pequeno de empresas controlará quase toda a produção mundial de alimentos. Clamando<br />
a posse destes genes, elas estarão gradualmente tomando conta da vida.<br />
63
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
64<br />
Bioética<br />
Bioética?<br />
William Saad Hossne*<br />
Dos neologismos nascidos nas últimas 3 décadas, dois deles, em<br />
particular, vêm se tornando lugar comum: Globalização e Bioética. Ambos<br />
conquistaram os meios de comunicação, os ambientes acadêmicos, políticos e sociais.<br />
Recentemente, com a perspicácia própria de escritor, Ubaldo Ribeiro, quando<br />
perguntado por jornalista, disse não saber definir o que é globalização e achava que ninguém,<br />
honestamente, sabia.<br />
Com a palavra Bioética, algo semelhante, mas ao mesmo tempo diferente, vem<br />
ocorrendo.<br />
Sabemos como nasceu e conhecemos seu significado, no momento do parto.<br />
No início da década de 70, o oncologista Potter juntou Bio (vida) com Ética, para<br />
alertar os pesquisadores, em particular, os da área biomédica, quanto ao eventual uso<br />
eticamente inadequado dos avanços da <strong>biologia</strong> <strong>molecular</strong> e, em conseqüência, da<br />
biotecnologia (outro neologismo).<br />
Essa é a certidão de nascimento e o significado inicial da Bioética.<br />
À época, isso fazia sentido. Receava-se (como aliás se receia, com razão) o<br />
aparecimento e ou desenvolvimento de uma “Bomba Molecular”.<br />
Pode, à primeira vista parecer<br />
estranho que fundador da Sociedade<br />
Brasileira de Bioética faça considerações<br />
aparentemente descabidas sobre Bioética.<br />
É exatamente o contrário - é para<br />
defender e assegurar o devido lugar de<br />
destaque a Bioética. Ela é tão importante que<br />
não se pode correr o risco de torná-la apenas<br />
um “rótulo”, nem modernismo ou melhor um<br />
“vedetismo” inconseqüente.<br />
Por essa razão, rogo ao prezado leitor,<br />
que se este artigo merecer qualquer<br />
referência, não a faça fragmentariamente.<br />
Mas, afinal, o que é Bioética? Como<br />
se pode defini-la?<br />
Não importa definir. Aliás, a<br />
Enciclopédia de Bioética (Reich) com 2000<br />
páginas dedica ao Verbete Bioética 13<br />
páginas para concluir, em suma, que não dá<br />
Desde então, tanto se tem falado<br />
em Bioética que se corre seriamente o risco<br />
de se estar falando de coisas semelhantes<br />
(ou até mesmo diferentes) mas não<br />
necessariamente iguais. “Bioeticistas”,<br />
autoproclamados como tal, apresentam a<br />
Bioética como se nunca tivesse existido a<br />
palavra (e o conceito) ética. Parece que a<br />
ética nasceu há 30 anos, com a palavra<br />
Bioética; nova panacéia, novo “rótulo<br />
moderno” que serve para reivindicar o que<br />
quer que seja, para instrumentalizar<br />
ideologias dos mais variados naipes, para<br />
“tudo explicar” e tudo justificar ou impedir;<br />
um neologismo com sabor de grande<br />
descoberta conceitual? Enfim, um<br />
significado que confere sabedoria e<br />
seriedade a quem o emprega?<br />
para definir Bioética. O nosso Aurélio registra o verbete em sua última edição (1999): “estudo<br />
dos problemas éticos suscitados pelas pesquisas biológicas e pelas suas aplicações por<br />
pesquisadores, médicos, etc”.<br />
O que importa, isso sim, é caracterizar e salientar algumas das conseqüências trazidas<br />
pela Bioética e a ela inerentes, e o seu profundo significado.<br />
A Bioética é, na essência e no fundo, a ética nas (e das)<br />
ciências da vida, da saúde e do meio ambiente.
Mas esse conceito não é suficiente para caracterizar a Bioética. Ele implica,<br />
obrigatoriamente, em diversos desdobramentos, todos eles imprescindíveis para a<br />
compreensão, para a prática e para a caracterização da Bioética.<br />
Os principais:<br />
- A Bioética não é mais apenas a análise e a discussão dos dilemas<br />
éticos, (feita por médicos) relacionados aos avanços da bio-medicina.<br />
Ela abrange os dilemas de avanços, sim, e também do “cotidiano”<br />
(expressão feliz criada por Berlinguer) das ciências da vida, da saúde e<br />
do meio ambiente.<br />
- A Bioética, enquanto ética, se preocupa com a reflexão crítica sobre<br />
valores; um juízo sobre valores diante dos dilemas. Nesse sentido, o<br />
advento da Bioética muito contribuiu para estabelecer a distinção entre<br />
moral e ética. A moral diz respeito a valores consagrados pelos usos e<br />
costumes de uma determinada sociedade. Daí a origem da palavra moral.<br />
Valores morais são, pois, valores eleitos pela sociedade e que cada<br />
membro a ela pertencente recebe (digamos passivamente) e os respeita.<br />
Ao passo que a ética é um juízo de valores -é um processo ativo que vem<br />
de “dentro de cada um de nós” para fora, ao contrário de valores morais<br />
que vêm de “fora para dentro” de cada um. A ética exige um juízo, um<br />
julgamento, em suma, uma opção diante dos dilemas. Nesse processo<br />
de reflexão crítica, cada um de nós vai por em jogo seu patrimônio<br />
genético, sua racionalidade, suas emoções e, também, os valores morais.<br />
- A Bioética é ética; nesse sentido, não se pode dela esperar uma<br />
padronização de valores - ela exige uma reflexão sobre os mesmos, e<br />
como dito, implica opção. Ora, opção implica liberdade. Não há Bioética<br />
sem liberdade. Liberdade para quê? Para se poder fazer opção, por<br />
mais “angustiante” que possa ser.<br />
O exercício da Bioética exige pois liberdade e opção. E esse exercício deve ser<br />
realizado sem coação, sem coerção e sem preconceito. A Bioética exige também humildade<br />
para se respeitar à divergência, e grandeza para reformulação, quando ocorre a<br />
demonstração de ter sido equivocada a opção.<br />
Condição sine qua non exigida pela Bioética, enquanto tal, diz respeito à visão<br />
pluralista e interdisciplinar dos dilemas éticos nas ciências da vida, da saúde e do meio<br />
ambiente. Em outras palavras, a análise do dilema pressupõe sempre, em Bioética, não<br />
apenas a participação multi, mas interdisciplinar (isto é, incorporação em cada disciplina a<br />
visão das outras).<br />
Um problema de saúde, na prática Bioética, exige que o mesmo não seja avaliado<br />
apenas pelas profissionais de saúde, mas também por diversos outros participantes,<br />
inclusive os próprios pacientes envolvidos.<br />
Compreende-se, assim, a improcedência da afirmativa de que a Bioética é a nova<br />
ética médica, por exemplo. É ao contrário; a ética médica precisa ser avaliada dentro da<br />
Bioética.<br />
Diante do exposto, há de se convir que a Bioética com tais pressupostos e tais<br />
características, oferece excelentes condições para o desenvolvimento da própria cidadania<br />
e da “evolução” de cada um de seus participantes. Um dos grandes méritos da Bioética é o<br />
de levar a ética à sociedade e trazer a sociedade para a ética, criando os fundamentos<br />
éticos do controle social nas ciências da vida.<br />
65
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
66<br />
Apenas para ilustrar, aí está o Projeto Genoma Humano suscitando<br />
diversas questões de natureza ética que não podem ser analisadas apenas<br />
por médicos, por biólogos, por economistas, por políticos, etc. O enfoque há<br />
que ser o da Bioética, envolvendo os diversos segmentos da sociedade.<br />
É digno de destaque o fato de que a Bioética nessa sua trajetória,<br />
buscando seu caminho, foi também abrindo novas vias, novos horizontes,<br />
novas perspectivas em diversas outras disciplinas (principalmente naquelas<br />
que atuam na interdisciplinaridade da Bioética). A própria ética das corporações (idealmente<br />
não corporativista) passa a ser reavaliada não só de “dentro para fora”, mas também de<br />
fora para dentro. A onda da Bioética vem atingindo diversos setores relacionados à atividade<br />
humana, aí incluídos também a esfera cultural.<br />
A meu ver, excelente peça, altamente demonstrativa do que vem a ser Bioética, é a<br />
Resolução 196/96-MS, referente à pesquisa envolvendo seres humanos, no Brasil. A peça<br />
é toda ela de Bioética, desde sua concepção, sua elaboração, suas disposições e suas<br />
práticas e, por isso mesmo, se reveste de pioneirismo nesse campo.<br />
Bioética e Reprodução Humana<br />
Bioética? Bioética, sim.<br />
*Médico, professor titular da Faculdade de Medicina da Unesp/Botucatu.<br />
Profº. José Roberto Goldim<br />
O objetivo da reprodução é a geração de novos indivíduos. Uma questão de extrema<br />
atualidade é a caracterização do momento em que o novo ser humano passa a ser<br />
reconhecido como tal. Atualmente podem ser utilizados dezenove diferentes critérios para<br />
o estabelecimento do início da vida de um ser humano.<br />
As tentativas de realizar procedimentos de reprodução medicamente assistida foram<br />
iniciadas no final do século XVIII. Em 1978 estes procedimentos ganharam notoriedade<br />
com o nascimento de Louise Brown, na Inglaterra, que foi o primeiro bebê gerado in vitro. O<br />
Governo Inglês, em 1981, instalou o Committee of Inquiry into Human Fertilization and<br />
Embriology, que estudou o assunto por três anos. As suas conclusões foram publicadas, em<br />
1984, no Warnock Report. Neste mesmo ano, nascia na Austrália um outro bebê, denominado<br />
de Baby Zoe, que foi o primeiro ser humano a se desenvolver a partir de um embrião<br />
criopreservado. Em 1987, a Igreja Católica publicou um documento - Instrução sobre o<br />
respeito à vida humana nascente e a dignidade da procriação - estabelecendo a sua posição<br />
sobre estes assuntos.<br />
A partir de 1990, inúmeras sociedades médicas e países estabeleceram diretrizes<br />
éticas e legislação, respectivamente, para as tecnologias reprodutivas. A Inglaterra, por<br />
exemplo, estabeleceu os limites legais para a reprodução assistida em 1991, com base<br />
nas proposições do Warnock Report.<br />
No Brasil, Conselho Federal de Medicina, através da Resolução CFM 1358/92,<br />
instituiu as Normas Éticas para a Utilização das Técnicas de Reprodução Assistida, em<br />
1992.<br />
Os aspectos éticos mais importantes que envolvem questões de reprodução humana<br />
são os relativos à utilização do consentimento informado; a seleção de sexo; a doação de<br />
espermatozóides, óvulos, pré-embriões e embriões; a seleção de embriões com base na
evidência de doenças ou problemas associados; a maternidade substitutiva; a redução<br />
embrionária; a clonagem; pesquisa e criopreservação (congelamento) de embriões.<br />
Um importante assunto, de crescente discussão ética, moral e legal é o aborto.<br />
Independentemente da questão legal, existe nesta situação um conflito entre a autonomia, a<br />
beneficência, a não-maleficência e a justiça da mãe, do feto e do médico. Os julgamentos<br />
morais sobre a justificativa do aborto dependem mais das convicções sobre a natureza e<br />
desenvolvimento do ser humano do que das regras e princípios.<br />
Uma área bastante complexa é a que envolve aspectos reprodutivos de casais<br />
homossexuais. Casais homossexuais femininos podem solicitar que um serviço de<br />
reprodução assistida possibilite a geração de uma criança, em uma das parceiras utilizando<br />
sêmen de doador. O médico deve realizar este procedimento equiparando esta solicitação<br />
a de um casal heterossexual? Ou deve ser dada uma abordagem totalmente diversa? A<br />
própria questão de adoção de crianças por homossexuais tem sido admitida em vários<br />
países, inclusive no Brasil.<br />
As reflexões utilizadas na reprodução medicamente assistida podem ser transpostas<br />
às questões de adoção (reprodução legalmente assistida)? A adoção, com as suas inúmeras<br />
maneiras de realização, desde as legais ou oficialmente mediadas pelo Estado até as<br />
realizadas de maneira informal, comporta um grande questionamento ético. A seleção de<br />
crianças por parte dos futuros pais adotivos, o estabelecimento de critérios sociais por<br />
parte das autoridades, a invasão de privacidade que os pretendentes sofrem em suas vidas,<br />
com a finalidade de preservar possivelmente o melhor bem-estar para acriança adotada,<br />
são algumas questões que merecem reflexão.<br />
Por fim, uma outra questão que está propondo desafios éticos é do prosseguimento<br />
de gestações em mães com critério de morte encefálica. Já existem casos relatados,<br />
inclusive no Brasil, de situações onde a mãe ou seus familiares solicitam que todas as<br />
medidas de suporte vital sejam utilizadas para que a gestação possa resultar em um bebe<br />
viável. As equipes médicas podem atender a um demanda destas? Como fica o critério<br />
encefálico de morte nestas situações? Esta paciente, já considerada morta, continua sendo<br />
paciente, ou o seu bebe é que assume este status? Neste caso, quando que a mãe será<br />
considerada morta? Estas questões merecem ser refletidas e discutidas nos seus aspectos<br />
mais amplos.<br />
Bioética divide a sociedade<br />
[ Agora é hora de<br />
TRABALHAR<br />
]<br />
Polêmica em todo o mundo, a aplicação de novas tecnologias no plantio, reprodução<br />
e em pesquisas divide a comunidade científica, organizações em defesa da vida e religiosos.<br />
Transgenia, clonagem e estudos com células-tronco geram um intenso debate entre ética e<br />
ciência, que já modificou a legislação de diversos países.<br />
67
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
68<br />
No Brasil, o Senado aprovou em outubro passado o projeto de Lei de<br />
Biossegurança. O novo texto substituirá uma lei de 1995 e mantém a<br />
possibilidade do plantio de transgênicos no país e de pesquisas com células<br />
embrionárias de seres humanos. O projeto exige, entretanto, que os embriões<br />
tenham, no mínimo, três anos de estocagem, descarta sua produção para a<br />
retirada de células-tronco com objetivo terapêutico e proíbe a clonagem<br />
humana.<br />
Segundo o coordenador do curso de Biomedicina da Universidade Metodista de<br />
São Paulo, Rogério Gentil Bellot, a legislação brasileira ainda burocratiza e encarece as<br />
novas técnicas de reprodução, como a assistida, por exemplo, quando os casais são<br />
inférteis.<br />
“Tiram-se oito óvulos da mãe e os fecundam com o esperma do pai. Metade é<br />
implantada na mãe e metade fica congelada a -200ºC em nitrogênio líquido. Eles ficam<br />
guardados porque a legislação os considera vivos e não permite descarte. Se são vidas ou<br />
não, é uma discussão muito ampla, mas isso gera um custo enorme de manutenção desses<br />
zigotos, que talvez pudessem ser utilizados para pesquisa, porque eles são formados<br />
praticamente por células-tronco”, explicou Bellot.<br />
Em outros países, as posições em relação a esses temas também variam quanto às<br />
crenças locais. Nos Estados Unidos, por exemplo, o plantio de alimentos transgênicos é<br />
liberado desde 1993. Lá, o agricultor que cultiva essas sementes recebe incentivo e até<br />
subsídio do Governo. Quanto ao estudo com células-tronco, apenas recentemente o<br />
presidente George W. Bush liberou recursos para essas pesquisas. “França, Alemanha,<br />
Itália e outros países europeus avançam bem nesses estudos”, disse o coordenador. “Já os<br />
EUA são mais tradicionais”, afirmou Bellot ao se referir ao conservadorismo do Governo<br />
norte-americano.<br />
A controvérsia se resume basicamente entre o avanço científico e suas conseqüências<br />
na vida humana. Ao mesmo tempo em que busca a cura de doenças degenerativas e<br />
progressivas, a evolução científica também pode agredir o meio ambiente e destruir a<br />
camada de ozônio com a emissão de poluentes biológicos. “O que tem de ser colocado na<br />
balança, assim como acontece com o uso dos medicamentos, é [a relação] custo-benefício.<br />
Por um lado, podem-se aplicar as novas descobertas para a melhoria da qualidade de<br />
vida, mas, ao mesmo tempo, corremos o risco de alterar o ciclo natural das coisas”, salientou<br />
Bellot.<br />
Questões econômicas<br />
Alimentos geneticamente modificados em laboratórios com a utilização<br />
de genes de espécies diferentes de animais, vegetais ou micróbios, os<br />
transgênicos são bastante polêmicos porque envolvem questões econômicas,<br />
de saúde e aspectos ambientais. No Brasil, a soja, produto de maior exportação<br />
nacional (cerca de US$ 10 bilhões em 2004, segundo o Ministério da Agricultura),<br />
teve sua comercialização transgênica liberada até 31 de janeiro de 2006.<br />
De acordo com laboratórios e empresas internacionais, que detêm a<br />
patente de produtos transgênicos, os alimentos geneticamente modificados<br />
não apresentam riscos à saúde humana. Eles afirmam que a transgenia faz<br />
parte do cotidiano, já que há grãos alterados em laboratórios em produtos<br />
comercializados, como cereais e bolachas.<br />
Já o Greenpeace, uma das maiores entidades de proteção ao meio<br />
ambiente do mundo, é contra os alimentos transgênicos. A Organização<br />
desenvolve campanhas em diversos países contra o uso e comercialização de<br />
produtos geneticamente modificados.<br />
Fabio Leite
1.<br />
Após leitura do texto acima, retire as idéias centrais do mesmo e relacione-as aos<br />
aspectos que você considera ético e moral.<br />
- Os Riscos dos Transgênicos:<br />
Como os transgênicos podem afetar a saúde:<br />
- Superbactérias:<br />
1. Algumas plantas geneticamente modificadas recebem um gene de resistência a<br />
antibióticos. É uma forma de saber se a transformação foi bem sucedida.<br />
2. Esse gene provoca o aumento da taxa de transferência do DNA, ou seja, da<br />
facilidade com que pedaços do código genético da planta passam de um organismo para<br />
outro.<br />
3. Há um risco teórico de que as bactérias do intestino humano absorvam esse gene,<br />
tornando-se resistentes aos antibióticos. Aí, qualquer doença, mesmo simples, pode se<br />
tornar um problema grave.<br />
- Alergias:<br />
1. Para se defender de agressores, a planta produz diversas substâncias que podem<br />
ser tóxicas ao homem, provocando alergia.<br />
2. Um único gene “alienígena” poderia alterar o equilíbrio de várias dessas substâncias,<br />
aumentando sua produção. Um estudo feito com soja transgênica mostrou que ela é mais<br />
alergênica que a soja normal.<br />
3. Como ninguém conhece todos os genes das plantas, alguns especialistas afirmam<br />
que faltam estudos para avaliar a segurança dos transgênicos.<br />
Como os transgênicos podem afetar o ambiente.<br />
- Superpragas:<br />
1. Boa parte dos chamados transgênicos de primeira geração recebem um gene<br />
que os tornam resistentes a herbicidas e inseticidas. Assim, podem receber mais agrotóxicos<br />
que o usual.<br />
2. A quantidade exagerada de veneno pode, teoricamente, criar ervas-daninhas e<br />
insetos extremamente resistentes, que não poderiam mais ser combatido pelos defensivos<br />
agrícolas comuns.<br />
3. Para evitar o problema, discute-se nos EUA um sistema de refúgio de espécies.<br />
Ou seja, o agricultor plantaria uma certa porcentagem (entre 10% e 50%) de plantas nãomodificadas<br />
para garantir o cruzamento entre espécies de pragas e, assim, diminuir a<br />
resistência.<br />
- Cruzamento perigoso:<br />
1. Em lugares onde há espécies agrícolas selvagens (como é o caso do milho no<br />
México), o pólen de um transgênico poderia fecundar espécies nativas, reduzindo a<br />
biodiversidade.<br />
- Alvo errado:<br />
1. Uma variedade de milho transgênico recebe um gene de bactéria para produzir<br />
uma toxina mortal para as pragas mais comuns da lavoura.<br />
2. Acontece que essa toxina é pouco seletiva: ela pode atingir também espécies<br />
não-alvo, que habitam o milharal, mas não atacam a lavoura. O caso é crítico no Brasil, onde<br />
há muitas espécies desconhecidas.<br />
69
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
70<br />
Caro(a) aluno(a),<br />
Atividade<br />
Orientada<br />
Esta atividade deverá ser desenvolvida, por você, ao longo do desenvolvimento da<br />
disciplina Biologia Celular e Molecular, sob assistência e orientação do tutor no ambiente<br />
de tutoria. Vale ressaltar, que a atividade orientada não se restringe, apenas, a uma atribuição<br />
quantitativa, mas, principalmente, prima por avaliar qualitativamente seu aprendizado e<br />
desempenho na disciplina. Além disso, objetivamos contribuir para o desenvolvimento e<br />
aprimoramento do futuro profissional do licenciando em Biologia de maneira instigante,<br />
interessante e inteligente, alinhando o tema transversal deste 3º período “A educação na<br />
formação de valores morais” com os conteúdos específicos trabalhados nesta disciplina.<br />
A atividade proposta é formada de 03 etapas e constará da construção de um Mapa<br />
Conceitual e uma história em quadrinhos sobre os temas citados acima, fazendo uso<br />
do artigo “Britânicos anunciam projeto para estudar proteínas humanas” que se encontra no<br />
tema 1 do material impresso.<br />
É bom lembrar que essa atividade é obrigatória e que você deve ler atentamente e<br />
seguir as instruções.<br />
1 Etapa Etapa (INDIVIDUAL, VALOR = 3,0)<br />
É importante que a primeira etapa seja feita individualmente para elencar os<br />
conceitos relacionados à disciplina Biologia Celular e Molecular e o tema transversal deste<br />
3º período “A educação na formação de valores morais”, para depois ser partilhada pelo<br />
grupo. Apesar de trabalhosa, é nesta etapa, quando estamos de frente com os conhecimentos<br />
construídos durante a disciplina, é que temos uma análise real daquilo que, individualmente<br />
realmente sabemos.<br />
Para isto, é necessário que você saiba a distinção entre objetos e eventos. Siga<br />
passo-a-passo e tudo dará certo.<br />
DISTINÇÃO ENTRE OBJETOS E EVENTOS<br />
a) Liste todas as palavras que você relaciona aos temas citados, fazendo uso do<br />
artigo e separe uma lista de objetos (por exemplo, cachorro, gato, cadeira, célula,<br />
cromossomo etc.) e outra de eventos (por exemplo, jogo, chuva, amor, reprodução,<br />
pensamento, etc.).<br />
b) Estabeleça critérios que diferenciem as duas listas. Cite os critérios que você<br />
utilizou. Uma vez feito isto, o que você percebeu? A que conclusão você chegou?<br />
c) O que você pensa quando ouve as palavras da primeira e as da segunda lista?<br />
Agora você já pode ter a sua própria noção de conceito, enfatizando que as imagens mentais<br />
que temos de cada palavra são nossos conceitos.<br />
d) Perceba, também, o fato de que, a despeito de usarem as mesmas palavras, as<br />
pessoas podem pensar coisas ligeiramente diferente sobre elas, ou seja, os conceitos,<br />
além de seu caráter geral, também reúnem aspectos individuais e pessoais. Os conceitos<br />
se ampliam à medida que nosso conhecimento se expande, uma vez que novos conceitos
estão sempre se incorporando à nossa rede conceitual. Célula, por exemplo, é um conceito.<br />
O termo “célula” designa os pequenos objetos microscópicos que compõem a estrutura da<br />
quase totalidade dos seres vivos. Eventos são processos ou fenômenos, como, por exemplo,<br />
fotossíntese.<br />
2 Etapa Etapa<br />
(EQUIPE, VALOR = 4,0)<br />
A construção do mapa conceitual será realizada em grupos, sendo a sua organização<br />
sob a orientação de seu tutor. Antes de começar o trabalho conheça um pouco sobre mapas<br />
conceituais: o mapa de conceitos tem o objetivo de representar conceitos relacionados a<br />
um tema escolhido, dentro de molduras e conectá-los por setas que indicam a relação entre<br />
eles, ampliando assim os conhecimentos relativos ao assunto e sua interação.<br />
MAPA CONCEITUAL<br />
Ou MAPA DE CONCEITOS, é uma maneira esquemática de representar<br />
relações entre conceitos. Em sua forma mais simples, um mapa consiste de dois<br />
conceitos unidos por uma ou mais palavras de ligação. “Célula tem metabolismo”,<br />
por exemplo, representa um mapa de conceitos simples, com uma proposição<br />
válida sobre os conceitos célula e metabolismo. Mapas mais complexos consistem<br />
em um conjunto de conceitos organizados de forma hierárquica e conectados por<br />
setas que indicam as relações entre eles. Auxiliam o professor a planejar seu curso<br />
e a escolher as estratégias pedagógicas mais adequadas ao ensino de cada<br />
assunto. Permitem separar as informações significativas das supérfluas ou menos<br />
importantes, o que é muito útil na organização de currículos escolares. Ajudam o<br />
estudante a distinguir os conceitos-chaves em determinado assunto, além de tornar<br />
claras as relações entre os novos conhecimentos adquiridos e aqueles que o<br />
estudante já possui. Segundo Amabis & Martho (1986) a técnica de mapeamento<br />
de conceitos é apresentado por J. D. Novak e D. B. Gowin, no livro Learning how to<br />
learn e que resume os princípios básicos da construção dos mapas de conceitos<br />
e contêm exemplos e sugestões para a aplicação desses princípios no trabalho<br />
pedagógico.<br />
Você pode baixar um programa para construir mapas conceituais no site<br />
http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/170_mar04/html/software, que<br />
lhe ajudará a construir o seu. O software trabalha com a montagem do mapa<br />
conceitual (veja figura abaixo), espécie de organograma de idéias com um conjunto<br />
de substantivos inter-relacionados. Os grandes conceitos aparecem dentro de<br />
caixas — que podem ser linkadas com imagens ou outros mapas — enquanto as<br />
relações entre eles são feitas por frases e verbos de ligação.<br />
71
a) Com base nos estudos realizados na disciplina Biologia Celular e<br />
Biologia Molecular e o tema transversal deste 3º período “A educação na formação de<br />
Celular e valores morais”, além de fazer uso do artigo “Britânicos anunciam projeto para<br />
Molecular estudar proteínas humanas” selecione os conceitos e eventos sobre os temas<br />
acima;<br />
b) Organize os conceitos selecionados;<br />
c) Construa o mapa; você pode utilizar qualquer editor de texto ou, se quiser, use o<br />
programa do site:<br />
72<br />
CONSTRUÇÃO DO MAPA CONCEITUAL<br />
http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/170_mar04/html/software;<br />
d) Faça a reorganização do mapa partindo dos conceitos mais simples para os<br />
mais complexos;<br />
e) Agora, com o conjunto de conceitos e eventos organizados de forma hierárquica,<br />
conecte-os utilizando-se de setas, indicando frases com no máximo 3 palavras que servirão<br />
de elemento de união e indicarão a relação entre eles, conforme o mapa da figura acima;<br />
f) Faça uma revisão final para se certificar da coerência da relação dos conceitos,<br />
eventos e elementos de ligação e ele está pronto para ser entregue.<br />
3<br />
Etapa Etapa<br />
(DUPLA, VALOR = 3,0)<br />
Nesta etapa, formem duplas e elabore uma história em quadrinhos, utilizando o artigo<br />
“Britânicos anunciam projeto para estudar proteínas humanas” e o tema transversal deste<br />
período. A história deve conter, no máximo, 20 quadrinhos ilustrados (desenhos ou colagens)<br />
e seja direcionada para o Ensino Fundamental.<br />
Esperamos que para a realização deste trabalho, você cumpra as etapas de forma<br />
criativa, interessante e inteligente. Sucesso!
Glossário<br />
Glossário<br />
Ácido desoxirribonucléico (DNA): (1) material genético primário da maioria dos<br />
organismos, constituído de duas fitas complementares de polinucleotídeos. (2) A base da<br />
vida. Uma grande macromolécula cuja seqüência de subunidades (os nucleotídeos) codifica<br />
a informação genética.<br />
Ácido ribonucléico (RNA): ácido nucléico envolvido na transferência da informação<br />
genética e sua decodificação em uma cadeia polipeptídica. Em alguns vírus ele é o material<br />
genético primário.<br />
Anabolismo: metabolismo sintético e construtivo.<br />
ATP (trifosfato de adenosina): substância formada pela união química de adenina,<br />
ribose e três grupos fosfato; participa dos processos energéticos fundamentais dos seres<br />
vivos.<br />
Autofagia: nutrição à custa da própria carne.<br />
Catabolismo: conjunto dos atos de desassimilação fisiológica.<br />
Cromossomos: cada um dos filamentos presentes no núcleo das células eucariontes,<br />
constituído basicamente por DNA e proteínas; nele situam-se os genes.<br />
Colesterol: substância cristalizada dos cálculos biliares do homem e que é<br />
encontrada no sangue ao mesmo tempo.<br />
Eucarionte: célula ou ser vivo que apresenta o núcleo organizado.<br />
Fagocitose: processo pelo qual certas células englobam partículas relativamente<br />
grandes, com o auxílio de pseudópodes.<br />
Gametas: célula cuja função é a de se unir a outro gameta, dando origem ao ovo ou<br />
zigoto; faz parte do ciclo sexuado de reprodução.<br />
Genoma: lote completo de gene, típico da espécie; uma célula haplóide tem um<br />
genoma; uma diplóide tem dois genomas.<br />
Hemácea: glóbulo vermelho ou eritrócito; célula vermelha do sangue; possui<br />
hemoglobina e é responsável pelo transporte de gás oxigênio<br />
Hipertônico: diz-se da solução cuja concentração em soluto é relativamente maior<br />
que a de outra (hipotônica).<br />
73
Biologia<br />
Celular e<br />
Molecular<br />
74<br />
Hipotônico: diz-se da solução cuja concentração em soluto é<br />
relativamente menor que a de outra(hipertônica).<br />
Isotônica: diz-se de uma solução de concentração equivalente a uma<br />
outra, usada como referência.<br />
Permease: enzima associada à membrana plasmática, que facilita a<br />
entrada de substâncias na célula.<br />
Pinocitose: processo pelo qual a célula engloba gotículas líquidas ou pequenas<br />
partículas através dos canalículos que se aprofundam na célula.<br />
Pluri<strong>celular</strong>es: diz-se do organismo que é formado por muitas células.<br />
Uni<strong>celular</strong>es: diz-se do organismo que é formado por uma única célula.
Referências<br />
Referências<br />
Bibliográficas<br />
Bibliográficas<br />
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Anotações<br />
Anotações<br />
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Anotações<br />
Anotações
Anotações<br />
Anotações<br />
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Molecular<br />
80<br />
<strong>FTC</strong> - EaD<br />
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância<br />
Democratizando a Educação.<br />
www.ftc.br/ead