15.04.2013 Views

Figuras e idéias da Filosofia do Renascimento

Figuras e idéias da Filosofia do Renascimento

Figuras e idéias da Filosofia do Renascimento

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS 111<br />

"FIGUR AS E IDEIAS DA FILOSOFIA<br />

DO RENASCIMENTO"<br />

Alcantara NOGUEIRA<br />

Não é sem razão que se deve considerar o perío<strong>do</strong> renascentista<br />

como a aurora <strong>do</strong> saber humano em geral e <strong>do</strong> pensamento filosófico<br />

e ciezttífico em especial, após os muitos séculos de obscurantismo<br />

que a I<strong>da</strong>de Média representou. Querer apontar no medievo aquelas<br />

virtudes que caracterizam o poder <strong>da</strong> inteligência humana no seu<br />

aspecto cria<strong>do</strong>r, é desconhecer o senti<strong>do</strong> que animou uma época<br />

subordina<strong>da</strong> a certa disciplina mental, onde o espírito teve que se<br />

acomo<strong>da</strong>r a formas de pensar pré-fabrica<strong>da</strong>s e impostas, a crê ou<br />

morre, de acôr<strong>do</strong> com uma tradição suposta perfeita. A dissidência<br />

de um Rogério Bacon, <strong>da</strong>ndc· rumos novos à pesquisa intelectual, é<br />

um quase na<strong>da</strong> frente àquela sabe<strong>do</strong>ria apo·ia<strong>da</strong> nos ·<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> re­<br />

velação.<br />

Por isso mesmo, quan<strong>do</strong> consideramos a rebelião <strong>do</strong> Renasci­<br />

mento, trazen<strong>do</strong> tanta riqueza para o conhecimento, é que melhor<br />

podemos compreender o que é o pensamento liberto de preconceitos,<br />

utilizan<strong>do</strong> o saber <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, .. com independência e, mais <strong>do</strong> que<br />

tu<strong>do</strong>, procuran<strong>do</strong> incorporar à cultura novos valores elabora<strong>do</strong>s pela<br />

filosofia e pela ciência, em consonância, com as necessi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> pro­<br />

gresso social.<br />

Sente essa grandeza <strong>do</strong> <strong>Renascimento</strong>, interpretan<strong>do</strong>-a no que<br />

ela possui de mais significativo, Ro<strong>do</strong>lfo Mcn<strong>do</strong>lfo, no seu livro -<br />

«<strong>Figuras</strong> e idéas de la filosofía del Renacimiento», Editorial Le>­<br />

sa<strong>da</strong> S. A., Buenos Aires, 1954. Parte desta obra, aliás, foi publica<strong>da</strong> em<br />

1947, sob o titule «Tres filosofos del Renacimiento», compreenden<strong>do</strong><br />

estu<strong>do</strong>s sôbre Bruno, Galileo e Campanella; mas já agora Mon<strong>do</strong>lfo<br />

a'presenta, práticamente, outro trabalho, pois, segun<strong>do</strong> as suas pró­<br />

prias palavras, foram acrescenta<strong>do</strong>s àqueles primeiros ensaios «re­<br />

vistos e. amplia<strong>do</strong>s à base de novos <strong>do</strong>cumentos e estu<strong>do</strong>s, quatro<br />

novc·s, sôbre pontos e aspectos <strong>da</strong> mesma época, que me parecem de<br />

não menor importância: Leonar<strong>do</strong>, teórico <strong>da</strong> arte e <strong>da</strong> ciência; a<br />

ideia <strong>da</strong> cultura no <strong>Renascimento</strong> italiano; O Rnascimento italiano


112 REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS<br />

r a filosofia moderna; O méto<strong>do</strong> galileano e a teoria <strong>do</strong> conhecimento».<br />

o conjunto dessas pesquisas constitui a contribuição critico-filo­<br />

sófica mais profun<strong>da</strong> que modernamente se tem escrito acêrca <strong>do</strong><br />

pensamento renascentista. Mondclfo, de fato, avantaja-se <strong>do</strong>s demais<br />

autores que trataram <strong>da</strong> Renascença, pela visão superior que possui<br />

<strong>do</strong>s varia<strong>do</strong>s problemas que expõe e discute, já que os considera<br />

em três de seus aspectos fun<strong>da</strong>mentais: filosófico, ciêntífico e socio­<br />

lógico-. A análise a que êle submete o pensamento de Leonar<strong>do</strong>,<br />

Bruno, Galileo e Carppanella abarca, de uma só vez, diferentes se­<br />

tores <strong>do</strong> conhecimento, porque além de definir e interpretar a <strong>do</strong>u­<br />

trina frente à filosofia e à ciência, situa os problemas formula<strong>do</strong>s<br />

em função d'as coordena<strong>da</strong>s sócio-históricas nas quais êles se fc•r­<br />

mam e se desenvolvem. Trata-se de um critério analítjco que tem<br />

a facul<strong>da</strong>de de colocar o pensamento to<strong>do</strong> inteiro diante <strong>da</strong> reali­<br />

.<strong>da</strong>de cultural que êle está a traduzir no momento em que se exer­<br />

cita, bem como a sua possibili<strong>da</strong>de de in,fluir na formação de novos<br />

quadros <strong>do</strong> conhecimento que, de futuro, venham a aparecer.<br />

Mon<strong>do</strong>lfo inicia o livro estu<strong>da</strong>n<strong>do</strong> o «divino» Leonar<strong>do</strong>, anali­<br />

san<strong>do</strong> a forma de ideal que imc.rtalizou o gênio italiano sempre in­<br />

satisfeito na criação de sua arte, fazen<strong>do</strong> desta e <strong>da</strong> ciência «formas<br />

mutuamente vincula<strong>da</strong>s de um mesmo anhelo e esfôrço de conheci­<br />

mento e conquista»; não foi apenas o pintor que, penetran<strong>do</strong> na epis­<br />

temologia e na metafisica, permancesse «sempre pintc•r», mas, diz<br />

Mon<strong>do</strong>lfo: pintor e artista, Leonar<strong>do</strong> é sempre filóscd'o e cientista,<br />

penetran<strong>do</strong> na pintura e na arte sem sair <strong>da</strong> epistemologia e <strong>da</strong><br />

metafísica.<br />

O desEjo crescente de atingir o ámago <strong>da</strong> obra que produzia,<br />

levou Leonar<strong>do</strong>, como assinala Mon<strong>do</strong>lfo, a preocupar-se, não só cc•m<br />

a técnica e com a criação artística, mas a investigar e estu<strong>da</strong>r cien­<br />

tificamente a natureza: «pois o grande amor nasce <strong>do</strong> conhecimento<br />

<strong>da</strong> coisa ama<strong>da</strong>, e se tu nã a conheces, pouco ou na<strong>da</strong> podes amá-la:!-.<br />

Para êle a criação artística era uma fantasia exata (como diria<br />

Casirer na citação de Mc.n<strong>do</strong>lfo), <strong>da</strong>í não ter a sua arte apenas um<br />

caráter emocional de beleza: ela era tambem produto de investi­<br />

gação científica. Esta, êle a fêz no vasto campo• <strong>da</strong>s ciências natu­<br />

rais em geral, realizan<strong>do</strong>, como indica Mon<strong>do</strong>lfo, «descobrimentos<br />

assombrosos para a sua época» e crian<strong>do</strong> «novos ramos <strong>da</strong> ciência<br />

que não tinham antecedentes nas i<strong>da</strong>des passa<strong>da</strong>s».<br />

A posição histórica <strong>do</strong> grande vulto renascentista está bem de­<br />

termina d a por Mon<strong>do</strong>lfo, que a indica como contrária ao ideal de<br />

obediência à autori<strong>da</strong>de (característica <strong>da</strong> Média I<strong>da</strong>de Cristã), para<br />

firmar-se nos <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> experiência. Issc, porém, não faz dêle, como<br />

se pretendeu, «mero empirista», porque Leonar<strong>do</strong> não concebe a


REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS 113<br />

prática divor_çia<strong>da</strong> <strong>da</strong> ciência. Teoria e prática se exigem na apreen­<br />

são <strong>do</strong> conhecimento. A êsse respeito, aliás, Mon<strong>do</strong>lfo afirma que<br />

no ideal leonardiano se impõe a exigência de que a ciência nace<br />

na experiência e termina nesta e que sua. origem, meio e fim passàm<br />

pelos senti<strong>do</strong>s; por outro la<strong>do</strong>, acrescenta: «a ciência é uma segun<strong>da</strong><br />

criação realiza<strong>da</strong> pela fantasia; a essa segun<strong>da</strong> criação significa uma<br />

realização que só póde cumprir-se no mun<strong>do</strong> <strong>da</strong> experiência sensível»<br />

Mesmo indeciso no que ccncerne à consideração de ser a expe·<br />

riência ou a razão ou principio fun<strong>da</strong>mental, adverte Mon<strong>do</strong>lfo, pe­<br />

netrou cm


I<br />

114 REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS<br />

telismo. Mas ain<strong>da</strong> no claustro, onde procurou manter, no dizer de<br />

Mondc.Ifo, «uma espécie de separação entre os problemas filosóficos<br />

e as crenças religiosas», já lhe são conheci<strong>da</strong>s as <strong>idéias</strong> panteístas de<br />

A verroes, Ibn Gebircl e Dinant, de um la<strong>do</strong>, e o atomismo democri­<br />

tiano e lucreciano de outro. A influência dessas <strong>idéias</strong> é indiscuti<br />

vel no sistema de Bruno.<br />

Pouco a pouco, porém, <strong>da</strong>rá uni<strong>da</strong>de à sua <strong>do</strong>utrina e o panteb­<br />

mo que prega se enche, como assinala Mon<strong>do</strong>lfo, de novos elementos<br />

próprios que irão i9-fluir inclusive na construção de outros ideais<br />

filosóficos, v. g., Bruno se adianta e talvez inspira a exigência expressa<br />

por Bacon no sentide de «purificar a mente de <strong>idéias</strong> preconcebi<strong>da</strong>s<br />

tporque a natureza, para êle, deve ser lei para a razão humana e<br />

não esta para aquela), antecipa a teoria <strong>da</strong> «cor;tinui<strong>da</strong>de» de Leibniz,<br />

além de haver si<strong>do</strong> precursor de Spinoza quanto ao ccnceito de subs­<br />

tância-causa universal que o filósofo de Amster<strong>da</strong>m irá identificar<br />

com Deus,. etc.<br />

Em Bruno se afirma êste pensamento central que ensina a di- .<br />

vin<strong>da</strong>de dentro <strong>da</strong>s coisas como poder natural e assim a imanência<br />

de Deus em to<strong>do</strong> o universo e, ao memo tempo, em ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s. sêres<br />

que o formam. Igualmente, Bruno transfere para o próprio ho'mem<br />

essa circunstância relativa a Deus e às coisas, quan<strong>do</strong> de,clara a pre­<br />

sença <strong>da</strong> divin<strong>da</strong>de em ca<strong>da</strong> espírito humano e, segun<strong>do</strong> a interpre­<br />

tação mon<strong>do</strong>lfiana, o ser divino está presente e agin<strong>do</strong> em ca<strong>da</strong> cons­<br />

ciência como se fôra um desperta<strong>do</strong>r a excitar e a prcvocar inces­<br />

santemente o espírito, fazen<strong>do</strong> com que não fique inerte o seu poder,<br />

mas obrigan<strong>do</strong>-o a tornar-se ativo e a realizar o seu progressivo<br />

desenvolvimento. Por isso, Mon<strong>do</strong>lfo conclui que a «idéia <strong>da</strong> ima­<br />

nência universal <strong>do</strong> divino tende assim a uma coerente conclusão<br />

universalista relativa à vontade e capaci<strong>da</strong>de humana de conheci­<br />

mento'. Para o Nolano, o conhecimento e o amor divino se desenvol­<br />

vem em to<strong>do</strong>s os hcmens, de · mo<strong>do</strong> que para o espírito dêstes a pre­<br />

sença <strong>da</strong>quele é como se fôra um aci-cate a estimular a mente e<br />

avançar sempre, nunca se satisfazen<strong>do</strong> com a ver<strong>da</strong>de que alcança.<br />

Daí resultar, conforme mostra Mon<strong>do</strong>lfo, que a raiz de que brota to<strong>do</strong><br />

conato está forma<strong>do</strong> pela imanência <strong>da</strong> mente divina que se acha em<br />

todc.s os sêres, inclusive nos que são chama<strong>do</strong>s inanima<strong>do</strong>s.<br />

Essa teoria <strong>da</strong> imanência, no sistema de Bruno, que encontra em'<br />

.Mon<strong>do</strong>lfo o seu maior intérprete, constitui o traço fun<strong>da</strong>mental de<br />

to<strong>do</strong> o pensamento <strong>do</strong> filósofo, conclusão a que chegou o grande his­<br />

toria<strong>do</strong>r <strong>da</strong> filosofia, após cui<strong>da</strong><strong>do</strong>sas pesquisas que o levaram a<br />

aban<strong>do</strong>nar o que Tocco havia determina<strong>do</strong> através de três fases, como<br />

essencial na deutrina <strong>do</strong> Nolano. Tal aspecto concernente à uni<strong>da</strong>de<br />

fun<strong>da</strong>mental <strong>do</strong> pensamento de Bruno, Mon<strong>do</strong>lfo dedica no item VI


REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS 115.<br />

desta segun<strong>da</strong> parte <strong>do</strong> livro - «A ética e o progresso <strong>da</strong> humani­<br />

<strong>da</strong>de» -, algumas páginas bastante eluci<strong>da</strong>tivas.<br />

Vale, enfim, lembrar que a própria influência que Bruno recebe<br />

<strong>do</strong> neoplatonismo termina por tornar-se desfigura<strong>da</strong>, já que se a<strong>da</strong>pta<br />

t.. teoria <strong>da</strong> imanência, perde c. sopro místico de êxtase contemplativo,<br />

pois a reali<strong>da</strong>de divina, assim como a humana, está sempre em con­<br />

tínua ativi<strong>da</strong>de; a posse é sempx;e conquista ou criação· incessante; a<br />

existência se identifica com o movimento laborioso, o conhecimento<br />

com a investigação e ativi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> pensamento, que passa de um a<br />

outro objeto sem descanso, para estabelecer relações e vínculos entre<br />

as infinitas <strong>idéias</strong>, num processo infinito. (Mon<strong>do</strong>lfo·).<br />

Transfundin<strong>do</strong> as fórmulas neoplatónicas para <strong>da</strong>r-lhes senti<strong>do</strong><br />

novo, como assinala c historia<strong>do</strong>r <strong>da</strong> filosofia, o panteísmo bruniano<br />

se dirige no senti<strong>do</strong> de identificar Deus com a natureza e a ela ser<br />

imanente, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que esta tende a ser considera<strong>da</strong> um : a<br />

mesma com Deus ou «sua manifestaão vivente». Porque diz Bruho<br />

que «a natureza não é outra ccisa que Deus nas coisas».<br />

Disso, Mon<strong>do</strong>lfo tira as consequências <strong>da</strong> filosofia de Bruno,<br />

que são : a animação universal, a uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> natureza, sua infini­<br />

tude. Será é ontra o aristotelismo que Bruno afirma a infinitude<br />

<strong>do</strong> universo, negan<strong>do</strong> o «céu encerra<strong>do</strong> pela esfera externa <strong>da</strong>s estrê­<br />

las fixas». Assim, um universo infinito existe a mover-se, graças a<br />

uma causa infinita. que é a alma universal, «que forma e faz ro<strong>da</strong>r<br />

mun<strong>do</strong>s inumeraveis». Tu<strong>do</strong>, diz o Nolano, está anima<strong>do</strong> pela divin­<br />

<strong>da</strong>de, que é a própria alma universal presente em ca<strong>da</strong> um de nós<br />

. e dentro de ca<strong>da</strong> ser existente. Dêsse mo<strong>do</strong>, acrescenta Mon<strong>do</strong>l:fo,<br />

dtan<strong>do</strong> as palavras de Bruno: «em qualquer coisa, por pequena que<br />

seja e separa<strong>da</strong> <strong>do</strong> mais, podes intuir um mun<strong>do</strong> ou pelo menos<br />

a imagem de um mun<strong>do</strong>; «em ca<strong>da</strong> homem, em ca<strong>da</strong> indivíduo se<br />

'ontempla um mun<strong>do</strong>, um universo». Eis porque, estan<strong>do</strong> a alma<br />

universal nas coisas e em nós mesmos, é possível termos o c0nhe­<br />

cimento <strong>da</strong> natureza, estu<strong>da</strong>n<strong>do</strong> e d e scobrin<strong>do</strong> a natureza universal<br />

t•m nós próprios (Mon<strong>do</strong>lfo); também, ain<strong>da</strong> concluiu Mon<strong>do</strong>lfo que,<br />

pela presença <strong>da</strong> alma universal, como «princípio de vi<strong>da</strong>, movimen­<br />

to e conhecimentc•». tô<strong>da</strong>s as coisas se ligam e unificam por um «vín­<br />

culo universal de amor, assim como esta mesma al l( la universal junta<br />

to<strong>do</strong>s os sêres na sua multiplici<strong>da</strong>de e diversi<strong>da</strong>de numa só «espécie<br />

suprema». Tu<strong>do</strong>, portanto, é um só ser pelo poder <strong>da</strong> alma universal<br />

que a tu<strong>do</strong> unifica<strong>da</strong> a tu<strong>do</strong> transmite o seu poder divino.<br />

Tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong> monismo bruniano, MondcHo assinala as suas rela·<br />

ções, cnincidências ou contradições frente ao pensamento <strong>do</strong> cardeal<br />

Cusano, <strong>do</strong> ideal parmenidianc e <strong>da</strong> substância de Spinoza, especial­<br />

mente. Interpretan<strong>do</strong> o uno e o múltiplo e a coincidência <strong>do</strong>s con­<br />

trários, em Bruno, o historia<strong>do</strong>r expõe, discute e compreende o pro-


116 REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS<br />

blema em múltiplos ângulos, não deixan<strong>do</strong> qualquer dúvi<strong>da</strong> con­<br />

cernente ao pensamento panteísta <strong>da</strong> Renascença naquilo que êle<br />

traduziu para a sua epóca, os liames que teve no passa<strong>do</strong> e teria no<br />

presente com as correntes filosóficas que procuraram conceber a di­<br />

vin<strong>da</strong>de como ser natural, ou seja, como reali<strong>da</strong>de existente no seio<br />

<strong>da</strong> universali<strong>da</strong>de, com ela se confundin<strong>do</strong>.<br />

A complementação dêsse estu<strong>do</strong> é feita sob aspecto prático­<br />

objetivo, através <strong>da</strong> ética <strong>do</strong> progresso <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de (item VI já<br />

indicadc) e <strong>da</strong> idéia <strong>do</strong> progresso humano em Gior<strong>da</strong>no Bruno<br />

(item III <strong>da</strong> 2.a parte <strong>do</strong> livro). É justo reconhecer que nessa in­<br />

terpretação, Mon<strong>do</strong>lfo, além de original, põe a fôrça <strong>do</strong> seu espi­<br />

nto a serviço <strong>do</strong>s mais ncbres ideais <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de. Com efeito,<br />

para êle, a idéia de progresso humano que tem sua!) manifestações<br />

na antigui<strong>da</strong>de, em Bruno afirma a dupla relação de dependência<br />

r· de àntítese que liga O· moderno ao antigo no desenvolvimento<br />

histórico, de mo<strong>do</strong> a influir vigorosamente nos filósofos e cientis­<br />

tas <strong>da</strong> Renascença e conseguin<strong>do</strong> sua evolução ulterior nos séculos<br />

eguintes; e esa ·«visão <strong>do</strong> progresso se caracteriza por seu caráter<br />

c-oncretc e por seu realismo histórico que a faz superior a muitas<br />

concepções posteriores nas quais a idéia de progresso tomou um<br />

caráter místico de destino infalível <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de, conforme a<br />

convicção de uma intrínseca racionali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> história».<br />

O nervo central dessa idéia de progresso, que Mon<strong>do</strong>lfo deter­<br />

mina, está na ccmpreensão de que é pelo constante labor através<br />

<strong>do</strong>s séculos que o espírito se aprimora na conquista <strong>do</strong> conheci­<br />

mento, adquirin<strong>do</strong>· maior riqueza cultural e obten<strong>do</strong>· dessa expe­<br />

riência renova<strong>da</strong> uma tal maturi<strong>da</strong>de que o faz mais «velho» em<br />

relação àquele que o antecedeu: «somos mais velhos e temos i<strong>da</strong>de<br />

mais antiga que nossos predecessores», diz Bruno. Diante desse fun­<br />

<strong>da</strong>mento, Mon<strong>do</strong>lfo destaca pontos essenciais que se resumem: na<br />

concepção <strong>do</strong> progresso como um continua<strong>do</strong> aperfeiçoamento <strong>do</strong><br />

e!'pírito feito através <strong>da</strong>s gerações, quan<strong>do</strong> as dificul<strong>da</strong>des vão sen<strong>do</strong><br />

supera<strong>da</strong>s pouco a pouco; o progresso é fato real na história, mas<br />

não constante e indefectível; pede ou não processar-se, dependen<strong>do</strong><br />

elas circunstâncias em ca<strong>da</strong> século; o progresso, enfim, «não é apro­<br />

ximação a uma meta preconcebi<strong>da</strong>», mas um avanço intensivo e ex­<br />

tensivo <strong>do</strong> espírito que ultrapassa o esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> «vi<strong>da</strong> animal» e atinge<br />

novas etapas cultui:ais, possibilitan<strong>do</strong> a formação de novas fôrças<br />

que, dialêticamente, respondem às necessi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> momento his­<br />

tórico em que vivem.<br />

A necessi<strong>da</strong>de é o grande .motor que provoca e põe em movi­<br />

mento o engenho humano. Por isso, exigem-se e completam-se as ati­<br />

vi<strong>da</strong>des intelectual e material, estan<strong>do</strong> à sua base um caráter econônlico,<br />

um motivo e un<strong>da</strong>mento utilitário.


REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS 117<br />

Mon<strong>do</strong>lfo, ao concluir essa parte, assinala o fato <strong>do</strong>· que repre­<br />

sentou para a Europa continental a desgraça que foi o «nacionalismo<br />

totalitário», absorven<strong>do</strong> o indivíduo, impedin<strong>do</strong>-o de alcançar aquêle<br />

estádio que significa progresso cultural <strong>do</strong> século, injetan<strong>do</strong> nos espí­<br />

ritos a dúvi<strong>da</strong> em relação ao dia de amanhã. O ideal de progresso de<br />

E?runo vale, pois, «tanto para o indivíduo, nas contingências singu­<br />

lares de sua vi<strong>da</strong> pessoal, como para as coletivi<strong>da</strong>des humanas no<br />

curso de sua história».<br />

MondcJ.fo, compreenden<strong>do</strong> a objetivi<strong>da</strong>de dessa idéia de progresso<br />

que o Nolano ensinou, sentiu um düil , êle próprio, um momento re­<br />

gressivo para,' o evolver <strong>da</strong> cultura humana, quan<strong>do</strong> o fascismo<br />

corruptor o obrigou a exilar-se de sua pátria. É porque seu saber<br />

representava o polo oposto· <strong>da</strong>quela ordem social que durante muitos<br />

anos levou à escravidão milhões de pessoas.<br />

As palavras com que Mon<strong>do</strong>lfo finaliza as pesquizas sôbre o pen­<br />

samento bruniano - ato de fé cultural - talvez, desafortuna<strong>da</strong>mente,<br />

precisem ser repeti<strong>da</strong>s nestes dias de incertezas: «fazer renascer a<br />

confiança <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de será, pois, ·a grande tarefa de post-guerra<br />

para promover no mun<strong>do</strong> um· novo ímpeto de progresso».<br />

Ao la<strong>do</strong> de Bruno que é, ver<strong>da</strong>deiramente, «o ma.or represen­<br />

tante <strong>do</strong> <strong>Renascimento</strong>, que abre as portas à filosofia moderna)),<br />

está Galileo - o sábio que devassou o céu com olhos de cria<strong>do</strong>r<br />

de uma nova ciência -, haven<strong>do</strong>, na afirmação de Mon<strong>do</strong>lfo, asso­<br />

cia<strong>do</strong> de forma inseparável a observação e a demonstração, elementos<br />

que constituem a base <strong>do</strong> seu méto<strong>do</strong> cientifico - «o metó<strong>do</strong> gali­<br />

leano)) - que tem si<strong>do</strong> o «ver<strong>da</strong>deiro exemplo e modêlo de to<strong>do</strong> o<br />

métc<strong>do</strong> experimental digno· de seu nome».<br />

Galileo, sem dúvi<strong>da</strong>, faz <strong>da</strong> observação e <strong>da</strong> demonstração <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />

indispensáveis para as suas pesquisas e ambas constituem as ex­<br />

penênc.as alcança<strong>da</strong>s mediante os senti<strong>do</strong>s, e as demontrações lógico­<br />

racionais de sua necessi<strong>da</strong>de, traduzi<strong>da</strong>, como uma v.nculação reci­<br />

proca, não unilateral, pois nem a demonstração lógica e matemática<br />

podia alcançar sua «absoluta certeza· objetiva)) igual à <strong>da</strong> natureza,<br />

sem apo.ar-se na experiência em seu ponto de parti<strong>da</strong> e .confirmar-se<br />

co-m ela ao chegar à sua conclusão (Mon<strong>do</strong>lfo) . Foi, aliás, .assumm<strong>do</strong><br />

essa posição metodc,lógica, que Galileo, conforme assevera Monoolío,<br />

não só se diferencia de Bacon e de Descartes, como supera a ambos por<br />

seu méto<strong>do</strong> expenmental que une a observação com a demonstr·açao,<br />

a experitncia com a necessi<strong>da</strong>de racional.<br />

:::,ob var.as taces, lVlonool:l'o explica essa superioril!lade <strong>do</strong> mé­<br />

to<strong>do</strong> galileano, acentuan<strong>do</strong> que nele a dedução jamais se separa<br />

<strong>da</strong> experiência e é sempre uma «demonstração necessária», signifi­<br />

Can<strong>do</strong> isso que ela é diversa <strong>da</strong> dedução contingente cartesiana e <strong>da</strong><br />

indução empírica baconiana.


118 REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS<br />

Não só o metó<strong>do</strong> de Galileo é objeto <strong>da</strong>s pesquisas mon<strong>do</strong>lfianas,<br />

mas tô<strong>da</strong>s as buscas que o sábio empreendeu no <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> conhe­<br />

c:imento cientificc, inclusive o seu processo de investigação <strong>do</strong> qual<br />

resultou a criação <strong>da</strong> física moderna e, enfim, é <strong>da</strong><strong>da</strong> a explicação<br />

de como êle liqui<strong>do</strong>u as <strong>idéias</strong> físicas de Aristóteles para descobrir<br />

e dE·monstrar as leis <strong>da</strong>s que<strong>da</strong>s <strong>do</strong>s corpos - base de tô<strong>da</strong> a mecânica.<br />

Não tem si<strong>do</strong> pequeno o número de estudiosos <strong>da</strong> obra de<br />

Galilec. (o próprio Mon<strong>do</strong>lfo cita com frequência um <strong>do</strong>s mais no­<br />

táveis - Pastore), mas talvez nenhum dêles haja harmon:za<strong>do</strong> o<br />

senti<strong>do</strong> científico <strong>da</strong>quela em relação às <strong>idéias</strong> metafísicas <strong>do</strong> grande<br />

físico e astrônomo, como faz o Autor de «<strong>Figuras</strong> e iaéias <strong>da</strong> Filo­<br />

sofia <strong>do</strong> <strong>Renascimento</strong>». Aí está, pois, uma <strong>da</strong>s originali<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s<br />

pesquisas de Mon<strong>do</strong>lfo acêrca de Galileo: senti-lo como homem de<br />

ciência que, dentro <strong>da</strong> objetivi<strong>da</strong>de de seu méto<strong>do</strong>, teve à capa­<br />

ci<strong>da</strong>de de crientar o espírito para se assenhorear de uma visão in­<br />

terpretativa acêrca <strong>do</strong> conhecimento como valor intelectivo e <strong>do</strong> uni­<br />

verso como reali<strong>da</strong>de. Dêsse mo<strong>do</strong>, pon<strong>do</strong> as <strong>idéias</strong> metafísicas de Ga­<br />

lileo diante <strong>da</strong>s de filósofos <strong>da</strong> antigui<strong>da</strong>de e, nota<strong>da</strong>mente, frente<br />

às de Leonar<strong>do</strong> e Bruno, Mon<strong>do</strong>lfo indica, no confronto, as coincidên­<br />


REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS 119<br />

por que tu<strong>do</strong> indica que sua interpretação é mais fiel. Repete, assim,<br />

Mon<strong>do</strong>lfo, uma de suas características de grande historia<strong>do</strong>r <strong>da</strong> filo­<br />

sofl.a: sereni<strong>da</strong>de na apreciação crítica-interpretativa acima de qual­<br />

quer espírito de simpatia ou divergência ideológica, seguin<strong>do</strong> aquêle<br />

ensinamento que Spinoza a<strong>do</strong>ta diante <strong>da</strong>s paixões humanas: non ri­<br />

clere non lugere nee detestare sed inteligere.<br />

A ver<strong>da</strong>de é que Mon<strong>do</strong>l.fo, embora declaran<strong>do</strong> modestamente<br />

não ter possibili<strong>da</strong>de nem intensão de «entrar no me:-o <strong>da</strong>s polêmicas<br />

interpretativas», termina por apresentar algo talvez mais importante<br />

<strong>do</strong> que o objetivo que mcveu as querelas trava<strong>da</strong>s em tôrno de Cam­<br />

panella, pois consegue oferecer a linha essencial para a compreensão<br />

histórica <strong>do</strong> pensamento <strong>do</strong> filóscfo, abrin<strong>do</strong> horizontes para uma<br />

maior penetração em sua <strong>do</strong>utrina.<br />

Na sua análise, Mon<strong>do</strong>lfc- especifica pontos que merecem sejam<br />

indicaqos, mesmo sinteticamente: Campanella procurou, no momento<br />

histórico em que viveu, realizar alguns de seus ideais, fracassandO',<br />

é certo, porque circunstâncias adversas originárias <strong>do</strong> próprio am­<br />

biente social e político determinavam a implantação de cutros senti­<br />

tmentos que não aquêles por êle sonha<strong>do</strong>; se;s ideais não se perderam<br />

de to<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> utópico que caracteriza a sua <strong>do</strong>utrina : êles in­<br />

fluíram ou mesmo anteciparam outras <strong>idéias</strong> que cs séculos conhe­<br />

ceram posterior . mente, como por exemplo: a teoria <strong>do</strong> otimismo de<br />

Leibniz; o cogito, ergo sum cartesiano; a consideração· <strong>da</strong> felici<strong>da</strong>de<br />

como sen<strong>do</strong> a propria virtude e não o prêmio desta, segun<strong>do</strong> ensi­<br />

nariam posteriormente Spinoza e Kant; a superação <strong>da</strong> teoria ?e<br />

Hobbes, pela qual se reconhece «uma exigência de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de<br />

humana que atua no próprio impulso de conservação, exigin<strong>do</strong> uma<br />

cooperação recíproca e uma confluência de energia entre os homens,<br />

para a satisfação de seu anhelo de elevação e desenvolvimento pro­<br />

gressi v c» (superação és ta realiza<strong>da</strong> depois por Pufen<strong>do</strong>rf e Spinoza),<br />

e o próprio «ingênuo espírito socialista utopista reacionário» · de<br />

Rousseau, sonhan<strong>do</strong> com uma volta à natureza, associan<strong>do</strong>-se à idéia<br />

d.c considerar como sen<strong>do</strong> usurpação <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de priva<strong>da</strong> trans­<br />

forma<strong>da</strong> em direito primitivo e absoluto e a nivelação que se deseja<br />

realizar pela intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e que aspira a pôr novamente<br />

a socie<strong>da</strong>de num estádio econômico mais primitivo, basea<strong>do</strong>• na<br />

agricultura e contrário a to<strong>do</strong> o desenvolvimento industrial e comer­<br />

cial, etc. prosseguin<strong>do</strong>: a realização de um comunismo que visava<br />

ao extermínio <strong>do</strong>s males oriun<strong>do</strong>s <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de priva<strong>da</strong>, valori­<br />

zan<strong>do</strong> o trabalho que é «a única medi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s méritos e <strong>da</strong> recompensa,<br />

inclusive <strong>do</strong> trabalho manual». Tais aspectos <strong>do</strong> ideal campane­<br />

liano mostram que Mon<strong>do</strong>lfo tem razão em reconhecer que não é<br />

possível considerar o filósofo, como fêz Croce, «entre os utopistas,<br />

o mais utópico». Pois quanto à consideração <strong>do</strong> trabalho como


120 REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS<br />

honra e merito para igualar to<strong>do</strong>s os homens e fazê-los elevarem-se<br />

espirüualmente, desde que tenham possibili<strong>da</strong>de de se instruirem,<br />

actuz 1\ion<strong>do</strong>lfo: '


REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS 121<br />

diz, de abrir «as portas ao livre desenvolvimento <strong>do</strong> pensamento<br />

moderno».<br />

Estas <strong>idéias</strong> finais acêrca <strong>do</strong> <strong>Renascimento</strong> são amplia<strong>da</strong>s e apro­<br />

fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s nos itens I e II <strong>da</strong> 2.a parte <strong>do</strong> livro, onde Mon<strong>do</strong>lfo estu<strong>da</strong><br />

a matéria sob os títulos - «A idéia de cultura no <strong>Renascimento</strong><br />

italiano» e


122 REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS<br />

res <strong>do</strong> <strong>Renascimento</strong>, nas suas afirmações mais expressivas acêrca<br />

<strong>do</strong> ideal que pregam - Coluccic Salutati, Juan de Prato, Bernardino<br />

de Siena, Francisco Fielfo, Enea Silvio Piccolomini, Leonar<strong>do</strong> Bruni,<br />

Pier Paolo Vergerio, Guarino de Verona, Matteo Palmieri, Leon<br />

Battista Alberti, Marcilio Ficino e, especialmente, os maiores, Brúno,<br />

Lecnar<strong>do</strong>, Galileo e Campanella.<br />

To<strong>do</strong>s êsses nomes pertencem à Italia e a sua contribuição, para<br />

elevar o espírito humano à grandeza moral e intelectual, faz com<br />

f]ue o <strong>Renascimento</strong> italiano haja aberto e prepara<strong>do</strong> o caminho· à<br />

ciência e à filosofia modernas (MondcHo).<br />

Essa herança magnífica que a filosofia moderna tanto aproveitou,<br />

se acha demonstra<strong>da</strong> no- item já indica<strong>do</strong> - «O <strong>Renascimento</strong> ita­<br />

liano e a filosofia moderna». Não necessitamos, to<strong>da</strong>via, entrar em<br />

pormenores a êsse respeito (porque já o fizemos ao apontar anterior­<br />

mente as pesquisas de Mon<strong>do</strong>lfo sóbre o pensamento de Leonar<strong>do</strong>,<br />

Bruno, Galileo e Campanella), para indicar o que os pensa<strong>do</strong>,res<br />

e cientistas mais poderosos <strong>do</strong> <strong>Renascimento</strong> italiano legaram aos<br />

sistemas filosóficcs <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de. Relembramos apenas que fi­<br />

lósofos como Bacon, Descartes, Spinoza, Hobbes, Leibniz e Kant, como<br />

Çlssinala Mon<strong>do</strong>lfo, receberam, indiscutivelmente, <strong>do</strong> <strong>Renascimento</strong><br />

italiano, <strong>idéias</strong> para a construção de seus sistemas; e assim na<strong>da</strong> mais<br />

P.rá preciso acrescentar sôbre esta época que rcmpeu os grilhões<br />

âo obscurantismo <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de Média, realizançl.o o «descobrimento <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> e <strong>do</strong> homem».<br />

Esta obra de Ro<strong>do</strong>lfo Mon<strong>do</strong>lfo afirma que o mais penetrante<br />

pesquisa<strong>do</strong>r contemporâneo <strong>do</strong> pensamento grego se rivaliza com o<br />

c.nalista e intérprete <strong>do</strong> pensamento filosófico renascentista.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!