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DORES DE NOSSA SENHORA - Missão Padre Pio

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Formação para Consagração a Jesus por Maria<br />

<strong>DORES</strong> <strong>DE</strong> <strong>NOSSA</strong> <strong>SENHORA</strong><br />

Duas vezes no ano lembra-se a Igreja das Dores de Maria Santíssima: na sexta-feira que antecede ao<br />

domingo de Ramos, e no dia 15 de setembro.<br />

Quem poderia ouvir sem comoção a história mais triste que jamais houve no mundo? A<br />

crucificação e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.<br />

Maria Santíssima é a Rainha dos mártires, porque as dores de seu martírio excederam às dos<br />

mártires primeiro na duração e segundo em intensidade.<br />

Ponto primeiro – Duração do martírio da Virgem Maria<br />

1- Maria Santíssima é realmente uma mártir – Jesus é chamado Rei das dores e<br />

Rei dos mártires, porque em sua vida mortal padeceu mais que todos os outros mártires.<br />

Assim também é Maria Santíssima chamada com razão Rainha dos Mártires, visto ter<br />

suportado o maior martírio que se possa padecer depois das dores de seu Filho. A coroa,<br />

com a qual foi constituída Rainha dos Mártires, foi justamente sua dor tão árdua, que<br />

excedeu à de todos os mártires reunidos por sua duração. Pois foi sua vida, um longo e lento<br />

martírio.<br />

2- Duração do martírio de Maria Santíssima – Assim como a Paixão de Jesus<br />

começou com seu nascimento, diz S. Bernardo, também assim sofreu Maria Santíssima o<br />

martírio durante toda a sua vida por ser em tudo semelhante ao Filho. A vida de Maria<br />

Santíssima foi sempre cheia de amarguras, porque não lhe desaparecia do espírito a<br />

lembrança da Paixão do Redentor. Por isso a Virgem passou toda sua vida em perpétua dor,<br />

carregando no coração luto e pesar.<br />

3- O tempo não aliviou os sofrimentos de Maria Santíssima – O tempo, que<br />

costuma aliviar a dor dos aflitos, não pode suavizá-la em Maria Santíssima. Aumentava-lhe,<br />

pelo contrário, a sua aflição. Crescendo, ia Jesus mostrando cada vez mais a sua beleza e<br />

amabilidade. Mas de outro lado ia também se aproximando da morte. Com isso cada vez<br />

mais a dor por haver de perdê-lo apertava também o coração da Mãe.<br />

Ponto Segundo – Intensidade do Martírio de Maria Santíssima<br />

Maria é Rainha dos Mártires, pois entre todos os martírios foi o seu o mais longo e também mais<br />

doloroso. A dor da Virgem Maria era suficiente para causar-lhe a morte a cada instante, se Deus não<br />

lhe tivesse conservado a vida por um singular milagre.<br />

1- Os mártires sofreram tormentos no corpo, Maria Santíssima sofreu-os<br />

na alma – Estes sofreram em seus corpos por meio do fogo e do ferro, enquanto a<br />

Virgem Maria padeceu o martírio na alma. Escreveu Arnoldo de Chartres: Por ocasião do<br />

grande sacrifício do Cordeiro imaculado, que morria por nós na cruz, poderíamos ter visto<br />

dois altares: um no Calvário, no corpo de Jesus, outro no coração da Virgem Maria.<br />

Enquanto que o Filho sacrificava seu corpo pela morte, Maria sacrificava sua alma pela<br />

compaixão.<br />

2- Os mártires sofreram imolando a própria vida, enquanto Maria<br />

Santíssima sofreu oferecendo a vida de seu Filho – Maria Santíssima amava<br />

a vida do seu Filho muito mais que a própria vida. Sofreu por isso no espírito tudo o que no<br />

corpo padeceu o Filho. Seu coração afligiu-se mais presenciando os tormentos do Filho, do<br />

que se ela própria os estivesse sofrido em si. Sem dúvida alguma a Virgem padeceu em seu<br />

coração todos os suplícios com que viu atormentado o seu amado Jesus. Segundo São<br />

Boaventura, as mesmas chagas que estavam espalhadas pelo corpo de Jesus, se achavam<br />

todas reunidas no coração da Virgem Maria.<br />

Comunidade Mariana Totus Tuus – pág. 1


Formação para Consagração a Jesus por Maria<br />

3- Os mártires sofreram consolados, Maria Santíssima padeceu sem<br />

consolo – Ela só não sofreu dores raras, como também as sofreu sem alívio algum, na<br />

Paixão de seu Filho. Quanto mais os santos mártires amavam, pois, a Jesus, menos sentiam<br />

os tormentos e a morte. Podia, porém, nossa Mãe dolorosa achar consolo no amor a seu<br />

Filho e na lembrança de seus sofrimentos? Não: Justamente esse padecimento era todo o<br />

motivo de sua maior dor.<br />

4- Maria Santíssima recompensa a veneração de suas dores – Tão grande<br />

amor da Virgem Maria, bem merece toda nossa gratidão. Queixou-se, a Virgem a Santa<br />

Brígida, que muito poucos são os que dela se compadecem, sendo que a maior parte dos<br />

homens vivem esquecidos de suas aflições. Recomendou-lhe em seguida, com muita<br />

insistência, que delas guardasse contínua memória. O próprio Jesus Cristo revelou a<br />

Santa Verônica de Binasco que Ele mais se agrada em ver meditado os sofrimentos de<br />

Sua Mãe, que contemplados os seus próprios. “ Filha, disse o Senhor, caras me são as<br />

lágrimas derramadas sobre minha Paixão; mas, como amo imensamente a minha Mãe,<br />

ainda me é mais cara a meditação das dores que Ela padeceu, vendo-me morrer.”<br />

Assim é que Jesus prometeu graças extraordinárias aos devotos das dores de Maria<br />

Santíssima. Segundo revelação de Santa Isabel a esse respeito, São João Evangelista, depois<br />

da Assunção de Nossa Senhora, muito desejava revê-la. Obteve com efeito essa graça e sua<br />

Mãe querida apareceu-lhe em companhia de Jesus Cristo. Ouviu em seguida Maria pedir ao<br />

Filho algumas graças especiais para os devotos de suas dores, e Jesus prometeu quatro<br />

principais graças.<br />

Ei-las:<br />

1- Esses devotos terão a graça de fazer verdadeira penitência por todos os seus pecados,<br />

antes da morte;<br />

2- Jesus guarda-los-á em todas as tribulações em que se acharem, especialmente na hora<br />

da morte;<br />

3- Ele lhes imprimirá no coração a memória de sua Paixão, dando-lhes depois um prêmio<br />

especial no céu;<br />

4- Por fim os deixará nas mãos de sua Mãe para que deles disponha a seu agrado, e lhes<br />

obtenha todos e quaisquer favores.<br />

REFLEXÕES SOBRE CADA UMA DAS SETE <strong>DORES</strong> <strong>DE</strong> MARIA SANTÍSSIMA.<br />

1ª Dor: Profecias de Simeão;<br />

2ª Dor: Fugida de Jesus para o Egito;<br />

3ª Dor: Perda de Jesus no Templo;<br />

4ª Dor: Encontro com Jesus caminhando para a morte;<br />

5ª Dor: Morte de Jesus;<br />

6ª Dor: A lançada e a descida da cruz;<br />

7ª Dor: Sepultura de Jesus.<br />

1ª Dor: PROFECIAS <strong>DE</strong> SIMEÃO (Luc. 2, 34-35)<br />

Neste vale de lágrimas o homem nasce para chorar. Deve padecer e suportar os males que lhe<br />

sobrevêm a cada dia. Usando de misericórdia conosco, oculta-nos o Senhor as cruzes vindouras.<br />

Quer que só uma vez as padeçamos, à hora e momento certos. Não usou entretanto da mesma<br />

compaixão com a Virgem Maria. Destinara-a para ser a Rainha dos mártires e em tudo semelhante a<br />

seu Filho. Devia por isso sofrer continuamente e ter sempre diante dos olhos as penas que a<br />

esperavam. E elas eram a Paixão e Morte de seu Filho amado.<br />

Comunidade Mariana Totus Tuus – pág. 2


Formação para Consagração a Jesus por Maria<br />

1- Nas palavras de Simeão reconhece Maria Santíssima os pormenores<br />

da Paixão de Jesus – Eis que Simeão recebe em seus braços o Menino-Deus, e prediz<br />

a Virgem Maria que aquele Filho seria o objeto das contradições e perseguições dos<br />

homens. Naquele momento, de um modo mais particular e distinto, conheceu as penas e a<br />

cruel morte, reservadas a seu pobre Filho no futuro. Seria martirizado em todos os seus<br />

membros sagrados: nas mãos, nos pés, no rosto, na cabeça, em todo o corpo, e finalmente<br />

morrer consumido pelas dores, já sem sangue e coberto de opróbrios, sobre um madeiro<br />

infame.<br />

2- Maria Santíssima sofreu sempre à vista de seu Filho – A Virgem Maria<br />

recebeu com suma paz a profecia sobre a morte do seu Filho, e continuou a sofrer sempre<br />

em paz. Revelou a Santa Brígida, não ter vivido um momento na terra, em que não fosse<br />

dilacerada por essa dor. “Sempre que via meu Filho, disse a Virgem, abismava-se<br />

novamente minha alma no sofrimento, porque me lembrava da Paixão que o aguardava.<br />

Ao dar-lhe de beber, pensava no vinagre e fel que lhe haviam de oferecer. Ao envolvê-lo<br />

em faixas, já em mente antevia as cordas de sua prisão. Ao carregá-lo nos braços,<br />

recordava a cruz de sua crucificação. Ao vê-lo dormindo, lembrava do sono da morte que<br />

o esperava. Cada vez que vestia a túnica ao meu Filho, pensava que um dia lhe<br />

arrancariam violentamente para crucificá-lo. Quando lhe contemplava as mãos e os pés,<br />

parecia-me ver os cravos, que os haviam de transpassar. E isso contemplando, aljofravam<br />

lágrimas aos meus olhos e amarga dor invadia-me a alma.”<br />

3- A dor de Maria Santíssima aumentou com a crescente amabilidade<br />

do Filho – Como em anos, ia crescendo também em graça, diante de Deus e dos homens.<br />

Se Jesus crescia em estima e amor para os homens, quanto mais então para sua Mãe<br />

Santíssima. Com o aumento do amor, mais aumentava também a dor, à só lembrança de<br />

perder esse Filho por uma tão cruel morte. E quanto mais se aproximava o tempo da Paixão,<br />

mais cruelmente a espada, predita por Simeão, atravessava o coração materno de Maria.<br />

Assim revela o anjo a Santa Brígida.<br />

2ª Dor: FUGIDA <strong>DE</strong> JESUS PARA O EGITO (Mat. 2, 13-18)<br />

1- O próprio Jesus é espada de dor para sua Mãe – Depois da triste profecia de<br />

Simeão, a Virgem Maria levou consigo a dor, que consistia na contínua memória da Paixão<br />

do Filho. A Virgem a tinha tão viva diante dos olhos, como se já estivesse vendo o sangue a<br />

correr das chagas Dele. Era assim Jesus, a espada que atravessava o coração de Maria. E, à<br />

medida que Ele lhe parecia mais amável, mais profundamente a feria a dor por ter de perdêlo<br />

um dia.<br />

2- A ordem de fugir – Mal ouviu Herodes que era nascido o Messias esperado, temeu<br />

loucamente que o recém- nascido lhe quisesse usurpar o trono. Esperava que os santos<br />

Magos revelassem o lugar do nascimento do real Menino, a fim de tirar-lhe a vida. Vendo<br />

contudo enganado, ordenou a morte de todos os meninos que então se achavam em Belém e<br />

seus arredores. Foi então que o anjo apareceu em sonhos a São José com a ordem: Levantate,<br />

toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito ( Mt, 2,13 ). José pegou a Virgem Maria e<br />

o Menino Jesus, na mesma noite e puseram-se a caminho. Logo conheceu a aflita Mãe como<br />

já começava a verificar-se no Filho a profecia de Simeão. Viu que, apenas nascido, já o<br />

perseguiam e queriam matar. Que pesar para o coração da Virgem, ao ouvir a intimação do<br />

cruel exílio, ao qual Ela e o Filho eram condenados. Foge dos teus para os estranhos, do<br />

templo do verdadeiro Deus para a terra dos ídolos. Deve fugir dos homens aquele que veio<br />

para salvá-los?<br />

3- Incômodos da fugida – Bem pode cada qual adivinhar o que padeceu A Virgem<br />

Maria nessa viagem. Da Judéia ao Egito era muito longe a jornada. Fala-se geralmente, em<br />

mais de cem horas de caminho. Por isso a viagem durou pelo menos trinta dias. Era caminho<br />

Comunidade Mariana Totus Tuus – pág. 3


Formação para Consagração a Jesus por Maria<br />

desconhecido e péssimo, pedregoso e pouco freqüentado. Estava-se no inverno e a Sagrada<br />

Família teve de viajar debaixo de aguaceiros, neves e ventos, por estradas alagadas e<br />

lameadas. Não tinham quem lhes servisse, não tinham criados nem criadas; eram senhores e<br />

criados ao mesmo tempo. Aonde iam comer e dormir? Em que hospedaria ficariam? Qual<br />

podia ser o alimento deles? Onde hão de ter dormido durante a viagem, 50 horas da travessia<br />

do deserto, sem casas e hospedaria? Onde, senão sobre a areia ou debaixo de alguma árvore<br />

do bosque, ao relento, exposto aos ladrões a às feras, tão abundantes no Egito?<br />

4- A pobreza da Sagrada Família no Egito – No Egito a Virgem Maria habitou<br />

em um lugar chamado Matarieh, embora tenha quem diga que moravam na cidade de<br />

Heliópolis. Aí sofreram extrema pobreza, durante os sete anos que permaneceram<br />

escondidos. Eram estrangeiros, desconhecidos, sem rendimentos, sem dinheiro e sem<br />

parentes. Tal era a pobreza da Sagrada Família, que muitas vezes nem tinham um pedaço de<br />

pão para o Filho, quando obrigados pela fome, lhes pediam algum. Morto Herodes, de novo<br />

apareceu em sonhos o anjo a José, ordenando-lhes que voltassem à Judéia. Aqui, descreve<br />

São Boaventura a aflição da Santíssima Virgem pelo muito que sofreu Jesus durante o<br />

regresso. Tinha Ele então sete anos, sendo grande demais para os braços de sua Mãe, e ainda<br />

pequeno para vencer a pé tão longas estradas.<br />

5- Imitação da Sagrada Família pela paciência e desprendimento – Jesus,<br />

Maria e José, passaram pelo mundo como fugitivos. Eis aí uma lição para nós. Temos de<br />

viver na terra como peregrinos, sem apegos aos bens que o mundo nos oferece. Pois<br />

depressa teremos de deixá-los para passarmos à eternidade. Aprendamos a abraçar as cruzes,<br />

porque sem elas não podemos viver neste mundo. Foi concedido a Santa Verônica de<br />

Binasco, numa visão, a viagem da Sagrada Família para o Egito. E Nossa Senhora disselhe:<br />

“Filha, viste com que trabalho chegamos a esta terra. Fica sabendo que ninguém<br />

recebe graças sem ter padecido.”<br />

3ª Dor: PERDA <strong>DE</strong> JESUS NO TEMPLO (Luc. 2, 41-51)<br />

1- Maria Santíssima perde a venturosa presença de Jesus – Para Nossa<br />

Senhora essa terceira espada de dor, foi uma das maiores dores de sua vida. Estava<br />

acostumada à contínua alegria da dulcíssima presença de seu Jesus, e eis que agora o perde<br />

em Jerusalém e dele se vê longe, durante três dias, como acabamos de ler na Sagrada<br />

Escritura. Meditemos qual deve ter sido a aflição dessa atribulada Mãe durante esses três<br />

dias. Em toda parte perguntava por Ele, mas perguntava em vão. Exausta de fadiga, sem<br />

encontrar seu amado Filho, com quanto maior ternura Nossa Senhora tinha de se lastimar:<br />

Meu Jesus não aparece, e eu não sei mais o que fazer para o encontrar; aonde irei sem o meu<br />

tesouro? Derramou lágrimas durante três dias.<br />

2- Grandeza desta dor<br />

a) pela ausência de Jesus – Há quem diga que essa dor não só foi uma das<br />

maiores, senão que foi a maior e mais acerba de todas as dores na vida de Nossa<br />

Senhora. E não falha razão a esse parecer. Em primeiro lugar, nas outras dores Ela<br />

tinha Jesus consigo. Padeceu amargamente pela profecia de Simeão no templo.<br />

Padeceu na fugida para o Egito, mas sempre com Jesus. Na presente dor, porém,<br />

sofreu longe de Jesus e sem saber onde Ele estaria. Desfeita em lágrimas, suspirava<br />

por isso com o Salmista: Até a luz dos meus olhos não a tenho (Sl 37,11). Que<br />

longos foram esses três dias para Nossa Senhora, a quem eles pareciam três séculos.<br />

Dias cheios de amarguras, em que nada poderia consolar.<br />

b) Pela ignorância do motivo da ausência – Razão e finalidade das outras<br />

dores compreendia-as, sabia que eram a redenção do mundo e a vontade de Deus.<br />

Nesta, porém, ignorava a causa da ausência de seu Filho. Sofria a Mãe dolorosa<br />

vendo-se privada de Jesus, porque em sua humildade se julgava indigna de estar ao<br />

Comunidade Mariana Totus Tuus – pág. 4


Formação para Consagração a Jesus por Maria<br />

lado dele e tomar conta de um tão grande tesouro. Pensava talvez: Quem sabe se<br />

não o servi como devia? Se cometi alguma negligência que tenha motivado a sua<br />

partida? Nossa Senhora e José receavam que Jesus os tivessem abandonado.<br />

3-Nosso consolo na aridez espiritual – Essas penas de nossa Mãe devem<br />

primeiramente servir de conforto às almas que se vêem privadas das consolações e da suave<br />

presença do Senhor. Chorem, se quiserem, mas chorem com paz e resignação, com Maria<br />

Santíssima chorou a ausência de seu Filho. Cobrem ânimo e não temam por isso ter perdido<br />

a graça divina.<br />

4-Jesus deve ser tudo para nós – Outro bem fora de Jesus não devemos procurar neste<br />

mundo. Jó não era infeliz, quando perdeu tudo quanto possuía na terra: fortuna, filhos, saúde e<br />

honras, a ponto de passar de um trono para um monturo. Perdera os dons de Deus, mas não o<br />

perdera, a Deus. Verdadeiramente infelizes são aqueles que perderam a Deus.<br />

4ª Dor: ENCONTRO COM JESUS CAMINHANDO PARA A MORTE (Luc.23, 27 à 29)<br />

1- Como o amor é também o sofrimento de uma Mãe – Todas as mães sentem<br />

como próprias as dores dos filhos. Disse a Santíssima Virgem a Santa Brígida, que seu<br />

coração, pelo amor, estava unido completamente ao de seu Divino Filho. Porém em mar<br />

de dores converteu-se toda essa fogueira de amor, quando chegou a dolorosa Paixão de<br />

Jesus. Escreve por isso São Bernardino: Se ajuntássemos as dores do mundo, não igualariam<br />

todas elas às penas da Virgem gloriosa. Já segundo São Lourenço, ele diz: Tanto maior foi<br />

o seu sofrimento vendo padecer o Filho, quanto maior lhe era a ternura com que o amava. E<br />

isso especialmente ao encontrá-lo com a cruz às costas, rumo ao Calvário.<br />

2- Agonia da Virgem no começo da Paixão de seu Filho – Assim lemos nas<br />

revelações de Santa Brígida: Inundados de lágrimas andavam os olhos de nossa Mãe, ao<br />

ver chegar o momento da Paixão e ao notar que faltava pouco tempo para perder o seu<br />

Filho. Um suor frio lhe cobria o corpo, causado pelo vivo terror que assaltava à idéia do<br />

próximo e doloroso espetáculo. Finalmente chegou o dia marcado e Jesus despediu-se,<br />

chorando, de sua Mãe, antes de ir ao encontro da morte. Este texto foi retirado da obra de<br />

São Boaventura, O Ofício da Compaixão de Maria, descreve o procedimento da Santíssima<br />

Virgem na noite em que foi preso o Salvador: “ Passastes em claro a noite, enquanto<br />

repousavam os outros”. Pela manhã, vieram os discípulos, uns após outros, trazer-lhe<br />

notícias de Jesus, cada qual mais aterradora. Finalmente veio João e anunciou a Maria que o<br />

iníquio Pilatos tinha condenado Jesus à morte da cruz. Já o levam para o Calvário<br />

carregando Ele mesmo a cruz aos ombros. Se quereis vê-lo, Senhora, e dar-lhe o último<br />

adeus, vinde comigo à rua por onde deve passar.<br />

3- Encontro da Virgem Maria com seu Filho – Partiu a Virgem Maria com São<br />

João. Conforme Ela mesma o disse a Santa Brígida, da passagem do Filho lhe faltavam os<br />

rastos de sangue pelo caminho. São Boaventura, fala de um atalho que a Mãe aflita tomou<br />

para ficar depois esperando numa esquina pelo Filho atribulado. Aí estava à espera do Filho,<br />

quando foi reconhecida pelos judeus e deles teve de ouvir injúrias contra seu amantíssimo<br />

Jesus. E ai, que martírio lhe causou ver a vista os cravos, martelos, cordas, funestos<br />

instrumentos da morte do Filho. Em lúgubre desfile, passavam eles diante da Mãe de Jesus.<br />

A Virgem Maria ergue os olhos e vê...Ó Deus, um homem, na flor dos anos, todo coberto de<br />

sangue e de chagas, da cabeça aos pés, coroado de espinhos, carregando às costas um pesado<br />

madeiro. Olha-o e quase não o reconhece mais. No entanto o amor o revelou a Virgem<br />

Maria. Tendo-o reconhecido, que temor e que amor transpassaram seu coração materno.<br />

Fitaram-se. Como se lê nas revelações de Santa Brígida, o Filho afastou dos olhos o sangue<br />

coalhado que lhe impedia a vista, então Mãe e Filho fitaram-se! Ó céus, que olhares<br />

cheios de dor! Transpassaram, como setas, esses dois corações que tanto se amavam e<br />

queriam. A Virgem Maria não morreu, porque o Senhor a reservava para maiores aflições.<br />

Comunidade Mariana Totus Tuus – pág. 5


Formação para Consagração a Jesus por Maria<br />

Embora não morresse, padeceu. Queria a Mãe abraçar o Filho, mas os algozes<br />

injuriosamente a repeliam. E a Virgem Maria o seguiu.<br />

4- Maria segue Jesus até ao Calvário – A amorosa Mãe não quer abandonar a seu<br />

Jesus, embora vê-lo morrer lhe deva causar acerbíssima dor. Adiante vai o Filho, e atrás<br />

segue a Mãe para ser crucificada com Ele.<br />

5ª Dor: MORTE <strong>DE</strong> JESUS ( Jo 19, 17-30)<br />

1- A Virgem Maria assistiu à agonia de seu Filho na cruz – “ Estava em pé<br />

junto à cruz de Jesus, sua Mãe” (Jo 19,25). Despojaram-no de suas vestes, transpassaram-lhe<br />

as mãos e os pés com cravos, não agudos, mas obtusos, para maior aumento de suas dores, e<br />

pregaram-no à cruz. Tendo-o crucificado, elevaram e fixaram a cruz e o abandonaram à<br />

morte. Mas sua Mãe não o abandonou, antes ficou mais perto da cruz para lhe assistir à<br />

morte, como Ela mesma revelou a Santa Brígida. Diz São Boaventura, Ò Mãe verdadeira,<br />

ó Mãe amante, que nem o horror da morte pode separar do Filho amado! Na cruz,<br />

agonizando, está o Filho e junto à cruz a Mãe agoniza também, toda compadecida das penas<br />

desse Filho. Revelou a Santa Brígida: “Estava meu Jesus pregado ao madeiro, saturado<br />

de tormentos e agonizante. Seus olhos encovados estavam quase cerrados e extintos; os<br />

lábios pendentes e aberta a boca; as faces alongadas, afilado o nariz, triste semblante.<br />

Pendia-lhe a cabeça sobre o peito; seus cabelos estavam negros de sangue, o ventre unido<br />

aos rins, os braços e as pernas inteiriçados, e todo o resto do corpo coalhado de chagas e<br />

de sangue”. Diz Arnoldo de Chartres, aquele que então estivesse no Calvário, veria dois<br />

altares onde se consumavam dois grandes sacrifícios: um era o corpo de Jesus, outro era o<br />

coração da Virgem Maria.<br />

2- A Virgem Maria não pôde aliviar as penas de seu Filho – A Santíssima<br />

Virgem revelou a Santa Brígida: “Ouvi alguns dizerem do meu Filho que era um ladrão;<br />

outros, que era um impostor; outros, que ninguém merecia tanto a morte com Ele. Esses<br />

insultos eram para mim espadas de dor”. O que mais aumentou, contudo, a dor da Virgem<br />

Maria, na sua compaixão para com o Filho, foi ouvir-lhe a queixa: Meu Deus, meu Deus,<br />

por que me desamparastes?(Mt 27, 46). Revelou Ela também a Santa Brígida: “ Palavras<br />

foram essas que nunca mais me saíram da mente”. Queria aliviá-lo e não podia fazê-lo.<br />

Maior era ainda o sofrimento, ao ver que com sua presença aumentava a pena do Filho. Sim,<br />

Jesus na cruz sofria mais pela compaixão de sua Mãe, muda de dor; vivia morrendo, sem<br />

poder morrer. O próprio revelou à Bem-aventurada Batista Varano de Camerino, que<br />

nada o fez sofrer tanto como a comiseração de sua Mãe ao pé da cruz, e que por isso<br />

morreu sem consolação.<br />

3- Maria ao pé da cruz é nossa Mãe espiritual – Pasmavam as pessoas que<br />

então consideravam essa Mãe, por verem-na quedar-se silenciosa, sem uma queixa ou<br />

lamento, no meio de tamanha dor. Mas, se os lábios guardavam silêncio, não o guardava<br />

contudo o coração. E se nesse mar de mágoas, que era o coração da Virgem Maria, entrou<br />

algum alívio, então este único consolo foi certamente o animador pensamento de que, por<br />

suas dores, cooperava para nossa eterna salvação. O próprio Salvador revelou a Santa<br />

Brígida: “Minha Mãe tornou-se Mãe de todos no céu e na terra, por sua compaixão e seu<br />

amor”. Com efeito, outro sentido não tinha as palavras com que Jesus se despediu de sua<br />

Mãe. Deu-nos a Ela por filhos, na presença de São João: “Mulher, eis aí o teu filho (Jo<br />

19,26)”.<br />

6ª Dor: A LANÇADA E A <strong>DE</strong>SCIDA DA CRUZ (Jo 19, 34)<br />

1- A Virgem Maria saúda as chagas de Jesus, como fontes de nossa<br />

salvação – Contemplemo-la com atenção e lágrimas de piedade, até então vieram as<br />

Comunidade Mariana Totus Tuus – pág. 6


Formação para Consagração a Jesus por Maria<br />

dores cruciar a Virgem Maria, uma a uma. Mas agora assaltaram-na todas juntas. Diz um<br />

piedoso autor, que talvez a excelta Mãe tenha feito esta oração, depois de volta-se para o<br />

corpo inanimado de seu Jesus: “ Ó chagas, disse então, chagas amáveis, congratulo-me<br />

convosco, porque por meio de vós foi dada a salvação ao mundo. Permanecereis abertas no<br />

corpo de meu Filho, como refúgio de todos quantos recorrem a Vós. Quanto por Vós hão de<br />

receber o perdão de seus pecados e inflamar-se no amor do Sumo Bem”!<br />

2- A dolorosa cena do lanceamento – “ Um dos soldados lhe abriu o lado com uma<br />

lança, e imediatamente saiu sangue e água”(Jo 19,34). A esse golpe de lança tremeu a cruz<br />

e o Coração de Jesus foi dividido, como por revelação o soube Santa Brígida. Saiu sangue<br />

e água, pois do primeiro restavam apenas essas últimas gotas. Querem os Santos <strong>Padre</strong>s<br />

que tenha sido propriamente essa a espada predita à Virgem por Simeão. Não foi uma<br />

espada de aço, mas de dor que transpassou a sua alma bendita, no Coração de Jesus onde<br />

sempre morava. Revelou-a a Santa Brígida: “ O sangue de meu Filho tingia-lhe a ponta,<br />

parecia-me nesse momento que meu coração estava transpassado, ao ver que o do meu<br />

Filho fora rasgado pelo golpe”. E a mesma Santa disse o anjo, que só por um milagre<br />

escapou a Virgem Maria de morrer naquela ocasião.<br />

3- A Mãe dolorosa recebe nos braços o Filho sem vida – Eis que descem o<br />

Salvador da cruz em que morrera. Ó Virgem sacrossanta, destes com tanto amor vosso Filho<br />

ao mundo, e vede como ele vo-lo entrega! Quantas espadas feriram a alma dessa Mãe,<br />

quando em seus braços depuseram o Filho descido da cruz. Conforme revelações de Santa<br />

Brígida, encostaram três escadas para descerem o corpo de Jesus. Primeiro desprenderam<br />

os santos discípulos as mãos, depois os pés e entregaram os cravos a sua Mãe. Segurando<br />

o corpo de Jesus, um por cima e outro por baixo, o desceram da cruz. Relata Bernardino<br />

de Busti, que a Mãe ergue-se e estende os braços para o Filho, abraça-o e senta-se aos pés da<br />

cruz. Contempla-lhe a boca aberta e os olhos obscurecidos; examina seu corpo rasgado pelas<br />

chagas e os ossos descobertos. Tira-lhe a coroa, e vê que horríveis chagas os espinhos<br />

fizeram naquela cabeça. Olha finalmente as mãos e os pés transpassados pelos cravos.<br />

4- Queixas de Maria sobre os pecadores – Ah! Pecadores, fostes vós que assim<br />

maltratastes a meu Filho! Assim a Virgem queixou-se de nós. Que pena sentiria, vendo que<br />

os homens, mesmo após a morte de Jesus, continuam a maltratá-lo e crucificá-lo com seus<br />

pecados? A Santíssima Virgem revelou a Santa Brígida que, quando desceram seu Filho<br />

da cruz, ela lhe cerrou os olhos, mas não pôde fechar os braços. Jesus dava-nos assim a<br />

entender que seus braços hão de ficar sempre abertos para acolher todos os pecadores<br />

arrependidos.<br />

7ª Dor: SEPULTURA <strong>DE</strong> JESUS ( Mt 27, 57-60)<br />

1- Queixa da Mãe dolorosa – A Mãe Santíssima vira o Filho morrer na cruz, receberao<br />

depois morto, e agora vê-se obrigada a deixá-lo finalmente no sepulcro, para não mais<br />

gozar de sua amável presença. Ah! Filho dileto, tudo perdi em vos perdendo! Ó verdadeiro<br />

Filho de Deus, - assim a faz queixa-se Bernardino de Busti.<br />

2- A Virgem Mãe acompanha Jesus à sepultura – Desde modo expandia a Mãe<br />

a sua dor, abraçada ao Filho sem vida. Tiram-lho dos braços, o embalsamam com aromas,<br />

envolvem-no numa mortalha, preparada de propósito para Ele. Nela quis o Senhor deixar<br />

impressa sua imagem, como hoje ainda se vê em Turim. Levam o Sagrado Corpo à<br />

sepultura. Formam-se o cortejo fúnebre e os discípulos acompanham-no, juntamente com as<br />

santas mulheres. Entre as últimas, caminha a Mãe dolorosa, levando seu Filho à sepultura. A<br />

pobre Virgem assim falou a Santa Brígida: Na sepultura de meu Filho estavam<br />

sepultados dois corações.<br />

3- Maria despede-se da sepultura do Filho - Tais foram as despedidas da Virgem<br />

Mãe junto ao sepulcro do Filho, de onde depois voltou a casa. Triste e aflita ia a pobre Mãe,<br />

Comunidade Mariana Totus Tuus – pág. 7


Formação para Consagração a Jesus por Maria<br />

diz Pseudo-Bernardo, despertando lágrimas em quantos a viam passar. Acrescenta também<br />

que os santos discípulos e as santas mulheres choravam mais por causa da sua Mãe, do que<br />

sobre a perda do Mestre. Diz Boaventura Baduário, que passou a Virgem pela cruz,<br />

banhada ainda com o sangue de seu Filho e foi a primeira a adorá-la com as palavras: Ó<br />

Cruz, eu te beijo e te adoro; agora não és mais um madeiro infame, mas o trono do amor<br />

e o altar da misericórdia, consagrado com o sangue do divino Cordeiro, sacrificado em<br />

teus braços pela salvação do mundo. Assim se despede da cruz e volta para casa. Em<br />

prantos se expandiam a Senhora e os que a rodeavam.<br />

Amém.<br />

Fonte de pesquisa: Glórias de Maria – Santo Afonso Maria de Ligório.<br />

Comunidade Mariana Totus Tuus – pág. 8

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