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além de ser um corte de cabelo, é uma referência a dois ex-comandantes daquele<br />
batalhão da polícia carioca, o turbilhão em que o dr. Coelho Netto vê o Rio de<br />
Janeiro se debater é um famoso livro daquele ilustre tricolor e o Cutty Sark que embebeda<br />
os personagens foi escolhido menos pelo malte e <strong>mais</strong> pelo seu rótulo que<br />
mostra a entrada da Baía de Guanabara. Tampouco há no livro data ou número<br />
sem significado. O 1711 do voo Paris-Rio é o ano que Duguay Trouin invadiu o Rio<br />
de Janeiro; Primeiro de Março é a data de fundação da cidade, Dezoito e Sete Sete<br />
são comunidades em Bangu.<br />
Estoril, Nova Jérsei, San Francisco, Colúmbia, Califórnia, Monte Carlo, Cabo Verde,<br />
Madagascar, Ubá, Uberlândia, Olinda, Santa Catarina e Rio Grande, entre outros,<br />
estão no livro não por serem cidades e estados do mundo e do Brasil, mas por denominarem<br />
bairros do Rio de Janeiro e sua área metropolitana. Olavo Bilac, José<br />
Bonifácio, Carlos Drummond de Andrade, Tancredo Neves, João XXIII e João Paulo<br />
II tampouco ganharam espaço no livro por seus dotes literários, políticos ou religiosos,<br />
mas porque fazem parte da geografia carioca.<br />
Pois é, se a trama discute os valores em voga na cidade, também mostra o Rio nu e<br />
cru como ele é e apresenta ao leitor lados da Guanabara que ele provavelmente<br />
não conhece. Isso é tudo fruto do mapa que o autor seguiu.<br />
A ideia vem de longe. No fim da década de 1980, com muito tempo livre nas mãos,<br />
Pedro da Cunha e Menezes comprou o Guia Quatro Rodas e decidiu visitar cada um<br />
dos bairros do Grande Rio, sem esquecer nenhum. Não conseguiu vê-los todos (na<br />
verdade, visitou pouco <strong>mais</strong> da metade), mas ao longo de cinco anos tornou-se conhecedor<br />
da cidade em que nasceu como poucos. Seguiu a mesma proposta para<br />
redigir Maldito Juscelino. Listou 1.565 bairros, favelas, conjuntos residenciais, subúrbios,<br />
morros habitados e marcos urbanos relevantes do Rio (isso é que os geográfos<br />
chamam de megalópole). O objetivo era que a história percorresse todos eles, um a<br />
um, e que o desenrolar do romance fosse definido pelo traçado imposto ao autor<br />
pela cartografia carioca. Também nessa empreitada foi mal-sucedido. Infelizmente,<br />
mesmo com todos os recursos da ficção, não conseguiu ir a Quafá, Vila Igaratã e<br />
Camarista Meyer. Tampouco logrou navegar nas águas do Rio Parnaíba, represar o<br />
Canal do Anil ou desfrutar das sombras benfazejas do Bosque Mont Serrat. Os frangos<br />
que quis criar na Granja de Paulo Medeiros morreram antes de serem chocados<br />
e não chegaram à Mesa do Imperador, como planejado. As flores que plantou nos<br />
jardins Moriçaba, do Carmo e Campo Belo, murcharam, não chegando a formar<br />
buquês. Sem elas, o charme do autor não foi suficiente. Acabou repelido nas tentativas<br />
de flerte com Adriana, Eliane, Maria José, Núbia e Ana Clara. Suas pernas