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Ana Lúcia Suzuki<br />
Indo além de construir a ponte dos relacionamentos,<br />
os comunicadores têm o desafio<br />
de se tornarem verdadeiros consultores<br />
para a organização. De acordo com Gislaine,<br />
a grande questão nesse cenário interativo<br />
é ‘tornar as coisas cada vez mais simples<br />
diante de um mundo cada vez mais<br />
complexo’. “Isso muda completamente a<br />
temática da comunicação. Precisamos estar<br />
atentos aos aspectos técnicos e estratégicos,<br />
preparando a empresa para transitar<br />
nesse ambiente”, analisa.<br />
Para mostrar a importância da atuação<br />
dos comunicadores como consultores,<br />
Gislaine revela que a BASF lançou este<br />
Guias de relacionamento<br />
ano uma diretriz de mídia social on-line<br />
para orientar os colaboradores ao redor<br />
do mundo no uso das novas ferramentas<br />
de comunicação. “Ao mesmo tempo em<br />
que o colaborador faz parte da organização,<br />
ele está interconectado, podendo<br />
emitir mensagens que podem afetar a<br />
imagem e a reputação da empresa”, observa.<br />
A diretora acrescenta que a BASF<br />
está implantando uma plataforma para<br />
identificar novas oportunidades na web.<br />
“As mídias sociais digitais são mais que<br />
ferramentas, elas representam uma nova<br />
forma de interação. É preciso, no entanto,<br />
estar presente nas redes de forma responsável”,<br />
alerta.<br />
A exigência de um<br />
novo modelo mental<br />
Propomos uma reflexão. Em cada canto<br />
do planeta, pelo menos um grupo está,<br />
neste momento, dedicado a debater<br />
grandes questões para a sustentabilidade<br />
mundial. Deixe a sala de reunião e<br />
caminhe pela rua. Novo cenário: buzinas<br />
indiscriminadas no trânsito, empurrões<br />
em vez de ‘com licença, por favor’<br />
e – cuidado! – lá vem lixo pela janela do<br />
carro. Para transformar o mundo em um<br />
A AccountAbility lançou, em 1999, a série de normas AA1000, que<br />
orientam as organizações na elaboração de estratégias de sustentabilidade,<br />
com foco no engajamento dos stakeholders. Seus princípios<br />
também ajudam a estabelecer padrões e metas de atuação. Outra recomendação<br />
das normas é a divulgação de informações-chave: estratégias,<br />
objetivos, normas e resultados devem ser abertos ao público,<br />
tanto como contribuição quanto para avaliação.<br />
Dessa forma, a empresa ou entidade civil imprime transparência e<br />
credibilidade a suas ações. As normas são regularmente revisadas e<br />
enriquecidas por meio de consultas aos stakeholders de interesse. E,<br />
apesar de compatíveis com os padrões do relatório Global Reporting<br />
Initiative (GRI) e das normas ISO, permitem adaptações aos desafios<br />
de cada organização.<br />
Uma iniciativa similar é a certificação B Corporation, conferida nos<br />
Estados Unidos pela ONG B Lab a empresas que sigam um modelo de<br />
gestão voltado para os interesses dos stakeholders. A proposta da organização<br />
é criar um novo setor da economia, que capitalize o poder<br />
dos negócios para solucionar problemas sociais e ambientais.<br />
Este ano, a organização conseguiu aprovar no estado de Maryland<br />
uma lei criando a figura da benefit corporation, a corporação benéfica<br />
– aquela que cria benefícios públicos e gera valor para os acionistas.<br />
Pela lei, ela deve incorporar os valores em seu estatuto, reportar anualmente<br />
suas atividades benéficas e se submeter a auditorias de terceiros<br />
para avaliar seus impactos.<br />
Mais em Nós da Comunicação<br />
Multimídia: A relação empresas-agências de comunicação<br />
http://bit.ly/aDKZbn<br />
foto: Amanaje Fotografia<br />
lugar com mais respeito e melhor relacionamento<br />
entre as pessoas, precisaremos<br />
antes mudar as mentalidades quanto às<br />
pequenas ações cotidianas.<br />
A partir da constatação de que as ações<br />
de sustentabilidade não têm o efeito esperado,<br />
o professor Evandro Vieira Ouriques,<br />
da Escola de Comunicação da<br />
Universidade Federal do Rio de Janeiro<br />
(ECO-UFRJ), criou a ‘gestão da mente<br />
sustentável’. Trata-se de uma extensão<br />
do conceito triple bottom line (em que<br />
a sustentabilidade tem base social, ambiental<br />
e econômica), incorporando o<br />
modelo mental para definir o ‘quarto<br />
bottom line’. Para o acadêmico, é a partir<br />
de uma verdadeira mudança no pensamento<br />
e no sentimento que as pessoas<br />
promoverão transformações reais em<br />
outras esferas.<br />
Ele parte da ideia de que não há separação<br />
entre o individual e o coletivo. Porém,<br />
segundo o coordenador do Núcleo<br />
de Estudos Transdiciplinares de Comunicação<br />
e Consciência (NETCCON), na prática<br />
existe uma desconexão entre esses<br />
dois universos. Em artigo publicado na<br />
rede de conhecimento Nós da Comunicação,<br />
Ouriques registra: “É preciso treinar<br />
a mente para a ação transformadora<br />
no mundo, diante da qual não cabem as<br />
respostas prontas entregues por intenso,<br />
concentrado e monocórdico delivery midiático,<br />
educacional, familiar e social”.<br />
Comunicação 360º perguntou ao consultor<br />
Joe Sellwood se, para<br />
encarar os desafios da sustentabilidade,<br />
os gestores<br />
precisam mudar seu modelo<br />
mental. A resposta<br />
foi simples: “As pessoas<br />
que mais precisam<br />
mudar rejeitam isso.<br />
Acredito que o contexto<br />
garante as<br />
condições para as<br />
mudanças acontecerem.<br />
Os profissionais<br />
perceberão,<br />
na prática, que seu<br />
comportamento culminou<br />
nas crises e que, se<br />
continuarem, a situação<br />
poderá piorar”.<br />
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