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Baixar - Brasiliana USP

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272 SYLVIO ROMERO<br />

A noite, a noiva fria, inanimada,<br />

Sem ternura, sem amor, sem mocidade,<br />

A beira do sepuichro, qual defunta<br />

Pranteada dos goivos e salgueiros..<br />

Mulher acordada um dia extatica<br />

Nos braços de consorte ardente ebello...<br />

Oh ! conchegados morreriam ambos,<br />

—Dia e noite—á luz da tempestade !<br />

'Mas ella quiz a sombria do mosteiro,<br />

A solidão de templo envolto em trevas ;<br />

As naves regeladas, mudas, quedas,<br />

Do lampadario a chamma amortecidas ;<br />

O laberar dos vermes nos esquifes,<br />

O crucitar das rves agoureiras,<br />

O silencio terrível dos desertos ;<br />

A dor, o coração vasando magoas.<br />

Noite! és companheira do infortúnio,<br />

Levas n'aza o negror do cemitério!<br />

Ondina volveste, das praias te viram.<br />

Qual flor desbotada nos seios do mar..<br />

As ramas dos mangues, as plantas agrestes,<br />

Os lotus, as conchas quizeram-te amar.<br />

E assim passaste as horas descuidada!<br />

Não moveu-te o quadro do occidente,<br />

Nem acordou-te a friorez da noite !<br />

E as luzes da manhã—brilhantes piClas —<br />

D'essa rosa de Deus eterna e pura j<br />

Novo engaste acharam nos teus lábios! /<br />

Incensorio augusto das «spheras,<br />

Balançado nas mãos da immensidade...<br />

Se queres mais perfumes—desce, desce,<br />

Rasteja nos cabellcs pretos d'ella !<br />

Acorda-te—, Ondina—, das praias te viram,<br />

Qual flor desbotada nos seios do mar...<br />

As ramas dos mangues, as plantas agrestes,<br />

Os lotus, as conchas quizeram-to amar.

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