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Boletim - Associação dos Pupilos do Exército

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CENTENÁRIO<br />

A República e o Instituto<br />

IPE<br />

À descoberta <strong>do</strong> IPE actual<br />

APE<br />

Medalha de Mérito<br />

Histórico Militar Terrestre<br />

<strong>do</strong> Brasil<br />

ANO LXVI - N.º 222 • JuLhO A SETEMBRO 2011<br />

PuBLIcAçãO TRIMESTRAL dISTRIBuIçãO gRATuITA AOS SócIOS • PREçO dE cAPA 4,00 € - ISSN N.º 1645 - 975X<br />

ASSOcIAçãO dOS PuPILOS dO EXéRcITO<br />

ENTREVISTA<br />

AOS MEMBROS<br />

DA DIRECÇÃO DA APE<br />

Querer é Poder


Américo FerreirA<br />

Presidente da Direcção<br />

19650038<br />

editorial<br />

Recentemente tive oportunidade de assistir no Instituto à cerimónia de atribuição das insígnias aos<br />

novos gradua<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>do</strong> ano lectivo de 2011/2012.<br />

Os alunos gradua<strong><strong>do</strong>s</strong>, ao longo <strong><strong>do</strong>s</strong> 100 anos da nossa Escola, têm um papel importante no funcionamento<br />

da mesma. Constituem um elemento agrega<strong>do</strong>r da comunidade “pilónica” num contexto,<br />

mais difícil <strong>do</strong> que no tempo em que fui aluno, já que conciliam alunos internos e externos.<br />

Particularmente nesta nova fase <strong>do</strong> Instituto, coincidente com o seu centenário e em que procuramos<br />

atingir um caminho sustenta<strong>do</strong> de Qualidade para a Instituição, fiquei sensibiliza<strong>do</strong> ao ver os<br />

novos 50 alunos orgulhosos <strong>do</strong> seu novo estatuto.<br />

E fiquei muito sensibiliza<strong>do</strong> por ver igualmente os Familiares <strong><strong>do</strong>s</strong> alunos em perfeita comunhão<br />

com os mesmos.<br />

Recuei 46 anos e por momentos fixei-me naquela parada, onde a minha tarefa foi medir o campo<br />

de andebol com um pau de fósforo e agradecer aos meus Pais a oportunidade que me deram a mim,<br />

ao meu irmão João e à minha irmã Eulália de termos “uma enxada para a vida”.<br />

Essa “enxada”, em 2011, mantém-se muito actual porque o desígnio <strong><strong>do</strong>s</strong> antigos alunos, através da<br />

<strong>Associação</strong>, é trabalhar e lutar para que a nossa sociedade permita aos jovens de hoje a mesma oportunidade<br />

que nos foi facultada a nós e a tantos outros nos últimos cem anos. Este trabalho vem a<br />

colher os seus frutos, não obstante os contextos adversos porque este País tem vin<strong>do</strong> a passar.<br />

Não posso deixar de salientar que interessante e gratificante é observar que o Porta guião <strong>do</strong> Instituto<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> seja actualmente uma menina, a aluna 132, Carina Jorge.<br />

Significa sem dúvida que a evolução da nossa Escola tem si<strong>do</strong> positiva e sabi<strong>do</strong> acompanhar os<br />

tempos, abrin<strong>do</strong> com sucesso nas suas portas a rapazes e raparigas.<br />

Hoje em dia, de novo, a sociedade civil e política percepciona a nossa Escola como um património<br />

cultural formativo de portugueses de excelência, aptos a contribuir positivamente na construção da<br />

sociedade portuguesa que to<strong><strong>do</strong>s</strong> reconhecemos querer ver modificada para melhor.<br />

BoLeTim DA ASSociAÇÃo DoS PUPiLoS Do eXérciTo | Publicação Trimestral Ano LXVii | N.º 222 | Julho a Setembro de 2011<br />

CENTENÁRIO<br />

A República e o Instituto<br />

IPE<br />

À descoberta <strong>do</strong> IPE actual<br />

APE<br />

Medalha de Mérito<br />

Histórico Militar Terrestre<br />

<strong>do</strong> Brasil<br />

Querer é Poder.<br />

Querer é Poder<br />

ANO LXVI - N.º 222 • JuLhO A SETEMBRO 2011<br />

PuBLIcAçã çãO TRIMESTRAL ddISTRIB<br />

ISTRIBuIçã çãO gRATuITA AOS SócIOS • PREçO dE cAPA 4,00 € - ISSN N.º 1645 - 975X<br />

ASSOcIAçãO dOS PuPILOS dO EXéRcITO<br />

ENTREVISTA<br />

AOS MEMBROS<br />

DA DIRECÇÃO DA APE<br />

PROPRIEDADE DA ASSOCIAÇÃO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO – Rua Major Neutel de Abreu, N.º 20 S/l – E – 1500-411 Lisboa<br />

Tel.: 217 782 980 | Fax: 217 788 694 | e-mail: apexercito@gmail.com | website: http:\\www.ape.pt | boletim.ape@gmail.com<br />

FUNDADOR: Alberto Silva Santos Lino<br />

DIRECTOR: Américo de Abreu Ferreira<br />

EDITOR: Fernan<strong>do</strong> Pires<br />

MARKETING E PUBLICIDADE: José Rosa<strong>do</strong><br />

REDACÇÃO: David Sequerra, José Lencastre, Manuel Borges Correia, Rui Telo<br />

COLABORADORES (nesta edição): Alexandre Correia, Amílcar Pires, Ana Duarte, António B. Pinheiro, António J. Barroso, António Pinto<br />

Pereira, António Ribeiro da Silva, Cândi<strong>do</strong> de Azeve<strong>do</strong>, David Rosa<strong>do</strong>, Ernâni Balsa, Fernan<strong>do</strong> Cristo, Filipe Coisinhas, Humberto Lola <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

Reis, J. Pinto Mendes, Jacinto Rego de Almeida, José Gerar<strong>do</strong> B. Pereira, José C. da Costa, J. Franco Leandro, Manuel Talhinhas, Miguel<br />

Eufémio, Queirós de Azeve<strong>do</strong>, Rodrigo Costa, Rui Oliveira<br />

EXECUÇÃO GRÁFICA E IMPRESSÃO: Europress, Lda. – Indústria Gráfica<br />

ISSN: 1645-975X | Depósito Legal: 98621/96 | Tiragem: 1.100 Exemplares<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 1


Pág. 10<br />

Pág. 22<br />

Pág. 30<br />

Pág. 37<br />

Pág. 38<br />

Pág. 46<br />

Pág. 59<br />

sumário Nota <strong>do</strong> editor<br />

2 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

1 Editorial/Ficha Técnica<br />

2 Sumário/Nota <strong>do</strong> Editor<br />

4 A Voz <strong><strong>do</strong>s</strong> Pilões<br />

Livro <strong><strong>do</strong>s</strong> Livros de Finalistas.<br />

5 Evocações<br />

A “Serapeja” e o ratito companheiro. Encontros “pilónicos”<br />

– X. Mais vale ser careca <strong>do</strong> que não ter cabelo!<br />

Apontamento – Peripécias, O “Ervilhaca”, E o caneiro<br />

de Alcântara. Tradição na Marinha. Comandantes de<br />

Batalhão – Alfre<strong>do</strong> de Jesus Espinha. Tempo de Memória.<br />

13 Crónicas<br />

Portugueses pelo Oriente – De um pântano pestilento,<br />

à <strong>do</strong>çura de Maria Guiomar! Esta<strong>do</strong> de espírito. Uma<br />

folha Solta <strong>do</strong> meu Diário... É impossível alcançar<br />

prosperidade sem crescimento? falar de política... sem<br />

falar de política...<br />

22 APE<br />

Das Boas Vindas... Às Notícias & Aos Actos. Pilões de<br />

Mafra comemoram centenário. Convívio e almoço em<br />

Loures. “Pilões” <strong>do</strong> Monte – 100 Anos <strong>do</strong> IPE a Santiago<br />

de Compostela. Exposição de pintura de Joaquim<br />

Pinto Mendes. Equipa APE no torneio futsal da AAACM.<br />

A... TEN... ÇÃO! Em Memória.<br />

30 Entrevista<br />

Aos Membros da Direcção da APE.<br />

34 Publicações<br />

Antes que chegue o inverno – Poemas <strong>do</strong> “Tiago”. Um<br />

simpático DVD sobre os “veteranos” das ginásticas. “Teias<br />

de Luz”.<br />

36 IPE<br />

À descoberta <strong>do</strong> IPE no actual panorama educativo.<br />

“Comunica<strong>do</strong> de Imprensa” sobre a graduação de um<br />

filho de Santarém. Plano de Actividades <strong>do</strong> IPE.<br />

38 1911 – QuErEr é PodEr – 2011<br />

Parabéns a to<strong><strong>do</strong>s</strong>. Lotaria alusiva ao Centenário <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

<strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong>. “A República, O Instituto, As Tutelas<br />

& Os Tutela<strong><strong>do</strong>s</strong>...(IV)”. Marchar a Direito! 100<br />

Anos 100 Árvores.<br />

46 Cultura e Conhecimento<br />

De Henrique de Paiva Couceiro a Júlio da Costa Pinto.<br />

O Califa<strong>do</strong> Omíada com a capital em Damasco. “Romeu<br />

e Julieta” de Prokofiev. O Sol.<br />

54 Poesia<br />

As Rugas... Quan<strong>do</strong>.<br />

55 Notas... Soltas<br />

Os guarda-redes da minha década. Do “Jardineiro” ao<br />

“Bolinhas”. Um Alegre Convívio <strong><strong>do</strong>s</strong> Clássicos “Bridgedeiros”.<br />

Luís Silvestre. Um português “pilónico” em<br />

Timor. A visita de um veterano. Um feliz acaso. Carta<br />

Aberta ao Alves Ferreira<br />

57 Notas... rapidíssimas<br />

59 Lazer e Tempos Livres<br />

Polónia (Varsóvia e Cracóvia)<br />

De novo queremos realçar o privilégio<br />

de podermos contar com uma forte colaboração<br />

e a qualidade <strong><strong>do</strong>s</strong> trabalhos recebi<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

em contraste com a crescente dificuldade<br />

de gerir o espaço disponível em cada publicação.<br />

Não é tarefa fácil mas é nossa missão<br />

conciliar estes importantes factores com<br />

uma programação equilibrada por cada<br />

Edição. To<strong>do</strong> o trabalho com qualidade e<br />

que obedeça aos padrões defini<strong><strong>do</strong>s</strong> pelos<br />

Estatutos da APE será publica<strong>do</strong> conforme<br />

a oportunidade e possibilidade pelo que<br />

esperamos ser bem compreendi<strong><strong>do</strong>s</strong> por<br />

to<strong><strong>do</strong>s</strong>, colabora<strong>do</strong>res e leitores a quem apresentamos<br />

os nossos agradecimentos. A reserva<br />

de material para publicação dá-nos<br />

desde já a satisfação e garantia de conteú<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

para os próximos números.<br />

Nesta Edição, como tema central, temos<br />

as entrevistas com to<strong><strong>do</strong>s</strong> os componentes<br />

<strong>do</strong> actual elenco Directivo da APE que, sob<br />

o “coman<strong>do</strong>” <strong>do</strong> Presidente Américo Ferreira<br />

se comprometeram a responder pela<br />

gestão da nossa <strong>Associação</strong>. Pensamos que<br />

será importante sabermos quem é quem, as<br />

ideias, os planos e as perspectivas da Direcção<br />

que foi eleita para o triénio 2011/13.<br />

Na sequência da entrevista ao Presidente<br />

fica assim completa a visão de toda a Direcção<br />

a quem a Redacção <strong>do</strong> <strong>Boletim</strong> apresenta<br />

os agradecimentos pela disponibilidade e<br />

colaboração na elaboração deste trabalho.<br />

Uma referência também para o plano de<br />

actividades <strong>do</strong> IPE no âmbito <strong>do</strong> Encerramento<br />

<strong>do</strong> Centenário que decorrerão em<br />

Novembro, em simultâneo com a Cerimónia<br />

de Apadrinhamento <strong><strong>do</strong>s</strong> novos alunos e que<br />

contarão com a presença duma Alta Individualidade.<br />

Fernan<strong>do</strong> B. Pires<br />

1955.0275<br />

A nossa capa<br />

Os seis “pilões” acompanhantes <strong>do</strong> Presidente Américo<br />

Ferreira, até 2013, constituin<strong>do</strong> a Direcção da<br />

APE, dizem de sua justiça para atento conhecimento<br />

de to<strong><strong>do</strong>s</strong> nós. São depoimentos oportunos que<br />

dão que pensar e nos proporcionam o conhecimento<br />

útil de quem é quem.


<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 3


J. F. LeANDro<br />

19510321<br />

4 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

a voz <strong><strong>do</strong>s</strong> pilões<br />

Livro <strong><strong>do</strong>s</strong> Livros de Finalistas<br />

Há uns tempos, num almoço de convívio, o António<br />

Cândi<strong>do</strong> Pereira Carneiro, 19480089, lançou-me, de<br />

chofre, esta questão:<br />

Olha lá! E se a <strong>Associação</strong> tentasse reunir num só<br />

volume, to<strong><strong>do</strong>s</strong> os livros de finalistas publica<strong><strong>do</strong>s</strong> até à data?<br />

Na altura não me pareceu uma ideia com pernas para<br />

andar e apresentei-lhe uma série de entraves que obstavam<br />

à sua concretização, nomeadamente no aspecto financeiro.<br />

Pensa no assunto, ripostou o António Carneiro, nada<br />

convenci<strong>do</strong> com a minha argumentação.<br />

E a verdade é que pensei mesmo. Tanto assim, que no<br />

almoço realiza<strong>do</strong> no refeitório <strong>do</strong> IPE, em vésperas de<br />

Natal, expus o assunto ao Presidente da APE, Américo<br />

Ferreira, que mostrou total disponibilidade para levar por<br />

diante, tal ideia. Referi, de novo, o encargo financeiro, ao<br />

que o Américo respondeu que para cobrir as despesas,<br />

bastaria assegurar uma venda de 450/500 livros o que,<br />

num universo de cerca de 1000 sócios, parece não ser<br />

tarefa de grande monta.<br />

Ora bem! Se assim é,<br />

nada impede que a sugestão<br />

<strong>do</strong> António Carneiro,<br />

siga em frente.<br />

Primeiro que tu<strong>do</strong>,<br />

necessário se torna que<br />

quem tem exemplares de livros de finalistas os disponibilize,<br />

o tempo necessário para serem copia<strong><strong>do</strong>s</strong>. O <strong><strong>do</strong>s</strong> finalistas<br />

de 1958 está, desde já, garanti<strong>do</strong>.<br />

Depois, mãos à obra, que se faz tarde.<br />

Não sei em que anos foram emiti<strong><strong>do</strong>s</strong> livros de finalistas,<br />

nem tão pouco sei se era prática comum, nos primeiros<br />

anos de vida <strong>do</strong> Instituto, mas que existem alguns e em<br />

número suficiente para editar um grande calhamaço, disso<br />

não tenho dúvidas. Também não tenho dúvidas de que,<br />

presentemente, esta prática está posta de parte no I.P.E..<br />

Não ficava nada mal voltarem a ela.<br />

O desafio está lança<strong>do</strong>. Aguarda-se a colaboração e o<br />

empenho de to<strong><strong>do</strong>s</strong>. Vamos a isto.


Ui cABrAL TeLo<br />

19480265<br />

evocações<br />

Era verão e decorriam as férias de ponto <strong>do</strong> final <strong>do</strong> 1º<br />

ano de contabilistas. A família passava férias na casa de<br />

verão na Ericeira. A “miúda” ficara na sua terra, não a natal<br />

mas a de residência desde os quatro anos e, portanto, mais<br />

sua <strong>do</strong> que aquela onde nascera. Agora, ali estava, morto por<br />

ir ter com amigos e a namorada e, aqueles exames chatos e<br />

inoportunos nunca mais tinham fim. Tinha de passar de ano,<br />

para no ano seguinte, mal terminasse, concorrer à Escola <strong>do</strong><br />

<strong>Exército</strong>, opção que tinha toma<strong>do</strong>, por conta própria.<br />

Para chatear, ainda por cima, tinham inventa<strong>do</strong> uns<br />

estágios, normalmente na Manutenção Militar ou nas Oficinas<br />

de Fardamento. A ele tinham-lhe calha<strong>do</strong> estas últimas.<br />

To<strong><strong>do</strong>s</strong> os dias, muni<strong>do</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> bilhetes de eléctrico que lhe<br />

eram forneci<strong><strong>do</strong>s</strong>, rumava até ao campo de Stª Clara onde<br />

o punham a conferir senhas e cupões de fornecimentos e<br />

facturas diversas. E o verão ali tão perto, na sua Ericeira,<br />

com aquelas belas praias à sua espera e aquelas miúdas<br />

lindas, que muitas vezes faziam esquecer a sua lá na terra.<br />

No dia seguinte era sexta-feira. Nas OGF não dariam falta<br />

dele. Se melhor pensou melhor o fez, resolveu faltar e<br />

rumar até ao Oeste.<br />

Já junto <strong><strong>do</strong>s</strong> Pais, que estranharam vê-lo por ali mas após<br />

umas loas bem contadas ficaram convenci<strong><strong>do</strong>s</strong> da legalidade<br />

<strong>do</strong> facto, ficou to<strong>do</strong> o fim-de-semana e também a 2ª feira.<br />

Era normal, depois <strong><strong>do</strong>s</strong> fins-de-semana em casa, irem directos<br />

às OGF, sem terem de passar pelo Pilão e, certamente,<br />

ninguém comunicaria a sua falta. O pior foi que, ten<strong>do</strong><br />

passa<strong>do</strong> a sexta, to<strong>do</strong> o fim-de-semana e a segunda fora,<br />

não lera a ordem de serviço e, portanto, não tomara conhecimento<br />

de uma nomeação para a guarda de honra à bandeira<br />

no <strong>do</strong>mingo anterior. Claro que devi<strong>do</strong> à falta, a secretaria<br />

<strong>do</strong> pilão indagou junto das OGF e ficou saben<strong>do</strong><br />

da não comparência <strong>do</strong> estagiário na sexta e segunda-feira.<br />

Chama<strong>do</strong> ao Comandante da Companhia, não teve<br />

outro remédio senão confirmar a falta cometida. Já tinha<br />

ti<strong>do</strong> várias que lhe valeram uns fins-de-semana sem saída.<br />

Agora, com esta acumulação de faltas a coisa piorara e,<br />

certamente, nada de bom o esperava. E assim aconteceu.<br />

A punição, saída e lida na ordem de serviço, lá estava escarrapachada<br />

e severamente punitiva; três dias de separação.<br />

Bolas! Lá foi o pentea<strong>do</strong>. Cabelo à “éca” e três dias<br />

fecha<strong>do</strong> num cubículo horroroso com uma mesa e uma<br />

cama. Não seria por isso que o moral iria abaixo.<br />

Uns livros, uns mosquitos, uns cavaleiros andantes,<br />

escondi<strong><strong>do</strong>s</strong> ou passa<strong><strong>do</strong>s</strong> pelos amigos através da pequena<br />

janela basculante, bastante alta mas não o suficiente para<br />

gente inventiva e determinada.<br />

A “Separeja” e o ratito companheiro<br />

Um ratito, esperto e ousa<strong>do</strong>, resolveu sair <strong>do</strong> buraquito<br />

e explorar os restos de comida deixa<strong><strong>do</strong>s</strong> no prato. O<br />

“prisioneiro” ali chama<strong>do</strong> eufemísticamente de “separa<strong>do</strong>”,<br />

passou parte <strong>do</strong> tempo a pensar como caçá-lo. Com o<br />

“calhandro” e um papel construiu uma armadilha colocan<strong>do</strong><br />

um pouco de comida em cima. O bicho, desconfia<strong>do</strong>,<br />

não queria e teimava não ir buscar o repasto, mas, a fome<br />

é negra, não resistiu e acabou por saltar para cima <strong>do</strong><br />

papel e foi cair dentro <strong>do</strong> calhandro não conseguin<strong>do</strong> sair.<br />

Com paciência de cão, umas festas no pelo e uns nacos de<br />

comida, foi amansan<strong>do</strong> o roe<strong>do</strong>r que, devi<strong>do</strong> ao bom trato,<br />

começou a acalmar e passa<strong>do</strong> uns tempos já cirandava<br />

pelo exíguo espaço, sem fugir <strong>do</strong> captor, in<strong>do</strong> comer em<br />

cima da mesa com to<strong>do</strong> o despu<strong>do</strong>r.<br />

To<strong><strong>do</strong>s</strong> os dias, ao almoço e jantar, um emprega<strong>do</strong> leva-<br />

-lhe as refeições abrin<strong>do</strong> a porta com uma chave amarela,<br />

artefacto abri<strong>do</strong>r de uma fechadura de duas voltas numa<br />

velha porta com folgas bastantes para se poder espreitar<br />

para fora. No segun<strong>do</strong> dia, depois de lá deixa<strong>do</strong> o almoço,<br />

o emprega<strong>do</strong> saiu e fechou a porta, mas, o “prisioneiro” <strong>do</strong><br />

la<strong>do</strong> de dentro, com um de<strong>do</strong> empurrou a chave de mo<strong>do</strong><br />

que esta não conseguia dar a segunda volta apesar <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

esforços <strong>do</strong> dedica<strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r. Com uma volta apenas,<br />

fácil foi com o auxílio da faca <strong>do</strong> almoço, fazer saltar a<br />

lingueta pouco inserida na fechadura. E assim se passou<br />

um dia e meio numa semi-liberdade, brincan<strong>do</strong> e jogan<strong>do</strong><br />

com os companheiros da camarata anexa. Às horas das<br />

refeições, o recluso metia-se no seu cubículo e tornava a<br />

fechar-se, agora já com o auxílio de uma chave de parafusos<br />

que entretanto lhe arranjaram. À noite, após o recolher<br />

e umas quantas jogatinas, lá regressava ao seu “quarto”<br />

privativo, onde o amigo roe<strong>do</strong>r lhe fazia companhia até ao<br />

sono chegar.<br />

Esses três dias de separação tiveram como consequência<br />

mais uns quantos dias perdi<strong><strong>do</strong>s</strong> de férias grandes em que<br />

teve de permanecer no Pilão quan<strong>do</strong> to<strong><strong>do</strong>s</strong> já tinham ruma<strong>do</strong><br />

às suas “chantas”. To<strong><strong>do</strong>s</strong> não, alguns também castiga<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

fizeram-lhe companhia, entre eles o 19470229 – Victor<br />

Sousa, infelizmente já faleci<strong>do</strong> e o 19480225 – Peres Neves<br />

este bem vivinho e ainda bem. O Peres Neves deve lembrarse<br />

bem, passámos algum tempo a esperar os comboios,<br />

<strong>do</strong>nde um amigo da irmã da minha “miúda” à época, atirava<br />

maços de Três-Vintes e Hihg-Life , para podermos<br />

matar o vício. Assim se passaram algumas desventuras que<br />

não traumatizaram, antes pelo contrário, serviram para<br />

exacerbar a criatividade contornan<strong>do</strong> os obstáculos.<br />

Belos Tempos!<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 5


AmíLcAr AUgUSTo PireS<br />

19560209<br />

6 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

evocações<br />

encontros “pilónicos” – X<br />

Nos princípios <strong><strong>do</strong>s</strong> anos noventa uma colega de trabalho,<br />

saben<strong>do</strong> que eu tinha anda<strong>do</strong> no ”Pilão”,<br />

pediu o meu parecer acerca da eventual ida <strong>do</strong> seu filho<br />

para o nosso Instituto.<br />

Os tempos e as condições eram totalmente diferentes<br />

das minhas, mas mesmo assim não deixei de lhe dizer<br />

que era uma boa opção.<br />

Ela argumentava que o rapaz era filho único e precisava<br />

de conviver mais com outros miú<strong><strong>do</strong>s</strong>, o que não<br />

tinha aconteci<strong>do</strong> comigo.<br />

Ele vivia em Lisboa e tinha mil alternativas. Eu vivia<br />

numa aldeia <strong>do</strong> nordeste transmontano e eventualmente<br />

teria mais uma.<br />

Alertei-a para saber a opinião <strong>do</strong> filho e das possíveis<br />

saudades que iria sentir que tantas lágrimas me fizeram<br />

verter às escondidas <strong><strong>do</strong>s</strong> meus colegas.<br />

Ela disse-me que esse era o grande receio pois nem<br />

por um dia em toda a sua vida se tinha separa<strong>do</strong> dela.<br />

Falava, falava e eu lembrava-me da primeira vez que saí<br />

da minha aldeia. Tinha sete anos.<br />

Fui para a colónia balnear da Guarda Fiscal na Póvoa<br />

<strong>do</strong> Varzim.<br />

Andei pela primeira vez de comboio. Os bancos eram<br />

de ripas de madeira, mais duros que as pedras. Perguntei<br />

ao guarda que nos acompanhava porque não íamos para<br />

outra carruagem com melhores assentos.<br />

Ele explicou-me que as outras carruagens eram de<br />

primeira ou segunda classe e nós tínhamos bilhetes de<br />

terceira. Então ainda quis saber porque alguns iam naquelas<br />

e nós em terceira e ele secamente respondeu:<br />

Porque não há quarta!...<br />

A minha colega frisou ainda que o filho gostava muito<br />

de fardas e o seu entusiasmo tinha também a ver com<br />

isso.<br />

Claro que o filho nada tinha a perder pois os pais<br />

tinham posses e se não gostasse facilmente poderia voltar<br />

para outro colégio.<br />

O mesmo não sucedeu comigo pois era o “Pilão” ou<br />

talvez as oficinas de São José onde estava um padre meu<br />

conterrâneo.<br />

Também nessa altura seria mais fácil entrar nos <strong>Pupilos</strong><br />

<strong>do</strong> que em 1956. Concorríamos para as vagas<br />

existentes no nosso grupo, no meu caso o segun<strong>do</strong> com<br />

oitenta candidatos para apenas ficarem seis.<br />

Os nossos filhos vieram mais tarde a apanhar o<br />

“numerus clausus” na Universidade mas nós já o tivemos<br />

nessa altura no “Pilão”.<br />

Entretanto o nosso futuro puto foi opera<strong>do</strong> a<br />

uma perna e mesmo assim à “Robocop” entrou no Instituto.<br />

A mãe passa<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>do</strong>is dias entrou no meu gabinete a<br />

chorar. Bem, o rapaz levou uns cal<strong><strong>do</strong>s</strong>, já passou pela<br />

Madalena, pensei eu.<br />

Continuan<strong>do</strong> a soluçar, contou-me que telefonou<br />

ao filho e ao perguntar-lhe se tinha saudades dela respondeu-lhe:<br />

Não só tenho da gata!...


QUeiróS De AzeVeDo<br />

1944286<br />

evocações<br />

mais vale ser careca <strong>do</strong><br />

que não ter cabelo!<br />

Se a memória não me falha aquilo que vou contar-vos<br />

passou-se no ano de 1945, tinha eu então onze anos<br />

de idade e já era o meu segun<strong>do</strong> ano de “Pilão”. Como<br />

nasci em 1933 espero que me revelem qualquer falha de<br />

memória que possa prejudicar a veracidade da narrativa,<br />

se é que algum de vós, que me estais a ler neste momento,<br />

se recordará desta ocorrência que vos vou relatar, com<br />

a agravante de que muitos poucos colegas desses tempos<br />

remotos estavam presentes no acontecimento! E a verdade<br />

verdadinha é que, por vezes, ainda que nem sempre,<br />

<strong>do</strong>u comigo a ter a sensação de que as lembranças <strong>do</strong><br />

passa<strong>do</strong> mais remoto me parecem mais reais <strong>do</strong> que as<br />

lembranças de há meia dúzia de anos, mas creio que tais<br />

ocorrências são dadas, medicamente falan<strong>do</strong>, como lapsos<br />

normais de memória decorrentes da velhice! Mas vamos<br />

então à narrativa de quan<strong>do</strong> se passou no ginásio da 1ª<br />

Secção <strong>do</strong> I.P.E. onde ia ser inicia<strong>do</strong> mais um <strong><strong>do</strong>s</strong> ensaios<br />

para récita da festa anual <strong>do</strong> nosso queri<strong>do</strong> Instituto.<br />

O grande palco fora monta<strong>do</strong> <strong>do</strong> la<strong>do</strong> das escadarias<br />

que dão acesso às galerias superiores que circundavam, e<br />

ainda circundam, to<strong>do</strong> o ginásio, e das escadas que dão<br />

acesso à cave, na altura arrecadação de material desportivo,<br />

mas onde também era normalmente monta<strong>do</strong> um bar<br />

de apoio aos participantes nos bailes <strong><strong>do</strong>s</strong> Alunos Novos,<br />

<strong>do</strong> Carnaval, <strong>do</strong> Aniversário <strong>do</strong> Instituto e <strong><strong>do</strong>s</strong> Finalistas.<br />

Estava então tu<strong>do</strong> a postos para dar início ao ensaio,<br />

com os alunos que iriam participar no evento já prepara<strong><strong>do</strong>s</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> chegou o ensaia<strong>do</strong>r, que era um antigo Director<br />

<strong>do</strong> I.P.E: O prestigiadíssimo Brigadeiro Tamagnini<br />

Barbosa que, por muito gostar <strong>do</strong> “Pilão” e muito saber de<br />

teatro, se tinha disponibiliza<strong>do</strong> para vir dirigir os ensaios<br />

que, creio, já estariam a decorrer há uns dias mas a precisarem<br />

desta intervenção <strong>do</strong> Brigadeiro.<br />

Devo dizer-vos que eu me encontrava no local porque<br />

era ajudante <strong><strong>do</strong>s</strong> alunos mais velhos que pintavam os cenários,<br />

facto este que posso provar com <strong>do</strong>cumentação<br />

fotográfica!<br />

Bem, mas vamos ao que interessa! E o que interessa é<br />

que um <strong><strong>do</strong>s</strong> “artistas” era o há muito faleci<strong>do</strong> Capitão-<br />

-Tenente João Lourenço, filho <strong>do</strong> 1º Sargento enfermeiro<br />

<strong>do</strong> Instituto, gradua<strong>do</strong> austero mas muito competente que<br />

vivia dentro <strong>do</strong> Instituto com a família no andar por cima<br />

da enfermaria da 1ª Secção.<br />

O João Lourenço era um bom rapaz, poden<strong>do</strong> utilizar-<br />

-se até a gíria de porreiríssimo, mas tinha o tremen<strong>do</strong><br />

complexo de ser já naquela altura, em que teria não mais<br />

<strong>do</strong> que dezassete/dezoito anos de idade, um tanto ou quanto<br />

careca, ainda que por esse tempo a calvície dele não<br />

fosse nenhum exagero! Exagero sim era o complexo, porque<br />

quem se referisse a ele podia contar com “Sarilhos Grandes”,<br />

como se fosse natural da localidade que tem esse nome!<br />

Ora por esse tempo tinha-mos no “Pilão” um dueto de<br />

putos gozões de se lhes tirar o chapéu! E eram os <strong>do</strong>is <strong>do</strong><br />

meu curso: o 61, Rui Alberto Louro Coelho e o 82, Antó-<br />

nio Jorge de Oliveira Romual<strong>do</strong>. O primeiro que era um<br />

grande ginasta, hoje é Coronel reforma<strong>do</strong> e há muitas<br />

décadas que não o vejo; o segun<strong>do</strong>, que também é Coronel<br />

reforma<strong>do</strong> está infelizmente, confina<strong>do</strong> a uma cadeira de<br />

rodas com dificuldades de recuperação, mas enquanto há<br />

vida há esperança e to<strong><strong>do</strong>s</strong> camaradas lhe desejam que tal<br />

venha a acontecer.<br />

Ora os <strong>do</strong>is “pardais” calculan<strong>do</strong> de antemão o que se<br />

iria passar, foram antecipadamente esconder-se numa das<br />

citadas galerias que, por via da localização <strong>do</strong> palco, ficavam<br />

tapadas das vistas de quem estivesse <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> especta<strong>do</strong>res<br />

porque os cenários já estavam coloca<strong><strong>do</strong>s</strong> e os malandrecos<br />

acreditavam não poder ser detecta<strong><strong>do</strong>s</strong>!<br />

Após os cumprimentos ao nosso Brigadeiro ele deu logo<br />

início aos trabalhos <strong>do</strong> ensaio de quanto ia constar da representação.<br />

E logo calhou ser o João Lourenço, já to<strong>do</strong><br />

atavia<strong>do</strong> para entrar em cena, o primeiro a ir para o palco<br />

depois de uma breve recapitulação da forma como o “artista”<br />

deveria actuar, quer em relação à dicção <strong>do</strong> texto decora<strong>do</strong>,<br />

quer em actuação gestual, para que a cena decorresse<br />

da melhor maneira, a contento de quanto se pretendia.<br />

Sobe então o João Lourenço para os basti<strong>do</strong>res à ordem<br />

de “entra João”, proferida pelo Brigadeiro, o João entrou<br />

no palco com o treina<strong>do</strong> espalhafato, equipa<strong>do</strong> com um<br />

fato de banho à 1920, com riscas azuis e brancas, muni<strong>do</strong><br />

de uma diminuta cana de pesca sustentan<strong>do</strong> um peixe<br />

vermelho em celulóide, numa das mãos e um colori<strong>do</strong><br />

balde de lata, supostamente destina<strong>do</strong> ao isco, na outra,<br />

proferin<strong>do</strong> alto e bom som: – EUREKA! Cá está um e<br />

(continua na página seguinte) <br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 7


DAViD SeQUerrA<br />

19430333<br />

(continuação da página anterior)<br />

este é….. Mas não conseguiu dizer mais nada, parecen<strong>do</strong><br />

desvaira<strong>do</strong> … PORQUÊ?! Porque mal tinha pronuncia<strong>do</strong>,<br />

no tal alto e bom som, a palavra EUREKA, logo a seguir<br />

lhe tinham entra<strong>do</strong> pelos tímpanos adentro, em uníssono,<br />

a palavra CARECA, bem vincada, ainda quase bichanada<br />

pelos <strong>do</strong>is “maraus”, mas perfeitamente audível para o João!<br />

– Então o que é isso, ó João Lourenço?! Entra lá<br />

outra vez e vê lá se te concentras…Vá… Rápi<strong>do</strong> que se<br />

faz tarde!<br />

O bom <strong>do</strong> João, meio confuso, porque não imaginava<br />

de quem estaria a ser vítima, lá se apressou a ir fazer a<br />

entrada novamente, só que desta vez, para que ele não tivesse<br />

nem confusões, nem dúvidas, os <strong>do</strong>is “pardais” deixaram-no<br />

dizer a frase toda: EurEKA! Cá está um e este é<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> grandes! Para que ele não se alarmasse logo, e só depois<br />

lhe “atiraram” com o careca, que o siderou, fazen<strong>do</strong> com<br />

que o Brigadeiro logo lhe gritasse, nada satisfeito:<br />

8 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

evocações<br />

Apontamento<br />

Peripécias<br />

o “ervilhaca”<br />

e o caneiro de Alcântara<br />

Peripécia – Incidente inespera<strong>do</strong> que surpreende e comove.<br />

Mudança súbita de uma situação (<strong>do</strong> grego peripeleia)<br />

Volta e meia acontece. Há um “pilão” que me contacta<br />

para me relatar algo que de insólito lhe aconteceu,<br />

enquanto aluno ou ex-aluno. Poderia citar vários exemplos<br />

como os mais recentes <strong>do</strong> Hipólito (em Dresden) e <strong>do</strong><br />

Cândi<strong>do</strong> (em Pequim).<br />

Por mim reajo sempre de igual maneira:<br />

– A estória é gira. Escrevam-na para o “<strong>Boletim</strong>”.<br />

E os meus interlocutores, por sua vez, contrapõem:<br />

– “Escreve tu. Eu conto e tu aproveitas o que eu disser”.<br />

E pronto! A peripécia fica a meu cargo, em prol das<br />

memórias “pilónicas”.<br />

E hoje é a vez <strong>do</strong> relato bem-humora<strong>do</strong> <strong>do</strong> “Zeca”<br />

Pereira, populariza<strong>do</strong> como “Ervilhaca” assídua presença<br />

nos convívios <strong>do</strong> Instituto e da <strong>Associação</strong>. Foi ele quem<br />

nos “cravou” e, fazen<strong>do</strong>-lhe a vontade, aqui vai a peripécia,<br />

velha de 50 anos.<br />

***<br />

Tinha chovi<strong>do</strong> a “potes” e a já<br />

desaparecida ribeira atingiu<br />

uma espécie de “record” de caudal,<br />

causan<strong>do</strong> invulgar admiração.<br />

Curioso e atrevi<strong>do</strong> o “Ervilhaca”<br />

decidiu testemunhar de muito<br />

perto essa barulhenta e ameaça<strong>do</strong>ra<br />

enxurrada elevou consigo mais uns quantos colegas.<br />

O grupo empoleirou-se no murete que dava para a linha<br />

férrea e, a seus pés, a torrente de água era emocionante, a<br />

uma enorme velocidade jamais vista. Eis senão, quan<strong>do</strong> o<br />

altarrão “Ervilhaca” se desequilibrou e, Zás,caiu de chapa<br />

na volumosa ribeira, de rumo certo até ao caneiro de<br />

Alcântara.<br />

Leva<strong>do</strong> pela intensíssima corrente, o nosso “Ervilhaca”<br />

correu perigo de assustar, sensação terrível <strong><strong>do</strong>s</strong> seus companheiros<br />

de situação. E foi então que um deles, o resoluto<br />

timorense Aleixo (401 <strong><strong>do</strong>s</strong> anos 50), brandiu uma espécie<br />

de “grito de guerra” e conseguiu resgatar o<br />

“Ervilhava” de um muito cruel destino – o das mal cheirosas<br />

tubagens de Alcântara.<br />

A malta aplaudiu o Aleixo e felicitou o “Zeca” Pereira<br />

que, verdade se diga, não ganhou para o susto.<br />

A ribeira nunca mais encheu daquela maneira. O Aleixo<br />

já não está connosco, passou-se mais de meio século<br />

mas o comunicativo “Ervilhaca” fez questão de evocar essa<br />

tão complicada peripécia.<br />

E sobrou para nós, como “escrevinha<strong>do</strong>r” de serviço,<br />

fazen<strong>do</strong> a vontade ao “Zeca” Pereira e encetan<strong>do</strong> deste<br />

jeito, mais uma rubrica sobre tempos passa<strong><strong>do</strong>s</strong>.<br />

– Então tu estás a brincar comigo?! é que nem me<br />

passa pela cabeça que o estejas! Vem já para aqui expli-<br />

car-te direitinho! Vá, salta daí cá para baixo…<br />

E o bom <strong>do</strong> João Lourenço, destroça<strong>do</strong>, indigna<strong>do</strong> e<br />

furioso foi, to<strong>do</strong> nervoso, confessar ao Brigadeiro Tamagnini<br />

Barbosa a razão da sua infeliz actuação teatral, o que<br />

provocou generalizadas contidas gargalhadas entre os presentes,<br />

incluin<strong>do</strong> o próprio Brigadeiro, que logo ordenou<br />

uma rigorosa caçada aos “engraçadinhos”!<br />

Caçada essa, aliás, completamente infrutífera porque<br />

aqueles <strong>do</strong>is “mecos” sabiam o que faziam e despareceram<br />

em tempo oportuno, sem deixar rasto! Mas a mim contaram-me<br />

porque também, normalmente, fazia com eles um<br />

trio!<br />

Porém, agora, a coberto das festividades <strong>do</strong> Centenário<br />

<strong>do</strong> nosso IPE, julgo ser oportuno “denunciar” aqueles <strong>do</strong>is<br />

queri<strong><strong>do</strong>s</strong> condiscípulos, passa<strong><strong>do</strong>s</strong> que estão apenas sessenta<br />

e seis anos, por não terem espera<strong>do</strong> que eu também<br />

pudesse ter entra<strong>do</strong> numa tal aventura com tanto êxito!


HUmBerTo LoLA DoS reiS<br />

19410159<br />

1<br />

7 8<br />

2<br />

evocações<br />

3<br />

4<br />

Existe, ou melhor, existia quan<strong>do</strong> eu estava no serviço<br />

activo, sinceramente que agora não sei, uma tradição<br />

que era a de “julgar” um oficial quan<strong>do</strong> atravessava o Equa<strong>do</strong>r<br />

pela primeira vez. Essa tradição era aceite por to<strong><strong>do</strong>s</strong> e<br />

ninguém lhe fugia, nem que fosse o comandante <strong>do</strong> navio.<br />

Nas fotografias que vos vou apresentar, as numeradas são da<br />

minha viagem de guardas-marinha e as referenciadas com<br />

letras, são de uma viagem ao Brasil, no Gonçalves Zarco,<br />

também de g.m., mas na qual eu era já oficial de guarnição.<br />

O julgamento é bastante diverti<strong>do</strong> e com uma certa<br />

“pompa”, pois a guarnição habitualmente informa-se da<br />

situação <strong><strong>do</strong>s</strong> oficiais antes <strong>do</strong> navio largar de Lisboa, pre-<br />

6<br />

5<br />

Tradição na marinha<br />

paran<strong>do</strong>-se para o evento e levan<strong>do</strong> toda a roupagem e<br />

demais artigos utiliza<strong><strong>do</strong>s</strong> nessas “cerimónias”.<br />

A foto nº 1 mostra a “dignidade” de NEPTUNO, o Reis<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> Mares, que preside. Neste julgamento, talvez por ser<br />

uma viagem muito longa, cerca de 6 meses (fomos até<br />

Timor), o pessoal esmerou-se bastante e to<strong><strong>do</strong>s</strong> os figurantes<br />

estão mascara<strong><strong>do</strong>s</strong> valorizan<strong>do</strong>, assim, o julgamento, que<br />

englobou to<strong><strong>do</strong>s</strong> os guardas-marinha.<br />

A foto nº 2 mostra os advoga<strong><strong>do</strong>s</strong> de defesa e de acusação,<br />

que estudaram antecipadamente o que vão dizer a<br />

cada um <strong><strong>do</strong>s</strong> acusa<strong><strong>do</strong>s</strong>. As fotos n os 3 e 4 apresentam as<br />

acólitos <strong>do</strong> Rei <strong><strong>do</strong>s</strong> Mares e a nº 5 o padre para absolver<br />

as “almas condenadas”.<br />

Na nº 6 já está tu<strong>do</strong> prepara<strong>do</strong> para o início <strong>do</strong> julgamento,<br />

mostran<strong>do</strong> a nº 7 o de um g.m. e a nº 8 o julgamento<br />

<strong>do</strong> próprio Comandante, que já está a ouvir a “sentença”<br />

que lhe foi aplicada. Por acaso, neste julgamento, não há<br />

nenhuma foto que mostre a apresentação <strong>do</strong> castigo.<br />

Na viagem <strong>do</strong> N.R.P. “Gonçalves Zarco”, o julgamento<br />

já não é tão elabora<strong>do</strong> como o anterior. É que, nestes casos,<br />

há sempre um “carola” que prepara tu<strong>do</strong> e talvez neste caso<br />

ele não fosse tão interessa<strong>do</strong> como no anterior ou não tives-<br />

se possibilidade de arranjar melhores vestimentas. Nas fotos<br />

“A e B” vê-se o Imediato <strong>do</strong> navio a ser julga<strong>do</strong>. Na “C”, o<br />

advoga<strong>do</strong> deacusação, que é um <strong><strong>do</strong>s</strong> oficiais da guarnição e<br />

nas fotos “D e “E” a aplicação <strong>do</strong> castigo ao Imediato.<br />

Todas estas recordações me deixam umas saudades<br />

enormes das viagens que fiz! Talvez um dia tente contar-<br />

-vos o que se sente num navio isola<strong>do</strong> no centro de um<br />

oceano. Libertação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>!<br />

Especialmente se o mar estiver<br />

calmo, claro!<br />

A<br />

B<br />

C<br />

d<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 9


A. riBeiro DA SiLVA<br />

19600093<br />

No ano lectivo de 1961/1962, meu segun<strong>do</strong> ano naquela<br />

“casa tão bela e tão ridente”coube a Alfre<strong>do</strong><br />

de Jesus Espinha – 1954.0080 exercer as funções de<br />

Comandante de Batalhão.<br />

Nasceu em 26 de Junho de 1943 em Vila Nova de<br />

Gaia, onde a família – de raízes beirãs – então residia, por<br />

força da colocação temporária <strong>do</strong> pai, agente da Guarda<br />

Fiscal.<br />

A família rapidamente regressa às origens, o que lhe<br />

permite frequentar a escola primária em Almofala, no<br />

concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, de onde é natural<br />

– coincidências da vida – aquela que viria a ser a sua<br />

companheira de uma vida e lhe deu 3 filhas.<br />

10 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

evocações<br />

comandantes de Batalhão<br />

Alfre<strong>do</strong> de Jesus espinha – 19540080<br />

Passa a sua a<strong>do</strong>lescência entre Figueira de Castelo<br />

Rodrigo e Almeida, a par da sua vida escolar em S. Domingos<br />

de Benfica, paredes meias com a mata de<br />

Monsanto, quan<strong>do</strong> entra para os <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> em<br />

1954.<br />

No prazo de oito anos, ali conclui o Curso de Contabilistas<br />

em 1961/62, numa turma de onze, ingressan<strong>do</strong> de<br />

seguida na Escola Naval juntamente com mais 3 <strong><strong>do</strong>s</strong> seus<br />

colegas: Cruz, Ramiro e Jacinto (Biseu).<br />

No seu último ano no Pilão foi o Presidente da Conferência<br />

de S. Vicente de Paulo, de que ainda recorda as<br />

visitas ao Alto <strong><strong>do</strong>s</strong> Moinhos, bem perto <strong>do</strong> local onde hoje<br />

se situa a APE, para proceder à distribuição de géneros<br />

alimentícios às famílias mais carenciadas que ali viviam<br />

em barracas.<br />

Nesse ano to<strong><strong>do</strong>s</strong> os Contabilistas forma<strong><strong>do</strong>s</strong> no “Pilão”<br />

enveredaram pela carreira militar, já que os restantes<br />

sete elementos da turma ingressaram no quadro <strong><strong>do</strong>s</strong> Serviços<br />

de Intendência e Contabilidade da Força Aérea:<br />

Barbosa Pereira, Pinheiro, Fernan<strong>do</strong> Lopes (Polícia), Cotovio,<br />

Damasceno, Afonso (Ganau) e Avelino Rodrigues<br />

(Zacarias).<br />

Embora a designação oficial da nossa Escola tenha si<strong>do</strong><br />

oficialmente alterada para Instituto Técnico Militar <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

<strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> em 4 de Novembro de 1959, aquan<strong>do</strong><br />

da reforma curricular introduzida pelo Decreto-Lei<br />

nº 42 632, o novo emblema – ITM – só veio a ser aprova<strong>do</strong><br />

em 02MAI1961, pelo que o Alfre<strong>do</strong> Espinha foi o<br />

primeiro Comandante de Batalhão a ostentá-lo na gola<br />

da farda, conforme fotografia oficial patente no átrio das<br />

camaratas da 1ª Secção, que aqui se publica.<br />

Para ilustrar o ambiente que então rodeava a nossa<br />

Escola,passo a transcrever a referência elogiosa publicada<br />

pelo então Director Coronel Alfre<strong>do</strong> Ferreira Gonçalves<br />

na Ordem de Serviço de 08NOV61: “É-me grato poder<br />

manifestar a muita satisfação que me causaram o aprumo,<br />

a dignidade, a firmeza e a convicção, com que se apresentaram<br />

os alunos deste Instituto não só na guarda de honra<br />

e seu desfile, como na sessão solene de abertura <strong>do</strong> ano<br />

lectivo, no passa<strong>do</strong> dia 4, o que foi igualmente aprecia<strong>do</strong><br />

por SExa. o Presidente da República e altas individualidades<br />

presentes, de quem ouvi as mais entusiásticas e


honrosas saudações que, deste mo<strong>do</strong>, não quero deixar de<br />

assinalar e transmitir”.<br />

É curioso verificar que o Director e o Comandante<br />

Batalhão desse ano tinham o mesmo nome próprio:<br />

Alfre<strong>do</strong>.<br />

A meio <strong>do</strong> Curso de Administração Naval, embarca<br />

no navio escola Sagres na sua viagem de cadetes para as<br />

Bermudas e participa na regata da Independência <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

Esta<strong><strong>do</strong>s</strong> Uni<strong><strong>do</strong>s</strong> da América, em Nova Iorque.<br />

Em 1968, já como oficial de guarnição com o posto<br />

de Segun<strong>do</strong> Tenente, volta a viajar na Sagres, desta vez<br />

para Angola, no âmbito da viagem de cadetes desse ano.<br />

Tu<strong>do</strong> leva a crer que aquelas terras exerceram sobre<br />

ele algum feitiço, pois iria voltar a Angola para duas estadias<br />

mais demoradas.<br />

Primeiro para comissão de 4 anos no Serviço de Marinha<br />

de Angola, ten<strong>do</strong> residi<strong>do</strong> na Ilha de Luanda de<br />

1969 a 1973 ao que, finda a licença graciosa <strong><strong>do</strong>s</strong> 3 meses<br />

da praxe, se segue uma comissão de 2 anos no Coman<strong>do</strong><br />

Naval de Angola (1974 a 1975).<br />

Só regressa a Lisboa 3 dias antes da independência de<br />

Angola ocorrida, em 14 de Novembro de 1975. Nessa<br />

época trabalhava eu em Luanda na SONEFE, pelo que<br />

– tenho agora disso consciência – partilhamos ambos a<br />

instabilidade gerada por esses conturba<strong><strong>do</strong>s</strong> tempos ali<br />

vivi<strong><strong>do</strong>s</strong>.<br />

Regressa<strong>do</strong> a Portugal, faz carreira na Marinha até<br />

1989, quan<strong>do</strong> decide passar à reserva já no posto de<br />

Capitão-de-fragata, para se dedicar à gestão empresarial.<br />

Com um punha<strong>do</strong> de engenheiros da marinha, participa<br />

em 1984 na constituição de empresas na área da<br />

Engenharia de Segurança.<br />

Empreende<strong>do</strong>r ainda activo, o Alfre<strong>do</strong> Espinha, mantém-se<br />

hoje à frente da CERTITECNA, uma das 4<br />

empresas mais conceituadas deste ramo em Portugal,<br />

com trabalho desenvolvi<strong>do</strong>, em temas diversifica<strong><strong>do</strong>s</strong> que<br />

vão desde a Gestão de Projectos, Formação, Consulto-<br />

ria e à Normalização em empresas inseridas nos mais<br />

diversos sectores económicos que englobam, entre outros:<br />

a Aviação Civil e Aeroportos, Banca e Seguros, Câmaras<br />

Municipais, Estabelecimentos de Ensino, Indústria Naval,<br />

etc.<br />

No último contacto que com ele estabeleci constatei<br />

que se mantém atento à evolução <strong><strong>do</strong>s</strong> merca<strong><strong>do</strong>s</strong>, não<br />

afastan<strong>do</strong> a ideia de uma eventual entrada da sua empresa<br />

em Angola.<br />

A. Borges Pires, Santos Pereira, Pires Pereira & Associa<strong><strong>do</strong>s</strong>, RL<br />

ÁREAS PREFERENCIAIS:<br />

DIREITO LABORAL, DIREITO COMERCIAL, DIREITO CIVIL,<br />

CONTENCIOSO CIVIL, LABORAL E COMERCIAL<br />

António Borges Pires: abp@abpa.pt<br />

Henrique Santos Pereira: hsp@abpa.pt<br />

AMOREIRAS, TORRE 3, 5º PISO, 511, 1070-274 LISBOA | TEL. +351 212 454 262 - FAX: +351 212 454 284<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 11


FerNANDo criSTo<br />

19550373<br />

Tempo de memória<br />

Nestas memórias que vou alinhan<strong>do</strong>,recor<strong>do</strong> o tempo<br />

em que, pela primeira vez, vesti aquela farda azul,<br />

cinturão branco, dragonas negras, barretina de penacho<br />

alvo, como Pilão a minha primeira farda de gala. Para nós<br />

miú<strong><strong>do</strong>s</strong>, foi um dia importante, cerimónia de abertura <strong>do</strong><br />

ano escolar, Outubro de 1955. Tivemos horas de treino,<br />

comportamento militar adequa<strong>do</strong> às formalidades cerimoniais,<br />

etc.,outros tempos.<br />

Pessoas importantes,<br />

uns à civil outros<br />

com fardas estreladas<br />

ou riscas <strong>do</strong>uradas,<br />

homens de batina<br />

colorida (não muitos)<br />

eclesiásticos de<br />

«topo», coisa que eu<br />

nunca tinha visto de<br />

tão perto. As famílias embevecidas assistin<strong>do</strong> a to<strong><strong>do</strong>s</strong> estes<br />

movimentos e desfiles, cujo centro das suas atenções, são<br />

aqueles seus pequeninos farda<strong><strong>do</strong>s</strong> de gala, “uns homens”!<br />

As pessoas importantes, olhavam aqueles miú<strong><strong>do</strong>s</strong> com<br />

um sorriso de agra<strong>do</strong>. Por certo, alguns recordavam naquele<br />

momento os seus tempos de infância.<br />

Presidia à cerimónia o então Presidente da República,<br />

General Francisco Craveiro Lopes.<br />

Para além <strong>do</strong> dia a dia escolar, também importante,<br />

tenho na memória o meu primeiro desfile militar, comemorativo<br />

<strong>do</strong> aniversário <strong>do</strong> “Pilão”, ano de 1956.<br />

Treinos e mais treinos, na véspera <strong>do</strong> dia <strong>do</strong> desfile uma<br />

azáfama constante nos preparativos, a farda impecável,<br />

botões de metal amarelo, tala de madeira (feita nas aulas<br />

de trabalhos manuais), esfregar com um pano embebi<strong>do</strong><br />

em solarine, com cuida<strong>do</strong> para não sujar o dólman, sapatos<br />

a brilhar, inspecção rigorosa a cargo <strong>do</strong> aluno gradua<strong>do</strong>, etc.<br />

Chegou o dia. Prepara<strong><strong>do</strong>s</strong> com espingarda e baioneta<br />

a sério, forma<strong><strong>do</strong>s</strong> na parada da 1ª Secção, quatro Companhias<br />

de alunos vão desfilar desde a praça de Marquês de<br />

Pombal até à Sé de<br />

Lisboa. Não era «pêra<br />

<strong>do</strong>ce», miú<strong><strong>do</strong>s</strong> com<br />

11/12 anos, de«canhota»<br />

ao ombro, ângulo recto<br />

no braço, perna esticada,<br />

cabeça levantada e<br />

o alinhamento, sempre<br />

12 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

evocações<br />

a esticar o olho à direita ou à esquerda para manter alinhada<br />

uma frente de três pelotões.<br />

Avenida da Liberdade… “força malta!!...é jacaré…<br />

alinha pá… levanta o braço” etc… Restaura<strong>do</strong>res, Rossio,<br />

Rua <strong>do</strong> Ouro, “ai…!!já” não sinto o braço, Rua da Conceição…<br />

“força malta está quase…IPE..IPE…” gritam vozes<br />

de ex-alunos, que nos acompanham ao longo de to<strong>do</strong> o<br />

desfile.<br />

Com os seus incentivos, levamnos<br />

«ao colo» naquela subida final<br />

até à Sé. Rua de paralelepípe<strong>do</strong>,<br />

calhas de eléctricos em que tu<strong>do</strong><br />

parece escorregar.<br />

Após as cerimónias religiosas,<br />

bonitas de ver e sentir, um ligeiro<br />

convívio com os familiares e amigos<br />

e, “toca a formar pessoal”. Agora,<br />

descida escorregadia até à rua <strong>do</strong> Ouro, Terreiro <strong>do</strong> Paço,<br />

Ribeira das Náus.<br />

Antes <strong>do</strong> transporte para o “Pilão”, lá estavam os funcionários<br />

a cargo <strong>do</strong> mestre «Cuco», com a sua grande<br />

cesta cheia de sandes com marmelada ou queijo tipo borracha…<br />

e para beber…água!<br />

Muitas memórias se podem registar ao longo <strong><strong>do</strong>s</strong> anos<br />

que estive no “Pilão”. Os tempos não foram fáceis, estu<strong>do</strong>,<br />

disciplina, regras, normas duras, contavam-se com alguma<br />

impaciência, os anos que faltavam para ostentar o laço de<br />

finalista.<br />

To<strong><strong>do</strong>s</strong> os dias foram importantes. Hoje, os dias também<br />

são importantes, só que ao contrário <strong><strong>do</strong>s</strong> anos 1955 e seguintes,<br />

acho que os anos passam muito depressa.<br />

Assim, rapidamente cheguei a 1961, dia sau<strong><strong>do</strong>s</strong>amente<br />

importante, o meu último desfile. O mesmo trajecto até<br />

ao Terreiro <strong>do</strong> Paço. Os cestos de sempre, as sandes de<br />

sempre, uma novidade…além da água havia sumos!!<br />

Importante sim! O “Pilão” comemorava os seus 50 anos<br />

de existência e eu conquistava o meu laço de finalista .<br />

Enquanto não vem o esquecimento, fica-me na memória<br />

um tempo presente. A tristeza sentida de perder um<br />

companheiro jovem <strong>do</strong> nosso tempo, malta de 1955/1962/3,<br />

o Policarpo, 1955.0214. Reparem na primeira foto, abertura<br />

<strong>do</strong> ano lectivo,<br />

o terceiro a<br />

contar da direita.<br />

O «miú<strong>do</strong>» está<br />

lá… é a minha<br />

homenagem, a<br />

nossa memória, o<br />

nosso abraço.


câNDiDo De AzeVeDo<br />

19600364<br />

cróNicas<br />

Portugueses pelo oriente<br />

De um pântano pestilento, à <strong>do</strong>çura de maria guiomar !<br />

O que mais preocupa é o silêncio <strong><strong>do</strong>s</strong> bons!<br />

Muitos são os que têm procura<strong>do</strong> caracterizar Portugal.<br />

E por aquilo que vamos ven<strong>do</strong>, len<strong>do</strong> ou ouvin<strong>do</strong><br />

to<strong><strong>do</strong>s</strong> os dias, parece ser a realidade. Damos conta que<br />

acima <strong><strong>do</strong>s</strong> interesses patrióticos outros interesses mandam<br />

hoje, sejam escondi<strong><strong>do</strong>s</strong> por trás das sempre “conveniências<br />

<strong>do</strong> momento”, sejam por cinismo, interesses promíscuos<br />

ou negócios duvi<strong><strong>do</strong>s</strong>os…<br />

Esperança<strong>do</strong> que o ambiente melhore, deixemos a<br />

pestilência que inunda os ares <strong>do</strong> dia-a-dia <strong>do</strong> português,<br />

para falarmos de coisas mais <strong>do</strong>ces, por exemplo da <strong>do</strong>çura<br />

de Maria Guiomar, inocente mulher luso-nipónica que<br />

subsistiu num mun<strong>do</strong> governa<strong>do</strong> por homens corruptos e<br />

de ambições desmedidas. Eu conto.<br />

Maria de Guiomar era neta de Inês Martinz, uma das<br />

primeiras japonesas baptizadas por Francisco Xavier, que<br />

juntamente com o mari<strong>do</strong>, fugin<strong>do</strong> às perseguições aos<br />

cristãos movidas pelo impera<strong>do</strong>r Toyotomi Hideyoshi, governante<br />

<strong>do</strong> Japão por volta de 1590, se acolheram no bairro<br />

cristão de refugia<strong><strong>do</strong>s</strong> japoneses, próximo <strong>do</strong> Ban Portuguet,<br />

o bairro português localiza<strong>do</strong> em Ayutaá, Sião, funda<strong>do</strong> por<br />

volta de 1516, logo após a assinatura <strong>do</strong> primeiro acor<strong>do</strong><br />

de amizade e comércio entre Portugal e o Reino de Sião<br />

(hoje Tailândia). Nascida com sangue português, em mea<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

<strong>do</strong> século XVII, já no Ban Portuguet, Guiomar passa a ter<br />

uma educação católica a rigor, administrada pelos sacer<strong>do</strong>tes<br />

<strong>do</strong> Padroa<strong>do</strong> Português <strong>do</strong> Oriente.<br />

À época, Luís XIV ambicionava colonizar o Sião e<br />

torná-lo colónia da França, pelo que recorre aos missionários<br />

das Missões Estrangeiras de Paris, no senti<strong>do</strong> de ganhar<br />

influência junto <strong><strong>do</strong>s</strong> siameses. Por esta altura reinava no<br />

Sião o rei Narai que, na ambição de se tornar numa potente<br />

e comercial monarquia, acolhe bem os franceses e<br />

as suas influências política e militar.<br />

Por esta altura um grego orto<strong>do</strong>xo, de seu nome Constantine<br />

Phaulkon, homem ambicioso que aban<strong>do</strong>nara a<br />

British East India Company, procura começar um negócio<br />

por conta, (que não de sucateiro ou banqueiro), instalan<strong>do</strong>-se<br />

em Ayutáa.<br />

Comerciante experiente, vem a conhecer outros comerciantes<br />

tailandeses, que o “passam”ao ministro <strong>do</strong> tesouro<br />

e das finanças <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> Sião, que rapidamente<br />

o põe em “contacto” com o rei Narai, o Grande. Desta<br />

forma, aquele estranho grego, vem a ganhar grande influência<br />

junto da corte, acaban<strong>do</strong> por vir a gerir os negócios<br />

internacionais <strong>do</strong> Sião.<br />

E a jovem Maria de Guiomar? Agora esbelta e cândida<br />

mulherzinha, é alvo <strong>do</strong> jogo de interesses <strong><strong>do</strong>s</strong> missionários,<br />

que lhe expressam os seus desejos de não a verem solteira<br />

ou freira, mas sim casada com o influente Constantine,<br />

entretanto por interesse converti<strong>do</strong> a cristão. Dá-se o casamento<br />

e em Lopburi é construí<strong>do</strong> um palácio com requinte<br />

e opulência para habitação <strong>do</strong> casal. Aqui, Maria<br />

Guiomar, então com 22 anos, passa um perío<strong>do</strong> calmo e<br />

feliz da sua vida, sen<strong>do</strong> em pouco tempo mãe de duas<br />

crianças: Jorge e Constantino.<br />

Entretanto Phaulkon, ambicioso e agora também dita<strong>do</strong>r,<br />

deixa-se manipular pelos interesses franceses, cain<strong>do</strong><br />

em desgraça junto <strong>do</strong> novo rei siamês, Phetracha. Coloca<strong>do</strong><br />

atrás das grades, a 5 de Junho de 1688, é condena<strong>do</strong> à<br />

decapitação por macha<strong>do</strong>. Impedida de se refugiar junto<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> franceses, Maria de Guiomar vê-se condenada à escravidão<br />

perpétua nas cozinhas <strong>do</strong> rei Phetracha, vin<strong>do</strong> a<br />

tornar-se chefe de cozinha, oportunidade que lhe permite<br />

inserir na gastronomia siamesa a <strong>do</strong>çaria portuguesa. Daí<br />

o facto <strong><strong>do</strong>s</strong> fios de ovos, o mais aprecia<strong>do</strong>, serem hoje o<br />

<strong>do</strong>ce nacional da Tailândia. A sua situação assim se manterá,<br />

até à sua morte em 1703.<br />

Das ambições desmedidas, <strong><strong>do</strong>s</strong> jogos de interesse, <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

negócios sujos de grandes gestores, das trocas de influência,<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> corruptos e inflexíveis, fosse ontem como hoje, o povo<br />

português não desconhece…mas permanece sereno, pagante,<br />

cândi<strong>do</strong> e <strong>do</strong>ce na espera de melhores tempos…<br />

certamente à espera que um dia, que tarda a chegar, surjam<br />

para estes as sempre faltosas grades, grades sim, porque na<br />

nossa brandura detestamos o macha<strong>do</strong> decapita<strong>do</strong>r. E assim<br />

fazemos jus ao que disse Martin Luther King: “O que mais<br />

preocupa não é nem o grito <strong><strong>do</strong>s</strong> violentos, <strong><strong>do</strong>s</strong> corruptos,<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> desonestos, <strong><strong>do</strong>s</strong> sem carácter, <strong><strong>do</strong>s</strong> sem ética. O que<br />

mais preocupa é o silêncio <strong><strong>do</strong>s</strong> bons!”<br />

Ruinas da residência de Constantine Phaulkon na Tailândia<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 13


ANTóNio BArroSo<br />

19460120<br />

14 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

cróNicas<br />

esta<strong>do</strong> de espírito<br />

Hoje, estou triste, profundamente triste<br />

Sinto-me miserável, apático, abúlico, neurasténico.<br />

Não sei se é <strong>do</strong> dia cinzento que me agonia, da contínua<br />

e monótona chuva que persiste em bater na janela <strong>do</strong><br />

meu escritório, ou da penumbra em que, desinteressadamente,<br />

me deixo envolver. Fico que<strong>do</strong>, senta<strong>do</strong> à secretária,<br />

e apenas me debruço sobre o computa<strong>do</strong>r para alinhavar<br />

alguns pensamentos, por demais polémicos.<br />

Não sei da razão, nem procuro sabê-la. Que importa?<br />

No entanto, parece que atingi o zero absoluto. A palavra<br />

não surge com a mesma fluidez, a frase não se forma com<br />

o desejo íntimo, a ideia não ocorre como um prazer sempre<br />

renova<strong>do</strong> e o verso enclausurou-se num passa<strong>do</strong> longínquo.<br />

O monitor branco, apenas com duas ou três palavras escritas<br />

pela impaciência, reflecte a total ausência de vontade,<br />

o conformismo da in<strong>do</strong>lência, o vazio, o tédio, o nada.<br />

É verdade. Estou triste, e não sei porquê.<br />

Dou, então, por mim, a pensar no grande mistério da<br />

vida, como se me <strong>do</strong>minasse uma crise existencial, a filosofar<br />

comigo próprio, como se fosse um interlocutor váli<strong>do</strong>,<br />

mas mu<strong>do</strong> e extático, enquanto os olhos fecha<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

contemplam horizontes sem fim, onde o simbolismo <strong>do</strong><br />

azul celeste dá lugar ao tom, carrega<strong>do</strong> e plúmbeo, com<br />

que o dia me acor<strong>do</strong>u.<br />

Apenas tento ocupar momentos de quietude amargurada,<br />

na busca vã e inglória de encontrar as verdadeiras<br />

soluções duma equação, cuja incógnita jamais será descoberta,<br />

por mais cálculos que se tentem, manter os olhos<br />

cerra<strong><strong>do</strong>s</strong> na obscuridade que me rodeia, sentir to<strong>do</strong> o peso<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> sobre os meus ombros curva<strong><strong>do</strong>s</strong> e deixar a<br />

mente rolar por temas algo complexos.<br />

E as perguntas surgem, subitamente, galopan<strong>do</strong> em<br />

desenfreada, umas, vin<strong>do</strong> sub-reptícias, outras, infiltran<strong>do</strong>-<br />

-se, com malícia, ainda outras, entrelaçan<strong>do</strong>-se em premissas<br />

que a razão não consegue destrinçar e que a lógica não<br />

<strong>do</strong>mina. É como uma partida que se prega a alguém, sem<br />

a vantagem de ficarmos de fora para nos rirmos <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>.<br />

Imagino-me uma muito ínfima fracção dum quark onde<br />

o numera<strong>do</strong>r é a unidade, sen<strong>do</strong> o denomina<strong>do</strong>r um número<br />

quase infinito eleva<strong>do</strong> a uma alta potência, num<br />

mun<strong>do</strong> em que a inteligência, por ausência de comparações<br />

válidas, se recusa a aceitar o infinitamente grande e não<br />

compreende que apenas possamos ser o infinitamente<br />

pequeno, como se fizéssemos parte duma incomensurável<br />

vida que não ousamos imaginar. Talvez o universo <strong>do</strong><br />

nosso conhecimento não seja mais que o equivalente a um<br />

glóbulo corren<strong>do</strong> no labiríntico conjunto da seiva dum ser<br />

diferente. Talvez a nossa mente tenha estiola<strong>do</strong> na contemplação<br />

<strong>do</strong> umbigo e os filamentos cerebrais se recusem<br />

a fazer mais horas extraordinárias.<br />

O homem nasce para morrer. É uma lei imutável.<br />

Como diz o fa<strong>do</strong>, é o seu destino.<br />

Dito desta maneira, simples e objectiva, parece apenas<br />

um fim, mas acaba também por ser uma consequência. A<br />

sua existência, como a de to<strong><strong>do</strong>s</strong> os outros seres vivos, segun<strong>do</strong><br />

a lógica de Darwin, limita-se a promover a continuidade<br />

da espécie. Assim, não forma senti<strong>do</strong> que lhe<br />

tenha si<strong>do</strong> permiti<strong>do</strong> desenvolver o que, pomposamente,<br />

se apelida de inteligência (só explicada pela teoria da<br />

evolução das espécies, <strong>do</strong> mesmo cientista), mas que não<br />

<strong>do</strong>mina a razão com lógica, não aceita princípios, sem<br />

hipocrisia, não respeita vontades construídas. É uma lei<br />

sim, uma lei de cumprimento rígi<strong>do</strong> em que não há lugar<br />

para amnistias ou redução de pena e onde, afinal, a inteligência<br />

é um luxo para ocupar os momentos de ócio. E o<br />

homo sapiens, to<strong>do</strong> ufano <strong>do</strong> seu brinque<strong>do</strong>, pensa ser o<br />

<strong>do</strong>no da lógica e lança-se ao assalto da fortaleza seguinte.<br />

É um guerreiro sem conten<strong>do</strong>r.<br />

Poderia ainda acrescentar, baten<strong>do</strong> com a mão no peito,<br />

que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, mas<br />

não creio que Ele seja assim tão feio, tão mísero, tão mau<br />

e tão mesquinho. Aceito, no entanto, a sua existência sem<br />

qualquer explicação, por convicção íntima e como <strong>do</strong>gma<br />

que não preten<strong>do</strong> analisar, assim como na existência da<br />

alma, como reflexo de algo mais profun<strong>do</strong>.<br />

Onde se conjuga, então, a teologia com a ciência?<br />

Em que ponto se cruzam as suas coordenadas?<br />

Em que cadinho se amalgamam as suas conclusões?<br />

Contraditório? Confirma-se, hoje estou mesmo neura!<br />

Este esta<strong>do</strong> de espírito traz-me à memória cenas e situações<br />

passadas, como um calei<strong><strong>do</strong>s</strong>cópio que muda,<br />

constantemente, de forma, ou um filme mu<strong>do</strong> que se repete.<br />

Sem réplica que contrarie as premissas que vou<br />

construin<strong>do</strong>, congeminam-se perguntas, ou na forma de<br />

dúvida permanente, ou implican<strong>do</strong> já uma certeza interior,<br />

ou ainda num mo<strong>do</strong> interrogativo, quase desnecessário,<br />

por tão evidente a resposta.<br />

Depois, formulam-se algumas perguntas. E a resposta<br />

surge com novas perguntas.<br />

Teria vali<strong>do</strong> a pena?<br />

Revejo aquele impetuoso, indómito e destemi<strong>do</strong> chefe<br />

que, nos seus tempos de poder e glória, era exímio em<br />

lançar ordens inquestionáveis, punir com severidade,


demandar com arrogância, humilhar sem pejo, criticar sem<br />

réplica, mas sorrir, humildemente cortês e obediente, perante<br />

o seu superior hierárquico.<br />

Anda, agora, de olhar mortiço e triste, atento a uma<br />

linha imaginária que segue num passinho curto e rastejante,<br />

com o apoio de grossa bengala, em consequência <strong>do</strong><br />

enfarte que o prostrou no mês anterior.<br />

E cá surge a pergunta. Teria vali<strong>do</strong> a pena?<br />

Neste congeminar, já mais nostálgico <strong>do</strong> que abúlico,<br />

reparo naquele outro que fixa, melancólica e apaticamente,<br />

a pequena colher com que tenta mexer o café salpican<strong>do</strong><br />

a mesa, e que, noutra época, se não coibia de caluniar<br />

sem escrúpulo, insinuar com premeditação, mentir<br />

sem receio, rastejar sem vergonha, para conseguir uma<br />

colocação mais confortável ou uma situação melhor remunerada.<br />

Toda aquela tremura resulta da Parkinson que dele se<br />

apoderou.<br />

E, novamente, teria vali<strong>do</strong> a pena?<br />

Estupefacto, encaro o brilhante estratega de tempos<br />

i<strong><strong>do</strong>s</strong>, soberbo na sua superioridade, genial nas suas concepções,<br />

que impunha com gáudio sem permissão de alternativas,<br />

tu<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> em momentos intelectuais no seu<br />

gabinete de ar condiciona<strong>do</strong>, tentar passar desapercebi<strong>do</strong><br />

e sorrateiro na busca, infrutífera, dum anonimato constrange<strong>do</strong>r,<br />

para que se não note a fralda que o protege da<br />

incontinência vergonhosa.<br />

Volta-se a perguntar. Teria vali<strong>do</strong> a pena?<br />

E o medíocre com ascensão profissional apoiada nos<br />

laços familiares ou filiações partidárias? E o político clarividente<br />

e de desenfreada verborreia, fazen<strong>do</strong> da mentira<br />

incontestáveis verdades? E o pseu<strong>do</strong>-intelectual que se<br />

torna conheci<strong>do</strong> pela propaganda partidária? E o revolucionário<br />

de ocasião, situacionista de outrora, colaboracionista<br />

de sempre que, para sobreviver ao caos instala<strong>do</strong> e<br />

dele tirar dividen<strong><strong>do</strong>s</strong>, atacou, quase sempre, anonimamente,<br />

insinuou com maldade e afastou amigos sem contemplações<br />

ou remorsos? E aquele que... e ainda o... e....e...<br />

Mais uma vez, a pergunta existe. Teria vali<strong>do</strong> a pena?<br />

A pergunta, numa forma meramente poética, poderia<br />

ter a resposta "tu<strong>do</strong> vale a pena..." mas a alma destes<br />

homens foi tão minúscula, mesquinha, em suma tão pequena<br />

e inútil que, por mais que queiram, não podem<br />

agora socorrer-se da frase <strong>do</strong> poeta.<br />

Então, já se pode responder. Teria vali<strong>do</strong> a pena?<br />

Decididamente, não.<br />

Neste momento, o leitor que conseguiu chegar até este<br />

ponto, deve começar a interrogar-se sobre a minha sanidade<br />

mental, ou então, a murmurar, em surdina, não vá<br />

algum indiscreto escutar o comentário: – mas que chato!<br />

Tenho plena consciência de que o sou, mas o facto é<br />

releva<strong>do</strong> porque, hoje, estou triste, melancólico, miserável,<br />

apático, abúlico, neura!<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 15


JoSé crUz e coSTA<br />

19620265<br />

Uma Folha Solta <strong>do</strong> meu Diário…<br />

os olhos não o deixavam mentir<br />

José Cruz, Porta Guião (1.º da direita)<br />

medida que se movia, lentamente, por entre os mi-<br />

À lhentos embrulhos mal feitos e encosta<strong><strong>do</strong>s</strong> às paredes,<br />

as fichas de electricidade espalhadas pelo chão da sala de<br />

estar e os sacos de plástico que, às dezenas, se comprimiam<br />

meio abertos meio fecha<strong><strong>do</strong>s</strong> à espera de serem utiliza<strong><strong>do</strong>s</strong>,<br />

ele não articulou palavra ou som que se ouvisse naquele<br />

espaço já de si tão pequeno. O cigarro movia-se quase à<br />

velocidade da mão que o segurava, ora incandescente como<br />

a alma que o guiava vertiginosamente, ora escondi<strong>do</strong> na<br />

cinza que aos poucos o ia esvazian<strong>do</strong> tal e qual o seu<br />

coração, a sua razão e to<strong>do</strong> o seu ser.<br />

Em to<strong><strong>do</strong>s</strong> os movimentos que fez sentia-se sempre<br />

presente a dicotomia da vida. Se por um la<strong>do</strong> to<strong>do</strong> ele era<br />

energia e decisão nos seus gestos e nas suas atitudes, o<br />

homem <strong>do</strong>no <strong>do</strong> seu destino, intrépi<strong>do</strong> e a saber o que<br />

quer, por outro adivinhava-se nele uma vulnerabilidade<br />

incrível, qual menino perdi<strong>do</strong> sem saber para onde vai e<br />

porque vai. Estava mais trémulo. Muito mais <strong>do</strong> que habitualmente<br />

quan<strong>do</strong> eu lhe dizia que aquilo era <strong>do</strong> tabaco.<br />

Mas agora não era, ambos o sabíamos, mas cada um à sua<br />

maneira procurou esconder o que se passava nas nossas<br />

cabeças, com me<strong>do</strong> de tocarmos em algo que pudesse<br />

descambar naquilo que não queríamos.<br />

Eram 4 da tarde de um dia de finais de Julho. O pequeno<br />

apartamento abafava de calor e o que parecia era<br />

16 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

cróNicas<br />

que naquele momento, com o dramatismo que o sentimento<br />

sempre empresta a tu<strong>do</strong> onde vive, o imóvel poderia<br />

explodir a qualquer altura. Lá fora ouvia-se um barulho<br />

ensurdece<strong>do</strong>r a que eu já não estava habitua<strong>do</strong>. A rua é<br />

bastante estreita e, sen<strong>do</strong> central, perpendicular a Santa<br />

Catarina, por ela passam ininterruptamente autocarros,<br />

motocicletas e pessoas numa sucessão interminável até<br />

que a manhã aconteça. Na primeira noite não consegui<br />

<strong>do</strong>rmir nada, habitua<strong>do</strong> como estou ao sossego <strong>do</strong> campo<br />

e à quietude de uma quintinha, murada, onde o barulho<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> passarinhos, ao amanhecer, é o único som de relevo<br />

na opção calma que escolhi. Dizem-na de qualidade. Tem<br />

dias, como diz um amigo meu. Às vezes também é necessário<br />

respirar vida mesmo que dela não retiremos senão o<br />

frenesim vazio das horas que se vão escoan<strong>do</strong> por entre<br />

os me<strong><strong>do</strong>s</strong> e as ilusões <strong>do</strong> dia-a-dia. Já nem eu me lembrava<br />

o que era viver no Porto, passa<strong><strong>do</strong>s</strong> que foram 20 anos<br />

de uma vivência única, como única é a experiência de<br />

alguém com 24 anos, regressa<strong>do</strong> de África, chegar àquela<br />

cidade e, aos poucos, ir conquistan<strong>do</strong> a cidade e por ela<br />

ser conquista<strong>do</strong> pela sua beleza inigualável, pelo seu exotismo<br />

mas também pelo sentir das pessoas que lá vivem<br />

e que, pelo seu la<strong>do</strong> tão humano e franco as diferenciam,<br />

pela positiva, de todas as outras que eu conheço.<br />

De repente ele parou.<br />

Os seus olhos estavam fitos na janela, olhan<strong>do</strong> para fora<br />

e para o prédio que, já velho, se perfilava na sua frente há<br />

mais de 1 ano. Ambos sabíamos que a mudança daquela<br />

casa era inevitável há muito, mas por força de uma dialéctica<br />

nunca por mim compreendida, fora também sen<strong>do</strong><br />

sucessivamente adiada como que algo pudesse acontecer<br />

que o fizesse evitar. Há muito que o exorcizar das recordações<br />

e o enterrar definitivamente um passa<strong>do</strong> recente<br />

<strong>do</strong>loroso era obrigatório para a recuperação emocional de<br />

um espírito que, sen<strong>do</strong> brilhante desde muito novo, não<br />

conseguiu resistir com o desgosto. No dia anterior, ainda<br />

livre da emoção que hoje estava a sentir, tinha-me confidencia<strong>do</strong><br />

que da casa, e para além da recordação <strong>do</strong> que<br />

dela vivera,o que mais o incomodava era ter aquele prédio<br />

na sua frente. Que lhe faltava espaço e que sem espaço<br />

ele não vivia bem. Compreendi-o bem, talvez como nunca<br />

o tivesse consegui<strong>do</strong>. Enquanto viveu comigo, na nossa


antiga casa, era normal encontrá-lo senta<strong>do</strong> no parapeito<br />

da janela <strong>do</strong> seu quarto, com a viola pousada no colo e o<br />

cigarro aceso. Era um 15º andar dum prédio em Miraflores<br />

com 15 andares. À sua frente não tinha nada que impedisse<br />

o seu espírito livre de voar para lá <strong>do</strong> espaço, como<br />

se de repente tivesse chega<strong>do</strong> ao cimo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e por<br />

ele vagueasse. Sem limites, sem barreiras, sem sons para<br />

além <strong><strong>do</strong>s</strong> que a sua poesia gerava no seu cérebro e que,<br />

vezes sem conta, ia passan<strong>do</strong> ao papel com uma lucidez<br />

e uma nostalgia fora <strong>do</strong> comum. Sempre foi assim e, hoje,<br />

eu compreen<strong>do</strong> que há seres para quem grades ou espartilhos<br />

nunca funcionarão mesmo que as suas rotinas repitam<br />

gestos ou que o muro seja alguma vez salta<strong>do</strong>. Pausadamente,<br />

mas de uma forma decidida, ele voltou-se para<br />

mim, fitou-me com aqueles olhos expressivos que sempre<br />

teve e, naquele instante, já com uma pequena lágrima a<br />

esconder a tristeza, eu sabia que o seu coração amargura<strong>do</strong><br />

ia abrir-se finalmente e deixar sair um pouco <strong>do</strong> que<br />

foi a sua vida, conturbada, nos últimos 3 anos. “ Sabes, Pai,<br />

eu ainda estava à espera. Tentei não mexer em nada durante<br />

estes 12 meses, nada que me obrigasse a interiorizar<br />

que ela não viria mais. Era como ter me<strong>do</strong> de remar no<br />

meu barco à deriva, com me<strong>do</strong> que ao mais pequeno<br />

movimento <strong><strong>do</strong>s</strong> remos o barco se voltasse e eu morresse<br />

afoga<strong>do</strong>. Ao contrário de toda a gente, eu ainda pensava<br />

que podia acontecer como quan<strong>do</strong> eu vivia no Algarve e,<br />

no auge <strong>do</strong> desespero, peguei no telefone e lhe disse: preciso<br />

de ti, preciso de te ver. E ela veio a correr! Tu<strong>do</strong> esqueci<strong>do</strong>,<br />

tu<strong>do</strong> recomeçava, como viria a recomeçar não<br />

mais uma, mas três e depois quatro vezes, sempre entre o<br />

estertor de uma expiação que eu não quis mas que me<br />

persegue sem parar”.<br />

Olhei-o com a firmeza de quem não pode dar parte<br />

de fraco. Estou de fora, pensei, não é nada comigo e não<br />

tenho de saber o que dizer, mas o homem para quem eu<br />

olhava, meu filho, apesar de cura<strong>do</strong> e de forte como já há<br />

muito não o via, era, naquele instante de mudança da sua<br />

casa, a casa onde vivera o seu amor e que em cada centímetro<br />

e em cada papel amarrota<strong>do</strong> na secretária lhe<br />

haveria sempre de lembrar um romance que quase o ia<br />

destroçan<strong>do</strong>, ele era a imagem de quem acabava de deitar<br />

fora, ao lixo, parte da sua vida que há muito, ele sabia-o,<br />

já não existia. Em cada embrulho mal feito que jazia<br />

encosta<strong>do</strong> às paredes, em cada saco plástico cheio de coisas<br />

comuns, muito mais <strong>do</strong> que tralha que eu deveria<br />

transportar para Lisboa, estavam pequenos nadas com que<br />

ele tinha vivi<strong>do</strong> a sua grande história de amor, agora pensada<br />

como irrepetível e única. E fora ele, neste momento,<br />

que o decidira após uma eternidade de resistência que<br />

quase o transportou para a insanidade e depois a raiva e<br />

depois a <strong>do</strong>r imensa. Mas como aceitar? E como viver<br />

a aceitar aquilo que nos martiriza? Lugares comuns, só<br />

lugares comuns me ocorreram mas às vezes até os luga-<br />

res comuns desfecha<strong><strong>do</strong>s</strong> pelo Pai podem ser importantes.<br />

Salvou-me o telemóvel, tantas e tantas vezes também<br />

carrasco. Era o Xico, o meu amigo Xico que <strong>do</strong> seu belo<br />

apartamento da Ericeira, com uma vista incrível para o<br />

mar, me dizia bonacheirão como os ribatejanos como<br />

ele sabem ser “estás bom Zé?, imagina que estou a bebericar<br />

uma cerveja e pensei que podias dar um salto até<br />

aqui para irmos comer uns caracóis que é o que apetece<br />

com o calor abrasa<strong>do</strong>r que está”. Lá lhe expliquei que não,<br />

não podia ser porque estava no Porto. Que ficava para<br />

a próxima semana. Desliguei e quan<strong>do</strong> me preparava<br />

para continuar a minha conversa, eis que o toque de mensagem<br />

telefónica soa. Parecia haver uma conjugação <strong>do</strong><br />

destino para me ajudar a enfrentar com mais calma a situação<br />

que estava a viver com o meu filho. Olhei para o<br />

número. Era o Fagundes, também “pilão”. Não resisti e abri<br />

a mensagem “morreu o Jacob. Vai ficar na Igreja <strong>do</strong> Monte<br />

Abraão.”<br />

Eram aproximadamente 6 da tarde. Lá fora continuava<br />

a fazer um calor abrasa<strong>do</strong>r e dentro daquela pequena sala,<br />

naquele pequeno instante de vida, conseguiu-se sentir,<br />

quase em simultâneo, a ilusão <strong><strong>do</strong>s</strong> caracóis, a <strong>do</strong>r que os<br />

sentimentos haverão sempre de provocar e o fim que não<br />

se quer. É a vida na sua plenitude.<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 17


JAciNTo rego De ALmeiDA<br />

19520049<br />

18 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

cróNicas<br />

é possível alcançar<br />

prosperidade sem<br />

crescimento?<br />

Professor Tim Jackson, da Universidade de Surrey<br />

O (Grã-Bretanha), preparou um extenso relatório sobre<br />

um modelo de crescimento sustentável, dirigi<strong>do</strong> para economias<br />

em eleva<strong>do</strong> estágio de desenvolvimento atingidas<br />

pela actual crise. Esse trabalho, concluí<strong>do</strong> em Março de<br />

2009, foi encomenda<strong>do</strong> pela Sustainable Development<br />

Commission, entidade independente que assessora o Primeiro-Ministro<br />

Britânico. Disponível na internet, o relatório<br />

pode ser de grande valia para os parti<strong><strong>do</strong>s</strong> políticos e<br />

organizações da sociedade civil nesta fase de aplicação de<br />

rigorosas medidas de ajuste da economia portuguesa negociadas<br />

com o FMI e a Comissão Europeia. Pode ser de<br />

grande valor porque dan<strong>do</strong> ênfase a vários enuncia<strong><strong>do</strong>s</strong> que<br />

se têm perdi<strong>do</strong> na enorme teia de informações dispersas<br />

(e nem sempre bem fundamentadas) que nos invadem<br />

diariamente, indica um rumo, uma direcção e um caminho<br />

em relação ao (paradigma) que precisa ser muda<strong>do</strong><br />

numa perspectiva de atenuar a perda de qualidade de vida<br />

e da sustentabilidade em relação ao futuro (que nos preocupam).<br />

A questão de fun<strong>do</strong> que o estu<strong>do</strong> propõe é: É possível<br />

alcançar prosperidade sem crescimento?<br />

Posto isto, eis resumidamente alguns <strong><strong>do</strong>s</strong> enuncia<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

apresenta<strong><strong>do</strong>s</strong> por Tim Jackson:<br />

Ao longo da última década, as alterações de clima, a<br />

segurança <strong><strong>do</strong>s</strong> combustíveis, a rápida diminuição da biodiversidade<br />

(que caracteriza uma crise ecológica emergente)<br />

e as desigualdades globais, passaram para o topo da<br />

agenda política internacional;<br />

As nações mais pobres têm uma necessidade urgente<br />

de desenvolvimento económico (Para tal necessitam <strong>do</strong><br />

apoio <strong><strong>do</strong>s</strong> países mais desenvolvi<strong><strong>do</strong>s</strong> nomeadamente ten<strong>do</strong><br />

em consideração a fixação das populações nos seus territórios<br />

e suster o processo de crescente emigração);<br />

Os benefícios <strong>do</strong> crescimento têm si<strong>do</strong> distribuí<strong><strong>do</strong>s</strong> de<br />

forma desigual: um quinto da população mundial recebe<br />

apenas 2% <strong>do</strong> rendimento global. E o índice de desigualdade<br />

tem-se acentua<strong>do</strong> nos últimos vinte anos (nomeadamente<br />

nos países da OCDE). Portanto, a riqueza beneficiou<br />

uma pequena minoria train<strong>do</strong> as expectativas de boa parte<br />

da população em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> (a China, o Brasil e<br />

alguns outros países em processo de desenvolvimento<br />

acelera<strong>do</strong> constituem excepções não abrangidas no âmbito<br />

deste estu<strong>do</strong>);<br />

A crise financeira de 2008 abalou os alicerces <strong>do</strong> modelo<br />

económico <strong>do</strong>minante. O merca<strong>do</strong> foi abala<strong>do</strong> pelo<br />

próprio crescimento, a crise actual não é o resulta<strong>do</strong> de<br />

delitos financeiros (embora estes devam ser puni<strong><strong>do</strong>s</strong> com<br />

severidade) ou de erros das agências regula<strong>do</strong>ras. Não se<br />

pode afirmar que o crescimento irá libertar o modelo<br />

económico instala<strong>do</strong> da crise que vivemos. Por outras<br />

palavras, (de acor<strong>do</strong> com os estu<strong><strong>do</strong>s</strong> mais recentes) o<br />

crescimento económico é necessário dentro <strong>do</strong> sistema<br />

ten<strong>do</strong> em vista prevenir o seu colapso;<br />

A prosperidade tem dimensões materiais inegáveis<br />

(as posses materiais desempenham um importante pa-<br />

pel simbólico na vida <strong>do</strong> homem, permitin<strong>do</strong>-lhe participar<br />

na vida em sociedade), mas o homem pode progre-<br />

dir e simultaneamente reduzir o seu impacto sobre o meio<br />

ambiente. A prosperidade, como sabemos, tem tam-<br />

bém dimensões sociais e psicológicas tais como dar e receber<br />

afecto, ganhar o respeito <strong><strong>do</strong>s</strong> pares, contribuir com<br />

trabalho útil e possuir um senti<strong>do</strong> de pertença e de confiança<br />

em relação à comunidade (há vários casos bem<br />

sucedi<strong><strong>do</strong>s</strong> em Portugal no âmbito da sociedade civil). Em<br />

resumo, uma faceta importante da prosperidade é a capacidade<br />

para participar significativamente da vida em sociedade;<br />

A “gaiola de ferro <strong>do</strong> consumismo” constitui um sistema<br />

dentro <strong>do</strong> qual ninguém é livre. As advertências para<br />

que as pessoas resistam ao modelo de consumo estão<br />

destinadas ao fracasso. As persuasões para usarem menos<br />

os automóveis, caminharem mais, fazerem férias em casa,<br />

comprarem alimentos produzi<strong><strong>do</strong>s</strong> localmente, isolarem as<br />

casas e diminuírem o aquecimento, por exemplo, serão


ejeitadas ou passarão despercebidas enquanto as mensagens<br />

de consumo apontarem na direcção oposta.<br />

A crescente preocupação em relação à recessão social<br />

tem inspira<strong>do</strong> iniciativas com a finalidade de melhorar o<br />

bem-estar e de a<strong>do</strong>ptar um “he<strong>do</strong>nismo alternativo” nomeadamente<br />

ten<strong>do</strong> como base novas fontes de identidade,<br />

de criatividade e de significa<strong>do</strong> que se encontram fora <strong>do</strong><br />

âmbito <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Comunidades “intencionais” de pequena<br />

dimensão (como a Findhorn, na Escócia, ou a Plum<br />

Village, em França) exploram a arte <strong>do</strong> possível. E movimentos<br />

mais abrangentes de carácter social como o “cidade<br />

de transição” estão a mobilizar pessoas que pretendem<br />

viver de forma mais sustentável. Estas iniciativas, embora<br />

não apelem a to<strong><strong>do</strong>s</strong>, proporcionam uma plataforma de<br />

aprendizagem de valor dan<strong>do</strong> pistas sobre as potencialidades<br />

para mudanças sociais mais vastas. Há limitações<br />

evidentes para a conquista desta felicidade (prosperidade),<br />

como o de privilegiar objectivos intrínsecos (a ligação à<br />

família e à comunidade) em vez de extrínsecos (que vinculam<br />

à ostentação e ao estatuto social). Esta mudança<br />

estrutural assenta em duas vias fundamentais: diminuir até<br />

acabarem os incentivos de toda a ordem à improdutiva<br />

competição por estatuto (em que o sucesso de um acontece<br />

à custa de outros) e o estabelecimento de novas estruturas<br />

que forneçam às pessoas aptidões (para prosperarem)<br />

e lhes permitam participar significativa e criati-<br />

vamente da vida em sociedade de forma menos<br />

materialista (talvez um bom projecto para mobilizar a<br />

“geração à rasca”, penso).<br />

É já inconcebível a ideia de um mun<strong>do</strong> em que tu<strong>do</strong><br />

continua a funcionar da mesma forma de sempre, salienta<br />

Tim Jackson. Há que questionar a natureza <strong>do</strong> progresso<br />

tal como nos foi ensina<strong>do</strong> pela sabe<strong>do</strong>ria convencional uma<br />

vez que não existe, de momento, nenhum cenário credível,<br />

socialmente justo e economicamente sustentável para o<br />

crescimento contínuo <strong><strong>do</strong>s</strong> rendimentos de sete biliões de<br />

pessoas (população mundial estimada para o corrente ano)<br />

ou nove biliões (em 2050, segun<strong>do</strong> as actuais estimativas,<br />

perío<strong>do</strong> em que os actuais dirigentes <strong><strong>do</strong>s</strong> maiores parti<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

políticos em Portugal terão a idade que tem actualmente<br />

Mário Soares).<br />

Após se debruçar longamente sobre as questões de<br />

meio ambiente e ecologia a introdução ao relatório conclui<br />

que “para as economias avançadas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ocidental, a<br />

prosperidade sem crescimento já não é um sonho utópico.<br />

Constitui sim, uma necessidade ecológica”.<br />

Para um país como Portugal que atravessa grave crise<br />

económica, financeira, de valores e tem necessidade de<br />

uma profunda reforma económica e social (os maiores<br />

desafios da história recente <strong>do</strong> país), a análise deste relatório<br />

e dele tirar pistas e ideias para o futuro, afigura-se-me<br />

de grande importância.<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 19


erNANi BALSA<br />

19600300<br />

20 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

cróNicas<br />

falar de política… sem falar de política…<br />

Como falar de política sem falar de política!?... pensei<br />

nesta equação aqui há dias, ao lembrar-me que tinha<br />

que escrever este texto. este ou outro. mas, a singularidade<br />

da questão, o desafio e o próprio exercício criativo,<br />

levou-me a agarrar a ideia…<br />

na realidade, estou ciente, que num contexto como o<br />

que se aplica a esta minha colaboração, a política deverá<br />

estar afastada <strong><strong>do</strong>s</strong> temas a abordar. mas, no entanto, o que<br />

é a política (?), pensei… “o termo política é deriva<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava to<strong><strong>do</strong>s</strong> os<br />

procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Esta<strong>do</strong>. por extensão,<br />

poderia significar tanto cidade-Esta<strong>do</strong>, quanto sociedade,<br />

comunidade, colectividade e outras definições<br />

referentes à vida urbana”. é portanto uma coisa que tem<br />

a ver com to<strong><strong>do</strong>s</strong> os cidadãos e não tem, obrigatoriamente,<br />

que implicar ideologia ou parti<strong><strong>do</strong>s</strong>. ou melhor ainda,<br />

não é imprescindível que se abordem, defendam ou ataquem<br />

as opções de cada um, sobre a melhor maneira de<br />

a exercer. é um exercício difícil, isso é, mas possível de<br />

levar a bom termo, se houver cuida<strong>do</strong> e respeito por<br />

to<strong><strong>do</strong>s</strong>…<br />

os dias que hoje atravessamos são indissociáveis de<br />

preocupações ligadas a este tema, bem assim como à<br />

economia mundial e mais agrestemente, ao dinheiro, o<br />

seu significa<strong>do</strong> e a utilização que lhe tem si<strong>do</strong> dada, nomeadamente<br />

depois de mudanças importantes no equilíbrio<br />

das nações, que to<strong><strong>do</strong>s</strong> nós reconhecemos terem<br />

aconteci<strong>do</strong> com a queda <strong>do</strong> bloco de leste e a consequente<br />

derrocada dum conceito científico de sociedade ideal,<br />

mas também com a inevitável anarquia que tomou posse<br />

dum capitalismo, até aí conti<strong>do</strong> e ainda com algumas<br />

preocupações deontológicas e sociais, que de repente<br />

elegeu aquela figura, hoje quase mítica, <strong><strong>do</strong>s</strong> “merca<strong><strong>do</strong>s</strong>”,<br />

como uma desculpa, quase obrigação, de tu<strong>do</strong> na vida das<br />

pessoas, na ordem mundial e até no mais íntimo de cada<br />

um de nós, passar a ser regula<strong>do</strong> pela voraz ganância de<br />

uns, apoian<strong>do</strong>-se na cada vez maior dependência dum<br />

enorme, dum imenso mar de gente, que passou a ser<br />

escravo dessa quase religião duma livre iniciativa selvagem<br />

e sem pu<strong>do</strong>r.<br />

o dinheiro, passou a ser uma espécie de símbolo dum<br />

qualquer el<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>, que já não tinha o objectivo de servir<br />

ao jogo equilibra<strong>do</strong> das transacções, assentes no prima<strong>do</strong><br />

da produção de bens, mas que passou de instrumento a<br />

objectivo desenfrea<strong>do</strong>, chegan<strong>do</strong>-se ao cúmulo de se<br />

produzir riqueza apenas com a sua circulação, sem que<br />

qualquer processo produtivo, transforma<strong>do</strong>r ou criativo<br />

tivesse lugar na sua génese. passou-se a gerar dinheiro <strong>do</strong><br />

dinheiro, e claro abstrain<strong>do</strong>-nos <strong>do</strong> puro acto de fabrico<br />

material das notas e moedas, esse sim, o único acto verdadeiramente<br />

industrial a ele associa<strong>do</strong>, tu<strong>do</strong> o resto<br />

passou a reger-se pela invenção de processos, mais ou<br />

menos fraudulentos ou negativamente engenhosos de<br />

fazer o dinheiro crescer, sem que nada de realmente<br />

produtivo contribuísse para tal, com a agravante de que,<br />

por tal processo, só quem tivesse acesso a quantias consideráveis<br />

de dinheiro o conseguia fazer multiplicar<br />

quase infinitamente… quem tivesse o apenas indispensável<br />

para se sustentar, ou pior ainda, aqueles que nem isso<br />

tinham, ficaram reféns <strong><strong>do</strong>s</strong> créditos ou, na pior das hipóteses,<br />

da miséria absoluta…<br />

dir-me-ão, ah! isso é política e com a agravante de<br />

conter em si opções ideológicas… eu diria, sim é política,<br />

mas o seu conteú<strong>do</strong> é meramente tecnocrático e financeiro,<br />

usan<strong>do</strong> variáveis e parâmetros adequa<strong><strong>do</strong>s</strong> à manipulação<br />

da realidade das actividades económicas, tornan<strong>do</strong>-as<br />

em realidades virtuais à medida da voraz ganância<br />

de uns quantos prestidigita<strong>do</strong>res da alta finança, sem<br />

escrúpulos, princípios ou valores. ideologia é coisa que<br />

não existe a esse nível. apenas existem desígnios e uma<br />

perigosa articulação e manipulação de novas regras, criadas<br />

em benefício duma infinita sede de lucros.<br />

na verdade as actividades industriais, fabris, as manufacturas,<br />

a prospecção e recolha de bens da natureza e<br />

mesmo as complementares e paralelas actividades comerciais,<br />

deixaram de ser um meio e passaram apenas a ser<br />

instrumentos menores que apenas contribuem para uma<br />

inimaginável circulação <strong>do</strong> dinheiro, sem outro fim que<br />

não seja inventar mais dinheiro para os mesmos beneficiários.<br />

os países, as pessoas, as famílias, endividam-se<br />

porque para tu<strong>do</strong> precisam de dinheiro e os <strong>do</strong>nos <strong>do</strong><br />

dinheiro acodem às suas dificuldades para receberem os<br />

créditos que serviram para lhes pagar outros créditos, num<br />

turbilhão de endividamentos que mantêm na escravidão<br />

milhões de pessoas e países que antes eram nações independentes<br />

e prósperas, ten<strong>do</strong>-se agora torna<strong>do</strong> em reféns


desta cornucópia duma ambição desmedida… a solidariedade<br />

passou a soletrar-se como empréstimo a altos<br />

juros. a beneficência, por muito sincera que seja, um<br />

mecanismo que atrás de si envolve sempre contrapartidas,<br />

que não morais ou espirituais…<br />

olho para o nosso mun<strong>do</strong>, hoje em dia, e fico triste.<br />

desola<strong>do</strong>. enraiveci<strong>do</strong> e indigna<strong>do</strong>. mas ao mesmo tempo,<br />

insubmisso e revolta<strong>do</strong>. sinto que as pessoas acreditaram<br />

que o mun<strong>do</strong> era evolução, quan<strong>do</strong> afinal hoje apenas é<br />

transformação. uma cópia fraudulenta e contrafeita <strong>do</strong><br />

sonho que durante décadas, séculos talvez, nos fizeram<br />

acreditar. nada <strong>do</strong> sonho de ontem pode hoje ser considera<strong>do</strong><br />

adquiri<strong>do</strong>. a própria esperança prostituiu-se. os<br />

nossos filhos já não são nossos filhos, mas entea<strong><strong>do</strong>s</strong> da<br />

dívida colossal que lhes criámos, porque acreditámos que<br />

a política, essa tal, da qual quereria falar sem dela falar,<br />

se transformou num negócio em que a economia substituiu<br />

as constituições <strong><strong>do</strong>s</strong> países, as regras da boa convivência<br />

entre os esta<strong><strong>do</strong>s</strong>, os programas <strong><strong>do</strong>s</strong> governos, os<br />

princípios e valores sociais. a própria economia, como ela<br />

era, já não é! a economia é um jogo ardiloso de interesses<br />

que se impõem e sobrepõem a tu<strong>do</strong> e a to<strong><strong>do</strong>s</strong>, cavalgan<strong>do</strong><br />

na crista da ganância e <strong>do</strong> desprezo pelos mais fracos,<br />

crian<strong>do</strong> mentes vazias e sem escrúpulos que tu<strong>do</strong> trans-<br />

formam em números e dividen<strong><strong>do</strong>s</strong>. um exército de seres<br />

amorfos e insensíveis, carrega<strong><strong>do</strong>s</strong> de teorias pornograficamente<br />

analíticas, apenas, tomou conta <strong>do</strong> futuro de cada<br />

um de nós e candidamente justifica a nossa inevitável<br />

escravidão e o derradeiro esforço que nos obriga a viver<br />

cada vez pior, na mira, quase inatingível, de que haverá<br />

um outro futuro melhor, mas mais duro, que nunca chega,<br />

numa escalada que nunca tem fim… e ainda por cima<br />

nos faz sentir culpa<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> erros que os seus mentores<br />

displicentemente foram cometen<strong>do</strong> para alimentar um<br />

progresso que apenas desagua num auto-genocídio da<br />

nossa sociedade…<br />

somos to<strong><strong>do</strong>s</strong> testemunhas e simultaneamente executores<br />

deste suicídio colectivo!<br />

o sonho já não existe! o sonho é, hoje em dia, também<br />

uma fraude! e nós somos to<strong><strong>do</strong>s</strong> os arquitectos deste edifício<br />

horren<strong>do</strong> e de vãs estruturas… só uma nova ordem<br />

mundial, assente no prima<strong>do</strong> da pessoa, <strong>do</strong> ser humano<br />

e <strong>do</strong> inegável direito à vida, nos poderá ainda salvar, mas<br />

para isso, quanto teremos de sofrer?... o que teremos de<br />

destruir para reconstruir <strong>do</strong> nada aquele sonho que nos<br />

roubaram!?...<br />

seremos hoje os derradeiros derrota<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>do</strong> caos que<br />

prenunciará o recomeço?...<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 21


Das Boas Vindas … Às Noticias & Aos Actos<br />

Registo fotográfico <strong>do</strong> momento<br />

São quatro da tarde, o telemóvel toca e…aten<strong>do</strong> o<br />

comunica<strong>do</strong>r. Ouço-o…”convoco-te” para que amanhã,<br />

pelas…etc, etc…Pergunto. Onde? Porquê? Quem vai? O<br />

“interlocutor” não me ouvin<strong>do</strong>, responde:”Estás lá”….<br />

Depois, falamos”. Ainda pergunto…face à “imperiosa e<br />

taxativa” incumbência, recebida – “procuro Quem?”.Um<br />

“clkc” de desligar…corta a minha curiosidade.<br />

No dia e hora, dirigi-me ao local apraza<strong>do</strong> – o Clube<br />

Militar Naval de Lisboa, ali à Defensores de Chaves. Mais<br />

ligeiro, à porta, perscrutan<strong>do</strong> os “arre<strong>do</strong>res”, já estava, o<br />

Fernan<strong>do</strong> Pires. Perguntei. O presidente já chegou? Face à<br />

resposta negativa, entrámos, indagámos e…ficamos à espera,<br />

quanto à razão da convocação, <strong>do</strong> tema e objectivo<br />

da reunião e, sobretu<strong>do</strong>, por quem mais ”estaria convo-<br />

ca<strong>do</strong>”.<br />

Entretanto, revíamos as várias Salas <strong>do</strong> Clube, observávamos<br />

as vitrinas e objectos náuticos e livros expostos<br />

e “assumimos”, o espírito, que nos era imposto e, se sentia<br />

naquela esplen<strong>do</strong>rosa e acolhe<strong>do</strong>ra sala que, com a sua<br />

dignidade, nos exigia o “Buscar quanto em si couber, que se<br />

Américo Ferreira e Coronel Cláudio Bento<br />

22 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> <strong>do</strong> exército<br />

exército<br />

ASSociAÇÃo DoS PUPiLoS Do eXérciTo<br />

torne conheci<strong>do</strong> o seu préstimo, procuran<strong>do</strong> que a marinha<br />

seja animada e favorecida em suas laboriosas fadigas” como<br />

é referi<strong>do</strong> nos seus estatutos, transmitin<strong>do</strong>-nos o “sentir”<br />

que norteou as nossas posturas.<br />

Na realidade, o local “escolhi<strong>do</strong>” como mais tarde viemos<br />

a certificar, constituiu e fez jus, aos actos que haveríamos<br />

de presenciar, quer pelas suas importâncias, relevo e<br />

lustre para a <strong>Associação</strong>, quer como “ponto rico e eleva<strong>do</strong>”<br />

nas actividades assumidas, em perío<strong>do</strong> de Comemoração<br />

<strong>do</strong> Centenário.<br />

O “tempo” ia voa<strong>do</strong>…mas, aparecen<strong>do</strong>, o representante<br />

da Direcção, solícitos e inquiri<strong>do</strong>res (quer o Fernan<strong>do</strong><br />

e eu, próprio) exigia-mos, daquele, as “explicitações pertinentes”.<br />

Calma, calma… (disse) Eu explico. Ouvimo-lo. Após<br />

o que…já cientes das razões, porque, p´ra li, fôramos convoca<strong><strong>do</strong>s</strong>,<br />

aguardamos a chegada <strong>do</strong> Senhor Coronel, Presidente<br />

da Federação de Academias de História Militar<br />

Terrestre <strong>do</strong> Brasil (FAHIMTB) – Cláudio Moreira Bento,<br />

que vinha acompanha<strong>do</strong>, <strong>do</strong> nosso amigo e camarada, o<br />

“pilão” Rui Santos Vargas, a Esposa D. Alice e, de seu Filho<br />

Henrique.<br />

A estada em Lisboa, vin<strong>do</strong> <strong>do</strong> Brasil, <strong>do</strong> Senhor Coronel<br />

Presidente, tinha como objectivo e finalidade galar<strong>do</strong>ar<br />

o Rui Vargas face aos trabalhos, pareceres e estu<strong><strong>do</strong>s</strong> por<br />

ele realiza<strong><strong>do</strong>s</strong>, em prol da Academia de História Militar<br />

Terrestre <strong>do</strong> Brasil e, <strong>do</strong> Instituto de História e Tradições<br />

<strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, relaciona<strong><strong>do</strong>s</strong> com a heráldica <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

seus brasões, a divulgação da história e <strong>do</strong> Sistema Colégios<br />

Militares <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> Brasileiro, nomeadamente o percurso<br />

histórico <strong>do</strong> Colégio Militar de Porto Alegre – comparan<strong>do</strong>-o<br />

aos estabelecimentos de ensino com semelhanças<br />

ao IPE – pelo mun<strong>do</strong>, particularmente Brasil, EUA e França.<br />

Trabalhos que pela sua divulgação escrita e, ou pela via<br />

Net, da sua importância, oportunidade e valor, foram<br />

considera<strong><strong>do</strong>s</strong> por aquela Academia, como de Relevantes,<br />

sen<strong>do</strong>-lhe, atribuída a Medalha <strong>do</strong> Mérito Histórico Militar<br />

Terrestre <strong>do</strong> Brasil, no Grau de Cavaleiro.<br />

…<br />

Estupefactos, ficámos, quan<strong>do</strong>, o Coronel Cláudio M.<br />

Bento, iniciou perante os presentes, a na pessoa <strong>do</strong> Presidente<br />

da Direcção, agraciar, no ano <strong>do</strong> Centenário <strong>do</strong><br />

Instituto <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong>, a sua <strong>Associação</strong> – APE,<br />

com a Medalha <strong>do</strong> Mérito Histórico Militar Terrestre <strong>do</strong><br />

Brasil, no Grau de Cavaleiro, «em reconhecimento aos serviços<br />

relevantes presta<strong><strong>do</strong>s</strong> por ex-pupilos, no desenvolvimento<br />

de Portugal e palas ligações de intercâmbio, por afinidades,


associação <strong><strong>do</strong>s</strong> pupilos <strong>do</strong> exército<br />

Rui Vargas<br />

que vem manten<strong>do</strong> com o histórico Colégio Militar de Porto<br />

Alegre».<br />

Após os “actos” presencia<strong><strong>do</strong>s</strong>, <strong>do</strong> lustre para o nosso<br />

Rui Vargas e Família, presente, e também para a <strong>Associação</strong>,<br />

sentíamo-nos orgulhosos e muito reconheci<strong><strong>do</strong>s</strong>, pela<br />

manifestação de consideração, apreço, amizade e carinho<br />

expressa<strong><strong>do</strong>s</strong> nestes gestos, de reconhecimento vin<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Atlântico, <strong>do</strong> País Irmão, o Brasil, na procura<br />

–porque não assumi-lo – <strong>do</strong> alargamento <strong>do</strong> diálogo e<br />

no aprofundamento <strong>do</strong> intercâmbio entre os <strong>do</strong>is Países,<br />

através <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>do</strong>is Colégios Militares – O Casarão da Várzea<br />

– CMPA e o (Casarão) “Pilão” de S. Domingos de Benfica<br />

– IPE, num futuro projecto de geminação, que procuraremos<br />

edificar, concluir e consolidar.…<br />

Na confraternização, <strong>do</strong> prestimoso evento, jantamos e<br />

discorremos sobre a história comum, <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>do</strong>is Países, <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

<strong>Exército</strong>s (falámos de Guararapes – 1648, das Invasões<br />

holandesas <strong>do</strong> Brasil, da Insurreição Pernambucana, da sua<br />

Arte & Crenças populares, etc, etc.) e <strong><strong>do</strong>s</strong> Colégios congéneres<br />

ao nosso “Pilão» existentes, nos vários Esta<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

brasileiros.<br />

Criou-se um agradável<br />

e fraternal convívio,<br />

culminan<strong>do</strong> com votos<br />

para um novo encontro,<br />

este já, em terra Brasileira,<br />

em Porto Alegre,<br />

aquan<strong>do</strong> das Comemorações<br />

<strong>do</strong> Centenário de<br />

“Casarão” em Fevereiro<br />

de 2012.<br />

…<br />

De realçar, que foi o Rui Vargas quem, sugeriu à Direcção<br />

da APE a formalização de um convénio ou geminação,<br />

que levasse à presença de Alunos <strong>do</strong> CMPA, aquan<strong>do</strong><br />

das Comemorações <strong>do</strong> Centenário <strong><strong>do</strong>s</strong> “<strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Exército</strong>”. Projecto este, logo apadrinha<strong>do</strong> e proposto ao<br />

Instituto e posteriormente, acompanha<strong>do</strong>, junto <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Exército</strong> e <strong>do</strong> Adi<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> e Aeronáutico,<br />

junto á Embaixada <strong>do</strong> Brasil – Exmo Coronel Mauro Sinott<br />

Lopes, que esteve na base da sua real consolidação e realização<br />

efectiva, como to<strong><strong>do</strong>s</strong> testemunhamos, nas diversas<br />

cerimónias, durante o “ponto alto” das Comemorações, que<br />

tiveram lugar, entre 22/28 de Maio <strong>do</strong> corrente ano, com<br />

a honrosa presença de uma Delegação de Alunos, Professores<br />

e Oficiais, daquele prestigia<strong>do</strong> Colégio Militar <strong>do</strong><br />

Brasil.<br />

Ad perpetuam rei memoriam<br />

(Para lembrança perpétua da coisa, <strong>do</strong> facto).<br />

rECoNHECIMENTo<br />

Coronel Mauro Sinott Borges<br />

Ao Exmo Coronel Mauro Sinott Lopes, Adi<strong>do</strong> Militar<br />

e Aeronáutico, junto da Embaixada <strong>do</strong> Brasil, em Portugal,<br />

a <strong>Associação</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> agradece, reconhecidamente,<br />

a espontânea colaboração, to<strong>do</strong> o empenho,<br />

entusiasmo e alto grau de eficácia, consegui<strong><strong>do</strong>s</strong>, quer para<br />

com os projectos apresenta<strong><strong>do</strong>s</strong>, bem como pela elevada<br />

consideração e amizade demonstradas, nas relações havidas<br />

com a Direcção da <strong>Associação</strong>, relações estas, que nos<br />

envaideceram e sensibilizaram, advindas que são, de um<br />

Oficial distinto e prestigia<strong>do</strong> das Forças Armadas <strong>do</strong> Brasil.<br />

Para o Exmo Coronel os desejos maiores, de sucesso<br />

pessoal e profissional, nas funções, que passou a desempenhar<br />

na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende – Rio<br />

de Janeiro. Receba Vª Exª o nosso «Bem Haja». Obriga<strong>do</strong>.<br />

M. Borges Correia<br />

<strong>Boletim</strong> da associação associação <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos PuPilos <strong>do</strong> exército exército 23


Pilões de mafra comemoram<br />

centenário<br />

Teve lugar no passa<strong>do</strong> sába<strong>do</strong> dia 07 de Maio de 2011,<br />

o almoço de confraternização anual <strong>do</strong> Núcleo <strong><strong>do</strong>s</strong> “pilões”<br />

de Mafra. O evento, valoriza<strong>do</strong> este ano com as comemorações<br />

<strong>do</strong> Centenário <strong>do</strong> Instituto, não se realizou como,<br />

habitualmente, na vila sede de concelho, mas sim na Base<br />

Aérea n.º 1, na Granja <strong>do</strong> Marquês em Sintra, Unidade<br />

Militar por onde têm passa<strong>do</strong> muitos ex-alunos <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong><br />

como militares da Força Aérea.<br />

Pela manhã, às 09h30m, realizou-se a habitual romagem<br />

ao cemitério de Mafra, onde, para além da presença <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

pilões de Mafra, esteve também presente o Américo Ferreira<br />

na qualidade de Presidente da <strong>Associação</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Exército</strong>. Aí, o Abílio Pimenta fez a chamada aos “pilões”<br />

que já partiram.<br />

Em Sintra, pelas 10h30m, nas instalações desportivas<br />

da Academia da Força Aérea, não faltou a peladinha da<br />

praxe onde, como sempre, a equipa de Mafra saiu vitoriosa.<br />

Para os mais pesa<strong><strong>do</strong>s</strong> e com algumas lesões “graves” o<br />

tempo foi de passeio pela Base Aérea e deu até para fazer<br />

uma visita ao Museu <strong>do</strong> Ar.<br />

Na concentração para o almoço, cerca das 13h00m, na<br />

Messe de Oficiais da Base Aérea n.º 1, o Palácio <strong>do</strong> Marquês<br />

foi o cenário ofereci<strong>do</strong> aos presentes para degustarem a<br />

agradável refeição, sabiamente preparada e servida pelo<br />

pessoal da Unidade.<br />

Momentos antes <strong>do</strong> início da refeição, o Nelson Brito,<br />

82525, fez uma brilhante alocução no âmbito <strong>do</strong> Projecto<br />

100/100 “100 Novas alunas e alunos nos 100 anos <strong>do</strong> IPE”.<br />

Já durante o almoço, de quan<strong>do</strong> em vez, duma mesa<br />

bem composta e animada ouvia-se em uníssono um “atenção”<br />

segui<strong>do</strong> da tradicional “jacarezada”.<br />

O convívio, como é já da tradição, prolongou-se em<br />

anima<strong>do</strong> e salutar ambiente festivo pela tarde fora e teve<br />

24 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> <strong>do</strong> exército<br />

exército<br />

ASSociAÇÃo DoS PUPiLoS Do eXérciTo<br />

como final os tradicionais discursos e o cortar <strong>do</strong> bolo<br />

comemorativo pelos pilões António Lopes Aleixo, o 47214,<br />

e 93024 José Duarte, o mais velho e mais novo respectivamente.<br />

O Manuel Maria Pimenta (22), muito activo, agradeceu<br />

a presença de to<strong><strong>do</strong>s</strong>, lançan<strong>do</strong> desafios a outros Núcleos<br />

no senti<strong>do</strong> de dinamizar e promover mais eventos desta<br />

natureza e enfatizou a necessidade cada vez maior destas<br />

iniciativas, no senti<strong>do</strong> de reforçar o espírito de camaradagem,<br />

amizade e solidariedade que se aprendeu no IMPE<br />

e se foi transmitin<strong>do</strong> pela vida fora.<br />

O Américo Ferreira, Presidente da APE regozijou-se<br />

pelo agradável e anima<strong>do</strong> convívio entre os 102 “pilões”<br />

presentes, esperan<strong>do</strong> que nos anos vin<strong>do</strong>uros o número de<br />

participantes aumente. Aproveitou para apelar à participação<br />

e disponibilidade de cada um <strong><strong>do</strong>s</strong> presentes e a<br />

incentivar cada um a trazer mais “pilões” de forma a que<br />

nos eventos relaciona<strong><strong>do</strong>s</strong> com as comemorações <strong>do</strong> Centenário<br />

se faça sentir uma participação em força <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

ex-alunos, que decerto contribuirá decisivamente para o<br />

sucesso das Comemorações e para o prestígio <strong>do</strong> IPE.<br />

Por fim, como momento alto, cantámos o nosso hino<br />

que, como sempre, a to<strong><strong>do</strong>s</strong> emocionou.<br />

Satisfação, foi sem dúvida o sentimento expresso por<br />

to<strong><strong>do</strong>s</strong> aqueles que partilharam o momento e que figuram<br />

na lista em anexo.<br />

Texto e fotos de Rui Oliveira<br />

convívio e almoço em Loures<br />

Foi no dia 16 de Junho que se realizou o habitual almoço<br />

trimestral organiza<strong>do</strong> pelo Núcleo <strong><strong>do</strong>s</strong> “pilões” de<br />

Loures.<br />

Desta feita, em época de Santos Populares, o almoço<br />

teve lugar nos jardins <strong>do</strong> Restaurante em cenário devidamente<br />

decora<strong>do</strong> para o efeito.<br />

O registo fotográfico <strong>do</strong>cumenta o ambiente vivi<strong>do</strong> e<br />

o significativo número de presenças.<br />

F.P.


associação <strong><strong>do</strong>s</strong> pupilos <strong>do</strong> exército<br />

“Pilões” <strong>do</strong> monte<br />

100 Anos <strong>do</strong> iPe a Santiago de compostela<br />

A ideia surgiu quase em simultâneo com a criação <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

Pilões <strong>do</strong> Monte e o facto de este ano ser ano <strong>do</strong> Centenário<br />

<strong>do</strong> IPE levou à concretização <strong>do</strong> sonho de fazer o<br />

Caminho Medieval Português de Santiago em bicicleta. A<br />

aventura foi pensada para se realizar entre 25 e 29 de Maio,<br />

coincidin<strong>do</strong> com o dia das comemorações <strong>do</strong> Centenário.<br />

Desafio a que responderam 9 bravos “pilões” <strong>do</strong> Monte.<br />

De cima para baixo e da Esq. para a Dir.: Paulo Gambutas (19901414),<br />

Paulo Santos), Luís Charréu (19800357), Rui Júlio, Jorge Antunes<br />

(19840579), Jorge Gambutas (19760127), Hugo Dias (19880254), Filipe<br />

Rocha (19850199) e Filipe Coisinhas (19810071)<br />

dia 25 de Maio – PrÓLoGo – Lisboa-Porto (5,6Km)<br />

Foi um dia em cheio comemorações <strong>do</strong> Centenário <strong>do</strong><br />

IPE e inicio da nossa aventura. Para nos incentivar na 1ª<br />

pedalada da aventura, tivemos o privilégio de sermos<br />

cumprimenta<strong><strong>do</strong>s</strong> pelo Sr. Presidente da República, Prof.<br />

Aníbal Cavaco Silva, que depois de um breve diálogo, nos<br />

cumprimentou um a um, desejan<strong>do</strong>-nos uma boa viagem,<br />

dan<strong>do</strong> assim o inicio oficial <strong><strong>do</strong>s</strong> 100 anos <strong>do</strong> IPE a Santiago.<br />

Depois de passarmos pela parada e sairmos <strong>do</strong> Pilão,<br />

fomos de carro até ao Porto, pois caso contrário, 5 dias não<br />

nos chegariam para fazer, de bicicleta, o Caminho desde<br />

Lisboa.<br />

Chega<strong><strong>do</strong>s</strong> ao Porto, deixámos os carros e logo de seguida<br />

fazemos um pequeno percurso nocturno de 5Km<br />

pelo Porto até à Pousada da Juventude, onde pernoitámos.<br />

dia 26 de Maio – 1ª Etapa – Porto-Ponte de Lima (95,3Km)<br />

Alvorada às 7:00 com motivação em alta, tomámos o<br />

pequeno almoço com vista sobre o Douro e a Foz. De<br />

barrigas e biclas carregadas, saímos em direcção ao controle<br />

0, a Sé <strong>do</strong> Porto, onde se iriam juntar <strong>do</strong>is companheiros<br />

para nos acompanharem na 1ª etapa. Após carimbadas<br />

as credenciais, fizámo-nos ao Caminho daquela que<br />

seria a etapa mais longa deste passeio. Não podíamos sair<br />

<strong>do</strong> Porto, sem tomarmos um “cimbalino”, nos Clérigos<br />

parámos e o emprega<strong>do</strong> <strong>do</strong> café, identificou-nos de imediato,<br />

como os ciclistas que tinham saí<strong>do</strong> de Lisboa no dia<br />

anterior quan<strong>do</strong> o Presidente da República nos cumprimentou!<br />

Pois é! A exposição à comunicação social tem<br />

mesmo destas coisas!<br />

Saí<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>do</strong> Porto pedalámos em direcção à Maia e Rates,<br />

onde começámos a entrar em caminhos fora de estrada e<br />

com uma paisagem cada vez mais verdejante. O grupo de<br />

11 pedalantes, ia rodan<strong>do</strong> compacto paran<strong>do</strong> de vez em<br />

quan<strong>do</strong> para reagrupar, abastecer e carimbar as credenciais.<br />

Após 12 horas, avistámos a bonita e emblemática ponte<br />

Romana sobre o Rio Lima. Depois das fotos da praxe,<br />

alojámo-nos na Pousada da Juventude.<br />

<strong>Boletim</strong> da associação associação <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos PuPilos <strong>do</strong> exército exército 25


dia 27 de Maio – 2ª ETAPA – Ponte de Lima-re<strong>do</strong>ndela<br />

(72,4Km)<br />

Alvorada às 6:00, pequeno almoço, alforges nas “biclas”<br />

e, 7:45 estávamos a pedalar. Logo nos embrenhámos na<br />

bela paisagem Minhota naquele que será o mais belo troço<br />

<strong>do</strong> Caminho Medieval Português de Santiago, (de<br />

Ponte de Lima a Valença) simplesmente espetacular! O<br />

que tem de bonito, tem de difícil, pois tivemos ultrapassar<br />

a mítica serra da Labruja onde se sobem 360m em 8Km<br />

de caminhos com grandes pedras e onde pedalar é impossível.<br />

Se subir a empurrar a bicicleta carregada com alforges,<br />

já era difícil, descer era ainda pior! Foram 20Km<br />

marca<strong><strong>do</strong>s</strong> pela dureza mas que as dificuldades eram largamente<br />

atenuadas pela paisagem luxuriante,com muito<br />

verde e água a correr pelos ribeiros. Após a passagem da<br />

Labruja, estávamos em Valença onde passámos a ponte<br />

Internacional entran<strong>do</strong> em Tui, Espanha. Daqui o caminho<br />

torna-se um pouco monótono, nomeadamente a zona industrial<br />

<strong>do</strong> Porriño, que é por seu turno, o troço mais<br />

chato deste caminho, sem paisagem, sem sombras, com<br />

muito, alcatrão e muitas fábricas, 8Km de deserto urbano.<br />

Chegámos a Re<strong>do</strong>ndela pelas 19h e instalámo-nos no<br />

Albergue de peregrinos, onde tivemos uma experiência<br />

revivalista <strong><strong>do</strong>s</strong> tempos <strong>do</strong> Pilão, <strong>do</strong>rmimos em duas camaratas<br />

com 32 beliches, uma casa de banho para 64 pessoas,<br />

recolher obrigatório às 22h e saída obrigatória até às 8<br />

da manhã!<br />

dia 28 de Maio – 3ª ETAPA – re<strong>do</strong>ndela – Padrón<br />

(64,8Km)<br />

Pelas 7:30 estávamos fora <strong>do</strong> albergue a tomar o pequeno-almoço,<br />

pelas 8, já se pedalava. O caminho desta<br />

etapa voltou a ser pre<strong>do</strong>minantemente fora de estrada com<br />

a paisagem verde a encher a vista e alma. Pelo caminho e<br />

à medida que nos íamos aproximan<strong>do</strong> de Santiago, cruzávamo-nos<br />

com cada vez mais peregrinos a pé e a pedalar,<br />

encontrámos quatro portugueses no meio <strong>do</strong> caminho e<br />

mais alguns já em Santiago. Mas pelas conversas que tivemos<br />

com alguns, deu para ver o espirito que se vive no<br />

caminho e para trocar algumas experiências.<br />

26 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> <strong>do</strong> exército<br />

exército<br />

ASSociAÇÃo DoS PUPiLoS Do eXérciTo<br />

Voltan<strong>do</strong> à 3ª etapa, nesta etapa voltámos a ter a adrenalina<br />

em cima, com alguns trilhos muito bons e paisagens<br />

lindas, antes de chegar a Padrón, houve ainda tempo <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

Pilões deixarem uma recordação numa das muitas cruzes<br />

decoradas pelos peregrinos ao longo <strong>do</strong> Caminho. Chegámos<br />

por volta das 16h e o cansaço de uma noite mal<br />

<strong>do</strong>rmida no Albergue e porque o dia seguinte era o último<br />

da nossa aventura, decidimos pernoitar a um Hotel. Ao<br />

chegar a Padrón fomos carimbar a credencial ao Albergue,<br />

tirarmos as fotos da praxe e lá fomos para o Hotel Scala,<br />

onde tivemos a oportunidade de relaxar num banho de<br />

piscina e ainda conviver com alguns elementos das várias<br />

comitivas das equipas de ciclismo que estavam a disputar<br />

a Volta à Galiza em bicicleta e que estavam instala<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

neste mesmo hotel.<br />

dia 29 de Maio – 4ª ETAPA – Padrón – Santiago de<br />

Compostela (23Km)<br />

A Alvorada foi às 7h para tomarmos o pequeno-almoço<br />

e sair <strong>do</strong> hotel por volta das 8:30, pois para o último<br />

dia só tínhamos reserva<strong><strong>do</strong>s</strong> 24Km que apesar de serem<br />

poucos, subidas <strong>do</strong> principio ao fim, mas como o pessoal<br />

<strong>do</strong>rmiu to<strong>do</strong> muito confortavelmente e com o objectivo<br />

a aproximar-se <strong>do</strong> fim, a motivação ia crescen<strong>do</strong> à medida<br />

que nos íamos aproximan<strong>do</strong> de Santiago. Antes de entrar<br />

em Santiago fomos presentea<strong><strong>do</strong>s</strong> com um single track


associação <strong><strong>do</strong>s</strong> pupilos <strong>do</strong> exército<br />

espectacular que nos deixou com a adrenalina ao rubro.<br />

Entrámos na Cidade pelas 10 horas da manhã, parecia que<br />

tínhamos a estrada só para nós, naquela entrada triunfal.<br />

Dirigimo-nos ao largo da Catedral para a tradicional foto<br />

de chegada! Depois da foto houve ainda tempo para remendar<br />

um furo…eheh Por falar em furos, em 4 dias tivemos<br />

5 furos, um sapato que não desencaixava, uma<br />

corrente partida e uma roda perdida <strong>do</strong> atrela<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rui!<br />

Em termos de quedas, só uma (já em Santiago)mas sem<br />

gravidade, mais de resto o Santiago esteve sempre <strong>do</strong><br />

nosso la<strong>do</strong>, inclusive na meteorologia, enquanto em Lisboa<br />

chovia, nós apanhávamos céu limpo e temperaturas amenas.<br />

Só quan<strong>do</strong> nos preparávamos para ir apanhar o autocarro<br />

em Santiago, é que o S. Pedro se chateou e começou<br />

a chover!<br />

Depois da chegada, fotos e mais fotos, fomos à Oficina<br />

<strong>do</strong> Peregrino onde nos emitiram a respectiva Compostela,<br />

como prova <strong>do</strong> cumprimento <strong>do</strong> nosso objectivo!<br />

De seguida assistimos à missa <strong>do</strong> Peregrino na Catedral,<br />

fomos almoçar e comemorar a nossa aventura. Depois foi<br />

por as coisas no autocarro que alugámos para nos trazer<br />

ao Porto e depois pegar nos carros e voltar a Lisboa onde<br />

chegámos pelas 23h.<br />

Agora, a aventura em números:<br />

Distância total: 261,27Km<br />

Tempo de viagem: 37h07m<br />

Tempo a pedalar: 19h04m<br />

Média de viagem: 7 Km/h<br />

Acumula<strong>do</strong> de subida: 4.356m<br />

Para finalizar queria aqui publicamente agradecer ao<br />

IPE, à APE e à INIBSA, pelos apoios que nos deram para<br />

que esta aventura fosse possível. Pessoalmente quero agradecer<br />

aos meus amigos, Hugo, Rui, manos Gambutas,<br />

Jorge, Filipe, Luís e ao Paulo os excelentes momentos que<br />

passámos e a camaradagem demonstradas e dedicar este<br />

meu sonho realiza<strong>do</strong> à minha mulher e ao meu filho André,<br />

que merece isto e muito mais!<br />

Filipe “Sotas” Coisinhas<br />

19810071<br />

exposição de pintura de Joaquim<br />

Pinto mendes<br />

Ex-aluno nº 325.<br />

Ano de entrada: 1964<br />

Ano de saída: 1973<br />

Curso Médio de Electrotecnia e Máquinas<br />

Licencia<strong>do</strong> em engenharia Mecânica em 1981 (IST)<br />

1º Emprego na Lisnave<br />

Curso de pintura da Sociedade Nacional de Belas Artes<br />

– 2009-2010<br />

Esta exposição é levada a esta <strong>Associação</strong> (APE) por<br />

lembrança e viva insistência <strong>do</strong> meu caro ex-colega de<br />

turma Eduar<strong>do</strong> Vergueiro (340 – tonico). Foi ele, aliás, – já<br />

me tinha ajuda<strong>do</strong> a montar a anterior que eu tinha feito<br />

no Parque das Conchas, no Lumiar – que me deu to<strong>do</strong> o<br />

apoio. Obriga<strong>do</strong> Vergueiro.<br />

Bem sei que os cursos ministra<strong><strong>do</strong>s</strong> na altura em que<br />

tirei o meu (1964 a 1973), e os que existem presentemente<br />

não se ocupam das artes visuais, mas sim <strong>do</strong> “trabalho<br />

producente” (como canta o nosso hino). Mas sempre dá<br />

para “lavar” a vista.<br />

Pretende-se mostrar essencialmente a frescura das<br />

paisagens, mas também há quadros figurativos, como o <strong>do</strong><br />

Aqueduto (feita no jardim das Amoreiras) ou até o <strong>do</strong><br />

Violoncelo, de técnica de desenho como O Cavalo Atento.<br />

Mas há um que é composto de símbolos, como o que<br />

pretende retratar a década <strong><strong>do</strong>s</strong> Anos loucos de 1970.<br />

Joaquim Pinto Mendes<br />

Joaquim Pinto Mendes<br />

19640325<br />

<strong>Boletim</strong> da associação associação <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos PuPilos <strong>do</strong> exército exército 27


equipa APe no torneio futsal da<br />

AAAcm<br />

"A APE participou com uma equipa de futsal no torneio<br />

organiza<strong>do</strong> anualmente pela AAACM – <strong>Associação</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

Antigos Alunos <strong>do</strong> Colégio Militar.<br />

A convite da AAACM,foi a primeira vez que esta<br />

equipa, ainda em formação, participou no referi<strong>do</strong> torneio!<br />

Nesta edição <strong>do</strong> torneio as inscrições foram abertas a<br />

equipas que não fossem apenas formadas por alunos ou<br />

antigos alunos <strong>do</strong> Colégio Militar, o que nos honrou o<br />

convite e o facto de termos si<strong>do</strong> a única equipa exterior.<br />

(15 equipas)<br />

Apesar de resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> menos espectaculares da APE nas<br />

duas edições <strong>do</strong> Torneio de futebol 7 APE2010/2011, esta<br />

equipa nova de futsal mostrou mais uma vez o sentimento<br />

de garra e paixão pela camisola.<br />

A APE fez um torneio com brilhantes exibições e resulta<strong><strong>do</strong>s</strong>,<br />

ten<strong>do</strong> apenas perdi<strong>do</strong> com duas excelentes equipas<br />

também, Campeões em título (Stoners) e Vice Campeões<br />

(Galácticos) da edição anterior.<br />

Com os mesmos pontos <strong><strong>do</strong>s</strong> Stoners, a APE partiu em<br />

2º lugar <strong>do</strong> grupo para os quartos final onde encontrou<br />

uma equipa jovem e aguerrida (Mexicanos) que apesar de<br />

tu<strong>do</strong> não foi em nada complica<strong>do</strong> vencer.<br />

em memória<br />

28 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> <strong>do</strong> exército<br />

exército<br />

ASSociAÇÃo DoS PUPiLoS Do eXérciTo<br />

Arman<strong>do</strong> carlos correia Soares Ferreira (19580334)<br />

Depois de sucessivos adiamentos e já nas meias-finais,<br />

a APE sentiu a inexperiência e ainda algum desenquadramento<br />

da sua recém formada equipa, frente a uma equipa<br />

bem organizada tacticamente e tecnicamente (Galácticos)<br />

e não conseguiu ultrapassar este obstáculo de grande categoria<br />

e poder assim chegar à Final, onde se iria encontrar<br />

novamente os Stoners.<br />

Por razões de calendarização e organização, a APE não<br />

pôde jogar para o 3º e 4º lugar ten<strong>do</strong> assim cedi<strong>do</strong> sem<br />

qualquer ressentimento e com total fair play o 3º lugar à<br />

equipa <strong><strong>do</strong>s</strong> Merengues.<br />

No entanto, a APE lutou, e aprendeu ao participar<br />

neste torneio, ten<strong>do</strong> consegui<strong>do</strong> juntar numa equipa de<br />

futebol 5 várias gerações de “pilões”, onde to<strong><strong>do</strong>s</strong> se entrosaram,<br />

esforçaram e conseguiram levar o bom nome da APE<br />

ao CM com dignidade e desportivismo, suan<strong>do</strong> a camisola.<br />

Ficámos assim em 4º lugar à frente de outras boas<br />

equipas (11 equipas) o que nos motiva e nos faz desejar<br />

continuar com este projecto da APE, juntan<strong>do</strong> “pilões” de<br />

várias gerações, dinamizan<strong>do</strong> e projectan<strong>do</strong> o desporto <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

associa<strong><strong>do</strong>s</strong> em vários eventos e modalidades.<br />

Além <strong>do</strong> "convívio" natural entre as equipas, a prática<br />

de desporto é saudável e recomenda-se a to<strong><strong>do</strong>s</strong> os antigos<br />

alunos.<br />

A equipa de futebol APE continuará a participar em<br />

torneios, amadurecen<strong>do</strong>, corrigin<strong>do</strong>-se partin<strong>do</strong> já com o<br />

objectivo de ganhar os Torneios APE2012 e AAACM 2012.<br />

Um Salvé a esta equipa que nos honra a to<strong><strong>do</strong>s</strong>!"<br />

Participaram neste torneio pela APE: André Romeiro<br />

19980150; Rui Bolas 19880122; Luís Duarte 19880140;<br />

Nelson Mantas 19880164;Ricar<strong>do</strong> Silva 19860393; Noel<br />

Gomes 19870045; Mário Navalho 19880248; Jorge Dias<br />

20060054; Ivan Sang 20000169; Mário Araújo 20000030;<br />

Bráulio Góis 19990806<br />

Foto e texto de Rodrigo Correia – 19870300<br />

Arman<strong>do</strong> Carlos Correia Soares Ferreira, nasceu a 11 de Março de 1947 em Angola e foi cofunda<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> PPM em 23 de Maio de 1974. Em 2005 foi eleito Secretário-Geral <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> e em<br />

2009 foi eleito um <strong><strong>do</strong>s</strong> Vice-Presidentes <strong>do</strong> PPM.<br />

Sempre defensor das causas cívicas e <strong><strong>do</strong>s</strong> ideais monárquicos foi eleito Deputa<strong>do</strong> Municipal<br />

na Assembleia Municipal de Odivelas em 2009. Pertencia ao Conselho Municipal de Segurança<br />

de Lisboa.<br />

Preocupa<strong>do</strong> com as causas socais e culturais pertenceu a diversas instituições ligadas ao Cinema, algumas das quais<br />

aju<strong>do</strong>u a criar. Foi um ilustre defensor <strong><strong>do</strong>s</strong> Bombeiros Voluntários, ten<strong>do</strong> procedi<strong>do</strong> ao levantamento fotográfico de<br />

diversos espólios liga<strong><strong>do</strong>s</strong> aos Bombeiros por to<strong>do</strong> o país.


associação <strong><strong>do</strong>s</strong> pupilos <strong>do</strong> exército<br />

A… TeN… ÇÃo!<br />

Pagamentos recebi<strong><strong>do</strong>s</strong> sem identificação <strong>do</strong> associa<strong>do</strong><br />

paga<strong>do</strong>r<br />

Veja por favor se está nesta lista ou conhece quem<br />

esteja. Se for o caso contacte-nos por favor:<br />

Nome data Valor<br />

Maria Helena Nave Prata 16-07-2010 40,00<br />

Maria Luísa Sousa Vieira Guerreiro 31-12-2010 40,00<br />

Maria Luísa Sousa Vieira Guerreiro 23-05-2011 200,00<br />

Manuel Martins Moura 28-01-2011 20,00<br />

José Manuel Reis Ferreira 24-03-2011 40,00<br />

Maria de Fátima Lopes Farinha 20-05-2011 40,00<br />

Maria Lurdes B. Assunção Rei 27-05-2011 50,00<br />

Maria João Freitas 14-07-2011 80,00<br />

Maria <strong>do</strong> Carmo Silva Fernandes 28-07-2011 40,00<br />

M Clara Rodrigues Fonseca Crus e Co 04-08-2011 40,00<br />

Note que sem a identificação <strong>do</strong> associa<strong>do</strong> que faz o<br />

pagamento, não podemos regularizar a situação da sua<br />

quotização, manten<strong>do</strong>-se na condição de falta de pagamento<br />

de quotas. E isso, além de dificultar a ação <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

nossos serviços, pode acarretar inconvenientes – ver<br />

ponto seguinte.<br />

José Pinto Jacob (19560043)<br />

Amigo Jacob.<br />

Associa<strong><strong>do</strong>s</strong> com atraso no pagamento de quotas<br />

Existem um valor muito relevante de quotas em<br />

atraso de pagamento, atingin<strong>do</strong> em 31/AGO um montante<br />

superior a 50.000 euros.<br />

Alguns casos poderão ser de associa<strong><strong>do</strong>s</strong> faleci<strong><strong>do</strong>s</strong> sem<br />

conhecimento da nossa <strong>Associação</strong>, o que muito lamentamos.<br />

Outros de “desistentes”, o que também nos entristece.<br />

Os restantes casos serão por descui<strong>do</strong>, o que iremos<br />

procurar minimizar. Para isso, além das habituais cartas<br />

que periodicamente enviamos a solicitar o pagamento,<br />

pensamos publicitar no <strong>Boletim</strong> essas situações (em vários<br />

números a editar, por perío<strong><strong>do</strong>s</strong> de entrada no Pilão, dada<br />

a extensão da lista). Esperamos que nos ajudem a clarificar<br />

as várias situações, preferencialmente pela liquidação<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> valores em atraso.<br />

Entretanto, vamos suspender o envio <strong>do</strong> <strong>Boletim</strong> a<br />

associa<strong><strong>do</strong>s</strong> com mais de <strong>do</strong>is anos de quotas em atraso.<br />

Se acaso deixar de receber o <strong>Boletim</strong> contacte-nos, para<br />

a liquidação das quotas ou para esclarecer a situação<br />

tratan<strong>do</strong>-se de erro nosso.<br />

Moedas <strong>do</strong> centenário<br />

Há ainda associa<strong><strong>do</strong>s</strong> que, ten<strong>do</strong>-se inscrito para aquisição<br />

de moedas, não as levantaram na sede da A.P.E. A<br />

maioria destes não fizeram o pagamento antecipa<strong>do</strong>, o que<br />

implica que a A.P.E. tenha um valor significativo investi<strong>do</strong><br />

em moedas, por recuperar. Se se inscreveu para aquisição<br />

de moedas, por favor venha levantá-las com brevidade.<br />

Hoje pregaram-me um murro na barriga ao abrir a caixa <strong>do</strong> correio.<br />

Estou aqui a olhar para o tecla<strong>do</strong> sem saber o que te escrever, é que após ler a<br />

notícia da tua morte, passaram-me pela cabeça tantas recordações que ainda me<br />

custa acreditar que no próximo almoço já não te vou dar aquele abraço.<br />

Foram dez anos que vivemos juntos e em que cimentámos uma amizade que<br />

durou cinquenta e cinco anos...e tu agora partes assim?<br />

Nunca mais fumamos um cigarro a meias... Nunca mais nos escapamos <strong>do</strong> “Pilão”<br />

para ir à Luz ver o meu Benfica ou a Alvalade ver o teu Sporting... Nunca mais me<br />

pedes para te guardar uma bucha porque ficas na cama a <strong>do</strong>rmir...nunca mais trocamos<br />

confidências sobre as nossa últimas namoradas e os amores falha<strong><strong>do</strong>s</strong>...<br />

Contigo vão também a enterrar muitas das minhas memórias...<br />

Quan<strong>do</strong> te encontrar, e já não falta muito, vais ter de me explicar essa pressa em deixares assim os teus amigos.<br />

Lá onde estiveres agora, espera por mim porque ainda vamos ter muito que conversar...não te levo tabaco porque<br />

já não fumavas há uns anos.<br />

Não fui ao teu funeral porque quero guardar a tua imagem enquanto vivo, mas eu depois explico-te o porquê.<br />

Recebe um grande abraço deste teu amigo e um...até breve...<br />

Manuel João Mourato Talhinhas – 19560169<br />

<strong>Boletim</strong> da associação associação <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos PuPilos <strong>do</strong> exército exército 29


eNtrevista<br />

Aos membros da Direcção da APe<br />

1. Por que motivo e com que objectivos aceitaste fazer parte da “equipa” directiva <strong>do</strong><br />

Américo Ferreira?<br />

2. Como defines os primeiros 6 meses de exercício? Aquém ou além das expectativas?<br />

3. No âmbito <strong>do</strong> pelouro que assumiste o que prevês que aconteça, no âmbito da APE,<br />

até 2013?<br />

carlos Domingues<br />

(vice-presidente)<br />

(19570145)<br />

1. O motivo foi simples: corresponder<br />

à solicitação que me foi feita<br />

para colaborar. Ten<strong>do</strong> tempo disponível<br />

para tal e sen<strong>do</strong>-me solicitada<br />

colaboração, sentin<strong>do</strong>-me liga<strong>do</strong> ao<br />

“Pilão” desde sempre (mesmo que não<br />

tenha esta<strong>do</strong> presente nas actividades<br />

da APE anteriormente, apesar de já<br />

ter passa<strong>do</strong> nos finais da década de 60<br />

pela Direcção <strong>do</strong> Brigadeiro Álvaro<br />

de Oliveira e de Barroso Júnior, passagem<br />

sem grande destaque), merecen<strong>do</strong>-me<br />

confiança a actividade desenvolvida<br />

pela equipa em que me iria<br />

integrar, não tinha motivo para não<br />

corresponder.<br />

Os objectivos também simples:<br />

ajudar no que fosse preciso e de acor<strong>do</strong><br />

com a minha capacidade. Sem<br />

30 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

grandes considerações programáticas.<br />

Sen<strong>do</strong> por característica opinativo,<br />

consideran<strong>do</strong>-me <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de algum<br />

bom senso, deveria ser aproveitável…<br />

ter opiniões e algumas ideias. E, repito,<br />

algum trabalho haveria para fazer….<br />

2. Além das expectativas, o que<br />

não é para admirar consideran<strong>do</strong> a<br />

particularidade <strong>do</strong> Centenário! Particularmente<br />

o contacto que me tem<br />

si<strong>do</strong> da<strong>do</strong> disfrutar com vários “pilões”<br />

de várias gerações, é para mim, pes-<br />

soalmente, muito enriquece<strong>do</strong>r. Se<br />

mais não houvesse, o contacto semanal<br />

com o “grupo <strong>do</strong> bridge” – boa iniciativa<br />

para cultivar contactos e dar vida<br />

à APE, que se poderá copiar para<br />

outras actividades – justificava o meu<br />

empenho.<br />

Espero que a minha actividade<br />

tenha si<strong>do</strong> até aqui, de alguma valia,<br />

para a APE.<br />

Se assim for, estamos ambos, APE<br />

e eu, a ganhar…<br />

Mas ainda é ce<strong>do</strong>… ainda estamos<br />

um pouco sobre a pressão <strong>do</strong> Centenário,<br />

procuran<strong>do</strong> corresponder às<br />

múltiplas iniciativas agendadas ou tão<br />

só pensadas…<br />

Depois de assentar esta “poeira”<br />

até ao final <strong>do</strong> mandato, outras preocupações<br />

de carácter menos emocional<br />

nos ocuparão e, com mais tempo<br />

decorri<strong>do</strong> se poderá melhor avaliar a<br />

prestação da Direcção e, em particular,<br />

a minha participação nela.<br />

3. O “meu” pelouro é basicamente<br />

administrativo. E aqui a APE estava já<br />

muito bem amparada pela valiosa<br />

colaboração <strong>do</strong> Aníbal Ferreira. Espero<br />

contribuir para melhorar um pouco<br />

a situação, corresponden<strong>do</strong> a sugestões<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> nossos Auditores e a ideias<br />

próprias sobre o <strong>do</strong>mínio. Continuan<strong>do</strong><br />

a contar colaboração <strong>do</strong> Aníbal. E<br />

<strong>do</strong> senhor Mourão, claro. Se em 2013<br />

ou mesmo antes, a situação <strong>do</strong> sector<br />

administrativo da APE apresentar algumas<br />

significativas melhorias, terá<br />

vali<strong>do</strong> a pena.<br />

carlos oliveira<br />

(19570291)<br />

1. Quan<strong>do</strong> o Américo Ferreira me<br />

convi<strong>do</strong>u para integrar a “equipa” directiva,<br />

primeiro hesitei e hesitei, mas<br />

depois aceitei o repto e cá estou “de<br />

corpo inteiro”.


Porque aceitei?<br />

Desde o princípio da década de<br />

setenta (século passa<strong>do</strong>) que compareço<br />

nos encontros anuais da APE,<br />

com a satisfação de sempre rever os<br />

Pilões, <strong>do</strong> meu tempo e não só.<br />

Lembro-me bem <strong>do</strong> meu tempo<br />

de aluno e das peripécias vividas,<br />

primeiro com a “seita <strong><strong>do</strong>s</strong> Badagayos”,<br />

depois com a “seita <strong><strong>do</strong>s</strong> Ayoyas”, <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

grupos das equipas de futebol e da<br />

classe especial de ginástica, <strong><strong>do</strong>s</strong> encontros<br />

Comércio – Indústria e <strong><strong>do</strong>s</strong> jogos<br />

mesa contra mesa, etc..<br />

Aqui estão os meus Amigos “pilões”.<br />

E estão também os “pilões” mais<br />

“velhos” e os mais “novos” que também<br />

são meus amigos. Se não fossem as<br />

actividades da APE, seria certamente<br />

mais difícil concretizar as nossas reuniões/encontros.<br />

Eu tenho esta<strong>do</strong> presente, muitos<br />

de nós temos esta<strong>do</strong> presentes, mas se<br />

as equipas directivas e outros Pilões<br />

não membros das direcções, se não<br />

tivessem empenha<strong>do</strong>, muitas vezes<br />

com grandes dificuldades, como seria<br />

e onde seria a nossa presença?<br />

Então é absolutamente necessário<br />

que a APE exista e seja dinâmica, para<br />

motivar o encontro <strong><strong>do</strong>s</strong> “pilões”, para<br />

fortalecer a solidariedade na prossecução<br />

de objectivos comuns e realizar<br />

finalidades comuns.<br />

Mas para que a APE cumpra os<br />

seus objectivos, é necessário que os<br />

Pilões participem e se preocupem com<br />

o “fazer”.<br />

Porque hesitei?<br />

Os objectivos da nossa APE são,<br />

conforme estabelecem os Estatutos,<br />

consolidar laços de solidariedade e<br />

camaradagem, defender a APE e o IPE,<br />

criar e organizar actividades sociais e<br />

culturais, entre outros.<br />

Para cumprir os objectivos é necessário<br />

que os “pilões” se disponham a<br />

“fazer”, é preciso que os “pilões” dediquem<br />

algum <strong>do</strong> seu tempo às actividades<br />

da APE. Mas os “pilões” somos<br />

nós. Então temos que ser nós. Com<br />

mais ou menos tempo, com maior ou<br />

menor sabe<strong>do</strong>ria, com maior ou menor<br />

capacidade imaginativa, temos que ser<br />

nós. E, se nós quisermos, nós podemos.<br />

E eu vou “ter tempo”? Resolvi que<br />

sim, tenho que ter tempo para prestar<br />

a minha colaboração.<br />

As direcções da APE têm si<strong>do</strong><br />

constituídas por “pilões” com “tempo”,<br />

dedica<strong><strong>do</strong>s</strong>, preocupa<strong><strong>do</strong>s</strong> com a APE e<br />

com o IPE.<br />

O Américo Ferreira, Presidente da<br />

Direcção nos últimos anos, tem da<strong>do</strong><br />

um enorme contributo na defesa <strong>do</strong><br />

prestígio e da prosperidade da APE e<br />

<strong>do</strong> IPE, merece o nosso reconhecimento<br />

e eu não podia ficar indiferente ao<br />

seu convite, tinha que aceitar fazer<br />

parte da sua “equipa” directiva. E<br />

aceitei. Com to<strong>do</strong> o gosto e com toda<br />

a vontade de colaborar e poder dar a<br />

minha contribuição para estimular a<br />

colaboração entre to<strong><strong>do</strong>s</strong>.<br />

2. É muito positivo o que foi feito<br />

ao longo <strong><strong>do</strong>s</strong> primeiros meses <strong>do</strong><br />

mandato desta Direcção e tenho que<br />

realçar alguns factos, muito relevantes<br />

e muito importantes para a dignificação<br />

<strong>do</strong> IPE e para o reconhecimento<br />

da importância que o Instituto poderá<br />

vir a ter na Formação Técnica <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

Homens de amanhã:<br />

A presença <strong>do</strong> Senhor Presidente<br />

da República nas cerimónias comemorativas<br />

<strong>do</strong> Centenário <strong>do</strong> IPE e a<br />

atribuição da honrosa condecoração<br />

da Ordem <strong>do</strong> Infante D.Henrique, o<br />

mais alto momento que a “nossa casa”<br />

viveu nos últimos tempos;<br />

A entrevista que o Senhor Chefe<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Maior <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> concedeu<br />

à APE, incluída no nosso último <strong>Boletim</strong><br />

(N.º 221 – Abril a Junho de<br />

2011), a sua presença nas cerimónias<br />

comemorativas <strong>do</strong> Centenário <strong>do</strong> IPE<br />

e, juntamente com o Senhor Presidente<br />

da Câmara Municipal de Lisboa, no<br />

descerramento da placa toponímica<br />

da “Rotunda <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong>”;<br />

A presença no IPE de uma delegação<br />

<strong>do</strong> Colégio Militar de Porto Alegre<br />

e a Exposição <strong>do</strong> Centenário “Instituto<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> – 100 Anos<br />

de Ensino e Cidadania”, tanto no Es-<br />

ta<strong>do</strong> Maior <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> como no Palácio<br />

Valadares, muito bem organizada,<br />

quase exclusivamente pela APE;<br />

O lançamento da Moeda Comemorativa<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> 100 Anos <strong>do</strong> IPE, pelo<br />

INCM e a Emissão Filatélica – Centenário<br />

<strong>do</strong> IPE, pelos CTT, foram<br />

“conquistas” que demonstram o reconhecimento<br />

destas Instituições relativamente<br />

à importância <strong>do</strong> IPE nestes<br />

100 Anos da República.<br />

As diligências da APE foram fundamentais<br />

para a realização destes<br />

acontecimentos e tenho que referir,<br />

para além <strong>do</strong> empenho <strong>do</strong> Presidente<br />

da Direcção, a excelente colaboração<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> “pilões”, Mota Mesquita, Alves<br />

Ferreira, Borges Correia e Fernan<strong>do</strong><br />

Pires que, não sen<strong>do</strong> membros da<br />

Direcção da APE, contribuíram de<br />

forma decisiva para a concretização<br />

de eventos que nos orgulham hoje e<br />

nos transmitem confiança em relação<br />

ao amanhã.<br />

3. Eu não assumi, até agora, a<br />

responsabilidade directa por qualquer<br />

pelouro específico. O meu compromisso<br />

com a Direcção da APE é o de<br />

prestar a minha melhor colaboração<br />

em todas as actividades onde a minha<br />

participação possa ser útil e possível.<br />

eduar<strong>do</strong> carvalho<br />

(19660042)<br />

1. Três ordens de razão: i) A continuidade<br />

de um “projecto”, de uma<br />

“visão” para a APE, de um “sonho” que<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 31


eNtrevista<br />

já venho participan<strong>do</strong> desde os anteriores<br />

mandatos, ii) O conhecimento<br />

íntimo da pessoa Américo Ferreira<br />

desde 1966, onde partilhámos os bons<br />

e os maus momentos no IPE e nas<br />

nossas vidas depois da Pilão e, finalmente<br />

mas não menos importante iii)<br />

querer estar <strong>do</strong> la<strong>do</strong> das soluções e não<br />

só <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> problemas. Mais fácil<br />

mas com menor valor acrescenta<strong>do</strong>.<br />

2. A continuidade e consistência <strong>do</strong><br />

projecto. Os “bolos comem-se às fatias”<br />

e o facto é que a APE aumentou a sua<br />

capacidade de mobilização de várias<br />

gerações. Muito há ainda por fazer.<br />

Poderíamos ter feito ainda mais. Somos<br />

ambiciosos mas realistas e nunca estamos<br />

satisfeitos ou conforma<strong><strong>do</strong>s</strong>.<br />

3. A minha participação é transversal<br />

e formalmente sou membro suplente.<br />

O meu envolvimento profissional<br />

impede-me de dar tanto quanto desejava,<br />

em termos de tempo e intervenção.<br />

Como tal continuarei a apoiar a<br />

equipa pontualmente na dinamização<br />

das nossas actividades e sobretu<strong>do</strong> no<br />

aumento <strong>do</strong> prestígio <strong><strong>do</strong>s</strong> actuais e<br />

antigos alunos e, sobretu<strong>do</strong> na acção<br />

complementar à visibilidade e posicionamento<br />

social e educativo da Escola.<br />

Félix macha<strong>do</strong><br />

(19750428)<br />

1. Quan<strong>do</strong> este desafio me foi<br />

proposto, não hesitei em dar a minha<br />

disponibilidade para servir a nossa<br />

<strong>Associação</strong>, porque tenho grande or-<br />

32 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

gulho de ter frequenta<strong>do</strong> o IPE durante<br />

11 anos e pertencen<strong>do</strong> aos<br />

Corpos Sociais da APE, sinto-me mais<br />

perto e a viver diariamente to<strong>do</strong> o<br />

universo <strong>do</strong> “PILÃO”.<br />

2. No meu caso, por exemplo, estou<br />

no meio terceiro mandato e durante<br />

os quase 7 anos que tenho na Direcção<br />

o balanço é bastante positivo. Conseguimos<br />

manter o “PILÃO” de portas<br />

abertas, reforçar a imagem da APE,<br />

junto <strong><strong>do</strong>s</strong> Ex-alunos e das mais variadas<br />

instituições em particular <strong>do</strong> IPE.<br />

Nestes 6 meses de mandato a nossa<br />

maior atenção foi dada à preparação<br />

e às comemorações <strong>do</strong> Centenário <strong>do</strong><br />

IPE e estamos to<strong><strong>do</strong>s</strong> de acor<strong>do</strong> que nas<br />

circunstâncias actuais estas comemorações<br />

excederam as melhores expectativas.<br />

Na minha opinião pessoal<br />

penso que ainda teria si<strong>do</strong> possível ter<br />

ir mais além e estou a recordar-me a<br />

exposição fotográfica, mas tu<strong>do</strong> o que<br />

foi feito entre os dias 22 e 25 de Maio<br />

foi muito bom e deixou uma boa<br />

imagem no universo “PILÃO” e também<br />

em Portugal com a presença e a<br />

força da comunicação social.<br />

3. No âmbito <strong>do</strong> meu Pelouro, a<br />

minha maior aposta é que as relações<br />

Empresariais e Comerciais no seio <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

Ex-alunos sejam reforçadas, porque as<br />

variadas vantagens e o reforço da<br />

nossa coesão continuarão a evoluir.<br />

Filipe coisinhas<br />

(19810071)<br />

1. O desfio foi-me lança<strong>do</strong> pelo<br />

Américo Ferreira e depois de algum<br />

(pouco) tempo de reflexão, aceitei o<br />

desafio. Tenho algumas dezenas de<br />

anos de experiência em Direcções de<br />

Associações, mas a APE tem uma<br />

componente emocional muito forte e<br />

o projecto que o Américo me apresentou<br />

para o triénio, era ambicioso e<br />

ainda por cima com um 2011 histórico<br />

para o IPE com o seu Centenário,<br />

não tinha como recusar. Aceitei ser<br />

Suplente da Direcção, que embora<br />

sen<strong>do</strong> um cargo “não executivo” disponibilizei-me<br />

a ajudar a Direcção no<br />

que fosse necessário, ten<strong>do</strong>-me si<strong>do</strong><br />

proposto o pelouro <strong>do</strong> desporto da<br />

APE e uma vez que andava a dinamizar<br />

o Núcleo de BTT da APE, “pilões”<br />

<strong>do</strong> Monte, aceitei. Senti que esta era<br />

a maneira mais singela de retribuir um<br />

pouco daquilo que a “Nossa Casa tão<br />

bela e tão ridente” fez por mim.<br />

2. Foram seis meses muito intensos<br />

com a preparação e desenvolvimento<br />

de várias iniciativas no âmbito das<br />

comemorações <strong>do</strong> Centenário. Desde<br />

Outubro de 2010 que se têm realiza<strong>do</strong><br />

diversos eventos relaciona<strong><strong>do</strong>s</strong> com<br />

as comemorações <strong>do</strong> Centenário e<br />

toda a Direcção tem esta<strong>do</strong> activamente<br />

envolvida, com o Américo<br />

Ferreira na coordenação desta pequena<br />

equipa com grandes tarefas. Sem<br />

estarmos na APE a tempo inteiro,<br />

to<strong><strong>do</strong>s</strong> nós temos despendi<strong>do</strong> muito <strong>do</strong><br />

nosso tempo por uma boa causa e mais<br />

importante que tu<strong>do</strong>, temos ajuda<strong>do</strong><br />

a APE a não ficar só pelas intenções,<br />

mas a fazer, a empreender, a realizar<br />

e a ajudar a relançar a imagem <strong>do</strong><br />

“pilão”, com a ajuda e participação de<br />

muitos “pilões”. É intensão da Direcção,<br />

continuar com este dinamismo<br />

durante os próximos cinco semestres.<br />

3. No âmbito <strong>do</strong> pelouro <strong>do</strong> desporto,<br />

o grande objectivo será a dinamização<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> Núcleos das várias modalidades<br />

no seio da APE, promo-<br />

ven<strong>do</strong> o desporto pelos “pilões” para<br />

os “pilões”, incentivan<strong>do</strong> assim os


alunos <strong>do</strong> IPE para a sua prática, não<br />

só das modalidades tradicionais da<br />

nossa Casa, como sejam o futebol, a<br />

ginástica, o remo, a esgrima, o andebol,<br />

como também de novas modalidades,<br />

como é o BTT. Dou o exemplo <strong>do</strong><br />

BTT e da ginástica, porque são as duas<br />

actividades que, pessoalmente, me são<br />

mais próximas, sem desfazer de todas<br />

as outras, mas os exemplos em termos<br />

de objectivos, são idênticos para todas.<br />

O BTT, nunca ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> um desporto<br />

pratica<strong>do</strong> no “Pilão”, é uma actividade<br />

que muitos “pilões” praticam<br />

como forma de lazer, então porque não<br />

promover passeios para to<strong><strong>do</strong>s</strong> e quem<br />

quiser participa em provas representan<strong>do</strong><br />

a APE? Desta forma, promovemos<br />

o desporto, o convívio entre Pilões<br />

e a imagem <strong>do</strong> IPE e da APE. Como<br />

objectivo final na dinamização <strong>do</strong> BTT,<br />

temos o de conseguirmos que hou-<br />

vesse alunos a praticar a modalidade<br />

no IPE, pois o “Pilão” está optimamente<br />

localiza<strong>do</strong> num <strong><strong>do</strong>s</strong> melhor locais<br />

para a prática <strong>do</strong> BTT, Monsanto.<br />

Outro exemplo é o da Classe Espe-<br />

cial, que já foi uma modalidade de<br />

destaque no “Pilão” e está actualmente<br />

a passar por uma quase extinção. A<br />

APE tentou com a apresentação da<br />

Classe Especial de Ex-alunos que com<br />

a sua estron<strong><strong>do</strong>s</strong>a demonstração no<br />

Centenário <strong>do</strong> IPE, reavivar os velhos<br />

tempos da Especial e de como era um<br />

óptimo veiculo de promoção <strong>do</strong> IPE.<br />

Se conseguirmos continuar o trabalho<br />

que efectuámos para a preparação da<br />

demonstração <strong>do</strong> dia 22 de Maio,<br />

juntan<strong>do</strong> ex-alunos e ex-professores<br />

da Classe Especial de Ginástica e<br />

actuais alunos e professores, poderíamos<br />

em conjunto fazer renascer a<br />

classe e a sua mística dentro e fora <strong>do</strong><br />

“Pilão” que em muito contribuiria para<br />

a boa imagem <strong>do</strong> IPE na sociedade.<br />

David reis<br />

(19940017)<br />

1. A grande motivação que me fez<br />

aceitar fazer parte da direcção da APE<br />

deve-se ao forte sentimento de pertença<br />

pela ímpar Casa de educação e<br />

formação que é o Instituto <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Exército</strong> e o motivo é a necessidade<br />

de mostrar gratidão a quem (IPE)<br />

me marcou tão profundamente pela<br />

experiência muito positiva que vivi.<br />

Após ter estuda<strong>do</strong> 11 anos nessa Instituição<br />

constatei que valores tão nobres<br />

e princípios adquiri<strong><strong>do</strong>s</strong> ultrapassam<br />

em muito a capacidade da<br />

maioria das que eu apeli<strong>do</strong> de as “Esco-<br />

las cá de fora” ou as “Escolas normais”<br />

terem para transmitir o mais importante<br />

aos seus forman<strong><strong>do</strong>s</strong> durante o seu<br />

processo escolar; educação e princípios.<br />

Esta é uma forma de poder retribuir<br />

positivamente ao que o “Pilão” me deu.<br />

Na minha opinião as mensalidades<br />

pagas pelos encarrega<strong><strong>do</strong>s</strong> de educação<br />

numa Instituição de ensino como esta<br />

são um valioso investimento que fizeram<br />

ou fazem com um retorno de mais<br />

de 100% no futuro <strong><strong>do</strong>s</strong> seus filhos. A<br />

minha forma de contribuir é tentar ter<br />

ideias que sejam úteis à liderança da<br />

direcção da APE encabeçada pelo<br />

Américo, ten<strong>do</strong> como repercussão final<br />

que os <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> continuem<br />

a ser uma Instituição de ensino de<br />

referência e com a coragem <strong><strong>do</strong>s</strong> líderes<br />

internos e externos consiga ultrapassar<br />

vicissitudes próprias da sociedade vertiginosa<br />

de princípios elementares em<br />

que está inserida.<br />

2. Este é já o meu segun<strong>do</strong> mandato<br />

na direcção da APE. Avaliarei no<br />

seu conjunto e não apenas os 6 meses<br />

deste exercício, pois penso que seja o<br />

mais justo e o objectivo é transmitir<br />

um feedback generaliza<strong>do</strong> das expectativas<br />

criadas quan<strong>do</strong> se aceita ou se<br />

está envolvi<strong>do</strong> neste tipo de responsabilidade.<br />

Tive oportunidade de conhecer<br />

o Américo no seu primeiro ano de<br />

mandato na direcção da APE e de me<br />

serem apresenta<strong><strong>do</strong>s</strong> os outros elementos<br />

dessa direcção, ainda era eu aluno<br />

nos <strong>Pupilos</strong> e estava a terminar o meu<br />

último ano <strong>do</strong> curso de contabilidade<br />

e administração. Sem dúvida que na<br />

altura se criou um enorme “buzz” por<br />

to<strong>do</strong> o conjunto de iniciativas desenvolvidas<br />

por essa direcção. Com o<br />

devi<strong>do</strong> respeito por todas as anteriores<br />

direcções da APE, mas essa direcção<br />

com a qual tive o privilégio de me<br />

apropriar de algumas acções e que<br />

infelizmente a sua duração foi muito<br />

curta revolucionou toda a dinâmica até<br />

então criada por uma direcção da APE,<br />

e que na minha opinião era o que uma<br />

<strong>Associação</strong> como esta necessitava.<br />

Parece-me que a missão da APE em si,<br />

não é nada fácil. Há quem se queira<br />

restringir apenas aos ex-alunos como<br />

objectivo primordial da <strong>Associação</strong>,<br />

enquanto que outra corrente e eu<br />

pessoalmente enquadro-me nesta última,<br />

veja a APE com uma missão bem<br />

definida, embora mais lata, não se<br />

restrigin<strong>do</strong> apenas aos Ex-alunos, mas<br />

extensiva ao “Pilão” no seu to<strong>do</strong>. A APE<br />

deve ser um pilar fundamental na<br />

prossecução da sustentabilidade e sucesso<br />

<strong>do</strong> Instituto <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Exército</strong> e deve ser um órgão consultivo<br />

e de suporte para as decisões mais<br />

importantes que influenciem a estratégia<br />

a seguir e a vida <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong>,<br />

deriva<strong>do</strong> <strong>do</strong> “know-how” <strong><strong>do</strong>s</strong> seus anti-<br />

gos alunos no que concerne ao dia-<br />

a-dia nos <strong>Pupilos</strong>, evolução de tradições<br />

e necessidades <strong><strong>do</strong>s</strong> alunos <strong>do</strong> presente.<br />

De forma geral é minha convicção<br />

que as direcções encabeçadas pelo<br />

Américo têm aporta<strong>do</strong> valor e dinâmica<br />

à vida da <strong>Associação</strong> e contribuin<strong>do</strong><br />

para acções positivas no seio<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong>, apesar <strong>do</strong><br />

tempo limita<strong>do</strong> de cada um <strong><strong>do</strong>s</strong> seus<br />

membros, pelas exigências profissionais<br />

e pessoais <strong>do</strong> seu quotidiano.<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 33


eNtrevista<br />

3. Assumi em conjunto com um<br />

amigo chama<strong>do</strong> Dinis Afonso <strong>do</strong> mesmo<br />

ano de entrada que eu, que já não<br />

faz parte da direcção por motivos<br />

geográfico-profissionais, a responsabilidade<br />

da mobilização de ex-alunos<br />

não sócios a juntarem-se à APE e a<br />

dinamização de várias actividades de<br />

carácter associativo.<br />

Francamente prevejo que seja cada<br />

vez mais difícil reunir ex-alunos ou<br />

“pilões” em torno da causa nobre que<br />

é o suporte e desenvolvimento da APE.<br />

O primordial apoio é servi<strong>do</strong> com o<br />

vínculo associativo de cada um e com<br />

Antes que chegue o inverno<br />

– Poemas <strong>do</strong> “Tiago”<br />

O “piloníssimo” António José<br />

Barradas Barroso, alentejano de boa<br />

cepa, populariza<strong>do</strong> por “Tiago”<br />

Coronel S.A.M: e colabora<strong>do</strong>r assíduo<br />

(e valioso!) <strong>do</strong> nosso “BO-<br />

LETIM” lançou recentemente um<br />

belo livro de poemas, de sugestivo<br />

título e bom aspecto gráfico nas<br />

suas 184 páginas.<br />

O prefácio é de seu filho Miguel<br />

e um <strong><strong>do</strong>s</strong> primeiros exemplares da obra veio valorizar<br />

a nossa “BIBLIOTECA”, emotiva oferta <strong>do</strong> Autor.<br />

Eleva<strong>do</strong> nível de inspiração e aplaudida qualidade. O<br />

“Tiago” está de parabéns. E vale a pena ler atentamente<br />

as suas poesias.<br />

Um simpático DVD sobre os<br />

“veteranos” das ginásticas<br />

Feliz iniciativa de alguns já pré-veteranos “pilões” com<br />

a louvável ajuda <strong>do</strong> professor Manaças: a de recriar uma<br />

classe de ginástica (supostamente aplicada) para maiores<br />

de 40 anos, sau<strong><strong>do</strong>s</strong>os de bons velhos tempos. Exibiram-se<br />

(e bem!) no dia 25 de Maio e houve quem se esmerasse<br />

na produção de um simpático DVD a que a APE teve<br />

feliz e lógico acesso.<br />

34 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

o consequente pagamento de quotas<br />

anuais. Constatamos que esse apoio é<br />

cumpri<strong>do</strong> com enormes dificuldades e<br />

o rácio de ex-alunos por ano de saída<br />

<strong>do</strong> IPE versus ex-alunos inscritos na<br />

APE transmite claramente o interesse<br />

pela vida e objectivo da APE. A mobilização<br />

de ex-alunos para que se interessem<br />

pelas acções da APE talvez seja<br />

um problema que teve origem na sua<br />

génese e posterior desenvolvimento.<br />

Denoto uma forte descrença e desinteresse<br />

das gerações mais actuais e<br />

intermédias pela APE. Uma das perguntas<br />

que me têm feito é: “Mas o que<br />

publicações<br />

é que a APE faz por mim, para que eu<br />

me faça sócio?” Parece-me que teremos<br />

que criar outros estímulos para que a<br />

maioria possa entender que ser associa<strong>do</strong><br />

da APE é acima de tu<strong>do</strong> retribuir<br />

ao “Pilão” continuadamente pelo que<br />

nos transmitiu e continuarmos a fazer<br />

parte da família “pilónica”, e só dessa<br />

forma poderemos servir, defender e<br />

projectar a instituição “<strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Exér-<br />

cito”. Mas para isso, os “pilões” terão<br />

que acreditar e olhar para a APE como<br />

uma extensão <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong>.<br />

Fotos e Entrevista de Fernan<strong>do</strong> Pires<br />

Foi o Rogério Cruz (o 83 de há uns tantos anitos),<br />

técnico especializa<strong>do</strong> de boa vivência profissional, bem<br />

longe, em Quelimane e, agora, na margem Sul <strong>do</strong> Tejo,<br />

com epicentro em Santana/Sesimbra. Bom trabalho,<br />

Rogério. E o labor <strong><strong>do</strong>s</strong> “veteranos” é para continuar.<br />

“Teias de Luz”<br />

(com a participação de António Boavida Pinheiro)<br />

Contos e poesias de 20 autores constituem o somatório<br />

de “Teias de Luz” da Editorial Minerva, sob coordenação<br />

literária de Ângelo Rodrigues. A BIBLIOTECA<br />

da APE tem um exemplar dessa curiosa colectânea que<br />

integra na área da poesia, o nome<br />

<strong>do</strong> “pilão” António Boavida Pinheiro,<br />

habitual colabora<strong>do</strong>r <strong>do</strong> <strong>Boletim</strong><br />

da APE.<br />

Obra interessante, a justificar<br />

esta referência a que queremos<br />

ainda acrescentar os agradecimentos<br />

pela oferta de 10 exemplares<br />

à APE que estão disponíveis para<br />

venda na nossa Sede pelo preço de<br />

capa de 10€.


<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 35


À descoberta <strong>do</strong> iPe no actual<br />

panorama educativo<br />

Quem somos<br />

O Instituto <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> (IPE) é um estabelecimento<br />

militar de ensino, dependente <strong>do</strong> Ministério<br />

da Defesa, onde é ministra<strong>do</strong> o Ensino Básico (2.º e 3.º<br />

ciclos) e o Ensino Secundário (Ensino Profissional), que<br />

se desenvolvem a par de actividades de carácter físico/<br />

desportivo e cultural, práticas que desfrutam de excelentes<br />

e amplas instalações para o seu exercício, incluin<strong>do</strong><br />

piscina aquecida.<br />

Embora integra<strong>do</strong> na tutela <strong>do</strong> <strong>Exército</strong>, os seus Cursos<br />

são, para to<strong><strong>do</strong>s</strong> os efeitos escolares ou profissionais, considera<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

equivalentes aos Cursos correspondentes <strong>do</strong> ensino<br />

oficial <strong>do</strong> Ministério da Educação, estan<strong>do</strong> o ingresso<br />

no IPE aberto, sem qualquer tipo de exclusividade, a to<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

os jovens em idade escolar e nas condições requeridas para<br />

a inscrição e frequência <strong><strong>do</strong>s</strong> respectivos cursos.<br />

O IPE celebrou em 25 de Maio de 2011, com orgulho<br />

e satisfação, um centenário ao serviço de um processo<br />

educativo e formativo de qualidade, pelo que é uma referência<br />

no actual panorama educativo português, radican<strong>do</strong><br />

na sua tradição uma singular organização interna e um<br />

diligente compromisso com o espírito de grupo, camaradagem,<br />

o rigor e a honra, continuamente fortaleci<strong><strong>do</strong>s</strong>, ao<br />

longo de anos, pelas referências comportamentais prósociais<br />

(ética e cidadania) <strong><strong>do</strong>s</strong> seus forman<strong><strong>do</strong>s</strong>, e que<br />

constituem em cada ano lectivo o Batalhão Escolar.<br />

O IPE recebe jovens provenientes de várias regiões <strong>do</strong><br />

nosso país, incluin<strong>do</strong> as regiões autónomas, e mesmo de<br />

outras nacionalidades, designadamente <strong><strong>do</strong>s</strong> PALOP, o que<br />

lhe confere, em termos relacionais, um carácter agrega<strong>do</strong>r<br />

e transnacional.<br />

A admissão de alunos (as) faz-se para o 2.º e 3.º Ciclos<br />

<strong>do</strong> Ensino Básico (<strong>do</strong> 5º até ao 8º Ano), e para o Ensino<br />

Secundário por matrícula no 1º ano <strong><strong>do</strong>s</strong> Cursos Profissionais<br />

(10º ano de escolaridade), funcionan<strong>do</strong> a frequência destes<br />

cursos em regime de internato (sexo masculino) e ainda em<br />

regime aberto (tanto para o sexo feminino como masculino).<br />

Para cada Área Disciplinar existem actividades de reforço<br />

educativo, a<strong>do</strong>ptan<strong>do</strong> o IPE relativamente ao aproveitamento<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> alunos Quadros de Valores e de Excelência.<br />

O IPE edita em cada perío<strong>do</strong> lectivo uma Revista escolar<br />

(“Querer é Poder”) que tem a colaboração <strong><strong>do</strong>s</strong> alunos<br />

e de toda a Comunidade Educativa, a qual constitui um<br />

retrato ou descrição da vivência académica, desportiva e<br />

social em que o IPE se expande no decurso <strong><strong>do</strong>s</strong> perío<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

<strong>do</strong> ano lectivo.<br />

36 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> <strong>do</strong> exército<br />

exército<br />

iNSTiTUTo DoS PUPiLoS Do eXérciTo<br />

As inscrições para o ingresso nos cursos ofereci<strong><strong>do</strong>s</strong> pelo<br />

IPE, no ano lectivo de 2011/12, estiveram abertas de Janeiro<br />

até final de Junho de 2011.<br />

No Ensino Profissional são ministra<strong><strong>do</strong>s</strong> diversos Cursos,<br />

em que as competências profissionais desenvolvidas são<br />

devidamente certificadas, e que proporcionam uma intensa<br />

experiência com meios técnico-pedagógicos operacionalmente<br />

articula<strong><strong>do</strong>s</strong> em equipas que abrem (para aceder<br />

a formações pós-secundárias ou ao ensino superior) espaço<br />

ao pensamento criativo e especulativo <strong><strong>do</strong>s</strong> alunos (as).<br />

Condições gerais de admissão:<br />

• Ter condições físicas e psicotécnicas;<br />

• Ter os conhecimentos literários (Português e Matemática),<br />

necessários à frequência <strong>do</strong> ano de escolaridade<br />

a que o aluno se candidata, comprova<strong><strong>do</strong>s</strong> em<br />

provas de admissão.<br />

mensalidades<br />

TABELA dE MENSALIdAdES, <strong>do</strong> CoNCurSo dE<br />

AdMISSÃo Ao INSTITuTo <strong>do</strong>S PuPILoS <strong>do</strong><br />

EXérCITo, PArA VIGorAr No ENSINo BÁSICo,<br />

SECuNdÁrIo E ProFISSIoNAL<br />

Militares<br />

e<br />

Forças<br />

de<br />

Segu-<br />

rança (*)<br />

Alunos<br />

Internos<br />

Alunos<br />

Externos<br />

Escalões rendimento per Capita Mensalidade Mensalidade<br />

1 Até 111,98€ 0,00€ 0,00€<br />

2 de 111,98€ a 205,12€ 150,00€ 113,00€<br />

3 de 205,13€ a 311,56€ 200,00€ 150,00€<br />

4 de 311,57€ a 439,54€ 250,00€ 188,00€<br />

5 de 439,55€ a 530,59€ 300,00€ 225,00€<br />

6 superior a 539,59€ 350,00€ 263,00€<br />

Civis 7 600,00€ 450,00€<br />

Na mensalidade estão incluí<strong><strong>do</strong>s</strong>: a alimentação, as visitas de estu<strong>do</strong> e as<br />

actividades desportivas e culturais.<br />

(*) Forças de Segurança incluem a PSP, GNR, SEF e PJ.<br />

(**) Os agrega<strong><strong>do</strong>s</strong> familiares com 2 ou mais alunos matricula<strong><strong>do</strong>s</strong> nos Estabelecimentos<br />

Militares de Ensino (Colégio Militar, Instituto de Odivelas<br />

e Instituto <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong>), beneficiam de uma redução<br />

de Mensalidades, de acor<strong>do</strong> com o seguinte racional: O aluno com<br />

matrícula mais antiga beneficia de uma redução de 10% na mensalidade,<br />

ao segun<strong>do</strong> aplica-se uma redução de 15% e ao terceiro e seguintes<br />

uma redução de 20%.


iNstituto <strong><strong>do</strong>s</strong> pupilos <strong>do</strong> exército<br />

“comunica<strong>do</strong> de imprensa” sobre a graduação de um filho de Santarém,<br />

em cerimónia a realizada no dia 16 de Setembro,<br />

no instituto <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> exército:<br />

“O Instituto <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> (IPE) é um Estabelecimento<br />

Militar de Ensino cuja criação remonta a Maio<br />

de 1911, sen<strong>do</strong> uma das primeiras instituições da República<br />

e cuja missão actual é, entre outras:<br />

• Ministrar os cursos <strong>do</strong> Ensino Básico <strong>do</strong> 2º e 3º ciclo,<br />

<strong>do</strong> Ensino Secundário Regular e Profissional;<br />

• Proporcionar aos Alunos uma forte Educação cívica,<br />

intelectual e física que conjugada com o cultivar das<br />

virtudes militares e capacidade de liderança, habilita-<br />

-os a ingressar no Teci<strong>do</strong> Empresarial, no Ensino<br />

Superior Público, Civil ou Militar;<br />

Este Instituto pauta a sua conduta por forma a inculcar<br />

nos seus discentes valores educacionais de patriotismo,<br />

empreende<strong>do</strong>rismo e cidadania que materializem o desiderato<br />

da sua génese: “Criar cidadãos úteis à Pátria!”.<br />

Assim, os Alunos <strong>do</strong> IPE ce<strong>do</strong> são chama<strong><strong>do</strong>s</strong> a sentirem<br />

a assunção <strong><strong>do</strong>s</strong> seus Deveres, para em consciência usu-<br />

fruírem <strong><strong>do</strong>s</strong> seus Direitos e é neste senti<strong>do</strong>, que lhes são<br />

atribuídas responsabilidades e uma autonomia controlada,<br />

materializada por uma hierarquia de alunos, que designamos<br />

por “Alunos Gradua<strong><strong>do</strong>s</strong>” e a quem compete, sob enquadramento<br />

de Oficiais <strong>do</strong> <strong>Exército</strong>, integrar e ajudar os<br />

restantes alunos crian<strong>do</strong> laços perenes de uma sã camaradagem<br />

e disciplina que perduram no tempo, constituin<strong>do</strong>-<br />

-se numa mais valia para as suas vidas futuras, através <strong>do</strong><br />

seu “curriculum escondi<strong>do</strong>”.<br />

Os alunos gradua<strong><strong>do</strong>s</strong> têm no seu mais alto degrau<br />

hierárquico o denomina<strong>do</strong> “Comandante de Batalhão<br />

Aluno”, que é um aluno finalista escolhi<strong>do</strong> anualmente em<br />

função <strong>do</strong> seu desempenho comportamental e escolar, de<br />

forma a constituir-se como um exemplo para a restante<br />

comunidade escolar.<br />

Como é apanágio da instituição castrense, a atribuição<br />

desta graduação consta de uma cerimónia pública simples<br />

mas plena de significa<strong>do</strong> que se constitui num ritual que,<br />

conjuntamente com outras cerimónias que decorrem<br />

ao longo <strong>do</strong> ano lectivo, inculcam nos jovens os valores<br />

“pilónicos” já referi<strong><strong>do</strong>s</strong>.<br />

Neste ano escolar de 2011/12 a escolha para Comandante<br />

de Batalhão Aluno recaiu num Escalabitano, nomeadamente<br />

o Aluno nº 50/04 João diogo Baptista da Gaga<br />

rodrigues Filipe, de uma origem humilde mas que soube,<br />

pelo seu trabalho e dedicação, constituir-se digno de constar<br />

na galeria daqueles que ao longo <strong><strong>do</strong>s</strong> anos têm mereci<strong>do</strong><br />

a honra de desempenhar esta nobre função.”<br />

Plano de Actividades <strong>do</strong> iPe<br />

Nos primeiros dias de Setembro decorreu a entrada<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> novos alunos e no dia 16 a cerimónia de imposição<br />

de insígnias aos novos gradua<strong><strong>do</strong>s</strong>. Este ano foi da<strong>do</strong> mais<br />

destaque a esta cerimónia convidan<strong>do</strong> elementos da<br />

autarquia <strong>do</strong> CmdtBat. Aluno e a sua Professora Primária.<br />

Um <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>do</strong>centes elaborou um artigo referente à<br />

cerimónia para ser publica<strong>do</strong> no “Jornal <strong>do</strong> <strong>Exército</strong>”.<br />

No dia 14 de outubro, decorrerá a Cerimónia de<br />

Abertura Solene <strong>do</strong> Ano Lectivo em que a lição de<br />

sapiência será proferida pelo Ex-Aluno e Professor <strong>do</strong><br />

IPE, Eng. Zózimo da Fonseca.<br />

No dia 18 de Novembro, no âmbito das cerimónias<br />

de Encerramento <strong>do</strong> Centenário <strong>do</strong> Instituto realiza-se<br />

a cerimónia de Apadrinhamento <strong><strong>do</strong>s</strong> novos alunos que<br />

contará, como padrinhos, com a participação de 50<br />

ex-alunos.<br />

No início da sessão será proferida uma palestra pelo<br />

ex-aluno Dr. José Eduar<strong>do</strong> Andrade (19670291)<br />

Mais uma vez será importante uma forte presença,<br />

nesta cerimónia,de ex-alunos e respectivas famílias.<br />

Neste mesmo dia de manhã, pelas 11 horas, será<br />

efectua<strong>do</strong> o lançamento <strong>do</strong> Livro 100 Anos 100 escritos,<br />

na 1ª Secção, Sala de Alunos, a que se seguirá um almoço<br />

de convívio.<br />

<strong>Boletim</strong> da associação associação <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos PuPilos <strong>do</strong> exército exército 37


migUeL eUFémio<br />

19970033<br />

Em meu nome pessoal, venho por este meio saudar o<br />

mo<strong>do</strong> como decorreram as celebrações <strong>do</strong> centenário<br />

<strong>do</strong> Pilão. Desde o desfile nos Restaura<strong>do</strong>res pela manhã<br />

<strong>do</strong> dia 22 ao descerrar da placa toponímica na agora rotunda<br />

<strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> já no dia 25,passan<strong>do</strong> também<br />

pelo lançamento da moeda comemorativa idem à colecção<br />

de selos e claro, sem esquecer o magnífico desfile <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

alunos no próprio dia 25, ficou sem dúvida bem patente<br />

o porquê de esta escola ter razão de existir. O orgulho<br />

estampa<strong>do</strong> na cara de cada “pilão”, aluno ou ex-aluno, em<br />

estar ali, no centésimo aniversário da Casa que a to<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

tem forma<strong>do</strong> e feito homem/mulher, foi visto por to<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

os que nele participaram. Sem esquecen<strong>do</strong> de to<strong>do</strong> o<br />

fantástico trabalho desenvolvi<strong>do</strong> pela Direcção <strong>do</strong> IPE em<br />

conjunto com a <strong>Associação</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> ao<br />

longo <strong><strong>do</strong>s</strong> meses que antecederam esta data festiva tão<br />

importante para to<strong><strong>do</strong>s</strong> nós, o meu agradecimento vai em<br />

particular para os protagonistas <strong>do</strong> centenário, os actuais<br />

alunos que cheios de garbo fizeram mais uma vez jus ao<br />

nome da instituição que representam.<br />

Uma das coisas notáveis que sucedeu no dia 25 e sem<br />

dúvida <strong>do</strong> agra<strong>do</strong> de to<strong><strong>do</strong>s</strong> os que lá estiveram, foi o reencontro<br />

entre “pilões” que por variadas circunstâncias a<br />

vida não tem facilita<strong>do</strong> a reunião. Mesmo sen<strong>do</strong> de gerações<br />

diferentes, parece que o centenário serviu também para<br />

uma mega reunião de pilões que para além de celebrarem<br />

o aniversário e de darem o seu apoio à causa, não desperdiçaram<br />

a oportunidade de ver e rever a sua malta. Também<br />

eu fui protagonista nesse assunto reven<strong>do</strong> camaradas <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

quais já não tinha notícias desde os últimos tempos em<br />

S. Domingos. Foi de facto um dia para mais tarde recordar<br />

na história desta Casa tão bela e tão ridente, onde através<br />

de vários tipos de eventos, foi possível uma vez mais elevar<br />

bem alto o Seu nome e assim continuar a já longa<br />

caminhada para atingir o nível de que o Pilão outrora fora<br />

protagonista.<br />

Em relação à exposição patente no Palácio Valadares,<br />

anexo ao Largo <strong>do</strong> Carmo, é de facto impressionante a<br />

quantidade de história acerca <strong>do</strong> “Pilão” que é possível<br />

adquirir. Ver os muitos objectos raros e bem preserva<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

ao longo <strong>do</strong> tempo, traz de certa forma um sentimento<br />

nostálgico sen<strong>do</strong> simultaneamente uma fonte de informação<br />

para as camadas mais jovens (que é o meu caso) onde<br />

nestas, julgo criar um sentimento de curiosidade. Nunca<br />

esperei sinceramente estar perante uma brochura de uma<br />

Récita de Carnaval realizada em 1915, imaginem! Ou<br />

38 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

1911 – querer é poder – 2011<br />

Parabéns a to<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

mesmo ver a primeira edição <strong>do</strong> Malta Brava (1955) com<br />

uma capa que desconhecia por completo. Permitam-me<br />

que partilhe convosco um facto: também eu sou possui<strong>do</strong>r<br />

não de um, mas de <strong>do</strong>is exemplares <strong>do</strong> disco de vinil que<br />

foi edita<strong>do</strong> com três músicas, uma delas o Hino <strong>do</strong> Pilão,<br />

por ocasião <strong>do</strong> seu 75º aniversário (objecto também presente<br />

na exposição). O mo<strong>do</strong> como estes <strong>do</strong>is exemplares<br />

me vieram parar à mão, foi de algum mo<strong>do</strong> interessante e<br />

fica prometi<strong>do</strong> que no próximo boletim, escreverei umas<br />

breves linhas acerca deste acontecimento. A to<strong><strong>do</strong>s</strong> os que<br />

neste centenário estiveram envolvi<strong><strong>do</strong>s</strong> de uma ou de outra<br />

forma, um grande SALVÉ!<br />

Lotaria alusiva ao<br />

centenário <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

<strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> exército<br />

Por iniciativa da APE com a colaboração directa <strong>do</strong><br />

“pilão” Victor Porto a Lotaria Clássica de 14 de<br />

Novembro será alusiva ao Centenário <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Exército</strong>.<br />

A lotaria anda à roda no próximo dia 14 de Novembro.<br />

Os bilhetes físicos desta extracção estarão disponíveis<br />

a partir de 10 de Outubro.<br />

Por volta dessa data as fracções desta extracção<br />

também deverão estar disponíveis para venda no Portal<br />

Jogos Santa Casa, em www.jogossantacasa.pt


m. A. BorgeS correiA<br />

19470332<br />

1911 – querer é poder – 2011<br />

pupilos <strong>do</strong> exército – 100 aNos de eNsiNo e cidadaNia<br />

“A república, o instituto, As Tutelas<br />

& os Tutela<strong><strong>do</strong>s</strong> …( iV )”<br />

III – “A 1ª república – o Portugal nas trincheiras<br />

– A “republica Nova” – Ideologias & Parti<strong><strong>do</strong>s</strong> – os<br />

<strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> 1911…1926 – A “Guerra<br />

Civil-Intermitente” (1914-1926…1936;<br />

o eclodir da I Guerra Mundial<br />

Em consequência da morte <strong>do</strong> herdeiro <strong>do</strong> Império<br />

Austro-Hungaro, o príncipe Francisco Fernan<strong>do</strong> em 28 de<br />

Junho de 1914, em Saravejo, por nacionalistas sérvios, as<br />

grandes potências da Europa, tomam um caminho que as<br />

levariam à guerra: – A Rússia e a Áustria – Hungria, rivalizavam-se<br />

na hegemonia sobre os Balcãs. O problema, não<br />

resolvi<strong>do</strong>, da cedência da Alsácia-Lorena, pela França à<br />

Alemanha, após a guerra franco-prussiana (1870). A Inglaterra<br />

“desconfiava” <strong>do</strong> poderio naval germânico e <strong>do</strong> seu<br />

potencial económico. Os vários “interesses” não convergiam.<br />

Assim: – aparece o “ultimato” da Áustria à Sérvia (Jul); a<br />

Rússia apoiante da Sérvia, recebe a declaração de guerra<br />

da Alemanha (Ago); tal como a França, aliada da Rússia.<br />

A Inglaterra só entra na guerra aquan<strong>do</strong> da invasão da<br />

Bélgica e <strong>do</strong> Luxemburgo (Ago), pelos germânicos. A<br />

Itália e os EUA declaram-se neutrais (Ago). A França, a<br />

Rússia e a Inglaterra, constituem o chama<strong>do</strong> “Pacto de<br />

Londres”, contra uma Paz separada (Set). A Turquia, fecha<br />

os Dardanelos e bombardeia <strong>do</strong> mar, Odessa e Sebastópoloss<br />

(Out) e entra na guerra, contra “os Alia<strong><strong>do</strong>s</strong>” (Nov).;<br />

os germânicos, após terem invadi<strong>do</strong> a Polónia, retiram-se<br />

(Nov). O Egipto é considera<strong>do</strong> “protectora<strong>do</strong>” inglês (Dez).<br />

Os EUA apoiarão os alia<strong><strong>do</strong>s</strong>, contra as forças <strong>do</strong> Eixo-<br />

Alemão, no “teatro europeu”, a partir de Jun1917.<br />

Portugal irá tornar-se beligerante, apesar da oposição<br />

de Freire de Andrade e, <strong>do</strong> equívoco de entrar ou não no<br />

conflito, assumi<strong>do</strong>, pelo Governo de Bernardino Macha<strong>do</strong>.<br />

A maioria da população era indiferente ou era hostil à<br />

participação <strong>do</strong> País na Guerra Europeia.<br />

Os “intervencionistas” portugueses tiveram que se<br />

refugiar nos lugares-comuns da propaganda <strong><strong>do</strong>s</strong> Alia<strong><strong>do</strong>s</strong>:<br />

– a defesa da democracia, da justiça e <strong><strong>do</strong>s</strong> «direitos das pequenas<br />

nações»; a protecção da civilização latina e da França;<br />

a oposição à reacção e ao militarismo germânico –.<br />

A participação de Portugal na I Grande Guerra<br />

Considera-se que a participação portuguesa na I Guerra<br />

Mundial, foi um acontecimento fracturante que dividiu<br />

a sociedade portuguesa, provocan<strong>do</strong> o primeiro forte abalo<br />

das instituições republico-liberais e, concorreu para se<br />

negociarem vários empréstimos e criar uma dívida de<br />

guerra, superior a 22 milhões de £ibras esterlinas (1925).<br />

Hoje, corresponderia a cerca de 44,1 mil milhões de euros.<br />

Portugal, recebe a “declaração de guerra” da Alemanha<br />

em 9 de Março de 1916. Inicia a sua participação, na<br />

frente africana. O seu 1º Contingente é imediatamente<br />

constituí<strong>do</strong>, em apenas 9 (nove) meses. O então ministro<br />

da Guerra, Gen. Norton de Matos, consegue organizar e<br />

treinar o Corpo Expedicionário Português (CEP), constituí<strong>do</strong><br />

por 45.000 homens. Portugal mobilizou mais de<br />

noventa mil homens, <strong><strong>do</strong>s</strong> quais cerca de oito mil perderam<br />

a vida nas trincheiras da Flandres ou nos campos de batalha<br />

de África.<br />

Os embarques, para a Frente francesa, começaram em<br />

Janeiro de 1917 e prolongaram-se até Abril.<br />

Em La Lys (Abril de 1918), as forças Portuguesas,<br />

defrontaram a pior de todas as batalhas. Gomes da Costa,<br />

comandante <strong><strong>do</strong>s</strong> batalhões de Infantaria 7 e 21, solicitou<br />

reforços, que não chegaram. Esgotadas e sem apoio as<br />

tropas desmoralizaram. O que aconteceu foi que, o então<br />

Partida das forças portuguesas, para a linha da frente – Soares <strong><strong>do</strong>s</strong> Reis<br />

– Museu Militar<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 39


1911 – querer é poder – 2011<br />

presidente da República, Sidónio Pais, germanófilo declara<strong>do</strong>,<br />

que sempre se opusera à entrada de Portugal no<br />

conflito, não subscreveu o pedi<strong>do</strong> de reforço e na Flandres,<br />

o exército português sofreu a mais pesada das derrotas<br />

face às oito divisões alemãs.<br />

Em Portugal, as consequências da guerra, [Após a assi-<br />

natura <strong>do</strong> “Armistício” – 11 de Novembro1918 – <strong><strong>do</strong>s</strong> 56.493<br />

Militares, entre os portugueses, mobiliza<strong><strong>do</strong>s</strong>, para a Flandres,<br />

há 2.091 mortos, 12.508 feri<strong><strong>do</strong>s</strong> e 6.678 prisioneiros. Em<br />

Moçambique 4.723 mortos, 5.467 desapareci<strong><strong>do</strong>s</strong> e 1.248<br />

feri<strong><strong>do</strong>s</strong>. Em Angola, 810 mortos] a situação económica e<br />

a agitação social, agravam-se devi<strong>do</strong> ao número de mortos,<br />

à falta de alimentos, ao racionamento de alguns artigos, à<br />

repressão das liberdades, ao aumento de poder <strong><strong>do</strong>s</strong> monárquicos<br />

e <strong><strong>do</strong>s</strong> reaccionários. Como previra Afonso Costa,<br />

Portugal esteve presente entre os Alia<strong><strong>do</strong>s</strong>, aquan<strong>do</strong> da<br />

assinatura <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de paz. A posse das suas colónias<br />

africanas, foi-lhe reconhecida e, a Alemanha comprometeuse<br />

a pagar-nos uma indemnização de guerra (o que não<br />

cumpriu). A Sociedade das Nações (Trata<strong>do</strong> de Versalhes)<br />

[Com o objectivo de criar uma nova ordem mundial, assente<br />

na diplomacia aberta, na segurança colectiva e no<br />

desarmamento], organismo forma<strong>do</strong> a seguir à guerra, tem<br />

Portugal como um <strong><strong>do</strong>s</strong> membros funda<strong>do</strong>res e, a cuja assembleia<br />

Afonso Costa chegou a presidir. A “Delegação<br />

Portuguesa” à Conferência de Paz, (5Dez1918) é presidida<br />

por Egas Moniz e conta com Freire d´Andrade, Espírito<br />

Santo Lucas e Santos Viegas.<br />

“Portugal perdeu a Guerra? Sim e não. Não porque<br />

combateu ao la<strong>do</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> Alia<strong><strong>do</strong>s</strong> e desfilou sob o Arco <strong>do</strong><br />

Triunfo. Sim porque não obteve, no trata<strong>do</strong> de paz, o seu<br />

grande objectivo político, aquele que, em última instância<br />

o tinha leva<strong>do</strong> à guerra – sobreviver ao la<strong>do</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> ingleses,<br />

contra o militarismo alemão. Foi uma vitória com sabor a<br />

derrota” [segun<strong>do</strong> a “manchete” <strong>do</strong> Jornal A Manhã, de<br />

9Mai1919.Severiano Teixeira, Historia<strong>do</strong>r e Prof. UNL – “25<br />

Olhares sobre a I República”. In “Publico”].<br />

No após da guerra, a realidade é que a República não<br />

conseguiu concretizar o seu projecto moderniza<strong>do</strong>r, bem<br />

como a consolidação da política interna e a legitimação<br />

nacional <strong>do</strong> regime, abrin<strong>do</strong> assim, a “porta” à deriva autoritária<br />

que, em boa parte, nasce <strong><strong>do</strong>s</strong> escombros desta<br />

Guerra.<br />

Fome, peste e guerra, aparições de Fátima e Sidónio…<br />

A fome, grassava por to<strong>do</strong> o País, face à situação financeira<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, à escassez de recursos era óbvia, consideran<strong>do</strong><br />

o esforço de guerra desenvolvi<strong>do</strong> e da não produtividade<br />

industrial e agrícola.<br />

40 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

Forças Portuguesas Embarque África – Angola<br />

A peste, oriunda da Ásia, <strong><strong>do</strong>s</strong> EUA ou da própria Europa<br />

(Brest ou Bordéus), a gripe de 1918, designada entre<br />

nós por «pneumónica», resultou da acção de uma estirpe<br />

de Mixovírus A, altamente patogénica, a qual, associada a<br />

gravíssimas complicações respiratórias bacterianas secundárias,<br />

provocou cerca de 20 milhões de mortos em to<strong>do</strong><br />

o Mun<strong>do</strong>, só em Portugal Continental, faria 60.474 mortos.<br />

(Da<strong><strong>do</strong>s</strong> estatísticos <strong>do</strong> Movimento Fisiológico da População<br />

Portuguesa de 1918).<br />

A guerra provocou e acelerou uma certa perda de<br />

sustentação sócio-económica no País e, acelerou, como em<br />

toda a Europa o processo de crise <strong>do</strong> sistema liberal, de<br />

que a República foi, em Portugal, a última etapa.<br />

As Aparições, na Cova da Iria –13Mai – 30out1917-<br />

Sob a égide <strong>do</strong> “Culto Mariano “ iria reeditar as peregrinações<br />

à Senhora da Rocha, conforme aconteceram em<br />

1822.<br />

“Os nossos positivistas republicanos, não tinham consegui<strong>do</strong><br />

que o cívico substituísse o religioso, que Paris<br />

fosse mais que Roma, que o altruísmo vencesse a caridade<br />

e que o Grande Oriente Lusitano superasse a Companhia<br />

de Jesus (na senda de Comte), nem sequer Sidónio conseguiu<br />

a necessária «ditadura revolucionária» para que a<br />

ordem nos permitisse a transição para o progresso.”Cada<br />

um <strong>do</strong> portugueses, ficou com o seu “pensar”, com a sua<br />

“Fé”.<br />

A «república Nova» de Sidónio<br />

A 8 de Dezembro de 1917, contra a demagogia e a<br />

desordem, contra a participação na Guerra, o luto nacional<br />

face guerra e à peste, o esta<strong>do</strong> sócio-económico, deplorá-<br />

vel, que se vivia e, o demasia<strong>do</strong> poder <strong><strong>do</strong>s</strong> Democráticos,<br />

Sidónio Pais que fora ministro em 1911 e embaixa<strong>do</strong>r em<br />

Berlim de 1912 a 1916, desencadeou um golpe de esta<strong>do</strong>,


1911 – querer é poder – 2011<br />

pupilos <strong>do</strong> exército – 100 aNos de eNsiNo e cidadaNia<br />

que afastou o governo, demitiu o presidente e dissolveu<br />

o Congresso. Embora se considerasse sempre defensor<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> ideais republicanos e quisesse, como dizia, “devolver o<br />

país à República de 1910” tentou alterar a Constituição<br />

para impor o presidencialismo e governou na base <strong>do</strong><br />

populismo.<br />

A coligação com a UON – União Operária Nacional<br />

e, o apoio <strong><strong>do</strong>s</strong> Unionistas, foram rompi<strong><strong>do</strong>s</strong>.<br />

Resultante das “intervenções” politico-partidárias e,<br />

algum “caos” em que País vivia – entre os “Vermelhos-UON<br />

“a ameaça operária” vs.”Verdes – Si<strong>do</strong>nistas” – como resposta,<br />

“aos agita<strong>do</strong>res”, é feito um apelo para que “os<br />

Portugueses defensores da ordem”, usassem na lapela uma<br />

roseta ou laço verde, referenciação à simbologia <strong>do</strong> Mestre<br />

de Aviz, aos Solda<strong><strong>do</strong>s</strong> da Flandres e, ao próprio Sidónio<br />

Pais.<br />

Em nome da “Família, <strong>do</strong> Lar e da Pátria”, em 20de<br />

Novembro de 1918, é convocada uma manifestação (legal<br />

e ordeira) contra a subversão e a anarquia, visan<strong>do</strong> pressionar<br />

e intimidar, os vários inimigos políticos.<br />

Alguns grupos (a denominada “Formiga Preta”, <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

“Lacraus” ou da “rua si<strong>do</strong>nista”) exerciam a violência nas<br />

ruas, muitas das vezes com a complacência e a conivência<br />

das autoridades. Os democratas e os militantes operários<br />

eram vigia<strong><strong>do</strong>s</strong>, vaia<strong><strong>do</strong>s</strong>, pressiona<strong><strong>do</strong>s</strong> e, se necessário, sova<strong><strong>do</strong>s</strong>.<br />

Todas estas más vivências, levaram “à tentativa” de um<br />

“atenta<strong>do</strong>” em 6 de Dezembro de 1918, contra Sidónio<br />

Pais, sem consequências, contu<strong>do</strong>, a resposta, iria fazer-se<br />

sentir contra as lojas maçónicas “Pró-Pátria e Grémio<br />

Lusitano”. A “rua si<strong>do</strong>nista” teve a palavra.<br />

No “Si<strong>do</strong>nismo” estão os elementos que vamos reencontrar<br />

em dezenas de regimes autoritários ou ditatoriais<br />

da Europa e Américas entre 1919 e 1945: “Valorização da<br />

Pátria – Engrandecimento <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, como instituição<br />

base-apoio e, de intervenção económica – Valorização<br />

das Forças Armadas e de Segurança, como as únicas instituições<br />

com legitimidade para o exercício da defesa e, da<br />

violência – Legitimação <strong><strong>do</strong>s</strong> Parti<strong><strong>do</strong>s</strong>, através <strong>do</strong> sufrágio<br />

universal (masculino) emana<strong>do</strong> da própria estruturação da<br />

sociedade, patriótico e legitiman<strong>do</strong> a autoridade <strong>do</strong> Chefe<br />

– Alterar o “paradigma” República vs. Monarquia, sen<strong>do</strong> o<br />

Esta<strong>do</strong> o fautor da função social e da autoridade, no conceito<br />

republicano – e, Recuperação <strong><strong>do</strong>s</strong> valores tradicionais da<br />

sociedade: valores familiares; valorização da terra e <strong>do</strong><br />

trabalho”.<br />

Alguns consideraram “to<strong><strong>do</strong>s</strong>” estes elementos/referências,<br />

utópicas. O País (à data) estava, na realidade, longe<br />

de ser uma democracia, efectiva.<br />

«A policia confundira to<strong><strong>do</strong>s</strong> aqueles que odiavam<br />

Sidónio e a sua politica cesarista,com assassinos em<br />

potência. A Maçonaria queria vê-lo destrui<strong>do</strong>, a Carbonária<br />

talvez o quisesse desfeito em migalhas, os católicos<br />

queriam mais <strong>do</strong> que espavento das missas em que o<br />

Presidente participava, os integralistas exigiam uma<br />

politica de ruptura, os democratas odiavam-no e por ai<br />

fóra»” [Como o descreve Moita Flores – em “Mataram o<br />

Sidónio”-2010.]<br />

A 14 de Dezembro de 1918, quan<strong>do</strong> Sidónio, já na<br />

gare da estação <strong>do</strong> Rossio, se preparava para embarcar, para<br />

mais uma visita ao Porto (que, no dizer de alguns, “iria pôr<br />

ordem na “caserna”- aos da Junta Militar <strong>do</strong> Norte, onde<br />

pontuavam os monárquicos), foi balea<strong>do</strong> e veio a falecer<br />

no Hospital de São José, sucumbin<strong>do</strong>, ao segun<strong>do</strong> atenta<strong>do</strong><br />

contra a sua vida.<br />

Assassinato de Sidónio Pais<br />

“Morro, mas morro bem. SALVEM A PÁTRIA”… dizia-se<br />

que …teria dito.<br />

“A Vida fê-lo Herói, e a Morte O sagrou Rei !!” … (Fernan<strong>do</strong><br />

Pessoa).<br />

o desporto durante a I república<br />

Na Europa, no primeiro quarto <strong>do</strong> século, o desporto<br />

dava ainda os primeiros passos e, em Portugal, iam-se<br />

“copian<strong>do</strong>” algumas modalidades, mas já o futebol (1) , era<br />

a “actividade desportiva” preferida de to<strong><strong>do</strong>s</strong> os portugueses.<br />

Face à eclosão da guerra e, <strong>do</strong> envolvimento de muitos<br />

jovens nos campos de batalha e <strong>do</strong> natural luto em muitos<br />

lares <strong>do</strong> País, o desporto português ressentiu-se bastante.<br />

Em 1921/22, o Campeonato apenas englobava <strong>do</strong>is<br />

clubes: F. C. Porto (campeão <strong>do</strong> Porto) e o Sporting (campeão<br />

de Lisboa). A partir de 1926/27 na fase decisiva, já<br />

teve outra dimensão, engloban<strong>do</strong> 28 clubes.<br />

Entre a implantação da República e a criação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

Novo, foram campeões: F. C. Porto (1921/22, 1924/25,<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 41


1911 – querer é poder – 2011<br />

Natação 1910<br />

Ciclismo 1913<br />

Futebol 1912 - Belém - Lisboa<br />

1931/32), Sporting (1922/23), Olhanense (1923/24),<br />

Marítimo (1925/26), Belenenses (1926/27, 1928/29,<br />

1932/33), Carcavelinhos (1927/28) e Benfica (1929/30 e<br />

1930/31).<br />

A data da fundação da UPF, (embora não existam registos)<br />

foi fixada oficialmente em 31 de Março de 1914.<br />

A integração oficial de Portugal na FIFA, foi aceite, provisoriamente,<br />

em 26 de Agosto de 1914, passan<strong>do</strong> a membro<br />

efectivo a 20 de Maio de 1923.<br />

A União Portuguesa de Futebol – UPF, havia si<strong>do</strong> fundada<br />

pela três associações existentes: Lisboa, Porto e<br />

Portalegre. Em 1926, a UPF passa a denominar-se Federação<br />

Portuguesa de Futebol.<br />

42 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

Os demais desportos continuaram num esta<strong>do</strong> embrionário,<br />

embora a tendência fosse para uma evolução rápida<br />

e com resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> muito promissores.<br />

Ideologias & politicas – organizações & Parti<strong><strong>do</strong>s</strong> …<br />

Com a 1ª republica –1910 a 1926 – verificamos, que<br />

ocorrências houveram, provocadas, tão-somente pelo vazio<br />

de poder que se verificava na sociedade, ten<strong>do</strong> como<br />

base (2) : o subsolo da política que as comandava, nomeadamente<br />

e através <strong>do</strong> povo como instrumento; das sociedades<br />

secretas pela via da teoria da conspiração; <strong><strong>do</strong>s</strong> figurinos<br />

constitucionais como pronto-a-vestir, encomenda<strong><strong>do</strong>s</strong>,<br />

nos defeitos <strong>do</strong> neo-liberalismo; <strong>do</strong> compadrismo<br />

que constitui o indiferente Pais da realidade, que explode<br />

em revoltas populistas; da centralização atávica <strong>do</strong> absolutismo<br />

liberal, quan<strong>do</strong> não ditatorial, crian<strong>do</strong> as incómodas<br />

frustrações e, terminan<strong>do</strong>, no mito revolucionário,<br />

nas liberdades vigiadas e, ou no me<strong>do</strong> <strong>do</strong> povo, presentes<br />

os autoritarismos populistas.<br />

Analisaremos os Grupos, as Tendências e os Comportamentos…<br />

(1) O primeiro local onde se jogou futebol em Portugal foi no Largo<br />

da Achada, na freguesia da Camacha, Ilha da Madeira, no ano<br />

de 1875. O desporto foi introduzi<strong>do</strong> por um jovem britânico<br />

Harry Hinton, que estudava em Londres, mas residia na Ilha da<br />

Madeira.<br />

(2) Segun<strong>do</strong> Adelino Maltez – Professor e Historia<strong>do</strong>r.


ANTóNio PiNTo PereirA<br />

19760487<br />

1911 – querer é poder – 2011<br />

pupilos <strong>do</strong> exército – 100 aNos de eNsiNo e cidadaNia<br />

marchar a Direito!<br />

António Xavier correia Barreto<br />

No último <strong>Boletim</strong> caracterizei o decreto normativo<br />

que esteve na origem da criação <strong>do</strong> atual Instituto<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong>,ergui<strong>do</strong> pela mão de um <strong><strong>do</strong>s</strong> homens<br />

mais influentes e notáveis <strong>do</strong> regime que em 1910<br />

acabava por depor os antigos <strong>do</strong>mínios da Monarquia:<br />

refiro-me a António Xavier Correia Barreto, cujos traços<br />

se deixam consigna<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>do</strong> ponto de vista da sua carreira<br />

militar e académica e também política.<br />

Correia Barreto nasceu em Lisboa, no dia 05.02.1853.<br />

Quanto à sua carreira militar e académica, com 17 anos<br />

integrou voluntariamente o Regimento de Infantaria<br />

nº 16, ten<strong>do</strong> permaneci<strong>do</strong> como solda<strong>do</strong> entre 1870 e<br />

1874, altura em que foi promovi<strong>do</strong> a alferes-aluno da Arma<br />

de Artilharia. Com 21 anos prosseguiu os seus estu<strong><strong>do</strong>s</strong> na<br />

Escola Politécnica, ten<strong>do</strong>-se especializa<strong>do</strong> em Física e<br />

Química. Por essa altura terá si<strong>do</strong> aluno de António Augusto<br />

de Aguiar, a quem veio a dedicar o seu manual sobre<br />

a Química e as Pólvoras, “Elementos de Química Moderna”,<br />

em 1874. Depois pediu transferência para a Escola <strong>do</strong><br />

<strong>Exército</strong>, para concluir o Curso da Arma de Artilharia.<br />

Em 1885, já licencia<strong>do</strong> e gradua<strong>do</strong> Capitão, procedeu<br />

a um estu<strong>do</strong> de investigação científica na área militar cujo<br />

resulta<strong>do</strong> foi bastante bem sucedi<strong>do</strong> e fez por isso publicar<br />

o seu trabalho sobre pólvora com tanto rigor e qualidade<br />

que acabou por ficar encarrega<strong>do</strong> de orientar a produção<br />

massificada de munições com pólvora e sem fumo, que<br />

veio a ser oficialmente a<strong>do</strong>tada a partir de então(a pólvora<br />

sem fumo ficou conhecida por "pólvora Barreto", embora<br />

o termo não seja muito exato, pois deveria ser "com<br />

pouco fumo"; no entanto,ainda tem hoje em dia enorme<br />

importância em virtude de todas as armas de fogo modernas<br />

continuarem a usar pólvora "sem fumo"). Nomea<strong>do</strong><br />

diretor da Fábrica de Pólvora, foi mais tarde designa<strong>do</strong><br />

para vogal <strong>do</strong> Conselho de Administração Militar e para<br />

o Depósito Central de Fardamentos. Dos diversos cargos<br />

de topo que ocupou, destaca-se o de Diretor <strong>do</strong> Arsenal<br />

<strong>do</strong> <strong>Exército</strong>, o de Comandante da 1ª Divisão <strong>do</strong> <strong>Exército</strong>,<br />

o de Comandante da Guarda Nacional Republicana e,<br />

naturalmente, o de funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Instituto <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Exército</strong>.<br />

Do ponto de vista da carreira política, António Xavier<br />

Correia Barreto esteve na origem da mudança de regime<br />

sob os auspícios da revolução republicana, pois, sen<strong>do</strong><br />

conheci<strong>do</strong> pelos seus ideais republicanos e alta figura <strong>do</strong><br />

Parti<strong>do</strong> Democrático, acabou por ser convida<strong>do</strong> pelo Almirante<br />

Cândi<strong>do</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> Reis para integrar a comissão organiza<strong>do</strong>ra<br />

da revolução de 1910.<br />

Não andará longe da sua atividade política, exclusivamente<br />

devida ao seu reconheci<strong>do</strong> mérito, a sensibilidade<br />

desenvolvida a partir da sua maturidade pelos ideais maçónicos<br />

de inspiração francesa, subjacentes à revolução<br />

republicana. Nesse <strong>do</strong>mínio, foi inicia<strong>do</strong> com 40 anos (em<br />

1893) na loja Portugal, <strong>do</strong> Grande Oriente Lusitano Uni<strong>do</strong>,<br />

onde desempenhou altos cargos, com o nome simbólico<br />

de Mercúrio, ten<strong>do</strong> culmina<strong>do</strong> a sua ascensão no grau<br />

7º (em 1918). Após a Revolução passou a pertencer à<br />

centenária loja Acácia, também a Oriente de Lisboa, onde<br />

foi Venerável.<br />

Daí que no ano da revolução tenha si<strong>do</strong> logo nomea<strong>do</strong><br />

Ministro da Guerra <strong>do</strong> Governo Provisório,em 05.10.1910(tinha<br />

então 57 anos de idade), de que foi titular até 1922,<br />

desempenhan<strong>do</strong> pelo meio o cargo de deputa<strong>do</strong> e ten<strong>do</strong><br />

mesmo chega<strong>do</strong> a estar preso durante o si<strong>do</strong>nismo (foi<br />

Ministro da Guerra nos perío<strong><strong>do</strong>s</strong> intercalares de<br />

1910/1911,de 1912/1913 e de em 1922).<br />

Nesse tempo demonstrou ser um homem de Esta<strong>do</strong> e<br />

com muitos méritos na área da educação e instrução da<br />

reforma das Forças Armadas de 1911. Para isso criou as<br />

Escolas de Regimento ou de Corpo (escolas primárias em<br />

to<strong><strong>do</strong>s</strong> os Regimentos), criou meios de instruir recrutas e<br />

cidadãos, em reserva, e criou o atual Instituto <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Exército</strong>, então designa<strong>do</strong> por Instituto Profissional <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

<strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> de Terra e Mar, vocaciona<strong>do</strong> para o<br />

ensino profissional e instituí<strong>do</strong> sob a égide da reforma<br />

militar e educativa republicana. Depois desse perío<strong>do</strong>,<br />

passou a ocupar o cargo de presidente da Câmara Municipal<br />

de Lisboa.<br />

Promovi<strong>do</strong> posteriormente a General, a 20.06.1914,<br />

candidatou-se à Presidência da República em 1915 e em<br />

1919, mas nunca foi eleito. A 16.02.1920 foi eleito Sena<strong>do</strong>r<br />

e Presidente <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>, honroso cargo que ocupou<br />

até 1926.<br />

Paralelamente recebeu as mais elevadas condecorações:<br />

Grau de Oficial da Real Ordem Militar de São Bento de<br />

Aviz, em 1894; Medalha Militar de Prata de Comportamento<br />

Exemplar, em 1902; Medalha Militar de Prata da<br />

Classe de Bons Serviços, em 1902; Comenda<strong>do</strong>r da Real<br />

Ordem de São Bento de Aviz, em 1905; Louvor atribuí<strong>do</strong><br />

por D. Carlos, em 1908; Grande Oficial da Ordem Militar<br />

de Aviz, em 1919; Medalha Militar de Ouro de Comportamento<br />

Exemplar, em 1919; Grã-Cruz da Ordem Militar<br />

(continua na página seguinte) <br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 43


DAViD SeQUerrA<br />

19430333<br />

(continuação da página anterior)<br />

de Santiago da Espada, em 1919; Grã-Cruz da Ordem<br />

Militar de Aviz, em 1920; Grã-Cruz da Ordem de Mérito<br />

Militar de Espanha, em 1922.<br />

António Xavier Correia Barreto morreu a 15.08.1939,<br />

em Sintra, com a vetusta idade de 86 anos e ao cabo de<br />

uma vida repleta de sucessos e com o maior reconhecimento<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> português, fican<strong>do</strong> para sempre associa<strong>do</strong><br />

ao nome <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> <strong>Exército</strong>, pela visão e pela<br />

genialidade que levaram à criação desta casa, também hoje<br />

44 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

1911 – querer é poder – 2011<br />

Na radiosa manhã de 1 de Junho “ Dia Mundial da<br />

Criança”, cumpriu-se mais uma etapa <strong>do</strong> percurso<br />

de plantação de 100 árvores, em sintonia com os ideais <strong>do</strong><br />

Centenário <strong>do</strong> IPE.<br />

Desta vez foi na Quinta <strong>do</strong> Conde, Concelho de Sesimbra,<br />

no fron<strong><strong>do</strong>s</strong>o Parque da Vila, de invulgar qualidade.<br />

A miudagem das Escolas locais abrilhantaram a sessão<br />

homenageante <strong><strong>do</strong>s</strong> 100 anos, estan<strong>do</strong> a APE representada<br />

por David Sequerra, Fernan<strong>do</strong> Romão, Aníbal Ferreira e<br />

Eduar<strong>do</strong> Vergueiro, que conduziram uma mensagem simbólica<br />

<strong>do</strong> presidente da <strong>Associação</strong>, Américo Ferreira,<br />

ausente em Luanda (Angola).<br />

O Município Sesimbrense fez-se representar pelo seu<br />

Presidente, Arquitecto Augusto Pólvora, acompanha<strong>do</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

100 Anos 100 Árvores<br />

Na Quinta <strong>do</strong> conde<br />

verea<strong>do</strong>res Dr. Américo Gigoloto o Eng.º Sérgio Marcelino,<br />

além da Dr.ª Ana Campos e Eng.ª Luísa Viegas, <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

Serviços Técnicos que viabilizaram a feliz iniciativa e <strong>do</strong><br />

Presidente da Junta de Freguesia da Quinta <strong>do</strong> Conde,<br />

Victor Antunes, as crianças foram atentamente acompanhadas<br />

pelas suas solicitas Professoras.<br />

Em local adequa<strong>do</strong> <strong>do</strong> belíssimo Parque foi descerrada<br />

uma placa evocativa da efeméride, com texto evocativo<br />

de “pilões” Sesimbrenses. Usaram da palavra Bernar<strong>do</strong><br />

Martins, pela AMARSUL, David Sequerra pela APE e o<br />

próprio Presidente da Edilidade.<br />

Depois foi o “arregaçar de mangas” e a plantação das<br />

100 árvores, com esforço conjunto de adultos e crianças.<br />

As fotos anexas e este texto são bem elucidativos. E a<br />

festiva sessão terminou com a distribuição de sacos lembrança<br />

à miudagem, entre aplausos e saudações elogiosas<br />

ao IPE e à sua <strong>Associação</strong> de ex-alunos.<br />

centenária, certamente fruto da solidez <strong><strong>do</strong>s</strong> ideais que<br />

estiveram na sua origem.<br />

(V., para maior desenvolvimento <strong>do</strong> tema, entre outros<br />

websites, http://www.centenariorepublica.pt/escolas/personalidade-republica/ant%C3%B3nio-xavier-correia-barreto,<br />

para além de http://www.infopedia.pt/$antonio-xaviercorreia-barreto<br />

e de http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%<br />

C3%B3nio_Xavier_Correia_Barreto).<br />

Nota: O texto foi elabora<strong>do</strong> com base na versão da norma europeia<br />

da língua portuguesa constante <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> Ortográfico da Língua<br />

Portuguesa, assina<strong>do</strong> em Lisboa em 16.12.1990 e em vigor desde<br />

01.01.2010.


<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 45


DAViD PAScoAL roSADo<br />

19850253<br />

46 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

cultura e coNhecimeNto<br />

De Henrique de Paiva couceiro a Júlio da costa Pinto:<br />

as incursões, a monarquia <strong>do</strong> Norte e o Heroísmo Português<br />

“Pelo santo nome de Deus juro e prometo ser fiel ao Rei, entregar-lhe o governo da Nação logo que<br />

Sua Majestade volte ao Reino e cumprir com zelo os deveres <strong>do</strong> cargo que acaba de me ser confia<strong>do</strong>.” 1<br />

Ilustrações 1 e 2 – D. Luís Filipe, Príncipe Real de Portugal, acompanha<strong>do</strong> (em Luanda) por Henrique de Paiva Couceiro, Governa<strong>do</strong>r-geral de Angola;<br />

O Príncipe Real chega à cidade de Benguela no dia 6 de Setembro de 1907. 2<br />

Henrique de Paiva Couceiro ocupa um lugar indelével<br />

no âmbito da História de Portugal. Militar, administra<strong>do</strong>r<br />

e político, este herói português notabilizou-se<br />

aquan<strong>do</strong> das campanhas de ocupação colonial em Angola<br />

e Moçambique, ten<strong>do</strong>, ao longo da sua carreira, recebi<strong>do</strong><br />

vários louvores e condecorações. 3 Foi um <strong><strong>do</strong>s</strong> escassos<br />

oficiais <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> que verdadeiramente se bateram pela<br />

Monarquia nas operações que opuseram as forças monárquicas<br />

às forças republicanas (compostas essencialmente<br />

por carbonários) e que culminaram com a implantação da<br />

República em 5 de Outubro de 1910. Audaz, perseverante<br />

e corajoso, Henrique de Paiva Couceiro dignificou os<br />

ideais em que acreditava, respeitan<strong>do</strong>, como muito poucos,<br />

o juramento que – enquanto militar – tinha feito à Pátria<br />

e ao Rei. Depois da implantação da República, foi o protagonista<br />

daquelas que ficariam gravadas na memória<br />

histórica como as Incursões Monárquicas. Nunca logrou<br />

vencer os seus intentos. Não pela falta de bravura de quem<br />

o acompanhava, e muito menos por falta de audácia da<br />

sua acção de coman<strong>do</strong>.<br />

Mas foi mais longe, muito mais longe. A 19 de Janeiro<br />

de 1919, pela uma hora da tarde, foi restaurada a Monarquia<br />

no Porto, “em parada geral das tropas e no edifício <strong>do</strong><br />

Governo Civil, por não haver edifício próprio na Câmara<br />

Municipal”. Hasteou-se a bandeira azul e branca, cantou-se<br />

o hino da Carta Constitucional e estabeleceu-se uma<br />

Junta Governativa Provisória, presidida, inevitavelmente,<br />

por Henrique de Paiva Couceiro. O Governo Nacional que<br />

assumiria os poderes públicos seria constituí<strong>do</strong> em Lisboa,<br />

mas, entretanto, assumia os mesmos poderes, no Porto, esta<br />

Junta Governativa. Com excepção de Chaves, todas as<br />

cidades <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> país aderiram ao movimento de restauração<br />

da Monarquia.<br />

Em Lisboa, o movimento monárquico só viria a eclodir<br />

no dia 22 de Janeiro, sob o coman<strong>do</strong> de Aires de Ornelas,<br />

apoia<strong>do</strong> pelo Tenente-Coronel Álvaro de Men<strong>do</strong>nça. Um<br />

grupo de cerca de setenta militares e civis monárquicos,<br />

comanda<strong><strong>do</strong>s</strong> pelo Capitão Júlio da Costa Pinto (que tinha<br />

si<strong>do</strong> camarada e amigo <strong>do</strong> Príncipe Real D. Luís Filipe no<br />

Colégio Militar), 4 posicionaram-se no Forte de Monsanto,


Ilustrações n.º 3, 4 e 5 – Paiva Couceiro na Galiza (em Junho de 1912) e no 4.º e no 6.º aniversário <strong>do</strong> ataque a Chaves.<br />

hastearam a bandeira da Monarquia e estabeleceram contacto<br />

com o norte monárquico. Cerca<strong><strong>do</strong>s</strong> pelos republicanos<br />

em 24 de Janeiro e em incomensurável inferioridade<br />

numérica de recursos humanos e de recursos materiais<br />

bélicos, lutaram até ao fim.<br />

Quan<strong>do</strong>, finalmente, o Capitão Júlio da Costa Pinto<br />

caiu nas mãos <strong><strong>do</strong>s</strong> republicanos, defendeu-se com loucura,<br />

à espadeirada. Um Oficial Superior da Armada (Capitão<br />

Ilustração n.º 6 – Cabeçalho <strong>do</strong> PATRIA!, jornal monárquico <strong>do</strong> Porto.<br />

Ilustração n.º 7 – Exemplar da Proclamação que, por ordem de Paiva<br />

Couceiro, foi li<strong>do</strong> às tropas da guarnição <strong>do</strong> Porto, por ocasião da formatura<br />

em que foi restaurada a Monarquia. 5<br />

Ilustrações n.º 8, 9 e 10 – O<br />

exemplar n.º 1 <strong>do</strong> Diário da<br />

Junta Governativa <strong>do</strong> Reino de<br />

Portugal, data<strong>do</strong> de 19 de Janeiro<br />

de 1910. 6<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 47


cultura e coNhecimeNto<br />

Ilustrações n.º 11 e 12 – Folha timbrada da Junta Governativa <strong>do</strong> Reino<br />

de Portugal e papel sela<strong>do</strong>.<br />

Ilustrações n.º 13 e 14 – Papel-moeda (cunha<strong>do</strong> pela Junta Governativa<br />

<strong>do</strong> Reino) e Cartão de Identidade.<br />

de Fragata Afonso de Cerqueira, equivalente a Tenente-<br />

-Coronel), ten<strong>do</strong> presencia<strong>do</strong> toda aquela valentia, reconheceu<br />

quem era aquele oficial e prontamente interveio.<br />

Exigiu aos seus homens e ao “povo republicano” que agia<br />

como uma autêntica turba, o respeito por aquele herói<br />

de África. E in<strong>do</strong> ao encontro de Costa Pinto, tomou a<br />

iniciativa militarmente inusitada de ser ele a prestar<br />

continência ao Capitão, não ten<strong>do</strong> aceita<strong>do</strong> a espada<br />

que este lhe estendeu. Como aliás fez com Aires de<br />

Ornelas e João de Azeve<strong>do</strong> Coutinho, a quem também<br />

rendeu continência e tratou com a maior deferência.<br />

Ilustrações n.º 18 e 19 – Restauração da Monarquia em Viana <strong>do</strong> Castelo;<br />

Manifestação de monárquicos na Foz <strong>do</strong> Porto.<br />

48 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

Ilustrações n.º 15 e 16 – Bilhete postal e selos.<br />

Já no presídio, Júlio da Costa Pinto foi trata<strong>do</strong> como<br />

um preso comum, conforme aconteceu com muitos outros<br />

oficiais monárquicos que, também revoltosos, para ali tinham<br />

si<strong>do</strong> igualmente encaminha<strong><strong>do</strong>s</strong>. Sujo, roto e com as<br />

feridas por tratar, provocou a emoção desalentada de um<br />

seu antigo contemporâneo da Escola <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> (actual<br />

Academia Militar): “Ó Costa Pinto! Mas em que esta<strong>do</strong> o<br />

vejo!”. O bravo Capitão Júlio Costa Pinto desdenhou o<br />

sinal de azeda simpatia <strong>do</strong> seu antigo camarada de armas<br />

e respondeu-lhe à letra: “Você vê-me assim porque eu fui<br />

fiel ao Rei e perdi! Você também jurou fidelidade, mas ganhou<br />

Ilustração n.º 17 – Panfleto de propaganda exaltan<strong>do</strong> a restauração da<br />

Monarquia, edita<strong>do</strong> pela Junta Monárquica de Nespereira.<br />

Ilustração n.º 20 – Mapa com o posicionamento das forças monárquicas<br />

e republicanas, em Monsanto.


Ilustração n.º 21 – Extracto da carta de Henrique de Paiva Couceiro a<br />

António de Oliveira Salazar, em 31 de Outubro de 1937.<br />

porque traiu!”. Júlio Costa Pinto chegaria a ser, posteriormente,<br />

secretário pessoal e aio da Rainha Dona Amélia,<br />

no exílio, ten<strong>do</strong> exerci<strong>do</strong> com elevadíssimo brilhantismo<br />

e inefável dedicação essas funções. 7<br />

No Porto, o perío<strong>do</strong> em que a Monarquia foi restaurada<br />

terminaria apenas no dia 13 de Fevereiro. Após combates<br />

em to<strong>do</strong> o litoral centro, a guerra civil terminou com a<br />

entrada das forças republicanas no Porto. Após o colapso da<br />

Monarquia <strong>do</strong> Norte, voltou a <strong>do</strong>minar a situação política<br />

portuguesa o parti<strong>do</strong> <strong>do</strong> vale tu<strong>do</strong>, nomeadamente o Parti<strong>do</strong><br />

Democrático de Afonso Costa. Retornou-se à “República<br />

Velha” e à atrofiante agonia social que apenas teria fim<br />

no dia 28 de Maio de 1926, com o pronunciamento militar<br />

de cariz nacionalista que pôs termo à Primeira República.<br />

Para trás, ficava essa “República Velha” e ficava também o<br />

interregno da “República Nova” de Sidónio Pais (assassina<strong>do</strong><br />

em 14 de Dezembro de 1918). Ficava ainda o acontecimento<br />

inaudito da Monarquia <strong>do</strong> Norte, onde, por poucos dias,<br />

Portugal foi, ao mesmo tempo, Monarquia no Norte e República<br />

no Sul. E ficava, entre muitos outros episódios,<br />

aquilo que foi a vergonhosa Noite Sangrenta (em 19 de<br />

Outubro de 1921), onde foram brutalmente assassina<strong><strong>do</strong>s</strong>,<br />

Ilustração n.º 22 – Henrique de Paiva Couceiro, a caminho <strong>do</strong> exílio, por<br />

ter critica<strong>do</strong> a política colonial <strong>do</strong> regime salazarista.<br />

Ilustração n.º 23 – O “Certifica<strong>do</strong> de identidade e de viagem” emiti<strong>do</strong> pela<br />

então Polícia de Vigilância e Defesa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (PVDE), 8 com que Henrique<br />

de Paiva Couceiro saiu de Portugal para o seu último exílio em<br />

Espanha. Tinha 76 anos. Foi trata<strong>do</strong> por Salazar como um qualquer criminoso.<br />

entre outros, António Granjo (então presidente <strong>do</strong> Ministério),<br />

Macha<strong>do</strong> Santos (o herói da Rotunda no 5 de Outubro<br />

de 1910) e José Carlos da Maia (outro histórico da<br />

Proclamação da República Portuguesa), o comandante<br />

Freitas da Silva (secretário <strong>do</strong> Ministro da Marinha) e o<br />

coronel Botelho de Vasconcelos (antigo apoiante de Sidónio<br />

Pais). As revoluções devoram sempre os seus heróis.<br />

Monárquico convicto até ao fim, Henrique de Paiva<br />

Couceiro foi também anti-salazarista. Esquecida a sua<br />

imensa folha de serviços presta<strong><strong>do</strong>s</strong> à Pátria, foi persegui<strong>do</strong><br />

pelo Esta<strong>do</strong> Novo. Ousou mesmo afrontar Salazar, discordan<strong>do</strong><br />

da política ultramarina <strong>do</strong> Presidente <strong>do</strong> Conselho<br />

e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Novo. Sem surpresa, Salazar man<strong>do</strong>u-o ex-<br />

Ilustrações n.º 24, 25 e 26 – Paiva Couceiro,<br />

um herói português; Na sua casa<br />

de Oeiras, com o neto Manuel Calainho<br />

de Azeve<strong>do</strong> e o seu cão favorito, o “Sultão”;<br />

E a sua última fotografia.<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 49


cultura e coNhecimeNto<br />

Ilustração n.º 27 – Os poemas da derrota (Júlio da Costa Pinto), por Joaquim<br />

Leitão. Visualiza-se uma fotografia de Júlio da Costa Pinto, ainda<br />

como Tenente.<br />

50 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

Ilustração n.º 28 –<br />

Junto à Rainha Dona<br />

Amélia, aquan<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

falecimento de S.M.,<br />

em 1951.<br />

pulsar <strong>do</strong> país em 1935. E man<strong>do</strong>u prendê-lo e deportá-lo<br />

novamente em 1937. Numa altura em que Paiva Couceiro<br />

tinha já 76 anos de idade, foi leva<strong>do</strong> a sofrer, mais uma<br />

vez, as agruras <strong>do</strong> exílio.<br />

Incomodava sempre porque era um homem de brio,<br />

dignidade, carácter, tenacidade e com um distinto senti<strong>do</strong><br />

de honra. Tal como foi Júlio da Costa Pinto. Felizmente,<br />

os seus nomes ficaram grava<strong><strong>do</strong>s</strong> nos pergaminhos da História.<br />

Porque numa História que enaltece tantas vezes os<br />

seus vence<strong>do</strong>res, importa não esquecer, por todas as razões,<br />

aqueles que foram os seus heróis.<br />

1 A viagem que o S.A.R. o Príncipe Real D. Luís Filipe empreendeu<br />

a África, decorreu entre 1 de Julho e 27 de Setembro de 1907, exactamente<br />

no ano anterior ao Regicídio, quan<strong>do</strong> seria (no Terreiro <strong>do</strong> Paço)<br />

com o seu Pai (S.M. El-Rei D. Carlos) brutalmente assassina<strong>do</strong>, em 1<br />

de Fevereiro de 1908. Note-se que jamais algum membro da Família<br />

Real se tinha desloca<strong>do</strong> às colónias portuguesas em África. O Príncipe<br />

Real realizou esta viagem precisamente com o objectivo de reafirma<br />

os direitos de Portugal à posse das referidas colónias, ten<strong>do</strong> expressa<strong>do</strong><br />

claramente o desejo de realizar essa empresa, ao dizer: “Ver e conhecer<br />

o que é nosso e os lugares onde fizemos tão g andes coisas”. Sabe-se<br />

também que era necessário refutar as acusações de esclavagismo em<br />

S. Tomé e Príncipe e ainda em Angola. Sobre esta viagem, há relatos<br />

de que foi pouco apoiada. A imprensa republicana foi muito crítica (o<br />

que não constituiu nenhuma surpresa, da<strong>do</strong> o nível pouco ético e nada<br />

isento <strong><strong>do</strong>s</strong> seus jornais, onde o ódio e a ofensa gratuitos à Família Real<br />

eram materializa<strong><strong>do</strong>s</strong> de forma constante e abusiva), enquanto que outros<br />

periódicos, favoráveis à dinastia <strong><strong>do</strong>s</strong> Braganças, deram conta de to<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

os pormenores das visitas, sublinhan<strong>do</strong> a autenticidade <strong>do</strong> carácter<br />

<strong>do</strong> Príncipe e a boa recepção de que foi alvo em to<strong><strong>do</strong>s</strong> os locais onde<br />

se deslocou.<br />

2 Fórmula <strong>do</strong> solene juramento que os elementos da Junta Governativa<br />

Provisória <strong>do</strong> Reino de Portugal prestaram em 1919.<br />

3 Destacam-se as seguintes condecorações: Cavaleiro da Ordem Militar<br />

da Torre e Espada (1890), Grande Oficia da Ordem Militar da<br />

Torre e Espada (1891), Comenda<strong>do</strong>r da Ordem Militar da Torre e Espada<br />

(1896), Medalha de Prata de Mérito, Filantropia e Generosidade<br />

(1892), Medalha de Mérito Militar de Espanha (1893), Cavaleiro da<br />

Ordem Militar de São Bento de Avis (1895), Medalha de Ouro de Valor<br />

Militar (1896), Medalha de Prata Rainha D. Amélia – Expedição a<br />

Moçambique (1896), Grã-cruz da Ordem <strong>do</strong> Império Colonial (1932).<br />

4 No <strong>do</strong>cumento, lê-se (texto aferi<strong>do</strong>): “Solda<strong><strong>do</strong>s</strong>! Tendes diante de vós<br />

a Bandeira Azul e Branca! Essas foram sempre as cores de Portugal –<br />

desde Afonso Henriques, em Ourique, na defesa da nossa terra contra<br />

os moiros – até D. Manuel II, manten<strong>do</strong> contr a rebeldes africanos os<br />

nossos <strong>do</strong>mínios em Mayul, Coolella, Cuamato, e tantos outros combates<br />

que ilustraram as armas portuguesas. Quan<strong>do</strong> em 1910, Portugal<br />

aban<strong>do</strong>nou o Azul e Branco, Portugal aban<strong>do</strong>nou a sua história! E os<br />

povos que aban<strong>do</strong>nam a sua história são povos que decaem e que morrem.<br />

Solda<strong><strong>do</strong>s</strong>! O <strong>Exército</strong> é, acima de tu<strong>do</strong>, a mais alta e xpressão da<br />

Pátria e, por isso mesmo, tem que sustentá-la e tem que guardá-la nas<br />

circunstâncias mais difíceis, acudin<strong>do</strong> na hora própria contra to<strong><strong>do</strong>s</strong> os<br />

perigos, sejam eles externos ou internos, que lhe ameacem a existência.<br />

E aban<strong>do</strong>nar a sua história, é erro que mata! Contra esse erro protesta,<br />

portanto, o <strong>Exército</strong>, hastean<strong>do</strong> novamente a sua antiga Bandeira Azul<br />

e Branca. Aponta-vos Ela os caminhos <strong>do</strong> valor, da lealdade e da honra,<br />

por onde os portugueses <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> conquistar am a grandeza e a<br />

nobre fama que ainda hoje dignifica o conceito de ortugal perante as<br />

nações <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>! Juremos segui-la, solda<strong><strong>do</strong>s</strong>! E ampará-la com o nosso<br />

corpo, mesmo à custa <strong>do</strong> próprio sangue! E com a ajuda de Deus,<br />

e com a for ça das nossas cr enças tradicionais, que o Azul e Br anco<br />

simbolizam, a nossa Pátria salvaremos! Viva a Pátria Portuguesa! Viva<br />

o <strong>Exército</strong>! Viva El-Rei D. Manuel II! Porto, 19 de Janeiro de 1919.”<br />

5 Recordemos que Júlio da Costa Pinto tinha embarca<strong>do</strong> em 22 de<br />

Maio de 1908 para Angola, onde tinha si<strong>do</strong> ajudante-de-campo <strong>do</strong> Major<br />

Alves Roçadas, oficia às ordens de Henrique de Paiva Couceiro e<br />

de João de Almeida. Numa carta de 4 de Outubro de 1908, o Major<br />

Joaquim António Pereira propôs ao Governa<strong>do</strong>r Interino da Província<br />

de Angola que o Alferes Júlio da Costa Pinto fosse agracia<strong>do</strong> com a<br />

Ordem da Torre e Espada <strong>do</strong> Valor e Lealdade e Mérito, por feitos de<br />

heroísmo. Em 1910, ainda em Angola, participou nas grandes reparações<br />

na estrada de Quifangongo ao Alto Dande, passou o Carnaval em<br />

Moçamedes e, a partir de Agosto, deslocou-se para Luanda. Após o 5<br />

de Outubro de 1910, demitiu-se das suas funções militares em Angola,<br />

acaban<strong>do</strong> por ser expulso <strong>do</strong> <strong>Exército</strong> pelo Governo Provisório em<br />

1911. Numa atitude de desafio man<strong>do</strong>u celebrar missa por alma de<br />

S.M. El-Rei D. Carlos e de S.A.R. o Príncipe Real D. Luís Filipe na<br />

Igreja da Misericórdia em Luanda, a 1 de Fevereiro de 1911. Durante<br />

a década de 1910, Júlio da Costa Pinto envolveu-se nas incursões, nas<br />

revoltas e nos movimentos que tiveram em vista a causa monárquica.<br />

6 Em Novembro de 1946, o Ministro das Colónias, Marcello Caetano,<br />

atribuiu-lhe a Medalha de Serviços Relevantes, quan<strong>do</strong> este já tinha<br />

si<strong>do</strong> reintegra<strong>do</strong> na carreira militar com o posto de Capitão.<br />

7 Pode consultar-se não só este exemplar, mas a colecção completa, em<br />

Silva, J. Pereira da – Diário da Junta Governativa <strong>do</strong> Reino de Portugal.<br />

Colecção Completa, n. os 1 a 16 – 19 de J aneiro a 13 de Fevereiro<br />

de 1919, Porto, Edição <strong>do</strong> Autor, 1919.<br />

8 Em 1945, a PVDE seria substituída pela PIDE (Polícia Internacional<br />

e de Defesa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>).


JoSé PereirA<br />

19510211<br />

cultura e coNhecimeNto<br />

o califa<strong>do</strong> omíada com<br />

a capital em Damasco<br />

Retoman<strong>do</strong> o ponto em que ficámos no artigo anterior,<br />

vimos que o Califa Umar fez várias conquistas entre<br />

as quais a cidade de Jerusalém. Mas, em Novembro de 644<br />

foi assassina<strong>do</strong> por um escravo persa.<br />

Compreenden<strong>do</strong> o risco de uma guerra civil que ameaçava<br />

o Islão, nomeou, já no leito de morte um Shura ou<br />

colégio eleitoral, constituí<strong>do</strong> pelos candidatos com mais<br />

probabilidades na sucessão. Foi escolhi<strong>do</strong> Uthmanibn Affan.<br />

Em Junho de 656, um grupo de amotina<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>do</strong> exército<br />

árabe no Egipto que se haviam dirigi<strong>do</strong> a Medina para<br />

apresentarem queixas, conseguiram penetrar nos aposentos<br />

<strong>do</strong> Califa ferin<strong>do</strong>-o mortalmente. Este assassínio marcou<br />

uma viragem na história <strong>do</strong> Islão. A morte de um Califa<br />

por rebeldes muçulmanos criou um grave precedente e<br />

enfraqueceu seriamente o prestígio religioso e moral inerente<br />

ao cargo, garante de unidade <strong>do</strong> Islão. A partir daí, o<br />

único elo existente entre o governo e as tribos foi político<br />

e financeiro. Ambos penosos.<br />

Em Medina, Ali foi eleito sucessor. Mas as dissenções<br />

aumentaram e tornaram-se em autêntica guerra civil.<br />

Em Outubro de 656, Ali aban<strong>do</strong>nou Medina à cabeça<br />

<strong>do</strong> seu exército. O facto foi duplamente significativo. Em<br />

primeiro lugar, assinalou o fim de Medina como capital <strong>do</strong><br />

Império Islâmico. Em segun<strong>do</strong> lugar, era a primeira vez que<br />

um Califa conduzia um exército muçulmano para uma guerra<br />

civil contra irmãos muçulmanos. Ali venceu os seus opositores<br />

num recontro conheci<strong>do</strong> como «batalha <strong>do</strong> Camelo».<br />

Porém, o governa<strong>do</strong>r da Síria, Muawiya, passou a hostilizar<br />

Ali exigin<strong>do</strong> vingança pela morte <strong>do</strong> seu tio Uthman,<br />

o último Califa reconheci<strong>do</strong> universalmente. A situação<br />

conduziu a um confronto militar que terminou indeciso.<br />

Mas em Janeiro de 661 Ali foi assassina<strong>do</strong> por um Kharijita<br />

(grupo descontente com Ali que dele se afastara).<br />

O novo Califa foi<br />

Muawiya que transferiu<br />

a capital <strong>do</strong> Califa<strong>do</strong><br />

para Damasco, na<br />

Síria, fundan<strong>do</strong> o Califa<strong>do</strong><br />

Omíada, dan<strong>do</strong><br />

impulso considerável<br />

a novas conquistas.<br />

Assim, na Ásia<br />

Central os Árabes tomaram<br />

Herat, Cabul<br />

e Bokhara. No Norte de África foram progredin<strong>do</strong> firmemente<br />

para Ocidente em direcção ao Atlântico. Em 670<br />

atacaram Constantinopla e chegaram a <strong>do</strong>minar a parte sul<br />

da cidade, mas a campanha foi aban<strong>do</strong>nada por morte de<br />

Muawiya.<br />

Os seus sucessores continuaram as conquistas no Norte<br />

de África até Marrocos o que permitiu-lhes atacar a<br />

Península Hispânica, então sob <strong>do</strong>mínio <strong><strong>do</strong>s</strong> Visigo<strong><strong>do</strong>s</strong> já<br />

cristianiza<strong><strong>do</strong>s</strong>. Tiran<strong>do</strong> parti<strong>do</strong> de dissenções internas nos<br />

Visigo<strong><strong>do</strong>s</strong>, o exército <strong><strong>do</strong>s</strong> muçulmanos (composto por<br />

Árabes e Berberes), depois de uma primeira tentativa, invadiu,<br />

sob o coman<strong>do</strong> de Tariqueibn Ziad, a Península<br />

Hispânica derrotan<strong>do</strong> o exército Visigo<strong>do</strong> (e o seu rei<br />

Ruderico) na batalha de Guadalete no ano de 711.<br />

O amir Muça conseguira recrutar um grande número<br />

de berberes (nas terras <strong>do</strong> Norte de África que pouco<br />

tempo antes conquistara ao Império Bizantino) para a invasão<br />

da Península Hispânica, designada de terra de “infiéis”,<br />

invocan<strong>do</strong> a Guerra Santa, e levan<strong>do</strong> os muçulmanos a<br />

entrarem no espírito da Jihad.<br />

O certo é que as forças muçulmanas conquistaram a<br />

maior parte da Hispânia em poucos anos, fundan<strong>do</strong> o reino<br />

<strong>do</strong> Al Andalus cuja capital seria sedeada em Cór<strong>do</strong>va<br />

pelo amir Abd ar-Rahman.<br />

Entretanto a expansão para Oriente continuava, poden<strong>do</strong><br />

dizer-se que os muçulmanos em um século passaram a<br />

<strong>do</strong>minar extensos territórios de três continentes, desde a<br />

Península Ibérica até à Índia. O Mar Mediterrâneo ficou<br />

sob <strong>do</strong>mínio <strong><strong>do</strong>s</strong> Califas muçulmanos, o que constituiu<br />

entrave de vulto à navegação de navios de reinos europeus<br />

(cristãos) com quem tiveram guerras. Foram, por exemplo,<br />

os casos de Charles Martel na batalha de Poitiers em 732<br />

(impedin<strong>do</strong> que conquistassem a Gália) e o sucedi<strong>do</strong> com<br />

o Impera<strong>do</strong>r Carlos Magno – em finais deste século VIII e<br />

inícios <strong>do</strong> seguinte – ao enviar várias expedições militares<br />

de apoio à reconquista cristã da Península Ibérica ou Hispânica.<br />

Os Califas Omíadas e muitos outros homens ricos viviam<br />

faustosamente nas cidades e, inclusivamente, no deserto.<br />

A circunstância de a casta <strong>do</strong>minante árabe poder dispor<br />

de enormes quantias monetárias, contribuiu para o<br />

aparecimento de uma nova classe: os Mawali (sing. Mawla).<br />

Mawla era qualquer muçulmano que não pertencesse a<br />

uma tribo árabe por descendência. Incluía assim os Persas,<br />

Arameus, Egípcios, Berberes e outros não-árabes converti<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

ao Islão, e ainda alguns de língua ou origem árabe, que<br />

por qualquer motivo tivessem perdi<strong>do</strong> ou não tivessem<br />

consegui<strong>do</strong> a qualidade de membros efectivos da casta<br />

<strong>do</strong>minante.<br />

O descontentamento <strong><strong>do</strong>s</strong> Mawali encontrou expressão<br />

religiosa no movimento conheci<strong>do</strong> por Shia (de Shiatu Ali,<br />

(continua na página seguinte) <br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 51


Ui cABrAL TeLo<br />

19480265<br />

“romeu e Julieta”<br />

de Prokofiev<br />

No passa<strong>do</strong> dia 26 de Março, eu e o meu filho fizemos<br />

anos. Sim, fazemos os <strong>do</strong>is no mesmo dia. Foi uma<br />

bela prenda que a mãe dele me deu no dia em que fiz 26<br />

anos. Agora, eu com 74 e ele com 48, o “rapaz” resolveu<br />

oferecer-nos uma ida ao baila<strong>do</strong>. E lá fomos nós os três até<br />

ao teatro Camões no Parque das Nações. Abençoada Expo<br />

98 que teve o mérito de nos deixar um espaço bem aproveita<strong>do</strong><br />

agora e, que contribuiu para o desenvolvimento<br />

de uma zona da cidade que nada tinha de belo. O teatro<br />

está bom, moderno e funcional com uma capacidade perto<br />

das 1000 pessoas, e estava cheio num sába<strong>do</strong> à noite.<br />

Levava-se à cena o baila<strong>do</strong> “Romeu e Julieta” basea<strong>do</strong> na<br />

obra Sheikspereana e música de:Серге́йСерге́евичПроко́фьев.<br />

Não sabem russo? Que pena!? Eu também não! Parece<br />

que é assim; Serguei Sergueievitch Prokofiev.<br />

Este compositor russo nasceu em 1891 e foi autor de<br />

várias obras baléticas como a que vimos e também “O<br />

Amor das Três Laranjas”, a ópera “Guerra e Paz” e a obra<br />

infantil, talvez a mais conhecida “Pedro e o Lobo”.<br />

A coreografia é de John Cranko que pela primeira vez<br />

foi apresentada em Stutgard em 1962.<br />

Falemos agora daquilo que vi. Num teatro completamente<br />

cheio é um pouco deprimente ver uma companhia<br />

de baila<strong>do</strong> bastante boa, com intérpretes de boa craveira<br />

técnica serem acompanha<strong><strong>do</strong>s</strong> por música gravada. Faz<br />

falta uma boa orquestra bem dirigida com presença efectiva<br />

no fosso. Depois, o demasia<strong>do</strong> “barroco” <strong>do</strong> guarda-<br />

(continuação da página anterior)<br />

o parti<strong>do</strong> de Ali). O Xiismo começou por ser uma facção<br />

puramente Árabe e puramente política, reunida à volta das<br />

pretensões de Ali e <strong><strong>do</strong>s</strong> seus descendentes ao Califa<strong>do</strong>. A<br />

transferência da capital para Kufa, por determinação de Ali,<br />

e a sua subsequente transferência para a Síria pelos Omíadas<br />

veio trazer ao Xiismo o apoio <strong>do</strong> patriotismo local<br />

iraquiano. Observa Bernard Lewis que a verdadeira evolução<br />

<strong>do</strong> movimento iniciou-se depois da chacina de Karbala<br />

(em que foi assassina<strong>do</strong> Hussein, filho de Ali, em 680),<br />

quan<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> falha<strong>do</strong> como parti<strong>do</strong> árabe, tentou a vitória<br />

como seita islâmica. Os propagandistas xiitas apelaram,<br />

com grande êxito, para as massas descontentes e, nomea-<br />

52 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

cultura e coNhecimeNto<br />

roupa, contrastava com o cenário,<br />

demasia<strong>do</strong> modernaço para meu<br />

gosto. É triste ver uma Julieta debruçada<br />

num varandim mais pareci<strong>do</strong><br />

com um prédio da Avenida de<br />

Roma que de uma varanda ao estilo<br />

de Verona.<br />

A história é a já sabida rivalidade entre Capuletos e<br />

Montéquios com o amor nasci<strong>do</strong> contra famílias entre<br />

Julieta Capuleto e Romeo Montéquio. A música é sublime<br />

e traduz exactamente o que se vai passan<strong>do</strong> em cena.<br />

Quanto a mim, a parte mais negativa desta coreografia<br />

é que a história estan<strong>do</strong> bastante bem contada nas cenas, é<br />

muito pouco dançada, principalmente na segunda metade<br />

<strong>do</strong> II Acto e to<strong>do</strong> o Acto III. Assistimos a boas execuções<br />

baléticas no I Acto e metade <strong>do</strong> II e depois a coisa passa a<br />

uma boa “Peça de teatro em bicos <strong><strong>do</strong>s</strong> pés” como o meu<br />

filho lhe chamou, com um certo senso de humor. A própria<br />

história é também um pouco alterada pois não me lembro<br />

de que a cena final, no túmulo onde Julieta está a<strong>do</strong>rmecida,<br />

apareça o seu noivo ignorante <strong>do</strong> casamento da amada<br />

com Romeu e que acaba por ser assassina<strong>do</strong> por este.<br />

Mas enfim, per<strong>do</strong>am-se algumas adaptações aos originais.<br />

De qualquer mo<strong>do</strong> o espectáculo resulta positivo e<br />

ainda bem que foi encena<strong>do</strong> pois espectáculos desta natureza<br />

fazem bastante falta na nossa Capital.<br />

Terminámos o nosso dia de aniversário a beber um<br />

copo na Lux onde, no meio daquela confusão de jovens<br />

de copo na mão e raparigas bem vestidas e de minissaia,<br />

faziam um barulhão <strong><strong>do</strong>s</strong> diabos que nos obrigava a gritar<br />

de uns para os outros tentan<strong>do</strong> comentar entre nós, o<br />

espectáculo a que acabáramos de assistir.<br />

Deitei-me tarde, bastante rouco, mas feliz por ter passa<strong>do</strong><br />

mais um aniversário junto da mulher e filho.<br />

Se puderem, vão ao teatro Camões. Apesar <strong><strong>do</strong>s</strong> senões.<br />

Vale a pena.<br />

damente, para os Mawali, a quem a ideia de sucessão legítima<br />

[isto é: hereditária] na linha <strong>do</strong> Profeta atraía muito<br />

mais <strong>do</strong> que aos próprios Árabes. O Xiismo tornou-se,<br />

essencialmente, a expressão em termos religiosos, da oposição<br />

ao Esta<strong>do</strong> e à ordem estabelecida, cuja aceitação<br />

significava submissão ao Sunni [daqui vem Sunita] ou<br />

<strong>do</strong>utrina orto<strong>do</strong>xa islâmica.<br />

Os Mawali (persas e outros) foram atraí<strong><strong>do</strong>s</strong> pelas formas<br />

mais extremistas e intransigentes <strong>do</strong> Xiismo, em que introduziram<br />

diversas ideias religiosas novas com origem na sua<br />

anterior experiência religiosa, cristã, judaica ou persa (<strong>do</strong><br />

Zoroastrismo, por exemplo). Talvez que a mais importante<br />

seja o conceito de Mahdi («aquele que é guia<strong>do</strong> com<br />

justiça»).


ALeXANDre correiA<br />

o Sol<br />

cultura e coNhecimeNto<br />

Sol é uma presença incontornável na nossa vida de<br />

O to<strong><strong>do</strong>s</strong> os dias. É a própria definição de dia, uma vez<br />

que é o seu nascimento e ocaso que marca a diferença<br />

para a noite. É também graças a si que toda a vida na<br />

Terra é possível, o Sol irradia toda a energia que banha<br />

o nosso planeta e alimenta toda a sua dinâmica. Foi por<br />

isso justamente coloca<strong>do</strong> por muitos povos da antiguidade<br />

no mais alto pedestal da divindade. Se há entidade na<br />

Natureza que melhor pode ilustrar Deus não é senão o<br />

Sol, fonte de luz e de vida.<br />

Mas o que é realmente o Sol? Para os mais líricos<br />

talvez seja uma desilusão saber que o Sol é apenas<br />

uma banal estrela como tantas outras que podem ser<br />

observadas na escuridão nocturna. A única coisa que<br />

diferencia realmente o Sol das companheiras é tão-somente<br />

o facto de se encontrar muito mais próximo da<br />

Terra. Tal como as demais estrelas é forma<strong>do</strong> essencialmente<br />

por hidrogénio (70%) e hélio (28%), que são<br />

manti<strong><strong>do</strong>s</strong> pela acção da gravidade. Devi<strong>do</strong> à enorme<br />

quantidade de matéria que existe nas estrelas (o Sol tem<br />

cerca de um milhão de vezes mais massa <strong>do</strong> que a Terra),<br />

a pressão e a temperatura no seu interior são extremamente<br />

elevadas, permitin<strong>do</strong> que os átomos de hidrogénio<br />

se fundam uns com os outros, originan<strong>do</strong> átomos de<br />

hélio e libertan<strong>do</strong> a energia que posteriormente chega<br />

até nós.<br />

Porém, as estrelas que vemos à noite não são todas<br />

exactamente iguais, existem umas até 1000 vezes maiores<br />

<strong>do</strong> que o Sol, e outras até 10 vezes menores. Quanto<br />

mais pequenas forem, maior a sua abundância no Universo.<br />

O Sol não pertence por isso à classe mais frequente,<br />

mas ainda assim é considerada uma estrela anã (de<br />

reduzidas dimensões) e a sua classe engloba cerca de 10%<br />

de todas as estrelas <strong>do</strong> Universo. Só na nossa galáxia<br />

estima-se que possam existir tantas estrelas <strong>do</strong> tipo <strong>do</strong><br />

Sol como as pessoas que existem na Terra!<br />

O Sol é também o corpo central <strong>do</strong> sistema Solar,<br />

contem cerca de 99,9% de toda a massa <strong>do</strong> nosso sistema<br />

(planetas incluí<strong><strong>do</strong>s</strong>). A maior parte está concentrada no<br />

núcleo <strong>do</strong> Sol, local onde se dão as reacções nucleares<br />

que produzem energia. Em cada segun<strong>do</strong> que passa, o<br />

Sol perde através deste processo cerca de 4 milhões de<br />

toneladas, o que ainda assim constitui apenas uma parte<br />

residual de toda a sua massa. É assim há cerca de 5 mil<br />

milhões de anos e prevê-se que continuará a ser durante<br />

os próximos 5 mil milhões (o Sol é considera<strong>do</strong> uma<br />

estrela de meia-idade).<br />

No entanto, há medida que o tempo passa, haverá<br />

cada vez menos hidrogénio no núcleo <strong>do</strong> Sol, até que por<br />

fim só restará hélio. Nessa altura não será possível manter<br />

a produção de energia no núcleo e as reacções nucleares<br />

transferem-se para camadas menos profundas. Em<br />

resulta<strong>do</strong> disso, o Sol arrefece e expande-se, sen<strong>do</strong> provável<br />

que venha a “engolir” a Terra durante esse processo.<br />

As camadas externas <strong>do</strong> Sol perder-se-ão para o espaço,<br />

poden<strong>do</strong> mais tarde serem reaproveitadas para formar<br />

novas estrelas e planetas. Por sua vez, o hélio que ficou<br />

no núcleo <strong>do</strong> Sol transformar-se-á progressivamente em<br />

carbono, dan<strong>do</strong> origem a uma mini-estrela com aspecto<br />

de diamante, conhecida por anã-branca.<br />

Apesar de parecer imutável, o nosso Sol não é eterno<br />

e tem um ciclo de vida bem defini<strong>do</strong>. No entanto, devi<strong>do</strong><br />

ao facto de ser uma fonte de energia quase inesgotável,<br />

o Sol é também o motor de toda a vida na Terra. A sua<br />

energia entra na cadeia alimentar a partir da fotossíntese<br />

realizada pelos organismos vegetais que possuem clorofila.<br />

Através da energia luminosa que recebem <strong>do</strong> Sol,<br />

estes seres sintetizam dióxi<strong>do</strong> de carbono e água forman<strong>do</strong><br />

glicose, celulose e ami<strong>do</strong>. Mesmo os animais que não<br />

incluem plantas na sua dieta acabam por consumir os<br />

deriva<strong><strong>do</strong>s</strong> da fotossíntese que foram previamente ingeri<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

pelas suas presas.<br />

O Sol é também o motor da maioria <strong><strong>do</strong>s</strong> processos<br />

dinâmicos que ocorrem na Terra: estações <strong>do</strong> ano, vento,<br />

chuva, correntes oceânicas, rios, tu<strong>do</strong> é posto a funcionar<br />

pela energia solar. Apenas as marés (provocadas pela<br />

gravidade da Lua e <strong>do</strong> Sol) e movimentos das placas<br />

tectónicas (provoca<strong><strong>do</strong>s</strong> por movimentos <strong>do</strong> manto terrestre)<br />

escapam! Mesmo as fontes de energia fósseis<br />

(carvão, petróleo, gás natural, etc.), abundantemente<br />

utilizadas pelo homem, são o resulta<strong>do</strong> de matéria orgânica<br />

que foi acumulada durante centenas de milhões de<br />

anos.<br />

O Sol é por isso uma constante nas nossas vidas,<br />

sem ele a vida não teria si<strong>do</strong> possível, sem ele a vida<br />

não será possível de manter. Apesar <strong>do</strong> nosso Sol não ser<br />

mais <strong>do</strong> que uma pequenina estrela na imensidão <strong>do</strong><br />

oceano cósmico, é a nossa principal fonte de subsistência.<br />

A ele devemos a nossa existência e por isso faz to<strong>do</strong> o<br />

senti<strong>do</strong> celebrarmos uma vez por ano um dia dedica<strong>do</strong><br />

ao astro-rei (dia 3 de Maio). A propósito, um ano é<br />

também o tempo que a Terra demora a dar uma volta ao<br />

Sol!<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 53


ANTóNio BoAViDA PiNHeiro<br />

19460033<br />

54 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

poesia<br />

As Rugas…<br />

( de uma sénior de 84 anos…)<br />

Estas rugas que aqui vedes<br />

Não significam velhice.<br />

Porque será que não credes?<br />

Não as há na meninice!!!<br />

Que aquilo que não sofrerdes,<br />

Sem decénios que afligisse,<br />

Sem lágrimas que verterdes,<br />

E a pobreza repartisse…<br />

Minhas rugas testemunham<br />

Tantas noites acordada,<br />

Até chegar…,a alvorada,<br />

E as insónias que se impunham<br />

Dum sofrer…, sem ganha-pão…<br />

Rugas sim! Tristezas não!!!<br />

Bate ainda o coração…<br />

Rezo a Deus uma oração…<br />

(Sonetilho+ dístico, em re<strong>do</strong>ndilha maior)<br />

ANA DUArTe<br />

ex-aluna <strong>do</strong> io<br />

Vem ver-me<br />

quan<strong>do</strong> meu corpo a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong><br />

sonhar contigo<br />

quan<strong>do</strong> a chuva bater na vidraça<br />

quan<strong>do</strong> sair à rua<br />

e tentar apanhar as gotas<br />

que me fogem por entre os de<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

quan<strong>do</strong> o pôr <strong>do</strong> sol<br />

deixar uma cama de luz no mar<br />

quan<strong>do</strong> as ondas mansamente<br />

se deitarem na areia<br />

vem ver-me<br />

quan<strong>do</strong> a minha saudade<br />

fizer <strong>do</strong>er<br />

quan<strong>do</strong> o meu sorriso se apagar<br />

vem<br />

vem ver-me<br />

devagarinho, quan<strong>do</strong> estiver<br />

com pressa<br />

quan<strong>do</strong>…<br />

se quan<strong>do</strong> vieres<br />

se vieres<br />

vem ver-me.<br />

Quan<strong>do</strong>


DAViD SeQUerrA<br />

1943.0333<br />

Notas... soltas<br />

os guarda-redes da minha década<br />

Quan<strong>do</strong> me preparava para encetar um novo livro<br />

sobre as minhas memórias de 70 anos liga<strong>do</strong> ao<br />

futebol, <strong><strong>do</strong>s</strong> "pré-violinos" aos tempos que correm, dei<br />

comigo a imaginar uma croniqueta, de pura inspiração<br />

"pilónica", no jeito <strong><strong>do</strong>s</strong> já clássicos "APONTAMENTOS"<br />

que tenho redigi<strong>do</strong> para este nosso <strong>Boletim</strong>.<br />

Assim sen<strong>do</strong> dispus-me a relembrar os guarda-redes da<br />

minha década mais chegada ao Instituto, de 1942 a 1952,<br />

talvez influencia<strong>do</strong> (também) pela demasia<strong>do</strong> frequente<br />

confusão sobre quem tinha si<strong>do</strong> o goal-keeper (era assim<br />

que se dizia, muito à fina...) da tão badalada equipa <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

7-0 ao Colégio Militar, em 1948.<br />

Tem havi<strong>do</strong> quem diga – e até escreva – que o titular<br />

da camisola nº 1 desse célebre despique, no Jamor, havia<br />

si<strong>do</strong> o Medina Carreira, populariza<strong>do</strong> como "Jacaré", o 391<br />

de 1942.<br />

E não foi, como já pudemos explicar, anteriormente,<br />

prestan<strong>do</strong> justiça ao "nosso" Coronel Caseiro (1940.0277),<br />

radica<strong>do</strong> nos arre<strong>do</strong>res de Tomar e demasia<strong>do</strong> arredio da<br />

nossa APE.<br />

O Henrique Carlos (Medina Carreira) sucedeu-lhe 2<br />

anos decorri<strong><strong>do</strong>s</strong>, tiran<strong>do</strong> bom parti<strong>do</strong> da sua elevada estatura<br />

e excepcional rapidez de reflexos. Fez figura muito<br />

embora nunca se afirmasse como um super-apaixona<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

futebol.<br />

No seu ano de finalista (1951) ten<strong>do</strong> passa<strong>do</strong> a barreira<br />

clássica <strong><strong>do</strong>s</strong> 18 anos, entregou o testemunho ao bemhumora<strong>do</strong><br />

Mário Martelo (1944-0363), um "pêxito"<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

autênticos, ágil e destemi<strong>do</strong>, tiran<strong>do</strong> bom proveito <strong>do</strong> seu<br />

treino nos areais de Sesimbra.<br />

Do “Jardineiro” ao ”Bolinhas”<br />

Quan<strong>do</strong> fui aluno novo,o “craque” das balizas “pilónicas”<br />

era o DUARTE, vulgo “Jardineiro” o 354 ao<br />

Curso de Construções entronca<strong>do</strong>, destemi<strong>do</strong>, eficaz, ten<strong>do</strong><br />

à sua frente o hercúleo “MONTEIRÃO” (057 <strong><strong>do</strong>s</strong> anos<br />

30/40) e os polivalentes Godinho e Durão de Matos.<br />

O seu “reina<strong>do</strong>” foi até 1947 quan<strong>do</strong>, o sóbrio e muito<br />

atento contabilista António CASEIRO lhe sucedeu protegi<strong>do</strong><br />

pelo Clemente Ferreira e Nicolau Matias.<br />

Dessa equipa <strong><strong>do</strong>s</strong> 7-0 justo é evocar o solícito e muito<br />

inteligente “Xico” Jesuíno (097 de 1940) que tinha algumas<br />

dificuldades de visão neutralizadas pelo seu grande amor<br />

ao “jogo da bola”. Seu contemporâneo (e talvez rival?) foi<br />

o “Bolinhas”, o 111, de<br />

idêntica “fornada”, o Jorge<br />

Cabrita vin<strong>do</strong> de Moçambique,<br />

para diminuta passagem<br />

pelo “PILÃO”, até<br />

Out./1946.<br />

Só depois, em 1949/50,<br />

é que o pernilongo Medina<br />

Carreira apareceu a<br />

bom nível, seguin<strong>do</strong> as<br />

pisadas <strong>do</strong> seu cunha<strong>do</strong> Filomeno de Sá, no Salto em<br />

Altura, especialidade que o bem ginastica<strong>do</strong> também experimentou<br />

com algum sucesso.<br />

Estamos a (re)ver o compenetra<strong>do</strong> Henrique Carlos a<br />

equipar de negro muito elegante, distribuin<strong>do</strong> incitamentos<br />

e conselhos aos seus colegas de equipa, em especial<br />

aos <strong>do</strong> seu Curso “pilónico”, Donal<strong>do</strong> Duarte (228), Raul<br />

Verde “Maruka” (322) e “Zé” Soromenho Preto (326).<br />

Não foi o “Jacaré” quem actuou nos tais 7-0 mas justo<br />

é referir que na muito “sumarenta” década de 40, o Medina<br />

Carreira enfileirou, com garbo, na bem preenchida<br />

lista <strong><strong>do</strong>s</strong> guarda-redes <strong>do</strong> IPE.<br />

Para que conste – em mais destes despretensiosas “Notas<br />

Soltas”.<br />

Um Alegre convívio <strong><strong>do</strong>s</strong> clássicos<br />

“Bridgedeiros”<br />

comes e bebes em vez de baralhos….<br />

S ob o entusiástico “coman<strong>do</strong>” <strong>do</strong> bem conheci<strong>do</strong> Jaime<br />

Leite (19440319) os denomina<strong><strong>do</strong>s</strong> “bridgedeiros”, que<br />

muito animam a vida da APE, encerraram a época de<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 55


Notas... soltas<br />

2010/11 com um anima<strong>do</strong> convívio que meteu praticantes<br />

<strong>do</strong> baralho e “ilustres” convida<strong><strong>do</strong>s</strong>.<br />

Foi na tarde de 5 de Julho p.p., com “comes e bebes”<br />

bem selecciona<strong><strong>do</strong>s</strong> para regalo de dezena e meia de “pilões”,<br />

ten<strong>do</strong> a prática <strong>do</strong> “bridge” como pano de fun<strong>do</strong>.<br />

O Jaime Leite foi o anima<strong>do</strong>r principal estan<strong>do</strong> a<br />

“equipa <strong>do</strong> <strong>Boletim</strong> bastante bem representada” (David<br />

Sequerra, Borges Correia e Fernan<strong>do</strong> Pires). Em mea<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

de Setembro os “bridgedeiros “prometem reaparecer, após<br />

merecidas férias <strong><strong>do</strong>s</strong> 4 naipes. Boa ideia este convívio.<br />

Luís Silvestre (19570002)<br />

Não se trata de caso raro mas<br />

justifica esta brevíssima referência.<br />

O 2 de 1957 (um bom ano<br />

de produção “pilónica”) viveu largos<br />

anos afasta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Instituto e da<br />

<strong>Associação</strong> e, quase de repente zás,<br />

ei-lo a conviver connosco e muito<br />

bom nível. Foi no almoço nortenho<br />

e na belíssima sessão reflexiva de 28 de Junho p.p., no<br />

Palácio Valadares (ao Carmo).<br />

O Silvestre redescobriu, alegremente a sua condição<br />

de ex-aluno de uma década histórica, com alternância de<br />

bons e maus motivos evocativos. Mas o que é verdadeiramente<br />

importante é a redescoberta de tantos “pilões” <strong>do</strong><br />

seu tempo e não só, como é o meu caso, o de um veterano<br />

que gostou de conhecer o 2 e lhe dedica este pequeno<br />

naco nas soltas.<br />

Um português “pilónico” em Timor<br />

Filho de “pilão” não pode (nem deve!) menosprezar sua<br />

“costela” afectiva. É bem o caso <strong>do</strong> Bruno Lencastre,<br />

filho <strong>do</strong> “Zé” Manuel Lencastre (19540319) componente<br />

<strong>do</strong> CG da APE e valioso elemento da Comissão Redactorial<br />

<strong>do</strong> “<strong>Boletim</strong>”.<br />

Em missão diplomática bem longe de Portugal, exactamente<br />

em Díli (TIMOR), o Dr. Bruno Lencastre deu<br />

56 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

especial alegria a seus Pais ao contrair matrimónio com a<br />

jovem Zenilda Gusmão, filha <strong>do</strong> 1º Ministro Timorense e<br />

figura histórica da novel nação, Kay Yarala Gusmão (Xanana<br />

Gusmão).<br />

Foi a 6 de Agosto p.p. na Igreja de Santo António de<br />

Motael, em Díli com uma verdadeira elite de convida<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

e o nosso “Zé” Lencastre feliz da vida, permanecen<strong>do</strong> em<br />

Timor mais algumas semanas em constante divulgação <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

méritos e anseios <strong>do</strong> Instituto. Registámos tal evento e<br />

felicitamos o “Zé” e os noivos de Díli.<br />

A visita de um veterano<br />

Em pleno Verão, alegre e bem acompanha<strong>do</strong>, visitou-nos<br />

um <strong><strong>do</strong>s</strong> mais representativos “pilões” na condição de<br />

veterano: o “nosso” Coronel Fernan<strong>do</strong> Matos, o 322 de<br />

1934, finalista de Contabilista em 1941/42, já lá vão uns<br />

anitos… Cadete de A.M. em fim de guerra (1945) cumpriu<br />

valiosa carreira, com missões no Ultramar, onde conviveu<br />

com alguns “pilões” de idêntica afecção aos ideais <strong>do</strong> Instituto<br />

como o Jaime Leite, o Queirós de Azeve<strong>do</strong> e o<br />

Borges Correia que estavam na <strong>Associação</strong> quan<strong>do</strong> da<br />

estimada visita <strong>do</strong> Coronel Fernan<strong>do</strong> Matos, em vésperas<br />

de cumprir 89 anos de idade, alardean<strong>do</strong> belíssima forma<br />

física e assinalável frescura mental. Um “pequeno grande”<br />

pormenor: o 322 de há 77 anos ostentava no seu casaco<br />

o emblema da APE, com a palma <strong>do</strong>urada <strong>do</strong> cinquentenário<br />

de sócio. Uma visita digna deste apontamento.<br />

Um feliz acaso<br />

– Salvé ! Leonel Ferreira!<br />

Por mero acaso, de tónica feliz, numa viagem estival ao<br />

caloroso Alentejo (fluviário de Mora, uma visita que<br />

vale a pena cumprir) beneficiei da convivência de um<br />

“pilão” de qualidade, leitor atento deste “<strong>Boletim</strong>”, de<br />

belíssima carreira profissional: O Leonel Ferreira<br />

(19820487), da mesma fornada <strong><strong>do</strong>s</strong> tão dedica<strong><strong>do</strong>s</strong> Nelson<br />

Brito e Vaz Baptista, actual “Finance Controller” da Empresa<br />

Family Frost (Gela<strong><strong>do</strong>s</strong> e Congela<strong><strong>do</strong>s</strong>).<br />

Está bem lança<strong>do</strong>, a confirmar<br />

o seu Curso de Contabilistas<br />

termina<strong>do</strong> há um<br />

pouco mais de 2 décadas.<br />

Quan<strong>do</strong> se encontram 2<br />

“pilões”, mesmo que seja pela<br />

primeira vez (e foi o caso) é<br />

sempre um motivo de júbilo<br />

e alegria. Salvé!


DAViD SeQUerrA<br />

19430333<br />

Notas... rapidíssimas<br />

Embora sem pretender fazer concorrência ao superbadala<strong>do</strong><br />

TVG, quanto à rapidez de duvi<strong><strong>do</strong>s</strong>a utilidade,<br />

insisto nesta rubrica de sugestivo nome, tentan<strong>do</strong> a síntese<br />

como linha de rumo. Matéria nunca me falta, inspiração<br />

"pilónica" e o estímulo recebi<strong>do</strong> <strong>do</strong> Fernan<strong>do</strong> Pires também<br />

ajudam. Assim sen<strong>do</strong> vamos a isto.<br />

<br />

Um pouco antes <strong>do</strong> Verão, com confessada alegria,<br />

revimos na APE um <strong><strong>do</strong>s</strong> mais hábeis futebolistas da<br />

minha geração – o Carlos Monteiro (1944.0148), Coronel<br />

S.A.M. de curiosa alcunha, herdada <strong>do</strong> seu antecessor<br />

directo: o "Pôia". Entusiasta <strong>do</strong> futebol (e <strong>do</strong> Sporting) fez<br />

sucesso nas equipas "pilónicas" e da Academia, como interior<br />

direito, ao modelo de Vasques e de Araújo, há uns<br />

bons 60 anos. Muito jeito e intensa "genica", grande Carlos!<br />

Agora não está em grande forma, infelizmente, mas<br />

tenho a certeza que vai gostar bastante desta evocação os<br />

seus <strong>do</strong>tes de futebolista. Toca a reagir, depressa. E aquele<br />

abraço!<br />

<br />

Na bem elaborada Exposição sobre o Centenário da<br />

República, na zona histórica <strong>do</strong> Convento <strong>do</strong> Carmo<br />

mereceram destaque as insignes figuras <strong><strong>do</strong>s</strong> Drs. João Soares<br />

e Álvaro Viana de Lemos, <strong>do</strong>is pedagogos de excelência<br />

que muito contribuíram para um novo Portugal.<br />

Fotos de muito boa dimensão, lugares de vincada evidência,<br />

oportunas referências biográficas mas (há sempre<br />

um mas...) sem adequada citação das suas actividades nos<br />

PUPILOS DO EXÉRCITO. Curiosamente, os <strong>do</strong>is pedagogos<br />

em causa faziam questão de assinalar, nas suas obras<br />

escritas e nas intervenções faladas, que tinham lecciona<strong>do</strong><br />

nos <strong>Pupilos</strong>. Foi pena que os diligentes organiza<strong>do</strong>res da<br />

Exposição não tenham leva<strong>do</strong> tais depoimentos em linha<br />

de conta.<br />

Quanto a nós, "pilões", vamos sempre manter um intenso<br />

fluxo de gratidão para com os Drs. João Soares e<br />

Álvaro Viana de Lemos. Salvé!<br />

<br />

Eis o balancete da praxe relativamente à "construção"<br />

literária <strong>do</strong> nosso <strong>Boletim</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> 100 anos, o nº 221 de<br />

emotiva série: as 64 páginas foram preenchidas por textos<br />

de 30 "arquitectos da escrita", <strong>do</strong> Américo Ferreira ao<br />

jovem Felipe Coisinhas, com algumas apreciáveis novidades<br />

e uma média geral bastante elevada. Destaques<br />

para a sumarenta entrevista ao CEMFA" (bom trabalho<br />

Manuel, Lencastre e Fernan<strong>do</strong>!) e para as estreias, de bom<br />

agra<strong>do</strong>, de Queirós d' Azeve<strong>do</strong>, <strong>do</strong> José Nunes da Cruz,<br />

<strong>do</strong> "Quim" Cabo Verde, <strong>do</strong> Fernan<strong>do</strong> Cristo e <strong>do</strong> Fernan<strong>do</strong><br />

Romão.<br />

Excelente, (de novo...) o texto da jovem Mariana Terra<br />

da Mota (pg. 61) e lembrança justa <strong>do</strong> consegui<strong>do</strong> esforço<br />

<strong>do</strong> José António Rosa<strong>do</strong>, nos <strong>do</strong>mínios da Publicidade.<br />

Trinta colabora<strong>do</strong>res – um retumbante recorde!<br />

<br />

Nas festividades de Maio foi bom termos revisto e<br />

abraça<strong>do</strong> o Gonçalo Mendes da Maia, nome pomposo<br />

de um"pilão" convicto, o 4 de 1937, Coronel S.A.M.<br />

Já oitentão, de muito bom espírito pilónico, o Gonçalo<br />

é um <strong><strong>do</strong>s</strong> ex-alunos mais antigos devota<strong><strong>do</strong>s</strong> da APE.<br />

Percebemos isso mesmo perante a emoção com que cantava<br />

o nosso hino, no desfile da "malta".<br />

Calculamos que ele vai gostar desta "rapidíssima" alusão<br />

ao nosso reencontro em S. Domingos. Sabemos como<br />

ele tem sabi<strong>do</strong> sorrir às agruras da vida, como magnífico<br />

"pilão" que é. Para o Maia, o 4 que foi nosso gradua<strong>do</strong>,<br />

aquele abraço!<br />

<br />

Quem também apareceu nas<br />

festanças <strong>do</strong> Centenário foi o<br />

solene e sorridente Velez Caroço, o<br />

Julinho das nossas meninices. Dizemos<br />

solene e explicamos: o nosso<br />

Coronel está de cabeça totalmente<br />

encanecida e plena verticalidade de<br />

postura, disfarçan<strong>do</strong> bem a sua<br />

conhecida idade. Orgulha-se da magnífica carreira diplomática<br />

de seu Filho, agora em Brasília, e da qualidade<br />

humana e profissional de sua Filha. Mas lá que devia aparecer<br />

mais vezes pela <strong>Associação</strong> isso é verdade que não<br />

ocultamos e daí esta amigável referência, com um muito<br />

esperançoso até breve.<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 57


Notas... rapidissimas<br />

<br />

"nosso" Manuel Espírito Santo, de exemplar devoção<br />

O à APE, talvez para se lembrar melhor de que já passou<br />

a barreira <strong><strong>do</strong>s</strong> 90 anos, anda agora de bengalinha, toda<br />

estilizada, a dar-lhe um ar afidalga<strong>do</strong>, ele que é um republicano<br />

convicto. Fica-lhe bem e permite que se metam<br />

com ele, amigavelmente.<br />

A propósito da sua condição, o Manel relembrou que<br />

nos já tão distantes anos 20, passou pelo Instituto um<br />

aluno, de seu nome António Adelino Freitas da Silva<br />

(1917.0203) que era coxo, utilizava uma bengala de apoio,<br />

beneficiava de tolerâncias especiais e era "fera" em alemão,<br />

no Curso de Comércio. Como entrou para o Instituto não<br />

se sabe bem. Mas que marcou boa presença disso bem se<br />

recorda o magnífico nonagenário Manel.<br />

António Adelino foi "pilão" por um pouco mais de 10<br />

anos (Fev. 1917 a Agosto de 1927) e conseguiu a sua Licenciatura,<br />

nos 30, Faleceu em 1972 e ainda é recorda<strong>do</strong><br />

os irmãos Baptista ribeiro<br />

Quan<strong>do</strong> fui aluno novo, em 1943, o chefe <strong><strong>do</strong>s</strong> Serviços<br />

Administrativos era o “nosso” Capitão Mário Baptista<br />

Ribeiro, figura muito respeitada pela valia de si mesmo<br />

e também por ser Pai de <strong>do</strong>is muito cota<strong><strong>do</strong>s</strong> ex-alunos, o<br />

Hugo e o Óscar, repetidas vezes elogia<strong><strong>do</strong>s</strong>, <strong><strong>do</strong>s</strong> melhores<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> já longínquos anos 20.<br />

Enquanto a memória <strong><strong>do</strong>s</strong> tempos i<strong><strong>do</strong>s</strong> não se apaga e<br />

com a preciosa ajuda <strong>do</strong> “Manel” (Espírito Santo) que foi<br />

seu contemporâneo, nos primórdios <strong><strong>do</strong>s</strong> anos 30, evocamos<br />

hoje, com confessa<strong>do</strong> apreço, os irmãos Baptista Ribeiro<br />

– Hugo (19250396) e Óscar (19250397). Foram <strong>do</strong>is<br />

“pilões” que dignificaram o Instituto e daí a justiça plena<br />

desta lembrança.<br />

O Hugo de inteligência superior, um pouco introverti<strong>do</strong>,<br />

de notável cultura geral (sociopolítica essencialmente)<br />

atenden<strong>do</strong> à sua condição de “teenager”, por volta de<br />

1930/31, saiu <strong>do</strong> Instituto para se formar na área da Matemática<br />

Aplicada e, inconforma<strong>do</strong> com as recentes orientações<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Novo, decidiu emigrar para os Esta<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

Uni<strong><strong>do</strong>s</strong> onde se afirmou como professor Universitário de<br />

muita categoria.<br />

Foi aluno até 29/VII/1930, após 5 anos lectivos em<br />

plena evidência.<br />

58 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

<br />

muito popular “Narigueta” (Óscar Gonçalves de<br />

O Brito, o 225 de há mais de 70 anos) tem si<strong>do</strong> um <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

mais velhos ex-alunos a participar nos eventos festivos<br />

da APE. Tem si<strong>do</strong> muito satisfatório registar as<br />

emotivas presenças <strong>do</strong> muito comunicativo “Narigueta”<br />

que se orgulha da sua carreira técnica cumprida em Moçambique<br />

em mais de 3 décadas bem distribuídas por<br />

perto de uma dezena de cidades, com relevo para Tete,<br />

nos anos 60.<br />

Em Agosto de 1969 já veterano nas suas andanças de<br />

técnico conceitua<strong>do</strong>, o Óscar Brito foi louva<strong>do</strong> pelo Governo<br />

Provincial, qualifica<strong>do</strong> como “um elemento de<br />

muito alta valia dentro <strong>do</strong> Serviço Publico (SIC)”, ressaltan<strong>do</strong><br />

as facetas de coragem e dinamismo as mesmas que<br />

demonstrava como “pilão”, rema<strong>do</strong>r de 1ª categoria, à<br />

escala nacional.<br />

Ah grande “Narigueta”! To<strong><strong>do</strong>s</strong> nos orgulhamos de ti.<br />

De belíssima figura, um ar de intelectual que não<br />

enganava ninguém, o Dr. Hugo foi <strong><strong>do</strong>s</strong> mais cota<strong><strong>do</strong>s</strong> ex-<br />

-alunos da sua geração ombrean<strong>do</strong> com Fernan<strong>do</strong> Pimenta,<br />

José Serra, Aníbal de Sousa Marques, Luizélio Saraiva,<br />

Alfre<strong>do</strong> Esperança e Augusto Dias.<br />

Da Europa para os “States”, essa malta fixe de sua<br />

geração nunca esqueceu o 396 de tanta qualidade.<br />

***<br />

O Óscar ficou por cá, apesar da similitude das suas<br />

ideias relativamente às <strong>do</strong> Hugo. Mais comunicativo e<br />

talvez menos brilhante completou em 1933 o curso médio<br />

de Engenharia e encetou, de seguida, a sua carreira profissional,<br />

destacan<strong>do</strong>-se como Examina<strong>do</strong>r muito respeita<strong>do</strong><br />

da Direcção Geral de Viação em Lisboa.<br />

Também teve alguns convites para emigrar mas manteve-se<br />

pela sua Lisboa, onde nasceu em 12/XII/1911. Era<br />

só uns meses mais novo <strong>do</strong> que o nosso Instituto e comple-<br />

taria o seu centésimo ano de vida daqui por escasso tempo.<br />

Fez-se sócio da APE em 1943 e, dentro <strong>do</strong> possível,<br />

prestan<strong>do</strong> homenagem à memória de seu Pai, acompanhou<br />

a vida inicial da <strong>Associação</strong> dan<strong>do</strong> notícias <strong><strong>do</strong>s</strong> rotun<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

sucessos de seu Irmão nos Esta<strong><strong>do</strong>s</strong> Uni<strong><strong>do</strong>s</strong>.<br />

É bom que não nos esqueçamos <strong><strong>do</strong>s</strong> irmãos Baptista<br />

Ribeiro. Por isso este breve apontamento que tentaremos<br />

fazer chegar às mãos <strong><strong>do</strong>s</strong> seus descendentes.<br />

David Sequerra (1943.033)<br />

O que é é bom


FerNANDo B. PireS<br />

19550275<br />

lazer e tempos livres<br />

Programa Sugeri<strong>do</strong><br />

Uma viagem de 6 dias é tempo suficiente para visitar<br />

e desfrutar estas duas magníficas cidades. Começar e acabar<br />

em Varsóvia com uma deslocação de 3 dias a Cracóvia.<br />

A viagem entre as duas cidades é feita de comboio. Tanto<br />

na ida como no regresso é recomendável que a viagem seja<br />

iniciada ao início da manhã para que assim se possa aproveitar<br />

a parte da tarde.<br />

Com a chegada no Sába<strong>do</strong>, ao início da tarde, ainda<br />

dá para uma primeira visita de reconhecimento à chamada<br />

Cidade Velha. No <strong>do</strong>mingo uma excursão pela cidade<br />

permite uma panorâmica geral de Varsóvia e colher ideias<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> locais a visitar mais em pormenor. Uma excursão de<br />

4 horas custa cerca de 140 PLN por pessoa.<br />

Na Segunda-feira de manhã, por volta das 9:30 partida<br />

de comboio para Cracóvia com chegada prevista cerca<br />

das 13:30 horas. O preço <strong><strong>do</strong>s</strong> bilhetes de comboio, ida e<br />

volta em primeira classe, com reserva de lugar, para 2<br />

pessoas totaliza os 240 PLN (cerca de 60€).<br />

De tarde será para um primeiro reconhecimento da<br />

cidade, começan<strong>do</strong> na Praça <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong>.<br />

Polónia (Varsóvia e cracóvia)<br />

6 dias, partida Sába<strong>do</strong>, regresso Sexta-feira<br />

Terça-feira dia dedica<strong>do</strong> à visita a um local muito especial,<br />

memória de to<strong><strong>do</strong>s</strong> os que pereceram às mãos <strong>do</strong><br />

nazismo e que tem na Europa o seu símbolo mais terrível<br />

e negro que são os campos de concentração de Auschwitz<br />

e Birkenau (também chama<strong>do</strong> Auschwitz 2).<br />

Para terminar, a visita a Cracóvia, é dedica<strong>do</strong> o dia<br />

inteiro de Quarta-feira com especial destaque para o Castelo<br />

Real na Cidadela de Wawel.<br />

A viagem de regresso a Varsóvia é também feita de<br />

manhã, com a partida <strong>do</strong> comboio cerca das 9 horas, fican<strong>do</strong><br />

o resto da tarde de Quinta-feira para completar a<br />

visita a esta tão importante e bonita cidade.<br />

Quan<strong>do</strong> viajar:<br />

No nosso caso, escolhemos como habitualmente o mês<br />

de Maio, altura em que, em termos de clima, é menor o<br />

risco de nos confrontarmos com uma chuva desagradável<br />

ou até mesmo de frio. Apesar de ainda ter ocorri<strong>do</strong> alguma<br />

chuva não foi nada que impedisse um bom aproveitamento<br />

<strong>do</strong> tempo que passámos neste país.<br />

Como viajar:<br />

Há voos directos para Varsóvia pelo que sugerimos que<br />

a visita seja iniciada e terminada em Varsóvia.<br />

As deslocações para Cracóvia e regresso são efectuadas<br />

de comboio. Os preços <strong>do</strong> comboio são bastante acessíveis<br />

<strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército 59


lazer e tempos livres<br />

e recomenda-se a 1ª classe. Os bilhetes são compra<strong><strong>do</strong>s</strong>,<br />

preferencialmente, de véspera na Estação central.<br />

O Bilhete de avião na TAP para duas pessoas ida e<br />

volta é de cerca de 550€.<br />

onde ficar:<br />

Tanto em Varsóvia como em Cracóvia é recomendável<br />

a escolha dum hotel cerca da estação central e a reserva pode<br />

ser feita pela internet através <strong>do</strong> sítio www.booking.com<br />

Num hotel de 3 estrelas a diária, <strong>do</strong>rmida e pequeno-<br />

-almoço, ronda os 130€.<br />

Locais a visitar:<br />

Varsóvia: Como são tantos os locais de interesse a visitar,<br />

apenas destacamos alguns: Cidade Velha; Palácio Real<br />

com a Coluna de Sigismun<strong>do</strong> na Praça em frente, Praça<br />

da Cidade Velha, Catedral de S. João. Cidade Nova; Praceta<br />

da Cidade, Casa de Marie Curie (prémio Nobel da<br />

Química). No Centro da cidade; Monumento a Nicolau<br />

Copérnico (em frente ao Palácio Staszic) Palácio da Cultura<br />

e Ciência (a torre construída e oferecida pelo governo<br />

soviético à cidade em 1955), Tumulo <strong>do</strong> Solda<strong>do</strong><br />

desconheci<strong>do</strong>, Monumento à Revolta de Varsóvia, Monu-<br />

60 <strong>Boletim</strong> da associação <strong><strong>do</strong>s</strong> PuPilos <strong>do</strong> exército<br />

mento aos heróis <strong>do</strong> Gueto de Varsóvia e Parque Lazienki<br />

onde se encontra o Monumento a Chopin.<br />

Cracóvia: Praça <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong>, Basílica de Santa Maria,<br />

Palácio Real de Wawel no interior das Muralhas da Cidadela,<br />

com o mesmo nome, onde se recomenda a visita aos<br />

6 museus no interior.<br />

Auschwitz e Birkenau também conhecida como Auschwitz<br />

II: Excursão de meio-dia, partida cerca das 11<br />

horas e regresso por volta das 7 da tarde. Estas excursões<br />

podem ser reservadas no próprio hotel com pelo menos 1<br />

dia de antecedência poden<strong>do</strong> o preço rondar os 110 PLN<br />

por pessoa, estan<strong>do</strong> incluí<strong><strong>do</strong>s</strong> os bilhetes de entrada nos<br />

<strong>do</strong>is campos para visita guiada, em Espanhol ou até mesmo<br />

em português.<br />

A não perder:<br />

Percorrer ambas as cidades a pé, entrar nas muitas Igrejas<br />

existentes e apreciar as diferentes arquitecturas, jantar<br />

ou almoçar, pelo menos uma vez, num restaurante da praça<br />

velha em Varsóvia e na praça <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> em Cracóvia.<br />

Informações úteis:<br />

Em Varsóvia utilizar o metropolitano, como principal<br />

meio de transporte, o preço <strong>do</strong> bilhete simples para 1 zona<br />

é de 2,80 PLN (.70€). Em Cracóvia não se torna necessário<br />

utilizar meios de transporte pois percurso a pé permite-nos<br />

chegar aos principais locais.<br />

O preço duma refeição normal tanto na Cidade Velha<br />

em Varsóvia como na Praça <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> em Cracóvia<br />

poderá rondar os 130 PLN (+/- 35€) para duas pessoas.<br />

A moeda local é o Zlote (1€ = 4,16PLN), para levantar<br />

dinheiro a melhor solução é recorrer às casas de câmbio ou<br />

então às máquinas multibanco, mas, neste caso, chama-se a<br />

atenção para as comissões que são cobradas por cada levantamento,<br />

quantos mais levantamentos mais se paga.<br />

Segurança:<br />

Em termos de segurança nada de especial a referir,<br />

trata-se de um país onde não se nota nada de anormal e<br />

onde, antes pelo contrário, se sente um ambiente bastante<br />

acolhe<strong>do</strong>r e a simpatia das pessoas é uma constante.


giggle giggle 1 1 outubro<br />

outubro

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