Carlos Martins Nabeto - Firmat Fides
Carlos Martins Nabeto - Firmat Fides
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A FÉ CRISTÃ<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
A FÉ CRISTÃ<br />
- Coletânea de Sentenças Patrísticas -<br />
1ª Edição<br />
2007<br />
- 3 -<br />
Volume 3<br />
Maria, os Santos e os<br />
Anjos
Direitos Autorais do Autor<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
NABETO, <strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong>. 1969-<br />
A Fé Cristã: Coletânea de Sentenças Patrísticas. Volume 3.<br />
São Vicente: 2007.<br />
(1ª edição, 96 páginas)<br />
Bibliografia.<br />
Registrado na Fundação Biblioteca Nacional sob o nº<br />
361.898, Livro 669, fls. 58.<br />
1. Catolicismo; 2. Patrística; 3. Patrologia; 4. Literatura<br />
cristã primitiva I. Título<br />
CDD – 281.1<br />
Índices para Catálogo Sistemático:<br />
1. Literatura cristã primitiva 281.1<br />
2. Padres da Igreja: literatura cristã primitiva 281.1<br />
3. Escritores eclesiásticos: literatura cristã primitiva 281.1<br />
4. Patrística 281.1<br />
5. Patrologia 281.1<br />
Capa: Sílvio L. Medeiros – smedeiros@veritatis.com.br<br />
+NIHIL OBSTAT<br />
pe. Caetano Rizzi - Vigário Judicial<br />
Santos, 21/12/04 – na festa de São Pedro Canízio<br />
+IMPRIMATUR<br />
Conforme o cânon 827, §3, do Código de Direito<br />
Canônico, autorizo a publicação desta obra.<br />
+d. Jacyr F. Braido<br />
Bispo Diocesano de Santos<br />
01 de janeiro de 2005<br />
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por<br />
qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos,<br />
microfilmáticos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos,<br />
Internet e e-books ou outros, sem prévia autorização, por escrito, da editora.<br />
Vedada a memorização e/ou recuperação total ou parcial em qualquer sistema<br />
de processamento de dados e a inclusão de qualquer parte da obra em<br />
qualquer programa juscibernético. Essas proibições aplicam-se também às<br />
características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos<br />
autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, cf. Lei<br />
nº 6.895, de 17.12.1980), com pena de prisão e multa, conjuntamente com<br />
busca e apreensão e indenizações diversas (artigos 102, 103 parágrafo único,<br />
104, 105, 106 e 107 itens 1, 2 e 3, da Lei nº 9.610, de 19.06,1998 [Lei dos<br />
Direitos Autorais]). O autor concede licença especial para este e-book ser<br />
armazenado e distribuído pela Internet, apenas pelos sites<br />
http://www.veritatis.com.br e http://cocp.veritatis.com.br.<br />
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A FÉ CRISTÃ<br />
“Todo aquele que der testemunho de Mim diante<br />
dos homens, também Eu darei testemunho dele<br />
diante de meu Pai que está nos céus”<br />
(Mat. 10,32).<br />
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Série “Citações Patrísticas”<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
Volume 1<br />
- A Palavra de Deus / A Profissão de Fé<br />
Volume 2<br />
- Deus Pai, Filho e Espírito Santo<br />
Volume 3<br />
- Maria, os Santos e os Anjos<br />
Volume 4<br />
- A Igreja de Cristo<br />
Volume 5<br />
- Os 7 Sacramentos / A Criação<br />
Volume 6<br />
- Escatologia e Questões Diversas<br />
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A FÉ CRISTÃ<br />
DEDICATÓRIA<br />
À minha esposa, Ana Paula,<br />
e filhos, Lucas e Victor.<br />
Aos meus pais,<br />
Modesto e Joaquina.<br />
Aos irmãos de Apostolado<br />
e a todos os meus leitores em geral.<br />
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<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
SOBRE O AUTOR<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong>, casado e pai de dois filhos, nasceu em<br />
São Vicente-SP, vindo de uma família de classe média: o pai<br />
comerciante e a mãe dona de casa.<br />
Formado e pós-graduado em Ciência da Computação pela<br />
Universidade Santa Cecília dos Bandeirantes (Uniceb); formado<br />
em Direito pela Universidade Católica de Santos (UniSantos) e<br />
pós-graduado em Direito Processual Matrimonial Canônico pela<br />
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).<br />
Trabalha como Analista de Sistemas, Professor Universitário e<br />
Advogado.<br />
Desde 1988 dedica-se ao estudo da Fé Cristã, tendo retornado<br />
conscientemente ao seio da Igreja Católica em 1991. Fundador,<br />
em 1997, do premiado site Agnus Dei, pioneiro na defesa da fé<br />
católica na Internet. Em 2002, juntamente com Alessandro<br />
Ricardo Lima, fundou o apostolado católico Veritatis Splendor<br />
(http://www.veritatis.com.br) - considerado hoje um dos<br />
maiores sites católicos em língua portuguesa – onde desde<br />
então, além de suas atribuições familiares e seculares, dedicase<br />
à publicação e tradução de artigos referentes ao Cristianismo<br />
Primitivo e à defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis.<br />
Em 2007, fundou ainda o site COCP-Central de Obras do<br />
Cristianismo Primitivo (http://cocp.veritatis.com.br),<br />
visando centralizar e disponibilizar ao grande público a íntegra<br />
de escritos do Período Patrístico.<br />
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A FÉ CRISTÃ<br />
ÍNDICE<br />
INTRODUÇÃO GERAL 17<br />
DEPÓSITO DA FÉ: A TRADIÇÃO ESCRITA E A TRADIÇÃO ORAL 17<br />
O PERÍODO PATRÍSTICO 19<br />
OCASIÃO DA PRESENTE OBRA 19<br />
MARIA, OS SANTOS E OS ANJOS 21<br />
1. MARIA 22<br />
A) DESCENDENTE DE DAVI 22<br />
B) NOVA EVA 23<br />
C) IMACULADA CONCEIÇÃO 25<br />
D) VIRGEM ANTES DO PARTO DE JESUS 28<br />
E) VIRGEM DURANTE O PARTO 30<br />
F) VIRGEM APÓS O PARTO 31<br />
G) A SEMPRE VIRGEM MARIA 33<br />
H) ASSUNÇÃO AOS CÉUS 36<br />
I) MÃE DE DEUS 41<br />
J) MARIA E A IGREJA 47<br />
K) A MAIS BEM-AVENTURADA PORQUE CREU 48<br />
2. SANTOS 50<br />
A) EXISTÊNCIA 50<br />
B) A PREDESTINAÇÃO DE ALGUNS 51<br />
C) O MARTÍRIO 54<br />
D) A EXPANSÃO DA IGREJA MEDIANTE A PERSEGUIÇÃO E O MARTÍRIO 58<br />
E) INTERCESSÃO DOS SANTOS 60<br />
F) POSSIBILIDADE DAS APARIÇÕES 62<br />
3. ANJOS 64<br />
A) SUA EXISTÊNCIA 64<br />
B) ENCONTRAM-SE HIERARQUICAMENTE ORGANIZADOS 68<br />
C) TODO HOMEM POSSUI UM ANJO DA GUARDA 70<br />
4. IMAGENS X IDOLATRIA 72<br />
A) VENERAÇÃO NÃO É ADORAÇÃO 72<br />
B) CULTO MARIANO 74<br />
C) POSSIBILIDADE DO USO DAS IMAGENS SAGRADAS 76<br />
D) O SIMBOLISMO DAS VELAS 79<br />
ANEXO - RELAÇÃO DE PADRES E ESCRITORES DO PERÍODO<br />
PATRÍSTICO 81<br />
ÍNDICE ONOMÁSTICO 86<br />
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<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
BIBLIOGRAFIA E SITES CONSULTADOS 89<br />
LIVROS (FONTES DE CITAÇÕES) 89<br />
SITES CONSULTADOS 93<br />
PARA SABER MAIS... 94<br />
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A FÉ CRISTÃ<br />
OBSERVAÇÃO<br />
Esta compilação, devidamente registrada perante as autoridades<br />
civis e eclesiásticas, é o resultado de mais de cinco anos de<br />
pesquisas e muitas horas de trabalho para sua organização e<br />
editoração final.<br />
Não obstante a isto, o Autor disponibiliza GRATUITAMENTE a<br />
presente obra na Internet, favorecendo a edificação da fé e o<br />
fomento da literatura cristã primitiva.<br />
Por esse motivo, se este livro foi de alguma forma útil para<br />
você, considere contribuir com QUALQUER VALOR que o seu<br />
coração ordenar, efetivando depósito bancário na seguinte<br />
conta-corrente:<br />
Banco 033 – Santander/Banespa<br />
Agência 0123 – Conta nº 01.029678-5<br />
Sua doação favorecerá novas pesquisas para a ampliação deste<br />
volume, bem como incentivará novos projetos do Autor.<br />
IMPORTANTE! ATENÇÃO!<br />
Esta obra (e futuras atualizações) somente poderá ser<br />
encontrada e distribuída pelos seguintes sites:<br />
APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR<br />
(http://www.veritatis.com.br)<br />
COCP-CENTRAL DE OBRAS DO CRISTIANISMO PRIMITIVO<br />
(http://cocp.veritatis.com.br)<br />
É terminantemente proibida a distribuição desta obra por outros<br />
sites e comunidades da Internet, ou por outros meios, inclusive<br />
impressos, ainda que gratuitamente ou sob qualquer alegação,<br />
nos termos legais (cf. notícia de copyright à pág. 4). Somente<br />
os sites acima indicados garantem a integridade e o conteúdo<br />
da presente obra. Em caso de dúvida, acesse um desses sites<br />
para obter gratuitamente uma cópia original desta obra.<br />
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<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
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A FÉ CRISTÃ<br />
PREFÁCIO<br />
Com imensa satisfação, vejo nascer mais um e-book da Coleção<br />
“Citações Patrísticas”, de autoria de <strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong>.<br />
Muito maior é minha alegria ao saber que o tema envolve toda a<br />
doutrina da Igreja sobre os anjos, os santos e, principalmente,<br />
Nossa Senhora. Ela, que esmaga a cabeça da serpente, também<br />
esmaga todas as heresias!<br />
A promessa de Deus feita à serpente foi cumprida, com efeito,<br />
na Santíssima Virgem: “Porei ódio entre ti e a mulher...” (Gen.<br />
3,15). De fato, Satanás não odeia a Mãe de Deus como também<br />
induz a muitos homens, que andam perdidos nas trevas, a odiála<br />
também. E não amar Maria como ela merece é uma espécie<br />
de ódio!<br />
Nesse sentido, a obra de <strong>Carlos</strong> <strong>Nabeto</strong> vem prestar o tributo<br />
devido a Nossa Senhora, demonstrando que seu culto tem<br />
origem nos primórdios do Cristianismo. Mais do que isso: tem<br />
origem na Encarnação do Verbo, quando o Arcanjo São Gabriel<br />
a saúda: “Ave, cheia de graça!” (Luc. 1,28) O anjo é o primeiro<br />
a louvá-la e nada mais fazemos do que seguir seu exemplo,<br />
como também fez Nosso Senhor Jesus Cristo e o discípulo<br />
amado, que em sua casa a recolheu após a Crucificação (Jo.<br />
19,27).<br />
Os tempos que hoje vivemos são cruciais para a Igreja. Muitos<br />
dos seus filhos, incorporados a ela e a Cristo pelo Batismo,<br />
andam afastados da verdadeira fé, professando os mais<br />
variados erros. Não escapa nem mesmo a Virgem, cujos<br />
altíssimos privilégios são rechaçados por um sem número de<br />
seitas protestantes.<br />
<strong>Nabeto</strong>, em seu mais recente e-book, oferece uma maravilhosa<br />
contribuição para esses que odeiam, na prática, a Mãe de Jesus,<br />
passem a amá-la. E amá-la com todas as veras de sua alma, de<br />
sua inteligência, de seu coração: reconhecendo que ela é a Mãe<br />
de Deus, a Bem-Aventurada e Sempre Virgem Maria, concebida<br />
sem pecado original, assumpta ao céu para lá reinar com seu<br />
Filho.<br />
Diz de Nossa Senhora o fundador dos Legionários de Cristo e do<br />
Movimento Regnum Christi, o pe. Marcial Maciel, LC:<br />
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<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
“A Maria devo tanto! Tudo nela, relacionado com a minha vida,<br />
está exposto por sua generosa entrega, por seu cuidado, por<br />
seu sacrifício, por sua fidelidade, em uma palavra, por seu amor<br />
de Mãe. Este amor me levou constantemente até Deus e apoiou<br />
minha entrega a Ele e à humanidade, e me ensinou também,<br />
desde o Cenáculo, o amor e a fidelidade à Igreja, sacramento de<br />
salvação.<br />
Maria é a minha guia em minha entrega absoluta a Deus, ao<br />
aceitar incondicionalmente sua vontade; por Ela faço uma<br />
aceitação e uma entrega sem indecisões nem reservas, alegre e<br />
confiada, generosa e desinteressada, absoluta e fiel. Foi me<br />
dada como Mãe ao pé da Cruz, e neste dom vindo do alto e<br />
saído do próprio coração de Jesus Cristo contém os segredos de<br />
minha fidelidade e gozo eterno” (Carta de 29 de Maio de 1988).<br />
Se para com a Santíssima Virgem nutrimos, os católicos,<br />
membros da única Igreja fundada por Cristo, sentimentos<br />
altíssimos de louvor e gratidão, por causa das obras que Deus<br />
nela fez, nem por isso descuidamos de prestar o devido culto de<br />
honra aos demais homens e mulheres que foram fiéis ao<br />
chamado do Espírito Santo. A esses bem-aventurados, que no<br />
céu gozam da visão beatífica, somos devedores de suas orações<br />
por nós, de toda a sua vida tornada exemplo, e de sua resposta<br />
generosa a Deus que os presenteou com as riqueza de sua<br />
graça.<br />
Também sobre os demais santos, por isso, discorre o Autor.<br />
Corrijo-me: não discorre... Deixa que os Pais da Igreja<br />
discorram, com faz com a Virgem. É a voz desses escritores<br />
eclesiásticos, primeiras testemunhas da Igreja nascente, muitos<br />
deles contemporâneos dos Apóstolos, e todos eles, sem dúvida,<br />
herdeiros dos mesmos na fé ensinada por Jeus, que se fez<br />
presente nas linhas deste e-book.<br />
Lendo-o, percebemos que a fé dos Padres, a fé da Igreja<br />
Primitiva, a fé dos primeiros cristãos, acerca da Virgem e seus<br />
privilégios, dos santos e dos anjos, de sua intercessão por nós,<br />
e do nosso culto de veneração a ele, é a fé da Igreja de hoje.<br />
Notamos claramente, pelas citações de tantos heróis da Igreja<br />
dos primórdios, que a doutrina é a mesma, e a própria Igreja é<br />
a mesma. Jesus fundou de fato uma Igreja: una, santa, católica<br />
e apostólica, e esta é aquela unida ao Sucessor de Pedro!<br />
- 14 -
A FÉ CRISTÃ<br />
Que a leitura de mais essa pérola do meu amigo <strong>Carlos</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
eleve nossa alma a Deus, confirmando-nos na fé de nossos Pais<br />
“Agostinho, Basílio, Efrém, Atanásio, Crisóstomo, Ambrósio,<br />
Leão, Gregório etc.”, e sirva de instrumento para a conversão<br />
de tantos irmãos separados, para que, de volta à Igreja<br />
Católica, louvem Maria e os santos, para a perfeita adoração de<br />
Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, Rei do Universo.<br />
Rafael Vitola Brodbeck<br />
Pelotas-RS, 13 de agosto de 2007.<br />
Memória de São Ponciano, Papa e<br />
Santo Hipólito, Presbítero, Mártires.<br />
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<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
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A FÉ CRISTÃ<br />
INTRODUÇÃO GERAL<br />
“Os melhores intérpretes das<br />
Sagradas Escrituras são os<br />
Padres da Igreja”<br />
(João Paulo II)<br />
Ingressamos, há alguns anos, no Terceiro Milênio da Era Cristã<br />
mas, desde que o Senhor Jesus ascendeu aos céus (Mc. 16,19),<br />
centenas de milhões de pessoas têm se sensibilizado por sua<br />
palavra, por sua atitude, por seu amor... É fato que após a sua<br />
ressurreição, coube sempre à Igreja o múnus de proclamar o<br />
Evangelho por todo o mundo (Mt. 28,19), contando, para isso,<br />
com o infalível auxílio do Espírito Santo (Jo. 15,26; 16,13; At.<br />
2).<br />
Peregrina neste mundo, a Igreja não raras vezes tem se<br />
defrontado com obstáculos que tentam minar a fé e a unidade<br />
dos fiéis. Um dos ataques mais comuns contra a Igreja é aquele<br />
que a acusa de "deturpar a Palavra de Deus", visto que a Bíblia<br />
seria "silente" em tal ou qual ponto da doutrina ou disciplina...<br />
Surge daí, então, a dúvida: será que a Igreja Católica atual<br />
pode ser identificada com aquela Igreja à qual Cristo empregou<br />
o pronome possessivo "minha" (cf. Mt. 16,18)?<br />
A resposta encontra-se claramente no Depósito da Fé confiado à<br />
Igreja...<br />
DEPÓSITO DA FÉ: A TRADIÇÃO ESCRITA E A TRADIÇÃO ORAL<br />
Sabe-se, inquestionavelmente, que Jesus passou todo o seu<br />
ministério público ensinando as coisas de Deus Pai por viva voz,<br />
mediante a pregação oral, com exceção de uma única vez,<br />
quando escreveu, com o dedo, na terra (cf. Jo. 8,6);<br />
infelizmente, nessa oportunidade única, nenhum dos<br />
evangelistas documentou o que ele teria escrito no chão.<br />
Igualmente, constata-se na Bíblia que Jesus jamais ordenou aos<br />
seus discípulos para que colocassem por escrito os seus<br />
ensinamentos, mas os convocou para que, assim como ele,<br />
pregassem o Evangelho a toda criatura (cf. Mc. 16,15),<br />
afirmando, ainda, que aqueles que ouvissem seus discípulos<br />
estariam ouvindo a Ele mesmo (cf. Lc. 10,16). Por isso, os<br />
primeiros escritos do Novo Testamento - as epístolas de São<br />
- 17 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
Paulo - começaram a surgir 20 anos após a ressurreição do<br />
Senhor (os primeiros evangelhos, no entanto, somente<br />
passaram a aparecer depois de 40 anos!). Percebe-se, assim,<br />
que os discípulos de Jesus obedeceram fielmente a sua ordem,<br />
primeiramente pregando e formando as primeiras comunidades,<br />
para só depois escrever e, mesmo assim, apenas quando<br />
necessário.<br />
Com efeito, o próprio São Paulo deduz a existência de duas<br />
formas de Tradição: a oral (formada pela pregação de viva voz)<br />
e a escrita (composta pelo Antigo Testamento e os novos<br />
documentos cristãos produzidos segundo a necessidade), como<br />
lemos em 2Tes. 2,15. Em momento algum a Tradição escrita,<br />
consignada na Bíblia, rejeita a Tradição oral (cf. 2Tim. 1,13,<br />
2Tes. 3,6), até porque reconhece-se explicitamente que nem<br />
todos os ensinamentos e feitos de Jesus poderiam caber dentro<br />
dos limites de qualquer livro (cf. Jo. 20,30; 21,25) e que<br />
somente a Igreja é "a coluna e o fundamento da Verdade"<br />
(1Tim. 3,15), já que ela obviamente detém, por Pedro, as<br />
chaves do Reino (cf. Mt. 16,19), podendo ligar e desligar as<br />
coisas no céu (Mt. 18,18), bem como conta com a assistência<br />
do Espírito Santo (cf. At. 2,4).<br />
Daí a autoridade da Igreja para proclamar o Reino de Deus<br />
(v.tb. Mt. 18,17) e, inclusive, para estabelecer o verdadeiro<br />
cânon bíblico. Com efeito, quem estabeleceu o cânon do Antigo<br />
(com 46 livros) e do Novo Testamento (com 27 livros) para os<br />
cristãos foi a Igreja, no séc. IV, baseando-se na Tradição Oral<br />
dos primeiros cristãos. Por isso, quem nega o valor da Tradição<br />
Oral não pode nem acatar os livros da Bíblia, vez que esta, por<br />
si só, não relaciona os livros que devem ser aceitos como<br />
legítimos.<br />
Por outro lado, boa parte daquilo que recebemos pela Tradição<br />
oral foi coletada e citada por muitos cristãos primitivos, cuja fé<br />
cristã autêntica não lhes pode ser negada ou reduzida, em seus<br />
respectivos escritos, que demonstram posições não contrárias à<br />
Bíblia ou complementares a esta. A autoridade de cada escritor,<br />
porém, está firmada sobre a sua erudição, santidade e ordem<br />
hierárquica.<br />
Daí ser inegável a importância do período Patrístico para a<br />
Igreja cristã, pois foi durante os primeiros séculos da Era Cristã<br />
que não apenas a Igreja como a própria doutrina cristã se<br />
"desenvolveram", ou seja, foram melhor explicadas,<br />
compreendidas e aceitas por toda a Cristandade.<br />
- 18 -
O PERÍODO PATRÍSTICO<br />
A FÉ CRISTÃ<br />
Geralmente compreende-se o Período Patrístico entre o final do<br />
século I (com a morte do último Apóstolo, isto é, São João) e o<br />
século VIII, inclusive. Durante todo esse período, muitas<br />
perseguições e heresias surgiram e ameaçaram os fundamentos<br />
do Cristianismo, mas graças aos esforços empreendidos por<br />
diversos cristãos - de homens e mulheres rudes e figuras<br />
anônimas a grandes bispos e teólogos, versados nas Sagradas<br />
Letras (tradição escrita) e nas Tradições Apostólicas (tradição<br />
oral) -, a fé cristã não apenas triunfou sobre os seus<br />
perseguidores e detratores como também afastou de vez o<br />
perigo de se ver contaminada pelo veneno mortal das heresias.<br />
Podemos, pois, classificar esses ilustres cristãos da seguinte<br />
maneira:<br />
a) Padres da Igreja: São aqueles homens e mulheres de Deus<br />
que, segundo os estudiosos da Patrística, reúnem as seguintes<br />
características:<br />
1) Doutrina Ortodoxa: não significa isenção total de erros,<br />
mas a fiel comunhão de doutrina com a Igreja universal;<br />
2) Santidade de Vida: na forma como se cultuavam os<br />
santos na Antigüidade cristã;<br />
3) Aprovação Eclesiástica: deduzida das deliberações e<br />
declarações eclesiásticas; e<br />
4) Antigüidade: dentro do período acima considerado (séc.<br />
I-VIII d.C.)<br />
b) Escritores Eclesiásticos: Cabe a todos os demais<br />
escritores-teólogos da Antigüidade Cristã, mesmo os que não<br />
refletem "doutrina ortodoxa" e "santidade de vida".<br />
Isto posto, nota-se que o ensino unânime dos Padres é<br />
considerado pela Igreja como regra infalível de uma verdade de<br />
fé, já que, isoladamente, nenhum Padre da Igreja pode ser tido<br />
por infalível, exceto quando foi Papa ensinando ex cathedra, ou<br />
quando certa passagem de seu escrito foi aprovado por um<br />
Concílio Ecumênico.<br />
OCASIÃO DA PRESENTE OBRA<br />
Conhecer os textos produzidos pelos primeiros cristãos além de<br />
nos ajudar a compreender melhor a nossa fé, também nos<br />
mostra que, hoje, muitas seitas voltam a pregar doutrinas já<br />
condenadas nos primórdios do Cristianismo. E se foram<br />
- 19 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
reprovadas é porque não refletiam - e não refletem! - a<br />
verdadeira fé transmitida por Cristo à sua Igreja. Exatamente<br />
por isso, não é de se estranhar que muitas pessoas tenham<br />
retornado à Igreja de Cristo após estudar seriamente os textos<br />
produzidos no Período Patrístico.<br />
Porém, embora já fosse possível encontrar em língua<br />
portuguesa algumas obras retratando personagens e ensinos ou<br />
até mesmo reproduzindo na íntegra escritos desse Período (v.<br />
Bibliografia, no final da presente obra), inexistia - até então -<br />
em nosso mercado editorial, uma obra que reproduzisse<br />
somente as passagens mais importantes de toda essa vasta<br />
produção literária, segundo uma abrangente ordem de matérias<br />
e submatérias afins. É justamente esse espaço que<br />
pretendemos preencher, "facilitando a vida", em especial, dos<br />
estudantes de Teologia, seminaristas, clérigos e catequistas...<br />
Visando também demonstrar que a doutrina da Igreja<br />
permaneceu inalterada nestes dois mil anos de Cristianismo,<br />
apresentamos cada matéria e/ou submatéria citando ainda o(s)<br />
versículo(s) bíblico(s) correspondente(s), ainda que não<br />
exaustivamente, bem como reproduzimos o ensino oficial da<br />
Igreja, quer citando o Catecismo da Igreja Católica, quer -<br />
quando isto não for possível - reproduzindo um texto retirado de<br />
alguma obra de prestígio em nosso mercado editorial.<br />
Apresentando, pois, mais de 1.600 citações dos primeiros<br />
padres e escritores da Igreja primitiva, pretendemos, por fim,<br />
tornar realidade, da forma mais simples possível, o desejo<br />
explicitamente manifestado pelos padres do Concílio Vaticano II<br />
(p.ex., decr. Presbyterorum Ordinis, nº 19). "Retornando" às<br />
fontes patrísticas, certamente estaremos adequando o nosso<br />
pensamento sobre as coisas de Deus com o ensinamento da<br />
Igreja dos primeiros tempos, solidificando a nossa fé de hoje e<br />
de sempre, já que o consenso unânime dos Padres da Igreja<br />
continua sendo considerado argumento decisivo em qualquer<br />
controvérsia teológica.<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
Aos 13 dias de Janeiro de 2005,<br />
Festa de Santo Hilário de Poitiers (+367),<br />
bispo e doutor da Igreja.<br />
- 20 -
A FÉ CRISTÃ<br />
MARIA, OS SANTOS E OS ANJOS<br />
A Igreja, que desde o início modela a sua caminhada terrena<br />
pela caminhada da Mãe de Deus, repete constantemente, em<br />
continuidade com ela, as palavras do “Magnificat”. Nas<br />
profundidades da fé da Virgem Maria na Anunciação e na<br />
Visitação, a Igreja vai haurir a verdade acerca do Deus da<br />
Aliança; acerca de Deus que é Todo-poderoso e faz “grandes<br />
coisas” no homem: “santo é o seu nome”. No Magnificat, ela vê<br />
debelado nas suas raízes o pecado do princípio da história<br />
terrena do homem e da mulher: o pecado da incredulidade e da<br />
“pouca fé” em Deus. Contra a “suspeita” que o “pai da mentira”<br />
fez nascer no coração de Eva, a primeira mulher, Maria, a quem<br />
a tradição costuma chamar “nova Eva” e verdadeira “mãe dos<br />
vivos”, proclama com vigor a não ofuscada verdade acerca de<br />
Deus: o Deus santo e onipotente, que desde o princípio é a<br />
fonte de todas as dádivas, Aquele que “fez grandes coisas” nela,<br />
Maria, assim como em todo o universo. Deus, ao criar, dá a<br />
existência a todas as realidades; e ao criar o homem, dá-lhe a<br />
dignidade da imagem e da semelhança consigo, de modo<br />
singular em relação a todas as demais criaturas terrestres. E<br />
não se detendo na sua vontade de doação, não obstante o<br />
pecado do homem, Deus dá-se no Filho: “Amou tanto o mundo<br />
que lhe deu o seu Filho unigênito” (Jo. 3,16). Maria é a primeira<br />
testemunha desta verdade maravilhosa, que se atuará<br />
plenamente mediante “as obras e os ensinamentos” (cf. At 1,1)<br />
do seu Filho e, definitivamente, mediante a sua Cruz e<br />
Ressurreição.<br />
A Igreja, que, embora entre “tentações e tribulações”, não<br />
cessa de repetir com Maria as palavras do “Magnificat”, “escorase”<br />
na força da verdade sobre Deus, proclamada então com tão<br />
extraordinária simplicidade; e, ao mesmo tempo, deseja<br />
iluminar com esta mesma verdade acerca de Deus os difíceis e<br />
por vezes intrincados caminhos da existência terrena dos<br />
homens. A caminhada da Igreja, portanto, já quase no final do<br />
segundo milênio cristão, implica um empenhamento renovado<br />
na própria missão. Segundo Aquele que disse de si: “(Deus)<br />
mandou-me a anunciar aos pobres a boa nova” (cf. Lc 4,18), a<br />
Igreja tem procurado, de geração em geração, e procura ainda<br />
hoje, cumprir esta mesma missão.<br />
(Carta Encíclica Redemptoris Mater nº 37)<br />
- 21 -
1. Maria<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
O que a fé católica crê acerca de Maria funda-se no que ela crê<br />
acerca de Cristo; mas o que a fé ensina sobre Maria, ilumina,<br />
por sua vez, a sua fé em Cristo (CIC 487).<br />
a) Descendente de Davi<br />
“José foi também da Galiléia, da cidade de Nazaré, à<br />
Judéia, à cidade de Davi, que se chamava Belém,<br />
porque era da casa e família de Davi, para se recensear<br />
juntamente com Maria, sua esposa, que estava<br />
grávida” (Luc. 2,4-5).<br />
“Deus enviou seu Filho” (Gal. 4,4), mas para formar-lhe um<br />
corpo, quis a livre cooperação de uma criatura. Por isso, desde<br />
toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho,<br />
uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré, na Galiléia,<br />
“uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa<br />
de Davi, e o nome da Virgem era Maria” (Luc. 1,26-27) (CIC<br />
488).<br />
Agostinho de Hipona<br />
"Mateus, ao estabelecer a genealogia de Cristo segundo a<br />
carne desde Abraão, o pai do povo fiel, e a continuar na<br />
linha descendente até Davi (Mt. 1,1-17) (...), teve em vista<br />
mostrar a função e dignidade real de Cristo (...) Lucas,<br />
querendo também fornecer a genealogia do Senhor segundo<br />
a carne, mas na linha sacerdotal, narra os graus de origem<br />
de seus antepassados (Lc. 3,23-38). Todavia, não menciona<br />
os mesmos nomes de Mateus, isso porque a linhagem<br />
sacerdotal não era a mesma que a linhagem de sangue<br />
real; esta teve como origem Davi. Ora, um de seus filhos<br />
(José), conforme o costume de então, desposara uma<br />
mulher da tribo sacerdotal, o que fazia Maria pertencer a<br />
uma e outra tribo, isto é, às tribos real e sacerdotal. Assim,<br />
quando José e Maria foram recenseados, está escrito serem<br />
eles da casa, isto é, da estirpe de Davi (Lc. 2,4), mas ocorre<br />
ainda que Isabel, de quem está dito ser parenta de Maria,<br />
pertencia à tribo sacerdotal (Lc 1,5.36)" (De diversis<br />
quaestionibus 83).<br />
- 22 -
) Nova Eva<br />
A FÉ CRISTÃ<br />
* * *<br />
“Porei inimizades entre a serpente e a mulher e entre a<br />
sua posterioridade e a posterioridade dela” (Gen.<br />
3,15).<br />
A Virgem Maria cooperou para a salvação humana com livre fé e<br />
obediência. Pronunciou o seu “faça-se” em representação de<br />
toda a natureza humana. Pela sua obediência, tornou-se a nova<br />
Eva, Mãe dos viventes (CIC 511).<br />
Justino Mártir<br />
"Entendemos que [Jesus] se fez homem, por meio da<br />
Virgem, a fim de que o caminho que deu origem à<br />
desobediência instigada pela serpente fosse também o<br />
caminho que destruísse a desobediência. Eva era virgem e<br />
incorrupta; concebendo a palavra da serpente, gerou a<br />
desobediência e a morte. A Virgem Maria, porém, concebeu<br />
fé e alegria quando o anjo Gabriel lhe anunciou a boa nova<br />
de que o Espírito do Senhor viria sobre ela; a força do<br />
Altíssimo a cobriria com sua sombra, de modo que o Santo<br />
que dela nasceria seria o Filho de Deus. Então respondeu<br />
ela: 'Faça-se em mim segundo a tua palavra'. Da Virgem,<br />
portanto, nasceu Jesus, de quem falam as Escrituras (...)<br />
aquele por quem Deus destrói a serpente" (Diálogo com<br />
Trifão 100,4-5).<br />
Ireneu de Lião<br />
"Por conseguinte (...) encontra-se Maria, Virgem obediente<br />
(...) Eva, ainda virgem, fez-se desobediente e tornou-se<br />
para si e para todo o gênero causa de morte. Maria, Virgem<br />
obediente, tornou-se para si e para todo o gênero humano<br />
causa de salvação (...) A partir de Maria até Eva retoma-se<br />
o mesmo círculo. Não existe outro modo de desatar o nó a<br />
não ser fazendo com que os fios da corda onde se deu o nó<br />
percorram o sentido contrário (...) Eis porque Lucas inicia a<br />
genealogia de Jesus começando pelo Senhor indo até Adão<br />
(Lc. 3,23-38), evidenciando que o verdadeiro movimento da<br />
geração não procede dos antepassados até Cristo, mas vai<br />
de Cristo a eles segundo o Evangelho da Vida. Assim é que<br />
a desobediência de Eva foi resgatada pela obediência de<br />
Maria. Com efeito, o nó que a virgem Eva atou com a<br />
- 23 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
incredulidade, Maria o desatou com a fé" (Contra as<br />
Heresias 3,22,4).<br />
"Da mesma forma que aquela (Eva) foi seduzida para<br />
desobedecer a Deus, esta (Maria) foi persuadida a obedecer<br />
a Deus, por ser ela, a Virgem Maria, a advogada de Eva.<br />
Assim, o gênero humano, submetido à morte por uma<br />
virgem, foi dela libertado por uma Virgem, tornando-se<br />
contrabalanceada a desobediência de uma virgem pela<br />
obediência de outra" (Contra as Heresias 5,19).<br />
"Foi por meio de uma virgem (=Eva) desobediente que o<br />
homem foi golpeado, caiu e morreu. Da mesma forma, é<br />
pela Virgem [Maria], obediente à Palavra de Deus, que o<br />
homem (...) encontrou de novo a vida (...) Era justo e<br />
necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, a fim de<br />
que o mortal fosse absorvido e tragado pela imortalidade e<br />
Eva fosse reconstruída em Maria. Deste modo, uma Virgem<br />
feita advogada de uma virgem, cancelou e anulou a<br />
desobediência de uma virgem com a sua obediência de<br />
virgem" (Demonstração da Pregação Apostólica 33).<br />
Efrém da Síria<br />
"O anjo Gabriel foi enviado a Maria para preparar uma<br />
morada para o seu Senhor. Nela, a raça dos homens vis e<br />
insignificantes se uniu com a raça divina que está acima de<br />
todas as paixões (...) Pela prole de Maria, tem sido<br />
abençoada aquela mãe que foi amaldiçoada em seus filhos<br />
(Gen 3,16), trazendo bênçãos, as mais profundas, a esta<br />
mulher cuja prole destruiu a morte e a Satanás. E no seio<br />
de Maria se fez criança Aquele que é igual a seu Pai desde a<br />
eternidade; comunicou-nos sua grandeza e assumiu nossa<br />
pequenez; conosco se fez mortal e nos infundiu sua vida a<br />
fim de livrar-nos da morte (...) Maria é o jardim ao qual<br />
desceu do Pai a chuva da bênção. Esta aspersão chegou até<br />
o rosto de Adão e, assim, Este recobrou a vida e se<br />
levantou do sepulcro, já que por seus inimigos tinha sido<br />
sepultado no Xeol" (Carmina Soguita 1).<br />
Epifânio de Salamina<br />
"Numa consideração exterior e aparente, dir-se-ia que de<br />
Eva derivou a vida (...) Na verdade, é de Maria que deriva a<br />
verdadeira Vida para o mundo; é ela que dá à luz o Vivente;<br />
é ela a Mãe dos viventes".<br />
"Eva trouxe ao gênero humano uma causa de morte: por<br />
- 24 -
A FÉ CRISTÃ<br />
ela, a morte entrou no orbe da terra; Maria trouxe uma<br />
causa de vida e por ela a vida se estendeu a nós. Foi por<br />
isso que o Filho de Deus veio a este mundo: para que, onde<br />
abundou o delito, superabundasse a graça; onde a morte<br />
havia chegado, aí chegou a vida, para tomar seu lugar; e<br />
aquele mesmo que nasceu da mulher para ser nossa vida,<br />
haveria de expulsar a morte, introduzida pela mulher.<br />
Quando ainda virgem no paraíso, Eva desagradou a Deus<br />
por sua desobediência. Por isto mesmo emanou da Virgem<br />
[Maria] a obediência própria da graça, depois que se<br />
anunciou o advento do Verbo revestido de corpo, o advento<br />
da eterna Vida do céu" (Panárion 78,18,1-3).<br />
Agostinho de Hipona<br />
Pelo sexo feminino caiu o homem e pelo sexo feminino<br />
encontrou o homem a sua reparação, pois uma Virgem deu<br />
à luz ao Cristo; e uma mulher anunciou a ressurreição! Pela<br />
mulher veio a morte; pela mulher chegou a vida!" (Sermão<br />
232,2).<br />
"Nossa primeira queda teve lugar quando a mulher de quem<br />
herdamos a morte concebeu, em seu coração, o veneno da<br />
serpente. A serpente, com efeito, a persuadiu a pecar e este<br />
mau conselho encontrou guarida em seus ouvidos. Se nossa<br />
primeira queda teve lugar quando a mulher concebeu em<br />
seu coração o veneno da serpente, não há de estranhar-nos<br />
que nossa saúde tenha sido restaurada quando outra<br />
mulher concebeu em seu seio a carne do Todo-Poderoso.<br />
Um e outro sexo tinham caído; um e outro tinham que ser<br />
restaurados. Por uma mulher fomos entregues à morte; por<br />
uma mulher nos foi devolvida a saúde" (Sermão 289,2).<br />
c) Imaculada conceição<br />
* * *<br />
“Deus te salve, cheia de graça; o Senhor é contigo”<br />
(Luc. 28b).<br />
Esta santidade inteiramente singular da qual Maria é enriquecida<br />
desde o primeiro instante da sua conceição, lhe vem<br />
inteiramente de Cristo: em vista dos méritos de seu Filho, foi<br />
redimida de um modo mais sublime. Mais do que qualquer outra<br />
pessoa criada, o Pai a “abençoou com toda sorte de bênçãos<br />
espirituais, nos céus, em Cristo” (Ef. 1,3). Ele a escolheu n’Ele,<br />
desde antes da fundação do mundo, para ser santa e imaculada<br />
na sua presença, no amor (CIC 492).<br />
- 25 -
Hipólito de Roma<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
"Ele (=Jesus) era a arca composta por madeira<br />
incorruptível. Com efeito, o seu tabernáculo (=Maria) era<br />
isento da podridão e corrupção" (Orat. Inillud).<br />
Orígenes de Alexandria<br />
"Esta Virgem Mãe do Unigênito de Deus chama-se Maria,<br />
digna de Deus, imaculada das imaculadas, sem par"<br />
(Homilia 1).<br />
Efrém da Síria<br />
"Que a mulher entoe louvor, à pura Maria" (Hinos da<br />
Natividade 15,23).<br />
"Somente Vós (=Cristo) e vossa Mãe sois mais belos do que<br />
qualquer outro ser. Em ti, Senhor, não há mancha alguma;<br />
na tua Mãe nada de feio existe" (Carmina Nisibena 27,8).<br />
Cirilo de Jerusalém<br />
"Que arquiteto, erguendo uma casa de moradia, consentiria<br />
que seu inimigo a possuísse inteiramente e habitasse?".<br />
Ambrósio de Milão<br />
"Maria, uma virgem não profanada, Virgem tornada<br />
inviolável pela graça, livre de toda mancha do pecado"<br />
(Sermão 22,30).<br />
João Crisóstomo<br />
"Se de nada teria servido a Maria ter dado à luz o Cristo, se<br />
não fosse plenamente rica em virtude, muito menos [a<br />
vinda de Cristo] nos ajudará" (Comentário sobre o<br />
Evangelho de João 21,3).<br />
Agostinho de Hipona<br />
"Nem se deve tocar na palavra 'pecado' em se tratando de<br />
Maria; e isto em respeito Àquele de quem mereceu ser a<br />
Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça"<br />
(Sermão 215,3).<br />
"Não entregamos Maria ao diabo por condição original pois<br />
afirmamos que sua própria condição original se anula pela<br />
graça da redenção." (Contra Juliano 4). "Exceto a Santa<br />
Virgem Maria, da qual não quero, por honra do que é devido<br />
ao Senhor, suscitar qualquer questão ao se tratar de<br />
pecados, pois sabemos que lhe foi concedida a graça para<br />
- 26 -
A FÉ CRISTÃ<br />
vencer por todos os flancos o pecado, porque mereceu ela<br />
conceber e dar à luz a quem não teve pecado algum.<br />
Exceto, digo a esta Virgem, se tivéssemos podido congregar<br />
todos os santos e santas que aqui viviam e perguntássemos<br />
se jamais tinham pecado, o que teriam respondido? (...)<br />
Não é verdade que teriam unanimemente exclamado: 'Se<br />
dissermos que não pecamos, enganamo-nos, e a verdade<br />
não está em nós'?" (De Natura et Gratia 36,42).<br />
Teotecnos de Lívias<br />
"Nasce como os querubins aquela (=Maria) que é de um<br />
barro puro e imaculado".<br />
Concílio Regional de Latrão<br />
"Maria, a Santa Mãe de Deus e imaculada Virgem (...)<br />
concebeu do Espírito Santo, sem semente viril, o próprio<br />
Deus Verbo; deu-O à luz sem perder a sua integridade e,<br />
também depois do parto, conservou inalterada a sua<br />
virgindade".<br />
João Damasceno<br />
"Posto que a Virgem Mãe de Deus nasceria de Ana, a<br />
natureza não se atreveu a se antecipar ao germe da graça,<br />
mas permaneceu sem fruto até que a graça produzisse o<br />
seu. Era conveniente, pois, que nascesse como primogênita<br />
aquela da qual haveria de nascer o Primogênito de toda a<br />
criatura, em quem subsistem todas as coisas (Col. 1,15-17).<br />
Ó venturosa companheira: a vós está sujeita toda a criação!<br />
Por meio de vós, com efeito, ofereceu o Criador o melhor de<br />
todos os dons, ou seja, aquela augusta Mãe, a única que foi<br />
digna do Criador! Ó felizes entranhas de Joaquim, da qual<br />
saiu uma descendência absolutamente sem mancha! Ó seio<br />
glorioso de Ana, no qual pouco a pouco foi crescendo e se<br />
desenvolvendo uma criança completamente pura e, depois<br />
de formada, foi dada à luz!" (Homilia I da Natividade de<br />
Maria 2).<br />
André de Creta<br />
"O corpo de Virgem é uma terra que Deus trabalhou, as<br />
primícias da massa adamítica divinizada em Cristo, a<br />
imagem verdadeiramente semelhante à beleza primitiva, o<br />
barro amassado pelas mãos do Artista divino" (Sermão da<br />
Dormição de Maria 1).<br />
"Hoje a humanidade, em todo fulgor da sua nobreza<br />
- 27 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
imaculada recebe a beleza antiga. As vergonhas do pecado<br />
tinham obscurecido o esplendor e o fascínio da natureza<br />
humana. Mas quando nasce a Mãe do Belo por excelência<br />
(=Jesus), esta natureza recupera, na sua pessoa, os antigos<br />
privilégios e é plasmada segundo um modelo perfeito e<br />
verdadeiramente digno de Deus (...) Hoje a reforma da<br />
nossa natureza começa e o mundo envelhecido, submetido<br />
a uma transformação totalmente divina, recebe as primícias<br />
da segunda criação" (Sermão da Natividade de Maria 1).<br />
Concílio Ecumênico de Nicéia II<br />
"Definimos, com todo rigor e cuidado, que, à semelhança da<br />
representação da cruz preciosa e vivificante, assim como as<br />
veneráveis e sagradas imagens pintadas quer em mosaico,<br />
quer em qualquer outro material adaptado, devem ser<br />
expostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas,<br />
nos paramentos sagrados, nas paredes e nas mesas, nas<br />
casas e nas ruas; sejam elas a imagem do Senhor Deus e<br />
Salvador Jesus Cristo, a da imaculada Senhora nossa e<br />
Santa Mãe de Deus, dos santos anjos e de todos os santos<br />
justos".<br />
* * *<br />
d) Virgem antes do parto de Jesus<br />
“Foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade da<br />
Galiléia, chamada Nazaré, a uma Virgem desposada<br />
com um varão. O nome da Virgem era Maria” (Luc.<br />
1,26b.27b).<br />
Desde as primeiras formulações da fé, a Igreja confessou que<br />
Jesus foi concebido exclusivamente pelo poder do Espírito Santo<br />
no seio da Virgem Maria, afirmando também o aspecto corporal<br />
deste evento: Jesus foi concebido “do Espírito Santo, sem<br />
sêmen” (Concílio Regional de Latrão). Os Padres vêem na<br />
conceição virginal o sinal de que foi verdadeiramente o Filho de<br />
Deus que veio a uma humanidade como a nossa (CIC 496).<br />
Inácio de Antioquia<br />
"O Filho de Deus (...) verdadeiramente nasceu de uma<br />
virgem" (Epístola aos Esmirnenses 1,1).<br />
Justino Mártir<br />
"'A Virgem há de conceber' (Is. 7,14), não do varão (...) A<br />
- 28 -
A FÉ CRISTÃ<br />
força de Deus, sobrevindo a ela, recobriu-a e fez que,<br />
embora virgem, se tornasse grávida" (Apologia 1,33).<br />
Ireneu de Lião<br />
“Que haveria de grande ou que sinal se produziria se uma<br />
jovem desse à luz após ter concebido de varão? É<br />
justamente isto o que acontece com todas as mulheres que<br />
dão à luz" (Contra as Heresias 3,21,6).<br />
Ambrósio de Milão<br />
Iria escolher Nosso Senhor Jesus para ser sua Mãe a quem<br />
se atrevesse a profanar o seio celeste com a intervenção de<br />
um varão ou uma mulher incapaz de guardar intacto o<br />
pudor virginal? Aquela com cujo exemplo estimula as<br />
demais virgens ao amor da integridade" (Da formação da<br />
Virgem 44-45).<br />
"Dissemos que José era um varão justo, dando-nos o<br />
evangelista a entender que ele não se atreveria a profanar o<br />
templo do Espírito Santo: o ventre do mistério, o corpo da<br />
Mãe de Deus" (Comentário ao Evangelho de Lucas).<br />
Agostinho de Hipona<br />
"Causa-te estranheza (ó Porfírio), porventura, o inusitado<br />
parto de uma Virgem? Nem sequer isto deve constrangerte.<br />
Digo mais: isto deve conduzir-te a aceitar a ter piedade<br />
porque Aquele que é admirável nasce admiravelmente" (A<br />
Cidade de Deus 10,29,1.2).<br />
"Entre todas as mulheres, Maria é a única a ser ao mesmo<br />
tempo Virgem e Mãe, não somente segundo o espírito, mas<br />
também pelo corpo".<br />
"Maria deu à luz corporalmente a Cabeça deste corpo. A<br />
Igreja dá à luz espiritualmente os membros dessa Cabeça.<br />
Nem em Maria, nem na Igreja, a virgindade impede a<br />
fecundidade. E nem em uma, nem em outra, a fecundidade<br />
destrói a virgindade" (Da Virgindade Consagrada 2,2).<br />
"[Maria] dedicou a sua virgindade a Deus, quando ainda não<br />
sabia a quem devia conceber, a fim de que a imitação da<br />
vida celeste no corpo terreno e mortal se fizesse por voto,<br />
não por preceito; por opção de amor, não por necessidade<br />
de serviço" (Da Virgindade Consagrada 4,4).<br />
"Está dito: 'Jesus Cristo foi formado 'da estirpe de Davi<br />
segundo a carne', conforme o Apóstolo (Rom 1,3). Isso<br />
significa que foi modelado do limo da terra (Gen 2,7) E<br />
- 29 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
nesse mesmo livro do Gênesis está posto: '(Não havia ainda<br />
nenhum arbusto sobre a terra) porque não havia homem<br />
para cultivar o solo' (Gen 2,5). Isto é, nenhum varão tocara<br />
a Virgem da qual nasceria Cristo. 'E uma fonte brotava da<br />
terra e regava toda a sua superfície' (Gen 2,6). A 'superfície<br />
da terra' significa, muito justamente, a Mãe do Senhor, a<br />
Virgem Maria, a quem o Espírito Santo irrigou. Com efeito,<br />
ao Espírito Santo, o evangelho denomina 'fonte' e 'água' (Jo<br />
4,14; 7,38-39), para que do 'limo' fosse formado aquele<br />
homem (Jesus). Foi Ele colocado no paraíso com a<br />
finalidade de trabalhá-lo e guardá-lo, isto é, cumprir e<br />
observar a vontade do Pai" (De genesi ad manichaeos<br />
2,24,37).<br />
e) Virgem durante o parto<br />
* * *<br />
“E deu à luz o seu Filho primogênito, enfaixou-o e o<br />
reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar<br />
para eles na estalagem” (Luc. 2,7).<br />
O aprofundamento da sua fé na maternidade virginal levou a<br />
Igreja a confessar a virgindade real (...) de Maria, mesmo no<br />
parto do Filho de Deus feito homem. Com efeito, o nascimento<br />
de Cristo não lhe violou, mas sagrou a integridade virginal da<br />
Sua Mãe (CIC 499).<br />
Inácio de Antioquia<br />
"O príncipe deste mundo ignorou a virgindade de Maria e o<br />
seu parto, da mesma forma que a morte do Senhor: três<br />
mistérios proeminentes que se realizaram no silêncio de<br />
Deus" (Epístola aos Efésios 19,10).<br />
Protoevangelho Apócrifo de Tiago<br />
"A gruta estava coberta por uma nuvem luminosa (...) De<br />
repente, a nuvem começou a se retirar da gruta e, lá<br />
dentro, brilhou uma luz tão forte que nossos olhos não<br />
podiam resistir a ela. Por um momento, ela começou a<br />
diminuir até o ponto em que apareceu um menino e veio<br />
tomar o peito de sua Mãe. A parteira então deu um grito,<br />
dizendo: 'Grande é para mim o dia de hoje, pois me foi<br />
possível ver, com meus próprios olhos, um novo milagre'"<br />
(17,3.20).<br />
- 30 -
Agostinho de Hipona<br />
A FÉ CRISTÃ<br />
"Nossa fé não é ficção. Nunca vimos o rosto da Virgem<br />
Maria da qual, sem contato de varão e sem detrimento de<br />
sua virgindade no parto, nasceu o Senhor Jesus Cristo<br />
milagrosamente" (A Trindade 8,5,7).<br />
"Cremos no Filho de Deus, que nasceu pelo Espírito Santo<br />
da Virgem Maria. De fato, o Dom de Deus, isto é, o Espírito<br />
Santo, é que nos valeu tão grande humildade por parte de<br />
um Deus tão magnífico, a ponto de se dignar tomar nossa<br />
natureza toda inteira no seio de uma Virgem. Veio ele<br />
habitar num seio materno, deixando-o intacto" (Da Fé e do<br />
Símbolo 4,8).<br />
"Causa-nos admiração o parto de uma Virgem (...) Sua<br />
integridade virginal permaneceu inviolada na concepção e<br />
no parto" (Sermão 192,1).<br />
Papa Gregório I Magno de Roma<br />
"Virgem que deu à luz e, enquanto dava à luz, duplicava a<br />
virgindade".<br />
"O corpo do Senhor, após a ressurreição, entrou onde se<br />
achavam os discípulos, passando por portas fechadas; esse<br />
mesmo corpo que, ao nascer, saiu do seio fechado,<br />
manifestando-se aos olhos dos homens. Não é para se<br />
admirar que o Senhor, ressuscitado para viver eternamente,<br />
tenha atravessado portas fechadas, visto que, para morrer,<br />
Ele veio a nós através do seio fechado da Virgem" (Homilia<br />
26,1).<br />
f) Virgem após o parto<br />
* * *<br />
“E deu à luz o seu Filho primogênito, enfaixou-o e o<br />
reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar<br />
para eles na estalagem” (Luc. 2,7).<br />
[Tal aprofundamento na fé da maternidade virginal leva a Igreja<br />
a professar] a virgindade real e perpétua de Maria (cf. CIC 499).<br />
Orígenes de Alexandria<br />
"Isto soa como algo de sagrado, pois para se falar<br />
propriamente, aplica-se apenas ao caso de Jesus. Ele é o<br />
único menino que abre o seio de sua Mãe. Nas outras mães,<br />
- 31 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
o seio está aberto desde antes... Só o de Maria, sagrado e<br />
digno de toda veneração, permanece intacto" (Homilia 14<br />
sobre o Evangelho de Lucas).<br />
Efrém da Síria<br />
"Virgem gerou a Luz, sem ficar com nenhum sinal, como a<br />
sarça que ardia ao fogo sem se consumir".<br />
Agostinho de Hipona<br />
“Veio Ele (=Cristo) habitar num seio materno, deixando-o<br />
intacto".<br />
"Mas os católicos (...), ao contrário, sempre creram na<br />
virgindade de santa Maria, no parto. Ele tomou de Maria um<br />
corpo real e autêntico, tendo sua Mãe permanecido virgem<br />
no parto, assim como depois do parto" (Contra Juliano<br />
1,2,4).<br />
"Na verdade, era digno e de todo conveniente, que o parto<br />
daquela que havia procriado ao Senhor do céu e da terra, e<br />
que permaneceu virgem após ter dado à luz, fosse<br />
celebrado não somente com festejos humanos, mas com<br />
cânticos sublimes de louvor pelos anjos" (Sermão 193,1).<br />
"Nosso Senhor entrou por sua livre vontade no seio da<br />
Virgem (...) Engravidou sua Mãe, todavia sem privá-la da<br />
sua virgindade. Tendo-se formado a si mesmo, saiu e<br />
manteve íntegras as entranhas da mãe. Desta maneira,<br />
revestiu aquela de quem se dignou nascer, com a honra de<br />
Mãe e com a santidade de Virgem. Que significa isso? Quem<br />
pode dizê-lo? Quem o pode calar? Coisa admirável! Mas não<br />
nos é permitido calar aquilo de que somos incapazes de<br />
esclarecer (...) Não obstante, sentimo-nos constrangidos a<br />
louvar, para que o nosso silêncio não seja sinal de<br />
ingratidão. Graças sejam dadas a Deus! Aquilo que não se<br />
pode exprimir dignamente, pode-se crer firmemente"<br />
(Sermão 215,3).<br />
"Maria: Jesus ao ser concebido em ti, encontrou-te virgem<br />
e, uma vez nascido, deixa-te virgem. Concede-te a<br />
fecundidade sem te privar da integridade! De onde te vem<br />
tudo isso? (...) Dize-me, ó Anjo, de onde veio tal glória a<br />
Maria? E o Anjo diz: 'Eu já o declarei ao saudá-la - Ave,<br />
cheia de graça!'" (Sermão 291,6).<br />
Papa Leão I Magno de Roma<br />
"O Filho de Deus foi concebido do Espírito Santo no seio da<br />
- 32 -
A FÉ CRISTÃ<br />
Virgem Maria, que O deu à luz, conservando a sua<br />
virgindade, como o concebeu conservando a sua virgindade"<br />
(Epístola a Flaviano 2).<br />
Concílio Regional de Latrão<br />
"Maria, a Santa Mãe de Deus e imaculada Virgem (...)<br />
concebeu do Espírito Santo, sem semente viril, o próprio<br />
Deus Verbo; deu-O à luz sem perder a sua integridade e,<br />
também depois do parto, conservou inalterada a sua<br />
virgindade" (DZ 503).<br />
g) A sempre Virgem Maria<br />
* * *<br />
“E deu à luz o seu Filho primogênito, enfaixou-o e o<br />
reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar<br />
para eles na estalagem” (Luc. 2,7).<br />
[Por tudo,] a Liturgia da Igreja celebra Maria como a<br />
Aeiparthenos, isto é, a “Sempre Virgem” (CIC 499 in fine).<br />
Efrém da Síria<br />
"Virgem, ela (=Maria) O deu à luz e fica incólume em sua<br />
virgindade / Inclinou-se e partiu-O e, assim Virgem, ela o<br />
levantou e o alimentou com seu leite / Ela é Virgem e assim<br />
morre, sem que sejam violados os selos da sua virgindade"<br />
(Hino 15,2).<br />
Ambrósio de Milão<br />
"Que porta é esta senão Maria, que permanece fechada por<br />
ser virgem? Portanto, esta porta foi Maria, através da qual<br />
Cristo veio a este mundo graças a um parto virginal, sem<br />
romper os claustros fecundos da pureza. Permaneceu<br />
íntegro em seu pudor e se conservaram intactos os selos da<br />
virgindade, enquanto nascia Cristo de uma Virgem cuja<br />
grandeza não podia sustentar o mundo inteiro. Esta porta -<br />
disse o Senhor - há de permanecer fechada e não se abrirá.<br />
Bela porta: Maria, que sempre se manteve fechada e não a<br />
abriu! Passou Cristo através dela, mas não abriu" (Da<br />
formação da Virgem 52-53).<br />
Epifânio de Salamina<br />
"Dela, na verdade, o Senhor nascera, quanto ao corpo; sua<br />
encarnação não fora aparente, mas real. E se ela não fosse<br />
- 33 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
verdadeiramente sua Mãe, aquela de quem recebera a<br />
carne e que o dera à luz, não se preocuparia tanto em<br />
recomendá-la como a sempre Virgem. Sendo sua Mãe, não<br />
admitia mancha alguma na sua honra e no admirável vaso<br />
do seu corpo".<br />
"[O Filho de Deus] encarnou-se, isto é, foi gerado de modo<br />
perfeito por santa Maria, a sempre Virgem, por obra do<br />
Espírito Santo" (Ancoratus 119,5).<br />
João Crisóstomo<br />
"Virgem que permaneceu virgem, sendo verdadeiramente<br />
mãe".<br />
Agostinho de Hipona<br />
"Cristo nasceu, com efeito, da Mãe que, embora sem<br />
contato com varão, concebeu intacta e sempre intacta<br />
permaneceu. Concebeu virgem, dando à luz virgem, virgem<br />
morrendo, embora fosse desposada com um carpinteiro,<br />
extinguindo todo orgulho da nobreza carnal. Uma virgem<br />
concebe, virgem leva o fruto; uma virgem dá à luz e<br />
permanece perpetuamente virgem".<br />
"Quanto ao que cremos a respeito de sua sepultura, essa fé<br />
evoca a recordação daquele sepulcro novo que viria<br />
testemunhar a ressurreição de Cristo para uma vida nova,<br />
tal como aconteceu com o seio virginal em relação ao seu<br />
nascimento. Com efeito, assim como nesse sepulcro<br />
nenhum morto foi sepultado (Jo. 19,41), nem antes, nem<br />
depois, também no seio virginal de Maria, nem antes, nem<br />
depois, ser mortal algum foi concebido" (Da Fé e do Símbolo<br />
5,11).<br />
"Virgem concebeu, Virgem deu à luz, Virgem viveu até a<br />
morte, ainda que estivesse desposada com um operário"<br />
(Da Instrução dos Catecúmenos 22,40).<br />
"Maria permaneceu virgem, concebendo o seu Filho. Virgem<br />
ao dá-lo à luz, Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo<br />
do seu seio, Virgem sempre" (Sermão 186,1).<br />
Cirilo de Alexandria<br />
"Ela é Mãe e virgem! Que coisa admirável! Esse milagre me<br />
deixa extasiado. Quem jamais ouviu dizer que o construtor<br />
fosse impedido de habitar no templo que ele próprio<br />
construiu? Quem se humilhou tanto a ponto de escolher<br />
uma escrava para ser a sua própria mãe? Eis que tudo<br />
- 34 -
A FÉ CRISTÃ<br />
exulta de alegria! Reverenciemos e adoremos a divina<br />
Unidade; com santo temor veneremos a indivisível Trindade<br />
ao celebrar com louvores a sempre Virgem Maria! Ela é o<br />
templo santo de Deus, que é seu Filho e esposo imaculado.<br />
A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém" (Homilia no<br />
Concílio de Éfeso).<br />
Concílio Ecumênico de Constantinopla II<br />
"[O Verbo de Deus,] tendo-se encarnado da santa gloriosa<br />
Mãe de Deus e sempre virgem Maria, nasceu dela" (DS<br />
422).<br />
Ildelfonso de Toledo<br />
"(Maria) Tua pureza fica salva no anúncio angélico sobre tua<br />
prole; tua virgindade encontra segurança no nome de teu<br />
Filho e, assim, permaneces honesta e íntegra após o parto.<br />
Não quero ver-te (=Joviano) questionando sobre o pudor de<br />
nossa Virgem no parto; não quero ver-te corromper a sua<br />
integridade na geração; não quero saber violada sua<br />
virgindade no momento em que deu à luz. Não lhe negues a<br />
maternidade porque foi virgem; não a prives da plena glória<br />
da virgindade porque foi mãe. Se confundes uma dessas<br />
coisas, erras em tudo. Desconhecer a harmonia que as une<br />
é ignorar por completo a verdade que encerram. Se não<br />
pensas assim, estás errado e pecas contra a justiça. Se<br />
negas à Virgem sua maternidade ou sua virgindade, injurias<br />
grandemente a Deus: negas que Ele possa fazer a Sua<br />
vontade, que Ele possa manter virgem a quem encontrou<br />
virgem. Mas, então, a divindade do Onipotente antes trouxe<br />
detrimento do que benefício a Maria: enfeiou-a Aquele que<br />
a enchera de beleza ao criá-la. Cesse o pensamento que<br />
assim julga; cale-se a boca que assim fala; não ressoe tal<br />
voz! Eis que Maria é Virgem por graça de Deus. Virgem de<br />
homem, virgem por testemunho do anjo, virgem por<br />
declaração do Esposo, virgem sem sombra de dúvida,<br />
virgem antes da vinda de seu Filho, virgem após concebêlo,<br />
virgem no parto, virgem após o parto. Fecundada pelo<br />
Verbo e por Ele repleta, dignamente deu-O à luz, em<br />
nascimento humano sim, conforme a condição e a verdade<br />
das coisas humanas, mas de modo intacto, incorrupto e<br />
totalmente íntegro. Isto ela deve a um dom divino, a uma<br />
divina graça, a uma divina concessão, mediante uma obra<br />
totalmente nova, de eficácia nova, de realização inédita,<br />
mantendo-se virgem pela concepção e depois da concepção,<br />
- 35 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
pelo parto, com o parte e depois do parto, virgem com o<br />
que havia de nascer, com o que nascia, virgem depois do<br />
seu nascimento. Dita, pois, esposa e virgem, escolhida para<br />
esposa e virgem, criada como esposa e virgem. Sempre<br />
virgem, apesar do Filho e do Esposo, alheia a toda união e<br />
contato conjugal. Verdadeiramente virgem e santa, virgem<br />
gloriosa, virgem honrada. E após o nascimento do Verbo<br />
encarnado, após a natividade do homem assumido em<br />
Deus, do homem unido a Deus, mais santa virgem ainda,<br />
santíssima, mais bem-aventurada, mais gloriosa, mais<br />
nobre, mais honrada, mais augusta" (Da Virgindade<br />
Perpétua de Maria).<br />
João Damasceno<br />
"Bem-aventurados sejam as entranhas e o ventre de onde<br />
saíste; bem-aventurados os braços que te sustentaram e os<br />
lábios que se alegraram dando-te castos beijos, isto é, os de<br />
teus pais unicamente, de modo que sempre guardarás a<br />
perfeita virgindade!" (Homilia 1 da Natividade de Maria 6).<br />
h) Assunção aos céus<br />
* * *<br />
“Foram dadas à mulher duas asas de uma grande<br />
águia, a fim de voar para o deserto (...) fora da<br />
presença da serpente” (Apoc. 12,14).<br />
Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de toda<br />
mancha e culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi<br />
assunta em corpo e alma à glória celeste. E, para que mais<br />
plenamente estivesse conforme a seu Filho, Senhor dos<br />
senhores e Vencedor do pecado e da morte, foi exaltada pelo<br />
Senhor como Rainha do universo. A assunção da Virgem é uma<br />
participação singular na ressurreição de seu Filho e uma<br />
antecipação da ressurreição dos outros cristãos (CIC 966).<br />
Efrém da Síria<br />
"Disse Maria: o Menino que gerei me tomou consigo / E me<br />
abrigou entre suas poderosas asas / Elevando-me às alturas<br />
e explicando: / Os céus e as profundezas pertencem a teu<br />
Filho" (Hino do Natividade do Senhor 17).<br />
Ambrósio de Milão<br />
"Se ela (=Maria) morria com seu Filho, sabia que havia de<br />
- 36 -
A FÉ CRISTÃ<br />
ressuscitar com Ele, pois ela não ignorava o fato misterioso<br />
de que havia gerado Aquele que havia de ressuscitar" (De<br />
Institutione Virginis 7,49).<br />
Timóteo de Jerusalém<br />
"'Uma espada transpassará a tua alma!' (...) Destas<br />
palavras, muitos concluíram que a Mãe do Senhor, morta<br />
pela espada, obteve o fim glorioso que é o martírio. Mas<br />
não foi assim. A espada metálica divide o corpo e não a<br />
alma. Nem era possível que tal acontecesse, porque a<br />
Virgem, imortal até hoje, foi transladada a partir do lugar de<br />
sua assunção por Aquele que nela fez a sua morada"<br />
(Homilia sobre Simeão e Ana).<br />
Epifânio de Salamina<br />
"Se alguém julgar que estamos laborando em erro, pode<br />
consultar a Sagrada Escritura, onde não achará a morte de<br />
Maria, nem se foi morta ou não, se foi sepultada ou não. E<br />
quando João partiu para a Ásia, em parte alguma está dito<br />
que tenha levado consigo a santa Virgem. Sobre isto, a<br />
Escritura silencia totalmente, o que penso ocorrer por causa<br />
da grandeza transcendente do prodígio, a fim de não causar<br />
maior assombro às mentes. Temo falar nisso e procuro<br />
impor-me silêncio a esse respeito, porque não sei,<br />
realmente, se se podem achar indicações, ainda que<br />
obscuras, sobre a incerta morte da santíssima e bemaventurada<br />
Virgem. De um lado, temos a palavra proferida<br />
sobre ela: 'Uma espada traspassará tua alma, para que<br />
sejam revelados os pensamentos de muitos corações'. De<br />
outro, todavia, lemos no Apocalipse de João, que o dragão<br />
avançou contra a mulher, quando dera à luz um varão, e<br />
que lhe foram dadas asas de águia para ser transportada ao<br />
deserto, onde o dragão não a alcançasse. Isso pode ter-se<br />
realizado em Maria. Nem digo que tenha permanecido<br />
imortal, nem posso afirmar que tenha morrido. A Sagrada<br />
Escritura, transcendendo aqui a capacidade da mente<br />
humana, deixa a coisa na incerteza, em atenção ao Vaso<br />
insigne e excelente, para que ninguém lhe atribua alguma<br />
sordidez própria da carne" (Panarion 78,10-12).<br />
Pseudo-Melitão<br />
"[Disseram os Apóstolos a Jesus:] 'Senhor, escolhestes esta<br />
tua serva (=Maria) a fim de que se tornasse para Ti uma<br />
residência imaculada (...) Portanto, pareceu-nos justo, a<br />
nós, teus servos, que assim como Tu reinas na glória,<br />
- 37 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
depois de teres vencido a morte, Tu ressuscitas o corpo de<br />
tua Mãe e conduze-a jubilosa contigo ao céu" (Do Trânsito<br />
da Virgem Maria).<br />
Sacramentário de Bóbbio<br />
"8 de janeiro: Festa da Assunção de Maria"<br />
Germano de Constantinopla<br />
"Era necessário que a Mãe da Vida compartilhasse a<br />
habitação da Vida" (Homilia da Dormição de Maria).<br />
"Assim como uma criança procura e deseja a presença de<br />
sua mãe, e como uma mãe ama viver em companhia de seu<br />
filho, assim também para ti (=Maria), cujo amor materno<br />
pelo seu Filho e Deus não deixa dúvidas, era conveniente<br />
que tu voltasses para Ele. E, em todo caso, não era por<br />
ventura conveniente que este Deus, que provara por ti um<br />
amor deveras filial, te tomasse em sua companhia?"<br />
(Homilia da Dormição de Maria 1).<br />
"[Diz Jesus:] 'É preciso que onde Eu estou, tu também<br />
estejas, Mãe, inseparável de teu Filho'" (Homilia da<br />
Dormição de Maria 3).<br />
João Damasceno<br />
"Maria não conheceu os tenebrosos caminhos que levam ao<br />
inferno, mas disposto para ela um caminho reto, plano e<br />
seguro em direção ao céu. Com efeito, se Cristo, que é a<br />
verdade e a vida, disse: 'Onde eu estou, ali estará também<br />
meu servidor' (Jo 12,26), com muito mais razão não devia<br />
morar com Ele sua própria Mãe? Assim como ela Lhe deu à<br />
luz sem dor, assim também sua morte esteve isenta de<br />
dores. Funesta é a morte dos pecadores (Sl 34,22);<br />
daquela, ao contrário, em quem foi vencido o pecado, que é<br />
o aguilhão da morte, não teremos de dizer que a morte é o<br />
princípio de uma vida superior e indefectível? Se em<br />
verdade é preciosa a morte dos santos do Senhor Deus dos<br />
exércitos, muito mais é o gloriosa translado da Mãe de<br />
Deus" (Homilia 1 da Natividade de Maria 3).<br />
"Era necessário que aquela que vira o seu Filho sobre a cruz<br />
e recebera em pleno coração a espada da dor (...)<br />
contemplasse este Filho sentado à direita de Deus" (Homilia<br />
2 da Natividade de Maria).<br />
"É aqui que o Criador de todas as coisas recebe em suas<br />
mãos a alma sacrossanta que emigra daquele corpo, que é<br />
- 38 -
A FÉ CRISTÃ<br />
o receptáculo em que habitou o Senhor! Com razão quis Ele<br />
prestar esta honra àquela que, embora por natureza fosse<br />
sua escrava, por uma altíssima e inefável decisão de sua<br />
bondade, ao assumir verdadeiramente nossa carne, a fez<br />
sua Mãe (...) Os coros dos anjos, segundo cremos,<br />
contemplaram - ó Virgem - tua saída deste mundo, por eles<br />
ansiada (...) Os anjos e arcanjos te transladaram. Ante teu<br />
translado, os espírito imundos que voam pelos ares se<br />
estremeceram de espanto. Com tua passagem o ar ficou<br />
abençoado e tudo foi santificado. O céu, com gozo, recebeu<br />
tua alma. As potestades celestiais saíram ao teu encontro,<br />
cantando hinos sagrados, com festiva alegria e<br />
expressando-se com estas ou parecidas palavras: 'Quem é<br />
esta que sobe toda pura, surgindo como a aurora, formosa<br />
como a lua e brilhante como o sol? Ó, que formosa és e<br />
toda cheia de suavidade! O Rei te introduziu em sua<br />
câmara, onde as potestades te escoltam, os principados te<br />
abençoam, os tronos entoam cânticos em tua honra, os<br />
querubins se maravilham e os serafins proclamam teus<br />
louvores, já que, por divina disposição, foste constituída<br />
verdadeira Mãe do Senhor'" (Homilia 1 da Assunção de<br />
Maria 1,1).<br />
"Quem ama ardentemente alguma coisa costuma trazer seu<br />
nome nos lábios e nela pensar noite e dia. Não me censure,<br />
pois, se pronuncio este terceiro panegírico da Mãe de meu<br />
Deus, como oferenda em honra de sua partida. Isto não<br />
será favor para ela, mas servirá a mim mesmo e a vós, aqui<br />
presentes (...) Não é Maria que precisa de elogios; nós é<br />
que precisamos de sua glória. Um ser glorificado, que glória<br />
pode receber ainda? A fonte da luz, como será iluminada<br />
ainda? Ela (Maria) cativou o meu espírito; ela reina sobre a<br />
minha palavra; dia e noite sua imagem me é presente. Mãe<br />
do Verbo, dá-me de que falar! (...) Eis aquela cuja festa<br />
celebramos hoje em sua santa e divina assunção. Aquele<br />
que (...) desceu ao seio virgíneo para ser concebido e se<br />
encarnar, sem deixar o seio do Pai; Aquele que através da<br />
Paixão marchou voluntariamente para a morte,<br />
conquistando pela morte a imortalidade e voltando ao Pai;<br />
como não poderia Ele atrair ao Pai sua Mãe segundo a<br />
carne? Como não elevaria da terra ao céu aquela que fora<br />
um verdadeiro céu na terra? Hoje, da Jerusalém terrestre, a<br />
Cidade viva de Deus foi conduzida à Jerusalém do alto:<br />
aquela que concebera como seu primogênito e unigênito o<br />
- 39 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
Primogênito de toda a criatura e o Unigênito do Pai, vem<br />
habitar na Igreja das primícias! A arca do Senhor, viva e<br />
racional, é transportada ao repouso de seu Filho! As portas<br />
do paraíso se abrem para acolher a terra portadora de<br />
Deus, onde germinou a árvore da vida eterna, redentora da<br />
desobediência de Eva e da morte infligida a Adão! Aquela<br />
que foi o leito nupcial onde se deu a divina encarnação do<br />
Verbo veio repousar em túmulo glorioso, como em tálamo<br />
nupcial, para de lá se elevar até a câmara das núpcias<br />
celestes, onde reina em plena luz com seu Filho e seu Deus,<br />
deixando-nos também como lugar de núpcias seu túmulo<br />
sobre a terra (...) Mas então? Morreu a fonte da vida, a Mãe<br />
de meu Senhor? Sim, era preciso que o ser formado da<br />
terra à terra voltasse, para dali subir ao céu, recebendo o<br />
dom da vida perfeita e pura a partir da terra, após ter-lhe<br />
entregue o seu corpo. Era preciso que, como o ouro no<br />
crisol, a carne rejeitasse o peso da imortalidade e se<br />
tornasse, pela morte, incorruptível, pura e, assim,<br />
ressuscitasse do túmulo (...) Erguei vossos olhos, Povo de<br />
Deus! Alçai vosso olhar! Eis em Sião a Arca do Senhor, Deus<br />
dos exércitos, à qual vieram pessoalmente prestar<br />
assistência os Apóstolos, tributando seu derradeiro culto ao<br />
corpo que foi princípio de vida e receptáculo de Deus! Eis a<br />
Virgem, filha de Adão e Mãe de Deus! Por causa de Adão,<br />
entrega o seu corpo à terra; mas por causa de seu Filho,<br />
eleva a alma aos tabernáculos celestes! Que toda a criação<br />
celebre a subida da Mãe de Deus: os grupos de jovens, em<br />
sua alegria; a boca dos oradores, em seus panegíricos; o<br />
coração dos sábios, em suas dissertações sobre essa<br />
maravilha; os anciãos de veneráveis clãs, em suas<br />
contemplações. Que todas as criaturas se associem nesta<br />
homenagem que, ainda assim, não seria suficiente. Todos,<br />
pois, deixemos em espírito este mundo com aquela que dele<br />
parte. Cantemos hinos sacros e nossas melodias se inspirem<br />
nas palavras: 'Ave, cheia de graça: o Senhor é contigo'"<br />
(Homilia sobre a Dormição de Nossa Senhora).<br />
"Como é possível que aquela que no parto ultrapassou todos<br />
os limites da natureza, agora se submeta às leis desta e seu<br />
corpo imaculado se sujeite à morte? (...) Certamente era<br />
necessário que a parte mortal fosse deposta para se revestir<br />
de imortalidade, porque nem o Senhor da natureza rejeito a<br />
experiência da morte. Com efeito, Ele morre segundo a<br />
carne e com a morte destrói a morte; à corrupção concede<br />
- 40 -
A FÉ CRISTÃ<br />
a incorruptibilidade e o morrer faz d'Ele nascente da<br />
ressusrreição" (Panegírico sobre a Dormição da Mãe de<br />
Deus 10).<br />
Sacramentário Gregoriano<br />
"[Este é o] Dia em que a Santa Mãe de Deus sofreu a morte<br />
terrena, mas não permaneceu nas amarras da morte".<br />
i) Mãe de Deus<br />
* * *<br />
“Donde me vem que a Mãe do meu Senhor venha ter<br />
comigo?” (Luc. 1,43).<br />
Denominada nos Evangelhos “a Mãe de Jesus” (Jo. 2,1; 19,25),<br />
Maria é aclamada, sob o impulso do Espírito, desde antes do<br />
nascimento do seu Filho, como “a Mãe do meu Senhor” (Luc.<br />
1,43). Com efeito, Aquele que ela concebeu do Espírito Santo<br />
como homem e que se tornou verdadeiramente seu Filho<br />
segundo a carne, não é outro que o Filho eterno do Pai, a<br />
Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que<br />
Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos) (CIC 495).<br />
Anônimo (séc. II)<br />
"Sob a vossa proteção procuramos refúgio, santa Mãe de<br />
Deus: não desprezeis as nossas súplicas, pois estamos<br />
sendo provados, mas livrai-nos de todo o perigo, ó Virgem<br />
gloriosa e bendita" (Oração Egípcia).<br />
Alexandre de Alexandria<br />
"[Jesus] não teve apenas a aparência, mas tinha carne de<br />
verdade recebida de Maria, Mãe de Deus" (Epístola a<br />
Alexandre de Constantinopla 12).<br />
Atanásio de Alexandria<br />
"A Sagrada Escritura, como tantas vezes fizemos notar, tem<br />
por finalidade e característica afirmar de Cristo Salvador<br />
estas duas coisas: que Ele é Deus e nunca deixou de o ser,<br />
visto que é a Palavra do Pai, seu esplendor e sabedoria; e<br />
também que nestes últimos tempos, por causa de nós, se<br />
fez homem, assumindo um corpo da Virgem Maria, Mãe de<br />
Deus" (Da Trindade).<br />
"Houve muitos que já nasceram santos e livres do pecado:<br />
Jeremias foi santificado desde o seio materno; também<br />
- 41 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
João, antes de ser dado à luz, exultou de alegria ao ouvir a<br />
voz de Maria, Mãe de Deus" (Da Trindade).<br />
Ambrósio de Milão<br />
"Dissemos que José era um varão justo, dando-nos o<br />
evangelista a entender que ele não se atreveria a profanar o<br />
templo do Espírito Santo: o ventre do mistério, o corpo da<br />
Mãe de Deus" (Comentário sobre o Evangelho de Lucas).<br />
"Que há de mais excelente do que a Mãe de Deus?" (De<br />
Virginibus 2,2,7).<br />
João Crisóstomo<br />
"Ó Filho único e Verbo de Deus: sendo imortal, vos<br />
dignaste, pela nossa salvação, encarnar-vos da Santa Mãe<br />
de Deus e sempre virgem Maria, vós que sem mudança vos<br />
tornaste homem e foste crucificado, ó Cristo Deus, que pela<br />
vossa morte esmagaste a morte; sois Um na Trindade,<br />
glorificado com o Pai e o Espírito Santo. Salvai-nos!" (O<br />
Monoghenis).<br />
João de Antioquia<br />
"[O título] 'Mãe de Deus' foi concebido, dito e escrito por<br />
muitos Padres (...) Não há perigo algum em dizer e pensar<br />
as mesmas coisas daqueles doutores que na Igreja gozaram<br />
de boa reputação" (Epístola a Nestório 4).<br />
Concílio da União entre Orientais e Ocidentais<br />
"Confessamos (...) Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho único<br />
de Deus, Deus perfeito e homem perfeito (...), gerado antes<br />
dos séculos por seu Pai, segundo a divindade, e nos últimos<br />
dias, o mesmo, por causa de nós e para nossa salvação,<br />
gerado da Virgem Maria, segundo a humanidade. O mesmo<br />
consubstancial ao Pai por sua divindade e consubstancial a<br />
nós por sua humanidade, porque a união das duas<br />
naturezas se realizou. E é porque confessamos um só<br />
Cristo, um só Filho, um só Senhor que, neste mesmo<br />
pensamento da união sem mistura, confessamos a Santa<br />
Virgem Mãe de Deus, porque o Deus-Logos se encarnou"<br />
(Símbolo da União).<br />
Cirilo de Alexandria<br />
"Causa-me profunda admiração haver alguns que duvidam<br />
em dar à Virgem Santíssima o título de Mãe de Deus.<br />
realmente, se Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, por que<br />
motivo não pode ser chamada de Mãe de Deus a Virgem<br />
- 42 -
A FÉ CRISTÃ<br />
Santíssima que o gerou? Essa verdade nos foi transmitida<br />
pelos discípulos do Senhor, embora não usassem esta<br />
expressão. Assim fomos também instruídos pelos santos<br />
Padres. Em particular Santo Atanásio, nosso pai na fé, de<br />
ilustre memória, na terceira parte do livro que escreveu<br />
sobre a santa e consubstancial Trindade, dá freqüentemente<br />
à Virgem Santíssima o título de Mãe de Deus (...) Essas<br />
palavras são de um homem inteiramente digno de lhe<br />
darmos crédito, sem receio, e a quem podemos seguir com<br />
toda segurança. Com efeito, ele jamais pronunciou uma só<br />
palavra que fosse contrária às Sagradas Escrituras" (Maria,<br />
Mãe de Deus).<br />
"Contemplo esta assembléia de homens santos, alegres e<br />
exultantes que, convidados pela santa e sempre Virgem<br />
Maria e Mãe de Deus, prontamente acorreram para cá.<br />
Embora oprimido por uma grande tristeza, a vista dos<br />
santos padres aqui reunidos encheu-me de júbilo. Neste<br />
momento vão realizar-se entre nós aquelas doces palavras<br />
do salmista: 'Vede como é bom, como é suave os irmãos<br />
viverem juntos, bem unidos' (Sl. 132,1). Salve, ó mística e<br />
santa Trindade, que nos reunistes a todos nós nesta igreja<br />
de Santa Maria, Mãe de Deus. Salve, ó Maria, Mãe de Deus,<br />
venerável tesouro do mundo inteiro, lâmpada inextinguível,<br />
coroa da virgindade, cetro da verdadeira doutrina, templo<br />
indestrutível, morada daquele que lugar algum pode conter,<br />
virgem e mãe, por meio de quem é proclamado bendito nos<br />
santos evangelhos 'o que vem em nome do Senhor' (Mt<br />
21,9). Salve, ó Maria, tu que trouxeste em teu sagrado seio<br />
virginal o Imenso e Incompreensível; por ti é glorificada e<br />
adorada a Santíssima Trindade; por ti se festeja e é<br />
venerada no universo a cruz preciosa; por ti exultam os<br />
céus; por ti se alegram os anjos e os arcanjos; por ti são<br />
postos em fuga os demônios; por ti cai do céu o diabo<br />
tentador; por ti é elevada ao céu a criatura decaída; por ti<br />
todo o gênero humano, sujeito à insensatez dos ídolos,<br />
chega ao conhecimento da verdade; por ti o santo batismo<br />
purifica os que crêem; por ti recebemos o óleo da alegria;<br />
por ti são fundadas igrejas em toda a terra; por ti as nações<br />
são conduzidas à conversão. E que mais direi? Por Maria, o<br />
Filho unigênito de Deus veio 'iluminar os que jazem nas<br />
trevas e nas sombras da morte' (Lc. 1,77); por ela os<br />
profetas anunciaram as coisas futuras; por ela os Apóstolos<br />
proclamaram aos povos a salvação; por ela os mortos<br />
- 43 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
ressuscitam; por ela reinam os reis em nome da Santíssima<br />
Trindade. Quem dentre os homens é capaz de celebrar<br />
dignamente a Maria, merecedora de todo louvor? Ela é Mãe<br />
e virgem! Que coisa admirável! Esse milagre me deixa<br />
extasiado. Quem jamais ouviu dizer que o construtor fosse<br />
impedido de habitar no templo que ele próprio construiu?<br />
Quem se humilhou tanto a ponto de escolher uma escrava<br />
para ser a sua própria mãe? Eis que tudo exulta de alegria!<br />
Reverenciemos e adoremos a divina Unidade; com santo<br />
temor veneremos a indivisível Trindade ao celebrar com<br />
louvores a sempre Virgem Maria! Ela é o templo santo de<br />
Deus, que é seu Filho e esposo imaculado. A ele a glória<br />
pelos séculos dos séculos. Amém" (Homilia no Concílio de<br />
Éfeso).<br />
Vicente de Lérins<br />
"Theotokos [=Mãe de Deus], mas não no sentido imaginado<br />
por certa heresia ímpia que sustenta que ela deva ser<br />
chamada a Mãe de Deus não por outro motivo, mas apenas<br />
porque deu à luz àquele homem que posteriormente se<br />
tornou Deus, exatamente como falamos de uma mulher<br />
como mãe de um sacerdote, ou mãe de um bispo, querendo<br />
dizer que ela era tal não por ter dado à luz a alguém já<br />
sacerdote ou bispo, mas dado à luz a alguém que<br />
posteriormente se tornou sacerdote ou bispo. Não dessa<br />
forma, afirmo, foi a santa Maria Theotokos - a Mãe de Deus<br />
- mas, pelo contrário, como disse anteriormente, porque em<br />
seu sagrado ventre se operou o mais sagrado dos mistérios<br />
pelo qual, por singular e única unidade de Pessoa, como a<br />
Palavra na carne é carne, assim o Homem em Deus é Deus"<br />
(Comentários 15).<br />
Concílio Ecumênico de Calcedônia<br />
"O sábio e salutar símbolo de Nicéia-Constantinopla era<br />
suficiente, pela graça de Deus, para fazer conhecer de<br />
maneira perfeita e para consolidar a verdadeira fé (...) Mas,<br />
uma vez que aqueles que procuram destruir o ensinamento<br />
da verdade difundiram, por suas heresias particulares,<br />
doutrinas vãs, alguns ousando desfigurar o mistério da<br />
Encarnação do Senhor diante de nós - recusando à Virgem o<br />
nome de 'Mãe de Deus' - os outros introduzindo miscelânea<br />
e confusão, imaginando loucamente que a carne e a<br />
divindade não são mais que única natureza, e supondo<br />
monstruosamente que, em função dessa mistura, a<br />
- 44 -
A FÉ CRISTÃ<br />
natureza divina do Filho único seja capaz de sofrer; por<br />
causa disso, desejando fechar a porta a todas as suas<br />
maquinações contra a verdade, o santo e grande Concílio<br />
ecumênico aqui presente, que ensina a inabalável doutrina<br />
pregada desde o começo, decidiu, antes de tudo, que a fé<br />
dos 318 padres [de Nicéia] deve permanecer ao abrigo de<br />
qualquer ataque. E ele confirma também o ensinamento<br />
acerca da essência do Espírito dado mais tarde pelos 150<br />
padres reunidos na cidade imperial [de Constantinopla] por<br />
causa dos pneumatômacos: eles levavam ao conhecimento<br />
de todos que não desejavam acrescentar nada ao<br />
ensinamento de seus predecessores, como se este fosse<br />
incompleto, mas expunham claramente seu pensamento<br />
sobre o Espírito Santo, mediante o testemunho das<br />
Escrituras, contra aqueles que tentavam rejeitar sua<br />
Soberania (...) Seguindo, por conseguinte, os santos<br />
padres, proclamamos todos a uma só voz um único e<br />
mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, o mesmo perfeito<br />
em divindade, o mesmo perfeito em humanidade, o mesmo<br />
Deus verdadeiro e homem verdadeiro, feito de uma alma<br />
racional e de um corpo, consubstancial ao Pai segundo a<br />
divindade, consubstancial a nós segundo a humanidade,<br />
semelhante a nós em tudo, exceto no pecado, gerado pelo<br />
Pai antes de todos os séculos quanto à sua divindade, mas,<br />
nos últimos dias, para nós e para a nossa salvação, gerado<br />
por Maria, a Virgem, a Mãe de Deus, quanto à sua<br />
humanidade, um único e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Filho<br />
unigênito, que reconhecemos possuir duas naturezas, sem<br />
confusão nem mudança, sem divisão nem separação; a<br />
diferença das naturezas não é absolutamente suprimida<br />
pela união, mas, ao contrário, as propriedades de cada uma<br />
das duas naturezas permanecem intactas e se unem numa<br />
única Pessoa ou hipostase" (Definição Dogmática).<br />
Lecionário Jerusalemitano<br />
"[15 de agosto:] O dia de Maria, Mãe de Deus".<br />
Anônimo (séc. V/VI)<br />
"Proclamamos-te bem-aventurada, nós, gerações de todas<br />
as estirpes, ó Virgem, Mãe de Deus. Em ti, Aquele que está<br />
acima de tudo, Cristo, nosso Deus, dignou-se habitar.<br />
Felizes de nós, que temos a ti como nossa defensora,<br />
porque tu intercedes noite e dia por nós (...) Por isso te<br />
louvamos, gritando: 'Salve, ó cheia de graça! O Senhor é<br />
- 45 -
contigo" (Hino).<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
Concílio Ecumênico de Constantinopla III<br />
"[Cristo foi] gerado (...) segundo a humanidade, pelo<br />
Espírito Santo e por Maria Virgem, aquela que é<br />
propriamente e com toda a verdade Mãe de Deus" (DS<br />
555).<br />
João Damasceno<br />
"Ó casto casal, Joaquim e Ana: vós, observando a castidade<br />
que prescreve a lei natural, fostes agraciados com dons que<br />
estão muito acima da natureza, já que colocastes no mundo<br />
aquela que, sem obra de varão, foi a Mãe de Deus. Vós,<br />
levando uma vida humana, piedosa e santa, tivestes uma<br />
filha superior aos anjos e que é agora Senhora dos anjos. Ó<br />
criança preciosa e cheia de doçura! Ó lírio entre espinhos,<br />
gerado da nobre e régia estirpe de Davi! Por meio de ti a<br />
dignidade real se uniu à do sacerdócio. Por ti a lei foi<br />
transformada e se manifestou o Espírito que antes estava<br />
oculto debaixo da letra, passando a dignidade sacerdotal da<br />
tribo de Levi para a de Davi (...) Bem-aventurados sejam as<br />
entranhas e o ventre de onde saíste; bem-aventurados os<br />
braços que te sustentaram e os lábios que se alegraram<br />
dando-te castos beijos, isto é, os de teus pais unicamente,<br />
de modo que sempre guardarás a perfeita virgindade! Hoje<br />
se iniciou a salvação do mundo: enaltece o Senhor toda a<br />
terra! Cantando, alegrai-vos e entoai salmos! Levantai<br />
vossa voz! Levantai vossa voz, exultai de júbilo, não temais,<br />
porque hoje nos nasceu, na santa Probática (=lar de<br />
Joaquim), a Mãe de Deus, da qual quis nascer o Cordeiro de<br />
Deus que tira o pecado do mundo" (Homilia 1 da Natividade<br />
de Maria 6).<br />
"Quem ama ardentemente alguma coisa costuma trazer seu<br />
nome nos lábios e nela pensar noite e dia. Não me censure,<br />
pois, se pronuncio este terceiro panegírico da Mãe de meu<br />
Deus, como oferenda em honra de sua partida. (...) As<br />
portas do paraíso se abrem para acolher a terra portadora<br />
de Deus, onde germinou a árvore da vida eterna, redentora<br />
da desobediência de Eva e da morte infligida a Adão! (...)<br />
Erguei vossos olhos, Povo de Deus! Alçai vosso olhar! Eis<br />
em Sião a Arca do Senhor, Deus dos exércitos, à qual<br />
vieram pessoalmente prestar assistência os Apóstolos,<br />
tributando seu derradeiro culto ao corpo que foi princípio de<br />
vida e receptáculo de Deus! Eis a Virgem, filha de Adão e<br />
- 46 -
A FÉ CRISTÃ<br />
Mãe de Deus! (...) Cantemos hinos sacros e nossas<br />
melodias se inspirem nas palavras: 'Ave, cheia de graça: o<br />
Senhor é contigo'" (Homilia sobre a Dormição de Maria).<br />
Concílio Ecumênico de Nicéia II<br />
"Definimos, com todo rigor e cuidado, que, à semelhança da<br />
representação da cruz preciosa e vivificante, assim como as<br />
veneráveis e sagradas imagens pintadas quer em mosaico,<br />
quer em qualquer outro material adaptado, devem ser<br />
expostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas,<br />
nos paramentos sagrados, nas paredes e nas mesas, nas<br />
casas e nas ruas; sejam elas a imagem do Senhor Deus e<br />
Salvador Jesus Cristo, a da imaculada Senhora nossa e<br />
Santa Mãe de Deus, dos santos anjos e de todos os santos<br />
justos" (DS 600-601).<br />
j) Maria e a Igreja<br />
* * *<br />
“Todos os Apóstolos perseveraram unanimemente em<br />
oração, com as mulheres, com Maria, Mãe de Jesus, e<br />
seus irmãos” (At. 1,14).<br />
Volte-se o olhar para Maria, a fim de contemplar nela o que é a<br />
Igreja no seu mistério, na sua peregrinação na fé, e o que ela<br />
será na pátria ao termo final da sua caminhada, onde a espera,<br />
na glória da Santíssima e indivisível Trindade, na comunhão de<br />
todos os santos, aquela que a Igreja venera como a Mãe do seu<br />
Senhor e como que a sua própria Mãe: assim como no céu,<br />
onde já está glorificada em corpo e alma, a Mãe de Deus<br />
representa e inaugura a Igreja na sua consumação no século<br />
futuro, da mesma forma nesta terra, enquanto aguardamos a<br />
vinda do Dia do Senhor, ela brilha como sinal da esperança<br />
segura e consolação diante do Povo de Deus em peregrinação<br />
(CIC 972).<br />
Clemente de Alexandria<br />
"Que estupendo mistério! Há um único Pai do universo; um<br />
único Logos do universo e também um único Espírito Santo,<br />
idêntico em todo lugar. Há também uma única virgem que<br />
se tornou Mãe e me agrada chamá-la de Igreja" (Paed.<br />
1,6).<br />
- 47 -
Efrém da Síria<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
"Maria é a terra na qual foi semeada a Igreja".<br />
Ambrósio de Milão<br />
"Sim, ela (=Maria) é noiva, mas Virgem, porque é tipo da<br />
Igreja, que é imaculada, mas é esposa: virgem concebeunos<br />
por obra do Espírito, Virgem deu-nos à luz sem dor"<br />
(Sobre o Evangelho de Lucas 2,7).<br />
Agostinho de Hipona<br />
"Com efeito, a Virgem Maria (...) é reconhecida e honrada<br />
como a verdadeira Mãe de Deus e do Redentor (...) Ela é<br />
também verdadeiramente Mãe dos membros [de Cristo]<br />
(...) porque cooperou pela caridade para que na Igreja<br />
nascessem os fiéis que são os membros desta Cabeça" (Da<br />
Virgindade Consagrada 6).<br />
"A Igreja imita Maria" 9Enchiridion 34).<br />
"Maria é parte da Igreja, um membro santo, um membro<br />
excelente, um membro supereminente, mas um membro da<br />
totalidade do Corpo" (Sermão 25).<br />
“Se Cristo é a Cabeça da Igreja, Maria é o membro mais<br />
santo, a mais eminente da Igreja" (Sermão 25,7).<br />
"A Igreja é semelhante a Maria" (Sermão 213).<br />
* * *<br />
k) A mais bem-aventurada porque creu<br />
“Bem-aventurada a que acreditou, porque se hão de<br />
cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram<br />
ditas” (Luc. 1,45).<br />
Ao anúncio de que conceberia “o Filho do Altíssimo” sem<br />
conhecer homem algum pela virtude do Espírito Santo, Maria<br />
respondeu com a “obediência da fé” (Rom. 1,5), certa de que<br />
nada é impossível para Deus: “Eu sou a serva do Senhor; façase<br />
em mim segundo a tua palavra” (Luc. 1,37). Assim, dando à<br />
Palavra de Deus o seu consentimento, Maria se tornou Mãe de<br />
Jesus e, abraçando de todo o coração sem que nenhum pecado<br />
a retivesse a vontade divina de salvação, entregou-se ela<br />
mesma totalmente à pessoa e à obra de seu Filho, para servir,<br />
na dependência d’Ele e com Ele, pela graça de Deus, ao<br />
ministério da Redenção (CIC 494).<br />
- 48 -
Ireneu de Lião<br />
A FÉ CRISTÃ<br />
"[Maria tornou-se] para si e para todo o mundo causa de<br />
salvação" (Contra as Heresias 3,22,4).<br />
Agostinho de Hipona<br />
"[Maria] cooperou com sua caridade a fim de que os fiéis<br />
nascessem na Igreja" (Da Virgindade Consagrada 6).<br />
"Maria é mais bem-aventurada recebendo a fé de Cristo do<br />
que concebendo a carne de Cristo" (Irvig. 3).<br />
"Maria é bem-aventurada porque enviou a Palavra de Deus<br />
e a pôs em prática; porque conservou mais a verdade no<br />
espírito do que a carne no seio" (Sermão sobre Mateus<br />
12,49).<br />
"O anjo anuncia; a Virgem escuta, crê e concebe" (Sermão<br />
13).<br />
"De nada teria servido a Maria a intimidade da maternidade<br />
corporal se não tivesse, primeiro, concebido a Cristo de<br />
maneira mais feliz: em seu coração; e só depois em seu<br />
corpo" (Sermão 215).<br />
"Cristo é acreditado e concebido mediante a fé. Em primeiro<br />
lugar verifica-se a vinda da fé ao coração da Virgem e, em<br />
seguida, vem a fecundidade ao seio da Mãe" (Sermão 293).<br />
- 49 -
2. Os Santos<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
Os santos e as santas sempre foram fonte e origem de<br />
renovação nas circunstâncias mais difíceis da história da Igreja.<br />
Com efeito, a santidade é a fonte secreta e a medida infalível da<br />
sua atividade apostólica e do seu ela missionário (CIC 828 in<br />
fine)<br />
a) Existência<br />
“Sede, pois, perfeitos como também vosso Pai celestial<br />
é perfeito” (Mat. 5,48).<br />
Ao canonizar certos fiéis, isto é, ao proclamar solenemente que<br />
esses fiéis praticaram heroicamente as virtudes e viveram na<br />
fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do<br />
Espírito de santidade que está em si e sustenta a esperança dos<br />
fiéis dando-lhes como modelos e intercessores (CIC 828).<br />
Gregório de Nissa<br />
"Aquele que vai subindo jamais cessa de ir progredindo de<br />
começo em começo por começos que não têm fim. Aquele<br />
que sobe jamais cessa de desejar aquilo que já conhece"<br />
(Hom. Cant. 8).<br />
"A perfeição cristã só tem um limite: ser ilimitada" (V.<br />
Mos.).<br />
Ambrósio de Milão<br />
"As vítimas triunfantes sejam postas no lugar em que Jesus<br />
é a vítima. Mas Jesus, que sofreu a paixão por todos, seja<br />
colocado sobre o altar. Os mártires, que foram redimidos<br />
pela paixão de Jesus, debaixo do altar. Reservara eu esse<br />
lugar para mim, pois é justo que o sacerdote repouse onde<br />
costumava oferecer a população, mas eu cedo às santas<br />
vítimas a parte da direita, pois é esse o lugar que cabe aos<br />
mártires" (Epístola 22,13).<br />
João Crisóstomo<br />
“De fato, não é pelos milagres que estamos acostumados a<br />
admirar os santos (...) mas porque deram prova de vida<br />
angélica" (Da Verdadeira Conversão 8).<br />
- 50 -
Agostinho de Hipona<br />
A FÉ CRISTÃ<br />
"Na assembléia dos santos, vós sois glorificados e, coroando<br />
seus méritos, exaltais os vossos próprios dons" (Comentário<br />
sobre o Salmo 102,7).<br />
Martinho de Tours<br />
"É conveniente que se ponha, em virtude do bem comum, a<br />
sepultura dos mártires lá onde se celebra a morte de Jesus<br />
todos os dias (...) Em virtude da identidade de destino,<br />
erigiu-se o túmulo do mártir lá onde se depositaram os<br />
membros do Senhor imolado, de modo que os que<br />
estiveram unidos em uma mesma paixão estejam agora<br />
reunidos em um mesmo lugar sagrado" (Sermão 78).<br />
b) A predestinação de alguns<br />
* * *<br />
“Conforme está escrito no profeta Isaías, ‘eis que envio<br />
o meu anjo ante a tua presença o qual preparará o teu<br />
caminho diante de ti’. Apareceu João Batista no deserto<br />
pregando o batismo de penitência, para remissão dos<br />
pecados” (Mc. 1,2.4).<br />
[No caso de Maria, por exemplo,] ao longo de toda a Antiga<br />
Aliança, a missão de Maria foi preparada pela missão das santas<br />
mulheres. No princípio está Eva: a despeito da sua<br />
desobediência, ela recebe a promessa de uma descendência que<br />
será vitoriosa sobre o Maligno, e a de ser a mãe de todos os<br />
viventes. Em virtude dessa promessa, Sara concebe um filho<br />
apesar da sua idade avançada. Contra toda expectativa<br />
humana, Deus escolheu o que era tido como impotente e fraco<br />
para mostrar sua fidelidade à sua promessa: Ana, a mãe de<br />
Samuel, Débora, Rute, Judite e Éster, e muitas outras mulheres.<br />
Maria sobressai entre esses humildes e pobres do Senhor que<br />
d’Ele esperam e recebem com confiança a salvação. Com ela,<br />
finalmente, excelsa filha de Sião, depois de uma demorada<br />
espera da promessa, completam-se os tempos e se instaura a<br />
nova economia (CIC 489).<br />
Atanásio de Alexandria<br />
"Houve muitos que já nasceram santos e livres do pecado:<br />
Jeremias foi santificado desde o seio materno; também<br />
João, antes de ser dado à luz, exultou de alegria ao ouvir a<br />
voz de Maria, Mãe de Deus" (Da Trindade).<br />
- 51 -
Agostinho de Hipona<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
"Entre a graça e a predestinação existe unicamente esta<br />
diferença: que a predestinação é uma preparação para a<br />
graça, e a graça é já a doação efetiva da predestinação. E<br />
assim, o que diz o Apóstolo: "[a salvação] não provém das<br />
obras, para que ninguém se vanglorie; pois somos todos<br />
obra de Deus, criados no Cristo Jesus para realizar boas<br />
obras" [Ef. 2,9s] significa a graça; mas o que segue: "as<br />
quais Deus de antemão dispôs para caminharmos nelas",<br />
significa a predestinação, que não se pode dar sem a<br />
presciência, por mais que a presciência possa existir sem a<br />
predestinação. Pela predestinação, Deus teve presciência<br />
das coisas que haveria de realizar; por isto; foi dito: "Ele fez<br />
o que ia ser" [Is 45-LXX]. Mas a presciência pode versar<br />
também sobre as coisas que Deus não faz, como o pecado -<br />
de qualquer espécie que seja. Embora haja pecados que são<br />
castigos de outros pecados, conforme foi dito: "entregou-os<br />
Deus a uma mentalidade depravada, para que fizessem o<br />
que não convinha" [Rm. 1,28], não há nisto pecado por<br />
parte de Deus, mas justo juízo. Portanto, a predestinação<br />
divina, que versa sobre o que é bom, é uma preparação<br />
para a graça, como já disse, sendo que a graça é efeito da<br />
predestinação. Por isto, quando Deus prometeu a Abraão a<br />
fé de muitos povos, dentro de sua descendência, disse: "Eu<br />
te fiz pai de muitas nações" [Gn. 17,4s], e o Apóstolo<br />
comenta: "Assim, é em virtude da fé, para que, por graça,<br />
seja a promessa estendida a toda a descendência" [Rm.<br />
4,16]: a promessa não se baseia na nossa vontade mas na<br />
predestinação. Deus prometeu, não o que os homens<br />
realizam, mas o que Ele mesmo havia de realizar. Se os<br />
homens praticam boas obras no que se refere ao culto<br />
divino, provém de Deus cumprirem eles o que lhes mandou,<br />
não provém deles que Deus cumpra o que prometeu; de<br />
outro modo, teria provindo da capacidade humana, e não do<br />
poder divino, que se cumprissem as divinas promessas; em<br />
tal caso os homens teriam dado a Abraão o que Deus lhe<br />
prometera! Não foi assim que Abraão creu; ele "creu, dando<br />
glória a Deus e convencido de que Deus era poderoso para<br />
realizar sua promessa" [Rm. 4,21]. O Apóstolo não emprega<br />
o verbo "predizer" ou "pré conhecer" (na verdade Deus é<br />
poderoso para predizer e pré-conhecer as coisas), mas ele<br />
diz: "poderoso para realizar", e portanto, não obras alheias,<br />
mas suas. Pois bem; porventura prometeu Deus a Abraão<br />
- 52 -
A FÉ CRISTÃ<br />
que em sua descendência haveria as boas obras dos povos,<br />
como coisa que Ele realiza, sem prometer também a fé -<br />
como se esta fosse obra dos homens? E então Ele teria tido,<br />
quanto a essa fé, apenas "presciência"? Não é certamente o<br />
que diz o Apóstolo, mas sim que Deus prometeu a Abraão<br />
filhos, os quais seguiriam suas pisadas no caminho da fé:<br />
isto o afirma clarissimamente (...) O mais ilustre exemplar<br />
da predestinação e da graça é o próprio Salvador do mundo,<br />
mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo. Pois para<br />
chegar a ser tudo isto, com que méritos anteriores - seja de<br />
obras, seja de fé - pôde contar a natureza humana que nele<br />
reside? Peço que me responda: aquele homem que foi<br />
assumido, em unidade de pessoa, pelo Verbo eterno com o<br />
Pai, para ser Filho Unigênito de Deus, de onde mereceu<br />
isto? Houve algum mérito que tivesse ocorrido antes? Que<br />
fez ele, que creu, que pediu previamente para chegar a tal<br />
inefável excelência? Não foi acaso pela virtude e assunção<br />
do mesmo Verbo que aquele homem, desde que, começou a<br />
existir, começou a ser Filho único de Deus? Não foi acaso o<br />
Filho único de Deus aquele que a mulher, cheia de graça,<br />
concebeu? Não foi o único Filho de Deus quem nasceu da<br />
Virgem Maria, por obra do Espírito Santo, sem a<br />
concupiscência da carne e por graça singular de Deus?<br />
Acaso se pôde temer que aquele homem chegasse a pecar,<br />
quando crescesse na idade e usasse o livre arbítrio? Acaso<br />
carecia de vontade livre ou não era esta tanto mais livre,<br />
nele, quanto mais impossível que estivesse sujeita ao<br />
pecado? Todos estes dons, singularmente admiráveis, e<br />
outros ainda, que se possam dizer, em plena verdade,<br />
serem dele, recebeu-os de maneira singular, nele, a nossa<br />
natureza humana sem que houvesse quaisquer<br />
merecimentos precedentes. Interpele então alguém a Deus<br />
e diga-lhe: "por que também não sou assim?" E se, ouvindo<br />
a repreensão: "ó homem, quem és tu para pedires contas a<br />
Deus" [Rm. 9,20], ainda persistir interpelando, com maior<br />
imprudência: "Por que ouço isto: ó homem, quem és tu?<br />
pois se sou o que estou escutando, isto é, homem - como o<br />
é aquele de quem estou falando - por que não hei de ser o<br />
mesmo que ele?" Pela graça de Deus ele é tão grande e tão<br />
perfeito! E por que é tão diferente a graça, se a natureza é<br />
igual? Certamente, não existe em Deus acepção de pessoas<br />
[Col. 3,25]: quem seria o louco, já nem digo o cristão, que<br />
o pensasse? Fique manifesta, portanto, para nós, naquele<br />
que é nossa cabeça, a própria fonte da graça que se difunde<br />
- 53 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
por todos os seus membros, conforme a medida de cada<br />
um. Tal é a graça, pela qual se faz cristão um homem desde<br />
o momento em que principia a crer; e pela qual o homem<br />
unido ao Verbo, desde o primeiro momento seu, foi feito<br />
Jesus Cristo. Fique manifesto que essa graça é do mesmo<br />
Espírito Santo, por obra de quem Cristo nasceu e por obra<br />
de quem cada homem renasce; do mesmo Espírito Santo,<br />
por quem se verificou a isenção de pecado naquele homem<br />
e por quem se verifica em nós a remissão dos pecados.<br />
Deus, sem dúvida, teve a presciência de que realizaria tais<br />
coisas. É esta a predestinação dos santos, que se manifesta<br />
de modo mais eminente no Santo dos santos; quem poderia<br />
negá-lo, dentre os que entendem retamente os<br />
ensinamentos da verdade? Pois sabemos que também o<br />
Senhor da glória foi predestinado, enquanto homem tornado<br />
Filho de Deus. Proclama-o o Doutor das Gentes no começo<br />
de suas epístolas: "Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado<br />
para ser apóstolo, escolhido para o Evangelho de Deus, que<br />
Ele de antemão havia prometido por meio dos profetas, nas<br />
santas Escrituras, acerca de seu Filho o que nasceu da<br />
estirpe de Davi segundo a carne e foi constituído Filho de<br />
Deus, poderoso segundo O Espírito de santidade desde sua<br />
ressurreição entre os mortos" [Rm. 1,1-4]. Jesus foi,<br />
portanto, predestinado: aquele que segundo a carne haveria<br />
de ser filho de Davi seria também Filho de Deus poderoso,<br />
segundo o Espírito da santificação pois nasceu do Espírito<br />
Santo e da Virgem" (Agostinho de Hipona, +430; Da<br />
Predestinação dos Santos 10).<br />
"[A predestinação é] a pré-ciência e a preparação dos<br />
benefícios divinos quanto aos que serão certamente salvos"<br />
(Do Dom da Perseverança 14,35).<br />
"Desde o início do gênero humano, os que creram em<br />
Cristo, os que de algum modo o conheceram ou viveram<br />
piedosamente segundo os preceitos que são seus, foram,<br />
sem dúvida alguma, salvos por Ele, onde quer que<br />
estivessem" (Epístola 102,12).<br />
c) O martírio<br />
* * *<br />
“Cheios de confiança, temos mais vontade de nos<br />
ausentarmos do corpo e estar presentes ao Senhor”<br />
(2Cor. 5,8).<br />
- 54 -
A FÉ CRISTÃ<br />
O martírio é o supremo testemunho prestado à verdade da fé;<br />
designa um testemunho que vai até a morte. O mártir dá<br />
testemunho de Cristo morto e ressuscitado, ao qual está unido<br />
pela caridade. Dá testemunho da verdade da fé e da doutrina<br />
cristã. Enfrenta a morte num ato de fortaleza (CIC 2473).<br />
Papa Clemente I de Roma<br />
"Deixemos de lado os exemplos dos antigos e falemos dos<br />
nossos atletas mais recentes. Apresentemos os generosos<br />
do nosso tempo, vítimas do fanatismo e da inveja, sofreram<br />
perseguição e lutaram até à morte. Tenhamos diante dos<br />
olhos os bons Apóstolos: por causa de um fanatismo iníquo,<br />
Pedro teve de suportar duros tormentos, não uma ou duas<br />
vezes, mas muitas; e depois de sofrer o martírio, passou<br />
para o lugar que merecia na glória. Por invejas e<br />
rivalidades, Paulo obteve o prêmio da paciência: sete vezes<br />
foi lançado na prisão, foi exilado e apedrejado, tornou-se<br />
pregador da Palavra no Oriente e no Ocidente, alcançando,<br />
assim, uma notável reputação por causa da sua fé. Depois<br />
de ensinar o mundo inteiro o caminho da justiça e de chegar<br />
até os confins do Ocidente, sofreu o martírio que lhe<br />
infligiram as autoridades. Partiu, pois, deste mundo para o<br />
lugar santo, deixando-nos um perfeito exemplo de<br />
paciência. A estes homens, mestres de vida santa, juntouse<br />
uma grande multidão de eleitos que, vítimas de um ódio<br />
iníquo, sofreram muitos suplícios e tormentos, tornando-se,<br />
desta forma, para nós, um magnífico exemplo de fidelidade.<br />
Vítimas do mesmo ódio, mulheres foram perseguidas, como<br />
Danaides e Dircéia. Suportando graves e terríveis torturas,<br />
correram até o fim a difícil corrida da fé e mesmo sendo<br />
fracas de corpo, receberam o nobre prêmio da vitória. O<br />
fanatismo dos perseguidores separou as esposas dos<br />
maridos, alterando o que disse nosso pai Adão: 'É osso dos<br />
meus ossos e carne de minha carne' (Gn. 2,23). Rivalidades<br />
e rixas destruíram grandes cidades e fizeram desaparecer<br />
povos numerosos. Escrevemos isto não apenas para vos<br />
recordar os deveres que tendes, mas também para nos<br />
alertarmos a nós próprios, pois nos encontramos na mesma<br />
arena e combatemos o mesmo combate. Deixemos as<br />
preocupações inúteis e os vãos cuidados e voltemo-nos para<br />
a gloriosa e venerável regra da nossa Tradição.<br />
Consideramos o que é belo, o que é bom, o que é agradável<br />
ao nosso Criador. Fixemos atentamente o olhar no Sangue<br />
- 55 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
de Cristo e compreendamos quanto é precioso aos olhos de<br />
Deus, seu Pai, esse sangue que, derramado para a nossa<br />
salvação, ofereceu ao mundo inteiro a graça da penitência"<br />
(1ª Epístola aos Coríntios).<br />
Inácio de Antioquia<br />
"Somente quando o mundo não vir mais nada de meu corpo<br />
é que serei verdadeiramente discípulo de Cristo (...) Busco<br />
Aquele que morreu por nós; quero Aquele que por nós<br />
ressuscitou" (Epístola aos Esmirnenses 3).<br />
“Sou vossa vítima [ó Deus] e me ofereço em sacrifício por<br />
vossa Igreja" (Epístola aos Efésios 21).<br />
"De viagem da Síria para Roma, estou lutando com feras,<br />
por terra e por mar, de noite e de dia. Acorrentado a dez<br />
leopardos, os milicianos da minha escolta militar (...) Espero<br />
poder enfrentar com alegria as feras que estão preparando<br />
para mim e peço a Deus que eu possa encontrá-las prontas<br />
a lançarem-se sobre mim. Se não quiserem, em mesmo as<br />
instigarei para que me devorem num instante (...) Tenham<br />
compaixão de mim. Sei muito bem o que é útil para mim.<br />
Somente agora começo a ser discípulo, não me deixo<br />
impressionar por coisa alguma, visível ou invisível, para<br />
poder unir-me a Cristo. Fogo, cruzes, feras, lacerações,<br />
desconjuntura dos ossos, o corpo reduzido a pedaços, as<br />
piores torturas caiam sobre mim: importante é unir-me a<br />
Jesus Cristo. Que proveito poderão dar-me os prazeres do<br />
mundo ou os reinos da terra? Nenhum! Para mim é melhor<br />
morrer por Jesus Cristo do que reinar sobre toda a terra. A<br />
minha vida é busca contínua daquele que morreu por nós;<br />
quero Aquele que por nós ressuscitou. Vejam: meu<br />
nascimento se aproxima! Nada melhor podeis fazer por mim<br />
do que deixar que eu seja sacrificado a Deus (...) Rogo-vos:<br />
não tenhais para comigo uma benevolência inoportuna!<br />
Deixem-me ser pasto das feras, pelas quais chegarei a<br />
Deus. Sou o trigo de Deus, moído pelos dentes das feras<br />
para tornar-me o pão duro de Cristo (...) Quando o mundo<br />
não puder mais ver o meu corpo, serei verdadeiramente<br />
discípulo de Cristo" (Epístola aos Romanos 6,1-2).<br />
"O meu Amor está crucificado e não há mais em mim fogo<br />
terreno, mas uma água viva que brota em mim e me diz por<br />
dentro: 'Vai até o Pai'" (Epístola aos Romanos 7).<br />
"Meu desejo terrestre (=Cristo) foi crucificado (...) Há em<br />
mim uma água viva que murmura e que diz dentro de mim:<br />
- 56 -
A FÉ CRISTÃ<br />
'Vem para o Pai'" (Epístola aos Romanos 7,2).<br />
Policarpo de Esmirna<br />
"O chefe o constrangia, dizendo: 'Jura e te ponho em<br />
liberdade. Amaldiçoa a Cristo!' Ele (=Policarpo) respondeu:<br />
'Há oitenta e seis anos o sirvo e não me fez mal algum.<br />
Como posso blasfemar contra meu Rei e Salvador?'"<br />
(Martírio de Policarpo 9).<br />
"Eu te bendigo, Senhor, por me terdes julgado digno deste<br />
dia e desta hora, digno de ser contado no número dos<br />
vossos mártires (...) Guardastes vossa promessa, Deus da<br />
felicidade e da verdade! Por essa graça e por todas as<br />
coisas, eu vos louvo, vos bendigo e vos glorifico pelo eterno<br />
e celeste sacerdote, Jesus Cristo, vosso Filho bem amado.<br />
Por Ele, que está conosco e com o Espírito, vos seja dada a<br />
glória agora e por todos os séculos dos séculos. Amém"<br />
(Martírio de Policarpo 14,2.3).<br />
Justino Mártir<br />
"Tendo os santos sido conduzidos diante do tribunal, disse o<br />
prefeito Rústico: 'Antes de tudo, submete-se aos deuses e<br />
obedece aos imperadores'. Justino disse: 'Nada há de<br />
censurável nem de condenável em nos submetermos aos<br />
preceitos de nosso Salvador Jesus Cristo'. O prefeito Rústico<br />
disse: 'Que doutrinas professas?' Disse Justino: 'Tentei<br />
aprender todas as doutrinas, mas aderi às doutrinas<br />
verdadeiras dos cristãos, embora não agradem aos que<br />
pensam erradamente'. O prefeito Rústico disse: 'Essas<br />
doutrinas te agradam, infeliz?' Justino disse: 'Sim, pois é<br />
uma crença justa que me faz segui-las'. O prefeito Rústico<br />
disse: 'Que crença é essa?' Disse Justino: 'A piedade que<br />
professamos para com o Deus dos cristãos. Acreditamos<br />
que Ele é único, criador e artífice, desde o princípio, de toda<br />
a criação visível e invisível; e adoramos o Senhor Jesus<br />
Cristo, servo de Deus, cuja vinda para a raça humana foi<br />
anunciada antecipadamente pelos profetas; devia vir como<br />
mensageiro da salvação e mestre de belos ensinamentos. E<br />
eu, que sou apenas um homem, creio poder dizer apenas<br />
pouca coisa sobre sua divindade infinita, confessando ao<br />
mesmo tempo o poder profético que anunciou<br />
antecipadamente, como eu disse, que Ele é o Filho de Deus<br />
(...)'. Disse o prefeito Rústico: 'Então, afinal, tu és cristão!"<br />
Justino disse: 'Sim. Sou cristão!" (Atas do Martírio).<br />
- 57 -
Tertuliano de Cartago<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
"Os olhos erguidos, as mãos estendidas (porque são puras),<br />
a cabeça descoberta (porque não temos do que nos<br />
envergonhar). Não nos ditam palavras, oramos de coração<br />
(...) Enquanto oramos, com as mãos erguidas para Deus,<br />
quantas unhas de ferro nos rasgam (...) Só esta atitude do<br />
cristão que ora, mostra-o pronto para todos os suplícios.<br />
Vamos, excelentes governadores! Arrancai uma alma que<br />
ora pelo Imperador! O crime estará aí, onde está o<br />
verdadeiro Deus e seu culto" (Apologia 30,4.7).<br />
Cipriano de Cartago<br />
“Aquele que venceu a morte uma vez pode vencê-la em<br />
cada um de nós" (Epístola 10,3).<br />
"Se os mártires cristãos são em número tão grande, como<br />
se vê, ninguém deve considerar árduo e difícil ser mártir"<br />
(Epístola a Fortunato 11).<br />
Orígenes de Alexandria<br />
"Para os nossos perseguidores que ainda não fizeram<br />
derramar o nosso sangue, não queremos ser ocasião de<br />
pecarem e de se tornarem ainda mais ímpios. Por isso os<br />
evitamos, quando nos é possível. Do contrário, eles ficariam<br />
com uma culpa ainda maior e teriam um castigo ainda mais<br />
duro toda vez que nós, em nosso egoísmo, pensássemos<br />
somente em nosso benefício e nos deixássemos matar,<br />
mesmo quando isso não fosse estritamente necessário"<br />
(Comentário sobre o Evangelho de João 28,18).<br />
Ósio de Córdoba<br />
"Confessei Jesus Cristo na perseguição que Maximiano,<br />
vosso avô, provocou contra a Igreja. Se quiserdes repeti-la,<br />
encontrar-me-eis disposto a tudo sofrer, antes que trair a<br />
verdade e derramar o sangue do inocente (...) Não me<br />
abalam nem vossas cartas, nem vossas ameaças; é inútil<br />
prossegui-las. Será mais vantajoso para vós renunciar às<br />
opiniões de Ário e não escutar os orientais (...)" (Epístola a<br />
Constantino).<br />
* * *<br />
d) A expansão da Igreja mediante a perseguição e o martírio<br />
“Quem se prender à sua vida, irá perdê-la;quem perder<br />
sua vida por causa de Meu amor, irá encontrá-la” (At.<br />
- 58 -
A FÉ CRISTÃ<br />
1,14).<br />
Com o maior cuidado, a Igreja recolheu as lembranças daqueles<br />
que foram até o fim para testemunhar a fé. São as “Atas dos<br />
Mártires”. Constituem os arquivos da verdade escritos em<br />
“letras de sangue”. (CIC 2474).<br />
Justino Mártir<br />
"Eu mesmo, quando me comprazia nos ensinamentos de<br />
Platão, ouvia acusar os cristãos. Vendo-os, porém, sem<br />
medo diante da morte e de tudo o que se teme, compreendi<br />
que era impossível que vivessem na malícia e devassidão<br />
(...) Desprezei essas mentiras, a calúnia e o julgamento da<br />
multidão; quero ser visto como cristão e luto de toda forma<br />
para isso, confesso" (Apologia 2,13).<br />
"É manifesto que nos cortam em pedaços, que nos colocam<br />
na cruz, que nos lançam nas cadeias, que nos entregam aos<br />
animais e às chamas, mas nada nos impede de confessar<br />
Jesus Cristo. Ao contrário, quanto mais nos maltratam, mais<br />
aumenta o número dos que se tornam fiéis e abraçam a<br />
piedade verdadeira. Acontece conosco o que vemos ocorrer<br />
com a videira: quando se lhe cortam alguns ramos, ela<br />
cresce de novo, de maneira mais fecunda e mais vigorosa"<br />
(Diálogo com Trifão 110).<br />
Tertuliano de Cartago<br />
"Mais poderosos nos tornamos todas as vezes que somos<br />
por vós (=o imperador) ceifados. O sangue dos mártires é a<br />
semente de novos cristãos" (Apologia 50).<br />
Cipriano de Cartago<br />
"Para que se patenteie a fortaleza de ânimo e a firmeza da<br />
fé que devemos considerar e louvar com simplicidade de<br />
coração, quando naquele tempo o intrépido [papa] Cornélio<br />
se assentou na cátedra de Roma, o tirano (=imperador<br />
Décio) atacou os sacerdotes de Deus com palavras que se<br />
proferem e que não se dizem, afirmando que mais preferiria<br />
e toleraria um rival do que um sacerdote de Deus em<br />
Roma".<br />
Lactâncio<br />
"Cresce a religião de Deus quanto mais é premida"<br />
(Instituições 5,19,9).<br />
- 59 -
Agostinho de Hipona<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
"A Igreja avança em sua peregrinação através das<br />
perseguições do mundo e das consolações de Deus" (A<br />
Cidade de Deus 18,51).<br />
e) Intercessão dos santos<br />
* * *<br />
“Disse Onias: ‘Este é o amigo de seus irmãos e do povo<br />
de Israel: é Jeremias, profeta de Deus que ora muito<br />
pelo povo e por toda a cidade santa” (2Mac. 15,14).<br />
Pelo fato de os habitantes do céu estarem unidos mais<br />
intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na<br />
santidade da Igreja. Eles não deixam de interceder por nós<br />
junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra<br />
pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por<br />
conseguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza<br />
recebe o mais valioso auxílio (CIC 956).<br />
Inácio de Antioquia<br />
"Meus irmãos: transbordo de amor por vós e é com alegria<br />
que procuro vos fortalecer - não eu, mas Jesus Cristo;<br />
estando acorrentado por causa d'Ele, temo ainda mais, ao<br />
pensar que continuo imperfeito. Vossa oração, contudo, me<br />
tornará perfeito diante de Deus, para que eu obtenha a<br />
herança cuja misericórdia recebi, refugiando-me no<br />
Evangelho como na carne de Cristo e nos Apóstolos como<br />
no presbitério da Igreja" (Epístola aos Filadelfos 5).<br />
Frutuoso Mártir<br />
"Sim, eu devo ter em mente toda a Igreja espalhada pelo<br />
mundo, do Oriente ao Ocidente [quando estiver junto de<br />
Deus]" (Ata de Frutuoso 1,7).<br />
Cipriano de Cartago<br />
"Se um de nós partir primeiro deste mundo, não cessem as<br />
nossas orações pelos irmãos" (Epístola 57).<br />
Orígenes de Alexandria<br />
"O pontífice não é o único a se unir aos orantes. Os anjos e<br />
as almas dos justos também se unem a eles na oração" (Da<br />
Oração).<br />
"Eles (os santos) conhecem os que são dignos da amizade<br />
- 60 -
A FÉ CRISTÃ<br />
de Deus e auxiliam os que querem honrá-Lo" (Contra<br />
Celso).<br />
Hilário de Poitiers<br />
"Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para<br />
permanecer fiéis, não lhes faltará nem a guarda dos anjos,<br />
nem a proteção dos santos".<br />
Cirilo de Jerusalém<br />
"Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de<br />
nós: patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires, para que<br />
Deus, por suas intercessões e orações, se digne receber as<br />
nossas".<br />
"Em seguida (=na Oração Eucarística), mencionamos os que<br />
já partiram: primeiro os patriarcas, profetas, apóstolos e<br />
mártires, para que Deus, em virtude de suas preces e<br />
intercessões, receba nossa oração" (Catequeses<br />
Mistagógicas).<br />
Jerônimo<br />
"Se os Apóstolos e mártires, enquanto estavam em sua<br />
carne mortal e ainda necessitados de cuidar de si, ainda<br />
podiam orar pelos outros, muito mais agora que já<br />
receberam a coroa de suas vitórias e triunfos. Moisés, um<br />
só homem, alcançou de Deus o perdão para 600 mil<br />
homens armados e Estevão, para seus perseguidores. Serão<br />
menos poderosos agora que reinam com Cristo? São Paulo<br />
diz que com suas orações salvara a vida de 276 homens,<br />
que seguiam com ele no navio (=naufrágio na ilha de<br />
Malta). E depois de sua morte? Cessará sua boca e não<br />
pronunciará uma só palavra em favor daqueles que no<br />
mundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?" (Adv.<br />
Vigil. 6).<br />
Agostinho de Hipona<br />
"Portanto, como bem sabem os fiéis, a disciplina eclesiástica<br />
prescreve que, quando se mencionam os mártires nesse<br />
lugar durante a celebração eucarística, não se reza por eles,<br />
mas pelos outros defuntos que também aí se comemoram.<br />
Não é conveniente orar por um mártir, pois somos nós que<br />
nos devemos encomendar a suas orações" (Sermão 159,1).<br />
“Não deixemos parecer para nós pouca coisa; que sejamos<br />
membros do mesmo corpo que elas (=Santa Perpétua e<br />
Santa Felicidade) (...) Nós nos maravilhamos com elas, elas<br />
- 61 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
sentem compaixão de nós. Nós nos alegramos por elas, elas<br />
oram por nós (...) Contudo, nós todos servimos um só<br />
Senhor, seguimos um só Mestre, atendemos um só Rei.<br />
Estamos unidos a uma Cabeça; nos dirigimos a uma<br />
Jerusalém; seguimos após um amor, envolvemos uma<br />
unidade" (Sermão 280,6).<br />
João Cassiano<br />
"Por vezes, é a intercessão dos santos que alcança o perdão<br />
das nossas faltas (1Jo 5,16; Tg 5,14-15) ou ainda a<br />
misericórdia e a fé" (Conferência 20).<br />
Inscrições e grafitos dos três primeiros séculos<br />
encontrados em cemitérios, catacumbas e túmulos<br />
cristãos:<br />
“Santos mártires: lembrai-vos de Maria" (Cemitério de<br />
Aquiléia).<br />
"Sebaio, doce alma: pede e roga por teus irmãos e<br />
companheiros" (Cemitério de Gordiano).<br />
"Anatólio (...) Que teu espírito descanse em Deus. Pede por<br />
tua mãe" (Cemitério de Santa Priscila).<br />
"Vicência: pede a Cristo por Febe e seu esposo" (Cemitério<br />
de São Calixto).<br />
"Mártires santos, bons e benditos: ajudai a Ciríaco"<br />
(Cemitério de São Pânfilo).<br />
"Pedro: pede a Cristo Jesus pelas almas dos santos cristãos<br />
sepultados junto do teu corpo." (Grafito encontrado no<br />
túmulo de São Pedro).<br />
"Genciano, fiel em paz (...) Que em tuas orações rogues por<br />
nós pois sabemos que estás em Cristo" (Túmulo na Via<br />
Salária).<br />
f) Possibilidade das aparições<br />
* * *<br />
“Eis que lhes apareceram Moisés e Elias falando com<br />
Jesus” (Mat. 17,3).<br />
Depois dos Apóstolos, o Senhor Deus pode permitir que os<br />
santos – como Nossa Senhora – apareçam aos homens a fim de<br />
nos exortar a uma vida santa e ao apostolado. Essas aparições,<br />
porém, mesmo quando autênticas, nada acrescentam ao<br />
- 62 -
patrimônio da fé 1 .<br />
Gregório de Nissa<br />
A FÉ CRISTÃ<br />
"Então o outro (ancião) estendeu a mão como para mostrar<br />
algo que de improviso havia aparecido. Gregório voltou a<br />
vista na direção indicada, viu uma figura que era de uma<br />
mulher muito mais linda que qualquer pessoa humana.<br />
Novamente, perturbado, desviou o olhar e se sentiu cheio<br />
de perplexidade; não sabia o que pensar acerca daquela<br />
visão em que não conseguia olhar. O mais extraordinário<br />
era que, apesar de ser noite escura, brilhava diante dele<br />
uma luz ao lado da figura aparecida, como se tivesse sido<br />
acendida uma luz muito brilhante (...) Diz-se que Gregório<br />
escutou a mulher que exortava ao evangelista João para<br />
explicar ao jovem (Gregório) o mistério da verdadeira fé.<br />
São João, por sua vez, se declarou totalmente disposto a<br />
obedecer a Mãe do Senhor e disse o que desejava de todo o<br />
coração" (Vida de Gregório Taumaturgo).<br />
Agostinho de Hipona<br />
“Pois nós sabemos, com efeito, não por vagos rumores, mas<br />
por testemunhas dignas de fé, que o confessor Félix, cujo<br />
túmulo tu (=Paulino de Nola) veneras piedosamente como<br />
santo asilo, deu não somente marcas de seus benefícios,<br />
mas até de sua presença, tendo aparecido aos olhos dos<br />
homens por ocasião do cerco da cidade de Nola pelos<br />
bárbaros. Esses fatos escepcionais acontecem graças à<br />
permissão divina e estão longe de entrar na ordem<br />
normalmente estabelecida para cada espécie de criatura”<br />
(Do Cuidado devido aos Mortos 16).<br />
1 Cf. BETTENCOURT, Estêvão Tavares. Católicos Perguntam. São Paulo: O Mensageiro de Santo Antonio,<br />
1ª ed., 1997, pp. 111-115.<br />
- 63 -
3. Anjos<br />
a) Sua Existência<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
“Depois veio outro anjo e parou diante do altar, tendo<br />
um turíbulo de ouro. Foram-lhe dados muitos<br />
perfumes, a fim de que oferecesse as orações de todos<br />
os santos sobre o altar de ouro que está diante do<br />
trono de Deus” (Apoc. 8,3).<br />
A existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada<br />
Escritura chama habitualmente de anjos, é uma verdade de fé.<br />
O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a<br />
unanimidade da Tradição. Enquanto criaturas puramente<br />
espirituais, são dotados de inteligência e de vontade. São<br />
criaturas pessoais e imortais. Superam em perfeição todas as<br />
criaturas visíveis. Disto dá testemunho o fulgor de sua glória<br />
(CIC 328, 330).<br />
Atenágoras de Atenas<br />
“Não somos ateus. Cremos em Deus Pai, Filho e Espírito<br />
santo, mas ensinamos também que existe uma multidão de<br />
anjos servidores, ministros de Deus Criador e ordenador do<br />
mundo nas coisas que aí se encontram e na sua ordem”<br />
Justino Mártir<br />
“Nós adoramos a Deus e a seu Filho por Ele gerado e ao<br />
Espírito profético que nos ensinou, bem como aos anjos que<br />
lhe são obedientes e semelhantes” (Apologia).<br />
Ireneu de Lião<br />
“Deus é o criador do céu e da terra e de todo o universo, e<br />
formador dos anjos e dos homens. Só Ele é Pai, Deus<br />
criador, formador e moldador. Ele criou e formou ambas as<br />
coisas, tudo: o visível e o invisível, neste mundo e no céu”.<br />
“Por conseguinte, criou também os seres espirituais. O<br />
universo não foi criado nem formado pelos anjos. Deus não<br />
necessitava deles para esse fim”<br />
“Os anjos são espirituais, não possuem carne”.<br />
Clemente de Alexandria<br />
“Aquele que crê, reza com os anjos, mesmo que reze<br />
- 64 -
A FÉ CRISTÃ<br />
sozinho, porque com ele se reúne o côro dos santos que<br />
ficam em sua companhia”<br />
Orígenes de Alexandria<br />
“Onde quer que exista uma Igreja de homens, ali haverá<br />
também uma Igreja de anjos”<br />
“O culto que se deve aos anjos é o de veneração e não de<br />
adoração”.<br />
“Cada diocese é dirigida por dois bispos: um secular e um<br />
anjo”.<br />
“Cada assembléia eclesiástica compreende também uma<br />
parte celestial formada por anjos, mensageiros de Deus que<br />
habitam entre nós, que rezam com os homens e levam suas<br />
orações aos céus. Apesar disso, os anjos nunca abandona, a<br />
presença de Deus. Sua amizade conosco é um sinal de<br />
nosso bom relacionamento com Deus”.<br />
“Os anjos são diferentes uns dos outros”.<br />
“[Os anjos] estão em toda parte; vigiam e governam a<br />
natureza”.<br />
“Se somos merecedorres da presença dos anjos bons, estes<br />
nos assistem e nos inspiram bons pensamentos e se<br />
comunicam com nossa alma durante o sono”.<br />
Atanásio de Alexandria<br />
“Os anjos vêem a face do Pai por uma participação no<br />
Logos, por uma graça do Espírito Santo”.<br />
“Os anjos foram criados antes do cosmos” (Carta a<br />
Serapião 111,4).<br />
Basílio Magno de Cesaréia<br />
“Os anjos não foram criados como crianças imperfeitas que,<br />
aos poucos, foram se aperfeiçoando pelo exercício, de tal<br />
forma que se fizeram dignos de receber o Espírito santo. Ao<br />
contrário, desde o primeiro instante de sua existência,<br />
juntamente e em conjunto com a sua substância,<br />
receberam a santidade, isto é, a graça santificante” (In<br />
Psalm. Hom. 32,4).<br />
Ambrósio de Milão<br />
“No batismo, o sacerdote atua na missão de um anjo” (De<br />
Mysteriis 11,6).<br />
“Deus não tinha a necessidade de anjos, porém, o homem<br />
- 65 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
deles tem necessidade. Enquanto os homens foram criados<br />
à imagem de Deus, os anjos o foram segundo o ministério<br />
de Deus” (Expos.Ps.108)<br />
“Todos aqueles que seguem a Cristo têm acesso aos anjos”<br />
(De Sacramentis 1,6).<br />
“Os anjos foram criados antes do mundo material” (In<br />
Exodum 27,185).<br />
Cirilo de Jerusalém<br />
“Todos os côros celestiais tomam parte em cada batismo e<br />
cantam sobre o povo cristão” (Protocatechesis).<br />
“Os anjos podem, entretanto, serem chamados de<br />
‘espíritos’ se a palavra designar algo que não é formado por<br />
matéria bruta”.<br />
Jerônimo<br />
“Os anjos cuidam e velam até pelos pormenores do<br />
cosmos” (Comm. In Eccles. 10,20).<br />
Agostinho de Hipona<br />
“Deus criou os anjos dando-lhes a natureza e infundindolhes,<br />
ao mesmo tempo, a graça” (A Cidade de Deus<br />
4,12,9,9).<br />
“Encontramos nas Escrituras que os anjos apareceram a<br />
muitas pessoas e achamos, portanto, que não é racional<br />
duvidar de sua existência” (In Psal. 103).<br />
"A palavra anjo é designação de um encargo, não de<br />
natureza. Se perguntarres pela designação da natureza, a<br />
resposta será: é um espírito; se perguntares pelo enviado:<br />
é um anjo. É espírito por aquilo que é; é anjo por aquilo<br />
que faz" (In Psal. 103,1,5).<br />
“Aos anjos não se oferece sacrifício; somente os veneramos<br />
como amor” (A Cidade de Deus 10,7).<br />
“Aos anjos celestes, que possuem a Deus na humildade e o<br />
servem na bem-aventurança, está submetida toda a<br />
natureza corporal e toda a vida irracional” (A Cidade de<br />
Deus 8,24).<br />
“Juntamente com os anjos, formamos uma só e mesma<br />
cidade de Deus” (A Cidade de Deus 10,7).<br />
"Os santos anjos não alcançam o conhecimento de Deus<br />
mediante palavras soantes, mas pela própria presença da<br />
- 66 -
A FÉ CRISTÃ<br />
verdade imutável, isto é, do Verbo Unigênito, e conhecem o<br />
Verbo, o Pai e o Espírito Santo; sabem que Eles formam a<br />
Trindade inseparável, na qual as Pessoas em si mesmas são<br />
uma única substância e, no então, não são três deuses,<br />
mas um só Deus. Eles conhecem esta verdades melhor do<br />
que nós conhecemos a nós mesmos. Também conhecem as<br />
criaturas na sabedoria de Deus (...) e nela conhecem<br />
igualmente a si mesmos" (A Cidade de Deus 11,29).<br />
"Só conheceremos a natureza dos anjos de modo<br />
perfeitamente claro quando estivermos para sempre unidos<br />
a eles na posse da bem-aventurança eterna” (Enchiridion<br />
58).<br />
Cirilo de Alexandria<br />
“Os anjos foram criados também à imagem de Deus,<br />
inclusive, incomparavelmente mais do que nós, em razão<br />
de sua espiritualidade superior à nossa” (Resposta a Tibério<br />
Sociosqua 14).<br />
João Crisóstomo<br />
“O ar que nos rodeia está cheio de anjos”.<br />
“Que há de melhor, diga-me? Falar do vizinho e da vida<br />
alheia, bisbilhotar tudo, ou se entregar com os anjos e com<br />
as coisas feitas para nos enriquecer?” (Hom. In Io. 18).<br />
Papa Gregório I Magno de Roma<br />
“Os anjos são incomparavelmente mais íntimos de Deus<br />
que os homens (...) São espíritos e somente espíritos,<br />
enquanto o homem é espírito e carne” (Moralia in Job<br />
4,3,8).<br />
“[Os anjos] contemplam a Deus face a face”<br />
“Comparados com os nossos corpos materiais, [os anjos]<br />
são espíritos; mas comparados com Deus, que é Espírito<br />
ilimitado, são de certa forma materiais”.<br />
João Damasceno<br />
“Os anjos foram criados do nada; são incorpóreos quando<br />
comparados com os homens, porém, não possuem o<br />
mesmo grau de espiritualidade de Deus - puro espírito. Sua<br />
exata naturreza só pode ser conhecida por Deus”<br />
"Por serem espíritos (...) os anjos não são fisicamente<br />
circunscritos. De fato, eles não possuem corpo, nem três<br />
dimensões, mas estão presentes e operam espiritualmente<br />
- 67 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
para onde quer que vão. Por outro lado, não podem atuar<br />
simultaneamente em dois lugares distintos (...) Eficientes e<br />
solícitos no cumprimento da vontade de Deus, são velozes a<br />
ponto de comparecer instantaneamente onde a vontade de<br />
Deus os chama. Alguns defendem as várias partes do<br />
mundo, presidem às nações e regiões, conforme a ordem<br />
do Sumo Criador, governam as nossas coisas e prestam-nos<br />
ajuda" (Exposição da Fé Ortodoxa).<br />
“[Os anjos] estão em um lugar determinado, embora não<br />
no espaço: como não são como os homens tridimensionais,<br />
a bilocação é para eles um fenômeno de ordem espiritual”.<br />
“Os anjos estão onde atuam, isto é, onde exercem seu<br />
poder”.<br />
“[Os anjos] são imortais pela graça. Contemplam a Deus<br />
pela iluminação própria que Deus lhes concede”.<br />
“A obra dos anjos no céu consiste em louvar a Deus; na<br />
terra, servem o Senhor e revelam seus mistérios”.<br />
“O conhecimento do futuro lhes advém unicamente da<br />
revelação de Deus”.<br />
“Os anjos foram criados antes dos homens e antes mesmo<br />
do cosmos”.<br />
* * *<br />
b) Encontram-se Hierarquicamente Organizados<br />
"Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as<br />
criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações,<br />
principados, potestades: tudo foi criado por ele e para ele" (Col.<br />
1,16).<br />
Na literatura e no cinema existem muitas histórias sobre<br />
habitantes de outros planetas, geralmente representados como<br />
mais inteligentes e poderosos que nós, pobres mortais ligados à<br />
terra. Mas nem o mais engenhoso dos escritores de ficção<br />
científica poderá fazer justiça à beleza deslumbrante, à<br />
inteligência poderosa e ao formidável poder de um anjo. Se isto<br />
é assim na ordem inferior das hostes celestiais - na ordem dos<br />
anjos propriamente chamados assim -, que não dizer das<br />
ordens ascendentes de espíritos puros que se encontram acima<br />
dos anjos? Na Sagrada Escritura enumeram-se os arcanjos, os<br />
principados, as potestades, as virtudes, as dominações, os<br />
tronos, os querubins e os serafins. É muito possível que um<br />
arcanjo esteja a tanta distância de um anjo, em perfeição, como<br />
- 68 -
A FÉ CRISTÃ<br />
este de um homem (A Fé Explicada, p. 32).<br />
Orígenes de Alexandria<br />
“Conforme o grau de iluminação que receberam, os anjos<br />
possuem funções diversas na administração do universo. As<br />
dominações, virtudes e potestades são destinadas a dirigir<br />
os outros anjos. Os anjos têm, portanto, uma certa<br />
subordinação entre si”.<br />
“Um homem iluminado com a luz do conhecimento<br />
sobrenatural percebe a presença dos anjos: vê os anjos e a<br />
seu chefe, Miguel. O mesmo com relação aos arcanjos,<br />
tronos, dominações, potestades e virtudes celestiais”.<br />
Atanásio de Alexandria<br />
“As hierarquias celestes encerram muitos mistérios” (Carta<br />
a Serapião 1,13).<br />
Basílio Magno de Cesaréia<br />
"Também os anjos, os arcanjos e todas as potências<br />
celestiais recebem do Espírito [Santo] a santidade" (Epístola<br />
159,2).<br />
Papa Gregório I Magno de Roma<br />
“Sabemos pela autoridade da Escritura que existem nove<br />
ordens de anjos: anjos, arcanjos, virtudes, potestades,<br />
principados, dominações, tronos, querubins e serafins.<br />
Existem anjos e arcanjos em quase todas as páginas da<br />
Bíblia e os livros dos profetas falam de querubins e serafins.<br />
São Paulo também, escrevendo aos efésios, enumera<br />
quatro ordens de anjos, quando disse: ‘sobre todo<br />
principado, potestade, virtude e dominação’ e, em outra<br />
ocasião, escrevendo aos colossenses, disse: ‘nem tronos,<br />
dominações, principados ou potestades’. Se unirmos estas<br />
duas listas, temos cinco ordens; e agregando os anjos e<br />
arcanjos, querubins e serafins, temos nove ordens de<br />
anjos”<br />
Eusébio de Cesaréia<br />
“Anjos, arcanjos, espíritos, forças divinas, exércitos<br />
celestiais, virtudes, tronos, dominações são orientados pelo<br />
Espírito Santo. Eles cantam o ‘Laudate Dominum de coelis’<br />
para exaltação da glória de Deus. A fé reconhece estas<br />
potestades divinas para o serviço e a liturgia de Deus todo-<br />
- 69 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
poderoso” (Praeparatio Evang. 7).<br />
João Crisóstomo<br />
“Os serafins louvam a Trindade, rodeiam o altar celestial do<br />
qual a Igreja é o modelo neste mundo”<br />
“Na capital celeste, Jerusalém, nossa mãe comum, estão os<br />
serafins, querubins, muitos milhares de arcanjos e<br />
inumeráveis anjos” (Hom. In Seraphin 1).<br />
“Saber que o lugar dos serafins é junto a Deus é mais<br />
importante que o conhecimento de sua natureza” (Hom. In<br />
Seraphin 2).<br />
Cirilo de Jerusalém<br />
“Não podemos sondar a natureza dos querubins, nem<br />
sequer conhecemos a diferença entre tronos, dominações,<br />
virtudes, podestades, poderes e anjos. Só sabemos que a<br />
diferença implica em graus diversos do conhecimento<br />
anjélico de Deus”.<br />
Cirilo de Alexandria<br />
“Anjos e arcanjos servem a Deus e o adoram em hinos<br />
sempiternos” (Contra Juliano 3).<br />
Gregório de Nanzianzo<br />
“Os anjos contemplam a face do Pai, mas a íntima<br />
profundidade do mistério lhes está oculto. Os anjos e<br />
arcanjos vêem apenas a glória de Deus, não sua própria<br />
natureza, que está oculta por trás dos querubins”<br />
João Damasceno<br />
“Não apenas anjos e arcanjos, potestades e virtudes, mas<br />
também os tronos, querubins e serafins, os supremos da<br />
hierarquia angélica, rodeiam o corpo de Maria e, cheios de<br />
alegria, cantam seus louvores” (Hom. 1 In Dormit.).<br />
* * *<br />
c) Todo Homem possui um Anjo da Guarda<br />
“Viva o Senhor, cujo anjo foi o meu guardião” (Jdt 13,20).<br />
Desde a infância até a morte, a vida humana é cercada pela<br />
proteção e pela intercessão dos anjos. Cada fiel é ladeado por<br />
um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida. Ainda<br />
aqui na terra, a vida cristã participa, na fé da sociedade bemaventurada<br />
dos anjos e dos homens, unidos em Deus (CIC<br />
- 70 -
336).<br />
Orígenes de Alexandria<br />
A FÉ CRISTÃ<br />
“Não é apenas o sumo-sacerdote que ora com aqueles cuja<br />
oração é sincera, mas há também os anjos que rejubilam<br />
no céu. É de crer-se que lá [onde os fiéis se reúnem], as<br />
potência angélicas participam das assembléias dos fiéis. É<br />
de fato lá que desce a força de nosso Senhor Salvador e se<br />
reúnem os espíritos dos santos (...) Se temos o direito de<br />
nos referirmos aos anjos graças ao adágio: ‘O anjo de<br />
Iahveh acampa entre os seus fiéis e os assiste’ [Sal. 34,8] e<br />
se Jacó ao mencionar que ‘o anjo o salvou de todo o mal’<br />
[Gên. 48,16] referia-se não apenas a si próprio mas a todas<br />
as pessoas devotas, é então verdade que quando várias<br />
pessoas se encontram reunidas para louvar a Cristo, o anjo<br />
encarregado de proteger e conduzir cada um rodeia aqueles<br />
que crêem em Deus. Assim, quando pessoas santas se<br />
acham reunidas, acham-se na presença uma da outra duas<br />
Igrejas: a dos homens e a dos anjos. Se Rafael afirma a<br />
Tobias que havia oferecido sua súplica diante da glória do<br />
Senhor [Tob. 12,12], bem como as de Sara, que se tornaria<br />
esposa do jovem Tobias, o que não se passará quando um<br />
número grande se reúne em um mesmo local animado pela<br />
mesma intenção e formando um só corpo com Cristo?” (De<br />
Orat.).<br />
“Junto a cada homem existe sempre um anjo do Senhor<br />
que o ilumina, o guarda e o protege de todo mal” (Coment.<br />
Mat. 18,10).<br />
Gregório Taumaturgo<br />
“Santos anjos de Deus, que desde a minha juventude me<br />
tem protegido...” (Orat. Ad Orig. 4).<br />
Basílio Magno de Cesaréia<br />
“Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor,<br />
para conduzi-lo à Vida” (Adv. Eunonium 3,1).<br />
Ambrósio de Milão<br />
“Devemos rezar aos anjos que nos são dados como<br />
guardiães” (De Viduis 9,55).<br />
Jerônimo<br />
“A dignidade de uma alma é tão grande que cada pessoa<br />
tem um anjo guardião desde seu nascimento”.<br />
- 71 -
4. Imagens x Idolatria<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
Adorar a Deus é, no respeito e na submissão absoluta,<br />
reconhecer o “nada da criatura”, que não existe a não ser por<br />
Deus. Adorar a Deus é, como Maria no Magnificat, louvá-Lo,<br />
exaltá-Lo e humilhar-se a si mesmo, confessando com gratidão<br />
que Ele fez grandes coisas e que seu Nome é santo. A adoração<br />
do Deus único liberta o homem de se fechar em si mesmo, da<br />
escravidão do pecado e da idolatria do mundo. A idolatria não<br />
diz respeito somente aos falsos cultos do paganismo. Ela é uma<br />
tentação constante da fé. Consiste em divinizar o que não é<br />
Deus. Existe idolatria quando o homem presta honra e<br />
veneração a uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de<br />
deuses ou de demônios (por exemplo, o satanismo), do poder,<br />
do prazer, da raça, dos antepassados, do Estado, do dinheiro<br />
etc. (...) A idolatria nega o Senhorio exclusivo de Deus; é,<br />
portanto, incompatível com a comunhão divina (CIC 2097,<br />
2113).<br />
a) Veneração não é adoração<br />
“Moisés, saindo ao encontro de seu sogro, prostrou-se<br />
diante dele e o beijou” (Ex. 18,7).<br />
O culto cristão de imagens não é contrário ao primeiro<br />
mandamento, que proíbe os ídolos. De fato, a honra prestada a<br />
uma imagem se dirige ao modelo original e quem venera uma<br />
imagem, venera nela a pessoa que nela está pintada. A honra<br />
prestada às santas imagens é uma veneração respeitosa e não<br />
uma adoração, que só compete a Deus (CIC 2132).<br />
Policarpo de Esmirna<br />
"Eles não sabem que nós não poderíamos esquecer o Cristo<br />
que sofreu para salvar aqueles que estão salvos no mundo<br />
inteiro, nem adorar ninguém mais. Nós o adoramos porque<br />
Ele é o Filho de Deus. Quanto aos mártires, nos os amamos<br />
como discípulos e imitadores do Senhor e dignamente<br />
devido à sua afeição sem par por seu Rei e Mestre.<br />
Possamos também nós nos tornar seus seguidores e<br />
discípulos companheiros" (Martírio de Policarpo 17,2-3).<br />
- 72 -
Orígenes de Alexandria<br />
A FÉ CRISTÃ<br />
"[O idólatra é aquele que] refere a qualquer coisa que não<br />
seja Deus a sua indestrutível noção de Deus" (Contra Celso<br />
2,40).<br />
Agostinho de Hipona<br />
"Nós, os cristãos, não cremos em Pedro, mas n'Aquele em<br />
quem Pedro acreditou; sendo deste modo que somos<br />
edificados pelas palavras de Pedro anunciadoras do Cristo"<br />
(A Cidade de Deus 8,54).<br />
"Acontece, porém, que a cidade terrena teve certos sábios<br />
condenados pela doutrina de Deus; sábios que, por<br />
conjecturas ou artifícios dos demônios, disseram que<br />
deviam amistar muitos deuses com as coisas humanas (...)<br />
A cidade celeste, ao contrário, conhece um só Deus, único a<br />
quem se deve o culto e a servidão, em grego chamada<br />
'latréia' (adoração), e pensa com piedade fiel não ser devido<br />
senão a Deus. Tais diferenças deram motivo a que essa<br />
cidade e a cidade terrena não possam ter em comum as leis<br />
religiosas" (A Cidade de Deus 19,17).<br />
"Oferece-se o sacrifício a Deus e não aos mártires, ainda<br />
que seja celebrado em suas memórias ou capelas; e porque<br />
quem celebra é sacerdote de Deus e não dos mártires. O<br />
sacrifício que é o Corpo de Cristo, não se oferece aos<br />
mártires, porque eles mesmos são o corpo de Cristo" (A<br />
Cidade de Deus 22,10).<br />
"Honremo-los (=os anjos) com espírito de amor, não de<br />
servidão (=adoração)".<br />
"O diabo se alegra muito com os pecados de luxúria e<br />
idolatria".<br />
Papa Gregório I Magno de Roma<br />
"Era preciso não as quebrar, pois as imagens não foram<br />
colocadas na igreja para ser adoradas, mas para instruir as<br />
mentes dos ignorantes" (Epístola 9,105).<br />
"Tu não devias quebrar o que foi colocado nas igrejas, não<br />
para ser adorado, mas simplesmente para ser venerado.<br />
Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender,<br />
mediante essa imagem, a quem se dirigem as tuas preces.<br />
O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem<br />
o é para os ignorantes: mediante essas imagens, aprendem<br />
o caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não<br />
- 73 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
sabem ler" (Epístola 11,13 a Sereno).<br />
João Damasceno<br />
"Não adoro a matéria, mas o Criador da matéria (...)<br />
Quando se trata de imagens, é preciso considerar a<br />
intenção daqueles que a fazem. Se a intenção é justa e<br />
reta, e se o fazem para a glória de Deus e de seus santos,<br />
por desejo da virtude, de fuga dos vícios e para a salvação<br />
das almas, é preciso recebê-las como imagens (...), é<br />
preciso venerá-las, beijá-las, saudá-las com os olhos, os<br />
lábios, o coração. Tratam-se da representação do Deus<br />
encarnado, ou de sua Mãe, ou de seus santos,<br />
companheiros de sofrimentos e da glória de Cristo" (Das<br />
Imagens 1,8; 2,5.10).<br />
b) Culto mariano<br />
* * *<br />
“Portanto, eis que de hoje em diante, todas as<br />
gerações me chamarão ‘bem-aventurada’” (Luc.<br />
1,48b).<br />
A piedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é intrínseca<br />
ao culto cristão. A Santíssima Virgem é legitimamente honrada<br />
com um culto especial pela Igreja. (...) Este culto, embora seja<br />
inteiramente singular, difere essencialmente do culto de<br />
adoração, que se presta ao Verbo encarnado e igualmente ao<br />
Pai e ao Espírito Santo, mas o favorece poderosamente; este<br />
culto encontra a sua expressão nas festas litúrgicas dedicadas à<br />
Mãe de Deus e na oração Mariana, tal como o Santo Rosário,<br />
“resumo de todo o Evangelho” (CIC 971).<br />
Melitão de Sardes<br />
"Ele (=Jesus) nasceu de Maria, a ovelha formosa" (Homilia<br />
da Páscoa).<br />
Orígenes de Alexandria<br />
"[Disse Isabel a Maria:] 'Eu é que deveria vir a ti, porque és<br />
bendita acima de todas as mulheres; tu, a Mãe do meu<br />
Senhor; tu, minha Senhora" (Fragmenta PG 13, 1902D).<br />
Epifânio de Salamina<br />
"Ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo se adora (...) Maria<br />
seja honrada (=venerada), o Senhor seja adorado" (Haer.<br />
- 74 -
79).<br />
Agostinho de Hipona<br />
A FÉ CRISTÃ<br />
"Ela (=Maria) fez a vontade do Pai e a fez totalmente; e,<br />
por isso, vale mais para Maria ter sido discípula de Cristo do<br />
que sua Mãe" (Sermão 72,A,7).<br />
"Na verdade, era digno e de todo conveniente, que o parto<br />
daquela que havia procriado ao Senhor do céu e da terra, e<br />
que permaneceu virgem após ter dado à luz, fosse<br />
celebrado não somente com festejos humanos, mas com<br />
cânticos sublimes de louvor pelos anjos" (Sermão 193,1).<br />
Beda Venerável<br />
"Introduziu-se na Igreja o belo e salutar costume de cantar<br />
diariamente esse cântico de Maria (=Magnificat) na<br />
salmodia do louvor vespertino (...) e precisamente na hora<br />
das vésperas, para que nossa mente, fatigada e tensa pelos<br />
trabalhos e pelas muitas preocupações do dia, ao chegar o<br />
tempo do repouso, volte a encontrar o recolhimento e a paz<br />
de espírito" (1,4).<br />
Germano de Constantinopla<br />
"[Cristo quis] ter, por assim dizer, a proximidade dos teus<br />
lábios e do teu coração (=Maria). Desta maneira, Ele atende<br />
a todos os desejos que lhe exprimes, quando sofres pelos<br />
teus filhos, e Ele realiza, com o seu poder divino, tudo o que<br />
lhe pedes" (Homilia 1).<br />
“Tu (=Maria) habitas espiritualmente conosco e a grandeza<br />
da tua vigilância sobre nós faz ressaltar a tua comunidade<br />
de vida conosco" (Homilia 1).<br />
João Damasceno<br />
"Quando se tornou Mãe do Criador, tornou-se<br />
verdadeiramente a soberana de todas as criaturas" (Da Fé<br />
Ortodoxa 4,14).<br />
"O céu, com gozo, recebeu tua alma. As potestades<br />
celestiais saíram ao teu encontro, cantando hinos sagrados,<br />
com festiva alegria e expressando-se com estas ou<br />
parecidas palavras: 'Quem é esta que sobe toda pura,<br />
surgindo como a aurora, formosa como a lua e brilhante<br />
como o sol? Ó, que formosa és e toda cheia de suavidade! O<br />
Rei te introduziu em sua câmara, onde as potestades te<br />
escoltam, os principados te abençoam, os tronos entoam<br />
cânticos em tua honra, os querubins se maravilham e os<br />
- 75 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
serafins proclamam teus louvores, já que, por divina<br />
disposição, foste constituída verdadeira Mãe do Senhor'"<br />
(Homilia 1 da Assunção de Maria 1,1).<br />
Concílio Ecumênico de Nicéia II<br />
"Maria é representada como trono de Deus, que carrega o<br />
Senhor e o entrega aos homens, como caminho que leva a<br />
Cristo, mostrando-O, como suplicante, em atitude de<br />
intercessão e sinal da presença divina no caminho dos fiéis<br />
até o dia do Senhor, como protetora que estende seu manto<br />
sobre os povos ou como Virgem misericordiosa de ternura.<br />
A Virgem é habitualmente representada com seu filho, o<br />
Menino Jesus, que carrega nos braços: é a relação com o<br />
filho que glorifica a Mãe. Às vezes ela O abraça com<br />
ternura; outras vezes, hierática, parece absorta na<br />
contemplação daquele que é o Senhor da história (Ap 5,9-<br />
14)".<br />
* * *<br />
c) Possibilidade do uso das imagens sagradas<br />
“Pôs no Santuário dois querubins feitos de madeira de<br />
oliveira, de dez côvados de altura” (1Reis 6,23).<br />
No entanto, [ainda que proibido pelo primeiro mandamento,]<br />
desde o Antigo Testamento Deus ordenou ou permitiu a<br />
instituição de imagens que conduziriam simbolicamente à<br />
salvação através do Verbo encarnado, como são a serpente de<br />
bronze (Num. 21,4-9), a arca da Aliança e os querubins (Ex.<br />
25,10-22; 1Rs 6,23-28; 7,23-26). Foi fundamentando-se no<br />
mistério do Verbo encarnado que o Sétimo Concílio Ecumênico,<br />
em Nicéia, em 787, justificou contra os iconoclastas, o culto dos<br />
ícones: os de Cristo, mas também os da Mãe de Deus, dos anjos<br />
e de todos os santos. Ao se encarnar, o Filho de Deus inaugurou<br />
uma nova “economia” de imagens (CIC 2130, 2131).<br />
Orígenes de Alexandria<br />
"Assim sendo, portanto, cada justo que imita o melhor que<br />
possa o Salvador, ergue uma estátua à imagem do Criador.<br />
Realiza isto contemplando a Deus com um coração puro,<br />
tornando-se uma réplica de Deus (...) Deste modo, o<br />
Espírito de Cristo habita, se assim posso dizer, em suas<br />
imagens".<br />
- 76 -
Basílio Magno de Cesaréia<br />
A FÉ CRISTÃ<br />
"A honra prestada a uma imagem venera nela a pessoa<br />
que nela está representada" (Spir. 18,45).<br />
Gregório de Nissa<br />
"O desenho mudo sabe falar sobre as paredes das igrejas e<br />
ajuda grandemente" (Penegírico de São Teodoro).<br />
Teodoreto de Ciro<br />
"Os pintores, ao representar na tela ou na parede as<br />
histórias passadas, não apenas alegram os olhos de quem<br />
as contemplam, mas também conservam vivas por muito<br />
tempo as memórias dos eventos que já se foram" (História<br />
Eclesiástica 1,1).<br />
Papa Gregório I Magno de Roma<br />
"Tu não devias quebrar o que foi colocado nas igrejas, não<br />
para ser adorado, mas simplesmente para ser venerado.<br />
Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender,<br />
mediante essa imagem, a quem se dirigem as tuas preces.<br />
O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem<br />
o é para os ignorantes: mediante essas imagens, aprendem<br />
o caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não<br />
sabem ler" (Epístola a Sereno 9,13).<br />
"Ao contemplar [as imagens], possam [os analfabetos] ler,<br />
pelo menos nas paredes, aquilo que não são capazes de ler<br />
nos Livros" (Epístola a Sereno).<br />
João Damasceno<br />
"Como fazer a imagem do Invisível? Na medida em que<br />
Deus é invisível, não o represento por imagens, mas desde<br />
que viste o Incorpóreo feito homem, fazes a imagem da<br />
forma humana, já que o Invisível se tornou visível na carne<br />
e, assim, pintas a semelhança do Invisível (...) Antigamente<br />
Deus, que não tem corpo nem face, não poderia ser<br />
absolutamente representado através de uma imagem. Mas<br />
agora que Ele se fez ver na carne e que Ele viveu entre os<br />
homens, tornou-se possível para mim fazer uma imagem do<br />
Deus que vi. Não adoro a matéria, mas o Criador da matéria<br />
(...) Estaríamos realmente no erro se fizéssemos uma<br />
imagem do Deus invisível, que não tem traços nem linhas<br />
sensíveis (...) Mas depois que Deus, em sua bondade<br />
inefável, se encarnou e foi visto em carne na terra (...),<br />
depois que Ele viveu com os homens, tendo assumido a<br />
- 77 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
natureza, a densidade, a figura, a cor da carne, nós não nos<br />
enganamos ao fazer a sua imagem (...) Represento Deus, o<br />
Invisível, não na medida em que é invisível, mas na medida<br />
em que se tornou visível em nosso favor, participando da<br />
carne e do sangue" (Das Imagens 1,6.8.16).<br />
"O que a Bíblia é para os que sabem ler, a imagem o é para<br />
os analfabetos" (Das imagens 1,17).<br />
"A beleza e a cor das imagens estimulam a minha oração. É<br />
uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo<br />
dos campos estimula o meu coração para dar glória a<br />
Deus".<br />
Concílio Ecumênico de Nicéia II<br />
"Para proferir sucintamente a nossa profissão de fé,<br />
conservamos todas as tradições da Igreja, escritas ou não<br />
escritas, que nos têm sido transmitidas sem alteração. Uma<br />
delas é a representação pictória das imagens, que concorda<br />
com a pregação da história evangélica, crendo que, de<br />
verdade e não de aparência, o Verbo de Deus se fez<br />
homem, o que é também útil e proveitoso, pois as coisas<br />
que se iluminam mutuamente têm, sem dúvida, um<br />
significado recíproco".<br />
"Na trilha da doutrina divinamente inspirada dos nossos<br />
santos padres e da tradição da Igreja Católica, que sabemos<br />
ser a tradição do Espírito Santo que habita nela, definimos,<br />
com todo rigor e cuidado, que, à semelhança da<br />
representação da cruz preciosa e vivificante, assim como as<br />
veneráveis e sagradas imagens pintadas quer em mosaico,<br />
quer em qualquer outro material adaptado, devem ser<br />
expostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas,<br />
nos paramentos sagrados, nas paredes e nas mesas, nas<br />
casas e nas ruas; sejam elas a imagem do Senhor Deus e<br />
Salvador Jesus Cristo, a da imaculada Senhora nossa e<br />
Santa Mãe de Deus, dos santos anjos e de todos os santos<br />
justos".<br />
"Quem venera uma imagem, venera nela a pessoa que está<br />
pintada".<br />
"Quanto mais os fiéis contemplarem essas representações,<br />
mais serão levados a se recordar dos modelos originais e<br />
importantes da fé".<br />
"Aquele que se prostra diante do ícone, prostra-se diante da<br />
pessoa (a hipóstase) daquele que na figuração é<br />
- 78 -
epresentado".<br />
Teodoro Studita<br />
A FÉ CRISTÃ<br />
"Aquilo que por um lado é manifestado pela tinta e pelo<br />
papel, por outro, no ícone, é manifestado pelas várias cores<br />
e pelos outros materiais" (Antirrheticus 1,10).<br />
Papa Adriano I de Roma<br />
"Aquele falso sínodo que se reuniu sem a Sé Apostólica (...),<br />
indo contra a Tradição dos Padres mais venerados, para<br />
condenar as sagradas imagens, seja anatematizado na<br />
presença de nossos apocrisiários (...) e cumpra-se a palavra<br />
de nosso Senhor Jesus Cristo: 'As portas do inferno não<br />
prevalecerão contra ela', e também: 'Tu és Pedro...'. A Sé<br />
de Pedro brilhou com primazia sobre toda a terra e ela é a<br />
cabeça de todas as Igrejas de Deus" (Epístola ao Patriarca<br />
Tarásio).<br />
"Graças a um rosto visível, o nosso espírito será<br />
transportado, por um atrativo espiritual, até à majestade<br />
invisível da Divindade, através da contemplação da imagem<br />
em que está representada a carne, que o Filho de Deus se<br />
dignou assumir para a nossa salvação. E, sendo assim, nós<br />
adoramos e conjuntamente louvamos, glorificando-O em<br />
espírito, este mesmo Redentor, porque, como está escrito:<br />
'Deus é Espírito' e é por isso que nós adoramos<br />
espiritualmente a sua Divindade" (Carta aos Imperadores).<br />
d) O simbolismo das velas<br />
* * *<br />
“Sobre o candelabro de ouro puro conservará em<br />
ordem as lâmpadas perante o Senhor continuamente”<br />
(Lev. 24,4).<br />
Uma celebração sacramental é tecida de sinais e de símbolos.<br />
Segundo a pedagogia divina da salvação, o significado dos<br />
sinais e símbolos deita raízes na obra da criação e na cultura<br />
humana, adquire precisão nos eventos da Antiga Aliança e se<br />
revela plenamente na pessoa e na obra de Cristo (CIC 1145).<br />
Hipólito de Roma<br />
"Com a presença do bispo, ao cair da noite, o diácono trará<br />
a lucerna e aquele, de pé, no meio de todos os fiéis<br />
presentes, dará graças (...): 'Graças te damos, Senhor, pelo<br />
- 79 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
teu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, pelo qual nos<br />
iluminaste, revelando-nos a luz incorruptível. Atingindo,<br />
portanto, o fim do dia e chegando ao início da noite, tendonos<br />
beneficiado da luz do dia, que criaste para a nossa<br />
sociedade, e não carecendo agora da luz da tarde, pela tua<br />
graça, te louvamos e te glorificamos, pelo teu Filho Jesus<br />
Cristo, nosso Senhor, pelo qual a ti seja a glória e o poder e<br />
a honra com o Espírito Santo, agora e sempre, e pelos<br />
séculos dos séculos. Amém'" (Tradição Apostólica 64).<br />
- 80 -
A FÉ CRISTÃ<br />
ANEXO - Relação de Padres e Escritores do Período Patrístico<br />
Padre/Escritor Falecimento<br />
Abércio de Hierápolis . . . . 215<br />
Adriano I de Roma (papa). . . . 795<br />
Afrate da Pérsia . . . . . ~375<br />
Agostinho de Hipona . . . . 430<br />
Alexandre de Alexandria . . . 325<br />
Ambrósio de Milão . . . . 397<br />
Anastácio I de Roma (papa) . . 402<br />
Anastácio II de Roma (papa) . . 498<br />
Anastácio do Sinai. . . . . ~700<br />
André de Creta . . . . . ~750<br />
Aristides de Atenas . . . . 130<br />
Atanásio de Alexandria . . . 373<br />
Atenágoras de Atenas . . . 181<br />
Basílio de Ancira . . . . 364<br />
Basílio de Selêucia . . . . 469<br />
Basílio Magno de Cesaréia . . . 379<br />
Beda Venerável . . . . . 735<br />
Bento de Núrsia . . . . . 547<br />
Bonifácio I de Roma (papa) . . 422<br />
Caio (ou Gaio) . . . . . 217<br />
Calisto I de Roma (papa). . . . 222<br />
Capreólogo . . . . . ~440<br />
Cassiodoro . . . . . ~575<br />
Celestino I de Roma (papa) . . 432<br />
Cesário de Arles . . . . . 543<br />
Cipriano de Cartago . . . . 258<br />
Cirilo de Alexandria . . . . 444<br />
Cirilo de Jerusalém . . . . 386<br />
Clemente I de Roma (papa) . . 101<br />
Clemente de Alexandria . . . 215<br />
Columbano . . . . . 615<br />
Cornélio I de Roma (papa) . . . 253<br />
Cromácio de Aquiléia . . . . 407<br />
Dâmaso I de Roma (papa) . . . 384<br />
Dionísio de Alexandria . . . 265<br />
Dionísio de Corinto . . . . 166<br />
Dionísio I de Roma (papa) . . . 268<br />
Efrém da Síria . . . . . 373<br />
Egéria . . . . . . ~420<br />
- 81 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
Enéias de Gaza . . . . . 518<br />
Epifânio de Salamina . . . . 403<br />
Estevão I de Roma (papa) . . . 257<br />
Eudóxio de Constantinopla . . . 369<br />
Eusébio de Alexandria . . . ~450<br />
Eusébio de Cesaréia . . . . 340<br />
Eustáquio de Antioquia . . . ~350<br />
Eutíquio . . . . . . ~582<br />
Filoxeno da Síria . . . . 523<br />
Firmiliano da Capadócia . . . 268<br />
Frutuoso Mártir . . . . . 259<br />
Fulgêncio de Ruspe . . . . 533<br />
Gelásio I de Roma (papa) . . . 496<br />
Germano de Constantinopla . . ~730<br />
Gregório de Nanzianzo . . . 379<br />
Gregório de Nicéia . . . . ~séc. V<br />
Gregório de Nissa . . . . 394<br />
Gregório I Magno de Roma (papa) . 604<br />
Gregório II de Roma (papa) . . 731<br />
Gregório III de Roma (papa) . . 741<br />
Hegésipo . . . . . . 117<br />
Hermas de Roma . . . . 140<br />
Hilário de Poitiers . . . . 367<br />
Hipólito de Roma . . . . 235<br />
Hormisdas de Roma (papa) . . 523<br />
Ildelfonso de Toledo . . . . 667<br />
Inácio de Antioquia . . . . 107<br />
Inocêncio I de Roma (papa) . . 417<br />
Ireneu de Lião . . . . . 202<br />
Isidoro de Pelúsio . . . 435<br />
Isidoro de Sevilha. . . . . 636<br />
Jerônimo . . . . . . 420<br />
João Cassiano . . . . . 435<br />
João Crisóstomo . . . . 403<br />
João Damasceno . . . . 749<br />
João de Antioquia . . . . ~420<br />
João II de Roma (papa) . . . 535<br />
João IV de Roma (papa) . . . 642<br />
João Mosco . . . . . 619<br />
Júlio I de Roma (papa) . . . 352<br />
Justino Mártir . . . . . 165<br />
Lactâncio . . . . . . 317<br />
Leão I Magno de Roma . . . 461<br />
Libério I de Roma . . . . 366<br />
- 82 -
A FÉ CRISTÃ<br />
Marcelo de Ancira . . . . ~340<br />
Martinho de Braga . . . . 579<br />
Martinho de Tours . . . . 397<br />
Máximo Confessor . . . . 662<br />
Máximo de Turim . . . . 466<br />
Melitão de Sardes . . . . ~170<br />
Metódio de Olimpo . . . . 311<br />
Minúcio Félix . . . . . ~200<br />
Nestório . . . . . . 451<br />
Nicetas de Remesiana . . . ~420<br />
Nilo Magno de Ancira . . . . 430<br />
Optato de Milevi . . . . ~400<br />
Orígenes de Alexandria. . . . 253<br />
Ósio de Córdoba . . . . ~400<br />
Pacômio . . . . . . 346<br />
Panciano . . . . . . 392<br />
Papias de Hierápolis . . . . 130<br />
Paulino de Nola . . . . . 431<br />
Pedro Crisólogo . . . . . 450<br />
Pedro de Alexandria . . . . 311<br />
Pelágio I de Roma (papa) . . . 561<br />
Pelágio II de Roma (papa) . . . 590<br />
Policarpo de Esmirna . . . . 156<br />
Prudêncio de Espanha. . . . 405<br />
Rufino de Aquiléia . . . . 410<br />
Serapião de Thmuis . . . . 362<br />
Severiano de Gábala . . . . 431<br />
Silvestre I de Roma (papa) . . 335<br />
Simeão de Tessalônica . . . ~séc. V<br />
Simplício de Roma (papa) . . . 483<br />
Sirício de Roma (papa) . . . 399<br />
Sisto III de Roma (papa) . . . 440<br />
Sócrates de Constantinopla . . 440<br />
Sozómeno . . . . . . ~450<br />
Sulpício Severo . . . . . 420<br />
Teodoreto de Ciro . . . . 460<br />
Teodoro Studita . . . . . séc. VIII<br />
Teófilo de Antioquia . . . . 182<br />
Teotecnos de Lívias . . . . ~600<br />
Tertuliano de Cartago . . . 220<br />
Vicente de Lérins . . . . 450<br />
Vigílio de Roma (papa) . . . 555<br />
Zacarias de Roma (papa) . . . 752<br />
Zeferino de Roma (papa) . . . 217<br />
- 83 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
Zenão de Verona . . . . 371<br />
Escritos Anônimos Ano de Composição<br />
Atas dos Mártires . . . . ~165<br />
Constituições Apostólicas . . . ~400<br />
Constituições Egípcias . . . ~450<br />
Didaqué . . . . . . ~90<br />
Decreto Gelasiano . . . . 495<br />
Epístola a Diogneto . . . . ~200<br />
Epístola de Barnabé . . . . ~74<br />
Lecionário Jerusalemitano . . . ~450<br />
Mártires de Lião . . . . . ~175<br />
Pseudo-Agostinho . . . . ~séc. VI<br />
Pseudo-Clemente . . . . ~séc. IV<br />
Pseudo-Dionísio . . . . . ~séc. IV<br />
Pseudo-Hipólito . . . . . ~séc. V<br />
Pseudo-Justino . . . . . ~séc. III<br />
Pseudo-Melitão . . . . . ~séc. III<br />
Sacramentário de Bobbio . . . ~650<br />
Sacramentário Gregoriano . . . ~750<br />
Concílios Ecumênicos Ano de Realização<br />
Concílio Ecumênico de Calcedônia . 451<br />
Concílio Ecumênico de Constantinopla I 381<br />
Concílio Ecumênico de Constantinopla II 553<br />
Concílio Ecumênico de Constantinopla III 681<br />
Concílio Ecumênico de Éfeso . . 431<br />
Concílio Ecumênico de Nicéia I . . 325<br />
Concílio Ecumênico de Nicéia II . . 787<br />
Concílios Regionais Ano de Realização<br />
Concílio da União Oriental/Ocidental . 433<br />
Concílio Regional de Antioquia . . 324<br />
Concílio Regional de Arles I . . 314<br />
Concílio Regional de Arles II . . ~475<br />
Concílio Regional de Braga . . . 561<br />
Concílio Regional de Cartago III . . 397<br />
Concílio Regional de Cartago IV . . 418<br />
Concílio Regional de Elvira . . . 306<br />
Concílio Regional de Frankfurt . . 794<br />
Concílio Regional de Friul . . . 796<br />
Concílio Regional de Hipona . . 393<br />
Concílio Regional de Laodicéia . . 367<br />
Concílio Regional de Latrão . . 649<br />
- 84 -
A FÉ CRISTÃ<br />
Concílio Regional de Milevi . . . 416<br />
Concílio Regional de Orange II . . 529<br />
Concílio Regional de Palmari . . 501<br />
Concílio Regional de Pávia . . . 850<br />
Concílio Regional de Quiersy . . 853<br />
Concílio Regional de Roma I . . 382<br />
Concílio Regional de Roma II . . 680<br />
Concílio Regional de Sárdica . . 343<br />
Concílio Regional de Toledo IV . . 633<br />
Concílio Regional de Toledo VI . . 638<br />
Concílio Regional de Toledo XI . . 675<br />
Concílio Regional de Toledo XV . . 688<br />
Concílio Regional de Toledo XVI . . 693<br />
Sínodo de Ambrósio . . . . 389<br />
Sínodo Permanente de Constantinopla ~545<br />
Escritos Apócrifos/Não-Cristãos Ano de Composição<br />
Apócrifo Odes de Salomão . . . séc. II d.C.<br />
Apócrifo Vida de Adão e Eva . . séc. II d.C.<br />
Atos Apócrifos de João . . . séc. III d.C.<br />
Evangelho Apócrifo de Pedro . . séc. II d.C.<br />
Protoevangelho Apócrifo de Tiago . séc. I d.C.<br />
Talmud Babilônico . . . . séc. V d.C.<br />
- 85 -
Abércio de Hierápolis, 81<br />
Afrate da Pérsia, 81<br />
Agostinho de Hipona, 22, 25,<br />
26, 29, 31, 32, 34, 48, 49, 51, 52, 54,<br />
60, 61, 63, 66, 73, 75, 81<br />
Alexandre de Alexandria,<br />
41, 81<br />
Ambrósio de Milão, 26, 29, 33,<br />
36, 42, 48, 50, 65, 71, 81<br />
Anastácio do Sinai, 81<br />
André de Creta, 27, 81<br />
Anônimo, 41, 45<br />
Aristides de Atenas, 81<br />
Atanásio de Alexandria, 41,<br />
51, 65, 69, 81<br />
Atas dos Mártires, 59, 84<br />
Atenágoras de Atenas, 64,<br />
81<br />
Atos Apócrifos de João, 85<br />
Basílio de Ancira, 81<br />
Basílio de Selêucia, 81<br />
Basílio Magno de Cesaréia,<br />
65, 69, 71, 77, 81<br />
Beda Venerável, 75, 81<br />
Caio, 81<br />
Cassiodoro, 81<br />
Cesário de Arles, 81<br />
Cipriano de Cartago, 58, 59,<br />
60, 81<br />
Cirilo de Alexandria, 34, 42,<br />
67, 70, 81<br />
Cirilo de Jerusalém, 26, 61,<br />
66, 70, 81<br />
Clemente de Alexandria,<br />
47, 64, 81<br />
Columbano, 81<br />
Concílio da União entre<br />
Orientais e Ocidentais, 42<br />
Concílio Ecumênico de<br />
Calcedônia, 44, 84<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
Índice onomástico<br />
- 86 -<br />
Concílio Ecumênico de<br />
Constantinopla, 35, 46, 84<br />
Concílio Ecumênico de<br />
Éfeso, 84<br />
Concílio Ecumênico de<br />
Nicéia, 28, 47, 76, 78, 84<br />
Concílio Regional de<br />
Antioquia, 84<br />
Concílio Regional de Arles,<br />
84<br />
Concílio Regional de<br />
Cartago, 84<br />
Concílio Regional de<br />
Elvira, 84<br />
Concílio Regional de Friul,<br />
84<br />
Concílio Regional de<br />
Hipona, 84<br />
Concílio Regional de<br />
Laodicéia, 84<br />
Concílio Regional de<br />
Latrão, 27, 28, 33, 84<br />
Concílio Regional de<br />
Orange, 85<br />
Concílio Regional de<br />
Palmari, 85<br />
Concílio Regional de<br />
Pávia, 85<br />
Concílio Regional de<br />
Quiersy, 85<br />
Concílio Regional de<br />
Roma, 85<br />
Concílio Regional de<br />
Sárdica, 85<br />
Concílio Regional de<br />
Toledo, 85<br />
Constituições Apostólicas,<br />
84<br />
Constituições Egípcias, 84<br />
Cromácio de Aquiléia, 81
Decreto Gelasiano, 84<br />
Didaqué, 84<br />
Dionísio de Corinto, 81<br />
Efrém da Síria, 24, 26, 32, 33,<br />
36, 48, 81<br />
Egéria, 81<br />
Enéias de Gaza, 82<br />
Epifânio de Salamina, 24, 33,<br />
37, 74, 82<br />
Epístola a Diogneto, 84<br />
Epístola de Barnabé, 84<br />
Eusébio de Alexandria, 82<br />
Eusébio de Cesaréia, 69, 82<br />
Eustáquio de Antioquia, 82<br />
Eutíquio, 82<br />
Evangelho Apócrifo de<br />
Pedro, 85<br />
Filoxeno da Síria, 82<br />
Firmiliano da Capadócia, 82<br />
Frutuoso Mártir, 60, 82<br />
Fulgêncio de Ruspe, 82<br />
Germano de<br />
Constantinopla, 38, 75, 82<br />
Gregório de Nanzianzo, 70,<br />
82<br />
Gregório de Nicéia, 82<br />
Gregório de Nissa, 50, 63, 77,<br />
82<br />
Gregório Taumaturgo, 63, 71<br />
Hegésipo, 82<br />
Hermas de Roma, 82<br />
Hilário de Poitiers, 20, 61, 82<br />
Hipólito de Roma, 26, 79, 82<br />
Ildelfonso de Toledo, 35, 82<br />
Inácio de Antioquia, 28, 30,<br />
56, 60, 82<br />
Inscrições e grafitos, 62<br />
Ireneu de Lião, 23, 29, 49, 64,<br />
82<br />
Isidoro de Pelúsio, 82<br />
Isidoro de Sevilha, 82<br />
Jerônimo, 61, 66, 71, 82<br />
João Cassiano, 62, 82<br />
João Crisóstomo, 26, 34, 42,<br />
50, 67, 70, 82<br />
A FÉ CRISTÃ<br />
- 87 -<br />
João Damasceno, 27, 36, 38,<br />
46, 67, 70, 74, 75, 77, 82<br />
João de Antioquia, 42, 82<br />
João Mosco, 82<br />
Justino Mártir, 23, 28, 57, 59, 64,<br />
82<br />
Lactâncio, 59, 82<br />
Lecionário<br />
Jerusalemitano, 45, 84<br />
Martinho de Tours, 51, 83<br />
Mártires de Lião, 84<br />
Máximo Confessor, 83<br />
Máximo de Turim, 83<br />
Melitão de Sardes, 74, 83<br />
Metódio de Olimpo, 83<br />
Minúcio Félix, 83<br />
Nestório, 42, 83<br />
Nicetas de Remesiana, 83<br />
Nilo Magno, 83<br />
Optato de Milevi, 83<br />
Orígenes de Alexandria, 26,<br />
31, 58, 60, 65, 69, 71, 73, 74, 76, 83<br />
Ósio de Córdoba, 58, 83<br />
Panciano, 83<br />
Papa Adriano I de Roma,<br />
79<br />
Papa Clemente I de Roma,<br />
55<br />
Papa Gregório I Magno de<br />
Roma, 31, 67, 69, 73, 77<br />
Papa Leão I Magno de<br />
Roma, 32<br />
Papias de Hierápolis, 83<br />
Pedro Crisólogo, 83<br />
Pedro de Alexandria, 83<br />
Policarpo de Esmirna, 57, 72,<br />
83<br />
Protoevangelho Apócrifo<br />
de Tiago, 30, 85<br />
Pseudo-Agostinho, 84<br />
Pseudo-Clemente, 84<br />
Pseudo-Dionísio, 84<br />
Pseudo-Hipólito, 84<br />
Pseudo-Justino, 84<br />
Pseudo-Melitão, 37, 84
Rufino de Aquiléia, 83<br />
Sacramentário de Bóbbio,<br />
38<br />
Sacramentário<br />
Gregoriano, 41, 84<br />
Serapião de Thmuis, 83<br />
Severiano de Gábala, 83<br />
Simeão de Tessalônica, 83<br />
Sínodo de Ambrósio, 85<br />
Sínodo Permanente de<br />
Constantinopla, 85<br />
Sócrates de<br />
Constantinopla, 83<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
- 88 -<br />
Sulpício Severo, 83<br />
Talmud Babilônico, 85<br />
Teodoreto de Ciro, 77, 83<br />
Teodoro Studita, 79, 83<br />
Teófilo de Antioquia, 83<br />
Teotecnos de Lívias, 27, 83<br />
Tertuliano de Cartago, 58,<br />
59, 83<br />
Timóteo de Jerusalém, 37<br />
Vicente de Lérins, 44, 83<br />
Zenão de Verona, 84
Livros (fontes de citações)<br />
A FÉ CRISTÃ<br />
Bibliografia e Sites Consultados<br />
1. ADAM, Adolf. "O Ano Litúrgico". São Paulo: Paulinas, 1ª<br />
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2. AGOSTINHO, Santo. "A Verdadeira Religião". São Paulo:<br />
Paulinas, 1ª ed., 1987. Trad. Nair de Assis Oliveira.<br />
3. __________. "O Cuidado Devido aos Mortos". São Paulo:<br />
Paulinas, 1ª ed., 1990. Trad. Nair de Assis Oliveira.<br />
4. ALFARO, Juan Ignacio. "O Apocalipse em Perguntas e<br />
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12. __________. “Curso de História da Igreja”. Rio de<br />
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13. __________. "Curso de Iniciação Teológica". Rio de<br />
Janeiro: Mater Ecclesiae, s/ano.<br />
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Mater Ecclesiae, s/ano.<br />
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28. __________. "A Santíssima Trindade". São Paulo:<br />
Ave Maria, 1ª ed., 1993.<br />
29. __________. "A Senhora Contestada". São Paulo:<br />
Ave Maria, 1ª ed., 1993.<br />
30. __________. "Bíblia, Sangue e Medicina". São Paulo:<br />
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31. __________. "Imagens e Santos". São Paulo: Ave<br />
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33. DENZINGER, Enrique. "El Magisterio de la Iglesia".<br />
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34. DOMERGUE, Benoit. "Notas sobre Reecarnação". São<br />
Paulo: Loyola, 1ª ed., 1997. Trad. Yvone Maria de Campos<br />
Teixeira da Silva.<br />
35. DREYFUS, François. "Jesus Sabia que era Deus?".<br />
São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1997. Trad. José Nogueira<br />
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36. DUPUIS, Jacques. "Introdução à Cristologia". São<br />
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Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad. Aldo Vannucchi.<br />
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38. FIORENZA, Francis S.; GALVIN, John P. (org.).<br />
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39. FISICHELLA, Rino. "Introdução à Teologia<br />
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40. FORTE, Bruno. "Introdução à Fé". São Paulo: Paulus,<br />
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41. __________. "Introdução aos Sacramentos". São<br />
Paulo: Paulus, 1ª ed., 1996. Trad. Georges I. Maissiat.<br />
42. FRANGIOTTI, Roque. "História da Teologia: Período<br />
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45. GAMBARINI, Luiz Alberto. "Perguntas e Respostas<br />
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47. GILBERT, Paul. "Introdução à Teologia Medieval". São<br />
Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad. Dion Davi Macedo.<br />
48. GOEDERT, Valter Maurício. "Culto Eucarístico Fora da<br />
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Paulinas, 2ª ed., 1988.<br />
50. GOMES, Cirilo Folch. "Riquezas da Mensagem Cristã".<br />
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51. HAMMAN, A. "Os Padres da Igreja". São Paulo:<br />
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52. JOÃO PAULO II. "A Virgem Maria: 58 Catequeses do<br />
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53. __________. "Carta Apostólica Duodecim Saeculum".<br />
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54. JORNET, Charles. "O Matrimônio Indissolúvel". São<br />
Paulo: Ave Maria, 1ª ed., 1996. Trad. José Joaquim Sobral.<br />
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<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
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Petrópolis: Vozes, 1ª ed. 2000.<br />
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58. LACARRIÈRE, Jacques. "Padres do Deserto: Homens<br />
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Trad. Marcos Bagno.<br />
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Paulo: Loyola, 1ª ed., 1994. Trad. Marcos Marcionilo.<br />
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65. MORALDI, Luigi. "O Início da Era Cristã: uma Riqueza<br />
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Rezende Costa.<br />
66. MOURA, Jaime Francisco de. "As Diferenças entre<br />
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São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad. Orlando Soares<br />
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70. PIÉ-NINOT, Salvador. "Introdução à Eclesiologia".<br />
São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1998. Trad. João Paixão Netto.<br />
71. RIBOLLA, José. "Coisas da Fé". Aparecida: Santuário,<br />
4ª ed., 1995.<br />
72. ROCCHETTA, Carlo. "Os Sacramentos da Fé". São<br />
Paulo: Paulinas, 1ª ed., 1991. Trad. Álvaro A. Cunha.<br />
73. ROSATO, Philip J.. "Introdução à Teologia dos<br />
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A FÉ CRISTÃ<br />
Sacramentos". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad.<br />
Orlando Soares Moreira.<br />
74. ROSSI, Marcelo Mendonça. "Eu sou feliz por ser<br />
católico". São Paulo: Maxi, 1ª ed., 2000.<br />
75. RYAN, Vincent. "O Domingo: HIstória, Espiritualidade,<br />
Celebração". São Paulo: Paulus, 1ª ed., 1997. Trad.<br />
Thereza Christina F. Stummer.<br />
76. SALOTO, Luiz Rômulo Fernandes. "Religião Também<br />
se Aprende" (vol. 4). Aparecida: Santuário, 1ª ed., 2000.<br />
77. SCHEPER, Wenceslau. "Purgatório: Sim ou Não?".<br />
São Paulo: Ave Maria, 1ª ed., 1993.<br />
78. SIMÕES, Adelino F.. "Os Cristãos Perguntam".<br />
Campinas: Raboni, 1ª ed., 1996.<br />
79. TONUCCI, Paulo Maria. "História do Cristianismo<br />
Primitivo". Petrópolis: Vozes, 1ª ed., 1987.<br />
80. TURCHENSKI JR., Nicolau. "A Caminho do Pai: o<br />
Purgatório". Curitiba: s/edit., 1ª ed., 1985.<br />
81. VV.AA.. "Catecismo da Igreja Católica". Petrópolis:<br />
Vozes etal, 3ª ed., 1993.<br />
82. __________. "Manual do Católico de Hoje".<br />
Aparecida: Santuário, 19ª ed., 1990.<br />
83. __________. "O Caminho: Síntese da Doutrina Cristã<br />
para Adultos". Salvador: Nossa Senhora de Loreto, 2ª ed.,<br />
1981.<br />
84. __________. "Os Sacramentais e as Bênçãos". São<br />
Paulo: Paulinas, 1ª ed., 1993. Trad. I. F. L. Ferreira<br />
85. WICKS, Jared. "Introdução ao Método Teológico". São<br />
Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad. Nadyr de Salles<br />
Penteado.<br />
Sites Consultados<br />
1. AGNUS DEI (http://www.agnusdei.cjb.net)<br />
2. CATHOLIC ANSWERS (http://www.catholic.com)<br />
3. CENTRAL DE OBRAS DO CRISTIANISMO PRIMITIVO<br />
(http://cocp.veritatis.com.br)<br />
4. CORUNUM CATHOLIC APOLOGETICS<br />
(http://www.cin.org/users/jgallegos/contents.htm)<br />
5. ICTIS (http://www.ictis.cjb.net)<br />
6. NEW ADVENT (http://www.newadvent.org)<br />
7. SOU CATÓLICO, SOU IGREJA<br />
(http://www.na.com.br/users/toni/)<br />
8. VERITATIS SPLENDOR (http://www.veritatis.com.br)<br />
- 93 -
Para Saber Mais...<br />
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
1. ALTANER, Berthold; STUIBER, Alfred. Patrologia: Vida,<br />
Obras e Doutrina dos Padres da Igreja. São Paulo:<br />
Paulinas.<br />
2. AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de. Escola da Fé I:<br />
Sagrada Tradição. Lorena:Cléofas<br />
3. GOMES, Cirilo Folch. Antologia dos Santos Padres. São<br />
Paulo:Paulinas.<br />
4. HAMMAN, A.. Os Padres da Igreja. São Paulo:Paulinas.<br />
5. LACARRIÈRE, Jacques. Padres do Deserto: Homens<br />
Embriagados de Deus. São Paulo: Loyola.<br />
6. LIÉBAERT, Jacques. Os Padres da Igreja: Séculos I-IV. São<br />
Paulo: Loyola.<br />
7. MANZANARES, Cesar Vidal. Dicionário de Patrística.<br />
Aparecida:Santuário.<br />
8. MORESCHINI, Cláudio; NORELLI, Enrico. História da<br />
Literatura Cristã Antiga Grega e Latina. 3 volumes. São<br />
Paulo: Loyola.<br />
9. PADOVESE, Luigi. Introdução à Teologia Patrística. São<br />
Paulo:Loyola.<br />
10. TRESE, LEO J.. A Fé Explicada. São Paulo:<br />
Quadrante.<br />
11. VV.AA.. Catecismo da Igreja Católica.<br />
Petrópolis:Vozes etal.<br />
Para ulteriores pesquisas, sobre este ou outros temas<br />
relacionados ao Catolicismo, acesse a ferramenta de busca<br />
existente no topo da página do site Veritatis Splendor –<br />
Memória e Ortodoxia Cristã<br />
http://www.veritatis.com.br<br />
Para ler obras patrísticas na íntegra, acesse<br />
COCP – Central de Obras do Cristianismo Primitivo<br />
http://cocp.veritatis.com.br<br />
- 94 -
A FÉ CRISTÃ<br />
- 95 -
<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />
“Com efeito, a Virgem Maria é<br />
reconhecida e honrada como a<br />
verdadeira Mãe de Deus e do<br />
Redentor. Ela é também<br />
verdadeiramente Mãe dos membros<br />
de Cristo porque cooperou pela<br />
caridade para que na Igreja<br />
nascessem os fiéis que são os<br />
membros desta Cabeça” (Agostinho<br />
de Hipona).<br />
“Aos que fizeram tudo o que tiveram<br />
ao seu alcance para permanecer fiéis,<br />
não lhes faltará nem a guarda dos<br />
anjos, nem a proteção dos santos”<br />
(Hilário de Poitiers).<br />
Você quer conhecer melhor o Catolicismo?<br />
Quer estar por dentro da Doutrina Oficial da Santa Igreja?<br />
Visite na Internet: http://www.veritatis.com.br<br />
Um Apostolado fiel ao Magistério da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.<br />
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