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Indice volume 1 - funag

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período posterior (1994, p. 31-46). A identidade seria definida, para<br />

Anderson, como identidade crioula:<br />

Mesmo que tivessem nascido apenas uma semana depois de o seu pai ter<br />

emigrado, o nascimento casual nas Américas consignava-os à subordinação<br />

– embora em termos de língua, religião, ascendência ou costumes,<br />

pouco os distinguisse dos espanhóis nascidos em Espanha. Nada havia a<br />

fazer: eram irremediavelmente crioulos. Mas como devia esta exclusão<br />

parecer irracional! Não obstante, escondida nessa irracionalidade encontrava-se<br />

a seguinte lógica: nascidos nas Américas, não poderiam ser verdadeiramente<br />

espanhóis; logo, nascidos na Espanha, os peninsulares não<br />

poderiam ser verdadeiramente americanos. (ANDERSON: 2005, p. 88-89).<br />

Embasada no território e imposta como estigma, a identidade no Novo<br />

Mundo se construía positiva e negativamente como exótica ou selvagem,<br />

criando a ideia, segundo Nabuco, da “mais terrível das instabilidades”: de<br />

um lado, um sentimento de pertencimento à pátria – local de nascimento<br />

–, de outro, a imaginação que não podia deixar de ser civilizada – e,<br />

portanto, europeia (NABUCO: 1999, p. 48). O diagnóstico de Nabuco vem<br />

sendo recentemente discutido por historiadores e apresentado como discurso<br />

representativo de uma elite cosmopolita que vivia, no século XIX,<br />

uma “espécie de solidão no interior do país, numa sensação de exílio na<br />

sua própria terra” (SANTOS: 2007, p. 39-58); como a relação ambígua de<br />

“ajuste e desajuste com a realidade social do país” (CARVALHO: 2003, p.<br />

114); como sentimento de inadequação de “ideias necessariamente fora<br />

do lugar” (SCHWARTZ: 1977, p. 9-31); ou como um “Brasil que não é longe<br />

daqui” (SÜSSEKIND: 2000). O paradoxo estava dado: o mito de origem nacional<br />

se constituía como imagem de um Estado em formação, oposto a<br />

uma essência europeia que se tomava como finda, mas que estava, em<br />

verdade, ela mesma se fazendo.<br />

Para além do papel da literatura e das belas-artes, já deveras sublinhadas<br />

como indicadoras e consolidadoras do sentimento de inadequação e da<br />

formação de símbolos e imagens nacionais, seria interessante pensar se<br />

as instituições imperiais (e entre elas as associações e práticas científicas)<br />

não estariam, também elas, erguidas sobre uma identidade baseada<br />

no diagnóstico de uma suposta potencialidade do país aberto ao futuro e<br />

na superação do persistente hiato que o separava das demais nações. Em<br />

Introdução | 21

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