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Indice volume 1 - funag

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A criação de um corpo de profissionais formados no estrangeiro com<br />

valores universais de civilização se fazia absolutamente premente. Pedro<br />

II começava, então, a construir sua imagem de mecenas e homem das<br />

artes. Colocando-se ao lado de Taunay no discurso pela mediação dos<br />

artistas na construção de uma comunidade nacional (SANTOS: 2007), Pedro<br />

de Alcântara criava para si uma imagem que se confundia com o horizonte<br />

da civilização a ser construída nos trópicos (CARVALHO: 2007).<br />

Se é verdade que, conforme chama atenção Anderson, à literatura compete<br />

particularmente a difusão de representações coletivas e valores homogêneos<br />

por grupos dispersos que se tornam, então, capazes de constituir<br />

uma comunidade imaginada (ANDERSON: 2005), fato é que, também no<br />

âmbito imagético, pintores, músicos e arquitetos parecem haver contribuído<br />

para forjar um sentimento de pertencimento nacional. Mesmo que<br />

imagens pintadas e prédios construídos possam não ter o mesmo alcance<br />

das obras editadas em épocas de capitalismo de imprensa, quando ainda<br />

mal se podia falar em reprodutibilidade técnica da obra de arte, é bem<br />

verdade que as obras produzidas na academia estavam efetivamente voltadas<br />

para a construção de um público que as identificasse como símbolos<br />

nacionais. Se a política do II Reinado apontava para um processo de<br />

universalização do acesso escolar que era inversamente proporcional à<br />

presença de estudantes no estrangeiro, mas diretamente proporcional à<br />

política de fomento às comissões, o fato é que a ênfase no aprendizado<br />

das Belas-Artes na Europa se mantinha como caso-limite que deixava<br />

claro que não se poderia prescindir do aprendizado de algumas técnicas<br />

“em meio civilizado”.<br />

Com efeito, a permanência das viagens de belas-artes em contextos de<br />

redução de pensões de estudo, a ênfase crescente nas comissões, a frequente<br />

recusa às concessões de bolsas destinadas exclusivamente à formação<br />

individual e a especificidade do Direito, desde o início restrito ao<br />

âmbito nacional, são índices das oscilações políticas que faziam da nacionalidade<br />

e das relações com a alteridade o parâmetro em que constituir<br />

técnicas e ciências. De um lado, o desejo de aproximar-se da Europa se<br />

fazia em duplo movimento de importar práticas e informações e enviar<br />

mão de obra para qualificação no estrangeiro. De outro, o desejo de se<br />

forjar como nação fazia supor a necessidade de unidade administrativa e<br />

a construção de instituições no interior do país, dentro da tradição familista<br />

de dom Romualdo de Seixas. Entre os dois pólos extremos, novamente a<br />

Introdução | 33

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