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Mudança na tecnologia de gestão da produção: caracterizando um ...

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MUDANÇA NA TECNOLOGIA DE GESTÃO DA PRODUÇÃO:<br />

CARACTERIZANDO UM CASO DE SUCESSO<br />

Leo<strong>na</strong>rdo Marques Gomes<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro – Curso <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Produção<br />

Rua Vice-gover<strong>na</strong>dor Rubens Berardo, 65/ 605, Bl. 2, Gávea, Rio <strong>de</strong> Janeiro - RJ, CEP 22451-070<br />

Jayme Chataque <strong>de</strong> Moraes<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro – Curso <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Produção<br />

Rua Barão <strong>de</strong> Luce<strong>na</strong>, 115/706, Botafogo, Rio <strong>de</strong> Janeiro - RJ, CEP 22260-020<br />

Eduardo Galvão Moura Jardim<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro – Departamento <strong>de</strong> Engenharia Industrial, cedido ao INT<br />

Instituto Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Tecnologia, Av. Venezuela, 82/709, Centro, Rio <strong>de</strong> Janeiro, CEP 20081-310<br />

This article focuses on the impact that a change in the use of production<br />

ma<strong>na</strong>gement technology can represent on a given company having problems with leadtime<br />

and <strong>de</strong>livery <strong>da</strong>tes. The work i<strong>de</strong>ntifies the factors that led to this change, classifies<br />

the production ma<strong>na</strong>gement technology used – a Hybrid System Just-in-time / MRPII – and<br />

shows the consequences of the use of this technology.<br />

In the new situation, production planning and control activities were simplified and<br />

became driven by customers’ or<strong>de</strong>rs instead of sales forecast.<br />

The company ma<strong>na</strong>ged to reinforce its position in the market obtaining significative<br />

gains in the client´s perspective through a <strong>de</strong>crease in average lead-time – the main target<br />

of the change – that dropped from 25 <strong>da</strong>ys to 3 <strong>da</strong>ys.<br />

Key words: Production Ma<strong>na</strong>gement Technology, Just-in-Time/MRPII, Case Study<br />

1. Introdução<br />

Consi<strong>de</strong>re <strong>um</strong>a empresa do Rio <strong>de</strong> Janeiro, posicio<strong>na</strong><strong>da</strong> entre as três primeiras <strong>de</strong><br />

seu setor no âmbito <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e com li<strong>de</strong>rança no estado do Rio. Consi<strong>de</strong>re agora que esta<br />

empresa começa a sofrer per<strong>da</strong> <strong>de</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, pressão dos concorrentes e a<strong>um</strong>ento <strong>da</strong><br />

insatisfação dos clientes. A diretoria realiza <strong>um</strong>a análise estratégica, res<strong>um</strong>i<strong>da</strong> no quadro<br />

abaixo, que apresenta <strong>um</strong>a avaliação dos critérios competitivos <strong>da</strong> empresa [4]:<br />

• Preço: Satisfatório;<br />

• Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>: Muito satisfatório.<br />

• Rapi<strong>de</strong>z: Muito insatisfatório;<br />

• Pontuali<strong>da</strong><strong>de</strong>: Muito insatisfatório;<br />

(Os dois últimos critérios tratam do aspecto: Prazo <strong>de</strong> entrega)<br />

Após esse diagnostico prelimi<strong>na</strong>r, qual seria a <strong>de</strong>cisão indica<strong>da</strong> para recuperação<br />

<strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

A resposta está <strong>na</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Gestão <strong>da</strong> Produção (TGP). A<br />

correta escolha e implantação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a TGP basea<strong>da</strong> no tempo atuaria exatamente <strong>na</strong><br />

melhoria dos critérios rapi<strong>de</strong>z e pontuali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

A empresa em questão é a Fabrimar S.A. Indústria & Comércio, que em 1996<br />

<strong>de</strong>cidiu implantar <strong>um</strong>a TGP que melhorasse seu <strong>de</strong>sempenho operacio<strong>na</strong>l. Essa mu<strong>da</strong>nça<br />

fez parte <strong>de</strong> <strong>um</strong> programa chamado “Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> & Produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fabrimar” e o processo<br />

foi realizado com apoio <strong>de</strong> <strong>um</strong>a consultoria <strong>de</strong> renome <strong>na</strong> área.


Este artigo apresenta o estudo realizado no projeto <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> curso “O Impacto <strong>da</strong><br />

<strong>Mu<strong>da</strong>nça</strong> <strong>na</strong> Gestão <strong>da</strong> Produção em Uma Empresa: Um Estudo <strong>de</strong> Caso”, do curso <strong>de</strong><br />

graduação em Engenharia <strong>de</strong> Produção <strong>da</strong> UFRJ, aprovado em janeiro <strong>de</strong> 2001.O objetivo<br />

do projeto foi a<strong>na</strong>lisar todo o processo <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> TGP <strong>na</strong> Fabrimar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

entendimento <strong>da</strong> situação anterior até a proposta implementa<strong>da</strong>, avaliando o resultado<br />

obtido.<br />

A Fabrimar é <strong>um</strong>a empresa familiar fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1960. Atualmente, as áreas <strong>de</strong><br />

atuação <strong>de</strong>sta empresa são metais sanitários para banheiro e cozinha, mercado on<strong>de</strong><br />

ingressou a partir <strong>de</strong> 1973, e produtos <strong>de</strong> irrigação – aspersores –, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1984. Suas<br />

instalações industriais se concentram <strong>na</strong> Pavu<strong>na</strong>, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, totalizando 50.700 m².<br />

Em 1999, a Fabrimar atingiu 43 milhões <strong>de</strong> reais <strong>de</strong> faturamento com 850 funcionários.<br />

2. As Causas do Problema<br />

A partir do diagnóstico prelimi<strong>na</strong>r, foi feita <strong>um</strong>a análise para i<strong>de</strong>ntificar as causas<br />

<strong>da</strong> insatisfação com o prazo <strong>de</strong> entrega (rapi<strong>de</strong>z e pontuali<strong>da</strong><strong>de</strong>). Observando-se o processo<br />

<strong>de</strong> planejamento <strong>da</strong> <strong>produção</strong>, foram <strong>de</strong>staca<strong>da</strong>s duas causas principais do problema: o uso<br />

<strong>de</strong> previsão estatística <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s e lote econômico.<br />

A previsão <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, que era feita no início <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> mês, era obti<strong>da</strong> através <strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />

regressão linear basea<strong>da</strong> <strong>na</strong>s ven<strong>da</strong>s dos últimos quatro meses e <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>va a <strong>produção</strong> do<br />

mês corrente. Os erros <strong>de</strong>ssa previsão causavam estoques <strong>de</strong> produtos não vendidos e não<br />

atendimento <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s realiza<strong>da</strong>s. Não havia <strong>um</strong> alinhamento entre ven<strong>da</strong>s e <strong>produção</strong>.<br />

O lote econômico comportava entre <strong>um</strong> a quatro meses <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o. Ele era<br />

calculado para ca<strong>da</strong> produto com base no custo do set-up, custo <strong>de</strong> operação e média <strong>de</strong><br />

cons<strong>um</strong>o por item. O lote econômico só aju<strong>da</strong>va os itens mais vendidos, pois itens com<br />

pouca saí<strong>da</strong> tinham, freqüentemente, estoque em processo. O lote econômico do mês<br />

anterior era a causa <strong>de</strong> estoque no mês seguinte. Produzia-se para fazer estoque e aten<strong>de</strong>r<br />

ao lote econômico.<br />

Esses dois fatores contribuíam para <strong>um</strong>a série <strong>de</strong> outros problemas. Primeiro, eles<br />

geravam alto estoque em processo que elevava o custo fi<strong>na</strong>nceiro ao empatar capital em<br />

<strong>um</strong> estoque que não atendia a <strong>de</strong>man<strong>da</strong>. Em segundo, geravam <strong>um</strong> custo <strong>de</strong> alocação dos<br />

recursos em vão, que acarretavam horas extras e turnos extras para suprir a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> não<br />

atendi<strong>da</strong>.<br />

O resultado era <strong>um</strong> atraso no prazo <strong>de</strong> entrega, que estava acima <strong>da</strong> média <strong>de</strong><br />

mercado. Isso se agravava com a crescente exigência dos clientes com o prazo,<br />

ocasio<strong>na</strong>ndo <strong>um</strong> custo <strong>da</strong> não-ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> produtos que impactava <strong>na</strong> per<strong>da</strong> <strong>de</strong> receita e<br />

clientes.<br />

Na época <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>na</strong> empresa, a carteira em aberto ac<strong>um</strong>ulava em torno <strong>de</strong> três<br />

meses <strong>de</strong> pedidos, ou seja, a pendência era maior que o faturamento mensal <strong>da</strong> empresa,<br />

que não tinha folga para aten<strong>de</strong>r a novos pedidos. Isso era agravado porque a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>produção</strong> estava acima <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> total e o módulo <strong>de</strong> análise <strong>de</strong><br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do sistema não supria as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> planejamento <strong>da</strong> empresa.<br />

Destacou-se ain<strong>da</strong> <strong>um</strong> outro conjunto <strong>de</strong> problemas. Havia <strong>um</strong>a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>snecessária nos roteiros <strong>de</strong> <strong>produção</strong>. O uso do MRP exigia a acurácia <strong>da</strong>s<br />

informações, o que <strong>de</strong>man<strong>da</strong>va muita digitação e doc<strong>um</strong>entação, e para isso, existia <strong>um</strong>a<br />

equipe <strong>de</strong> apontadores que registravam todo o processo produtivo. Esse excesso <strong>de</strong><br />

apontamento levava a <strong>um</strong>a lentidão <strong>na</strong> apuração dos custos, pois essas fichas <strong>de</strong><br />

apontamento eram usa<strong>da</strong>s pelo <strong>de</strong>partamento fi<strong>na</strong>nceiro como base para o cálculo dos<br />

custos <strong>da</strong> <strong>produção</strong>.<br />

Outra característica era <strong>um</strong> espaço físico insuficiente. O layout era funcio<strong>na</strong>l, com<br />

isso, as or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> <strong>produção</strong> “disputavam” os recursos (máqui<strong>na</strong>s) e existiam assistentes <strong>de</strong><br />

transporte que movimentavam os produtos <strong>de</strong> <strong>um</strong>a máqui<strong>na</strong> para a outra, gerando <strong>um</strong><br />

ii


excessivo “vai e vem” no chão-<strong>de</strong>-fábrica. Esse quadro mostra que o ambiente <strong>de</strong> <strong>produção</strong><br />

era t<strong>um</strong>ultuado pelo movimento <strong>de</strong> produtos e materiais entre máqui<strong>na</strong>s.<br />

A filosofia <strong>de</strong> <strong>gestão</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong> fazia com que o produto no chão-<strong>de</strong>-fábrica não<br />

estivesse atrelado ao cliente, ou seja, <strong>um</strong> pedido <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> não tinha relação com <strong>um</strong>a<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> <strong>produção</strong> específica, dificultando a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> ação para aten<strong>de</strong>r <strong>um</strong> pedido<br />

muito atrasado.<br />

Logo, to<strong>da</strong> a <strong>gestão</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong> <strong>da</strong> Fabrimar era volta<strong>da</strong> para a eficiência<br />

(economia <strong>da</strong> operação) contrapondo a eficácia (economia <strong>da</strong> empresa). O foco <strong>na</strong><br />

utilização <strong>de</strong> lotes econômicos e no apontamento para controle apurado dos custos buscava<br />

garantir a eficiência operacio<strong>na</strong>l (baixos custos) enquanto <strong>um</strong> foco em aten<strong>de</strong>r o pedido do<br />

cliente, como por exemplo, a busca do aprimoramento <strong>da</strong> previsão <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s e o uso <strong>de</strong><br />

<strong>tecnologia</strong>s para “puxar” a <strong>produção</strong> estariam a<strong>um</strong>entando a eficácia <strong>da</strong> empresa (atingir<br />

metas <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s).<br />

A conseqüência <strong>de</strong>sse conjunto <strong>de</strong> problemas foi <strong>um</strong> insatisfatório resultado<br />

fi<strong>na</strong>nceiro e foi o fator culmi<strong>na</strong>nte para a implantação <strong>da</strong> atual Tecnologia <strong>de</strong> Gestão <strong>da</strong><br />

Produção.<br />

3. A Solução Encontra<strong>da</strong><br />

Para entendimento do problema e <strong>da</strong> solução encontra<strong>da</strong> foi <strong>de</strong>senvolvido <strong>um</strong><br />

mo<strong>de</strong>lo conforme figura abaixo:<br />

Compras<br />

Dimensão<br />

Horizontal<br />

Produção<br />

Planejamento<br />

<strong>de</strong> Compras<br />

Previsão<br />

<strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s<br />

Montagem<br />

Planejamento<br />

<strong>da</strong> Produção<br />

Programação<br />

<strong>de</strong> Compras<br />

Distribuição<br />

Planejamento<br />

<strong>da</strong> Montagem<br />

Programação<br />

<strong>da</strong> Produção<br />

Compras<br />

Ven<strong>da</strong>s<br />

Planejamento Programação Produção Controle<br />

Planejamento<br />

<strong>da</strong> Distribuição<br />

Programação<br />

<strong>da</strong> Montagem<br />

Produção<br />

Controle <strong>de</strong><br />

Compras<br />

Planejamento<br />

<strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s<br />

Programação<br />

<strong>da</strong> Distribuição<br />

Montagem<br />

Controle<br />

<strong>da</strong> Produção<br />

Dimensão Diago<strong>na</strong>l<br />

Programação<br />

De Ven<strong>da</strong>s<br />

Distribuição<br />

Controle <strong>da</strong><br />

Montagem<br />

Figura 1: Mo<strong>de</strong>lo Genérico para <strong>um</strong> Sistema Produtivo<br />

Ven<strong>da</strong>s<br />

Controle <strong>da</strong><br />

Distribuição<br />

Controle<br />

<strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s<br />

Note que as mu<strong>da</strong>nças no processo produtivo foram apresenta<strong>da</strong>s e a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s<br />

segundo duas dimensões: (i) a dimensão diago<strong>na</strong>l, composta por planejamento,<br />

programação, execução e controle; e (ii) a dimensão horizontal, composta por compras,<br />

<strong>produção</strong>, montagem, distribuição e ven<strong>da</strong>s. A incli<strong>na</strong>ção <strong>da</strong> dimensão diago<strong>na</strong>l procura<br />

retratar a <strong>de</strong>fasagem no tempo <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que a compõe. Exemplo: Compras acontece<br />

antes <strong>de</strong> Produção, que por sua vez acontece antes <strong>da</strong> Montagem, e assim sucessivamente.<br />

A partir <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo foi representado o processo produtivo anterior e atual <strong>da</strong><br />

Fabrimar. A seguir, é apresentado o mo<strong>de</strong>lo atual e são comenta<strong>da</strong>s as diferenças entre as<br />

duas situações.<br />

iii


Prev isão<br />

<strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s<br />

Planejamento<br />

<strong>de</strong> Compras<br />

Planejamento<br />

<strong>da</strong> Produção<br />

Planejamento<br />

<strong>da</strong> Montagem<br />

Programação<br />

<strong>de</strong> Compras<br />

Planejamento<br />

<strong>da</strong> Distribuição<br />

Programação<br />

<strong>da</strong> Produção<br />

Compras<br />

Planejamento<br />

<strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s<br />

Programação<br />

<strong>da</strong> Montagem<br />

Programação<br />

<strong>da</strong> Distribuição<br />

Produção<br />

Montagem<br />

Controle <strong>de</strong><br />

Compras<br />

Distribuição<br />

Controle <strong>da</strong><br />

Produção<br />

MRP II JIT<br />

Controle <strong>da</strong><br />

Montagem<br />

Ven<strong>da</strong>s<br />

Controle <strong>da</strong><br />

Distribuição<br />

Figura 2: Mo<strong>de</strong>lo do Sistema Produtivo <strong>da</strong> Fabrimar <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça.<br />

Dimensão Diago<strong>na</strong>l: Execução (acio<strong>na</strong>mento real <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s)<br />

A gran<strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça no processo produtivo <strong>da</strong> Fabrimar é a troca <strong>da</strong> filosofia <strong>de</strong><br />

<strong>produção</strong> “empurra<strong>da</strong>” para <strong>produção</strong> “puxa<strong>da</strong>”.<br />

O processo anterior era disparado pela previsão <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s mensal. Os recursos <strong>da</strong><br />

empresa eram comprometidos com <strong>um</strong>a expectativa <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>, que não se realizava. Assim,<br />

a empresa ou produzia produtos que não eram vendidos ou reprogramava freqüentemente<br />

sua <strong>produção</strong>, redirecio<strong>na</strong>ndo seus recursos para aten<strong>de</strong>r produtos vendidos acima <strong>da</strong><br />

expectativa. Na prática, a empresa atendia parcialmente os pedidos através <strong>de</strong> esforços <strong>de</strong><br />

replanejamento e ac<strong>um</strong>ulava estoques <strong>de</strong> produtos todos os meses. A <strong>produção</strong> e<br />

montagem eram direcio<strong>na</strong><strong>da</strong>s para o estoque, que muitas vezes não atendia às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s e distribuição.<br />

Na nova filosofia <strong>de</strong> <strong>gestão</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong>, o pedido do cliente é o direcio<strong>na</strong>dor <strong>de</strong><br />

todo o processo. A partir <strong>de</strong>le, o processo <strong>de</strong> distribuição é iniciado, <strong>da</strong>ndo movimento aos<br />

outros processos produtivos – montagem e <strong>produção</strong>. Assim, a distribuição, a montagem e<br />

a <strong>produção</strong> sempre estarão trabalhando para <strong>um</strong> pedido específico <strong>de</strong> <strong>um</strong> cliente ou<br />

repondo o estoque mínimo <strong>de</strong> segurança, e nunca direcio<strong>na</strong>ndo esforços para produzir algo<br />

que po<strong>de</strong> não ser vendido. Essa <strong>gestão</strong> garante menores estoques em processo, e soma<strong>da</strong> ao<br />

layout celular, dá maior visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ao processo produtivo, já que altos estoques camuflam<br />

problemas.<br />

O processo <strong>de</strong> compras é <strong>um</strong>a exceção. Por ter como fator crítico o prazo <strong>de</strong><br />

entrega <strong>de</strong> matéria-prima - que po<strong>de</strong> chegar a 14 sema<strong>na</strong>s - essa área tem <strong>um</strong> planejamento<br />

<strong>de</strong> longo prazo. Esse planejamento e posterior programação são feitos a partir <strong>da</strong> previsão<br />

<strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s com o uso do módulo MRP do sistema, ou seja, é <strong>um</strong>a etapa “empurra<strong>da</strong>”. A<br />

gran<strong>de</strong> diferença é que <strong>um</strong> erro <strong>na</strong> previsão <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s só afeta inicialmente o setor <strong>de</strong><br />

Compras, e o pedido do cliente está garantido pela existência <strong>de</strong> 3 estoques <strong>de</strong> segurança<br />

entre Compras e Ven<strong>da</strong>s.<br />

iv


Dimensão Diago<strong>na</strong>l: Planejamento (dimensio<strong>na</strong>mento <strong>de</strong> longo prazo dos<br />

recursos)<br />

O Planejamento no mo<strong>de</strong>lo anterior era feito todo início <strong>de</strong> mês. A partir <strong>da</strong><br />

previsão <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>, eram gera<strong>da</strong>s, em <strong>um</strong> sistema <strong>de</strong> MRP, as Or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> Compras,<br />

Produção e Montagem, que norteavam o dimensio<strong>na</strong>mento <strong>de</strong> recursos e a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

programação.<br />

No mo<strong>de</strong>lo atual, o uso do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>produção</strong> “puxa<strong>da</strong>” pressupõe <strong>um</strong>a<br />

estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> no programa <strong>de</strong> <strong>produção</strong>. A função do planejamento é <strong>de</strong>finir os parâmetros<br />

<strong>de</strong> acio<strong>na</strong>mento <strong>da</strong> “relação cliente-fornecedor interno” e <strong>de</strong>finir estoques <strong>de</strong> segurança<br />

para anular a variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> mínima inerente ao sistema produtivo, além <strong>da</strong> função <strong>na</strong>tural<br />

<strong>de</strong> dimensio<strong>na</strong>mento dos recursos. Esse mo<strong>de</strong>lo permite que <strong>um</strong> planejamento bem<br />

conduzido seja revisto em períodos mais longos, atualmente em torno <strong>de</strong> seis meses.<br />

Dimensão Diago<strong>na</strong>l: Programação (seqüenciamento <strong>de</strong> curto prazo) e Controle<br />

(apontamento do realizado)<br />

O controle do chão-<strong>de</strong>-fábrica sofreu mu<strong>da</strong>nças significativas. No processo<br />

anterior, havia <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> esforço para ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> apontamento, caracterizado pela<br />

alocação <strong>de</strong> pessoas com a função <strong>de</strong> registrar manualmente to<strong>da</strong>s as informações<br />

referentes ao processo produtivo, como tempo <strong>de</strong> para<strong>da</strong>, processamento <strong>da</strong>s máqui<strong>na</strong>s,<br />

além <strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>scrimi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> itens produzidos. Esse apontamento era feito <strong>na</strong>s<br />

or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> <strong>produção</strong> e montagem.<br />

Já em relação à programação <strong>da</strong> <strong>produção</strong>, o seqüenciamento <strong>da</strong>s or<strong>de</strong>ns era<br />

realizado por <strong>um</strong> Diagrama <strong>de</strong> Gantt, que as distribuía para ca<strong>da</strong> máqui<strong>na</strong>. Esse quadro era<br />

<strong>de</strong>smembrado em cartões para ca<strong>da</strong> encarregado por <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> máqui<strong>na</strong>s.<br />

Atualmente, po<strong>de</strong>-se dizer que todo o processo é auto-controlado e a <strong>produção</strong> e<br />

montagem são também auto-programa<strong>da</strong>s, ou seja, as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> controle e<br />

programação não são mais exerci<strong>da</strong>s por <strong>um</strong>a enti<strong>da</strong><strong>de</strong> exter<strong>na</strong> à execução, mas sim pelo<br />

próprio processo, através <strong>da</strong> “relação cliente-fornecedor interno”.<br />

Na Produção, esse mecanismo é realizado pelos cartões Kanban, que substituem o<br />

Diagrama <strong>de</strong> Gantt <strong>na</strong> Programação e o apontamento no Controle. Já <strong>na</strong> Montagem, quem<br />

<strong>de</strong>sempenha o papel dos cartões Kanban é o Sistema ERP. O Sistema, além <strong>de</strong><br />

automatizar essas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, garante o registro <strong>da</strong>s informações para fins contábeis.<br />

Dimensão Horizontal: Compras, Produção, Montagem, Distribuição e Ven<strong>da</strong>s<br />

Tanto antes como <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça existe <strong>um</strong> ponto <strong>de</strong> encontro entre o “puxar”<br />

e o “empurrar”. Na comparação entre as duas situações, i<strong>de</strong>ntificou-se <strong>um</strong> <strong>de</strong>slocamento<br />

<strong>de</strong>sse ponto <strong>de</strong> encontro <strong>da</strong> função <strong>de</strong> Distribuição (no mo<strong>de</strong>lo anterior) para a função <strong>de</strong><br />

Compras (no mo<strong>de</strong>lo atual). Esse <strong>de</strong>slocamento mu<strong>da</strong> a relação <strong>de</strong> importância entre<br />

Ven<strong>da</strong>s e Previsão <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s. Antes, a <strong>produção</strong> era projeta<strong>da</strong> para aten<strong>de</strong>r à Previsão.<br />

Agora, o foco <strong>da</strong> <strong>produção</strong> está em Ven<strong>da</strong>s (ou seja, no cliente). A Previsão continua sendo<br />

a base para o planejamento, mas é Ven<strong>da</strong>s que guia o an<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> todo o processo.<br />

Outros Aspectos do Sistema Produtivo<br />

Existem três outros elementos do sistema produtivo que merecem atenção em<br />

relação à mu<strong>da</strong>nça: sistema <strong>de</strong> informação, layout e recursos h<strong>um</strong>anos.<br />

O sistema <strong>de</strong> informação utilizado <strong>na</strong> empresa anteriormente era <strong>um</strong> MRPII. Ele<br />

se limitava às funções <strong>de</strong>: MRP, Previsão Estatística <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s, Controle <strong>de</strong> Estoque e<br />

Análise <strong>da</strong> Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Produção. O sistema atual, implantado no Programa QPF, é <strong>um</strong><br />

ERP. O sistema ERP tem papel fun<strong>da</strong>mental no processo produtivo e ain<strong>da</strong> atua em<br />

diversas áreas <strong>da</strong> empresa, como Comercial, Suprimentos, Contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e Fi<strong>na</strong>nças.<br />

v


A principal mu<strong>da</strong>nça no layout <strong>da</strong> empresa foi a aquisição <strong>de</strong> <strong>um</strong>a área vizinha a<br />

Fabrimar, que praticamente dobrou o espaço disponível. Os dois setores afetados pela<br />

reestruturação do layout foram a Montagem e a Produção. Ambos esses setores eram<br />

caracterizados por <strong>um</strong> layout funcio<strong>na</strong>l. Atualmente, eles foram reestruturados<br />

respectivamente em Células <strong>de</strong> Montagem e Células <strong>de</strong> Produção. Na Montagem, ca<strong>da</strong><br />

célula realiza a montagem por completo <strong>de</strong> <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> produtos acabados. Na<br />

Produção, ca<strong>da</strong> célula é responsável pela <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> produtos semiacabados.<br />

Essas mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> layout garantiram <strong>um</strong>a melhor acomo<strong>da</strong>ção dos operários e<br />

máqui<strong>na</strong>s. A organização por células permite <strong>um</strong> melhor aproveitamento do espaço<br />

reduzindo o fluxo <strong>de</strong> produtos e reunindo to<strong>da</strong>s as etapas <strong>da</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> item em <strong>um</strong><br />

só lugar - a célula. O fluxo ficou muito mais linear.<br />

Isso dá visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ao processo <strong>de</strong> <strong>gestão</strong>, trazendo ganhos quantitativos e<br />

qualitativos: (i) reduz roteiros <strong>de</strong> <strong>produção</strong> e material necessário <strong>na</strong> fábrica; (ii) as<br />

ineficiências do processo <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> estar camufla<strong>da</strong>s pela <strong>de</strong>sorganização e níveis <strong>de</strong><br />

estoque; (iii) tor<strong>na</strong> possível i<strong>de</strong>ntificar problemas e causas quando eles surgem.<br />

A nova <strong>gestão</strong> <strong>de</strong> <strong>produção</strong> permitiu também <strong>um</strong> redimensio<strong>na</strong>mento dos recursos<br />

h<strong>um</strong>anos <strong>na</strong> área produtiva. A redução <strong>de</strong> pessoal <strong>na</strong>s áreas <strong>de</strong> Produção e Suprimentos<br />

chegou a aproxima<strong>da</strong>mente 35 pessoas <strong>de</strong> 500. Desse montante, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar <strong>um</strong>a<br />

redução no número <strong>de</strong> apontadores e reduções <strong>na</strong>s equipes <strong>de</strong> planejamento e compras.<br />

4. Análise Conceitual <strong>da</strong> Solução<br />

A Estrutura <strong>de</strong> Produção<br />

A análise feita permite a classificação <strong>da</strong> estrutura <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>da</strong> Fabrimar segundo os<br />

cinco critérios apresentados por Jardim et al. [3] no quadro abaixo:<br />

Tipo Tipo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong><br />

Transformação<br />

Transformação<br />

/ / Produto<br />

Produto<br />

De<br />

Processo<br />

Tipologia Tipologia <strong>da</strong>s Estruturas <strong>de</strong> <strong>de</strong> Produção Produção<br />

Natureza Natureza <strong>da</strong><br />

<strong>da</strong><br />

Deman<strong>da</strong><br />

Deman<strong>da</strong><br />

Freqüência<br />

Freqüência<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong> Produção<br />

Produção<br />

Arranjo<br />

Arranjo<br />

Físico<br />

Físico<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Simples,<br />

<br />

<br />

<strong>de</strong> partes<br />

discretas<br />

Complexo,<br />

árvore horizontaliza<strong>da</strong><br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Complexo,<br />

árvore verticaliza<strong>da</strong><br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Gran<strong>de</strong>s<br />

Projetos<br />

Por previsão,<br />

para estocar<br />

A partir <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

plano mestre<br />

A partir <strong>de</strong><br />

pedidos específicos<br />

Contínua<br />

Em massa,<br />

seria<strong>da</strong><br />

Em lotes,<br />

intermitente<br />

Pouco<br />

repetitiva<br />

Única<br />

Tecnologia <strong>de</strong> Gestão Indica<strong>da</strong><br />

Fixo<br />

Linha <strong>de</strong><br />

Produção<br />

Celular<br />

Funcio<strong>na</strong>l<br />

Móvel<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

JIT<br />

Fluxo Fluxo Básico<br />

Básico<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong> Materiais<br />

Materiais<br />

Linear<br />

Planta Tipo<br />

I<br />

Implosivo<br />

Planta Tipo<br />

V<br />

Misto<br />

Planta Tipo<br />

X<br />

Explosivo<br />

Planta Tipo<br />

A<br />

Aberto<br />

Planta Tipo<br />

O<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

MRP II<br />

Figura 3: Estruturas <strong>de</strong> Produção <strong>da</strong> Fabrimar e Tecnologias indica<strong>da</strong>s. [baseado em 3]<br />

Complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos Produtos: A <strong>produção</strong> <strong>da</strong> Fabrimar é <strong>de</strong> partes discretas. Em <strong>um</strong>a<br />

análise comparativa com outros sistemas produtivos – como a indústria automobilística e a<br />

<strong>produção</strong> <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital sob encomen<strong>da</strong> – a árvore <strong>de</strong> produto <strong>da</strong> Fabrimar é simples.<br />

Assim, sua classificação é simples <strong>de</strong> partes discretas.<br />

vi


Natureza <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>: Enquanto o processo <strong>de</strong> compras (matéria-prima e <strong>de</strong>mais<br />

comprados) é disparado pela previsão <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, os processos <strong>de</strong> <strong>produção</strong>, montagem e<br />

distribuição são acio<strong>na</strong>dos para repor estoques mínimos <strong>de</strong> segurança ou aten<strong>de</strong>r pedidos<br />

que ultrapassem esse estoque. Desta forma, a <strong>na</strong>tureza <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> Fabrimar po<strong>de</strong> ser<br />

classifica<strong>da</strong> como a partir <strong>de</strong> <strong>um</strong> plano mestre, ou seja, <strong>um</strong>a combi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> <strong>produção</strong><br />

para estoque com <strong>produção</strong> contra-pedido.<br />

Freqüência <strong>da</strong> Produção: Ca<strong>da</strong> célula <strong>de</strong> <strong>produção</strong> atualmente processa poucos tipos <strong>de</strong><br />

produtos acabados. Os produtos campeões <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> ou “Itens Express” são produzidos<br />

n<strong>um</strong>a escala <strong>de</strong> massa. Por outro lado, o restante dos produtos tem sua <strong>produção</strong><br />

interrompi<strong>da</strong>, <strong>caracterizando</strong> lotes intermitentes. Assim, classifica-se a freqüência <strong>de</strong><br />

<strong>produção</strong> como <strong>um</strong> intermediário entre massa seria<strong>da</strong> e lotes intermitentes.<br />

Arranjo Físico: Apesar <strong>da</strong> implementação <strong>da</strong>s células <strong>de</strong> <strong>produção</strong> e montagem, ain<strong>da</strong> há<br />

cinco funções que <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>m o posicio<strong>na</strong>mento <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as máqui<strong>na</strong>s. Desta forma, o<br />

arranjo físico <strong>na</strong> Fabrimar é predomi<strong>na</strong>ntemente celular, mas ain<strong>da</strong> com alguns setores<br />

organizados <strong>de</strong> forma funcio<strong>na</strong>l.<br />

Fluxo Básico <strong>de</strong> Materiais: O processo produtivo <strong>da</strong> Fabrimar é dividido em duas etapas.<br />

Na primeira, a Produção fabrica produtos usi<strong>na</strong>dos chamados peças-mãe que servem <strong>de</strong><br />

ins<strong>um</strong>o para a segun<strong>da</strong> etapa, a Montagem. Ca<strong>da</strong> peça-mãe gera <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

produtos fi<strong>na</strong>is. Este conceito causou a simplificação dos roteiros <strong>de</strong> <strong>produção</strong>. A<br />

varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria-prima utiliza<strong>da</strong> é ain<strong>da</strong> menor que a <strong>de</strong> peças-mãe. Essa configuração<br />

classifica o fluxo <strong>de</strong> materiais <strong>da</strong> Fabrimar como Implosivo - Planta “V”.<br />

A Tecnologia <strong>de</strong> Gestão <strong>da</strong> Produção<br />

O Sistema atual <strong>da</strong> empresa estu<strong>da</strong><strong>da</strong> po<strong>de</strong> ser caracterizado como <strong>um</strong> Sistema<br />

Híbrido JIT/MRPII. O JIT mostra <strong>um</strong>a limitação relacio<strong>na</strong><strong>da</strong> à <strong>gestão</strong> <strong>de</strong> materiais<br />

adquiridos e planejamento <strong>de</strong> longo prazo. O MRPII mostra limitações no gerenciamento<br />

<strong>de</strong> curtíssimo prazo <strong>da</strong> fábrica, ou seja, não é sensível ao processo <strong>de</strong> manufatura e a<br />

questões relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s com quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e mão-<strong>de</strong>-obra. A<strong>na</strong>lisando as limitações <strong>de</strong> ambos,<br />

verifica-se que os pontos fracos do JIT po<strong>de</strong>m ser bem atendidos pelo MRPII e vice-versa.<br />

A literatura técnica [1] e [2] indica benefícios <strong>na</strong> integração JIT e MRPII, que<br />

apóiam as condições competitivas <strong>da</strong> empresa nos fatores: custo, quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, pontuali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> e flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> “mix”, quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>da</strong>tas <strong>de</strong> entrega dos produtos. O<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>da</strong> integração entre JIT e MRPII <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá do tipo <strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong> <strong>produção</strong>.<br />

A<strong>na</strong>lisando o caso Fabrimar, percebe-se que a parte do processo produtivo atual<br />

que vai <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s até Produção funcio<strong>na</strong> sob a filosofia e técnicas do JIT. A área <strong>de</strong><br />

Compras trabalha com <strong>um</strong> MRPII. Não é possível esten<strong>de</strong>r o JIT até Compras pois, nessa<br />

área, os pressupostos para a implantação <strong>da</strong> <strong>tecnologia</strong> JIT não são satisfeitos. Na área <strong>de</strong><br />

Compras há <strong>um</strong>a incerteza quanto ao fornecimento, ou seja, o tempo <strong>de</strong> ressuprimento não<br />

é linear. A empresa não se vale <strong>de</strong> <strong>um</strong>a política <strong>de</strong> “fornecedor único” presente <strong>na</strong> filosofia<br />

JIT e trabalha com <strong>um</strong> número extenso <strong>de</strong> fornecedores. O uso do MRPII é indicado<br />

justamente para situações on<strong>de</strong> existe instabili<strong>da</strong><strong>de</strong> no processo. Assim, a solução<br />

encontra<strong>da</strong> foi o Sistema Híbrido.<br />

5. Objetivos Atingidos<br />

Nesse momento, buscou-se voltar aos fatores que motivaram a direção <strong>da</strong><br />

empresa a realizar a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> TGP para a<strong>na</strong>lisar se eles foram resolvidos.<br />

Prazo <strong>de</strong> entrega: O prazo <strong>de</strong> entrega médio caiu <strong>de</strong> 25 dias para 3 dias <strong>de</strong>vido a<br />

melhorias <strong>na</strong>s causas <strong>de</strong>sse problema, trata<strong>da</strong>s nos próximos tópicos;<br />

Previsão <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s: Agora, a previsão <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s é menos vital ao processo <strong>de</strong>vido aos<br />

estoques <strong>de</strong> segurança, mas esse é <strong>um</strong> problema que não foi totalmente resolvido;<br />

vii


Uso do lote econômico: O foco em aten<strong>de</strong>r ao lote econômico era <strong>um</strong> problema. Hoje, a<br />

Produção trabalha para aten<strong>de</strong>r o cliente ou repor o estoque <strong>de</strong> segurança;<br />

Estoque em processo: Os princípios do Just-in-time garantiram <strong>um</strong>a diminuição drástica<br />

do estoque em processo;<br />

Alocação dos recursos: A filosofia <strong>de</strong> <strong>produção</strong> “puxa<strong>da</strong>” reduz a alocação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>obra<br />

em vão;<br />

Roteiros <strong>de</strong> <strong>produção</strong>: Com a implantação <strong>da</strong>s células <strong>de</strong> <strong>produção</strong> e montagem os<br />

roteiros <strong>de</strong> produto foram todos revistos e simplificados;<br />

Espaço físico: A compra do novo galpão garantiu espaço físico para a fábrica, permitindo<br />

<strong>um</strong> rearranjo nos setores <strong>de</strong> Produção e Montagem;<br />

Layout funcio<strong>na</strong>l com “disputa” dos recursos: A mu<strong>da</strong>nça para o layout celular põe fim<br />

à disputa por recursos, com o uso <strong>da</strong>s células <strong>de</strong> Produção e Montagem;<br />

Transporte entre máqui<strong>na</strong>s: Novamente o layout celular põe fim às “in<strong>da</strong>s e vin<strong>da</strong>s” <strong>na</strong><br />

<strong>produção</strong>, linearizando o transporte <strong>na</strong> fábrica;<br />

Excesso <strong>de</strong> apontamento: A acurácia <strong>da</strong>s informações exigi<strong>da</strong> pelo MRP só é necessária<br />

para Compras. Na Produção foi implantado o Kanban e <strong>na</strong> Montagem o Sistema ERP;<br />

Eficiência x Eficácia: a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> TGP permitiu a manutenção <strong>da</strong> eficiência que já<br />

existia com <strong>um</strong>a melhor organização, e trouxe para a <strong>produção</strong> o foco no cliente,<br />

contribuindo para o a<strong>um</strong>ento <strong>da</strong> eficácia <strong>da</strong> empresa.<br />

6. Conclusão<br />

O artigo evi<strong>de</strong>ncia que, através <strong>de</strong> <strong>um</strong>a nova visão <strong>da</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Gestão <strong>da</strong><br />

Produção, po<strong>de</strong>-se alterar significativamente o processo produtivo. Os resultados mais<br />

notórios <strong>da</strong> implantação do Sistema Híbrido JIT/MRPII <strong>na</strong> Fabrimar são a simplificação<br />

e linearização do processo produtivo, o redimensio<strong>na</strong>mento <strong>de</strong> pessoas e a elimi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong><br />

sistemas <strong>de</strong> controle e programação que não agregavam valor, através <strong>da</strong> criação <strong>de</strong><br />

processos automatizados. Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>stacar também benefícios fi<strong>na</strong>nceiros, como a redução<br />

drástica dos estoques e dos pedidos atrasados; e benefícios psicológicos, trazendo <strong>um</strong>a<br />

melhor visão do processo, motivação para o trabalho e mais autonomia no chão-<strong>de</strong>-fábrica.<br />

A <strong>produção</strong> sofreu <strong>um</strong>a mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> 180 graus no seu acio<strong>na</strong>mento, <strong>de</strong><br />

“empurra<strong>da</strong>” para “puxa<strong>da</strong>”. Antes, trabalhava para aten<strong>de</strong>r à previsão <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s; agora,<br />

trabalha a partir <strong>de</strong> <strong>um</strong>a ven<strong>da</strong> real para o cliente. Essa nova filosofia tem reflexos ao<br />

longo <strong>de</strong> todo o processo produtivo: a empresa diminuiu a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> esforço gasto <strong>na</strong><br />

<strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> produto que não será necessariamente vendido e a i<strong>de</strong>ntificação do<br />

cliente-alvo <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do lote em atraso se tornou mais fácil, permitindo ações em<br />

tempo para corrigir o problema. Em s<strong>um</strong>a, o prazo <strong>de</strong> entrega ficou menor, resolvendo o<br />

principal fator motivador <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Gestão <strong>da</strong> Produção.<br />

7. Referências Bibliográficas<br />

[1] CORRÊA, H. L.; GIANESI, I.G.N. Just in Time, MRPII e OPT – Um enfoque<br />

estratégico, Ed. Atlas, 1993.<br />

[2] FRUJUELLE, R. Escolha e Avaliação <strong>de</strong> Tecnologias <strong>de</strong> Gestão <strong>da</strong> Produção<br />

Basea<strong>da</strong>s no Tempo com o Apoio <strong>de</strong> Sistema Especialista. Tese <strong>de</strong> Doutorado, COPPE-<br />

UFRJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro, em an<strong>da</strong>mento.<br />

[3] JARDIM, E.G.M.; GALVÃO, R.D. Planejamento e Controle <strong>da</strong> Produção em<br />

Diferentes Estruturas Industriais. Informativo do INT, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 17, 33, jan/jul,<br />

1985.<br />

[4] SLACK, N.; STUART, C.; HARLAND, C.; HARRISON, A.; JONHSTON, R.<br />

Administração <strong>da</strong> Produção, Editora Atlas, 1997.<br />

viii

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